agroindústrias em alegrete-rs, e o licenciamento ambiental

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA FARROUPILHA-CAMPUS ALEGRETE CARLOS EDUARDO DO CARMO MOTA AGROINDÚSTRIAS EM ALEGRETE/RS E O LICENCIAMENTO AMBIENTAL ALEGRETE 2011 Trabalho apresentado como requisito para obtenção do titulo de Tecnólogo em Agroindústria, do Curso Superior de Tecnologia em Agroindústria do Instituto Federal Farroupilha-Campus Alegrete. Orientador: Prof. EBTT. Lauren Morais da Silva

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Critérios do Licenciamento Ambiental

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Page 1: Agroindústrias em Alegrete-RS, e o Licenciamento Ambiental

1

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA

FARROUPILHA-CAMPUS ALEGRETE

CARLOS EDUARDO DO CARMO MOTA

AGROINDÚSTRIAS EM ALEGRETE/RS E O LICENCIAMENTO AMBIENTAL

ALEGRETE

2011

Trabalho apresentado como requisito para obtenção do titulo de Tecnólogo em Agroindústria, do Curso Superior de Tecnologia em Agroindústria do Instituto Federal Farroupilha-Campus Alegrete.

Orientador: Prof. EBTT. Lauren Morais da Silva

Page 2: Agroindústrias em Alegrete-RS, e o Licenciamento Ambiental

2

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA

FARROUPILHA-CAMPUS ALEGRETE

O Orientador, Prof. Lauren Morais da Silva e o Estagiário, Carlos Eduardo do

Carmo Mota, abaixo assinados, cientificam-se do teor do Relatório de Atividades de

Estágio, do curso Superior de Tecnologia em Agroindústria.

RELATÓRIO DE ATIVIDADES

DE ESTÁGIO

Elaborado por

Carlos Eduardo do Carmo Mota

Como requisito parcial para obtenção do título de

Tecnólogo em Agroindústria

Laurem Morais da Silva

(Orientador)

Carlos Eduardo do Carmo Mota

(Estagiário)

ALEGRETE 2011

Page 3: Agroindústrias em Alegrete-RS, e o Licenciamento Ambiental

3

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

1 Estagiário

1.1 Nome: Carlos Eduardo do Carmo Mota

1.2 Curso: Superior de Tecnologia em Agroindústria

1.3 Turma: 601

1.4 Endereço: Rua Plínio Brasil Milano nº. 290, Ibirapuitã

1.5 Alegrete/RS

1.6 CEP: 97546-180

1.7 Telefone: (55) 96813342

1.8 E-mail: [email protected]

2 Empresa

2.1 Nome: Prefeitura Municipal de Alegrete

2.2 Endereço: Rua Major João Cezimbra Jaques nº. 200, Cidade Alta

2.3 Cidade: Alegrete/RS

2.4 CEP: 97540-000

2.5 Telefone: (55) 3961-1678

2.6 E-mail: [email protected]

3 Estágio

3.1 Área de realização: Secretaria Municipal do Meio Ambiente

3.2 Coordenador do Curso: Fernanda Ortolan

3.3 Professor Orientador no Instituto Federal Farroupilha – Campus Alegrete: Lauren

Morais da Silva

3.4 Supervisor de Estágio na Empresa: Júlio Cesar Rech Anhaia

3.5 Carga Horária Total: 366 horas

3.6 Data início e término: 23 de fevereiro de 2010 a 19 de agosto de 2010

Page 4: Agroindústrias em Alegrete-RS, e o Licenciamento Ambiental

4

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Centro administrativo municipal…………………………………..….. 21

Figura 2: Corpo técnico da SEMMAM…………………….…..………………… 22

Figura 3: Organograma da SEMMAM…………………………………………... 22

Figura 4: Fábrica de massas alimentícias 1…………………….……………... 24

Figura 5: Fábrica de massas alimentícias 2…………………………………… 25

Figura 6: Utensílios acondicionados de forma irregular…..…........................ 25

Figura 7: Abatedouro sem tratamento de efluentes……….….………………. 28

Figura 8: Depósito temporário não impermeabizado………….………………. 29

Figura 9: Disposição de resíduos de forma irregular 1………………..……… 29

Figura10: Disposição de resíduos de forma irregular 2………….……………. 30

Page 5: Agroindústrias em Alegrete-RS, e o Licenciamento Ambiental

5

LISTA DE TABELAS

TABELA 1: Subclasses: Fabricação de Produtos Alimentícios….…………………....11

TABELA 2: Atividades que necessitam de licenciamento ambiental municipal.........12

Page 6: Agroindústrias em Alegrete-RS, e o Licenciamento Ambiental

6

LISTA DE ABREVIATURAS

CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente.

CONSEMA – Conselho Estadual do Meio Ambiente.

IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente.

FEPAM – Fundação Estadual de Proteção Ambiental.

SEMMAM – Secretaria Municipal de Meio Ambiente.

ART – Anotação de Responsabilidade Técnica.

LP - Licença Prévia.

LI – Licença de Instalação.

LO – Licença de Operação.

LU – Licença Única.

PMA – Prefeitura Municipal de Alegrete.

MPE – Ministério Público Estadual.

JECRIM – Juizado Especial Criminal.

CONFEA – Conselho Federal de Arquitetura e Agronomia.

PNMA – Política Nacional do Meio Ambiente.

EIA – Estudo de Impacto Ambiental.

RIMA - Relatório de Impacto Ambiental.

AIA – Avaliação de Impacto Ambiental.

PATRAM – Patrulha Ambiental.

