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AGLOMERADOS PRODUTIVOS E CONCENTRAÇÃO: UMA ANÁLISE TEÓRICO- CONCEITUAL Lucimar Antonio Teixeira Roxo Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Economia - PPGE Universidade do Vale do Rio dos Sinos - Unisinos Bolsista Capes [email protected] Eduardo Trapp Santarossa Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Economia - PPGE Universidade do Vale do Rio dos Sinos - Unisinos Bolsista Capes [email protected] Gustavo Bertotti Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Economia - PPGE Universidade do Vale do Rio dos Sinos - Unisinos [email protected] Bolsista Capes RESUMO O presente artigo realiza uma análise teórico-conceitual sobre concentração geográfica de empresas, fenômeno difundido através dos conhecidos aglomerados produtivos locais. A organização industrial da atividade econômica está em constante evolução. Atualmente, existem diferentes enfoques acerca da configuração do processo produtivo, dentre os quais a localização concentrada de negócios de pequeno e médio porte em geral surge como uma associação capaz de estruturar vantagens competitivas inerentes a esse tipo de formação. Pioneiramente, através de Marshall, essa idéia surgiu a partir dos benefícios oriundos da proximidade de empresas em determinada região, resultando nos até então chamados distritos industriais marshallianos. Todavia o contexto dos aglomerados obteve maior atenção a começar do fenômeno dos distritos italianos do pós-guerra. Desse ponto em diante, reconheceu-se amplamente que a concentração econômico-espacial representa uma alternativa para determinadas atividades consubstanciarem-se competitivas em função de fatores como economias de aglomeração. Contudo, desde a maior repercussão sobre o assunto, o crescimento de publicações tem gerado abordagens um tanto quanto indiscriminadas e, através de uma visão conjuntural, não-sistemáticas sobre essas concentrações. Deveras, não é razoável que os mais variados agrupamentos empresariais tenham as mesmas características estruturais e assimilem condições análogas, tais como, as descritas originalmente pelos distritos marshallianos ou outras delimitações da literatura. Nesse sentido, consubstancia-se uma discussão sobre o limiar entre diferentes categorias de aglomerados produtivos a partir de aspectos estruturais, esboçando ambientes e contextos distintivos, revisados e construídos através de pesquisas bibliográficas. A situação conclusiva alcançada aponta para a necessidade de distinguir essas formações de empresas, pois os elementos característicos envolvidos em cada circunstância podem apresentar-se perfeitamente divergentes. Palavras-chave: organização industrial, aglomerados produtivos, concentração. Área temática. Economia regional e urbana. INTRODUÇÃO As empresas concentradas geograficamente, relacionadas pela sua proximidade, caracterizam um fenômeno econômico-espacial. Essa condição que envolve empresas e outros agentes econômicos aponta para a possibilidade de circunstâncias favoráveis às atividades ali desenvolvidas. Assim, nesse sentido, surge o que pode ser reconhecido na literatura como

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AGLOMERADOS PRODUTIVOS E CONCENTRAÇÃO: UMA ANÁLISE TEÓRICO-CONCEITUAL

Lucimar Antonio Teixeira Roxo Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Economia - PPGE

Universidade do Vale do Rio dos Sinos - Unisinos Bolsista Capes

[email protected] Eduardo Trapp Santarossa

Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Economia - PPGE Universidade do Vale do Rio dos Sinos - Unisinos

Bolsista Capes [email protected]

Gustavo Bertotti Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Economia - PPGE

Universidade do Vale do Rio dos Sinos - Unisinos [email protected]

Bolsista Capes

RESUMO

O presente artigo realiza uma análise teórico-conceitual sobre concentração geográfica de empresas, fenômeno difundido através dos conhecidos aglomerados produtivos locais. A organização industrial da atividade econômica está em constante evolução. Atualmente, existem diferentes enfoques acerca da configuração do processo produtivo, dentre os quais a localização concentrada de negócios de pequeno e médio porte em geral surge como uma associação capaz de estruturar vantagens competitivas inerentes a esse tipo de formação. Pioneiramente, através de Marshall, essa idéia surgiu a partir dos benefícios oriundos da proximidade de empresas em determinada região, resultando nos até então chamados distritos industriais marshallianos. Todavia o contexto dos aglomerados obteve maior atenção a começar do fenômeno dos distritos italianos do pós-guerra. Desse ponto em diante, reconheceu-se amplamente que a concentração econômico-espacial representa uma alternativa para determinadas atividades consubstanciarem-se competitivas em função de fatores como economias de aglomeração. Contudo, desde a maior repercussão sobre o assunto, o crescimento de publicações tem gerado abordagens um tanto quanto indiscriminadas e, através de uma visão conjuntural, não-sistemáticas sobre essas concentrações. Deveras, não é razoável que os mais variados agrupamentos empresariais tenham as mesmas características estruturais e assimilem condições análogas, tais como, as descritas originalmente pelos distritos marshallianos ou outras delimitações da literatura. Nesse sentido, consubstancia-se uma discussão sobre o limiar entre diferentes categorias de aglomerados produtivos a partir de aspectos estruturais, esboçando ambientes e contextos distintivos, revisados e construídos através de pesquisas bibliográficas. A situação conclusiva alcançada aponta para a necessidade de distinguir essas formações de empresas, pois os elementos característicos envolvidos em cada circunstância podem apresentar-se perfeitamente divergentes. Palavras-chave: organização industrial, aglomerados produtivos, concentração. Área temática. Economia regional e urbana.

INTRODUÇÃO

As empresas concentradas geograficamente, relacionadas pela sua proximidade,

caracterizam um fenômeno econômico-espacial. Essa condição que envolve empresas e outros

agentes econômicos aponta para a possibilidade de circunstâncias favoráveis às atividades ali

desenvolvidas. Assim, nesse sentido, surge o que pode ser reconhecido na literatura como

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aglomerados produtivos. Agora, à medida que os agrupamentos utilizam-se de estruturas e

recursos internos, inerentes à sua posição geográfica, econômica, social e política, então se

identifica uma organização com características locais. As propriedades de cunho intrínseco

atribuem nova perspectiva para o agrupamento, emergindo, logo, os aglomerados produtivos

locais (APL), que englobam não apenas empresas, mas instituições de ensino, pesquisa e

tecnologia, sindicatos, entidades, instituições financeiras, entre outros atores1.

