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1Água: um direito de todos não pode virar lucro de alguns.

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2 Água: um direito de todos não pode virar lucro de alguns.

www.fnu.org.br

Sede - Rio de JaneiroRua Visconde de Inahúma, 134,7º andar, Centro,Rio de Janeiro / RJ -Cep: 20091-901Te.:(21) 2223-0822Fax: (21) [email protected] [email protected]

Sede – São PauloRua Machado de Assis, 150,Vila Mariana –São Paulo/SP -Cep: 04106-000Tel.: (11) [email protected]

Renan Costa

Jornalista ResponsávelMTE 18727/11/62jE-mail: [email protected] Ricardo Barbedo

Projeto Gráfico e DiagramaçãoE-mail: [email protected]

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3Água: um direito de todos não pode virar lucro de alguns.

PEDRO TABAJARA BLOIS ROSÁRIO(STIU-PA)Presidente NAILOR GUIMARÃES GATO (SINDUR) Vice-Presidência PEDRO DAMASIO COSTA NETO (SINTERN)Secretário Geral GILMAR DE SOUZA PINTO ( SINDIELETRO-MG)Primeira Secretaria Administrativa eFinanceira ARILSON WUNSCH ( SINDIÁGUA-RS)Segunda Secretaria Administrativa eFinanceira FÁBIO GIORI SMARÇARO ( SINDAEMA-ES)Secretaria de Saneamento FERNANDO ANTONIO PEREIRA ( STIU-MA)Secretaria de Energia ELIANDERSON BERNARDES FRANÇA(SINERGIA-ES)Secretaria do Gás FERNANDO BARBOSA DO NASCIMENTO(STIU-AC)Secretaria de Meio Ambiente IARA DA COSTA NASCIMENTO (SINDISAN)Secretaria de Comunicação MAGNO DOS SANTOS FILHO (SINTERGIA-RJ)Secretaria de Organização e Política Sindical JEANE KATIA SILVA FERREIRA (SINDÁGUA-MG)Secretaria de Formação TARCISIO OLIVEIRA BRAZ (SINDÁGUA-MG)Secretaria de Combate ao Racismo

LEILA NASCIMENTO NOVAIS LUIZ(SINDAEMA-ES)Secretaria da Juventude GILVANA MARIA NOLETO BARROS DA SILVA(SINDUR)Secretaria da Mulher MONICA GULAEFF (SINDEL)Secretaria de Saúde, Segurança e Previdência HELIO JOSÉ ANOMAL ALMEIDA (STAECNON-RJ)Secretaria de Relações Internacionais RIVALDO GOMES DE ALCANTARA (STIU-DF)Secretaria de Relações do Trabalho Suplência da Direção:

RUI PORTO RODRIGUES In Memorian(SINDIÁGUA-RS)JONAS BRAZ (STEEM)WANYLIA DE LIMA SILVA ( STIU-PA)JORGE ANTONIO SANTOS COSTA (STIU-PA)ROBERTO RIVELINO MORENO BENEDETTI (STIU-RR) Conselho Fiscal

Titular:DRAUZIO RODRIGUES DE MACEDO (STIU-PB)Titular:LAURO EDUARDO M. XAVIER (FNU-CUT)Titular:LIDIA MARIA RESENDE VERDINI (SINTERGIA-RJ)Suplente: ONEIDE MORAIS DA SILVA DESOUZA (SINTERN)Suplente: ITACI SILVA MELO ( STIU-MA)Suplente: MARCUS VINICIUS LOBOSANTOS (SINTERGIA-RJ)

DIREÇÃO NACIONAL - 2015/2018

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4 Água: um direito de todos não pode virar lucro de alguns.

SUMÁRIO

05

Editorial06

Sindicato dos Urbanitáriosda Paraíba

07

Vitória do SINDIÁGUA-PBe do povo paraibano contraa privatização do Saneamentona Paraíba

09

Sindicato dos Urbanitáriosdo Pará na luta contra aprivatização da Cosanpa

10

Trabalhadores da Agespisaresistem e lutam contraa privatização

11

Futuro incerto:COMPESA na mirados Governos

12

Casal luta contra privatização

13

Sindisan mantém firme a lutacontra a privatização da Deso

15

STAECNON desenvolveações contra aprivatização da CEDAE

16

Não à privatização da CAESA

17

Maranhão sem trégua na luta emdefesa do Saneamento Público

18

FNU e Sindicatos contratam AssessoriaJurídica para barrar a Privatização dasempresas de Saneamento

19

Privatização no setorde saneamento no Brasil

23

Reestatização: uma tendência globalque já aconteceu em 235 cidades nomundo

26

Reestatização da água no mundoé uma realidade

30

Barrar o ataque do Governo golpista àsempresas de Saneamento

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5Água: um direito de todos não pode virar lucro de alguns.

A Federação Nacional dos Urbanitáriosao editar esta revista sobre o setor desaneamento busca dar subsídios aossindicatos, aos seus dirigentes e aos demais membros da sociedade civil orga-

nizada para o debate que se realiza nesse momen-to sobre o processo de privatização promovido pelogoverno federal. Esta ação agora tem o nome dePPI (Programa de Parceira de Investimentos) e comaval do BNDES e com a cumplicidade dos governa-dores dos Estados, que a pretexto da crise finan-ceira, estão trabalhando para entregar as empre-sas de saneamento, um patrimônio público estra-tégico do povo para a iniciativa privada.

É inegável que o país atravessa uma criseinstitucional, onde um governo sem voto e sem legi-timidade, caminha na contramão do mundo no quetange a privatização do setor de saneamento. Narevista fica demonstrado com dados precisos que oprocesso de remunicipalização, termo equivalente areestatização, da água em todo mundo é uma reali-dade, mais de 237 cidades em 37 países já retoma-ram o controle público, dentre eles, os Estados Uni-dos, Canadá, a França e até mesmo nações na Ásia.Todas em função de uma série de problemas apre-sentados pelo setor privado. Portanto, a sociedadecivil organizada no Brasil manterá e aprofundarásua luta contra a venda de um patrimônio que re-presenta a nossa soberania.

Para finalizar, a FNU reitera o seu compromissode continuar com a defesa do saneamento públi-co e de qualidade, se colocando à disposição paraintegrar a todo e qualquer movimento que lutepara garantir o controle da água pelo ente públi-co, pois água é a fonte da vida e não pode se tor-nar mercadoria. Boa leitura.

EDITORIAL

Pedro Blois

Presidente da FNU

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6 Água: um direito de todos não pode virar lucro de alguns.

O Estado da Paraíba tem sido um exemplode luta contra a privatização das empresas concessionárias dos serviços de água e esgoto. Através do Sindicatodos Trabalhadores nas Indústrias do

Estado – STIUPB, foi definido que o Governo do Estadonão mais procederá a privatização da Companhia deÁgua e Esgoto da Paraíba – Cagepa.

Foi uma conquista sem precedentes na história delutas do movimento sindical Urbanitário, que ficalocalizado em Campina Grande uma das maisimportantes cidades do interior do Nordeste.

Segundo Wilton Maia, presidente do SITUPB, adecisão do Governador Ricardo Coutinho (PSB), emnão privatizar a Cagepa decorreu após uma intensabatalha do Sindicato, através das realizações deseminários com os funcionários da empresa, nãoapenas no auditório da entidade, mas tambémpessoalmente em cada local de trabalho; em sessõesque ocorreram em alguns Municípios; nasinterlocuções com os deputados estaduais; emdebates nos veículos de comunicação e emintervenções junto ao próprio Governo da Paraíba.

Ao participar de ato solene, no dia 04 de abril desteano, no Palácio da Redenção, em João Pessoa, oSindicato, sua diretoria e vários trabalhadoresprestigiaram a coletiva de imprensa convocada pelo

Sindicato dos Urbanitáriosda Paraíba é exemplo de lutae evita a privatização da Cagepa

governador Ricardo Coutinho, na oportunidade WiltonMaia assinou documento deliberado pela categoria o que já havia sido decidido em assembleia pelamaioria dos servidores, ou seja, foram retiradas açõesque corriam na Justiça contra o Governo.

“Lutar valeu muito a pena, tudo que aconteceu foifruto de muita luta e organização, e serve de exemplopara reforçar a bandeira das lutas sociais. Recebemospressões, ameaças veladas e até agressividade emredes sociais para que desistíssemos da luta. Noentanto, não nos curvamos e vencemos, pois temos acerteza que só conquista quem luta! Por conta disso,o Governo retirou qualquer possibilidade de Privatizara CAGEPA e ainda assinou, na presença dos dirigentessindicais e convidados, ordem serviço para o iniciodas obras do Sistema Adutor que atravessará trêsregiões: Cariri, Curimataú e Seridó paraibano, o querepresenta a injeção de R$ 120 milhões em capitalativo da empresa”, destacou o presidente do STIUPB.

Reconhecendo o que o Governo da Paraíba fez aonão privatizar a Cagepa, o Sindicato instalou váriasplacas de outdoors em Campina Grande,parabenizando o Governador pela iniciativa.

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7Água: um direito de todos não pode virar lucro de alguns.

