agropecuária e agroindústria

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Agropecuária e Agroindústria Paulo Faveret Filho Sandra Helena G. de Siqueira Sérgio Roberto Lima de Paula* Resumo O artigo analisa o desempenho da balança comercial agroindustrial entre 1990 e 1996. Apesar do crescimento acelerado das importações, especialmente após a implantação do Mercosul, o saldo comercial do setor permaneceu francamente positivo. As exportações cresceram continuamente no período. Assim, a agroindústria contribuiu para minimizar o déficit comercial brasileiro. Exportações e, especialmente, importações apresentam forte concentração em termos de produtos. As importações são mais concentradas do que as exportações, tomando-se em conta o critério geográfico. Depois de crescerem aceleradamente, as importações parecem ter encontrado um patamar de estabilização, a julgar pelo fraco desempenho de 1996 e primeiro semestre de 1997. Por isso, pode-se dizer que os efeitos mais violentos da abertura sobre a estrutura produtiva interna já ocorreram. Daqui em diante, inclusive, abrem-se novas oportunidades para o crescimento da produção local. A melhoria do saldo comercial agroindustrial depende, entre outros fatores, de uma ação mais agressiva do governo, em parceria com o setor privado, especialmente no caso da abertura de mercados pouco explorados para produtos em que o país tem pouca tradição exportadora. Barreiras de toda ordem ao comércio internacional continuam reduzindo os resultados do Brasil e merecem atenção prioritária. ____________ *Respectivamente, gerente, técnica e assistente técnico da Gerência de estudos de Agroindústria do BNDES. Os autores agradecem a colaboração da estagiária de economia Silvia Barros de Melo.

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Page 1: Agropecuária e Agroindústria

Agropecuária e Agroindústria Paulo Faveret Filho Sandra Helena G. de Siqueira Sérgio Roberto Lima de Paula* Resumo O artigo analisa o desempenho da balança comercial agroindustrial entre 1990 e 1996. Apesar do crescimento acelerado das importações, especialmente após a implantação do Mercosul, o saldo comercial do setor permaneceu francamente positivo. As exportações cresceram continuamente no período. Assim, a agroindústria contribuiu para minimizar o déficit comercial brasileiro. Exportações e, especialmente, importações apresentam forte concentração em termos de produtos. As importações são mais concentradas do que as exportações, tomando-se em conta o critério geográfico. Depois de crescerem aceleradamente, as importações parecem ter encontrado um patamar de estabilização, a julgar pelo fraco desempenho de 1996 e primeiro semestre de 1997. Por isso, pode-se dizer que os efeitos mais violentos da abertura sobre a estrutura produtiva interna já ocorreram. Daqui em diante, inclusive, abrem-se novas oportunidades para o crescimento da produção local. A melhoria do saldo comercial agroindustrial depende, entre outros fatores, de uma ação mais agressiva do governo, em parceria com o setor privado, especialmente no caso da abertura de mercados pouco explorados para produtos em que o país tem pouca tradição exportadora. Barreiras de toda ordem ao comércio internacional continuam reduzindo os resultados do Brasil e merecem atenção prioritária. ____________ *Respectivamente, gerente, técnica e assistente técnico da Gerência de estudos de Agroindústria do BNDES. Os autores agradecem a colaboração da estagiária de economia Silvia Barros de Melo.

Page 2: Agropecuária e Agroindústria

Introdução

O trabalho é uma primeira aproximação ao tema do comércio exterior agroindustrial. Além desta introdução, compreende quatro seções.

A segunda seção apresenta um panorama da balança comercial agroindustrial, suas principais características e tendências no período 1990/96 (ou do primeiro semestre de 1997, em função da disponibilidade dos dados). Em seguida, realiza-se uma breve análise dos principais produtos exportados e importados. Foram utilizados dados fornecidos pela Secex e por outras fontes, como Banco Central, IBGE e associações de classe. A diversidade de fontes e os diferentes critérios de agregação das informações podem dar origem a variações nos resultados e, até mesmo, a certas incoerências internas ao trabalho. A continuidade do esforço de pesquisa sobre comércio exterior permitirá o aprimoramento das análises aqui apresentadas.

A seguir é feito um breve apanhado dos fatores que mais afetam o desempenho externo do agribusiness brasileiro, com destaque para os aspectos sistêmicos, como as deficiências de infra-estrutura, a concorrência desleal de países protecionistas, os efeitos da política macroeconômica, entre outros.

Em decorrência do diagnóstico derivado das duas seções anteriores, a conclusão aponta algumas ações para a promoção do comércio exterior de produtos agropecuários e agroindustriais. Comparando-se a agenda sugerida e as instituições hoje em operação, é fácil concluir que há um longo caminho a trilhar na abertura e consolidação de mercados internacionais para produtos brasileiros. Isso é especialmente verdade para produtos com grande potencial exportador, hoje subexplorado, como as frutas frescas.

Visão Panorâmica da Balança Comercial Agropecuária e Agroindustrial

A balança comercial agroindustrial1 brasileira é superavitária. De 1990 a 1996, o superávit girou, em média, em torno de US$ 7 bilhões2, crescendo de US$ 5,8 bilhões em 1990 para US$ 8,4 bilhões em 1996. No acumulado do período, as exportações cresceram 57% (apresentando queda apenas em 1991), enquanto as importações subiram 198%, com queda em 1992 (Gráfico 1).

Os produtos de origem agropecuária (incluindo alimentos e bebidas) responderam, em média, por cerca de 27% das exportações totais e 11% das importações totais. Enquanto o saldo agroindustrial manteve-se positivo, apesar do crescimento acelerado das importações, o saldo comercial brasileiro caiu drasticamente entre 1990 e 1996, tornando-se negativo a partir de 1992.

No primeiro semestre de 1997, o saldo da balança comercial agropecuária foi de US$ 5 bilhões, representando um crescimento de 39% sobre o mesmo período do ano anterior. Estes produtos responderam por 33 % das exportações totais e 10% das importações.

1 O conceito aqui utilizado não inclui fertilizantes (química), máquinas agrícolas (bens de capital) e algodão (têxtil). A análise concentra-se nos Capítulos 1 a 24 da Tarifa Externa Comum, que vai de animais vivos a bebidas, passando por alimentos industrializados. 2 Se forem incluídos adubos e fertilizantes, máquinas agrícolas e algodão, este resultado diminui sensivelmente, pois fertilizantes e algodão estão entre os itens de maior peso na pauta brasileira de importações. Em 1996, as importações de fertilizantes alcançaram US$ 1.033 milhões, as de máquinas agrícolas, US$ 99 milhões, e as de algodão (incluindo fios), US$ 858 milhões.

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Gráfico 1

Balança Com ercial Agroindustrial – 1990/96

-10.000

-5.000

0

5.000

10.000

15.000

90 91 92 93 94 95 96

US

$

M il

es

Exportações Im portaçoes Saldo.Fonte: Secex.

Quase todos os principais produtos exportados tiveram crescimento no período 1990/96. Exceção pode ser feita às carnes, cujas exportações mantiveram-se estáveis, devido à mudança na composição do comércio, quando as exportações de carne bovina foram gradualmente substituídas pelas de frango. As exportações de suco de laranja cresceram 63% entre 1993 e 1996, desempenho suficiente apenas para recuperar a perda do período 1990/93, apresentando estabilidade ponta-a-ponta.