A organização da atividade econômica parece ser um elemento fundamental para o

desenvolvimento de qualquer nação. A natureza das unidades produtivas e a forma como estas

organizações estão dispostas no espaço têm conquistado o interesse de economistas e

pesquisadores afins, como foi o caso de Marshall (1996), com os distritos industriais, Porter

(1999), preocupado com a competitividade, Coase (1994), quem integrou a discussão sobre a

natureza da empresa, Becattini (1999), acerca do fenômeno italiano referente às aglomerações

produtivas, entre outros. As concentrações empresariais mostram-se numerosas e com

distintas configurações, incitando, atualmente, reflexões pertinentes ao aspecto teórico-

conceitual adjacente. Numa visão sistêmica, as abordagens reservadas aos aglomerados

produtivos apresentam-se embaraçosas, pois por vezes os autores discorrem sobre o mesmo

objeto de estudo essencialmente, porém denominando-o de maneiras divergentes, e vice-

versa. Com efeito, como ressaltam Vale e Castro (2010), as diferenças conceituais existentes

podem evitar erros de interpretação, utilização inadequada e imprecisa de certos termos, e

realização de pesquisas empíricas inócuas.

Dentre as mais variadas formas utilizadas para retratar as aglomerações produtivas e

concentrações, pode-se citar as seguintes abordagens: distritos industriais, sintetizados por

Marshall (1996), quem se considera um dos pioneiros no tratamento do assunto; cluster,

utilizado por Porter (1999) e difundido por outros autores; arranjo produtivo e inovativo local,

que consta na obra de Lastres (2004); sistema local de produção, empregado por Suzigan

(2004); arranjo produtivo local, que por sua vez é de uso de diferentes autores em suas

publicações, como por exemplo, Tatsch (2010), Crocco et al (2003) e outros; bem como

Caporali e Volker (2004), os quais apresentam brevemente distinções entre formações

empresariais e institucionais em sua obra, tais como, arranjos produtivos locais, clusters e

distritos industriais. É nesse contexto que se observa a aplicação não-sistemática de termos e

conceitos acerca de um mesmo objeto de investigação e suas variações, o que se pode refletir

1 Contudo, considerando que a análise desempenhada neste trabalho não destacou a condição intrínseca ou extrínseca das propriedades inerentes a cada formação, esta distinção não terá efeito. Por isso a utilização das expressões aglomerados produtivos ou aglomerados produtivos locais dar-se-á como sinônimos praticamente.

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em usos indiscriminados e aleatórios, dificultando a leitura e o entendimento do assunto no

conjunto da obra. Ainda, por falta de concepções claras em determinados casos, possibilitam

interpretações distorcidas. Isso desencadeia a necessidade de discussão e delineamento sobre

o assunto.

Evidentemente, não se está afirmando que os trabalhos dos autores citados estejam

inadequados ou idéia parecida, mas apenas examinando-se um conjunto de publicações e sua

manifestação sistêmica. O propósito é contribuir com esclarecimentos teórico-conceituais

mais pragmáticos para a análise acerca da concentração geográfica de atividades econômicas.

Os objetivos específicos buscam realizar uma revisão teórica dos conceitos empregados na

literatura; identificar elementos característicos inerentes aos aglomerados produtivos, bem

como possibilitar a discussão de propriedades que possam distingui-los; e organizar os

elementos característicos em aspectos estruturais pertinentes às concentrações empresariais. A

discussão tem o caráter teórico-incremental, consubstanciado por pesquisa bibliográfica, isto

é, através de livros, revistas e demais publicações bibliográficas. Estruturalmente, o artigo

está organizado em cinco seções: esta breve introdução, fenômeno da aglomeração e da

concentração, abordagens sobre aglomerados produtivos, aglomerados e aspectos estruturais,

e por fim as considerações finais.

FENÔMENO DA AGLOMERAÇÃO E DA CONCENTRAÇÃO

A distribuição da atividade econômica no espaço geográfico não é uniforme. Esse

fenômeno pode ser facilmente comprovado através de pesquisas simples a registros de

estabelecimentos por regiões, isto é, existem determinadas localidades que apresentam

configurações empresariais distintas em quantidade de organizações envolvidas, disposição

estrutural, grau de relacionamento, etc. Apesar desse fenômeno não ocorrer exclusivamente

na dinâmica de mercado, pois é uma característica aparente em outras dimensões da vida

social, parece um fluxo natural da condição econômico-espacial. Com efeito, essa abordagem

não permite que se negligencie a noção de espaço econômico, o qual é distinguido por Souza

da seguinte maneira:

O espaço pode ser geográfico, matemático e econômico. O espaço geográfico é a noção banal de espaço, que diz respeito ao solo, relevo, clima, vegetação e atmosfera. O espaço matemático é o lugar abstrato das relações entre variáveis independentes, fora de qualquer representação geográfica. Tem-se como exemplo a superfície de produção de uma firma, as curvas de indiferença

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do consumidor. O espaço econômico corresponde à aplicação do espaço matemático ao espaço geográfico. É o espaço das atividades econômicas e dos lugares geográficos. (1981, p. 9, grifo do autor).

A dimensão espacial surgiu na economia com estudos mais sistematizados em meados

do Século XIX, como salientam Costa e Nijkamp (2009). As teorias da localização

apresentadas pelos autores em sua obra abrangem diversos elementos e relações que visam

retratar a distribuição dos agentes econômicos no espaço, resultando nos modelos de Johann

Heinrich von Thünen, Alfred Weber, Walter Christaller, Auguste Lösch, Walter Isard. Outros

pensadores também formularam relações diferenciadas que acabaram por caracterizar a

organização econômico-espacial. Perroux (1977) introduziu a idéia do crescimento díspar

através dos pólos de crescimento. Gunnar Myrdal e Nicholas Kaldor desenvolveram a

causação circular e cumulativa, destacando em sua dinâmica o crescimento de determinadas

regiões em detrimento de outras, similarmente ao modelo centro-periferia de Milton

Friedmann (COSTA; NIJKAMP, 2009). Assim, percebe-se, a partir das discussões teóricas,

que é iminente a constituição de configurações espaciais divergentes, as quais, certamente,

apresentarão características distintas, refletindo de maneira razoável em relações peculiares a

cada formação produtiva.

