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Agosto 2005 | FidelidadESPÍRITA
Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: 0800 770-5990 | 1Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: (19) 3233-5596
SUMÁRIO
4 CURIOSIDADE
LIVROS DOS TEMPOS DO NOVO TESTAMENTO
De onde vieram os livros e como eram feitos
7 MENSAGEM
ORAÇÃO AO BRASIL
Uma linda mensagem de fé e esperança
10 CONFIANÇA
PEDIDO DE MÃE
Uma prova de força e poder da oração
12 APRENDIZADO
URIM, THUMMIM E EPHOD
Conheça o significado de palavras citadasnos Evangelhos
14 CAPAUMA QUESTÃO DE IDADE- A DO CORPO E ESPÍRITO -Quando os espíritos são criados e como seajustam ao corpo físico
22 REFLEXÃO
DOIS LINDOS CASOS DE CHICO XAVIER
A sabedoria e discernimento de um dosmaiores médiuns que conhecemos
24 ESTUDO
A LÍNGUA PORTUGUESA E A INFLUÊNCIA DOS
ESTRANGEIRISMOS
A língua portuguesa no mundo e suasinfluências
27 COM TODAS AS LETRAS
XXXXXXXXXXXX
Importantes dicas da nossa língua portuguesa
Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar”Rua Luís Silvério, 120 – Vila Marieta 13042-010 Campinas/SPCNPJ: 01.990.042/0001-80 Inscr. Estadual: 244.933.991.112
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Centro de Estudos Espíritas
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Administração e Comércio
Elizabeth Cristina S. Silva
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ASSINE: (19) 3233-55964| Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP
FidelidadESPÍRITA | Agosto 2005
Um odor acre enchia o
ar. Quando o fogo cre-
pitava e as chamas mor-
riam, alguém jogava mais combus-
tível para fazê-las brilhas novamen-
te. Depois, já sem o que queimar, o
fogo se apagava.
Gente de todas as épocas quei-
ma ou destrói algumas das coisas
que herda do passado, imóveis,
móveis ou papéis; mas essa histó-
ria, sobre gente do Egito, é especi-
almente triste. O que queimavam,
há 200 anos ou mais, eram rolos de
papiro, livros antigos. O cheiro do
papiro queimado agradava aos ha-
bitantes da região. O relato diz que
quarenta ou cinqüenta rolos foram
encontrados; um mercador com-
prou um deles, e o resto alimentou
as chamas.
Hoje que os livros impressos saem
das gráficas aos milhares, a perda
de alguns pelo fogo ou enchente
não é nenhuma tragédia. Mas,
quando cada cópia era feita à mão,
era comum haver tão poucos exem-
plares de um livro que ele podia
facilmente desaparecer para sem-
pre. Hoje conhecemos muitos livros
antigos só pelo título. Cada um que
sobreviveu, portanto, é valioso.
Os estudiosos acabaram perce-
bendo o valor dos rolos de papiro
do Egito, e assim a gente da terra
começou a tratá-los com mais cui-
dado, vendendo-os a colecionado-
res e museus europeus. Os antigos
livros egípcios eram muito atraen-
tes, alguns com iluminuras colori-
das, e havia competição para ad-
quiri-los. Havia outros rolos com
colunas de escrita em grego. A
maioria deles tratava de questões
do governo local, impostos e recru-
tamento militar. Alguns eram cópi-
as de livros gregos, em especial A
Ilíada e A Odisséia, de Homero.
Ali estava a abertura de nova
porta no estudo dos clássicos. An-
tes da descoberta desses papiros, lá
por meados do século XIX, as obras
de autores gregos e latinos eram
conhecidas somente via cópias me-
dievais. Poucas destas tinham mais
de mil anos, sendo as mais antigas
três cópias do famoso poema Eneida,
de Virgílio, feito no século V.
Ao longo dos séculos, os escribas
sucessivos que copiava, os livros
cometeram inúmeros erros. Às ve-
zes não corrigiam seus erros, e
escribas posteriores os copiavam sem
notar o que estava errado. Se no-
tavam um erro, podiam talvez cor-
rigi-lo, ou ao tentar fazê-lo podiam
agravá-lo. Certamente, quando
Johann Gutenberg inventou a im-
prensa com tipos móveis de metal
por Alan Millard - por Alan Millard
CURIOSIDADE
Livros dos TemposLivros dos TemposLivros dos TemposLivros dos TemposLivros dos Temposdo Novo Testamentodo Novo Testamentodo Novo Testamentodo Novo Testamentodo Novo Testamento
Livrosdos Temposdo NovoTestamento
Caneta de junco do Egito do período romano.
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Hoje conhecemos muitos livros antigos
só pelo título. Cada um que sobreviveu
é valioso
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(cerca de 1450), havia já muitos
erros que foram perpetuados nas
edições impressas.
Com cópias em papiro muito mais
antigas para estudar, os estudiosos
esperavam poder ver os textos como
eram antes da sedimentação de
muitos desses erros. A expectativa
confirmou-se, embora tenha apare-
cido também toda sorte de outros
erros. Ainda assim, as cópias em
papiro possibilitaram, em muitos
casos, a recuperação de textosmais
confiáveis do que os manuscritos
medievais. Vez por outra atestam
grafias das cópias medievais que os
estudiosos da atualidade haviam
condenado como impossíveis ou
erradas, e de tempos em tempos
refutam teorias modernas que ata-
cavam antigas afirmações.
De onde vieram os livros?
Os papiros gregos são encontra-
dos em sítios espalhados por todo o
Egito ao sul do Cairo. As maiores
descobertas foram feiras em cida-
des abandonadas em torno de um
pequeno lago. Hoje o local se cha-
ma Fayum. Entre 300 e 200 a.C.,
engenheiros gregos organizaram um
sistema de irrigação para a região.
Enquanto os canais se mantivera,
desobstruídos e todo o sistema fun-
cionava, as pessoas podiam cultivas
a terra e prosperar. Mas então a or-
ganização degringolou, ou as pes-
soas perderam a vontade de traba-
lhar juntas, e o fluxo de água min-
guou – as pessoas foram embora e
as casas abandonadas ruíram e se
encheram de areia.
Isso começou a acontecer no
século IV d.C., e por volta da épo-
ca da conquista árabe, em 642,
eram poucas as cidades ainda ocu-
padas. Ao abandono, as pilhas de
ruínas ficavam bem secas. Docu-
mentos deixados nas casas ou nos
depósitos de lixo desidrataram-se
também e, assim, sobreviveram.
Circunstâncias como essas são
incomuns, mas manuscritos antigos
foram encontradosem outros locais
áridos – por exemplo, na costa do
mar Morto e na Ásia central.
Imigrantes de língua grega iam
chegando ao Egito no tempo da di-
nastia ptolemaica, que governou o
país depois de Alexandre, o Gran-
de (de 304 até a morte de
Cleópatra, em 30 a.C.). Eles esta-
beleceram-se em muitos locais,
lado a lado com os egípcios, mas a
região recém-colonizada de Fayum
era especialmente atraente para
eles. Ali falavam e escreviam gre-
go, que era então a língua domi-
nante para questões governamen-
tais e comerciais. Sob governo ro-
mano, o grego manteve seu status,
embora o latim fosse necessário para
alguns fins oficiais.
Os papiros eram os arquivos, as
coleções de livros e documentos,
dessa gente – geralmente funcio-
nários do governo, proprietários de
terra e homens cultos. Diante da
enorme quantidade de documen-
tos de papiro, é fácil pensar que a
maioria das pessoas sabia ler e es-
crever. Mas isso não é verdade. Os
letrados formavam uma pequena
minoria. Outra idéia equivocada é
que os papiros formavam bibliote-
cas ou arquivos de documentos
CURIOSIDADE
Os papiros novos eram flexíveis e facilmente enroláveis
Os papiros gregos são encontrados
em sítios espalhados por todo
o Egito ao sul do Cairo
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FidelidadESPÍRITA | Agosto 2005
completos. Mesmo quando encon-
trados no cômodo de uma casa, nin-
guém pode ter certeza de que to-
dos os documentos estejam ali. Às
vezes rolos completos de contas são
recuperados e, ainda mais raramen-
te, rolos inteiros de obras literárias.
Na maior parte dos casos, os papi-
ros são encontrados nos depósitos
de lixo. Eram jogados ali porque
eram lixo, portanto estão rasgados,
fragmentados e incompletos. As-
sim, os livros da época do Novo
Testamento que podemos ver hoje
são muitas vezes decepcionantes –
só parte da coluna de um, poucas
linhas de uma página de outro.
Descobrindo a idade dos livros
Os livros gregos não tinham fo-
lhas de rosto, e os escribas que os
copiava, quase nunca assinavam
seu trabalho. Para datar as cópias
antigas, os estudiosos examinam o
estilo da escrita e o comparam com
a escrita dos contratos legais e do-
cumentos oficiais datados. Embora
essas comparações sejam uma boa
baliza, é preciso lembrar que um
escriba pode continuar escrevendo
do modo que aprendeu na escola
durante trinta ou quarenta anos,
ao mesmo tempo que novos estilos
se desenvolvem.