No primeiro semestre de 1997 foi expressivo o crescimento das exportações de soja em grão e café em grão, respectivamente, 130% e 140% sobre o mesmo período do ano anterior, como também a diminuição das exportações de suco de laranja, que renderam 33% a menos que no primeiro semestre de 1996 (Gráfico 2).

1

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Exportações Agroindustriais dos Principais Com plexos – 1990/96

0

1.000

2.000

3.000

4.000

5.000

6.000

Soja Café Açúcar Suco

de

Laranja

Carne Fumo

U

S$

Mi

lh

õe

s

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996

Fonte: Secex.

A pauta de exportações é bastante concentrada em termos de produtos, seis dos quais (soja, café, açúcar, suco de laranja, carnes e fumo) respondem sistematicamente por mais de 75% do valor das exportações brasileiras em 1996, que totalizaram 84% (Gráfico 3).

Gráfico 3

Distribuição das Exportações Agroindustriais – 19961996

Soja

34%

Café

12%Açúcar

10%

Suco de Laranja

9%

Carne

9%

Fum o

10%

Outros

16%

Fonte: Secex

Quanto ao destino das exportações, nota-se alto grau de concentração, uma vez que parcela importante vai para sete países da União Européia (41%), vindo em seguida Estados Unidos (10%), Japão (6%), China (5%), Rússia (3%) e Argentina (3%). Os 32% restantes distribuem-se entre os outros 174 países (Gráfico 4). A liderança dos Países Baixos deve-se à posição de grande entreposto europeu, de onde as mercadorias são distribuídas por toda a Europa.

2 Gráfico 4

Page 5: Agropecuária e Agroindústria

Exportações Agroindustriaispor País de Destino –1996

Japão6%

Itália4%

França2%

Estados10%

Espanha4%

China5%

Bélgica5%

Alemanha5% Argentina

3%

Outros (174Países)

32%

Reino Unido3%

Rússia3%

Países Baixos18%Fonte: Secex.

As importações agroindustriais estão concentradas no grupo dos grãos – trigo, arroz, milho, soja e cevada –, que é o complexo de produtos que vem apresentando maior crescimento. Em 1996, representaram 44% das importações agroindustriais, principalmente por causa do trigo, que respondeu sozinho por cerca de 20% do total. Registre-se que predominam os produtos não-elaborados, sugerindo que as deficiências brasileiras não se encontram no segmento de processamento, mas, sobretudo, na produção primária. Além dos cereais, têm destaque álcool, frutas, leite em pó, peixes e carne bovina (Gráfico 5).

3

Page 6: Agropecuária e Agroindústria

Gráfico 6

Frutas, leite em pó e peixe apresentaram crescimento das importações devido à expansão do mercado interno e queda dos preços. As importações de álcool são resultado do direcionamento da cana para produção de açúcar com vistas à exportação e do aumento do consumo de combustíveis (Gráfico 6).

Distribuição das Im portações Agroindustriais – 1996

Grãos

44%

Peixe

7%

Frutas

6%

Álcool

5%

Leite em Pó

5%

Carne Bovina

2%

Outros

31%

F t S

Fonte: Secex.

Gráfico 5

Im portações Agroindustriais dos Principais Com plexos – 1990/96

0

500

1.000

1.500

2.000

2.500

3.000

Grãos Álcool Frutas Leite em pó Peixe Carne Bovina

US

$

M il

es

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996

F t SFonte: Secex.

4

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Mais de 51% das nossas importações são originárias do Mercosul, especialmente Argentina. A seguir, vêm os Estados Unidos e o Canadá (10% e 5%, respectivamente). Trata-se de uma estrutura mais concentrada do que a das exportações, pois cinco países respondem por 2/3 das importações totais (Gráfico 7).

Gráfico 7

Distribuição das Im portações Agroindustriais

por País de Origem - 1996

Outros (125

Países

20%

Alem anha 2%

Itália 2%Noruega 3%

África do Sul 3%

Chile 4%

Paraguai 5%

Canadá 5% Uruguai 9%

Estados Unidos

10%

Argentina

37%

Fonte : Secex.

Análise dos Principais Produtos

Produtos de Exportação

Soja O Brasil está entre os três maiores produtores e exportadores mundiais do complexo soja (em 1995 respondeu por 18% da produção mundial) com um dos mais altos índices de produtividade. Da produção de soja em grão, 16% destinam-se à exportação. Nos casos de óleo e farelo, 36% e 73%, respectivamente (Gráfico 8).

5

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Gráfico 8

Saldo Com ercial do Com plexo Soja – 1990/96

-

500

1.000

1.500

2.000

2.500

3.000

3.500

4.000

4.500

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996

Anos

US

$

M il

es

Grão

Farelo

Óleo

Total

Fonte: Secex.

Setenta por cento da soja transformam-se em farelo para ração. A expectativa de crescimento da produção de rações é de 2% a.a., podendo ser maior na Ásia, América Latina e Leste Europeu, em virtude do aumento da produção de frangos. Note-se que a soja também é exportada indiretamente, através do complexo carnes, sobretudo frango e suíno.

Uma das questões que mais influenciam na eficiência do complexo é a infra-estrutura de transportes deficiente, sobretudo na região Centro-Oeste. O alto custo do frete rodoviário até Paranaguá reduz sensivelmente a renda disponível dos agricultores do Mato Grosso, apesar de sua alta produtividade. Uma comparação entre os preços recebidos por produtores norte-americanos e brasileiros do Centro-Oeste, distantes 1.400 km do porto, demonstra que os brasileiros percebem uma renda 25% menor, mesmo com a desoneração do ICMS, em virtude exclusivamente dos custos portuários e de frete. Já para os produtores de Cascavel (PR) e Balsas (MA), distantes 600 km e 1.000 km do porto, respectivamente, esta redução é da ordem de 4% a 5%. Em ambos os casos pesa significativamente a redução do custo do frete: em Cascavel, por causa da menor distância do porto; no caso de Balsas, porque 60% do percurso é feito pela ferrovia da Vale do Rio Doce.

Em 1995, o complexo soja teve queda no valor das suas exportações devido ao maior direcionamento de grãos para a produção de farelo para a produção de ração no mercado interno, fruto do aumento da demanda por carnes. Com isso, houve um excesso de produção de óleo e, conseqüentemente, aumento das exportações desse produto. Em 1996, as exportações ainda caíram em quantidade, porém, devido aos preços mais altos, o valor total das exportações do complexo aumentou.

No primeiro semestre de 1997, a soja foi o principal produto da pauta brasileira gerando, somente de grãos e farelo, US$ 2.889 milhões – 44% de toda a exportação agroindustrial e 13% da exportação geral. Segundo a Secex, o crescimento de 130% da receita com a soja em grão deveu-se a um aumento de 116% dos embarques e elevação de 7% dos preços médios em comparação com o mesmo período de 1996. Já o farelo de soja cresceu 5% em valores totais, resultantes de elevação de 16% nos preços, embora tenha havido um recuo de 10% nas quantidades embarcadas.

