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Agente global de sustentabilidade Cientes da importância de equilibrar os aspectos sociais, ambientais e econômicos dos nossos negócios, procuramos manter uma visão global de sustentabilidade alinhada com padrões de desempenho internacionais. Queremos gerar valor de longo prazo a todas as nossas partes interessadas e garantir a adaptação e o respeito às culturas e às realidades locais. Relatório de Sustentabilidade Vale 2009 94

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Page 1: Agente global - Vale.com...“Carta Aberta ao Brasil sobre Mudanças Climáticas”, em conjunto com o Instituto Ethos e o Fórum Amazônia Sustentável. A carta apresentou os compromissos

Agente global de sustentabilidade

Cientes da importância de equilibrar os aspectos sociais, ambientais e econômicos dos nossos negócios, procuramos manter uma visão global de sustentabilidade alinhada com padrões de desempenho internacionais. Queremos gerar valor de longo prazo a todas as nossas partes interessadas e garantir a adaptação e o respeito às culturas e às realidades locais.

Relatório de Sustentabilidade Vale 200994

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NEWFOUNDLAND E LAbrADOr

CANADÁ

Nossas ações são planejadas em conjunto com as comunidades das áreas em que atuamos, combinando, por exemplo, as passagens do nosso navio de acordo com a rotina dos aborígenes do Canadá. Com essa iniciativa, agimos de modo a respeitar as culturas locais.

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agente global de sustentabilidade

mUDANçAs CLimÁtiCAs

Com ações e investimentos, fortalecemos o compromisso de atuar ativamente diante dos desafios das mudanças climáticas, a

partir das prioridades definidas nos pilares do Programa Carbono Vale

em 2009, a Vale intensificou sua atuação em relação ao compromisso de contribuir globalmente para lidar com o desafio das mudanças climáticas e suas consequências. buscamos uma maior aproximação com os diversos públicos e nos posicionamos mais fortemente em relação ao tema, inclusive coordenando ações em conjunto com organizações setoriais, outras empresas e governos.

Liderança a favor do clima

No dia a dia de suas atividades, a Vale atua de acordo com as Diretrizes Corporativas sobre Mudanças Climáticas e Carbono, instituídas em 2008. Em 2009, continuamos a desenvolver ações pautadas nos cinco pilares do Programa Carbono Vale, parte integrante dessas diretrizes. A meta do programa é alcançar padrões de excelência em relação à gestão de emissões de gases de efeito estufa (GEE) até 2012.

Entre as diversas medidas que empreendemos para contribuir no contexto das mudanças climáticas e de suas consequências estão: investimentos na proteção de florestas e outros ecossistemas;

ações de eficiência energética, incluindo uso e desenvolvimento de tecnologias baseadas em energias renováveis; e iniciativas para redução do consumo de água e de outros recursos naturais estratégicos nos países onde estamos presentes. Os esforços de nossos empregados, aliados à busca de parcerias e aos investimentos contínuos em tecnologias inovadoras e em ações de conscientização, contribuem para as iniciativas existentes de redução de emissões de GEE.

Em 2009, a Vale liderou o lançamento da “Carta Aberta ao Brasil sobre Mudanças Climáticas”, em conjunto com o Instituto Ethos e o Fórum Amazônia Sustentável. A carta apresentou os compromissos voluntários de 30 grandes empresas brasileiras no que tange a contribuir para os esforços globais de redução dos impactos das mudanças climáticas. Leia mais sobre essa iniciativa, que está relacionada ao quarto pilar do Programa Carbono Vale, no case ao lado.

Em uma ação de cooperação para pesquisa e desenvolvimento de tecnologias limpas e energias renováveis, em 2007 Vale se associou ao BNDES1 e à Sygma Tecnologia para a criação da Vale Soluções em Energia (VSE).

1 banco nacional de desenvolvimento econômico e social.

Pilares do Programa Carbono Vale

1 – Avaliação estratégica do impacto da mudança do clima nos negócios e na capacitação da empresa para atuar no novo ambiente competitivo

2 – Suporte e indução de iniciativas de redução de emissões e sequestro de dióxido de carbono

3 – Cooperação e parcerias para a pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias e para a implementação de ações de mitigação e adaptação nos territórios em que atuamos

4 – Engajamento com governos e setores produtivos para monitoramento e contribuição na elaboração de marcos regulatórios necessários para o enfrentamento das mudanças climáticas

5 – Transparência e aprimoramento contínuos

Relatório de Sustentabilidade Vale 200996

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Bras

il

Biodiversidade direitos humaNosmudaNças ClimátiCas

A VSE atua essencialmente na pesquisa e no desenvolvimento de sistemas integrados para geração distribuída de energia, nas áreas de gaseificação, turbinas a gás e a vapor e motores de combustão, incluindo multicombustíveis. Seu foco é promover a criação de tecnologias limpas e energias renováveis.

diagnóstiCos e iniCiatiVas

A Vale realiza o diagnóstico de seu desempenho em mudanças climáticas por meio do acompanhamento dos indicadores estabelecidos pela Global Reporting Initiative (GRI) e de indicadores de intensidade de emissões por receita e por produção.

Em 2009, de acordo com o Carbon Disclosure Project (CDP), a Vale continuou registrando a menor intensidade de emissão por receita entre as grandes mineradoras, com 522 toneladas de CO2 equivalente/US$ milhão de receita. Leia mais informações no quadro Posição consolidada entre os líderes.

Em alinhamento com o primeiro pilar do Programa Carbono Vale, realizamos anualmente a mensuração das nossas emissões diretas e indiretas de gases de efeito estufa. A cada ano introduzimos melhorias no inventário, destacando-se, em 2009, o início de uma abordagem progressiva para a implantação da quantificação das emissões indiretas de escopo 3, conforme informado na pág.100.

O inventário de emissões da Vale é submetido anualmente a uma verificação externa, de acordo com as diretrizes definidas no “Greenhouse Gas (GHG) Protocol: A Corporate Accounting and Reporting Standard – Revised Edition”, do World Resources

Compromisso conjuntoa vale, com o apoio do instituto ethos e do Fórum amazônia sustentável, li-derou o lançamento da “Carta aberta ao Brasil sobre mudanças Climáticas”. o documento é um marco na posição do setor produtivo rumo à economia de baixo carbono. Pela primeira vez, um grupo de empresas com grande relevân-cia na economia nacional se une em torno do assunto e assume compromissos concretos e conjuntos para a redução de emissões de gases de efeito estufa. até o fim de 2009, cerca de 30 empresas já haviam assinado o documento.

lançada durante o seminário “Brasil e as mudanças Climáticas”, que reuniu em-presas, governo e sociedade civil, em agosto de 2009, a carta especifica cinco compromissos voluntários assumidos pelas corporações signatárias, tais como elaboração do inventário de emissões de gases de efeito estufa e engajamento perante o governo, a sociedade civil e nossos setores de atuação para a contri-buição na discussão sobre os marcos regulatórios no tema. além disso, propôs sugestões de debate para a participação do governo brasileiro na 15ª Confe-rência das Partes da Convenção das Nações unidas sobre mudança do Clima (CoP 15), realizada em dezembro, e ideias para contribuir para a formulação do marco regulatório brasileiro de gestão da mudança do clima.

a carta foi reconhecida como uma das importantes iniciativas em torno do tema, sendo nominalmente citada pelo Fórum das Nações unidas de mudan-ças Climáticas (united Nations leadership Forum on Climate Change), que aconteceu em 22 de setembro, em Nova York, nos eua.

Os cinco pilares do Programa Carbono Vale orientam nossas ações para contribuirmos no contexto das mudanças climáticas.

Case

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questionário do Carbon Disclosure Project (CDP).

Ao longo de 2009, a Vale promoveu uma ampla discussão estratégica com base em cenários regulatórios e de mercado, visando identificar os potenciais desafios e oportunidades provenientes das mudanças climáticas para cada área de negócio da empresa. Esse projeto envolveu os departamentos de alumínio, carvão, cobre, energia, minério de ferro, participações em siderurgia e níquel, entre outros.

Ampliamos também o portfólio de projetos de redução de emissões e sequestro de carbono. Esse portfólio contém um conjunto de potenciais projetos já identificados nas unidades operacionais,

além de outras oportunidades relativas ao uso de energias renováveis apontadas pela equipe de desenvolvimento de novos negócios da VSE (descrição detalhada dos projetos implementados e em andamento na pág. 102).

Demos continuidade à nossa participação nas discussões, no Brasil, sobre marcos regulatórios e desenvolvimento dos mercados de carbono, com entidades como o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) e o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, bem como com instituições setoriais, a exemplo da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Também integramos fóruns públicos, como o Fórum Amazônia Sustentável e o Fórum Econômico Mundial. No Canadá, a Vale Inco tem participado das consultas ao setor privado sobre o regime regulatório de mudanças climáticas desenvolvido pelas províncias e pelo Governo Federal.

emissões Consolidadas de gases de efeito estufa

Como nos anos anteriores, o inventário de Gases de Efeito Estufa da Vale de 2009 seguiu as diretrizes definidas no Greenhouse Gas Protocol2 e metodologias de cálculo e fatores de emissão do IPCC e dos guias de orientação dos governos nacionais dos locais onde operamos3.

Para a elaboração do inventário foram considerados os gases de efeito estufa significativos em termos de emissões absolutas (toneladas/ano) para o conjunto

2 a Corporate accounting and Reporting standard – Revised edition do World Resources institute (WRi) e World business Council for sustainable development (WbCsd).

3 iPCC 2006 guidelines for national greenhouse gas invento-ries (gnggi). Para algumas unidades de negócio internacio-nais, a Vale buscou utilizar as seguintes metodologias basea-das em legislação nacional: o “metal mining – greenhouse gas Quantification guidance”, do Canadá; o “national greenhouse accounts (nga) factors”, da austrália; o “u.s. inventory of greenhouse gas emissions and sinks 1990-2004 (ePa 2006)”, dos estados unidos; o “the norwegian emission inventory 2008 – documentation of methodologies for estimating emissions of greenhouse gases and long-range transboun-dary air pollutants”, da noruega; e o “national greenhouse gas inventory Report of Japan, ministry of the environment, Japan greenhouse gas inventory office of Japan (gio), CgeR, nies”, do Japão.

Institute (WRI) e do World Business Council for Sustainable Development (WBCSD).

A partir das informações de nosso inventário de emissões, buscamos desenvolver ações, tanto de longo prazo como de aplicação imediata, que fortalecem nossa estratégia de aumento de eficiência energética e redução de consumo de energia e de emissões de GEE.

