agosto - blog.newtonpaiva.brblog.newtonpaiva.br/npa/wp-content/uploads/2018/04/jornal... · ca”,...

6
Zeitgeist JORNAL DO CURSO DE PSICOLOGIA DA NEWTON N.3 | Agosto | 2017 | ISSN 2526-6365 Gustave Klimt, O Beijo, 1908

Upload: ngodang

Post on 13-Dec-2018

212 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Zeit

geis

tJO

rN

aL

DO

CUr

sO D

e P

siCO

LOG

ia D

a N

eW

TON

N.3

| a

gost

o |

2017

| is

sN 2

526-

6365

Gustave Klimt, O Beijo, 1908

Boas-vindas aos alunos e alunas da catalão!neste semestre o curso de Psicologia passou por um processo de unifi cação, tra-zendo a parte que funcionava no campus catalão 800 para a silva Lobo.agora somos um curso maior, ganhamos mais corpo, somando os estudantes das duas unidades. Ocuparemos mais espaço na silva Lobo e estaremos todos mais próximos da clínica, dos consultórios e dos laboratórios. Mas, sobretudo, amplia-mos nossa diversidade e nossa capacidade de produção de ideias, com mais cabe-ças pensantes a serviço da Psicologia. Vamos aproveitar a oportunidade para que o curso cresça também nas relações, nas trocas, nos debates, nas ações, nos servi-ços prestados. somos maiores! Que os alunos e alunas da catalão sejam recebidos com carinho e fraternidade. Fui professor de todos, conheço-os de perto e posso afi rmar que ganharemos em qualidade. Gosto muito deles, pessoalmente. Para quem chega, para a recepção de vocês, esta edição do ZeitGeist vem ilustrada na capa com “O Beijo” (1908), de Gustave Klimt. O artista austríaco que foi contem-porâneo de sigmund Freud em Viena no fi nal do século XiX e início do século XX. ambos compartilharam da mesma atmosfera cultural, do mesmo “espírito de épo-ca”, do Zeitgeist, que nos deu a Psicanálise e um dos movimentos mais importantes da arte moderna, a secessão austríaca. uma produção de ideias que infl uenciou toda a modernidade, na ciência e na arte. Para além deste editorial, esta edição do jornal traz ainda uma pequena biografi a de Jacques Lacan e algumas frases dos famosos seminários dele, o relato da experiência de uma aluna formanda do curso e as indicações culturais da professora Margaret couto. continuamos abertos às contribuições de vocês. sejam todos bem-vindos!

HOMerO nunes

eDItorIaLKlimt arvore da vida

eXpeDIenteZeiTGeisT | JOrNaL DO CUrsO De PsiCOLOGia Da NeWTON | issN 2526-6365

coordenação: andreia Barbosa de Faria

Jornalista responsável: Homero nunes

estagiária do curso de Jornalismo: Fernanda casanova

Produção: núcleo de Produção acadêmica da newton - nPa

editora de arte e Projeto Gráfi co| Helô costa - registro Profi ssional 127/MG

Dúvidas, críticas e sugestões: [email protected]

Meu ingresso na faculdade foi de grande expectativa e ansiedade, pois não sabia como seria o percurso nesses cinco anos.

O sonho de me tornar uma Psicóloga era ainda distante, mas seguia fi rme, guiada sempre pelo meu desejo e determinação. O maior incentivador desse sonho foi meu ir-mão anthony Lima, pois foi a partir da curiosidade de sua doença, esqui-zofrenia, que eu procurei entender sobre o ser humano.

no início do curso já me iden-tifi cava com as matérias e com os professores. alessandro santos me incentivou com sua história de vida e determinação, já Fabrício ribeiro me fez apaixonar pela prática na saúde mental. Lucas Loureiro me encantou com sua transmissão em psicanálise e Fernando dório foi um espelho na minha atuação clínica.

O curso trouxe uma pluralida-de de abordagens e conhecimentos, construindo assim, terreno sólido para minha atuação. desde os primei-ros períodos já me interessava pelos estágios extracurriculares e com eles pude colher bons frutos.

Pude conhecer o sus (sistema Único de saúde) em um estágio no PaM – campos sales, atuei como at

(acompanhante terapêutico) em uma

residência terapêutica, atuei na pró-

pria clínica da newton e pude conhe-

cer dentro da área jurídica o Pai-PJ

(Programa de atenção integral ao Pa-

ciente Judiciário) que marcou minha

trajetória na saúde mental.

com o tempo, teoria e prática

foram se entrelaçando e então, pude

entender a lógica da atuação do Psi-

cólogo e suas peculiaridades. captu-

rada pela Psicanálise e pela atuação

na saúde mental já tenho planos e

projetos futuros.

sinto-me honrada pela oportu-

nidade de ter estudado na newton e

agradeço imensamente a todos que

fi zeram parte dessa conquista. não

poderia deixar de parabenizar a fa-

culdade também pelos demais pro-

fessores não citados, pois foram eles

os responsáveis por transmitir toda

essa bagagem de conhecimento te-

órico-prática para nós alunos. Levo

um pouco de cada um comigo e espe-

ro poder manter os laços produzidos

nessa instituição.

deixo aqui meu muito obrigada

e um até logo!

