agenda pela infância unicef 2015 2018

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Health & Medicine


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O UNICEF apresentará aos candidatos e eleitores a Agenda pela Infância 2015-2018, um documento com sete desafios em áreas como educação, saúde e proteção e propostas concretas para superá-los. Os sete desafios do UNICEF são: 1) Eliminar as mortes evitáveis de crianças menores de 1 ano de idade e reduzir a mortalidade infantil indígena; 2) Garantir que cada criança e cada adolescente de 4 a 17 anos tenham acesso a escolas públicas inclusivas e de qualidade, aprendendo na idade certa os conhecimentos correspondentes a cada ciclo de vida; 3) Reduzir as altas taxas de homicídio contra crianças e adolescentes; 4) Garantir o acesso à justiça para todas as crianças e adolescentes; 5) Assegurar que adolescentes e jovens participem da vida democrática do País; 6) Reduzir o número de cesáreas desnecessárias; e 7) Garantir a atenção humanizada e especializada para adolescentes e jovens nos serviços de saúde. A Agenda será apresentada aos políticos por meio de encontros que deverão ser realizados nas próximas semanas entre o UNICEF e os candidatos. Ao mesmo tempo, a agência da ONU lançará uma ação nas redes sociais para engajar eleitores em favor dessas propostas pró-infância.

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Page 1: Agenda pela infância UNICEF 2015 2018

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Page 2: Agenda pela infância UNICEF 2015 2018

FUNDO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A INFÂNCIA (UNICEF)

Representante do UNICEF no Brasil: Sr. Gary Stahl

SEPN 510, Bloco A – 2º andarBrasília, DF70750-521Telefone: (61) 3035 1900Fax: (61) 3349 0606E-mail: [email protected]: unicefbrasilTwitter: unicefbrasilYoutube: unicefbrasilWebsite: www.unicef.org.br

Brasília, setembro de 2014

FOTOS DA CAPADaniela Silva, Diego Rocha, Giacomo Pirozzi, Kita Pedroza, João Ripper, Manuela Cavadas e Pedro Ivo Alcantara

PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃOCompasso Comunicaçãowww.artecompasso.com.br

Page 3: Agenda pela infância UNICEF 2015 2018

Os desafios que ainda persistem

precisam ser superados para que a

igualdade de direitos seja

uma realidade para todas

as crianças e adolescentes

do Brasil.

Page 4: Agenda pela infância UNICEF 2015 2018

Eleições 2014:criança e adolescente no coração da agenda política brasileiraEm outubro de 2014, mais de 140 milhões de brasileiros irão às urnas escolher os novos dirigentes do País e os representantes do Legislativo. Essa será uma opor-tunidade única para aprofundar as discussões em torno dos temas essenciais para a infância e a adolescência.

Colocar essas questões no centro do debate eleitoral significa caminhar, cada vez mais, na direção do cumprimento da Convenção sobre os Direitos da Criança traduzida na Constituição Brasileira, segundo a qual:

“É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

Prioridade na Constituição, a garantia dos direitos de crianças e adolescentes brasileiros deve também ser prioridade na agenda dos candidatos e candidatas às eleições.

Não há dúvidas de que o Brasil realizou conquistas importantes para a vida de suas crianças e seus adolescentes. O País é uma referência mundial em diversos aspectos relacionados à garantia dos direitos de seus cidadãos, incluindo de sua população mais jovem.

No entanto, os desafios que persistem precisam ser superados para que a igual-dade de direitos exista não apenas em nossos instrumentos normativos, mas também e, sobretudo, na realidade de meninas e meninos brasileiros. Para o UNICEF, esse objetivo só será alcançado se o País implementar políticas públicas capazes de reduzir as desigualdades que ainda impedem a sobrevivência e o desenvolvimento de crianças e adolescentes.

A Convenção sobre os Direitos da Criança, o instrumento de direitos humanos mais aceito da história, confere ao UNICEF o papel de monitorar a situação da infância e adolescência para assegurar que seus direitos sejam garantidos.

PREFÁCIO

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Page 5: Agenda pela infância UNICEF 2015 2018

A partir desse olhar, o UNICEF propõe a Agenda pela Infância 2015-2018 nas eleições de 2014. Uma agenda com questões que precisam ganhar maior visibili-dade e certamente ajudarão o Brasil a caminhar rumo à redução das desigualda-des que limitam o desenvolvimento de crianças e adolescentes.

A Agenda pela Infância 2015-2018 é um documento produzido pelo UNICEF que apresenta um conjunto de temas para o diálogo com a sociedade brasileira, os partidos políticos e os candidatos e candidatas à Presidência da República e governos dos Estados.

O UNICEF acredita que, ao colocar a criança e o adolescente no coração de sua agenda política, o Brasil estará mais próximo de garantir os direitos dessa população mais jovem e, com isso, construir um presente e um futuro melhores para todo o País.

Gary StahlRepresentante do UNICEF no Brasil

©UNICEF/BRZ/INÊS CAMPELO

Ao colocar A CRIANÇA

E O ADOLESCENTE

no coração de sua agenda política,

o Brasil estaráMAIS PRÓXIMO

de garantir os direitos dessa população

mais jovem

Page 6: Agenda pela infância UNICEF 2015 2018

©UNICEF/BRZ/RIPPER

Page 7: Agenda pela infância UNICEF 2015 2018

Índice

Brasil: avanços e desafios 8

Compromisso 1 10

Compromisso 2 14

Compromisso 3 18

Compromisso 4 22

Compromisso 5 26

Compromisso 6 30

Compromisso 7 34O UNICEF e a garantiados direitos da infância no Brasil 38

Page 8: Agenda pela infância UNICEF 2015 2018

APRESENTAÇÃO

Brasil:avanços e desafios

O Brasil é atualmente a quinta nação mais populosa do mundo, com 195 milhões de habitantes (segundo estimativas de 2012), vivendo em 5.570 cidades. Nesse universo, cerca de 61,7 milhões são crianças e adolescentes, sendo mais da metade afro-brasileiros. Os quilombolas, das comunidades descendentes dos escravos, estão reunidos em 3.500 grupos, em 300 cidades. Da população indí-gena brasileira, de 784 mil pessoas, 246 mil são meninos e meninas – 31%.

Ao longo das últimas décadas, o Brasil obteve importantes conquistas na ga-rantia dos direitos de suas crianças e seus adolescentes. O País tem uma das legislações mais avançadas do mundo no que diz respeito à proteção da infância e da adolescência. Uma conquista jurídica que começou com a Constituição de 1988 e ganhou mais força com o Estatuto da Criança e do Adolescente, de 1990. O Estatuto colocou o Brasil em sintonia com os avanços internacionais na área da defesa dos direitos de crianças e adolescentes e ajudou a consolidar a chamada Doutrina da Proteção Integral, já expressa no princípio da Prioridade Absoluta para a infância e a adolescência, definido na Carta Magna, em seu artigo 227.

No ano 2000, o Brasil assumiu os Objetivos do Desenvolvimento do Milênio, com-prometendo-se a alcançar até 2015 metas em oito áreas estratégicas para o de-senvolvimento humano:

Erradicar a extrema pobreza e a fome.

Atingir o ensino básico universal.