Em relação ao princípio da transparência, preconizado no quinto pilar do Programa Carbono Vale, divulgamos anualmente informações sobre as emissões de GEE, assim como sobre as políticas e as estratégias da Vale em relação ao tema. Essa divulgação é feita neste relatório de sustentabilidade, em relatórios regionais publicados no Canadá e na Austrália e através da nossa resposta ao

Posição consolidada entre os líderesem 2009, a Vale manteve sua posição como empresa latino-americana mais bem posicionada no índice que avalia o grau de transparência das informações sobre mudanças climáticas, de acordo com o relatório global do Carbon disclosure Project (CdP). a Vale obteve 74 pontos, em uma escala de 0 a 100, na avaliação de transparência do CdP (Cdli – Carbon disclosure leadership index), ficando bem acima da média de 59 pontos do setor de materiais, que considera empresas de mineração, siderurgia, química, manufatura e papel e celulose.

divulgado em setembro, o ranking mostra a Vale em segundo lugar entre as empresas dos países que não fazem parte do anexo 1 (aqueles que têm obrigações com metas de redução no Protocolo de Quioto), atrás apenas da sul-coreana samsung electronics.

o chamado relatório global 500 é produzido anualmente pelo CdP, que representa um grupo de 475 grandes investidores, cujos ativos somam us$ 55 trilhões. a ong envia questionários a mais de 3.700 grandes empresas solicitando informações sobre suas emissões de gases do efeito estufa (gee), potenciais riscos e oportunidades relacionadas a mudanças climáticas e suas estratégias para gestão associada. as respostas são totalmente voluntárias.

no relatório do goldman sachs focado em mudanças climáticas1, publicado em maio de 2009, a Vale foi líder no ranking que combina a avaliação da performance na gestão das mudanças climáticas e a previsão de retorno sobre investimento, dentro da categoria abatement leaders (líderes em redução). o banco de investimentos considerou no documento que a empresa gerencia suas emissões de forma mais efetiva que seus pares. foram analisados relatórios públicos de cerca de 800 companhias globais, divididas em 24 setores, com valor de mercado equivalente a cerca de 90% do índice msCi World, composto por ações de empresas de 48 países.

1 gs sustain – Change is coming: a framework for climate change – a defining issue of the 21st century.

Relatório de Sustentabilidade Vale 200998

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Biodiversidade direitos humaNosmudaNças ClimátiCas

de atividades conduzidas pela empresa4 em 100% das unidades incluídas no limite deste relatório. Não foram consideradas nesse inventário as emissões associadas a empresas nas quais a Vale detém participação acionária, mas não detém o controle operacional.

Incluímos no inventário, como Escopo 1, as emissões de fontes diretas de GEE, provenientes da queima de combustíveis não renováveis, dos processos de produção (uso de explosivo, pelotização, produção de ferroligas, níquel, alumínio, carvão vegetal e ferro-gusa) e das emissões fugitivas em minas de carvão, em equipamentos e instalações que pertencem à Vale ou são controlados operacionalmente por ela.

No Escopo 2 estão contabilizadas as emissões indiretas, geradas pelo consumo de energia elétrica proveniente da rede de distribuição5.

Além disso, adotando uma postura proativa, a Vale também inventaria e divulga separadamente as emissões diretas de CO2 associadas ao consumo de fontes renováveis, tais como o biodiesel, o etanol e o carvão vegetal.

No ano de 2009, a Vale manteve o esforço de aprofundar o detalhamento de fontes emissoras, buscando reduzir as incertezas associadas ao inventário. Como resultado desse trabalho, realizamos o levantamento das emissões diretas referentes aos processos de tratamento interno de resíduos da Vale no Brasil, em aterros sanitários, compostagem e incineração. No entanto, demonstrou-se que essas fontes de emissão não são relevantes para o resultado geral da Vale.

A redução do volume de emissões reflete, principalmente, os efeitos da contração da economia global, que levou a Vale a reduzir a produção em diversas unidades, gerando queda no consumo de combustíveis. Outro fator que influenciou esse resultado foi o encerramento das operações de fundição de

4 Co2 (dióxido de carbono), CH4 (metano), n2o (óxido nitroso) e PfCs (perfluorcarbonos Cf4 e C2f6).

5 em 2009 não houve compra de vapor proveniente de empre-sas terceirizadas (escopo 2).

alumínio na Valesul, em abril de 2009, quando a unidade passou a produzir tarugos por extrusão a partir de lingotes de alumínio e sucata.

Cabe destacar que, em alinhamento com o protocolo de cálculo da Austrália, a Vale deduz de suas emissões a venda do gás natural (essencialmente metano) liberado na mina de carvão subterrânea de Integra, o qual é vendido para geração de energia elétrica. Essa dedução representou uma redução de cerca de 70% nas emissões da mina em relação ao ano anterior.

Ao mesmo tempo, houve aumento nas emissões de algumas unidades, em decorrência de fatores pontuais, como a ampliação da frota de navios da Seamar Shipping e a expansão na produção de bauxita na mina de Paragominas, de alumina na refinaria Alunorte, de carvão na mina de Carborough Downs e de potássio na mina de Taquari-Vassouras.

O total de emissões diretas em 2009 foi de 12,1 milhões de toneladas de CO2 equivalente, número 22% inferior ao registrado em 2008. Já as emissões indiretas em 2009 totalizaram cerca de 770 mil toneladas de CO2 equivalente, representando uma redução de 40% nas emissões em relação ao ano anterior.

2009 (milhões de toneladas Co2

equivalente)

escopo 1 insumos combustíveis 8,7

escopo 1 insumos não combustíveis 3,4

escopo 2 0,8

escopo 1 + escopo 2 12,9

Fontes renováveis 0,3

emissões em 2009 - escopo 1 (emissões diretas), escopo 2 (emissões indiretas) e fontes Renováveis.

evolução das emissões diretas e indiretas (escopos 1 e 2) de gee(milhões de toneladas de CO2 equivalente)

2007 2008 2009

1,41,3

0,813,815,5

12,1

12,9

16,815,2

emissões indiRetas emissões diRetas

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A redução das emissões indiretas está relacionada à diminuição de 23% no consumo de energia elétrica pelas unidades da Vale, em função da queda da produção. Além disso, a adoção de novo fator de emissão (tCO2e por MWh consumido) para Inventários no Brasil, o qual é modificado ano a ano6, resultou, em 2009, em uma diminuição das emissões indiretas para as unidades da Vale no Brasil de cerca de 60%. O fator de emissão da rede interligada de distribuição de energia elétrica brasileira foi reduzido em quase 50%. Isso se deve à queda na demanda de energia elétrica em 2009 no Brasil, o que acarretou uma redução na carga das centrais termoelétricas nacionais no período de pico de consumo, ampliando a participação das energias renováveis.

Buscando atender à crescente demanda dos investidores e de outras partes interessadas,

6 o operador nacional do sistema (ons) passou a divulgar separadamente fatores de emissão da rede interligada nacional brasileira utilizados para projetos mdl (mecanismo de desenvolvimento limpo) e fatores para a elaboração de inventários.

Realizamos anualmente a mensuração das nossas emissões diretas e indiretas de gases de efeito estufa.

Atuamos de acordo com nossas Diretrizes

Corporativas sobre Mudanças Climáticas

a empresa começou um diagnóstico preliminar dos riscos associados à sua cadeia de fornecimento, em uma abordagem progressiva. O objetivo é iniciar o processo de inclusão, no inventário da Vale, das emissões de fontes indiretas de outras origens (Escopo 3), tais como: tratamento externo de resíduos, viagens aéreas de funcionários, transporte de produtos, matérias-primas, insumos e resíduos realizados por terceiros, bem como transporte de funcionários.

Essas emissões foram geradas, principalmente, pelo transporte marítimo de produtos para Ásia e Europa e resultaram preliminarmente em 0,6 milhão de toneladas de CO2e. A Vale pretende implantar melhorias no processo de coleta desses dados e, ainda, ampliar a sua abrangência, incluindo a quantificação de emissões associadas à extração e à produção de materiais/combustíveis comprados, bem como a utilização de nossos produtos vendidos, considerando a materialidade das emissões e as atividades críticas para os nossos negócios.

Relatório de Sustentabilidade Vale 2009100

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Camada de ozônio

Em 2009, as emissões de substâncias destruidoras da camada de ozônio (SDO) da Vale totalizaram 1,58 tonelada. O significativo aumento com relação às emissões reportadas em 2008, de 0,35 tonelada, é decorrência da ampliação do escopo da coleta de dados e de variações normais no uso desse tipo de gás.

As unidades no Brasil consumiram aproximadamente 5 toneladas de gases refrigerantes CFCs e HCFCs. Já as unidades na Austrália, nos EUA, no Canadá, na Europa e na Ásia consumiram apenas gases HCFCs. No Brasil, onde temos a maior parte de nossas operações, a Vale está substituindo os equipamentos de refrigeração que usam CFCs por outros com menor potencial de degradação da camada de ozônio.

RisCos e oPoRtunidades

As Diretrizes Corporativas sobre Mudanças Climáticas da Vale estabelecem um amplo conjunto de ações para a gestão de riscos e oportunidades relativos a esse tema.

A Avaliação Estratégica realizada em 2009, com base em uma análise de cenários regulatórios e de mercado, identificou os potenciais desafios e oportunidades provenientes das mudanças climáticas sobre nossas áreas de negócio. Essa análise apontou que a Vale é a mineradora diversificada com

menor intensidade de emissão de CO2 por unidade de receita1, portanto, temos um menor risco de impacto nos nossos custos, em relação a outras empresas do setor.

Como resultado do protocolo de intenções firmado em 2008 com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a Vale elaborou o segundo relatório sobre os impactos físicos das mudanças climáticas nos estados do Pará e Maranhão (Brasil), durante o ano de 2009. Esse estudo focalizou os potenciais impactos sobre disponibilidade de água no solo,

1 o relatório global do Carbon disclosure Project (disponível em www.cdproject.net) de 2009 divulgou que o indicador de intensidade de emissão por receita da Vale foi de 522 tCo2e/us$ milhão, demonstrando que a empresa continua com a menor intensidade entre as grandes mineradoras.

recursos hídricos superficiais e níveis dos aquíferos na Bacia do Rio Tocantins, biomas da região, os efeitos secundários, como potencial de ocorrência de queimadas, e ainda impactos sobre atividades econômicas, principalmente a agricultura.

A partir de 2010, planejamos retomar os trabalhos desenvolvidos sobre impactos físicos, com o objetivo de identificar as potenciais consequencias sobre as operações da Vale e, a partir dessas informações, planejar nossas ações futuras de mitigação e adaptação.

Riscos regulatórios Riscos físicos oportunidades

Receita

• Redução na atividade econômica geral;

• Impacto indireto de introdução de novas tecnologias que promovam a substituição de produtos no longo prazo;

• Impactos indiretos sobre as condições de mercado, em função da alteração nos custos da cadeia produtiva da indústria de siderurgia no médio prazo.

