agricultura brasileira: uma anÁlise das polÍticas … · xliii congresso da sober...

14

Click here to load reader

Upload: truongminh

Post on 28-Jan-2019

212 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: AGRICULTURA BRASILEIRA: UMA ANÁLISE DAS POLÍTICAS … · XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” os planos heterodoxos

XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial”

AGRICULTURA BRASILEIRA: UMA ANÁLISE DAS POLÍTICAS PARA AGRICULTURA NAS ÚLTIMAS DÉCADAS.

Danielle de Oliveira dos Santos CPF: 823.655.983-15

Universidade Federal do Ceará - UFC Centro de Treinamento e Desenvolvimento Tecnológico – CETREDE

Especialização em Contabilidade e PlanejamentoTributário Rua Tibúrcio frota, 1277.

Dionísio Torres.Fortaleza – Ce. CEP: 60130-301 [email protected]

Willy Farias Albuquerque CPF: 525.308.763-04

Universidade Federal do Ceará - UFC Centro de Ciências Agrárias – Depto. de Economia Agrícola

Mestrado em Economia Rural Rua Onofre Sampaio Cavalcante, 380

Parque Manibura, Fortaleza – Ce CEP: 60.834-450 [email protected] / [email protected]

Área Temática: 5 - Políticas Setoriais e Macroeconômicas

Apresentação com presidente da sessão e presença de um debatedor

Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural

1

Page 2: AGRICULTURA BRASILEIRA: UMA ANÁLISE DAS POLÍTICAS … · XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” os planos heterodoxos

XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial”

AGRICULTURA BRASILEIRA: UMA ANÁLISE DAS POLÍTICAS PARA AGRICULTURA NAS ÚLTIMAS DÉCADAS.

Resumo Este trabalho tem o propósito de analisar o comportamento da agricultura brasileira

ao longo dos anos 80 e 90, considerando os momentos de crise, principalmente no que se refere ao desmonte das políticas públicas e suas respectivas conseqüências para o setor agrícola. Crises macroeconômicas afetaram o país trazendo instabilidade econômica e financeira e reduzindo os investimentos voltados para o setor.A década de 80 caracterizou-se por um período de forte recessão econômica, com quedas significativas no PIB brasileiro, sendo a o setor agrícola o mais afetado devido à instabilidade e à redução do crédito rural sem subsídios de preços mínimos compensados. A década seguinte foi o período de um novo governo e de uma nova conjuntura política, acarretando em grandes modificações para o setor agrícola. Nos anos 90, com a produtividade agrícola deu-se a redução do volume de emprego no referido setor, em razão da através da falta de políticas púbicas provenientes da esfera Federal para intervir na participação do PIB setorial agrícola. Como medida setorial importante existiu a Política de Garantia dos Preços Mínimos, principal instrumento de política agrícola a partir dos anos 1980. A partir de então, o emprego e a renda passaram a decair, deixando o setor vulnerável ao aumento das migrações e à necessidade cada vez maior de ter políticas compensatórias, o que tornou os estados atingidos dependentes de complementação de renda. PALAVRAS-CHAVE: Agricultura Brasileira, Recessão Econômica, Instabilidade.

Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural

2

Page 3: AGRICULTURA BRASILEIRA: UMA ANÁLISE DAS POLÍTICAS … · XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” os planos heterodoxos

XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial”

AGRICULTURA BRASILEIRA: UMA ANÁLISE DAS POLÍTICAS PARA AGRICULTURA NAS ÚLTIMAS DÉCADAS.

1. Introdução

O assunto a ser estudado tem como propósito analisar o comportamento da agricultura brasileira ao longo dos anos, considerando os momentos de crise, principalmente no que se refere ao desmonte das políticas públicas e suas respectivas conseqüências no setor agrícola. As questões principais para o desenvolvimento da agricultura encontram-se nas oscilações climáticas das regiões e no abandono das políticas públicas, diante de secas duradouras e implacáveis decorrentes da forte escassez d’água e da problemática hídrica do semi-árido.

O estudo focaliza o setor rural como um todo, considerando o setor agrícola e o não-agrícola. A questão agrícola é de grande importância para o desenvolvimento econômico brasileiro, uma vez que ainda é grande responsável pelo emprego e renda de milhares de brasileiros.

1.1. Anos 80

A década de 80 do século XX se caracterizou por um período recessivo, com quedas bastante expressivas no PIB. O PIB brasileiro cresceu, em média, a taxas anuais inferiores a 3% (IBGE, 2000), refletindo-se na redução dos gastos do Governo Federal na agricultura. O setor foi bastante prejudicado em termos de programas destinados ao seu crescimento e marcado pela estagnação do nível de atividade, por profundos desequilíbrios macroeconômicos e pela inflação elevada.

