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AGRICULTURA FAMILIAR NO BRASIL A agricultura familiar corresponde à produção agropecuária realizada por pequenos produtores em que o sistema agropecuário é mantido pelo núcleo familiar e, no máximo, por alguns poucos funcionários assalariados. Essa prática refere-se, portanto, a pequenas propriedades rurais, nunca maiores que quatro módulos fiscais. Um módulo fiscal, resumidamente, é uma unidade de terra cujo tamanho é definido pelo poder municipal e varia entre 5 e 100 hectares. A importância da agricultura familiar no Brasil está na grande produção de alimentos que essa atividade realiza, pois, na maioria dos casos, os agricultores familiares não direcionam suas mercadorias ao mercado externo, mas sim para o atendimento imediato de sua produção. Não se pode generalizar, mas, na maioria dos casos, os produtores familiares não utilizam uma grande quantidade de agrotóxicos, fato que associa, muitas vezes, a agricultura familiar à agricultura orgânica. Outra característica é que esse segmento da economia agrícola não emprega uma grande quantidade de maquinários, algo mais comum nas grandes propriedades, não havendo, portanto, a substituição do trabalhador do campo pelos equipamentos. No Brasil, apenas 20% das terras agricultáveis pertencem aos pequenos produtores familiares, segundo dados do Censo Agropecuário. Mesmo assim, a agricultura familiar é responsável por mais de 80% dos empregos gerados no campo, o que evidencia a importância desse segmento na geração de trabalho e renda e também na contenção do êxodo rural . Ainda segundo o Censo Agropecuário, mesmo com a pequena proporção das terras no país, a agricultura familiar é responsável por: - 87% da produção de mandioca - 70% da produção de feijão - 59% da criação de suínos - 58% da produção de leite - 50% da criação de aves - 46% da produção de milho - 38% da produção de café

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AGRICULTURA FAMILIAR NO BRASIL

A agricultura familiar corresponde à produção agropecuária realizada por pequenos produtores em que o sistema agropecuário é mantido pelo núcleo familiar e, no máximo, por alguns poucos funcionários assalariados. Essa prática refere-se, portanto, a pequenas propriedades rurais, nunca maiores que quatro módulos fiscais. Um módulo fiscal, resumidamente, é uma unidade de terra cujo tamanho é definido pelo poder municipal e varia entre 5 e 100 hectares. A importância da agricultura familiar no Brasil está na grande produção de alimentos que essa atividade realiza, pois, na maioria dos casos, os agricultores familiares não direcionam suas mercadorias ao mercado externo, mas sim para o atendimento imediato de sua produção. Não se pode generalizar, mas, na maioria dos casos, os produtores familiares não utilizam uma grande quantidade de agrotóxicos, fato que associa, muitas vezes, a agricultura familiar à agricultura orgânica. Outra característica é que esse segmento da economia agrícola não emprega uma grande quantidade de maquinários, algo mais comum nas grandes propriedades, não havendo, portanto, a substituição do trabalhador do campo pelos equipamentos. No Brasil, apenas 20% das terras agricultáveis pertencem aos pequenos produtores familiares, segundo dados do Censo Agropecuário. Mesmo assim, a agricultura familiar é responsável por mais de 80% dos empregos gerados no campo, o que evidencia a importância desse segmento na geração de trabalho e renda e também na contenção do êxodo rural. Ainda segundo o Censo Agropecuário, mesmo com a pequena proporção das terras no país, a agricultura familiar é responsável por: - 87% da produção de mandioca

- 70% da produção de feijão

- 59% da criação de suínos

- 58% da produção de leite

- 50% da criação de aves

- 46% da produção de milho

- 38% da produção de café

- 34% da produção de arroz

- 30% da criação de bovinos

- 21% da produção de trigo

Podemos notar que todas as porcentagens acima apresentadas indicam uma proporcionalidade maior do que a quantidade de terrenos disponíveis para a agricultura familiar, o que denuncia a necessidade de maior democratização das propriedades rurais do país, gerando maior espaço para os pequenos produtores em face dos grandes e abrangentes latifúndios, alguns destes totalmente improdutivos. Em resumo, mesmo com 1/5 (um quinto) das áreas agrícolas do Brasil, a agricultura familiar é responsável por cerca de 1/3 (um terço) da produção total. Isso prova o grande índice de produtividade dos pequenos produtores no país. A grande questão é a carência de incentivos públicos para esse setor e a grande concentração fundiária existente em nosso país, fatores que dificultam a melhoria desses números. Por Me. Rodolfo Alves Pena

http://escolakids.uol.com.br/agricultura-familiar.htm

https://www.google.com.br/search?q=agricultura+familiar&biw=1366&bih=662&tbm=isch&imgil=20PkOaps5V9xSM%253A%253B0J9bcVNr8-oqbM%253Bhttp%25253A%25252F%25252Fagronegociointerior.com.br%25252Fagricultura-familiar-2%25252F&source=iu&pf=m&fir=20PkOaps5V9xSM%253A%252C0J9bcVNr8-oqbM%252C_&usg=__3Xj1_OTZcdZmrGkZS-xKk9zRRwk%3D&dpr=1&ved=0ahUKEwjRn-