• Alterações (positivas ou negativas) no volume e na origem da produção, causadas pelos impactos físicos regionais das mudanças climáticas para empresas do setor;

• Potencial impacto (positivo ou negativo) nos serviços de logística, causado pelas alterações na produção em áreas de influência.

• Desenvolvimento de projetos de créditos de carbono no âmbito do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, em processos industriais e projetos florestais;

• Desenvolvimento de projetos de créditos de carbono no âmbito dos mercados voluntários, em processos industriais e projetos florestais;

• Desenvolvimento de projetos no âmbito do REDD (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação);

• Pesquisa e desenvolvimento para geração de energia mais limpa;

• Desenvolvimento de análise de riscos associados à mudança do clima no desenvolvimento de projetos de capital.

investimento

• Investimentos para adaptações em processos de produção por mudanças de regulamentação no médio prazo.

• Investimentos adicionais em adaptação (infraestrutura) no médio e no longo prazo;

• Revisão de prazos para a implementação de projetos por causa do aumento de ocorrência de eventos climáticos extremos.

Custo

• Introdução de metas de emissão obrigatórias e custos tributários para emissão de GEE;

• Elevação nos custos dos insumos na metalurgia e mineração (carvão, água, energia, por exemplo).

• Potencial imposição de taxas de ajuste alfandegárias de forma a evitar vantagens competitivas a países sem taxação.

• Potencial demanda por ações sociais e ambientais nas áreas de influência;

• Custos adicionais de seguros das instalações de produção.

• Projetos de eficiência energética e redução de emissões de GEE;

• Potenciais incentivos financeiros para a geração de energia mais limpa.

emissões totais de sdo (total: 1,58 toneladas)

bRasil Ásia CanadÁ austRÁlia euRoPa

0,1%0,2%

86,1%

8,7%4,9%

101

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agente global de sustentabilidade

iniCiatiVas de Redução de emissões

Como parte da estratégia de aumento de eficiência energética e de redução de emissões de gases de efeito estufa, de acordo com o segundo pilar do Programa Carbono Vale, realizamos o diagnóstico de oportunidades e avaliamos a viabilidade de implantação de algumas medidas específicas nas nossas unidades operacionais.

A energia, em suas diversas formas, é componente indispensável às atividades da Vale. Dessa forma, estabelecemos os seguintes princípios norteadores da gestão de energia:

• otimização dos custos de suprimento – busca pelo custo mínimo de produção ou de aquisição dos insumos energéticos;

• segurança do abastecimento – busca pela confiabilidade do suprimento de energia em atendimento às demandas das unidades da Vale, com os níveis de qualidade requeridos;

• sustentabilidade ambiental – busca pelo equilíbrio entre as atividades energéticas e a proteção ao meio ambiente; e

• eficiência energética – conservação e uso racional da energia.

Dentre as ações de eficiência energética e redução de emissão de gases de efeito estufa já implementadas, destacam-se:

1. usinas de Pelotização de tubarão – no brasil: continuamos promovendo a substituição de óleo combustível por gás natural (menos carbono intensivo) nas Usinas 5 e 6 (Nibrasco) e na Usina 7 (Kobrasco), no Complexo de Tubarão, situadas no estado do Espírito Santo. Essas iniciativas voluntárias, operacionalizadas ao final de 2007, resultaram em uma redução de emissão de GEE efetiva, em 2009, de 31,5 mil tCO2e nas Usinas 5 e 6 e de 16,5 mil tCO2e na Usina 7.

2. Carborough downs – austrália: os gases de jazidas de carvão (essencialmente metano) são pré-drenados das áreas a serem mineradas e posteriormente queimados

no flare1, reduzindo assim seu potencial de aquecimento global. Foram capturadas 23,4 mil toneladas do gás metano, ou seja, no total, as emissões reduzidas foram de 426,8 mil tCO2e

2, após a dedução de 65,4 mil tCO2e das emissões geradas pela queima do gás no flare.

3. integra underground mine – austrália: nesta unidade, os gases liberados pela mina de carvão são capturados e vendidos para a geração de eletricidade na Central Termoelétrica de Glennies Creek (10 MW de capacidade), que é implantada e operada por terceiros. Em 2009, o número de conexões da termoelétrica à rede de drenagem de gás aumentou, incrementando a quantidade de gás queimada para a geração de energia. Essa ação promoveu uma redução de emissão de 10,1 mil toneladas de metano, ou seja, 211,6 mil tCO2e, quando comparado ao cenário de linha de base no qual o gás seria ventilado diretamente para a atmosfera.

4. Clydach nickel Refinery – Reino unido: em setembro de 2009, a unidade de Clydach trocou o antigo sistema de acionamento por um inversor de frequência, tendo como benefício secundário a redução no consumo de energia elétrica de aproximadamente 700 MWh por ano. Isso acarretou uma diminuição das emissões de cerca de 380 tCO2e por ano3.

5. estrada de ferro Vitória a minas (efVm) e mina de Corumbá (urucum mineração) – brasil: nessas unidades estamos utilizando etanol, combustível renovável, na frota de veículos leves, preferencialmente ao uso da gasolina. Desde o primeiro semestre de 2009, essas iniciativas já estão sendo aplicadas na frota das empresas terceirizadas que realizam o transporte de funcionários da Vale, reduzindo as emissões das unidades em cerca de 80 toneladas de CO2e por ano.

1 dispositivo que realiza a queima de gases do processo.

2 o potencial de aquecimento global do metano é 21 vezes o do gás carbônico. Para o total de metano capturado nas jazidas de carvão, temos 492.127 toneladas de Co2e.

3 Calculado com base em fator de conversão padrão do Reino unido (defra).

Investimos na eficiência energética e na redução da emissão de gases de

efeito estufa

Relatório de Sustentabilidade Vale 2009102

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Biodiversidade direitos humaNosmudaNças ClimátiCas

6. Valesul – brasil: foram realizadas diversas ações de eficiência energética, como: adequação do software utilizado para controle dos queimadores do forno, reduzindo o consumo de gás pelo equipamento; implantação de um sistema de controle de pressão, com consequente redução da perda de calor para a atmosfera; e implementação de um sistema de controle de mistura ar/gás, permitindo o ajuste fino das chamas do forno e maior controle da combustão. Essas ações promoveram a redução de consumo de gás natural pela unidade em 73,8 mil m3, com consequente redução de 150 tCO2e.

Também identificamos algumas oportunidades de redução de emissão na fase de implementação, a exemplo de:

1. albras – brasil: em janeiro de 2009, a Albras obteve seu primeiro projeto aprovado e registrado na ONU no contexto do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), para a redução das emissões de gases perfluorcarbonos (PFCs). Sua implantação completa permitirá uma redução de emissão estimada em 80 mil tCO2e por ano. O monitoramento para emissão inicial dos créditos de carbono referentes ao projeto está previsto para o primeiro semestre de 2010.

2. Projeto biodiesel e Consórcio biopalma – brasil: por meio do Consórcio com a Biopalma da Amazônia S.A., a Vale vai produzir óleo de palma, matéria-prima para obtenção de biodiesel, a partir de 2014. Além de participar do consórcio, a Vale é responsável pela implantação e operação da planta de biodiesel que terá parte de sua produção destinada a alimentar a frota de locomotivas do Sistema Norte, bem como máquinas e equipamentos de grande porte das minas de Carajás, no Brasil. O combustível utilizado será o diesel B20, 80% diesel puro e 20% biodiesel B100.

3. Projeto Karebbe – indonésia: está em implantação uma terceira usina hidrelétrica, em Karebbe, no rio Larona, em Sorowako, Indonésia. O projeto irá incrementar a produção de energia hidrelétrica em 33%, ou seja, 90 MW, reduzindo custos através da substituição da energia térmica em nossas

operações. O projeto, atualmente em fase de construção, representa um investimento de US$ 410 milhões e é o principal item do programa de redução de custo de energia da PT Inco.

4. Voisey’s bay, newfoundland e labrador – Canadá: existem três iniciativas de eficiência energética em desenvolvimento:

a. Adequação de geradores de energia elétrica a diesel para melhoria do fator de carregamento, uma vez que a operação com a potência abaixo da máxima do equipamento se torna menos eficiente. Essa ação resultará em uma melhoria na eficiência térmica (aproveitamento da energia do diesel) de 27%, que trará redução do consumo específico de combustível de 1,8%.

b. Desativação dos aquecedores elétricos e utilização do sistema de aquecimento por glicol (aditivo anticongelante e transportador de calor) para manter a temperatura dos motores de geradores em 40°C e minimizar o desgaste causado por partidas a frio, reduzindo o consumo de óleo diesel pelos geradores.

c. Utilização da rede de distribuição de glicol existente para aquecimento de duas áreas da unidade que originalmente eram atendidos por caldeiras a óleo, com redução no consumo de óleo pelas mesmas.

Além dos vários projetos implantados ou em implementação, iniciamos também o estudo de viabilidade para alguns projetos. Por exemplo, a refinaria de níquel de Clydach está testando uma tecnologia de transferência de calor à base de fluido no processo de produção de pelotas de níquel, com o objetivo de substituir o sistema atual, que utiliza os gases quentes provenientes da combustão do gás natural, para aquecimento do níquel líquido.

Também estamos promovendo a avaliação técnica da utilização de gás natural e diferentes misturas de biodiesel na frota de locomotivas das ferrovias, visando verificar os impactos na potência, na eficiência energética, na manutenção e na emissão de poluentes.

A estratégia da Vale é prosseguir com a intensificação do uso de fontes renováveis e de uso racional da energia como forma de obter melhores resultados no que diz respeito ao seu desempenho na área de eficiência energética e redução de emissões atmosféricas.

Temos como estratégia intensificar o uso de fontes renováveis para reduzirmos as emissões atmosféricas.

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agente global de sustentabilidade

biODivErsiDADE

Com investimentos contínuos em pesquisa e novas

tecnologias, buscamos avançar em nosso compromisso de dar

prioridade à sustentabilidade de nossas operações,

desenvolvendo-as de forma integrada com a conservação

da biodiversidade e respeitando as diferentes formas de vida

investimos em ações direcionadas à manutenção dos ecossistemas, à conservação das espécies e ao uso sustentável dos recursos naturais, de forma a contribuir para o atendimento das demandas atuais e resguardar a qualidade de vida para as futuras gerações. Para isso, além de monitorar e avaliar continuamente os impactos de nossas operações sobre os ambientes naturais, desenvolvemos tecnologias voltadas à melhoria da qualidade da recuperação de áreas mineradas ou alteradas por outras atividades antrópicas.