Obviamente, a utilização do termo concentração neste artigo não se refere à formação

de monopólio ou oligopólio, mas faz menção a disposição de empresas geograficamente

concentradas, bem como setorialmente especializadas também, semelhante à abordagem

desenvolvida por Humphrey e Schmitz (1996). Desde Marshall (1996), em meados do Século

XIX, as aglomerações têm recebido atenção. Segundo a visão marshalliana, difundida pela

denominação de distritos industriais, identifica-se três motivos vantajosos para o agrupamento

de empresas. Primeiro, a concentração geográfica de empresas poderia atrair fornecedores

especializados e locais. Segundo, a especialização da indústria promoveria a qualificação dos

recursos humanos na localidade. Terceiro, a proximidade física facilitaria a difusão de

informações. Nesse sentido, o potencial local caracterizar-se-ia por diversos fatores inerentes

ao contexto do agrupamento.

Por características como essas e também, como cita Becattini (1999), através de

propriedades de coexistência singular de concorrência e de solidariedade entre empresas de

um distrito industrial, assim como outras perspectivas propostas pela literatura, há a

possibilidade de redução de custos de transação, estímulo à inovação, mobilidade horizontal e

vertical dos postos de trabalho, e cooperação visando objetivos econômicos comuns. Para este

autor, o contexto não é determinístico para a maior eficiência dos distritos industriais, porém é

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capaz de alcançar níveis iguais ou superiores em relação às grandes empresas. Os custos de

transação, segundo Coase (1937), são aqueles que não participam dos custos de produção

diretamente, ou seja, os custos para negociar, partilhar de informações, relacionar-se, custos

de comércio, etc.

Mais recentemente, pela abordagem da Nova Geografia Econômica, outros elementos

foram introduzidos na idéia da localização de atividades econômicas. Com o intuito de

explicar os movimentos de dispersão e concentração de agentes econômicos, forças

centrífugas e centrípetas, aspectos como retornos crescentes de escala e economias de

aglomeração passaram a constituir um novo escopo teórico, ampliando as discussões sobre as

distribuições econômico-espaciais. Os modelos de Paul Krugman e Anthony Venables, por

exemplo, buscam explicar o que leva a aglomeração ou dispersão dos agentes econômicos. Os

principais elementos que cercam os seus modelos são as perspectivas relacionais entre custos

de transporte e vantagens ou desvantagens de as empresas estarem situadas ou não próximas

umas das outras, levando em conta a mobilidade do trabalho na abordagem de Paul Krugman

e falta de mobilidade em Anthony Venables (COSTA; NIJKAMP, 2009).

Deveras, as proposições acerca da organização espacial da atividade econômica

evoluíram. Segundo Fochezatto e Valentini (2010), a transformação das teorias de

desenvolvimento regional divide-se em três grupos: primeiro, as teorias da localização

industrial, cujos autores mais destacados foram citados anteriormente; segundo, o grupo

composto pelas teorias dos pólos de crescimento, de François Perroux, da causação circular

cumulativa, de Gunnar Myrdal e a dos efeitos de encadeamento, de Albert O. Hirschman;

terceiro, o grupo das teorias de economias externas dinâmicas do tipo marshallianas com os

seguintes autores principais, Brian Arthur, Paul Krugman, Giacomo Becattini e Michael

Storper. Outras abordagens podem ser vistas. Bekele e Jackson (2006) sistematizaram as

perspectivas teóricas na aglomeração industrial da seguinte maneira: teoria de aglomeração

clássica, nova geografia econômica, escola da especialização flexível, sistemas de inovação

regional; teoria da competitividade de Porter; externalidades dinâmicas.

Certamente, pelo dinamismo teórico corrente, os modelos que buscam retratar a

organização espacial da produção ainda sofrerão transformações. Entretanto o elemento

intertemporal perpassado por todas as abordagens que permanece presente até o momento é a

distribuição divergente de atividades econômicas no território. A convergência paulatina entre

diferentes regiões no que diz respeito às suas estruturas produtivas não é uma característica

aparente. Isso se há a possibilidade de convergirem. Desde as teorias da localização industrial,

em sua análise estática, até a incorporação de economias externas dinâmicas com enfoque no

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exame das forças centrífugas e centrípetas, inserindo elementos endógenos nos modelos, a

economia absorve um sistema peculiar de concentração de capital, cuja história registra a

constituição predominante de grandes empresas nos primórdios da industrialização e mais

recentemente a aparente formação de aglomerados produtivos. A divergência econômico-

espacial deve ser encarada como um fato além das asserções de convergência de longo prazo,

o que merece atenção e aprimoramentos técnicos e científicos.

ABORDAGENS SOBRE AGLOMERADOS PRODUTIVOS

Investigações acerca de aglomerações empresariais estão despertando o interesse de

pesquisadores desde sua maior repercussão a partir dos distritos industriais italianos do pós-

guerra. O amadurecimento das discussões a respeito do assunto tem proporcionado cada vez

mais a delimitação exata de diferentes configurações de empresas em determinados espaços,

bem como traços característicos próprios de cada distribuição. No entanto, dentre as mais

diversas publicações, teóricas e empíricas, a terminologia e a conceituação demonstram-se

embaraçosas quando analisadas em conjunto. Isso porque não há uma taxonomia ou tipologia

delimitada com maior precisão, o que torna mais flexível o uso indiscriminado e sem maior

rigor desses atributos. Nesse sentido, Vale e Castro (2010) chamam a atenção para os devidos

cuidados na utilização conceitual, salientando os equívocos de interpretação, possibilitando

prevenir pesquisas inconsistentes. Em sua obra, estes autores diferenciam os aglomerados

produtivos através de uma tipologia de análise pautada em três perspectivas teóricas: as

análises regionais de inspiração neoclássica; as análises regionais de inspiração institucional;

as análises regionais sobre organização industrial.

