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NM219-NT-SAU-VE/02 0 Emissão Inicial FC MP;SB 09/10/2009 Revisão Elab. Verif. Data Número Cliente Número CNEC Revisão NM219-NT-SAU-VE/01 0 Elaboração Verificação Aprovação Data Folha FABIO COSTA MARCELO PERON; SINOEL BATISTA FABIO FORMOSO 13/10/2009 1 / 24 Coordenador do Programa Coordenador Geral Sinoel Batista Fabio Maracci Formoso Título: AHE JIRAU – RIO MADEIRA PROGRAMA DE SAÚDE PÚBLICA SUBPROGRAMA DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA RELATÓRIO TÉCNICO SOBRE A MALÁRIA NO MUNICÍPIO DE PORTO VELHO PERÍODO DE 01 A 30 DE SETEMBRO Notas: Documentos de Referência:

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NM219-NT-SAU-VE/02

0 Emissão Inicial FC MP;SB 09/10/2009

Nº Revisão Elab. Verif. Data

Número Cliente Número CNEC Revisão

NM219-NT-SAU-VE/01 0

Elaboração Verificação Aprovação Data Folha FABIO COSTA MARCELO PERON;

SINOEL BATISTA FABIO FORMOSO 13/10/2009 1 / 24

Coordenador do Programa Coordenador Geral

Sinoel Batista Fabio Maracci Formoso

Título: AHE JIRAU – RIO MADEIRA

PROGRAMA DE SAÚDE PÚBLICA SUBPROGRAMA DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

RELATÓRIO TÉCNICO SOBRE A MALÁRIA NO MUNICÍPIO DE PORTO VELHO PERÍODO DE 01 A 30 DE SETEMBRO

Notas:

Documentos de Referência:

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ........................................................................................................................................3

1. CARACTERIZAÇÃO DA MALÁRIA ....................................................................................................4

1.1 Agentes etiológicos, vetores e distribuição geográfica ................................................................4

2. CARACTERIZAÇÃO DA MALÁRIA EM PORTO VELHO ..................................................................5

2.1 Número de casos em Porto Velho - RO ......................................................................................5

2.2 Regiões de acompanhamento epidemiológico ............................................................................8

2.3 Elementos quantitativos ............................................................................................................ 10

2.4 Avaliação diagnóstica ............................................................................................................... 22

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................................. 24

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APRESENTAÇÃO

O presente documento tem por objetivo apresentar as informações epidemiológicas sobre o

comportamento da malária no município de Porto Velho, baseado nos registros verificados no

“Sistema SIVEP – Malária”, organizado e administrado pelo Ministério da Saúde, e alimentado

por informações oriundas dos gestores estaduais e municipais de saúde. O diagnóstico

compreende o período de 01 a 30 de setembro de 2009.

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1. CARACTERIZAÇÃO DA MALÁRIA

1.1 Agentes etiológicos, vetores e distribuição geográfica

A malária é uma doença infecciosa que assola a humanidade desde séculos antes de Cristo. É

considerada até hoje um dos mais importantes problemas de saúde pública em nível mundial,

devido ser a mais prevalente doença endêmica do mundo e, portanto, um dos principais

obstáculos ao desenvolvimento das comunidades e países (Ávila e Ferreira, 1996). A doença

ocorre nas zonas tropicais do globo, principalmente no continente africano, o qual concentra

90% dos casos do planeta.

No Brasil é considerada uma endemia tipicamente amazônica devido à peculiaridade da

floresta e aos ambientes favoráveis à proliferação dos vetores. Os agentes etiológicos da

malária são os protozoários pertencentes à família Plamodiidae e ao gênero Plasmodium. As

espécies que infectam o homem e provocam a doença são Plasmodium vivax Grassi e Feleti,

1890, Plasmodium falciparum Welch, 1897, Plasmodium malarie Laveran, 1881, e Plasmodium

ovale Stephens, 1822. Apenas este último não ocorre no Brasil, sendo encontrado somente na

África, devido à ausência do seu vetor. A forma mais grave da doença é provocada pelo P.

falciparum e este é responsável pela maioria das mortes por malária.

