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EMARC - URUÇUCA outubro de 2005 Agenda MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira 27 a SEMANA DO FAZENDEIRO

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EMARC - URUÇUCA

outubro de 2005

Agenda

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTOComissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira

27a SEMANA DO FAZENDEIRO

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Endereço para correspondência:

CEPLAC/CENEX/EMARC

Rua Dr. João Nascimento, s/n

45680-000 Uruçuca, Bahia, Brasil

Telefone: (73) 239 -2121

Fax: (73) 239 - 2221

Tiragem: 3000 exemplares

633.74063S4712005

SEMANA DO FAZENDEIRO, 27a, Uruçuca, 2005. Agenda. Uruçuca, CEPLAC/CENEX/EMARC. 332p.

1. Theobroma cacao - Encontro. 2. Agricultura - Encontro. 3. Pecuária - Encontro. I. Título

Editor: Miguel Antonio Moreno-Ruiz

Editoras Assistentes: Jacqueline C.C. do Amaral e Selenê Cristina BadaróEditoração eletrônica: Jacqueline C.C. do Amaral e Selenê Cristina Badaró

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Apresentação

A Semana do Fazendeiro emerge para o cenário da agropecuária baiana,regiões de atuação da CEPLAC, no transcurso dos anos 60. Trata-se deevento voltado para o debate das questões atinentes à dinamização dasatividades agroeconômicas, mais especificamente as dimensões social,econômica, política, ambiental e tecnológica.

Desde quando se articulam estes encontros constata-se a aplicaçãodo primado da articulação e interação entre agricultores, trabalhadores,pesquisadores, extensionistas e empresários vinculados às áreas afins,conjunto que responde pela cristalização das idéias, concepções,conhecimentos e experiências explicitadas nas palestras e reuniões queintegram o conclave.

Ressalta-se que as temáticas em discussão sintonizam-se com aperspectiva, sentimento ou imaginário do público alvo, assim sendo, abordaassuntos pertinentes a agroecologia, relações de intercâmbio e trabalho,recursos naturais renováveis, aspectos tecnológicos (cacauicultura,apicultura, clonagem, palmiteiros, piscicultura, bovinocultura e outros),administração rural, política de crédito, desenvolvimento sustentável eagroindustrialização. Portanto, o evento tem por lema: agregar valor àprodução para melhorar a qualidade de vida.

O CENEX/CEPLAC propõe-se a entabular profícuo debate entre osatores sociais que controlam os meios de produção, gerenciam,administram, executam, pesquisam, orientam, capacitam ou interferemna lógica dos agronegócios. Além desta vertente busca-se também apontarsoluções para os graves problemas que afligem ou conturbam o ambientede atuação do Órgão no Estado da Bahia.

Por fim, visa-se com a efeméride promover a revisão e adoção deatitudes que redundem na construção do desenvolvimento agrosilvipastorilem bases sustentáveis, centrado nos preceitos que encadeiam aharmonização das relações homem, trabalho e natureza. Tais premissaspressupõem a inclusão social, geração de emprego e renda, reduçãodas desigualdades, segurança alimentar, resgate da cidadania efortalecimento da democracia.

Comissâo Organizadora

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Objetivos

♦ Promover a integração e intercâmbio entre produtores rurais,expositores, estudantes, agroindustriais, técnicos e demais participantes;

♦ Difundir as modernas tecnologias e conhecimentos disponibilizadospara o desenvolvimento dos agronegócios;

♦ Incentivar o desenvolvimento da verticalização da produção comoagregadora de valor (renda) ao setor primário;

♦ Debater as novas técnicas de enxertia e manejo integrado decacaueiros clonados que devem ser adotadas;

♦ Discutir e recomendar a diversificação agropecuária como atividadelucrativa e alternativa para a região cacaueira;

♦ Ensejar a utilização correta dos recursos naturais renováveis, atravésdo entendimento da importância destes fatores para a vida em equilíbrio;

♦ Apresentar as vantagens da agroindustrialização como suporte paraa diversificação agropecuária;

♦ Promover o fortalecimento do associativismo e cooperativismo;

♦ Difundir modelos de agricultura sustentável.

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Índice

♦ Floricultura Tropical no Sul da Bahia

♦ Criação de Avestruz

♦ Sistemas Agroflorestais Alternativos Para o Plantio da Seringueira,Cacaueiro e Culturas Temporárias

♦ Produção orgânica de leite na Mata Atlântica

♦ Aspectos Técnicos da Clonagem do Cacaueiro

♦ Uma Estratégia para Conservação e Desenvolvimento no Contexto Ruralda Região Cacaueira da Bahia

♦ Jardinagem e Paisagismo

♦ Aspectos Conjunturais e Estruturais do Mercado Internacional de Cacau

♦ Produção de Mudas: frutíferas e flores tropicais

♦ Manejo e Conservação do Solo e da Água na Região Cacaueira da Bahia.Aspectos Básicos

♦ Frutiferas Potenciais Para a Região Sul da Bahia

♦ Fertilização do Cacaueiro

♦ Manejo Estratégico da Pastagem

♦ Reserva Legal: Aspectos Legais e Sustentabilidade da Propriedade Rural

♦ Análise-diagnóstico do Processo de Plantio de Mudas de CacueirosPropagadas por Estaquia

♦ Criação Racional de Peixes

♦ Manejo de doenças do cacaueiro

♦ Construção com Solo-Cimento

♦ Perspectivas Agronômicas do Dendê para o Sul da Bahia

♦ O Dendezeiro Como Cultura Energética Para os Trópicos Úmidos

♦ Fertirrigação do cacaueiro no Estado do Espírito Santo

♦ Apicultura comercial

♦ Farinha de Rochas Para os Cultivos Orgânicos ou Não

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♦ Controle Biológico da Vassoura-de-bruxa do Cacaueiro

♦ Produção e Comercialização de Palmito de Pupunha (Bactris gasipaesKunth) in natura No Sistema de Integração da Inaceres Agrícola

♦ Associativismo, Sistemas Agroflorestais e Produção Orgânica:UmaEstratégia para Conservação e Desenvolvimento no Contexto Rural daRegião Cacaueira da Bahia

♦ Ecoturismo e Direito Ambiental: Em Busca da Consolidação doDesenvolvimento Turístico Sustentável

♦ Relação da Qualidade do Cacau no Mercado Atual e no Mundo

♦ A Obtenção de Bezerros de Boa Qualidade e a Produção de Leite

♦ Produção de Frutos dos Palmiteiros Juçara, Pupunha e Açaí

♦ Territórios Rurais Como Unidade de Planejamento das Políticas Públicas

♦ Criação de aves (galinhas) para produção de ovos e carne em sistemade caipira

♦ Programa de Silvicultura com Espécies Arbóreas Nativas e SistemasAgroflorestais Sustentados na Mata AtlÂntica e Floresta Amazônica-PRONATIVA

♦ Perspectivas da Biotecnologia na Cacauicultura

♦ Agricultura de Baixo Uso de Insumos Externos e Agroecologia

♦ Formação Profissional Rural e Promoção Social no Campo

♦ Agricultura Familiar e Desenvolvimento Sustentável

♦ Tecnologia de Aplicação de Agroquímicos

♦ Sistemas Agroflorestais Como Uso Sustentável dos Solos: Conceito eClassificação

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FLORICULTURA TROPICAL NO SUL DA BAHIA

Narciso Bezerra de Freitas *

Considerações iniciais

A floricultura mundial apresenta uma movimentação financeiraanual da ordem de aproximadamente US$ 100 bilhões, com umaárea cultivada de 380.735 hectares. As exportações se encontramem torno de US$ 9,4 bilhões, tendo a Holanda como principalexportador e intermediador mundial, seguido pela Colômbia,Alemanha e Itália.

O Brasil tem inexpressiva participação nas exportações mundiais,contribuindo com pouco mais de 0,2%. No ano de 2003, asexportações atingiram o patamar de US$ 19,4 milhões, sendosuperior ao ano anterior em 30,2% e de 64,1% em relação ao ano2000. Apesar dessa pouca participação, o setor vem crescendo auma taxa acima de 20% ao ano, notadamente nos últimos anos,quando passou a ter o apoio do Ministério da Agricultura, Pecuáriae Abastecimento (MAPA) e de outras instituições e entidadespúblicas e privadas, que vislumbram um futuro promissor para esseimportante segmento do agronegócio. Todas as ações da floriculturanacional estão sob a responsabilidade do Instituto Brasileiro deFloricultura (IBRAFLOR).

Vale salientar que em 23 de dezembro de 2003 foi criada einstalada, no âmbito do Ministério da Agricultura, Pecuária eAbastecimento, a Câmara Setorial Nacional de Floricultura,objetivando identificar os gargalos do setor, tais como comercialização,definições de linhas de pesquisas, padronização, legislação, entre

* Engenheiro Agrônomo, MSc. em Agronomia/Fitotecnia, Fiscal Federal Agropecuário doMinistério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

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outros, e buscar soluções junto aos órgãos e entidades competentes,para definir planejamentos estratégicos que venham a implementaro desenvolvimento da floricultura em todo o país, respeitando ascaracterísticas e tendências de cada região.

A área cultivada com floricultura no Brasil está estimada em 5,2mil hectares, onde trabalham em torno de 4.000 produtores,abrangendo 304 municípios, organizados em 12 pólos de produção.O tamanho médio das propriedade é de 3,5 hectares, agregandoem média quatro trabalhadores para cada hectare cultivado. Oestado de São Paulo é responsável por aproximadamente 75% daprodução nacional.

O Brasil é um país que tem o privilégio de ter um grande mercadointerno, o qual apresenta uma movimentação financeira da ordemde US$ 750 milhões, com 28 centros atacadistas, aproximadamente800 agentes atacadistas e 18.000 pontos de vendas. Nesse grandemercado os produtos estão assim distribuídos: 50% para flores emvasos, 40% para flores de corte e 10% para plantas ornamentais.

A geração de empregos é intensa, face à grande necessidadedo setor, totalizando 120 mil pessoas em toda a cadeia produtiva,sendo 58 mil na produção, 4 mil na distribuição, 51 mil no comérciovarejista e 7 mil no segmento de apoio.

O IBRAFLOR instituiu no ano de 2000 o Programa Brasileiro deExportação de Flores e Plantas Ornamentais (Flora Brasilis),objetivando implementar ações para o incremento das exportaçõesinternacionais. Para o mercado interno foi recentemente criado oProjeto Pólen, que tem como objetivo aumentar as vendas de florese plantas ornamentais, iniciado experimentalmente em São Paulo,e devendo-se estender para todo os país.

As oportunidades de crescimento das exportações brasileiras sãomuitas, tendo em vista a oferta de produtos considerados exóticose diferenciados, grande diversidade edafoclimática, com excelenteaptidão para a produção de flores e plantas ornamentais tradicionaise tropicais. Aliado a esses fatores, a mão-de-obra é de baixo custorelativo.

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Apesar das perspectivas de crescimento das exportações,algumas limitações se apresentam e que necessitam ser superadas.De forma genérica tem-se: baixo consumo (US$ 4,70 per capita),cadeia produtiva pouco profissional e exportações irrelevantes. Maisespecificamente tem-se: burocracia nas exportações, complexidadedas exigências fitossanitárias, falta de padronização de produtos eembalagens, crédito insuficiente, falta de segurança nas operaçõescomerciais, infra-estrutura de apoio deficiente, irregularidade naoferta de produtos de qualidade, fretes aéreos muito caros e faltade uma cultura exportadora.

Os problemas existem, já foram detectados e estão sendoenvidados todos os esforços possíveis para canalização de soluçõese o IBRAFLOR tem avançado de forma célere em suas ações, agoracom apoio das instituições públicas e privadas afetas direta ouindiretamente ao setor.

Características edafoclimáticas da Região Cacaueira

A região cacaueira baiana apresenta relevo desde planícieslitorâneas a morros com fortes ondulações, formada por solos desdearenosos de baixa fertilidade natural até argilosos, tendo nesse meioos solos do tipo CEPEC, que apresentam grande fertilidade natural.A cobertura vegetal é remanescente da Mata Atlântica, aindapreservada pela necessidade de sombreamento natural requeridopela cultura do cacau. O clima varia do tropical ao sub-tropical, comtemperaturas médias de 25 a 27º C, luminosidade superior a 1.500horas de luz/ano, umidade relativa do ar média de 70% e precipitaçãopluviométrica superior aos 1.200 milímetros anuais, com excelentedistribuição ao longo do ano.

A localização geográfica da região cacaueira baiana é excelenteem relação aos mercados do Centro-Sul do Brasil e europeu, alémda infra-estrutura existente para os procedimentos de exportação.Complementando a infra-estrutura regional, conta com excelentes

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instituições de pesquisas, ensino e extensão rural, além de porto,aeroporto e malha rodoviária por onde são escoadas as produçõesda agroindústria ali estabelecida.

Sugestões para o desenvolvimento da floricultura tropical naRegião Cacaueira da Bahia

O Estado da Bahia, face à diversidade edafoclimática queapresenta, tem um grande leque de opções para o estabelecimentoda floricultura, tais como flores e folhagens tradicionais e tropicaisde corte, flores e plantas em vaso, mudas de plantas ornamentais,forrações e gramas. No caso específico da região cacaueira, ascaracterísticas de clima e solo existentes atendem perfeitamenteaos requerimentos para a produção de flores e folhagens tropicais,muitas das quais já existem vegetando de forma nativa entre oscacaueiros, apresentando excelente qualidade.

As plantas que produzem flores tropicais são originárias dasflorestas úmidas das regiões tropicais e sub-tropicais do planeta.Dessa forma, os locais quentes e úmidos são os mais indicados,onde as temperaturas variam entre 21º e 35º C, e a umidade relativado ar varia entre 60% e 80%.

Os solos ideais para o seu cultivo devem ser ligeiramente ácidos,com pH entre 4,5 e 6,5, de boa fertilidade natural, textura entre oarenoso e o argilo-arenoso, no entanto, com excelente drenagem.

Por serem espécies nativas das florestas tropicais e sub-tropicaisúmidas, requerem sombreamento em diferentes níveis, a dependerda espécie e/ou variedade, o que é comum na região cacaueirabaiana, face à necessidade imposta pelos cacaueiros para queproduzam satisfatoriamente.

O grande potencial da região cacaueira baiana deve seraproveitado para o estabelecimento da floricultura tropical de formacomercial, que para tanto sugere-se:

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v Identificar, catalogar e multiplicar espécies nativas queapresentam potencial econômico;

v Implantação de um Banco Ativo de Germoplasma e/ou umacoleção com espécies tropicais no Centro de Pesquisas doCacau (CEPEC/CEPLAC);

v Inserir a floricultura de forma ampla nos ensino médio esuperior;

v Implementar um programa de capacitação tecnológica egerencial;

ü Produção de Adubos Orgânicos;ü Tecnologia de Produção em Flores Tropicais;ü Tecnologia de Produção em Folhagens Tropicais;ü Produção de Mudas de Plantas Ornamentais Tropicais;ü Tecnologia de Pós-Colheita em Floricultura Tropical;ü Pragas, Doenças e seus Controles;ü Tecnologia em Embalagem;ü Uso das Flores e Folhagens Tropicais;ü Arte Floral;ü Logística de Transporte e Procedimentos de Exportação;ü Custos no Agronegócio da Floricultura Tropical;ü Marketing e Comercialização;ü Gerenciamento do Agronegócio da Floricultura Tropical;ü Associativismo e Cooperativismo no Agronegócio da

Floricultura Tropical;

v Realizar missões técnicas específicas nacionais einternacionais, para conhecimento e transferência detecnologias, bem como o estabelecimento de intercâmbiostécnico e gerencial com outros estados e países onde jáexistem cadeias produtivas profissionalizadas, cujo apoiopoderá ser evidenciado pelo MAPA, Sebrae/BA, SENAR/BA,agentes financeiros oficiais, SENAC/BA, Federações daAgricultura, do Comércio e da Indústria (FIEBA/CIN/EUROCENTRO), entre outras instituições e entidades públicase/ou privadas afetas ao setor;

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v Implementação de um programa de pesquisas nos diversossegmentos da cadeia produtiva da floricultura;

v Incentivar o consumo de flores, folhagens e plantas ornamentaistropicais;

v Realizar eventos específicos em locais estratégicos de muitamovimentação de pessoas, com vistas à popularização dasflores e folhagens tropicais, divulgando as espécies emostrando as suas diferentes formas de uso;

v Adequar o Imposto sobre Circulação de Mercadorias eServiços (ICMS) para ajudar os floricultores na produção eescoamento do produto final, evitando a penalização comvalores elevados de impostos;

v Implementar o crédito especializado nos agentes financeirospara o segmento de flores e folhagens tropicais, com taxasespecíficas e fixas, estabelecendo carência mínima de doisanos, quando a maioria das espécies de flores e folhagenstropicais inicia a estabilidade produtiva;

v Estimular a introdução de novas espécies tropicais de flores efolhagens, para aumentar a base genética e a oferta de novosprodutos;

v Estimular o associativismo e o cooperativismo.

Floricultura tropical

A floricultura é o segmento do agronegócio que apresenta maiorretorno financeiro em menor tempo, tendo em vista que a média parainício da produção é de apenas quatro meses.

Compreendem a floricultura os cultivos de flores e folhagens decorte, flores e folhagens em vaso, mudas de plantas ornamentais parapaisagismo, jardinagem, arborização, recomposição florestal,implantação de banco ativo de germoplasma (BAG), cultivo de bonsai(miniaturização de plantas) forrações e gramas.

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A floricultura tropical compreende a produção de flores e folhagensde corte, rizomas e mudas de plantas de espécies naturalmenteoriginárias das regiões encravadas entre os Trópicos de Câncer e deCapricórnio. Para o caso específico das flores tropicais, basicamentese agrupam nas famílias que compõem a Ordem Zingiberales, porémas características comerciais podem variar entre as famílias e atémesmo entre as espécies e/ou variedades. A Ordem Zingiberales écomposta por oito famílias: Musaceae, Heliconiaceae,Zingiberaceae, Lowiaceae, Strelitziaceae, Cannaceae, Costaceaee Marantaceae. Seguem alguns exemplos de espécies por família:

Musaceae - Musa cocinea, M. ornata e M. velutina;Heliconiaceae - Heliconia psittacorum, H. wagneriana, H.

chartacea;Zingiberaceae - Alpinia purpurata, Zingiber spectabilis, Etlingera

elatior;Lowiaceae - Orchydantha sp;Strelitziaceae - Strelitzia reginae, Ravenala madagascariensis;Cannaceae - Canna indica;Costaceae - Costus barbatus, Tapaeinochilos ananassae;Marantaceae - Calathea burle-marxii, C. lutea, C. crotalifera.

A produção comercial de espécies tropicais no Nordeste do Brasilteve início no ano de 1994, logo após a realização de um congressoem novembro de 1993, acontecido na cidade do Recife, Estado dePernambuco, sob a coordenação do Dr. Marcelo Ataíde, quevislumbrou na floricultura tropical um negócio de grande perspectivacomercial, tendo em vista que as condições edafoclimáticas da Zonada Mata de Pernambuco se apresentavam perfeitamente compatíveispara produção dessas espécies tropicais.

No ano de 1994 foram implantados cinco hectares e já no ano de1998 a área de produção registrada era de 35 hectares. Hoje a áreaestimada é de 120 hectares, fazendo de Pernambuco o primeiroprodutor nacional de flores tropicais.

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O Estado da Bahia apresenta um excelente potencial para aprodução em escala comercial para essas espécies tropicais, faceàs características de clima e solo existentes. Uma vez que ogerenciamento desse segmento do agronegócio seja realizado comprofissionalismo e os produtores tenham o apoio das instituições eentidades competentes, sem sombra de dúvidas, a região cacaueirapoderá levar a Bahia ao primeiro lugar na produção de flores efolhagens tropicais do Brasil.

Literatura consultada

Revista Floraculture International - agosto de 2005 - Batavia, Illinois/USA.

Revista de Política Agrícola - Ano XIII, nº 4 - Brasília/DF (out/dez 2004);Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, 74p.

CHAGAS, A. J. C. Floricultura Tropical na Zona da Mata dePernambuco. Recife: SEBRAE/PE, 2.000, 24p. (Empreendedor, 2).

CASTRO, C. E. F. Cadeia Produtiva das Flores e Plantas Ornamentais.Revista Horticultura Ornamental, v.4, nº 1, p 1-6.

CASTRO, C. E. F. Helicônia para Exportação: aspectos técnicos daprodução. Brasília/DF: EMBRAPA-SPI (FRUPEX 16), 1995. 44p.BERRY, F. & KRESS, W. J. Heliconia: An Identification Guide.Washington: Smithsonian Institution, 1991. 334p.

LAMAS, A. M. Floricultura Tropical: técnicas de cultivo. Recife:SEBARE/PE, 2001. 84p.

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Apresentação

O presente trabalho visa prioritariamente promover uma coletâneade informações sobre a Criação de Avestruz, obtidas quando emvisitas a criatórios assistidos tecnicamente pela CEPLAC, pelasdeclarações de outros criadores que tivemos oportunidade decontatar, as informações ilustrativas de alguns criatórios, pioneirosna introdução, com sucesso, desta magnífica ave da Família Ratita(Aves não voadoras).

O contato inicial com a criação ocorreu a partir da busca deAgricultores pôr orientações, sobre essa atividade e, possibilidadede diversificar a pecuária, e as perspectivas desta nova opção.

Introdução

A criação de Avestruz iniciou-se no Brasil a partir dos anos de 95/96, através da importação de diversas matrizes e filhotes (em numerode 300), e face ao aumento vertiginoso de criadores, criou-se ànecessidade de um posicionamento pôr parte das autoridadesfiscalizadoras quanto ao controle sanitário destas criações, levandoa uma suspensão destas importações até a ocorrência de definiçõessobre o adequado controle e suas manifestações na forma de lei

CRIAÇÃO DE AVESTRUZ

* Engenheiro Agrônomo, CEPLAC/CENEX/ Escritório Local de Una.

Eduardo Simões de Oliveira

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específica, passando a ter nova denominação de animal “Silvestre”para animal “Exótico”, o que levaria num futuro próximo àcaracterização de animal “Zootécnico”, enquadrado ao “PlanoNacional de Sanidade Avícola”, e por conseguinte com direito deimportação, desde que atendendo a legislação em vigor.

Histórico e Características

A Avestruz (Struthio Camelus sp.), é de origem Egípcia e depoisdispersando para a África, pertencente à família das “Ratitas” (avesque não apresentam a capacidade de voar), que se caracterizam pôrseu grande porte podendo atingir 2,8 m de altura e pesar acima de150 kg, serem longevas atingindo até 70 anos e uma excelênciareprodutiva em torno de 40 anos, porém nunca perdendo a fertilidade.

O nome Struthio Camelus provém de duas importantes característicasdo avestruz, correr em zigue-zague para escapar de predadores(Struthio) e ser altamente resistente à falta de água (Camelus).

O início do interesse comercial desta ave dista de muito tempo (épocasFaraônica e Romana), visando única e exclusivamente à utilização desuas plumas de características puramente ornamentais (perfeitasimetria e beleza), e as cascas dos ovos para transporte de água quandoem longas travessias no deserto e em face de elevada demanda deplumas no século passado, aconteceu o incentivo para instalação decriações domesticas, e como conseqüência provocou a redução daspopulações naturais e os animais fruto destas criações iniciais de formaextensiva não eram abatidos e sim utilizados para a retirada anual deplumas para posterior exportação para Europa e Estados Unidos.

A débâcle (derrocada financeira) de Wall Street no inicio do séculoXX, provocou uma diminuição da excitabilidade mercadológica dasplumas, levando a uma redução pôr muito tempo, do interesse pelascriações, que só ocorreu após o advento das duas grandes guerras,com a busca pôr uma alimentação alternativa de momento, levando apesquisa a identificar as qualidades positivas da carne de avestruz,que apresenta em relação comparativa com as demais (bovina, suína

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e frango) características bem mais saudáveis de gordura e colesterolalém de sabor similar à da bovina.

Com o descortinar da vantagem, de se consumir a cada vez mais,uma alimentação comprovadamente saudável, iniciada na década desessenta, reiniciou-se os trabalhos em prol do desenvolvimento detecnologias racionais de criação de avestruz (Estrutiocultura), haja vistaa certeza quanto à valorização da carne, o reconhecimento dasqualidades majestosas de seu couro e o retorno da utilização dasplumas já historicamente conhecidas, tudo isto aliado à elevadarelação de rendimento, obtido pôr área deste produto, em nível decriação (produtividade = Kg/ha) propiciando perspectivas ao criador,de auferir interessantes rendimentos, pois toda carne comercializadano presente momento, encontra fácil colocação no mercado, a preçosextremamente compensadores pôr quilo no mercado Mundial, e emrelação ao Brasil o mercado de São Paulo tem se apresentado comopotencial consumidor, o couro cotado em nosso mercado variandoentre R$700,00 a R$ 1.200,00 por unidade processada, sendoutilizado pôr grandes Estilistas no mundo, na confecção de bolsas,sapatos, cintos, casacos e outros, direcionado ao comercio depessoas de elevado poder aquisitivo, e as plumas de reconhecidabeleza e com característica de ser antimagnética, (sua eletrostáticaamplia a capacidade de absorção de poeira, pôr isso limpa totalmenteas superfícies tratadas) comercializadas como adorno e para o fabricode espanadores de pó, com franca utilização na industria de aparelhoselétricos e eletrônicos, variando seus preços entre R$ 10,00 a R$90,00 por quilo a depender da utilização a ser dada.

Outro produto bastante interessante de comercialização, os ovosnão fertilizados vendidos para o fabrico de artesanato, na forma depeças decorativas, atingindo excelente valor.

Raças Comerciais

Definem-se comercialmente três raças:Black Neck – Pescoço Preto mais conhecido como African Black

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é um animal domesticado (Struthio Camelus Domesticus) fruto deseleção empírica feita pêlos sul africanos ao longo dos últimos 150anos.

Red Neck – Pescoço vermelho, é uma ave mais agressiva, quepode chegar a atacar pessoas uma vez se sentindo ameaçada.

Blue Neck – Pescoço Azul, é uma ave também agressiva, não gostado convívio com pessoas nem com outras raças de avestruzes.

A classificação acima esta direcionada a cor da pele dos adultos,porém todas as raças possuem como característica comum, a mesmacoloração de penas, sendo os machos predominantemente pretoscom a extremidade das plumas principais brancas e as fêmeas cinzaamarronzadas.

A raça Black Neck, também chamada de “African Black”, é na verdadeuma raça domesticada, que recebe preferência dos fornecedores deplumas, enquanto a raça Blue Neck, tem como característica principalseu grande porte, sua similaridade com a Red Neck.

Com o interesse crescente pela carne da avestruz, a tendência foio cruzamento entre raças, para a obtenção de um maior peso de abate,surgindo então a raça “Blue Black”, que se apresenta como umamelhoria genética, unificando características positivas de seuselementos paternais (predecessores), tais como maior fertilidade eprecocidade (maior numero de ovos e inicio de postura precoce),docilidade (manejo mais simples), alta densidade de plumas (maiorganho com esta venda).

Sanidade

A característica de elevada rusticidade e longevidade da Avestruz,leva aos pesquisadores pelo seu Histórico evolutivo, a considerar estaave o ser de maior capacidade imunológica do Reino animal,justificando a elevada perenidade de sua raça, bem como a elevadacapacidade de adaptação a uma grande diversidade deecossistemas. O que não implica na falta de cuidados normais ecorriqueiros na condução do manejo de uma criação.

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Medida fundamental para a manutenção da segurança sanitáriareside no total impedimento de criação de outras espécies de avesna área, pois se apresentam como potenciais fontes de transmissãode doenças infecto-contagiosas.

Outras medidas tais como, instalação de reservatórios dehigienização, também chamadas de “Rodolúvios”, na entrada doscriatórios e reservatórios menores, os “Pedilúvios”, na entrada dospiquetes e instalações gerais para higienização dos calçados dosfuncionários e visitantes que adentrem nos mesmos.

Acrescido dos cuidados normais de higiene (acima), deve-sepriorizar sempre o controle da água e dos alimentos servidos, oscuidados quando da introdução de novos animais no plantel, criando-se um esquema de quarentena (mínimo de 04 semanas deisolamento). Na região cacaueira do Sul da Bahia, pelas suascaracterísticas de elevada umidade, evitar toda a possibilidade deformação de alagamentos, poças e similares na área dos piquetes,mantendo sempre uma condição mínima de drenagem. Evitartransportar e manter junto, aves de idades e tamanhos diferentes,precavendo-se contra traumatismos, evitando também o excesso detráfego e visitações no criatório, pois é característica marcante oestresse causado pelas movimentações.

Com relação à sanidade é bom realçar que as vacinações, emavestruzes ainda não é coisa totalmente definida, pois os resultadoslaboratoriais podem acusar vírus patogênico, na amostra vacinal ouamostra patogênica como resultado de exames, levando por tanto, anão ser compulsória no Brasil a vacinação contra Newcastle, contrainfluenza aviária o país não possui vacina, aliais, não existe nenhumregistro de vacina para avestruz e a Febre Hemorrágica CriméiaCongo, que tem no carrapato seu agente principal, não se apresentou,no Brasil, nenhum caso.

Principais Doenças seus Sintomas Tratamento/Profilaxia

Influenza Aviária - Erradicada do Brasil, porém, o avestruz éhospedeiro, apesar de não contrair a enfermidade, por isso o risco

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para o plantel avícola brasileiro de importações descontroladas,sugere-se a importação de ovos, pois isso reduz o risco de introduçãode novos patógenos de endo e ecto parasitos.

Newcastle – Como sintoma constata-se catarro, bronquite eperturbações nervosas, às vezes com tosse e espirro, os ovosapresentam casca fraca e forma irregular. A profilaxia reside noisolamento das aves doentes e sacrifício das que apresentamsintomas nervosos, desinfecção dos abrigos e queima das camas.

Doenças Diversas

São classificadas como doenças diversas, aquelas ocasionadaspelo manejo inadequado da criação e são caracterizadas pelaapresentação das seguintes sintomatologias: Raquitismo, Rotaçãotibiotarso, Impactação, Ingestão de corpos estranhos, traumatismos,diarreias, verminoses.

O “raquitismo” é fruto de alimentação errônea sem o devidobalanceamento nutricional. “Rotação Tibiotarso” resultado de excessode proteína, fatores nutricionais, contaminações infecciosas, localizaçãoerrônea de cochos e qualidade de pisos. “Impactação” é provenientedo consumo de alimentos impróprios que se acumulam no ventrículo,pró-ventrículo e intestinos cessando a movimentação digestiva.

Ingestão de corpos estranhos e traumatismos relacionam-se aomanejo e instalações inadequados, como por exemplo, os pisoscimentados muito lisos que promovem escorregões com muitafacilidade, atentando também com relação ao piso de concreto queo mesmo eleva muito a sensação de frio nas aves novas o que podegerar forte stress podendo levar até a morte do animal, por isso éaconselhável o uso de campânula de aquecimento para o controle térmico.

1. Mercado (perspectivas)

Os mais variados tipos de carnes, sempre têm preferência quandohá sobra no orçamento familiar, destinado a ingestão de proteínas, acarne bovina apresentando perspectiva de aumento de preço dado à

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tendência dos criadores em reter os animais para forçar uma elevaçãode seus valores atuais, quanto ao frango, os exportadores animadospela desvalorização do Real, prevêem aumentos de exportações erecuperação de mercados externos, a suinocultura beneficiada peloaumento tanto na taxa de desfrute, quanto no peso dos animaisabatidos, espera novo impulso nas exportações de carneprincipalmente para a Argentina e Hong Kong, também pôr conta dadesvalorização da moeda brasileira ante o Dólar.

Apesar do consumo per capita de carnes no Brasil, vir se mantendoconstante nos últimos quatro anos, apresentando como dados osseguintes: Carne bovina, 34 a 37 kg (01 porção de 90 g/dia), carnesuína, 09 a 10 kg, carne de frango 22 a 24 kg, carne de peixe 4,5 kglevando a se prever que no caso da disponibilidade de outras carnesnobres o mercado encontra-se aberto para aquisição, consumo e ouexportação destas.

