agravo regimental

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10 Agravo Interno ou Regimental 10.1 Fundamento jurídico O agravo interno (ou agravo regimental), apesar de ter algumas de suas hipóteses previstas na legislação processual, por ex., nos arts. 545 e 557 do CPC, tem seu regramento previsto nos regimentos internos dos tribunais (norma interna corporis) que preveem as hipóteses de cabimento, competência, prazo etc. O RITST cuida do agravo regimental em seus arts. 235 e 236 e do agravo ao colegiado nos arts. 239 e 240. 10.2 Hipóteses de cabimento O art. 709, § 1º, da CLT, prevê o agravo regimental para o Órgão Especial do TST quanto às decisões proferidas nas correições parciais pelo corregedor geral da justiça

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Agravo Interno ou Regimental

10.1 Fundamento jurídico

O agravo interno (ou agravo regimental), apesar de ter algumas de suas hipóteses previstas na legislação processual, por ex., nos arts. 545 e 557 do CPC, tem seu regramento previsto nos regimentos internos dos tribunais (norma interna corporis) que preveem as hipóteses de cabimento, competência, prazo etc.

O RITST cuida do agravo regimental em seus arts. 235 e 236 e do agravo ao colegiado nos arts. 239 e 240.

10.2 Hipóteses de cabimento

O art. 709, § 1º, da CLT, prevê o agravo regimental para o Órgão Especial do TST quanto às decisões proferidas nas correições parciais pelo corregedor geral da justiça do trabalho, disciplinado pelo art. 69, I, g, do RITST.

As turmas do TST terão competência para julgar, em última instância, os agravos regimentais (art. 5º, c, Lei 7.701/88).

Compete à SDI julgar, em última instância, os agravos

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regimentais de despachos denegatórios dos presidentes das turmas, em matéria de embargos, na forma estabelecida no RITST (art. 3º, III, c).

É de atribuição da SDC julgar, em última instância, os embargos de declaração opostos aos seus acórdãos e os agravos regimentais pertinentes aos dissídios coletivos (art. 2º, II, d).

Em linhas gerais, nos regimentos internos dos TRTs, o agravo regimental é previsto nas seguintes decisões: (a) do presidente da corte, quando exerce a função de corregedor; (b) do presidente do tribunal, do vice-presidente, do corregedor ou do vice-corregedor, dos presidentes dos grupos de turmas, dos presidentes de turmas ou dos relatores, desde que haja prejuízo às partes em relação à decisão praticada; (c) do relator que indeferir petição de ação rescisória; (d) do relator que indeferir de plano o pedido de mandado de segurança; (e) do relator que conceder ou denegar o pedido de medida liminar.

O recurso oponível, quando se indefere a petição da ação rescisória e do mandado de segurança, é o ordinário. Será o caso de agravo regimental quando houver somente o indeferimento da liminar quanto ao mandado de segurança (Súm. 158 e 201, TST; art. 895, b, CLT).

Cabe agravo regimental (art. 235, RITST), no prazo de oito dias, para o Órgão Especial, Seções Especializadas e Turmas, observada a competência dos respectivos órgãos, nas seguintes hipóteses: (a) do despacho do Presidente do Tribunal que denegar seguimento aos embargos infringentes; (b) do despacho do Presidente do Tribunal que suspender execução de liminares ou de decisão concessiva de mandado de segurança; (c) do despacho do Presidente do Tribunal que conceder ou negar suspensão da execução de liminar, antecipação de tutela ou da sentença em cautelar; (d) do despacho do Presidente do Tribunal concessivo de liminar em mandado de segurança ou em ação cautelar; (e) do despacho do Presidente do Tribunal proferido em pedido de efeito suspensivo; (f) das decisões e despachos proferidos pelo Corregedor-Geral da Justiça do Trabalho; (g) do despacho do Relator que negar prosseguimento a recurso, ressalvada a hipótese do art. 239; (h) do despacho do Relator que indeferir inicial de ação de competência originária do Tribunal; (i) do despacho ou da decisão do Presidente do Tribunal, de Presidente de Turma, do Corregedor-Geral da Justiça do Trabalho ou Relator que causar prejuízo ao direito da parte, ressalvados aqueles contra os

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quais haja recursos próprios previstos na legislação ou Regimento Interno do TST.

Já o agravo ao colegiado (art. 239, RITST) cabe, no prazo de oito dias, da decisão do relator tomada com base no § 5º, art. 896, da CLT, e da decisão do relator dando ou negando provimento ou negando seguimento a recurso (art. 557, § 1º-A, CPC).

O agravo regimental (art. 236, caput, RITST) será concluso ao prolator do despacho, que poderá reconsiderá-lo ou determinar sua inclusão em pauta para a apreciação do colegiado competente para o julgamento da ação ou do recurso em que exarado o despacho.

Os agravos regimentais contra ato ou decisão do presidente do tribunal, do vice-presidente e do corregedor-geral da justiça do trabalho, desde que interpostos no período do respectivo mandato, serão por eles relatados. Os agravos regimentais interpostos após o término da investidura no cargo do prolator do despacho serão conclusos ao ministro sucessor (art. 236, § 1º).

Os agravos regimentais interpostos contra despacho do relator, na hipótese de seu afastamento temporário ou definitivo, serão conclusos, em relação aos processos de turmas, ao juiz convocado ou ao ministro nomeado para a vaga, conforme o caso, e, nos processos das seções especializadas, ao ministro que ocupar a vaga, ou redistribuídos na forma dos §§ 1º e 2º do art. 93 do RITST (art. 236, § 2º).

Os agravos regimentais interpostos contra despacho do presidente do tribunal, proferido durante o período de recesso e férias, serão julgados pelo relator do processo principal, salvo nos casos de competência específica da presidência da corte (art. 236, § 3º).

