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  • 7/25/2019 AgropecAGROPECURIA, CRESCIMENTO ECONMICO E CONVERGNCIA DE RENDA MUNICIPAL EM MATO GROSSOu

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    Revista de Estudos Sociais - ano 12, n. 23, v. 1, 2010 99

    AGROPECURIA, CRESCIMENTO ECONMICO E CONVERGNCIA DERENDA MUNICIPAL EM MATO GROSSO

    Charline Dassow24Wladimir Colman Azevedo Junior25

    Raphaela Marya Geronima Santos da Costa26Adriano Marcos Rodrigues Figueiredo27

    RESUMO

    Este trabalho investiga o efeito do setor agropecurio sobre o crescimento econmico e a convergnciade renda dos municpios de Mato Grosso para o perodo de 2002 a 2005. Utilizou-se a teoria deconvergncia- condicional, adaptando o modelo de Barro e Sala-i-Martin, e incorporando ametodologia economtrica espacial. No existe dependncia espacial detectada pelo teste global maso teste de dependncia espacial local (LISA) identificou um cluster de crescimento em uma regio que tambm plo agropecurio do estado. Concluiu-se que h convergncia- condicional nos municpiosmato-grossenses. Ainda, se constatou econometricamente que o setor agropecurio se mostraimportante para o crescimento econmico dos municpios. No entanto, considera-se interessanteaprofundar esses estudos, levando em considerao as caractersticas municipais e regionais, a fim dereduzir as suas desigualdades e obter um processo de crescimento econmico mais eficaz.Palavras-chave: Crescimento Econmico, Convergncia de Renda, econometria espacial, MatoGrosso.

    ABSTRACT

    This work analyzes the agricultural sector impact over the income growth rate and income convergenceamong Mato Grossos municipalities in the period 2002-2005. The conditional -convergence theory isused, adapting Barro and Sala-i-Martins model, incorporating spatial econometrics techniques. There isno global spatial dependence though local spatial clusters are found when the Local Indicator of SpatialAssociation (LISA) is applied. The LISA test allowed the identification of growth clusters in a MatoGrossos agribusiness pole. The conclusion is that there is conditional -convergence amongmunicipalities. Also, the agricultural sector is proved important to their growth. Anyways, it is importantto deep the analysis incorporating municipal and regional characteristics so that it might be able toreduce inequalities and to have a sustainable economic growth.Key-words: Economic growth, income convergence, spatial econometrics, Mato Grosso.

    24 Mestranda em Agronegcios e Desenvolvimento Regional da Universidade Federal de Mato Grosso.

    [email protected] em Agronegcios e Desenvolvimento Regional da Universidade Federal de Mato [email protected] Graduanda em Cincias Econmicasda Universidade Federal de Mato Grosso.

    27Professor Dr. da Faculdade de Economia da Universidade Federal de Mato [email protected]

    mailto:[email protected]://mrd.mail.yahoo.com/compose?To=wladcolman%40yahoo.com.brhttp://mrd.mail.yahoo.com/compose?To=wladcolman%40yahoo.com.brmailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]://mrd.mail.yahoo.com/compose?To=wladcolman%40yahoo.com.brmailto:[email protected]
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    1. INTRODUO

    O Estado de Mato Grosso tem se destacado no cenrio econmiconacional. Segundo a SEPLAN (2007), em 2004 o seu PIB per capita foi o nono maiordo pas, sendo R$ 10.162,0028e ainda se posicionando acima da mdia nacional,que representa R$ 9.729,00. Este tambm evidenciou taxas significativas decrescimento econmico no perodo de 2002 a 2005, em que a renda per capita e aquantidade de empregos gerados, apresentou taxa geomtrica mdia decrescimento29de 20,1% e 10,9% ao ano, respectivamente (IBGE; MTE, sd).

    O valor adicionado na economia do Estado em 2005 representouaproximadamente 33,4 bilhes de reais. O setor de servios foi o setor quecontribuiu com a maior participao, cerca de 49,2%, seguido pelo setoragropecurio 32,2% e industrial 18,6% do valor total. Em 2002, percebeu-se amesma posio, porm com valores diferenciados, sendo que o setor de serviosrepresentava 53,1%, o agropecurio 29,7% e indstria 17,2% do total (IBGE, sd).

    Entretanto, o crescimento econmico muitas vezes no ocorre de modoequilibrado em todas as regies. Normalmente, ocorrem diferentes taxas decrescimento econmico entre regies. A idia bsica que o crescimentodesequilibrado ou desigual entre os municpios dificulta a formulao de polticasuniformes para o estado, necessitando a anlise e identificao das regies oumunicpios com menores taxas de crescimento, os quais necessitariam de polticas

    especficas. Ainda, a idia de convergncia remete caracterstica de taxas maispronunciadas de crescimento econmico em regies mais pobres, o que levaria areduzir a defasagem da renda per capita no decorrer do tempo (Baumol, 1986).