Consumo (perspectivas)

Espécie Abate AnualCabeças

Carne/animalkg

Consumo/carnet/ano

Bovino 5.895.000 240 24.562.500Frango 3.969.000 0,96 4.134.375.000Suíno 1.585.000 60 26.416.666Pescado 700.000 1,2 583.333Avestruz 1% relação Boi 58.950 30 1.965.000Avestruz 1% relação Todos 114.490 30 3.816.333

2. Mercado (perspectiva)

Imaginando acertadas as perspectivas do quadro acima, nosobrigaria a estimar um rebanho previsto em 154 mil avestruzes (1%em relação Boi) ou 298 mil avestruzes (1% em relação Todos), istosustentado no princípio da utilização de casais de aves e não o terno(trio) quando se utiliza um macho para duas fêmeas (redução de 20%

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da produtividade prevista), e numa produção média de 50 ovos pôrano com um percentual de fertilidade destes de 80%, percentual deeclosão também de 80% e índice de mortalidade médio nos primeirostrês meses de 20%, ou seja em condições ótimas 50% de taxa dedesfrute.

Exemplo:- 01 casal → 50 ovos/ano(80% fertilidade) → 40 ovos/férteis (80%

eclosão) → 32 pintos (20% índice mortalidade) → 25 filhotes (50%Taxa de Desfrute).

Índices Técnicos

Distribuição do lucro, por animal

Instalações

A característica principal das instalações, esta relacionada àextrema simplicidade das mesmas, deve-se inicialmente construirpiquetes de dimensões de 1.000 m² (20m x 50m) podendo tambémser de 1400 m² (20m x 70m) utilizando-se de telas especiais(campestres) com altura de 1,60m não devendo ser soldada as

Discriminação %

Couro 60

Carne 35

Plumas 5

Postura 44 / 50 ovos

Fertilidade 73 / 80%

Incubação/Eclosão 80% 20 % perdas

Mortalidade (nasc.) 15 / 20%

Taxa Desfrute 50% *

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emendas e sim costuradas, para promover a contenção e integridadedas aves, com a preocupação de se instalar corredores de dimensõesvariando de 1,5m a 2,0m entre os piquetes que impossibilitem e ouinviabilizem o contato direto entre as aves impedindo a ocorrênciade possíveis disputas (brigas), e no piquete instalar cochos de água,ração e sal sem a necessidade de serem protegidos de intempériesnormais(sol e Chuva). Com o resultado do progresso de manejo dospastos efetuamos a redução dos piquetes segundo orientações dosmais experientes para 800m² (20m x 40m) para acomodar um casalde aves (400 m²/Cab.) e temos constatado considerável sobra deforrageiras quando da rotação dos mesmos.

No caso de se optar pela cerca de arame liso, promover umdistanciamento entre os fios de 10,15 e 20 cm atentando para a alturade 1,60m ou 1,80m.

Temos visto em outras propriedades a opção de se utilizarunicamente 5 fios de arame liso distanciados a 25 cm apresentandoespaçamento entre mourões a cada 6 metros e balancins distanciadosa cada 1,5 metros, ficando para o futuro a responsabilidade de registraro sucesso ou fracasso da instalação.

Outra curiosidade interessante, está na formação de colônias deanimais em piquetes em numero de 02 com capacidade de abrigar30 animais medindo [180 X 200 metros] cada um, deixando para estetipo de colônia uma única sugestão, de se utilizar animais emdesenvolvimento, pois no caso deles se encontrarem em fase dereprodução dificilmente se teria a certeza dos casais geradores efertilizadores dos ovos produzidos.

Nos piquetes implantar gramíneas resistentes ao pisoteio e deporte baixo bem manejados e fertilizados, atentando para manter umaaltura mínima de pastejo.

No intuito de se promover a melhoria da qualidade nutritiva daspastagens, introduzir leguminosas em consorcio com a gramínea,optando por aquela que apresente característica de agressividade,facilidade de implantação e pegamento, perenidade e disponibilidadede se adquirirem mudas em nossa região, aliado ao excelente

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potencial nutritivo do mesmo. O amendoim forrageiro registra índices60 a 70 % de digestibilidade e 19% de proteína bruta.

Comparativa Pecuária x Avestruz x Ovino

Espécie Bovino Avestruz Ovino

Gestação/Incubação (dias) 280 dias 42 dias 150 dias

Crias 01 bezerro 20/30 aves 1,5 cordeiro

Idade de abate 645 dias 407 dias 269 dias

kg de carne abate 240 kg 1.217 kg 30 kg

Couro (m2) 3 24/36 0,75

Plumas (kg) - 28/30 -

Vida economicamente ativa 10 anos 20 a 40 anos 5 anos

Peculiaridades

Origem África

Plumagem Macho – Penas Pretas

Fêmea – Penas Cinza Amarronzadas

Altura 2,20m a 2,80m

Peso 110 kg a 150 kg

Alimentação Pasto e Ração (concentrado)

Peso médio do ovo 1.230 g / 1.525 g

Produtividade Média 60 ovos / ano

Produção de Plumas 1,20 kg / ano

Carne 35 / 40 kg de carne limpa c/ 12 meses

Incubação 42 / 43 dias

Longevidade Até 70 anos

Fertilidade Plena Até 40 anos

Produção de couro 1,2 m²

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Valores Nutricionais Comparativos da Carne (100 g)

Bovino 9,3 27 18 91 282 3,0 29,9Suino 9,7 28 22 99 324 1,1 29,3Frango 7,4 32 04 86 165 1,2 28,9Avestruz 2,8 26 02 63 114 3,2 26,9Peru 5,3 - - 76 170 1,8 29,3Javali 2,8 22 - 45 160 2,1 22Ema 3,1 - 02 57 105 - 22,9

Gordura(Kcal)

Protídeos(mg )

Lipídeos(mg )

Colesterol(mg)

Calorias(%)

Ferro(mg)

Proteína(%)

Alimentação

No tocante a alimentação desta ave, deve-se considerar o consumode pedras/pedregulhos a serem ingeridos pelas aves até aarmazenagem total de 1,5 a 2,0 kg e localizadas no ventrículo, paraauxílio na digestão dos alimentos, que devido ao desgaste naturaldestas pedras devem ser repostas.

A alimentação consiste basicamente de pasto (gramíneas eleguminosas) além de ração balanceada.

1- Pastagens:- Proporcionalmente as avestruzes pastam mais e com maioreficiência do que o gado, tendo o hábito de pastejar similar ao dasovelhas, privilegiando pastos baixos.- Qualquer gramínea ou leguminosa é bem aceita. Quanto maisnutritiva for a pastagem, menor o consumo de ração.- Na ausência de pasto, deve-se fornecer capim elefante ouCameron picado.

2- Ração:- Peletizada dá um melhor aproveitamento, menor desperdício e,maior homogeneidade dos nutrientes e vitaminas.- Como as necessidades nutricionais se modificam de acordo com

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a idade, deve-se usar diferentes composições de ração paraacompanhar estas modificações.- Existem no mercado rações específicas para avestruzes.

Consumo Médio de Ração

Manejo

l Captura / Contenção:Ao se promover algum trato às aves, deve-se proceder a captura

utilizando-se do gancho apropriado para esta finalidade, de formanenhuma se deve utilizar cordas ou quaisquer outros instrumentos quevenha a dificultar a livre respiração destes ou promover traumatismosao longo do pescoço da ave, a operação deve ser rápida, colocando-se um capuz que vede a passagem de luz, gerando um estado detranqüilidade ao animal, reduzindo as movimentações, atentandosempre para que quando deste trabalho seja utilizado o mínimo deduas pessoas para execução da tarefa, e em animais maiores emuito pesados, trabalhar com o mínimo de três pessoas para capturare conter a ave, sempre imobilizando pêlos lados pois o chute frontalpode gerar enorme perigo para quem lida com a ave.

Critérios básicos para ingressar na atividade

Quando da aquisição de animais além de consultar Profissionaisde reconhecida competência, deve visitar criatórios de sucesso paraobservar a produtividade do plantel, manejo, consangüinidade,defeitos genéticos, experiência do criador.

- 01 a 08 semanas de idade* 0,25 a 0,50 kg/cab/dia

- 09 a 16 semanas de idade 0,50 a 1,00 kg/cab/dia

- 17 a 24 semanas de idade 1,00 a 1,40 kg/cab/dia

- 25 a 42 semanas de idade 1,40 a 1,60 kg/cab/dia

- Acima de 42 semanas: 1,60 a 1,80 kg/cab/dia

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SISTEMAS AGROFLORESTAIS ALTERNATIVOSPARA O PLANTIO DA SERINGUEIRA, CACAUEIRO E

CULTURAS TEMPORÁRIAS

José Raimundo Bonadie MarquesWilson Reis Monteiro

Uilson Vanderlei Lopes

CEPLAC/Centro de Pesquisas do Cacau (CEPEC). Caixa Postal 07, 45.600-970, Itabuna, Bahia,Brasil. Fone e Fax: (73) 3214-3262, 3214-3204, e-mail: [email protected]

O sudeste baiano oferece condições altamente favoráveis paraa expansão do agronegócio borracha e com a vantagem de nãocausar qualquer tipo de pressão sobre os remanescentes da MataAtlântica, dado o fato de não haver necessidade de incorporaçãode novas áreas ao processo produtivo. A idéia básica é fomentar oplantio da seringueira em sistema consorciado com o cacaueiro;isto porque, nos últimos anos, o desenvolvimento de sistemasagroflorestais (SAFs) tem sido bastante encorajado e cada vez maisincorporado aos processos de produção como uma forma depraticar uma agricultura ambientalmente correta, mais produtiva esustentável.

Dentro deste contexto, arranjos de plantio vêm sendodesenvolvidos na CEPLAC para o plantio simultâneo de ambas asculturas e, em especial, para a substituição do sombreamentopermanente (eritrinas) por seringueiras. Em qualquer das situações,propõem-se alternativas de espaçamentos em que a densidade deplantas pode variar conforme a topografia do terreno e o tamanhoda área.

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Variedades clonais de seringueira para sombreamento decacaueiros

É muito importante que seja feita a escolha correta de variedadesclonais de seringueira, pois estas serão determinantes para o sucessodo SAF. O SIAL 893 constitui-se numa excelente opção, por apresentaruma arquitetura de copa com ramificações laterais mais fechadas ecom baixa densidade foliar, o que proporciona um sombreamento demelhor qualidade para o cacaueiro e permite o plantio emespaçamentos mais adensados. E, além desse, há também doisoutros clones que estão para ser lançados (SIALs 839 e 1005) queapresentam características similares. Ressalta-se, ainda, que todosestes clones têm demonstrado superioridade aos anteriormenteplantados em relação à produção e resistência às principaisenfermidades foliares.

Possibilidades de estabelecimento de SAFs com cacaueirose seringueiras

A seringueira é uma espécie arbórea que, em algumas situaçõespode atingir até 20 metros de altura, normalmente é plantada emespaçamentos maiores e demora de sete a oito anos para entrar emprodução. Tudo isso evidencia a necessidade da adoção deestratégias que venham promover um melhor uso da terra. Para tanto,alguns arranjos de plantio estão sendo recomendados pela CEPLACpara o estabelecimento dos SAFs, cujos detalhes serão apresentadosa seguir:

a) Introdução de cacaueiros híbridos sob seringais adultos -Este sistema pioneiro originou-se por iniciativa dos própriosprodutores baianos, que decidiram introduzir cacaueiros sob o dosselde seringais decadentes. O reduzido estande de seringueiras por áreafavoreceu o desenvolvimento dos cacaueiros, dada a maiorpenetração de luz. Atualmente, esta prática tem-se tornado bastantecomum entre os heveicultores da região sudeste baiana e estima-se

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que aproximadamente 8.000 hectares estejam em sistemaconsorciado com o cacaueiro. No entanto, muitos seringais foramoriginalmente estabelecidos no espaçamento de 7,0 m x 3,0 m quenão se adequa para o consórcio, especialmente se o número deplantas estiver próximo ao do original (476 plantas/ha). Além do mais,se foram formados por clones com copa mais densa e comramificações laterais bastante desenvolvidas, proporcionando umsombreamento excessivo para os cacaueiros.

b) Plantio simultâneo da seringueira e cacaueiro em renquesduplos – O plantio dos cacaueiros e das seringueiras deverá ser feitosimultaneamente e em faixas alternadas, com variadas opções deespaçamento entre plantas dentro das faixas ocupadas porcacaueiros ou por seringueiras. O arranjo de espaçamento a seradotado para ambas as culturas depende daquela que se querprivilegiar, conforme indicado na tabela 1.

O custo inicial de implantação é relativamente alto e, por isso, aintercalação com outras culturas de ciclo curto ou semiperene érecomendável especialmente para pequenos agricultores. Estasgerarão receitas adicionais que poderão ajudar na amortização doscustos de manutenção das culturas principais, nos primeiros três anos.

Tabela 1 - Dispositivo de plantio da seringueira em renques duplos e do cacaueiroem filas quádruplas e quíntuplas.

a) Privilegiando a seringueira

13,0 m x 3,0 m x 2,5 m 500 3,0 m x 3,0 m 78414,0 m x 3,0 m x 2,5 m 470 3,0 m x 2,5 m 941

b) Privilegiando o cacaueiro

13,0 m x 3,0 m x 3,0 m 417 2,0 m x 3,0 m 104214,0 m x 3,0 m x 3,0 m 392 3,0 m x 2,0 m 1176

Espaçamentoseringueira

Densidade (plantas/ha)

EspaçamentoCacaueiro

Densidade (plantas/ha)

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Espécies, como por exemplo, milho, mandioca, mamão, banana daprata e da terra, abacaxi, feijão, andu, entre outras, são perfeitamenteadequadas para esse tipo de sistema. A maioria delas tambémproverá um sombreamento provisório bastante adequado aoscacaueiros, além de manter a área livre de plantas invasoras,eliminando a concorrência. No entanto, é bom salientar que a adoçãode culturas secundárias depende da experiência do produtor e domercado para sua comercialização.

Uma unidade demonstrativa usando este modelo encontra-seestabelecida desde 1999 no Centro de Pesquisas do Cacau (CEPEC/CEPLAC) e tem servido como instrumento de difusão e orientaçãopara extensionistas e produtores que têm interesse em adotar essesistema de cultivo. Este sistema de plantio, inclusive já vem sendoexplorado comercialmente por produtores e empresas privadas daregião, a exemplo da Fazenda Porto Seguro do grupo AgrícolaCantagalo e das Fazendas Reunidas São George, apoiada pelo grupoAlmirante Cacau. Nessas últimas áreas, inúmeras combinaçõesenxerto x porta-enxerto de cacaueiros serão avaliadas e o plantio estásendo realizado em solos com diferentes topografias, porém bastantesrepresentativos da região cacaueira baiana. Até mesmo os soloshidromórficos com pouca opção de cultivo estão sendo considerados.Uma vez que as seringueiras com maior capacidade de absorção deágua, podem funcionar como uma bomba d’água, melhorando ascondições gerais de cultivo para os cacaueiros, podendo se constituirnuma solução para o aproveitamento deste tipo de solos.

c) Substituição das eritrinas por seringueiras - Grande partedos cacauais baianos, em torno de 200 mil hectares (CENEX/CEPLAC), estão sombreados com eritrinas. A substituição dessaseritrinas por seringueira, espécie de alto valor econômico, está sendoencorajada diante das perspectivas promissoras do mercado mundialda borracha, além das informações tecnológicas que a CEPLAC dispõesobre o cultivo. É importante ainda ressaltar que a eliminação das eritrinasnão causará qualquer impacto ao meio ambiente, por ser uma espécieexótica ao ecossistema cacaueiro e de baixo valor econômico.

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Preferencialmente, a substituição deve ser feita em áreas onde háirregularidades no sombreamento e de maneira a causar os menoresdanos possíveis aos cacaueiros remanescentes, quer seja em lavourasjá renovadas ou em processo de renovação e também em lavourasaltamente atacadas por vassoura-de-bruxa.

No primeiro caso, a eliminação das eritrinas ou outras espéciesafins deve ser feita gradativamente, fazendo-se primeiramente aretirada dos galhos laterais mais grossos. Deve-se ter sempre ocuidado em manter o equilíbrio da planta para evitar danos maiorespelo seu tombamento, deixando-se ao final, a planta com apenas ofuste principal. Dependendo do fim a que se pretenda dar ao fuste,este poderá ser derrubado manual ou quimicamente.

No segundo caso, as eritrinas poderão ser derrubadas, sem oscuidados mencionados anteriormente, direcionando o tombamentodas mesmas para os locais da área com maior falha de cacaueiros.Em ambas as situações a madeira deve ser aproveitada pelomercado regional na fabricação de caixotes para mamão ehortaliças, caixão de defunto, forro entre outros usos, amortizando comisso os custos da sua substituição.

É importante ressaltar que na implantação deste sistema mistocontinuo, apenas os custos advindos do plantio das seringueiras eremoção das eritrinas serão acrescidos. E estes sofrerão variaçõesem decorrência do espaçamento e do tipo de mudas a seremutilizadas (Tabela 2).

A densidade populacional da seringueira poderá variar de 222 a444 plantas por hectare e a mesma será estabelecida nasentrelinhas dos cacaueiros remanescentes (Tabela. 3). A opção porum ou outro espaçamento deve ser feita pelo produtor de acordocom a disponibilidade dos recursos financeiros, topografia da área,idade e densidade do cacaual, etc. Por outro lado, os custos demanutenção não sofrerão muita alteração, uma vez que os tratosculturais comumente dispensados aos cacaueiros atenderão demaneira indireta e satisfatoriamente às exigências dasseringueiras.

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Tabela 2 - Simulação do custo adicional da renovação de 1,0 ha de cacaueiroscom a substituição das eritrinas por seringueiras.

222 1.147,50 4.666,18 19,7

267 1.241,90 4.666,18 21,0

333 1.314,50 4.666,18 22,0

444 1.436,60 4.666,18 23,5

Estande daseringueiraPlantas/ha

Seringueira*R$

Cacau*R$

Custo adicional dasubstituição %

* custo da implantação das seringueiras mais a retirada das eritrinas.** custo da renovação de cacaueiros considerando-se um estande de 600 plantas/ha

Tabela 3 - Dispositivo de plantio da seringueira em linhas simples e renques duplos.

9,0 m x 2,5 m 444 9,0 m x 3,0 m 370

12,0 m x 2,5 m 333 12,0 m x 3,0 m 277

15,0 m x 2,5 m 267 15,0 m x 3,0 m 222

15 m x 3,0 m x 2,5 m* 444 15 m x 3,0 m x 3,0 m* 370

Espaçamentoda seringueira

Plantas/hectareEspaçamentoda seringueira

Plantas/hectare

*Apenas neste espaçamento em linhas duplas há redução do estande de cacaueirospara 780 plantas/ha, nos demais será mantida a mesma densidade de 1111 plantas/ha.

Considerações finais

O Estado da Bahia poderá voltar a ocupar uma posição dedestaque mundial na produção de borracha e cacau, com a ampliaçãoda área plantada com seringueiras, em sobreposição às áreas decacau, que geralmente estão estabelecidas em solos de altafertilidade. Se por exemplo 40% das áreas de cacau formadas peloprocesso de derruba total forem consorciadas, isto irá representarem uma expansão de 80 mil hectares de seringueiras, a um custo

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extremamente reduzido, ou seja, no máximo até 30% a mais do custoda implantação da lavoura de cacau solteiro. A produtividade dessesseringais será certamente superior à dos seringais solteirosestabelecidos em solos de menor fertilidade, visto que estarão sendoutilizados clones de alta produção e com maior resistência àsprincipais doenças. O mesmo acontecerá com os cacaueiros queterão também as condições gerais de cultivo melhoradas.

A adoção desses sistemas irá garantir maiores oportunidades deemprego e renda, devido ao maior uso de mão-de-obra nas diferentesfases de desenvolvimento e com conseqüente fixação do homem nocampo, proporcionando melhorias nas condições gerais de vida àcomunidade local. Além do mais, estaremos explorando o potencialde seqüestro de carbono atmosférico das duas culturas, pois se têmregistros de que as seringueiras retiram quantidades de CO2

idênticas às essências florestais, inserindo-se perfeitamente dentrodo Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL).

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Produção orgânica de leite na Mata Atlântica

Cláudia de Paula Rezende

A atividade pecuária sempre foi relegada a áreas com topografiaacidentada, solos erodidos ou exauridos por queimadas freqüentesou super-pastejos. Conseqüentemente à disponibilidade de forragemdessas áreas são muito baixas, apresentando grande incidênciade plantas invasoras. Nesse aspecto, se a atividade pecuáriadesenvolvida nessas condições for fundamentada na produção decorte e leite apenas através das forrageiras que compõem apastagem, tal atividade estará fadada ao fracasso. Aliado a falta deforragem, que constitui a dieta básica dos animais, o baixo potencialprodutivo do rebanho, problemas de sanidade animal, falta de umapolítica agrícola adequada, preços elevados dos insumos e a mãode obra desqualificada, tornam-se obstáculos muitas vezesintransponíveis para o produtor rural. No entanto, essas dificuldadespodem ser revertidas com o uso de tecnologia correta, que alteredecisivamente os índices de produtividade, a eficiência do processoe traga retornos financeiros crescentes.

A comunidade cientifica tem contribuído de forma efetiva,desenvolvendo e difundindo novas tecnologias com resultadosconcretos e positivos no incremento da produtividade. Comoexemplo, a seleção de novos materiais genéticos promissores sejamgramíneas ou leguminosas, aliadas às práticas adequadas demanejo de solo e da pastagem, podem elevar os índices produtivosdo rebanho nacional. Inegavelmente tornado esse rebanho mais

Pesquisadora da Ceplac/Cepec - Km 22 da Rodovia Ilhéus-Itabuna, Caixa Postal 07 - 45600-000 -Itabuna, Bahia. E-mail: [email protected]. Fone: (73) 3270-2264.

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competitivo no mercado internacional. Não se questiona, que é maiseconômico produzir leite ou carne a pasto, e que o Brasil, reúnecaracterísticas que propiciam essa atividade, no entanto, énecessário ajustar práticas de manejo de pastagens, suplementaçãoalimentar, manejo reprodutivo e sanitário dos rebanhos, entre outras,e adequá-las à relação custo-benefício da atividade.

As propriedades envolvidas com a produção de leite apresentamde modo geral, uma superlotação animal nas pastagens econseqüentemente uma baixa disponibilidade de forragem tanto emquantidade como qualidade. Com a superlotação há também ocomprometimento inicialmente da pastagem cultivada eposteriormente da fertilidade do solo, o que culminará com umapastagem degradada e invadida por ervas daninhas, muitas dessastóxicas para o rebanho bovino. Sem alimentação ou alimentaçãodeficiente os animais se tornam subnutridos e conseqüentemente terãobaixos índices de eficiência reprodutiva e altas taxas de mortalidade,sem considerar a baixa produtividade, que é na verdade, a maiorevidência da ineficiência da exploração em questão.

O clima é entre as condições naturais um dos mais importantesfatores limitantes de produção, e pode ser considerado como oregulador da produção animal ou seu limitador. O stress térmicocausa diretamente redução do consumo de alimento econseqüentemente a redução dos índices produtivos e reprodutivosdo rebanho leiteiro, primordialmente os de origem européia.

O ecossistema de tabuleiros costeiros se caracteriza por umatopografia plana com boqueirões em V, água abundante de boaqualidade, precipitação pluviométrica razoável sem estação secadefinida, invernos com temperaturas amenas. Na bovinocultura deleite, por se tratar de rebanhos muitas vezes com elevado grau desangue europeu, as condições de clima podem vir a ser limitantes,nesse aspecto, devesse considerar o cruzamento com animais demaior rusticidade, como é o caso do zebu. De um modo geral ascaracterísticas desse ecossistema são também de relevanteimportância como fator incrementador de produtividade.

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Logicamente por se tratar desse tipo de exploração algunscondicionantes deverão inserir-se no sistema, tais como, áreas desombra para o rebanho, facilidades de acesso a água, pastejosrotacionados com forrageiras de melhor qualidade, consórcio degramíneas com leguminosas, suplementação alimentar, manejosanitário mais criterioso, etc.

Outro aspecto importante a ressaltar seria a forma de favoreceradequados índices produtivos e reprodutivos com o uso mínimo deagentes químicos. A crescente conscientização da sociedade comrespeito à preservação ambiental, acompanhada da preocupaçãocom a segurança alimentar dos produtos consumidos, têm conduzidoa uma transformação gradual dos sistemas de produção,processamento, comercialização e consumo de alimentos de origemanimal. A produção agroecológica ou orgânica em pecuária,baseada principalmente nos princípios de sustentabilidadeambiental, econômica e social, apresenta-se, neste caso, como umaalternativa viável ao sistema convencional utilizado. No Brasil existeuma grande demanda em transformar os sistemas de produçãopecuária convencional em sistemas orgânicos, tornado o paíspotencialmente líder no setor.

Com relação à alimentação do rebanho em um sistema deprodução orgânica, o consórcio de gramíneas e leguminosas napastagem é prática recomendada, garantindo a diversificação deespécies vegetais no ecossistema. Conseqüentemente a produçãode leite poderá ser incrementada com introdução de leguminosasnas pastagens e estabelecimento de sistemas silvipastoris naspropriedades, evitando-se assim o uso de adubos químicos epreservando o meio ambiente.

Na produção orgânica de leite a alimentação das vacas deve serproduzida, majoritariamente, sem agrotóxicos (é permitido incluirapenas 15% a 30% de produtos não orgânicos na composição dasrações) e a medicação dos animais tem que ser natural.

A conversão dos sistemas de manejo convencional tradicionalpara o orgânico (Tabela 1), segundo as literaturas revisadas tem que

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Tabela 1: Procedimentos técnicos para produção orgânico animal.

Procedimentos

RecomendadosAtividades Restritos Proibidos

Nutrição eTratamentoveterinário

Auto-suficiênciaalimentar orgânica;forragens frescas,silagem ou fenaçãoproduzidas napropriedade ou defazendas orgânicas;

Aditivos naturaispara ração e silagem(algas, plantasmedicinais,aromáticas, soro deleite, leveduras,cereais, outrosfarelos);

Mineralização comsal marinho;Suplementosvitamínicos (óleo defígado de peixe elevedura);

Homeopatia,fitoterapia eacupuntura;

São obrigatórias asvacinasestabelecidaspor lei, erecomendadas asvacinações para asdoenças maiscomuns a cadaregião

Aquisição dealimentos nãoorgânicos,equivalente a até20% do total damatéria seca paraanimaismonogástricos e15%pararuminantes;

Aditivos, óleosessenciais,suplementosvitamínicos,aminoácidos esais minerais (deformacontrolada);

Agentesetiológicosdinamizados(nosódios oubioterápicos);

Amochamento ecastração.

Uso de aditivos,estimulantessintéticos;

Promotores decrescimento;

Uréia;

Restos deabatedouros;

Aminoácidossintéticos;

Transferênciade embriões;

Descorna eoutrasmutilações;

Presença deanimaisgeneticamentemodificados.

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Continuação da Tabela 1

Procedimentos

RecomendadosAtividades Restritos Proibidos

Manejo dorebanho e

instalações

Raças animaisadaptadas àregião, raçasrústicas;

Aquisição dematrizes decriadoresorgânicos;

Animais de foradevem ficarem quarentena;

Instalaçõesadequadas para oconforto e saúdedos animais, fácilacesso à água,alimentos epastagens;

Espaço adequadoà movimentação;

Número deanimais por áreanão deve afetar ospadrões decomportamento;

Criações depreferência emregime extensivoou semi-extensivo,com abrigos;

Monta natural paraReprodução;

Desmame natural.

Raças exóticasnão adaptadas;

Bezerros podemser adquiridosde criadoresconvencionaisaté 30 dias;

Inseminaçãoartificial sobcontrole;

Separação dosbezerros por barreiras

Raças exóticasnão adaptadas;

Estabulaçãopermanente deanimais;

Confinamento eimobilizaçãoprolongados;

Instalações forados padrões;

Manejoinadequado quelevem animaisao sofrimento, estresse ealterações decomportamento

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Continuação da Tabela 1

Procedimentos

RecomendadosAtividades Restritos Proibidos

Manejo dePastagens

Uso de técnicas demanejo econservação desolo e água;

Nutrição daspastagens deacordo com asrecomendações;

Controle depragas,doenças einvasorasdas pastagens deacordo com asnormas;

Pastagens mistasde gramíneas,leguminosas eoutras plantas(diversificação);

Pastoreio rotativoracional, comdivisão depiquetes;

Manter solocoberto, evitandopisoteio excessivo;

Rodízio de animaisde exigências ehábitosalimentares

Fogo controladopara limpeza depastagens;

Pastoreiopermanentesob condiçõessatisfatórias;

Estabelecimentode pastagem emsolosencharcados,rasosou pedregosos.

Monocultura deforrageiras;

Queimadasregulares;

Superlotação depastos;

Uso de agrotóxicose adubaçãomineral de altasolubilidadenas pastagens.

Fonte : Arenales, 2001; Darolt, 2002.

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ser gradual, e no mínimo levaria dois anos. Nos procedimentostécnicos de produção orgânica animal (Tabela 1), se observa quealgumas práticas embora não indicadas podem ser usadas nesseperíodo, até o completo estabelecimento do sistema de produçãoorgânica.

Na produção de leite utilizando leguminosas consorciadas comgramíneas foram observados aumentos na ordem de 20% e 12% naprodução de leite de vacas do rebanho comercial da estação daCeplac, em Itabela-Ba, mantidas em pastejo rotacionado empastagens de B. dictyoneura consorciada com amendoim forrageirocv. Belmonte e em pastagens exclusivas de B. brizantha cv. Marandue B. decumbens, respectivamente. Lascano (1994) tambémapresenta resultados similares, onde a inclusão de A. pintoi empastagens de gramíneas promoveu acréscimos de 17 a 20% naprodução de leite. Esses resultados têm variado com o valor nutritivoda leguminosa utilizada no consórcio. Gonzalez et al. (1996), nãoverificaram efeito da consorciação de capim-estrela africana comD. ovalifolium, mas quando consorciado com A.pintoi, obtiveramproduções superiores em 1,1 a 1,3 kg de leite/vaca/dia, em relaçãoà pastagem de estrela exclusiva (Tabela 2).

Produção Capim estrela C. estrela + A. pintoi

C. estrela + D.ovalifolium

1990

1991-1992

kg/vaca/dia 7,7b 8,8a 7,6b

kg/ha/dia* 22,3 25,5 22,0

kg/vaca/dia 9,5b 10,9a 9,4b

kg/ha/dia* 22,8 25,9 22,6

* Lotação de 2,9 UA e 2,4 UA 1990 e 1991/92, respectivamente.Fonte: Gonzalez et al., 1996.

Tabela 2. Produção de leite em pastagens de capim-estrela africana (Cynodonnlemfuensis) monocultivo e consorciado com Arachis pintoi ou Desmodium ovalifolium.

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Em um sistema silvipastoril a presença de leguminosas arbóreasé importante na retenção de água, ciclagem de nutrientes e naconservação do próprio solo. Bem como ser uma opção forrageirade alimentação para bovinos, principalmente na época crítica doano. Entre as leguminosas arbóreas e arbustivas que podem fazerparte da alimentação de ruminantes pode-se fazer menção daCratylia argentea, Leucaena leucocephala e Gliricidia sepium.Estudos realizados na Embrapa Gado de Leite indicaram que agliricidia e a amoreira foram às forrageiras de maior potencial,seguido pela leucena e pelas espécies de estilosantes e cratilia(Tabela 3). As espécies avaliadas podem ser utilizadas em sistemassilvipastoris, contribuindo para o fornecimento de energia/proteínaaos animais (Aroeira et al., 2003). Em Cuba Hernandez et al., (1998)mostram que a produção de leite de um sistema de produção a pastoaumentou em 3.557 L/ha/ano, quando se explorou, na propriedade,um sistema multiestratificado (Gráfico 1).

Na Colômbia, Murgueitio (2000) observou que com o uso desistema silvipastoril, incrementou a produção de leite de 10.585 para12.702 L/ha/ano. O teor de matéria orgânica no solo de 1,6%aumentou para 2,6%, simplesmente com a introdução de Prosopisjuliflora e Leucaena leucocephala, numa pastagem de capim-estrela(Tabela 4).

Espécies MS FDN FDA Celulose Lignina DIVMS PB

S. guianensis 33,3 54,9 38,4 27,0 10,8 52,5 11,8

G. sepium 24,8 44,8 27,9 16,1 12,2 60,5 19,6

L. leucocephala 24,3 42,6 28,3 16,2 12,7 56,2 28,9

C. argêntea 45,5 59,0 36,6 18,1 16,7 48,3 21,4

M. alba 43,6 45,3 29,6 20,5 6,4 60,0 14,8

Tabela 3. Teores de matéria seca (MS), fibra em detergente neutro (FDN), fibra emdetergente ácido (FDA), proteína (PB) e digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS),de diferentes espécies.

