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Agosto 2005 | FidelidadESPÍRITA Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP ASSINE: 0800 770-5990 | 1 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP ASSINE: (19) 3233-5596

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Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: 0800 770-5990 | 1Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: (19) 3233-5596

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SUMÁRIO

4 CURIOSIDADE

LIVROS DOS TEMPOS DO NOVO TESTAMENTO

De onde vieram os livros e como eram feitos

7 MENSAGEM

ORAÇÃO AO BRASIL

Uma linda mensagem de fé e esperança

10 CONFIANÇA

PEDIDO DE MÃE

Uma prova de força e poder da oração

12 APRENDIZADO

URIM, THUMMIM E EPHOD

Conheça o significado de palavras citadasnos Evangelhos

14 CAPAUMA QUESTÃO DE IDADE- A DO CORPO E ESPÍRITO -Quando os espíritos são criados e como seajustam ao corpo físico

22 REFLEXÃO

DOIS LINDOS CASOS DE CHICO XAVIER

A sabedoria e discernimento de um dosmaiores médiuns que conhecemos

24 ESTUDO

A LÍNGUA PORTUGUESA E A INFLUÊNCIA DOS

ESTRANGEIRISMOS

A língua portuguesa no mundo e suasinfluências

27 COM TODAS AS LETRAS

XXXXXXXXXXXX

Importantes dicas da nossa língua portuguesa

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Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar”Rua Luís Silvério, 120 – Vila Marieta 13042-010 Campinas/SPCNPJ: 01.990.042/0001-80 Inscr. Estadual: 244.933.991.112

Assinaturas

Assinatura anual: R$45,00(Exterior: US$50,00)

FALE CONOSCO

EDITORIALEdição

Centro de Estudos Espíritas

“Nosso Lar” – Depto. Editorial

Equipe Editorial

Adriana Levantesi

Rafael Dimarzio

Rodrigo Lobo

Sandro Cosso

Thais Cândida

Zilda Nascimento

Jornalista Responsável

Renata Levantesi (Mtb 28.765)

Editoração

Rafael Augusto D. Rossi

Fernanda Berquó Spina

Revisão

Zilda Nascimento

Administração e Comércio

Elizabeth Cristina S. Silva

Apoio Cultural

Braga Produtos Adesivos

Impressão

Citygráfica

O Centro de Estudos Espíritas

“Nosso Lar” responsabiliza-se

doutrinariamente pelos artigos

publicados nesta revista.

[email protected] (19) 3233-5596

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FidelidadESPÍRITA | Agosto 2005

Um odor acre enchia o

ar. Quando o fogo cre-

pitava e as chamas mor-

riam, alguém jogava mais combus-

tível para fazê-las brilhas novamen-

te. Depois, já sem o que queimar, o

fogo se apagava.

Gente de todas as épocas quei-

ma ou destrói algumas das coisas

que herda do passado, imóveis,

móveis ou papéis; mas essa histó-

ria, sobre gente do Egito, é especi-

almente triste. O que queimavam,

há 200 anos ou mais, eram rolos de

papiro, livros antigos. O cheiro do

papiro queimado agradava aos ha-

bitantes da região. O relato diz que

quarenta ou cinqüenta rolos foram

encontrados; um mercador com-

prou um deles, e o resto alimentou

as chamas.

Hoje que os livros impressos saem

das gráficas aos milhares, a perda

de alguns pelo fogo ou enchente

não é nenhuma tragédia. Mas,

quando cada cópia era feita à mão,

era comum haver tão poucos exem-

plares de um livro que ele podia

facilmente desaparecer para sem-

pre. Hoje conhecemos muitos livros

antigos só pelo título. Cada um que

sobreviveu, portanto, é valioso.

Os estudiosos acabaram perce-

bendo o valor dos rolos de papiro

do Egito, e assim a gente da terra

começou a tratá-los com mais cui-

dado, vendendo-os a colecionado-

res e museus europeus. Os antigos

livros egípcios eram muito atraen-

tes, alguns com iluminuras colori-

das, e havia competição para ad-

quiri-los. Havia outros rolos com

colunas de escrita em grego. A

maioria deles tratava de questões

do governo local, impostos e recru-

tamento militar. Alguns eram cópi-

as de livros gregos, em especial A

Ilíada e A Odisséia, de Homero.

Ali estava a abertura de nova

porta no estudo dos clássicos. An-

tes da descoberta desses papiros, lá

por meados do século XIX, as obras

de autores gregos e latinos eram

conhecidas somente via cópias me-

dievais. Poucas destas tinham mais

de mil anos, sendo as mais antigas

três cópias do famoso poema Eneida,

de Virgílio, feito no século V.

Ao longo dos séculos, os escribas

sucessivos que copiava, os livros

cometeram inúmeros erros. Às ve-

zes não corrigiam seus erros, e

escribas posteriores os copiavam sem

notar o que estava errado. Se no-

tavam um erro, podiam talvez cor-

rigi-lo, ou ao tentar fazê-lo podiam

agravá-lo. Certamente, quando

Johann Gutenberg inventou a im-

prensa com tipos móveis de metal

por Alan Millard - por Alan Millard

CURIOSIDADE

Livros dos TemposLivros dos TemposLivros dos TemposLivros dos TemposLivros dos Temposdo Novo Testamentodo Novo Testamentodo Novo Testamentodo Novo Testamentodo Novo Testamento

Livrosdos Temposdo NovoTestamento

Caneta de junco do Egito do período romano.

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Hoje conhecemos muitos livros antigos

só pelo título. Cada um que sobreviveu

é valioso

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(cerca de 1450), havia já muitos

erros que foram perpetuados nas

edições impressas.

Com cópias em papiro muito mais

antigas para estudar, os estudiosos

esperavam poder ver os textos como

eram antes da sedimentação de

muitos desses erros. A expectativa

confirmou-se, embora tenha apare-

cido também toda sorte de outros

erros. Ainda assim, as cópias em

papiro possibilitaram, em muitos

casos, a recuperação de textosmais

confiáveis do que os manuscritos

medievais. Vez por outra atestam

grafias das cópias medievais que os

estudiosos da atualidade haviam

condenado como impossíveis ou

erradas, e de tempos em tempos

refutam teorias modernas que ata-

cavam antigas afirmações.

De onde vieram os livros?

Os papiros gregos são encontra-

dos em sítios espalhados por todo o

Egito ao sul do Cairo. As maiores

descobertas foram feiras em cida-

des abandonadas em torno de um

pequeno lago. Hoje o local se cha-

ma Fayum. Entre 300 e 200 a.C.,

engenheiros gregos organizaram um

sistema de irrigação para a região.

Enquanto os canais se mantivera,

desobstruídos e todo o sistema fun-

cionava, as pessoas podiam cultivas

a terra e prosperar. Mas então a or-

ganização degringolou, ou as pes-

soas perderam a vontade de traba-

lhar juntas, e o fluxo de água min-

guou – as pessoas foram embora e

as casas abandonadas ruíram e se

encheram de areia.

Isso começou a acontecer no

século IV d.C., e por volta da épo-

ca da conquista árabe, em 642,

eram poucas as cidades ainda ocu-

padas. Ao abandono, as pilhas de

ruínas ficavam bem secas. Docu-

mentos deixados nas casas ou nos

depósitos de lixo desidrataram-se

também e, assim, sobreviveram.

Circunstâncias como essas são

incomuns, mas manuscritos antigos

foram encontradosem outros locais

áridos – por exemplo, na costa do

mar Morto e na Ásia central.

Imigrantes de língua grega iam

chegando ao Egito no tempo da di-

nastia ptolemaica, que governou o

país depois de Alexandre, o Gran-

de (de 304 até a morte de

Cleópatra, em 30 a.C.). Eles esta-

beleceram-se em muitos locais,

lado a lado com os egípcios, mas a

região recém-colonizada de Fayum

era especialmente atraente para

eles. Ali falavam e escreviam gre-

go, que era então a língua domi-

nante para questões governamen-

tais e comerciais. Sob governo ro-

mano, o grego manteve seu status,

embora o latim fosse necessário para

alguns fins oficiais.

Os papiros eram os arquivos, as

coleções de livros e documentos,

dessa gente – geralmente funcio-

nários do governo, proprietários de

terra e homens cultos. Diante da

enorme quantidade de documen-

tos de papiro, é fácil pensar que a

maioria das pessoas sabia ler e es-

crever. Mas isso não é verdade. Os

letrados formavam uma pequena

minoria. Outra idéia equivocada é

que os papiros formavam bibliote-

cas ou arquivos de documentos

CURIOSIDADE

Os papiros novos eram flexíveis e facilmente enroláveis

Os papiros gregos são encontrados

em sítios espalhados por todo

o Egito ao sul do Cairo

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FidelidadESPÍRITA | Agosto 2005

completos. Mesmo quando encon-

trados no cômodo de uma casa, nin-

guém pode ter certeza de que to-

dos os documentos estejam ali. Às

vezes rolos completos de contas são

recuperados e, ainda mais raramen-

te, rolos inteiros de obras literárias.