Ao final da década de 80, o setor agrícola se apresentou como sendo o mais afetado pela instabilidade macroeconômica que o país enfrentava, marcado pelo crédito rural sem subsídios de preços mínimos compensados. O governo optou por cortar os subsídios destinados aos produtos agrícolas, reduzindo o volume do crédito e estimulando o autofinanciamento. O setor agrícola teve de competir contra protecionismos e subsídios. Tal fato teve como conseqüência a cobrança de taxa de juros real elevada.

Na segunda metade da década de 1980, houve uma expressiva redução das taxas de investimento no país, resultado da instabilidade macroeconômica e das políticas públicas adotadas. Essa elevada taxa de juros teve forte repercussão nos anos 90, quando o setor agrícola foi bastante afetado devido aos efeitos dos juros elevados e da indexação dos preços, tendo como conseqüência o aumento do custo de produção e a redução do volume de crédito.

Essa década ainda foi marcada pelo processo de modernização da agricultura brasileira a partir do processo de mudança na base técnica que se expandiu de 1980 a 1985. Essa modernização teve como pontos de contraposição a própria recessão que o país enfrentava, a política de redução dos incentivos creditícios a essa modernização,a forte presença de desigualdades regionais, impossibilitando a modernização por igual em todas as regiões e, por último, a mudança no âmbito mundial desse processo de modernização, ao qual deveria haver a incorporação de novas tecnologias.

O aumento da inflação, a partir de 1985, passou a ser um outro problema para agricultura. O setor agrícola foi o mais prejudicado nesse novo contexto, por duas razões: o corte do déficit público impôs cortes também nos gastos públicos com a política agrícola, e

Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural

3

Page 4: AGRICULTURA BRASILEIRA: UMA ANÁLISE DAS POLÍTICAS … · XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” os planos heterodoxos

XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial”

os planos heterodoxos que tiveram efeitos prejudiciais sobre o setor agrícola geraram o problema do endividamento agrícola.

Outro ponto a ser considerado é a questão da concentração de renda no campo que, a partir da década de 70, apresentou aumento expressivo na concentração de renda no campo e redução dos níveis de pobreza entre as pessoas que viviam da agricultura. Como conseqüência, houve a diminuição da desigualdade existente entre campo e cidade.

Configurava-se uma crise fiscal do Estado. A estratégia de desenvolvimento agrícola estava baseada no crédito rural subsidiado que, a partir de então, entra em decadência, reduzindo significativamente os investimentos e os subsídios, dificultando ainda mais a capacidade de crescimento da agricultura.

Em 1990, houve a eliminação do controle de preços e dos subsídios, a redução das tarifas de importação e a estabilização inflacionária e as altas taxas de juros provocaram enormes impactos na agricultura brasileira. Esse ajuste gerou uma agricultura mais competitiva, principalmente no que se refere aos ganhos de produtividade. A política aplicada pelo Governo Federal foi a de não indexação dos preços mínimos, reduzindo a intervenção do Estado na agricultura.

Contudo, o quadro recessivo do País se acentuou a partir do ajuste ortodoxo realizado pelo FMI-Fundo Monetário Internacional, o qual obrigava o governo a cortar os gastos internos e elevar as taxas de juros, como forma de financiar a dívida interna para realizar o pagamento dos juros e a amortização da dívida externa. Como política interna, restou o subsidio e o incentivo ao setor agrícola voltado para a exportação, o que elevou positivamente o saldo da Balança Comercial brasileira, compensando o ajuste interno. Esse quadro recessivo (desemprego, achatamento salarial, etc.) se dava em função da política de corte de gastos imposta a partir dos acordos realizados com o FMI.

Nesse período, vieram as desvalorizações cambiais, a indexação com a garantia de preços mínimos, a queda da concessão de créditos e a elevação das taxas nominais de juros. Tais fatores tiveram como conseqüência o redirecionamento da produção agrícola e da política de preços mínimos, que passou a ter como objetivo compensar o papel do crédito rural.

O setor agrícola sempre foi afetado por crises macroeconômicas e pela instabilidade do ambiente econômico pela qual o país passava. Diante disso, observa-se que o Brasil, mesmo diante de suas inúmeras crises financeiras e políticas, destinou políticas voltadas para o controle inflacionário, fazendo com que o setor agrícola passasse por períodos de estagnação, de crescimento e de crise.

Os gastos na agricultura foram crescentes, principalmente no período que vai de 1980 até 1999. Foram realizados financiamentos através dos incentivos fiscais e dos fundos constitucionais, voltados para a promoção e desenvolvimento da agropecuária e da agroindústria.

Percebe-se a existência de grandes conseqüências para o setor rural, gerando o desmonte de políticas através do Governo Federal, especialmente daquelas capazes de suprir as necessidades enfrentadas pelo setor agrícola em face da crise macroeconômica pela qual o país passava.