Fonte: Aroeira et al. (2003).

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Tabela 4. Indicadores técnicos e ambientais de um sistema silvipastoril (C.plectostachyus + L. leucocepha + Prosopis juliflora) x pastagem de capim-estrela.

Carga animal (vacas/ha) 4,0 4,8

Produção de leite (kg/vaca/dia) 9,5 9,5

Produção de leite (kg/ha) 10.585 12.702

Adubação (uréia) (kg/ha) 400 0

Água consumida (m3/ha/ano 16.000 12.000

Pássaros (nº de espécies) ? 46

Matéria orgânica do solo (0 - 10 cm) (%) 1,6 2,8

Indicadores Capim-estrela+Nitrogênio

SistemaSilvipastoril

Fonte: Murgueitio (2000).

Gráfico 1. Incrementos na produção de leite com introdução de espécies.

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Considerações finais

A agricultura orgânica, incluindo o filão pecuário, registrou em 2002,crescimento de 50%, garantindo uma receita aproximada de R$250milhões no mesmo período. Os produtos obtidos a partir de umaexploração orgânica deverão ter um valor agregado mais elevado,permitindo a melhor remuneração das unidades produtoras e,conseqüentemente, eliminado a ameaça de má utilização dosrecursos naturais existentes.

Maximizar a produção sem causar nenhum prejuízo ao ecossistemaé um dos maiores desafios dos estudiosos das mais várias áreas,incluindo a agropecuária. A utilização do consórcio entre leguminosase gramíneas e a formação de sistemas silvipastoris são alternativaspromissoras e que apresentam excelentes resultados No entanto éimportante se atentar para a escolha das forrageiras e adequá-las aum manejo que propicie a persistência e auto-sustentabilidade dossistemas adotados.

É possível produzir leite a partir de um modelo economicamenteviável, socialmente justo e ambientalmente correto, fundamentado emtecnologias concretas, e que favoreçam a maior integração entre ohomem e a natureza.

Referências Bibliográficas

ARENALES, M. C. Produção Orgânica de Carne Bovina. Ed. Centrode Produções Técnicas, 2001.

AROEIRA, L. J.M., CARNEIRO, E.C., PACIULLO, D.S.C., MAURICIO,R.M., ALVIM, M.J., XAVIER, D.F. Composição química, digestibilidadee fracionamento do nitrogênio e dos carboidratos de algumas espéciesforrageiras. Pasturas tropicales, Cali, v.25, n.1, p.33-37, 2003.

AROEIRA, L.J.M., PACIULLO, D.S.C. Produção de leite a pasto.

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Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.25, n.22, pp.56-63, 2004.

DAROLT, M.R. Pecuária Orgânica: procedimentos básicos para umbom manejo da criação. Planeta Orgânico, Seção TrabalhosDisponíveis em: <http:www.planetaorganico.com.Br/daroltpec.htm>.2002.

HERNANDEZ, D., CARBALLO, M., REYES, F., MENDONZA, C.Exploración de un sistema sivopastoril multiasociado para laproducción de leche. In: TALLER SIVOPASTORIL LOS ÁRBORES YARBUSTOS EN LA GANDERIA, 3., 1998, Matanzas. MEMORIAS...Matanzas:EEPF “Hatuey”, 1998. p.214.

GONZALEZ, M.S., NEURKVAN, L.M., ROMERO, F. et al. Producciónde leche en pasturas de estrella africana (Cynodon nlemfuensis) soloy asociado con Arachis pintoi o Desmodium ovalifolium. PasturasTropicales, v.18, n.1, p.2-12, 1996.

LASCANO, C.E. Nutritive value and animal production of forage Arachis.In: KERRIDGE, P.C.; HARDY, B., (eds). Biology and agronomy of forageArachis. 1994 Cali, Colômbia: CIAT, 1994, p.109-121.

MURGUEITIO, E. Sistemas agroforestales para la producciónganadera en Colombia. In: POMAREDA C., STEINFELD, H.Intensificación de la ganadería en Centro América – Beneficioseconómicos y ambientales. São José, Costa rica: CATIE/FAO/SIDE.2000. P. 219-242.

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ASPECTOS TÉCNICOS DA CLONAGEM DOCACAUEIRO

Antonio Eduardo de Souza MagnoMilton José da Conceição

Assim como as vantagens proporcionadas na heveicultura,citricultura, bananicultura, e agora no reflorestamento, a clonagemcomercial de cacaueiros vem trazendo para a cacauiculturasulbaiana, excelentes resultados positivos, pois além de amenizaros malefícios da Vassoura-de-bruxa, está proporcionando o aumentodos rendimentos da mão de obra e produtividade dos plantios. Apossibilidade de se transferir os atributos agronômicos de uma plantapara uma coleção (plantio) vem trazendo enormes mudanças nosparadigmas da cultura do cacau no Sul da Bahia.

A partir de 1997 a CEPLAC formou 40 Jardins Clonais em 20municípios da região cacaueira, com o objetivo de fomentar adistribuição dos cinco primeiros clones por ela recomendados (TSH1188, 565 e 516, CEPEC 42 e EET 397). Havia uma preocupaçãocom a incompatibilidade sexual daqueles materiais, pois todos eramautoimcompatíveis, porém intercompatíveis. Para que essas plantaspudessem expressar todo o seu potencial de produção serianecessário estabelece-las em campo, obedecendo a um modelo dedisposição de tal maneira, para que funcionasse de forma satisfatóriaa intercompatibilidade ou cruzamento. Foi adotado um sistema ondecada clone teria uma cor específica, com o objetivo de facilitar ao

Engenheiro Agrônomo - CEPLAC/CENEX/SERAT, Fone: (073) 3214-3326E-mail: [email protected] e [email protected]

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produtor a memorização do desenho que seria instalado em suasáreas comerciais.

Com os conhecimentos sobre a seleção de plantas resistentes àVassoura-de-bruxa na própria fazenda, transferidos pela CEPLAC,muitos produtores por iniciativa e risco próprio, fizeram clonagem emáreas comerciais utilizando plantas de sua fazenda e de outras quesimplesmente no momento estavam apresentando uma aparenteresistência à Vassoura-de-bruxa. No afã de garantirem a viabilidadedo sistema radicular de suas plantas doentes, não se preocuparamcom os aspectos da produtividade/rendimento, compatibilidadesexual, porte e precocidade na produção, dos materiais que estavamsendo instalados em suas áreas comerciais.

Em virtude do exposto, muitas fazendas estão com áreas clonadassignificativas, apresentando resultados insatisfatórios, que nãoatendem às expectativas esperadas de produção, devidoprincipalmente aos materiais botânicos por eles selecionados, adisposição espacial inadequada das plantas no momento de suainstalação, falta de ajuste do sombreamento e ao manejo incorretodispensado às plantas.

ASPECTOS TÉCNICOS

Clones autocompatíveis - No processo de aperfeiçoamento daclonagem do cacaueiro, a introdução dos materiais botânicosautocompatíveis irá reduzir os problemas da incompatibilidadesexual, quando distribuídos de forma criteriosa com os materiaisbotânicos autoincompatíveis.

Sombreamento - O ajuste do sombreamento provisório edefinitivo com a retirada de árvores auto-sombreadas e o plantioem áreas abertas de essências florestais que atendam aos aspectosagronômicos, ecológicos e econômicos, proporciona um ambientecom luminosidade adequada, que protege os cacaueiros e estabiliza

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as condições microambientais do cultivo, traduzindo numa maiorpossibilidade das plantas clonadas expressarem seu potencial deprodução.

Remoção de vassouras - A remoção das vassouras vegetativasnas áreas clonadas é uma prática por demais necessária e deveobedecer ao calendário agrícola (Jan/Fev; Abr/Mai; Jul/Ago e Out/Nov),que a depender das variações climáticas, poderá ser alterado. Ocontrole eficiente das ervas daninhas deve ser realizado pelo menosduas vezes por ano, com o uso de herbicidas, verificando previamenteo teste de vazão do equipamento e conseqüentemente a dosagemrecomendada.

Poda - A poda deve ser realizada de dentro para fora dasplantas, eliminando-se os ramos que se cruzam, porém sem deixarespaços que possam dar entrada de luz sobre o caule da planta eo terreno. Com isso, evita-se uma necrose do caule, pela incidênciadireta da luz solar e a maior infestação de ervas daninhas na área.Quando a poda é realizada de forma excessiva, leva a eliminaçãode ramos produtivos o que causa um aumento e freqüência delançamentos foliares reduzindo consequentemente a produção defrutos. Porém quando a poda deixa de ser realizada, ocorre umexcesso de folhas e surgimento de palmas de água ou chupadeiras,que proporciona competição na planta e entre plantas deixando-as com altura acima do desejado, bem como fora do espaçodelimitado. A atividade fotossintética é reduzida nas folhas dointerior das copas, que por receberem pouca luz, começam a atuarcomo drenos e não como fonte de acúmulo de reservas necessáriaspara a produção de frutos.

Novos métodos e materiais para enxertia – A cada dia estáocorrendo uma evolução no aperfeiçoamento dos métodos de enxertiae na utilização de materiais que estão aumentando o rendimento damão de obra, do índice de pegamento/brotação e da redução dos

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custos. A exemplo do saco usado para o sorvete “geladinho” comocâmara úmida e no amarrio das enxertias feitas principalmente emmudas, através do método da garfagem de topo e lateral.

Decepa/Recepa - No processo de enxertia comercial deverá serdado um manejo de podas na planta velha que proporcione umaentrada de luz adequada e necessária para o desenvolvimento doenxerto, desse modo haverá uma convivência das duas plantas (oconjunto) por um determinado período. Somente deve-se retirar/recepar a planta velha quando a produção do enxerto for igual ousuperior ao conjunto quando da instalação do enxerto.

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UMA ESTRATÉGIA PARA CONSERVAÇÃO EDESENVOLVIMENTO NO CONTEXTO RURAL DA

REGIÃO CACAUEIRA DA BAHIA

A Mata Atlântica é considerada uma das áreas de maior prioridadepara a conservação do planeta, devido a sua diversidade Biológica eelevado grau de ameaça. No município de Una, sul do estado da Bahia,localiza-se a Reserva Biológica de Una (REBIO), unidade deconservação federal de proteção integral, criada através do decreto85463 do ano de 1980. Embora o Decreto Federal determinasse umaárea de 11400 hectares (ha), até o ano de 1999, somente 7022hahaviam sido adquiridos pelo executivo federal, com o apoio deorganizações internacionais. A regularização do restante da áreadecretada deverá estar concluída até o final de 2004.

Intervindo de forma abrangente, o IESB vem propondo políticaspúblicas, desenvolvendo metodologias e ferramentas de análiseambiental, fomentando a implementação de alternativas econômicasna utilização dos recursos naturais e capacitando pessoas locais,através de parcerias com instituições de pesquisa, ONG’s locais enacionais, universidades e agências governamentais.

Neste processo, identificou-se a necessidade de fortalecer aorganização das associações comunitárias rurais, como etapaindispensável para uma efetiva conservação dos recursos naturais epromoção de bases para o desenvolvimento sustentável. Também,era crítica a realidade da comercialização de produtos agrícolas dos

Instituto de Estudos Sócio-Ambientais do Sul da BahiaCaixa Postal 84, Ilhéus – Bahia CEP 45652-180

Joaquim Blanes, Luis Lima, Walter LimaMarcelo Araujo, Luis de Lima

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pequenos e médios produtores tradicionais e assentados pela reformaagrária, a presença de uma rede de comercialização primitiva, ondeo produtor distante geograficamente e com pequena quantidade egrande variedades de produto era presa fácil para atravessadoresexperientes.

A Produção Orgânica e as Oportunidades para a RegiãoCacaueira da Bahia

O diferencial da produção orgânica está na oferta de produtossaudáveis (livre de agrotóxicos), na possibilidade de atender mercadosdiferenciados (onde consumidores estão dispostos a pagarem umsobre-preço como prêmio à qualidade dos produtos), nas relaçõesjustas de produção e na preservação ambiental.

A Região Cacaueira da Bahia apresenta um contexto bastantefavorável para consolidação de um pólo de Agricultura OrgânicaAgroflorestal, observando especialmente os aspectos da conservaçãoda biodiversidade e produção familiar, como pode ser observado nosdiversos aspectos abaixo enumerados:

1. A meso-região cacaueira, com 51 municípios, concentra maisde 80% da produção de cacau do estado e da sua área cultivada,cerca de 350 mil hectares, 70%, estão implantadas sob mata raleada(cabruca), conforme CEPLAC/CENEX (1999);

2. Regra geral a partir de 1984, quando se deu a restrição aosfinanciamentos para o cacau, houve uma redução na aplicação deagrotóxicos. Além disso, dentre os diversos aspectos negativosapresentados pela enfermidade vassoura de bruxa, a nãorecomendação comercial de agentes químicos para o seu controle,revela-se como positivo, desmotivando a aplicação de pesticidas eestimulando as pesquisas na área de controle biológico;

3. Associa-se estes elementos ao grau máximo de interesseconservacionista atribuído a este ecossistema, destacando-se osprojetos: “Reserva da Biosfera da Mata Atlântica” e “CorredoresEcológicos” em fase de implementação.

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JARDINAGEM E PAISAGISMO

Noemia Pinheiro de Almeida *

* Técnica em agropecuária - paisagista

Acontece quando a gente gosta muito de alguém: às vezes nosfalta a palavra exata, nenhuma frase é capaz de expressar o quesentimos. Nessas horas, em que um gesto é muito mais significativo,deixe que as flores falem por você. Presentear com flores é sempreuma demonstração de bom gosto e sensibilidade. Principalmente sevocê oferece um vaso formado com suas próprias mãos. E éfascinante escolher o tipo de planta que melhor combina com a pessoaque você vai presentear. Exemplo de algumas:

Lírio Lilium longiflorum

Lírio tigrado Lilium híbrido

Calceolária Calceolaria crenatiflora

Prímula Primula

Begônia tuberosa Begonia tuberhybrida

Begônia sempre florida Begonia semperflorens

Begônia rieger Begônia rieger

Rabo de gato Acalypha hispida

Cacho de estrelas Pentas lanceolata

Prímula do cabo Streptocarpus

Clívia Clivia miniata

Crisântemo Crysanthemum morifolium

Gloxínia Sinningia apeciosa

Cinerária Senecio

Ciclame Cyclamen persicum

Hibisco chinês Hibiscus rosa sisensis

Nome vulgar Nome científico

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Até para decorar sua casa, mesmo que não disponha de amplasjanelas e a luminosidade não seja a ideal, você pode viver cercadode verde e beleza. E, por favor, nem pense naquelas abomináveisplantas de plástico. Existe um número grande de plantas que secontentam com um mínimo de claridade para sobreviver. E, mais doque isso, não exigem muitos cuidados, permanecendo anos e anossempre bonitas e saudáveis. São folhagens maravilhosas, de todosos tipos, tamanhos e formatos onde citaremos abaixo:

Nome vulgar Nome científico

Espatifilo Spathiphyllum

Casca de melancia Maranta leuconeura

Dracena listrada Dracaena deremensis

Cordiline verde Cordyline terminalis

Esmeralda crespa Peperomia caperata

Pitosporo anão Pittosporum tobira

Clorofito Chlorophytum comosum

Babosa Aloe arborescens

Lança de são jorge Sanseviera cylinfrica

Folha de violino Philodendron panduraeforme

Fátsia japonesa Fatsia japonica

Comigo ninguém poda Dieffenbachia picta

Sonho de beberrão Hatiora salicornioides

Bolsa de pastor Rhoeo spathacea

Anturio Anturium

ESTRANHAS BELEZAS

O reino vegetal caracteriza-se por suas empolgantes belezas e seusprofundos mistérios. Não existem, é verdade, aquela feroz plantacarnívora; mas muitas espécies se aproximam muito disso: devoraminsetos que caem em suas malhas.Outras, como a espatélia,produzem um estranho perfume, que lembra o cheiro da carne em

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decomposição, para atrair as moscas, responsáveis pela fecundaçãodas flores. E há aquelas de aparência estranha, às vezes bizarra, masque dão um efeito extraordinário na decoração de sua casa.

Drósera (carnívora) Drosera rotundifolia

Cebola trepadeira (estranha e fascinante) Bowiea volubilis

Dionéia (carnívora) Dionaea muscipula

Folha de veludo (estranha) Kalanchoe beharensis

Sensitiva (estranha) Mimosa pudica

Pérola verde (estranha-forma de bolinha) Senecio rowleyanus

Estapélia (suculenta c/ flor cheirodesagradável e atrai moscas)

Avelós(líquido leitoso e cáustico) Euphorbia tirucalli

Planta hélice (estranha) Crassula falcata

Trevo dourado(nervuras douradas) Oxalis corymbosa

Aspargo zigue zague (diferente) Aspargus retrofractus

Nome vulgar Nome científico

Stapelia nobilis

FLORA TROPICAL

Se você pretende viver num ambiente exuberante e tropical, nãodeve esquecer das bromélias. Nativas do continente americano, elassão facilmente encontráveis nas matas brasileiras ou nos sertões dointerior, onde são mais conhecidas pelo nome indígena ”caraguatá”,ou pelas variações “craguatá” ou “gravatá”. As bromélias apresentamfolhas modificadas de colorido intenso e florescem na primavera e noverão. Para que elas não percam sua graça, tente colocá-las numlugar que seja o mais parecido possível com seu habitat natural: ouseja, onde tenha muita luz, calor e umidade. Alguns exemplos:

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Nome vulgar Nome científico

Nome vulgar Nome científico

Carolina tricolor Neoregelia carolinae

Aechméia negra Aechmea Black Jack

Planta urna Aechmea chantinii

Aechméia prateada Aechmea fasciata

Aechméia favorita Aechmea Foster Favorite Favorite

Abacaxi ornamental Ananas comosus variegatus

Estrela da terra Cryptanthus !It!

Estrela rajada Cryptanthus zonatus

Díquia Dykia brevifolia

Tilândsia Tillandsia cyanea

Bibérgia Illbergia pyramidalis

Espada flamejante Vrisea splendens

O jardim tropical, estilo brasileiro é amplamente divulgado pelomundo, abaixo outras plantas usadas neste tipo de paisagismo.

Palmeira triângulo Dypsis decary

Flamboyant Delonix regia

Chifre de veado Platycerium bifurcatum

Flores de lótus Nelumbo nucifera

Agave retorcida Agave vilmoriniana

Agave americano Agave angustyifolia

Mussenda Mussaenda alícia

Dracena malaia Pleomele

Pássaro de fogo Heliconia bihai

Filodendro imperial Philodendron speciosum

Pata de elefante ou nolina Beaucarnea recurvata

Sagu de espinho Encephalartos ferox

Samambaia de metro Nephrolepis cordifolia

Cica Cycas revoluta

Trepadeira sete léguas Podranea ricasoliana

Coqueiro da Bahia Cocos nucifera

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Lírio da Paz Spathiphyllum wallisii

Palmeira Sabal Sabal marítima

Palmeira Fênix Phoenix roebelinii

Singônio Syngonium podophyllum

Agave estrela Agave

Momoninha Jatropha podagrica

Piteira Furcraea gigantea

Maria sem vergonha Impatiens walleriana

Palmeira leque Licuala grandis

Crino Crinun procerum

Papiro Ciperus papirus

Ipomea Ipomoea pupurea

Orquidea bambu Arundina bambusifolia

Buganvile Bougainvillea spectabilis

Renda portuguesa Davalia fejeensis

Alpínia/bastão de príncipe Alpinia purpurata

Helicônia pêndula Heliconia collinsiana

Bananeira vermelha Musa coccinea

Heliconia papagaio Heliconia psittacorum

Ixora Ixora coccinea

Filodendro brasil Philodendron scandens

Dracena tricolor Dracaena marginata Tricolor

Palmeira leque de fiji Pritchardia pacifica

Dracena/ pau d! água Dracaena fragrans massangeana

Singônio Syngonium podophyllum

Anturio Anthurium andreanum

Cróton Codiaeum variegatum

Palmeira imperial Roystonea oleracea

Palmeira ráfis Rhapis excelsa

Palmeira areca bambu Dypsis lutescens

Palmeira cica Icas circinalis

Cica de porte menor Cicas revoluta

Guaimbé Philodendron bipinnatifidum

Nome vulgar Nome científico

Continuação

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Pândano Pandanus veitchi

Açucena gigante Crinun x powelli !Roseum!

Dracaena Cordiline Cordyline terminalis

Espada de São Jorge Sansevieria trifasciata

Cebolinha Bulbine frutescens

Acalifa rabo de gato Acalypha reptans

Manacá de cheiro Brunfelsia uniflora

Camarão amarelo Patchystachys lutea

Hibiscus Hibiscus rosa-sinensis

Tumbergia azul Thunbergia erecta

Triális/resedá amarelo Galphimia brasiliensis

Costela de adão Monstera deliciosa

Bananeira leque/árvore do viajante Ravenala madagascariensis

Bastão do imperador/gengibre-tocha Etlingera elatior

Helicônia pássaro de fogo Heliconia bihai

Cana branca Costus spiralis

Caetê Heliconia velloziana

Trança de cigana Heliconia rostrata

Samambaiaçu Dicksonia sellowiana

Alamanda Allamanda cathartica

Nome vulgar Nome científico

Continuação

JARDIM SUSPENSO

Se você dispõe de pouco espaço para suas plantas, pense napossibilidade de um jardim suspenso. Mas há outras opções: bastater um terraço com treliça ou então um pátio protegido por vidro ouainda um corredor bem iluminado - em todos esses casos as plantassuspensas também ficarão lindas. E o que plantar?Experimente osgerânios pendentes, as alamandas, buganvílias. Todas essas espéciesproduzem muitas flores intensamente coloridas, quando a iluminaçãoé boa - elas ficam ótimas, por exemplo, junto a uma janela. Você

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precisará cuidar um pouco mais delas: por ficarem suspensas, elascostumam ressecar bastante.

COMO CUIDAR DE PENDENTES:

Qualquer planta, por mais bem cuidada que seja, um dia começa aapresentar queda de folhas. Para manter as plantas sempre viçosase com ramos densos e uniformes, uma boa solução é podar os ramosque crescem junto à borda do vaso. Mesmo que isso lhe pareçadrástico, saiba que é um excelente remédio para que a folhagemrevigore, tornando-se novamente cheia e espessa.

Se preferir uma medida menos radical, faça a poda por etapas.Comece retirando 1/3 dos ramos. Quando as folhas novas brotarem,pode mais 1/3, e assim por diante, até que a planta esteja totalmenterecuperada. Quando a folhagem ficar rala no topo do vaso, uma soluçãoé podar a ponta dos ramos mais compridos e enterrá-los novamenteno vaso, no meio dos galhos já enraizados. Os caules pelados ficarãoencobertos e o aspecto geral da folhagem melhorará. Também astrepadeiras que crescem apoiadas em tutores costumam apresentarproblema de queda de folhas, principalmente na base, próximo aosolo.Nesse caso, você pode deixar a planta crescer até uns 20 a 30cmacima do tutor e depois orientá-la em direção à terra do vaso,amarrando-a no tutor. Isso não só recobrirá os ramos desnudos comoacelerará o crescimento da planta. Para que a poda seja realmenteeficaz, revigorando a aparência geral da folhagem, é importante quevocê leve em consideração as novas exigências da planta.

LUZ: quando podada, a trepadeira necessita de uma quantidadede luz ligeiramente maior, para desenvolver-se com mais rapidez. Istoocorre porque as folhas restantes - em menor número - terão de captara energia suficiente para o crescimento da planta.

ADUBAÇÃO: na época da poda, procure adubar com maisfreqüência sua trepadeira. Depois que o crescimento tiver voltado aoritmo normal, volte também à quantidade habitual de adubo.

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ÁGUA: ao contrário do que ocorre com a quantidade de luz e adubo,a planta podada necessita de menos água. Mantenha-a ligeiramenteúmida, mas evite as regas em excesso.

AS QUATRO ESTAÇÕES

PRIMAVERA

GramaA estação é caracterizada pelo aumento de temperatura e também

pelo início das chuvas, esse fato favorece o aparecimento de doençasfúngicas no gramado: ferrugem, podridão de raízes, mancha cinzentada folha, queima, etc. para combate-las faça pulverizações com caldabordaleza, deixando um espaço de uma semana entre uma e outraaplicação; 08 g de uréia, diluída em água e aplicada com regador,em cada m2 de grama, vai deixá-la com um bom visual.

Nesta época proliferam ervas que concorrem com as gramasornamentais: trevo, picão-preto, serralha, dente de leão e até tiririca,todas devem ser erradicadas arrancando-se uma a uma, com a raiz,utilizando uma ferramenta própria chamada firmino. O corte da gramapode ser mais baixo: 2 cm de altura.

Árvores e arbustosEstão em franco desenvolvimento, por isso os meses de

outubro, novembro e dezembro são favoráveis á fertilização medianteadubos foliares, especialmente aqueles cuja fórmula é enriquecidacom micronutrientes.

FloríferasAs flores murchas devem ser eliminadas, para estimular o

aparecimento das novas.Nessa época podem ser semeadas:begônias, portulacas e zínias e reproduzidas por estacas: camarões-vermelhos, alamandas, cinerárias, dracenas, brincos de princesa ecamélias.

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Doenças fúngicasAntracnose, ferrugem, míldio, requeima e outras que atacam

antúrios, gerânios, prímulas e hortênsias podem ser combatidas comsulfato de cobre.

VERÃO

GramaNunca apare a grama quando estiver molhada e cuide para que as

facas do cortador manual (elétrico ou à gasolina) estejam afiadas,caso contrário às folhas serão mastigadas facilitando a ocorrênciade doenças. Repita a adubação com uréia.

TrepadeirasDevem ser, quando escandentes ou volúveis, conduzidas com

amarrilhos para subirem nas treliças e pérgolas.

FloríferasA maria-sem-vergonha, cravinha, cóleus, tagetes e dálias são

semeadas nesta estação e as espirradeiras podem ser reproduzidaspor estacas. Húmus de minhoca pode ser aplicado nos canteiros juntocom substrato, para melhor incorporação ao solo, afofe a terra comuma enxadinha e use 02 kg de cada por m2.

RegasDevem ser abundantes, por causa das altas temperaturas a

transpiração é maior.

PragasCom chuva e calor as plantas estão repletas de brotos tenros e

atraentes para os pulgões, que podem ser exterminados com caldade fumo, cochonilhas desaparecem usando-se água e sabão oupulverizando-se com óleo mineral.

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Plantas de interiorNas regiões frias levar os vasos para o ar livre em local de meia

sombra para as plantas se revitalizarem.

Ervas aromáticasEstação indicada para secá-las, mas cuidado, na sombra e

protegidas da umidade.

OUTONO

GramaCom a estiagem o corte deve ser alto, 3 a 4cm; com uma camada

foliar maior a umidade se conserva melhor. Uma aplicação de 30g decloreto de potássio por m2 vai proporcionar-lhe maior resistênciacontra as doenças.

De 15 em 15 dias, passe um rastelo, superficialmente, para retirarfolhas e raízes mortas.

ÁrvoresNo pomar podar após a queda das folhas.

FloríferasÉ época de semear prímulas, anêmonas, alisso e amores perfeitos.

A estação também é propícia para reproduzir jasmins-do-cabo, cóleuse gerânios por estacas, e multiplicar por divisão de touceirasagapantos, gérberas, hemerocalis, clorofitos e violetas-de-cheiro.

Doenças e pragasNessa época podem aparecer aranhas imperceptíveis a olho nu,

são ácaros que se instalam na parte inferior das folhas, enrolandosuas bordas e deixando-as com o aspecto vítreo, até amarelarem ecaírem.Uma pulverização com produtos a base de enxofre é asolução, pois eles têm ação antiparasitária e também combatem, o

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oídio que afeta: azaléias, resedás e calanchôes, deixando suas folhasacinzentadas antes de caírem prematuramente e os cancros queferem os troncos das roseiras, gardênias e outros arbustos.

INVERNO

GramaEspere o mês de agosto para colocar a camada de cobertura, que

deve ter 40% de terra vegetal, 30% de areia, 30% de substrato etambém 01 kg de húmus de minhoca, 200g de torta de mamona e100g de farinha de ossos por m2. Aproveite para fazer uma aeraçãono gramado.

Árvores e arbustosGalhos e folhas secas fornecem ótima matéria orgânica, use esses

detritos como cobertura nos canteiros.Não aplique fertilizanterespeitando os meses de dormência.

Muitas plantas hibernam por completo, especialmente ascaducifólias, portanto ramos inúteis e mal formados devem sersuprimidos através de podas, utilizando tesouras e serrotesapropriados.

FloríferasNo mês de agosto podem ser multiplicados por estacas as

hortênsias, sete léguas, bicos de papagaio, gerânios, dracenas,hibiscos, jasmim-amarelo e muitas outras.

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PRODUÇÃO DE MUDAS: frutíferas e florestropicais

Carlos Josafá de Oliveira

Engo. Agro. CEPLAC/CENEX/EMARC-URUCUCA.

“Produzir mudas como agronegócio é mais uma receita agregadaao produtor”.

Existem duas maneiras de propagação de mudas: 1. REPRODUÇÃO - propagação sexuada, via seminal, por

semente. 2. MULTIPLICAÇÃO - propagação vegetativa ou assexuada,

utiliza-se partes da planta.Para formação e desenvolvimento das plantas reproduzidas por

sementes é necessário que o pólen (gameta masculino) fecunde oóvulo (gameta feminino) contido no ovário da flor. Como resultadodessa polinização, o ovário se transformará em um fruto com suasrespectivas sementes. Estas sementes plantadas darão plantascujas flores, no momento da formação dos gametas: masculino(pólen) e feminino (óvulo) os caracteres hereditários dos paisnormalmente se separam. Daí, se propagarmos por sementes umaplanta frutífera de reconhecido valor pelas finas qualidades de seusfrutos, dificilmente conseguiremos descendentes que produzamfrutos idênticos. Ao contrário, se multiplicarmos a mesma plantafrutífera através de enxertos ou outro método de propagação

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vegetativa, conseguiremos produzir descendentes cujos frutos irãoter as mesmas qualidades finas da planta mãe.

Fenômeno da incompatibilidade sexual – há plantas frutíferas, comoo cacaueiro, que apresentam o fenômeno da incompatibilidade sexual,isto é, plantas da mesma espécie se cruzam mas não dão frutos. Sãoplantas incompatíveis, que podem ser: a) Auto-incompatíveis – quandonão há fecundação no cruzamento entre as flores da mesma planta.b) Interincompatíveis – quando não há fecundação no cruzamento entreflores de uma planta com outra. Do mesmo modo, se propagarmospor sementes uma dessas plantas, de reconhecido valor pelasexcelentes qualidades de seus frutos, boa produtividade e elevadograu de tolerância à vassoura-de-bruxa, dificilmente iremos conseguirdescendentes com essas mesmas qualidades.

Todavia, através da propagação vegetativa, conseguiremostransferir integralmente para os descendentes (plantas filhas), osmesmos caracteres genéticos da planta mãe. Existem entre oscacaueiros plantas compatíveis: a) Autocompatíveis – há fecundaçãono cruzamento entre flores da mesma planta. b) Intercompatíveis – háfecundação no cruzamento entre flores de uma e outra planta. Nestecaso, se propagarmos uma dessas plantas, pelos dois métodos,reprodução ou multiplicação, os descendentes serão idênticos àplanta que lhes deu origem. No caso específico do cacaueiro, apropagação vegetativa com a utilização dos ramos plagiotrópicos(palmas) é vantajosa pela redução do porte da planta favorecendo acolheita e o fácil manejo.

De modo geral, a maioria das plantas frutíferas, de importânciacomercial, é propagada vegetativamente, para assegurar a cargagenética da planta mãe ou planta matriz aos seus descendentes.

ALGUNS CONCEITOS:

• Muda – material de propagação vegetal de qualquer gênero,espécie ou cultivar, proveniente de reprodução sexuada ou assexuada,que tenha finalidade específica de plantio.

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• Muda-de-torrão – muda com as raízes envolvidas por porçãode terra devidamente acondicionada.