Na maior parte dos casos, os papi-

ros são encontrados nos depósitos

de lixo. Eram jogados ali porque

eram lixo, portanto estão rasgados,

fragmentados e incompletos. As-

sim, os livros da época do Novo

Testamento que podemos ver hoje

são muitas vezes decepcionantes –

só parte da coluna de um, poucas

linhas de uma página de outro.

Descobrindo a idade dos livros

Os livros gregos não tinham fo-

lhas de rosto, e os escribas que os

copiava, quase nunca assinavam

seu trabalho. Para datar as cópias

antigas, os estudiosos examinam o

estilo da escrita e o comparam com

a escrita dos contratos legais e do-

cumentos oficiais datados. Embora

essas comparações sejam uma boa

baliza, é preciso lembrar que um

escriba pode continuar escrevendo

do modo que aprendeu na escola

durante trinta ou quarenta anos,

ao mesmo tempo que novos estilos

se desenvolvem.

Além disso, os estilos podiam

evoluir segundo ritmos distintos

nos diferentes centros, e, embora os

documentos muitas vezes mencio-

nem onde foram escritos, tal infor-

mação não está presente nos livros.

Levando em conta todas as incer-

tezas, os papirólogos geralmente

conseguem apurar o século em que

um texto foi copiado e, no caso em

que há características específicas,

podem delimitar um intervalo ain-

da mais preciso.

O que as pessoas liam

Os grandes poemas de Homero,

A Ilíada e A Odisséia, eram os favo-

ritos dentre os livros gregos. Encon-

traram-se entre 600 e 700 cópias em

papiro. Os épicos de Homero são

bem longos – A Ilíada é dividida em

24 livros, e uma tradução inglesa

moderna tem 459 páginas - , por-

tanto cada um ocupava vários ro-

los. Um dos rolos, hoje no Museu

Britânico, tem 6 metros de compri-

mento e contém somente os últi-

mos dois livros de A Ilíada.

Obras de dramaturgos, poetas,

filósofos e historiadores famosos es-

tão bem representadas. Um frag-

mento do ensaio filosófico Fédon, de

Platão, pode remontar ano século

III a.C., portanto foi copiado me-

nos de um século depois da morte

do autor (348 a.C.).

Um dramaturgo popular era

Menandro, que viveu logo depois

de Platão. Seu nome e sua obra fo-

ram mencionados por outros auto-

res, mas só sobreviveram algumas

citações, até que os papiros reve-

lassem exemplares das suas peças.

Hoje se conhece uma peça comple-

ta, além de partes consideráveis de

outras seis.

Os cidadãos gregos do Egito

liam peças de Esquilos e de Sófocles

que eras posteriores esqueceram, e

tinham também livros de

Aristóteles. As descobertas no Egi-

to acrescentaram todos esses livros,

e outros cujos autores são menos

famosos ou bem desconhecidos, ao

conhecimento atual da literatura

grega. Essas obras também revelam

a literatura que alguns dos primei-

ros cristãos teriam lido. �

Para datar as cópias antigas, os

estudiosos examinam o estilo da

escrita

Fonte:

MILLARD, Alan. Descobertas dos Tempos

Bíblicos. Págs. 319-321. Editora Vida.

São Paulo/S.P. 1999

CURIOSIDADE

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Brasil! Quando os povos cul-

tos e poderosos exibem o verbo da

força pela boca dos canhões,

revivendo milenários estigmas da

destruição e da morte, nós, os teus

tutelados felizes, podemos exaltar-

te o heroísmo silencioso. Adotaste-

me por filho afortunado, quando te

bati à porta acolhedora 1 , fugindo

ao céu borrascoso e sombrio do Ve-

lho Mundo. Deixava, no fumo do

pretérito, os impérios coroados de

ouro, que alimentam a ignorância

e a miséria com o baraço e o cutelo

dos carrascos da liberdade; a

truculência erguida em governo

das nações, asfixiando o impulso

generoso de comunidades progres-

sistas; a tirania convertida em le-

galidade nos tronos de rapina; a

mentira e a astúcia mascaradas de

sacerdócio; a opressão inquisitorial

dos perseguidores da fé livre, bus-

cando perpetuar o negrume da Ida-

de Média; a fábula impiedosa pre-

tendendo orientar as letras sagra-

das, e, por fantasma erradio, a re-

volta, dominando cérebros e cora-

ções, para, mais tarde, arremeter de

improviso aos gulosos comensais do

poder.

Atravessei os pórticos do templo

da fraternidade, que o teu clima de

paz me oferecia. Deslumbrado à luz

de teu céu, ajoelhei-me ante o Cru-

zeiro resplandecente que te inspi-

ra, recordando o Divino Herói Cru-

cificado. Aqui, o patíbulo não era

o caminho dos sonhado-

res; o crime organizado não

era a curul administrativa; as

trevas das consciências não

eram a expressão religiosa;

o despotismo purpurado não

era o refúgio à intolerância; o

cativeiro das paixões inferiores

não era a aristocracia da inteligên-

cia; o assassínio das opiniões não era

a glória do feudalismo jactancioso;

a violência não era a segurança; a

carnificina não era o brilho do man-

do; o sangue e o veneno, a

prepotência e a traição não eram a

galeria brilhante da política do ter-

ror; a fogueira não era o prêmio à

investigação e à ciência; a conde-

nação à morte não era o salário dos

mais dignos.

O perfume

da terra misturava-

se à claridade do

firmamento, e orei, agra-

decendo à Providência Di-

vina o acesso aos teus celeiros

de pão e de luz, de compreensão

e de bondade. Em teus caminhos,

rasgados pela renúncia de apósto-

los anônimos, estampavam-se os ras-

tros de todos os corações que se ha-

viam fundido, no crisol do amor su-

blime, para os teus primeiros dias

de nacionalidade. Ouvi o cântico

das três raças, que o trabalho, a sim-

plicidade e o sofrimento consagra-

ram para sempre em teu

nascedouro, e recebi a honra de

compartilhar o esforço de quantos

te prelibaram a independência.

Oração ao Brasilpor Chico Xavier / Ruy Barbosa

Deslumbrado à luz de teu céu,

ajoelhei-me ante o Cruzeiro

resplandescente que te inspira...

MENSAGEM

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FidelidadESPÍRITA | Agosto 2005

Por ti, em minha frágil estrutura

de homem, amarguei os momentos

de operário e as angústias do

orientador. E enquanto te acompa-

nhava os vagidos no berço da eman-

cipação que conquistaste sem san-

gue, por ti fui quinhoado com a gra-

ça do desfavor e do exílio, para vol-

tar, depois, à cabeceira do infante

que te guiaria os destinos, durante

meio século de probidade e sacrifí-

cio 2 . Lidador novamente senten-

ciado ao ostracismo, aguardei a

morte, com a serenidade do servo

consciente, feliz pela exação no

cumprir seu dever e crente na tua

destinação de Terra Prometida que

o Rei Entronizado na Cruz estre-

mece e amanha. Sob a inspiração

viva de teus dilatados horizontes de

luz, jamais me alapei nas dobras da

pusilanimidade quando se me exi-

gisse valor; jamais urdi a ficção

refugindo à realidade; jamais

contubernei com a felonia contra a

inocência. E ardendo no propósito

de servir-te, no resgate de minús-

cula parcela do meu débito imen-

so, entranhei-me venturoso no la-

birinto da reencarnação, ideando

contigo a pátria da renovação hu-

mana. Reconstruindo o templo de

carne, de cujo órgão se irradiam as

ondas do pensamento, devotei-me

de novo ao culto de teu progresso

incessante. Eu, que desfrutara o

privilégio de sentar-me nas assem-

bléias que te planejavam o grito li-

bertador, assomei à tribuna de

quantos te defendiam os ideais re-

publicanos, filiando-te na legião dos

povos cultos e determinadores.

Por ti, partilhei o governo, usei

a autoridade, preservei a ordem,

louvei o patriotismo, encareci a

democracia e confundi-me com o

povo, vivendo-lhe as expectativas

e aspirações. A invocação de teu

nome, e acima de todas as cogita-

ções peculiares ao homem de Esta-

do e ao filho honrado da plebe la-

boriosa, que eu fui, advoguei, em

tua companhia, a causa da liberda-

de, compreendendo o apostolado de

amor universal com que subiste à

tona da civilização. Nunca me hon-

rei com aplausos e louros, que os

não mereci, mas vigiei, quanto

pude, na preparação de tua vitó-

ria, exercendo o ministério do di-

reito a que te afeiçoaste, desde o

sonho impreciso dos missionários

expatriados que te marcaram as

primeiras linhas de evolução volta-

dos para o esplendor da Igreja pri-

mitiva. Incorporando-te à essência

de meu sangue e de meu ideal, con-

fiei-me - célula microscópica - à tua

grandeza imperecível e tomei assen-

to nas lides da palavra e da pena,

nos tribunais e nas praças, nos jor-

nais e nos comícios, quase sempre

sozinho, na guerra sem quartel da-

queles que não conhecem o con-

selho dos generais, nem o apoio das

baionetas. Por ti, suportei, orgulho-

so, o peso de asfixiantes responsabili-

dades que me feriram os ombros e me

iluminaram o coração, na evidência

e na obscuridade, aprendendo e so-

frendo contigo, na escola da igual-

dade, da tolerância e da justiça.