Promover a igualdade de gênero e a autonomia das mulheres.

Reduzir a mortalidade na infância.

Melhorar a saúde materna.

Combater o HIV/aids, a malária e outras doenças.

Garantir a sustentabilidade ambiental.

Estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento.

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Page 9: Agenda pela infância UNICEF 2015 2018

Desde então, o País tem avançado em várias áreas. Entre 1990 e 2012, a taxa de mortalidade entre menores de 5 anos caiu 68,5% – passando de 53,7 mortes para 16,9 por mil nascidos vivos, segundo estimativas do Ministério da Saúde (2012). No mesmo período, a taxa de mortalidade de menores de 1 ano foi reduzida em 68,4% – de 47,1 mortes para 14,9 por mil nascidos vivos (MS, estimativas em 2012). O acesso ao ensino básico foi ampliado, com 98% das crianças e adoles-centes entre 7 e 14 anos matriculados na escola. Houve redução também nas ta-xas de trabalho infantil, de 17,9%, entre 2008 e 2011. Mesmo assim, em 2012, ain-da existiam 3,5 milhões de crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos no mercado de trabalho, considerando um pouco mais de três milhões de meninos e meninas em situação de trabalho infantil a ser abolido. Outra conquista foi a diminuição da pobreza e da extrema pobreza. De acordo com a definição nacional de pobreza do governo federal (70 reais per capita mensal em julho de 2011), estima-se que esse cenário está mudando. A extrema pobreza caiu de 13,7% para 3,6% entre 1992 e 2012, enquanto a pobreza saiu de 31,5% para 8,5%.

Apesar desses progressos, ainda permanecem grandes desafios para que a igualdade de direitos seja uma realidade no cotidiano de todas as crianças e adolescentes do Brasil. É preciso, sobretudo, adotar políticas públicas capazes de celebrar a riqueza da diversidade, combatendo as desigualdades geográfi-cas, sociais, demográficas e étnicas.

Compromisso com cada criança brasileira, ONDE QUER QUE ELA ESTEJA

Cada um dos compromissos apresentados neste documento deve levar em consideração os territórios em que vivem as crianças e os adolescentes brasileiros mais vulneráveis, reconhecendo as diversidades e as necessidades específicas de meninos e meninas que estão:

Nos grandes centros urbanos, onde as desigualdades dentro de uma mesma cidade são marcantes, separando em mundos completamente diferentes meninos e meninas que moram nas comunidades populares e os que estão nas regiões mais ricas.

No Semiárido, onde os indicadores sociais revelam que crianças e adolescentes enfrentam uma realidade desfavorável em comparação com a vida média dos brasileiros da mesma idade.

Na Amazônia, região que abriga 230 povos indígenas, além de um grande número de registros de remanescentes de quilombos, amplas populações que sofrem com problemas básicos de saúde, proteção e educação, já superados em outras partes do País.

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Eliminar as mortes evitáveis de crianças menores de 1 ano de idade e reduzir a mortalidade infantil indígena

©UNI

CEF/

BRZ/

RIPP

ER

1Compromisso

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Contexto No Brasil, a mortalidade infantil é considerada um indicador de como o País está garantindo o direito de suas crianças. O Brasil é uma das nações que têm se destacado por reduzir significativamente as mortes de suas crianças menores de 1 ano. De 1990 a 2012, a taxa de mortalidade nesse grupo foi reduzida em 68,4% para 14,9 mortes para cada mil nascidos vivos. Com isso, o País já superou a meta de mortalidade infantil do Objetivo do Milênio número 4 que estabeleceu uma re-dução para 15,7 óbitos por mil nascidos vivos.

Um aspecto importante a ser sublinhado é que, além de diminuir a mortalidade infantil, o Brasil também conseguiu reduzir as desigualdades regionais em relação à morte de suas crianças. O Nordeste, por exemplo, apresentou grandes redu-ções, principalmente devido à queda nos óbitos pós-neonatais – ou seja, depois do primeiro mês de vida.

Onde estamosAté o final da década de 1990, o Brasil enfrentava o desafio de reduzir as mortes de crianças menores de 5 anos. Até aquele momento, as mortes eram causadas, principalmente, por doenças que hoje são facilmente evitáveis, como as infeccio-sas e parasitárias. No final dos anos 90, houve uma inversão no perfil da morta-lidade infantil. No Brasil, passaram a prevalecer as mortes nos primeiros 27 dias de vida e por problemas decorrentes da prematuridade. Atualmente, 70% das mortes no primeiro ano de vida ocorrem nesse período (SIM/Ministério da Saúde).

1

FONTEMS/SVS Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos – SinascMS/SVS Sistema de Informações sobre Mortalidade – SIM

LINKShttp://tabnet.datasus.gov.br/cgi/idb2012/c01b.htmhttp://tabnet.datasus.gov.br/cgi/idb2012/c16a.htm

Taxa

de de

tecçã

o (x1

00mi

l hab

.)

Ano de diagnóstico

50

40

30

20

10

0

Número de óbitos infantis (menores de 1 ano) por 1.000 nascidos vivos

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

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Page 12: Agenda pela infância UNICEF 2015 2018

Outro fator que ainda preocupa é que quase 70% das mortes que acontecem no primeiro ano de vida podem ser evitadas. Em 2012, 26.899 crianças poderiam ter sido salvas com medidas como pré-natal de qualidade, incluindo a identificação de gestantes de risco, assistência ao parto humanizado e assistência de qualida-de ao recém-nascido.

O Brasil também ainda enfrenta o desafio de reduzir as mortes de crianças in-dígenas. A média dos indicadores nacionais não refletem as altas taxas de mor-talidade infantil (menores de 1 ano) e na infância (menores de 5 anos) entre a população indígena.

Em 2011, a taxa de mortalidade infantil entre os indígenas foi de 41,9 por mil nascidos vivos. Isso quer dizer que uma criança indígena tem três vezes mais chances de morrer antes de completar 1 ano de idade quando comparamos os indicadores com as médias nacionais. Além disso, essa taxa é quase a mesma registrada pelo Brasil em 1990.

Aonde queremos chegarÉ de extrema importância que o Brasil faça esforços coordenados entre as três esferas governamentais para acabar com as mortes evitáveis entre crianças me-nores de um1 ano de idade e de bebês indígenas. O UNICEF propõe as seguin-tes ações para ajudar nessa missão:

PARA O EXECUTIVO FEDERALPriorizar ações e estratégias que visem à redução da mortalidade neonatal nas famílias mais vulneráveis, incluindo a busca ativa de gestantes para garantir um pré-natal de qualidade.

Criar condições legais para que os profissionais de saúde que atuam nos distritos sanitários indígenas tenham vínculos empregatícios mais estáveis.

Capacitar todas as equipes de saúde indígena para a atenção humanizada com respeito a todos os aspectos socioculturais desses povos.

Garantir transporte adequado para as famílias, crianças e jovens indígenas que precisem dos serviços de saúde.

PARA O EXECUTIVO ESTADUALFortalecer, em parceria com os municípios, todas as políticas de apoio à garantia dos direitos dos povos indígenas, com ênfase nas mulheres, jovens e crianças.

Para o LegislativoGarantir a execução do Orçamento para políticas ou estratégias voltadas à redu-ção da mortalidade infantil, neonatal e indígena.