QueM teM uM sOnHO nÃO cansa

com a paLaVra, a aLUnaLeda LiMaFormanda do curso de Psicologia da newton

comportamento

Lacan, da arte à

PsicanáLise

a tela “a Origem do Mundo” foi encontrada na casa de Jacques Lacan. após ficar desaparecida por décadas, a pintura erótica de Gustave courbet, de 1866, foi doada ao Museu d’Orsay de Paris pela família do psicanalista após a morte dele. É um retrato de uma vulva, o órgão genital feminino, com pelos, que hoje assombra visitantes no museu. reza a lenda que Lacan o dei-xava escondido atrás de outro quadro e o mostrava apenas a alguns escolhidos. a mais controversa pintura do realismo francês fazia coro com outras da arte moderna, na coleção decorrente da re-lação de Lacan com os meios artísticos e intelectuais franceses.

desde cedo, ainda estudante de medicina, o jovem Jacques circulava entre os dândis das vanguardas literá-rias e do surrealismo, movimento este que o levou a Freud e à Psicanálise. Mal sabia ele o impacto que Freud causaria em todo seu pensamento até o final da vida, em 1981.

Magro e elegante, cheio de conte-údo e gravatas borboleta, Lacan foi um sedutor, namorador com várias paixões e mulheres caídas por ele. teve 4 filhos, 3 do casamento e uma menina de uma relação extraconjugal. não era muito apegado à visão tradicional de família, ainda que tenha nascido de uma família extremamente tradicional e religiosa, com a qual rompeu em relações proble-máticas, sobretudo com a imagem do avô careta.

desencaixado e rebelde, Lacan

foi se encontrar no divã, na análise. Mas acabou por criticar seu analista e propor sua própria visão do que a Psicanálise podia alcançar. assumiu, assim, uma postura combativa à aca-demia francesa e às interpretações vi-gentes, mirando uma leitura mais radi-cal de Freud.

seu esforço intelectual o lançou também na filosofia, buscando o estofo teórico que o permitisse articular me-lhor seus argumentos, fazer suas con-testações com propriedade. nietzsche, Heidegger, Hegel e muitos outros pas-saram a povoar suas ideias. também a linguística de saussure e o estruturalis-mo de Levi-strauss teriam forte influ-ência em seu pensamento. enfim, criou a partir de diversas perspectivas – da filosofia, das ciências humanas, da lite-ratura e das artes – o repertório para um pensamento controverso e diverso, implacável.

seus seminários abertos duraram quase 30 anos (1951 – 1980). neles La-can falava sobre a Psicanálise, Freud, ética, desejo etc. e ensinava seu pensa-mento a quem pudesse interessar. eles constituem o grosso da produção inte-lectual de Lacan. cerca de 25 seminá-rios (28?), muitos publicados e traduzi-dos em português.

Para saber mais:rOUDiNesCO, elisabeth. Jacques Lacan – esboço de uma vida, história de um sistema de pensamento. são Paulo: Cia das Letras, 1994.

HOMerO nunesda redação | ZeitGeist

DOs semiNÁriOs De JaCQUes LaCaN:

"Fica a seu critério serem lacanianos, se quiserem. Quanto a mim, sou freudiano."seminário de Caracas, 1980

“Vocês compreendem. Vocês não tem razão.”seminário 3

“A cólera, eu lhes disse, é o que acontece nos sujeitos quando os pininhos não entram nos buraquinhos.”seminário 10

“Não há verdade que, ao passar pela atenção, não minta.”seminário 11

“O sujeito não é outra coisa senão o que desliza numa cadeia de signifi cantes.”seminário 20

FaLe-me maIS SoBre...

o InDIcaDor | PELA PROFESSORA MARGARET PIRES DO COUTO

LIVROSFeLiCiDaDe CLaNDesTiNaclarice Lispector, 1971um livro que eu amo, que fala sobre a busca incessante e o impossível encontro com a felicidade. de um modo sagaz e particular, clarice Lispector surpreende o leitor com suas frases enigmáticas e poéticas.

VaLe TUDOnelson Mota, 2006a biografi a de tim Maia, que revela a genialidade e singularidade de sebastião rodrigues Maia, um dos maiores músicos brasileiros. entre maluquices e o apurado rigor musical, demonstra que o humor e a música podem ser uma solução para as estranhezas humanas.

DISCOSbUeNa VisTa sOCiaL CLUb, 1996um antigo clube de música e dança em Havana que fi cou fechado por muito tempo. nos anos 90, o guitarrista americano ry cooder fez uma pesquisa sobre os antigos músicos, então esquecidos, resgatando um a um. O resultado foi uma coletânea do melhor da música cubana. O processo de pesquisa e gravação está registrado no documentário aqui indicado.

TUDO aZUL, 1999coletânea de samba produzida por Marisa Monte a partir de uma pesquisa sobre sambas e sambistas da Velha Guarda da Portela que fi caram perdidos na história. um disco que valoriza preciosidades da música brasileira. Quase uma década depois o disco repercutiu num documentário também indicado nesta coluna.

FILMESbUeNa VisTa sOCiaL CLUb, 1999documentário musical de Win Wenders sobre a música cubana e os antigos músicos que fi caram esquecidos após a revolução. um retrato romântico de uma cuba decadente, de musicalidade única. O fi lme mostra as apresentações dos músicos em amsterdam e no famoso carnegie Hall em nova York. também a gravação do disco homônimo aqui indicado.

O misTÉriO DO samba, 2008documentário musical sobre o samba. Fruto da pesquisa e do resgate musical proposto pela Marisa Monte, desde a gravação do disco “tudo azul”. destaque para a participação especial do Paulinho da Viola e do Zeca Pagodinho. também o show gravado no teatro Municipal do rio de Janeiro, com os velhos sambistas cariocas. uma espécie de “Buena Vista social club” sobre o samba.

O QUE MAIS RECOMENDA?

PeDaCiNHOs DO CÉUTradicional casa de chorinho no Caiçara. Um lugar para escutar e apreciar

uma boa música, frequentado por importantes artistas de diferentes gêneros. excelente comida de boteco. rua belmiro braga, 744 – alto Caiçara – bH.