A luta constante da classe trabalhadoracontra as privatizações das empresaspúblicas do nosso país, especificamenteàs de Saneamento Básico, fez o SINDIÁGUA-PB junto com a FNU e CUT

participar em todo país de inúmeras reuniões e eventosque buscassem barrar o processo de privatizações,imposto pelo governo ilegítimo de Temer, cujoprincipal proposito é servir ao mercado financeironacional e transnacional em detrimento a maioria dopovo brasileiro. Fruto destas lutas, os trabalhadores

Vitória do SINDIÁGUA-PBe do povo paraibanocontra a privatizaçãodo Saneamento

e trabalhadoras da CAGEPA aprovaram emassembleias a pauta, cuja lista de condições foiapresentada na reunião entre o Governo do Estadoe o Sindicato, e com isso possibilitou que oGovernador da Paraíba, Ricardo Coutinho,proclamasse no dia 04/04 um NEGO à alienação damaior e mais importante empresa pública do Estadoda Paraíba (CAGEPA). Essa ação simbolizou para ostrabalhadores e trabalhadoras de todo o país umagrande vitória contra as privatizações do setor deSaneamento Básico.

CONFIRA A SEGUIR A CARTA NA ÍNTEGRA

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8 Água: um direito de todos não pode virar lucro de alguns.

CARTA ABERTA DO GOVERNANDOR AOS CIDADÃOS DA PARAÍBA

A CAGEPA é patrimônio inalienável do povo paraibano!Caras cidadãs e caros cidadãos de nosso Estado,Em nosso país, os nordestinos certamente são aqueles que - a duras penas - melhor conhecem a importância do

acesso à água. Durante séculos o binômio seca-miséria foi a constrangedora impressão digital de nossa identidade,perversamente manipulada por pequenos grupos oligárquicos comprometidos exclusivamente com interessesparticulares e familiares. Quis a história que um paraibano destacasse a relevância socioeconômica do problema eoferecesse um caminho inteligente e generoso para sua superação. Em 1959, Celso Furtado propõe “uma economiaadaptada ao semiárido”, reservando ao Estado o papel estratégico de garantidor das condições necessárias aodesenvolvimento regional.

Conforme consagrado na legislação brasileira e em tratados e organismos internacionais, o acesso à água e aosaneamento ambiental não apenas constitui um direito social cuja garantia compete ao Estado, mas é também umindicador do desenvolvimento humano e fator estratégico para a produção e socialização de riquezas nas nações.

Em nosso Estado, em 2016, a Companhia de Água e Esgotos da Paraíba, criada em 1966, foi superavitária em R$ 20milhões. A importância dessa marca não está, friamente, nos valores da arrecadação obtida. A CAGEPA não visa aolucro; embora tenha a obrigação de ser equilibrada financeiramente. Sua função é a de prestar serviços públicosacessíveis e de qualidade quanto ao abastecimento de água e ao tratamento sanitário para toda a população. Arelevância de seu superávit está no fato de que - mesmo num quadro de gravíssima estiagem, com 45 municípios emabsoluto colapso hídrico e muitos outros em regime de racionamento - ele revela a sustentabilidade e a eficácia daEmpresa, desde que o Governo promova as garantias e as adaptações gerenciais necessárias.

Nos últimos seis anos, o Estado - que tem 75% de seu território na região semiárida - aportou R$ 308 milhões eminvestimentos para obras e projetos da CAGEPA, além de outros investimentos na própria Secretaria de RecursosHídricos, o que viabilizou a instalação e a operação de mais 1.127 quilômetros de adutoras e uma melhoria significativano tratamento das águas distribuídas. Tal política permitiu que a Empresa aumentasse em 75% as ligações de redes deesgoto em nosso Estado; atendesse plenamente 219 localidades (195 sedes de municípios e 24 distritos); garantisseque cerca de 70% da população atendida por ela pagasse, pelos serviços prestados, apenas a Tarifa Mínima, e cerca de100 mil pessoas fossem beneficiadas pela Tarifa Social (congelada em todo o nosso mandato); e que, no ranking deSaneamento Básico das 100 maiores cidades brasileiras, a CAGEPA posicionasse João Pessoa em 1Ú lugar entre ascapitais nordestinas e em 9º lugar entre as capitais do Brasil, e Campina Grande como a 18ª cidade no Brasil e a segundamelhor cidade do Nordeste.

A CAGEPA é, hoje, por tudo, o maior e mais importante patrimônio público do povo da Paraíba!Como demonstra a história recente, dadas, sobretudo, as desigualdades socioeconômicas e regionais já crônicas

em nosso país, as políticas irrefletidas de privatização de serviços básicos tendem a oferecer falso e momentâneo alíviofinanceiro aos entes públicos e a promover efeitos colaterais pelos quais o próprio Estado é responsabilizado. Assim,não é raro ocorrer em seguida a privatizações restrições de acesso a bens de interesse social, além de uma desequilibradabusca pelo lucro, o que penaliza a população como um todo.

A mais recente ameaça à garantia do controle público sobre esses serviços essenciais está oculta, maliciosamente,no discurso que propõe a sua “municipalização”. São inquestionáveis as razões que inviabilizam operacional ejuridicamente a gestão desses serviços pelos municípios de nosso Estado. Desde o transporte das águas por grandessistemas adutores integrados e a perspectiva da necessária economia de escala até a regulação legal das divisaspolítico-administrativas, são vários os fatores que demonstram a competência da administração governamental doEstado para garantir a gestão integrada desses recursos e o pleno acesso da população aos seus benefícios.

Portanto, propor a “municipalização” da gestão desses serviços é, na prática, ceder o bem público ao controle deinteresses não-públicos. É um atentado contra o direito que o povo da Paraíba tem de ter acesso amplo ao abastecimentode água e ao tratamento sanitário. Procuram ludibriar o povo, escondendo o real interesse dos que estão por trás daproposta de “municipalização”.

O momento histórico por que passa nosso país requer a defesa das instituições e do patrimônio públicos e exige oseu aperfeiçoamento republicano, para que sirvam à sociedade com mais equidade, eficácia e transparência. Apreservação e o aprimoramento da CAGEPA exigem, também e necessariamente, portanto, o compromisso e aparticipação ativa de todos os que nela trabalham, renunciando a excessos em favor de uma Empresa que, além deestatal, precisa ser cada vez mais PÚBLICA.

Assim, por tudo, o Governo do Estado anuncia sua intenção de NÃO PRIVATIZAR a Companhia de Água e Esgotos daParaíba; mas, sim, de consolidá-la como Empresa Pública.

A Paraíba que disse Nego à República Velha vem, mais uma vez, proclamar um Nego à alienação do maior patrimônioque o povo da Paraíba dispõe, a Cagepa. Ao mesmo tempo, convoca fraternalmente o povo e a sociedade da Paraíbapara, lado a lado, defendermos, juntos, a garantia do direito de todos ao amplo acesso público ao abastecimento deágua e ao esgotamento sanitário.

Ricardo Coutinho Governador

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9Água: um direito de todos não pode virar lucro de alguns.

Em novembro de 2016, logo após tomarmosconhecimento que o governo do estado, via opresidente da Companhia de Saneamento doPará (Cosanpa), ter solicitado a inclusão daempresa no Programa de Parcerias de

Investimento, do governo federal, a diretoria doSindicato dos Urbanitários do Pará, lançou durante arealização do seu sistema diretivo, o Fórum em Defesada Cosanpa Pública.

No evento de lançamento do Fórum, a entidadeconseguiu a participação de maisde 30 entidades dos diversossegmentos da sociedade civilorganizada, além de parlamen-tares, dos dirigentes sindicais detodas as regiões do estado, cujoobjetivo era estender a discussãosobre o caráter estratégico esocial que a Companhia deSaneamento do Para representapara a população do estado,apesar de atender apenas 55 dos 144 municipaisparaenses.

O Sindicato dos Urbanitários tem participadoativamente de todas as manifestações estaduais enacionais, se posicionando e colhendo assinaturas noabaixo assinado contra a venda da Cosanpa.

Na luta contra a privatização, juntamente com aFederação Nacional dos Urbanitários (FNU), nos unimosa entidades da sociedade civil de Santarém pararealizar, em janeiro passado, um grande seminário emdefesa do saneamento público e de qualidade.

O seminário teve a participação de mais de 600pessoas. Nas mesas de discussões participaram oprofessor da UFBA, Luís Roberto Moraes, Pedro Blois,presidente da FNU, Edson Aparecido da Silva, assessor

Sindicato dos Urbanitáriosdo Pará na luta contra aprivatização da Cosanpa

da FNU, José Bianor Pena, presidente dos STIUPA, alémdo prefeito de Santarém, Nélio Aguiar. O prefeito deSantarém enfatizou ser contrário à privatização daempresa de saneamento, mas que iria exigir umamelhoria na prestação dos serviços prestados nomunicípio.

Em março, seguindo na luta e favor da Cosanpapública, o Sindicato dos Urbanitários do Pará, juntocom diversos entidades e com os/as trabalhadores/as da empresa, participou de audiência pública na

Câmara Municipal de Belém,onde debateu a tentativa depriva-tização da Cosanpa.

No final da audiência, overeador Amauri da APPD (PT)e a vereadora Marinor Brito(PSOL) lançaram a FrenteParlamentar contra a Privati-zação da Cosanpa. A vereadoraficou encarregada de colher asassinaturas dos demais

parlamentares.A entidade sindical também buscou apoio político

junto à Alepa (Assembleia Legislativa do Estado doPará) e nas diversas câmaras municipais das cidadesonde a empresa mantém a concessão dos serviços.

O STIUPA também realizou uma série de assembleiascom os trabalhadores da empresa em todo o estado,explicando e incentivando a participação dosmovimentos sociais na luta contra a privatização.

Essa é mais uma luta que a direção dos Urbanitariosdo Pará trava contra o governo privatista do estado, nosentido de manter a Cosanpa como prestadora deserviços de saneamento, mas mudando o foco de suagestão para prestar um serviço de qualidade e paratodos os paraenses.