Apoiar mudanças legais que garantam o fortalecimento do vínculo empregatício das equipes de saúde indígena.

Aprovar projetos de lei que fortaleçam as estruturas responsáveis pela garantia dos direitos dos povos indígenas, incluindo seu direito à sua cultura e ancestralidade.

COMPROMISSO 1

Bebês indígenas morrem, em geral, após os

27 dias de vidaem razão de DOENÇAS RESPIRATÓRIAS E DIARREICAS, que têm como UMA DAS CAUSAS BÁSICAS A DESNUTRIÇÃO, conforme dados do Datasus/MS

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Page 13: Agenda pela infância UNICEF 2015 2018

Em

2012,

26.899CRIANÇAS MORRERAM

por causas evitáveisantes de completar 1 ANO.

Um bebê indígenatem TRÊS VEZES MAISCHANCES DE MORRERantes de completar1 ano de vidado que as demaisCRIANÇAS BRASILEIRAS.

©UNICEF/BRZ/RIPPER

Page 14: Agenda pela infância UNICEF 2015 2018

Garantir que cada criança e cada adolescente de 4 a 17 anos tenham acesso a escolas públicas inclusivas e de qualidade, aprendendo na idade certa os conhecimentos correspondentes a cada ciclo de vida

2©U

NICE

F/BR

Z/MA

NUEL

A CA

VADA

S

Compromisso

Page 15: Agenda pela infância UNICEF 2015 2018

ContextoNos últimos 20 anos, o Brasil avançou consistentemente em todos os indicado-res relacionados à educação, tanto naqueles ligados ao acesso, quanto nos de permanência e aprendizagem. No entanto, o País ainda tem de enfrentar grandes desafios para garantir a universalização do direito à educação de qualidade para todas e cada uma de suas crianças e adolescentes.

Em 2009, o Congresso Nacional aprovou a Emenda Constitucional 59, tornando a educação obrigatória e gratuita para todas as crianças e adolescentes de 4 a 17 anos. Neste momento, o Brasil tem um Plano Nacional de Educação, com com-promissos estabelecidos para os próximos dez anos. O PNE apresenta metas claras para assegurar a qualidade da educação e garantir que 100% das crian-ças e adolescentes de 4 a 17 anos estejam na escola, aprendendo. Estabelece ainda que 50% das crianças de até 3 anos de idade tenham acesso a creches.

Onde estamosSegundo o Censo do IBGE de 2010, o Brasil tem hoje 3,8 milhões de crianças e adolescentes, de 4 a 17 anos, fora da escola. Outros 8,8 milhões correm o risco de exclusão, principalmente por causa do atraso escolar. A exclusão escolar no Brasil atinge, sobretudo, meninas e meninos negros, indígenas, pobres, com de-ficiência, os que vivem na zona rural, no Semiárido, na Amazônia, na periferia dos grandes centros urbanos.

Para que o Brasil possa garantir a cada criança e adolescente o direito de apren-der, é necessário voltar a nossa atenção para os meninos e as meninas que estão fora da escola.

É também necessário priorizar aqueles que, dentro da escola, têm os riscos de abandono e evasão aumentados devido a fatores e vulnerabilidades diversos, como a discriminação e o trabalho infantil.

A infraestrutura também é outro desafio a ser enfrentado. De acordo com o Cen-so Escolar 2012, no Semiárido brasileiro, mais de 450 mil crianças estudam em escolas de ensino básico sem água de qualidade ou banheiro adequado. A falta desses recursos provoca o surgimento de inúmeras doenças, comprometendo a saúde, o desenvolvimento, a permanência na escola e a aprendizagem.

Pelos dados do MEC, as matrículas na educação de tempo integral representam 5,8% do total de alunos no ensino fundamental. As atividades esportivas, essen-ciais para o desenvolvimento das crianças e dos adolescentes, respondem por 65% da frequência na grade curricular das escolas de tempo integral. Além dis-so, no dia a dia das escolas, por exemplo, há pouca infraestrutura para estimular a prática de esportes de maneira adequada. Apenas uma em cada três escolas do ensino fundamental possui quadra esportiva em todo o País. Nas regiões Nor-te e Nordeste, a proporção é menor e alcança apenas uma em cada dez escolas. O dado, do Censo Escolar da Educação Básica (MEC/Inep/Deed, 2012), inclui escolas públicas e privadas do ensino fundamental.

FAIXA ETÁRIA CENSO 20104 E 5 ANOS 1.154.5726 A 10 ANOS 439.57811 A 14 ANOS 526.72715 A 17 ANOS 1.725.232TOTAL 4 A 17 ANOS 3.846.109

CRIANÇAS FORA DA ESCOLA NO BRASIL

2

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Aonde queremos chegarPara o UNICEF, é fundamental que o País alcance o objetivo geral e as metas do Plano Nacional de Educação, entre os quais, destacam-se os pontos a seguir:

PARA O EXECUTIVO FEDERALGarantir a implementação do Sistema Nacional de Educação (SNE) no prazo de dois anos, como prevê a Lei do PNE. Com o SNE, as responsabilidades entre os governos federal, estadual e municipal ficarão mais bem definidas e o compro-metimento mútuo com desafios como o da educação infantil pode ser mais bem assegurado em cada nível da federação.

Promover com Estados e municípios um amplo processo de inclusão escolar para garantir que 100% das crianças e dos adolescentes de 4 a 17 anos estejam matriculados na escola e aprendendo na idade correta.

Garantir a ampliação do investimento público em Educação para atingir, no míni-mo, o patamar de 7% do Produto Interno Bruto do País no quinto ano de vigência do PNE e, no mínimo, o equivalente a 10% do PIB ao final do decênio.

Definir, em parceria com Estados e municípios, programas e metas de expansão das respectivas redes públicas de educação infantil segundo o padrão nacional de qualidade, considerando, respeitando e promovendo as peculiaridades locais e a diversidade, para universalizar, até 2016, a educação infantil na pré-escola (crianças de 4 e 5 anos) e ampliar a oferta em creches para atender, no mínimo, 50% das crianças de até 3 anos até o final da vigência do PNE.

Coordenar ações com Estados e municípios para reduzir a queda de matrículas na transição do ensino fundamental para o ensino médio.

Assegurar a ampliação dos recursos orçamentários da área esportiva, em espe-cial para as políticas públicas de esporte educacional e esporte de participação, levando em consideração as necessidades curriculares e de infraestrutura de crianças e adolescentes com deficiência, de modo a garantir o acesso pleno, se-guro e inclusivo às práticas esportivas e favorecer a aplicação da grade curricular em tempo integral.

Assegurar a implementação do Plano Nacional de Saneamento, priorizando os terri-tórios mais vulneráveis, entre eles, as escolas da Amazônia e do Semiárido, e cons-truir um plano de aceleração do Programa de Universalização do Acesso à Água.

Incluir a eliminação progressiva das desigualdades para conseguir água potável e saneamento para todos na agenda de desenvolvimento global pós-2015.

PARA O EXECUTIVO ESTADUALDesenvolver ações e estratégias para viabilizar o cumprimento da meta de uni-versalizar o ensino médio para adolescentes de 15 a 17 anos até 2016. Garantir ainda 85% de taxa líquida de atendimento nessa etapa da educação até 2020, o que indica o percentual da população nessa faixa etária que se encontra matricu-lada no nível de ensino adequado à sua idade.