E agora, que a ciência mortífera

grava transitória supremacia nos

regimes, estimulando a política da

força pelo triunfo numérico; que a

perversidade da inteligência lança

o descrédito nos fundamentos mo-

rais do mundo; que a crise do cará-

ter emite vagas negras de pertur-

bação e desordem; que a toga des-

ce da majestade dos seus princípi-

Por ti, em minha frágil estrutura de

homem, amarguei os momentos de

operário e as angústias de orientador

�Palácio de D. Pedro II em Petrópolis

MENSAGEM

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os, para dourar os instintos da

barbárie nos tremendos conflitos

internacionais que se agigantam no

século; que a moral religiosa con-

corre ao pleito de dominação

indébita, imergindo nas trevas da

discórdia as consciências que lhes

cabe dirigir; que a doutrina do sílex

substitui os tratados nas guerras sem

declaração; que os dogmas de to-

dos os matizes se insinuam nas con-

quistas ideológicas da Humanida-

de, preconizando a mordaça e o

obscurantismo - agora ponho meus

olhos em teu vasto futuro...

Possa continuar ecoando em teus

santuários e parlamentos, cidades

e vilarejos, vales e montanhas, flo-

restas e caminhos, a palavra imor-

tal do Mestre da Galiléia! Conser-

va a tua vocação de fraternidade,

para que os mananciais da benção

divina jorrem luz e paz sobre a tua

fronte danificada pelo esforço cris-

tão na concórdia e na atividade

fecunda. Guarda o teu augusto

patrimônio de liberdade a distân-

cia de todos os gigantes do terror,

dos deuses da carniça e dos gênios

da brutalidade, que tentam ressus-

citar os fósseis da tirania. Elege o

trabalho por bússola do progresso e

da ordem, porque de tuas arcas

dadivosas manará novo alimento

para o mundo irredimido. Templo

de solidariedade humana, teu mi-

nistério de pacificação e redenção

apenas começa... Novo hino será

desferido por tua voz no coro das

nações. Nem Atenas adornada de

filósofos, nem Esparta pejada de

guerreiros. Nem estátuas impassí-

veis, nem espadas contundentes.

Nem Roma, nem Cartago. Nem se-

nhores, nem escravos. Desdobrem-

se, isto sim, em teu solo amoroso os

ramos viridentes Árvore do Evan-

gelho, a cuja sombra inviolável se

mitigue a sede multimilenar do

homem fatigado e deprimido!

Desfralda o estrelado pavilhão que

te assinala os destinos e não te que-

brantes à frente dos espetáculos

cruentos, em que os povos despre-

venidos da atualidade erguem

cenotáfios e ossuários à própria

grandeza. Descerra hospitaleiras

portas aos ideais da bondade cons-

trutiva, do perdão edificante, do

ilimitado bem, porque somos em ti

a família venturosa do Cristianis-

mo restaurado, e, por amor, se ne-

cessário, mil vezes nos confundire-

mos no pó abençoado e anônimo dos

teus caminhos floridos de esperan-

ça, empunhando o código da justi-

ça para o exercício varonil do di-

reito, emergindo das sombras da

morte - celeiro sublime da vida re-

nascente.

Grande Brasil! Berço de triun-

fos esplêndidos, aberto à glorifica-

ção do Cristo, seja Ele a tua inspi-

ração redentora, o teu apoio infalí-

vel, a trave-mestra de tua seguran-

ça; e, enaltecendo o messianismo

do teu povo fraterno, em cujo seio

generoso se extinguem todos os

ódios de raça e se expungem todas

as fronteiras do separatismo destrui-

dor, que o Mestre encontre no âma-

go de teu coração o sagrado poiso

das Boas-Novas de Salvação, des-

cendo, enfim, da cruz de nossa

impenitência multissecular para

conviver com a Humanidade ter-

restre, para sempre. �

Berço de triunfo esplêndidos,

aberto à glorificação do Cristo, seja

Ele a tua inspiração redentora...

Fonte:

XAVIER, Francisco Cândido. Falando à Ter-

ra. Págs. 11 – 16. Feb. Rio de Janeiro/ R.J.

2002

1 Refere-se o mensageiro espiritual à reencarnação anterior, dele mesmo, no Brasil2 Referência a D. Pedro II

MENSAGEM

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FidelidadESPÍRITA | Agosto 2005

Pedido de Mãe

por Elizeu Rigonatti

O meu filho está no Exército. O

batalhão dele parte amanhã para

guerra!

CONFIANÇA

Era uma senhora

pequenina, franzina,

morena, olhos muito pre-

tos num rosto miúdo, cabelos cres-

pos, bem penteados. Trajava-se mo-

destamente, sempre de claro, e pen-

dia-lhe do pescoço uma

correntinha de ouro, com um

coraçãozinho do mesmo metal, no

qual se engastava um rubi, de um

vermelho vivo, brilhante.

Comparecia ao Centro às sextas-

feiras; e sentava-se invariavelmente

na última cadeira da terceira filha.

Nunca pedira nada. Ao entrar

cumprimentava-me com um “Lou-

vado seja o Senhor”, ao qual eu

correspondia, ligeiramente emoci-

onado “Para sempre louvado seja”.

Foi a única que assim me cumprimen-

tou durante minha vida de espírita.

E, sentada em seu lugar, embe-

bia-se em preces. Ouvia atentamen-

te a leitura do Evangelho, e as pala-

vras do preletor da noite. Ao termi-

nar a reunião, despedia-se de todos

com um “boa noite” e um sorriso.

Numa sexta-feira, acercou-se da

mesa e disse-me:

- Posso falar com o senhor?

- Como não! Sente-se aqui ao

meu lado, estou às suas ordens.

Seus belos olhos diziam da ansi-

edade que lhe ia na alma.- Sabe,

sr. Eliseu! O meu filho está no Exér-

cito. O batalhão dele parte ama-

nhã para guerra! Ele vai junto...

Um soluço sacudiu-a; do negror

dos seus olhos borbulhavam lágrimas.

Senti uma dor funda em meu peito.

Que poderia eu fazer? Nossos di-

retores espirituais poderiam fazer

algo?

Estávamos em plena conflagra-

ção; país atrás de país precipitava-

se na fogueira. Os Exércitos de

Hitler, como um potente rolo com-

pressor de força irreprimível, esma-

gavam impiedosamente lares, cida-

des, nações, reduzindo-as a destro-

ços, a caos, a cinzas.

O Brasil não escapara.

Nessa manhã estivera na ofici-

na gráfica onde eu trabalhava, um

oficial de nosso Exército com vári-

os subordinados. Promoveram um

levantamento completo do pesso-

al. Éramos cento e oitenta empre-

gados; desses ficariam os mais ido-

sos, e os absolutamente imprescin-

díveis para a indústria não parar;

alistaram os restantes que deveri-

am aguardar a chamada, que viria

a qualquer momento. Junto aos

conscritos estava eu. Portanto, en-

tre mim e o filho dela parecia-me

que a diferença era pequena: ape-

nas uma questão de dias.

Debalde procurei em meu ínti-

mo um quê qualquer para confortá-

la; nada encontrei.

- Minha irmã - murmurei por fim

-, a misericórdia do Altíssimo é sem

limites; vá sentar-se, só o Pai nos

pode valer em tais ocasiões; faça suas

orações e espere confiante. Todos

oraremos.

E na sexta-feira seguinte ele vol-

tou, acompanhada de um rapagão

alto, forte, simpático. Os olhos dela

Pedi e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei e abrir-se-vos-á;

porque todo o que pede recebe; e o que busca acha; e a quem bate abrir-se-á.Mateus, 7:7-8

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Ao defrontar-se comigo, o comandante

entreparou e ordenou-me: Você não

embarca, volte para o quartel”

CONFIANÇA

irradiavam felicidade. Depois de

cumprimentar-nos - ao meu lado

estava minha sogra, dona Corina,

diretora de nossos trabalhos -, apre-

sentou-nos o rapaz, seu filho, o qual

vinha agradecer de público a gra-

ça recebida, sua dispensa. No mo-

mento oportuno tomou a palavra e

contou-nos:

- O batalhão saiu do quartel e

marchou rumo à Estação da Luz,

onde embarcaríamos para Santos,

e de lá, em navio para a Europa.

Na plataforma da Estação entramos

em forma para revista. Ao defron-

tar-se comigo, o comandante

entreparou e ordenou-me: “Você

não embarca, volte para o quartel”.

E dispensaram-me. E aqui estou

para agradecer a Deus, à minha

mãe, e a vocês todos as preces que

fizeram por mim.

Ao terminar a sessão, de braço

dado com o filho, despediu-se com

o costumeiro sorriso.

Quem há de resistir ao pedido

de uma mãe?