O acórdão do agravo regimental será lavrado pelo relator, ainda que vencido (art. 236, § 4º).

É incabível agravo inominado (art. 557, § 1º, CPC) ou agravo regimental (art. 235, RITST) contra decisão proferida por órgão colegiado. Tais recursos destinam-se, exclusivamente, a impugnar decisão monocrática nas hipóteses expressamente previstas. Inaplicável, no caso, o princípio da fungibilidade ante a configuração de erro grosseiro (OJ 412, SDI-I).

O art. 236 do Regimento Interno do TRT da 1ª Região prevê o cabimento do agravo regimental para o Órgão Especial, para as Seções Especializadas e para as Turmas, observada a competência

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dos respectivos órgãos, oponível em oito dias, a contar da intimação ou da publicação no Diário Oficial: (a) do Presidente do Tribunal, que concede ou nega pedido de suspensão da execução, de liminar ou de tutela antecipada, nos termos da legislação; (b) do Corregedor Regional, proferidas em correições parciais e nos pedidos de providências; (c) do Presidente de Seção Especializada, de Presidente de Turma e de relator, que concede ou denega medida liminar, tutela antecipada ou tutela específica, ou que indefere inicial de ação de competência originária do Tribunal.

De acordo com o Regimento Interno do TRT da 2ª Região, o agravo regimental é cabível contra as decisões monocráticas:

a) do Presidente do Tribunal no indeferimento do pedido de afastamento de até dez dias efetuado pelos magistrados, para a participação em eventos de curta duração;

b) do Relator: (1) que conceder ou negar provimento a recurso; (2) que denegar seguimento a recurso; (3) que indeferir a petição inicial nos processos de competência originária; (4) na habilitação incidente; (5) na restauração dos autos; (6) que indeferir a homologação de acordo; (7) que aprovar a imputação de pagamento para quitação nas conciliações e que possa definir as bases da tributação previdenciária e fiscal;

c) do Vice-Presidente Administrativo;

d) do Corregedor-Regional: (1) proferidas em correição; (2) que indeferirem o processamento de representação contra juiz; (3) que negarem pedido de correição geral nas Varas (art. 175, I a IV).

Pelo RI do TRT da 2ª Região, o agravo deverá ser interposto dentro de oito dias, a contar da ciência do ato que lhe deu causa (art. 175, § 1º). Por outro lado, o agravo regimental é incabível contra: (a) o deferimento ou indeferimento de medida liminar; (b) ato do Presidente do Tribunal que disponha sobre o processamento e pagamento de precatório (art. 175, § 2º).

10.3 Preparo

Por falta de previsão legal, não existem custas processuais ou depósito recursal a serem realizados.

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10.4 Processamento

Publicado o despacho que indeferir a concessão de liminar ou do prosseguimento de recurso, ou a decisão do corregedor geral, terá a parte o prazo previsto no regimento interno para apresentar o agravo. O prazo costuma ser de cinco ou de oito dias, nos termos de cada RI.

O juiz prolator do despacho ou decisão agravada pode rever a decisão (juízo de retratação). Em caso contrário, o agravo regimental será colocado em mesa para julgamento pela corte que conheceria do recurso ou do processo trancado, com prévia publicação de pauta. Não se tem a ocorrência de contrarrazões, bem como de sustentação oral.

O agravo regimental é recebido somente no efeito devolutivo (art. 899, CLT). O juiz relator, diante de um agravo regimental, pode reconsiderar o seu ato (art. 236, RITST), mas não poderá jamais indeferir o seu processamento. Se indeferir o processamento, o remédio competente é o mandado de segurança. Nesse sentido, o teor do art. 317, § 4º, do Regimento Interno do STF.

Pelo Ato SEJUD.GP 440/2012 do TST, nas petições de agravo regimental (art. 235, RITST) e de agravo (art. 239, RITST), o agravante informará, a partir de 1º de agosto de 2012, o respectivo número de inscrição das partes no cadastro de pessoas físicas ou jurídicas da Receita Federal do Brasil, salvo impossibilidade que comprometa o acesso à justiça, expressamente justificada na própria petição.

10.5 Agravo manifestamente inadmissível ou infundado

Quando manifestamente inadmissível ou infundado o agravo interposto na forma do art. 557, § 1º, CPC, o Tribunal condenará o agravante a pagar ao agravado multa entre 1% e 10% do valor corrigido da causa, ficando a interposição de qualquer outro recurso condicionada ao depósito do respectivo valor (art. 557, § 2º). Está a parte obrigada, sob pena de deserção, a recolher a multa aplicada com fundamento no § 2º do art. 557 do CPC, ainda que Pessoa Jurídica de Direito Público (OJ 389, SDI-I).

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10.6 Estrutura

Como os demais recursos que são interpostos em uma instância e remetidos para outra instância ou órgão julgador, o agravo contém duas partes:

a) petição de interposição. Dirigida ao juízo a quo, contém requerimentos quanto a admissibilidade e regular processamento do recurso, a intimação da parte contrária e remessa ao órgão jurisdicional competente. Também é o momento processual adequado para se pedir ao juízo a quo a reconsideração da decisão agravada;

b) razões recursais. Dirigida ao juízo ad quem, leva ao tribunal as questões envolvendo a reforma da decisão denegatória de seguimento do recurso, com pedido e requerimentos finais quanto a admissibilidade, processamento e acolhimento do agravo para determinar o regular processamento do recurso denegado e, consequentemente, o julgamento desse recurso.

10.7 Contraminuta ao agravo

Interposto o agravo, a parte contrária será intimada para apresentar sua contraminuta ao agravo.

A contraminuta efetiva o princípio do contraditório, de modo que nessa oportunidade caberá à parte interessada se opor às alegações do recurso.