Embora Vale e Castro (2010) tenham valorizado os pontos ou atributos de uma

determinada construção teórico-conceitual oriundos de diferentes correntes de pensamento,

demonstrando uma maior preocupação com o contexto teórico de análise e não propriamente

com a identificação de configurações diferenciadas, as aglomerações produtivas, também

compostas por organizações de naturezas diversas, poderiam ser observadas por uma

ordenação conforme aspectos estruturais. Algo semelhante foi explorado, por exemplo, por

Mytelka e Farinelli (2000), os quais destacaram uma classificação segundo o desempenho dos

aglomerados. Historicamente, a concentração de empresas ficou conhecida através da

literatura antes mesmo de se tornarem amplamente discutidas. Desde a abordagem dos

distritos industriais marshallianos no Século XIX (MARSHALL, 1996), enuncia-se tais idéias

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em favor da organização industrial competitiva. A noção de que há vantagem em agrupar-se é

antiga. Segundo Schmitz e Nadvi (1999), Marshall representa o pioneirismo no assunto,

observando que as empresas, principalmente de pequeno porte, poderiam beneficiar-se da

aglomeração.

Entre diversas obras, os aglomerados produtivos aparecem com abordagens variadas. O

enfoque é dado de acordo com cada trabalho e autor. Para Becattini (1999), por exemplo, há

algumas características inerentes aos processos produtivos dos aglomerados no sentido de

consubstanciarem-se em atividades eficazes, tal como, o fracionamento em fases,

característica obtida por uma divisão muito expressiva do trabalho, permitindo a redução dos

espaços entre os participantes no processo social da produção. Isso conduziria a obtenção de

sinergias entre a atividade produtiva e a vida cotidiana. Ainda, como ressalta Giacomo

Becattini, podem ser encontradas na concepção de distrito industrial áreas industriais de

pequenas empresas regidas por uma ou várias grandes empresas, entretanto o autor destaca

que a dinâmica torna-se polarizada, apresentando uma estrutura social não alinhada com seus

preceitos de distritos industriais. As formações compostas por pequenas unidades produtivas

produzem relações de interdependência que leva a condutas de convergência não nas grandes

unidades de produção, mas a partir dos intermediários entre o processo produtivo e o destino

final do produto, diz o autor.

Outra perspectiva apresentada pode ser vista através de Caporali e Volker (2004). Os

autores examinaram características diferenciadas entre três organizações de núcleos

empresariais em sua obra e definiram-nas da seguinte maneira: clusters. Concentrações

empresariais geográficas de uma mesma cadeia produtiva, as quais auferem vantagens de

desempenho pela proximidade física e, eventualmente, de especialização, partilhando, além

da infraestrutura, do mercado de trabalho especializado e com oportunidades e ameaças

comuns; arranjo produtivo local. Constitui um tipo particular de cluster, formado por micro,

pequenas e médias empresas, agrupadas em torno de uma profissão ou de um negócio,

baseado nas redes (formais e informais) de empresas e demais instituições envolvidas. As

empresas interagem e compartilham o ambiente sociocultural local como um grupo; distritos

industriais. Sistemas locais de produção formados por um conjunto periférico de empresas em

torno de uma indústria dominante. Estas firmas especializam-se em diferentes etapas do

processo produtivo e, genericamente, pertencem à comunidade local, constituindo uma

extensa teia de relacionamentos. Nestes sistemas há um fluxo de comércio substancial entre as

empresas pelo fato de as firmas partilharem de serviços e mercado de trabalho especializado,

e estoque de conhecimento.

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Em Cluster and the New Economics of Competition, Porter (1998) desde logo

abordou a competição na nova economia através dos aglomerados produtivos. Conforme o

autor, embora as condições de mercado tenham sofrido transformações estruturais, permitindo

às organizações fontes de informações, de tecnologias e de capital com muito mais

mobilidade, o cenário econômico ainda exprimia a preponderância de concentrações

empresariais e institucionais, especialmente em nações desenvolvidas. As circunstâncias

competitivas diferenciadas, oriundas dessa situação econômica citada, pressionariam as

organizações para um patamar de negócios mais avançado, exigindo maior produtividade das

atividades. Por isso as oportunidades geradas pelos aglomerados são fatores estudados para

visualizar a forma como determinadas economias poderão ser mais competitivas, em especial

verificando aquelas disponíveis em cada realidade espacial e relacional. Nesta idéia, a

competitividade é a essência da aglomeração.

Semelhante à definição de arranjo produtivo local de Caporali e Volker (2004) foi a

delimitação de aglomerados utilizada por Tatsch (2010), porém descrevendo outros elementos

mais especificamente. Ana Lúcia Tatsch, coordenadora no Estado do Rio Grande do Sul do

projeto desenvolvido pela Rede de Pesquisa em Sistemas e Arranjos Produtivos e Inovativos

Locais (Redesist) sobre arranjos produtivos locais em todo País, destaca um conjunto de

agentes econômicos, políticos e sociais e suas interações, independente do grau de

consolidação dessas relações. Estende sua delimitação às análises vertical e horizontal, bem

como menciona em particular os personagens envolvidos no processo: empresas produtoras

de bens e serviços finais e fornecedoras de matérias primas, equipamentos e outros insumos;

distribuidoras e comercializadoras; trabalhadores e consumidores; organizações voltadas à

formação e treinamento de recursos humanos, informação, pesquisa, desenvolvimento e

engenharia; apoio, regulação e financiamento; cooperativas, associações, sindicatos e demais

órgãos de representação. É importante salientar que a autora ressalta a visão sistêmica do

processo, a qual é contemplada pela idéia deste artigo, porém no conjunto de publicações.

Mais uma abordagem é a do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São

Paulo (BEDÊ, 2002), que delimita as concentrações geográficas de empresas e instituições de

acordo com seus propósitos em cada trabalho. Através de uma pesquisa intitulada Subsídios

para a identificação de clusters no Brasil, a Instituição cita que os arranjos produtivos locais

podem ser entendidos como clusters. Salienta a proximidade física, componente natural, e

discorre sobre a dinâmica que determina a concentração. A dinâmica abordada pelo autor

pode ser adequadamente vinculada à idéia da localização de Alfred Weber (COSTA;

NIJKAMP, 2009). De outro lado, Suzigan et al (2004), em seu trabalho intitulado como

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Sistemas locais de produção: mapeamento, tipologia e sugestões de políticas, utiliza o

termo sistemas locais de produção, colocando-os como sinônimos de arranjos produtivos

locais e clusters.