Nessa mesma reunião tivemos

uma instrutiva manifestação

psicofônica de nosso diretor espiri-

tual, José Cavalcante de Oliveira,

sobre o conflito que lavrava inten-

so na Europa; entre outras coisas,

recomendou-nos que não tomásse-

mos partido por nenhum dos com-

batentes; orássemos por todos eles,

sem distinção; víssemos em qual-

quer um deles irmãos nossos que

sofriam duras provas e, por conse-

guinte, merecedores de nosso au-

xílio silencioso: a prece.

Decorreram trinta e oito anos.

Jamais atinei com o que se passara.

Qual o mecanismo que os Poderes

Superiores acionaram a fim de que

o moço fosse libertado tão sumari-

amente?

Revendo estas recordações em

companhia de meu amigo, o mé-

dium O. F., manifestou-se um Espí-

rito de voz feminina, delicada:

- Sr. Eliseu, o senhor sabe quem

está aqui?

- Não faço a menor idéia...

- É a Maria Aparecida, a mãe

do Carlos, o meu filho que não foi

para a guerra! O senhor me vê?

- Sim, sim, percebo-a. E como

você está bonita, Maria! Você

desencarnou? E o Carlos?

- Desencarnei há muito tempo,

e sou feliz. O Carlos ainda está en-

carnado, constituiu família; estou

bem contente com ele. Vim dizer-

lhe como o caso aconteceu. O dr.

Cavalcante, quando passei para cá,

mo explicou. Foi assim: o dr. Caval-

cante recebeu instruções superio-

res para atender ao meu pedido. E,

observando, notou que o coman-

dante do batalhão era médium in-

consciente; ao deparar com meu

filho, o dr. Cavalcante tomou-o e

transmitiu a ordem que o senhor já

sabe. Vê como foi simples?

- Simplíssimo, Maria! Mas quem

pensaria nisso? Mediunidade,

mediunidade, consciente ou in-

consciente, quantos milagres e hu-

manidade te deve!

- É sim. Já agradeci ao dr. Ca-

valcante. Estou ansiosa por encon-

trar aquele comandante benemé-

rito, quero beijar-lhe as mãos, agra-

decer-lhe de viva voz o que fez por

mim e por meu filho.

E com aquele seu antigo sorriso,

muito meu conhecido, despediu-se. �

Fonte:

RIGONATTI, Eliseu. O Evangelho das

Recordações. Págs15 – 17. Editora

Pensamento. São Paulo/ S.P.

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FidelidadESPÍRITA | Agosto 2005

APRENDIZADO

Urim, Thummim e Ephod

O uso do Urim e Thummim era

freqüente no seios dos antigos

hebreus.

O que seriam o Urim e

o Thummim, menci-

onados em vários li-

vros do Antigo Testamento?

Tudo leva a crer que se tratava

de um dispositivo que se coloca-

va sobre um peitoral que por sua

vez era colocado sobre o peito,

para se poder entrar em comuni-

cação com Espíritos desencarna-

dos, o que aliás era muito freqüen-

te no seio dos antigos hebreus.

Observa-se, por exemplo, con-

forme narrado no 1° Livro de Sa-

muel (28:6) que o rei Saul, no

auge do desespero, pediu ao Se-

nhor que lhe desse uma orienta-

ção, no entanto, “não houve res-

posta nem por sonhos nem por

Urim, nem pelos profetas”, por isso

ele procurou a Pitonisa (médium)

da cidade de Endor. Ali o ilumi-

nado Espírito de Samuel, sem ne-

cessidade de Urim e Thummim,

se comunicou através da médium,

e, dentre outras coisas vaticinou

que ele (Saul) e seus filhos seriam

mortos no dia seguinte e a aldeia

de Israel seria entregue aos seus

inimigos, os Filisteus, o que real-

mente sucedeu.

Esse dispositivo é mencionado

apenas no Antigo Testamento,

nos primeiros tempos, e, segundo

as citações acima, contidas em 7

dos 39 livros que compõem o

Antigo Testamento, era usado pre-

ferentemente pelos incipientes

primitivos sacerdotes ou sumo sa-

cerdotes, a fim de receberem as

ordenações ou instruções prove-

nientes do mundo espiritual. É

por Paulo Alves Godoy

Urim e Thummim em Hebraico =Revelação e Verdade

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...“Ephod” era uma peça de tecido,

rigamente bordade, o qual era usado

pelos sacerdotes.

APRENDIZADO

evidente que profetas como o fo-

ram Samuel, Isaías, Ezequiel, Ma-

láquias, Elias, Daniel e outros não

necessitavam desse dispositivo,

uma vez que eles se comunicavam

diretamente com os Espíritos do

Senhor de forma mais direta.

Não consta nas Escrituras que

Moisés também o usasse, quando

no Tabernáculo se comunicava

com o Espírito Jeová, uma cidade

tribal dos judeus, uma vez que o

grande legislador era portador de

uma estrondosa mediunidade.

Naqueles tempos Moisés havia

proibido a evocação do Espíritos

dos chamados mortos, devido aos

abusos e desregramentos prevale-

centes, quando qualquer pessoa

procurava comunicar-se com Es-

píritos para fins menos edificantes

ou terra-a-terra, para saber de ne-

gócios, de transações, de casa-

mentos ou coisa que tais.

Isso não acontecia com o pró-

prio Moisés, pois ele se comuni-

cava reiteradamente com Espíri-

tos, a fim de poder manter a disci-

plina no seio de um povo rústico

e insubordinado. Com o auxílio

do Mundo Maior ele conseguia

fazer imperar uma diretriz segura

e severa. No entanto, ele aplau-

dia o intercâmbio com os Espíri-

tos para fins edificantes. Como se

observa no livro Números, (11:26

– 29) quando uma pessoa veio-

lhe denunciar que dois homens –

Eldad e Medad, estavam receben-

do Espíritos no campo, ele disse: “

Oxalá todo o povo de Israel pro-

fetizasse o Senhor lhe desse do seu

Espírito.

É óbvio que Eldad e Medad,

médiuns que eram, não precisa-

vam do Urim e Thummim para o

processo de comunicação com o

Mundo Maior.

Deve ter havido um outro ins-

trumento de comunicação com os

Espíritos, denominado Ephod,

pois o livro I Samuel (30 – 7 – 8)

nos ensina que o rei Davi solici-

tou ao sacerdote Abiatar que lhe

trouxesse o EPHOD e com ele

consultou o Senhor, para saber se

deveria perseguir e se alcançaria a

tropa que havia seqüestrado as

mulheres israelitas, tendo recebi-

do uma resposta positiva.

Segundo os dicionários Urim e

Thummim era uma peça de teci-

do bordado, no qual estavam

incrustradas doze jóias, simboli-

zando as doze tribos de Israel, o

qual era colocado sobre o peitoral

que por sua vez era colocado so-

bre o peito do sacerdote, preferi-

velmente do sumo sacerdote. Era

uma peça não identificada.

No entanto, segundo a opinião

de alguns estudiosos o tecido con-

tinha não as doze jóias, mas as le-

tras do alfabeto, tendo similitude

com o sistema de consulta aos Es-

píritos através das letras do alfa-

beto, como era usado nos

primórdios da codificação do Es-

piritismo.

De forma idêntica, segundo os

Fonte:

Jornal Espírita. Março/1995

dicionários “Ephod” também era

uma peça de tecido, rigamente bor-

dada, o qual era usado pelos

sacerdotes. �

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Uma Questão de IdadeA DO CORPO E DO ESPÍRITO

por Therezinha Oliveira

I. ALGUÉM JÁ EXISTIAANTES DE NASCER!

QUANDO A JEREMIAS LHE

VEIO “A PALAVRA DO SE-

NHOR”, o profeta ouviu do men-

sageiro espiritual que lhe falava em

nome de Deus: Antes mesmo que

eu te formasse no ventre materno,

te conheci; e antes que viesse à luz,

te consagrei e constitui profeta das

nações. (Jer 1:4-5)

Ele já existia e era conhecido de

Deus antes do corpo! Antes ainda

de ser formado no ventre materno,

antes de vir à luz! Tal afirmativa

que pode parecer inverossímil para

alguns ou misteriosamente sagrada

para outros, encontra, à luz do Es-

piritismo, fácil e lógica explicação.

É que o Espírito tem existência

independente do corpo e a ele pre-

existe. Antes de se unir ao corpo,

a alma é um dos seres inteligen-

tes que povoam o mundo invisí-vel, aprendemos na questão 134-b

de O Livro dos Espíritos. E pode en-carnar neste mundo, ligar-se à ma-

téria, formando um novo corpo,

para cumprir desígnios divinos e

dar continuidade à sua evolução.

Assim, antes de encarnar, Jere-

mias já era conhecido no plano es-

piritual por certas qualidades e jus-

tamente por elas fora escolhido

para vir à Terra com a missão de

ser profeta, um médium, um porta-

voz da espiritualidade.

Como o Espírito dura para sem-

pre mas o corpo não, a encarnação é

apenas temporária. Ao morrer o cor-

po físico, o Espírito, que já preexis-

tia, a ele sobrevive e desencarna.