    No que se refere a nvel nacional, a renda per capita dos municpios doEstado se destacam entre as maiores e menores rendas brasileiras. Em 2005, nototal de 5.564 municpios brasileiros, os municpios Alto Taquari, Santo Antnio doLeste, Campos de Jlio, Santa Rita do Trivelato, Sapezal, Ipiranga do Norte, AltaAraguaia, Itiquira, Campo Verde e Campo Novo do Parecis apresentaram asseguintes posies no rank de maiores PIBs per capitas, 9, 10, 13, 16, 18, 19,22, 39, 42 e 56 e suas respectivas rendas per capitas foram R$ 100.600,80, R$96.842,61, R$ 92.946.03, R$ 87.771,53, R$ 85.659,83,R$ 79.022,00, R$ 66.929,10, R$ 51.295,74, R$ 49.863,25 e R$ 43.956,51 em

    valores nominais (IBGE, sd).Quanto s menores rendas per capitas destacam-se os municpiosCurvelndia, Nossa Senhora do Livramento, So Pedro da Cipa, Pocon,Cotriguau, Confresa, os quais ocupam as seguintes posies 2.153, 2.369,

    28Valores reais de 2004.

    29Valores significativos a 10% de significncia.

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    2.464, 2.474, 2507 e 2537, com rendas per capita entre R$ 4.249,81 e R$5.105,91 em valores nominais, mas ainda no 2 quartil superior de renda per capitamunicipal do Brasil (IBGE, sd). Pode-se perceber no que se refere s rendas maisbaixas, que os municpios mato-grossenses no apresentam condies precrias decrescimento comparadas com os demais municpios brasileiros.

    Essas disparidades, na maioria das vezes, so ocasionadas por diferenasnas bases econmicas dos municpios. A pergunta desta proposta : o que explica ocrescimento da renda per capita municipal em Mato Grosso, no perodo 2002-2005?

    As hipteses so: a) no existe convergncia de renda entre os municpiosdo estado e, neste caso, indicar aos formuladores de poltica a necessidade deestabelecer aes considerando as desigualdades e seus efeitos no bem-estargeral; b) existem clusters de crescimento em plos agropecurios no estado.

    Alguns estudos clssicos em convergncia de renda so Baumol (1986),Barro e Sala-i-Martin (1995), Rey e Montouri (1999 e 2001), Quah (1996) naliteratura internacional e, para o Brasil, Ferreira e Ellery Jr (1996), Magalhes (2001),Magalhes, Hewings e Azzoni (2000), e Machado (2004). Outros autores tambmestudaram o fenmeno da convergncia de renda, adicionando tcnicas deeconometria espacial, como Monastrio e Avila (2004), para o Rio Grande do Sul, ePerobelli, Faria e Ferreira (2006), para Minas Gerais. No exterior, alguns estudospodem ser mencionados como os estudos para regies da Unio Europia: Le Galloe Erthur (2003); Bruninger e Niebuhr (2005); Egger e Pfaffermayr (2005);

    Pfaffermayr (2006). Coelho e Figueiredo (2007) e Coelho (2006) tambm estudarama convergncia de renda e a existncia de clubes de convergncia entre osmunicpios brasileiros. Estes trabalhos, no entanto, muitas vezes no aplicamtcnicas de anlise espacial de dados e no tinham o foco em Mato Grosso.

    As tcnicas de econometria espacial para anlises em economia regionalainda so pouco presentes no planejamento pblico. Entretanto, como em Simes(2005), tais modelos permitem verificar se a presena de um fenmeno em umarea (distrito, cidade, regio) torna sua existncia em reas vizinhas mais ou menosprovvel. Figueiredo (2002) trabalhou tcnicas de econometria espacial na respostada produo agrcola dos municpios do centro-oeste brasileiro, e esclarece anecessidade de incluir exploratory spatial data analysis para fenmenos comcaractersticas de localizao.

    O objetivo geral analisar o crescimento econmico municipal de MatoGrosso, para o perodo 2002-2005. Especificamente, pretende-se: a) investigar adistribuio do crescimento dos setores agropecurio, industrial, e de servios nosmunicpios; b) analisar a possvel existncia de dependncia espacial nos dadossetoriais da economia dos municpios; c) detectar se ocorre formao de clusters de

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    crescimento no estado; e, d) Explicar o crescimento econmico setorial dosmunicpios.

    Com o modelo de convergncia- , a anlise da dependncia espacial serimportante para avaliar o grau de correlao existente entre uma regio e seusvizinhos considerando o valor do PIB setorial assim como municipal. J a anlise declusters permitir identificar a formao de possveis agrupamentos de municpiosque apresentarem valores semelhantes, ou seja, permitir visualizar possveisclusters caso existam.

    O trabalho est organizado da seguinte forma: a prxima seo apresentaos principais conceitos de convergncia de renda; a seo 3 mostra a metodologiautilizada no trabalho; a seo 4 apresenta e discute os principais resultados; efinalmente as concluses.

    2. CONVERGNCIA DE RENDA

    O conceito de convergncia de renda est relacionado com o crescimentomais acelerado de localidades pobres em comparao com localidades ricas. Aspobres cresceriam a taxas mais elevadas, fato que as levaria, ao longo do tempo, aapresentarem o mesmo estado estacionrio e nvel de renda das localidades maisricas.

    Segundo Grolli et al (sd) o contexto de crescimento econmico edesigualdades regionais vigente e as recentes teorias a respeito da possibilidade daexistncia de convergncia de renda entre pases, estados e municpios trouxeramum novo impulso para os estudos sobre crescimento econmico.

    No estudo da convergncia, o PIB per capita destaca-se como a varivelmais utilizada para mensurar o crescimento econmico. A convergncia de rendaocorre na medida em que economias mais pobres tendem a apresentar taxas decrescimento do PIB per capita mais altas durante a transio para um mesmoestado estacionrio (ALVES & FONTES, 2001).