Além disso, os estilos podiam
evoluir segundo ritmos distintos
nos diferentes centros, e, embora os
documentos muitas vezes mencio-
nem onde foram escritos, tal infor-
mação não está presente nos livros.
Levando em conta todas as incer-
tezas, os papirólogos geralmente
conseguem apurar o século em que
um texto foi copiado e, no caso em
que há características específicas,
podem delimitar um intervalo ain-
da mais preciso.
O que as pessoas liam
Os grandes poemas de Homero,
A Ilíada e A Odisséia, eram os favo-
ritos dentre os livros gregos. Encon-
traram-se entre 600 e 700 cópias em
papiro. Os épicos de Homero são
bem longos – A Ilíada é dividida em
24 livros, e uma tradução inglesa
moderna tem 459 páginas - , por-
tanto cada um ocupava vários ro-
los. Um dos rolos, hoje no Museu
Britânico, tem 6 metros de compri-
mento e contém somente os últi-
mos dois livros de A Ilíada.
Obras de dramaturgos, poetas,
filósofos e historiadores famosos es-
tão bem representadas. Um frag-
mento do ensaio filosófico Fédon, de
Platão, pode remontar ano século
III a.C., portanto foi copiado me-
nos de um século depois da morte
do autor (348 a.C.).
Um dramaturgo popular era
Menandro, que viveu logo depois
de Platão. Seu nome e sua obra fo-
ram mencionados por outros auto-
res, mas só sobreviveram algumas
citações, até que os papiros reve-
lassem exemplares das suas peças.
Hoje se conhece uma peça comple-
ta, além de partes consideráveis de
outras seis.
Os cidadãos gregos do Egito
liam peças de Esquilos e de Sófocles
que eras posteriores esqueceram, e
tinham também livros de
Aristóteles. As descobertas no Egi-
to acrescentaram todos esses livros,
e outros cujos autores são menos
famosos ou bem desconhecidos, ao
conhecimento atual da literatura
grega. Essas obras também revelam
a literatura que alguns dos primei-
ros cristãos teriam lido. �
Para datar as cópias antigas, os
estudiosos examinam o estilo da
escrita
Fonte:
MILLARD, Alan. Descobertas dos Tempos
Bíblicos. Págs. 319-321. Editora Vida.
São Paulo/S.P. 1999
CURIOSIDADE
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Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: 0800 770-5990 | 7Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: (19) 3233-5596
Brasil! Quando os povos cul-
tos e poderosos exibem o verbo da
força pela boca dos canhões,
revivendo milenários estigmas da
destruição e da morte, nós, os teus
tutelados felizes, podemos exaltar-
te o heroísmo silencioso. Adotaste-
me por filho afortunado, quando te
bati à porta acolhedora 1 , fugindo
ao céu borrascoso e sombrio do Ve-
lho Mundo. Deixava, no fumo do
pretérito, os impérios coroados de
ouro, que alimentam a ignorância
e a miséria com o baraço e o cutelo
dos carrascos da liberdade; a
truculência erguida em governo
das nações, asfixiando o impulso
generoso de comunidades progres-
sistas; a tirania convertida em le-
galidade nos tronos de rapina; a
mentira e a astúcia mascaradas de
sacerdócio; a opressão inquisitorial
dos perseguidores da fé livre, bus-
cando perpetuar o negrume da Ida-
de Média; a fábula impiedosa pre-
tendendo orientar as letras sagra-
das, e, por fantasma erradio, a re-
volta, dominando cérebros e cora-
ções, para, mais tarde, arremeter de
improviso aos gulosos comensais do
poder.
Atravessei os pórticos do templo
da fraternidade, que o teu clima de
paz me oferecia. Deslumbrado à luz
de teu céu, ajoelhei-me ante o Cru-
zeiro resplandecente que te inspi-
ra, recordando o Divino Herói Cru-
cificado. Aqui, o patíbulo não era
o caminho dos sonhado-
res; o crime organizado não
era a curul administrativa; as
trevas das consciências não
eram a expressão religiosa;
o despotismo purpurado não
era o refúgio à intolerância; o
cativeiro das paixões inferiores
não era a aristocracia da inteligên-
cia; o assassínio das opiniões não era
a glória do feudalismo jactancioso;
a violência não era a segurança; a
carnificina não era o brilho do man-
do; o sangue e o veneno, a
prepotência e a traição não eram a
galeria brilhante da política do ter-
ror; a fogueira não era o prêmio à
investigação e à ciência; a conde-
nação à morte não era o salário dos
mais dignos.
O perfume
da terra misturava-
se à claridade do
firmamento, e orei, agra-
decendo à Providência Di-
vina o acesso aos teus celeiros
de pão e de luz, de compreensão
e de bondade. Em teus caminhos,
rasgados pela renúncia de apósto-
los anônimos, estampavam-se os ras-
tros de todos os corações que se ha-
viam fundido, no crisol do amor su-
blime, para os teus primeiros dias
de nacionalidade. Ouvi o cântico
das três raças, que o trabalho, a sim-
plicidade e o sofrimento consagra-
ram para sempre em teu
nascedouro, e recebi a honra de
compartilhar o esforço de quantos
te prelibaram a independência.
Oração ao Brasilpor Chico Xavier / Ruy Barbosa
Deslumbrado à luz de teu céu,
ajoelhei-me ante o Cruzeiro
resplandescente que te inspira...
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MENSAGEM
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FidelidadESPÍRITA | Agosto 2005
Por ti, em minha frágil estrutura
de homem, amarguei os momentos
de operário e as angústias do
orientador. E enquanto te acompa-
nhava os vagidos no berço da eman-
cipação que conquistaste sem san-
gue, por ti fui quinhoado com a gra-
ça do desfavor e do exílio, para vol-
tar, depois, à cabeceira do infante
que te guiaria os destinos, durante
meio século de probidade e sacrifí-
cio 2 . Lidador novamente senten-
ciado ao ostracismo, aguardei a
morte, com a serenidade do servo
consciente, feliz pela exação no
cumprir seu dever e crente na tua
destinação de Terra Prometida que
o Rei Entronizado na Cruz estre-
mece e amanha. Sob a inspiração
viva de teus dilatados horizontes de
luz, jamais me alapei nas dobras da
pusilanimidade quando se me exi-
gisse valor; jamais urdi a ficção
refugindo à realidade; jamais
contubernei com a felonia contra a
inocência. E ardendo no propósito
de servir-te, no resgate de minús-
cula parcela do meu débito imen-
so, entranhei-me venturoso no la-
birinto da reencarnação, ideando
contigo a pátria da renovação hu-
mana. Reconstruindo o templo de
carne, de cujo órgão se irradiam as
ondas do pensamento, devotei-me
de novo ao culto de teu progresso
incessante. Eu, que desfrutara o
privilégio de sentar-me nas assem-
bléias que te planejavam o grito li-
bertador, assomei à tribuna de
quantos te defendiam os ideais re-
publicanos, filiando-te na legião dos
povos cultos e determinadores.
Por ti, partilhei o governo, usei
a autoridade, preservei a ordem,
louvei o patriotismo, encareci a
democracia e confundi-me com o
povo, vivendo-lhe as expectativas
e aspirações. A invocação de teu
nome, e acima de todas as cogita-
ções peculiares ao homem de Esta-
do e ao filho honrado da plebe la-
boriosa, que eu fui, advoguei, em
tua companhia, a causa da liberda-
de, compreendendo o apostolado de
amor universal com que subiste à
tona da civilização. Nunca me hon-
rei com aplausos e louros, que os
não mereci, mas vigiei, quanto
pude, na preparação de tua vitó-
ria, exercendo o ministério do di-
reito a que te afeiçoaste, desde o
sonho impreciso dos missionários
expatriados que te marcaram as
primeiras linhas de evolução volta-
dos para o esplendor da Igreja pri-
mitiva. Incorporando-te à essência
de meu sangue e de meu ideal, con-
fiei-me - célula microscópica - à tua
grandeza imperecível e tomei assen-
to nas lides da palavra e da pena,
nos tribunais e nas praças, nos jor-
nais e nos comícios, quase sempre
sozinho, na guerra sem quartel da-
queles que não conhecem o con-
selho dos generais, nem o apoio das
baionetas. Por ti, suportei, orgulho-
so, o peso de asfixiantes responsabili-
dades que me feriram os ombros e me
iluminaram o coração, na evidência
e na obscuridade, aprendendo e so-
frendo contigo, na escola da igual-
dade, da tolerância e da justiça.
E agora, que a ciência mortífera
grava transitória supremacia nos
regimes, estimulando a política da
força pelo triunfo numérico; que a
perversidade da inteligência lança
o descrédito nos fundamentos mo-
rais do mundo; que a crise do cará-
ter emite vagas negras de pertur-
bação e desordem; que a toga des-
ce da majestade dos seus princípi-
Por ti, em minha frágil estrutura de
homem, amarguei os momentos de
operário e as angústias de orientador
�Palácio de D. Pedro II em Petrópolis
MENSAGEM
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os, para dourar os instintos da
barbárie nos tremendos conflitos
internacionais que se agigantam no
século; que a moral religiosa con-
corre ao pleito de dominação
indébita, imergindo nas trevas da
discórdia as consciências que lhes
cabe dirigir; que a doutrina do sílex
substitui os tratados nas guerras sem
declaração; que os dogmas de to-
dos os matizes se insinuam nas con-
quistas ideológicas da Humanida-
de, preconizando a mordaça e o
obscurantismo - agora ponho meus
olhos em teu vasto futuro...