Page 7: Agroindústrias em Alegrete-RS, e o Licenciamento Ambiental

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO........................................................................................................ 9

1 TRABALHOS REALIZADOS DURANTE O ESTÁGIO SUPERVISIONADO. 10

1.1 TRABALHOS ADMINISTRATIVOS............................................................ 10

1.2 TRABALHOS DE CAMPO.......................................................................... 10

2 DEFINIÇÃO DE AGROINDÚSTRIA........................................................... 11

2.1 AGROINDÚSTRIAS QUE NECESSITAM DE LICENCIAMENTO.............. 11

2.2 AGROINDÚSTRIAS LICENCIADAS NO MUNICÍPIO DE ALEGRETE...... 12

2.3 O QUE É O LICENCIAMENTO AMBIENTAL.............................................. 13

2.3.1 Licença Prévia............................................................................................ 14

2.3.2 Licença de Instalação................................................................................. 15

2.3.3 Licença de Operação.................................................................................. 15

2.3.4 Licença Única............................................................................................. 15

2.3.5 Prazo legal para o Licenciamento............................................................... 17

2.3.6 Renovação da Licença Ambiental.............................................................. 17

3 COMPETÊNCIA PARA O LICENCIAMENTO............................................ 17

4 A RESPONSABILIDADE PELA AGROINDÚSTRIA................................... 18

5 SANSÕES IMPOSTAS NO DESCUMPRIMENTO DAS LICENÇAS

AMBENTAIS................................................................................................

19

5.1 IMPACTOS CAUSADOS PELA AGROINDÚSTRIA................................... 20

6 ATIVIDADES REALIZADAS NA SEMMAM................................................ 21

6.1 COMPOSIÇÃO DOS SERVIDORES DA SEMMAM................................... 21

6.2 ORGANOGRAMA DA SEMMAM................................................................ 22

6.3 CRITÉRIOS DO LICENCIAMENTO DE PADARIAS................................... 23

6.3.1 Atividades realizadas em Padarias no Município de Alegrete..................... 24

6.4 CRITÉRIOS DO LICENCIAMENTO DE ABATEDOUROS......................... 26

6.4.1 Atividades realizadas em Abatedouros....................................................... 27

7 PROCEDIMENTOS REALIZADOS NA FISCALIZAÇÃO DE

AGROINDÚSTRIAS NO MUNICÍPIO DE ALEGRETE...............................

30

Page 8: Agroindústrias em Alegrete-RS, e o Licenciamento Ambiental

8

7.1 PROCEDIMENTOS EM AGROINDÚSTRIAS DEVIDAMENTE

LICENCIADAS.............................................................................................

31

7.2

7.2.1

PROCEDIMENTOS EM AGROINDÚSTRIAS NÃO

LICENCIADAS.............................................................................................

Lavratura de Termo Circunstanciado..........................................................

31

31

7.2.2 Responsabilidade Administrativa................................................................ 32

7.2.3 Responsabilização Civil da Agroindústria................................................... 32

CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................... 34

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................... 35

APÊNDICES A........................................................................................................ 37

APÊNDICES B........................................................................................................ 39

APÊNDICES C....................................................................................................... 43

ANEXO A................................................................................................................ 49

ANEXO B................................................................................................................ 56

LIST

A DE FIGURAS

Page 9: Agroindústrias em Alegrete-RS, e o Licenciamento Ambiental

9

INTRODUÇÃO

Tendo como base o estágio curricular estabelecido pelo Curso Superior de

Tecnologia em Agroindústria do Instituto Federal Farroupilha-Campus Alegrete,

foram realizadas as atividades na Prefeitura Municipal de Alegrete (PMA), junto à

Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMMAM), situada no Centro

Administrativo na Rua Major João Cezimbra Jaques nº 200, bairro Cidade Alta, no

município de Alegrete – RS – Brasil, no período de 23 de fevereiro de 2010 a 19 de

agosto de 2010, totalizando (trezentos e sessenta e seis horas).

O intuito de realizar o estágio Curricular Supervisionado foi de explanar,

divulgar e esclarecer a problemática encontrada nas agroindústrias do município de

Alegrete referente ao Licenciamento Ambiental que resultam em impactos no meio

ambiente e sansões impostas, fiscalizando e auxiliando a Secretaria Municipal de

Meio Ambiente na aplicação das normas técnicas exigidas pela legislação ambiental

em vigor.

O município de Alegrete possui diversas Agroindústrias sendo o foco do meu

estágio os abatedouros e as padarias.

A capacitação profissional dos futuros Tecnólogos é de suma importância,

sua atividade fim disporá de atribuições próprias e responsabilidades técnicas sobre

a agroindústria onde atuará sendo necessária à anotação de responsabilidade

técnica (ART) ao qual o profissional se filiará ao um conselho regional referente à

sua profissão.

Portanto, cada uma das colocações supramencionadas serve como fontes de

consulta, instrumento de apoio ao público no licenciamento da agroindústria,

destacando as problemáticas constatadas no período de aprendizagem que foi

proporcionada na SEMMAM.

Page 10: Agroindústrias em Alegrete-RS, e o Licenciamento Ambiental

10

1 TRABALHOS REALIZADOS DURANTE O ESTÁGIO SUPERVISIONADO Durante o estágio foram realizadas atividades administrativas referentes ao

licenciamento de Agroindústrias do município, atividades fiscalizatórias de campo em

padarias, abatedouros e demais empreendimentos agroindustriais tão como

participação de reuniões junto aos conselhos municipais, criação de cartilhas e

banners no apoio à comunidade, conforme apêndices “A” e “B”.

1.1 TRABALHOS ADMINISTRATIVOS

Foram realizados diversos trabalhos administrativos de aprendizagem na

SEMMAM junto ao setor de licenciamento, nos processos de renovação e de

solicitação de licenças, esclarecimentos para o público e orientações sobre os

procedimentos licenciatórios oriundos de cada atividade agroindustrial.

Na Prefeitura Municipal de Alegrete existe um protocolo geral localizado no

antigo prédio sede da Prefeitura situado na Praça Getúlio Vargas centro da Cidade e

outro protocolo junto ao novo Centro Administrativo, é o meio de entrada de toda a

documentação necessária para o licenciamento.

A entrada da documentação é o início das fases do licenciamento, posterior

será emitido um documento com código de barras para o pagamento das taxas

cabíveis e logo enseguida realizada a vistoria no local do empreendimento para

finalmente emitir a licença de operação conforme modelos no Anexo “A”.