6LsqXPAhXCEJAKHStgCeYQyjcIYg&ei=whLlV9G2C8KhwASrwKWwDg#imgrc=ddm4fldEkOkLCM%3A EXODO RURAL, CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS

Introdução Podemos definir êxodo rural como sendo o deslocamento de pessoas da zona rural (campo) para a zona urbana (cidades). Ele ocorre quando os habitantes do campo visam obter condições de vida melhor. Causas Os principais motivos que fazem com que grandes quantidades de habitantes saiam da zona rural para as grandes cidades são: busca de empregos com boa remuneração, mecanização da produção rural, fuga de desastres naturais (secas, enchentes, etc), qualidade de ensino e necessidade de infra-estrutura e serviços (hospitais, transportes, educação, etc). Consequências O êxodo rural provoca, na maioria das vezes, problemas sociais. Cidades que recebem grande quantidade de migrantes, muitas vezes, não estão preparadas para tal fenômeno. Os empregos não são suficientes e muitos migrantes partem para o mercado de trabalho informal e passam a residir em habitações sem boas condições (favelas, cortiços, etc). Além do desemprego, o êxodo rural descontrolado causa outros problemas nas grandes cidades. Ele aumenta em grandes proporções a população nos bairros de periferia das grandes cidades. Como são bairros carentes em hospitais e escolas, a população destes locais acabam sofrendo com o atendimento destes serviços. Escolas com excesso de alunos por sala de aula e hospitais superlotados são as consequências deste fato.

Os municípios rurais também acabam sendo afetados pelo êxodo rural. Com a diminuição da população local, diminui a arrecadação de impostos, a produção agrícola decresce e muitos municípios acabam entrando em crise. Há casos de municípios que deixam de existir quando todos os habitantes deixam a região.

ÊXODO RURAL NA HISTÓRIA Roma Antiga: durante o Império Romano, a mão-de-obra escrava foi substituindo o trabalho livre na zona rural. Estes camponeses começaram a migrar em grande quantidade para as cidades romanas, principalmente, a capital do império, Roma. Esta legião de desocupados passou a preocupar os imperadores, que tinham medo de revoltas. Criaram, pare evitar problemas sociais nas cidades, a política do pão-e-circo (comida e diversão para acalmar e distrair os desempregados). Idade Média: entre os séculos XIII e XV (Baixa Idade Média), o comércio voltou a ser praticado, impulsionando o surgimento e desenvolvimento de cidades. Uma nova classe social surgiu, a burguesia. Muitos camponeses deixavam a zona rural em busca de melhores condições de vida nestas cidades. Revolução Industrial: com o surgimento das indústrias no século XVIII, as grandes cidades européias passaram a atrair grandes quantidades de camponeses. Estes buscavam trabalho nas fábricas e melhores salários. Brasil (década de 1960): durante o governo de JK (Juscelino Kubitschek) houve um grande investimento no desenvolvimento industrial nas grandes cidades da região Sudeste. Com a abertura da economia para o capital internacional, diversas multinacionais, principalmente montadoras de veículos, construíram grandes fábricas em cidades como São Paulo, São Bernardo do Campo, Guarulhos, Santo André, Diadema, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. O resultado disso foi um grande êxodo rural do Nordeste para o Sudeste do país. Os migrantes nordestinos, fugitivos da seca do Nordeste e do desemprego, foram em busca de trabalho e melhores condições de vida nas grandes cidades do Sudeste. Este processo estendeu-se com força durante as décadas de 70 e 80. Como estas cidades não ofereceram condições sociais aos migrantes, houve o esperado: aumento das favelas e cortiços, desemprego (muitos migrantes não tinham qualificação profissional para os empregos) aumento da violência, principalmente nos bairros de periferia. Outro fato relacionado ao êxodo rural ocorreu com a construção de Brasília, no final da década de 1950. Muitos migrantes do Norte e Nordeste do país foram em busca de empregos na região central do país, principalmente na construção

civil. As cidades satélites de Brasília cresceram desordenadamente, causando vários problemas sociais, que persistem até os dias de hoje. Você sabia? - Comemora-se em 19 de junho o Dia do Migrante.

