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ÂNGELA TEREZA LUCCHESI TRABALHO DIREITO PROCESSO PENAL III Agravo em Execução

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NGELA TEREZA LUCCHESI

TRABALHO DIREITO PROCESSO PENAL IIIAgravo em Execuo

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LONDRINA/PR 2012

NGELA TEREZA LUCCHESI

TRABALHO DIREITO PROCESSO PENAL IIIAgravo em Execuo

Trabalho apresentado como requisito para o cumprimento de ementa da disciplina de Direito de Processo Penal III, do 7 Perodo do Curso de Direito da Faculdade Arthur Thomas, com objetivo de graduao em Bacharel em Direito. Professor: Milanez

LONDRINA/PR 2012

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1. TEORIA GERAL DOS RECURSOS 1.1 Conceito J no Direito Romano surgiram as aes, em virtude da inexistncia de uma estrutura judiciria hierarquizada que tivesse a previso de rgos de primeiro e segundo grau, mas na natureza humana existe a necessidade de corrigir, ou pelo menos rebelar-se contra, a deciso ilegal ou injusta, origem ento da "querella nullitatis", ao para declarar a nulidade de uma deciso, anterior a um sistema recursal estruturado. Por iniciativa do Imperador Adriano, surgiu a apelao, pois ele avocou a si "todas as magistraturas", inclusive com o poder de rever decises dos magistrados. A estrutura complexa do Imprio e o desenvolvimento do Estado, posteriormente, admitiram recursos para autoridades hierarquizadas em graus, instituindo-se, ento, um sistema recursal, assim os recursos passaram a ter maior importncia como instrumentos de impugnao de decises judiciais, mas convivem com as aes, como a reviso criminal, o habeas corpus, os embargos de terceiro, o mandado de segurana, isso em matria criminal. Porem, hoje os recursos ocupam maior espao no processo moderno, tendo em vista a complexidade da estrutura judiciria e estatal. Na criao de um sistema recursal vigoram dois princpios antagnicos e que devem ser conciliados: o de que a possibilidade de reexame das decises aumenta a probabilidade de que a deciso seja a melhor, mas tambm o de que a existncia de um nmero grande de recursos retarda a estabilidade da deciso, comprometendo-se a paz social necessria que adviria da concluso definitiva do processo. Assim, recurso o pedido de nova deciso judicial, com alterao de deciso anterior, em seu todo ou em parte, previsto em lei, dirigida, em regra, a outro rgo jurisdicional, dentro do mesmo processo. 1.2 Pressupostos Para que o recurso seja examinado pelo juzo "ad quem",

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necessrio que se cumpram certos requisitos, denominados pressupostos, que so as exigncias legais para que seja conhecido. A existncia dos pressupostos antecedente necessrio do exame do pedido contido no recurso, que sequer ser apreciado se no estiverem todos presentes, dizendo-se, ento, que o recurso no conhecido. Se presentes todos os pressupostos, o juzo ou tribunal ad quem aprecia o pedido nele contido, dando ou no provimento. Se o recurso conhecido, poder, ou no, ser provido, se no conhecido, no se questiona quanto ao provimento, estando, alis, o juzo ad quem proibido de faz-lo. A analise destes pressupostos se denomina juzo de admissibilidade, sendo realizado em parte no prprio juzo a quo e em parte no juzo ad quem, observando-se, porm, que o exame no juzo a quo sempre provisrio ou modificvel por outro recurso, formando-se o juzo definitivo no juzo ad quem. Os pressupostos recursais so os pressupostos processuais e as condies da ao nessa fase processual, necessrios ao exame do mrito do recurso. Classificam-se os pressupostos dos recursos em pressupostos objetivos e pressupostos subjetivos. 1.2.1 Objetivos 1.2.1.1 Cabimento Esta exigncia corresponde previso legal do recurso para a deciso recorrida. Corresponde recorribilidade da deciso, visto que existem decises irrecorrveis. irrecorrvel, tambm, a ltima deciso, uma vez esgotados os recursos legalmente possveis, ocorrendo, ento, a precluso ou a coisa julgada, que decorrem exatamente da inexistncia de recurso legal cabvel. 1.2.1.2 Adequao A cada tipo de deciso cabe um tipo de recurso, devendo ser interposto o recurso adequado. Todavia, a exigncia da adequao abrandada