1.2 TRABALHOS DE CAMPO

As atividades de campo são parte integrante do licenciamento, desde o início

da solicitação da licença através do protocolo geral da Prefeitura Municipal de

Alegrete, até a vistoria realizada para averiguar a possibilidade da emissão da

licença ambiental, conforme anexo “A”.

As vistorias realizadas visam verificar se foi cumprido tudo aquilo que é

exposto nos formulários, e observar se as atividades não descumprem algum fator

de interesse do bem comum, a sadia qualidade de vida.

Page 11: Agroindústrias em Alegrete-RS, e o Licenciamento Ambiental

11

2 DEFINIÇÃO DE AGROINDÚSTRIA

Segundo a Classificação Nacional das Atividades Econômicas (CNAE), do

Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, a definição de agroindústria é o

empreendimento que utiliza produtos e subprodutos de matéria-prima de origem

agrícola.

São indústrias que se especializam em transformação e processamento de

matérias-primas de origem agropecuárias, tanto vegetais como animais.

TABELA 1-Subclasses Seção C Indústrias de Transformação Divisão 10 Fabricação de Produtos Alimentícios

Esta divisão contém os seguintes grupos: 101 abate e fabricação de produtos de carne 102 preservação do pescado e fabricação de produtos do

pescado

103 fabricação de conservas de frutas, legumes e outros vegetais

104 fabricação de óleos e gorduras vegetais e animais 105 Laticínios 106 moagem, fabricação de produtos amiláceos e de

alimentos para animais

107 fabricação e refino de açúcar 108 torrefação e moagem de café 109 fabricação de outros produtos alimentícios 110 preservação do pescado e fabricação de produtos do

pescado

FONTE: CNAE-Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão-Governo Federal.

2.1 AGROINDÚSTRIAS QUE NECESSITAM DE LICENCIAMENTO

Toda atividade potencialmente poluidora necessita de prévio licenciamento

ambiental para que sejam executadas suas atividades.

As atividades agroindustriais são utilizadoras de recursos naturais para o

perfeito funcionamento das operações desenvolvidas, devido a este quesito, tornam-

se empreendimentos potencialmente poluidores, definidos os recursos naturais

como “a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o

mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora” (Lei

Federal 6.938, 1981, art. 3º Inc. V).

A Resolução nº 102/1995 do Conselho Estadual do Meio Ambiente lista em

seu anexo único as atividades que necessitam de licenciamento ambiental no

Page 12: Agroindústrias em Alegrete-RS, e o Licenciamento Ambiental

12

Estado do Rio Grande do Sul, delegando aos municípios o licenciamento dentro das

atribuições necessárias para o licenciamento.

TABELA 2: Atividades que necessitam de licenciamento ambiental municipal

Atividade Unidade de medida Porte Fabricação de doces em pasta, cristalizados, em barra

Área Útil (m2) <=2.000

Fabricação de sorvetes/ bolose tortas geladas/ coberturas

Área Útil (m2) <=2.000

Fabricação de massas alimentícias (inclusive pães),bolachas e biscoitos

Área Útil (m2) <=2.000

Matadouro de bovinos, ovinos e suínos ou vice-verso com fabricação de embutidos ou industrialização de carnes

Área Útil (m2) <= 250

Fabricação de derivados de origem animal e frigoríficos sem abate

Área Útil (m2) <=2.000

Fabricação de embutidos Área Útil (m2) <=2.000 Preparação de conservas de Carne

Área Útil (m2) <=2.000

Beneficiamento e industrialização de leite e seus derivados

Área Útil (m2) <= 250

Fabricação de queijos Área Útil (m2) <= 250 Posto de resfriamento de leite Área Útil (m2) <=2.000 Fabricação de sorvetes/ bolos e tortas geladas/ coberturas

Área Útil (m2) <=2.000

FONTE: Adaptado Resolução Consema nº 102, 2005, anexo CD.

2.2 AGROINDÚSTRIAS LICENCIADAS NO MUNICÍPIO DE ALEGRETE

O município do Alegrete possui diversas agroindústrias em atividade, porém

existe uma estimativa de que metade das agroindústrias não possuem licença

ambiental, ou não protocolaram o pedido de renovação.

O gráfico abaixo evidencia as Agroindústrias licenciadas no âmbito municipal.

Page 13: Agroindústrias em Alegrete-RS, e o Licenciamento Ambiental

13

Fonte: Sistema de Gestão Ambiental da SEMMAM de Alegrete no dia 22 de março de 2011.

As atividades de fabricação de massas alimentícias (inclusive pães, bolachas

e biscoitos), são as agroindústrias mais licenciadas no município de Alegrete sendo

o restante, possui um número bem menor de licenças de operação expedidas.

2.3 O QUE É O LICENCIAMENTO AMBIENTAL

Conforme FARIAS (2010, P. 26): “o licenciamento ambiental deve ser

compreendido como processo administrativo no decorrer ou ao final do qual a

licença ambiental poderá ou não ser concedida”.

O poder público instituído de atribuições que são conferidas através de

normas e legislações específicas, é responsável de realizar o licenciamento

ambiental, dos empreendimentos que poluem ou degradam o meio ambiente.

Podemos definir o licenciamento como o que segue:

Ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente, estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizadoras dos recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental. (Resolução Conama nº 237, 1997, art. 1º Inciso I).

18

12

1 1

padaria posto resfriamento de leite

fabricação de sorvete fabricação de embutidos

fabricação de conservas de carne

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

Atividades

de L

icen

ças

de O

pera

ção

Agroindústrias licenciadas no município de Alegrete

Page 14: Agroindústrias em Alegrete-RS, e o Licenciamento Ambiental

14

A obrigação do poder público em licenciar as atividades que degradam ou

podem vir a degradar o meio ambiente encontram-se elencadas no inciso V do § 1º

do artigo 225 Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, o qual deixa

claro a responsabilidade e obrigação dos órgãos públicos em exercer o

licenciamento e controle das atividades agroindustriais que utilizam recursos

naturais.

Ao deparar-se com o licenciamento de uma agroindústria, atividade utilizadora

de recursos naturais considerada potencialmente poluidora conforme define a Lei

Federal 6.938 de 1981, Política Nacional do Meio Ambiente em seu artigo:

A construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, considerados efetiva e potencialmente poluidores, bem como os capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento de órgão estadual competente, integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente. (Lei Federal 6.938, 1981, art. 10).