Riqueza natural

protegida

Para gestão da biodiversidade em nossas áreas de negócio, cumprimos os regulamentos governamentais em vigência nos países onde atuamos, adotando a legislação brasileira como parâmetro mínimo de atuação. Internamente, desenvolvemos e definimos uma série de procedimentos que são aplicados obrigatoriamente em todas as unidades operacionais e que são determinados em documentos que trazem a definição das ações e das responsabilidades. Tomamos, ainda, como base para nossa atuação, as diretrizes de Boas Práticas e o Manual de Ferramentas propostos pelo Conselho Internacional de Mineração e Metais (ICMM), do qual somos signatários.

Estamos elaborando nosso Guia de Biodiversidade e nosso Guia de Recuperação de Áreas Degradadas. Esses dois documentos reúnem as diretrizes e as ferramentas que devem ser aplicadas em todas as unidades operacionais. Com previsão de publicação em 2010, os guias foram idealizados com o objetivo de promover a excelência em

Principais ações desenvolvidas em 2009

• Na Reserva Natural Vale (Linhares/ES), foram desenvolvidos 127 projetos, englobando pesquisas próprias e projetos e estudos desenvolvidos em parceria com outras instituições. Esses projetos incluíram estudos populacionais e ecológicos, investigações sobre dinâmica florestal e estrutura de vegetação e mudanças climáticas. Associadas às atividades de proteção ecossistêmica (também realizadas na Reserva Biológica de Sooretama – Sooretama/ES desde 1998), desenvolvimento de tecnologias e procedimentos para recuperação de áreas degradadas, produção de mudas e ações de educação ambiental, essas iniciativas justificam o título de Posto Avançado da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, concedido pela Unesco em 2008.

• No Parque Estadual de Ilha Grande (Angra dos Reis/RJ), renovamos o protocolo de intenções assinado com o governo do

práticas e o aperfeiçoamento de resultados, sob a diretriz de uma atuação responsável, comprometida com a conservação da biodiversidade e com o uso sustentável dos recursos naturais.

Paralelamente, estão sendo elaborados indicadores de avaliação de nosso desempenho em biodiversidade. Esses indicadores ponderam nossa atuação em território brasileiro e em outros países, considerando que nossas atividades são desenvolvidas em diferentes biomas e em áreas com condições ambientais distintas em relação ao histórico de ocupação e uso do solo. Alguns dos indicadores são complementares aos propostos pela Global Reporting Initiative (GRI) e estão relacionados às normas e aos princípios estabelecidos pela Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB). A aplicação desses indicadores contribuirá para a gestão das unidades operacionais e para a transparência no desenvolvimento de nossas atividades.

Relatório de Sustentabilidade Vale 2009104

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Biodiversidade direitos humaNosmudaNças ClimátiCas

estado, dando continuidade ao Plano de Desenvolvimento Sustentável dessa Unidade de Conservação.

• Para efetivar a proteção das áreas mantidas como Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) no Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais, foram continuadas as ações de elaboração dos Planos de Manejo e implantação de atividades para construção e manutenção de aceiros e cercas. Além disso, foram implementadas as ações para Proteção Ecossistêmica das unidades, a exemplo das atividades desenvolvidas na Reserva Natural Vale (Linhares/ES).

• No Centro de Pesquisas e Conservação da Biodiversidade do Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais (CeBio – Sabará/MG), que integra o Plano de Fechamento da Mina de Córrego do Meio, foi realizado o mapeamento da vegetação local e elaborado o “Plano de Gestão de Áreas Verdes Existentes na Mina Córrego do Meio”. Demos continuidade aos programas técnicos, tais como: resgate de mudas; coleta e beneficiamento de sementes; e produção de mudas e insumos, além da formação de banco de germoplasma pertinente às espécies vegetais de maior expressividade do Quadrilátero Ferrífero e da formação de banco de dados para a gestão das informações provenientes dessas atividades.

• Assinatura e efetivação do convênio de colaboração para recuperação e manutenção do arboreto do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro/RJ). A partir desse convênio, foi aberto um canteiro denominado Espaço Vale no Arboreto, destinado ao cultivo de plantas raras do Brasil, contemplando espécies

encontradas naturalmente em locais de baixa densidade populacional e/ou que são consideradas ameaçadas de extinção.

• Desenvolvimento, em parceria com o governo, a comunidade local e empresas do setor do níquel, de um plano de ação para conservação da biodiversidade na cidade de Sudbury, no Canadá. Essa iniciativa foi realizada em resposta aos resultados colhidos por uma abrangente Avaliação de Riscos Ecológicos, que identificou como prioritária para a recuperação uma área de 80 mil hectares, na bacia de Sudbury, impactada por práticas históricas de produção de níquel e outras atividades industriais.

união de esforços no espírito santo

Três diferentes iniciativas realizadas em parceria com o Governo do Espírito Santo são focadas em ações para recuperação de áreas degradadas e conservação da biodiversidade no estado.

O Programa Vale Proteger, que realiza a restauração ecológica de áreas prioritárias de Mata Atlântica localizadas em propriedades rurais e em Unidades de Conservação do Espírito Santo, alcançou, em 2009, a marca de 259 hectares trabalhados. A Vale contribui com a elaboração dos projetos técnicos, além

Estamos elaborando nossos Guias de Biodiversidade e de Recuperação de Áreas Degradadas.

de doação de mudas, aquisição de insumos e assistência técnica.

Em outra frente, foi instituído o Programa Extensão Ambiental, que promove a restauração ecológica de áreas de preservação permanente, incluindo mata ciliar e entorno de nascentes localizadas em propriedades rurais no estado. Para isso, o governo do estado conta com a contribuição da Vale no fornecimento de assistência técnica, mudas e insumos. Neste primeiro ano, fornecemos 330 mil mudas, destinadas à recuperação de aproximadamente 272 hectares de Mata Atlântica.

A terceira ação com o Governo do Espírito Santo foi a criação do Projeto Florestas Piloto, que vai implantar e manter florestas--modelo, compostas por florestas de produção e florestas de proteção (unidades demonstrativas desses dois tipos de uso), em áreas do estado que atualmente estão alteradas. Em 2009, foram realizadas visitas técnicas para diagnóstico e caracterização das áreas a serem contempladas pela iniciativa. Também foi elaborado o projeto técnico para implantação de duas unidades planejadas, segundo o qual uma delas permanecerá integralmente sob responsabilidade da Vale, devendo ser implantada ainda em 2010.

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agente global de sustentabilidade

gestão das ÁReas sensíVeis

localização e tamanho da área ocupada pela Vale

As áreas operacionais da Vale ocupam cerca de 3.517 km2, dos quais 3.508 km2 estão na superfície e 9 km2 são subterrâneas. Essas áreas estão relacionadas à extração de minérios e às atividades de processamento e produção industrial, além de transporte dos produtos, incluindo ferrovias e portos. O acréscimo de área em relação aos 2.713 km² reportados em 2008 se deve à expansão de unidades operacionais e à inserção de empreendimentos fora do Brasil que não haviam sido incluídos no ano anterior.

Do total de terras, 9% estão localizadas dentro de áreas legalmente protegidas (unidades de conservação) e 28% estão dentro de áreas de alto índice de biodiversidade (fora de áreas protegidas) definidas pelos governos de cada país (Tabela 1). Considerando o território situado no entorno das Unidades Operacionais, registramos um total de 516 km² associados a áreas legalmente protegidas.

De forma complementar, ressalta-se que 2.644 km2 de áreas operacionais da Vale estão inseridas em regiões mundiais de alta diversidade biológica, denominadas hotspots ou wilderness areas1 (Tabela 2). Houve um acréscimo de 337 km² nesse tipo de ocupação em relação ao reportado em 2008, principalmente em função da expansão de operações, bem como da contabilização de áreas fora do Brasil que não haviam sido inseridas no ano anterior.

Dentre as áreas consideradas como hotspots, destacam-se as operações nos biomas

1 Hotspots e wilderness areas são grandes áreas geográficas con-sideradas importantes para a conservação da fauna e da flora mundiais, que funcionam como categorias complementares de importância para a biodiversidade, sendo oficialmente re-conhecidas por diversas organizações internacionais. os hots-pots são áreas mais ameaçadas e de grande riqueza biológica no planeta, possuindo grande número de espécies de plantas vasculares endêmicas e apresentando-se reduzidas a 30% ou menos de sua cobertura vegetal original. as wilderness areas, por sua vez, constituem grandes extensões de área (mais de 1 milhão de hectares cada) com biodiversidade representativa e atualmente pouco ou não modificadas (áreas selvagens), possuindo mais de 70% da área original intacta e densidade humana menor ou igual a cinco pessoas por km².

Cerrado (Brasil), Floresta da Costa Leste Africana (Moçambique), Mata Atlântica (Brasil) e Wallacea (Indonésia), somadas àquelas situadas no Japão e na Nova Caledônia, que correspondem a 48% das áreas da Vale que estão localizadas em regiões mundiais de alta diversidade biológica. As operações presentes nos biomas Floresta Amazônica (Brasil), Floresta Boreal (Canadá) e Pantanal (Brasil), por sua vez, estão associadas a regiões classificadas como wilderness areas, que totalizam 52% da área considerada.

Embora algumas das unidades operacionais da Vale estejam situadas em regiões classificadas como hotspots e wilderness areas, em muitos casos as atividades da

tabela 1: Quantidade e posição das áreas operacionais da Vale em relação às áreas sensíveis – áreas protegidas ou de alto índice de biodiversidade definidas pelos governos locais – 2009

Áreas operacionais em relação às áreas sensíveis Posição relativa km2

área protegidaadjacente 516,1

dentro 309,8total 825,9

áreas de alto índice de biodiversidade dentro 974,2

total 974,2

Os procedimentos para análise da posição das áreas operacionais adotados pela Vale em relação às áreas protegidas e de alto índice de biodiversidade estão em processo de aperfeiçoamento visando atender de forma equitativa às definições estabelecidas pelos governos e às situações observadas em diferentes países. Em 2009, para cálculo da área adjacente a uma área sensível, foi utilizado um raio de interferência a partir dos limites externos das áreas protegidas, excluindo-se das análises as terras indígenas e as áreas de alto índice de biodiversidade. Quando uma unidade operacional está adjacente a mais de uma área sensível, optamos por considerar o valor dessa unidade cumulativamente.

tipo de operação Área (km2) Porcentagemtotal de áreas (hotspots + wilderness areas) 2.644,3extração 971,0 36,7%Processamento/Produção/transporte 1.673,3 63,3%

Hotspots – subtotal 1.274,0extração 405,6 31,8%Processamento/Produção/transporte 868,4 68,2%

Wilderness areas – subtotal 1.370,3extração 565,4 41,3%Processamento/Produção/transporte 804,9 58,7%

tabela 2: atividades operacionais da Vale e sua localização em relação às áreas mundiais de alto índice de biodiversidade – hotspots e wilderness areas – 2009

empresa foram implantadas em locais que se encontravam ambientalmente alterados e biologicamente descaracterizados pela existência de atividades antrópicas anteriores (exploração madeireira e pecuária, por exemplo) ou que se destinavam exclusivamente a atividades industriais (principalmente no caso de Distritos Industriais Municipais e áreas urbanizadas). Apesar disso, as operações da Vale são realizadas e planejadas de forma a causar a menor alteração possível aos ambientes naturais associados, independentemente do estado de conservação inicial da área, e as ações ambientais realizadas paralelamente às operações contribuem de forma positiva para a conservação da biodiversidade local.