• Muda-de-raíz-nua – muda com raízes expostas, devidamenteacondicionadas.

• Viveiro – área convenientemente demarcada para a produçãode mudas.

• Viveiro a céu aberto - área livre demarcada para o plantio demudas.

• Viveiro rústico – com cobertura e laterais protegidas commaterial rústico (folhas de palmeiras etc.).

• Planta matriz – planta original com bons atributos genéticos deonde se extrai as hastes (garfos e borbulhas) para a propagaçãovegetativa.

• Propagação vegetativa – processo de reprodução assexuada.• Produtor de mudas – pessoa física ou jurídica que produza

sementes ou mudas por meio de semeadura ou plantio, assistido porum responsável técnico.

• Enxertia – método de propagação vegetativa para substituiçãoda copa de uma planta visando a melhoria genética.

• Porta-enxerto ou cavalo – parte da enxertia que fornece asraízes.

• Enxerto ou cavaleiro – parte superir da enxertia que fornece acopa.

• Clone – planta ou conjunto de plantas geneticamente iguais àplanta matriz.

• Estaquia – método de propagação vegetativa pelo enraizamentode estacas.

• Estaca – parte caulinar(pedaços do caule) usada paraenraizamento.

• Alporquia – processo de multiplicação de plantas porenraizamento dos ramos antes de serem destacados da planta matrizou planta-mãe.

• Pé-franco – muda obtida de semente, estaca ou raiz, sem o usode enxertia.

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• Muda seminal – originária de semente.• Muda clonal – originária de um clone.

RENASEM – Registro Nacional de Sementes e Mudas:Instituído no MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária eAbastecimento pelo Art. Nº 7 da Lei Nº 10.711 de 5 de agosto de2003, dispõe sobre os critérios legais para a produção de mudas anível nacional.

• Validade do Registro - 3 anos• Comunicação para alterações - 30 dias• Cancelamento automático - 60 dias após o vencimento.

ISENÇÃO DO REGISTRO - Art. Nº 8: ficam isentos da inscriçãono RENASEM os agricultores familiares, os assentados da reformaagrária e os indígenas que multipliquem sementes ou mudas para adistribuição, troca ou comercialização entre si.

ALGUNS CRITÉRIOS DA LEI: o material de propagação(vegetativa ou seminal) de qualquer gênero, espécie ou cultivar, paraa produção de mudas, deverá ser proveniente de planta matriz, jardimclonal ou borbulheira, previamente inscrita no órgão fiscalizador.

O Art. 5º atribui competência aos Estados para elaborar normas eprocedimentos relativos à produção de sementes e mudas, exercerfiscalização do comércio estadual.

O processo de produção de mudas compreende as seguintesetapas:

• Obtenção da planta básica• Obtenção da planta matriz• Instalação do jardim clonal• Instalação de borbulheira• Produção da muda

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PROPAGAÇÃO SEMINAL DE FRUTÍFERAS EM VIVEIROa) Preparo do germinador: escolher um canteiro ou parte do

canteiro, tendo como substrato, areia lavada grossa misturada compó de serra úmidos. Sementes sadias, a depender do tamanho,distribuir em sulcos rasos ou espalhadas cobrindo-as levemente como substrato. Logo após proceder a rega com o auxílio do regador.Regar de 2 em 2 dias, não regar em período chuvoso.

b) Transplantio - Após a germinação, em torno de 25 a 30 dias,transferir as mudinhas (plântulas) para as sacolas plásticas.

SUBSTRATO PARA AS MUDASTerriço - a qualidade do terriço é essencial para o bom

desenvolvimento das mudas. Merece atenção especial porque édesse material que as novas plantas vão retirar os nutrientes para osseus primeiros 90 a 120 dias de vida. A depender da origem, deveser tratado e fertilizado tecnicamente. O lixo urbano de 5 anos podeser utilizado como terriço, todavia merece cuidados fitossanitários,uma vez que, constitui fonte de inoculo de nematóides do gêneroMeloidogyne spp, são vermes microscópicos, parasitas de raízes dasplantas cultivadas. Há uma recomendação agroecológica com cinzasde madeira para o tratamento: misturar bem as cinzas ao terriço emproporções adequadas. Solos pobres de barranco devem serfertilizados tecnicamente.

COMO FERTILIZAR UM TERRIÇO TECNICAMENTE

Em experiências com os nossos alunos do curso deAgropecuária da Emarc-UR alcançamos bons resultados como seguinte preparo:

• 1000 litros de terriço (50 latas);• 01 kg da fórmula 4-14-8 (ou similar que guarde a mesma relação

1-3-2);

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• Composto orgânico na proporção de 5:2 (se enriquecido c/fósforo: 5:1).

Obs: Para facilitar o manejo, trabalhamos com porções de 250.

PROPAGAÇÃO VEGETATIVA EM VIVEIROSESTAQUIA - multiplicação por enraizamento de estacas. O Instituto

Biofábrica de Cacau utiliza o fitormonio industrializado, ÁcidoIndolbutírico (pó branco) como indutor de raízes para a produção demudas de cacau e outras espécies botânicas.

RECEITA AGROECOLÓGICA PARA INDUÇÃO DE RAÍZESNaturalmente, as plantas possuem o fitormonio Indolbutírico para a

formação específica de suas raízes. Porém, é sabido que asgramíneas dandá e tiririca, concentram quantidades mais elevadasdessa substância. O viveirista Arnor, do Viveiro II de PlantasOrnamentais, funcionário da Emarc-Ur nos apresenta a seguinteReceita:

MATERIAIS: 1kg de Dandá ou Tiririca, 250 ml Álcool cereal, 1LÁgua;

PROCEDIMENTO: Moer ou macerar bem os bulbos (batatinhas)com as folhas e colocar na água durante 48 horas, em seguida, coare colocar no álcool;

DURAÇÃO: 30 diasUSO: imersão da estaca até a metade durante uns 2 minutos.

PROPAGAÇÃO DE MUDAS RESISTENTES DE FRUTÍFERAS

• Abacaxizeiro . Propagação em campo.O abacaxizeiro é propagado assexuadamente através de seus

órgãos vegetativos.No cultivo da abacaxi, a sanidade do material de plantio assume

grande importância, uma vez que, a fusariose e a cochonilhaconstituem os principais problemas fitossanitários dessa cultura.

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Tipos de mudas:a) Rebentos - ramos foliáceos que se desenvolve de gemas

encontradas na parte subterrânea do caule.b) Rebentões –ramos foliáceos que surgem de gemas encontradas

na zona entre o caule e o pedúnculo.c) Ramos foliáceos que crescem de gemas do pedúnculo, logo

abaixo do fruto.

A EMBRAPA/Cruz das Almas-BA lançou em 2003, o AbacaxiImperial resistente à doença fusariose (apodrecimento do fruto)causada pelo fungo Fusarium subglutinans, responsável pelas perdasde produção do país, superiores a 80%.

BIOFABRICA DA EMBRAPA:Endereço para contato: Rua Embrapa S/N. Cx Postal 007. CEP. 44380-000 Cruz das Almas/BA. Telefax. (75)3621-2584 E-mail: maurí[email protected]

• Bananeira - propagação em campoTipos de mudas:a) Chifrinho - com 50cmb) Chifre – com 80cmc) Chifre-de-veado - de 80cm a 1,0md) Pedaços de 1 kg de rizomae) Pedacinhos triangulares extraídos do rizoma

Mudas de cultivares de bananeiras resistentes a Sigatokanegra, Sigatoka amarela e ao Mal-do-panamá:

1. Caipira 3. Thap maeo 5. Fhia 012. Pakovan Ken 4. Fhia 18 6. Tropical

PRODUÇÃO DE FLORES TROPICAIS

A floricultura mundial movimenta, em sua cadeia produtiva, maisde 50 bilhões de dólares. Nesse mercado, as flores tropicais

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representam apenas 5%, o que evidencia um grande espaço paraser ocupado. Pela beleza de suas cores,exoticidade de suas formase maior durabilidade nos vasos, fizeram com que saíssem de apenasuma atividade prazerosa dos jardins, para se tornarem um agronegóciocom grandes perspectivas.Os países importadores têm mostradogrande receptividade e interesse.

Exemplos das mais preferidas:Heliconias – multiplicação por bulbos, dispensa o replantio. Floração: o ano todo. Folhagem de porte alto, dependendo da

variedade, pode atingir até 2,5m de altura. Produz flores exóticas comcores que variam de amarela, vermelha ou combinadas entre si.Forma touceiras. Adapta-se a qualquer clima, mas prefere calor eumidade. Originária da América do Sul. Nome vulgar: banana-do-mato.

Algumas variedades: Heliconia wagneriana; Heliconia rostrata;Heliconia bihai; Heliconia rauliniana etc.

Bastão do Imperador (Etlingera elatior) - multiplicação por bulbose rebentos foliares. Folhagem alta produz lindos cachos de floresvermelhos. Características de clima similar as heliconias.

Bastão-de-príncipe – similar ao bastão-do-imperador, porém, deporte baixo e flores cor de rosa.

Musas – multiplicação por rizomas. Destacam-se as espéciesEnsete ventricosum pela exuberância de suas folhas e Musa veluntinacom as flores rosa encarnado.

Costus - multiplicação por rizomas. Vulgarmente conhecida comocana-de-macaco, tem destaque nos jardins de todo o Brasil asespécies Costus spicatus SW, hastes de 0,80m, flores amarelas e aCostus cobra, de hastes compridas com nós e entre-nós coloridosde verde, branco e vermelho.

Sorvete (Zingíber spectalis) – família das Zingiberáceas, a mesmado Costus, destaca-se pela exuberância de suas flores globosas noápice das hastes, tomando a forma de um sorvete. Dá um toqueespecial nos arranjos ornamentais junto as heliconias. Multiplicaçãopor bulbo

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Antúrio (Anthurium spp) – destaca-se pelas folhas verde-brilhantes, de limbo geralmente cordiforme e variadas matizes dasflores de inflorescência tipo espádice ereto (sub-tipo da espiga). Entreas espécies nativas e cultivadas no Brasil encontram-se: A.belleumSchott; A. harrisii Don; A. radicans Koch; A. regale Linden; A.scandens Engl e A.scherzerianum Schott, sendo a espécie A.andreanum Linder, a mais comum no Brasil. Multiplicação por estacas.Desenvolvem-se abrigadas do sol e dos ventos.

FOLHAGENSDestacam-se as Cordylines, Dracenas, Pandanos e Filodendros.Dracenas – multiplicação por enraizamento. Corta-se a haste 30

ou 40cm do broto terminal, elimina-se as 3 folhas inferiores e coloca-se num vaso com água para enraizar. Após o enraizamento, transporta-se para o vaso definitivo com composto orgânico umedecido.

Cordiline ou dracena-rosada (Cordyline sp) – multiplicaçãoigual às dracenas.

Filodendro (Philodendron selloum) – outros nomes vulgares imbéou cipó-de-imbé. Multiplica-se por estacas.

As folhagens normalmente preferem lugares claros, mas protegidasda incidência direta da luz solar.

RECEITAS DE PREPARO DE SOLOS PARA PLANTASORNAMENTAIS

1. Mistura Universal – uma receita que segundo os paisagistas,satisfaz as necessidades do maior número de plantas:

7 partes de terra argilosa preta3 partes de esterco curtido ou composto orgânico2 partes de areia grossaPodendo aperfeiçoa-la adicionando em cada 5 kg da mistura acima

os seguintes ingredientes:• ½ colherinha de giz moído ou calcário (exceto para as azáleas

que preferem solo ácido)

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• 2 colherinhas de farinha de ossos ou 1 de cinzas de ossos• 2 colherinhas de superfosfato simples• 1 colherinha de sulfato de potássio ou cloreto de potássio.Obs.: dispensar o potássio se o composto orgânico teve em sua

composição fragmentos do pseudocaule inteiro com as folhas debananeira.

2. Receita de preparo de solos para as plantas tropicais emgeral:

• 2 partes de areia lavada grossa• 1 parte de argila solta• 1 parte de terra preta• 1 parte de composto orgânico ou esterco curtido ou ½ parte de

húmus de minhoca.

Para cada 5 kg da mistura, adicionar os seguintes ingredientes:• 1 colher-de-sopa de carvão em pedacinhos• 1 colherinha de giz moído ou calcário

3. Receita para roseiras – preparo de canteiros:• Os canteiros devem ser preparados com 8 dias de antecedência

do plantio.• Fofar a terra 30 a 40 cm de profundidade.• Misturar 10 a 15 kg de esterco curtido ou 5 a 7,5 kg de húmus de

minhoca por metro quadrado (m2).• Completar a adubação, misturando bem 100 a 200 gramas de

farinha de ossos ou 50 gramas de cinzas de ossos.Obs.: Além de roseiras, este preparo de canteiros serve também

para bulbos e plantas tropicais diversas.Cuidados com as mudas : Conservar as mudas de roseiras na

sombra até a hora do plantio e plantar o mais rápido possível.

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Espaçamento das mudas : de acordo com as variedades.• Roseiras de menor porte - 30 a 50cm• Roseiras de maior porte - 70cm, 1,0 a 2,0m

Plantio das mudas de roseiras:• Abrir as covas com 30cm de profundidade;• Colocar a muda na cova, enchendo-a com terra aos poucos

apertando levemente junto às raízes e logo após, regar bem. Se amuda for de torrão basta retirar a sacola plástica que a envolve eplantar. Se as mudas forem de raiz nua, ao retirar a embalagemque protege as raízes, mergulha-las em água por 2 a 3 minutos. Aocolocar a muda na cova, localizar o ponto do enxerto, deixando-o a1cm acima do solo. Nos meses quentes, proteger as mudas recémplantadas, durante 15 a 20 dias, com folhas de palmeiras ou ramosde folhagens. Regar diariamente, de preferência à tarde com o solmais frio, até o início da floração. Depois só nos dias quentes.Roseiras não gostam muito de água. Manter a terra do canteirosempre fofa e livre de plantas invasoras. Importante: Assim que surgiras primeiras folhas, fazer uma aplicação do fungicida Dithane - 45 a0,02%, pois nesse período o ataque de doenças é mais severo.

ESTAQUIA EM PLANTAS DE INTERIOR

• plantas de interior - São as plantas umbrófilas, do interior dacasa, amigas da sombra.

Cortar o broto terminal a 8 ou 10cm abaixo de uma junta de folhas,deixando-se 3 a 4 folhas no topo. Colocar as estacas para enraizarnuma parte do canteiro, usando-se como substrato, composto orgânicopuro, sem terra. Fazer o enterrio até a metade do ramo, firmarligeiramente e logo após, molhar o composto. Usar um pauzinho roliçopara fazer as covas. Protegê-las da luz direta e da ação dos ventos.Logo que começarem a crescer, podem ser retiradas e envasadasindividualmente.

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PRODUÇÃO DE MUDAS DE CACAU

1. Construção do viveiro (rústico ou de alvenaria)a) Localização: próximo à água e fácil acessob) Piso: plano ou declive até 5%c) Boa drenagem: utilizar areia lavada grossa – mínimo 2cm. Para

Viveiros de alvenaria, usar, se possível, brita e areia grossa nos lastrosdos canteiros, 5 a 10cm da primeira e 10 a 15cm da segunda.

d) Sentido: Norte-Sul

2. Preparo de terriçoPara solos pobres de barranco até 60cm de profundidade. Misturar

em 1000 litros (recomendação da Ceplac):• 1 kg de calcário dolomítico (o calcário deve ser bem misturado

até desaparecer a coloração branca);• 4 kg de Superfosfato simples;• 25 gramas de FTE BR-12.

Outra mistura de terriço experimentada na Emarc-Ur combons resultados:

Para 1000 litros de solo pobre, misturar:• 1 kg da fórmula 5-15-10 ou 4-14-8, que guardam a mesma relação

1:3:2;• Esterco de gado curtido ou composto orgânico simples na

proporção de 5:2;• Esterco de galinha ou composto orgânico enriquecido com

fósforo na proporção de 5:1.

ENXERTIA DE CACAU EM VIVEIROS

Dado o fácil domínio, os tipos de enxertia mais usados pelosprodutores são:

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a) Garfagem de topo em fenda cheia: neste caso, o diâmetrodo enxerto deve ser compatível com o diâmetro do porta-enxerto.

b) Garfagem de topo em meia-fenda: o diâmetro do enxerto émais fino que o do porta-enxerto.

Tamanho dos garfos: condicionado ao número de gemas, mínimode 2 e máximo de 4. (Gemas – são as pequenas estruturas no cantoda folha, ou seja, na axila foliar).

Tempo de realização de cada enxerto: em torno de 30segundos, para evitar oxidação da seiva.

Fitossanidade: descartar garfos praguejados e doentios. No cortedo bisel é comum observar-se algumas estrias castanho-escuras quesão sintomas da doença fúngica Lasiodiplodia. A cigarrinha-dos-ramos, por sua vez, deixa os ramos inchados com fendilhamentosressecados. Garfos com esses danos devem ser eliminados.

COLETA DE HASTES OU VERGÔNTEASa) As hastes devem ser colhidas de clones ou matrizes certificadas,

oficialmente recomendadas de jardins clonais devidamentecredenciados.

b) As hastes devem ser colhidas nas horas mais frescas do dia,pela manhã ou à tarde.

c) Conservação das hastes: Parafinar 1 a 2cm das extremidadespara evitar a desidratação. Acondiciona-las em papel jornal umedecidoe transportar em caixas de isopor.

PORTA-ENXERTOS - Com o advento da doença mal-do-facão,no Sul da Bahia, a Ceplac passou a recomendar sete clonesdescendentes do clone IMC, tolerantes ao fungo Ceratocystesfimbriata, causador da doença: TSH – 1188; CEPEC – 42; TSA –

654; TSA – 792; TSA – 656; TSH – 774 e TSH – 565

O clone LC TEEN 37 A, oficializado pela Ceplac o ano passado

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(2004), na 26ª Semana do Fazendeiro, constitui uma nova basegenética originária do Equador. Segundo informação de DidieClement em um Seminário no auditório do Cepec, no dia 26/09/2005,esse clone é resistente à doença Monília.

Padrões de muda seminal de cacau estabelecidos pelaDelegacia Federal de Agricultura da bahia – DFA

• Tamanho e desenvolvimento uniforme

• Aspecto fitossanitário saudável

• Apresentação de 5 a 8 folhas maduras

• Caule apresentando 0,7 a 1,0cm na altura do nó cotiledonar

• Idade de 4 a 6 meses

• Sistema radicular normal sem exposição das raízes

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MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUANA REGIÃO CACAUEIRA DA BAHIA.

ASPECTOS BÁSICOS

Quintino Reis de Araújo 1,2

Arlicélio Paiva 2

1 CEPLAC / Centro de Pesquisa do Cacau. [email protected] UESC / Departamento de Ciências Agrárias e Ambientais. [email protected]

Reflexão Inicial

A relação que existe entre solo e planta é de completa dependênciaum do outro. O solo serve para dar sustentação às plantas e funcionacomo um reservatório de água e nutrientes necessários para a vidadas plantas. Por outro lado, as plantas promovem a cobertura do soloe fornecem matéria orgânica que é importante para a formação econservação do solo.

O solo é composto por pequenos espaços vazios, chamados deporos. Os poros de tamanho maiores são conhecidos comomacroporos e os de menor tamanho, de microporos. Elesdesempenham funções específicas no solo, os microporos servempara armazenar água, enquanto que os macroporos são responsáveispela drenagem da água, pela entrada e saída dos gases no solo epela penetração das raízes das plantas.

Assim sendo, é de extrema importância que as técnicas adotadaspara o cultivo de plantas não promovam a alteração na porosidadedo solo. No entanto, sempre ocorrem mudanças, a mais comum é oaumento da quantidade de microporos e a diminuição demacroporos. Com isso, a velocidade de infiltração da água no solo

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fica mais lenta e a água passa a se acumular na superfície, provocandoo escoamento que é conhecido como enxurrada. Esse escoamentosuperficial é um importante fator que provoca erosão.

A erosão é o processo de desgaste acelerado do solo, provocadopela utilização de técnicas inadequadas para o cultivo. Ela provoca oempobrecimento do solo e a perda da capacidade produtiva com opassar dos tempos. Além disso, ela é responsável por importantesdesajustes ambientais. Um deles é o transporte de terra para dentrodos rios que, muitas vezes, provoca a sua morte. Outro impactoimportante é a poluição dos mananciais, que compromete a qualidadeda água para consumo humano e animal.

Conservação do Solo e da Água

O solo é um recurso natural que deve ser utilizado como patrimônioda coletividade, independente do seu uso ou posse. É um doscomponentes vitais do meio ambiente e constitui o substrato naturalpara o desenvolvimento das plantas.

A ciência da conservação do solo e da água preconiza um conjuntode medidas, objetivando a manutenção ou recuperação das condiçõesfísicas, químicas e biológicas do solo, estabelecendo critérios para ouso e manejo das terras, de forma a não comprometer sua capacidadeprodutiva. Estas medidas visam proteger o solo, prevenindo-o dosefeitos danosos da erosão aumentando a disponibilidade de água,de nutrientes e da atividade biológica do solo, criando condiçõesadequadas ao desenvolvimento das plantas.

Do ponto de vista da conservação do solo, a ocorrência de chuvasfortes em uma determinada região é preocupante, pois essas chuvastêm um alto potencial de desgaste dos solos. Na região cacaueira daBahia é muito comum a ocorrência de chuvas intensas, donde se podeconcluir que é uma região que pode ocorrer erosão, dependendoapenas do tipo de uso do solo. O impacto das gotas das chuvas fortessobre a superfície de um solo sem cobertura vegetal, provoca a

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separação das partículas de argila, silte e areia. As partículasindividualizadas que são transportadas pela água para dentro do solo,estacionam no interior dos macroporos e provocam o entupimento.Como os macroporos são responsáveis pela infiltração da água,começa a ocorrer um acúmulo de água na superfície, resultando emenxurrada e conseqüente erosão. Portanto, as aparentementeinofensivas gotas de chuva são as principais responsáveis pelodesgaste dos solos sem cobertura vegetal.

Diante disso, o agricultor deve se empenhar ao máximo paramanter a cobertura vegetal do solo, uma vez que ela amortece ochoque das gotas de chuva contra a superfície do solo, diminuindoos riscos de ocorrência de erosão. Essa cobertura pode ser feitapor intermédio da preservação das florestas, pelas culturas agrícolas,pelas plantas de cobertura e/ou pela adição de restos de plantações.

Outro componente importante na ocorrência de erosão é atopografia do terreno. Em locais muito declivosos, a possibilidadede ocorrer erosão é muito maior do que em locais mais planos. Aregião cacaueira da Bahia tem extensas áreas declivosas, as quaissão susceptíveis à erosão. O declive acentuado favorece a umamaior velocidade de escoamento das águas e conseqüenteaumento da capacidade de transporte de terras para as partes maisbaixas do relevo.

Nesse contexto, pode-se afirmar que, por apresentar a maior partedas terras ocupadas por sistemas agroflorestais, nos quais o cacaué a cultura de interesse econômico principal, a região cacaueira daBahia possui uma boa estratégia para evitar a erosão, uma vez queas plantas que compõem o agroecossistema funcionam comoamortecedores do choque das gotas de chuva sobre o solo.

No entanto, isso não significa que o cacauicultor possa ficardespreocupado com a erosão. Em visitas freqüentes feitas emdiversas fazendas de cacau da região, engenheiros agrônomos quetrabalham com manejo e conservação do solo, têm observado aocorrência de erosão laminar em áreas declivosas. Nessas áreas,a cobertura do solo proporcionada pelo cacau, juntamente com as

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demais plantas que compõem os sistemas agroflorestais, não ésuficiente para evitar a erosão. Desse modo, o cacauicultor deveráintroduzir uma técnica de conservação do solo para aumentar aresistência do solo contra a erosão, evitando assim o seuempobrecimento. Faz-se necessário conhecer e adotar algumastécnicas conservacionistas que são eficientes para o controle da erosão.

Nos últimos tempos, a região sul da Bahia passou por umamudança muito importante no uso de seus solos, em decorrênciada crise estabelecida na lavoura cacaueira. A alteração maissignificativa foi a substituição da cabruca por áreas de pastagem,de fruteira e de café, entre outros. Essas modificações ocorridastêm gerado preocupações com relação à conservação do solo, pois,até então, os agricultores não viam necessidade de se adotar técnicasconservacionistas, uma vez que a proteção do solo promovida pelosistema cabruca é mais eficiente do que os outros tipos de usosque surgiram.

As pastagens bem manejadas, nas quais se utilizam o sistemade rotação de pastos, a associação com plantas leguminosas, acalagem e a adubação, contribuem para a conservação dos solos,pois promovem a cobertura dos solos por intermédio das gramínease pelo fornecimento de matéria orgânica. No entanto, em boa partedas terras ocupadas por pastagens na região cacaueira, o que seobserva é o pastoreio excessivo, no qual, os animais cortam o capimrente à superfície do solo, levando a uma completa degradação dospastos e deixando o solo exposto à erosão. Para piorar a situação, atécnica mais utilizada no manejo de pastagens degradadas é o usoindiscriminado do fogo.

Com a diversificação dos cultivos ocorrida na região, houve umaumento das áreas ocupadas por fruteiras e café. Como essasplantações naturalmente promovem uma menor cobertura do soloquando comparadas com o sistema cabruca, ocorreu, possivelmente,um aumento das perdas de solo por erosão. Entretanto, essas perdaspodem ser minimizadas com a adoção de técnicas eficientes decontrole da erosão.

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A Queimada e o Solo

Existe uma ilusão de que a terra fica mais fértil depois de queimada.O que ocorre na realidade é que os nutrientes que seriam adicionadosaos poucos, ao solo, pela decomposição da matéria orgânica, passama ficar disponíveis de uma só vez nas cinzas. Com isso, essesnutrientes são levados embora pelas chuvas e o resultado é um solomuito mais pobre do que antes de ser queimado. Além disso, existemdiversas recomendações que devem ser seguidas, com o objetivode se fazer uma queimada controlada. Para isso, os agricultoresdevem procurar informações nos órgãos especializados.

A natureza demonstra que os ambientes, nos quais a queimadaocorre como um fenômeno natural (provocado por descarga elétrica,por fricção entre corpos), apresentam-se, de modo geral, com solosempobrecidos, com conseqüentes deficiências nutricionais, pHinadequado, altos teores de elementos tóxicos. Dentre asconseqüências negativas advindas da queimada estão: a destruiçãodos organismos do solo, a queima da matéria orgânica, volatilizaçãode alguns nutrientes, liberação de CO2 para a atmosfera, diminuiçãoda infiltração e retenção de água, aumento da susceptibilidade dosolo à erosão, redução da capacidade produtiva dos terrenos edesequilíbrios no meio ambiente. Os efeitos do fogo têm sido maisdesastrosos, quando decorrentes de queimadas mal conduzidas eaplicadas continuamente. Tem-se verificado que em áreasprejudicadas pelo fogo, como parte de um manejo deficiente, asculturas revelam queda de produtividade e os pastos diminuem suacapacidade de suporte. Os prejuízos ambientais decorrentes do fogotêm sido mais intensos, destacadamente, em áreas de relevoacidentado e muito inclinado.

Tipos mais Comuns de Erosão

Erosão por Salpicamento: é provocada pelo choque das gotasde chuva contra a superfície do solo descoberto. Com o choque, as

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partículas do solo ficam separadas umas das outras e entopem osporos. Nas áreas mais declivosas ocorre uma maior quantidade deterra transportada.

Erosão Laminar: é o tipo de erosão mais importante que existe.Na maioria das vezes, o agricultor não percebe a sua ocorrência equando ela é notada, os estragos já foram feitos. Por isso, éconsiderada como a mais perigosa das erosões. Esse tipo de erosãose caracteriza por retirar finas camadas ou lâminas de solo, daí onome laminar. O agricultor deve ficar atento no surgimento de certossinais de ocorrência dessa erosão, como o aparecimento de raízes epedras na superfície do solo cultivados com culturas permanentes,como são os casos do cacau, do café e de certas fruteiras.

Erosão em Sulco: é o tipo de erosão que mais chama atençãodo homem. Porém, provoca menos desgaste do que a erosão laminar.Locais declivosos e com solo descoberto é favorável a ocorrênciadesse tipo de erosão.

Erosão em Voçoroca: esse tipo de erosão provoca um grandeimpacto visual. A sua origem é a erosão em sulco não controlada. Émuito cara e difícil de ser controlada. Em áreas de ocorrência devoçoroca fica impossibilitado o uso de máquinas e equipamentosagrícolas.

Planejamento Conservacionista

A solução dos problemas decorrentes da erosão não dependeda ação isolada de um produtor. A erosão produz efeitos negativospara o conjunto dos produtores rurais e para as comunidades urbanas.Um plano de uso, manejo e conservação do solo e da água devecontar com o envolvimento efetivo do produtor, do técnico, dosdirigentes e da comunidade.

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Dentre os princípios fundamentais do planejamento de uso dasterras, destaca-se um maior aproveitamento das águas das chuvas.Evitando-se perdas excessivas por escoamento superficial, podem-se criar condições para que a água pluvial se infiltre no solo. Isto,além de garantir o suprimento de água para as culturas, criações ecomunidades, previne a erosão, evita inundações e assoreamentodos rios, assim como abastece os lençóis freáticos que alimentamos cursos de água.

Uma cobertura vegetal adequada assume importância fundamentalpara a diminuição do impacto das gotas de chuva. Há redução davelocidade das águas que escoam sobre o terreno, possibilitandomaior infiltração de água no solo e, diminuição do carreamento dassuas partículas.

Principais Técnicas de Conservação do Solo

Práticas Vegetativas Práticas Edáficas Práticas Mecânicas

ü Florestamento ereflorestamento

ü Plantas de cobertura

ü Cobertura morta

ü Rotação de culturas

ü Formação e manejode pastagem

ü Cultura em faixa

ü Faixa de bordadura

ü Quebra vento ebosque sombreador

ü Cordão vegetativopermanente

ü Manejo do mato ealternância decapinas

ü Cultivo de acordocom a capacidadede uso da terra

ü Controle do fogo

ü Adubação: verde,química, orgânica

ü Calagem

ü Preparo do solo eplantio em nível

ü Distribuiçãoadequada doscaminhos

ü Sulcos e camalhõesem pastagens

ü Enleiramento emcontorno

ü Terraceamento

ü Subsolagem

ü Irrigação e drenagem

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Cultivo de acordo com a capacidade de uso

As terras devem ser utilizadas em função da sua aptidão agrícola,que pressupõe a disposição adequada de florestas / reservas, cultivosperenes, cultivos anuais, pastagens etc, racionalizando, assim, oaproveitamento do potencial das áreas e sua conservação.

Plantio em Contorno:

É conhecido também como plantio em curva de nível. Neste métodotodas as operações de preparo do terreno, balizamento, semeadurae outras, são realizadas em curva de nível. No cultivo em nível oucontorno criam-se obstáculos à descida da enxurrada, diminuindo avelocidade de arraste, e aumentando a infiltração d’água no solo.Este pode ser considerado um dos princípios básicos, constituindo-se em uma das medidas mais eficientes na conservação do solo eda água. Essa técnica não pode ser usada isoladamente,principalmente em locais de topografia acidentada e regiões dechuvas intensas, devendo vir junto com outras técnicas para a maioreficiência conservacionista.

A escolha dos métodos / práticas de prevenção à erosão é feitaem função dos aspectos ambientais e sócio-econômicos de cadapropriedade e região. Cada prática, aplicada isoladamente, previneo problema de maneira parcial. Para uma prevenção adequada daerosão, faz-se necessária a adoção simultânea de um conjunto depráticas.

Adubação Verde e Plantas de Cobertura

A adubação verde consiste na incorporação de plantas ao solo.Essas plantas são especialmente cultivadas para esse fim e sãocortadas na época da floração para serem enterradas. Nessa épocaé onde ocorre o maior armazenamento de nutrientes nas plantas.

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As plantas de cobertura são cultivadas com o objetivo de protegero solo contra a erosão. Elas não são cortadas, nem incorporadas aosolo, permanecem durante todo o seu ciclo cobrindo-o.

As espécies mais comuns são: feijão-de-porco, mucuna, crotalária,cudzu, amendoim forrageiro, guandu, feijão-de-corda, calopogônio,leucena, entre outras.