1.2. Os anos 1990: abertura e flexibilização

Os anos 1990, sob a gestão do Governo Collor, representaram uma nova fase para a economia brasileira. Contudo, represenaram dificuldades financeiras para os agricultores, uma vez que houve a implementação de um plano de governo que seqüestrava os recursos

Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural

4

Page 5: AGRICULTURA BRASILEIRA: UMA ANÁLISE DAS POLÍTICAS … · XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” os planos heterodoxos

XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial”

financeiros da população, passando os agricultores ficar sem recursos para financiar a produção.

No início desses anos, existia uma forte instabilidade econômica gerada desde o final dos anos 1980, decorrente de mudanças macroeconômicas nas políticas setoriais e de políticas de combate à inflação, tendo como conseqüência para o setor agrícola a redução dos níveis de investimento.

Em 1994, foi introduzido o Plano Real, cujo objetivo era estabilizar os preços internos e viabilizar o crescimento da economia brasileira. A economia brasileira enfrentou dificuldades para se adaptar à abertura do mercado e à estabilização de preços. A predominância da tese de busca pela competitividade, tanto na indústria quanto na agricultura, direcionava o processo de modernização agrícola no que diz respeito à estrutura produtiva para a concentração e a centralização de capitais em função da comodidade dos Complexos Agroindustriais (CAIs).

As mudanças ocorreram a partir da prática de uma taxa média de juros para os empréstimos rurais bastante elevada e da regionalização praticada diante dos preços mínimos, passando a vigorar a cobrança de frete entre os locais ou produção e consumo.

Surgiram políticas regionais que tinham por objetivo estimular a transferência de agroindústrias para áreas mais próximas das suas áreas produtoras, passando a existir a desconcentração das indústrias.

Souza (1997:508) considera que:

A década de 90 marca uma mudança nos paradigmas de desenvolvimento, cujas características principais são: a) a redefinição do papel do Estado na economia que, em conseqüência, implicou na redução da intervenção do Estado na agricultura e b) a crescente abertura comercial, inclusive a formação de blocos regionais (MERCOSUL).

Realizaram-se mudanças no âmbito político e organizacional com o intuito de desenvolver as regiões consideradas mais atrasadas no seu desenvolvimento, como era o caso da Região Norte e da Região Nordeste. A redução do papel do Estado significou a diminuição dos investimentos, principalmente no setor agrícola, redirecionando a política de desenvolvimento para a abertura comercial.

Para Rezende (apud Rocha, 1997:33), “o Plano Collor agravou esse quadro ao congelar os ativos financeiros e reduzir a demanda por estoques agrícolas, provocando uma queda generalizada de preços no período inicial de sua implementação”.

Dentro desse contexto, percebe-se a forte instabilidade existente no país devido aos novos planos de governo que foram implementados durante o Governo Collor. A nova política agrícola do referido governo era baseada em uma nova política de investimentos e preços, programa de competitividade agrícola, programa de regionalização da produção e também apresentou mudanças em relação ao crédito rural e à política de preços mínimos.

A ausência do Estado é explicada a partir da atitude do governo de abrir mão da sua intervenção devido à falta de disponibilidade de recursos necessários para financiar a crise na agricultura brasileira onde e para compor o crédito rural, impedindo as aquisições de produtos de forma a assegurar os estoques reguladores.

Graziano da Silva (1996:140) explica que:

A “nova política agrícola” consubstanciada no intempestivo desmonte do aparelho estatal voltado para a agricultura, ao lado de uma política de preços desenhada na verdade para evitar uma intervenção governamental

Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural

5

Page 6: AGRICULTURA BRASILEIRA: UMA ANÁLISE DAS POLÍTICAS … · XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” os planos heterodoxos

XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial”

de peso, fosse no financiamento, fosse na aquisição de safra, revelou-se desastrosa já no seu primeiro ano.

Diante de tantas mudanças no aparelho estatal, houve a crise do setor agrícola: queda do rendimento, queda na produtividade e falta de financiamento. Tais fatores contribuíram para a queda na aquisição de safra, juntamente com o quadro recessivo que o país se encontrava, gerando o desmonte do aparelho governamental voltado para o setor agrícola, como foi o caso da Comissão de Financiamento de Produção – CFP, CIBRAZEN- Companhia Brasileira de Armazenamento, e COBAL- Companhia Brasileira de Alimentos, fundidas na Companhia Nacional de Abastecimento.

Esse desmonte foi acompanhado pela regulação setorial de preços (IPC- Índice de Preços do Consumidor, IAA- Instituto do Açúcar e Álcool, CONAB- Companhia Nacional de Abastecimento) e pela implementação de políticas agrícolas de pesquisa e assistência técnica (PLANALSUCAR- Programa Nacional do Melhoramento da Cana-de-açúcar, EMBRATER- Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão, etc). Ademais, a regulação colocada pela Lei Agrícola de 1991 ampliou o papel do setor privado na comercialização da produção e no financiamento.

No que concerne aos gastos públicos realizados na agricultura, o Governo Federal destinava recursos para o pagamento de compromissos adquiridos com programas voltados ao desenvolvimento dessa função, como é o caso do Programa de Apoio ao Setor Sucro – Algodoeiro (PROASAL), Conta trigo, Estoques Reguladores e Política de Garantia de Preços Mínimos.