Sendo assim definidos como recursos ambientais “a atmosfera, as águas

interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o

subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora (Lei Federal 6.938, 1981, Art. 3º

Inciso V)”.

Nos dispostos da resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente de nº

237 de 19 de dezembro de 1997, são instituídas diversas licenças, uma para cada

fase do projeto agroindustrial, dentre elas existem a Licença Prévia, licença de

instalação, licença de operação e também a licença única objetivando destaque

especial.

2.3.1 Licença Prévia

É concedida antes do planejamento da atividade e aprova a localização da

agroindústria, não eximindo o zoneamento ambiental municipal. Limita-se a

estabelecer critérios para ser cumpridos em fases posteriores a sua implementação.

Nesta fase inicia-se o processo de verificação do local adequado para que a

agroindústria possa instalar-se, sendo assim uma das mais importantes fases do

licenciamento ambiental.

Page 15: Agroindústrias em Alegrete-RS, e o Licenciamento Ambiental

15

É necessário salientar que nesta fase, o empreendedor manifesta sua

intenção de realizar a atividade agroindustrial, não devendo construir ou fazer

funcionar a atividade fim, aguardando as próximas licenças.

Sendo um projeto de grande porte, nesta fase é obrigatória a exigência de

estudo de impacto ambiental e um relatório de impacto ambiental, não descartando

a possibilidade da realização de audiência pública para saber se há necessidade de

estudo de impacto de vizinhança.

A lei municipal definirá os empreendimentos e atividades privados ou públicos em área urbana que dependerão de elaboração de estudo prévia de impacto de vizinhança (EIV) para obter as licenças ou autorizações de construção, ampliação ou funcionamento a cargo do Poder Público municipal. (Lei Federal 10.257, 2001, art. 36).

2.3.2 Licença de Instalação

Esta licença autoriza a instalação da agroindústria de acordo com os projetos

realizados anteriores, necessários na fase da licença prévia.

A construção das instalações iniciar-se-ão com a obtenção desta licença

ambiental.

2.3.3 Licença de Operação

Depois de seguir todos os critérios e fases do licenciamento, será expedida a

licença de operação, autorizando a realização das atividades de funcionamento da

agroindústria, estabelecendo condições e restrições para que o empreendimento

possa funcionar.

É importante salientar que cada licença citada independe das outras, podendo

o poder público autorizar o licenciamento em uma fase e negar em outra fase.

2.3.4 Licença Única

Esta licença foi criada para aquelas atividades que já existiam e procuram a

regularização ambiental.

Page 16: Agroindústrias em Alegrete-RS, e o Licenciamento Ambiental

16

Podemos dizer que a licença única classifica-se como licença de

regularização, pois o estabelecimento já está em funcionamento e procura a

adequação necessária para funcionar.

Para as pequenas agroindústrias, é importante destacar a resolução do

Conama nº 385 de 27 de dezembro de 2006.

Para efeito desta Resolução, agroindústria de pequeno porte e baixo potencial de impacto ambiental é todo o estabelecimento que: I - tenha área construída de até 250 m²; § 1o Os abatedouros não deverão ultrapassar a seguinte capacidade máxima diária de abate: I - animais de grande porte: até 03 animais/dia; II - animais de médio porte: até 10 animais/dia; III - animais de pequeno porte: até 500 animais/dia. § 2o Para estabelecimentos que processem pescados, a capacidade máxima de processamento não poderá ultrapassar 1.500 kg de pescados por dia. (Resolução Conama nº 385, 2006, art. 2º).

A referida resolução foi criada especialmente para aquelas agroindústrias de

pequeno porte, com intuito de diminuir o processo de licenciamento, adotando mais

rapidez e eficiência, sendo uma grande referência para a agilidade no processo de

licenciamento agroindustrial, incentivando o pequeno empreendedor.

Considerando a necessidade de estabelecer procedimentos que agilizem o licenciamento ambiental de agroindústrias de pequeno porte e baixo impacto ambiental; Considerando que agroindústrias de pequeno porte e baixo impacto ambiental produzem reduzido volume de efluentes; Considerando que os resíduos gerados por estas agroindústrias podem ser, em muitos casos, aproveitados como alimento para os animais e/ou como composto orgânico na produção de matéria prima, bem como fonte alternativa de renda; Considerando que a agroindústria de pequeno porte é um importante instrumento para geração de trabalho e renda; Considerando os termos do art. 12, §§ 2o e 3o, da Resolução CONAMA nº 237, de 19 de dezembro de 1997; Considerando os parâmetros estabelecidos pela legislação sanitária vigente, resolve: Art. 1º Estabelecer procedimentos a serem adotados para o licenciamento ambiental de agroindústrias de pequeno porte e baixo potencial de impacto ambiental. (Resolução Conama nº 385, 2006, art. 1º).

Page 17: Agroindústrias em Alegrete-RS, e o Licenciamento Ambiental

17

2.3.5 Prazo Legal para o Licenciamento

Muitos empreendedores questionam a demora para que o licenciamento

agroindustrial seja efetivado. As causas e problemas que acarretam na morosidade

do poder público em licenciar empreendimentos são muitas, principalmente

financeira.

Com base nas reclamações diárias ocorridas, é justo mencionar a resolução

do CONAMA nº 237 do ano de 1997, estabelecendo prazos legais para que o órgão

responsável licencie o empreendimento.

Artigo 14 – O órgão ambiental competente poderá estabelecer prazos de análise diferenciados para cada modalidade de licença (LP, LI e LO), em função das peculiaridades da atividade ou empreendimento, bem como para a formulação de exigências complementares, desde que observado o prazo máximo de 6 (seis) meses a contar do ato de protocolar o requerimento até seu deferimento ou indeferimento, ressalvados os casos em que houver EIA/RIMA e/ou audiência pública, quando o prazo será de até 12 (doze) meses. (Resolução Conama nº 237, 1997, art. 14 caput).