Os vetores que transmitem os parasitos da malária no Brasil são os anofelinos dos sub-

gêneros Nyssorhynchus e Kerteszia. No sub-gênero Nyssorhynchus foi encontrado até o

presente o maior número de espécies infectadas por plasmódios, onde o Anopheles darlingi

Root, 1926 ocupa o papel de vetor primário nas transmissões de plasmódios na região do

interior da Amazônia e o Anopheles aquasalis Curry, 1932 nas regiões litorâneas dos estados

do Pará, Amapá e Maranhão. Outras espécies desse sub-gênero como Anopheles albitarsis

Arribálzaga, 1878, Anopheles braziliensis Chagas, 1907, Anopheles nuneztovari Gabaldon,

1940, Anopheles oswaldoi Peryassu, 1922, Anopheles strodei Root, 1926 e Anopheles

triannulatus (Neiva & Pinto, 1922), são considerados vetores ocasionais (Lourenço-de-Oliveira

et al. 1987; Lourenço-de-Oliveira, et al. 1989; Tadei et al., 1988; Tadei et al., 1993). No sub-

gênero Kerteszia são reconhecidos como principais vetores Anopheles cruzi Dyar & Knab,

1909 e Anopheles bellator Dyar & Knab como vetores primários e Anopheles homunculus

Komp como vetor secundário (Tadei, 1993). Anopheles darlingi é encontrado em todas as

regiões da Amazônia onde a malária ocorre com exceção das zonas costeiras. É muito

abundante superando todas as outras espécies anofélicas, apresentando taxas de infecções

por esporozoítas altas, acentuada antropofilia e endofagia (Tadei et al., 1993).

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2. CARACTERIZAÇÃO DA MALÁRIA EM PORTO VELHO

O município de Porto Velho, Estado de Rondônia, está localizado em uma zona considerada de

alto risco para transmissão de malária conforme relatórios do Ministério da Saúde (Figura 1),

bem como toda a calha do rio Madeira no qual atualmente estão instalados dois

empreendimentos de construção de Usinas Hidrelétricas: UHE-Jirau sob responsabilidade do

consórico Energia Sustentável do Brasil – ESBR e a UHE-Santo Antônio sob responsabilidade

do consórcio Santo Antônio Energia - SAE.

Figura 1 - Divisão por área de risco da malária Brasil (Fonte: MS, 2005).

2.1 Número de casos em Porto Velho - RO

O registro dos últimos cinco anos da doença no município apontam dois momentos críticos de

epidemia como o ano de 2004 que registrou 34.984 casos e no ano de 2007 com 32.932 casos

(Figura 2). De janeiro até o final de agosto de 2009 foram registrados 13.724 casos. No mês

de setembro deste ano foram notificados 1.225 casos (Fonte: Sivep-Malária:

www.saude.gov.br/sivep_malaria, acessado em 6/10/2009 às 18h02min.) os quais ainda não

foram consolidados em relatórios oficiais da autoridade sanitária municipal.

Porto Velho

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JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

2004 3423 2499 3025 2756 2613 2907 3112 2840 2831 2850 3344 2784

2005 3150 2832 3371 3474 4403 5269 4241 3563 3132 3409 5093 4355

2006 3570 2489 2533 2631 2467 2171 3221 2991 2367 3093 4033 3292

2007 2550 2890 2751 2712 2721 2907 3000 4160 2295 1792 2022 2132

2008 1498 1699 1474 1927 1711 1847 2673 2552 1853 2089 2177 2119

2009 1845 1404 1500 1590 1836 1479 2283 1787 1225

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

Figura 2 - Registro mensal de casos de malária. Município de Porto Velho, 2004 a 2009* (NOTA: Dados sujeitos a revisão. Fonte: Sivep-Malária <www.saude.gov.br/sivep_malaria>)

A inclusão dessa região na zona de alto risco do país, na qual está localizado o município, se

dá em virtude desse elevado número de casos observados anualmente, com a manutenção da

doença em valores elevados (acima de 1.000), mesmo em épocas do ano cujos índices

pluviométricos são elevados.

Caracteristicamente a malária na Amazônia é uma doença que ocorre com seu pico máximo

entre os meses de Junho a Outubro, quando os rios têm completado a cota máxima (Junho) e

formando-se, portanto, os criadouros de proliferação dos vetores. Com a diminuição lenta do

nível das águas e devido à estação pouco chuvosa, esses vetores encontram condições

límnicas, de temperatura, de umidade e oferta de alimento (hospedeiro vertebrado, geralmente

o homem) entre outras para se reproduzirem, aumentando, deste modo, a taxa de transmissão

da doença. Em um modelo já observado por Tadei (2003) no município de Coari – AM (sob

influência do rio Solimões) aponta esta relação (Figura 3 – Vide linha pontilhada em vermelho),

a qual também se aplica a região do rio Madeira.