Além de preços internacionais em níveis elevados, a desoneração do ICMS sobre a exportação de produtos não-elaborados concorreu para o aumento das exportações de grãos.

Apesar disto, nos dois últimos anos as importações de grão e óleo cresceram significativamente, basicamente por questões de custo de oportunidade para as empresas esmagadoras, que realizam 6

Page 9: Agropecuária e Agroindústria

operações de drawback (compra de grão – venda de óleo ou farelo).

Café A exportação de café cresceu 187% no período 1990/96 passando de US$ 1.142 milhões em 1990 para US$ 2.135 milhões em 1996. Neste mesmo período, as exportações de café solúvel cresceram 256%, aumentando sua participação de 13% em 1990 para 18% das exportações de café em 1996.

A cultura do café no Brasil possui pontos de competitividade importantes, como custo de produção, que é referência mundial, infra-estrutura disponível melhor que a dos países concorrentes euma cadeia produtiva que quase não possui intermediários (Gráfico 9).

Gráfico 9Evolução das Exportações de Café – 1990/96

-

500

1.000

1.500

2.000

2.500

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996Anos

US$Milhões

Café Solúvel

Café Moído e em Grãos

Fonte: Secex.

A cultura brasileira do café é tipicamente de exportação (77% da produção de 1996 foram exportados). Ainda assim, a cultura passa por um período de decadência nas regiões tradicionais, com poucos avanços técnicos. Os cafezais, na sua maioria, são de idade avançada e baixa produtividade e grande parte das torrefadoras ainda opera com equipamentos antigos, defasados tecnologicamente. Em toda a cadeia são necessários maiores investimentos: na racionalização dos cafezais, no controle fitossanitário eficiente, na adubação e calagem apropriadas.

A recuperação da produção deve começar pela melhoria de produtividade e qualidade. E isto já vem acontecendo no cerrado mineiro, processo que está sendo incentivado por empresas torrefadoras e exportadores através de valorização e estímulo da produção de um café de qualidade.

A diminuição dos custos de produção permitiria obter maior competitividade, num horizonte de longo prazo que indica preços baixos e oferta abundante, muito embora os preços atuais tenham alcançado patamares bastante altos, em virtude da concomitância de dois fatores: previsão de queda de safra no Brasil e Colômbia e baixos estoques internacionais.

Em virtude do último fator e do aumento da demanda externa, o café foi um dos pontos altos da pauta de exportação do primeiro semestre de 1997, respondendo por 21% das exportações agroindustriais e 6% das exportações totais, com um aumento de 140% sobre o mesmo período do ano anterior.

Açúcar A produção brasileira de cana-de-açúcar, além do baixo custo e da alta produtividade, tem a vantagem

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de poder direcionar a matéria-prima tanto para o açúcar quanto para a produção de álcool, dependendo do preço alcançado por um ou outro produto nos mercados interno ou externo (Gráfico 10).

Balança Com ercial do Com plexo Açúcar e Álcool –

1990/96

0

200

400

600

800

1.000

1.200

1.400

1.600

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996

Anos

US

$

M il

es

Açúcar Álcool SaldoFonte: Secex.

(600)

(400)

(200)

Do lado da indústria, encontra-se um quadro de muitas empresas descapitalizadas com endividamento crescente, o que reduz suas chances de incorporar as últimas inovações tecnológicas do processo de produção.

Mesmo assim, a indústria brasileira de açúcar, especialmente a paulista, é a mais competitiva do mundo e, embora a maior parte da sua produção seja para o mercado interno, ainda com potencial de crescimento elevado, o Brasil tem espaço para conquistar novos mercados.

Um dos maiores desafios do setor é o excesso de restrições ao comércio internacional de açúcar. A União Européia e os Estados Unidos impõem quotas ao açúcar de cana como forma de proteger os produtores locais, que utilizam beterraba e milho como matéria-prima, e para beneficiar/incentivar suas antigas colônias. Nos Estados Unidos, a quota brasileira é de cerca de 10% das importações.

Apesar das restrições, as exportações brasileiras de açúcar vêm crescendo de 1990, 1,5 milhão de t, até 1996, quando foram exportados 5 milhões de t, que representaram 36% da produção nacional de açúcar. No primeiro semestre de 1997 foram exportados 1,7 milhão de t, representando US$ 481 milhões, valor 1,8% superior ao mesmo período de 1996.

Suco de Laranja O Brasil detém 50% da produção mundial e 80% das exportações de suco de laranja concentrado e congelado. A produção está voltada quase inteiramente para o mercado externo – 98%, em 1996.

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Os custos de produção brasileiros situam-se abaixo dos custos dos outros exportadores, o que, aliado à qualidade do produto e à pouca influência das variações climáticas no desempenho da colheita, coloca o setor em posição privilegiada no comércio mundial.

Apesar da qualidade e do baixo custo, é baixa a produtividade dos pomares diante do principal concorrente – 2,25 caixas/árvore contra 4,5 caixas/árvore nos Estados Unidos.

A indústria de esmagamento é moderna, atualizada tecnologicamente e com baixo risco no fornecimento de matéria-prima.

As exportações sofrem barreiras tarifárias (Estados Unidos-Japão-Coréia) e os preços internacionais são fortemente influenciados por fatores climáticos (geadas na Flórida). Nos Estados Unidos, o suco brasileiro paga tarifa de US$ 454/t, o que diminui sua competitividade.

Nos últimos anos, houve recuperação da produção na Flórida e o mercado norte-americano diminuiu para o Brasil. Tal fato, aliado à diminuição do ritmo de crescimento do consumo na União Européia e à estagnação dos mercados japonês e coreano, explica a manutenção do patamar das exportações de suco em torno de 1 milhão de t, há sete anos. Variações do valor total devem-se, quase exclusivamente, aos preços.

Adicionalmente, havendo excesso na produção da Flórida, as exportações norte-americanas podem influir também no comércio brasileiro com a União Européia.

Em 1997, primeiro semestre, foram exportados somente US$ 430 milhões, valor 33% inferior ao registrado de janeiro a junho de 1996, quando foram exportados US$ 642 milhões.

Fumo A exportação de fumo e derivados tem crescido continuamente desde 1980, tanto em quantidade quanto em valor.

No período 1990/96, o crescimento das exportações de fumo foi de 50% em quantidade e de 81% em valor, resultante de aumento de 21% nos preços. Já as exportações de cigarro cresceram no mesmo período 543% em quantidade e 796% em valor (Gráfico 11).

O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de fumo, suplantado somente pela China e Estados Unidos, o sétimo maior exportador de cigarros e o maior exportador de fumo.

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Gráfico 11Evolução das Exportações do Fumo – 1990/96

0

200

400

600

800

1.000

1.200

1.400

1.600

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996

Anos

US$Milhões

Cigarro

Fumo

Total

Fonte : Secex.

A cultura é voltada para a exportação, destino de 60% da produção, e organizada a partir de pequenos produtores (209 mil, segundo a Abifumo), localizados na sua maioria (90%) na região Sul. Bahia e Alagoas abrigam os 10% restantes.