Possa continuar ecoando em teus
santuários e parlamentos, cidades
e vilarejos, vales e montanhas, flo-
restas e caminhos, a palavra imor-
tal do Mestre da Galiléia! Conser-
va a tua vocação de fraternidade,
para que os mananciais da benção
divina jorrem luz e paz sobre a tua
fronte danificada pelo esforço cris-
tão na concórdia e na atividade
fecunda. Guarda o teu augusto
patrimônio de liberdade a distân-
cia de todos os gigantes do terror,
dos deuses da carniça e dos gênios
da brutalidade, que tentam ressus-
citar os fósseis da tirania. Elege o
trabalho por bússola do progresso e
da ordem, porque de tuas arcas
dadivosas manará novo alimento
para o mundo irredimido. Templo
de solidariedade humana, teu mi-
nistério de pacificação e redenção
apenas começa... Novo hino será
desferido por tua voz no coro das
nações. Nem Atenas adornada de
filósofos, nem Esparta pejada de
guerreiros. Nem estátuas impassí-
veis, nem espadas contundentes.
Nem Roma, nem Cartago. Nem se-
nhores, nem escravos. Desdobrem-
se, isto sim, em teu solo amoroso os
ramos viridentes Árvore do Evan-
gelho, a cuja sombra inviolável se
mitigue a sede multimilenar do
homem fatigado e deprimido!
Desfralda o estrelado pavilhão que
te assinala os destinos e não te que-
brantes à frente dos espetáculos
cruentos, em que os povos despre-
venidos da atualidade erguem
cenotáfios e ossuários à própria
grandeza. Descerra hospitaleiras
portas aos ideais da bondade cons-
trutiva, do perdão edificante, do
ilimitado bem, porque somos em ti
a família venturosa do Cristianis-
mo restaurado, e, por amor, se ne-
cessário, mil vezes nos confundire-
mos no pó abençoado e anônimo dos
teus caminhos floridos de esperan-
ça, empunhando o código da justi-
ça para o exercício varonil do di-
reito, emergindo das sombras da
morte - celeiro sublime da vida re-
nascente.
Grande Brasil! Berço de triun-
fos esplêndidos, aberto à glorifica-
ção do Cristo, seja Ele a tua inspi-
ração redentora, o teu apoio infalí-
vel, a trave-mestra de tua seguran-
ça; e, enaltecendo o messianismo
do teu povo fraterno, em cujo seio
generoso se extinguem todos os
ódios de raça e se expungem todas
as fronteiras do separatismo destrui-
dor, que o Mestre encontre no âma-
go de teu coração o sagrado poiso
das Boas-Novas de Salvação, des-
cendo, enfim, da cruz de nossa
impenitência multissecular para
conviver com a Humanidade ter-
restre, para sempre. �
Berço de triunfo esplêndidos,
aberto à glorificação do Cristo, seja
Ele a tua inspiração redentora...
Fonte:
XAVIER, Francisco Cândido. Falando à Ter-
ra. Págs. 11 – 16. Feb. Rio de Janeiro/ R.J.
2002
1 Refere-se o mensageiro espiritual à reencarnação anterior, dele mesmo, no Brasil2 Referência a D. Pedro II
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FidelidadESPÍRITA | Agosto 2005
Pedido de Mãe
por Elizeu Rigonatti
O meu filho está no Exército. O
batalhão dele parte amanhã para
guerra!
�
CONFIANÇA
Era uma senhora
pequenina, franzina,
morena, olhos muito pre-
tos num rosto miúdo, cabelos cres-
pos, bem penteados. Trajava-se mo-
destamente, sempre de claro, e pen-
dia-lhe do pescoço uma
correntinha de ouro, com um
coraçãozinho do mesmo metal, no
qual se engastava um rubi, de um
vermelho vivo, brilhante.
Comparecia ao Centro às sextas-
feiras; e sentava-se invariavelmente
na última cadeira da terceira filha.
Nunca pedira nada. Ao entrar
cumprimentava-me com um “Lou-
vado seja o Senhor”, ao qual eu
correspondia, ligeiramente emoci-
onado “Para sempre louvado seja”.
Foi a única que assim me cumprimen-
tou durante minha vida de espírita.
E, sentada em seu lugar, embe-
bia-se em preces. Ouvia atentamen-
te a leitura do Evangelho, e as pala-
vras do preletor da noite. Ao termi-
nar a reunião, despedia-se de todos
com um “boa noite” e um sorriso.
Numa sexta-feira, acercou-se da
mesa e disse-me:
- Posso falar com o senhor?
- Como não! Sente-se aqui ao
meu lado, estou às suas ordens.
Seus belos olhos diziam da ansi-
edade que lhe ia na alma.- Sabe,
sr. Eliseu! O meu filho está no Exér-
cito. O batalhão dele parte ama-
nhã para guerra! Ele vai junto...
Um soluço sacudiu-a; do negror
dos seus olhos borbulhavam lágrimas.
Senti uma dor funda em meu peito.
Que poderia eu fazer? Nossos di-
retores espirituais poderiam fazer
algo?
Estávamos em plena conflagra-
ção; país atrás de país precipitava-
se na fogueira. Os Exércitos de
Hitler, como um potente rolo com-
pressor de força irreprimível, esma-
gavam impiedosamente lares, cida-
des, nações, reduzindo-as a destro-
ços, a caos, a cinzas.
O Brasil não escapara.
Nessa manhã estivera na ofici-
na gráfica onde eu trabalhava, um
oficial de nosso Exército com vári-
os subordinados. Promoveram um
levantamento completo do pesso-
al. Éramos cento e oitenta empre-
gados; desses ficariam os mais ido-
sos, e os absolutamente imprescin-
díveis para a indústria não parar;
alistaram os restantes que deveri-
am aguardar a chamada, que viria
a qualquer momento. Junto aos
conscritos estava eu. Portanto, en-
tre mim e o filho dela parecia-me
que a diferença era pequena: ape-
nas uma questão de dias.
Debalde procurei em meu ínti-
mo um quê qualquer para confortá-
la; nada encontrei.
- Minha irmã - murmurei por fim
-, a misericórdia do Altíssimo é sem
limites; vá sentar-se, só o Pai nos
pode valer em tais ocasiões; faça suas
orações e espere confiante. Todos
oraremos.
E na sexta-feira seguinte ele vol-
tou, acompanhada de um rapagão
alto, forte, simpático. Os olhos dela
Pedi e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei e abrir-se-vos-á;
porque todo o que pede recebe; e o que busca acha; e a quem bate abrir-se-á.Mateus, 7:7-8
Agosto 2005 | FidelidadESPÍRITA
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Ao defrontar-se comigo, o comandante
entreparou e ordenou-me: Você não
embarca, volte para o quartel”
CONFIANÇA
irradiavam felicidade. Depois de
cumprimentar-nos - ao meu lado
estava minha sogra, dona Corina,
diretora de nossos trabalhos -, apre-
sentou-nos o rapaz, seu filho, o qual
vinha agradecer de público a gra-
ça recebida, sua dispensa. No mo-
mento oportuno tomou a palavra e
contou-nos:
- O batalhão saiu do quartel e
marchou rumo à Estação da Luz,
onde embarcaríamos para Santos,
e de lá, em navio para a Europa.
Na plataforma da Estação entramos
em forma para revista. Ao defron-
tar-se comigo, o comandante
entreparou e ordenou-me: “Você
não embarca, volte para o quartel”.
E dispensaram-me. E aqui estou
para agradecer a Deus, à minha
mãe, e a vocês todos as preces que
fizeram por mim.
Ao terminar a sessão, de braço
dado com o filho, despediu-se com
o costumeiro sorriso.
Quem há de resistir ao pedido
de uma mãe?
Nessa mesma reunião tivemos
uma instrutiva manifestação
psicofônica de nosso diretor espiri-
tual, José Cavalcante de Oliveira,
sobre o conflito que lavrava inten-
so na Europa; entre outras coisas,
recomendou-nos que não tomásse-
mos partido por nenhum dos com-
batentes; orássemos por todos eles,
sem distinção; víssemos em qual-
quer um deles irmãos nossos que
sofriam duras provas e, por conse-
guinte, merecedores de nosso au-
xílio silencioso: a prece.
Decorreram trinta e oito anos.
Jamais atinei com o que se passara.
Qual o mecanismo que os Poderes
Superiores acionaram a fim de que
o moço fosse libertado tão sumari-
amente?
Revendo estas recordações em
companhia de meu amigo, o mé-
dium O. F., manifestou-se um Espí-
rito de voz feminina, delicada:
- Sr. Eliseu, o senhor sabe quem
está aqui?