O próprio Suzigan (2004) salienta a distinção que a Redesist realiza entre arranjos

produtivos locais e sistemas produtivos e inovativos locais. Os primeiros são vistos

coerentemente de maneira semelhante em relação ao citado através de Ana Lúcia Tatsch, já

que o projeto desenvolvido pela pesquisadora tem vinculação a esta rede de pesquisa. No

segundo caso, ressalta-se a interação, cooperação e aprendizagem no interior do aglomerado

como forma de gerar a capacidade inovativa. Destaca-se a dimensão institucional e regional

para estabelecer esse contexto de competitividade nos sistemas produtivos inovativos locais.

Wilson Suzigan ainda chama a atenção para a evolução que os conceitos utilizados sofreram

através da Redesist, mas não faz maiores discussões sobre o tema e prefere assumir que a

distinção entre os dois conceitos seja pertinente ao grau variado de desenvolvimento.

Segundo Haddad (1989), os agrupamentos ou aglomerados de empresas são

denominados sistemas produtivos locais. Paulo Haddad, nesta obra, menciona que as políticas

industriais e de desenvolvimento passaram a contemplar essas formações nos últimos anos.

Para o autor, o sistema produtivo local possui transações entre os seus agentes e a presença de

instituições de pesquisa e desenvolvimento (P&D). Apresenta uma distinção dicotômica entre

um aglomerado maduro e avançado. A maturidade remete à definição propriamente citada,

porém com baixo grau de coordenação e conflitos de interesse. Para o estágio avançado, o

autor estabelece que o sistema produtivo local, então, constitui-se em um cluster. As

características fulcrais são a maturidade, a coesão e a coordenação em níveis elevados. Neste

último caso de aglomerado, ainda é destacado o aprendizado tecnológico e comercial.

Diante desse contexto, baseados numa visão sistêmica, isto é, um olhar sobre um

conjunto de publicações, é facilmente identificado a baixa sintonia nas abordagens teórico-

conceituais pertinentes aos aglomerados produtivos. No mesmo rumo, Cunha (2002) ressaltou

a preocupação de alguns autores com a imprecisão conceitual do assunto, destacando o

emprego de termos relativamente amplos, com baixa capacidade de representar uma

configuração num sentido mais pragmático, tal qual, o de aglomerados ou clusters. Salientou

que o uso é em geral relacionado à concentração geográfica de firmas e a especialização

produtiva. Nesse sentido, Santos et al (2003) ratificam a idéia da necessidade de avanço

teórico nesta temática, pois não se pode estabelecer as mesmas características e condições aos

diferentes aglomerados produtivos.

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AGLOMERAÇÃO E ASPECTOS ESTRUTURAIS

Os estudos sobre a organização industrial do mundo capitalista visam continuamente

entender o desenvolvimento da atividade econômica e a maneira como isso ocorre em cada

período de tempo (POSSAS, 1999). Dentre as mais diversas construções teóricas, a

concentração geográfica de empresas é um dos aspectos que compõe o contexto industrial,

bem como esses agrupamentos são o objeto de interesse deste artigo. Distintas são as

tentativas de explicar a natureza da empresa, os limites de crescimento de cada unidade

produtiva, a distribuição espacial das atividades, a inserção dos negócios ou o aspecto

organizacional das empresas e dos mercados, como assim o fez Coase (1937). Todavia os

aspectos envolvidos no processo de delimitação dos aglomerados empresariais,

principalmente as características observadas pela literatura que sustentam e diferenciam essa

formatação da atividade econômica, devem receber uma atenção de modo a tornar-lhes mais

pragmáticos.

Em essência, os efeitos da concentração econômico-espacial, independentemente das

distintas origens e características, constituem um elemento fulcral para a competitividade

empresarial de determinadas regiões, como assim pode ser percebido nas idéias dos diversos

autores citados. No entanto esse aspecto implica a adução sobre o conceito de

competitividade, bastante discutido por Ferraz et al (1995). Segundo estes autores, os estudos

têm considerado competitividade em dois sentidos: desempenho ou eficiência econômica. O

desempenho como competitividade revelada, expressa na participação de mercado, é

considerado uma variável ex-post. A eficiência como competitividade potencial, capacidade

da empresa de produzir com a melhor combinação eficiente dos insumos, é considerada uma

variável ex-ante, oriunda dos conceitos microeconômicos de eficiência técnica e alocativa.

Entretanto tanto desempenho quanto eficiência são enfoques limitados por serem

estáticos. Por isso Ferraz et al (1995) propõem a seguinte definição de competitividade: é “a

capacidade da empresa de formular e implementar estratégias concorrenciais, que lhe

permitam ampliar ou conservar, de forma duradoura, uma posição sustentável no mercado”,

atribuindo, assim, uma perspectiva dinâmica, para a qual o desempenho e a eficiência

decorrem da capacitação acumulada pelas empresas que, por sua vez, é reflexo das estratégias

competitivas adotadas em função de suas percepções quanto ao processo concorrencial e ao

meio econômico onde estão inseridas. Logo a competitividade nessa ótica coloca ainda mais

em evidência as influências das economias de aglomeração, haja vista suas influências no

processo de produção.

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Em sua obra intitulada Made in Brazil: desafios competitivos para a indústria ,

Ferraz et al (1995) ainda chamam a atenção para outros aspectos relacionados à

competitividade e de certa forma aos aglomerados produtivos. Através de sua taxonomia de

padrões de concorrência, algumas características indicaram maior propensão à articulação

horizontal entre empresas de determinada classe, cujas economias de aglomeração eram

vislumbradas. Tal padrão é o que os autores denominaram de grupo de indústrias

tradicionais2. Por isso este é outro fator potencial entrelaçado na discussão. Ainda nesse

contexto, percebe-se que a visão atomizada do mercado (COSTA, 1986), obviamente, não

condiz com a realidade que se presencia, o que não torna os aglomerados vinculados

automaticamente à estrita idéia de competitividade pela eficiência econômica. Como cita

Richardson (1972), no fluxo dos mercados, observa-se um sistema de cooperação e interação

entre empresas, que formam uma rede complexa e ramificada, interligando-se através de

padrões de cooperação e afiliação.

Outros aspectos podem ser delineados pela formação de redes e elementos tecnológicos.