A cadeia produtiva baseia-se na integração, um sistema que funciona no setor desde 1920, onde as fumageiras e indústrias de cigarros, através de contratos firmes, fornecem insumos e assistência técnica agronômica aos produtores e, desta forma, mantêm controle sobre a quantidade produzida, alterando-a de acordo com suas necessidades.

As condições climáticas brasileiras, que dispensam o uso da irrigação, juntamente com a baixa remuneração da mão-de-obra do campo tornam os custos brasileiros cerca de 20% a 30% menores que nos Estados Unidos [Giordano (1995)].

A indústria de cigarros sofre constante pressão tributária, no mundo todo, com taxações que vão de 20% nos Estados Unidos a 83% na Dinamarca. Adicionalmente, as campanhas antitabagistas pressionam os governos para aumentarem a tributação visando à queda de consumo. A despeito das fortes campanhas, a produção de cigarros tem se mantido estável nos últimos seis anos.

Carne Bovina A produção e a industrialização de carne bovina no Brasil têm sua eficiência comprometida ao longo de toda a cadeia.

O rebanho brasileiro ainda é, basicamente, de aproveitamento tardio, chegando ao ponto de abate em média a partir dos 40 meses, enquanto na Argentina esse tempo é de 18 meses. Isto resulta numa diminuição da qualidade da carne e da rentabilidade do produtor, reduzindo, portanto, nossa competitividade.

Somado a isto, a cadeia produtiva tem sua eficiência também comprometida pela pouca articulação produção-indústria, com excesso de intermediários.

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Os problemas sanitários são o principal fator inibidor das exportações, especialmente em virtude da incidência de febre aftosa. Por exemplo, o mercado norte-americano está fechado para as exportações de carne in natura, aceitando apenas as carnes industrializadas.

O abate clandestino, ou seja, não sujeito à inspeção sanitária e que não paga impostos, é estimado em torno de 50% dos abates realizados no Brasil. Quase todas as análises sugerem que a clandestinidade tem origem na taxação de ICMS, que é alta ante as margens de lucro dos abatedouros. O abate clandestino dificulta os controles sanitário e da qualidade da carne que é oferecida ao consumidor. Maiores exigências quanto à venda de carne desossada e com discriminação de origem deverão levar à gradativa “oficialização” do abate, diminuindo a atividade clandestina ou informal.

O consumo mundial de carne bovina tem sofrido queda constante devido a dois fatores: em primeiro lugar, a competição com a carne de frango e, em segundo, os efeitos do “mal da Vaca Louca”, levando, na Europa, a uma diminuição do consumo que chegou a 50%, no primeiro momento, estabilizando-se posteriormente em, aproximadamente, 85% do consumo anterior, com fortes efeitos sobre os preços.

A exportação brasileira concentra-se em produtos industrializados e cortes especiais, que somaram 218 mil t, das 230 mil t exportadas em 1996. A exportação de carne bovina representa em média 6% da produção nacional porém, em 1996, foram exportados somente 3% da produção.

No Brasil, com a estabilização da economia, foram retirados os ganhos especulativos, tanto do produtor como do restante da cadeia, o que torna a modernização um fator de sobrevivência. Governo, pecuaristas, frigoríficos e varejistas têm tomado várias medidas modernizantes, visando a aumento de produtividade, garantia de qualidade e melhoria da distribuição e comercialização. Entretanto, muitos esforços continuam descoordenados, o que compromete sua efetividade.

Apesar desses problemas, o país ainda tem grandes espaços físicos disponíveis para criação, a custos baixos, não necessitando investir em confinamento integral, o que aumentaria consideravelmente o custo.

Curiosamente, o atraso tecnológico é um ponto favorável: o baixo nível médio de utilização de tecnologia na produção permite que a introdução de novas técnicas na criação traga resultados significativos e rápidos. Há muita margem para melhorar a eficiência da cadeia.

Do ponto de vista negocial, a principal tarefa parece ser o aumento da quota Hilton (cortes nobres para o mercado europeu). Hoje o Brasil tem uma quota de 5 mil t, contra 28 mil da Argentina e 6 mil do Uruguai. O aumento da quota teria efeitos positivos sobre a cadeia, pois ela oferece remuneração bem maior do que as exportações convencionais (Gráfico 12).

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Evolução do Saldo Com ercial do Com plexo de Carnes –

1990/96

-

200

400

600

800

1.000

1.200

1.400

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996Anos

US

$

M il

Boi

Frango

Suíno

Total

Fonte: Secex.

Carne de Aves Em 1996, as exportações chegaram a cerca de 570 mil t (14% da produção nacional). Com isso, o Brasil passou a segundo maior exportador, lugar antes ocupado pela França. Esta posição, no entanto, pode ser ameaçada pelo crescimento da exportação chinesa, que vem aumentando a sua inserção no mercado asiático.

Vale observar, no entanto, que a avicultura não é um setor voltado prioritariamente para a exportação, haja vista a grande e crescente demanda interna. Em média, as exportações representaram 12% da produção total (em quantidade) no período 1990/96.

As exportações encontram barreiras tarifárias na União Européia, além da competição em preços com os Estados Unidos, que, por ter um consumo interno muito maior de carne de peito, podem exportar outras partes do frango a preços artificialmente mais baixos, prática que afeta todo o comércio mundial nesse setor.

O Brasil está aumentando suas exportações para os mercados iraniano e russo, assim como para todo o Oriente Médio, substituindo a França que reduziu suas vendas para estes países em função do crescimento da demanda na União Européia por substituição da carne bovina.

As empresas brasileiras, na tentativa de melhorar a rentabilidade, incrementaram a venda de frango em partes. Em 1996, o valor das exportações de frangos em partes ultrapassou o valor da venda do produto inteiro – US$ 511 milhões em partes e US$ 368 milhões em frangos inteiros.

Embora este setor tenha sofrido, em 1996, com a alta recorde dos preços dos grãos utilizados nas rações, especialmente o milho, a situação em 1997 tem se mostrado bem mais favorável. O preço do milho já vem apresentando queda mais rápida do que o previsto, aliviando os custos de produção, que são os mais baixos do mundo. Em função disto e das crescentes oportunidades de exportação, espera-se, para 1997, um crescimento da produção em torno de 8%. A exportação, no primeiro semestre de 1997, já apresenta um crescimento de 22%.

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Carne de Suíno Em 1996, as exportações alcançaram o volume de 59 mil t (29 mil t em 1995), devido à retomada dos negócios com a Argentina e a colocação do produto na União Européia e Ásia, e estima-se que este ano cresçam ainda mais após o anúncio do recebimento do certificado de zonas livres de aftosa dos Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Com o avanço da tecnologia e os ganhos de produtividade, a criação de suínos tem condições de chegar ao ano 2000 com custos de produção 30% inferiores aos atuais.

A tendência do setor é de redução do número de granjas e aumento do número médio de matrizes e reprodutores alojados. Outra tendência é a tipificação de carcaça em função da espessura de gordura.

Derrubadas as barreiras sanitárias internacionais, a carne de suíno pode apresentar taxas expressivas de crescimento das exportações nos próximos anos. Duas razões sustentam tais expectativas: o Brasil está entre os produtores de mais baixo custo de produção e a carne de suíno é a mais consumida no mundo.