2.3.6 Renovação da Licença Ambiental

No processo de renovação da licença ambiental, deve se dada a devida

atenção na data de entrada do pedido de renovação.

Ao protocolar o pedido de renovação, observando o período que o poder

público tem para licenciar, é de suma importância saber o que segue.

§4º – A renovação da Licença de Operação (LO) de uma atividade ou empreendimento deverá ser requerida com antecedência mínima de 120 (cento e vinte) dias da expiração de seu prazo de validade, fixado na respectiva licença, ficando este automaticamente prorrogado até a manifestação definitiva do órgão ambiental competente. (Resolução Conama nº 237, 1997, art. 18, inciso III § 4º).

3 A COMPETÊNCIA PARA O LICENCIAMENTO

A competência para realizar o licenciamento ambiental, é da União, dos

Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, respeitando suas atribuições.

Page 18: Agroindústrias em Alegrete-RS, e o Licenciamento Ambiental

18

No caso do licenciamento municipal, considera-se competente para o

licenciamento agroindustrial de impacto local, como prevê a resolução nº 102, de

1995 do Conselho Estadual do Meio Ambiente.

Art. 1º - Compete ao órgão ambiental municipal, ouvidos os órgãos competentes da União e do Estado, quando couber, o licenciamento ambiental dos empreendimentos e atividades relacionadas no Anexo Único, parte integrante desta Resolução, onde, também, estão fixados os respectivos portes, que lhes caracterizam como de impacto local. (Resolução Consema nº 102, 2005, art. 1º).

O tamanho da área útil construída da Agroindústria define o porte do

empreendimento, definindo o impacto ambiental. Sendo assim, uma agroindústria de

área útil de até 250 m2 de edificação, será competência Municipal para efetivar seu

licenciamento.

Se porventura esta Agroindústria vier a aumentar suas instalações e sua área

construída ultrapassar as especificações contidas no anexo único da referida

resolução, a competência retornará ao Estado, deixando de ser atribuição Municipal.

4 A RESPONSABILIDADE PELA AGROINDÚSTRIA

Todo Tecnólogo em Agroindústria, dotado das funções que lhes são

atribuídas em sua formação acadêmica possui a responsabilidade técnica pela

agroindústria ao qual é responsável.

O título de Tecnólogo em Agroindústria habilita o profissional a confeccionar

laudos, pareceres dentro de suas limitações e reservas de mercado. Ao inserir-se no

mercado de trabalho o Tecnólogo em Agroindústria devidamente registrado no

Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia da sua região, pode

emitir anotação de responsabilidade técnica, mais conhecida como ART.

O licenciamento ambiental de agroindústrias poderá ser feito pelo Tecnólogo

em Agroindústria, respeitando suas competências e atribuições abaixo citadas.

Através do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, é

regulada as atribuições gerais dos Tecnólogos em sua resolução nº 313 de 26 de

setembro de 1986.

Page 19: Agroindústrias em Alegrete-RS, e o Licenciamento Ambiental

19

Art. 3º - As atribuições dos Tecnólogos, em suas diversas modalidades, para efeito do exercício profissional, e da sua fiscalização, respeitados os limites de sua formação, consistem em: 1) elaboração de orçamento; 2) padronização, mensuração e controle de qualidade; 3) condução de trabalho técnico; 4) condução de equipe de instalação, montagem, operação, reparo ou manutenção; 5) execução de instalação, montagem e reparo; 6) operação e manutenção de equipamento e instalação; 7) execução de desenho técnico. Parágrafo único - Compete, ainda, aos Tecnólogos em suas diversas modalidades, sob a supervisão e direção de Engenheiros, Arquitetos ou Engenheiros Agrônomos: 1) execução de obra e serviço técnico; 2) fiscalização de obra e serviço técnico; 3) produção técnica especializada.

Art. 4º - Quando enquadradas, exclusivamente, no desempenho das atividades referidas no Art. 3º e seu parágrafo único, poderão os Tecnólogos exercer as seguintes atividades: 1) vistoria, perícia, avaliação, arbitramento, laudo e parecer técnico; 2) desempenho de cargo e função técnica; 3) ensino, pesquisa, análise, experimentação, ensaio e divulgação técnica, extensão. Parágrafo único - O Tecnólogo poderá responsabilizar-se, tecnicamente, por pessoa jurídica, desde que o objetivo social desta seja compatível com suas atribuições. (Resolução Confea nº 313, 1986, art. 3º e 4º).

5 SANSÕES IMPOSTAS NO DESCUMPRIMENTO DAS LICENÇAS AMBIENTAIS

A responsabilidade pelo funcionamento da agroindústria é de todos os

envolvidos no processo produtivo: seus colaboradores, responsáveis técnicos e

proprietários.

A lei dos Crimes Ambientais deixa clara a responsabilidade pela atividade fim.

Art. 2º. Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la. Art. 3º. As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício de sua entidade. Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato. (Lei Federal nº 9.605, 1998, arts. 2º e 3º).

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Sendo assim, todos envolvidos no processo produtivo da agroindústria

poderão ser responsabilizados pela ação ou omissão, que implique em delitos contra

o meio ambiente.

O simples descumprimento de uma condição ou restrição imposta na licença

de operação pode causar sérios transtornos para a agroindústria. Transtornos que

vão de multa e responsabilização criminal, cível e administrativa, nas três esferas,

como o embargo e suspensão das atividades e até mesmo a interdição da

agroindústria.

Segundo COPOLA (2008, P. 36): “as pessoas jurídicas tanto de direito

privado, quanto de direito público, são responsáveis por crimes praticados contra o

meio ambiente”. Caracteriza-se que uma agroindústria de instituição pública ou da

iniciativa privada, respondem igualmente em crimes previstos na legislação vigente.

A suspensão das atividades agroindustriais será decretada se constatado o

dano ao meio ambiente. O termo de liberação de empreendimento será lavrado

quando a autoridade ambiental constatar a adequação necessária foi realizado ou foi

regularizada sua situação.