Como medida setorial mais importante nesse período, existia a Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM), que se constituiu como principal instrumento da política agrícola brasileira nos anos 1980, tendo em vista a forte redução nos preços das commodities no mercado internacional ocorrida a parir de 1985. Essa nova política de preços teve impacto positivo na tentativa de preservação da renda do setor agrícola. (Rocha, 1997).

A Política de Garantia dos Preços Mínimos (PGPM) foi criada pelo Decreto-Lei n° 5.212 de janeiro de 1943 e ao longo dos anos, desde a sua criação, vem passando por reformulações, tais como a do ano de 1965 (Decreto-Lei n°57.391, de 12/12/1965), de 1966 (Decreto-Lei n°79, de 19/12/1966) e de 1990 (Gasques e Spolador, 2003).

O governo passou a aplicar a Política de Garantia dos Preços Mínimos como suporte de preços, segundo a qual comprava o excedente da produção com base nos preços mínimos fixados antes mesmo do plantio. Logo, a Política de Garantia dos Preços Mínimos passou a ser vista como um importante instrumento de estabilização da renda dos agricultores, uma vez que reduzia os riscos das variações de preços e do instrumento de garantia de renda.

O governo viu-se obrigado e recuar na sua política agrícola e passou a admitir que, se praticasse a política dos preços mínimos do Centro-Oeste unificado com o Sul e Sudeste, o governo também passaria a “fixar” os juros do crédito rural e a conceder empréstimos a pequenos agricultores para plantio da cesta básica.

Na abordagem de Delgado (apud Gasques e Spolador, 2003: 18), “ a partir dos anos 1990, com a abertura comercial, a Política de Garantia dos Preços Mínimos passou a sofrer alterações, sendo que a principal delas se deu nos métodos para o estabelecimento dos preços mínimos”.

O que podemos perceber é que os anos 1990 representaram as dificuldades enfrentadas pelo governo brasileiro em manter as políticas adotadas ainda nos anos 1980, como foi o caso dos subsídios direcionados através do crédito rural ou dos preços mínimos, junto com a crise fiscal e a instabilidade financeira que assolava o país.

Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural

6

Page 7: AGRICULTURA BRASILEIRA: UMA ANÁLISE DAS POLÍTICAS … · XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” os planos heterodoxos

XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial”

Segundo Gasques e Yokomizo (apud Gasques, 2001:10), “na prática, essas aplicações dos Incentivos Fiscais se transformaram em dispêndios para o Governo, pois os benefícios dessa política têm sido muito reduzidos em razão da má aplicação dos recursos”.

Percebe-se que, mesmo o Governo Federal tendo disponibilizado recursos destinados à agricultura, os mesmos podem não ter sido utilizados para esse fim, pois a agricultura não tinha órgão definido. Tinha uma repartição acentuada entre diversos órgãos e até mesmo projetos de grande importância encontravam-se dispersos das suas unidades gestoras/executoras.

De acordo Rocha (1997: 46),

Apesar da decadência dos instrumentos tradicionais de política agrícola adotados nas décadas passadas, a produtividade agrícola nos anos 90 continuou a evoluir, propiciando a queda dos custos unitários de produção, que compensaram em parte a elevação dos custos financeiros.

Os gastos públicos passaram a se diferenciar a partir da década de 1990. Um dos fatores que levaram a essa diferenciação foi a abertura comercial, representando efeitos diretos nos gastos. A partir de então, ocorreu uma mudança no padrão de gastos devido a mudanças no governo e nos planos governamentais. Os recursos orçamentários para garantir o segmento produtor tornaram-se escassos.

Para Gasques (2001:27), “mais de 50% do gasto público estão pulverizados em ações sobre as quais o governo não tem o menor acompanhamento e controle. Isso faz com que alguns programas, mesmo quando concebidos, tenham impacto transformador reduzido”.

Nota-se que são liberados recursos, mas os mesmos não são diretamente destinados à execução de programas de caráter social de forma a financiar projetos voltados à agricultura.

O Governo Federal acaba por desperdiçar recursos, inviabilizando projetos agrícolas, como é o caso da irrigação. Logo, os gastos acabam sendo destinados à implementação de políticas compensatórias voltadas à sustentação do setor agrícola de forma a amenizar a ausência do governo em termos de políticas agrícolas eficientes.

Segundo Gasques e Conceição (apud Gasques e Spolador, 2003: 21),

As novas formas de atuação do governo à política fiscal, ao esforço de modernização do Estado e ao controle dos gastos públicos. (...) o governo, agora como agente regulador e estimulador passou a apoiar a criação de fontes de recursos (...) outros mecanismos alternativos de captação de crédito para a agricultura com algumas experiências no Brasil são: o sistema de microcrédito e o crédito cooperativo.