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Rel

ação

IPH

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– 1

998

– 20

01.

Figura 3 - Representação da comparação gráfica entre IPHH X COTA DO RIO (2001) / CASOS DE MALÁRIA EM COARI, AMAZONAS, BRASIL. (Fonte: Tadei, 2003). IPHH: índice de picadas por homem/hora

Os fatores pelos quais a doença tem se comportado nesses índices elevados durante todo o

ano em Porto Velho são principalmente aqueles envolvidos na exploração de recursos naturais

pelo homem. Na obtenção desses recursos, as principais atividades registradas são extração

de minérios (garimpagem), de madeira e de recursos pesqueiros. Além dessas, outras

atividades econômicas também estão implicadas na cadeia de transmissão da doença, são

elas: expansão de fronteiras agropecuárias, turismo (viajantes) e atividades de lazer

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(balneários, passeios, repouso etc.), entre outras que são características dos comportamentos

das populações ribeirinhas.

Embora o município apresente alta incidência da doença, os relatórios do sistema SIVEP-

Malária dão conta de que a doença vem se reduzindo ao longo dos últimos anos,

principalmente as internações por malária, com redução de 36,7%, comparando-se 2009 com

2008 (Janeiro a Julho). Além disso, a taxa de mortalidade é considerada baixa, pois o

município em 2008 registrou pelo menos duas mortes provocadas pela doença e em 2009

apenas um óbito.

2.2 Regiões de acompanhamento epidemiológico

De acordo com Secretaria Municipal de Saúde – SEMUSA o município de Porto Velho está

dividido em nove regiões para facilitar as ações de acompanhamento dos indicadores

epidemiológicos e organização das operações de controle das doenças e seus agravos.

Consideraram-se, para fazer a referida divisão, as informações de base populacional,

características geográficas e perfil epidemiológico da malária, conforme as seguintes

descrições (Figura 4):

A primeira região compreende a zona urbana de Porto Velho, onde os casos de malária

ocorrem com maior intensidade em áreas periféricas. Há quarenta e nove grandes coleções

hídricas que são criadouros potenciais de anofelinos. Possui também áreas de desmatamento

e invasões. Nesta região existem oitenta e nove localidades. O ponto de apoio logístico para o

controle da malária localiza-se na sede administrativa da Divisão de Vigilância Epidemiológica

e Endemias.

A segunda região corresponde à zona peri-urbana da margem direita do Rio Madeira,

compreendendo noventa e oito localidades com grandes coleções hídricas. Possui áreas de

turismo (balneários, turismo ecológico e Jerusalém da Amazônia), nesta região está localizado

o complexo prisional do estado, com quatro unidades de alta relevância no número de caos de

malária. O ponto de apoio logístico desta região também se localiza na sede administrativa da

Divisão de Vigilância Epidemiológica e Controle de Endemias.

A terceira região compreende a área deste o quilômetro 40 da BR-364, sentido Acre, até o

quilômetro 105. Esta região, como as demais, apresenta grandes coleções hídricas, com

criadouros em potencial e alta densidade anofélica. Possui cinqüenta e nove localidades, com

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intensa movimentação populacional, extração de madeira, áreas de turismo (balneário e pesca)

e de garimpo. O ponto de apoio logístico localiza-se no distrito de Jacy-Paraná.

A quarta região começa após a Balsa de Abunã e se estende até o distrito de Nova Califórnia.

A região possui sessenta e cinco localidades, com áreas de desmatamento e serrarias. Atende

a muitos casos oriundos de Lábrea-AM e executa ações de controle em localidades deste

município. O ponto de apoio logístico localiza-se no distrito de Nova Califórnia.

A quinta região compreende toda área à jusante do rio Madeira, desde a Cachoeira de Santo

Antônio até Demarcação. Esta região é habitada por população estável e que tem a caça e

pesca como meio de subsistência, sendo a acessibilidade, em sua maioria, por meio fluvial. A

região possui áreas de garimpo, e também, de alto atrativo turístico em função da grande

quantidade de lagos. É constituída por cento e quatro localidades. O ponto de apoio logístico é

um flutuante, em estado de conservação regular, atracado próximo à Praça Madeira-Mamoré,

no centro da cidade de Porto Velho.