Tanto a adubação verde quanto as plantas de cobertura sãoimportantes para a melhoria das propriedades do solo. Os solos ficammais ricos em nutrientes, especialmente em nitrogênio. Esseenriquecimento ocorre por intermédio da adição de resíduos orgânicosou pela associação com microorganismos. Com o passar dos anos,aumenta o teor de matéria orgânica nos solos cultivados por essasplantas e melhora as propriedades físicas, como a infiltração earmazenamento de água, entrada e saída de gases no solo epenetração das raízes das plantas. Além disso, essas plantas podemcontrolar as ervas daninhas e alguns tipos de pragas e doenças. Antesde adotar essas técnicas, o agricultor deve se informar com os órgãosoficiais para saber quais as espécies mais indicadas para a região, adisponibilidade de sementes e o hábito de crescimento dessas plantas.

Cordão de Vegetação Permanente

São plantas cultivadas em fileira (cordão), dispostas em curva denível, com uma largura aproximada de um a dois metros. É uma técnicaeficiente no controle de erosão em áreas declivosas. As plantasutilizadas no cordão devem ter um retorno econômico para oagricultor. As espécies mais utilizadas são cana-de-açúcar, capimelefante, capim santo, capim colonião, entre outras. A depender dograu e do comprimento do declive, o agricultor pode plantar mais deum cordão na sua área.

Cobertura Morta:

São restos de vegetais utilizados para cobrir o solo e evitar aocorrência de erosão. Essa técnica evita a perda excessiva de água

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do solo mediante a evaporação. O exemplo mais conhecido na regiãoé o do cacau “bate folha”. Outro bom exemplo de cobertura morta é odas folhas cortadas das bananeiras.

Palavras Finais

A história da humanidade está intimamente ligada à história deuso da terra. A conservação do solo e da água mantém a riqueza(capacidade produtiva) das terras, melhora o rendimento das culturase garante um ambiente equilibrado, para a atual e as futuras gerações.Os agricultores, como protagonistas desta história, têm um papelfundamental na construção de uma vida saudável.

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FRUTIFERAS POTENCIAIS PARA A REGIÃO SUL DA BAHIA

Célio Kersul do Sacramento 1

José Basilio Vieira Leite 2

1Engº Agrônomo, DSc. Professor Titular do DCAA da Universidade Estadual de Santa Cruz.2Engº Agrônomo, MSc. Pesquisador. CEPLAC/CEPEC

INTRODUÇÃO

A região sul da Bahia apresenta condições de clima e de solofavoráveis ao cultivo de diversas frutíferas entretanto, o investimentoem fruticultura depende do conhecimento técnico para manejo racionalda cultura e conhecimento do mercado, por isso, torna-se necessárioum planejamento cuidadoso antes da implantação.

Para decidir o que plantar, o produtor deve se informar previamentesobre o comportamento da espécie frutífera na região, o tamanho domercado comprador, e a localização desse mercado. É importantesaber também qual é a produtividade, qual a época de produção,quem está produzindo e os preços obtidos, a oscilação de preços nomercado qual o nível de tecnologia, principais pragas e doenças,infraestrutura necessária. No caso do investimento em fruticultura,considerando a perecibilidade das frutas, quanto maior a possibilidadede uso da fruta, menor será o risco. Desse modo, uma fruta que possaser consumida ao natural mas que também possa ser utilizada parafazer doces, licores, vinho e outros produtos torna-se mais vendáveldo que uma fruta com pouca utilidade.

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Atualmente as agroindústrias locais estão expandindo seusmercados e colocando seus produtos em outros estados e até noexterior, portanto haverá necessidade de regularidade na produçãode frutas para atender a demanda.

Para reduzir os riscos de comercialização o produtor deve sempreque possível associar-se a outros produtores para a formação devolume de comercialização. O associativismo, quando bem conduzidoreduz os custos de produção e comercialização.

Outro fator a ser considerado é a diversificação de plantios,utilizando sempre que possível, cultivos em sistemas agroflorestais,os quais favorecem a conservação do solo e reduzem os ricos damonocultura.

É importante lembrar que existe disponibilidade de tecnologia deprodução com qualidade da maioria das frutas conhecidas, portantoo produtor deve sempre consultar um profissional ou se informaratravés de cursos antes de iniciar o investimento.

É importante lembrar, que tomada a decisão de cultivar umadeterminada frutífera deve-se trabalhar sempre com mudas dequalidade genética e fitossanitária. Na atividade agrícola a qualidadeda muda é o principal aspecto a ser observado.

Considerando-se que as frutas são perecíveis recomenda-se queo produtor verifique sempre a possibilidade de fornecimento paraagroindústrias próximas à propriedade.

Feitas essas considerações apresentamos abaixo informaçõessobre algumas frutíferas com potencial de cultivo na região sul da Bahia,tecendo comentários a respeito do manejo e do mercado:

Abacaxi : A propagação é feita com rebentos, rebentões e coroaos quais podem ser obtidos em plantios comerciais em bom estadofitossanitário.Atualmente mudas produzidas em tubetes são as maisseguras tanto em qualidade genética quanto fitossanitaria. Novasvariedades de abacaxi, tolerantes a doenças, estão sendo lançadaspelas empresas de pesquisa. São necessárias de 30.000 a 50.000mudas para cada hectare, dependendo do espaçamento utilizado. Ouso da indução floral com a aplicação de regulador de crescimento

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uniformiza a frutificação e permite direcionar a colheita para épocasde preços mais favoráveis.

Em termos de mercado a região sul da Bahia sofre grandeconcorrência com outros estados do nordeste, principalmente aParaíba, onde as condições são mais favoráveis ao cultivo dessafrutífera. O abacaxi, além do consumo ao natural é bastante utilizadopelas agroindústrias de polpa e doces.

Açaí - O açaizeiro é uma palmeira introduzida da região amazônicacujos frutos estão tendo bastante aceitação no mercado nacional einternacional. O açaizeiro serve também como fonte de palmito,embora seja inferior ao palmito da pupunha. O açaizeiro pode sercultivado em mata rala e em terrenos com problemas de drenagem. Aplanta é propagada por sementes e o espaçamento de plantio é de 4m, com a condução de 3 a 4 plantas por touceira e começa a produzira partir do quarto ano. A comercialização dos frutos ainda é pequenaou seja, há poucos compradores, entretanto existe um mercadopotencial nos grandes centros do sul e sudeste do Brasil.

Banana - Apesar do ótimo clima, a região sul da Bahia não produzbanana de qualidade, devido principalmente à falta de tecnologia,qualidade e volume de produção. Além disso, os grandes centrosconsumidores como Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais e osestados do sul preferem as bananas nanicas, sendo abastecidos porplantios dos próprios estados. Desse modo, a comercialização ficarestrita às feiras livres, com um preço extremamente baixo devido aoexcesso de ofertas. A bananeira pode ser utilizada na implantação defrutíferas que necessitem inicialmente de sombra (cacaueiro,cupuaçuzeiro, mangostanzeiro). A banana pode ser usada nafabricação de doces, licores, cristalizados e purê.

Cajá - Não há plantios comerciais de cajá no Brasil, somenteexploração extrativista, entretanto trata-se de uma espécie ideal parautilização em sistemas agroflorestais juntamente com plantas que

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toleram sombreamento como cacaueiro, cupuaçuzeiro e outrasfrutíferas. O espaçamento deve ser acima de 15 m. A cajazeira podeser multiplicada por sementes mas leva de 8 a 10 anos para iniciar afrutificação. Desse modo recomenda-se o plantio com estacas de1,0 m de comprimento e 5 cm de diâmetro.

Cupuaçu - O cupuaçuzeiro comporta-se muito bem na região sulda Bahia, é bastante rústico e produz durante 10 meses do ano. Asmudas podem ser feitas por sementes, as quais devem ser coletadasem plantas produtivas e com diferentes épocas de produção. Oespaçamento mínimo recomendado para o cupuaçuzeiro é de 6 x 6m e pode ser consorciado com outras plantas mais altas. Cada plantaproduz em média 40 frutos. O fruto é colhido quando cai no chão epode ser vendido, despolpado manualmente ou mecanicamente emdespolpadeiras. A polpa serve para suco, sorvetes, geleia, doces,cristalizados e compota. As sementes são utilizadas para fazer ocupulate e também usadas para fabricação de cremes.

Goiaba - A goiabeira frutifica bem na região sul da Bahia, entretantoa qualidade dos frutos e a produtividade são inferiores quandocomparadas com o cultivo de outras regiões de clima mais favorável.A goiaba pode ser propagada por sementes, estaquia e enxertia.Atualmente o melhor método de propagação é a estaquia herbácea.O espaçamento médio é de 5 m. A produção inicia-se a partir do 2ºano e pode alcançar até 40 toneladas por hectare. A região sul daBahia sofre grande concorrência com as áreas produtores do Valedo São Francisco e alguns estados nordestinos. A fruta é utilizadapara fazer goiaba, suco, sorvete, doces e cristalizado.

Graviola - A gravioleira comporta-se bem na região sul da Bahia eé bastante rentável entretanto necessita de atenção especial ao seucultivo, devido principalmente à quantidade de pragas e doenças. Asmudas podem ser propagadas por enxertia ou por sementes e o

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espaçamento mínimo é de 5 x 5 m. Para cada hectare cultivado hánecessidade diária de 1,5 a 2,0 homens e mais uma pessoa paratrabalhar no despolpamento. Caso não haja alguma agroindústria porperto, a propriedade precisa dispor de eletricidade, água limpa, galpãode beneficiamento com todos equipamentos necessários aodespolpamento, embalagem e conservação da polpa. A polpa temampla utilização na fabricação de sorvetes, geleia, doces, cristalizadoe compotas.

Laranja - Nas condições tropicais úmidas as laranjeira nãoproduzem frutos de boa qualidade, geralmente os teores de açúcar ede acidez são baixos para atender as exigências da industrializaçãoe não apresentam visual de casca amarela típico das frutas cítricas.Além disso, no estado da Bahia, há regiões estritamente citríciolascomo Cruz das Almas, Santo Antônio de Jesus, as quais abastecemtodo o estado da Bahia. Desse modo não há como competir emqualidade e produtividade com as frutas cítricas produzidas em outrosestados do sudeste. Para a implantação de um pomar de laranja asplantas cítricas são progadas via enxertia, estas devem ser provenientesde viveiristas credenciados. O espaçamento entre plantas varia de 4 a6 m e a produção comercial começa a partir do 4º ano.

Mamão - Essa frutífera demanda bastante tecnologia e grandeinvestimento para se obter alta produtividade e qualidade dos frutos.Para pequenos produtores o mercado está restrito às feiras umavez que, as grandes redes de supermercados são abastecidas porgrandes produtores do extremo sul. Desse modo, o mamão podeser cultivado nas entre linhas, no início da implantação de pomaresde outras fruteiras. O espaçamento mínimo para o mamoeiro é 2 x 2m. Vale lembrar que o mamoeiro não tolera sombra, portanto, nocaso de consorciação deve-se plantar primeiro o mamoeiro e depoisas outras culturas.. A produtividade pode alcançar 40 toneladas porhectare, quando se usa alta tecnologia. As sementes podem seradquiridas em casas comerciais ou em pomares da região,

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lembrando que ocorre redução da produção e da qualidade quandose utilizam sementes de procedência duvidosa. Além do consumoao natural o mamão serve para fabricação de suco, purê, doces ecristalizados.

Mangostão ou mangostin - O mangostanzeiro é uma opçãointeressante para a região tropical pois apresenta granderentabilidade devido ao alto preço dos seus frutos. Entretanto a plantacomeça a produzir somente a partir do 8o ano e a muda precisa de 2anos para o plantio. A muda é formada por sementes em sacos depolietileno de 40 cm de altura e 25 cm de diâmetro com espessurade 12 micras. O espaçamento mínimo a ser utilizado é 10 x 10 m.Durante os primeiro quatro anos o mangostanzeiro deve ser cultivadoà sombra a qual deve ser raleada gradativamente. A produção deplantas adultas está em torno de 600 frutos selecionados.Considerando o seleto mercado dessa fruta recomenda-se que osplantios sejam estabelecidos próximos de outros pomares comerciaispara formação de volume de produção. Atualmente a comercializaçãodo mangostão é feito através de 1 ou 2 cooperativas. Os frutos sãoutilizados somente para consumo ao natural.

Maracujá - O maracujazeiro é uma planta bastante precoce ebastante produtiva, entretanto o preço dos frutos é historicamentebaixo nos períodos de safra (novembro a julho). No período de agostoa novembro (época de preços melhores) quase não ocorre produçãona região sul da Bahia. O investimento inicial de implantação de umpomar de maracujá é bastante alto e o plantio precisa ser renovadoa cada 2,5 anos. Os espaçamentos não mecanizados podem serde 2,5 m entre plantas e 2,5 a 3,0 metros entre fileiras. A melhorépoca de plantio é no mês de maio, pois a produção começa a partirde novembro. A colheita é feita duas a três vezes por semana e dessemodo há necessidade de um mercado comprador próximo do plantio,devido a perecibilidade dos frutos. Os frutos tem ampla utilizaçãonas agroindústrias de suco.

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Pitanga - A pitanga tem ampla utilização na confecção de sucos,sorvetes, geleias, licores. Não existem variedades bem definidas depitangueira mas, o produtor deve estar atento para a qualidade dosfrutos os quais devem apresentar mais de 6 ºBrix (açucar). Essaqualidade só tem sido verificada nas pitangas roxas. O espaçamentomínimo para a pitangueira deve ser 4 m. Nas condições do sul daBahia a safra principal ocorre entre outubro e novembro e uma entresafra em maio e abril. Devido a perecibilidade dos frutos recomenda-se que os plantios sejam próximos a agroindustrias.

Rambutão - É uma frutífera originaria da Ásia que está sendocultivada em pequenas áreas de alguns municípios baianos eencontra-se ainda em expansão na região. Produz uma fruta bastantevistosa e gostosa, com grande potencial de exportação, entretantoainda não há variedades selecionadas e as plantas são propagadaspor sementes podendo ser masculinas ou hermafroditas (flores comdois sexos). O espaçamento mínimo recomendado é 8 x 8m paraplantas propagadas por sementes. A produção vai de abril a agostona região sul da Bahia. Os frutos são comercializados principalmentenos grandes centros urbanos.

NOÇÕES GERAIS SOBRE FRUTICULTURA

PlantioO plantio é normalmente efetuado na época das chuvas ou em

qualquer época onde existe a possibilidade de irrigação. No caso deplantas que produzem antes de 1 ano de campo, como o maracujá emamão, há épocas mais favoráveis de plantio visando a produçãoem períodos de preços mais compensadores. Na maioria dasfrutíferas utilizam-se covas de 40x40x40 centímetros as quais devemser preenchidas com terra da superfície, 10 litros de esterco curtidode gado e, adubo conforme a recomendação da análise de solo.

Os espaçamentos variam de acordo com cada espécie e com os

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tratos culturais a serem utilizados: manual ou mecânico.No plantio de frutíferas perenes recomenda-se intercalar outros

cultivos ou fruteiras para exploração comercial durante o período decrescimento vegetativo da frutífera principal. O mamão, abacaxi,maracujá e a melancia são exemplos de frutas que podem sercultivadas entre as linhas do cultivo principal.

PodaAlgumas frutíferas precisam de poda de condução, poda de

formação, poda de limpeza e poda de frutificação. Cada plantaapresenta um tipo e uma época apropriada de poda.

As podas de condução e de formação são feitas visando manter aplanta numa forma e altura favoráveis aos tratos culturais. A maioriadas fruteiras enxertadas é mantida com alturas entre 2 e 3 metros.

AdubaçãoA adubação das frutíferas deve ser feita baseada na análise de

solo e análise foliar. A analise do solo deve ser efetuada antes doplantio para verificar a fertilidade do solo e a necessidade da aplicaçãode adubo e calcário. Recomenda-se nova análise de solo a cada doisanos, sendo as amostras retiradas na projeção da copa e entre aslinhas de plantio. Em algumas espécies de frutíferas a análise do solodeve ser complementada com a análise foliar.

TRATOS CULTURAIS

Controle de plantas daninhas: Após o plantio as plantas devemser mantidas sem ervas daninhas (mato). O mato pode ser controladocom capinas, roçagem ou aplicação de herbicidas, entretanto o solonão deve ser mantido totalmente descoberto pois isso aumenta atemperatura do solo. Recomenda-se o plantio de leguminosas oucobertura morta.

Irrigação: Em locais onde a chuva não bem distribuída há

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necessidade de se manter a umidade do solo através da irrigaçãopois longos períodos sem chuvas causam atraso no crescimento dasplantas, queda de flores e queda de frutos

Controle de doenças e pragas: O clima úmido favorece oaparecimento de doenças, desse modo, devem ser efetuadasaplicações de fungicidas preventivamente. As pragas devem sermonitoradas e em caso de danos econômicos devem ser controladascom aplicações de inseticidas específicos ou com armadilhas.

Desbaste ou raleamento: Quando uma planta produz muitos frutosdurante uma safra pode haver produção de frutas pequenas as quaisrecebem menores preços no mercado. Quando isso acontece oprodutor deve fazer um desbaste no início de crescimento deixandona planta o número de frutos necessários para produzir frutos comtamanho preferido pelo mercado.

Indução de floração: Algumas plantas podem ser estimuladas aflorescer permitindo a produção de frutos na época de melhorespreços. O produtor deve procurar orientação de um técnico para oconhecimento e aplicação dessas tecnologias.

Colheita, transporte e beneficiamento: Os frutos devem sercolhidos no grau certo de maturação visando o mercado consumidor.A colheita, transporte e beneficiamento dos frutos devem ser feitoscom o máximo de cuidado para evitar ferimentos que vão causarentradas de doenças e apodrecimento dos frutos. Após a colheita, asfrutas devem ser sempre mantidas em locais frescos e arejados, sepossível refrigerados para manter a qualidade por maior tempo.

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FERTILIZAÇÃO DO CACAUEIRO

Rafael Edgardo ChepoteEdson Lopes Reis

Pesquisadores da Seção de Solos e Nutrição de Plantas (CEPEC/SENUP).

As recomendações atuais de corretivos e fertilizantes na culturado cacaueiro no Sul da Bahia, consideram o grau e distribuição dosombreamento, o estado fitossanitário da plantação e ascaracterísticas físico-químicas do solo, tais como textura, profundidadeefetiva, drenagem, pH, H++ Al3+, P disponível e bases trocáveis de K+

Ca2+ e Mg2+. Pesquisas desenvolvidas recentemente pela Seção deSolos e Nutrição de Plantas (CEPEC/SENUP) com corretivos efertilizantes, tem apresentado embasamento técnico-científico paraatualização das recomendações de corretivos e fertilizantes nocacaueiro no Sul da Bahia.

O uso de corretivos em solos além de corrigir a acidez dos mesmose eliminar a toxidez de alumínio e manganês, visa também osuprimento de cálcio e magnésio ao solo . Os critérios da calagemna cultura do cacau no Sul da Bahia, baseiam-se na elevação dosteores de cálcio e magnésio para 3,0 cmolc/dm3 em solosLatossolos distróficos e na redução da saturação de alumínio paravalores de 30% em solos Argissolos distrófiscos e Aluviais argilososdistróficos. Desta maneira as quantidades totais de corretivos aserem aplicadas ao ano dependem da textura do solo. Solos detextura argilosa, aplicar-se-á até 2000 kg ha-1 ano-1; e solos detextura franco, a quantidade total de calcário a ser aplicada seráde até 1000 kg ha-1 ano-1.

O uso de gesso agrícola (sulfato de cálcio diidratado-CaSO42H2O)visa a melhoria do ambiente radicular do cacaueiro nas camadassubsuperficiais (20 a 40cm), quando os teores de Ca2+ ≤ 0,4 cmolcdm3) e elevados teores de alumínio (> 0,5 cmolc dm3 de Al3+ e/ou

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saturação por Al3+ ≥ 30% ), este é o caso dos solos Aluviais Argilosodistróficos de Linhares e Argissolos distrófiscos do Sul da Bahia.

A adubação do cacaueiro baseia-se nas doses de nitrogênio,determinadas em ensaios de campo e nos níveis críticos de fósforo epotássio disponíveis que proporcionam maior desenvolvimento eprodução do cacaueiro. Desta maneira disponibilizaram-se dozeformulações (Tabela 1) com as respectivas quantidades de nutrientespor hectare e doses de fertilizantes a serem utilizados. Essas dosesde fertilizantes originam-se dos resultados analíticos da análise dosolo, aplicadas durante o primeiro, segundo e terceiro ano, quecorrespondem, respectivamente, a 1/3, 1/2, 2/3 da dose total indicadaa partir do terceiro ano de idade.

As doses recomendadas por planta, deverão ser fracionadas emtrês aplicações/ano, para os dois primeiros anos, a partir de 60 diasapós o plantio e em duas aplicações por ano nos anos subseqüentes.As doses de fertilizantes devem ser aplicadas em cobertura, em círculopara áreas planas e em meio círculo para as áreas acidentadas, numraio de 20, 30 e 50 cm respectivamente para o 20, 60 e 100 mês ; 70,90 e 100 cm para os 14o , 180 e 220 mês de idade, 120, 140 e 150cm para 260, 300 e 340 meses. A partir do 360 mês a aplicação seráem faixas laterais ás plantas medindo 150 cm de largura.

Nas atuais recomendações de corretivos e fertilizantes na culturado cacaueiro no Sul da Bahia, também são apresentadas a adubaçãoorgânica a base de composto de casca do fruto do cacau e de estercode curral, na presença e ausência de adubos minerais, adubação commicronutrientes e adubação foliar.

Como técnica para monitoramento do estado nutricional docacaueiro, a diagnose foliar, é utilizada, recomendando-se coletara terceira folha a partir do ápice de um lançamento recémamadurecido, na meia altura da copa da planta. A época de coletaé no verão (dezembro a janeiro) evitando-se o período delançamento. Coletar quatro folhas por planta (uma em cadaquadrante), percorrendo-se uma área homogênea. Num total dedez cacaueiro por amostra composta.

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Tabela 1- Quantidade de nutrientes, composição e doses de fertilizantes a seremutilizadas em plantações de cacaueiro, a partir do terceiro ano de idade.

Fonte: Cabala, Santana e Santana, 1984, modificado pela Equipe Técnica da Seção deSolos e Nutrição de Plantas, 2005.

A diagnose foliar é uma técnica complementar da análise do solopara otimizar o uso de fertilizantes e melhorar o estado nutricional docacaueiro e conseqüentemente, aumentar a produtividade das lavouras.

Estas recomendações têm por objetivos subsidiar técnicos eprodutores na aplicação de corretivos e fertilizantes nas lavourascacaueiras do Sul da Bahia.

FÓSFORO DISPONÍVEL FAIXA BAIXA MÉDIA ALTA MUITO ALTA

mg/dm 3 < 9 9 a 16 17 a 30 >30

Nutriente Kg ha-1

N P2O5 K2O N P2O5 K2O N P2O5 K2O N P2O5 K2O 60 - 90 - 60 60 - 60 - 60 60 - 30 - 60 60 - 00 – 60

Composição %

16 - 24 - 16 18 - 18 - 18 20 - 10 - 20 25 - 00 – 25

Mistura Kg ha-1

BA

IXA

< 0,

10

380 340 300 240

Nutriente Kg ha-1

N P2O5 K2O N P2O5 K2O N P2O5 K2O N P2O5 K2O 60 - 90 - 30 60 - 60 - 30 60 - 30 - 30 60 - 00 – 30

Composição %

18 - 27 - 09 22 - 22 - 11 26 - 13 - 13 32 - 00 – 16

Mistura Kg ha-1

DIA

0,10

a 0

,25

340 270 230 190

Nutriente Kg ha-1

N P2O5 K2O N P2O5 K2O N P2O5 K2O N P2O5 K2O 60 - 90 - 00 60 - 60 - 00 60 - 30 - 00 60 - 00 – 00

Composição %

22- 33 - 00 27 - 27 - 00 34 - 17 - 00 45 - 00 – 00

Mistura Kg ha-1

PO

SS

IO D

ISP

ON

ÍVE

L

ALT

A

Cm

olc/

dm3

> 0,

25

270 220 180 140

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MANEJO ESTRATÉGICO DA PASTAGEM

José Marques Pereira

Pesquisador da Ceplac/Cepec - Rodovia Ilhéus-Itabuna, km 22, Cx. Postal 07, 45600-970 - Itabuna,BA. E-mail: [email protected]

INTRODUÇÃO

À exemplo do que acontece no Brasil, a produção de leite e decarne no sudoeste da Bahia é feita predominantemente à pasto. Alémde ser a fonte de alimentação mais econômica, esse sistema deprodução tem credenciado o país na exportação de carne e seusderivados, gerando expectativas para que o volume exportado em2005 atinja oito bilhões de dólares, com crescimento de 25% emrelação ao ano anterior.

O sudoeste da Bahia apresenta condições edafoclimáticas ideaispara produção a pasto. Em adição à tecnologia disponívelrepresentada principalmente pela disponibilidade de genótipos deforrageiras e de técnicas de manejo das pastagens, qualidadegenética do rebanho e controle sanitário, já conferem à pecuáriaregional potencial para obtenção de elevados índices de produtividade.

Infelizmente a produtividade média regional ainda é baixa. Aprodução de leite por vaca embora tenha experimentado melhoras,ainda está entre 800 a 1000 litros/vaca/lactação, correspondendo a1000 kg de leite/ha/ano. Quanto ao gado de corte a produtividadeestá entre 5 a 6 @/ha/ano. Esses índices são ainda insignificantes ebem abaixo da potencialidade tecnológica e dos agrossistemaspastoris que compõem a região. Dispõem-se de tecnologiaszootécnica e de gerenciamento da produção, suficiente para obtenção

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de cerca de 6.480 kg de leite/ha/ano, para gado de leite e 20 @ decarcaça/ha/ano para o gado de corte. Em explorações mais intensivasa tecnologia disponível potencializa o alcance de respectivamente21.500 kg de leite/ha/ano e 35 @ de carcaça/ha/ano. Resta analisaros fatores que limitam, a adoção dessas técnicas por um númeromaior de produtores de modo a melhorarem sua renda.

A produtividade da pecuária à pasto está diretamente relacionadacom o potencial da forrageira, sua adaptabilidade ao ecossistema eprincipalmente com o manejo adotado. As forrageiras, quanto à suaexigência nutricional e conseqüentemente resposta à adubaçãopodem ser classificadas em três grupos, apresentados na Tabela 1.

Tabela 1 – Classificação das forrageiras quanto à exigência nutricional.

Capins: elefante, tifton, coastcross,tanzânia, mombaça, colonião.

Leguminosas:soja perene, leucena.

Capins: braquiarão ou marandu,xaraés, jaraguá, ruziziensis, braquiária-de-brejo, estrela africana.

Leguminosas: centrocema, siratro, ,tropical, guandu, amendoim forrageiro.

Capins: gordura, braquiária comum (B.decumbens), humidicola, B.dictyoneura, andropogon.

Leguminosas: stylozanthes (mineirão),desmodium cv. Itabela, calopogônio,cudzu tropical.

Grupo 1: elevada exigência nutricional

Grupo 2: Média exigência nutricional

Grupo 3: Baixa exigência nutricional

Grupos Forrageiras

ESCOLHA DA FORRAGEIRA

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É fundamental que na fazenda sejam atribuídas às áreas maisférteis forrageiras mais exigentes e produtivas. O plantio deforrageiras mais exigentes em solos pobres implicanecessariamente na adubação da pastagem para que não hajaqueda de produtividade seguida da sua degradação. O capim-humidicola estabelecido em solo de tabuleiros costeiros necessitariapouquíssima adubação fosfatada para produzir satisfatoriamente,já o capim-braquiarão (marandu), nessas mesmas condições,necessitaria de calagem, maior dosagem de fósforo, além nitrogênioe potássio.

Além da exigência nutricional outro fator importante na escolha daforrageira é a sua adaptabilidade às condições de excessiva umidadedo solo e capacidade de cobertura do solo. Para áreas sujeitas aalagamento deve-se preferir os capins, braquiaria-de-brejo, capim-bengo, humidicola e estrela africana, ordenados de acordo com onível de tolerância. Áreas com topografia muito acidentada, devempreferentemente ser deixadas como áreas de reserva permanente.Nas áreas medianamente acidentadas devem ser utilizadasforrageiras estoloníferas/decumbentes como é o caso de algunscapins dos gêneros Brachiaria (decumbens e humidicola) e doCynodon (coastcross, tifton).

Na história da pecuária brasileira tem sido comum a substituiçãode forrageiras mais exigentes em fertilidade de solos, portanto maisprodutivas, por forrageiras menos exigentes, a medida que seobserva a queda da fertilidade do solo. Com isso acontece umverdadeiro retrocesso, com redução de produtividade, sem evitarque com o passar do tempo, ocorra a degradação da pastagem.Nesse caso é preferível não substituir a forrageira, mas sim procedera reposição dos nutrientes, seguida do manejo adequado dapastagem. O mais grave também acontece, substituir forrageira debaixa exigência nutricional em pastagens degradadas por outra maisexigente sem o correspondente uso de fertilizante e manejoadequado.

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MANEJO DA PASTAGEM

O correto manejo das pastagens é fundamental para garantir aprodutividade sustentável do sistema de produção e do agronegócio.Atrelados ao bom manejo estão a conservação dos recursosambientais, evitando ou minimizando os impactos negativos daerosão, compactação e baixa infiltração de água no solo, deocorrência comum em áreas mal manejadas e/ou degradadas. Omanejo incorreto das pastagens é o principal responsável pela altaproporção de pastagens degradadas observada em todas asregiões do Brasil.

O princípio básico do bom manejo é manter o equilíbrio entrea taxa de lotação e a taxa de acúmulo de massa forrageira, ouseja, a oferta de forragem (quantidade e qualidade). Para atenderesse pré-requisito é necessário compreender a dinâmica doscomponentes do ecossistema de pastagem: forrageira (potencialprodutivo, taxa de crescimento, adaptabilidade), solo (fertilidade,textura, topografia) clima, animal (comportamento ingestivo, taxa delotação). A taxa de lotação, o número de cabeças/ha, novilhos/ha,vacas/ha ou UA/ha ( UA= unidade animal = 450 kg de PV), deve variardentro e entre estações do ano em função da oferta de forragem. Essaoferta depende da taxa de crescimento das forrageiras que por suavez, varia em função do clima (chuva, temperatura, radiação solar). Nosudoeste da Bahia observa-se variação nas taxas de crescimento entreestação e nas diferentes ecoregiões. Na ecoregião de Itapetingaobserva-se um período seco bem definido. Na ecoregião do extremosul observa-se um inverno chuvoso, mas as baixas temperaturasobservadas nesse período (junho a agosto), reduzem a taxa decrescimento das forrageiras (Tabela 2) sugerindo redução na taxa delotação ou suplementação com volumoso nesse período.

No manejo das pastagens existem basicamente dois sistemasde pastejo: o pastejo contínuo (lotação contínua) e o pastejorotacionado (lotação rotacionada). Os demais são derivações dopastejo rotacionado, tais como pastejo alternado, pastejo diferido,etc. Esses sistemas de pastejo estão representados na Figura 1.

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Tabela 2 - Taxa de crescimento observada para gramíneas e leguminosasforrageiras no extremo sul da Bahia.

Mínima precipitação Máxima precipitaçãoKg/ha/dia

ForrageirasKg/ha/dia

Gramínea(1) 37,9 91,5

Leguminosas(2) 13,3 41,7

(1)Média de 5 espécies ou cultivares.(2)Média de 5 espécies ou cultivares.Fonte: PEREIRA, et al. (1995)

Fonte: Adaptado de RODRIGUES e REIS (1997). Pastejo limite = pastejo alternado

Figura 1 - Sistemas de pastejo mais utilizados.

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Tanto no pastejo continuo como no rotacionado pode-se se obterboas produções desde que se respeite a taxa de crescimento dasforrageiras, ou seja a oferta de forragem. Aliás, em baixas lotaçõesou em explorações extensivas, pouca diferença tem sido observadaentre pastejo rotacionado e contínuo. Já em sistemas intensivos comelevados níveis de adubação e com forrageiras com elevado potencialprodutivo, é imprescindível o uso do pastejo rotacionado, porapresentar maior aproveitamento da forragem produzida (eficiênciade pastejo), maior aproveitamento do adubo utilizado econseqüentemente maior produtividade animal.