É preciso garantir

que 100% das CRIANÇAS

E ADOLESCENTES estejam na escola,

APRENDENDO

COMPROMISSO 2

16

Page 17: Agenda pela infância UNICEF 2015 2018

Fortalecer ações, programas e estratégias, em cooperação com os municípios, para atingir a meta de 100% das crianças alfabetizadas até os 8 anos de idade, respeitando o multilinguismo das comunidades indígenas.

Considerar, nas políticas públicas estaduais, as especificidades das escolas pú-blicas das zonas rurais do Semiárido e da Amazônia, para acelerar o processo de garantia do acesso à água e ao saneamento.

Estimular o direito ao esporte educacional seguro e inclusivo com ações interse-toriais, em especial, fortalecendo a articulação entre as Secretarias de Esporte e de Educação.

Garantir a ampliação dos recursos orçamentários da área do esporte, principal-mente para as políticas públicas de esporte educacional e esporte de participa-ção, levando em consideração as necessidades curriculares e de infraestrutura de crianças e adolescentes com deficiência.

Fortalecer os Conselhos Estaduais de Esporte, ampliando a sua participação como espaço democrático para discussão, avaliação e deliberação das políticas públicas esportivas.

Desenvolver uma ação articulada entre os Ministérios da Educação, do Trabalho e do Desenvolvimento Social para potencializar a Lei do Aprendiz, entre outras medidas, como uma estratégica de retorno à escola, especialmente dos ado-lescentes de famílias mais pobres, assegurando a inclusão em empresas que combinam aprendizagem, renda e escolarização.

PARA O LEGISLATIVOAcompanhar e fiscalizar a execução do Plano Nacional de Educação.

Assegurar, no Orçamento, recursos para as políticas públicas previstas no PNE, impedindo o corte e o contingenciamento dessas verbas.

Cobrar do Executivo Federal a adoção de estratégias para a ampliação do finan-ciamento à educação pública, visando atingir a aplicação de 10% do PIB nessa área até o final da vigência do PNE, que é em 2024.

Garantir, no Orçamento, recursos para as políticas de garantia do acesso à água e ao saneamento nas escolas do Semiárido e da Amazônia.

Fortalecer as Comissões de Esporte e Lazer na Câmara dos Deputados, no Se-nado Federal e nas Assembleias Legislativas como espaços para a formulação e aprimoramento das políticas públicas esportivas, sobretudo às relativas ao esporte educacional e de participação para crianças e adolescentes, levando em consideração as necessidades curriculares e de infraestrutura de crianças e adolescentes com deficiência, de modo a garantir o acesso pleno, seguro e inclusivo às práticas esportivas e favorecer a aplicação da grade curricular em tempo integral.

ampliar a ofertaem creches para atender, no mínimo,

50%das criançasDE ATÉ 3 ANOS

até o final da vigência do PNE

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Page 18: Agenda pela infância UNICEF 2015 2018

Reduzir as altas taxas de homicídiocontra crianças e adolescentes

©UNI

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BRZ/

RIPP

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3Compromisso

Page 19: Agenda pela infância UNICEF 2015 2018

ContextoCom o avanço das políticas públicas adotadas pelo Brasil nas últimas décadas, o País tem conseguido salvar a vida de milhares de crianças na primeira infân-cia. Infelizmente, esse esforço acaba se perdendo com as mortes violentas na adolescência. Os homicídios são, hoje, a maior ameaça à vida dos adolescentes no Brasil.

É de extrema importância que o País implemente uma política articulada entre as esferas do governo para valorizar a adolescência e a juventude, promovendo a proteção integral de meninas e meninos brasileiros, tal como estabelece o Plano Nacional Decenal dos Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes para o pe-ríodo entre 2011 e 2020.

Onde estamosO Brasil tem 33,8 milhões de meninos e meninas entre 10 e 19 anos, segundo estimativas de 2012. Os homicídios são uma tragédia que afeta, principalmente, os meninos. Em 2012, foram registrados, pelo Datasus, 8.454 mortes por homicí-dio de meninos e 652 de meninas (respectivamente 50,5 e 3,9 para cada 100 mil habitantes) entre 15 e 19 anos. Isso representa um total de 9.106 óbitos. Ou seja: a cada hora morre um adolescente por homicídio no País.

Essa violência atinge, sobretudo, os meninos e meninas afrodescendentes. A taxa de homicídio entre eles chega a ser quase quatro vezes maior do que a entre os brancos (36,9 a cada 100 mil habitantes, contra 9,6 entre os brancos). Em sua maioria, eles são moradores das periferias e áreas metropolitanas dos centros urbanos.

Nas capitais brasileiras, os homicídios são a principal causa de morte entre ado-lescentes de 10 a 19 anos (3.287 mortes em 2012, segundo o Datasus). Também chama atenção o número de internações por acidente de transporte nessa mes-ma faixa etária (5.765 em 2012, de acordo com o Datasus).

Aonde queremos chegarReduzir as altas taxas de homicídio, especialmente os que afetam a adolescência e a juventude negra, como uma prioridade na agenda política nacional e incorpo-rada nos três níveis do pacto federativo.

Com esse objetivo, o UNICEF apresenta as seguintes propostas concretas:

PARA O EXECUTIVO FEDERALImplementar uma ação nacional articulando governos federal, estaduais e mu-nicipais para diminuir o número de homicídios praticados contra adolescentes e jovens, que afetam particularmente os negros.

3

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Page 20: Agenda pela infância UNICEF 2015 2018

Coordenar plano reunindo estratégias de prevenção para reduzir a vulnerabilida-de da juventude a situações de violência, a partir da criação de oportunidades de inclusão social e autonomia; e da oferta de equipamentos, serviços públicos e espaços de convivência em territórios que concentrem altas taxas de homicídio.

Fortalecer a atuação coordenada das instituições integrantes do sistema de justiça.

Desenvolver protocolos e a formação dos policiais para atuarem de acordo com princípios de direitos humanos, respeito à diversidade e como agentes de prote-ção da vida.

Adotar políticas e programas de prevenção das mortes violentas na adolescência e de produção de informações mais precisas sobre quantos e quem são os ado-lescentes assassinados.

PARA O EXECUTIVO ESTADUALElaborar e implementar planos estaduais de redução de mortes violentas na ado-lescência, atuando em parceria com iniciativas municipais adotadas nessa direção.

Desenvolver estratégias para proteger o direito à vida e diminuir o número de homicídios de adolescentes e jovens, com ações de prevenção para reduzir a vulnerabilidade desse segmento populacional a situações de violência, em uma ação pactuada com o governo federal e os governos municipais, com especial atenção para os adolescentes negros, moradores das periferias dos grandes centros urbanos.

Adotar programas específicos ou aderir às políticas públicas federais de preven-ção à violência, que devem incluir iniciativas como campanhas sobre essa ques-tão; e realização de projetos inovadores de educação sexual e de prevenção à violência de gênero e em razão da orientação sexual.