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pelo princpio da fungibilidade, previsto no art. 579. O tribunal poder conhecer um recurso por outro, desde que no haja m-f. Se o juiz, desde logo, reconhecer a impropriedade do recurso, mandar process-lo de acordo com o rito do recurso cabvel. 1.2.1.3 Tempestividade Todo recurso tem um prazo legal e deve ser interposto nesse lapso temporal. O recurso no sentido estrito e a apelao tm o prazo de 5 dias, os embargos infringentes tm 10, os embargos de declarao 2, o recurso ordinrio 5 e o recurso especial e o extraordinrio 15. O prazo preclusivo. 1.2.1.4 Regularidade Procedimental O recurso deve ser interposto segundo a forma legal, sob pena, sempre, de no ser conhecido. Em primeiro grau, deve ser interposto por petio ou por termo perante o escrivo, valendo, contudo, qualquer manifestao de vontade de recorrer em se tratando da sentena condenatria, o que facilita a interposio. 1.2.1.5 Inexistncia de Fato Impeditivo ou Extintivo H fatos que impedem ou extinguem o exerccio das vias recursais, no podendo o recurso ser conhecido se ocorrer algum deles. So fatos impeditivos a renuncia, o no recolhimento priso nos casos em que a lei exige. So fatos extintivos a desistncia, a desero. 1.2.2 Subjetivos 1.2.2.1 Sucumbncia Define-se ora como o prejuzo causado parte pela deciso, ora como a relao desfavorvel entre o que foi pedido e o que foi concedido, mas ambos conceitos esclarecem parcialmente a situao. De forma mais abrangente a situao que decorre do no-atendimento de uma expectativa juridicamente

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possvel, o que caracteriza o interesse de recorrer, de pedir a reforma de uma deciso. Ainda que no se possa caracterizar a situao como de prejuzo no sentido material, ou ainda que no haja possibilidade de confronto entre o que foi pedido e o que foi decidido, se a deciso no atendeu expectativa juridicamente possvel, haver sucumbncia e, consequentemente, viabilidade de recorrer. A sucumbncia pode ser bilateral, recproca ou parcial, se atende ou desatende a ambas as partes. O recurso de cada uma fica limitado parte que sucumbiu. 1.2.2.2 Legitimidade para recorrer Podem recorrer, respeitada a sucumbncia, o querelante, o querelado, o acusado e seu defensor, o assistente, o ofendido ou sucessores do ofendido, e o Ministrio Pblico. H situaes, porm, para cada uma dessas partes que precisam ser examinadas. O assistente somente pode recorrer da deciso de impronncia, da absolvio, em primeiro ou segundo grau, e da que decreta a extino da punibilidade. Sobre o recurso do assistente h trs Smulas do Supremo Tribunal Federal, a 208, a 210 e a 448, que foram comentadas no item 57, e a restrio de sua atividade recursal quelas hipteses decorre da aplicao do art. 271 combinado com os arts. 584, 1., e 598. O Ministrio Pblico pode recorrer como parte e como fiscal da lei. Pode recorrer para a correta aplicao da lei penal, inclusive se a apelao vier a beneficiar o ru, como, por exemplo, se o juiz aplicou pena de recluso e a pena cominada ao crime era a de deteno. No pode o Ministrio Pblico recorrer em favor do acusado, se a matria de prova, quanto justia ou injustia da deciso no plano ftico. Tambm no pode o Ministrio Pblico recorrer nos crimes de ao penal exclusivamente privada, ainda que na qualidade de fiscal da lei, se a sentena foi absolutria e o querelante no recorreu. Tanto o acusado quanto seu defensor podem recorrer autonomamente. Ambos podem levar a questo ao conhecimento do tribunal. Conforme acima sustentamos, na dvida, prevalece a vontade de recorrer. Todavia, a vontade livre e consciente do acusado, colhida com todas as cautelas, prevalece sobre a vontade do defensor.