5.1 IMPACTOS CAUSADOS PELA AGROINDÚSTRIA

Os produtos e serviços de uma organização, quando interagem com o meio

ambiente, podem ser vistos num aspecto ambiental de forma positiva e de forma

negativa, isto é a interferência causada no meio ambiente, ou seja, impacto

ambiental.

Os impactos ambientais podem caracterizar-se de forma positiva no sentido

da prestação de serviços a comunidade, criação de novas tecnologias e vagas de

emprego.

De outro lado existem os impactos negativos causados pela agroindústria, tais como:

utilização de recursos finitos de forma inadequada, poluição hídrica, atmosférica e de

resíduos sólidos.

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6 ATIVIDADES REALIZADAS NA SEMMAM

No decorrer do estágio foram realizadas atividades referentes ao

licenciamento de agroindústrias no município de Alegrete, sendo padarias,

abatedouros, e demais atividades, sempre voltando para a atividade agroindustrial,

sendo criado o termo de Referência Ambiental que é um instrumento importante de

auxílio ao licenciamento ambiental, conforme Apêndice “C”.

Os serviços realizados para o licenciamento começam a partir da entrada do

protocolo de solicitação das licenças até o trabalho de campo que resulta em

vistorias realizadas no local.

A Secretaria Municipal do Meio Ambiente localiza-se no Centro Administrativo

do município de Alegrete conforme figura 1:

Figura 1: Centro Administrativo Municipal.

6.1 COMPOSIÇÃO DOS SERVIDORES DA SEMMAM

A Secretaria Municipal do Meio Ambiente é composta por um Secretário,

nomeado pelo prefeito do município ao qual é responsável por toda secretaria, um

Diretor Geral, também nomeado pelo prefeito municipal, um diretor de Fiscalização,

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cargo efetivo, uma Bióloga, um Técnico Agrícola, dois fiscais ambientais um

motorista e dois agentes administrativos.

Figura 2: Corpo Técnico da SEMMAM.

6.2 ORGANOGRAMA DA SEMMAM

Quadro de funcionários que compõem o efetivo orgânico da Secretaria

Municipal do Meio Ambiente, evidenciado conforme organograma abaixo,

especificando as funções e atribuições de cada servidor conforme figura 3.

Figura 3: Organograma da SEMMAM

SECRETÁRIO

DIRETOR DE FISCALIZAÇÃO

FISCAIS

CORPO TÉCNICO

LICENCIAMENTO

TÉCNICOS ADNINISTRATIVOS

ORGANIZACIONAL

DIRETOR GERAL

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6.3 CRITÉRIOS DO LICENCIAMENTO DE PADARIAS

No âmbito municipal como citado, foram desenvolvidas atividades em

padarias de até 2.000 m2, o qual é enquadrado como fabricação de massas

alimentícias (inclusive pães), bolachas e biscoitos onde todos estes

empreendimentos são chamados de padarias.

Para dar início ao licenciamento destas atividades devem-se providenciar os

seguintes documentos:

a. Preenchimento do formulário da atividade disponível no site da Prefeitura

Municipal ou disponível junto à SEMMAN;

b. Cópia da matrícula do registro de imóveis, podendo ser o contrato de compra

e venda, contrato de arrendamento ou posse da área do projeto;

c. Certidão de Zoneamento junto a Secretaria de Infraestrutura, informando se o

empreendimento está em zona urbana/rural e se há restrições;

d. Cópia do CPF e RG do requerente e CNPJ da empresa se houver;

e. Alvará de Prevenção e Proteção Contra Incêndios (PPCI) dos Bombeiros;

f. Certidão de registro no Cadastro Florestal/RS, se não utilizar forno a gás e

sim matéria-prima de origem florestal;

g. Comprovante periódico de controle de vetores;

h. Comprovante de pagamento dos custos dos serviços de licenciamento

ambiental.

i. Anotação de Responsabilidade Técnica (Tecnólogo em Agroindústria).

Providenciado estes requisitos, será dado início no licenciamento ambiental,

após entrada de todos os documentos via protocolo geral na PMA e posterior será

realizada a vistoria no local a finalização do processo ao qual será emitida a Licença

de Operação para a atividade dando publicidade ao licenciamento.

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6.3.1 Atividades realizadas em padarias no município de Alegrete

Nestas atividades foram verificadas as condições das instalações conforme

roteiro de fiscalização e licenciamento, observadas as características de cada

agroindústria.

Observou se era solicitada uma licença de regularização ou de instalação do

empreendimento, caso sendo licença de regularização poderia ser dado o

indeferimento do estabelecimento se estivesse em desacordo com o plano diretor

municipal.

As instalações das padarias em sua maioria estavam dentro dos padrões

cobrados tanto nas legislações ambientais tão como de segurança alimentar.

Figura 4: fábrica de massas alimentícias 1.

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Figura 5: Fábrica de massas alimentícias 2.

Em algumas padarias vistoriadas foi constatado que obedeciam todas as

legislações ambientais necessárias, consideradas aptas a exercer a atividade fim,

porém existiam algumas desconformidades sanitárias ao qual foram orientada

referente às normas previstas.

Figura 6: Utensílios acondicionados de forma irregular.

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6.4 CRITÉRIOS DO LICENCIAMENTO DE ABATEDOUROS

Os abatedouros são agroindústrias importantíssimas na região da fronteira-

oeste. Estão diretamente ligados a produção primária do pequeno produtor rural.

Neste ínterim, é necessário que os abatedouros estejam preparados para

recepção da produção primária e adequados à legislação ambiental, devido seu

grande volume de efluentes gerados.

As atribuições municipais para realizar o licenciamento de abatedouros

começam com a avaliação da área de utilização da plataforma do estabelecimento,

não podendo ser maior que 250 m2 de edificações, não contabilizando os currais de

recepção e a área de terra da propriedade.