Os autores mostram o desenvolvimento do sistema de concessão de crédito por parte do Governo Federal. A partir de então é que se observa o aumento de recursos destinados à agricultura. O governo passou a estimular a produção, com a intenção de aumentar a produtividade agrícola, mas mesmo em caráter estimulador, o governo ainda apresentava entraves para esse desenvolvimento, sendo limitante o acesso ao crédito.

Com relação à mão-de-obra, a agricultura era concentradora, uma vez que absorvia uma parte considerável da força de trabalho além de ser fonte geradora de divisas. Diante disso, constata-se a importância do setor agrícola como setor econômico de grande importância social diante do setor industrial.

Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural

7

Page 8: AGRICULTURA BRASILEIRA: UMA ANÁLISE DAS POLÍTICAS … · XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” os planos heterodoxos

XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial”

Mesmo sendo concentradora de mão-de-obra, a agricultura brasileira enfrentou uma gigantesca queda de renda, com reflexos diretos na queda do mercado interno. Fazendo comparações intersetoriais, percebe-se a importância e a vantagem que a agricultura possui em relação ao crescimento da indústria e dos serviços.

1.2.1 A Agricultura e o Plano Real

Desde a época do Plano Cruzado, foram utilizados elementos de forma a interromper a aceleração da inflação. Esses elementos foram reformas monetárias, a desindexação de contratos, o congelamento de preços e o seqüestro de ativos financeiros.

Depois de mais de uma década de reduzido dinamismo da economia brasileira com tendência inflacionária, emergiu no Brasil uma nova política econômica no início dos anos 1990: a política de implementação do Plano Real, em julho de 1994. O plano objetivava estabilizar os preços internos e viabilizar o crescimento da economia.

A nova política econômica fazia uso de mecanismos, como os de liberalização cambial, abertura comercial, ajuste fiscal, desindexação de preços e salários e diminuição da participação do Estado no processo de acumulação de capital (Silber, 2002).

Além de estabilidade monetária, o país ainda conviveu com constantes déficits do balanço de pagamentos em conta corrente decorrente da sobrevalorização da taxa de câmbio. Esse comportamento da política cambial gerou conseqüências para a agricultura no que se refere aos seus indicadores de desempenho.

A economia brasileira enfrentou nos anos de 1990 um ajuste acirrado para se adaptar à abertura do mercado e à estabilização de preços, sendo necessário gerar competitividade, tanto na indústria quanto na agricultura, promovendo assim a redução dos empregos. Com a redução do emprego, os indicadores de produtividade da mão-de-obra cresceram com rapidez.

Nesse período, a economia brasileira encontrava-se fechada às transações internacionais e tinha um modelo de desenvolvimento baseado em tarifas protecionistas, o que trouxe prejuízo para a agropecuária e também a sobrevalorização da taxa de câmbio e a redução do preço dos produtos de exportação. O Brasil foi se voltando para uma economia mais aberta ao comércio internacional, principalmente no que concerne ao campo financeiro, tecnológico e de investimentos.

Mesmo com as mudanças realizadas nos planos de governo e em suas políticas macroeconômicas nos anos noventa, não houve a possibilidade de um crescimento maior do setor agropecuário brasileiro.

1.3. A Industrialização e a Urbanização da Agricultura

A questão da industrialização da agricultura brasileira começou devido aos incentivos governamentais iniciados desde o pós-guerra de 1965. A partir de 1970, ocorreu a formação de complexos agroindustriais a partir da integração das indústrias voltadas para a agricultura tradicional, a agricultura moderna e as agroindústrias processadoras, todas incentivadas por políticas governamentais. No que diz respeito à estrutura produtiva, houve a concentração e a centralização de capitais em função da comodidade dos Complexos Agroindustriais – CAIs, nos anos 1990.

Passou a existir uma forte tendência à integração dos segmentos modernos da agropecuária com a indústria fornecedora de insumos, máquinas e equipamentos, dando origem aos CAIs completos, como é o caso da avicultura, do complexo sucroalgodoeiro, etc.

Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural

8

Page 9: AGRICULTURA BRASILEIRA: UMA ANÁLISE DAS POLÍTICAS … · XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” os planos heterodoxos

XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial”

Com o passar dos anos e com a adoção de novas políticas e novas formas de governo, o País passou por uma fase de urbanização da agricultura com relação aos seus vários ramos de atividades existentes.

No que diz respeito aos trabalhadores do campo, houve a incorporação de pequenos e grandes produtores, já integrados ou não, aos CAIs. Percebe-se a forte questão da não integração dos pequenos produtores aos CAIs, uma vez que estariam condenados à produção para consumo próprio e, com isso, o nível de vida e o nível de renda passariam a depender diretamente de políticas agrícolas implementadas.

Os anos 1970 foram marcados pelo forte êxodo rural, que continuou nos anos 1980, mas de forma mais amena devido ao esvaziamento que ocorria no campo e ao acelerado ritmo de modernização pela qual a agropecuária passava.