Produtos Importados

Grãos A importação de grão vem crescendo, nos últimos seis anos, a uma taxa de 28% a. a., crescimento este fortemente influenciado pela importação de trigo. Destaca-se, também, um crescimento de 129% na importação de malte destinado às cervejarias (Gráfico 13).

Gráfico 13

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Evolução das Importações de Grãos

0

500

1.000

1.500

2.000

2.500

3.000

90 91 92 93 94 95 96

Anos

US$

Milh

ões

Soja Trigo Arroz�����������

Milho������������

Malte TotalFonte: Secex

Trigo O trigo é o principal item da pauta de importações agroindustriais. Apresentou tendência de crescimento acentuado no período 1990/96, alcançando US$ 1.350 milhões, em 1996, contra US$295 milhões, em 13

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1990. Este nível de importações já representa 76% do consumo nacional de trigo.

A produção brasileira de trigo no final dos anos 80 era sustentada artificialmente por um conjunto de políticas governamentais que fixavam desde o preço ao produtor até o preço do pão francês. Com a desregulamentação drástica em 1990, os diversos segmentos do setor tiveram que aprender a andar sozinhos. Os moinhos passaram a ter uma nova política de compra de matéria-prima que privilegia a importação.

O financiamento do produto importado é uma das principais razões para o contínuo aumento das importações. Ao adquirir trigo importado, os moinhos passaram a dispor de capital de giro muito mais barato do que no Brasil, permitindo a realização de operações de arbitragem.

A produção brasileira responde por cerca de 20% a 30% do consumo, tem baixa produtividade e custos significativamente mais altos que os vizinhos do Mercosul.

O incentivo à pesquisa de novas variedades, resistentes à seca e a doenças, com produtividade acentuadamente maior que a atual, pode levar ao aumento da área e da produção, posto que os produtores poderiam obter custos menores e preços melhores. Isto já vem ocorrendo no Sul do país, onde as novas variedades semiduras já ocupam 30% das áreas tritícolas.

Outra razão para o alto nível das importações é a demanda por trigo grano duro, que o Brasil não produz. De melhor qualidade que o produto local, o grano duro é imprescindível na fabricação de produtos mais nobres, como massas e biscoitos.

Milho O Brasil é o terceiro maior produtor de milho do mundo. Entretanto, tem sido um dos 10 maiores importadores nas três últimas safras. A explicação reside principalmente nos custos de transporte das regiões produtoras (Centro-Oeste) para o Nordeste: como o transporte do milho de Goiás é feito por caminhões, para os consumidores nordestinos é mais barato importar milho da Argentina ou dos Estados Unidos por via marítima do que arcar com o frete rodoviário.

Apesar dos valores expressivos alcançados pela importação de milho, o país não possui um déficit insuperável. O aumento da produção de grãos nos cerrados nordestinos (oeste da Bahia e cerrados do Maranhão e do Piauí) tende a substituir parte da importação. Ao mesmo tempo, a elevação da produtividade média verificada nos últimos anos torna a produção local mais competitiva.

O país pode se tornar um exportador líquido, embora de importância marginal ante os Estados Unidos (responsáveis por 75% das exportações mundiais). Para que isto ocorra seria necessária uma postura comercialmente mais agressiva das empresas do segmento e, sobretudo, uma elevação da produtividade.

Internacionalmente, o comércio de milho é fortemente condicionado à produção de rações animais, cujo crescimento esperado é de 2% a.a. O milho representa cerca de 60% a 70% da ração.

Arroz 14

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A produtividade média brasileira (2.624 kg/ha) é bem inferior à média dos seis maiores produtores mundiais (4.173 kg/ha). Isto se deve especialmente à importância da cultura do arroz de sequeiro no Brasil, que ocupa cerca de 72% da área cultivada e responde por 45% da produção, enquanto o arroz irrigado, que tem 80% de sua produção no Rio Grande do Sul, tem uma produtividade média de cerca de 5.200 kg/ha.

A produção brasileira de arroz é deficitária. Há necessidade de importar o arroz de melhor qualidade, pois a produção nacional não supre totalmente o mercado interno. Na safra 1996/97, espera-se uma produção de cerca de 9,6 milhões de t, para um consumo de, aproximadamente, 11,6 milhões de t, base casca.

Embora a produtividade média tenha aumentado nos últimos anos, a área plantada tem diminuído, o que significa que os custos de produção estão altos, principalmente se comparados com os custos dos outros países do Mercosul, pois o produtor brasileiro paga mais caro por insumos, máquinas e equipamentos. Além disso, o produto ainda é onerado por custos de transporte e tributação mais elevados. Este conjunto de fatores pode explicar a dificuldade de aumentar a produção total brasileira.

Há espaço no Centro-Oeste para a expansão da cultura de arroz irrigado, com produtividade semelhante à do Rio Grande do Sul, porém, experiências feitas anteriormente na região esbarraram na capacidade empresarial dos agricultores.

O desafio, neste setor, é desenvolver variedades de arroz de sequeiro resistentes aos períodos sem chuva, com qualidade semelhante ao arroz irrigado e que aumentem, significativamente, a produtividade dessa lavoura e, portanto, a oferta do produto no mercado nacional.

Leite e Laticínios O saldo da balança comercial de leite e laticínios é negativo, especialmente, devido às importações de leite em pó.

A produção brasileira de leite in natura é a segunda maior do mundo e sua participação na produção mundial vem crescendo, tendo passado de 3,7% em 1991 para 4,7% em 1996. O consumo per capita, no entanto, é inferior à média mundial.

No leite em pó, a produção nacional é inferior à demanda. Nos últimos três anos, ela vem cobrindo parcelas cada vez menores do consumo. Assim, apesar de ser grande produtor de leite, o Brasil é expressivo importador de leite em pó.

E isto se deve, especialmente, à preferência que as multinacionais dão à matéria-prima importada – leite em pó para reidratação posterior –, subsidiada na origem e com prazos de financiamento atraentes. Some-se a isso a baixa produtividade média dos rebanhos (dois litros/vaca/dia, contra 15 litros na Argentina e oito litros no Uruguai), o que contribui para elevar os custos de produção.

O país é competitivo nas etapas de processamento e de distribuição, áreas onde nossos custos são baixos.

15

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Quanto ao queijo, houve acelerado crescimento das importações nos últimos anos, levando o país a responder por 11,6% do comércio mundial em 1995. As importações declinaram em 1996 pela adoção de restrições governamentais.

O volume de produção de manteiga oscilou entre 60 mil e 70 mil t, permanecendo sempre ligeiramente abaixo do consumo. As importações complementam a produção nacional, tendo crescido significativamente nos últimos três anos.

Outros Produtos

Álcool As importações de álcool cresceram acentuadamente em 1994 e 1995, passando de US$ 126 milhões em 1993 para cerca de US$ 470 milhões em 1995, e caíram para US$ 312 milhões em 1996. Isto não significa uma deficiência estrutural da produção brasileira, mas, tão-somente, uma estratégia das usinas de açúcar e álcool em favor da produção de açúcar, cujos preços internacionais subiram por três anos consecutivos, devido à redução dos estoques.