    Para tanto, preciso ter alguns conceitos de convergncia de rendaestabelecidos na literatura econmica regional, em particular as idias deconvergncia e convergncia , convergncia absoluta, condicional e clube.

    No caso da convergncia absoluta, normalmente se associa aos termossigma () e beta (). A convergncia relata o efeito de reduo da disperso darenda per capita entre localidades. Algumas abordagens consideram, para tanto,medidas estatsticas como desvio-padro e coeficiente de variao. J aconvergncia seria aquela quando regies mais pobres crescem mais rapidamenteque as mais ricas, num tipo de catching up das pobres em relao s ricas

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    (Machado, 2004). Segundo Alves & Fontes (2001) no modelo de convergncia-absoluta as economias tendem a convergir para o mesmo nvel de produto percapita, o que caracteriza a convergncia- absoluta. Portanto, esse tipo deconvergncia depende da existncia de um nico estado estacionrio para o qualconvergem todas as economias (s/p).

    Em geral, considera como o parmetro que traduzir a hipte se deconvergncia, sendo este obtido na regresso

    i ,t k i ,t i ,t i ,t

    Yln ln Y

    Y

    ,

    em que Y a renda per capita na localidade i no ano t; e soparmetros e um termo de erro estocstico tipo rudo branco. Para haver aconvergncia, espera-se um

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    desigualdade, pois podem ocorrer choques aleatrios ao longo do tempo,ocasionando diferentes efeitos transitrios as economias. J, na -convergnciacondicional, cada economia converge apenas para o seu estado estacionrio, sendoque estes podem ser diferentes uns dos outros. Dessa maneira, ao longo do tempopoder persistir um alto grau de desigualdade e tambm as posies relativas daseconomias distintas, ou seja, as economias ricas continuaro ricas, enquanto aspobres permanecero pobres.

    Mesmo no se verificando convergncia da forma exposta anteriormente, possvel que ocorram clubes de convergncia, ou que alguns municpios estejam seaproximando uns dos outros em termos de renda per capita, ao estilo do estudo deMagalhes (2001) para os estados brasileiros. Conforme Magalhes op cit, omodelo neste caso passa a investigar

    1S ,t S ,t i ,ti ,t i ,t

    Y Yln ln

    Y Y

    ,

    em que S ,t i ,t Y max Y , ou seja, a anlise estar em torno do municpio de maiorrenda per capita.

    3. MODELO ANALTICO

    Para a realizao do presente estudo foi feita uma anlise estatstica daparticipao do setor agropecurio no valor adicionado total dos municpios e aindaa anlise da convergncia- condicional levando em considerao as caractersticassetoriais.

    Este artigo parte da idia desenvolvida por Rey e Montouri (1999), os quaisconsideraram o papel dos efeitos de dependncia espacial sobre a convergncia derenda em regies dos Estados Unidos. Entretanto, Anselin e Rey (1991), Rey eMontouri (1999), Monastrio e vila (2004) e Perobelli, Faria e Ferreira (2006),mostram que podero existir efeitos espaciais entre as localidades, normalmentemais fortes quanto mais prximas entre si, os quais podero gerar resultadosviesados caso sejam desconsiderados explicitamente no modelo. Tal caracterstica

    tem sugerido tcnicas de econometria espacial para a investigao da convergnciade renda entre localidades.A dependncia espacial aparece quando h uma relao entre o que

    acontece em uma unidade no espao e o que acontece nas demais. A dependnciaespacial pode ser oriunda de erros de delimitao geogrfica das unidadesanalisadas, de problemas de agregao, ou mais importante, de externalidades

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    afetando certas unidades e com efeitos extrapolados para outras geograficamenteprximas (Figueiredo, 2002).

    Em geral, a idia de efeitos espaciais de uma localidade sobre as demais utilizada por ponderaes: a varivel observada em cada localidade recebe umaponderao quando fizer parte da vizinhana da localidade analisada. comumutilizarem-se matrizes cujos elementos so binrios, assumindo valor unitrioquando existir a influncia e nulo em caso contrrio (tambm existem outrosesquemas de ponderao utilizando pesos como: distncia entre as sedes daslocalidades, comprimento da fronteira comum, ou mesmo, coeficientes oriundos dematrizes de insumo-produto). Assim, duas unidades vizinhas (i,j), que tenham umafronteira comum, seriam consideradas contguas e o valor 1 seria atribudo aoelemento wijde uma matriz de ponderao espacial W.

    Considerando o modelo geral de regresso, Y = X+ , o efeito espacialpode ser incorporado nas variveis, nos erros, ou em ambos. Considerando queuma varivel observada y na localidade i seja explicada no apenas pelas variveisexplicativas x em i, mas tambm pela resposta s mesmas variveis explicativas deoutra localidade j, ou por yj, j N(i). Neste caso, a expresso para yiseria

    iiNj jikkiii eyxxxy )(,,22,110 ... ,

    em que o parmetro de efeito espacial. Pode-se imaginar que ademanda por um fator produtivo, por exemplo, mo-de-obra agrcola, em uma

    localidade i como sendo explicada pela mesma demanda em j regies vizinhas. Estemodelo chamado de modelo espacial autoregressivo, ou modelo de regressocom variveis dependentes espacialmente defasadas (SL - spatial lag dependentregression).

    Em muitos casos, a dependncia espacial pode ser difcil de especificar, ouoriunda de variveis no-especificadas no modelo e, assim, estar presente nos errosda regresso. Neste caso, o modelo seria do tipo

    )(,,22,110 ... iNj jiikkiii eexxxy ,em que o parmetro de efeito espacial presente nos erros. Este

    modelo usualmente chamado modelo de dependncia espacial nos erros (SE -spatial error dependent regression).