Relatório de Sustentabilidade Vale 2009106

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Biodiversidade direitos humaNosmudaNças ClimátiCas

imPaCtos na biodiVeRsidade

As operações realizadas pela Vale podem acarretar impactos diretos ou indiretos sobre a biodiversidade, sendo adotado um amplo conjunto de ações para prevenir, controlar e minimizar os impactos. Todos os nossos empreendimentos já são construídos com sistemas de controle de impactos, que são definidos de acordo com as especificidades de cada projeto, o tipo de atividade a ser realizada e sua localização, podendo ser aperfeiçoados ou alterados de acordo com as demandas observadas durante a fase operacional.

imPaCtos diRetos

Os impactos diretos significativos estão relacionados, especialmente, à supressão de vegetação, realizada em função da implantação ou expansão de empreendimentos. Esse tipo de atividade pode acarretar perda de indivíduos da flora e da fauna, assim como a fuga dos espécimes para áreas vizinhas, alterando a qualidade ambiental, ainda que temporariamente, também nesses locais. Assim, como consequência da perda e/ou redução do hábitat natural, podem ser desencadeadas alterações na estrutura das comunidades vegetais e animais. A intensidade dessas mudanças vai depender das condições ambientais locais e do grau de conservação dos remanescentes presentes na área diretamente afetada e na área de influência dos empreendimentos.

imPaCtos indiRetos

De forma geral, as atividades da Vale podem gerar impactos indiretos significativos decorrentes de alterações em componentes do meio físico, que funcionam como suporte para os elementos do meio biótico, ocasionando redução da qualidade ambiental local. Os principais impactos indiretos estão relacionados a:

• alterações diversas da paisagem decorrentes da movimentação de solo (superficial e subterrâneo) e da alteração de corpos d’água ou criação de represas, por exemplo;

• emissões de gases atmosféricos e de material particulado, que podem afetar a qualidade do ar;

• geração de efluentes líquidos com possíveis reflexos na qualidade da água e do solo;

• geração de resíduos sólidos com potencial para causar assoreamento de corpos d’água e alteração na qualidade da água e do solo;

• geração de ruídos e vibração, decorrentes de perfuração de rocha, detonação de explosivos, entre outras atividades, que podem afetar espécies da flora e, especialmente, da fauna.

Para prevenir, controlar e minimizar os possíveis impactos na biodiversidade,

desenvolvemos um conjunto de ações.

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agente global de sustentabilidade

estRatégias PaRa gestão de imPaCtos

As ações adotadas para a gestão dos impactos na biodiversidade atendem aos regulamentos nacionais e às melhores práticas recomendadas por organizações internacionais. Adicionalmente, desenvolvemos iniciativas próprias que superam as exigências legais. Com o objetivo de manter a qualidade em todos os locais em que operamos, a gestão dos impactos conta com um conjunto padronizado de procedimentos, periodicamente revisado e atualizado, e com o acompanhamento contínuo das medidas implantadas nas diferentes unidades. Isso nos possibilita detectar oportunidades de melhoria e aperfeiçoamento dos procedimentos, bem como desenvolver novas soluções técnicas.

Dentre as ações adotadas pela Vale para gestão de impactos de nossas operações na biodiversidade, estabelecidas nos Procedimentos Operacionais e, portanto, obrigatórios para todas as Unidades Operacionais, destacam-se:

• identificação de oportunidades de redução das emissões de gases do efeito estufa, por meio de investimento em equipamentos de

medição e sistemas de controle de emissões atmosféricas, e monitoramento do uso de combustíveis fósseis;

• controle de emissões de material particulado por meio de ações específicas, como umectação de vias e implantação de cinturões verdes, que reduzem a dispersão de partículas pelo vento, além de realizar continuamente estudos de novas medidas para minimizar esse tipo de emissão;

• gestão integrada de resíduos, abrangendo desde a segregação dos materiais na origem até o seu encaminhamento para reciclagem ou para destinação adequada, no caso de resíduos perigosos ou que necessitem de cuidado especial;

• adequação de drenagens superficiais e implantação de dispositivos que diminuam a velocidade de escoamento da água para evitar o carreamento de sólidos e a geração de focos de erosão;

• reconformação do solo e contenção adequada de taludes por meio da instalação de dispositivos que funcionam como uma barreira física contra o carreamento de sedimentos e insumos pela ação das chuvas e semeadura ou plantio de espécies

vegetais, que irão garantir a estabilização do solo e sustentabilidade da recuperação ao longo do tempo;

• elaboração de planos operacionais de supressão da vegetação e investigação de alternativas locacionais, considerando aspectos relativos às espécies de flora e de fauna, bem como a presença de ecossistemas raros, de forma a evitar a perda de espécies ameaçadas de extinção;

• realização de atividades para resgate de flora (coleta de sementes e de epífitas, por exemplo) e resgate ou salvamento de fauna, de acordo com as características ambientais de cada local e aspectos regionais (contexto de inserção das operações);

• desenvolvimento e implantação de projetos de restauração ecossistêmica para a recuperação de áreas degradadas.

Essas ações consistem em normas de operação de todos os empreendimentos da Vale. São, portanto, medidas implantadas ou em processo de implantação em nossas unidades, de acordo com a aplicabilidade em cada fase de desenvolvimento dos projetos e com o tipo de operação realizada.

Protegemos por iniciativa própria ou a partir de parcerias 10.321km2 de áreas naturais.

Relatório de Sustentabilidade Vale 2009108

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Biodiversidade direitos humaNosmudaNças ClimátiCas

tabela 4: número de espécies ameaçadas de extinção* incluídas em listas nacionais oficiais de cada país e presentes na região de inserção das unidades operacionais da Vale

lista nacional extinta** Criticamente

em Perigoem Perigo/ameaçada Vulnerável Preocupação

especial total

Fungos - - 1 - 1 2Plantas - - 49 2 1 52moluscos - - 3 - 3artrópodes - - 8 1 2 11Peixes - - 6 - 3 9anfíbios - - 1 - 2 3répteis - - 2 1 1 4aves 1 2 32 16 6 57mamíferos - 1 4 14 5 24

total 1 3 106 34 21 165

*A mesma espécie pode constar em ambas as listagens (Nacional e IUCN).**Espécie com registro histórico para a área de inserção de uma das Unidades Operacionais da Vale.***Houve inserção de dados relativos a empreendimentos localizados fora do Brasil que não haviam sido incluídos no ano anterior.

tabela 3: número de espécies ameaçadas de extinção* incluídas na lista internacional (iuCn) e presentes na região de inserção das unidades operacionais da Vale

lista internacional extinta** Criticamente

em Perigoem Perigo/ameaçada Vulnerável Quase em

Perigobaixo Risco total

Fungos - 1 - - - - 1Plantas - 2 15 29 - 23 69moluscos - - - - - 2 2artrópodes - - - 1 - - 1Peixes - - - 1 - - 1répteis - - - 1 - - 1aves 1 1 3 8 6 - 19mamíferos - 1 5 6 8 - 20

total 1 5 23 46 14 25 114***

Planos de geRenCiamento da biodiVeRsidade

O conjunto de ações definidas como de aplicação obrigatória em todas as Unidades Operacionais constituem o nosso Plano Básico de Gerenciamento da Biodiversidade, que abrange desde a fase de planejamento e implantação dos projetos até o seu fechamento. Embora siga ações padronizadas, esse plano é desenvolvido de forma a respeitar o histórico, o contexto ambiental e as particularidades de cada empreendimento.

Para as unidades operacionais localizadas em áreas protegidas e/ou consideradas de alto índice de biodiversidade, são elaborados planos específicos de gerenciamento da biodiversidade. Exemplos dessa prática são as ações específicas desenvolvidas na região amazônica, norte do Brasil, tais como:

• Plano de Prevenção e Combate a Incêndios em Ecossistemas no Mosaico de Unidades de Conservação da Província Mineral de Carajás – abrange as Unidades de Conservação que abrigam operações da Vale e áreas protegidas vizinhas;

• Levantamento e Monitoramento de Fauna na Floresta Nacional de Carajás e na Floresta Nacional de Tapirapé-Aquiri – estudos de fauna de longo prazo para conservação das espécies, licenciamento ambiental, padronização das metodologias aplicadas a estudos de fauna, geração de dados científicos, suprimento de lacunas de conhecimento, capacitação técnica e desenvolvimento regional.

Na Região Sudeste do Brasil, encontra--se em processo de elaboração o Plano de Conservação da Biodiversidade do Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais, voltado a uma região de transição entre os biomas Mata Atlântica e Cerrado, que abriga diversas operações da Vale em áreas protegidas de propriedade da empresa.

Elaboramos planos específicos de gerenciamento da biodiversidade para cada unidade operacional

ConseRVação de esPéCies

De acordo com os estudos de viabilidade ambiental que desenvolvemos para cada uma das Unidades Operacionais, há o registro da ocorrência de aproximadamente 2.850 espécies vegetais e 3.400 espécies animais nas áreas influenciadas por nossas atividades, incluindo invertebrados e vertebrados (peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos). Desse total, 114 são classificadas como internacionalmente ameaçadas, de acordo com a Lista Vermelha da International Union for Conservation of Nature (IUCN) (Tabela 3), e 165 constam em listas nacionais oficiais de espécies ameaçadas de extinção (Tabela 4).

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agente global de sustentabilidade

ÁReas PRotegidas

Atualmente, protegemos 10.321 km2 de áreas naturais, incluindo sítios de propriedade da empresa (4%), áreas arrendadas (3%) e Unidades de Conservação oficiais protegidas em parceria com os governos locais (93%). Essas áreas abrangem territórios nos biomas Floresta Amazônica (82%), Florestas Boreais

*Fonte: ICMBio – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – Ministério do Meio Ambiente.**Tipo de vegetação natural presente no hotspot intitulado Nova Caledônia.***Medidas adicionais de biodiversidade, incluindo a proteção de áreas, estão sendo desenvolvidas visando ao início das operações da Vale Inco Nouvelle-Calédonie.