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10 Água: um direito de todos não pode virar lucro de alguns.

Mesmo com várias ações na justiçaestadual e supremos tribunais queimpedem a privatização da Agespisa– Água e Esgotos SA, o governadordo Piauí, Wellington Dias, insiste em

impor seu esquema fraudulento, para beneficiarconchavos fechados no seu “acordão de campanha”,entregando a maior empresa pública do estado paraempresários do setor de saneamento, a preço de ba-nana.

Com o aval do governador e do atual presidente daAgespisa, Emanuel Bonfim, a empresa AEGEA vem pres-sionando os trabalhadores para ter acesso a informa-

Trabalhadores da Agespisaresistem e lutam contraa privatização

ções estratégicas, sem autorização judicial, criando as-sim um clima de terrorismo dentro da empresa. Nos úl-timos anos, vários presidentes entraram e saíram daAgespisa, demonstrando total fraqueza e perda de for-ça política dos últimos governos.

Toda essa trama articulada é mais uma manobra doGoverno do Estado que vem tentando burlar as açõesjudiciais, as quais têm sido a favor de uma empresa100% pública, derrotando esse criminoso projeto deprivatização. A sociedade não suporta mais tanta falca-trua e imoralidade.

Exigimos agilidade do Poder Judiciário e continua-mos resistindo por uma Agespisa 100% pública.

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11Água: um direito de todos não pode virar lucro de alguns.

PPP ou Privatização? Enquanto as informações sãoincertas, trabalhadores se organizam para a luta

Logo que assumiu a presidência, o Governo golpistade Temer chamou os estados para renegociar suas dí-vidas e mostrou claramente seu interesse em entregaras empresas estatais a grupos privados.

Desde novembro, a COMPESA vem desmentindo osboatos que correm pelo estado de que a Companhiavenderá o sistema de abastecimento de água para ainiciativa privada. O Presidente da empresa diz que ofoco não é a Privatização e sim a ampliação de Parceri-as com o setor Privado.

No entanto, o BNDES afirma que somente os estu-dos de cada empresa definirão o que será melhor paracada estado, o que pode ir de uma PPP à Privatizaçãodo setor.

Essa incerteza tem preocupado os trabalhadores esociedade. Pois, desde 2013, através da Parceria Pú-blico-Privada (PPP) do saneamento, a COMPESA sobre-vive apenas com a renda do abastecimento de água e

Futuro incerto:COMPESAna mira dosGovernos

ainda paga os déficits do setor de esgotamento, cujofaturamento é totalmente repassado para a OdebrechtAmbiental - que teve uma grande parte (70%) vendidapara a empresa canadense Brookfield e tem seu nomeenvolvido nos escândalos da Lava Jato.

O sindicato e os trabalhadores vão continuar naluta em defesa da COMPESA pública, pois ela é umpatrimônio do povo de Pernambuco.

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12 Água: um direito de todos não pode virar lucro de alguns.

O Sindicato dos Urbanitários de Alagoas –(STIUEA) vem travando uma grande luta contra a privatização do saneamento há muitosanos. A luta é contra qualquer forma deprivatização das companhias estaduais e mu-

nicipais de saneamento e o combate, de forma inflexível,a Parceria Público-Privada (PPP) que representa uma for-ma de entrega do patrimônio público ao setor privado.

Os Urbanitários de Alagoas já conseguiram reverter vá-rias tentativas deste tipo, como projetos em Câmaras deVereadores e Assembleia Legislativa, que retirava do esta-do a concessão dos serviços de água pela companhia esta-dual - CASAL, para que o município pudesse entregá-lo ainiciativa privada.

A luta atual é contra uma nova Parceria Público-Privada- PPP para implantação de Sistema de Esgotamento Sanitá-rio da parte alta de Maceió. Essa PPP foi montada e assina-da nos mesmos moldes de uma PPP que já atua na regiãode Arapiraca, apelidada pelo Sindicato de “MonstroAgrestino”; apelido esse em virtude de sua nocividade paraa CASAL que, na prática, dá prejuízo ao povo alagoano demais de R$1,5 milhão/mês.

A nova PPP foi assinada no final de 2014 entre a Con-cessionária SANAMA Saneamento Alta Maceió S/A, for-mada, conforme o site pppbrasil, pelas empresas EnorsulServiços em Saneamento Ltda., GS Inima Brasil Ltda., STEServiços Técnicos de Engenharia S/A e CASAL. O objetodo contrato de Concessão Administrativa, isto é, da PPP, éa implantação, operação e manutenção do Sistema deEsgotamento Sanitários da parte alta de Maceió, compre-endendo nove (9) setores, todos pertencentes à Unidadede Negócios do Benedito Bentes – UNBB; além da pres-tação de serviços complementares tais como: leiturahidrômetros, fiscalização, cobrança e gestão comercialdas áreas da PPP. Como visto, é a CASAL sendo retalhadaaos poucos já que, a região do Benedito Bentes é consi-

CASAL lutacontraprivatização

derada a terceira maior cidade de Alagoas.De acordo com o Contrato, o valor do investimento é da

ordem de R$ 293 milhões e prazo e vigência que pode che-gar a 35 anos. Na verdade, quem vai, ao final, financiar é aprópria CASAL e o povo alagoano por meio da garantia dascontas de água e esgoto da região de cobertura da PPP queserão repassadas a SANAMA um contrato tão nocivo que,além de obrigar a CASAL repassar as contas de água e es-goto da área atendida pela obra, força ainda, o repasse desistemas de esgotamento já operados pela CASAL com re-ceita líquida e certa como é o caso do setor 30 da UNBB,numa demonstração clara de transferência e renúncia derecursos para o setor privado.

Parceria com o setor privado só existe com risco zeropara o capital; assim, para garantir a execução do Contra-to, a SANAMA oferece a bagatela de 1% do valor total con-tratado. Isso quer dizer, em português claro que, caso resteum “papagaio” ou pendência ao final do contrato, ou algodessa natureza, a garantia apresentada pela SANAMA émínima. No entanto, as garantias oferecidas, pela CASAL,para pagamento das parcelas mensais estão devidamenteamarradas. Para isso, há exigência de contratação de umAgente de Garantia e Administração de Conta Vinculada,nome tão grande quanto sua amarração, ou seja, um Ban-co para onde irão os valores das contas de água e esgoto,que sejam superiores em 30% o valor de cada parcela men-sal, assegurando assim, seu pagamento de forma integral;risco zero.

A crueldade dessa PPP é tamanha que, não se confor-mando apenas com o pagamento mensal, incluindo ai, seulucro, por meio de contrato, a CASAL é, ainda, obrigada apagar a conta de energia consumida nas 16 elevatórias doSistema a ser implantado; além disso, fica também respon-sável pelos custos decorrentes da limpeza e disposição fi-nal do lodo e dejetos gerados pelo Sistema.

Finalmente,os Urbanitários de Alagoas denunciam a ten-tativa do governo federal em privatizar as companhias desaneamento dos estados brasileiros, através do BancoNacional de Desenvolvimento Econômico e Social –BNDES,obrigando-os a aderir ao programa de concessãode companhias de água e esgoto, pois, caso contrário, fi-cam sem receber verbas do governo federal.Segundo infor-mações do próprio governo, 18 estados já formalizaramadesão ao programa.

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13Água: um direito de todos não pode virar lucro de alguns.

Sindisan mantémfirme a luta contra

a privatizaçãoda Deso

Por George W. Silva – jornalista do Sindisan/SECategoria nas ruas de Aracaju, no dia da Greve Geral,

pautando a privatização da Deso

As incertezas do atual quadro políticobrasileiro, com o ‘balança mas não cai’ dogoverno de Michel Temer não garantem amudança do cenário quanto ao programade privatização das companhias públicas

de saneamento. Nem mesmo a troca no comando danação – é bem possível que na leitura deste artigo,o presidente golpista tenha renunciado ou sidodestituído – fará cessar o rolo compressor neoliberalque vem assolando o País pós-impeachment deDilma Rousseff, há pouco mais de um ano.

Ciente deste difícil cenário, o Sindisan tem mantidofirme a luta contra qualquer forma de privatização daCompanhia de Saneamento de Sergipe – Deso, nãoesperando por definições futuras ou promessas vaziasvindas do Governo Federal ou Estadual. Tanto que foipressionado pela forte campanha do sindicato nas ruas,nos meios de comunicação e nas casas legislativas dacapital e do interior, como também por setores dasociedade civil contrários à privatização da água e dosaneamento, que o governador do Estado, JacksonBarreto (PMDB), no início de março deste ano,determinou a revogação do decreto que autorizava aAgência Reguladora do Estado de Sergipe (Agrese) acontratar estudos sobre a viabilidade econômica e aformatação jurídica para uma possível privatização daDeso. Isso, sob pressão, também, de uma liminar, quequestionava o edital da Agrese que deflagrava oprocesso privatista.

Mas a saída da Agência Reguladora do Estado dopáreo não significou a retirada da Deso da lista dasempresas públicas de saneamento que estão na mirado programa de desestatização de Temer. O Governode Sergipe só empurrou a tarefa para o BNDES. “Ogovernador Jackson Barreto só fez lavar as mãos. ADesocontinua sob ameaça de privatização, ainda que elediga que jamais privatizará a Companhia. Aqui emSergipe nós temos um triste exemplo de como não sedeve confiar em palavra de governante. Em 1997, o

então governador Albano Franco prometia de pés juntosnão privatizar a Energipe, saiu com carta pública e tudo.Mas acabou vendendo a nossa companhia eletricitáriae hoje o povo de Sergipe, que nunca viu a cor do dinheiro,paga caro por isso. Então, vamos manter firme a luta,diuturnamente, junto com a categoria, contra aprivatização da Deso”, avisa Sérgio Passos, presidentedo Sindisan.