Desligando-se da matéria, volve aomundo dos Espíritos, volta ao pla-

no espiritual donde momentanea-mente se apartara, mas é o seu ha-

bitat natural, sua verdadeira pátria.

De lá, em determinadas condi-

ções, o Espírito pode ressurgir, rea-

parecer neste mundo, e se comu-

nicar, até mesmo se tornar visível e

tangível. Temos dessas manifesta-

ções exemplos bíblicos, como Sa-

muel, profeta desencarnado, res-

pondendo ao rei Saul, através da

pitonisa (médium) de Endor (Sam

28); Moisés e Elias, materializados,

que aparecem e conversam com

Jesus (Mt 17:1-8); e o próprio Jesus

ressurgindo e se materializando

ante discípulos e apóstolos (Jô 20).

Sobrevivendo ao corpo físico, o

Espírito não somente poderá ressur-

gir, reaparecendo e se manifestan-

do em nosso plano, como também

reencarnar, encarnar novamente.

No Novo Testamento, Jesus, por

duas vezes afirmou que João Batis-

ta era Elias de volta. (Mt 11:14 e

17:12-3)

A reencarnação tem sido obje-

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FidelidadESPÍRITA | Agosto 2005

Acaso teremos existido sempre,

desde a eternidade?

Não, pois tivemos um princípio.

to de muitas pesquisas. Estudam-

se as reminiscências espontâneas

ou as provocadas por hipnose ou

anúncios de encarnações, feitos

mediunicamente ou em sonhos.

Por ocasião da reencarnação, oEspírito outra vez preexiste em

relação ao novo corpo, que este

ainda vai ser formado.

II. DESDE QUANDOEXISTIREMOS?

Acaso teremos existido sempre,

desde a eternidade? Não, pois ti-

vemos um princípio. Se (os Espíri-tos) não tivessem tido princípio,seriam iguais a Deus, quando, aoinvés, são criação sua e se achamsubmetidas à sua vontade (O Li-

vro dos Espíritos, questão 78). So-

mos imortais, porque não morremos,

mas não eternos, porque tivemos

um começo, fomos criados porDeus.

Como e quando se deu essa cri-

ação? Quando, porém, ao modo

porque nos criou e em que mo-mento o fez, nada sabemos, res-

pondem os instrutores Espirituais

(O Livro dos Espíritos, questão 78),

pois nem tudo os Espíritos sabem, a

começar pela sua própria criação

(O Livro dos Espíritos, questão

242). É uma declaração simples e

sincera, característica dos bons Es-

píritos, que sabem muito mas nãode tudo e, do que sabem e nós não,

revelam o que nos for benéfico e

oportuno, sem nos tirar a livre ini-

ciativa.

Sobre a criação dos Espíritos,sabem e podem nos dizer que: Os

Espíritos são a individualização do

princípio inteligente, como os cor-pos são a individualização do prin-

cípio material ( O Livro dos Espíri-

tos, questão 79), e sua evolução

anímica se processa através dos três

reinos da Natureza. A época e omodo porque essa formação se ope-

rou é que nos são desconhecidos.

Quando e como cada um de nós

foi feito, repito-te, nenhum o sabe.

(O Livro dos Espíritos, questão 78)

Outra coisa que eles sabem e

dizem: A criação dos Espíritos épermanente. Criação, no sentido

de individualização de cada Espí-

rito, porque, do princípio inteligen-

te, sempre há seres espirituais se

individualizando, adquirindo a

consciência de si mesmos, alcan-

çando a escala hominal. Nesse

sentido, Deus jamais deixou de cDeus jamais deixou de criar, está

sempre criando.

Como os Espíritos não tiveram

início todos a um só e mesmo tem-

po, uns existem há mais tempo do

que os outros, uns contam com mais

e outros com menos idade. Pode-

mos então falar em Espíritos “ve-

lhos” e Espíritos “jovens”.

III. A IDADE DE JESUS

Ao começar o seu ministério

aqui na Terra, Jesus tinha, segun-

do Lucas, cerca de trinta anos de

idade corpórea. Mas, em Espírito,

de quanto seria a idade de Jesus?

Informou ele mesmo, falando aos

judeus: Abraão, vosso pai exultou

por ver o meu dia, e viu-o, e ale-

grou-se. (Jô 8:56-59)

Abraão foi o patriarca, um an-

cestral daquele povo; também es-

perara pelo Messias, o salvador de

Israel, mas vivera mais de dois milanos antes de Jesus, o que fez os

judeus argumentarem: Ainda não

tens 50 anos e viste Abraão?Em verdade vos digo, respon-

deu-lhes Jesus: antes que Abraãofosse feito, eu sou. Já existia an-

tes de Abraão? Mais de dois mil

anos! Não podendo compreender,os judeus pegaram em pedras para

lhe atirarem; porém Jesus ocultou-

se, e saiu do templo, passando pelomeio deles e assim se retirou.

Jesus, porém, somente dissera

uma verdade: era espiritualmente

A criação de Adão (158-1512), por Michelangelo

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Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: 0800 770-5990 | 17Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: (19) 3233-5596

Em verdade vos digo, respondeu-lhes

Jesus: antes que Abraão fosse feito,eu sou.

mais antigo do que Abraão. Antes

que Abraão fosse criado, alcanças-

se a individualização, Jesus já exis-

tia, como um indivíduo em alto

grau de espiritualidade. Como só o

corpo morre, Abraão, espiritual-

mente vivo, assistiu, lá do além, a

vinda de Jesus ao mundo corpóreo,

como estava programado para o

progresso do povo israelita, e, evi-

dentemente, se alegrou com isso.

Verdade mais admirável vamos

ouvir de Jesus, na ceia pascal, quan-

do ele ora ao Criador: Glorifiquei-te

na terra, tendo consumado a obra

que me deste a fazer. (Jo 17:4-5)

Deus nos cria para algo útil e

bom. Fazendo aquilo para que Deus

o criou, o ser testemunha a sabe-

doria, poder e bondade do seu Cri-

ador: Nisto é glorificado meu Pai,

em que deis muito fruto (Jô 15:8).

Jesus glorificou o Pai, cumprindo

seus desígnios. Estaremos, também,

glorificando ao nosso Criador?

Continua Jesus sua afirmativa

reveladora: Agora, glorifica-me tu,

ó Pai, junto de ti mesmo(...)

Jesus pede para ser glorificado por

Deus. Que é glória para um ser espi-

ritual? È alcançar elevado grau de

progresso intelecto-moral, para agir

mais e melhor no universo, desfrutar

merecidamente o resultado digno e

feliz de todo bem que realiza.

(...) com aquela glória que eutinha contigo, antes que o mundoexistisse. (Jô 17:5)

Antes que a terra fosse feita...

Quando se deu a formação do nos-

so planeta? Alguns lhe atribuem 4

bilhões e 700 milhões de anos. E

Jesus já tinha, então, glória com o

pai! Já alcançara elevado grau de

evolução e merecimento, atingira o

glorioso estado de um Espírito puro!

Também somos Espíritos um tan-

to antigos, pois já vivemos muitas

encarnações e temos certo grau dedesenvolvimento. Mas ainda não es-

távamos sequer individualizados

quando a Terra se formou. Depois de

formada é que fizemos nela a nossa

evolução. Comparados a Jesus, somosEspíritos “crianças” ou “jovens”.

IV. AS DUAS IDADES ESEUS EFEITOS

Encarnados, ligados à matéria,

contamos com duas idades diferen-

tes (a do corpo e a do Espírito) que

causam efeitos também diversos so-

bre nós.

Sobre o corpoCélebre se tornou a frase “A vida

começa aos 40”, título de um livro

de Walter B. Pitkin, professor da

Universidade de Colúmbia. Mas se

a vida começasse aos 40, aos 45 ela

já está principiando a acabar, por-

que, Num seminário Especial sobre

Envelhecimento, a Organização

Mundial de Saúde afirmou que a

nossa vida se desenvolve em qua-

tro etapas: 45 a 59 – idade madura;

60 a 74 – idade avançada; 75 a 89 –

anciã; 90 em diante – muito velha.

E, depois de se atingir a maturi-

dade corpórea, a regra é: quantomais idade, menos vigor. Come-

çam os sinais exteriores de enve-

lhecimento: as forças diminuem,

cabelos embranquecem, grau de

audição e visão se reduz; pele en-

ruga-se e sua pigmentação se alte-

ra; as veias aumentam de volume

e, como as artérias, perdem elasti-

cidade; as passadas se tornam mais

lentas e má a postura; ocorre a de-

cadência mental (brilho da inteli-

gência se apaga) e a memória fica

difícil para reter coisas novas.

Se os sinais de velhice aparecem

antes das épocas cientificamente pre-

vistas, é que a idade biológica, as

condições físicas, estão se adiantan-

do em relação à idade cronológica,

ao tempo vivido. A pessoa está en-velhecendo muito depressa...