A médio e longo prazos, o álcool carburante poderá se tornar importante fonte de divisas para o país, à medida que cresçam as limitações ao uso de combustíveis poluidores nos países desenvolvidos. De todos os combustíveis de fonte renovável, o álcool de cana-de-açúcar é o que possui custo mais baixo e tecnologia disponível de fabricação e para uso em larga escala. E São Paulo é a região de custos de produção de açúcar e álcool mais baixos do mundo.

No entanto, a utilização do benzeno no processo produtivo de álcool anidro pode se tornar um impedimento às exportações deste produto no mercado internacional, já que muitos países não aceitam o álcool com traços de benzeno. A introdução de tecnologia mais moderna, já disponível no Brasil, pode viabilizar a produção do anidro sem benzeno e com custos mais competitivos.

Frutas Frescas As exportações brasileiras de frutas frescas, depois de crescerem até 1994, apresentaram queda expressiva em 1995. Os principais fatores foram a valorização do câmbio e o grande crescimento do consumo interno. Simetricamente, cresceram as importações. Em 1996, houve pequena recuperação, principalmente em função da banana, do melão e da manga (Gráfico 14).

Gráfico 14

16

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Exportações de Frutas Frescas: Principais Produtos –

1990/96

0

50.000

100.000

150.000

200.000

250.000

300.000

350.000

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996

Anos

t Uva

Tangerina

M anga

Abacaxi

M açã

M elão

Banana

Laranja

Apesar de ser um setor sempre apontado como de grande potencial exportador, as frutas frescas brasileiras têm enfrentado diversas dificuldades no mercado externo:

a) as variedades e a qualidade das frutas não se adaptam inteiramente às exigências dos importadores. É preciso introduzir e adaptar novas variedades, diversificando a oferta. A sintonização entre empresas privadas, que conhecem o mercado, e instituições de pesquisa assume papel central no esforço de diversificação da oferta;

b) a infra-estrutura é insuficiente, desde packing-houses até aeroportos e portos. Serviços de infra-estrutura requerem financiamento compatível com seu retorno, geralmente baixo, mesmo no caso de packing-houses privados;

c) há várias restrições à entrada das frutas brasileiras nos Estados Unidos, que são um grande mercado consumidor, próximo às regiões produtoras do Nordeste. De origem fitossanitária, estas restrições são um poderoso limitador às exportações brasileiras;

d) a coordenação fina de políticas fiscais, creditícias e educativas tanto no nível federal quanto estadual é fundamental para reduzir as incertezas que cercam a atividade no país hoje;

e) as instituições de controle de qualidade e de sanidade funcionam de forma inadequada, prejudicando o aumento da produção e facilitando importações prejudiciais do ponto de vista sanitário; e

f) as empresas brasileiras são de porte muito pequeno, operando de forma geralmente não associativa, contra concorrentes organizados em grandes tradings privadas (como Chile) ou com forte participação do Estado (como Nova Zelândia).

Na definição de uma política de exportação é preciso levar em consideração que 95% do comércio mundial de frutas frescas são de frutas temperadas (aí incluída a laranja). Das frutas tropicais, apenas a 17

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banana conseguiu inserir-se de forma expressiva nos fluxos internacionais de comércio. Todas as demais frutas, denominadas “exóticas”, disputam a apertada faixa dos 5% restantes e, nessa fatia, o Brasil concorre com outros países tropicais.

Como as frutas mais comercializadas são conhecidas de longa data de comerciantes e consumidores, os requisitos de qualidade são elevadíssimos. Devido aos problemas mencionados, nem sempre o Brasil consegue atender a tais exigências de mercado, apesar de possuir ótimas condições de solo, insolação e disponibilidade de áreas para participar como fornecedor de primeira linha.

Uma alternativa de desenvolvimento do setor seria o direcionamento para a produção de sucos concentrados e polpas congeladas.

Pescados As exportações brasileiras apresentaram crescimento no período 1970/90, mas estabilizaram-se nos anos mais recentes. As importações, por outro lado, continuam apresentando crescimento, tendo ultrapassado a quantidade exportada, levando o Brasil a déficits sucessivos (Gráfico 15).

Esta mudança foi deflagrada pela abertura econômica. Diante de uma oferta limitada em quantidade e qualidade, as indústrias e os comerciantes muitas vezes têm preferido importar peixes a comprá-los do produtor nacional.

Gráfico 15

Balança Comercial de Pescados

0

100

200

90 91 92 93 94 95 96

Anos

US$

Milh

ões

IMPORTAÇÕES EXPORTAÇÕES SALDOFonte: Secex

(500)

(400)

(300)

(200)

(100)

Embora à liberalização comercial possa ser atribuída alguma responsabilidade pela evolução das importações, outros fatores também contribuíram: a presença do filé de merluza como produto mais importado mostra que o consumidor nacional está demandando algo que a indústria local não foi capaz de oferecer: produto de boa qualidade, prático e com preços acessíveis. Do ponto de vista dos supermercados, o filé de merluza apresenta a vantagem adicional de dispor de abastecimento relativamente estável.

As importações brasileiras de pescados são fortemente concentradas em três grupos, que responderam por 68% do total em 1995: filé de merluza, bacalhau seco e qualquer outro peixe seco, cada um com cerca de 22% a 23%. Dentre eles, o primeiro apresentou a maior taxa de crescimento nos últimos anos. 18

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Grande parcela das importações é originária da Argentina – em média, 50% do total. Nossas principais compras desse mercado são de congelados e refrigerados. Em 1996, a Noruega assumiu o primeiro lugar, fornecendo cerca de 40% do total das compras de pescados, ficando a Argentina com cerca de 30%.

Os Estados Unidos e os países da União Européia são os mercados mais importantes para a indústria exportadora de peixes e frutos do mar do Brasil. Nossos principais produtos exportados são: camarões, lagosta, filé de pescada, pargo e piramutaba.

A pauta de exportações brasileiras de pescados é fortemente concentrada em dois grupos de produtos: em 1995, lagostas e camarões congelados responderam, respectivamente, por 41% (US$ 69 milhões) e 25% (US$ 42 milhões) do total das exportações de pescado nacional. Oito das 10 maiores exportadoras estão localizadas nas regiões Norte e Nordeste, onde se concentra a produção da maior parte do pescado exportável.

Depois de crescerem 37% entre 1990 e 1993, as exportações caíram 13%. Esta queda é explicada sobretudo pela diminuição nas vendas de camarão, fruto da safra ruim de 1995.