    O modelo geral espacial pode ser expresso, matricialmente, porLY = LX.+ L,em que: L denota o operador de defasagem espacial de primeira ordem; LY

    = (Id - W)Y; LX = (Id - W)X; L= (Id + W); Id a matriz identidade. Os parmetrosespaciais so , e , respectivamente associados a Y, X e . W a matriz de

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    dependncia espacial de primeira ordem. Como expresso por Rey e Montouri(1999), o modelo SL ser do tipo

    1 1t k

    d t d t

    t

    YE ln E I W ln Y E I W

    Y

    .A identificao do efeito espacial pressupe o uso de testes para a

    dependncia espacial. Inicialmente utilizar as estatsticas I de Moran, para o ano t,expressa da forma

    1 1

    0

    1 1

    n n

    ij i ,t j ,t

    i j

    t n n

    i ,t j ,t

    i j

    w x xn

    Is

    x x

    ,

    em que um elemento da matriz de contigidade (ou vizinhana - W),igual a 1 para localidades i e j vizinhas; o logaritmo natural da renda percapita na localidade i no ano t; n o nmero de localidades; t o nmero de anos; um fator normalizador igual soma de todos os elementos de W.

    Outra medida o I de Moran local de Anselin (1995) (ou Local Indicator ofSpatial Association, LISA), o qual servir para apontar as unidades em redor das

    quais se observam aglomeraes de valores semelhantes (Monastrio e vila,2004). O indicador LISA ser Iida forma:

    2

    i ij j

    j

    i

    i

    i

    x w x

    Ix

    .

    Conforme Monastrio e vila (2004), valores de Ii estatisticamentediferentes de 0 indicaro que a unidade i est espacialmente associada aos seusvizinhos. Se a distribuio dos Ii para todo i for desconhecida, deve-se realizarpermutaes aleatrias dos vizinhos de cada unidade. A comparao destas com aobservada permitir inferir se a correlao espacial significativa e se existeefetivamente um cluster espacial.

    Uma vez detectado o(s) efeito(s) espacial(is), procede-se a estimao domodelo contemplando tal caracterstica.Na anlise de convergncia, com efeitos espaciais nos erros (SE), o

    modelo estimado ser

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    1i ,t T

    i ,t i ,t

    i ,t

    Yln ln Y I W

    Y

    J para o caso de dependncia do tipo SL, ser

    i ,t T i ,t T i ,t i ,t i ,t i ,t

    Y Yln ln Y W ln

    Y Y

    3.1. Modelo de Convergncia Condicional

    A metodologia adotada no presente trabalho est baseada em Barro eSala-i-Martin (1992), porm com algumas alteraes a fim de obter resultados maiseficazes, levando em considerao as caractersticas regionais. O modelo utilizadopara testar a convergncia- condicional foi o seguinte:

    0 0 1 0 2 0 3 0 4 0 5 0 00

    1 T,T

    Yln ln Y SAgro SInd SApu SServ

    T Y

    Em que: YT o PIB per capita do municpio i, no perodo T; Y0 o PIB per

    capita no perodo inicial; T o perodo estudado; constante; 1* o parmetro a

    ser testado e que evidencia se h ou no convergncia de renda por meio daexpresso ; os demaissso outros parmetros a seremtestados; as variveis SAgro, SInd, SApu, SServ so as composies do setoragropecurio, industrial, administrao pblica e outros servios, respectivamente.Desse modo, para verificar a existncia de convergncia espera-se um > 0,estatisticamente significativo a 5% de significncia. Ento, caso 0, no hconvergncia de renda. Cabe ressaltar que para o perodo 0 foi considerado o anode 2002 e perodo T o ano de 2005, sendo T igual a 3.

    Para a mensurao das variveis explicativas SAgro, SInd, SApu, SServutilizou-se a seguinte expresso matemtica:

    2002

    2005

    2002

    2002

    lnj

    j

    Total

    j

    jVA

    VA

    VA

    VA

    S

    Em que, Sj a composio do setor j; VAj2002 o valor adicionado no setor jno ano de 2002 e VATotal2002 o valor adicionado total na economia no ano de 2002,significando a participao do setor j no valor adicionado total; a varivel VAj2005 ovalor adicionado no setor j no ano de 2005 e o VAj2002o valor adicionado no mesmo

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    setor no ano de 2002, o que evidencia a taxa de crescimento do valor adicionado nosetor j. Ento, o componente Sjrepresenta o produto da participao do setor j novalor adicionado total com o logaritmo natural da sua taxa de crescimento para operodo de 2002-2005.

    Essas variveis contidas no modelo devem, portanto, ser interpretadascomo um conjunto de condies iniciais que determinam diferentes estadosestacionrios, envolvendo a base municipal de 139 municpios existentes em 2002,para os quais se dispe de sries de dados completas.

    Os dados referentes renda per capita e valor adicionado dos municpiosde Mato Grosso, para os anos de 2002 e 2005, foram obtidos junto ao IBGE.

    Aps a estimao do modelo clssico de convergncia condicional foramrealizados testes para verificar a existncia de efeitos espaciais, ou seja, os testesde I-Moran univariado e multivariado, para testar a autocorrelao espacial entre osdados dos municpios, esse apresenta um resultado global.