Alese e Câmaras municipaisE entre as tarefas diuturnas do sindicato para barrar

a privatização da Companhia de Saneamento de Sergipeestá o contato direto com parlamentares, nas CâmarasMunicipais da Capital e do Interior, e o debate com apopulação através dos meios de comunicação, emespecial, o rádio.

Até o presente momento, dirigentes do Sindisanestiveram, em audiências públicas e sessões especiais,na Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese) e nascâmaras municipais de Aracaju, Itabaiana, Barra dosCoqueiros, Itabi, Salgado, Boquim, Lagarto, Campo doBrito, Neópolis, Monte Alegre, Carira, Nossa Senhoradas Dores, Nossa Senhora da Glória, Gararu, GeneralMaynard, Aquidabã, Canindé do São Francisco, DivinaPastora, Cumbe, Poço Redondo, Laranjeiras, PoçoVerde, Feira Nova, Arauá, Nossa Senhora de Lourdes eCedro de São João. Sessões em outras câmaras estãosendo agendadas.

“Tem sido espaços importantes onde temos feito odebate sobre a importância da Deso como companhiapública de saneamento e do seu papel na vida dossergipanos, assim como os riscos de privatização daágua e os impactos decorrentes disso, em especial numestado como Sergipe, que já sofre com a escassezhídrica, mas que, graças ao trabalho da Deso, a águatratada chega, com tarifa acessível a todos, em 90%dos lares sergipanos. E temos recebido o apoio não sóde parlamentares de partidos de oposição ao governoJackson, mas também da base aliada do governador e

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14 Água: um direito de todos não pode virar lucro de alguns.

Sindisan e CUT, na reunião com o vice-governador de Sergipe(ao centro)

No Dia Mundial da Água, milhares nas ruas de Aracaju em defesada Deso

Presidente do Sindisan, Sérgio Passos, nas ruas de Aracaju, contraa privatização da água

Presidente do Sindisan, em sessão especial na Câmara Municipalde Itabaiana

da população, que tem apoiado a nossa luta”, explicaSílvio Sá, dirigente do Sindisan.

Caminhada da águaNo Dia Mundial da Água e na Greve Geral dos

Trabalhadores, o Sindisan levou o debate sobre aprivatização da água e do saneamento para as ruas dacapital sergipana. No dia 22 de maio, o sindicatorealizou um grande ato na porta da Companhia, com aadesão total dos trabalhadores e presença de váriasentidades sindicais, da sociedade civil e parlamentares.Em seguida, mais de duas mil pessoas saíram emcaminhada pelas ruas, até a Assembleia Legislativa doEstado, onde entregaram ao presidente da Casa ummanifesto contra a privatização da Deso, com aassinatura de 30 importantes entidades, entre centraissindicais, sindicatos e movimentos sociais.

No dia 28 de abril, na grande Greve Geral que tomouo País de norte a sul, nova marcha saindo da Deso parase somar às milhares de pessoas pelas ruas de Aracaju,levando também a pauta da água e do saneamentocomo bens públicos inegociáveis, e conquistando maisadesão da sociedade e dos trabalhadores de outrascategorias à luta do Sindisan em defesa da Deso.

Audiência com o GovernoAlém do debate público, o Sindisan, junto com a

CUT de Sergipe, procurou dialogar diretamente como governador Jackson Barreto na tentativa de retirara Deso do programa de desestatização do BNDES.No dia 20/4, foi protocolado pedido de audiência.No dia 8/5, o pedido foi atendido, mas a direção dosindicato e o presidente da CUT/SE, Rubens Marques,foram recebidos não pelo governador, mas pelo vice,Belivaldo Chagas (PMDB). Em quase uma hora deconversa, Belivaldo expôs um cenário de crisefinanceira aguda do Estado, mas descartou que aDeso possa vir a ser vendida para tentar pagar dívidascom a União ou algo parecido. Entretanto, deixouclaro que a decisão final sobre o futuro da Companhiaestá nas mãos do governador e que isso só deveacontecer após a conclusão dos estudos técnicos doBNDES.

“Fica claro, portanto, que permanece a ameaça deprivatização da Deso. Ao que parece, o Governo deSergipe não vai recuar. Então, vamos manter a categoriamobilizada e vamos continuar debatendo o tema nascâmaras de vereadores do interior e nos meios decomunicação para que a população compreenda o queestá em jogo ao quererem entregar a água, um bemfinito e fundamental à vida, nas mãos da iniciativaprivada. Vamos continuar dialogando, também, com osdeputados estaduais, dos quais já temos o apoio damaioria, e com os parlamentares federais para defendero maior patrimônio do povo sergipano, que é a Deso”,afirmou Sérgio Passos.

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15Água: um direito de todos não pode virar lucro de alguns.

Em favor do saneamento público e indivisível,o Sindicato dos Trabalhadores em Saneamentodo Norte e Noroeste do Estado do Rio deJaneiro – Staecnon tem cumprido o seu papel,defendendo com bravura os interesses da

classe trabalhadora e dos Cedaeanos. Através de umadiretoria ativa e comprometida com a categoria, oStaecnon vem desenvolvendo importantes iniciativas,priorizando as parcerias e estabelecendo mecanismosde construção viável para o fortalecimento das açõesque vem sendo executadas.

STAECNONdesenvolveações contraa privatizaçãoda CEDAE

Contra a privatização da Cedae, nos últimosmeses, foram realizadas várias manifestações emfrente à ALERJ e no Centro do Rio de Janeiro,mobilizando centenas de cedaeanos e servidoresde diversas categorias em uma luta desigual.

É neste cenário que o Staecnon vem atuando,mobilizando a categoria por meio de açõesconjuntas, através de um trabalho diferenciado,formando alianças sólidas junto à ALERJ, câmarase prefeituras das c idades do interior. Valeressaltar que dos municípios assistidos pelosindicato, 10 já foram alcançados pela atuaçãodireta do Staecnon, que a convite, tem participadode sessões extraordinárias, audiências públicase reuniões com associações de moradores. Umtrabalho que exige dedicação e muito trechopercorrido, gerando resultados vitais para barrare reverter às ações privatistas.

O presidente do Staecnon, João MarcosAndrade da Silva, vem atuando como um porta-voz dos cedaeanos, e durante as atuações emcada plenária, tem oferecido um dossiê contendodados importantes sobre os reais impactos paraos municípios do interior, caso o saneamento caianas mãos da iniciativa privada. Como resultado,ao esforço contínuo, o sindicato tem recebidonão só apoio moral como também jurídico, ondeMoções de Repúdio têm sido emitidas pelasCâmaras de Vereadores, com conteúdo quequestionam as investidas do governo estadual emquerer entregar, sem motivos convincentes, umaempresa lucrativa.

Ao longo de seus 53 anos de existência, oStaecnon continua com sua bandeira erguida emdefesa da categoria que representa, elevandocom destaque, a presença do interior nasmanifestações em defesa dos trabalhadores e daCedae pública.

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16 Água: um direito de todos não pode virar lucro de alguns.

A privatização da CAESA é um assunto que jácircula no Amapá há alguns anos. A partirdo momento em que os governos passarama usar a crise como desculpas, o problema ficou ainda mais sério. Isso, os

trabalhadoresnão podem aceitar!No início do Governo golpista de Michel Temer foi

lançado pelo BNDES um financiamento de estudo dasituação das Companhias Públicas de Água e Esgoto,para indicar um modelo que melhor se ajuste paraviabilizar a venda das mesmas para a iniciativaprivada, ou seja, “A privatização”.

A CAESA passa pelo processo de análise técnicajunto com sete empresas de saneamento de outrosEstados. Essas concessões foram inscritas pelosGovernos Estaduais no Programa de Parcerias deInvestimento (PPI) do Governo Federal. Caso osEstados aceitem a solução proposta pelo estudo esigam em frente com a intenção da privatização, estasempresas serão todas leiloadas sob a coordenaçãodo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico eSocial - BNDES.

A alegação mais forte que o Governo do Estado doAmapá usa para privatizar a Companhia de Água eEsgoto do Amapá(CAESA), é o de que ela tem umadívida de quase R$ 1 bilhão. Vale ressaltar que essadívida, se for verdadeira, é fruto das gestões que sevaleram de negociatas e politicagem, que nãopensaram na parte de planejamento e investimentopara ampliar o sistema, para melhorar a qualidade doatendimento ao povo. Quem sempre sai perdendo

Não àprivatizaçãoda CAESA!

nesses processos traumáticos é o servidor, quetrabalha em condições precárias, bem como, apopulação que recebe um serviço de má qualidade.

Só para efeito de registro, o Governo do Estado éum dos maiores devedores da CAESA. Em 2016, oTesouro Estadual aportou quase R$ 25 milhões naCompanhia. Desse valor, R$ 14 milhões foramreferentes às contas de consumo de água e esgotoda própria administração pública. O restante, maisde R$ 10 milhões, foi de aporte financeiro paraaumento de capital.

O Sindicato propôs uma audiência pública emmarço de 2017 na Assembleia Legislativa para discutiro assunto, foi um importante momento que serviutambém para discutir a situação dos trabalhadores.