Elaborar e implementar os Planos Estaduais de Atendimento Socioeducativo. Es-ses instrumentos devem seguir os termos da Lei 12.594/2012, que instituiu o Sis-tema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase), regulamentando a exe-cução das medidas destinadas aos adolescentes que cometem atos infracionais.

Assegurar que nenhum homicídio no qual a vítima seja um adolescente ou jovem fique sem um inquérito policial, capaz de determinar a autoria do crime, como forma de reduzir a impunidade.

PARA O LEGISLATIVOPriorizar, no Orçamento, a destinação de recursos para políticas públicas de pre-venção e redução da violência, particularmente a letal, de crianças, adolescentes e jovens, opondo-se a cortes de verbas e contingenciamento.

Aprovar o PL 4471/2012, que altera o Código de Processo Penal e exige a inves-tigação de todas as mortes e lesões corporais decorrentes do uso da força por agentes do Estado.

COMPROMISSO 3

O BRASIL Éo segundo paísno mundo em

NÚMERO DE HOMICÍDIOS

de adolescentes,atrás apenas

da Nigéria

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Page 21: Agenda pela infância UNICEF 2015 2018

A CADA HORA, MORRE NO PAÍS UM ADOLESCENTE

VÍTIMA DE HOMICÍDIO.

DE TODOS OS FATORES EXTERNOS,

ESSA É A PRINCIPAL CAUSA DE MORTE

ENTRE ADOLESCENTES.©UNICEF/BRZ/RIPPER

Page 22: Agenda pela infância UNICEF 2015 2018

Garantir o acesso à justiçapara todas as crianças e adolescentes

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4Compromisso

Page 23: Agenda pela infância UNICEF 2015 2018

ContextoNo Brasil, crianças e adolescentes ainda convivem com violações de direitos como violência física, sexual, negligência, trabalho infantil e discriminação. Em 2013, o Disque 100 recebeu mais de 124 mil denúncias de violência contra meni-nos e meninas. Isso significa que 14 casos foram registrados, em média, por hora.

Para garantir e restaurar direitos violados, as instituições do Sistema de Garantia devem estar presentes em todo o País e oferecer condições de trabalho que as permitam atuar em favor dos direitos de meninas e meninos.

A partir da aprovação do Estatuto da Criança e do Adolescente, o País passou a contar com um amplo Sistema de Garantia de Direitos, cujo modelo estabelece uma forte parceria entre o Poder Público e a sociedade civil para dar proteção integral às crianças e aos adolescentes, por meio da Justiça da Infância e Juven-tude, do Ministério Público e da Defensoria Pública. O Estatuto agregou à estrutu-ra de Estado duas novas instâncias: o Conselho de Direitos e o Conselho Tutelar.

Os Conselhos de Direitos têm, entre suas principais atribuições, formular as dire-trizes para as ações de promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e do adolescente em âmbito federal, estadual e municipal, além de fiscalizar as políti-cas públicas voltadas a esse segmento populacional. Já os Conselhos Tutelares são órgãos municipais destinados a zelar pelos direitos da infância e da adoles-cência, podendo denunciar e corrigir distorções nas políticas de atendimento.

Onde estamosEm que pese a importância da atuação complementar de todas as instituições do Sistema de Garantia de Direitos, quando se trata de garantir o acesso à justiça das populações em maior situação de vulnerabilidade, dois atores ganham des-taque: os Conselhos Tutelares e as Defensorias Públicas.

O País conta hoje com 5.084 Conselhos de Direitos, cobrindo 91,4% dos muni-cípios brasileiros. Existem 5.472 Conselhos Tutelares – uma cobertura de 98,3% dos municípios. Já a Defensoria Pública está presente em somente 754 das 2.680 comarcas distribuídas em todo o Brasil. Ainda é elevado o déficit de defensores públicos especializados, com carência desses profissionais nos Núcleos da In-fância e Juventude e nas Varas Especializadas.

Apesar da presença dessas instâncias na grande parte das cidades do País, tais órgãos enfrentam desafios comuns: a universalização do atendimento, chegando tanto aos grandes centros urbanos quanto aos longínquos e pequenos municí-pios, e a qualificação dos serviços prestados.

5.472CONSELHOSTUTELARES

APENAS7 5 4DEFENSORIASP Ú B L I C A SPRESENTES EM

2.680C O M A R C A S

4

23

Page 24: Agenda pela infância UNICEF 2015 2018

Aonde queremos chegarPara garantir o acesso à justiça a todas as crianças e adolescentes, é fundamental fortalecer o Sistema de Garantia de Direitos, por meio da expansão, da equipa-gem e da qualificação dos Conselhos Tutelares e das Defensorias Públicas como forma de assegurar o acesso à justiça, especialmente das populações mais vul-neráveis. Para atingir esses objetivos, o UNICEF destaca as seguintes propostas:

PARA O EXECUTIVO FEDERALGarantir a utilização da infraestrutura eleitoral existente e o apoio técnico e finan-ceiro para qualificar a primeira eleição nacional unificada de conselheiros tutela-res, a realizar-se em outubro de 2015.

Consolidar uma política de formação continuada dos conselheiros tutelares nas escolas de conselhos para que sua atuação seja fundada na proteção e na defe-sa intransigente dos direitos das crianças e dos adolescentes.

Apoiar os grandes centros urbanos na ampliação do número de Conselhos Tute-lares, para que eles sejam criados na proporção adequada às suas populações.

Dar apoio financeiro e técnico aos municípios para garantir que os Conselhos Tutelares tenham infraestrutura adequada e equipes qualificadas em número su-ficiente para atender às demandas locais.

PARA O EXECUTIVO ESTADUALOferecer apoio financeiro e técnico dos governos estaduais à ampliação do nú-mero de núcleos especializados em infância e adolescência dentro das Defenso-rias Públicas, além de oferta de infraestrutura física e equipe multidisciplinar, para viabilizar a expansão e a qualificação dos serviços.

Investir em programas de qualificação e formação dos conselheiros tutelares, além de ajudar os municípios na dotação de infraestrutura adequada para essas instâncias.

Dar apoio logístico, financeiro e técnico à realização das eleições unificadas dos Conselhos Tutelares, em parceria com o Executivo Federal.

Apoiar os grandes centros urbanos na ampliação do número de Conselhos Tute-lares, para que eles sejam em número compatível com suas populações.

PARA O LEGISLATIVOAprovar emendas orçamentárias para melhorar a infraestrutura dos Conselhos Tutelares e investir na formação continuada dos conselheiros.

Aprovar emendas orçamentárias para promover a ampliação do número de Con-selhos Tutelares e núcleos especializados em infância e adolescência, para ex-pandir e qualificar a atuação das Defensorias Públicas em todo o País, melhoran-do a infraestrutura desses órgãos e a formação de suas equipes.

14 denúncias

de violênciaPOR HORA

registradas pelo Disque 100

(2013)

COMPROMISSO 4

24

Page 25: Agenda pela infância UNICEF 2015 2018

CONSELHOS TUTELARES e DEFENSORIAS são essenciais

à defesa dos direitosde crianças e adolescentes.

Esses órgãosENFRENTAM DESAFIOS COMUNS,

tais como a universalizaçãodo atendimento e a

especialização dos serviçospara atender às demandas

específicas do PÚBLICO

COM MENOS DE 18 ANOS de idade.