(1%), Mata Atlântica (6%), Nova Caledônia (<1%) e Wallacea (11%), além de propriedades localizadas na região de transição entre a Mata Atlântica e o Cerrado (1%) (Tabela 5).

Parte das unidades operacionais da empresa está dentro das áreas protegidas que ajudamos a preservar, a exemplo da Floresta Nacional de Carajás e da Floresta Nacional do

tabela 5: Áreas Protegidas pela Vale a partir de parcerias ou por iniciativa própria

Área Protegida localização bioma Propriedade Área (km2)

Parque Botânico de tubarão Brasil (espírito santo) mata atlântica Própria 0,3

Cinturão verde de tubarão Brasil (espírito santo) mata atlântica Própria 5,5

reserva Natural vale Brasil (espírito santo) mata atlântica Própria 217,9

reserva Biológica de sooretama Brasil (espírito santo) mata atlântica Parceria/iCmBio* 242,0

Convento da Penha Brasil (espírito santo) mata atlântica Parceria/Governo do estado 0,5

Parque Botânico de são luis Brasil (maranhão) Floresta amazônica Própria 1,1

Cinturão verde de Ponta da madeira Brasil (maranhão) Floresta amazônica Própria 1,2

12 reservas Particulares do Patrimônio Natural (rPPN) no Quadrilátero Ferrífero de minas Gerais

Brasil (minas Gerais) mata atlântica/Cerrado Própria 70,4

áreas de Proteção de quatro Pequenas Centrais hidrelétricas (PCh) Brasil (minas Gerais) mata atlântica Própria 3,3

Floresta Nacional de Carajás Brasil (Pará) Floresta amazônica Parceria/iCmBio* 4.119,5

Floresta Nacional do tapirapé-aquiri Brasil (Pará) Floresta amazônica Parceria/iCmBio* 1.925,5

Floresta Nacional do itacaiúnas Brasil (Pará) Floresta amazônica Parceria/iCmBio* 824,5

reserva Biológica do tapirapé Brasil (Pará) Floresta amazônica Parceria/iCmBio* 997,0

área de Proteção ambiental do igarapé do Gelado Brasil (Pará) Floresta amazônica Parceria/iCmBio* 206,4

Zona de Proteção albras/alunorte Brasil (Pará) Floresta amazônica Própria 25,3

áreas em Proteção pelo Projeto vale Florestar Brasil (Pará) Floresta amazônica arrendada (terceiros) 323,0

Cinturão verde valesul Brasil (rio de Janeiro) mata atlântica Própria 0,7

Parque estadual da ilha Grande Brasil (rio de Janeiro) mata atlântica Parceria/Governo do estado 120,5

Cinturão verde sergipe Brasil (sergipe) mata atlântica Própria 0,5

Florestas Boreais do Canadá Canadá Florestas Boreais Própria 56,1

Floresta tropical de sorowako indonésia Wallacea Parceria/Governo da indonésia 1.180,0

reserva Natural Forêt Nord Nova Caledônia maquis shrubland** Parceria/Governo da Nova Caledônia 0,01***

total       10.321,2

Tapirapé-Aquiri. Há também áreas protegidas no entorno de nossas operações, como as Reservas Particulares do Patrimônio Natural, situadas em Minas Gerais, na região de transição entre os biomas Mata Atlântica e Cerrado. As ações de proteção realizadas em Carajás são extensivas a todas as reservas do Mosaico de Unidades de Conservação, abrangendo a Floresta Nacional do

Relatório de Sustentabilidade Vale 2009110

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Biodiversidade direitos humaNosmudaNças ClimátiCas

Itacaiúnas, a Reserva Biológica do Tapirapé e a Área de Proteção Ambiental do Igarapé do Gelado, que não abrigam nossas operações. Temos também outras áreas protegidas próprias e contempladas por parcerias que não estão relacionadas às nossas atividades, como a Reserva Natural Vale (Linhares/ES), a Reserva Biológica de Sooretama (Sooretama/ES) e o Parque Estadual da Ilha Grande (Angra dos Reis/RJ).

ÁReas imPaCtadas e em ReCuPeRação

A área total impactada pela Vale no período de 2007 a 2009, considerando todos os empreendimentos sob responsabilidade da empresa, foi de 90 km². Ainda nesse período, foram iniciadas atividades para recuperação de 68 km2, entre os quais estão inseridas áreas em recuperação permanente (72%) e áreas em recuperação provisória (28%) (Tabela 6).

O total de áreas destinadas à recuperação (considerando recuperação permanente e provisória) foi inferior ao tamanho da área total impactada em cada ano, como consequência da realização de ampliações, assim como da implantação de novas unidades no período. Em contrapartida, observa-se uma tendência de aumento do volume total de áreas disponibilizadas para as ações de recuperação ao longo dos anos, especialmente aquelas destinadas à recuperação permanente, o que pode ser atribuído à dinâmica natural de desenvolvimento das atividades de lavra e ao encerramento das operações em algumas localidades (Tabela 6).

A análise das áreas impactadas pelas atividades da Vale em 2009 por tipo de bioma permite observar que houve uma maior quantidade de áreas suprimidas na Floresta da Costa Leste Africana e na Floresta Amazônica (Tabela 7), como resultado da implantação e da expansão dos empreendimentos localizados em Moçambique (Projeto Moatize) e no Brasil (especialmente Complexo Sossego, Projeto Paragominas, Projeto Salobo e Complexo de Carajás). Já para as áreas em processo de recuperação permanente, destaca-se o maior volume na Floresta Amazônica, decorrente da implantação de áreas atribuídas ao Projeto Vale Florestar, que engloba ações

de restauração ecológica e proteção da vegetação nativa em áreas próprias e arrendadas e também plantação de florestas industriais; estas, porém, não consideradas na tabela. Nas áreas em recuperação provisória, o destaque é a zona de transição entre os biomas Mata Atlântica e Cerrado, onde ocorre uma combinação de empreendimentos antigos e áreas em desenvolvimento mais recente, com um volume significativo de áreas destinadas à recuperação e que podem vir a ser novamente empregadas em atividades operacionais.

tabela 6: Área suprimida e área em recuperação (permanente e provisória) pela Vale no período de 2007 a 2009 (em km2)

ano Área impactada

Área em Recuperação

Área em Recuperação Permanente

Área em Recuperação Provisória

Área total em Recuperação

2007 17,7 7,5 6,2 13,7

2008 32,6 12,8 7,2 20,0

2009 39,4 29,7 5,4 35,1

total 89,7 50,0 18,8 68,8

A recuperação de áreas degradadas é um processo gradativo e que demanda ações de médio e longo prazos, sendo adotado o termo “Em Recuperação” para indicar as áreas nas quais as atividades foram implantadas e se encontram em andamento (recuperação inicial de algumas funções ecossistêmicas e gradativo incremento de espécies objetivando o retorno da vegetação a um estado mais próximo possível do original). O termo “Em Recuperação Permanente” corresponde a áreas que não serão mais afetadas pelas atividades da empresa, e “Em Recuperação Provisória” compreende aquelas que podem vir a ser novamente empregadas em atividades operacionais.

tabela 7: Área impactada e área em recuperação (permanente e provisória) pela Vale em 2009 de acordo com o bioma (em km2)

bioma Área impactada

Área em RecuperaçãoÁrea em

Recuperação Permanente

Área em Recuperação

Provisória

Área total em

RecuperaçãoFloresta da Costa leste africana 16,7 0,2 0,0 0,2

Floresta amazônica 8,6 21,7 0,5 22,2

mata atlântica/Cerrado (transição) 5,9 0,6 4,7 5,3

Florestas tropicais australianas 4,5 4,1 0,02 4,1

Floresta Boreal Canadense 2,1 1,6 0,2 1,7

Wallacea 1,3 1,4 0,0 1,4

outros* 0,4 0,2 0,0 0,2

total 39,4 29,7 5,4 35,1

* No item Outros estão contabilizadas supressões e recuperações permanentes de pequena extensão realizadas em outros biomas localizados no Brasil (Cerrado, Mata Atlântica e Pantanal) e na Nova Caledônia.

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Bras

il

agente global de sustentabilidade

gavião-reala Floresta Nacional de Carajás, uma das principais áreas de conservação am-biental no Brasil, foi o cenário do estudo realizado por pesquisadores para conhecer e preservar a harpia (Harpia harpyja), uma das maiores e mais for-tes aves de rapina do mundo. a partir da descoberta de um ninho com uma família dessa ave, conhecida também como gavião-real, foi estabelecida uma parceria entre a vale, o instituto Chico mendes de Conservação da Bio-diversidade (iCmBio) e o instituto Nacional de Pesquisas da amazônia (inpa).

essa parceria gerou a criação do Projeto de Conservação do Gavião-real, que abrange atividades voltadas a preservar a espécie, atualmente listada como quase ameaçada de extinção no Brasil e em âmbito internacional. a vale garantiu os recursos, o iCmBio concedeu permissão para o uso da floresta e o inpa coordenou as atividades dos especialistas.

uma das ações do projeto foi o monitoramento de dois ninhos da espécie, dentro da Floresta Nacional de Carajás, durante oito meses. o resultado desse trabalho está descrito no livro Harpia, lançado pela vale em 2010, um documento que posiciona a relevância dessa ave na biodiversidade brasileira. as 144 páginas do livro, ilustradas com fotos inéditas de João marcos rosa e textos de Frederico drumond martins e tânia m. sanaiotti, trazem detalhes do dia a dia da harpia.

Case

balanço do imPaCto

O volume de áreas impactadas pela atividade de exploração mineral foi superior à quantidade de áreas nas quais foi iniciado o processo de recuperação permanente no período de 2007 a 2009. Isso ocorreu em decorrência da realização de ampliações em determinadas áreas e da implantação de novos projetos. Entretanto, é possível observar o crescimento, ano a ano, do volume de áreas em recuperação permanente.

No período de 2007 a 2009, as atividades de exploração mineral da Vale impactaram 86 km2 e foram iniciadas atividades para recuperação permanente em 49 km2. O resultado é um saldo de fechamento de 534 km2 em 2009 (Tabela 8).

As atividades de recuperação de áreas degradadas são desenvolvidas pela Vale com base no Plano de Fechamento de Mina de cada empreendimento, que é elaborado ainda na etapa de planejamento das operações, levando em consideração as especificidades de cada empreendimento e as condições ambientais da região. Aperfeiçoado ao longo de toda a fase de operação, o Plano de Fechamento de Mina tem como objetivo garantir que as características ambientais retornem à situação mais próxima possível à observada antes do início das operações. Em alguns casos, entretanto, pode-se destinar a área para outra finalidade, a exemplo do Centro de Pesquisas e Conservação da Biodiversidade do Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais (CeBio – Sabará/MG), decorrente do Plano de Fechamento da Mina de Córrego do Meio.