No pastejo contínuo torna-se mais difícil o ajuste da taxa de lotaçãoem função da oferta de forragem. O ideal nesse sistema, em termospráticos, seria a manutenção da pastagem em uma altura constante(área foliar uniforme) ou seja, o animal estaria consumindo quantidadede forragem correspondente ao consumo da forrageira mais asperdas. Na prática, isso pode ser difícil principalmente em sistemascom aplicação de níveis elevados de insumos, onde a dificuldade demanter esse equilíbrio é maior ainda. A manutenção dos capinsbraquiarão/xaraés, decumbens e humidicola com altura derespectivamente 40, 30 e 25 cm em pastejo contínuo pode serrecomendada. O que se observa em geral no campo, é que o produtorpratica um misto de sistemas, contínuo, alternado e às vezesrotacionado, não sistematizado. No entanto, na última década temaumentado muito o uso de pastejo com lotação rotacionada,principalmente com a adoção de forrageiras mais produtivas e com ouso da adubação

Na implantação do sistema de pastejo com lotação rotacionadatorna-se necessário determinar: o período de descanso (PD), o períodode ocupação (PO) e o número e tamanho dos piquetes. O período dedescanso é o tempo que o piquete fica sem animais para possibilitara rebrotação da forrageira (capim ou leguminosa) após o pastejo. Aduração do PD, varia com a forrageira, com estação do ano(condições climáticas) e com o nível de adubação utilizado. No períodoseco ou de menor precipitação as forrageiras crescem menos, então

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o PD deveria ser maior. No período chuvoso seria menor. Se escolhero período chuvoso para definir o PD (mais curto), deve-se prepararpara retirar parte dos animais do sistema, no período seco (ou deinverno) ou suplementa-los com volumoso produzido fora do sistema.Em regiões com período seco definido, quanto maior for a taxa delotação no período das águas maior será a necessidade desuplementação com volumoso no período seco. Se escolher o PDem função do período seco (PD mais longo), deve-se diferir algunspiquetes por um ou dois ciclos de pastejo e armazenar o excedentede forragem desses piquetes para o período seco. Na região sudoesteda Bahia, principalmente na região cacaueira e do extremo sul,geralmente se toma como base o período de maior crescimento dasforrageiras e suplementa os animais no período mais crítico, comvolumoso produzido fora do sistema. O importante é que ao final doPD a forrageira tenha atingido a taxa máxima de acúmulo de forrageme que a forragem em oferta tenha um bom valor nutritivo.

Conforme se deduz, o PD é muito variável e a rigor deve serestudado para cada caso ou unidade de produção. O número dedias estipulado é na verdade em função da quantidade e da qualidadeda forragem acumulada no período. Se o período for mais curto pode-se ter baixa produção e a planta não ter ainda tido tempo suficientepara recuperar suas reserva. Se for muito longo o capim ficaexcessivamente maduro, com baixo valor nutritivo (muita fibra, baixadigestibilidade, baixo teor protéico). Nessa ocasião a taxa decrescimento é muito baixa ou nula, nenhuma folha nova vai mais surgire a quantidade de folhas senescentes (velhas ou mortas), tende aaumentar. O manejo da pastagem portanto, deve ter uma certaflexibilidade, sem perder de vista a sua praticidade.

Uma forma prática de se definir o PD ideal é tomar como base aaltura do pasto a ser atingida no final do período. Se não for atingida,o PD deve ser reajustado. Para o sul da Bahia, à luz da experiênciaacumulada, poderia se sugerir para os principais grupos de forrageirascultivadas, os períodos de descansos e altura do pasto para a entradae saída dos animais no piquete, detalhadas na Tabela 3.

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Tabela 3 - Período de descanso e altura do pasto na entrada e na saída dosanimais em pastejo com lotação rotacionado sugeridos para os principais gruposde forrageiras.

Forrageiras

Capim-elefante 36 110 - 120 40 - 50

Colonião, tanzânia, mombaça 36 70 - 80 30 - 40

Braquiarão, xaraés 36 40 - 50 20 - 25

Brachiaria decumbens 28 30 - 40 15 - 20

Capim humidicola, tifton 85, 21 - 28 20 - 30 10 - 12coastcross, estrela africana

Período dedescanso (dias)

Altura do pasto (cm)

Entrada Saída

O período de ocupação (PO), é o tempo que os animais ficampastejando em cada piquete. A sua duração deve ser compatível coma oferta de forragem acumulada e esta é realmente quem define ataxa de lotação pretendida. Na definição do período de ocupaçãotambém deve ser observado o resíduo pós-pastejo, que deve seradequado para garantir a rebrotação no período de descanso seguinte.Sugestões sobre alturas de resíduos para algumas forrageiras sãoapresentadas na Tabela 3. O PO nunca deve exceder a 7 dias. Oideal é que fique entre 1 e 3 dias para gado de leite e 3 a 5 dias paragado de corte, dependendo da intensidade e do potencial de produçãodos animais. O gado de leite é mais sensível a períodos de ocupaçãomais longos, pois a medida que passam os dias a produção de leitecai. Assim, para vacas com produção acima de 12 kg de leite/dia, oideal é adotar PO de 1 dia.

O tamanho do piquete depende do número de animais definidoem função da oferta de forragem, do período de ocupação e da áreatotal disponível para o sistema. A área dos piquetes não deve sernecessariamente a mesma. O importante é que a disponibilidade deforragem dentro do piquete, ou seja a área útil. Piquetes comtopografia muita acidentada ou com áreas alagadas, pedras, etc.

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devem ser maiores. Deve-se fazer uma divisão agronômica/zootécnica da pastagem e não uma divisão meramentetopográfica. O número de piquetes quando se tem somente um lotepor sistema de pastejo é calculado pelo quociente do PD pelo PO,somado a 1. O uso de mais de um lote em um mesmo sistema depastejo é mais difícil de ajustar, devendo ser evitado.

Deve-se preferir piquetes na forma quadrada ou retangular, com alargura mínima igual a um terço do comprimento. O planejamento dosistema deve ser feito por técnico especializado em manejo depastagem. Corredores, bebedouros, cochos saleiros ou parasuplementação, áreas de descanso, devem ser alocados de modo areduzir e tornar o mais cômodo possível o percurso dos animais. Emárea acidentada, os corredores devem ser projetados cortando odeclive, a fim de evitar a erosão e amenizar o esforço dos animais.Isso se torna mais importante ainda em gado leiteiro, onde a posiçãodo estábulo/sala de ordenha deve também ser levada emconsideração no planejamento do sistema de partejo. Uma vacaleiteira deixa de produzir cerca de 0,5 litro de leite/dia para cadaquilometro percorrido em terreno plano. Em área acidentada essaredução pode triplicar. O arranjo de sistema de partejo com lotaçãorotacionada mais utilizado é aquele que adota uma área de descanso(do piquete do animal), onde são alocados os bebedouros (ouaproveitamento de corpos de água naturais), cochos saleiros, comlivre acesso dos animais a partir do piquete que estão utilizando. Deacordo o tamanho dos piquetes e área total do sistema pode haverde uma a várias áreas de descanso.

O nível de produtividade obtido no sistema de partejo estádiretamente relacionado com a fertilidade do solo ou com o nível deadubação adotado e com o potencial de resposta da forrageira. Paraforragens do grupo 1 (Tabela 1) o nível de fósforo no solo deve sermantido em no mínimo 10 ppm. Utilizando-se os capins elefante ebraquiarão e com adubação de 160 kg/ha de N, 60 kg/ha de K2O e160 kg/ha de P2O5, em um sistema de pastejo com lotaçãorotacionada (3 x 36 dias), na Essul/Ceplac, Itabela, obteve-se taxas

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de lotação, ganhos de peso diário e ganho de peso/ha derespectivamente, 4,6 e 4,1 UA/ha, 359 a 456 g/nov/dia e 785 e 756kg/ha, no período de 385 dias (PEREIRA, et al. 2005). Níveis de Nde 200/300 kg possibilitam a obtenção de 1000 kg/ha de PV ou33 @/ha.

No entanto, com bom manejo e com baixos níveis de nutrientespode-se obter produções bem superiores à média regional.Adubação de 20 kg/ha de P2O5 e 90 kg/ha de N em pastagens deB. humidicola, em solos quartzosos (Faz. Barra dos Manguinhos,Ilhéus, BA) e de tabuleiros costeiros do sul da Bahia (Ceplac/Essul,Itabela) possibilitaram respectivamente a obtenção de 20 kg deleite/ha/dia e de 16 a 24 @/ha (PEREIRA et al., 1996). Naconsorciação dessa gramínea ou do Brachiaria dictyoneura comamendoim forrageiro cv Belmonte, sem adubação nitrogenada,obteve-se produção semelhante com o uso de novilhos de corte(SANTANA et al., 1998).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a adoção de manejo estratégico das pastagens é possívelelevar consideravelmente a sua produtividade e manter asustentabilidade do sistema de produção. O uso de adubação implicano refinamento maior desse manejo, a fim de aumentar a eficiênciado adubo aplicado.

Na condução de qualquer sistema deve ser respeitada a variaçãona taxa de crescimento da forrageira, adequando a taxa de lotaçãoao acumulo de forragem promovido por esse crescimento. A definiçãodas varáveis de manejo mencionada deve ter uma certa flexibilidadepara ser ajustado de acordo com as peculiaridades de cadaforrageira, condições edafoclimáticas da região e intensividade dosistema de produção.

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LITERATURA CITADA

RODRIGUES, R. de A. R. Conceituação e modalidades de sistemasintensivos de pastejo rotacionado. In: Simpósio sobre manejo depastagem, 14. 1997, Piracicaba. Anais... Piracicaba: FEALQ. p. 1-24.

PEREIRA, J. M.; REZENDE, C. de P. e MORENO, M. A. R. Pastagensno ecossistema Mata Atlântica: Atualidades e perspectivas. In:Reunião da Sociedade Brasileira de Zootecnia. Simpósio: ProduçãoAnimal e o Foco no Agronegócio. 42, 2005, Goiânia. Anais... Goiânia,SBZ. p. 36-55.

PEREIRA, J. M.; MORENO, R. M. A.; CANTARUTTI, R. B. et al.Crescimento e produtividade estacional de germoplasma forrageiro.In: Ceplac/Cepec (ed.) Informe de Pesquisa – 1987/1990. Ilhéus:Ceplac, 1995, p. 307-309.

PEREIRA, J. M.; SANTANA, J. R. de, & REZENDE, C. de P. Alternativapara aumentar o aporte de nitrogênio em pastagens formadas porcapim humidícola. In: Reunião da Sociedade Brasileira de Zootecnia,39, 1996, Fortaleza. Anais... Fortaleza: SBZ, 1996, p. 38-40.

SANTANA, J. R. de; PEREIRA, J. M.; REZENDE, C. de P. Avaliaçãoda consorciação de Brachiaria dictyoneura Slopz. Com Arachis pintoiKaprov & Gregory. sob pastejo. In: Reunião da Sociedade Brasileirade Zootecnia, 35. 1998. Botucatu. Anais... Botucatu: SBZ, 1998, p.406-408.

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RESERVA LEGAL: aspectos legais esustentabilidade da propriedade rural

1MP/Ba - Coordenador do Núcleo Mata Atlântica do Ministério Público da Bahia2Eng. Agrônoma - Mestranda em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente - UESC/PRODEMA

Yuri Mello 1

Kátia Curvelo Bispo 2

Como dita a Constituição Federal artº 225 - Todos têm direito aomeio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comumdo povo, e essencial á sadia qualidade de vida, impondo-se ao PoderPúblico e á coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para aspresentes e futuras gerações. Entretanto, a realidade nos mostra osobstáculos que ainda se interpõem na definição das prioridadesinerentes ao cumprimento desse artigo de forma a não subjugar, muitomenos colocar à margem tentativas voltadas para a melhoria e controleda qualidade ambiental.

Tendo em vista a construção de uma nova relação homem -natureza no processo de apropriação e utilização do meio natural aReserva Legal deverá ser utilizada como ferramenta efetivamentecapaz de disciplinar e viabilizar uma intervenção no caminho dasustentabilidade. Para tanto, se faz necessário, o conhecimento dosprocessos de planejamento para a implantação, suas atribuições,normas a que se destina , vantagens e benefícios de forma a subsidiaras informações necessárias para a sua criação, sendo esta aproposta deste trabalho.

Para a utilização da área com ênfase no manejo sustentado avegetação destinada a compor a reserva legal poderá ser utilizadamediante um plano de manejo que tenha por finalidade asustentabilidade, obedecendo a normas técnicas-científicas

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respaldadas pelo regulamento. Em se tratando de pequenaspropriedades, sendo estas, estabelecidas por agricultura familiar ounão, poderão ser incluídos plantios consorciados e que se prestem auma atividade de subsistência.

A localização da reserva, sua aprovação e uma supostacompensação com área de preservação permanente são deprioridade e competência de órgãos licenciados, e, fica condicionadaa obrigatoriedade de inscrição no registro de imóveis, havendoisenção de pagamento na averbação para as pequenas propriedadesou de posse rural familiar. A reserva legal em condomínio poderá serestabelecida, desde que corresponda ao percentual legal emvinculação para cada imóvel.

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ANÁLISE-DIAGNÓSTICO DO PROCESSO DEPLANTIO DE MUDAS DE CACUEIROS

PROPAGADAS POR ESTAQUIA

Paulo Cesar Lima Marrocos 1

George Andrade Sodré 2

1Pesquisador CEPLAC/CEPEC Km 22 Rodovia Ilhéus Itabuna, Ilhéus, CEP: 45.650-000. E-mail:[email protected]. Prof. Adjunto UESC/DFCH.2Pesquisador CEPLAC/CEPEC Km 22 Rodovia Ilhéus Itabuna, Ilhéus, CEP: 45.650-000. E-mail:[email protected]. Prof. UESC/DCAA.

1. INTRODUÇÃO

O cacaueiro tem sua origem envolta por mitologias e lendas, rezauma lenda que: o deus asteca Quetzalcoalt (senhor da lua prateada edos ventos gelados), com intenção de oferecer aos mortais algo quelhes enchesse de energia e prazer, foi aos campos luminosos do reinodos Filhos do Sol para de lá furtar as sementes da árvore sagrada.Desta forma, fantástica, as sementes do cacaueiro teriam surgido naregião dos Astecas e aí frutificado, dando origem à árvore.

Não que isso seja função da lenda, mas, o cultivo do cacaueiroconstituiu-se num dos raros casos entre as espécies perenescultivadas em que a reprodução seminal superou a propagaçãovegetativa (DIAS, 1993). Além disso, por estar associado àreligiosidade, foi inicialmente cultivado por sacerdotes e,posteriormente, por agricultores interessados em estabelecer lavourascomerciais de cacaueiros, especialmente na Bahia.

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2. HISTÓRICO DA PRODUÇÃO DE MUDAS

Nos primeiros plantios de cacaueiros realizados na região Sul daBahia, no final do século XIX, foram utilizadas sementes vindas doestado do Pará. Como o facão era o instrumento utilizado na aberturade covas para disposição das sementes direto no campo os plantioseram denominados: a bico de facão. Somente na década de 70 aprodução de mudas passou a ser realizada em viveiros com utilizaçãode sacolas plásticas.

A produção de mudas de Theobroma cacao L. por estaquia foi,inicialmente, testada na década de 30 (PYKE, 1933), e utilizada emescala comercial em Trinidad, nas décadas de 30 e 40. Entretanto,algum tempo depois, muitas das áreas plantadas com clones, foramsubstituídas por híbridos multiplicados por sementes.

A produção de mudas de cacaueiros por estaquia foi descrita etestada na Bahia por (FOWLER, 1955). Contudo, os estudos de PYKE(1933) em Trinidad e de ALVIM (1953) foram, também, importantespara compreensão dos mecanismos fisiológicos que envolvem oenraizamento de estacas. Outros estudos foram desenvolvidos emTurrialba, Costa Rica e Pichilingue no Equador (ALVIM, 2000).

No Brasil, por diferentes motivos, o uso da técnica de enraizamentodo cacaueiro foi abandonado nos últimos 40 anos. Um deles foi oadvento do material híbrido na década de 70 que redirecionou osplantios para sementes melhoradas (SENA-GOMES et al., 2000).Com o surgimento da vassoura-de-bruxa e a seleção de variedadesclonais tolerantes à doença, houve necessidade de se recorrernovamente às técnicas de enraizamento.

3. O INSTITUTO BIOFÁBRICA DE CACAU

A propagação vegetativa com uso de estaquia, em grande escala,somente foi iniciada em 1999 pelo Instituto Biofábrica de Cacau (IBC),utilizando protocolo de produção de mudas de eucalipto dasempresas florestais, com adaptações às condições morfofisiológicas

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do cacaueiro. O Centro de Pesquisas do Cacau (CEPEC), daCEPLAC, tem dado suporte técnico-científico ao IBC desde suaimplantação.

O IBC, localizado no município de Ilhéus-BA, entre as coordenadasgeográficas 14o 38’ S e 39o 15’ W, é uma instituição social sem finslucrativos, criada em 1999 pelo Governo do Estado da Bahia. Nessaunidade, são produzidas mudas de cacaueiros por via vegetativautilizando diferentes clones tolerantes a doenças.

Estimativas feitas pelo IBC permitem sinalizar queaproximadamente 5.000 ha de cacaueiros estão sendo cultivados noEstado da Bahia, com utilização de mudas clonais propagadas porestacas enraizadas em tubetes. A Tabela 1 mostra a capacidadeprodutiva do IBC e, revela seu potencial de uso para a diversificaçãoagrícola.

Tabela 1 - Produtos gerados pelo Instituto Biofábrica de Cacau no período de2001 - 2003.

Cultivo Mudas Garfos Total

Cacau 5.232.000 2.700.000 7.932.000

Essências Florestais 1.505.000 - 1.505.000

Bananeira (resistente a Sigatoka Negra) 575.000 - 575.000

Fruteiras Tropicais 113.000 - 113.000

Café Conilon 500.000 - 500.000

Dendê Tenera 78.000 - 78.000

Total 8.003.000 2.700.000 10.703.000

Para consolidar o Programa de Recuperação da LavouraCacaueira, que prevê a renovação de 300 mil hectares, seránecessário produzir e disponibilizar grande quantidade de materialvegetal tolerante. Nesse contexto, a produção de mudas e todas asatividades que permitam elevar o seu rendimento assumemfundamental importância.

Fonte: IBC (2004)

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4. O PROBLEMA DO PROCESSO DE PLANTIO DE MUDASPROPAGADAS POR ESTAQUIA

4.1. Importância do planejamentoO início de um trabalho de planejamento para recomposição do

estande de roças de cacau e/ou implantação de novas lavouras, comuso de mudas propagadas por estaquia, compreende uma fase dediagnóstico da infra-estrutura do imóvel e das condições edafo-climáticas da área destinada ao plantio. Portanto, algumas perguntasdevem ser formuladas e respondidas por ocasião da elaboração doplanejamento:

- Qual a estratégia a ser utilizada para aumentar a produção decacau da empresa? Formação de novas áreas (implantação) ouelevação do número de cacaueiros para 1100 plantas por hectare(recomposição do estande)?

- Qual das áreas disponíveis apresenta características topográficase edáficas (declividade, profundidade efetiva, textura, afloramentosrochosos, etc) favoráveis à conservação dos solos, ao aumento daeficiência de mão-de-obra e à produção do cacaueiro?

Conseqüentemente, alguns critérios devem ser estabelecidos paratomada de decisão quando houver necessidade de formação de novasáreas e/ou recomposição de estandes: aspecto da área(sombreamento provisório, sombreamento definitivo); acesso; relevo(declividade, situação); solos (profundidade, textura e abertura de covas).

5. TECNOLOGIA DISPONÍVEL

5.1. Sombreamentos provisório e definitivo:

Adequar o sombreamento provisório e definitivo, pelo menos seismeses antes da época planejada para plantio, é essencial para reduzira condição de estresse imposta às mudas por ocasião do transplantepara as covas e nas primeiras semanas de campo. Quando osombreamento definitivo for muito denso, deve-se atentar para o fato

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de que mudas propagadas por estaquia são mais sensíveis asituações de competição quando há dominância de cacaueiros adultosou árvores de sombra ao seu redor. Convém lembrar que para adequar(reduzir) sombreamento, caso isso seja necessário, deve-se verificarjunto a Superintendência de Desenvolvimento Florestal e Unidadesde Conservação (SFC) a autorização para eliminação de árvores.

5.2. Acesso e distância do imóvel até a unidade de produçãode mudas:

Acessos ruins e grandes distâncias implicam num maior tempopara transporte das mudas da unidade de produção até o imóvel.Nestes casos, devem-se transportar as mudas nos horários do diacom temperaturas mais amenas.

5.3. TransporteMesmo não sendo considerada uma etapa do processo de

produção, o transporte das mudas da unidade de produção para apropriedade requer uma série de cuidados sem os quais o sucessodo plantio de mudas clonais ficará comprometido.

O transporte é geralmente feito por caminhões ou automóvelutilitário com a parte superior e as laterais protegidas contra chuvae ventos. Devem-se também equipar os veículos com grades paraacomodação das bandejas. Uma pesquisa, realizada com 137produtores de cacau, revelou que quase 40% dos produtorestransportam as mudas, do IBC até o imóvel, em horário inadequado,evidenciando a necessidade de orientação (Tabela 2).

Tabela 2 - Tipo de transporte e, horário utilizado pelos produtores para transportaras mudas de cacaueiros, produzidas por estaquia, do IBC até o imóvel.

Tipo de Transporte Freqüência % Hora Transporte Freqüência %

Carro Próprio 59 43,1 06:00 às 10:00 h 66 48,2

Caminhão terceirizado 63 46,0 10:00 às 16:00 h 54 39,4

Outro* 15 10,9 Após as 16:00 h 17 12,4

* Carro alugado por prefeituras.

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Durante o dia, os melhores períodos para transporte são definidosaté às 9h e a partir das 16 h. O transporte feito entre as 10h e 16h emdias quentes aumenta a transpiração das plantas e a perda de águado substrato, reduzindo a porcentagem de sobrevivência,principalmente quando se faz plantio direto. Assim, dias mais úmidos,com temperaturas entre 22oC e 25ºC, e chuvas de pequenaintensidade são desejáveis durante o transporte. Em distânciassuperiores a 100 km, recomenda-se irrigar as mudas a cada 2 horas.

6. PLANTIO OU TRANSPLANTIO?Portanto, para que o plantio de mudas propagadas por estaquia

obtenha sucesso, as condições de campo devem ser adequadas(umidade do solo, sombreamento, abertura de covas e adubação),sendo que se as mudas tiverem idade entre cinco e seis meses, pode-se recomendar o plantio direto no campo (MARROCOS et al., 2003).Essa opção apresenta como vantagem economia de tempo e recursospelo fato de não ser necessário preparar viveiros e conduzirem mudasem recipientes de peso e volume superiores ao do tubete. Além disso,evita a ocorrência de injúria aos sistemas radiculares ocorridas,normalmente, durante a repicagem para sacolas plásticas.

Entretanto, para os casos em que há necessidade do transplantede mudas para sacolas plásticas (dimensões: 16 x 40 x 08cm), osdados de SODRÉ et al. (2004: não publicados) mostrados na Tabela 3,evidenciam que as mudas têm um maior crescimento edesenvolvimento com uso de substratos orgânicos, isoladamente ouincorporados ao solo. Contudo, deve-se ter cuidado com a origem domaterial para evitar o surgimento de doenças.

È recomendável, também, que os produtores plantem clones jáidentificados como autocompatíveis. Sendo que, deve-se atentarpara a não utilização de um grande número de clones na formaçãode novas áreas. Os plantios devem ser formados de modo a quecada gleba utilize no máximo seis clones com vigor semelhante,sendo que pelo menos a metade seja intercompatível com a outrametade.

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Tabela 3 - Diâmetro e altura do caule, matéria seca da parte aérea (MSPA), matéria secade raízes (MSR) e área foliar de mudas de cacau propagadas por estaquia em tubete erepicadas aos 90 dias para diferentes substratos.

Solo 1,12c 60,0b 34,92c 2,68b 3474,96cSerrragem 1,40a 79,6a 69,28a 4,94a 9656,77aComposto Casca Cacau 1,29ab 65,3b 45,56d 3,45ab 5967,01bSolo + Serragem 1,25b 77,3a 58,30b 5,55a 8005,62aSolo + Composto Casca Cacau 1,41a 79,1a 56,73b 4,49ab 8249,47aSerragem + Composto Casca Cacau1,40a 77,8a 64,90a 5,47ab 9630,38a

C.V (%) 4,51 5,57 6,15 19,10 10,53

Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Student-Newman-Keuls,(SNK) a 5% de probabilidade.

Matéria seca (g) Área foliar(cm2) MSPA MSR

Tratamentos Diâmetro(mm)

Altura(cm)

7. ÉPOCA DE PLANTIO

A época de plantio está relacionada com o conteúdo de água nosolo, característica essa que responde na maioria dos casos pelosucesso do plantio de mudas clonais. Na região cacaueira do sul doestado da Bahia, a melhor época ocorre no início da estação chuvosade inverno (meses de junho a agosto). Plantio de cacaueiros emoutras épocas dependerão muitas vezes de chuvas, irrigaçãocomplementar, situação da área (declive), posicionamento emrelação ao sol, tamanho da cova e existência de sombreamentoadequado.

MARROCOS et al. (2004, dados não publicados) observaram quemuitos produtores não têm prática no manejo das mudas clonais,ocorrendo problemas no transporte, na acomodação das mudas nafazenda antes e durante o processo de plantio. Assim, a dependerdo manejo, das condições climáticas e do sombreamento da área,os índices de sobrevivência das mudas são bastante reduzidos.

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8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Não se pretendeu nesse trabalho esgotar o conhecimento sobre oprocesso de produção de mudas do cacaueiro, visto tratar-se de umamudança de paradigma na cacauicultura. Contudo, espera-se terlevantado o estado da arte do tema e, se possível sugerido idéiaspara fortalecimento da cultura no Brasil, buscando o retorno à posiçãode primeiro produtor mundial de amêndoas secas, alcançado no finalda década de 70.

ALVIM, P. T. Nuevos propagadores para el enraizamiento de estacasde cacao. Centro Interamericano del Cacao, Turrialba, Costa Rica,Cacao, 2(47- 48):1-2. 1953.

ALVIM, P. T. Fatores fisiológicos associados com a propagação bemsucedida de cacau por enraizamento de estacas. In: Pereira, J. L. etal. (eds). Atualização sobre Produção Massal de Propágulos de Cacaugeneticamente melhorado. Atas, BA, Ilhéus. 1998, p 90-91, 2000.

DIAS, L.A.S. Propagação vegetativa vs reprodução seminal em cacau.In: Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso daCiência, 45. Anais. Recife: SBPC, 1993. p.19.

FOWLER, R. L. Propagação de cacau por meio de estacas. Escritóriotécnico de Agricultura- ETA Brasil - Estados Unidos Avulso IL. n 3 , 1955.

PYKE, E. E. The vegetative propagation of cacao. II. Softwood cuttings.Annual Report on Cacao Research, 2, 3-9, 1933.

MARROCOS, P.C.L. et al. Normas para o plantio de mudas decacaueiros propagadas por estaquia: atualização. Ilhéus: CEPLAC. 28p.

SENA-GOMES, A. R. et al. Avanços na propagação clonal docacaueiro no Sudeste da Bahia. In: Pereira, J. L. et al. (eds). Atualizaçãosobre Produção Massal de Propágulos de Cacau geneticamentemelhorado. Atas, BA, Ilhéus. 1998, p 85-89, 2000.

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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MANEJO DE DOENÇAS DO CACAUEIRO

José Luiz BezerraMarival Lopes de Oliveira

O manejo das fitomoléstias, compreende a utilização de princípiose práticas que visam aumentar o vigor do hospedeiro, reduzir o inóculodo patógeno e tornar o ambiente desfavorável à multiplicação edisseminação do patógeno e à infecção do hospedeiro.

No caso do cacaueiro, a ênfase dada a cada princípio varia com anatureza de cada doença, assim:

Exclusão – Compreende o uso de medidas imperativas para evitarque doenças inexistentes sejam introduzidas em uma dada região.Este é o caso da monilíase na Bahia, no momento, como foram oscasos da vassoura-de-bruxa e do mal-do-facão, no passado.Pressupõe a adoção de medidas restritivas quanto à movimentaçãode materiais botânicos (mudas, sementes, etc.) e a necessidade deobservação da legislação quarentenária.

Erradicação - Abrange desde a eliminação apenas das plantasinfectadas ou mortas até a erradicação da cultura na região afetada.Tal medida é fundamental, por exemplo, no controle do mal-do-facãocausado pelo fungo Ceratocystis fimbriata e das doenças de raizocasionadas por Rosellinia spp. e Ganoderma philippii.

Proteção - Compreende a interposição de barreiras, química oubiológica, por exemplo, entre o patógeno e a planta hospedeira. Este,por exemplo, é o princípio mais utilizado no controle da podridão-pardado cacaueiro. A adoção de defensivos químicos hoje em dia, emfunção das preocupações com o meio ambiente, envolve a escolha

Pesquisadores CEPLAC/CEPEC/SEFIT

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criteriosa de produtos eficazes e com baixa persistência no ambiente,bem como, a utilização de métodos de aplicação adequados, alémde cuidados quanto à proteção do aplicador. A legislação fitossanitáriaobriga o uso de receituário agronômico, vedando a utilização deprodutos não registrados para a cultura alvo. Os conhecimentosepidemiológicos sobre cada doença são indispensáveis na definiçãodo período de aplicação, otimizando as épocas de início e conclusãodas aplicações.

Resistência - Seria a medida ideal de controle das doenças deplantas, por ser mais durável, eficiente e de baixo custo para oprodutor. É a base do atual manejo integrado da vassoura-de-bruxa.Por outro lado, o desenvolvimento de variedades resistentes requergrandes investimentos em pesquisa, tanto em instalações eequipamentos quanto em recursos humanos, demandando bastantetempo na condução das pesquisas. Na cacauicultura existe grandenecessidade de realização de pesquisas visando a seleção edesenvolvimento de variedades com resistências à monilíase, ao mal-do-facão e à podridão parda. Algumas pesquisas já em cursoprecisam ser mais estimuladas.

Terapia - consiste na remoção cirúrgica das partes afetadas daplanta. É eficiente no controle dos cancros causados por Phytophthoraspp. e Lasiodiplodia theobromae. O uso de fungicidas sistêmicoscom a finalidade de interromper o processo infeccioso se enquadraneste princípio. O fungicida sistêmico Folicur recomendado no controleda vassoura-de-bruxa, por exemplo, atua como protetor e comosistêmico (erradicante).

A sanificação é uma prática muito importante no manejo integradoconsistindo na eliminação dos restos vegetais e partes mortas oudoentes das plantas que vão servir como fontes de inóculo para osurgimento das epidemias de doenças, como são os casos doscasqueiros para a podridão parda e das vassouras secas para avassoura-de-bruxa. O enterrio deste material é desejável no caso davassoura-de-bruxa, evitando a esporulação do fungo e facilitando suadegradação, porém, nem sempre recomendado para a podridão-

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parda, uma vez que as espécies de Phytophthora crescem e semultiplicam no solo. Teoricamente, a cobertura dos restos vegetaisteria o mesmo papel, impedindo a esporulação de Crinipellisperniciosa desde que fosse permanente. A aplicação de uréia noscasqueiros impede a esporulação de C. perniciosa e Phytophthoraspp., mas também atrasa a decomposição da matéria orgânica. Omanejo deste material através da compostagem seria o maisindicado, não tendo contra - indicações.

O controle biológico, consistindo na utilização de microrganismosantagonistas atuando sobre o patógeno, reduz as fontes de inóculo epode proteger o hospedeiro contra as infecções. É um método quepode ser incluído no manejo integrado, exigindo porém, conhecimentosuficiente do modo de ação, sobrevivência e persistência doantagonista no ambiente. É o caso do TRICOVAB, fungicida biológicodesenvolvido pela CEPLAC, contendo o fungo Trichodermastromaticum, que vem sendo usado com sucesso para reduzir opotencial de inóculo de C. perniciosa nas plantações de cacau.

O controle cultural corresponde àquelas práticas que visam asanificação das plantações. Deve fazer parte da rotina daspropriedades agrícolas.