    Para analisar a instabilidade espacial local utilizou-se a estatstica LISA, aqual decompe os indicadores globais em locais e evidencia os clusters espaciais,mostrando os municpios e regies que possuem caractersticas semelhantes.Adotou-se como base estatstica 5% de significncia.

    A anlise das estatsticas e estimaes dos modelos foi conduzida pelosoftware Geoda e programa Excel.

    4. RESULTADOS E DISCUSSO

    A Tabela 1 apresenta os resultados da convergncia- condicional da rendaper capita de 139 municpios do estado de Mato Grosso para o perodo de 2002-2005 pela estimao de regresso do modelo clssico.

    Na Tabela 1, verifica-se que todos os parmetros das variveis explicativas

    foram significativos a 5%. Como1

    * apresentou-se significativo e maior que 0, ouseja, 0,0168 constata-se a existncia de -convergncia condicional, ou seja, cadaeconomia est convergindo para o seu estado estacionrio e estes podem serdiferentes uns dos outros. Cabe lembrar, que segundo De La Fuente (2000, apudFONTES; ALVES, 2001), no longo prazo poder persistir um alto grau dedesigualdade e tambm as posies relativas das economias distintas, em outraspalavras, as economias ricas continuaro ricas, enquanto as pobres permaneceropobres.

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    Tabela 1Resultados da estimao da expresso para convergncia condicional.Modelo Estimado:

    0 0 1 0 2 0 3 0 4 0 5 0 00

    1 T,T

    Yln ln Y SAgro SInd SApu SServ

    T Y

    Parmetros Coeficientes Estimados (1)

    0.15455(0.0346)*

    1-0.01638(0.0038)*

    20.36853(0.0176)*

    30.37022(0.0446)*

    4-0.19580(0.0760)*

    50.28576(0.0217)*

    Observaes 139R 0.8732

    Fonte: IBGE (sd), Dados trabalhados.Notas: ProbabilidadeEstatstica t entre parnteses; *Significativo estatisticamente a 5%; (1)Valores em parnteses representam o desvio-padro

    A ocorrncia de convergncia condicional nos revela que os municpios queapresentam as mesmas caractersticas iniciais comportamentos semelhantes doscomponentes setoriaisesto convergindo para o mesmo estado estacionrio. Issosignifica, por exemplo, que os municpios que possuem os mesmos comportamentosquanto ao componente agropecurio produto entre a taxa de crescimento eparticipao do setor no valor adicionado total prximos tendero ao longo do

    tempo a apresentar a mesma renda per capita, independente da renda per capita noano inicial. Esse acontecimento identifica que no longo prazo os problemas dedesigualdades econmicas podem tanto ser amenizados quanto evidenciados,sendo necessrio ento o conhecimento do comportamento das variveiseconmicas e municpios com caractersticas semelhantes. Isso contribuiria para a

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    construo de polticas mais adequadas e eficazes que favoream o crescimento erespectiva reduo das desigualdades entre as rendas per capitas municipais.

    Avaliando ainda os resultados da Tabela 1, pode-se identificar um bomajustamento do modelo: as variveis proxy escolhidas para o modelo estoconseguindo explicar 87% das variaes da taxa de crescimento da renda per capitados municpios de Mato Grosso. Percebe-se que os setores agropecurio, industriale outros servios possuem uma relao positiva com a taxa de crescimento,enquanto o setor da administrao pblica possui uma relao negativa. Isso mostraque quanto maiores os valores adicionados na agropecuria, indstria e outrosservios, maior ser o crescimento do municpio e quanto maior o valor adicionadona administrao pblica menor o seu crescimento. Nesse sentido, os municpiosque dependem principalmente da administrao pblica crescem menos, podendohaver uma tendncia a se tornarem mais pobres que os demais.

    A importncia do setor agropecurio para o crescimento econmicotambm pode ser visto ao se analisar a relao entre a taxa de crescimentoeconmico com a participao do setor agropecurio na formao do valoradicionado total. Dos 20 municpios que apresentaram as maiores taxas decrescimento no perodo de 2002 a 2005, 13 deles apresentaram a participao dosetor agropecurio acima de 40 % do valor adicionado total no ano de 2005. Elesrepresentam 65% dos municpios. Esses municpios e suas respectivas taxas decrescimento e participaes podem ser verificados na Tabela 2.

    Tabela 2Municpios com as maiores taxas de crescimento econmico entre 2002-2005 eparticipaes do setor agropecurio

    MunicpioTaxa de crescimento PIB per capita (em

    %)Participao agropecuria (em

    %)Bom Jesus doAraguaia 272,44 71,37Colniza 238,40 45,12Gacha do Norte 209,55 59,96

    Santa Cruz do Xingu 209,35 60,19Acorizal 190,04 68,44

    Nova Maring 183,20 65,58Ponte Branca 175,20 59,65

    Reserva do Cabaal 172,34 43,02

    Tabapor 171,88 53,83Dom Aquino 169,91 59,58Apiacs 168,48 50,20

    Porto dos Gachos 165,63 68,27Campo Verde 165,08 65,74

    Fonte: IBGE (sd), Dados trabalhados.

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    Em 2005, 64 municpios apresentaram a participao do valor adicionadodo setor agropecurio acima de 50% do total, mostrando que cerca de 46% dosmunicpios mato-grossenses possuem o setor agropecurio como base econmica.Esse fato caracteriza a dependncia da economia mato-grossense no setoragropecurio. Nesse mesmo ano, dentre os 20 municpios que apresentaram osmaiores PIB per capita, 16 deles possuam a participao do setor agropecurioentre 81% e 40% do valor adicionado total.