Principais Fatores que Afetam o Desempenho Externo do Agribusiness Brasileiro

Exportações Pelo lado das exportações, os fatores que mais limitam a competitividade brasileira são:

a) Infra-estrutura – como os principais produtos agroindustriais brasileiros de exportação são commodities, as deficiências de infra-estrutura traduzem-se diretamente em diminuição da renda disponível dos produtores. O caso extremo parece ser o dos sojicultores do Centro-Oeste, de alta produtividade dentro da porteira, mas fortemente prejudicados pelo custo do frete, resultado da distância dos portos, do mau estado das rodovias e da ausência de alternativas hidro e ferroviárias. Estudo da Companhia Vale do Rio Doce (1993) mostra que o frete interno e as despesas portuárias no Brasil (de Rondonópolis/MT a Santos/SP) eram cerca de sete vezes maiores do que nos Estados Unidos (de Peória/Illinois ao Golfo do México), para regiões distantes 1.400 km dos portos de exportação.

b) Política macroeconômica – juros elevados e valorização do câmbio foram dois ingredientes importantes na crise agrícola de 1995. Como o aumento de produtividade é lento na agricultura, os produtores viram suas margens serem comprimidas por tais fatores sistêmicos. A escassez de crédito agrícola, verificada desde o final da década de 80, levou os produtores a utilizarem basicamente recursos próprios ou fontes alternativas (como adiantamento das agroindústrias), limitando o aumento da produção.

c) Protecionismo dos países desenvolvidos – embora os produtos agrícolas tenham sido alvo da Rodada Uruguai, os efeitos das decisões se farão sentir de forma lenta (prazo inicial estende-se até 2000). Até lá, e mesmo depois, o Brasil continuará sendo prejudicado por diversas políticas, como quotas, preços de referência, subsídios3 e barreiras sanitárias. Os resultados do arsenal protecionista são preços altos

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3 Estudo da FAO (1996, p. 7) mostra que os subsídios agrícolas da OCDE representavam 44% do valor da produção em 1990/92.

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para o consumidor final e preços baixos para os exportadores brasileiros. Caso tais políticas não fossem praticadas, o volume e o valor das exportações brasileiras seriam consideravelmente ampliados.4

De forma não exaustiva, podem ser citadas algumas barreiras norte-americanas a produtos brasileiros:

suco de laranja: tarifa aduaneira de US$ 454/t de suco concentrado, aumentando o preço ao consumidor;

açúcar: cota de 280 mil t num mercado que importa 2,7 milhões de t por ano;

álcool: imposto antidumping de US$ 0,54 por galão; e

tabaco: tarifa e quota de 80,2 mil t.

d) Concorrência com mercado interno – nas culturas que não são tipicamente de exportação, o mercado interno com freqüência disputa produtos com as exportações. Desde o início do Plano Real, tal fenômeno tem se repetido em vários segmentos. O aumento da demanda e dos preços internos e a valorização do câmbio alteraram a rentabilidade a favor do mercado local, diminuindo a oferta de alguns produtos exportáveis.

Isto se torna ainda mais forte quando há grandes diferenças quanto às exigências de qualidade do importador e do consumidor local. O caso das frutas frescas é típico, pois o produto exportado requer muito mais cuidados e, portanto, mais gastos do que o produto de consumo local. Assim, mudanças na rentabilidade relativa costumam provocar rápidos remanejamentos da oferta. Como resultado, por vezes joga-se por terra o lento e difícil trabalho de conquista do mercado externo, cuja reabertura não é imediata, em caso de reversão de uma situação como a atual.

e) Insuficiência dos sistemas públicos de pesquisa e extensão rural – desde meados dos anos 80, houve um virtual desmantelamento do sistema federal de extensão rural e o enfraquecimento das instituições oficiais de pesquisa agropecuária. Este movimento não foi compensado pela ampliação dos serviços estaduais, igualmente em crise, nem pela criação de instituições privadas análogas. O resultado é que a agropecuária não tem recebido as externalidades de que tanto necessita. Tal problema é menor nos segmentos em que as empresas agroindustriais são grandes o suficiente para assumir uma parte expressiva dessas atividades, como na avicultura integrada, no suco de laranja e no fumo.

A médio e longo prazos tais deficiências poderão afetar muito a competitividade da agroindústria brasileira, caso não consigamos acompanhar o ritmo de desenvolvimento tecnológico e de inovações.

f) Promoção comercial – naqueles segmentos com liderança de grandes empresas, o papel do governo não é decisivo. Mas, nos produtos cuja oferta é muito desconcentrada e/ou o Brasil não tem tradição exportadora, como frutas, a fraqueza das instituições oficiais de apoio ao comércio exterior é sério fator de limitação às exportações. Os maiores exportadores de frutas são firmas com faturamento inferior a US$ 20 milhões/ano, não dispondo de fôlego financeiro para realizar tarefas de abertura e consolidação de mercados internacionais. Confrontados com canais de comercialização extremamente concentrados e complexos, os exportadores brasileiros têm pouco poder de barganha.

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4 Estimativa publicada na Gazeta Mercantil, em 29.11.96, aponta um prejuízo de quase US$ 1 bilhão por ano.

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Importações A operação de alguns dos fatores anteriormente mencionados, como câmbio valorizado, crescimento do mercado interno e subsídios aos exportadores de países desenvolvidos, explica parte expressiva das importações brasileiras. Entretanto, outros fatores também influenciam o volume e a composição das importações agroindustriais brasileiras:

a) Diferencial de produtividade – em alguns dos produtos de maior importância na pauta de importações, a produtividade média brasileira é significativamente inferior à de nossos fornecedores. O trigo e o leite são produzidos na Argentina com custos mais baixos do que os brasileiros, sobretudo porque nossa produtividade é muito inferior à deles. Em tais casos, há importantes diferenciais de competitividade entre a produção local e a importada, o que se reflete no aumento das importações para abastecimento de um mercado em expansão.

b) Complementaridade – a agropecuária brasileira é forte em produtos tropicais ou “tropicalizados”, mas deficiente em produtos temperados, por questões obviamente climáticas. Portanto, alguns produtos são importados para complementar a cesta de consumo alimentar, sem que isso represente, necessariamente, um deslocamento da produção nacional.

c) Sazonalidade – a ocorrência de variações sazonais na produção brasileira pode levar à importação para suprir o mercado interno e, mesmo, indústrias exportadoras. O crescimento das importações de soja em grão e de carne bovina enquadra-se nesta categoria.

d) Condições de financiamento desvantajosas – o sistema financeiro nacional não oferece aos produtores primários brasileiros condições de financiamento semelhantes às internacionais. Taxas de juros em níveis internacionais e prazos de até 360 dias são fatores que levam as agroindústrias a darem preferência a produtos importados, mesmo quando os preços são semelhantes. As condições de comercialização dos produtos nacionais são muito piores, com juros elevados e prazos curtos, não ultrapassando 60 dias (normalmente à vista). Os moinhos de trigo e a indústria têxtil utilizaram intensamente linhas de financiamento externas para aquisição de matérias-primas no exterior, obtendo financiamento atrativo para seu capital de giro.5

e) Abertura desordenada ao comércio exterior – a rápida exposição ao comércio mundial a que foi submetida a agricultura brasileira no início dos anos 90 não foi acompanhada de instrumentos de compensação, que permitissem atenuar os efeitos sobre os elos mais frágeis da cadeia. Em particular, a produção de trigo foi altamente sacrificada na passagem de um modelo inteiramente estatizado para outro desregulado. Aos produtores não foram oferecidas políticas compensatórias, como financiamento para mudança de cultura, pesquisa de novas variedades e produtos etc. Queda das tarifas, escassez de crédito e ausência de subsídios fragilizaram a produção nacional, que caiu drasticamente.

f) Vigilância sanitária – enquanto nossas exportações são sistematicamente limitadas por normas sanitárias dos países desenvolvidos (freqüentemente encobrindo intenções protecionistas), a vigilância brasileira é pouco aparelhada para exercer suas funções, especialmente nas fronteiras terrestres. A fragilidade de nossa vigilância permite importações de produtos que não seriam sanitariamente

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5 David e Nonnemberg (1997, p. 22) atribuem particular importância ao financiamento como elemento explicativo das importações, bem como de perda de mercado externo pelas exportações

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recomendados, elevando o nível de importações e, principalmente, expondo a produção local a novas doenças e pragas

Conclusão A evolução da balança agroindustrial diverge do desempenho externo do país. Durante todo o período analisado seu saldo permaneceu francamente superavitário, apesar do crescimento rápido das importações entre 1992 e 1995. A balança parece ter encontrado uma trajetória de acomodação, a julgar pelo lento crescimento das importações em 1996 e pelo aumento sensível do saldo no primeiro semestre de 1997.