Relatório de Sustentabilidade Vale 2009112

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Biodiversidade direitos humaNosmudaNças ClimátiCas

Em 2009, ao levarmos em consideração as atividades de recuperação e plantio realizadas voluntariamente em terras de terceiros e em terras arrendadas, não relacionadas às nossas operações extrativas, superamos a proporção de 1 hectare recuperado/plantado para cada hectare suprimido no mundo, conforme o compromisso assumido no relatório anterior.

Para isso, mantivemos as ações de recuperação e plantio de terras arrendadas, por meio do Projeto Vale Florestar, no estado do Pará, Brasil, que alcançou em 2009 um total de 570 km². Com os projetos Vale Proteger e Extensão Ambiental, ambos desenvolvidos no estado do Espírito Santo, Brasil, realizamos voluntariamente, até 2009, a recuperação de aproximadamente 5,3 km2. Em Sudbury, a partir de um plano de ação para a conservação de biodiversidade proposto para a cidade e executado em parceria com empresas do setor, governo e comunidade local, foi recuperado 1,5 km² de áreas localizadas fora de nossas propriedades, em 2009.

Desenvolvemos as atividades de recuperação de áreas degradadas com base no Plano de Fechamento de Mina de cada empreendimento.

tabela 8: saldo de abertura e saldo de fechamento das atividades de extração de minérios realizadas pela Vale no período de 2007 a 2009 (em km2)

anoÁreas impactadas

(saldo de abertura)

Áreas impactadas no ano de referência

Áreas em recuperação permanente no ano

de referência

Áreas impactadas (saldo de

fechamento)

2007 488,9 16,5 7,4 498,0

2008 506,3 30,1 11,9 524,6

2009 524,6 39,1 29,6 534,1

Saldo de Abertura anual representa a posição no início do ano em relação à quantidade total de terras a serem recuperadas.Saldo de Fechamento representa a posição ao término do ano em relação à quantidade total de terras a serem recuperadas.A diferença entre o Saldo de Fechamento de 2007 e o Saldo de Abertura de 2008 ocorreu em decorrência da aquisição de novos ativos operacionais pela Vale.Não inclui operações logísticas, sendo consideradas apenas as atividades de lavra, beneficiamento e transformação mineral.As áreas em recuperação provisória não são computadas, sendo consideradas apenas aquelas em processo de recuperação permanente.

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DirEitOs HUmANOs

Esferas de influência

Como empresa global, entendemos que devemos não só nos inserir no

debate internacional sobre os direitos humanos, mas também contribuir

para sua promoção a fim de melhorar as condições de vida da população

a proteção dos direitos humanos é abordada por diversos princípios, leis e convenções internacionais. o debate sobre o tema requer atenção de todos os setores da sociedade. acreditamos que as empresas tenham um importante papel sob esse aspecto, sobretudo na forma como gerenciam o assunto e na influência que podem exercer em sua cadeia de valor e nos outros stakeholders com os quais se relacionam.

Em 2009, aprovamos a nossa política de direitos humanos, que estabelece diretrizes e princípios para atuação da Vale no que se refere ao respeito aos direitos humanos em nossos projetos e operações, ao longo do ciclo de vida das nossas atividades e cadeia produtiva, nas regiões onde estamos presentes. A política reforça os conceitos e os princípios éticos abordados em nosso Código de Conduta Ética.

De acordo com a nossa Política, promovemos os direitos humanos em nossa esfera de influência por meio das seguintes ações:

• Para os empregados, proporcionamos condições dignas de trabalho e buscamos promover ações educacionais que viabilizem o crescimento profissional e pessoal, procurando sempre manter um ambiente de trabalho saudável. Não toleramos discriminação ou assédio de qualquer natureza, inclusive moral ou sexual. Respeitamos a liberdade de associação e a negociação coletiva e a diversidade.

• Na cadeia produtiva, promovemos ações de conscientização dos direitos humanos, com especial atenção à erradicação do

agente global de sustentabilidade

trabalho forçado e infantil e à promoção dos direitos das crianças e dos adolescentes. Procuramos estabelecer relacionamento com fornecedores, parceiros e clientes que compartilhem dos nossos princípios e valores, realizando a conscientização e a prática dos direitos humanos e aprimorando, continuamente, a avaliação de riscos de violação.

• Com as comunidades locais, indígenas e quilombolas, nossa atuação é baseada no diálogo e no respeito mútuos. Assim, procuramos manter um relacionamento de engajamento contínuo, apoiando iniciativas que contribuam para o desenvolvimento socioeconômico e ambiental das regiões onde atuamos, do início ao término das nossas atividades.

• Perante os governos, observamos a legislação e a regulamentação das localidades onde atuamos e cooperamos com as autoridades na promoção dos direitos humanos internacionalmente reconhecidos. Também cooperamos com a apuração de quaisquer incidentes envolvendo desrespeito a esses direitos ao longo da nossa cadeia produtiva.

Colaborando com a onuem 2009, participamos de uma consulta regional à américa latina e Caribe conduzida pelo representante especial do secretário-geral das nações unidas para os direitos Humanos e empresas, professor John Ruggie. o objetivo da nossa participação foi contribuir para a elaboração do documento Protect, Respect and Remedy: A Framework for Business and Human Rights.

além disso, os Relatórios de sustentabilidade da Vale 2007 e 2008 foram reconhecidos pelo Pacto global da onu pela sua qualidade e transparência como Comunicação de Progresso notável (CoP), segundo critério de avaliação adotado pela instituição.

Relatório de Sustentabilidade Vale 2009114

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Biodiversidade direitos humaNosmudaNças ClimátiCas

• Na sociedade, expressamos nosso engajamento por meio de várias formas: somos signatários do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU), como compromisso voluntário de garantia de direitos humanos fundamentais em conformidade com a Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU. Também integramos o Conselho Internacional de Mineração e Metais (ICMM, na sigla em inglês) e estamos alinhados com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), cujas diretrizes inspiram as nossas ações.

Estamos agora em fase de elaboração de um Guia de Direitos Humanos. Nosso objetivo é materializar as diretrizes e os princípios descritos em nossa Política em ações efetivas de nosso dia a dia na empresa. Dessa forma, acreditamos contribuir para uma gestão cada vez mais focada e integrada das questões de direitos humanos, onde quer que atuemos.

Esse guia vai orientar nossos empregados e apoiar o aprimoramento e a definição de processos que assegurem o exercício de nossas atividades pautadas no respeito e na promoção dos direitos humanos.

Ao mesmo tempo, estamos desenvolvendo uma ferramenta de gestão dos aspectos relacionados a direitos humanos a ser implantada em nossas operações, assim como nos processos de análise de aquisições significativas e de integração pós-aquisição.

Estamos também elaborando uma ferramenta interna para avaliação de aspectos sociais que contempla o tema direitos humanos, em especial trabalho infantil e trabalho forçado. O objetivo é melhorar continuamente nosso desempenho.

atuamos na nossa Cadeia de ValoR

Procuramos estabelecer relações com entidades que compartilhem dos mesmos princípios e valores que a Vale. Nosso modelo de contratos possui cláusulas de natureza trabalhista e previdenciária, tributária, de saúde e segurança e qualidade. Cientes da importância de incentivar práticas sustentáveis na nossa cadeia produtiva, agimos de forma proativa.

Para conhecer a nossa Política de Direitos Humanos na íntegra, acesse www.vale.com.

Em 2009, elaboramos uma cláusula contratual específica – que menciona a observância ao Código de Conduta do Fornecedor, à Política de Desenvolvimento Sustentável e à Política de Direitos Humanos da Vale. Essa cláusula foi aplicada, como piloto, no contrato de implantação da Wind Fence (barreira de vento) no Complexo de Tubarão, no estado do Espírito Santo. Nossa previsão é de que, no decorrer de 2010, essa cláusula seja adotada gradativamente nos demais contratos da Vale.

No Brasil, no que se refere aos fornecedores das nossas unidades próprias, possuímos um mecanismo de monitoramento baseado na lista publicada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) que identifica casos de empresas denunciadas por possíveis ocorrências de trabalho forçado. Com base nessa listagem, cruzamos o nosso cadastro de fornecedores. Essa verificação é feita não só pelo CNPJ das empresas, como também por meio do CPF dos proprietários, garantindo que nenhum fornecedor da Vale, seja empresa ou seu proprietário, esteja envolvido com essas questões.

Também adotamos outras medidas preventivas, entre as quais a realização de auditorias em contratos e subcontratos, a aplicação de questionário de avaliação social para fornecedores, além de programas de treinamento e capacitação profissional (leia mais na pág. 88).

Em caso de desrespeito aos direitos humanos, devidamente comprovado por autoridades governamentais e por instrumentos previstos na legislação, notificamos o fornecedor/parceiro ou cliente para a adoção de medidas corretivas e, caso não sejam adotadas tais medidas, podemos rescindir a relação comercial.

Em 2009, não foram identificadas, em nossas operações ou cadeia de valor, a ocorrência de trabalho infantil. No entanto, nesse período, foi constatado um caso de empresa fornecedora de equipamentos de proteção individual (EPIs) que possuía condições de trabalho degradante em sua cadeia de valor. O contrato com essa empresa foi suspenso e seu cadastro, removido da relação de fornecedores da Vale.

empregados Fornecedores (contratados), Parceiros,Clientes

Comunidades (local, tradicional/indígenas)

Governo sociedade

esferas de influência da Vale para fins de respeito e promoção dos direitos humanos

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agente global de sustentabilidade

O objetivo é ajudar nossos fornecedores a incorporar a responsabilidade social nas suas estratégias de negócios. Em 2010 realizaremos a segunda rodada do programa, envolvendo fornecedores do estado de Minas Gerais.

• As empresas Alunorte1, Albras e Valesul, da cadeia de alumínio, são certificadas pela norma de responsabilidade social SA 8000, que segue padrão internacional e está alinhada ao cumprimento de leis e convenções de direitos humanos, tanto na cadeia de fornecedores quanto no ambiente de trabalho.

• Na operação da PT Inco, na Indonésia, além de os contratos possuírem cláusulas referentes a direitos humanos, monitoramos o desempenho dos itens definidos nos contratos, bem como realizamos auditorias de conformidade.

Mantemos um Canal de Denúncias (descrito em www.vale.com), que, dependendo da legislação local, pode ser utilizado inclusive para recebimento de questões relacionadas a direitos humanos. Além disso, em nosso site oferecemos um canal de comunicação, o Fale Conosco, que contempla a categoria Sustentabilidade, para encaminhamento de dúvidas.