- Não faço a menor idéia...
- É a Maria Aparecida, a mãe
do Carlos, o meu filho que não foi
para a guerra! O senhor me vê?
- Sim, sim, percebo-a. E como
você está bonita, Maria! Você
desencarnou? E o Carlos?
- Desencarnei há muito tempo,
e sou feliz. O Carlos ainda está en-
carnado, constituiu família; estou
bem contente com ele. Vim dizer-
lhe como o caso aconteceu. O dr.
Cavalcante, quando passei para cá,
mo explicou. Foi assim: o dr. Caval-
cante recebeu instruções superio-
res para atender ao meu pedido. E,
observando, notou que o coman-
dante do batalhão era médium in-
consciente; ao deparar com meu
filho, o dr. Cavalcante tomou-o e
transmitiu a ordem que o senhor já
sabe. Vê como foi simples?
- Simplíssimo, Maria! Mas quem
pensaria nisso? Mediunidade,
mediunidade, consciente ou in-
consciente, quantos milagres e hu-
manidade te deve!
- É sim. Já agradeci ao dr. Ca-
valcante. Estou ansiosa por encon-
trar aquele comandante benemé-
rito, quero beijar-lhe as mãos, agra-
decer-lhe de viva voz o que fez por
mim e por meu filho.
E com aquele seu antigo sorriso,
muito meu conhecido, despediu-se. �
Fonte:
RIGONATTI, Eliseu. O Evangelho das
Recordações. Págs15 – 17. Editora
Pensamento. São Paulo/ S.P.
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FidelidadESPÍRITA | Agosto 2005
APRENDIZADO
Urim, Thummim e Ephod
O uso do Urim e Thummim era
freqüente no seios dos antigos
hebreus.
�
O que seriam o Urim e
o Thummim, menci-
onados em vários li-
vros do Antigo Testamento?
Tudo leva a crer que se tratava
de um dispositivo que se coloca-
va sobre um peitoral que por sua
vez era colocado sobre o peito,
para se poder entrar em comuni-
cação com Espíritos desencarna-
dos, o que aliás era muito freqüen-
te no seio dos antigos hebreus.
Observa-se, por exemplo, con-
forme narrado no 1° Livro de Sa-
muel (28:6) que o rei Saul, no
auge do desespero, pediu ao Se-
nhor que lhe desse uma orienta-
ção, no entanto, “não houve res-
posta nem por sonhos nem por
Urim, nem pelos profetas”, por isso
ele procurou a Pitonisa (médium)
da cidade de Endor. Ali o ilumi-
nado Espírito de Samuel, sem ne-
cessidade de Urim e Thummim,
se comunicou através da médium,
e, dentre outras coisas vaticinou
que ele (Saul) e seus filhos seriam
mortos no dia seguinte e a aldeia
de Israel seria entregue aos seus
inimigos, os Filisteus, o que real-
mente sucedeu.
Esse dispositivo é mencionado
apenas no Antigo Testamento,
nos primeiros tempos, e, segundo
as citações acima, contidas em 7
dos 39 livros que compõem o
Antigo Testamento, era usado pre-
ferentemente pelos incipientes
primitivos sacerdotes ou sumo sa-
cerdotes, a fim de receberem as
ordenações ou instruções prove-
nientes do mundo espiritual. É
por Paulo Alves Godoy
Urim e Thummim em Hebraico =Revelação e Verdade
Agosto 2005 | FidelidadESPÍRITA
Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: 0800 770-5990 | 13Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: (19) 3233-5596
...“Ephod” era uma peça de tecido,
rigamente bordade, o qual era usado
pelos sacerdotes.
APRENDIZADO
evidente que profetas como o fo-
ram Samuel, Isaías, Ezequiel, Ma-
láquias, Elias, Daniel e outros não
necessitavam desse dispositivo,
uma vez que eles se comunicavam
diretamente com os Espíritos do
Senhor de forma mais direta.
Não consta nas Escrituras que
Moisés também o usasse, quando
no Tabernáculo se comunicava
com o Espírito Jeová, uma cidade
tribal dos judeus, uma vez que o
grande legislador era portador de
uma estrondosa mediunidade.
Naqueles tempos Moisés havia
proibido a evocação do Espíritos
dos chamados mortos, devido aos
abusos e desregramentos prevale-
centes, quando qualquer pessoa
procurava comunicar-se com Es-
píritos para fins menos edificantes
ou terra-a-terra, para saber de ne-
gócios, de transações, de casa-
mentos ou coisa que tais.
Isso não acontecia com o pró-
prio Moisés, pois ele se comuni-
cava reiteradamente com Espíri-
tos, a fim de poder manter a disci-
plina no seio de um povo rústico
e insubordinado. Com o auxílio
do Mundo Maior ele conseguia
fazer imperar uma diretriz segura
e severa. No entanto, ele aplau-
dia o intercâmbio com os Espíri-
tos para fins edificantes. Como se
observa no livro Números, (11:26
– 29) quando uma pessoa veio-
lhe denunciar que dois homens –
Eldad e Medad, estavam receben-
do Espíritos no campo, ele disse: “
Oxalá todo o povo de Israel pro-
fetizasse o Senhor lhe desse do seu
Espírito.
É óbvio que Eldad e Medad,
médiuns que eram, não precisa-
vam do Urim e Thummim para o
processo de comunicação com o
Mundo Maior.
Deve ter havido um outro ins-
trumento de comunicação com os
Espíritos, denominado Ephod,
pois o livro I Samuel (30 – 7 – 8)
nos ensina que o rei Davi solici-
tou ao sacerdote Abiatar que lhe
trouxesse o EPHOD e com ele
consultou o Senhor, para saber se
deveria perseguir e se alcançaria a
tropa que havia seqüestrado as
mulheres israelitas, tendo recebi-
do uma resposta positiva.
Segundo os dicionários Urim e
Thummim era uma peça de teci-
do bordado, no qual estavam
incrustradas doze jóias, simboli-
zando as doze tribos de Israel, o
qual era colocado sobre o peitoral
que por sua vez era colocado so-
bre o peito do sacerdote, preferi-
velmente do sumo sacerdote. Era
uma peça não identificada.
No entanto, segundo a opinião
de alguns estudiosos o tecido con-
tinha não as doze jóias, mas as le-
tras do alfabeto, tendo similitude
com o sistema de consulta aos Es-
píritos através das letras do alfa-
beto, como era usado nos
primórdios da codificação do Es-
piritismo.
De forma idêntica, segundo os
Fonte:
Jornal Espírita. Março/1995
dicionários “Ephod” também era
uma peça de tecido, rigamente bor-
dada, o qual era usado pelos
sacerdotes. �
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FidelidadESPÍRITA | Agosto 2005
Agosto 2005 | FidelidadESPÍRITA
Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: 0800 770-5990 | 15Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: (19) 3233-5596
Uma Questão de IdadeA DO CORPO E DO ESPÍRITO
�
por Therezinha Oliveira
I. ALGUÉM JÁ EXISTIAANTES DE NASCER!
QUANDO A JEREMIAS LHE
VEIO “A PALAVRA DO SE-
NHOR”, o profeta ouviu do men-
sageiro espiritual que lhe falava em
nome de Deus: Antes mesmo que
eu te formasse no ventre materno,
te conheci; e antes que viesse à luz,
te consagrei e constitui profeta das
nações. (Jer 1:4-5)
Ele já existia e era conhecido de
Deus antes do corpo! Antes ainda
de ser formado no ventre materno,
antes de vir à luz! Tal afirmativa
que pode parecer inverossímil para
alguns ou misteriosamente sagrada
para outros, encontra, à luz do Es-
piritismo, fácil e lógica explicação.
É que o Espírito tem existência
independente do corpo e a ele pre-
existe. Antes de se unir ao corpo,
a alma é um dos seres inteligen-
tes que povoam o mundo invisí-vel, aprendemos na questão 134-b
de O Livro dos Espíritos. E pode en-carnar neste mundo, ligar-se à ma-
téria, formando um novo corpo,
para cumprir desígnios divinos e
dar continuidade à sua evolução.
Assim, antes de encarnar, Jere-
mias já era conhecido no plano es-
piritual por certas qualidades e jus-
tamente por elas fora escolhido
para vir à Terra com a missão de
ser profeta, um médium, um porta-
voz da espiritualidade.
Como o Espírito dura para sem-
pre mas o corpo não, a encarnação é
apenas temporária. Ao morrer o cor-
po físico, o Espírito, que já preexis-
tia, a ele sobrevive e desencarna.
Desligando-se da matéria, volve aomundo dos Espíritos, volta ao pla-
no espiritual donde momentanea-mente se apartara, mas é o seu ha-
bitat natural, sua verdadeira pátria.