    Ao analisar a mdia, mediana e desvio-padro dos dados no ano de 2005observa-se a assimetria da distribuio da varivel PIB per capita dos municpios de

    Mato Grosso, uma vez que a mdia foi igual a R$ 15.192,31 e a mediana R$8.743,67. Esse resultado mostra que um nmero maior de municpios apresentouPIB per capita menores que a mdia, em outras palavras, nota-se que a maioria dosmunicpios apresenta rendas baixas e poucos apresentam rendas altas. Isto tambmpode ser verificado ao analisar o desvio-padro dos dados, que foi de R$ 18.025,09,apresentando variaes muito altas entre os dados, caracterizando a forteocorrncia de desigualdades econmicas entre os municpios mato-grossenses e aconcentrao de renda.

    Para verificar a influncia econmica de um municpio sobre o outros, ouseja, a existncia de autocorrelao espacial, realizaram-se alguns testes naestimao do modelo mostrado anteriormente, conforme Tabela 3.

    Tabela 3Resultados dos testes de autocorrelao espacial global.

    Testes Estatstica Significncia

    I de Moran (spatial error) 0,2086 0,8347ns

    Multiplicador de Lagrange - ML (spatial lag) 1,1376 0,2862ns

    ML Robusto (spatial lag) 1,3254 0,2496ns

    Multiplicador de Lagrange - ML (spatial error) 0,0015 0,9686ns

    ML Robusto (spatial error) 0,1894 0,6634ns

    Multiplicador de Lagrange (SARMA) 1,3269 0,5151nsFonte: IBGE (sd), Dados trabalhados.Notas: *Significativo estatisticamente a 5%; ns no significante estatisticamente a 5%

    No que se refere existncia de autocorrelao espacial, observa-se natabela acima que os resultados de todos os testes foram no significativos, tanto no

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    erro quanto na varivel dependente defasada. Isso significa que o crescimentoeconmico municipal de Mato Grosso, de um modo geral no est sendoinfluenciado pelos desempenhos de variveis econmicas de seus vizinhos. Nessesentido, no se mostra necessria a estimao dos modelos com a introduo dosefeitos espaciais.

    Por outro lado, uma limitao que pode ser percebida nas estatsticasglobais que elas podem ignorar a existncia de instabilidade espacial, no sentidoque se em algumas reas especficas a autocorrelao espacial for positiva e emoutras negativas, o efeito, no geral, pode se anular e a autocorrelao no serdetectada. Dessa maneira para obter um maior entendimento das variveiseconmicas municipais considera-se interessante continuar a anlise de maneiradesagregada. Torna-se interessante visualizar o comportamento dessas variveisseparadamente e conseqentemente estudar os efeitos espaciais de forma local.

    A Tabela 4 mostra os resultados dos testes de I-Moran para algumasvariveis escolhidas, com o intuito de buscar compreender a relao entre as taxasde crescimento, renda per capita e caractersticas setoriais.

    Tabela 4Resultados dos testes I de Moran Univariado e Multivariado para taxa mdia de crescimentoda renda, PIB per capita e componentes setoriais.

    Varivel Com Ponderao Espacial Varivel Original I-MoranTaxa mdia de crescimento Taxa mdia de crescimento 0,0901*

    PIB per capita 2002 Taxa mdia de crescimento 0,0032ns

    PIB per capita 2002 PIB per capita 2002 0,3644*Componente Agropecuria PIB per capita 2002 0,0345nsComponente Agropecuria Componente Agropecuria 0,1644*Componente Agropecuria Taxa mdia de crescimento 0,0867ns

    Componente Indstria Taxa mdia de crescimento 0,0097nsComponente Adm, Pblica Taxa mdia de crescimento 0,0494ns

    Componente Servios Taxa mdia de crescimento 0,0969*Fonte: IBGE (sd), Dados trabalhados.Notas:*Significativo estatisticamente a 5% pela randomizao do GEODA; ns nosignificante estatisticamente a 5%.

    Na Tabela 4 percebe-se que apenas as relaes entre as taxas decrescimento, PIB per capita e componente agropecurio entre si e taxa decrescimento com o componente servios, apresentaram-se significativas. Issosignifica dizer, por exemplo, que a taxa de crescimento econmico de um municpioest influenciando a taxa de crescimento de seu vizinho. Essa relao mostra-seainda positiva, significando que municpios com altas (baixas) taxas de crescimentoeconmico tendem a se localizar prximos de municpios que tambm apresentamaltas (baixas) taxas de crescimento e assim para as demais relaes que semostraram significativas (Figura 1).

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    Figura 1Resultados Moran ScatterplotSignificativos

    Para averiguar de maneira mais precisa em que locais/municpios ocorremestas relaes de dependncia espacial preciso verificar os resultados do testeLISA (Figura 2).