1 a empresa alunorte obteve a referida certificação em 2009.

Identificamos que os fornecedores críticos das nossas unidades próprias do Brasil em relação aos direitos humanos são aqueles que desempenham atividades de segurança empresarial, fornecimento de madeira, carvão vegetal e gusa. Realizamos análises relativas aos direitos humanos de todos esses fornecedores, seguindo lista do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), conforme descrito anteriormente.

Além disso, em função da identificação de risco de utilização de carvão vegetal de madeira não certificada, eventualmente envolvendo trabalho forçado e/ou infantil, na cadeia de nossos clientes produtores de ferro-gusa, incluímos cláusulas contratuais que permitem a rescisão do contrato de fornecimento de minério caso seja evidenciada alguma irregularidade. As cláusulas referem-se à proteção ambiental, ao desenvolvimento socioeconômico, à não utilização de trabalho infantil e/ou escravo ou análogo ao escravo e a qualquer outro tipo de trabalho irregular.

A seguir listamos outras iniciativas em prol dos direitos humanos adotadas em nossa cadeia produtiva:

• Participamos do Programa Tear, desenvolvido pelo Instituto Ethos, no Brasil, desde 2006, desempenhando o papel de empresa-âncora do setor de mineração.

direitos humanos no ar

a série Que trabalho é esse? foi novamente exibida em 2009, no Canal futura, de veiculação no brasil. o vídeo é destinado à conscientização da sociedade sobre os riscos de trabalho análogo ao escravo. a iniciativa dá continuidade às ações da Vale de disseminação dos direitos humanos.

seguRança, Questão estRatégiCa

Concluímos, em 2009, o treinamento de reciclagem em direitos humanos para quase 2 mil profissionais de segurança terceirizados e mais de 70 empregados próprios. Também iniciamos o treinamento no Canadá, na Colômbia, em Moçambique, no Peru e no Reino Unido. Na Colômbia, além dos profissionais de segurança empresarial, foram treinados os militares do exército colombiano que atuam em áreas próximas às operações da Vale.

Em 2010, expandiremos os treinamentos para outras operações globais. Além disso, elaboraremos um guia de implementação que auxilie gestores e empregados na compreensão e na aplicação do tema em seu dia a dia.

A Vale apoia ainda a iniciativa de implementação do “disque-denúncia”2 no sudeste do Pará, no Espírito Santo e no Rio de Janeiro, firmando nosso compromisso voluntário de garantia dos direitos humanos. Nos estados brasileiros de Minas Gerais e do Espírito Santo, apoiamos o Programa Educacional de Resistência às Drogas (Proerd) – de caráter social preventivo –, conduzido pela Polícia Militar e que envolve crianças e famílias.

2 o disque-denúncia é um canal de comunicação disponibiliza-do para o recebimento de denúncias que são encaminhadas para as autoridades governamentais.

Relatório de Sustentabilidade Vale 2009116

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Biodiversidade direitos humaNosmudaNças ClimátiCas

Construindo alianças

Em 2009, promovemos atividades que beneficiaram mais de 5,5 mil índios em diversos estados brasileiros, como o povo Xikrin, no Pará.

DirEitOs iNDígENAs

Para fortalecer o diálogo e o respeito pelas comunidades indígenas e quilombolas estamos construindo diretrizes para o relacionamento com Povos Indígenas e programa de capacitação para orientar empregados e contratados que têm interface com essas comunidades.

Os documentos contam com a colaboração de especialistas e de equipes internas responsáveis pelo relacionamento com Povos Indígenas em suas operações. As referências para a construção dessas diretrizes são o histórico do nosso relacionamento com as comunidades próximas às nossas atividades, a legislação dos países nos quais atuamos, além de convenções internacionais e normas da Organização das Nações Unidas (ONU) e de boas práticas sobre direitos indígenas.

As discussões internas sobre essa diretriz tiveram início em 2008 e reforçaram a necessidade de alinhamento global e de ações de capacitação de nossas equipes para o diálogo contínuo. Entendemos que essas ações também devem envolver os contratados de empresas terceirizadas e prestadoras de serviços que tenham interface com Povos Indígenas.

Outra frente em permanente aprimoramento é a avaliação do componente indígena nas etapas preliminares dos processos de licenciamento, permitindo a identificação de possíveis impactos diretos e indiretos, assim como a determinação das ações de relacionamento, mitigação ou compensação necessárias.

Pautamos nosso relacionamento com as comunidades indígenas

e quilombolas no diálogo contínuo e no

respeito à cultural local

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agente global de sustentabilidade

ações inteRsetoRiais

Para dar continuidade às ações de etnodesenvolvimento1, em 2009 promovemos atividades que beneficiaram mais de 5,5 mil índios nos estados brasileiros do Pará, do Maranhão e de Minas Gerais. Para a realização dessas ações, contamos com o apoio de órgãos governamentais, universidades e ONGs.

Podemos destacar as seguintes iniciativas:

Povo Kayapó • apoio e parceria com a ONG Floresta

Protegida para a realização de expedições pelo rio Branco para desobstrução e melhoria da trafegabilidade e detecção de pontos vulneráveis, invasões e outras situações que ponham em risco a Terra Indígena;

• parceria com a Fundação Nacional do Índio (Funai) para apoio à coleta de castanha-do-pará por meio da entrega de materiais que possibilitaram a eficiência da coleta e a qualidade do produto. Essa iniciativa visa melhor valor de mercado e, consequentemente, à melhoria na qualidade de vida do Povo Kayapó;

Povo Xikrin • parceria com a Fundação Nacional de Saúde

(Funasa) para a melhoria da qualidade da água por meio de desinfecção dos poços artesianos usados pelo Povo Xikrin da Terra Indígena Cateté;

• visita de líderes indígenas às instalações dos empreendimentos Salobo e Sossego, permitindo o intercâmbio cultural;

• treinamento de funcionários e contratados Vale dos novos empreendimentos que têm interface com Povos Indígenas, como Salobo, que convive com a presença de indígenas durante o período de coleta de castanha-do-pará;

1 a noção de etnodesenvolvimento refere-se à construção de um modelo de desenvolvimento que respeite os direitos e incorpore as perspectivas e interesses dos Povos indígenas. entre suas principais diretrizes estão: garantia da satisfação das necessidades básicas, incorporação da “visão endógena” indígena sobre o desenvolvimento, valorização dos conheci-mentos, tecnologia e recursos indígenas, favorecimento da relação equilibrada com o meio ambiente e fortalecimento da participação indígena nos processos decisórios. essa noção de etnodesenvolvimento tem sido utilizada por diversas instituições no brasil, como fundação nacional do índio (funai), ministério do meio ambiente (mma), entre outras, e internacionais, como o banco mundial.

• participação de empregados nas comemorações do Dia do Índio e em cerimônias de casamentos tradicionais;

Povo Krenak • para apoiar o programa de pecuária leiteira,

em implantação, foi realizada ação de capacitação de representantes das quatro comunidades, que, em parceria com a Universidade Federal de Viçosa, tiveram aulas expositivas, simulações e visita a unidades- -modelo e fazendas de diversos portes;

Comunidades Quilombolas de Jambuaçu • visitas às instalações da Estação

Conhecimento da Área de Preservação Permanente do Gelado (APA), onde foi possível demonstrar alternativa de desenvolvimento humano e econômico para populações de áreas rurais;

ações dos Voluntários Vale • distribuição de brinquedos às crianças

dos Povos Kayapó e Krenak, no Pará e em Minas Gerais.

Em outros países onde há forte presença de Povos Indígenas, também desenvolvemos ações de resgate cultural. Em 2009, a Vale Nouvelle-Calédonie assinou um convênio com instituições de educação locais para o ensino da língua nativa do Povo Kanak nas escolas de ensino médio. Essa ação dá continuidade às iniciativas que desenvolvemos em 2008, Ano Internacional das Línguas pela Unesco, como a produção de cartilhas com o registro da língua nativa Kanak, marcada pela influência da colonização francesa.

Como resultado do Pacto de Desenvolvimento Sustentável do Grande Sul, assinado entre a Vale Inco Nouvelle-Calédonie e as populações Kanak, implementamos em outubro de 2009 o Comitê Consultivo Indígena Ambiental, que garante a participação de autoridades no monitoramento ambiental da operação na região sul, bem como a preservação da cultura do Povo Kanak. Outros dois pilares do Pacto são a criação de uma fundação e da associação de reflorestamento (prevista para 2010).

Em Ontário, nosso Grupo de Trabalho com Aborígenes, formado por membros de diferentes áreas, como meio ambiente, pesquisa mineral, projetos e recursos humanos, continua desenvolvendo atividades regulares nas comunidades aborígenes nas nossas áreas de operação no Canadá. Essa iniciativa visa manter os líderes aborígenes atualizados sobre as questões ligadas à sustentabilidade e aos negócios relevantes para Vale e para a comunidade. Atualmente, o grupo de trabalho e membros do Povo Sagamok Anishnawbek negociam o Acordo de Diminuição dos Impactos (Impact Benefit Agreement). O objetivo é o desenvolvimento da mina de Totten, localizada no limite do Território Tradicional de Sagamok. A negociação deve ser concluída em junho de 2010.

Na Austrália, a Vale envolve os representantes de Povos Indígenas nos processos decisórios. Antes de iniciar as operações, buscamos identificar suas necessidades e valores sociais e culturais. Procuramos também encorajar os membros de comunidades indígenas a trabalharem em nossas operações.

Buscamos estabelecer uma relação construtiva, de benefícios mútuos, respeito à diversidade cultural e aos direitos dessas populações; no entanto, permanecem em discussão ações judiciais. Quanto ao processo relativo ao Povo Xikrin do Cateté, o mesmo permanece em andamento, assim como a ação movida pela Fundação Nacional do Índio (Funai) contra a Pará Pigmentos S.A., controlada pela Vale, que discute o repasse financeiro ao Povo Indígena Tembé.

Outra questão envolvendo Povos Indígenas trata da ação movida pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e pela Associação de Desenvolvimento e Preservação dos Rios Araguaia e Tocantins contra o Ibama e o Consórcio Estreito Energia, alegando a inadequação do componente indígena avaliado no processo de licenciamento. Para tanto, foi proposto em 2009 um Termo de Cooperação entre Consórcio, Funai e Ibama para a realização de projetos.

Em Minas Gerais o Consórcio Hidrelétrico de Aimorés dá continuidade ao projeto acordado com o Povo Krenak, que prevê ações sociais, ambientais e culturais, enquanto, no Pará, a Vale aguarda a definição das Comunidades Quilombolas do Território de Jambuaçu para dar continuidade às ações previstas no acordo firmado.

Relatório de Sustentabilidade Vale 2009118