O SITU-AP vai continuar na luta, não permitindoque os quase 250 funcionários da CAESA sejamexpulsos da empresa pela qual ingressaramregularmente, mediante Concurso Público, em quemuitos dedicaram uma vida inteira. A mobilização vaibarrar essa proposta de privatização e manter a CAESAcomo estatal, pois ela é um patrimônio do Estado edos Amapaenses.

O STIU-AP condena o uso do BNDES,maior bancopúblico Brasileiro,como instrumento para a entregada saneamento o setor privado. Por isso,vemconvocando a população para participar dessa lutaem defesa da água doce, e da nossa biodiversidades.Não vamos deixar que esse Governo ilegítimo que seinstalou no Brasil entregue o que é do povo para ocapital internacional.

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17Água: um direito de todos não pode virar lucro de alguns.

T odas as formas possíveis de luta em defesa

do saneamento público estão sendo acionadas pelo Sindicato dos Urbanitários do Maranhão

desde que o Governo do Estado aderiu ao Programa de Parcerias de Investimentos – PPI

do Governo Federal, coordenado pelo BNDES, emnovembro de 2016.

Depois de muita pressão e várias reuniões realizadascom o Governo, o chefe do executivo reafirmoupublicamente, no fim de janeiro, seu compromisso demanter a empresa de saneamento pública. Não é obastante, uma vez que o Estado não reviu sua adesãoao PPI e o processo continua. Diante disso, o Sindicatopartiu para outras vias, provocando os poderes Legislativoe Judiciário a se posicionarem acerca da matéria.

Na Assembleia Legislativa, o Sindicato conseguiurealizar, em março, uma audiência pública que tevedesdobramentos importantes, como uma Comissãoformada por parlamentares e sindicalistas para discutiro tema, outra audiência mais ampla sobre defesa dasempresas públicas e, por fim, a constituição de umaFrente Parlamentar em Defesa das Empresas Públicas.O processo de constituição da Frente está em andamentoe já conta com adesão de 14 deputados que tentam,junto com o Sindicato, ampliá-la e viabilizá-laformalmente. Os deputados que já aderiram são: Birado Pindaré, Othelino Neto, Marco Aurélio, Wellingtondo Curso, Max Barros, Francisca Primo, Sérgio Vieira, ZéInácio, Eduardo Braide, Valéria Macedo, Levi Pontes,Roberto Costa, Vinicius Louro e Cabo Campos.

No Judiciário, o STIU-MA provocou Ação Popular, queestá em tramitação, para barrar o processo do Pregãoque visa contratar os estudos sobre a Caema, a partir daadesão do Maranhão ao Programa de Parcerias deInvestimentos – PPI. A Ação pede anulação ou suspensãodo processo de pregão eletrônico do BNDES, porque estepossui vários vícios e irregularidades, prevendo gastode quantia vultuosa de dinheiro público, contrariando oordenamento jurídico e não comprovando serventiaprática para o Estado do Maranhão.

Dentre os vícios e irregularidades apontados peloSTIU-MA está a impossibilidade de licitação de umamatéria tão complexa por meio de pregão eletrônico.Outro aspecto grave é a ausência de consulta aosmunicípios. O programa atinge diretamente todos osmunicípios maranhenses que têm serviço de saneamento

Maranhão semtrégua na lutaem defesa doSaneamento Público

prestado pela Caema, sendo assim o Estado do Maranhãoe o Governo Federal, via BNDES, extrapolam os limitesde sua competência constitucional e legal.

Para completar, a Ação questiona a falta de interessedo próprio Estado do Maranhão na privatização daCaema, publicizado amplamente pelo próprio Governadordo Estado em suas redes sociais. Ora, o objetivo doPrograma do BNDES é claro, é promover participaçãoprivada nas empresas públicas. Se o Governador atestaque não privatizará a empresa estadual porque investirdinheiro público em estudos com esse fim?

Por fim, o Pregão prevê contratação dos serviços paraprocedimentos “Due Diligence”, ou seja, processo deinvestigação de oportunidade de negócio, através deanálises de ordem jurídica, contábil e patrimonial quevisam apurar a real situação econômico-financeira daCompanhia. Ocorre que isso implica em analisar osdocumentos contábeis da Caema dos últimos cinco anos,o que será impossível uma vez que os antigos gestoresda empresa simplesmente não os repassaram para aatual gestão, que teve início em 2015. Em síntese,qualquer empresa vencedora não terá como fazer otrabalho.

Paralelo a isso, a denúncia à população dos perigosda privatização da Caema para a sociedade maranhensesão permanentes, usando como parâmetro, inclusive,experiência recente dos municípios de Raposa e Paçodo Lumiar, que privatizaram seus serviços desaneamento, hoje operados pela Odebrecht Ambiental,penalizando a população com água de péssima qualidadee serviços mais caros.

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18 Água: um direito de todos não pode virar lucro de alguns.

FNU e SindicatoscontratamAssessoria Jurídicapara barrar aPrivatização dasempresas de Saneamento

A Federação Nacional dos Urbanitáriosreunida, em Brasíl ia, no dia 10 demarço de 2017, com os sindicatos dosetor de saneamento que estão sendo alvo do projeto privatização das

empresas estaduais de saneamento através daPPI, deliberaram pela contratação de uma as-sessoria jurídica especializada. O escritório es-colhido foi do Dr. Luiz Alberto Gurjão Sampaiode Cavalcante Rocha, que irá elaborar um pa-r e c e r j u r í d i c o a c e r c a d o p r o c e s s o d eprivatização das companhias que estão sendoelaborados pelo BNDES, bem como, prestaráconsultoria consultiva a todos os sindicatosfiliados a FNU enquanto durar o processo.

É fundamental destacar que essa assesso-ria especializada no direito administrativo daráo suporte para que se faça o enfretamento viajudicial, tão importante nos dias atuais, ondeesse poder se mostra a cada dia mais influen-te nas decisões do país. Portanto, é importan-tíssimo que todos participem da cotização doshonorários, conforme acordado na reunião emBrasíl ia.

A FNU tem a certeza que a luta contra aprivatização das empresas de saneamento é umsomatório de ações: mobilização de rua, a arti-culação política e a via judicial. Somente assimserá possível derrotar esse projeto nefasto deprivatização, que representa um atraso sem di-mensões para o país e para sua população. Poisa água é um bem público, e não uma mercadoria.

Nova reuniãoNo dia 09 de junho foi realizada, no STIUDF, uma

reunião de todas as assessorias jurídicas dos sindi-catos, esse encontro visou definir as estratégias daação que serão ajuizadas pelas entidades, já com adefinição da modelagem já aprovada pelo BNDES,assim como, a data de ajuizamento simultâneo dasações.

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19Água: um direito de todos não pode virar lucro de alguns.

Privatização nosetor de saneamentono Brasil

Elaboração:DIEESE - Rede Saneamento

O governo federal lançou em setembro de 2016o Programa de Parceria do Investimento (PPI),que normatiza o processo de concessões eprivatizações para os próximos anos2.O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico

e Social (BNDES)ficará encarregado de formar e partici-par do Fundo de Apoio à Estruturação de Parcerias (FAEP),de natureza privada, cuja finalidade será estruturar emoldar as parcerias com a iniciativa privada e programasde desestatização, atuando junto aqualquer órgão ou en-tidade da União, Estados, Distrito Federal e Municípios.

A resolução nº 4, editada pelo Conselho do PPI no mes-mo mês de setembro do ano passado, “opina pela qualifi-cação de empreendimentos públicos estaduais de sanea-mento por meio de contratos de parceria com o setor priva-do”. Até 80% dos investimentos feitos pela iniciativa priva-da nessas parcerias poderá ser financiado pelo BNDES. NaResolução são apresentadas as datas estimadas para oedital e o leilão de três empresas estaduais desaneamento:Cedae (RJ), Cosanpa (PA) e Caerd (RO) têmedital previsto para o segundo semestre de 2017 e leilãomarcado para o primeiro semestre de 2018.

No dia 7 de março desse ano foram anunciados mais 55projetos do PPI, dentre eles a desestatização de outras 14empresas estaduais de saneamento. A desestatização daDEPASA (Acre), CAESA (Amapá), CASAN (Santa Catarina),CASAL (Alagoas), CAGECE (Ceará), CAEMA (Maranhão),CAGEPA (Paraíba), COMPESA (Pernambuco), CAERN (RioGrande do Norte) e DESO (Sergipe) têm previsão de leilãopara o primeiro semestre de 2018; EMBASA (Bahia),AGESPISA (Piauí), ATS (Tocantis) e COSAMA (Amazonas),para o segundo semestre de 2018.

Importante mencionar quealguns governadores estadu-ais, como, por exemplo, Rui Costa da Bahia3 e CamiloSantana do Ceará4, têm dado declarações afirmando queos estados não têm interesse em privatizar as suas empre-sas estaduais de saneamento, a despeito de as empresasestarem listadas no programa. Essa situação coloca dúvi-das quanto à própria operacionalização do programa deprivatizações, uma vez que o programa é federal, as em-presas são estaduais e a concessão dos serviços de água e

esgoto é municipal.Segundo o BNDES, 20 consórcios já se encontram pré-

qualificados e aptos a participar do lote de editais para acontratação dos estudos para os processos de parcerias edesestatização. Chama a atenção o fato de que todos osvalores propostos pelos consórcios vencedores dos leilõesjá efetuados para a contratação dos estudosforambastanteinferiores aos valores iniciaisapresentado pelo BNDES - osvalores das propostas de estudos para a COMPESA (PE) e aDESO (SE), por exemplo, foram menos de 70% do valor ini-cial. Quanto ao perfil das empresas que compõem os con-sórcios qualificados, em muitos casos são empresas queguardam, há muito tempo, relação estreita com os grandesgrupos privados do mercado de saneamento e que já mo-delaram concessões privadas para essas empresas. Essesdois aspectos levantam questões sobre a imparcialidade,a possibilidade de custos adicionais futuros e a própria via-bilidade de tais estudos.