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Recurso sempre voluntrio, mas o Cdigo prev hipteses de "recurso de ofcio", que, na verdade, no recurso. Nos casos, que so a sentena de absolvio sumria no procedimento dos crimes de competncia do jri, a sentena concessiva de habeas corpus em primeiro grau, e nos casos previstos em lei especial, o prprio juiz remete os autos para exame do tribunal. Ainda que essa determinao no tenha a natureza de recurso, a sentena ou deciso somente alcanar a precluso ou trnsito em julgado se houver a remessa, e o tribunal de segundo grau confirmar ou modificar uma ou outra. 1.2.3 Efeitos A interposio do recurso, produz efeitos em relao deciso recorrida, e estes so antecipados ou latentes a partir da deciso, durante o prazo legal do recurso, antes mesmo de ser interposto, tendo em vista o seu regime legal. O efeito essencial do recurso e que decorre da recorribilidade da deciso o de impedir a precluso, propiciando a competncia do juzo ou tribunal ad quem. Se o recurso no for apresentado, com todos seus pressupostos, o juzo ou tribunal ad quem no tem competncia para reexaminar a questo resolvida na deciso recorrida. Dois, porm, so os efeitos normalmente apontados para os recursos: o devolutivo e o suspensivo. Todos os recursos tm efeito devolutivo, que a aptido que tem esse instrumento de levar a deciso a reexame pelo juzo ou tribunal ad quem. O efeito devolutivo deve ser considerado em sua extenso e sua profundidade. Quanto extenso, o pedido de reforma contido no recurso limita o conhecimento do tribunal. O recurso pode formular pedido parcial e somente dentro do que foi pedido que a deciso ser proferida. Todavia, para a apreciao do que foi pedido, o tribunal poder levar em considerao, em profundidade, tudo o que for relevante para a concluso. Esse exame no pode ser limitado por pedido da parte, porque necessrio deciso do tribunal. Alm do efeito devolutivo, tm o efeito suspensivo, que a possibilidade de obstar ou conter a eficcia da deciso pelo juzo ad quem. Suspensivo ou no, ser examinado por ocasio dos comentrios aos recursos em espcie.

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2. CLASSIFICAES E ESPCIES

Os recursos podem ser classificados em: a) Ordinrios: admissvel a discusso da matria de direito e da matria de fato, como apelao, o recurso no sentido estrito e os embargos infringentes; b) Extraordinrios: somente admitem impugnao quanto matria de direito, como o recurso especial, o recurso extraordinrio, o agravo da deciso de indeferimento desses recursos e os embargos de divergncia. Refora-se que o denominado recurso de ofcio no recurso, no entanto tratado assim no Cdigo, portanto, admite-se classifica-los ainda quanto ao critrio de iniciativa, voluntrios e de ofcio. Em relao s espcies, elenca-se a seguir, no entanto esclarece-se que como o objetivo deste trabalho relacionado aos incisos do art. 581, CPP que no se aplicam mais o recurso em sentido estrito propriamente dito, mas sim agravo em execuo. a) Apelao (arts. 593 - 606), b) Recurso em sentido estrito (arts. 581 - 592), c) Agravos (Leis n 8.038/90, 7.210/84etc.), d) Carta testemunhvel (arts. 639 - 646) e) Embargos infringentes (arts. 609, par. nico) f) De declarao (arts. 619 - 620) g) Protesto por novo jri (arts. 607 - 608) h) Correio parcial (Leis n. 1.533/51, 5.010/66, etc.) i) Recurso extraordinrio (CF, art. 102, III; Lei n. 8.038/90) j) Recurso especial (CF, art. 105, III; Lei n. 8.038/90)

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2.1 Recurso em Sentido Estrito e Agravo em Execuo Recurso em Sentido Estrito, ou SER, cabvel contra decises, em regra, interlocutrias, nos casos expressos em lei. Significa que s admissvel o recurso nos casos previstos em lei, atuando, portanto, estritamente nos casos nela expressos. Assim, o rol de decises elencadas no art. 581, do CPP, taxativo e no exemplificativo. No comporta ampliao por analogia. O prazo para a interposio do recurso de 5 dias, salvo no caso do recurso contra a deciso que inclui ou exclui jurado da lista geral, caso em que o prazo de 20 dias (inc. XIV). O recurso no sentido estrito, de regra, no tem efeito suspensivo. Ter, porm, se a deciso recorrida for da perda da fiana, ou a que denega a apelao ou que a julga deserta. Ter efeito suspensivo parcial no caso de recurso contra a deciso de pronncia, impedindo o prosseguimento do feito para a segunda fase do jri, mas no obstando a priso se isso foi determinado porque foi negado o benefcio de recorrer e aguardar o julgamento em liberdade, conforme previso do art. 408, 2. O efeito suspensivo ser, tambm, parcial no caso da deciso que declara quebrada a fiana, porque suspende-se o efeito da perda da metade do valor, mas no a ordem de priso decorrente do quebramento. A interposio pode ser feita por petio ou por termo nos autos perante o escrivo, pela prpria parte ou seu representante, indicando, se for o caso de subir por traslado, as peas que devam formar o instrumento. Com ou sem ele, se no for necessrio, ser dada vista ao recorrente para oferecer razes em dois dias, abrindo-se vista, em seguida, por igual prazo, parte contrria. Com a resposta do recorrido ou sem ela, os autos sero conclusos ao juiz para manter ou reformar a deciso. Se o juiz a mantiver, determinar a remessa dos autos ao tribunal. Se a reformar, a parte contrria poder pedir a subida dos autos, no prazo do recurso, se da nova deciso tambm couber recurso no sentido estrito, porque esse pedido novo recurso. Sobem nos prprios autos principais os casos de recurso contra decises terminativas, em que no h necessidade de prosseguimento do processo, e que so, entre outros, os dos incs. I, III, IV, VI, VIII e X. Sobem por traslado ou instrumento os demais, ou sempre que houver mais de um ru e algum deles no recorrerem.