De lá, em determinadas condi-
ções, o Espírito pode ressurgir, rea-
parecer neste mundo, e se comu-
nicar, até mesmo se tornar visível e
tangível. Temos dessas manifesta-
ções exemplos bíblicos, como Sa-
muel, profeta desencarnado, res-
pondendo ao rei Saul, através da
pitonisa (médium) de Endor (Sam
28); Moisés e Elias, materializados,
que aparecem e conversam com
Jesus (Mt 17:1-8); e o próprio Jesus
ressurgindo e se materializando
ante discípulos e apóstolos (Jô 20).
Sobrevivendo ao corpo físico, o
Espírito não somente poderá ressur-
gir, reaparecendo e se manifestan-
do em nosso plano, como também
reencarnar, encarnar novamente.
No Novo Testamento, Jesus, por
duas vezes afirmou que João Batis-
ta era Elias de volta. (Mt 11:14 e
17:12-3)
A reencarnação tem sido obje-
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FidelidadESPÍRITA | Agosto 2005
Acaso teremos existido sempre,
desde a eternidade?
Não, pois tivemos um princípio.
�
to de muitas pesquisas. Estudam-
se as reminiscências espontâneas
ou as provocadas por hipnose ou
anúncios de encarnações, feitos
mediunicamente ou em sonhos.
Por ocasião da reencarnação, oEspírito outra vez preexiste em
relação ao novo corpo, que este
ainda vai ser formado.
II. DESDE QUANDOEXISTIREMOS?
Acaso teremos existido sempre,
desde a eternidade? Não, pois ti-
vemos um princípio. Se (os Espíri-tos) não tivessem tido princípio,seriam iguais a Deus, quando, aoinvés, são criação sua e se achamsubmetidas à sua vontade (O Li-
vro dos Espíritos, questão 78). So-
mos imortais, porque não morremos,
mas não eternos, porque tivemos
um começo, fomos criados porDeus.
Como e quando se deu essa cri-
ação? Quando, porém, ao modo
porque nos criou e em que mo-mento o fez, nada sabemos, res-
pondem os instrutores Espirituais
(O Livro dos Espíritos, questão 78),
pois nem tudo os Espíritos sabem, a
começar pela sua própria criação
(O Livro dos Espíritos, questão
242). É uma declaração simples e
sincera, característica dos bons Es-
píritos, que sabem muito mas nãode tudo e, do que sabem e nós não,
revelam o que nos for benéfico e
oportuno, sem nos tirar a livre ini-
ciativa.
Sobre a criação dos Espíritos,sabem e podem nos dizer que: Os
Espíritos são a individualização do
princípio inteligente, como os cor-pos são a individualização do prin-
cípio material ( O Livro dos Espíri-
tos, questão 79), e sua evolução
anímica se processa através dos três
reinos da Natureza. A época e omodo porque essa formação se ope-
rou é que nos são desconhecidos.
Quando e como cada um de nós
foi feito, repito-te, nenhum o sabe.
(O Livro dos Espíritos, questão 78)
Outra coisa que eles sabem e
dizem: A criação dos Espíritos épermanente. Criação, no sentido
de individualização de cada Espí-
rito, porque, do princípio inteligen-
te, sempre há seres espirituais se
individualizando, adquirindo a
consciência de si mesmos, alcan-
çando a escala hominal. Nesse
sentido, Deus jamais deixou de cDeus jamais deixou de criar, está
sempre criando.
Como os Espíritos não tiveram
início todos a um só e mesmo tem-
po, uns existem há mais tempo do
que os outros, uns contam com mais
e outros com menos idade. Pode-
mos então falar em Espíritos “ve-
lhos” e Espíritos “jovens”.
III. A IDADE DE JESUS
Ao começar o seu ministério
aqui na Terra, Jesus tinha, segun-
do Lucas, cerca de trinta anos de
idade corpórea. Mas, em Espírito,
de quanto seria a idade de Jesus?
Informou ele mesmo, falando aos
judeus: Abraão, vosso pai exultou
por ver o meu dia, e viu-o, e ale-
grou-se. (Jô 8:56-59)
Abraão foi o patriarca, um an-
cestral daquele povo; também es-
perara pelo Messias, o salvador de
Israel, mas vivera mais de dois milanos antes de Jesus, o que fez os
judeus argumentarem: Ainda não
tens 50 anos e viste Abraão?Em verdade vos digo, respon-
deu-lhes Jesus: antes que Abraãofosse feito, eu sou. Já existia an-
tes de Abraão? Mais de dois mil
anos! Não podendo compreender,os judeus pegaram em pedras para
lhe atirarem; porém Jesus ocultou-
se, e saiu do templo, passando pelomeio deles e assim se retirou.
Jesus, porém, somente dissera
uma verdade: era espiritualmente
A criação de Adão (158-1512), por Michelangelo
Agosto 2005 | FidelidadESPÍRITA
Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: 0800 770-5990 | 17Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: (19) 3233-5596
Em verdade vos digo, respondeu-lhes
Jesus: antes que Abraão fosse feito,eu sou.
mais antigo do que Abraão. Antes
que Abraão fosse criado, alcanças-
se a individualização, Jesus já exis-
tia, como um indivíduo em alto
grau de espiritualidade. Como só o
corpo morre, Abraão, espiritual-
mente vivo, assistiu, lá do além, a
vinda de Jesus ao mundo corpóreo,
como estava programado para o
progresso do povo israelita, e, evi-
dentemente, se alegrou com isso.
Verdade mais admirável vamos
ouvir de Jesus, na ceia pascal, quan-
do ele ora ao Criador: Glorifiquei-te
na terra, tendo consumado a obra
que me deste a fazer. (Jo 17:4-5)
Deus nos cria para algo útil e
bom. Fazendo aquilo para que Deus
o criou, o ser testemunha a sabe-
doria, poder e bondade do seu Cri-
ador: Nisto é glorificado meu Pai,
em que deis muito fruto (Jô 15:8).
Jesus glorificou o Pai, cumprindo
seus desígnios. Estaremos, também,
glorificando ao nosso Criador?
Continua Jesus sua afirmativa
reveladora: Agora, glorifica-me tu,
ó Pai, junto de ti mesmo(...)
Jesus pede para ser glorificado por
Deus. Que é glória para um ser espi-
ritual? È alcançar elevado grau de
progresso intelecto-moral, para agir
mais e melhor no universo, desfrutar
merecidamente o resultado digno e
feliz de todo bem que realiza.
(...) com aquela glória que eutinha contigo, antes que o mundoexistisse. (Jô 17:5)
Antes que a terra fosse feita...
Quando se deu a formação do nos-
so planeta? Alguns lhe atribuem 4
bilhões e 700 milhões de anos. E
Jesus já tinha, então, glória com o
pai! Já alcançara elevado grau de
evolução e merecimento, atingira o
glorioso estado de um Espírito puro!
Também somos Espíritos um tan-
to antigos, pois já vivemos muitas
encarnações e temos certo grau dedesenvolvimento. Mas ainda não es-
távamos sequer individualizados
quando a Terra se formou. Depois de
formada é que fizemos nela a nossa
evolução. Comparados a Jesus, somosEspíritos “crianças” ou “jovens”.
IV. AS DUAS IDADES ESEUS EFEITOS
Encarnados, ligados à matéria,
contamos com duas idades diferen-
tes (a do corpo e a do Espírito) que
causam efeitos também diversos so-
bre nós.
Sobre o corpoCélebre se tornou a frase “A vida
começa aos 40”, título de um livro
de Walter B. Pitkin, professor da
Universidade de Colúmbia. Mas se
a vida começasse aos 40, aos 45 ela
já está principiando a acabar, por-
que, Num seminário Especial sobre
Envelhecimento, a Organização
Mundial de Saúde afirmou que a
nossa vida se desenvolve em qua-
tro etapas: 45 a 59 – idade madura;
60 a 74 – idade avançada; 75 a 89 –
anciã; 90 em diante – muito velha.
E, depois de se atingir a maturi-
dade corpórea, a regra é: quantomais idade, menos vigor. Come-
çam os sinais exteriores de enve-
lhecimento: as forças diminuem,
cabelos embranquecem, grau de
audição e visão se reduz; pele en-
ruga-se e sua pigmentação se alte-
ra; as veias aumentam de volume
e, como as artérias, perdem elasti-
cidade; as passadas se tornam mais
lentas e má a postura; ocorre a de-
cadência mental (brilho da inteli-
gência se apaga) e a memória fica
difícil para reter coisas novas.
Se os sinais de velhice aparecem
antes das épocas cientificamente pre-
vistas, é que a idade biológica, as
condições físicas, estão se adiantan-
do em relação à idade cronológica,
ao tempo vivido. A pessoa está en-velhecendo muito depressa...
Podemos e devemos retardar
envelhecimento prematuro, procu-
rando conservar as condições físi-
cas e, se possível, recuperar facul-dades afetadas, para dispor do cor-
po como um instrumento valioso
pelo tempo todo de nossa existên-cia na Terra, ou o mais possível.