©UNICEF/BRZ/RIPPER

Page 26: Agenda pela infância UNICEF 2015 2018

Assegurar que adolescentes e jovens participem da vida democrática do País. Garantir que eles possam opinar, avaliar e se envolver nas decisões relativas às políticas públicas de garantia de seus direitos

©UNI

CEF/

BRZ/

RATA

O DI

NIZ

5Compromisso

Page 27: Agenda pela infância UNICEF 2015 2018

ContextoO Brasil vive um momento especial de transição de uma população com signifi-cativa participação percentual de adolescentes (11% do total) para uma popu-lação que tende a ter maior proporção de adultos. Por isso, a participação de adolescentes e jovens e o seu papel na sociedade vêm se tornando um tema de discussão e aprofundamento no Brasil. Existe, em diferentes setores dos go-vernos, das organizações da sociedade civil, das instituições e dos movimentos sociais, uma expectativa de que eles exercitem seu direito de participação e con-tribuam desde cedo para a construção de um mundo melhor.

Nas últimas duas décadas, o Brasil estabeleceu normativas relevantes que visam, entre outros aspectos, garantir essa participação. Entre esses instru-mentos, destacam-se a Constituição de 1988; o Estatuto da Criança e do Ado-lescente, que valoriza a participação e consagra uma visão de crianças e ado-lescentes como sujeitos de direitos; o Estatuto da Juventude, que estabelece direitos e responsabilidades; e a lei eleitoral, que confere o direito de votar aos adolescentes de 16 e 17 anos, além de ter aprovado uma Política Nacional de Participação Social.

Onde estamosAdolescentes e jovens têm participado das conferências municipais, estaduais e nacionais dos direitos da criança. Estão presentes também na Conferência Na-cional da Juventude. Os grêmios estudantis e os conselhos escolares asseguram a participação dos estudantes, mas não estão presentes na maioria das escolas.

Há ainda redes de adolescentes pelo esporte, pelo meio ambiente, para a pre-venção do HIV, contra a violência, pelos direitos dos indígenas, pela igualdade de gênero e em defesa de outras questões importantes. A participação eleitoral de adolescentes de 16 e 17 anos é mais forte nas disputas municipais, mas é menor nas eleições gerais.

Enquanto em 2012, 2.913.789 adolescentes de 16 e 17 anos, isto é, 41,22% dos adolescentes dessa faixa etária, se cadastraram para votar, em 2014 esse nú-mero caiu para 1.158.707, isto é, cerca de 16% do total. Esse dado revela a necessidade de um diálogo maior com esse público e de novas estratégias de participação. Falta ainda ao Brasil uma cultura de ouvir os adolescentes de uma forma mais sistemática e cotidiana no âmbito de instituições importantes para o seu dia a dia e de levar sua opinião em conta nos processos de discussão e elaboração das políticas públicas.

Adolescentesde 16 E 17 ANOS

cadastrados para

participarDAS ELEIÇÕES

2004 36%

2006 37%

2008 43%

2010 18%

2012 43%

2014 16%

5

27

Page 28: Agenda pela infância UNICEF 2015 2018

Aonde queremos chegar É importante assegurar que adolescentes e jovens tenham garantido seu direito à participação cidadã, como uma oportunidade de desenvolvimento e contribuição com o País para a superação de suas vulnerabilidades. Para que se alcance esse objetivo, o UNICEF propõe as seguintes medidas:

PARA O EXECUTIVO FEDERALGarantir, por meio de recursos orçamentários e mecanismos de gestão nos minis-térios, a implementação de programas de formação de lideranças e participação de adolescentes nos debates sobre as políticas de saúde, educação, desenvol-vimento social, segurança pública e outras.

Difundir informação sobre políticas e programas existentes que fomentam a par-ticipação de adolescentes, além de capacitar gestores estaduais e municipais sobre como colocar em prática tais ações.

Desenvolver materiais de comunicação em linguagem acessível para adoles-centes sobre políticas públicas que impactam diretamente a sua vida, em áreas como saúde sexual e reprodutiva, saúde mental, ensino médio, enfrentamento do racismo, da homofobia e outras formas de discriminação.

Implementar processos de escuta das demandas dos adolescentes nos princi-pais programas de governo, contemplando os grupos mais vulneráveis, levando realmente em consideração suas reivindicações.

Promover espaços de diálogo e valorização da cultura e da identidade de ado-lescentes e jovens indígenas para enfrentar situações de alta gravidade como a violência e os suicídios.

PARA O EXECUTIVO ESTADUALFomentar a participação dos adolescentes, como representantes da sociedade civil, nos Conselhos Estaduais de áreas como educação, saúde, desenvolvimen-to social, direitos das crianças e dos adolescentes, combate às drogas e outras.

Fortalecer os grêmios escolares.

Promover parcerias das escolas com os Tribunais Regionais Eleitorais para de-bater o exercício do direito ao voto e promover a participação dos adolescentes de 16 e 17 anos nas eleições.

Desenvolver mecanismos criativos e flexíveis que permitam a adolescentes e jo-vens levar adiante suas iniciativas de mobilização, de construção de redes pre-senciais e virtuais.

PARA O LEGISLATIVOAmpliar a divulgação de programas de participação de adolescentes já existen-tes no Parlamento, promovendo audiências públicas e outras formas de partici-pação direta dos próprios adolescentes e jovens.

Fortalecer a Frente Parlamentar pelos Direitos da Infância e da Adolescência com foco no tema da participação de adolescentes.

Apoiar e disseminar iniciativas de formação de adolescentes sobre Orçamento Público e ação parlamentar.

A PARTICIPAÇÃO ELEITORAL de

adolescentes de 16 e 17 anos

é MAIS FORTE nas disputas

municipais, mas é menor nas

eleições gerais

COMPROMISSO 5

28

Page 29: Agenda pela infância UNICEF 2015 2018

OS 21 milhões DE adolescentes brasileiros

DEVEM PARTICIPAR AGORA.

As oportunidades de educação, participação

e desenvolvimentoDEVEM SER CRIADAS HOJE

ou então o País vai perdera grande oportunidade

de sua história.©UNICEF/BRZ/RIPPER

Page 30: Agenda pela infância UNICEF 2015 2018

Reduzir o número de cesáreas desnecessárias,com campanhas de sensibilização dos pais, das famílias e dos profissionais de saúde

©UNI

CEF/

BRZ/

RIPP

ER

6Compromisso

Page 31: Agenda pela infância UNICEF 2015 2018

ContextoO Brasil conseguiu significativos avanços na área da saúde materno-infantil. Entre 1990 e 2012, a taxa de mortalidade de menores de 5 anos caiu 68,5% em virtude de uma combinação de estratégias. Foram realizados programas de atenção pri-mária à saúde, melhorias no saneamento básico, incentivo ao aleitamento mater-no, ações para aumentar o número das consultas no pré-natal, expansão do siste-ma de imunização, além de iniciativas de proteção social e transferência de renda.