Nos anos 1980, esse fluxo migratório diminuiu e passaram a crescer as migrações entre regiões, onde a população rural migrante permanecia na esperança de que a sua região voltasse a crescer economicamente.

Um fator que pode explicar essa forte tendência de migrações é a redução das oportunidades de emprego existentes no campo devido à modernização e tecnificação das atividades agropecuárias. Outro fator é a diminuição do ritmo da população economicamente ativa do setor agropecuário.

Percebe-se que, nos anos 1980, a agricultura continuou a reduzir a sua participação no emprego, principalmente na Região Centro-Oeste. No que diz respeito à Região Nordeste, a população economicamente ativa possui um resultado melhor do que o País como um todo, apresentando a agricultura regional uma boa performance em relação às demais regiões.

Em termos de distribuição de renda e pobreza rural, nos anos 1970, cresceu a desigualdade, mas diminuiu a pobreza no campo. Nos anos 1980, cresceu essa desigualdade em termos de renda, mas agora acirrou a questão da pobreza no campo.

A população do campo sofreu com a ausência de políticas governamentais dispostas a atenuar a miséria existente no campo, de forma a erradicar a pobreza rural e diminuir as suas conseqüências. Houve a falta de infra-estrutura social básica e de oportunidades de emprego em atividades não-agrícolas. Por parte do governo, existiu a sua ausência nas políticas públicas como uma estratégia de combate à pobreza no País.

1.4. A agricultura e a Previdência Rural

Em 1971, um novo sistema de assistência social aos idosos e inválidos do setor rural foi implementado, por meio da Lei Complementar n°11 de 1971, que vigorou a partir de 1972 com o Programa de Assistência ao Trabalhador Rural (Prorural/Funrural), responsável por assistir trabalhadores rurais, pescadores (a partir de 1972) e garimpeiros (a partir de 1975), oferecendo benefícios na forma de aposentadorias por idade (aos 65 anos), com teto de meio (0,5) salário mínimo.

O programa dirigido à produção familiar, diferenciando os instrumentos de política (agrária e agrícola) e visando ao fortalecimento da agricultura familiar considerada viável e dos instrumentos dirigidos à população rural extremamente pobre (principalmente a do Nordeste), tem função de proteção social, permitindo renda para a subsistência familiar da zona rural.

O resultado do programa produz resultados significativos para o destino das famílias envolvidas, em termos de alívio da pobreza, diminuição da mortalidade infantil e da desnutrição, além de servir como freio às migrações rurais eincentivar a realização de atividades dos pequenos municípios.

Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural

9

Page 10: AGRICULTURA BRASILEIRA: UMA ANÁLISE DAS POLÍTICAS … · XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” os planos heterodoxos

XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial”

Mudanças introduzidas pela Constituição de 1988 na área da previdência rural tiveram um importante efeito na estabilização da agricultura familiar, principalmente nas regiões mais pobres do país.

Em primeiro lugar, houve o aumento do piso de benefício de 0,5 para 1,0 salário mínimo, no setor agrícola, elevando o nível de renda monetária dos aposentados. Além disso, ocorreu a redução do limite de idade (60 anos para homens e 55 anos para mulheres), assim como possibilidade, aberta pela lei, para aposentadoria simultânea do casal (situação legalmente assegurada, mas dificultada pelo sistema previdenciário).

O regime previdenciário rural também teve mudanças no que corresponde à aposentadoria por idade ou invalidez das mulheres. Antes, só o chefe de família poderia receber benefícios e, depois das mudanças introduzidas pela Constituição de 1988, a mulher também passou a receber benefícios, aumentando assim a renda familiar. (Ver Tabela 1 nos Anexos).

Como podemos observar na Tabela 1, o setor da agricultura era grande concentrador de mão-de-obra, mas apresentava uma grande diferença entre contribuintes e beneficiários, este último em número mais elevado. Dos 18 bilhões ocupados na agricultura apenas 8,9% contribuem para a previdência. Essa incompatibilidade passou a gerar déficits, uma vez que os setores agrícola e não-agrícola eram grandes concentradores de pobres e miseráveis, sem renda suficiente para o seu auto-sustento, muito menos para contribuir com o sistema previdenciário.

A região mais carente, em termos de políticas compensatórias, era o Nordeste e, para mudar esse quadro, a previdência rural surgiu como mais uma estratégia de combate à pobreza, erradicando a miséria, reduzindo o êxodo rural e passando a sustentar uma renda mínima para a população rural.

Com a previdência rural, passou a existir a revitalização da agricultura familiar, enfatizando a economia familiar diante de uma renda garantida mensalmente, o que deu suporte à agricultura de subsistência.

Delgado e Cardoso Jr. (1999:9) afirmam que,

Nesse espaço, dito “rural-microurbano”, ou que se constituiria em um “novo espaço rural”, os idosos se diferenciariam dos demais pelo fato de desfrutarem de condições de vida e segurança social condizentes com os mínimos vitais necessários à subsistência e reprodução econômica.