Mas, por mais se conserve o cor-
po, nessa corrida contra a ação do
tempo sobre a matéria, a velhice é
mesmo a fase final da idade física,o começo do fim para o corpo hu-
mano.�
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FidelidadESPÍRITA | Agosto 2005
ESTUDO
Sobre o EspíritoPara o Espírito, a idade não traz
nenhum prejuízo, porque ele é
imortal, sua vida não tem fim. (O
Livro dos Espíritos, questões 83 e
153), e sua essência, diferente damatéria, não degenera com o tem-
po. O Espírito não decai por se tor-nar mais velho, pelo contrário, atin-
ge maior desenvolvimento e pleni-
tude.Na infância espiritual, nas pri-
meiras encarnações como ser hu-
mano, as faculdades do Espírito ain-
da estão em potencial, só a pouco
e pouco sua inteligência vai desa-brochando, a alma se ensaia para a
vida mais plena.
Maior tempo vivido deverá en-sejar mais experiência, sensibilida-
de mais apurada, maior capacida-
de de ação.
Sabendo disso, talvez todos nós,
jovens ou velhos, no corpo, esteja-
mos querendo ser “o mais idoso”,
espiritualmente... Mas, isso é im-
possível dizer, porque nenhum Es-
pírito sabe quando foi criado, quan-
do a sua individualização se deu.
Nem adiantaria saber, porque o
progresso não guarda relação estri-
ta e fatal com a idade do Espírito,
já que uns progridem mais depres-sa que outros. (O Livro dos Espíri-
tos, questões 116, 117 e 125)
Fisicamente, não importa a ida-
de mas as condições biológicas; es-
piritualmente, não importa quantoo Espírito já viveu mas quanto já
progrediu (intelectual e moralmen-
te). A autoridade de Jesus não lhevem de ser mais “idoso” do que nós
espiritualmente, mas porque sabe,
sente e age mais e melhor.
Raciocinando assim, talvez
queiramos todos o título de “maisevoluído”. Mas só pensamentos e
atos superiores dão direito a ele,
enquanto quem se alimenta de lei-
te, menino é (Paulo, Heb 5:12). De
que nos alimentamos: de ilusões,
vaidades, materialismo, do apego às
sensações físicas? Então, ainda so-
mos meninos Espirituais.
Aos discípulos que disputavam
entre si qual deles era o “maior”
espiritualmente, Jesus orientou que
o maior seria: Quem se fizer humil-
de como uma criança (Mt 18:3) e
for o servidor de todos (Lc 22:24-
6). Se ainda não apresentamos hu-
mildade nem serviço ao próximo,
ainda somos muito pequenos espi-
ritualmente.
V. AS FASES DA VIDAFÍSICA
Conhecer a diferença de dura-
ção entre corpo e Espírito traz nova
compreensão sobre o ser humano,
nas diversas fases da vida física.
Infância(O Livro dos Espíritos, questões
379,382,383 e 385)
O corpo é de criança mas o Es-
pírito que anima esse corpo é um
ser já experiente, que abriga senti-
mentos bons ou maus (egoísmo ou
amor, inveja e agressividade, oualtruísmo e senso de justiça) e
apresenta inatas idéias, tendênci-
as e aptidões.
Os órgãos físicos limitam-lhe a
expressão e sua fragilidade e de-pendência faz que os pais o acolha
com carinho. Para o Espírito reen-
carnante, a infância constitui umafase de repouso espiritual e o deixa
mais acessível à assimilação de no-
vos conceitos e atitudes. Que gran-
des possibilidades para a ação edu-
cadora no campo dos sentimentos,hábitos, ideais! Crianças comuns
são Espíritos de evolução mediana
em processo normal de desenvolvi-
mento. Crianças pouco dotadas são
... depois de se atingir a maturidade
corpórea, começam os sinais
exteriores de envelhecimento...
�
Agosto 2005 | FidelidadESPÍRITA
Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: 0800 770-5990 | 19Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: (19) 3233-5596
Conhecer a diferença de duração
entre corpo e Espírito traz nova
compreensão sobre o ser humano
�
Espíritos “novos” em evolução, ou
que enfrentam limitações cármicas.
Crianças precoces revelam quali-
dades e aptidões antes do tempo
usual, porque estão transcenden-
do espiritualmente os limites do or-
ganismo infantil; com o tempo, o
desenvolvimento de físico os igua-
la com a evolução espiritual comum
da humanidade. Crianças geniais
são Espíritos antigos e muito expe-
rientes em determinada área de
conhecimento ou de ação; duran-
te a vida corpórea, vão apresentan-
do desenvolvimento sempre maior
com a idade. O noticiário dos jor-
nais e da televisão são pródigos em
relacionar exemplos de crianças
geniais e suas capacidades excep-
cionais , quer seja na arte ou nas
ciências.
Há casos admiráveis de Espíri-
tos que, embora reencarnando com
limitações físicas, conseguiram su-
perá-las e se realizaram na vida cor-
pórea. Citaremos apenas dois de-
les, que a imprensa noticiou am-
plamente.
Janice Gardiner (Baltimore,
Maryland, E.U.A.). Nasceu cego do
olho direito, com o olho esquerdo
defeituoso e outras deformações
faciais. Os médicos o julgaram um
retardado, mas, aos oito meses, no
colo de sua mãe, observou o irmão
mais velho aprendendo piano e,
logo após, executou a melodia do
exercício. Um bebê de 8 meses, já
era um músico! Aos 13 meses, to-
cava Sonata ao Luar, de Beetho-
ven. Aos 3 anos, já compunha e ti-
nha aulas diárias com instrutor para
superdotados. Três transplantes de
córneas que tentou foram malsu-
cedidos, porque espiritualmente
perdurava uma situação de resga-
te ainda não satisfeito perante a lei
divina, limitação que não lhe im-
pedia a realização pessoal no cam-
po da arte. (O Espírita, junho-ju-
lho/1987)
Sibelius, Nino (Campina Gran-
de, Alagoas). Antes dos 3 anos, era
raquítico, não andava nem falava.
As preces de sua mãe atraíram a
caridosa intervenção espiritual de
Frei Damião e o menino conseguiu
andar, falar. Poucos dias depois, to-
cou no piano a singela melodia As-
sum Preto para, mais tarde, execu-
tar a Sinfonia n° 40, de Mozart.
Passou a residir em Maceió, capi-
tal do Estado, e prossegue fazendo
apresentações musicais pelas cida-
des brasileiras.
AdolescênciaUma grande mudança se opera
no caráter do Espírito, quando che-
ga a fase da adolescência corpórea.
É que o Espírito retoma a natureza
que lhe é própria e se mostra tal
qual era (O Livro dos Espíritos,
questão 385) e, revela, também, o
que ele conseguiu assimilar na
nova encarnação, se soube aprovei-
tar ou não os benefícios da boa edu-
cação que lhe tenha proporciona-
do o novo lar.
Na fase da adolescência, obser-
vamos o drama de alguns pais cuja
autoridade só se baseava na força
física e no domínio financeiro. Já
que os pais que fizeram o melhor
ao seu alcance, amando e educan-
do seus filhos, podem guardar se-
renidade e confiança, porque cum-
priram o seu dever, embora a deci-
são de agir como adultos seja ago-
ra dos filhos, em seu livre arbítrio
perante a lei divina.
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FidelidadESPÍRITA | Agosto 2005
VI. IDADE ERELACIONAMENTO
Espiritualmente, as pessoas não
são de uma só idade. Podem ter se
individualizado em épocas diferen-
tes. Ou, apesar de individualizados
numa mesma época, não estarem
no mesmo grau de desenvolvimen-
to, por não terem aproveitado igual-
mente o aprendizado evolutivo.
Mas, ao encarnarem, têm o cor-
po sujeito à idade física e isso faz
que surjam algumas situações cu-
riosas: um casal em que a esposa
jovem é, espiritualmente, milênios
mais velha do que o seu marido (ou
vice-versa); um avô mais criança, es-
piritualmente, que seu neto (O Li-
vro dos Espíritos, questão 197) ou um
pai menos evoluído que seu filho.
Talvez possamos recordar, aqui,
a passagem do Evangelho em que Je-
sus indaga aos fariseus (Mt 22:41-46):
- Que pensais vós do Cristo? De
quem ele é filho?
- De Davi, lhe responderam.
- Como é então que Davi, em
Espírito, lhe chama Senhor? Se lhe
chama Senhor, como é seu filho?
A explicação é que, na herança
física, Jesus descendia de Davi; mas
em Espírito, não. Materialmente,
no corpo, Davi viera antes, fora um
ancestral de Jesus, mas este não lhe
estava dependente em Espírito.
Ninguém despreze a tua moci-
dade, escreveu Paulo ao jovem Ti-
móteo (I Tim 4:12) que, apesar da
pouca idade, era seu companheiro
habilitado e eficiente no trabalho
da seara cristã. Respeitemos, no
jovem, o Espírito nosso irmão.
Nem por isso todo jovem se creia
mais autorizado espiritualmente
que seu pai. Pode ser mais jovem
não só no físico, mas também nas
condições espirituais.
MENSAGEM DO
IDOSO(Autor desconhecido)
Se meu andar é hesitante e
minhas mãos trêmulas,
ampara-me.
Se minha audição não é boa, e
tenho de me esforçar para ouvir o
que está dizendo,
procure entender-me.