Podemos e devemos retardar

envelhecimento prematuro, procu-

rando conservar as condições físi-

cas e, se possível, recuperar facul-dades afetadas, para dispor do cor-

po como um instrumento valioso

pelo tempo todo de nossa existên-cia na Terra, ou o mais possível.

Mas, por mais se conserve o cor-

po, nessa corrida contra a ação do

tempo sobre a matéria, a velhice é

mesmo a fase final da idade física,o começo do fim para o corpo hu-

mano.�

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FidelidadESPÍRITA | Agosto 2005

ESTUDO

Sobre o EspíritoPara o Espírito, a idade não traz

nenhum prejuízo, porque ele é

imortal, sua vida não tem fim. (O

Livro dos Espíritos, questões 83 e

153), e sua essência, diferente damatéria, não degenera com o tem-

po. O Espírito não decai por se tor-nar mais velho, pelo contrário, atin-

ge maior desenvolvimento e pleni-

tude.Na infância espiritual, nas pri-

meiras encarnações como ser hu-

mano, as faculdades do Espírito ain-

da estão em potencial, só a pouco

e pouco sua inteligência vai desa-brochando, a alma se ensaia para a

vida mais plena.

Maior tempo vivido deverá en-sejar mais experiência, sensibilida-

de mais apurada, maior capacida-

de de ação.

Sabendo disso, talvez todos nós,

jovens ou velhos, no corpo, esteja-

mos querendo ser “o mais idoso”,

espiritualmente... Mas, isso é im-

possível dizer, porque nenhum Es-

pírito sabe quando foi criado, quan-

do a sua individualização se deu.

Nem adiantaria saber, porque o

progresso não guarda relação estri-

ta e fatal com a idade do Espírito,

já que uns progridem mais depres-sa que outros. (O Livro dos Espíri-

tos, questões 116, 117 e 125)

Fisicamente, não importa a ida-

de mas as condições biológicas; es-

piritualmente, não importa quantoo Espírito já viveu mas quanto já

progrediu (intelectual e moralmen-

te). A autoridade de Jesus não lhevem de ser mais “idoso” do que nós

espiritualmente, mas porque sabe,

sente e age mais e melhor.

Raciocinando assim, talvez

queiramos todos o título de “maisevoluído”. Mas só pensamentos e

atos superiores dão direito a ele,

enquanto quem se alimenta de lei-

te, menino é (Paulo, Heb 5:12). De

que nos alimentamos: de ilusões,

vaidades, materialismo, do apego às

sensações físicas? Então, ainda so-

mos meninos Espirituais.

Aos discípulos que disputavam

entre si qual deles era o “maior”

espiritualmente, Jesus orientou que

o maior seria: Quem se fizer humil-

de como uma criança (Mt 18:3) e

for o servidor de todos (Lc 22:24-

6). Se ainda não apresentamos hu-

mildade nem serviço ao próximo,

ainda somos muito pequenos espi-

ritualmente.

V. AS FASES DA VIDAFÍSICA

Conhecer a diferença de dura-

ção entre corpo e Espírito traz nova

compreensão sobre o ser humano,

nas diversas fases da vida física.

Infância(O Livro dos Espíritos, questões

379,382,383 e 385)

O corpo é de criança mas o Es-

pírito que anima esse corpo é um

ser já experiente, que abriga senti-

mentos bons ou maus (egoísmo ou

amor, inveja e agressividade, oualtruísmo e senso de justiça) e

apresenta inatas idéias, tendênci-

as e aptidões.

Os órgãos físicos limitam-lhe a

expressão e sua fragilidade e de-pendência faz que os pais o acolha

com carinho. Para o Espírito reen-

carnante, a infância constitui umafase de repouso espiritual e o deixa

mais acessível à assimilação de no-

vos conceitos e atitudes. Que gran-

des possibilidades para a ação edu-

cadora no campo dos sentimentos,hábitos, ideais! Crianças comuns

são Espíritos de evolução mediana

em processo normal de desenvolvi-

mento. Crianças pouco dotadas são

... depois de se atingir a maturidade

corpórea, começam os sinais

exteriores de envelhecimento...

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Conhecer a diferença de duração

entre corpo e Espírito traz nova

compreensão sobre o ser humano

Espíritos “novos” em evolução, ou

que enfrentam limitações cármicas.

Crianças precoces revelam quali-

dades e aptidões antes do tempo

usual, porque estão transcenden-

do espiritualmente os limites do or-

ganismo infantil; com o tempo, o

desenvolvimento de físico os igua-

la com a evolução espiritual comum

da humanidade. Crianças geniais

são Espíritos antigos e muito expe-

rientes em determinada área de

conhecimento ou de ação; duran-

te a vida corpórea, vão apresentan-

do desenvolvimento sempre maior

com a idade. O noticiário dos jor-

nais e da televisão são pródigos em

relacionar exemplos de crianças

geniais e suas capacidades excep-

cionais , quer seja na arte ou nas

ciências.

Há casos admiráveis de Espíri-

tos que, embora reencarnando com

limitações físicas, conseguiram su-

perá-las e se realizaram na vida cor-

pórea. Citaremos apenas dois de-

les, que a imprensa noticiou am-

plamente.

Janice Gardiner (Baltimore,

Maryland, E.U.A.). Nasceu cego do

olho direito, com o olho esquerdo

defeituoso e outras deformações

faciais. Os médicos o julgaram um

retardado, mas, aos oito meses, no

colo de sua mãe, observou o irmão

mais velho aprendendo piano e,

logo após, executou a melodia do

exercício. Um bebê de 8 meses, já

era um músico! Aos 13 meses, to-

cava Sonata ao Luar, de Beetho-

ven. Aos 3 anos, já compunha e ti-

nha aulas diárias com instrutor para

superdotados. Três transplantes de

córneas que tentou foram malsu-

cedidos, porque espiritualmente

perdurava uma situação de resga-

te ainda não satisfeito perante a lei

divina, limitação que não lhe im-

pedia a realização pessoal no cam-

po da arte. (O Espírita, junho-ju-

lho/1987)

Sibelius, Nino (Campina Gran-

de, Alagoas). Antes dos 3 anos, era

raquítico, não andava nem falava.

As preces de sua mãe atraíram a

caridosa intervenção espiritual de

Frei Damião e o menino conseguiu

andar, falar. Poucos dias depois, to-

cou no piano a singela melodia As-

sum Preto para, mais tarde, execu-

tar a Sinfonia n° 40, de Mozart.

Passou a residir em Maceió, capi-

tal do Estado, e prossegue fazendo

apresentações musicais pelas cida-

des brasileiras.

AdolescênciaUma grande mudança se opera

no caráter do Espírito, quando che-

ga a fase da adolescência corpórea.

É que o Espírito retoma a natureza

que lhe é própria e se mostra tal

qual era (O Livro dos Espíritos,

questão 385) e, revela, também, o

que ele conseguiu assimilar na

nova encarnação, se soube aprovei-

tar ou não os benefícios da boa edu-

cação que lhe tenha proporciona-

do o novo lar.

Na fase da adolescência, obser-

vamos o drama de alguns pais cuja

autoridade só se baseava na força

física e no domínio financeiro. Já

que os pais que fizeram o melhor

ao seu alcance, amando e educan-

do seus filhos, podem guardar se-

renidade e confiança, porque cum-

priram o seu dever, embora a deci-

são de agir como adultos seja ago-

ra dos filhos, em seu livre arbítrio

perante a lei divina.

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FidelidadESPÍRITA | Agosto 2005

VI. IDADE ERELACIONAMENTO

Espiritualmente, as pessoas não

são de uma só idade. Podem ter se

individualizado em épocas diferen-

tes. Ou, apesar de individualizados

numa mesma época, não estarem

no mesmo grau de desenvolvimen-

to, por não terem aproveitado igual-

mente o aprendizado evolutivo.

Mas, ao encarnarem, têm o cor-

po sujeito à idade física e isso faz

que surjam algumas situações cu-

riosas: um casal em que a esposa

jovem é, espiritualmente, milênios

mais velha do que o seu marido (ou

vice-versa); um avô mais criança, es-

piritualmente, que seu neto (O Li-

vro dos Espíritos, questão 197) ou um

pai menos evoluído que seu filho.

Talvez possamos recordar, aqui,

a passagem do Evangelho em que Je-

sus indaga aos fariseus (Mt 22:41-46):

- Que pensais vós do Cristo? De

quem ele é filho?

- De Davi, lhe responderam.

- Como é então que Davi, em

Espírito, lhe chama Senhor? Se lhe

chama Senhor, como é seu filho?

A explicação é que, na herança

física, Jesus descendia de Davi; mas

em Espírito, não. Materialmente,

no corpo, Davi viera antes, fora um

ancestral de Jesus, mas este não lhe

estava dependente em Espírito.

Ninguém despreze a tua moci-

dade, escreveu Paulo ao jovem Ti-

móteo (I Tim 4:12) que, apesar da

pouca idade, era seu companheiro

habilitado e eficiente no trabalho

da seara cristã. Respeitemos, no

jovem, o Espírito nosso irmão.

Nem por isso todo jovem se creia

mais autorizado espiritualmente

que seu pai. Pode ser mais jovem

não só no físico, mas também nas

condições espirituais.