Para os autores, esse conjunto de domicílios representa um novo setor socioeconômico, onde metade do espaço rural seria rural-microurbano e a outra metade, a das aglomerações urbanas formadas pelos pequenos municípios.

Em relação à estrutura dos rendimentos domiciliares, passam a existir as disparidades regionais, em que a Região Sul apresentava rendimento domiciliar, segundo Delgado e Cardoso Jr. (1997:14), de R$ 552,00 e a Região Nordeste de R$ 331,00. Tais disparidades mostram que na Região Nordeste a ocupação principal representa apenas 27,5% da renda domiciliar total. O benefício advindo da previdência rural é de grande importância na composição da renda domiciliar e ainda funciona como estratégia de reprodução econômica.

Tais benefícios dados pela previdência rural tiveram como conseqüência impactos significativos na composição estrutural das contas da previdência ou da seguridade social, na forma de novos encargos, passando a apresentar déficits estruturais, colocando-os como um problema ao financiamento desses benefícios.

O sistema de seguridade social rural já era deficitário em termos orçamentários, mesmo antes da efetiva aplicação da Lei de Custeio (1991). O financiamento do sistema

Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural

10

Page 11: AGRICULTURA BRASILEIRA: UMA ANÁLISE DAS POLÍTICAS … · XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” os planos heterodoxos

XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial”

previdenciário rural até 1991 dependeu basicamente da contribuição sobre o faturamento da produção rural (FUNRURAL), tendo sido fortemente alterado pela Lei 8.212/91, que concentrou as contribuições sobre a folha de pagamento para empregados e empregadores e apenas reservou às unidades familiares a contribuição sobre a produção.

O programa de seguridade social rural, apesar dos problemas de clientelismo político e do desequilíbrio financeiro, representa hoje o principal instrumento de combate à fome e à miséria no meio rural. Tal programa está orçado atualmente em R$ 17 bilhões, entretanto, está classificado nas contas da Previdência como um programa de assistência social e mais apropriado às contas do Tesouro Nacional. Tal política social sustenta renda no meio rural, principalmente no Nordeste (detentor de 2/3 do total de recursos) (Ver TABELA 2 nos anexos).

De acordo com a Tabela 2, houve um aumento significativo da Renda Domiciliar Total também na renda dos inativos rurais. Os inativos representam, economicamente, um déficit para a previdência, mas é através desse déficit que existe a sustentação da renda no setor rural. Contudo, trata-se de uma política de caráter compensatório, visando à população mais carente do setor rural.

2. Metodologia

A metodologia utilizada pode ser descrita como de caráter bibliográfico, seguindo uma investigação histórica o qual permite conhecer os condicionantes que possam explicar as causas da decadência da agricultura brasileira.O desenvolvimento da investigação se faz mediante a utilização do método de investigação histórica, o qual consiste no levantamento de fatos observados ao longo do tempo, permitindo a reconstrução dos fatos e contribuindo para a viabilidade de outras investigações voltadas à compreensão de relações de causa e efeito. Quanto à amplitude, a pesquisa é de caráter descritivo e transmite uma constatação, enriquecida muitas vezes com o cruzamento de informações, de modo a que se visualize um campo mais amplo de observação, permitindo, assim, a compreensão das razões determinantes das realidades observadas.

A coleta de dados foi realizada a partir de dados fornecidos através do BNB, IPECE, IPEA, Ministério da Agricultura, sendo utilizados também dados extraídos de teses, dissertações, monografias e textos de livros que analisam a questão da agricultura brasileira.

O trabalho inicia-se a partir de um breve histórico da agricultura brasileira nos anos oitenta e noventa, observando a presença das crises macroeconômicas no decorrer dos anos, o que trouxe a instabilidade econômica e financeira, com enfoque no setor agrícola.

3. Conclusão

A economia brasileira passou por anos de crises, a partir do momento em que o governo deixa de direcionar recursos para o financiamento agrícola objetivando conter a crise macroeconômica pela qual o país passava, esforçando-se para realizar o controle inflacionário e o ajuste da economia interna.

O setor agrícola teve importante papel na economia do país, mas apresentou, nos anos de crise macroeconômica, um período de estagnação, de crescimento e de crise. Essa relação com a política macroeconômica brasileira passou a afetar o desenvolvimento da agricultura ao longo dos anos.

Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural

11

Page 12: AGRICULTURA BRASILEIRA: UMA ANÁLISE DAS POLÍTICAS … · XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” os planos heterodoxos

XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial”

Tal fato fez com que a agricultura brasileira desse lugar à modernização e à urbanização do setor, diante do processo de globalização e da abertura comercial, cada vez mais em evidência, disseminando a necessidade de competitividade do setor e fazendo com que o país se abrisse cada vez mais para o mercado internacional.