Assim o modelo geral do manejo integrado das principais doençasdo cacaueiro abrangeria:

1- Plantio do melhor material botânico disponível, respeitando-seas medidas exclusionárias;

2- Solo, sombreamento e adubação adequados;3- Controle das plantas invasoras;4- Condução apropriada das plantas: formação da copa e

eliminação de chupões;5- Sanificação da plantação;6- Utilização dos princípios fitopatológicos adequados a cada

situação, inclusive os controles biológico e cultural;7- Inspeção fitossanitária sistemática e permanente na plantação;8- Treinamento da mão-de-obra.

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CONSTRUÇÃO COM SOLO CIMENTO

Efren de Moura Ferreira Filho

O solo-cimento é um material alternativo de baixo custo, obtidopela mistura de solo, cimento e um pouco de água, em proporçõesadequadas. No início, essa mistura parece uma “farofa” úmida eque, após compactação e cura, ela endurece e com o tempo ganhaconsistência e durabilidade suficiente para diversas aplicações nomeio rural e urbano.

O solo-cimento é uma evolução de materiais de construção dopassado, como o barro e a taipa. Só que as colas naturais, decaracterísticas muito variáveis, foram substituídas por um produtoindustrializado e de qualidade controlada: o cimento.

O uso do solo-cimento no Brasil vem, desde 1948, ajudando nasatisfação de tais necessidades, encontrando-se hoje já bastantedifundido.

A presente comunicação relata aspectos técnico-econômico-sociais de alguns anos de trabalho com esta modalidade deconstrução na CEPLAC/EMARC-URUÇUCA .

Nesses 26 anos de experiência na região cacaueira, destacam-se obras no meio rural e urbano, em particular a construção de umacreche com 1.200 m 2 em Juçari-BA , sendo a segunda maior obraem solo-cimento no Brasil.

A técnica do solo-cimento é aplicada às construções daspopulações de baixa renda e foi introduzida na comunidade da regiãocacaueira, por seu baixo custo e pela facilidade de assimilaçãodo sistema construtivo.

*Eng°. Agrimensor, Técnico em Assuntos Educacionais (Escola Média de AgropecuáriaRegional da CEPLAC/EMARC – URUÇUCA – BAHIA).

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CAMPO DE APLICAÇÃO

Aplica-se a construção de solo-cimento em: construção deparedes monolíticas, tijolos, pavimento e o solo ensacado.

As paredes monolíticas são compactadas no próprio local, emcamadas sucessivas, no sentido vertical, com auxílio de formas eguias. O processo de produção assemelha-se ao sistema antigo detaipa, formando painéis inteiriços, sem juntas horizontais.

Os tijolos de solo-cimento são produzidos em prensas,dispensando a queima em fornos. Eles só precisam ser umedecidos,para que se tornem resistentes. Além de grande resistência, outravantagem desse tijolo é o seu excelente aspecto.

Os pavimentos também são compactados no local, com auxíliode fôrmas, mas em uma única camada. Eles constituem placasmaciças, totalmente apoiadas no chão.

O solo-cimento ensacado resulta da “farofa” úmida, colocada emsacos, que funciona com fôrma. Depois de ter a sua boca costurada,esses sacos são colocados na posição de uso, onde sãoimediatamente compactados individualmente.

VANTAGENS

O solo-cimento vem se consagrando como tecnologia alternativapor oferecer o principal componente da mistura – o solo – emabundância na natureza, e geralmente disponível no local da obra oupróximo a ela.

O processo construtivo do solo-cimento é muito simples, podendoser assimilado por mão de obra não qualificada.

Apresenta boas condições de conforto, comparáveis àsconstruções de alvenaria de tijolos e ou blocos cerâmicos, nãooferecendo condições para instalações e proliferações de insetosnocivos à saúde pública, atendendo às condições mínimas dehabitabilidade.

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É um material de boa resistência e perfeita impermeabilidade,resistindo ao desgaste do tempo e à umidade, facilitando a suaconservação.

A aplicação do chapisco, emboço e reboco são dispensáveis,devido ao acabamento liso das paredes monolíticas, em virtude daperfeição das faces (paredes) prensadas e a impermeabilidade domaterial, necessitando aplicar uma simples pintura com tinta à basede cimento, aumentando mais a sua impermeabilidade, assim comoo aspecto visual, conforto e higiene.

SOLO-CIMENTO - MATERIAIS CONSTITUINTES

SOLOO uso do solo no local da obra é sempre a solução mais econômica.

Entretanto, se ele não servir, é necessário fazer a correçãogranulométrica no solo encontrado (70% de areia grossa e 30 % desilte e argila) misturando uniformemente e peneirados, obtendo-se omesmo resultado ou então procurar um solo adequado em outro local,denominado jazida, contanto que este local fique o mais próximopossível da obra, por questões econômicas.

Os solos adequados são os chamados de solos arenosos, ou seja,aqueles que apresentam uma quantidade de areia na faixa de 60% a80 % da massa total da amostra considerada.

O proporcionamento dos constituintes é função do tipo de soloescolhido.

O Estudo Técnico – Dosagem das Misturas de Solo-Cimento –Normas de Dosagem e Métodos de Ensaio, da ABCP (AssociaçãoBrasileira de Cimento Portland), através de diferentes parâmetrosrelativos ao solo, tais como sua granulometria, índices físicos, etc.,define os teores de cimento que aplicam aos diferentes tipos de solos.Os resultados finais são obtidos através de ensaios de resistências àcompressão simples e de durabilidade por molhagem e secagem.

O resultado final do estudo de dosagem é apresentado na formade teor de cimento (relação entre a quantidade de cimento e a de

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solo seco, em massa). Este teor, muitas vezes de pouca utilidadepara fins de obra, pode ser transformado em traço volumétrico, porexemplo: 1 parte de cimento para 12 a 15 partes de solo, em volume.

Quando o volume de obra é pequeno, existem testes práticos paraa avaliação das características granulométricas de um solo. Algunsdeles são: teste da caixa e o da garrafa.

PREPARO DO SOLO-CIMENTO

Dosagem solo-cimentoNas obras de pequeno porte é usado um traço padrão entre 1 para

12 até 1 para 15 (uma parte do cimento para outras partes de areia),que é um solo arenoso aprovado pelos testes práticos. Em obras degrande porte, o solo-cimento chega a ser produzido em usinas demisturas. Em obras de pequeno porte, a mistura é manual. Betoneiranão serve para preparar o solo-cimento.

Mistura Manual do solo-cimentoa) Passe o solo por uma peneira de malha ABNT 4,8 mm;b) Esparrame o solo sobre uma superfície lisa e impermeável,

formando uma camada de 20cm a 30cm. Espalhe o cimento sobre osolo peneirado e revolva-o bem, até que a mistura fique com umacoloração uniforme, sem manchas de solo ou de cimento;

c) Espalhe a mistura numa camada de 20cm a 30cm de espessura,adicione água aos poucos (usando um regador com “chuveiro”) sobrea superfície e misture novamente. Os componentes do solo-cimentopodem ser misturados até que o material pareça uma “farofa ” úmida,de coloração uniforme da cor do solo utilizado, embora levementeescurecida, devido à presença da água. Na prática, a umidade damistura é verificada através de procedimentos simplificados,baseados na coesão apresentada pela massa fresca. Quando aamostra está seca, não existe a formação de um bolo compacto, commarca nítida dos dedos em relevo, ao apertarmos na mão a massade forma energética. Outro método complementar muito utilizado

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consiste em deixar cair o bolo formado, de uma alturaaproximadamente de um metro, sobre o chão. No impacto o bolodeverá se desmanchar, não formando uma massa única e compacta.Se houver excesso de água, a massa manterá úmida e rígida após oimpacto, fato não desejável. A mistura do solo-cimento começa aendurecer rapidamente, por isso, ele deve ser usado, no máximo, duashoras após o preparo. Portanto, evite preparar mais solo-cimento quepossa utilizar nesse intervalo de tempo.

FERRAMENTAS NECESSÁRIAS

Básicas: cavador, enxada, enxadete, regador, pá, picareta, cordãode nylon, martelo, escala numérica, serrote, colher de pedreiro, balde,nível de bolha, mangueira de nível, esquadro, carro de mão, prumo,peneira com malha de 4,8mm.

Especiais: formas para compactação de paredes e para estacasde concreto, com parafusos específicos.

COMENTÁRIOS FINAIS

As possibilidades de aplicação do solo-cimento na área rural eurbana estão longe de serem esgotadas.

Por ser um processo de fácil assimilação por qualquer pessoa,utilizando somente materiais locais, não necessitando de energia dequalquer natureza para sua produção, nem mesmo animal, atecnologia de solo-cimento certamente se constitui no processo quepermitirá uma verdadeira revolução nas construções rurais e urbanasbrasileiras, pois associa um baixo custo a uma elevada qualidade.

A EMARC-URUÇUCA dispõe de informações específicas sobreas diferentes aplicações do solo-cimento, disponibilizando-se parafornecer maiores detalhes das técnicas construtivas.

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PERSPECTIVAS AGRONÔMICAS DO DENDÊ PARAO SUL DA BAHIA

Jonas de Souza

Até o início da década de sessenta, a exploração comercial dodendê no Brasil se limitava, apenas, à exploração extrativista doscentenários dendezais subespontâneos existentes na Bahia. À época,a oferta de matéria-prima atendia satisfatoriamente a demanda dosetor de extração do óleo de palma, cuja produção era comercializadapara fins alimentares, principalmente como ingrediente na elaboraçãode vários pratos típicos da culinária baiana, contudo ha registros deesporádicas exportações de pequena quantidade de óleo de palmapara a Europa para fins medicinais.

O processo de extração então utilizado era tipicamente artesanale os equipamentos disponíveis utilizados eram o primitivo pilão demadeira, o rodão a tração animal e, mais recentemente o rodãomecanizado, que é uma versão simplificada do digestor das grandesusinas de extração. Embora plena de pontos frágeis, mas emconformidade com a realidade da época, a atividade tinha umaimportância sócio-econômica muito grande, pois se constituía numimportante fator de geração de emprego e renda para a região.

Com o advento das indústrias de processamento do dendê, atravésda implantação de três unidades industriais de grande porte, foi criadauma expectativa muito grande com relação ao incremento e melhoriadas condições de comercialização do dendê em cacho, o queprovocou a desativação definitiva de grande número de rodões, poispara o produtor era mais vantagem financeiramente vender o seuproduto do que processá-lo.

Pesquisador e Diretor do Centro de pesquisas do Cacau/ CEPLAC

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A atividade entrou em crescente processo de decadência motivadapela complicada relação de mercado estabelecida entre osfornecedores de dendê em cacho e o setor industrial.

Contrariando as justas expectativas, contribuíram para a indesejávelsituação as divergências de interesses não discutidasconvenientemente pelas partes envolvidas, os mitos sobre o dendêque foram criados e alimentados até hoje, a falta de informação eassistência técnica e a ausência de uma política de governodirecionada para o desenvolvimento da cultura do dendê.

Na tentativa de buscar a auto suficiência na disponibilidade dematéria-prima proveniente da produção própria, as indústriascomeçaram a investir na implantação de dendezais de cultivo, emescala de ‘’plantation’’ formados com linhagens consideradasgeneticamente melhoradas do híbrido tenera, cuja expectativa dopotencial de produção de cachos era superior a 15 t/ha/ano e de 2 a4 toneladas de óleo por ha/ano.

Apesar de todos os esforços dispendidos os resultados foramfrustrantes e diametralmente opostos aos resultados obtidos emoutras partes do mundo, onde a dendeicultura é atividade econômicavitoriosa.

Na Bahia a dendeicultura é uma atividade estigmatizada pela baixaprodutividade, enquanto no Pará os níveis tecnológicos e os sucessosalcançados são comparáveis aos melhores do mundo.

A situação se torna mais inaceitável quando o dendê, entre todasas oleaginosas exploradas comercialmente é considerado a maisimportante e o seu principal óleo, o de palma, é o mais desejado nomercado mundial.

A falta de mentalidade empresarial talvez seja responsável pelomau desempenho da dendeicultura baiana, a deficiência deassistência técnica e uso de tecnologia na condução do setoragrícola, reforçando esta tese podemos tomar como exemplo osresultados excelentes registrados no Pará onde na maioria dasplantações foi usado o mesmo material genético usado na Bahia. Naexperiência do Pará é normal a presença de profissionais

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especializados nos diversos segmentos da dendeicultura o queseguramente é o responsável pela diferença de produtividade obtida.

O Estado da Bahia possui uma diversidade edafo-climáticaexcepcional para o cultivo do dendezeiro, com uma disponibilidade deárea da ordem de 854.000 hectares em áreas litorâneas que seestendem desde o Recôncavo Baiano até os Tabuleiros do Sul da Bahia.Esta disponibilidade aliada à existência no país de uma demandainsatisfeita da ordem de 200 mil toneladas de óleo de dendê; deimportações que se situam entre 100 e 150 mil toneladas, além doaspecto ambiental-ecológico , possibilitando a recomposição do espaçoflorestal em processo adiantado de degradação, por “florestas de cultivo”;econômico-social , proporcionando aumento da renda regional ecriação de novos empregos, e finalmente estratégico, buscandoatravés da agricultura integrada o caminho de desenvolvimentoharmonizando os recursos da terra com os valores humanos.

Estas terras estão distribuídas em quatro pólos (Nazaré/Santo Amaro,Valença/Itacaré, Ilhéus /Canavieiras e Belmonte/Prado), situados naRegião do Recôncavo Baiano e Tabuleiros Costeiros do Sul da Bahia.

A maior parte da produção de óleo de dendê no Estado da Bahiaé proveniente dos dendezais subespontâneos que somam cerca de28.000 hectares concentrados no Polo Valença/Camamú, formadospor palmeiras de baixa produtividade, cuja produção é explorada deforma extrativista.

A área de dendezais de cultivo é insignificante ante o potencialexistente e representa, apenas, cerca de oito mil hectares, 0,9% daárea total disponível, onde estão incluídos os plantios das principaisindústrias de extração como OLDESA, em Nazaré, OPALMA, emTaperoá e de alguns produtores independentes. A produtividadedesses dendezais é igualmente baixa, além de apresentarem precárioestado fitossanitário mesmo em se tratando de culturas formadas comsementes de linhagens melhoradas do híbrido Tenera. O reconhecidodesempenho negativo desses plantios tem como principais causas aidade avançada das plantas, os tratos culturais inadequadosdispensados à cultura, desde a formação dos viveiros, durante a

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formação e manutenção dos plantios e, finalmente, os procedimentosincorretos de colheita e pós-colheita quando ocorrem significativasperdas tanto no rendimento da matéria-prima quanto na qualidadedo produto final.

A despeito das condições favoráveis encontradas na Bahia tantoem recursos naturais adequados quanto em infra-estrutura disponívelcomo elétrica, viária e portuária para escoamento da produção,disponibilidade de mão-de-obra braçal, disponibilidade de tecnologia,facilidade de aquisição de insumos, a dendeicultura baiana é umaatividade estagnada e já apresentando claros sinais de decadência.

Com base no reconhecido potencial da Bahia para a cultura dodendê, da demonstração de interesse do atual governo pelo assuntoe do promissor mercado mundial de óleos vegetais, onde o própriomercado brasileiro apresenta uma demanda reprimida, é oportunopensar em prover a Bahia de condições adequadas para que elapossa conquistar uma pequena fatia desse gigantesco mercado deóleos vegetais e, dessa forma, contribuir para a diminuição desseinjustificável déficit que pesa muito no equilíbrio financeiro do paíscom as importações dos derivados de dendê para atender os grandesconsumidores nacionais.

O projeto de revitalização da dendeicultura baiana busca atingiros seguinte objetivos:

Ø Incrementar e modernizar a dendeicultura estadual, tornando-acompetitiva;

Ø Contribuir, através da agroindustrialização do dendê paradiversificar a economia das regiões produtoras;

Ø Criar condições que contribuam para a fixação do homem nomeio rural;

Ø Criar alternativas para elevar os níveis de emprego e renda domeio rural;

Ø Contribuir para elevar a receita dos tributos estaduais emunicipais;

Ø Colaborar no aproveitamento racional dos recursos naturaisdisponíveis.

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O atingimento dos objetivos fundamenta-se nos seguintes critérios:

Ø Elevação acelerada e compatível do consumo nacional e mundialdos derivados do dendê;

Ø Disponibilidade de áreas com infra-estrutura adequada comoenergia, comunicação, estradas, proximidades dos portos e dosmercados de insumos e dos produtores de matéria-prima;

Ø Possibilidade e capacidade de mobilização dos recursosfinanceiros para execução do projeto, através do apoio crediticiodo BNB;

Ø Disponibilidade de sementes selecionadas no mercado nacional(CEPLAC/EMBRAPA) e possibilidade de uso do potencial disponívelno mercado internacional;

Ø Capacidade de mobilizar e despertar o interesse dosagricultores e empresários na produção e processamento do dendêatravés de projetos economicamente viáveis;

Ø Gerar número compatível de empregos com a disponibilidadede mão-de-obra local sem concorrer com as demais atividades daagropecuária;

Ø Poder gerar impactos a nível de renda, empregos e tributos quejustifiquem a mobilização do apoio oficial.

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O DENDEZEIRO COMO CULTURA ENERGÉTICAPARA OS TRÓPICOS ÚMIDOS

As reservas mundiais de petróleo conhecidas, diminuem à medidaque o tempo passa, a produção em larga escala de energia a partirda biomassa torna-se cada vez mais importante, especialmente nospaíses tropicais com abundante disponibilidade de área, água eenergia solar. O dendezeiro representa hoje a melhor chance desucesso em função do seu alto potencial de produção por unidade deárea, chegando a mais de 5 toneladas de óleo por hectare/ano.

O Brasil é o pais que apresenta as melhores condições em funçãoda alta disponibilidade de terras aptas para o seu cultivo, localizadasna região amazônica e na região da mata atlântica no estado daBahia e do completo conhecimento da tecnologia de produção deóleo a partir desta palmeira e possui mais de 70 milhões de hectarescom condições de solo e clima adequados ao seu cultivo. Por outrolado, esta é a uma espécie perene que, como a floresta, garanteconservação ambiental e produção sustentada.

Somente na Região Sudeste da Bahia, que depende quase queexclusivamente da monocultura do cacau, há cerca de 1 milhão dehectares, remanescentes da mata atlântica, próprios à cultura dodendezeiro, com potencial de produção de 4 a 6 milhões de toneladasde óleo, equivalentes a aproximadamente 25 milhões de barris depetróleo por ano, ou mais de 65 mil barris diários. Cem mil empregosdiretos poderiam ser criados somente no setor agrícola.

Pesquisador e Diretor do Centro de pesquisas do Cacau/ CEPLAC

Jonas de Souza

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Como em todo cultivo arbóreo perene, a implantação de dendezaisnão é um projeto de maturação econômica imediata, pois a palmeiracomeça a produzir a partir do 3° ano e atinge o seu pleno potencial apartir de sétimo ano de campo. A consorciação de espécies vegetaisde ciclo curto, oferece amplas possibilidades de antecipação de rendae rápida remuneração do capital, além de incentivar a criação de novospólos de produção de alimentos.

Experimento conduzido na Estação Experimental Lemos Maia, emUna, demonstrou a ampla possibilidade de produção de combustíveisde biomassa e alimentos a partir da combinação de culturas noprocesso de estabelecimento de dendezais. Os intercultivos abacaxi,mandioca e pimenta do reino foram plantados nas estrelinhas dodendezeiro (7,8m). Estes cultivos promoveram renda a curto prazo,com recuperação e remuneração antecipadas do capital investido. Oabacaxi foi o mais eficiente intercultivo proporcionando um ponto denivelamento econômico (receita bruta igual à despesa bruta) em umperíodo inferior a dois anos. A mandioca reduziu, no mesmo período50% do investimento total de capital no plantio misto, além de reduziros custos com o controle de ervas daninhas.

As culturas intercalares aceleraram ainda o crescimento dodendezeiro, em seus estágios iniciais de estabelecimento e,posteriormente promoveram maiores produções de cachos por haem relação ao cultivo tradicional.

O dendezeiro como cultura alimentícia e ou/energética, pode seconstituir em um empreendimento estratégico e de alta viabilidadeeconômica. No caso especifico da produção de biocombustíveis,cultivar dendê em sistemas agroflorestais é um projeto de resultadosduradouros – provavelmente mais baratos – do que perfurar poçosde petróleo no Brasil.

Uma rápida análise destes números conduz à evidente conclusãode que a alternativa dos óleos vegetais não pode ser desprezadacomo real contribuição ao equilíbrio das contas do país, a geraçãode empregos e a produção de alimentos. É importante ressaltar quea substituição do óleo diesel por óleos vegetais transesterificados

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não requer qualquer modificação nos motores de ciclo diesel e que aprodução destes óleos pode ser realizada em pequena escala epróxima aos locais de consumo.

A CEPLAC, através do CEPEC testou três intercultivos bemsucedidos, mas são muitas as oportunidades de plantio combinadode dendezeiros e espécies vegetais produtoras de alimentos, fibrase até outras fontes de matéria prima para combustíveis. Em sua faseprodutiva o dendezeiro poderá ainda se consorciar a animais paraprodução de carne, como bovinos e ovinos deslanados, sendo, paraisto, necessárias algumas pesquisas visando a produção combinadade forrageiras tolerantes à sombra.

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O controle biológico de pragas e doenças é uma técnica bastanteutilizada em várias partes do mundo. Um exemplo é o Clanosan,desenvolvido pela empresa americana Igene Company e é originadoda casca de crustáceos marinhos, atua contra nematóides emqualquer estágio de infecção. Outro exemplo é o Agrocin, uma bactéria(Agrobacterium radiobacter) usada contra outra bactéria aAgrobacterium tumefaciens, uma bactéria que ataca diversas culturascomo roseiras e tomateiros, causando engrossamento desuniformedo caule. No nordeste brasileiro utiliza-se um fungo chamadoMetarhizium no controle da broca da cana-de-açúcar. O controlebiológico não se atem apenas a utilizar microorganismos, um exemplodisto é a utilização de extrato das folhas, frutos e sementes da árvorechamada Nim (Azadiracha indica) no controle de diversos insetospragas do cafeeiro. O TRICOVAB é o nome comercial do fungochamado cientificamente Trichoderma stromaticum o qual é utilizadono controle biológico do fungo da vassoura-de-bruxa do cacaueiro(Crinipellis perniciosa) desenvolvido pela CEPLAC e utilizado pelosprodutores de cacau do sudeste da Bahia e norte do Espírito Santodesde 1999. Este produto deve ser utilizado como parte componentedo controle integrado desta doença. Isto significa que aplicar oTricovab sozinho não irá resolver o problema. É preciso saber queeste produto não funciona para combater a podridão parda, nem temqualquer efeito quando aplicado nos frutos verdes. Trata-se de um

Prof. Dr. (Fitopatologista) Centro de Pesquisas do Cacau - Cepec/Ceplac, Bahia. [email protected];fone (73) 3214-3283

CONTROLE BIOLÓGICO DA VASSOURA-DE-BRUXA DO CACAUEIRO

Givaldo Rocha Niella*

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fungo natural do solo, e como tal alimenta-se de material emdecomposição ou seco, mas que tenha umidade suficiente para asua sobrevivência. Este produto deve ser aplicado somente no períodochuvoso do ano, no caso do sudeste da Bahia, de maio a agosto,sobre todo material vegetativo infectado removido e casqueirosdeixados no solo. Deve-se aplicar 40 gramas dos esporos (conídios)do Tricovab por hectare e por aplicação, num total de quatro aplicaçõespor hectare/ano. O intervalo de aplicação é de trinta dias e o preparoda calda deve ser feito diluindo-se um pacotinho contendo 40 gramasem óleo vegetal a 1% e acrescentando-se um pouco de água, coarem tecido fino (evitar tecido de algodão, pois retém os esporos) ecompletar até atingir o volume estabelecido pelo teste de vazão. Ovolume de água a ser utilizado dependerá da calibragem e bicoutilizados no pulverizador costal manual (teste de vazão). É muitoimportante lembrar que o Tricovab não é um fungicida tradicional, éum produto biológico e como tal deve ser utilizado o maisrapidamente possível devendo ficar sob refrigeração de 6 a 8 ºC(geladeira) no máximo até seis meses, após este período aqualidade do produto cai muito. Com a nova formulação (apenas osesporos sem o arroz) reduziu-se bastante o volume a sertransportado, passando-se de dois quilos para apenas 40 gramasa quantidade a ser aplicada por hectare.

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PRODUÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO DE PALMITODE PUPUNHA (Bactris gasipaes Kunth) IN NATURA

NO SISTEMA DE INTEGRAÇÃO DA INACERESAGRÍCOLA

Manoel Aboboreira Neto 1

José Marcelo O. Pimentel 2

1.Eng. Agrônomo - Gerente Agrícola da INACERES – [email protected]. Eng. Agrônomo – Supervisor de Integração da INACERES [email protected]

1. Introdução

O cultivo da Pupunheira com o objetivo de comercializar as hastesde palmito é uma atividade recente tanto no Brasil quanto no mundo.Em países como Costa Rica esta atividade foi desenvolvida a partir dofinal da década de 70 e no Brasil só na última década com a implantaçãode várias áreas, principalmente nos estados do Pará, Bahia e SãoPaulo. Esta nova estratégia de produção, aliada a outras ações frutoda rigorosa legislação ambiental e sanitária fez com que negóciopalmito começasse a perder o caráter de atividade extremamenteextrativista e a se transformar em um agronegócio viável.

O cultivo de palmito para a produção de hastes é um tipo denegócio que precisa ter uma correta planificação visando,principalmente, adequar-se ao sistema de comercialização. Nãobasta apenas ter um excelente produto, é necessário também ter

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opções onde vender sua produção por um preço remunerador eassegurar uma constância na entrega, pois neste cultivo, realiza-se acolheita periodicamente com intervalos de 20 a 45 dias.

Existe na Bahia, um novo modelo que busca atender a todos osque desejam incluir a exploração do palmito cultivado de Pupunhacomo mais uma atividade na sua fazenda e na busca de aumento desua renda, sem necessidade de implantar as etapas deindustrialização, logística, comercialização e marketing. É o sistemade Integração, onde produtores e indústria formam a cadeia produtivado palmito, que tem também, outros importantes participantes comoBancos, Governo do Estado e Empresas de Pesquisa e de Projetose Assistência Técnica.

2. Sistema de integração no cultivo de palmito

Principais ações das indústrias e produtores e os processos dosistema de Integração:

2.1. Indústria

Comprar toda a produção de palmito dos Produtores Integrados,assegurando-lhe o pagamento por haste nos preços do mercadoregional e nos prazos acertados

Implantar sua lavoura de palmito e comercializar sua produção juntoa Indústria Integradora. A base fundamental é a produtividade e aqualidade

2.2. Produtores

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2.3. Processos

Sementes

Para facilitar a disponibilidade de sementes em qualidade equantidades adequadas, a INACERES adquire as sementes, realizao processo de germinação e repassa as plântulas selecionadas eclassificadas para os Integrados.

Estima-se uma oferta de sementes de palmito de Pupunheira semespinhos, produzidas no Sul da Bahia, superior a 10 toneladas porano. Além disso, no Norte do Brasil (Acre, Rondônia e Pará) pode-seadquirir quantidades superiores a 30 toneladas de sementescertificadas, por ano.

A Inaceres tem um campo de produção de sementes na FazendaSão João em UNA, com capacidade para produzir oito toneladas porano. Estas sementes são destinadas aos produtores Integrados.

Capacitação

Produtores e trabalhadores recebem treinamento sobre todas asetapas de produção do cultivo. Esta capacitação é realizada,principalmente, pela INACERES para os seus integrados.

Assistência Técnica

Este processo é um dos pilares do sistema. A INACERES forneceAssistência Técnica periódica para seus produtores Integrados emtodas as etapas de produção (preparação do solo, plantio, manejo,colheita).

As empresas que realizam os projetos também fornecemassistência técnica para os produtores.

Práticas culturais

Como toda atividade agrícola faz-se necessário à realização depráticas culturais como controle de ervas, adubação, replantio, controle

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Colheita

Os Integrados realizam a colheita nas datas acertadas com aIndústria.

Coleta de palmito na propriedade

Coletar o palmito na propriedade do Integrado é uma ação daINACERES. O processo é organizado de tal forma que o palmito sejacoletado a tempo suficiente de ser processado, sem que haja perdasde qualidade.

Cronograma de implantação

As atividades são programadas em função da oferta de sementesou mudas. As sementes oriundas da região Sul da Bahia estãodisponíveis para serem germinadas entre os meses de junho esetembro. As sementes provenientes do Norte do Brasil estãodisponíveis entre fevereiro e abril.

Sabendo que são necessários entre 5 e 6 meses para a obtençãode mudas a partir da repicagem para os saquinhos, as mudasformadas com sementes oriundas do Sul da Bahia ficam disponíveispara o plantio no primeiro semestre do ano, enquanto as que sãoprovenientes do Norte do Brasil estão prontas na metade do segundosemestre.

Financiamento

Os Bancos oficiais dispõem de linhas de crédito para financiar osprodutores que desejam implantar suas lavouras de palmito.Logicamente, atendendo as regras básicas do sistema de créditovigente no país.

As indústrias integradoras assessoram o produtor na busca docrédito junto aos Bancos oficiais para implantação de sua lavoura;

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Preocupados com a dificuldade de crédito para pequenos e microprodutores, a cadeia Produtiva do Palmito criou com recursos dasindústrias integradoras um FUNDO DE AVAL para garantir ofinanciamento de projetos destes agricultores. Com isso dispensa asgarantias reais, uma vez que na sua grande maioria, estes produtoresjá não dispunham de lastro para financiar novas atividades.

A INACERES tem um sistema de financiamento próprio. Com estesistema todas as mudas são financiadas, que representa a maior partedo financiamento, e também financia as adubações do 1º e 2º ano,sobrando apenas o preparo do solo e manejo do cultivo. O pagamentoé sempre feito em palmito, e esta amortização só inicia dois anosapós o plantio em parcelas cuja quantidade de hastes entregues, nãocomprometem a manutenção do cultivo.

Contrato

Produtores e indústria firma contrato de integração que visadisciplinar os processos descritos anteriormente.

3. Aspectos técnicos da produção de palmito cultivado

O palmito cultivado de Pupunheira se desenvolve muito bem nasregiões onde a precipitação pluviométrica é superior a 1.600 mm ebem distribuída ao longo do ano. Altitudes inferiores a 900 msnm;solos de texturas franca arenosa, franca argilosa ou arena argilosa;pH acima de 4,5 e máximo de 6,5; boa drenagem e profundidadesuperior a 0,50 m.

3.1. Formação de Mudas

O viveiro deve ser projetado considerando que 1 m2 de área permitea formação de 70 a 80 mudas. Devido à forma de desenvolvimentodo sistema foliar, faz-se necessário uma separação entre os saquinhos

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dentro do canteiro. Uma forma prática é ordenar os saquinhos emdois grupos de tríplices fileiras separadas por um vão de 20 cm.

Na região do Sul da Bahia, as plântulas (sementes germinadas)precisam de sombreamento na sua etapa inicial de desenvolvimento.Isto ocorre até o terceiro ou quarto mês após o transplante para ossaquinhos. O uso de telas tipo ráfia que permitem um sombreamentode 30% tem sido muito eficiente, permitindo um rápido crescimentodas mudas. Após este período inicia-se o processo de aclimatação,ou seja, a retirada gradativa da sombra permitindo no final a completaexposição das mudas ao sol.

De forma geral o substrato deve ter a seguinte composição:

v 20 a 30 % de material orgânico de qualidade (esterco,composto, etc);

v 10 % de casca de café, arroz ou outro material seco;v 60 a 70 % de solo (preferencialmente de textura franca,

arenosa ou areno-argilosa);v Calcário Dolomítico (4,5 kg/m3);v Fertilizante Osmocote (2 kg/m3) ou a Fórmula A (1,2 kg/m3);v Superfostato Triplo (1,2 kg/m3);Para preparar este substrato é necessário que os materiais de

grande volume estejam secos. Os saquinhos devem ter as dimensões14 cm X 20 cm X 0,10 mm.

A aplicação de água pode ser realizada através de regador ou sistemade irrigação. Estima-se um consumo de até 3 mm/dia em períodos dealta evapotranspiração, na fase final de produção das mudas.