Posterior a análise do tamanho as área útil do estabelecimento o

empreendedor iniciará o processo de licenciamento conforme os quesitos abaixo

relacionados:

a. Preenchimento do formulário da atividade disponível no site da

Prefeitura Municipal ou disponível junto à SEMMAN;

b. Cópia da matrícula do registro de imóveis, podendo ser o contrato de

compra e venda, contrato de arrendamento ou posse da área do projeto;

c. Certidão de Zoneamento junto a Secretaria de Infraestrutura,

informando se o empreendimento está em zona urbana/rural e se há restrições;

d. Cópia do CPF e RG do requerente e CNPJ da empresa se houver;

e. Alvará de Prevenção e Proteção Contra Incêndios (PPCI) dos

Bombeiros;

f. Certidão de registro no Cadastro Florestal/RS;

g. Comprovante periódico de controle de vetores;

h. Croqui de acesso à propriedade, localizando a área da atividade;

i. Planta da propriedade, indicando a área da atividade, recursos

hídricos, e se houver Área de Preservação Permanente;

j. Memorial descritivo do projeto, contendo informações sobre as

construções, descrição do cronograma das atividades;

k. Laudo biológico (fauna e flora), contendo a caracterização das

formações vegetais ocorrentes se houver;

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l. Na hipótese da totalidade ou parte da área a ser instalada a atividade,

e estar ocupada for floresta secundária em estágio inicial de regeneração natural

(capoeira), deverão ser feitos levantamentos quali-quantitativo e a autorização para

o descapoeiramento emitida pela SEMMAM;

m. No caso de haver sítios arqueológicos, paleontológicos, históricos

culturais ou Área de Proteção Ambiental (APA), deverá ser apresentada a anuência

de ambos;

n. Plano de gerenciamento de resíduos sólidos, e efluentes;

o. Cópia da ART do técnico responsável pelo projeto;

p. Cópia da ART do técnico responsável pelos laudos técnicos;

q. Outorga do uso da água emitida pelo Departamento de Recursos

Hídricos do Estado (DRH/SEMA);

r. Comprovante de pagamento dos custos dos serviços de licenciamento

ambiental.

6.4.1 Atividades realizadas em abatedouros

Em atividades de vistorias realizadas em abatedouros foi possível trabalhar

em conjunto com outros órgãos ambientais, na fiscalização e proteção ambiental.

O 2º Grupo de Polícia Ambiental da Brigada Militar atuou em conjunto com a

SEMMAN na atividade de fiscalização em abatedouros no município de Alegrete no

período do estágio curricular obrigatório.

Além de fazer cumprir a legislação ambiental vigente, era possível observar o

cumprimento dos dispositivos legais previstos para atividades potencialmente

poluidoras sem licença expedida pelo órgão ambiental competente.

Os abatedouros sem licença ou em desacordo eram autuados e notificados

para sua adequação, e em alguns casos era realizado o embargo e suspensão das

atividades até a regularização conforme preconiza a legislação ambiental.

Art. 72. As infrações administrativas são punidas com as seguintes sanções, observado o disposto no art. 6º: I - advertência; II - multa simples; III - multa diária; IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, instrumentos,

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28

petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na infração; V - destruição ou inutilização do produto; VI - suspensão de venda e fabricação do produto; VII - embargo de obra ou atividade; (Lei Federal nº 9.605, 1998, art.. 72).

O embargo e suspensão das atividades previsto em lei é uma maneira de

forçar a adequação das atividades para que sejam utilizados os recursos ambientais

disponíveis de uma forma racional e em harmonia com o uso sustentável de

matérias-primas usadas nos abatedouros.

Conforme a figura abaixo é possível observar um abatedouro fiscalizado sem

estação de tratamento de efluentes eficaz, resultando em poluição ambiental,

inclusive sem um plano de gerenciamento de resíduos necessário para a emissão da

licença de operação.

Figura 7: Abatedouro sem tratamento de efluentes.

Nos abatedouros eram observados os depósitos temporários de resíduos,

muitas vezes sem impermeabilidade necessária, os efluentes percolados no solo de

uma maneira sem eficiência.

Cabe salientar que na devida licença ambiental são impostas condições e

restrições para o bom funcionamento da Agroindústria.

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Figura 8: Depósito temporário não impermeabilizado.

Em alguns abatedouros era possível visualizar o grande acúmulo de resíduos

no interior do estabelecimento, dando uma impressão de desorganização e falha no

gerenciamento de resíduos, onde muitas vezes não havia planilhas de controle e

gerenciamento de resíduos.

Figura 9: Disposição de resíduos de forma irregular 1.

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Figura 10: Disposição de resíduos de forma irregular 2.

O gerenciamento de resíduos pode ser considerado um pré-tratamento de

efluentes. Grande parte dos efluentes gerados nos abatedouros são descartados e

direcionados, diretamente para as estações de tratamentos, com isso aumentando

de forma considerável a carga orgânica das lagoas de tratamento de efluentes.

Os abatedouros são atividades que consomem grandes quantidades de água

no processo industrial, tendo um melhor tratamento com o gerenciamento de

resíduos antes do direcionamento das estações de tratamento.

7 PROCEDIMENTOS REALIZADOS NA FISCALIZAÇÃO DE AGROINDÚSTRIAS NO MUNICÍPIO DE ALEGRETE

Nas atividades da SEMMAN, eram agendadas operações de fiscalização em

conjunto com órgãos municipais e estaduais de fiscalização.

Pelo menos uma vez por semana eram realizadas fiscalizações em conjunto

com a PATRAM para verificar as situações que se encontravam as atividades

agroindustriais.

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31

A atuação em conjunto resultava em uma eficaz fiscalização, tendo

direcionamento diferente conforme a situação encontrada da agroindústria.

7.1 PROCEDIMENTOS EM AGROINDÚSTRIAS DEVIDAMENTE LICENCIADAS

Ao constatar que a agroindústria cumpriu com todas as normas pertinentes a

legislação ambiental em vigor, posterior a vistoria realizada nas instalações,

verificação das condições e restrições impostas, era solicitada cópia da LO para

arquivar, comprovando a fiscalização realizada no dia.

7.2 PROCEDIMENTOS EM AGROINDÚSTRIAS NÃO LICENCIADAS

Em vistoria no estabelecimento agroindustrial, após solicitação das licenças

ambientais, caso verificado que o empreendimento não era possuidor das mesmas,

e realizada vistoria detalhada no local eram confeccionados vários documentos no

local da infração ambiental.