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    Figura 2 Mapa da estatstica LISA para as taxas de crescimento, PIB per capita eComponente Agropecuria

    A anlise do mapa 2a presente na Figura 2, nos aponta a existncia de 2clusters de crescimento da renda per capita do tipo ALTO-ALTO. O primeiro v-senos municpios de So Felix do Araguaia, Serra Nova Dourada, Alto Boa Vista, Novo

    Santo Antnio, Bom Jesus do Araguaia e Querncia e seus vizinhos e o outro nomunicpio de Alto Taquari, esse ltimo situado na regio sudeste de Mato Grosso eos demais municpios pertencem regio nordeste do estado, indicando que existecorrelao espacial entre as taxas de crescimento da renda per capita.As taxas decrescimento registradas nos municpios estudados, entre os anos de 2002 e 2005,teve mnimo de aproximadamente134%, valor registrado para a cidade de So Flix

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    do Araguaia e mxima de 272% de crescimento, registrado para Bom Jesus doAraguaia.

    Cabe lembrar que a relao positiva (alto-alto, baixo-baixo) ao se analisar amesma varivel, revela que os municpios vizinhos devem ser includos no cluster,pois apresentam as mesmas caractersticas que o municpio analisado. Ento aocitar a existncia de cluster em um municpio, conseqentemente menciona-se queos seus vizinhos fazem parte do mesmo, sem a necessidade de fazer referncia.

    Nesta mesma anlise, pode-se observar a existncia de quatro clusters dotipo BAIXO-BAIXO, situado na regio Sul do estado, o primeiro engloba quatrocidades, sendo elas Baro de Melgao, Santo Antnio do Leverger, Juscimeira eNossa Senhora do Livramento. O segundo corresponde ao municpio de SantoAntnio do Leste, o terceiro Santa Rita do Trivelato e o quarto Nova Olmpia. Essascidades so influenciadas umas pelas outras quanto a taxa de crescimento eapresentam baixas taxas de crescimento, sendo a maior delas de 79,67%pertencente a Santo Antonio do Leverger.

    Atravs do mapa 2b, observamos a existncia de clusters em algunsmunicpios quanto ao valor da renda per capita. possvel visualizar a existncia deum cluster do tipo BAIXO BAIXO, localizado a norte do estado, englobando NovaMonte Verde, Apiacs, Nova Bandeirantes, Cotriguau, Juruena, Alta Floresta eAripuan. Este cluster apresenta baixo nvel de renda per capita tendo Juruena coma maior renda per capita, R$ 7.507,70 em 2002. Outros clusters desse tipo so

    vistos nas cidades de Cceres, Jangada e Santa Terezinha, mas de maneiraseparada.Esses municpios so possuem baixas rendas per capita e fazem fronteiracom municpios com baixas rendas per capita.

    Pode-se observar tambm, a existncia de um cluster do tipo ALTO-ALTOpara as cidades localizadas no Centro-oeste do estado, ou seja, cidades com rendasaltas esto prximas de cidades com rendas per capita altas, composto pelascidades de Brasnorte, Campo Novo do Parecis, Comodoro, Lucas do Rio Verde,Nobres, Nova Mutum, Novo So Joaquim, Paranatinga, Primavera dos Leste, SoJos do Rio Claro, Santa Rita do Trivelato, Sapezal, Sorriso, Tangar da Serra,Tapurah e Nova Maring. Apresentando alto valor de renda per capita, Sapezal comR$ 74.090,38 representa a cidade com a maior renda per capita entre asparticipantes do cluster. Tem-se ainda, as cidades de Alto Araguaia e Pedra Preta

    as quais representam clusters distintos com seus vizinhos.O mapa 2c analisa a formao de cluster entre as cidades de Mato Grossoatravs da composio do setor agropecurio, ou seja, o produto da participao dosetor agrcola na formao no valor adicionado total municipal e sua taxa decrescimento entre os anos de 2002-2005. Observam-se dois clusters, um do tipoALTO-ALTO e um segundo do tipo BAIXO-BAIXO. O primeiro composto pelas

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    cidades de Alto Boa Vista, Bom Jesus do Araguaia, Feliz Natal, Novo Santo Antnio,Querncia, Santa Carmem, So Flix do Araguaia e Serra Nova Dourada, revela aexistncia de um plo do crescimento econmico baseado no setor agrcola, sendoque a maioria desses municpios tambm forma um cluster ao se analisar a taxa decrescimento da renda per capita. Como j mencionado acima, pode-se comprovarnovamente que o setor agropecurio um dos principais impulsionadores docrescimento dos municpios de Mato Grosso. Este cluster, portanto representa umplo de crescimento econmico que se situa em regies com forte influncia dosetor agrcola, ou seja, plos de crescimento agrcola.

    O cluster do tipo BAIXO-BAIXO, tem em sua formao os municpios deAlto Paraguai, Barra do Bugres, Cceres, Denise, Nova Olmpia, Pocon, So Josdos Quatro Marcos e Santo Afonso. So municpios que apresentam baixaparticipao do setor agrcola na composio de seu PIB, sendo ento, dependentesde outros setores da economia, principalmente o de servios e administraopblica.

    Por outro lado, no mapa 2d pode-se verificar vrias relaes entre asrendas per capita municipal e a taxa mdia de crescimento da renda per capita dosmunicpios. Constataram-se duas relaes BAIXO-BAIXO, sendo que a primeiraengloba os municpios de Aripuan, Cotriguau, Alta Floresta, Nova Bandeirantes eNova Monte Verde, j a segunda corresponde aos municpios de Cceres, Jangadae Nossa Senhora do Livramento. Esses municpios apresentam baixas taxas de

    crescimento da renda per capita junto a baixas rendas per capita de seus vizinhos.Esses clusters evidenciados podem ser considerados como regies com poucadinmica econmica. Cabe destacar tambm os municpios de So Jos do Xingu eColider com essas mesmas caractersticas.