Há ainda de se considerar os desdobramentos do pro-cesso de renegociação das dívidas dos estados com aunião (Lei Complementar nº 156/2016, antigo PLP 257), oNovo Regime Fiscal (Emenda Constitucional nº 95/2016,antiga PEC 241/2016) e o “Plano de recuperação fiscalpara os Estados”, o qual ainda está em elaboração e tam-bém prevêa venda de ativos estatais estaduais comocontrapartida para o recebimento de ajuda financeira daUnião, como no caso da CEDAE no Rio de Janeiro.No dia20 de fevereiro de 2017 a Assembleia Legislativa do Riode Janeiro aprovou o projeto de Lei enviado pelo Executi-vo para autorizar a venda de ações da empresa comocontrapartida para viabilizar um empréstimo da União deR$ 3,5 bilhões para o Estado.

Pois bem, a política federal de privatização para o se-tor apresentada acima tem como base, ao que parece,somente um “estudo”,elaborado recentemente pela CasaCivil da Presidência da República, denominado “Diagnós-tico Saneamento”,no qual o governo federal faz uma ava-liação setorial e propõe treze medidas para adequar osetorao programa de privatização em curso. A Tabela 1, aseguir, apresenta de forma resumida as treze propostasdo governo federal para o setor de saneamento no Brasil.

1 O PPI (Lei 13.334/2016) abrange diversos setores da área de infraestrutura e, ao que tudo indica, deverá se sobrepor ao PAC como política de

Estado para os setores de infraestrutura no país.2 http://www.secom.ba.gov.br/2016/11/136247/Embasa-nao-sera-privatizada-afirma-governador.html3 http://www.opovo.com.br/jornal/politica/2017/03/nao-existe-possibilidade-de-privatizacao-diz-governo.html

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20 Água: um direito de todos não pode virar lucro de alguns.

1. Uniformização da regulação do setor

2. Racionalização das competências

ministeriais e de recursos

3. Revisão do Plansab

4. Programa de parceria com a iniciativa

privada

5. Parcerias estratégicas nas empresas

estaduais

6. Revisão da Legislação de Consórcios

7. Simplificação dos processos de

financiamento e de acesso aos recursos do

Orçamento Geral da União (OGU)

8. Gestão da Informação

9. Enfrentamento de Perdas

10. Estímulo à ligação das residências às

redes de esgoto

11. Programa de capacitação técnica

12. Revisão do licenciamento ambiental

13. Assentamentos urbanos irregulares de

baixa renda

Tabela 1.Propostas do governo federal para o setor de saneamento no Brasil

Regulação integrada para os quatro componentes do saneamento(água, esgoto, resíduos e drenagem) e centralizada a nível nacional,por meio da Agência Nacional de Águas (ANA).

Revisão ampla das competências dos diversos órgãos do governofederal envolvidos no saneamento, transferindo a maior parte parao Ministério das Cidades.

Rever o Plano Nacional de Saneamento Básico, nos moldes dosaspectos metodológicos do Plano Decenal de Energia, elaborado pelaEmpresa de Pesquisa Energética (EPE), atualizado a cada dois anos,com foco para uma maior participação da iniciativa privada.

Estimular a parceria com a iniciativa privada para a construção eoperação de redes de abastecimento e tratamento de água, esgotoe resíduos sólidos.

Com a participação acionária minoritária do FGTS, BNDESPAR, BB eoutros fundos de investimentos, estabelecer parcerias em que“acordos de acionistas bem estruturados garantiriam os interessesdos sócios privados minoritários”.

Rever a Lei 11.107/2005 para estimular a participação privada nosetor.

Revisar “fluxos processuais com vistas a otimizar os prazos”.

A ANA passaria a ser responsável pela definição dos indicadores desaneamento e a gestão do Sistema Nacional de Informações sobreSaneamento (SNIS).

Criação de linhas especiais de financiamento com recursos do OGU.

Alterar a Lei de Saneamento para autorizar cobrança de tarifa peladisponibilidade de infraestrutura.

Envolvimento da ANA na capacitação das agências estaduais, regionaise municipais.

Considerar externalidades positivas no licenciamento das obras.Revisão da Lei de crimes ambientais.

Alterar Lei de Saneamento para dar segurança jurídica aosinvestimentos em áreas irregulares. Revisão do Plansab para“comportar possibilidades de enfrentamento da oferta desaneamento inclusive nas favelas”.

Fonte: Diagnostico Saneamento, Casa Civil, Presidência da República.

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21Água: um direito de todos não pode virar lucro de alguns.

Apesar destedocumento, que tem formato de apre-sentação, não estar publicado em nenhum sítio ele-trônico oficial, o mesmo teve ampla repercussão, sen-do alvo de severas críticas por parte de importantesinstituições e especialistas do setor.

Em síntese, as críticas apontam que o“diagnóstico”trata os serviços públicos desaneamento básico como mercadorias e a água comouma commodity, desconsiderando o seu caráteressencial à vida e ao bem estar da população,caracterizando o setor meramente como um ambientede negócios.Suas propostas são orientadasexclusivamente para estimular e garantir aparticipação da iniciativa privada.Além disso, omaterial apresenta um perfil do setor utilizandodadosdo Instituto Trata Brasil, uma organização mantida porfornecedores de materiais e equipamentos eoperadores privados da área de saneamento básico,e não dados oficiais disponibilizados pelo SistemaNacional de Informações do Saneamento (SNIS) doMinistério das Cidades.

O diagnóstico também desconsidera o principalinstrumento de planejamento da área do saneamentobásico do País, o Plano Nacional de SaneamentoBásico (Plansab), elaborado com a participação dasociedade e aprovado pelos Conselhos Nacional daSaúde, do Meio Ambiente, de Recursos Hídricos e dasCidades, instâncias de controle social, formadas porrepresentantes da sociedade civil e do Poder Público(Moraes, 2017)5.

Salienta-se ainda que o Diagnóstico propõe acentralização das decisões a nível nacionalsobrecarregando a ANA tanto na questão deregulamentações como de capacitações técnicas,desprestigiando os órgãos estaduais de regulação dosetor. Também penalizaas populações maisvulneráveis quando propõe a cobrança de tarifa peladisponibilidade de infraestrutura, onde o prudenteseriam campanhas de conscientização e assessoriatécnicas para que os mesmos fizessem a ligação asredes coletoras.

Por fim, importante mencionar que o programa deprivatização não prevê nenhum tipo de consulta àsociedade, tal comoa realização de audiências públicas,imprescindíveis nas regiões onde o governo pretendeprivatizar os serviços públicos de saneamento. Nessesentido, audiências públicas têm sido provocadas pelosmovimentos sindicale social nas AssembleiasLegislativas de vários estados, como, por exemplo, emSergipe (16/02/2017), Piauí (07/03/2017), Pará (17/03/

2017) e Maranhão (22/03/2017). Além disso, o progra-ma não faz nenhuma menção aos trabalhadores das em-presas que poderão ser privatizadas. A falta de uma di-retriz para os empregados dessas empresas tem geradogrande incerteza e apreensão para os trabalhadores esuas famílias, sobretudo diante de uma conjuntura derecessão econômica e de aumento das taxas dedesemprego.

A água como recurso vital e estratégico

A água é um recurso essencial à vida. É um recursonatural renovável, essencial à sobrevivência dos seresvivos e ao desenvolvimento humano. Trata-se de umrecursofinito e de uso comum, e, portanto, de valorsocial e não uma simples mercadoria.

O saneamento básico estádiretamente relacionadoà conservação dos recursos hídricos. Em 2010, aOrganização das Nações Unidas (ONU)reconheceu osaneamento básico como um direito humano. Aresolução reconheceu a natureza distinta dosaneamento em relação à água potável, embora tenhamantido os direitos juntos (ONU Brasil, 2016)6.

Os serviços de abastecimento de água e deesgotamento constituemconjunto de medidas quevisam promover a saúde e a qualidade de vida dapopulação. O esgotamento sanitário possui fortecorrelação com o controle de endemias, e, portanto,papel central em diversas políticas de saúdepública.Nesse sentido, a gestão dos recursos hídricosa partir de uma ótica das Bacias Hidrográficas podecontribuir para a otimização de diversas políticaspúblicas, dentre elas as de despoluição dos rios.Estudos da ONU estimam que uma criança morra nomundo a cada 2,5 minutos devido a problemasrelacionados com a falta de água potável esaneamento ineficiente. Segundo estimativa daOrganização Mundial da Saúde (OMS) para cada R$1,00 investido em saneamento há uma economia deR$ 4,00 em saúde. Assim, os efeitos do aumento daoferta de saneamento básico são um forte vetor dedesenvolvimento para os cidadãos mais vulneráveis(Heller e Castro, 2013).

A água é um recurso finito e escasso.De acordocom oRelatório Mundial das Nações Unidas sobreDesenvolvimento dos Recursos Hídricos (2015),até oano de 2050 prevê-se um aumento de 55% na demandahídrica mundial, em razão da crescente demanda dosetor industrial, dos sistemas de geração de energiae do consumo doméstico. Ainda segundo o relatório,

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22 Água: um direito de todos não pode virar lucro de alguns.

os lençóis freáticos estão baixando e a estimativa éque cerca de 20% dos aquíferos do mundo inteiro jáestejam em situação de sobre-exploração. Nesse par-ticular, cabe lembrar que o Brasil possui dois dosmaiores aquíferos do mundo, o aquífero Guarani e oSaga(Sistema Aquífero Grande Amazônia).