MOVIMENTO DOS TRABALHADORES SEM

TERRA – REFORMA AGRÁRIA

"Tenho orgulho de ser agricultora, de botar a

mão na terra, de ter minhas mãos calejadas”

Assentados da Reforma Agrária contam a trajetória da conquista pela terra, as

dificuldades enfrentadas e o resultado da luta.

1 de junho de 2015 17h09

Da Página do MST

Marinês Riva e José Mariano Matias eram um dos casais entre as 80 famílias que chegaram a Eldorado do Sul, em 1991, após grande mobilização e forte pressão popular que uniu em marcha, de Bagé a Porto Alegre (RS), centenas de trabalhadores e trabalhadoras*.

Na época, os trabalhadores rurais reivindicavam, ao então governador Alceu Collares, o assentamento das famílias acampadas no estado.

Passado alguns anos de luta, os Sem Terra viram seus frutos colhidos ao serem assentados numa área de 1.100 hectares, que pertencia ao Instituto Riograndense de Arroz (Irga). A conquista veio e criaram o Assentamento Integração Gaúcha, em Eldorado do Sul (RS). As dificuldades, porém, persistiam.

“Éramos aqueles que ninguém queria por perto. As pessoas da cidade nos respeitavam porque temiam que invadíssemos suas casas, as suas lojas. Muitas vezes fomos à cidade pedir água para beber e tivemos as portas fechadas. Fomos vítimas de preconceito e sabíamos que tínhamos que provar porque é que estávamos lá”, recordou Marinês.

Além do preconceito social e da dificuldade de encontrar água potável para saciar a sede, as famílias tiveram que resistir à falta de alimentos e buscar alternativas para garantir uma melhor qualidade de vida no assentamento.

Marinês e Mariano, em bate-papo com jovens sobre o processo da luta pela terra. “Chegamos a Eldorado com vontade de construir e produzir, de sair da condição difícil que enfrentávamos já havia cinco anos, mas tivemos muitas frustrações por não saber como trabalhar com aquela terra”, conta a camponesa.

Era uma terra alagada, destinada à produção de arroz, diferente daquela argilosa que estavam acostumados.

Com isso, “um dos maiores problemas que enfrentamos na época foi a fome. Perdemos os plantios de soja e feijão por causa do alagamento. Por não ter o que comer, até sopa de grama experimentamos. Não tínhamos água potável por perto, não existia energia elétrica, e muitas crianças morreram por causa da desnutrição”, recorda Marinês.

No começo, as hortas garantiam o sustento. Com o tempo, passaram a vender os produtos em feiras. Mudança

A difícil realidade das famílias começou a mudar quando passaram a ter maior

conscientização ambiental e melhor conhecimento sobre o modelo agroecológico de produção.

No começo, passaram a investir em hortas que garantissem o sustento e, com o tempo, passaram a vender os produtos de porta em porta.

“Depois fomos apresentados para a feira ecológica, onde já contribuímos há 21 anos. Na época, também começamos a produzir pão orgânico. Hoje, nosso assentamento possui uma panificadora que produz 22 tipos de pães, além de bolos, bolachas e outros alimentos”, conta Marinês com orgulho.

O resultado deste processo está na organização e produção das famílias. Atualmente, as 70 famílias assentadas no Integração Gaúcha organizam suas produções por meio de cooperativas ou pequenos grupos familiares.

No assentamento, há centro comunitário, escola de educação infantil, e outros espaços que contemplam em atividades todas as faixas etárias.

Lá, existe também uma das maiores produções de arroz ecológico do estado gaúcho. As famílias do assentamento são responsáveis por produzirem mais de 200 hectares de arroz orgânico, colhendo em média 100 sacas por hectare.

Plantação de arroz no assentamento Integração Gaúcha. Foto: Ramiro Furquim/Sul21 Por Catiana de Medeiros

A organização dos camponeses resultou ainda em oito hortas orgânicas, distribuídas em seis hectares. Além do abastecimento das famílias assentadas, a produção é destinada para feiras ecológicas, mercados, fruteiras, escolas e ao Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).

Jovens participam do bate-papo com Marinês e Mariano. Matias conta que agora as famílias também pretendem passar a investir na produção de leite orgânico.

“Para nós a Reforma Agrária é repartir aquilo que conquistamos, oferecendo ao consumidor o melhor que podemos. Hoje estamos muito contente com o nosso trabalho, pois vemos o quanto melhora a vida das pessoas. Precisamos mantê-lo para que nossas futuras gerações permaneçam e continuem sendo beneficiadas com a implantação do modelo agroecológico”, ressalta Mariano.