Permanecem, porém, os desafios de reduzir a mortalidade materna e a mortalida-de neonatal. A mortalidade materna teve uma queda de 56% desde 1990, passan-do de 140 para 61,5 mortes por 100 mil partos de bebês nascidos vivos, segundo estimativas de 2012. Mas essa taxa ainda é uma das maiores do planeta. Em 2012, 70% das mortes de crianças menores de 1 ano acontecem nos primeiros 27 dias de vida. Desse total, 52,6% estão concentradas nos primeiros seis dias.

Onde estamosSegundo dados do Ministério da Saúde, de 2012, as cesarianas respondem por 56% dos partos no País. É a maior prevalência do mundo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelece que as indicações para o parto operatório, com base em evidências científicas, devem chegar a, no máximo, 15% dos procedimentos realizados.

A cesariana, quando necessária, pode salvar a vida da mãe e do bebê. No entan-to, segundo os especialistas, quando é realizada sem necessidade, pode aumen-tar riscos de infecções, hemorragia e danos a órgãos internos da mãe, causando até a mortalidade materna. O estudo “Morte materna no século 21”, publicado em 2008 no periódico American Journal of Obstetrics and Ginecology, analisou 1,46 milhão de partos e encontrou um risco de óbito dez vezes maior para a gestante em cesarianas. Enquanto a taxa de morte em partos normais foi de 0,2 para 100 mil, no caso das cesáreas chegou a 2,2 por 100 mil.

Na década de 1970, a cesariana era realizada em apenas 15% dos partos. Se comparado ao ano de 2012, esse aumento foi de 273%: uma verdadeira epide-mia. As regiões com um maior percentual de partos operatórios são Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Um estudo da Universidade de Pelotas, apoiado pelo Ministério da Saúde e pelo UNICEF, revela que a cesariana é mais frequente em mulheres de alta escolaridade e de maior renda.

Outra questão que pode estar ligada ao exponencial crescimento de cesáreas é o aumento da prematuridade, já que a idade gestacional não pode ser calculada com precisão. Isso faz com que nascimentos ocorram muito antes do recomen-dado, trazendo uma série de riscos para o bebê, especialmente doenças respira-tórias e dificuldade de mamar. Ele também deixa de se beneficiar do contato com hormônios que são liberados apenas em certos estágios do trabalho de parto. O Brasil tem uma taxa de 12% de prematuros, uma das maiores do mundo. A prematuridade, no País, é a maior causa de morte de crianças nos primeiros 27 dias de vida.

ANO DO NASCIMENTO

%POR CESÁREAS

1994 321995 401996 401997 401998 381999 372000 382001 382002 392003 402004 422005 432006 452007 462008 482009 502010 522011 542012 56

BRASILNASCIDOS VIVOS

1994-2012

FONTEMS/SVS/DASIS – Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos – Sinasc

6

31

Page 32: Agenda pela infância UNICEF 2015 2018

Aonde queremos chegar O Brasil deve assumir o compromisso de reduzir o alto número de cesarianas, alertando a população sobre os riscos que o abuso desse tipo de procedimento pode trazer para a saúde da mãe e do bebê. O UNICEF apresenta algumas pro-postas para que se alcance esse objetivo:

PARA O EXECUTIVO FEDERALPromover iniciativas, estratégias e campanhas de conscientização permanentes sobre os riscos da realização de cesáreas desnecessárias, com coordenação do Ministério da Saúde. Tais ações devem ser voltadas para as famílias, os profissio-nais de saúde, em especial, os médicos, destacando os perigos desse tipo de operação, quando não é recomendada. Entre eles, a prematuridade do bebê e a morte materna.

Realizar campanhas permanentes de conscientização dos estudantes de Medi-cina, capazes de mudar mentalidades e atitudes em relação à cesariana. Essa ação deve envolver também o Ministério da Educação.

PARA O EXECUTIVO ESTADUALPromover iniciativas, estratégias e campanhas de conscientização sobre os ris-cos das cesáreas desnecessárias, incentivando o parto natural e humanizado. O compromisso precisa ser claro com toda a sociedade, as famílias e os profissio-nais de saúde, em especial, os médicos.

Envolver as universidades estaduais nessas ações, com debates, nos cursos de Medicina, sobre o tema, para modificar a cultura que prioriza a cesariana.

PARA O LEGISLATIVOIncorporar, no Estatuto da Criança e do Adolescente, todas as portarias do Siste-ma Único de Saúde que versam sobre o parto natural e humanizado. É importante que essas normativas do SUS tenham a força da lei.

O Brasil é RECORDISTA MUNDIAL

no número de CESARIANAS.

SEGUNDO ESPECIALISTAS, uma das dificuldadesna redução da mortalidade materna

no País está relacionada coma alta incidência desse TIPO DE PARTO.

COMPROMISSO 6

32

Page 33: Agenda pela infância UNICEF 2015 2018

56%dos partos no Brasil,

EM 2012,foram cesarianas.

©UNICEF/BRZ/RAFAEL ALVES 33

Page 34: Agenda pela infância UNICEF 2015 2018

Garantir a atenção humanizada e especializada para adolescentes e jovens nos serviços de saúde, com ênfase na prevenção da gravidez na adolescência,das DSTs, do HIV/aids e das hepatites virais

©UNI

CEF/

BRZ/

ALEX

ANDR

A MA

RTIN

S

7Compromisso

Page 35: Agenda pela infância UNICEF 2015 2018

ContextoOs primeiros casos de aids no Brasil foram identificados no início da década de 1980, tendo como vítimas, predominantemente, homens que faziam sexo com outros homens (HSH), usuários de drogas injetáveis e hemofílicos. O País tornou-se referência global por assegurar o acesso universal à prevenção, ao tratamento e à assistência às pessoas vivendo, numa perspectiva de atenção integral. Pas-sados 30 anos, o cenário no Brasil é de uma epidemia estável e concentrada em alguns subgrupos populacionais em situação de vulnerabilidade.

De acordo com o último Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, de 2012, foram notificados nos sistemas de monitoramento 656.701 casos de aids, acu-mulados de 1980 a junho de 2012, sendo 64,9% no sexo masculino e 35,1% no sexo feminino. A taxa de prevalência da infecção pelo HIV, na população de 15 a 49 anos, mantém-se estável em 0,6% desde 2004, sendo 0,4% entre mulheres e 0,8% entre homens.

Onde estamosApesar dos avanços, a taxa de prevalência da infecção pelo HIV na população jovem apresenta tendência de aumento. Em 2011, foram registrados 3.755 casos de aids em jovens de 15 a 24 anos. Nos últimos 10 anos, observa-se um incre-mento de 15% na proporção de casos em homossexuais e bissexuais e de 8% em heterossexuais.

Segundo o Boletim Epidemiológico HIV-AIDS de 2013, do Ministério da Saúde, em 2012, no Brasil, a taxa de detecção de casos de aids em homens de 15 a 24 anos foi de 15,1 por 100 mil habitantes e de 8,6 em mulheres. Desde 2008, o nú-mero de casos de aids em homens jovens tem aumentado em maior velocidade do que entre as mulheres. Em 2012, havia 1,9 caso em homens para cada caso em mulheres. Na última década, no Brasil, verificou-se um aumento de 67,8% na taxa de detecção de casos de aids em jovens do sexo masculino e uma redução de 12,2% entre as jovens do sexo feminino.

7Ta

xa de

detec

ção (

x100

mil h

ab.)