Se minha visão é imperfeita e o
meu entendimento escasso,
ajude-me com paciência.
Se minha mão treme e derrubo
comida na mesa ou no chão,
por favor não se irrite, tentei fazer
o que pude.
Se você me encontrar na rua, não
faça de conta que não me viu.
Pare para conversar comigo.
Sinto-me só.
Se você, na sua sensibilidade, me
vir triste e só,
simplesmente partilhe comigo um
sorriso e seja solidário.
Se lhe contei, pela terceira vez, a
mesma história, num só dia,
não me repreenda, simplesmente
me ouça.
Se me comporto como criança,
cerque-me de carinho.
Se estou doente e sendo um peso,
não me abandone.
Se estou com medo da morte e
tento nega-lo,
por favor, ajude-me na
preparação para o adeus.
Velhice
É notável como, em nosso ínti-mo, no profundo do “eu”, nunca nossentimos velhos! Apenas a defici-ência e a dor física nos abatem ouimpedem externamente. O limitedo corpo faz que o Espírito procuredar melhor aproveitamento ao quetem e sabe. Vem a sabedoria davelhice, que nos leva a orar assim:
�
Se ainda não somos idosos, sai-
bamos ouvir aqueles que já atingi-
ram o ocaso da vida e entendamos
seu comovente apelo.
ORAÇÃO DO IDOSO(Autor desconhecido)
Senhor, sabes melhor do que eu que estou
envelhecendo.
Logo mais serei um idoso.
Não deixes que eu me torne um falastrão
Nem que mantenha o hábito de achar
Que posso dar minha opinião sobre todos
os assuntos
E em todas as ocasiões.
Preserva-me do afã de querer opinar
Sobre assuntos que dizem respeito a
outros.
Torna-me reflexivo, mas não melancólico;
Serviçal, mas não dominador.
Parece-me injusto não empregar minha
reserva de sabedoria;
Mas, Senhor, sabes que preciso de amigos!
Por isso, livra-me de ficar contando
detalhes intermináveis;
Concede-me ir logo ao essencial.
Fecha-me a boca para eu não ficar falando
de meus numerosos
Achaques e dores, pois com o passar do
tempo vão aumentando
E gosto de enumerá-los.
Concede-me a graça de escutar as pessoas
Que me contam seus sofrimentos.
Ensina-me a gloriosa lição de admitir
Que, certamente, cometi enganos.
Mantém-me razoavelmente terno.
Ajuda-me a ver o lado agradável da vida.
Existem tantas coisas divertidas ao meu
redor
E não quero que passem despercebidas!
Amém
Agosto 2005 | FidelidadESPÍRITA
Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: 0800 770-5990 | 21Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: (19) 3233-5596
�
Os encarnados na Terra geral-mente estamos todos em grau se-melhante quanto ao desenvolvi-mento intelecto-moral e os que, navida física, se apresentam mais ido-sos do que nós, provavelmente, se-rão mesmo mais experientes do quesomos, pelo menos no que se refereàs coisas deste mundo. Convém,pois, que os respeitemos e atente-mos nos seus conselhos.
A propósito, recordemos outrapágina valiosa de autor desconhe-cido:
O QUE O FILHO PENSA
DO PAI
Aos 7 anosPapai é grande. Sabe tudo!
Aos 14 anos
Parece que papai se engana emcertas coisas que diz...
Aos 20 anos
Papai está um pouco atrasado emsuas teorias, não são dessa época.
Aos 25 anosO “coroa” não sabe de nada...
Está caducando, decididamente.
Aos 35 anosCom minha experiência, meu Pai
seria hoje um milionário.
Aos 45 anosNão sei se consulto o “velho”,
talvez pudesse me aconselhar.
Aos 55 anosQue pena papai ter morrido, a
verdade é que tinha idéias notá-veis.
Aos 60 anos
Papai era um sábio. Como lastimotê-lo compreendido tão tarde...
Informados e compreendidospela Doutrina Espírita, quanto ànossa natureza espiritual, imortal,evolutiva, e nossa situação de en-carnados:
- compreendamos e respeitemoscada pessoa, na sua idade física eespiritual;
- vivamos como seres espirituaisque somos, qualquer que seja anossa idade física.
- não receemos as alterações quenosso corpo possa sofrer. Prejuízoreal, só o que nos afeta em Espíri-to. E o que nos atinge espiritual-mente não é o que os outros nosfaçam, mas o que nós mesmos faze-mos ou deixamos de fazer pelo bemestar e progresso nosso e de nossossemelhantes.
- não temamos o passar do tem-po, a não ser que deixarmos de usarou usarmos mal. O tempo é nosso.E amigo. Para realizar e progredir.
Encarnados ou não, vivamosmuito, bem e sempre, a vida quenão foi nem será, aquela que sem-pre é. A nossa vida espiritual!
Imortal, rica de oportunidades,inteiramente à disposição de nossainteligência e vontade, do nossopensar, sentir e querer.
Vida que é bênção de Deus, su-blime concessão do Pai a nós, seusfilhos, para que alcancemos a gló-ria de sabermos fazer o bem, sen-tindo a pura felicidade e vivendoem paz, onde, quando, como e comquem estivermos. �
Fonte:
OLIVEIRA, Therezinha. Na Luz do
Espiritismo. Págs. 28-43. CEAK.
Campinas/S.P. 2005
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FidelidadESPÍRITA | Agosto 2005
“Emmanuel recomenda-nos muita
cautela...”
�
O nosso estimadoconfrade José Ja-cinto de Alcân-
tara, que tantos e relevantesserviços tem prestado à Causado Espiritismo, escreveu-nos deBelo Horizonte, remetendo-nos
dois lindos casos de ChicoXavier que, sem dúvida, mere-cem ser divulgados, pelas pre-ciosas lições que enceram.
Sem provermos qualquer re-toque nos episódios que nosnarra, transcrevemo-los na ín-
tegra, aproveitando a oportuni-dade para solicitar a outrosconfrades que colaboremconosco, enviando-nos históri-as inéditas que conheçam donosso Chico, com vista à docu-mentação que estamos efetu-ando sobre a vida do médium.
Apareceram certa vez emPedro Leopoldo váriosconfrades, procedentes de SãoPaulo.
Todos profissionais liberais,detentores de títulos de cursosuperior: advogados, médicos,engenheiros, farmacêuticos, bi-ólogos, físicos, químicos, alguns
PhD, além de técnicos de áre-as diversas.
Traziam uma ‘revolucionáriaproposta’ para o ‘desenvolvi-mento’ da Doutrina.
Consistia a proposta no se-guinte:
Seria implantada em PedroLeopoldo uma UniversidadeEspírita sob a égide de ChicoXavier. Todos os segmentosdoutrinários, filosófico-ideológi-cos seriam amplamenteembasados e respaldados pelaluz evangélica e, ainda, pelacultura universitária. PedroLeopoldo seria a cidade-máterdo Espiritismo. Os visitantes vi-bravam, enquanto Chico, paci-ente, lia o manifesto que lhefora entregue, após a apresen-tação dos companheiros por in-flamado orador.
Dois Lindos Casos
de Chico Xavierpor Carlos A. Baccelli
REFLEXÃO
Agosto 2005 | FidelidadESPÍRITA
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REFLEXÃO
Para surpresa geral, Chico –ao término da leitura – disse:
“Emmanuel recomenda-nosmuita cautela, sem contudo su-bestimar a proposição dos bon-dosos confrades, cujoselevadíssimos propósitos mere-cerem acolhida e respeito porparte da Espiritualidade. Con-voca-nos, porém, o queridoMentor à seguinte reflexão:
Imaginemos que a Adminis-tração Municipal resolva trans-ferir todos os postes de ilumi-nação pública das ruas de
Pedro Leopoldo para a praça daMatriz. Em conseqüência, todaa cidade ficaria às escuras, en-quanto a Praça da Matriz fi-caria feericamente ilumina-da... É claro que semelhantemedida administrativa seriacensurada pelos municípios epor toda a comunidade, nãoobstante as boas intenções doChefe do Executivo. Os queri-dos confrades são postes de luze, como tais, cada um de per sideve iluminar o local onde estáinstalado. Os postes, dispersos,iluminarão toda a cidade...”
Os ilustres visitantes com-preenderam a lição, retirando-se satisfeitos, iluminados à luzdo Evangelho...
Os queridos confrades são postes de
luz... Os postes dispersos iluminarão
toda a cidade...