As inovações tecnológicas possibilitam a elevação da eficiência, a fragmentação da produção,

bem como a especialização da atividade, podendo gerar, através de trocas de recursos

intangíveis entre as empresas, economias de escala (BARQUERO, 2001). Estas trocas entre

os agentes econômicos são exeqüíveis pela construção das relações de integração ou

cooperação. Introduz-se, assim, a atuação de redes, as quais servem de suporte para a difusão

da inovação e do conhecimento no ambiente empresarial. Albuquerque (1998, p. 20) salienta

que “a introdução constante de inovações tecnológicas e organizativas na base produtiva

constitui [...] um elemento determinante no incremento da produtividade e da

competitividade”. Dessa forma, a formação de redes expressa um caráter central para o

desenvolvimento, também visto como endógeno, já que produz vantagens competitivas,

condicionando crescimento e transformações nas estruturas a partir da organização de

relações entre os agentes econômicos. As redes podem ser identificadas de diferentes formas,

como redes formais e informais e contemplam processos cooperativos entre os agentes,

embasadas no estreitamento das relações de confiança.

Segundo Barquero (2001), uma rede pode ser definida como o sistema de relações que

vinculam os agentes econômicos entre si e cujo conteúdo está relacionado a bens materiais,

informação ou tecnologia. Economicamente, as redes são formadas de modo geral por

empresas, as quais buscam estabelecer relações avançadas com seus fornecedores, clientes e

2 Ver capítulos 1 e 5 em FERRAZ et al (1995).

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colaboradores. Para a difusão de inovações e conhecimento, as redes desempenham um papel

fundamental. Sua base de interação entre os agentes econômicos produz um contexto capaz de

disseminar os progressos tecnológicos e conhecimentos afins de maneira mais rápida e eficaz.

Os agentes partilham, através de canais de comunicação, dos avanços que venham a

beneficiar o ambiente de produção, onde possuem interesses de desenvolvimento. Por

conseguinte essa dinâmica também contribui para o fortalecimento de formações empresariais

concentradas, cujos interesses de atuarem cooperativamente se fundamentam nos aumentos de

produtividade e competitividade causados por vantagens de economias externas.

Em resumo, existem propriedades no conjunto dos agentes econômicos que criam

efeitos relacionados às economias de aglomeração. Os resultados do agrupamento empresarial

são, na verdade, economias externas às firmas (externalidades), como assim foram citadas por

Marshall (1996), quem dividiu as economias derivadas do aumento de escala de produção em

economias externas, dependentes do desenvolvimento geral da indústria, e internas, relativas

aos recursos organizacionais e administrativos específicos a cada empresa. Apesar do avanço

das pesquisas nesta temática, desde muitas décadas há a preocupação com relação às

abordagens pertinentes às externalidades, expostas, por exemplo, por Scitovsky (1954), quem

já mencionava a existência de poucas e insatisfatórias definições sobre economias externas.

Para Fujita e Thissen (1996), a concentração geográfica das atividades econômicas é

consequência de uma importante força centrípeta, que seriam estas externalidades, porém a

configuração espacial estabelecida é resultado de dois tipos de fenômenos opostos, as forças

de aglomeração (centrípetas) e as influências de dispersão (centrífugas). Contudo, dada a

condição de uma aglomeração consubstanciada, o que resta é observar as características de

cada formação, pois as forças de aglomeração previstas nos modelos não caracterizam por

completo sua configuração sucessiva.

Sem se descuidar do aspecto mais abstrato, é necessário mencionar a suposição de

retornos crescentes de escala como sustentação teórica deste artigo. Certamente, o estudo da

distribuição econômico-espacial seria insignificante sem esta consideração, pois, sem

restrições de localização e a falta de qualquer estímulo para a aglomeração, a posição

geográfica de cada unidade produtiva seria aleatória, negligenciando-se por completo o

elemento espaço na análise econômica. Com efeito, Fujita e Thissen (1996) seguramente

concluem que os retornos crescentes de escala são essenciais para explicar a distribuição

geográfica das atividades econômicas, e Scitovsky (1954) ainda complementa que as

economias externas são o fracasso dos modelos de competição perfeita a partir de uma

situação de ótimo. Por isso os aglomerados produtivos apresentam peculiaridades relativas às

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escalas de produção provenientes da aglomeração. Segundo Fochezatto e Valentini (2010),

essas economias podem ser de vários tipos, e a consequência disso é a dificuldade de

delimitação conceitual clara.

Apesar de as pesquisas de modo geral não aprofundarem os seus aspectos, há na

literatura certos destaques apontando diferenças entre as economias externas. Henderson

(2003), num contexto dinâmico, diferencia dois tipos de externalidades nos ambientes

industriais, as economias de localização, a partir das idéias de Marshall, Arrow e Romer

(MAR), e as economias de urbanização de Jacobs. Para Fujita e Thissen (1996), cada tipo de

externalidade pode levar a determinadas aglomerações de atividades econômicas, assim como

o próprio Scitovsky (1954) aborda dois conceitos peculiares de economias externas,

technological external economies e pecuniary external economies. Por isso não se deve tratar

com incúria a distinção entre aglomerados produtivos a partir de suas características inerentes.

Ainda, além das condições expressas para a formação de aglomerados produtivos, como as de

Marshall (1996), quem salientou a importância da condição espacial para a organização

industrial, é preciso abranger outros casos, como os citados por Fujita et al (2002), por

exemplo, a respeito das formações oriundas de um legado histórico, ou meramente ao acaso.

Numa percepção mais prática, Barquero (2001, p. 106), por exemplo, menciona que a

reunião de empresas em uma dada localidade oportuniza que estas utilizem o mesmo mercado

de trabalho, usem um conjunto de serviços ali instalados e estabeleçam vínculos comuns,

reduzindo os seus custos médios e aproveitando as economias de aglomeração. Por sua vez, a

aglomeração facilita o surgimento de redes, a aproximação das empresas para

comercialização e introduz uma maior organização quanto à divisão do trabalho. As

economias de escala e a redução dos custos de transação, em função da organização do

sistema produtivo local, e não à organização interna de suas empresas, dão as unidades

integrantes de certos aglomerados a capacidade de competirem nos mercados, da mesma

forma como ocorre no caso das grandes firmas, que são capazes de produzir uma grande

quantidade de bens e serviços, e trabalhar inteiramente com economias de escala e com

menores custos de transação. Todavia é evidente que nem todas as formações produtivas

possuem exatamente esta configuração.