    No que diz respeito relao do tipo ALTO-ALTO, destacam-se osmunicpios de Campo Novo do Parecis, Lucas do Rio Verde, Nova Mutum, Tapurahe Nova Maring, que apresentam altas taxas de crescimento e esto localizadosprximos de municpios com alta renda per capita. Isso mostra a forte dinmicaeconmica vivenciada nesses municpios. Os municpios de Pedra Preta e AltaAraguaia tambm tiveram essa mesma relao.

    Por outro lado, percebem-se tambm relaes do tipo ALTO-BAIXO eBAIXO-ALTO. Para relaes do tipo BAIXO-ALTO podem-se citar os municpios de

    Brasnorte, Campinpolis, Comodoro, Nobres, Novo So Joaquim, Paranatinga,Primavera, So Jos do Rio Claro, Santa Rita do Trivelato, Sapezal, Sorriso eTangar da Serra. Os municpios mencionados anteriormente apresentam altastaxas de crescimento da renda per capita, porm so rodeados de vizinhos combaixas rendas per capita. J nas relaes ALTO-BAIXO o efeito contrrio, em queos municpios que mostram baixas taxas de crescimento possuem vizinhos com

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    altas rendas per capita, sendo eles Apicas, Santa Terezinha e So Flix doAraguaia.

    Como se verificou casos de autocorrelao espacial ao analisar osresultados das estatsticas I-Moran separadamente e LISA estimou-se novamente omodelo de convergncia condicional adicionando os efeitos espaciais nos erros(spatial error) - - e varivel dependente defasada (spatial lag) - WY - paraaveriguar a relevncia desses efeitos para a especificao do modelo.

    Nesse sentido, constatou-se que a adio dos efeitos espaciais nomelhorou expressivamente a especificao do modelo e ainda essas variveis WY e

    no se mostraram significativas no mesmo. Deste modo, se pode afirmar que emuma espacial global as taxas de crescimento mdio no so influenciadas pelastaxas de outros municpios e nem por variveis de outras regies no especificadasno modelo. A taxa de crescimento econmico de um municpio no recebe estmulosdos demais, o que tambm evidencia a forte heterogeneidade econmica dosmunicpios e regies de Mato Grosso.

    5. CONSIDERAES FINAIS

    Neste trabalho buscou-se compreender melhor o processo de crescimentoeconmico dos municpios mato-grossenses para o perodo de 2002 a 2005, e

    tambm verificar a importncia do setor agropecurio neste processo.Utilizou-se a malha municipal de 2002 com 139 municpios e desenvolveu-se o estudo em quatro etapas. A primeira foi testar a -convergncia condicional de

    renda per capita. Se o coeficiente de convergncia1

    * for significativo e maior que1, significa que cada economia converge para o seu estado estacionrio, sendo queestes podem ser diferentes uns dos outros e a sua taxa de crescimento ser maiorquanto mais afastada estiver de seu estado estacionrio. Em seguida, foi realizadauma anlise estatstica descritiva referente participao do setor agropecurio naformao do valor adicionado total, em que se compararam esses resultados daparticipao com as taxas de crescimento. A terceira etapa foi verificar a existnciade efeitos espaciais globais (I de Moran) e locais (LISA). E a ltima foi estimar o

    modelo de convergncia condicional adicionando esses efeitos espaciais (spatialerror e spatial lag).Constatou-se convergncia- condicional de renda nos municpios mato-

    grossenses, ou seja, as economias que apresentam caractersticas semelhantesesto convergindo para o mesmo estado estacionrio. Nesse sentido a hiptese daexistncia de divergncia de renda no estado de Mato Grosso no foi validada.

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    Porm, no foi possvel verificar se as desigualdades econmicas esto sendosuavizadas ao longo do tempo.

    Pode-se observar econometricamente a importncia do setor agropecuriopara explicar o crescimento econmico dos municpios, e os municpios queapresentaram maiores participaes do setor agropecurio para a formao do valoradicionado total so tambm os que mais cresceram neste perodo.

    Tambm se verificou a existncia de efeitos espaciais positivos entre asvariveis taxa mdia de crescimento da renda per capita, renda per capita,componente agropecurio e na relao componente de servios com a taxa mdiade crescimento per capita. Desse modo, os municpios que apresentaram altos(baixos) valores da renda per capita tendem a se localizar prximo de municpioscom altos (baixos) valores da renda per capita, assim como para as demaisvariveis.

    Ao analisar a ocorrncia de cluster no estado de Mato Grosso, notou-se aexistncia de 2 clusters de crescimento. O primeiro compreende os municpios deSo Flix do Araguaia, Serra Nova Dourada, Alto Boa Vista, Novo Santo Antnio,Bom Jesus do Araguaia, Querncia e seus vizinhos. O outro no municpio de AltoTaquari e sua vizinhana. Ao se comparar esses clusters com os do componenteagropecurio, percebe-se uma alta relao, pois esses municpios citados acimatambm representam um cluster do setor agropecurio. Ento se afirma a hiptesede que existem clusters de crescimento em plos agropecurios no estado.

    Como sugestes, o estudo ser aperfeioado levando em consideraooutras variveis econmicas e caractersticas municipais e setoriais com o intuito decompreender melhor o processo de crescimento econmico do estado e indicar aosformuladores de polticas os locais que necessitam de maiores investimentospblicos favorecendo o crescimento e a respectiva reduo da diferena entre asrendas per capitas municipais.

    6. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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