7.2.1 Lavratura de Termo Circunstanciado

Ao deparar-se com um empreendimento potencialmente poluidor sem LO,

perante a legislação ambiental em vigor, considera-se que o estabelecimento está

praticando o crime ambiental, ou seja, segundo COPOLA (2008, P. 160): “toda obra

ou serviço potencialmente poluidor depende de prévio licenciamento ou prévia

autorização da autoridade competente para o seu devido e regular funcionamento”.

A lavratura do termo circunstanciado tem amparo legal no artigo 60 da Lei dos

Crimes Ambientais.

Art. 60: Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer parte do território nacional, estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, ou contrariando as normas legais e regulamentares pertinentes: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. (Lei Federal nº 9.605, 1998, art.. 60).

Page 32: Agroindústrias em Alegrete-RS, e o Licenciamento Ambiental

32

O termo circunstanciado trata-se de uma prisão em flagrante para os crimes

de menor potencial ofensivo, com pena de até dois anos, sendo lavrado no local e

liberada a parte autora do fato o responsável pela infração ambiental, se

responsabilizando do comparecimento em data e hora marcadas, para a audiência

no Juizado Especial Criminal.

7.2.2 Responsabilização Administrativa

Sendo realizada a autuação ambiental, será comunicada a autoridade

administrativa, encaminhada cópia de toda documentação para a autoridade

administrativa responsável pela agroindústria autuada, podendo ser a própria

SEMMAM, a FEPAM ou até mesmo o IBAMA.

A autuação administrativa é realizada por uma junta de julgamento de

recursos administrativos, no caso municipal o Conselho do Meio Ambiente.

A parte administrativa nada mais é do que a multa lavrada pelo delito

ambiental.

Segundo TRENNEPOHL (2009, P. 53): “pode ocorrer à lavratura de autos de

infração sem a presença e a assinatura do infrator, tanto por estar o mesmo ausente

ou por evadir-se do local da autuação”.

O valor aplicado na multa administrativa da atividade potencialmente

poluidora sem licença expedida pelo órgão competente é evidenciada no Decreto

Federal nº 6.514, 2008.

Art. 66. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores ou utilizadores de recursos naturais, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, em desacordo com a licença obtida ou contrariando as normas legais e regulamentos pertinentes: Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais).

7.2.3 Responsabilização Civil da Agroindústria

A responsabilização civil pela infração ambiental trata-se da reparação do

dano causado no meio ambiente.

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Uma cópia de toda documentação é remetida ao Ministério Público Estadual,

que posterior o infrator será intimado para comparecer em audiência com o promotor

de justiça ao qual poderá propor um Termo de Ajustamento de Conduta Ambiental,

podendo deduzir até 90% do valor da reparação do dano causado.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho oportunizou aprimorar os conhecimentos teóricos e

práticos e a aplicação dos mesmos através das visitas fiscalizatória aos

estabelecimentos agroindustriais do município de Alegrete.

Foi possível observar que na maioria dos estabelecimentos visitados, grande

parte alegam o desconhecimento da legislação ambiental em vigor, por isso foi

direcionado o estágio com intuito de divulgar e detectar os problemas no processo

de licenciamento.

Também com os demais trabalhos realizados pode-se perceber que na

fiscalização das atividades agroindustriais foi possível ver que existe uma falha de

comunicação de fácil correção junto ao protocolo municipal, que o empreendedor ao

protocolar o pedido de solicitação de alvará de localização municipal, não é

informado se é necessária à licença ambiental.

Page 35: Agroindústrias em Alegrete-RS, e o Licenciamento Ambiental

35

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

LEI FEDERAL nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, (Política Nacional do Meio

Ambiente). Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e

mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências.

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, de 5 de outubro de

1988, (Carta Magma).

LEI FEDERAL nº 10.257 de 10 de julho de 2001, (Estatuto das Cidades).

Regulamenta os arts. 182 e 183 da Constituição Federal, estabelece diretrizes gerais

da política urbana e dá outras providências.

LEI FEDERAL nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, (Lei dos Crimes Ambientais).

Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e

atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências.

DECRETO FEDERAL nº 6.514 de 22 de julho de 2008, (Dispõe sobre as infrações e

sanções administrativas ao meio ambiente). Estabelece o processo administrativo

federal para apuração destas infrações, e dá outras providências.

RESOLUÇÃO CONSEMA nº 102 de 24 de maio de 2005, Dispõe sobre os critérios

para o exercício da competência do Licenciamento Ambiental Municipal no âmbito

do Estado do Rio Grande do Sul.

RESOLUÇÃO CONAMA nº 237 de 19 de dezembro de 1997, Dispõe sobre

licenciamento ambiental; competência da União, Estados e Municípios; listagem de

atividades sujeitas ao licenciamento; Estudos Ambientais, Estudo de Impacto

Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental.

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36

RESOLUÇÃO CONAMA nº 385 de 27 de dezembro de 2006, Estabelece

procedimentos a serem adotados para o licenciamento ambiental de agroindústrias

de pequeno porte e baixo potencial de impacto ambiental.

RESOLUÇÃO DO CONFEA nº 313 de 26 de setembro de 1086, Dispõe sobre o

exercício profissional dos Tecnólogos das áreas submetidas à regulamentação e

fiscalização instituídas pela Lei nº 5.194, de 24 DEZ 1966, e dá outras providências.

CNAE, Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Disponível em

<http://www.cnae.ibge.gov.br/divisao.asp?coddivisao=10&CodSecao=C&TabelaB

usca=CNAE_200@CNAE 2.0@0@cnae@0>. Acesso em: 09 set. 2010.

FARIAS. Licenciamento Ambiental. 2. ed. Belo Horizonte: Fórum, 2010. 214 p.

COPOLA. A Lei dos Crimes Ambientais comentada artigo por artigo. 1. Ed. Belo

Horizonte: Fórum, 2008. 223 p.

TRENNEPOHL. Infrações contra o meio ambiente: Multas, sansões e processo

administrativo. 2. Ed. Belo Horizonte: Fórum, 2009. 520 p.