Em síntese, pode-se perceber que existe o reconhecimento da distribuição díspar de

atividades econômicas, empresas e organizações. A disposição econômico-espacial, em

determinados casos, apresenta-se em aglomerados produtivos, os quais se aproveitam de

economias externas que podem ser elencadas, observadas e investigadas, bem como

comprovadas através de pesquisas empíricas em diversas características. Logo os

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aglomerados não devem ser vistos simplesmente como concentração geográfica de empresas.

Sua composição, a forma como seus componentes estão distribuídos e entrelaçados retratam

configurações diferenciadas. Assim, algumas características podem ser desdobradas,

constituindo classes com propriedades homogêneas. A seguir, com base nas obras

pesquisadas é apresentada uma estrutura, Quadro 1, que possa servir de análise quando se

pensar em aglomerados heterogêneos e capazes de constituir unidades de análise peculiares,

afastando-se de uma visão linear, como já destacavam Santos et al (2003) quando

mencionaram que há distinções entre os aglomerados produtivos.

Aspecto Elementos Característicos

Organizacional

Acessibilidade a insumos e sua mobilidade - Estrutura de informação e comunicação -Arranjo institucional e bens públicos - Escopo de serviços de apoio - Coordenação -Integração - Fracionamento do processo produtivo - Capacidade associativa erepresentativa - Concentração geográfica - Dimensão do aglomerado

SetorialEstrutura empresarial - Padrão de concorrência - Concentração especializada ediversificada - Fornecedores locais especializados - Flexibilidade da produção -Intensidade de capital - Natureza das atividades

TecnológicoCapacidade inovativa - Intensidade tecnológica - Estoque de conhecimento -Tecnologias da informação e comunicação - Pesquisa e desenvolvimento - Ciência etecnologia

InteracionistaConfiança - Colaboração - Cooperação - Solidariedade - Redes formais e informais -Relações horizontais e verticais - Densidade de relações - Dinâmica de ações e projetos- Interdependência

MercadológicoMercado consumidor - Extensão do mercado - Dinamismo - Mercdo externo - Tipo demercadorias - Produtos homogêneos e diferenciados - Mercado de trabalho

Político, social e natural

Infraestrutura - Ambiente sociocultural - Atores locais - Regulação e financiamento -Órgãos e instituições públicas - Geografia - Capital social- Natureza da aglomeração -Políticas públicas - Arranjo educacioal técnico e superior- Incentivos eacompanhamento

Quadro 1 - Aspectos estruturais de aglomerados produtivos

Fonte: quadro elaborado pelos autores.

Através do Quadro 1, elaborado pelos autores a partir das referências utilizadas,

observa-se diversos elementos característicos acerca desse fenômeno da concentração de

atividades econômicas. Realizando uma distribuição dessas propriedades em algumas classes,

as quais se denominaram de aspectos estruturais de aglomeração, atingiu-se uma classificação

em seis categorias: organização; setor; tecnologia; interação; mercado; político, social e

natural. Em qualquer formação empresarial, é possível perceber combinações peculiares dos

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elementos característicos apresentados. Certamente, algumas formações devem exibir

predominância de certos traços e níveis avançados de organização, bem como outros

agrupamentos podem demonstrar configurações menos desenvolvidas com poucos fatores

ativos em seus ambientes econômicos. Contudo, a situação em que cada unidade aglomerativa

apresenta-se não descaracteriza sua natureza, mas a faz diferente e prontamente receptível a

abordagens e condições de produção particulares em relação às demais. Em suma, um

aglomerado produtivo que abranja todos ou quase todos os elementos em elevadíssimos níveis

de organização e funcionamento possui uma dinâmica diferenciada e, coerentemente, deverá

participar de uma realidade adequada à sua evolução competitiva.

Sobre os aspectos estruturais, observa-se uma disposição de elementos característicos de

acordo com a sua essência e conexões desempenhadas em cada estrutura. O aspecto

organizacional compreende propriedades referentes às partes que constituem o aglomerado e

seus inter-relacionamentos. A acessibilidade a insumos e sua mobilidade ou a estrutura de

informação e comunicação, por exemplo, apresentam-se neste aspecto pela característica

inerente à sua disposição no interior do aglomerado, representado as condições e a maneira

como os agentes econômicos servem-se destes componentes. O aspecto setorial diz respeito às

propriedades pertinentes à atividade particular de cada negócio. O padrão convergente das

empresas, as características de concorrência de cada mercado associado, etc. A tecnologia

abrange o sistema de técnicas, processos, métodos, meios e instrumentos presentes na

formação. Além da base tecnológica instalada, é interessante a identificação das

possibilidades existentes, como a capacidade inovativa. A partir do ponto de vista

interacionista, suscita-se o conjunto de ações e relações entre os agentes econômicos,

exprimindo medidas de confiança, colaboração e cooperação por exemplo.

Os dois últimos aspectos estruturais referem-se ao mercado e as questões de cunho

político, social e natural. A visão mercadológica contempla o conjunto de condições

econômico-sociais e suas implicações para o agrupamento empresarial. Elementos como

extensão de mercado e dinamismo podem classificar determinados aglomerados produtivos

em diferentes estágios de desenvolvimento. O último item reuniu propriedades relacionadas a

três dimensões: política, representada, por exemplo, pela regulação, órgãos e políticas

públicas, e seus desdobramentos diretos e indiretos, imbuídos na esfera pública; social,

apresentando os componentes de caráter coletivo, público, mas não com o sentido político

partidário, tais como, capital social e ambiente sociocultural; e natural, envolvendo aquilo que

é peculiar a cada formação, natureza, apesar de não se referir estritamente ao trabalho sem a

intervenção do homem, haja vista que engloba a natureza das atividades dos agentes

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econômicos, visualizada através da geografia ou natureza das aglomerações, etc. Assim,

organizou-se um arcabouço de elementos característicos capazes de destacar estruturalmente

aglomerados produtivos ou seus grupos.

Para uma dada aglomeração produtiva, por exemplo, seria possível que em sua

configuração estivessem presentes propriedades como: concentração de pequenas e médias

empresas especializadas com um grupo significativo de seus fornecedores em uma dada

região, certo grau de fracionamento do processo produtivo, estrutura avançada de capital

físico instalado, organização através de entidades representativas e associativas, engendrando

densas redes formais e informais de relacionamento e sistemas de informação integrados ante

tal contexto, coordenação de ações e projetos conjuntos, serviços de apoio, confiança e

cooperação entre os atores locais, bem como institutos tecnológicos de pesquisa e

desenvolvimento. De outro lado, seria razoável imaginar um agrupamento menos

desenvolvido com as seguintes perspectivas: concentração geográfica de pequenas empresas

especializadas, baixa intensidade de capital e tecnologia, interações eventuais oriundas apenas

das atividades profissionais, organização horizontalizada, baixa confiança, mercado de

trabalho não especializado de modo geral, infraestrutura precária.