A principal fragilidade do agribusiness brasileiro está na produção primária de certos produtos, especialmente grãos, responsáveis por quase metade das importações do setor6. Nesse caso, há deficiências estruturais de competitividade que tornam o auto-abastecimento uma meta economicamente inviável.

Note-se que o crescimento das importações está gerando oportunidades de negócios também para produtores locais. Seja porque algumas agroindústrias constataram a importância de dispor de fontes locais de abastecimento, seja porque as importações funcionam como um teste de mercados ainda não explorados, em vários segmentos o país pode estar entrando em uma onda de substituição de importações. Entre as iniciativas recentes que apontam nessa direção estão o fomento da produção local de cevada pelas indústrias de cervejas, a busca de parceria entre cotonicultores e indústrias têxteis e joint ventures entre empresas brasileiras e estrangeiras para a produção local de vegetais congelados.

A análise aqui desenvolvida sugere que os principais problemas que limitam as exportações são de natureza sistêmica. Em algumas áreas há indicadores de mudanças favoráveis à produção nacional. Em especial, a infra-estrutura da economia brasileira está sofrendo um processo de recuperação e ampliação, que em breve deverá apresentar reflexos positivos no desempenho exportador. Por exemplo, a implantação de corredores intermodais de transporte (rodovia/ferrovia/hidrovia), ligando o Centro-Oeste, zona de expansão da produção de grãos, aos portos (Paranaguá, Ponta da Madeira ou Tubarão), favorecerá significativamente os produtores da região, aumentando a competitividade do produto nacional.

Além da infra-estrutura, há pelo menos cinco áreas [Hesse (1994)] onde o país precisa aprimorar seus mecanismos de atuação, de modo a aumentar sua participação no comércio internacional, especialmente em mercados não-commoditizados.

Em primeiro lugar, é necessário desenvolver mercados de informação. Trata-se de facilitar o acesso das pequenas e médias empresas aos mercados internacionais, uma vez que as grandes dispõem de recursos próprios para obter tais informações. Assim, o governo deve organizar e disponibilizar informações sobre aqueles mercados: preços, demanda, concorrentes, produtos substitutos etc.

A promoção da investigação e transferência tecnológica é a segunda área prioritária. Fora de um padrão extensivo, a mudança tecnológica é a principal fonte de crescimento da produção agrícola. O setor privado tende a subinvestir em pesquisa, pois a apropriação dos resultados não é plenamente privada (a “precificação” por vezes é contornada por “caronas”). Tendo forte natureza pública, a atividade de pesquisa deve contar com apoio do governo, seja diretamente através de institutos públicos ou indiretamente pelo estímulo à pesquisa privada.

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6 Importante lembrar que o estudo não contemplou as importações de algodão, incluídas na cadeia têxtil.

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Em terceiro lugar, o financiamento à atividade agropecuária7 enfrenta dois sérios problemas: escassez de garantias8 e assimetria de informações9. Para tanto, é preciso estabelecer políticas que minimizem o racionamento de crédito que afeta o setor. Garantias progressivas, amortizações crescentes, seguro de crédito e fluxo permanente de informações são algumas das medidas que podem contribuir para canalizar mais recursos do sistema financeiro para o financiamento agropecuário.

Adicionalmente, a subaplicação de recursos por parte do sistema financeiro em função da assimetria de informações pode ser minorada através da criação de fóruns integrando instituições financeiras, órgãos governamentais do setor e representantes de classe. Tais fóruns poderiam servir de agentes de disseminação de informações, diminuindo as incertezas dos financiadores.

A quarta área consiste na necessidade de fugir do binômio baixa qualidade/baixo preço, fator crucial para sustentar uma estratégia exportadora de longo prazo. Para evitar que os bons produtores sejam prejudicados pela má qualidade dos produtos “desonestos”, firmas privadas tendem a desenvolver marcas. Mas nem sempre as firmas agropecuárias têm porte para arcar com os gastos de propaganda e comercialização. Nesses casos, é possível adotar políticas que evitem a contaminação do bom produtor pelo mau produtor. Entre os exemplos contam-se a monopolização da comercialização do produto (África do Sul e Nova Zelândia) e a instituição de selos de origem e de qualidade (França). Outra opção é o estímulo ao surgimento de cooperativas de exportadores de produtos não-tradicionais, como frutas.

Por fim, a abertura e consolidação de mercados agrícolas e agroindustriais exigem participação ativa do governo. Negociações governamentais bilaterais e multilaterais são imprescindíveis para monitorar e minimizar medidas protecionistas por parte dos grandes consumidores, como União Européia e Ásia (especialmente Japão). Ações contra subsídios, tarifas e quotas, bem como homogeneização de critérios fito e zoosanitários inscrevem-se nesse campo.

Ademais, a assimetria informacional e de poder de mercado entre os produtores atomizados e distribuidores altamente concentrados (nos mercados importadores) gera dificuldades expressivas no processo de comercialização. Neste caso, a ação governamental deve fomentar o desenvolvimento de formas associativas de comercialização externa e/ou aumentar a concorrência nos segmentos de distribuição.

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CVRD. Diagnóstico do corredor de exportação norte. Rio de Janeiro, 1993.

DAVID, Maria Beatriz de Albuquerque, NONNEMBERG, Marcelo José B. Integração regional e o comércio de produtos agrícolas: o caso do Mercosul. Rio de Janeiro, fev. 1997, mimeo.

FAO. Food and international trade. Rome: FAO, Apr. 1996.

7 Obviamente, as empresas agroindustriais sofrem menos com estes problemas do que os produtores rurais. 8 A principal garantia é sempre a terra, mesmo que os gastos com a implantação da cultura sejam muito altos.

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9 Com freqüência, os produtores dispõem de mais informações sobre as chances de sucesso de seu negócio do que os bancos e o monitoramento de cada projeto é difícil.

Page 26: Agropecuária e Agroindústria

FNP Consultoria e Comércio. Agrianual 97 – Anuário da Agricultura Brasileira. São Paulo, set. 1996.

GIORDANO, Samuel Ribeiro. Competitividade no sistema agroindustrial do fumo. Informações Fipe, ago. 1995.

HESSE, Milton von. Políticas públicas y competitividad de las exportaciones agrícolas. Revista de la Cepal, v. 53, ago. 1994.

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