Segundo as Nações Unidas, o acesso à águapotável e ao saneamento é um direito humano, massua limitada implementação global tem impactodesproporcional, em particular sobre os pobres,mulheres e crianças.Além disso, a água é essencialna maioria dos processos produtivos, inclusivealimentos, energia e manufaturados.Entretanto, amaioria dos modelos econômicos não valoram osserviços essenciais prestados pelos ecossistemas deágua doce, levando muitas vezes à utilização nãosustentável dos recursos hídricos e à degradaçãodesses ecossistemas.

Políticas e ações de vital importância para odesenvolvimento sustentável podem ser fortalecidas (ouenfraquecidas) por meio da água, como, por exemplo,processos de desenvolvimento regional e da agriculturafamiliar, para a distribuição de renda e também para amanutenção das populações no campo.

Atender às crescentes demandas de energia geraráum aumento da pressão sobre os recursos hídricos, comrepercussões sobre outros usuários, como a agricultura

e a indústria. Até 2050, a agriculturaprecisará produzirglobalmente 60% a mais de alimentos, 100% a mais nospaíses em desenvolvimento.Entre 2000 e 2050, prevê-se um aumento de 400% da demanda global de águapela indústria manufatureira, afetando todos os outrossetores, com a maior parte desse aumento ocorrendoem economias emergentes e em países emdesenvolvimento, como o Brasil.Nesse sentido, acompetição entre “usos” e “usuários” da água perpetuadesigualdades e aumenta o risco de conflitos (ONU,2015).

Diversas pesquisas têm apontado aescassez deágua como uma das principais causas da tensão noOriente Médio, no norte da África e na Ásia (OperaMundi, 04/04/2015)77Disponível em:

.No caso do Brasil, de acordo com a ComissãoPastoral da Terra (CPT), entre 2005 e 2014 houve umaumento significativo dos conflitos pela água no campo.

A tabela 2, a seguir, apresenta o número e tipo deconflitos pela água no campo no Brasil de 2005 a2014.Em dez anos foram registrados 758 conflitosenvolvendo mais de 322 mil famílias. Dos 758 casosregistrados, 346 tinham relação com o uso epreservação da água, 325 com a instalação debarragens e açudes e 86 referentes à apropriaçãoparticular de áreas em que água é considerada debem comum (CPT, 2015)8.

10 Disponível em: http://www.al.to.gov.br/noticia/5189/instalada-cpi-da-saneatins11 Disponível em: http://ats.to.gov.br/acesse-sua-conta/#sthash.27ZShU2U.dpuf

Devido à interdependência dos rios, conflitos pelaágua podem ocorrer inclusive entreestados emunicípios, como no caso da disputa verificada entreos estados de São Paulo e Rio de Janeiro pela utilizaçãoda água da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Suldurante a crise hídrica de 2014.

A água também éum elemento de importânciacentral nas estratégias de disputa pela apropriação edomínio dos recursos naturais no mundo. Para a autora,as grandes corporações transnacionais, grandesorganizações não governamentais e os gestores globais

operam em escala mundial, articulando os interessesdos gestores técnicos que se atribuem a tarefa de“melhorar a eficácia do aproveitamento da água” e dosempresários interessados no processo de privatizaçãodeste recurso natural (Bruckman, 2015).

Ou seja, deve-se considerar que o interesse dasgrandes corporações vai além da aquisição dasempresas públicas de saneamento, e sim de umaestratégia de apropriação das próprias fontesdosrecursos hídricos, como por exemplo, os aquíferosGuarani e Saga, mencionados anteriormente.

Fonte: Comissão Pastoral da Terra (2015).

Tipo 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Total

Apropriação Particular 7 9 7 5 13 9 2 4 7 23 86

Barragens e Açudes 30 16 33 33 17 31 35 38 43 49 325

Uso e preservação 33 20 47 8 16 47 32 37 51 55 346

Sem informação 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1

Total 71 45 87 46 46 87 69 79 101 127 758

Tabela 2. Número e tipos de conflitos pela água no campo, Brasil, 2005-2014

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23Água: um direito de todos não pode virar lucro de alguns.

A remunicipalização no setor da água e outros serviçossociais é uma tendência significativa porque demonstraque as decisões passadas de privatização são reversí-veis. Em março de 2015, mais de 235 cidades e comuni-dades em 37 países haviam retomado o controle de seusserviços de água nos últimos 15 anos.

E esse número está crescendo. As razões para oremunicipalise dos serviços de água são semelhantes emtodo o mundo: deterioração dos serviços, subinvestimento,disputas sobre custos operacionais e aumentos de pre-ços, aumento das contas de água, dificuldades demonitoramento dos operadores privados e falta de trans-parência financeira. Geralmente, os municípios decidemreverter para a gestão pública quando consideram que oscontratos privados são social e financeiramente insus-tentáveis.

A melhor forma de prestar serviços essenciais é umaquestão crítica para os cidadãos, e os funcionários têmde fazer uma escolha sensível com base nas necessida-des dos cidadãos. Quase todos os casos deremunicipalização ocorreram quando foram (recentemen-te) eleitos conselhos locais que tomaram a audaciosadecisão de reverter à privatização. Em alguns casos, osresidentes exerceram a democracia direta para seremouvidos pelos governos locais, por exemplo, através deum referendo. Quando os prestadores de serviços nãoatendem às expectativas, os responsáveis políticos po-dem reverter um contrato de serviço com base em consi-derações pragmáticas para melhor responder às necessi-dades dos cidadãos em um Custo-benefício. A capacida-de de responder a novas informações sobre o desempe-nho do serviço ou de mudar a opinião pública é uma parteessencial da democracia.

Reestatização:Uma tendência globalque já aconteceu em235 cidades no mundo

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24 Água: um direito de todos não pode virar lucro de alguns.

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25Água: um direito de todos não pode virar lucro de alguns.

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26 Água: um direito de todos não pode virar lucro de alguns.

Reestatizaçãoda águano mundoé umarealidade

Em 1984, dois contratos de concessãode 25 anos para o abastecimento deágua de Paris foram atribuídos à

Veolia e à Suez (cada uma das empresascobrindo metade da cidade). Em 2000, oscontratos foram criticados pelo organismoregional de auditoria por falta de transpa-rência financeira, e em 2002 uma audito-ria solicitada pela cidade de Paris concluiuque os preços cobrados pelas empresasprivadas eram entre 25% e 30% superio-res aos custos econômicos justificados. Em2003, o organismo nacional de auditoriadescobriu uma enorme e crescente dife-rença entre as reservas financeiras cons-tituídas pelos operadores privados para amanutenção das redes, e os trabalhos efe-tivamente realizados.

Esta tática teve o efeito de inflacionar ospreços e adiar a manutenção das infra-estruturas. Os operadores privadossubcontrataram trabalhos e manutençãoàs suas empresas subsidiárias, recebendo

Paris - Françaassim lucros adicionais. Apesar darenegociação em 2003, esta situação man-teve-se durante vários anos, até que a ci-dade de Paris decidiu retomar o controledo abastecimento de água.

A remunicipalização (reestatização)aconteceu em Janeiro de 2010 após termi-nar o prazo dos contratos com a Veolia e aSuez. Os contratos privados não foram re-novados devido à falta de transparência fi-nanceira e responsabilização, que tinhamsido repetidamente criticadas pelo orga-nismo público de auditoria.

A cidade criou um Observatório da Águapara promover o envolvimento cívico na Eau

de Paris. Os 11 membros do conselho deadministração da Eau de Paris são vereado-res, dois membros são representantes dostrabalhadores e cinco são representantesda sociedade civil (um do Observatório, pe-ritos em água e saneamento, uma organi-zação não governamental do ambiente euma organização de consumidores).

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27Água: um direito de todos não pode virar lucro de alguns.

Em 1999, 49,9% da ações da BerlinwasserHolding AG (BWH) - detentor do operador de água de Berlim Berliner

Wasserbetriebe Anstaltöffen-tlicenRechts(BWB) – foram vendidas a um consórcio queincluiu a RWE e a Veolia. O contrato secretopermitiu ao consórcio privado controlar a ges-tão da BWB através da nomeação do diretorexecutivo e do diretor financeiro. O contratocom a RWE e a Veolia garantia que o retornodo capital para os acionistas privados seria de8%, e este nível de lucro seria garantido peloEstado de Berlim durante 28 anos.

O contrato era altamente controverso con-

Em 2005, o contrato foi rescindido peloGoverno com base no fraco desempenho do serviço prestado. A empresa in-

glesa Biwater intentou dois pedidos de inde-nização em dois tribunais arbitrais internaci-onais e perdeu ambos. A empresa perdeu ocaso no Supremo Tribunal do Reino Unido,sob as regras da UNCITRAL (com base na res-cisão do contrato), e foi condenada a pagar 3milhões de libras por danos, valor que se re-cusou a quitar. Também perdeu o caso no Tri-bunal do ICSID, com base no argumento daexpropriação, que decidiu que apesar de ogoverno da Tanzânia ter violado o tratado deinvestimento bilateral com o Reino Unido emquatro ocasiões diferentes (incluindo a expro-priação ilegal dos bens do consórcio local daBiwater, a City Water), a empresa não tinha

duzindo a um severo subinvestimento e au-mento dos preços, uma situação que desen-cadeou um referendo popular em 2011 para apublicação dos termos do contrato. O contra-to era tão impopular que nas eleições locais deSetembro de 2011 a remunicipalização eraparte dos programas dos três dos quatro mai-ores partidos políticos. O contrato terminouquando o Estado de Berlim comprou as açõesdetidas pela RWE em Abril de 2012, e as açõesdetidas pela Veoliaem Setembro de 2013. Esteprocesso que concluiu a remunicipalização cus-tou aos contribuintes 1.3 mil milhões de eurospara recomprar as ações.