MENSAGEM DO

IDOSO(Autor desconhecido)

Se meu andar é hesitante e

minhas mãos trêmulas,

ampara-me.

Se minha audição não é boa, e

tenho de me esforçar para ouvir o

que está dizendo,

procure entender-me.

Se minha visão é imperfeita e o

meu entendimento escasso,

ajude-me com paciência.

Se minha mão treme e derrubo

comida na mesa ou no chão,

por favor não se irrite, tentei fazer

o que pude.

Se você me encontrar na rua, não

faça de conta que não me viu.

Pare para conversar comigo.

Sinto-me só.

Se você, na sua sensibilidade, me

vir triste e só,

simplesmente partilhe comigo um

sorriso e seja solidário.

Se lhe contei, pela terceira vez, a

mesma história, num só dia,

não me repreenda, simplesmente

me ouça.

Se me comporto como criança,

cerque-me de carinho.

Se estou doente e sendo um peso,

não me abandone.

Se estou com medo da morte e

tento nega-lo,

por favor, ajude-me na

preparação para o adeus.

Velhice

É notável como, em nosso ínti-mo, no profundo do “eu”, nunca nossentimos velhos! Apenas a defici-ência e a dor física nos abatem ouimpedem externamente. O limitedo corpo faz que o Espírito procuredar melhor aproveitamento ao quetem e sabe. Vem a sabedoria davelhice, que nos leva a orar assim:

Se ainda não somos idosos, sai-

bamos ouvir aqueles que já atingi-

ram o ocaso da vida e entendamos

seu comovente apelo.

ORAÇÃO DO IDOSO(Autor desconhecido)

Senhor, sabes melhor do que eu que estou

envelhecendo.

Logo mais serei um idoso.

Não deixes que eu me torne um falastrão

Nem que mantenha o hábito de achar

Que posso dar minha opinião sobre todos

os assuntos

E em todas as ocasiões.

Preserva-me do afã de querer opinar

Sobre assuntos que dizem respeito a

outros.

Torna-me reflexivo, mas não melancólico;

Serviçal, mas não dominador.

Parece-me injusto não empregar minha

reserva de sabedoria;

Mas, Senhor, sabes que preciso de amigos!

Por isso, livra-me de ficar contando

detalhes intermináveis;

Concede-me ir logo ao essencial.

Fecha-me a boca para eu não ficar falando

de meus numerosos

Achaques e dores, pois com o passar do

tempo vão aumentando

E gosto de enumerá-los.

Concede-me a graça de escutar as pessoas

Que me contam seus sofrimentos.

Ensina-me a gloriosa lição de admitir

Que, certamente, cometi enganos.

Mantém-me razoavelmente terno.

Ajuda-me a ver o lado agradável da vida.

Existem tantas coisas divertidas ao meu

redor

E não quero que passem despercebidas!

Amém

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Os encarnados na Terra geral-mente estamos todos em grau se-melhante quanto ao desenvolvi-mento intelecto-moral e os que, navida física, se apresentam mais ido-sos do que nós, provavelmente, se-rão mesmo mais experientes do quesomos, pelo menos no que se refereàs coisas deste mundo. Convém,pois, que os respeitemos e atente-mos nos seus conselhos.

A propósito, recordemos outrapágina valiosa de autor desconhe-cido:

O QUE O FILHO PENSA

DO PAI

Aos 7 anosPapai é grande. Sabe tudo!

Aos 14 anos

Parece que papai se engana emcertas coisas que diz...

Aos 20 anos

Papai está um pouco atrasado emsuas teorias, não são dessa época.

Aos 25 anosO “coroa” não sabe de nada...

Está caducando, decididamente.

Aos 35 anosCom minha experiência, meu Pai

seria hoje um milionário.

Aos 45 anosNão sei se consulto o “velho”,

talvez pudesse me aconselhar.

Aos 55 anosQue pena papai ter morrido, a

verdade é que tinha idéias notá-veis.

Aos 60 anos

Papai era um sábio. Como lastimotê-lo compreendido tão tarde...

Informados e compreendidospela Doutrina Espírita, quanto ànossa natureza espiritual, imortal,evolutiva, e nossa situação de en-carnados:

- compreendamos e respeitemoscada pessoa, na sua idade física eespiritual;

- vivamos como seres espirituaisque somos, qualquer que seja anossa idade física.

- não receemos as alterações quenosso corpo possa sofrer. Prejuízoreal, só o que nos afeta em Espíri-to. E o que nos atinge espiritual-mente não é o que os outros nosfaçam, mas o que nós mesmos faze-mos ou deixamos de fazer pelo bemestar e progresso nosso e de nossossemelhantes.

- não temamos o passar do tem-po, a não ser que deixarmos de usarou usarmos mal. O tempo é nosso.E amigo. Para realizar e progredir.

Encarnados ou não, vivamosmuito, bem e sempre, a vida quenão foi nem será, aquela que sem-pre é. A nossa vida espiritual!

Imortal, rica de oportunidades,inteiramente à disposição de nossainteligência e vontade, do nossopensar, sentir e querer.

Vida que é bênção de Deus, su-blime concessão do Pai a nós, seusfilhos, para que alcancemos a gló-ria de sabermos fazer o bem, sen-tindo a pura felicidade e vivendoem paz, onde, quando, como e comquem estivermos. �

Fonte:

OLIVEIRA, Therezinha. Na Luz do

Espiritismo. Págs. 28-43. CEAK.

Campinas/S.P. 2005

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FidelidadESPÍRITA | Agosto 2005

“Emmanuel recomenda-nos muita

cautela...”

O nosso estimadoconfrade José Ja-cinto de Alcân-

tara, que tantos e relevantesserviços tem prestado à Causado Espiritismo, escreveu-nos deBelo Horizonte, remetendo-nos

dois lindos casos de ChicoXavier que, sem dúvida, mere-cem ser divulgados, pelas pre-ciosas lições que enceram.

Sem provermos qualquer re-toque nos episódios que nosnarra, transcrevemo-los na ín-

tegra, aproveitando a oportuni-dade para solicitar a outrosconfrades que colaboremconosco, enviando-nos históri-as inéditas que conheçam donosso Chico, com vista à docu-mentação que estamos efetu-ando sobre a vida do médium.

Apareceram certa vez emPedro Leopoldo váriosconfrades, procedentes de SãoPaulo.

Todos profissionais liberais,detentores de títulos de cursosuperior: advogados, médicos,engenheiros, farmacêuticos, bi-ólogos, físicos, químicos, alguns

PhD, além de técnicos de áre-as diversas.

Traziam uma ‘revolucionáriaproposta’ para o ‘desenvolvi-mento’ da Doutrina.

Consistia a proposta no se-guinte:

Seria implantada em PedroLeopoldo uma UniversidadeEspírita sob a égide de ChicoXavier. Todos os segmentosdoutrinários, filosófico-ideológi-cos seriam amplamenteembasados e respaldados pelaluz evangélica e, ainda, pelacultura universitária. PedroLeopoldo seria a cidade-máterdo Espiritismo. Os visitantes vi-bravam, enquanto Chico, paci-ente, lia o manifesto que lhefora entregue, após a apresen-tação dos companheiros por in-flamado orador.

Dois Lindos Casos

de Chico Xavierpor Carlos A. Baccelli

REFLEXÃO

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REFLEXÃO

Para surpresa geral, Chico –ao término da leitura – disse:

“Emmanuel recomenda-nosmuita cautela, sem contudo su-bestimar a proposição dos bon-dosos confrades, cujoselevadíssimos propósitos mere-cerem acolhida e respeito porparte da Espiritualidade. Con-voca-nos, porém, o queridoMentor à seguinte reflexão:

Imaginemos que a Adminis-tração Municipal resolva trans-ferir todos os postes de ilumi-nação pública das ruas de

Pedro Leopoldo para a praça daMatriz. Em conseqüência, todaa cidade ficaria às escuras, en-quanto a Praça da Matriz fi-caria feericamente ilumina-da... É claro que semelhantemedida administrativa seriacensurada pelos municípios epor toda a comunidade, nãoobstante as boas intenções doChefe do Executivo. Os queri-dos confrades são postes de luze, como tais, cada um de per sideve iluminar o local onde estáinstalado. Os postes, dispersos,iluminarão toda a cidade...”

Os ilustres visitantes com-preenderam a lição, retirando-se satisfeitos, iluminados à luzdo Evangelho...

Os queridos confrades são postes de

luz... Os postes dispersos iluminarão

toda a cidade...