Houve a implementação de políticas compensatórias voltadas à sustentação do setor agrícola de forma a amenizar a ausência do governo, em termos de políticas agrícolas eficientes, como foi o caso da Previdência Rural, instituída como uma forma de compensar a pobreza rural, gerando renda para a sustentação da população que sobrevivia exclusivamente da agricultura. 4. ANEXOS Tabela 1- Contribuição de pessoas com 10 anos ou mais de idade para o Instituto de Previdência segundo ramos de atividade, Brasil – 1993. Setores No. pessoas ocupadas mil % de pessoal ocupado

Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural

12

Page 13: AGRICULTURA BRASILEIRA: UMA ANÁLISE DAS POLÍTICAS … · XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” os planos heterodoxos

XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial”

que contribuem para a Previdência

Agricultura 18.253,9 8,9 Ind. Transformação 8.539,3 71,6 Ind. Construção 4.289,3 31,5 Out. Ativ. Industriais 947,1 73,6 Comércio de Mercadorias 8.474,9 48,7 Prestação de Serviços 11.839,6 30,9 Serviços Aux. Ativ. Econ. 1929,1 62,9 Transporte e Comunicação 2.283,9 70,8 Administração Pública 3.044,3 76,8 Outras Ativ. não Definidas 1.389,1 72,9 Total 66.569,8 42,8

Fonte: IBGE, PNAD – 1993. Extraído: Delgado, 1997. Tabela 2- Distribuição das Rendas entre a Renda dos Inativos Rurais (RIR) e Renda Domiciliar Rural (YDR) ESTADOS 1991 RIR/YDR (%) 1993

Ceará 25,3 48,5 Piauí 27,6 49,0 Paraíba 35,8 63,2 Bahia 19,2 30,1 Rio Grande do Norte 26,2 39,6 Sergipe 19,0 38,3 Pernambuco 22,4 55,8 Alagoas 17,8 34,7 Maranhão 10,7 19,5 Goiás 13,0 17,9 Espírito Santo 10,5 23,9 Rio de Janeiro 17,0 23,1 Minas Gerais 12,0 25,0 Paraná 12,2 20,9 Mato Grosso 8,1 11,4 Mato Grosso do Sul 11,6 20,7 Rio Grande do Sul 8,5 14,6 Santa Catarina 6,2 9,9 São Paulo 8,5 14,3 Distrito Federal 14,2 17,5

Fonte: IBGE, Anuário Estatístico da Previdência Social e PNAD's. Extraído: Delgado, 1997.

5. REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO CANO, Wilson. Concentração e desconcentração econômica regional no Brasil: 1970/95. Rev. do Instituto de Economia da Unicamp. Economia e Sociedade. Campinas, v.8, p. 101-141, jun. 1997.

Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural

13

Page 14: AGRICULTURA BRASILEIRA: UMA ANÁLISE DAS POLÍTICAS … · XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” os planos heterodoxos

XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial”

DELGADO, Guilherme C.; Cardoso Jr., José Celso. O idoso e a previdência rural no Brasil: a experiência recente da universalização. Rio de Janeiro: IPEA. 1999. 23p. (Texto para discussão, 688).

GASQUES, José Garcia. Gastos Públicos na Agricultura. Brasília: IPEA, 2001, 33p. (Texto para discussão, 782).

GASQUES, José Garcia; SPOLADOR, Humberto Francisco Silva. Taxa de Juros e Políticas de Apoio Interno à Agricultura. Brasília: IPEA, 2003, 30p. (Texto para discussão, 952).

GRAZIANO DA SILVA, José. A Nova Dinâmica da Agricultura Brasileira. Campinas, Unicamp, 1996.

GUIMARÃES NETO, Leonardo; GALINDO, Osmil. A produção recente sobre a questão regional no Brasil: um balanço dos anos 80. Rev.Econômica do Nordeste, Fortaleza, v. 21, n.3/4, p.443-480, jul/dez 1990.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA –IBGE. Anuário 2000. Disponível em Disponível em < http://www.ibge.gov.br > Vários acessos.

MESQUITA, Lílian Mara de Oliveira. Evolução do Comércio Exterior Cearense: uma análise para a década de 1990. 2003, 48p. Monografia (Bacharelado em Economia). Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade, Universidade Federal do Ceará.

OLIVEIRA, Francisco de. Elegia para uma re(li)gião. SUDENE, Nordeste. Planejamento e conflitos de classes. 2a. edição. 1978. Editora Paz e Terra.

ROCHA, Marina Brasil. Agricultura, Política de Garantia de Preços Mínimos e Planos de Estabilização na década de 90. São Paulo, 1997.

SILBER, Simão Davi. Mudanças Estruturais na economia brasileira (1988-2002): Abertura, estabilização e crescimento. USP, 2002.

SOUZA, Hermínio. Agricultura e política agrícola no Nordeste: do GTDN a Liberalização comercial. Rev. Econômica do Nordeste, Fortaleza, v. 28, n.4, p.499-518, out/dez 1997.

Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural

14