A sexta região compreende a região dos distritos de Mutum-Paraná e Abunã. Inicia-se no Km

105 da BR 364 sentido Acre, até a Boca do Abunã (balsa), limita-se com o município de Nova

Mamoré – RO. Esta região atualmente é composta por um assentamento e um acampamento

já em fase de assentamento, além de muitos garimpos. E composta de setenta e cinco

localidades. O ponto de apoio logístico se encontra no distrito de Mutum-Paraná.

A sétima região compreende a região do distrito de União Bandeirante, bem como todas suas

linhas e travessões. Composta por vinte e cinco localidades sendo todas as áreas de

assentamento, com uma vila e intenso comércio. O ponto de apoio logístico localiza-se no

distrito de União Bandeirante.

A oitava região compreende o lado esquerdo do Rio Madeira exceto a margem, iniciando nas

proximidades da balsa da cidade de Porto Velho até o Projeto de Assentamento Joana D`arc

no sentido da BR 319. Atende ao controle da malária da própria região, além de muitos casos

originados em Canutama-AM. A região possui os assentamentos: Joana Dar`c I, II e III. É

composta por trinta e sete localidades e o ponto de apoio fica localizado na linha 11 do

assentamento Joana D`arc II.

A nona região compreende toda área de invasão de Rio Pardo, fazendo divisas com os

municípios de Campo Novo – RO e Buritis – RO, o acesso se dá por este último. Esta região

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possui vinte e cinco localidades, e ainda não dispõe de ponto de apoio, é assistido pelo

município de Buritis.

1ª Região

8ª Região

4ª Região

9ª Região

7ª Região

6ª Região

3ª Região 2ª Região

5ª Região

Figura 4 - Município de Porto Velho – RO e suas regiões para controle de endemias (Fonte: DVEA-SEMUSA/PMPV).

Nesta divisão de regiões a UHE-JIRAU tem como áreas de influência direta e indireta a 4ª, 6ª

e 7ª regiões. Tais regiões são definidas como áreas onde se concentram as ações previstas no

PBA/HE-JIRAU para controle da malária, as demais doenças e seus agravos.

2.3 Elementos quantitativos

Analisando a distribuição dos casos de malária por faixa etária em 2009 (Janeiro a Junho) tem-

se idéia do panorama em cada região operacional do município (Figuras 5; 6; 7; 8; 9; 10; 11;

12; 13).

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1ª. R

egiã

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Figura 5 - Distribuição dos casos de malária município de Porto Velho/RO por faixa etária – Região Operacional 1.

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2ª. R

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Figura 6 - Distribuição dos casos de malária município de Porto Velho/RO por faixa etária – Região Operacional 2.

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3ª. R

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Figura 7 - Distribuição dos casos de malária município de Porto Velho/RO por faixa etária – Região Operacional 3.

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4ª. R

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o

Figura 8 - Distribuição dos casos de malária município de Porto Velho/RO por faixa etária – Região Operacional 4.

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5ª. R

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Figura 9 - Distribuição dos casos de malária município de Porto Velho/RO por faixa etária – Região Operacional 5.

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6ª. R

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Figura 10 - Distribuição dos casos de malária município de Porto Velho/RO por faixa etária – Região Operacional 6.

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7ª. R

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Figura 11 - Distribuição dos casos de malária município de Porto Velho/RO por faixa etária – Região Operacional 7.

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8ª. R

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Figura 12 - Distribuição dos casos de malária município de Porto Velho/RO por faixa etária – Região Operacional 8.

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9ª. R

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Figura 13 - Distribuição dos casos de malária município de Porto Velho/RO por faixa etária – Região Operacional 9.

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Observa-se que em todas as regiões a malária é mais prevalente entre as faixas etárias 10 a

19, 20 a 29 e 30 a 39, em virtude dessas pessoas estarem entre os grupos expostos

envolvidos naquelas condições de exploração de recursos naturais, atividades de lazer e

também condições comportamentais peculiares já relatadas. Especificamente entre as regiões

da área de influência da UHE-JIRAU os percentuais de prevalência mais elevados da doença

são: 10 a 19 anos – 25,6% na 4ª região; 20 a 29 anos 23,8% na 6ª região; e 23,4%. Esses

índices são corroborados com os dados nacionais da doença cuja peculiar cadeia de

transmissão na região amazônica difere bastante do cenário africano onde são crianças abaixo

dos 9 anos de idade o principal grupo contaminado.