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

Ano de diagnóstico

20

15

10

5

0

Taxa de detecção de aids em jovens de 15 a 24 anos de idade por regiãode residência e ano de diagnóstico. Brasil, 2003 a 2012

Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Fonte: MS/SVS/Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais.Nota: (1) Casos notifi cados no Sinan e Siscel/Siclom até 30/06/2013 e no SIM de 2000 até 2012.

35

Page 36: Agenda pela infância UNICEF 2015 2018

Outra questão que preocupa é a gravidez na adolescência. Os dados desagre-gados do Sistema de Nascidos Vivos (Sinasc), do Ministério da Saúde, apontam para a necessidade de reforçar políticas públicas mais efetivas para prevenir a gestação na adolescência. Números de 2011 mostram que um em cada quatro partos nas instituições públicas de saúde envolve mães adolescentes. É impor-tante alertar para o fato de que 15% das mortes maternas são de adolescentes.

Os dados também revelam que, do total de nascidos vivos em 2012, 1% (ou seja, 28.238) eram crianças cujas mães tinham menos que 15 anos. Os maiores per-centuais foram encontrados nas Regiões Norte e Nordeste do País.

Todas essas situações estão relacionadas aos direitos sexuais e reprodutivos dos nossos adolescentes e jovens. Muitas vezes, eles enfrentam preconceito e barreiras culturais quando precisam de atenção à saúde. Poucos procuram ou frequentam os serviços de saúde.

ADOLESCENTES E JOVENS encontram,muitas vezes, barreiras e preconceitosna hora de procurar um serviço de saúde.

COMPROMISSO 7

Taxa

de de

tecçã

o (x1

00mi

l hab

.)

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

Ano de diagnóstico

16141210

86420

Taxa de detecção de aids em jovens de 15 a 24 anos de idadepor sexo e razão de sexos. Brasil, 2003 a 2012

Taxa de detecção de aids em jovens de 15 a 24 anos de idadepor sexo e razão de sexos. Brasil, 2003 a 2012

0,9 0,9 0,9 1,01,0

1,2 1,31,5

1,71,9

Masculino Feminino

Razão de sexos (M:F)

Fonte: MS/SVS/Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais.Nota: (1) Casos notifi cados no Sinan e Siscel/Siclom até 30/06/2013 e no SIM de 2000 até 2012.

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Page 37: Agenda pela infância UNICEF 2015 2018

DAÍ A IMPORTÂNCIA de se criar núcleos especializados e equipes qualificadas no atendimento DESSE SEGMENTO populacional

Aonde queremos chegarO Brasil precisa olhar, com mais atenção, para a saúde de seus adolescentes e jovens, principalmente no que diz respeito aos direitos sexuais e reprodutivos. O UNICEF propõe algumas ações para melhorar esse atendimento:

PARA O EXECUTIVO FEDERALCriar, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), unidades de saúde huma-nizadas e preparadas para acolher adolescentes, garantindo o direito à saúde integral, respeitando as questões de gênero, de identidade e orientação sexual.

Capacitar equipes de profissionais, no Sistema Único de Saúde (SUS), para que possam atender a população jovem com mais cuidado, respeitando suas espe-cificidades.

Retomar, nas escolas, as ações de prevenção da gravidez na adolescência, das DSTs/aids, das hepatites virais e do envolvimento com drogas.

Promover campanhas nas escolas sobre direitos sexuais e reprodutivos.

PARA O EXECUTIVO ESTADUALApoiar os municípios para que tenham serviços especiais de atendimento à saú-de dos adolescentes e jovens, com equipes preparadas para essa atenção.

Promover campanhas nas escolas e nas comunidades sobre direitos sexuais e reprodutivos.

Adotar, em parceria com o governo federal, ações de prevenção da gravidez na adolescência, das DSTs/aids, hepatites virais e drogas nas escolas.

Capacitar, em parceria com o governo federal, equipes de profissionais, no SUS, para que possam atender a população jovem com mais cuidado, respeitando suas especificidades.

PARA O LEGISLATIVOAprovar recursos no Orçamento para programas específicos de saúde do ado-lescente.

Criar legislação que obrigue a realização de ações e campanhas sobre os direi-tos sexuais e reprodutivos para a população de adolescentes e jovens.

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O UNICEF e a garantiados direitos da infânciae da adolescência no BrasilAo longo das últimas décadas, o Brasil fez grandes avanços na promoção e na garantia dos direitos de meninas e meninos brasileiros. Presente no País desde 1950, a trajetória do UNICEF se confunde com essa história. O UNICEF tem participado de importantes iniciati-vas como a da merenda escolar, a partir de 1954, e a celebração do Ano Internacional da Criança, em 1979, que deu início à chamada Década dos Direitos. Naquele período, milhões de meninos e meninas aprenderam os princípios da Declaração dos Direitos da Criança, publicados em seus cadernos escolares.

Nos anos 1980, o UNICEF ajudou a impulsionar campanhas de aleitamento materno e as primeiras iniciativas nacionais de vacinação contra a poliomielite. Em 1983, inspirou a cria-ção da Pastoral da Criança, um projeto que revolucionou a forma de atenção básica à saúde infantil no Brasil. Em meados daquela década, também liderou as campanhas pelo uso do soro caseiro e ajudou a reduzir a mortalidade de crianças. Em 1986, no auge do processo de redemocratização do País, lançou a iniciativa Criança Constituinte. O apelo era para que os brasileiros votassem em candidatos comprometidos com as causas da infância e da adolescência.

O Brasil incorporou de forma pioneira o tema dos direitos de crianças e adolescentes. Apro-vou, em 1988, o artigo 227 na Constituição Federal, e ratificou, em 1989, a Convenção sobre os Direitos da Criança. Em 1990, outro passo decisivo foi dado com a promulgação do Esta-tuto da Criança e do Adolescente, legislação que se tornou referência mundial.

O UNICEF participou da mobilização que tornou possível a aprovação do artigo que mudou o marco legal dos direitos de meninas e meninos no País e orgulha-se ter participado e faci-litado o processo de debate, redação e aprovação do Estatuto.

A década de 1990 foi dedicada a instituir no País um sistema de garantia de direitos e pro-teção de crianças e adolescentes. Nos anos 2000, o UNICEF consolidou a cooperação com o Brasil desenvolvendo políticas e programas para assegurar os direitos de cada criança brasileira a sobreviver e a desenvolver-se plenamente. Participou de iniciativas voltadas a garantir às crianças e aos adolescentes os direitos de aprender, de proteger-se e ser prote-gido do HIV, de crescer sem violência e de ser respeitados em sua identidade étnica e racial e de gênero.

O UNICEF também apoiou ações para a promoção da participação cidadã dos adolescentes e jovens. A organização identificou a adolescência como uma importante fase do desenvolvi-mento humano, propondo políticas públicas para que o Brasil avance na missão de garantir o direito de ser adolescente, consolidando, assim, os investimentos feitos na primeira déca-da de vida.

Não há dúvidas de que o Brasil realizou conquistas importantes na área da infância e adoles-cência. Mas este é um momento único para avaliar os progressos e propor uma nova agenda para o País, visando ao pleno desenvolvimento de suas crianças e seus adolescentes.

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©UNICEF/BRZ/DIEGO ROCHA

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