Fonte:

BACCELLI, Carlos A.Chico Xavier –

Mediunidade e Paz. Págs. 111 – 112. Editora

Didier. Votuporanga/S.P.1996

Quando da inauguração doCentro Espírita “Casa do Ca-minho”, em Sabará – MG(1981), presente o casalNewton-Iolanda Nolli, Chiconos advertiu:

“É preciso muito cuidado,pois os nossos irmãosdesencarnados ainda carentesde luz atacam, no momento, aslâmpadas. Depois, atacarão ospostes e mais tarde investirão,furiosos, contra a usina...” �

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FidelidadESPÍRITA | Agosto 2005

A Língua Portuguesa e a Influência

dos Estrangeirismospor Zilda Nascimento

A língua portuguesa é falada em todas

as partes do mundo , por mais de

duzentos milhões de pessoas

ESTUDO

Um pouco de informação:Dentre as línguas neolatinas

(nações cuja língua e/ou civiliza-

ção procedem da latina), o portu-

guês foi a primeira a crescer fora

do continente europeu. De caro-

na com as caravelas, nos séculosXV e XVI, marcou presença em

todos os continentes. A língua

portuguesa é falada em todas as

partes do mundo, por mais de du-

zentos milhões de pessoas. Atual-

mente, além de Brasil e Portugal,pelo menos mais quatro países têm

o português como língua oficial¹,

países estes considerados

lusófonos (povo que fala portugu-

ês), são eles: Angola,

Moçambique, Guiné–Bissau,Cabo Verde e São Tomé e Prínci-

pe. Timor Leste3 , na Oceania,

que teve sua independência em

1999, voltou a ensinar o portugu-

ês nas escolas, junto com o

“tétum” - língua oficial, mais o in-glês. Dialetos com raízes no portu-

guês são falados em ex-colônias e

possessões lusitanas (natural ou ha-

bitante da Lusitânia e Portugal) da

Ásia, como Diu, Damão, Goa, to-

das na Índia, e Macau, na China¹.

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O Brasil passou a ter a presença do

inglês nos mais diversos contextos

ESTUDO

Assim como nossa língua teve

sua influência em outros idiomas,

o Brasil, e outros países, também

sofrem a interferência de outras

línguas. Mesmo aquelas conside-

radas puristas, ainda bastante re-

sistentes a esta interferência, es-

tão cedendo aos poucos; algumas

com mais critério, porém inevitá-

vel diante do evento da

globalização¹ (formada pelos paí-

ses integrantes do G7, que são eles:

Os Estados Unidos, Inglaterra,

Alemanha, França, Canadá, Itá-

lia e Japão), vivenciada com mai-

or presença nos últimos tempos.

O motivador:

Para melhor abordarmos a in-

fluência dos estrangeirismos em

nossa língua, é oportuno recorrer

a um fato que muito colaboroucom este evento: O ex-presiden-

te Franklin Delano Roosevelt,

quando de sua reeleição em 1936,

manifestou a necessidade de im-

plantar “a política de boa vizi-

nhança”2 (good neighbour) nasrelações dos Estados Unidos com

os demais países, compromisso

este que o democrata não hesi-

tou a se dedicar.

O Brasil, como outros países,

passou a ter a presença do

anglicismo, isto é, do inglês, nos

mais diversos contextos de nossa

vida cotidiana, principalmente no

comércio e poder econômico, des-

de um lanche na esquina, “ca-

chorro quente” (hot dog), até

nome de pessoa (Newton), rua

(Estados Unidos), comércio

(shopping), atividade (meeting =

reunião), etc. Muitas palavras já

configuram no nosso dicionário,

como é o caso de xampu =

shampoo, e outras que são popu-

larmente faladas, muitas vezes de

forma “portuguesadas” (é o caso

de internautas = usuários da

internet) e que aos poucos são as-

similadas ao nosso idioma, dando

origem, assim, aos estrangeirismos.

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FidelidadESPÍRITA | Agosto 2005

O emprego do estrangeirismo deve se

limitar ao que for extremamente

necessário

O estrangeirismo:

Entende-se por estrangeirismo

o uso de palavras, expressões ou

construções próprias de línguas es-

trangeiras, tais como:

germanismo, do alemão (guerra);

italianismo, do italiano (maestro);

galicismo ou francesismo, do fran-cês (elite), que já fizera parte de

nosso programa escolar, hoje é o

caso do inglês; e ainda o

castelhanismo, do espanhol

(castanhola), que também é uma

fala que exerce grande influênciasobre o português. O emprego de

estrangeirismos deve-se limitar ao

que for extremamente necessário,

por não haver, em português, ter-

mos equivalentes; e sempre que

possível revestir a formavernácula: exemplo recorde, e não

“record”. O abuso desse recurso

lingüístico torna o texto pedante

e, muitas vezes, obscuro.

Outras interferências:Com o advento da internet

(rede mundial de computadores)

as pessoas são motivadas ao uso da

escrita criativa, rápida, recurso

este de redução exigido por essa

ferramenta, necessário aos novos

tempos, e com isso deixando de

lado a preocupação com a escrita

correta, suas concordâncias, acen-

tuações, sinais de pontuação, etc.

A língua em si não corre nenhum

Fontes :

1) Novíssima Gramática da Língua Portuguesa, de Domingos Paschoal Cegalla, edição 45ª.

2) Livro: Roosevelt, 2ª impressão, 2003.

3) Livro: Queimado, Queimado, Mas Agora é Nosso! Timor: Das Cinzas à Liberdade. Rosely

Forganes, Labortexto Editorial, Ed. 2002.

4) Entrevista com o Professor e Escritor Pasquale Cipro Neto, em 16.07.05, EPTV – Comuni-

dades.

risco, isto é, não sofre alteração em

sua estrutura, mas é importante

considerar que se precisa ser ca-

paz de usar a linguagem de internet

e, também, saber ler um Fernando

Pessoa4.

O Espiritismo e a valorização da língua portuguesaA Doutrina Espírita, como fruto da revelação divina, é o re-

sultado das informações dos espíritos acerca da realidade espiri-tual do homem.

O Espiritismo necessitou aguardar o desenvolvimento das ci-ências a fim de que pudesse ser compreendido pelas criaturas.Toda e qualquer disciplina científica necessita, obrigatoriamente,de um instrumental que lhe possibilite avançar. Não teríamos ci-ência se não encontrássemos um modo de nos comunicar, dedar nome às coisas etc. Nesse campo as palavras são de funda-mental importância, convertendo-se no grande instrumental dopesquisador na busca pela verdade.

Valorizemos, portanto, essa capacidade humana de comuni-cação e expressão, priorizando o estudo da nossa primorosalíngua portuguesa aplicando-a no serviço do Espiritismo. Escre-vamos, portanto, cartas que consolem os sofredores, evitemosos impropérios, valorizemos as boas palavras com palestraseducativas e esclarecedoras, aumentemos nossa cultura com osclássicos de nossa doutrina e de nossa nação. Fazendo assim,certamente, ajudaremos no cumprindo do objetivo do Espiritis-mo: Transformar aqueles que o compreendem.

Conclusão:O contato com outros idiomas,

outros povos, o que não poderia

ser diferente, faz com que a lín-

gua sofra suas transformações, sur-

gindo então os falares regionais,

dialetos e estrangeirismos; dando

lugar aos neologismos (palavras

novas), à evolução natural das lín-

guas em geral, que são decorrên-

cia do progresso e do desenvolvi-

mento da cultura humana¹. �

Nota do Editor:

ESTUDO

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Fonte:

MARTINS, Eduardo. Com Todas as Letras.

Pág. 10. Editora Moderna. São Paulo/SP,

1999.

COM TODAS AS LETRAS

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O Necessário

“Mas uma só coisa é necessária.” – Jesus

(Lucas, 10:42.)

Terás muitos negócios próximos ou remotos, mas não

poderás subtrair-lhes o caráter de lição, porque a morte te

descerrará realidades com as quais nem sonhas de leve...

Administrarás interesses vários, entretanto, não poderás

controlar todos os ângulos do serviço, de vez que a maldade e a

indiferença se insinuam em todas as tarefas, prejudicando o raio

de ação de todos os missionários da elevação.

Amealharás enorme fortuna, todavia, ignorarás, por muitos

anos, a que região da vida te conduzirá o dinheiro.

Improvisarás pomposos discursos, contudo, desconheces as

conseqüências de tuas palavras.

Organizarás grande movimento em derredor de teus passos,

no entanto, se não construíres algo dentro deles para o bem

legítimo, cansar-te-ás em vão.

Experimentarás muitas dores, mas, se não permaneceres

vigilante no aproveitamento da luta, teus dissabores correrão

inúteis.

Exaltarás o direito com o verbo indignado e ardoroso,

todavia, é provável não estejas senão estimulando a indisciplina e

a ociosidade de muitos.

“Uma só coisa é necessária”, asseverou o Mestre, em sua

lição a Marta, cooperadora dedicada e ativa.

Jesus desejava dizer que, acima de tudo, compete-nos

guardar, dentro de nós mesmos, uma atitude adequada, ante os

desígnios do Todo-Poderoso, avançando, segundo o roteiro que

nos traçou a Divina Lei. Realizado esse “necessário”, cada

acontecimento, cada pessoa e cada coisa se ajustarão, a nossos

olhos, no lugar que lhes é próprio. Sem essa posição espiritual de

sintonia com o Celeste Instrutor, é muito difícil agir alguém com

proveito.

Emmanuel - por Chico XavierVinha de Luz. Págs.19-20