Já Marinês, diz ter “orgulho de fazer parte da família Sem Terra, de dizer que a Reforma Agrária é o caminho certo, mesmo que, infelizmente, ainda falte consciência dos nossos governantes sobre o tema. Tenho orgulho de ser agricultora, de botar a mão na terra, de ter minhas mãos calejadas”.

*Bate-papo

A história de luta e resistência de Marinês Riva e José Mariano foram compartilhadas na noite da última quinta-feira (28), num bate-papo sobre a conquista da terra, a agricultura familiar e a produção agroecológica.

Durante duas horas, os camponeses conversaram com um público jovem sobre as principais dificuldades enfrentadas pelas famílias acampadas na luta por Reforma Agrária e nos primeiros anos de assentamento.

A atividade, realizada em Porto Alegre, teve o objetivo de aproximar produtores camponeses de consumidores de alimentos orgânicos da cidade.

O bate-papo foi promovido pelo projeto Bonobo Aproxima, e fez parte das atividades da Semana de Luta Mundial contra a Monsanto, que denuncia os prejuízos da multinacional aos pequenos agricultores, os danos à saúde e ao meio ambiente e a manipulação em pesquisas científicas.

Após anos de luta, Sem Terra conquistam

maquinário no MS

No Assentamento Itamarati (MS), os Sem Terra conquistaram diversas

máquinas que permitirão melhores condições de vida e de trabalho às famílias

assentadas.

9 de dezembro de 2014 19h27

Por Karina Vilas Boas

Da Página do MST

Fotos: Eliel

Há tempos os Sem Terra do Mato Grosso do Sul, junto a outros movimentos de luta pela terra, pressionam os órgãos institucionais competentes para a aquisição de uma patrulha mecanizada para dar condições dignas de trabalho às famílias assentadas, e melhorar as vias de estrada do assentamento Itamarati, em Ponta Porã, um dos maiores do Brasil.

Na última segunda-feira (8) foi o dia de comemorar essa conquista. Cerca de R$ 1,7 milhões foram entregues, por meio de uma patrulha mecanizada, que contém cinco tratores, motoniveladora, entre outros equipamentos agrícolas.

Além disso, a partir de agora o núcleo urbano do Assentamento Itamarati I e II está sob o domínio municipal. O termo de transferência foi assinado durante o ato pelo superintendente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Mato Grosso do Sul, Celso Cestari, e pelo prefeito de Ponta Porã, Ludimar Novais (PPS).

ato foi acompanhado por várias autoridades, entre elas, secretários municipais, vereadores, os deputados eleitos: Zeca do PT e João Grandão; o delegado do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Gerson Faccina. Representantes de movimentos sociais também acompanharam a solenidade ocorrida na frente da Sub-Prefeitura do Itamarati.

De acordo com a dirigente nacional do MST, Marina Ricardo Nunes, o Movimento cumpriu papel fundamental na articulação, organização dos assentados e na pressão aos órgãos públicos para que essas conquistas fossem realidades.

“Quando vemos uma ação conjunta como essa, que envolve os poderes constituídos e os movimentos de luta pela terra, nos sentimos orgulhosos da nossa luta por uma Reforma Agrária Popular, que é justamente isso: ir além da terra, dando condições dos assentados de plantar, escoar produção e viver uma vida mais digna”, disse.

Para o assentado do Itamarati e membro da direção do MST, Cleiton Alexandre Pereira Valença, o fato de mais de 1.500 famílias comparecerem ao ato reforça o quanto a luta dos movimentos foi fundamental para este momento.

“Nós sonhamos com a produção de alimentos saudáveis, livre de agrotóxicos, que possam alimentar as famílias brasileiras. Lutamos contra a monocultura que só empobrece o nosso solo e não gera alimentos. Momentos como este nos emocionam, pois é uma vitória da nossa árdua luta por uma Reforma Agrária Popular, ampla no sentido dos direitos dos assentados brasileiros”, colocou.

O delegado do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Gerson Faccina, disse que atualmente o governo federal investe onde sabe que vai dar retorno, e no Itamarati o retorno é garantindo.

“O governo tem políticas públicas para levar para os assentamentos, e o Itamarati já deu diversas provas de que é modelo na Reforma Agrária, e que aqui há muita produção de alimentos saudáveis para a população de MS. Com a assistência técnica que vamos dar com as Declaração de Aptidão do Produtor (DAPs) que estamos entregando, as famílias vão poder acessar o crédito e dessa forma vão produzir mais”, ressaltou.

Na ocasião também houve a assinatura de um convênio por parte da prefeitura municipal no valor de cerca de R$ 4 milhões, que beneficiará e recuperação de mais de mil quilômetros de estradas do assentamento.