Berlim - Alemanha

Tanzânia - Áfricadireito a receber a compensação, porque ovalor do investimento na City Water era nuloao tempo da expropriação.

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28 Água: um direito de todos não pode virar lucro de alguns.

No final dos anos oitenta e durante osanos noventa do século passado,Moçambique privatizou as empresas

públicas e a gestão da água. Em 1999 o go-verno estabeleceu uma parceria público-pri-vado (PPP) com a Águas de Moçambique(AdeM), cujo maior acionista era a Águas dePortugal (AdP), na capital do país, Maputo enas quatro maiores cidades provinciais, Bei-ra, Nampula, Quelimane e Pemba. Após asfortes chuvadas que provocaram as devasta-doras cheias de 2000, a AdeM queria aumen-

tar as tarifas para compensar as perdas. En-quanto o governo estava insatisfeito com onão cumprimento dos objetivos e das obri-gações do parceiro, este afirmava que as pe-sadas perdas justificavam o aumento das ta-rifas.

Os contratos nas quatro cidades provin-ciais terminaram em 2008 e não foram re-novados. Maputo tinha um contrato maislongo, que terminou em 2010, antes do fimdo prazo, quando o governo através daholding pública FIPAG comprou 73% dasações. Moçambique centralizou a gestão daágua, pondo fim de forma efetiva a uma dé-cada de PPP. Em 2005 o governo deMoçambique iniciou uma parceria sem finslucrativos (WOP) com a empresa holandesaVitens Evides International (VEI) em quatrocidades para prover serviços públicos deágua acessíveis e de qualidade à população,focando-se no reforço das capacidades dostrabalhadores locais e na gestão. Enquantose esperava para ver se os serviços de águatêm a capacidade autônoma para manter umbom desempenho no longo prazo, as parce-rias foram ampliadas a mais oito cidades.

Moçambique - África

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29Água: um direito de todos não pode virar lucro de alguns.

A Malásia está num processo derenacionalização da rede de água (Pigeonet al, 2012). Na província de Selangor, que

inclui Kuala Lumpur, a concessão de água é opera-da pela Syabas, detida pela empresa privadamalaia PuncakNiaga. Syabas ganhou 72%dos contratos, no valor de 600 milhões deMYR, sem concurso público. As tarifas prati-cadas pela Syaba são mais do dobro do va-lor cobrado pelo operador público de águano estado de Penang. Em Setembro de 2014o governo federal e o governo estadual assi-naram um acordo para f inalizar areestruturação do abastecimento de água deSelangor.

Em Maio de 1993, um consórcio liderado pelaSuez-Lyonnaisedes Eaux iniciou uma concessão de água e saneamento de 30 anos na ci-

dade de Buenos Aires, Argentina. Estavam apenasdecorridos oito meses quando a empresa Aguas Ar-gentinas requereu uma “revisão extraordinária” dastarifas, devido a perdas operacionais imprevistas.Apesar da subida das tarifas aprovada em Junho de1994, o contrato de concessão foi renegociado em1997 e substancialmente alterado, pouco restandodo conteúdo inicial. Não só foram introduzidas no-vas taxas e as tarifas ajustadas, como o concessio-nário se beneficiou de oito meses adicionais paraimplementar os investimentos projetados e váriosinvestimentos acordados inicialmente ou foramcancelados ou adiados.

De Maio de 1993 a Dezembro de 1998, as AguasArgentinas não realizaram 57.9% dos investimen-tos previstos inicialmente num total de 746.39 mi-lhões de dólares (Lobina, 2005). Em 2002 o gover-no entrou num processo de negociação do contra-to que durou anos. Finalmente, após violentos con-

Malásia - Ásia

Buenos Aires - Argentinafrontos, o governo cancelou o contrato de conces-são e criou a empresa pública Aysa para assumirimediatamente a responsabilidade dos serviços deabastecimento de água e saneamento (Azpiazu eCastro, 2012).

A Suez lançou um pedido de indenização no Cen-tro Internacional de Resolução de Conflitos relati-vos a Investimentos (ICSID). A Suez foi processadanos tribunais argentinos por cidadãos individuais, or-ganizações da sociedade civil e autoridades locaispela má qualidade do serviço prestado.

A nova empresa pública Aysa, sob um modelode propriedade pública participativo (o estado de-tém 90% e o sindicato dos trabalhadores da em-presa 10%) trouxe mudanças positivas. Investe naforça de trabalho: as horas de formação aos traba-lhadores aumentaram significativamente, de 21 mile 784 horas em 2006 para 60 mil horas em 2009.

A evidência também sugere que a Aysa foi dili-gente em desenvolver melhores condições de tra-balho em termos de saúde e higiene. O alargamen-to do acesso é uma prioridade máxima. Desde 2009o governo federal injetou milhões eminfraestruturas para o acesso universal sob o Planopara os Bairros Pobres. Também foi desenvolvidauma estratégia criativa: foram criadas cooperati-vas de trabalhadores para envolver os residentesno aumento do acesso à água nos bairros maisdesfavorecidos, conectando mais de 700 mil pes-soas .

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30 Água: um direito de todos não pode virar lucro de alguns.

A privatização das empresas de saneamentono Brasil foi uma das iniciativas do governo ilegítimo de Michel Temer no processo de negociação das dívidas dos Estados, na verdade, a proposta é que se privatize

tudo que for possível, na prática é a retomada da politicade desestatização desenvolvida por Fernando HenriqueCardoso nos anos 1990, no auge do neoliberalismo. Foinesse governo que as empresas do setor elétrico, entreoutras, foram entregues ao setor privado causando gran-de prejuízo à população e aos trabalhadores (as)Urbanitários (as).

Barrar o ataquedo governogolpista àsempresas desaneamento

Para levar a cabo seu projeto o governo golpista edi-tou em 08 de Setembro de 2016 a Medida Provisória 727que criou o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI)e que depois se tornou a Lei 13.334/2016.

Chama a atenção o fato de que, para apoiar o pro-cesso de privatização, o governo designou o Banco Na-cional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES),justamente um banco que deveria estar a serviço deapoiar o desenvolvimento econômico e social,disponibilizar sua estrutura para fortalecer o papel doEstado enquanto indutor das politicas públicas econsequentemente a melhoria da qualidade de vida daspessoas. Destaque-se, que nesse caso, são recursospúblicos a serviço do capital privado. A função do BNDESnesse processo é financiar estudos de modelagem paraa privatização das empresas.

Dos Estados que aderiram ao PPI somente o estadoda Paraíba desistiu, em já são dez os pregões realiza-dos. Chama a atenção o deságio promovido pelos con-sórcios ganhadores que variam de no mínimo 48,03%,caso do DESO de Sergipe a 83,39%, caso da COMPESAde Pernambuco (ver tabela). Nesse caso, os consórciosganhadores, não entregarão o que prometeram, ou se-rão financiados por “parceiros” que lá na frente pode-rão ganhar a licitação de compra das empresas, o famo-so jogo de cartas marcadas.

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31Água: um direito de todos não pode virar lucro de alguns.

Soma-se a essa investida do governo a intenção demodificar a legislação do saneamento, Lei 11.445/2007e Lei 11.107 /2005, lei de saneamento e de consórciospúblicos, respectivamente, que estabeleceram mecanis-mos que dificultam a implementação de sua proposta,dentre ela destaca-se o contrato de programa que ga-rante a titularidade dos serviços aos municípios, a ne-cessidade de plano de saneamento e de instrumentosde regulação dos serviços. Além disso, o governo golpistavem desmontando os instrumentos de controle social,com destaque para o Conselho Nacional das Cidades eos Comitês Técnicos e Saneamento, Habitação e Mobili-dade Urbana.

Mas a vida do governo golpista não esta sendo e nemserá fácil, os trabalhadores (as) Urbanitários (as) atra-vés de seus sindicatos, da FNU/CNU tem resistido fir-memente as tentativas de privatização, com apoio prin-cipalmente dos movimentos sociais e populares. Provadisso são as dezenas de audiências públicas, passea-

tas, gritos da água, etc.A população e os trabalhadores (as) sabem que o

saneamento avançou muito no Brasil nos últimos anose que há muito por fazer, e sabem que isso só será pos-sível com um Estado forte, com efetivo controle socialsobre as empresas e à prestação dos serviços, e quenão existirá universalização do acessocaso as empre-sas sejam entregues ao setor privado que tem como umdos principais objetivos a geração de lucro para enviaraos seus países de origem como já faz o setor elétrico epara pagar polpudos dividendos a seus acionistas. Numcenário destes que mais sofrerá é a população pobreque vive nas periferias das nossas cidades.

Por isso reafirmamos nosso compromisso com a lutacontra qualquer forma de privatização do saneamento epela universalização do acesso aos serviços.

Edson Aparecido da Silva

Assessor de saneamento da FNU

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32 Água: um direito de todos não pode virar lucro de alguns.

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