Primeiramente, fica óbvio que ambas as formações empresariais ilustradas destacam-se

como aglomerados produtivos. Entretanto as características que os determinam como unidade

de análise demonstram configurações distintas em ambas as circunstâncias. As propriedades

constatadas em cada caso, certamente, criarão condições competitivas diferenciadas. A

concentração das empresas, pessoas e demais organizações poderia ter se originado de

diversas formas, similares ou não, dentro das possibilidades já destacadas pelos autores

citados. No entanto, a procedência dos agrupamentos não está em discussão, pois a proposta

desta análise não enfoca as forças que originaram o processo de aglomeração dos agentes

econômicos, mas concentra-se na dinâmica percorrida por essas formações em seu fluxo de

existência, o qual delineia os seus aspectos estruturais. As forças centrípetas, como são

conhecidas na literatura, podem ser examinadas pelas condições expostas por Fujita e Thissen

(1996) e Fujita et al (2002) na constituição de um aglomerado produtivo, porém sua

configuração evolui, incorpora e transforma a estrutura de produção sob diversas perspectivas.

Tal situação expressa a necessidade de distinguir essas formações empresariais, pois as

externalidades aproveitadas em cada situação são um tanto quanto diferenciadas. Isso se

justifica também porque seria incoerente propor que todos os elementos característicos desses

aspectos fizessem parte das forças originárias de aglomeração, visto que muitos se

desenvolverão no fluxo de organização das empresas. Assim, conforme a preocupação de

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Crocco (2003), o exame sobre os aglomerados produtivos é um elemento central para o

desenvolvimento da localidade, tendo, porém, pouco espaço na literatura até o momento. As

iniciativas locais e a formação de políticas podem ser embasadas na caracterização desses

espaços produtivos, desencadeando ações estruturais e ordenadas para o crescimento

econômico local.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A discussão sobre aglomerados produtivos está evoluindo. No entanto ainda há lacunas

para serem preenchidas com relação a abordagens mais funcionais e precisas acerca do tema.

A falta de pragmatismo dificulta a conexão entre teoria e prática. As próprias ações, políticas,

administrativas ou organizacionais, desenvolvidas para essas formações precisam ser pautadas

de acordo com a sua configuração estrutural. Numa visão geral, a linguagem e a

caracterização utilizadas na literatura são um tanto quanto desordenadas, o que restringe a

amplitude bibliográfica de pesquisas, haja vista a complexidade de conjugar a análise sobre

concentrações empresariais. Sistematicamente, uma visão global sobre os aglomerados

produtivos revela contrastes que podem até inibir discussões teóricas mais aprofundadas por

certos pesquisadores, os quais se permitem adotar uma posição de segurança no processo de

investigação, ocasionando simplificações desnecessárias. É bem verdade que a investigação

científica requer estudos aprofundados, entretanto um dos papeis da ciência é construir

conhecimentos organizados e sistêmicos, objetividade, o que se deve aprimorar neste campo

de pesquisa.

O objeto de discussão do artigo concretizou-se pelo exame dos diversos aspectos

estruturais vinculados aos aglomerados produtivos. Deveras, a prescrição rigorosamente

pontual de uma taxonomia de concentrações empresariais não é uma tarefa simples. Delimitar

as fronteiras entre um ou outro aglomerado requer uma conexão maior entre teoria e prática.

Sob a dimensão teórica, é necessário estabelecer fundamentos lógicos e coerentes com a

realidade vigente, compreendendo a heterogeneidade dos espaços ocupados e constituídos

territorialmente. Da mesma forma, os elementos estendidos no corpo teórico devem oferecer a

possibilidade mínima de investigação empírica. Isso para que pesquisas aplicadas possam ser

bem sucedidas, com um escopo teórico bem desenvolvido. Num sentido cumulativo e

circular, a dinâmica econômica precisa ser observada e investigada para dar sustentação à

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teoria, de modo que suas relações evoluam e aprimorem as discussões sobre o tema e a vida

econômica, sucessivamente.

Nesse contexto, os elementos característicos salientados no artigo podem servir de

referência às pesquisas sobre os aglomerados produtivos. Ao empreender uma investigação

que envolva tal tipo de organização industrial, é mais que pertinente a reflexão entre as suas

dimensões e os propósitos de pesquisa. Os trabalhos não devem se utilizar de caracterização

frágil na semântica dos agrupamentos empresariais, ou seja, as pesquisas precisam prevenir-se

contra a homogeneização imprudente dos aglomerados para não estarem incorrendo em

interpretações e análises duvidosas, visto que os mais diversos agrupamentos de agentes

econômicos não devem ser enquadrados com a mesma condição de análise. Dessa forma, as

propriedades pertinentes aos aspectos organizacionais, setoriais, tecnológicas, interacionistas,

de mercado e aos elementos políticos, sociais e naturais sustentam uma base de reflexão útil

para distinguir essas formações produtivas, permitindo a construção de uma tipologia ou

taxonomia semanticamente peculiar à finalidade de determinada investigação.

Por fim, outro componente que chama a atenção é a necessidade de existir uma

sustentação teórica objetiva e satisfatória quando se tratar de concentrações econômico-

espaciais em pesquisas científicas. Definitivamente, como citado, não é possível reconhecer

os variados aglomerados produtivos como unidades de análise perfeitamente análogas.

Mesmo que não se faça uma discussão teórica aprofundada, registrar a priori a caracterização

e as definições dos aglomerados é pertinente e imprescindível para ostentar os resultados da

pesquisa e até elucidar mais os seus objetivos. Por conseguinte, servindo de base também

nesta ótica, os elementos característicos organizados nos aspectos estruturais destacados neste

artigo auxiliarão na prática reflexiva sobre as delimitações estabelecidas e os objetivos

pretendidos. Certamente, isso poderá contribuir para investigações futuras e análises

abrangendo visões mais sistêmicas.

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