Comparando-se estes resultados para o ano de 2009 entre os dois empreendimentos tem-se o

seguinte cenário atualmente conforme pode ser observado na Figura 14:

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Figura 14 - Distribuição dos casos de malária Jan/Jun 2008-2009 município Porto Velho – RO, por região operacional, entres os empreendimentos

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2.4 Avaliação diagnóstica

É perceptível que entre todas as regiões operacionais houve um decréscimo médio de -15,7%

comparando-se 2009 com 2008. No entanto, a 3ª região apresentou um aumento de 65,4% no

número de casos neste mesmo período. É importante ressaltar que nesta região está instalado

o Distrito de Jaci-Paraná. Embora esta região tenha sido definida como área de influência do

consórcio SAE, muitos dos trabalhadores do consórcio ESBR estão alojados ou residem

naquela área ou ainda há fluxo contínuo de pessoas deste consórcio em virtude aquele distrito

ser o referencial urbano de apoio. Em relação às três regiões sob responsabilidade do

Programa de Saúde Pública UHE-JIRAU o percentual médio de redução da malária foi de

-10,3% entre os mesmos anos referenciados.

No âmbito do panorama dos agentes infecciosos a redução dos casos positivos por P.

falciparum significativa entre todas as regiões, com exceção apenas da 6ª região onde

registrou um crescimento positivo de 22% daquele agente infeccioso contra -13% de P. vivax

(Figura 15). Trata-se de uma situação de risco neste panorama em virtude daquele agente

favorecido está implicado na forma mais grave da doença podendo levar a quadros de coma e

morte rápidos.

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Figura 15 - Distribuição dos casos de malária (P. falciparum e P. vivax) Jan/Jun 2008-2009 município Porto Velho – RO, por região operacional, entre os empreendimentos

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3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A malária é uma endemia característica dos ecossistemas amazônicos cuja cadeia de

transmissão (AGENTE ETIOLÓGICO x VETOR x HOMEM) está ligada diretamente a

exploração dos recursos naturais. Portanto, empreendimentos na Amazônia requerem

condicionantes essenciais para evitar o aumento do número de casos e da distribuição da

doença, uma vez que para realização destes são provocadas profundas alterações ambientais

onde na maioria das vezes os mosquitos anofelinos (vetores) são beneficiados. Este benefício

por sua vez favorece as condições da doença se alastrar. Ainda é importante considerar que

muitas das populações humanas destinadas a execução das atividades operacionais nos

empreendimentos são provenientes de outras regiões do país, as quais, jamais estiveram

expostas aos plasmódios e, portanto, sem uma imunidade parcial, sendo então consideradas

um grupo mais susceptível. Neste cenário pode-se conduzir ao desenvolvimento de maiores

agravos da doença e alterar as estatísticas municipais que nos últimos anos vêm se reduzindo.

Assim, diante do exposto, é possível concluir que a situação atual no cenário das áreas de

influência da UHE-JIRAU, tem sido positiva já que os dados demonstram redução no número

de casos da doença quando comparados com 2008. Tal situação pode-se atribuir as ações i)

de apoio da ESBR ao gestor público local no enfrentamento do problema e ii) controle

executado pela SEMUSA com suas equipes de campo (agentes e borrifadores), principalmente

em localidades onde surgiram novos focos. Identifica-se como um risco que possa interferir no

ritmo de decréscimo da doença devido à proximidade e a relação direta com a 3ª região (Jaci-

Paraná) cujo cenário tem sido de aumento do número de casos. É necessário ainda

acompanhar o comportamento da malária na 6ª região, na qual houve um crescimento positivo

nas taxas de infecção de P. falciparum, o qual pode ser considerado, neste momento, um risco

moderado. Portanto, são recomendadas, em virtude da velocidade da cadeia de transmissão,

ações rápidas, incisivas e integradas entre os setores público executor (SEMUSA) e os dois

empreendimentos como forma de impedir a disseminação rápida da doença. As ações

necessárias ao enfrentamento serão sugeridas em Nota Técnica que se encontra em processo

de elaboração no âmbito deste Programa de Saúde Público.