Fonte:
BACCELLI, Carlos A.Chico Xavier –
Mediunidade e Paz. Págs. 111 – 112. Editora
Didier. Votuporanga/S.P.1996
Quando da inauguração doCentro Espírita “Casa do Ca-minho”, em Sabará – MG(1981), presente o casalNewton-Iolanda Nolli, Chiconos advertiu:
“É preciso muito cuidado,pois os nossos irmãosdesencarnados ainda carentesde luz atacam, no momento, aslâmpadas. Depois, atacarão ospostes e mais tarde investirão,furiosos, contra a usina...” �
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FidelidadESPÍRITA | Agosto 2005
�
A Língua Portuguesa e a Influência
dos Estrangeirismospor Zilda Nascimento
A língua portuguesa é falada em todas
as partes do mundo , por mais de
duzentos milhões de pessoas
ESTUDO
Um pouco de informação:Dentre as línguas neolatinas
(nações cuja língua e/ou civiliza-
ção procedem da latina), o portu-
guês foi a primeira a crescer fora
do continente europeu. De caro-
na com as caravelas, nos séculosXV e XVI, marcou presença em
todos os continentes. A língua
portuguesa é falada em todas as
partes do mundo, por mais de du-
zentos milhões de pessoas. Atual-
mente, além de Brasil e Portugal,pelo menos mais quatro países têm
o português como língua oficial¹,
países estes considerados
lusófonos (povo que fala portugu-
ês), são eles: Angola,
Moçambique, Guiné–Bissau,Cabo Verde e São Tomé e Prínci-
pe. Timor Leste3 , na Oceania,
que teve sua independência em
1999, voltou a ensinar o portugu-
ês nas escolas, junto com o
“tétum” - língua oficial, mais o in-glês. Dialetos com raízes no portu-
guês são falados em ex-colônias e
possessões lusitanas (natural ou ha-
bitante da Lusitânia e Portugal) da
Ásia, como Diu, Damão, Goa, to-
das na Índia, e Macau, na China¹.
Agosto 2005 | FidelidadESPÍRITA
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O Brasil passou a ter a presença do
inglês nos mais diversos contextos
ESTUDO
�
Assim como nossa língua teve
sua influência em outros idiomas,
o Brasil, e outros países, também
sofrem a interferência de outras
línguas. Mesmo aquelas conside-
radas puristas, ainda bastante re-
sistentes a esta interferência, es-
tão cedendo aos poucos; algumas
com mais critério, porém inevitá-
vel diante do evento da
globalização¹ (formada pelos paí-
ses integrantes do G7, que são eles:
Os Estados Unidos, Inglaterra,
Alemanha, França, Canadá, Itá-
lia e Japão), vivenciada com mai-
or presença nos últimos tempos.
O motivador:
Para melhor abordarmos a in-
fluência dos estrangeirismos em
nossa língua, é oportuno recorrer
a um fato que muito colaboroucom este evento: O ex-presiden-
te Franklin Delano Roosevelt,
quando de sua reeleição em 1936,
manifestou a necessidade de im-
plantar “a política de boa vizi-
nhança”2 (good neighbour) nasrelações dos Estados Unidos com
os demais países, compromisso
este que o democrata não hesi-
tou a se dedicar.
O Brasil, como outros países,
passou a ter a presença do
anglicismo, isto é, do inglês, nos
mais diversos contextos de nossa
vida cotidiana, principalmente no
comércio e poder econômico, des-
de um lanche na esquina, “ca-
chorro quente” (hot dog), até
nome de pessoa (Newton), rua
(Estados Unidos), comércio
(shopping), atividade (meeting =
reunião), etc. Muitas palavras já
configuram no nosso dicionário,
como é o caso de xampu =
shampoo, e outras que são popu-
larmente faladas, muitas vezes de
forma “portuguesadas” (é o caso
de internautas = usuários da
internet) e que aos poucos são as-
similadas ao nosso idioma, dando
origem, assim, aos estrangeirismos.
ASSINE: (19) 3233-559626| Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP
FidelidadESPÍRITA | Agosto 2005
O emprego do estrangeirismo deve se
limitar ao que for extremamente
necessário
O estrangeirismo:
Entende-se por estrangeirismo
o uso de palavras, expressões ou
construções próprias de línguas es-
trangeiras, tais como:
germanismo, do alemão (guerra);
italianismo, do italiano (maestro);
galicismo ou francesismo, do fran-cês (elite), que já fizera parte de
nosso programa escolar, hoje é o
caso do inglês; e ainda o
castelhanismo, do espanhol
(castanhola), que também é uma
fala que exerce grande influênciasobre o português. O emprego de
estrangeirismos deve-se limitar ao
que for extremamente necessário,
por não haver, em português, ter-
mos equivalentes; e sempre que
possível revestir a formavernácula: exemplo recorde, e não
“record”. O abuso desse recurso
lingüístico torna o texto pedante
e, muitas vezes, obscuro.
Outras interferências:Com o advento da internet
(rede mundial de computadores)
as pessoas são motivadas ao uso da
escrita criativa, rápida, recurso
este de redução exigido por essa
ferramenta, necessário aos novos
tempos, e com isso deixando de
lado a preocupação com a escrita
correta, suas concordâncias, acen-
tuações, sinais de pontuação, etc.
A língua em si não corre nenhum
Fontes :
1) Novíssima Gramática da Língua Portuguesa, de Domingos Paschoal Cegalla, edição 45ª.
2) Livro: Roosevelt, 2ª impressão, 2003.
3) Livro: Queimado, Queimado, Mas Agora é Nosso! Timor: Das Cinzas à Liberdade. Rosely
Forganes, Labortexto Editorial, Ed. 2002.
4) Entrevista com o Professor e Escritor Pasquale Cipro Neto, em 16.07.05, EPTV – Comuni-
dades.
risco, isto é, não sofre alteração em
sua estrutura, mas é importante
considerar que se precisa ser ca-
paz de usar a linguagem de internet
e, também, saber ler um Fernando
Pessoa4.
O Espiritismo e a valorização da língua portuguesaA Doutrina Espírita, como fruto da revelação divina, é o re-
sultado das informações dos espíritos acerca da realidade espiri-tual do homem.
O Espiritismo necessitou aguardar o desenvolvimento das ci-ências a fim de que pudesse ser compreendido pelas criaturas.Toda e qualquer disciplina científica necessita, obrigatoriamente,de um instrumental que lhe possibilite avançar. Não teríamos ci-ência se não encontrássemos um modo de nos comunicar, dedar nome às coisas etc. Nesse campo as palavras são de funda-mental importância, convertendo-se no grande instrumental dopesquisador na busca pela verdade.
Valorizemos, portanto, essa capacidade humana de comuni-cação e expressão, priorizando o estudo da nossa primorosalíngua portuguesa aplicando-a no serviço do Espiritismo. Escre-vamos, portanto, cartas que consolem os sofredores, evitemosos impropérios, valorizemos as boas palavras com palestraseducativas e esclarecedoras, aumentemos nossa cultura com osclássicos de nossa doutrina e de nossa nação. Fazendo assim,certamente, ajudaremos no cumprindo do objetivo do Espiritis-mo: Transformar aqueles que o compreendem.
Conclusão:O contato com outros idiomas,
outros povos, o que não poderia
ser diferente, faz com que a lín-
gua sofra suas transformações, sur-
gindo então os falares regionais,
dialetos e estrangeirismos; dando
lugar aos neologismos (palavras
novas), à evolução natural das lín-
guas em geral, que são decorrên-
cia do progresso e do desenvolvi-
mento da cultura humana¹. �
Nota do Editor:
ESTUDO
Agosto 2005 | FidelidadESPÍRITA
Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: 0800 770-5990 | 27Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: (19) 3233-5596
Fonte:
MARTINS, Eduardo. Com Todas as Letras.
Pág. 10. Editora Moderna. São Paulo/SP,
1999.
COM TODAS AS LETRAS
O Necessário
“Mas uma só coisa é necessária.” – Jesus
(Lucas, 10:42.)
Terás muitos negócios próximos ou remotos, mas não
poderás subtrair-lhes o caráter de lição, porque a morte te
descerrará realidades com as quais nem sonhas de leve...
Administrarás interesses vários, entretanto, não poderás
controlar todos os ângulos do serviço, de vez que a maldade e a
indiferença se insinuam em todas as tarefas, prejudicando o raio
de ação de todos os missionários da elevação.
Amealharás enorme fortuna, todavia, ignorarás, por muitos
anos, a que região da vida te conduzirá o dinheiro.
Improvisarás pomposos discursos, contudo, desconheces as
conseqüências de tuas palavras.
Organizarás grande movimento em derredor de teus passos,
no entanto, se não construíres algo dentro deles para o bem
legítimo, cansar-te-ás em vão.
Experimentarás muitas dores, mas, se não permaneceres
vigilante no aproveitamento da luta, teus dissabores correrão
inúteis.
Exaltarás o direito com o verbo indignado e ardoroso,
todavia, é provável não estejas senão estimulando a indisciplina e
a ociosidade de muitos.
“Uma só coisa é necessária”, asseverou o Mestre, em sua
lição a Marta, cooperadora dedicada e ativa.
Jesus desejava dizer que, acima de tudo, compete-nos
guardar, dentro de nós mesmos, uma atitude adequada, ante os
desígnios do Todo-Poderoso, avançando, segundo o roteiro que
nos traçou a Divina Lei. Realizado esse “necessário”, cada
acontecimento, cada pessoa e cada coisa se ajustarão, a nossos
olhos, no lugar que lhes é próprio. Sem essa posição espiritual de
sintonia com o Celeste Instrutor, é muito difícil agir alguém com
proveito.
Emmanuel - por Chico XavierVinha de Luz. Págs.19-20