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Os recursos sero julgados pelo mesmo tribunal competente para o julgamento do mrito da infrao a que se refere o processo, salvo o recurso contra a deciso que incluiu ou excluiu jurado da lista geral, caso em que o julgamento ser feito pelo Presidente do Tribunal de Justia ou Presidente do Tribunal Regional Federal, em se tratando de crime da competncia do jri da Justia Federal. J o agravo em execuo cabvel contra qualquer deciso do juiz da execuo penal, o agravo est previsto no artigo 197 da Lei de Execues Penais, Lei n 7.210/84. No entanto, a LEP no disciplina o rito desse recurso, e sendo ele uma dissidncia do recurso em sentido estrito, considera-se que o seu procedimento deve reger-se conforme estabelece o artigo 581 e seguintes do Cdigo de Processo Penal. Alguns incisos do art. 581 esto derrogados porque a situao no existe mais no direito material em virtude da vigncia da nova Parte Geral do Cdigo Penal e outros esto substitudos pelo agravo da Lei de Execuo Penal, o que equivale derrogao. Esto revogados ou substitudos pela LEP, em seu art. 197 os incisos: a) XI: a concesso ou negativa da suspenso condicional da pena , agora, sempre na sentena, estando, pois, o recurso no sentido estrito absorvido pela apelao (art. 593, 4.), e a revogao da suspenso incidente da execuo (13); b) XII: o livramento condicional sempre decidido na execuo; c) XIX, XX, XXI, XXII, XXIII e XXIV: situaes no existem mais, e hipteses assemelhadas, quando ainda existentes, como a do inc. XXIV so tambm da execuo. a. Os incisos XXII e XXIII tambm so matria de execuo penal, art. 179, portanto cabem agravo em execuo. d) XVII: sobre a unificao de penas: revogado. Cabe agravo em execuo Apesar da impreciso da lei, que d a entender que a execuo somente se inicia com a priso e expedio da guia de recolhimento h execuo da pena sem ela, como no caso do texto ou da aplicao de medidas substitutivas da

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pena privativa da liberdade. As decises proferidas sobre incidentes nesses casos so da execuo e so agravveis, ainda que proferidas fora das Varas Especializadas de Execuo. Assim, sempre que uma deciso do juiz de execuo criminal causar prejuzo a uma das partes da relao processual, o recurso de agravo a alternativa disponvel, para fins de buscar a declarao da extino da punibilidade, a unificao das penas, a progresso de regime ou a detrao ou remio da pena, de acordo com art. 66 e incisos da LEP. A interposio do recurso de Agravo execuo dever ser feita no prazo de cinco dias, em petio dirigida ao juiz prolator da deciso, as razes interpostas em petio separada, dirigidas ao Tribunal competente para apreciar o recurso, no prazo de dois dias. Esse mesmo prazo deve ser obedecido para apresentao das contrarrazes. Na hiptese de haver juzo de retratao, a parte contrria poder recorrer da deciso, sem razes, para que a instncia superior aprecie o recurso, tudo conforme o artigo 589, pargrafo nico do CPP. Podero interpor o recurso de agravo tanto o Ministrio Pblico quanto o executado (condenado) ou o seu defensor. O assistente de acusao no tem legitimidade para propor Agravo execuo. Uma vez denegado o Agravo, caber o Recurso de Carta Testemunhvel artigo 639, II e II do Cdigo de Processo Penal.

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REFERENCIAS BIGLIOGRFICAS

GRINOVER, Ada Pellegrini et al. Recursos no Processo Penal. 2 ed. RT: So Paulo, 1997 KUEHNE, Maurcio. Lei de Execuo Penal Anotada. 2 ed. Juru: Curitiba, 2000 MIRABETE, Julio Fabrini. Execuo Penal: comentrios Lei n 7.210, de 11.7.84, 9 edio, So Paulo, Atlas, 2000 Teoria dos recursos. Disponvel em Acesso em 21 abr. 2012. TOURINHO F, Fernando da Costa. Processo Penal. Vol. 4. 21 ed. Saraiva: So Paulo, 1999