Algumas enfermidades que podem ocorrer em plantasenviveiradas: Podridão do talo e raízes (Fusarium sp); Podridão deplântulas (Pythium sp. e Rizoctonia sp.); Antracnose (Colletotrichumsp.); Mancha parda (Mycosphaerella sp.); Podridão da flecha(Phytophthora sp. e Erwinia sp.). Entretanto, são controladas comações preventivas como:

v O viveiro deve ser construído em local de fácil drenagem e entreos canteiros devem ser construídos drenos para a retirada completado excesso de água;

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v As sementes germinadas devem ser tratadas antes de seremtransplantadas;

v Após o transplante, usar serragem grossa (maravalha), desdeque seja nova, para proteger o substrato de salpicado da chuva e odesenvolvimento de ervas;

v Realizar aplicações preventivas de fungicidas.As principais pragas que atacam as mudas nos viveiros são os

ratos e eventualmente os gafanhotos. O controle é realizado mediantea utilização de iscas para ratos e a catação de gafanhotos.

Durante o desenvolvimento das mudas pode-se aplicar umferti l izante foliar completo (macro e micronutrientes) ebioestimulantes.

As mudas estão aptas para serem plantadas definitivamente nocampo quando apresentarem um diâmetro do coleto superior a 1cm, tenham um bom vigor e livres de enfermidades e pragas.

3.2. Preparo da Área

A legislação ambiental deve ser respeitada e o plantio deve serrealizado em áreas onde não seja necessária a supressão deespécies arbóreas e preferencialmente em áreas de pastagens oude cultivos anteriores. Por tratar-se de uma espécie heliófila não deveser cultivada em áreas com sombreamento.

Densidade de plantio

Os primeiros trabalhos relacionados com a busca de umadensidade ideal para palmito de Pupunheira, ocorreram na Costa Ricano início da década de oitenta. (Zamora y Vargas 1985).

A evolução para novas densidades de plantio surgiu a partir dademanda do mercado consumidor que optava por consumir palmitosmais finos. Além disso, segundo Vargas, 2000, as opções de maiorrentabilidade estavam associadas às maiores densidades.

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Na região Sul da Bahia, a densidade de 7.200 plantas por hectaretem produzido bons resultados econômicos e é hoje a mais utilizadapara a implantação de novas áreas. O espaçamento usado é 1,85 m(entre linhas) x 0,75 m (entre plantas).

Implantação

O preparo da área pode ser manual ou mecanizado. As principaisatividades são:

v Limpeza da área (roçar ou arar e gradear);v Aplicação de corretivo do solo (fosfatos, calcários);v Balizamento (utiliza-se apenas 160 balizas por hectare)v Trilhamento (apenas nas linhas de plantio);v Coveamento (25 cm x 30 cm);v Distribuição de mudas;v Aplicação de fertilizante (Superf. Triplo ou Fórmula A). A dosagem varia de acordo ao solo.v Plantio;v Recoleta de sacos plásticos;

Manutenção

Após a implantação as principais atividades são o controle de ervas,fertilização, monitoramento e controle de pragas e enfermidades.

Controle de ervas

As principais técnicas utilizadas no controle de ervas são:coberturas vivas, uso localizado de herbicidas, roçagem e capina.Sendo esta última, apenas nos três primeiros meses após aimplantação do cultivo. Após o início da colheita, ocorre uma reduçãosignificativa no controle de ervas, uma vez que as folhas e parte dascascas do palmito formam uma cobertura morta. A densidade deplantio é outro fator importante que contribui na redução da incidência

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de ervas. Atualmente o uso de coberturas vivas tem sido implementadoe o resultado tem sido significativos com (Hydrocotile leucocephala),Mucuna sp (arbustiva).

Fertilização

Deve ser realizada de acordo com resultado das análises de solo.A aplicação pode ser fracionada em quatro vezes por ano. O local deaplicação do fertilizante varia de acordo ao desenvolvimento do cultivo.Inicia-se com a aplicação ao redor da planta, a aproximadamente 20cm. Após um ano de desenvolvimento, pode-se aplicar o fertilizantena área total da planta, uma vez que as raízes absorventes encontram-se amplamente distribuídas nesta área. Os principais fertilizantesutilizados são Cloreto de Potássio, Superfosfato Simples/Triplo, Uréiae micronutrientes. É importante ressaltar que a fertilização devecontemplar o equilíbrio nutricional da planta. Excesso de fertilizantesaplicados no solo ou mal quantificados provoca desequilíbrio entreos nutrientes e conseqüentemente induzem perdas tanto para anutrição da planta quanto no aumento dos custos.

Controle de pragas

As principais pragas que atacam a lavoura estabelecida são:

√ Falsa Broca da bananeira (Metmasius hemipterus Sericeus);A larva e o adulto atacam as touceiras (cepas) e plantas em

desenvolvimento. Neste mesmo local ocorre o desenvolvimento dasoutras etapas do ciclo de vida do inseto, como ovo e pupa.

O controle desta praga é realizado conjuntamente contra oRhynchophorus.

√ Bicudo do Coqueiro (Rhynchophorus palmarum Linne);A larva ataca principalmente o rizoma sob a superfície ou na região

do coleto das plantas fazendo galerias em direção ao centro do rizomaprovocando a perda do palmito e a morte da planta. Além disso, são

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transmissores de enfermidades fúngicas.O adulto ataca a touceira após o corte, depositando ovos e sugando

a seiva. Tem sido registrada a presença do adulto atacando entre asinserções das folhas com o talo.

Ambos os insetos são controlados mediante dois métodos:

v O uso de armadilhas com feromônio: As armadilhas sãosemelhantes àquelas usadas na cultura do coqueiro. Utiliza-se umgalão plástico com duas aberturas laterais (5 cm x 10 cm) amarradoem uma estaca à altura de 0,80 cm do solo. Na parte interna do galãoprende-se o feromônio. No seu interior acrescentam-se pequenospedaços de palmito ou cana-de-açúcar e finalmente aplica-se uminseticida (Sevin a 1%) sobre este material. Semanalmente troca-seo material no interior da armadilha. O feromônio tem duração médiade 60 a 90 dias. A quantidade de armadilhas varia de acordo ao graude infestação, podendo ter 4 armadilhas para cada hectare até 1 paracada 5 hectares.

v A aplicação dos fungos Beauveria e Metarrizium deve serrealizada no período de baixa temperatura e alta umidade. Realizar aseguinte operação para cada produto: colocar 1 kg do produtocomercial em 10 litros de água. Misturar e após 15 minutos retirar aparte líquida e colocar em outro recipiente. No balde com o resíduodeve ser novamente acrescentar água e coar com uma peneira plásticae também ser colocado junto do recipiente. Após esta ação descartaro resíduo, aplicando-o no substrato. Usar desta solução, 200 ml paracada 20 litros de água. A aplicação deve ser direcionada para o tococolhido, bainhas e restos de colheita no campo. Realizar duasaplicações por ano em cada área. A transmissão do fungo ocorretambém através das moscas do gênero Drosophila (mosca presentenos processos de fermentação natural).

√ Besouro Rinoceronte (Strategus sp.);A larva é facilmente encontrada em madeira em decomposição. O

adulto perfura o solo abrindo galerias e ataca o rizoma.Pode ser controlado cavando as galerias e eliminando o adulto.

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Manejo de enfermidades

√ Podridão Basal (Phytophthora palmivora)Produz morte das folhas centrais e apodrecimento do meristema

apical. A principal medida de controle é evitar o uso de substrato cujosolo tenha sido oriundo de áreas de cacau, além disso, manter asplantas bem nutridas e livres de ervas.

√ Podridão mole (Erwinia chrysanthemi)Causa o apodrecimento do meristema apical, provocando a morte

das folhas centrais. A lesão apresenta-se úmida e com forte cheiro depodridão. Algumas medidas de controle são: drenagem e nutriçãoequilibrada.

Colheita

A partir dos 14 meses após o plantio no campo começa a colheita.Esta é realizada a cada intervalo de 20 a 45 dias em uma mesmaárea. A planta deve ser colhida quando estiver no seu melhor estadode maturação. Esta condição se observa através do diâmetro basal(verificado entre 10 a 15 centímetros do solo, devendo esta planta terum diâmetro mínimo de 10 centímetros) e das disposições das trêsúltimas folhas a uma altura de aproximadamente 1,70 metros.

A haste colhida deve ter um comprimento final mínimo de 65 emáximo de 75 centímetros e apresentar uma base (maçã ou gema)com 10 cm de comprimento e ter duas capas protetoras. O palmitonão deverá permanecer exposto ao sol depois de colhido.

A produtividade média por hectare é de 8,5 mil hastes/ano, podendosuperar 10 mil hastes/ha/ano, de acordo ao manejo realizado.

A produtividade média por touceira de 1,5 hastes/planta é umarealidade nos cultivos bem manejados no Sul da Bahia.

4. Breve análise financeira

v Investimento médio inicial por hectare (Ano 1): R$: 6.045,00

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v Custo médio anual por hectare (a partir do Ano 2): R$ 1.680,00v Receita bruta média anual por hectare (a partir do 3º ano de

colheita): R$ 4.675,00Uma análise direta permite expressar que se trata de uma atividade

com alto rendimento por hectare, superior a muitas atividades quehoje são exploradas comercialmente. É sem dúvida um importantecultivo que pode gerar renda e liquidez, inclusive para os produtoresde cacau que tem durante o ano uma entressafra muitas vezes superiora cinco meses ficando descapitalizados e tendo que obter recursosexternos neste período.

Uma maior profundidade na análise financeira dependerá devariáveis como taxa de juros e prazo de carência. Entretanto, o cultivode palmito é viável e destaca-se por apresentar durante todo o anoum bom fluxo de caixa.

5. Considerações finais

Atualmente no Sul da Bahia existem empresas que industrializampalmito e são credenciadas pela ANVISA. A área de produçãoestimada de palmito é de 2.983 hectares. (Rodrigues, 2003). Apesardestes dados, houve um incremento de área superior a 350 hectares,influenciado principalmente pelo sistema de Integração daINACERES.

A meta das empresas que fazem parte da Cadeia Produtiva doPalmito é comprar e industrializar palmito de 10 mil hectares oriundosde produtores INTEGRADOS. Na cidade de Uruçuca, no estado daBahia, está instalada e em funcionamento uma das mais modernasfábricas de processamento de palmito do mundo.

O programa de Integração da INACERES teve início no ano de2002 com apenas quatro produtores integrados. Após três anos, emagosto de 2005, a empresa registra parceria com 86 produtores quejuntos totalizam uma área de 308 hectares de palmito.

O sistema de Integração da Cadeia Produtiva do Palmito visaatender aquelas associações de produtores oriundas dos programas

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de assentamento do Governo, associações de produtores, pequenos,médios e grandes empresários. Trata-se de uma alternativa para oSul da Bahia e difere de muitas outras por ter os distintos processoscoordenados para que os envolvidos (Integrados e EmpresaIntegradora) possam produzir e obter seus lucros a partir de seusinvestimentos, ter constância na entrega e principalmente norecebimento dos pagamentos pela produção comercializada ao longode todo o ano.

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ASSOCIATIVISMO, SISTEMASAGROFLORESTAIS E PRODUÇÃO ORGÂNICA:

UMA ESTRATÉGIA PARA CONSERVAÇÃO EDESENVOLVIMENTO NO CONTEXTO RURAL DA

REGIÃO CACAUEIRA DA BAHIA

Joaquim Blanes Luis Lima

Walter LimaMarcelo Araujo

Luis de Lima

Instituto de Estudos Sócio-Ambientais do Sul da Bahia, Caixa Postal 84, Ilhéus, Bahia CEP45652-180

A Mata Atlântica é considerada uma das áreas de maior prioridadepara a conservação do planeta, devido a sua diversidade Biológica eelevado grau de ameaça. No município de Una, sul do estado da Bahia,localiza-se a Reserva Biológica de Una (REBIO), unidade deconservação federal de proteção integral, criada através do decreto85463 do ano de 1980. Embora o Decreto Federal determinasse umaárea de 11400 hectares (ha), até o ano de 1999, somente 7022hahaviam sido adquiridos pelo executivo federal, com o apoio deorganizações internacionais. A regularização do restante da áreadecretada deverá estar concluída até o final de 2004.

Intervindo de forma abrangente, o IESB vem propondo políticaspúblicas, desenvolvendo metodologias e ferramentas de análise

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ambiental, fomentando a implementação de alternativas econômicasna utilização dos recursos naturais e capacitando pessoas locais,através de parcerias com instituições de pesquisa, ONG’s locais enacionais, universidades e agências governamentais.

Neste processo, identificou-se a necessidade de fortalecer aorganização das associações comunitárias rurais, como etapaindispensável para uma efetiva conservação dos recursos naturais epromoção de bases para o desenvolvimento sustentável. Também,era crítica a realidade da comercialização de produtos agrícolas dospequenos e médios produtores tradicionais e assentados pela reformaagrária, a presença de uma rede de comercialização primitiva, ondeo produtor distante geograficamente e com pequena quantidade egrande variedades de produto era presa fácil para atravessadoresexperientes.

A Produção Orgânica e as Oportunidades para a RegiãoCacaueira da Bahia

O diferencial da produção orgânica está na oferta de produtossaudáveis (livre de agrotóxicos), na possibilidade de atender mercadosdiferenciados (onde consumidores estão dispostos a pagarem umsobre-preço como prêmio à qualidade dos produtos), nas relaçõesjustas de produção e na preservação ambiental.

A Região Cacaueira da Bahia apresenta um contexto bastantefavorável para consolidação de um pólo de Agricultura OrgânicaAgroflorestal, observando especialmente os aspectos da conservaçãoda biodiversidade e produção familiar, como pode ser observado nosdiversos aspectos abaixo enumerados:

1. A meso-região cacaueira, com 51 municípios, concentra maisde 80% da produção de cacau do estado e da sua área cultivada,cerca de 350 mil hectares, 70%, estão implantadas sob mata raleada(cabruca), conforme CEPLAC/CENEX (1999);

2. Regra geral a partir de 1984, quando se deu a restrição aosfinanciamentos para o cacau, houve uma redução na aplicação de

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agrotóxicos. Além disso, dentre os diversos aspectos negativosapresentados pela enfermidade vassoura de bruxa, a nãorecomendação comercial de agentes químicos para o seu controle,revela-se como positivo, desmotivando a aplicação de pesticidas eestimulando as pesquisas na área de controle biológico;

3. Associa-se estes elementos ao grau máximo de interesseconservacionista atribuído a este ecossistema, destacando-se osprojetos: “Reserva da Biosfera da Mata Atlântica” e “CorredoresEcológicos” em fase de implementação.

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ECOTURISMO E DIREITO AMBIENTAL:EM BUSCA DA CONSOLIDAÇÃO DO

DESENVOLVIMENTO TURÍSTICO SUSTENTÁVEL

Thiana de Souza Cairo 1

1 Mestre em Cultura & Turismo (UESC/UFBA) Economista. Advogada. Professora do Departamentode Economia da Universidade Estadual de Santa Cruz e de Direito da Faculdade de Tecnologia eCiências. E-mail: [email protected].

As mudanças de paradigmas verificadas no mundo moderno, comoa aceleração da informação e de tecnologia, direcionam os países aprosperarem economicamente na busca de um desenvolvimentosocioeconômico sustentável, com ênfase na qualidade de vida e nagarantia dos direitos fundamentais do cidadão, tais como: saúde,educação, alimentação, habitação e lazer. Neste contexto, o turismodesponta, no setor de serviços, com um papel relevante não só naesfera econômica, como também, nos âmbitos social, cultural eambiental. Um novo modelo econômico de desenvolvimento dacivilização vem se delineando fundamentado na sustentabilidade dosrecursos naturais, para que os mesmos perdurem às gerações futuras.Para tanto, faz-se mister criar bases que possibilitem a consecuçãodos objetivos do uso racional e sustentável, partindo-se inicialmenteda construção de uma estrutura educacional voltada às necessidadeslocais, buscando a minimização do impacto ambiental, resultante daatividade turística. O Direito na busca incessante de dirimir os conflitosexistentes no meio social vem ao encontro com a premissa depreservação e conservação do ambiente natural, reconhecendo arelevância deste para a saúde e bem estar do ser humano. Neste

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sentido, objetivou-se neste artigo demonstrar a relevância do DireitoAmbiental enquanto um instrumento indispensável para aconsolidação do desenvolvimento turístico sustentável e, emespecial, na modalidade do Ecoturismo. Para tanto, utilizou-se nosprocedimentos metodológicos, uma pesquisa bibliográfica para adiscussão teórica e dados secundários de fontes diversas comoartigos, monografias, dissertações, revistas, entre outros, bem comofontes doutrinárias e legislações no âmbito da Ciência Jurídica.Outrossim, é de grande interesse e relevância o debate nesta esferaproposta, uma vez que estabelecidos alguns parâmetros acerca doTurismo e do Direito Ambiental, poder-se-á traçar suas principaispeculiaridades, sua esfera de atuação e sua importância no contextoamplo da atividade turística. Ademais, a observância dos princípiosdo Direito Ambiental e o conhecimento de determinados remédiosconstitucionais para a defesa do meio ambiente, constitueminstrumentos indispensáveis para a consolidação da vertente doEcoturismo de forma sustentável.

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PRODUÇÃO DE FRUTOS DOS PALMITEIROSJUÇARA, PUPUNHA E AÇAÍ

Maria das Graças C. Parada Costa Silva 1

1Engenheira Agrônoma, MSc Ceplac/Cepec/Sefop . Km 22 Rod Ilhéus/tabuna, Itabuna,Bahia.Caixa Postal 07, 45600-970, [email protected]

Introdução

As palmeiras juçara (Euterpe edulis Mart), a pupunheira (Bactrisgasipaes Kunt) e o açaizeiro (Euterpe oleracea Marth), são as trêsprincipais palmeiras produtoras de palmito e apresentam aparticularidade de também produzir frutos de alto valor nutritivo eeconômico.

Porém, o maior consumo dos frutos dessas palmeiras,principalmente a pupunha e o açaí, ocorre nas regiões onde elas sãonativas.

O uso da polpa dos frutos da juçara ainda está sendo fomentado,mas já tem grande aceitação no sul e sudeste do Brasil, como SantaCatarina, Paraná e São Paulo. Na Bahia o seu consumo ainda éincipiente, por falta de esclarecimento da população local sobre estapossibilidade, haja vista que a juçara era conhecida apenas comoprodutora de palmito. No entanto, análises realizadas pelo Laboratóriode Tecidos Vegetais da Ceplac por Silva et al. (2004) atestaram o

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Tabela 1. Composição mineral da polpa dos frutos de açaí e juçara, na MatériaSeca.

Fonte: Ceplac/Cepec/Sefis, 2004P= fósforo; K= potássio; Ca= cálcio; Mg= magnésio; Fe=ferro; Zn=zinco; Cu= cobre; Mn =manganês.

Pesquisas realizadas por outros autores, constaram teor deantocianina, pigmento presente em ambos frutos, em maiorquantidade na juçara (Iaderoza et al. 1992). Esse pigmento pertenceà família dos flavonoides, que possui função antioxidante e anti-radicalar que asseguram uma melhor circulação sanguínea e protegemo organismo contra o acúmulo de placas de gordura. As antocianinaspossuem ainda capacidade de adiar as perdas de memória, dacoordenação motora, perda da visão e diminuem os efeitos do malde Alzheimer (Rogez et al. 2000).

A bebida feita com o fruto do açaí, conhecido popularmente como“vinho de açaí”, é largamente consumido pelos habitantes da região

valor nutritivo do fruto da juçara, comparado ao do açaí como mostramas tabelas abaixo:

Tabela 2. Características químicas da polpa de açaí e juçara na matéria seca.

Fonte: Ceplac/ Cepec/Sefis

PH Proteínag/kg

Açucares tot.g/kg

Lipídiog/kg

CaloriaKcal/100gEspécies

Características química

Açaí 4,8ª 77,6ª 10,2b 130,90b 152,93

Juçara 4,7ª 67,2b 12,08ª 137,80ª 155,74

Elementos minerais Espécies

P

(g/kg)

K

(g/kg)

Ca

(g/kg)

Mg

(g/kg)

Fe (mg/kg)

Zn (mg/kg)

Cu (mg/kg)

Mn (mg/kg)

açaí 1,4ª 7,4 b 4,8ª 1,4ª 328,5 b 10,1 b 20,4ª 34,3ª Juçara 0,8b 12,1ª 4,3ª 1,5ª 559,6ª 12,2ª 14,0 b 43,4ª

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norte do Brasil onde é nativa, e, com a divulgação de suas propriedadesnutritivas e energéticas o uso da polpa de açaí generalizou-se em todoo país e o cultivo do açaizeiro e o processamento do seu fruto, já ocorremem vários estados brasileiros, principalmente no sul da Bahia. A polpade açaí hoje é produto de exportação para os EEUU.

O fruto da pupunheira, conhecido como pupunha, é largamenteconsumido na região amazônica e em outros países da América doSul e da América Central, onde é encontrada em estado nativo. Emborao palmito seja atualmente o principal produto da pupunha em termoseconômicos, nas regiões de origem, o fruto continua sendo o principalproduto de consumo.

Características botânicas e usos dos frutos da juçara,açaízeiro e pupunheira na alimentação

1. Juçara

A juçara é uma palmeira unicaule, não produz perfilhos, o quesignifica que a extração do palmito implica no sacrifício da planta.Essa atividade quando é realizada sem critérios ou sem cuidadoscom a sustentabilidade ambiental, pode comprometer a continuidadeda espécie e de vários animais que se alimentam de seus frutos.Quando feita desta forma, essa atividade tem o nome de extrativismo,e é considerado crime ambiental, previsto na Lei de Crimes Ambientais- Lei 9.605 de fevereiro de 1998. Em curto prazo, uma possibilidadede agregar recursos financeiros aos remanescentes florestais ondeexiste juçara, seria a colheita de frutos para produção de polpa.

O uso pode ser feito da mesma maneira que a polpa de açaí: puroou misturado com outras polpas de frutas regionais, com granola,guaraná em pó, como sorvete, entre outros. Em lanchonetes no eixoIlhéus-Itabuna, a polpa de juçara já é ofertada, porém em pequenovolume, devido à escassez do fruto. Segundo os distribuidores, estátendo grande aceitação, chamando atenção para o sabor maisadocicado que o de açaí.

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A extração da polpa e os cuidados pós-colheita seguem osmesmos procedimentos realizados para a extração da polpa de açaí,descritos a seguir.

O açaizeiro é uma palmeira que produz inúmeros perfilhos formandotouceiras, que são manejadas para a extração de palmito. Face àpressão dos órgãos ambientais, vários projetos de manejo sustentáveldos açaizais estão sendo implementados no Pará, visandoprincipalmente à produção de frutos, que além do alto consumo local,(no meio rural o açaí é consumido três vezes ao dia) tornou-se produtode exportação para vários estados do Brasil e para o exterior do país.

A polpa de açaí é consumida pelos habitantes da região amazônicacom farinha de mandioca ou tapioca, com peixe frito, no feitio desorvetes, pudins, doces, entre outros, porém, sempre o açaí puro, semmisturar com outras frutas como é usado nas regiões sul e sudestedo país. Nestas regiões, a preferência é o açaí misturado com granola,banana, guaraná, originando o “açaí na tigela”, ou como suco, sempremisturado com outras polpas mais conhecidas.

Procedimentos do processamento da polpa:

2. Açaí

1. colheita dos cachos2. debulhamento dos frutos;3. lavagem em água corrente e de boa qualidade;4. imersão em água morna (40º C) por 15 minutos para

amolecimento da polpa;5. despolpamento em maquinário apropriado, ou, quando em

pequenas quantidades, em liquidificador sem o cortador de hélice ouem peneira de malha grossa, amassando manualmente os frutos. Otempo de batimento não deve ser demorado (4 a 6 minutos), paraevitar alteração na qualidade da polpa;

6. se a extração for manual o produto deve ser coado; asdespolpadeiras mecânicas possuem sistema de filtragem e o produtojá sai isento de impurezas;

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7. o produto obtido deve ser usado imediatamente ou conservadosob congelamento.

A pupunheira também é uma palmeira que perfilha e pode chegara 20 metros de altura. No Brasil, na região amazônica e no Peru,Costa Rica, Equador, Colômbia, entre outros da América Tropical, apupunha é muito apreciada e consumida, constituindo-se em valorosoalimento para esses povos.

A pupunha é um fruto carnoso, muito rico em nutrientes,principalmente em caroteno, precursor da vitamina A e não pode serconsumido cru, porque possui uma enzima, que inibe a digestão dasproteínas, e um ácido que irrita a mucosa da boca. Normalmente éconsumido simplesmente cozido com água e sal, podendo seracompanhado de manteiga, maionese, mel e geléia. Pode ser usadacomo legume, em ensopados, em sopas, vitaminas, entre outros.Como farinha, é usada nos feitios de diversas iguarias domésticas.

Procedimentos para se obter a farinha, em nível caseiro.1. Lavar os frutos em água de boa qualidade2. Abrir os frutos em bandas para sacar as sementes;3. Descasca-los e coloca-los para cozinhar por aproximadamente

30 minutos.4. Após o cozimento, colocar os frutos para escorrer a água e

para esfriar.5. Se o fruto estiver muito úmido, devem ser colocados para secar

um pouco ao sol ou em forno médio a mínimo, por 5 a 10 minutos.6. Passar o fruto no moinho ou no ralo, peneirando em seguida,

se quiser um produto fino tipo amido de milho. Está pronta para serusada em feitios de bolo, pão, paçoca, canjica, mingaus, entre outros.

Para uso imediato da farinha, sem necessidade de secagem, deve-se utilizar frutos mais secos, não muito maduros e evitar cozimentoexcessivo.

3. Pupunha

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Procedimentos para se obter a farinha com grande quantidade defrutos

1. Abrir os frutos para sacar as sementes2. Lavá-los em água de boa qualidade3. Ralar os frutos cozidos no mesmo maquinário usado para a

obtenção da farinha de mandioca.4. Levar a massa ralada para secar em forno de farinha de

mandioca em temperatura branda por 40 a 45 minutos, mexendocontinuamente para não embolar.

5. Peneirar a massa seca para separar as cascas e outrasimpurezas, que podem ser fornecidas para animais de pequeno porte(galinha);

6. Esfriar e armazenar a farinha em vasilhames hermeticamentefechados.

Como manejar os palmiteiros para produção de frutos

Como a juçara é nativa da Mata Atlântica, os frutos são encontradosnaturalmente nas populações que ainda existem nos remanescentesflorestais da região. Um dos cuidados que se deve ter, após a extraçãoda polpa, é em repor as sementes nas áreas onde os frutos foramcolhidos. As sementes podem ser semeadas na mata a lanço, ou empequenas covas abertas com a ponta do facão, em local não muitosombreado para permitir o desenvolvimento mais rápido da planta.

1. JUÇARA

2. AÇAÍ / PUPUNHA

1. Sementes: devem ser sadias de boa qualidade. A semeaduraé realizada em canteiros compostos de areia e serragem curtida, empartes iguais, em local protegido da luz solar, próximo a água parafacilitar a rega, que deve ser diária. A germinação inicia-se 30 diasapós a semeadura (para a pupunha) e em poucos dias para o açaí.

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2. Preparo da muda: os sacos de polietileno, com capacidadede 2 kg, devem ser cheios com terriço de boa qualidade ouenriquecido com esterco de gado, na proporção de 1 parte para 3 desolo. Podem ser mantidas sob sombra de uma árvore frondosa ouem viveiro, com cobertura de palha ou outro tipo de cobertura.

3. A transferência da plântula para o saco de polietileno deveocorrer antes do lançamento da segunda folha. Dois meses após essatransferência, adubar as mudas com pulverização ou regas, utilizandouma solução de 50 g de uréia para 10 litros de água. Aos 90 e 120dias, pulverizar com uma solução de 50 g de uréia e 30 g de cloretode potássio, para 10 litros de água.

4. As mudas devem ser mantidas sem ervas daninhas, e isentasde pragas e doenças; o produtor tem que estar atento a qualquer sinalde anormalidade, e chamar um técnico para diagnosticar e indicar odefensivo apropriado.

5. Após 4 a 6 meses de viveiro, as mudas estão aptas para seremtransplantadas. Um mês antes, porém, faz-se um raleamento nacobertura do viveiro, para adaptação das mudas às condições docampo.

6. O plantio é realizado em época de chuva, com mudas sadias evigorosas, apresentando altura entre 30 a 40 cm, com 5 a 6 folhas.

7. A área do plantio deve estar limpa e balizada no espaçamentode 4 x 4, para o açaí, se for plantio solteiro ou de acordo com oespaçamento do consorte, de maneira que o plantio não fique muitoadensado para não prejudicar a produção de frutos. A pupunha deveser plantada a pleno sol, no espaçamento 5 x 5 m (400 plantas / ha)estimando-se uma produção de até 20 ton de frutos / ha. É possível oplantio em Sistemas Agroflorestais com cacau, cupuaçu, entre outras,onde a pupunha entra como sombreamento para os consortes e oespaçamento será de acordo com a espécie consorciada. Podemser implantados nas linhas de cultivo, inicialmente, inhame, batatadoce, mandioca e outros cultivos de ciclo curto.

8. As covas, na dimensão de 40 x 40 x 40 cm, devem seradubadas com 100 g de superfosfato triplo colocado ao fundo.

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Misturar na terra retirada dos primeiros 20 cm, 5 litros de matériaorgânica e reencher a cova com essa mistura, 30 dias antes do plantio.

9. A adubação deve ser realizada de acordo com os resultadosda análise do solo. Mas, pesquisas realizadas na Ceplac (Reis, 1997),indicam as seguintes recomendações para a pupunheira, que por faltade resultado de pesquisa para o açaizeiro, o autor supra citadorecomenda a mesma tabela, para as condições de solos regionais.(Tabelas 3 e 4):

IDADE DAS PLANTAS (meses)

FERTILIZANTES (g / planta)

2 4 8 12 16 20 24 28 34 Uréia 20 20 40 40 40 40 40 60 60 Superfosfato triplo - - - - 100 - - 100 - Cloreto de potássio - 20 - 20 20 - 20 20 20

Tabela 3. Adubação de pupunheira nos três primeiros anos de desenvolvimento

Fonte: Ceplac/Cepec.1997

1. Algumas pragas e doenças ocorrem no plantio, e mais umavez o produtor deve consultar um técnico ao primeiro sinal deanormalidade nas pupunheiras.

2. Nos plantios de frutos de pupunha, deixar além da planta matriz,2 a 3 perfilhos por touceira, que serão cortados para extração de

Fonte: Ceplac/Cepec. 1997

Tabela 4. critérios para adubação da pupunheira em produção.

NUTRIENTES (kg / ha)

IDADE DAS PLANTAS (meses)

40 46 52 58 64 70 Nitrogênio (N)

150

150

150

150

150

150

Fósforo (P2O5) Mehlich (mg/dm3): < 5 6 – 16

200 100

- -

200 100

- -

200 100

- -

Potássio (K2O) Mehlich (cmol/dm3): <0,09 0,10 – 0,25

50 25

50 25

50 25

50 25

50 25

50 25

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palmito à medida que apresentarem o diâmetro adequado. Quandoa planta matriz apresentar altura que dificulte a colheita dos frutos,deve-se planejar deixar esses perfilhos para produzir frutos, em umapossível substituição da planta matriz. Esse processo é seguidocontinuamente, ao longo do ciclo reprodutivo da espécie.

3. Nos plantios de produção de frutos de açaí, a partir de doisanos de campo, retirar o excesso de perfilhos nas touceiras,eliminando os mais fracos e os mal formados, deixando 3 perfilhospor touceira de tamanhos diferentes, bem distribuídos ao redor daplanta, além da planta matriz, que deve ser mantida até que a suaaltura dificulte a colheita. Quando isto acontecer, deve-se planejar ocorte da planta matriz e simultaneamente, deixar que novos perfilhos,em número máximo de 4 (um por ano), se desenvolvam para asubstituição dos perfilhos antigos. Todos os perfilhos potencialmenteproduzirão frutos, em número médio de 3 cachos por perfilho, pesandode 1,5 a 2 Kg de frutos / cacho. Se o produtor optar em produzir frutoe palmito no mesmo cultivo, o recomendável é deixar 4 a 6 perfilhospara serem manejados para palmito.

4. Colheita: a pupunha começa a produzir frutos a partir de 3,5 a4 anos de campo. As primeiras produções geralmente apresentammuitos frutos partenocárpicos, (sem sementes), sendo alguns decoloração verde e de aspecto alongado e outros com aparência defruto normal. Porém, com o tempo, a tendência é diminuir essaincidência, pois os insetos que fazem a polinização começam a sercolonizados na área, que aliada ao manejo adequado do plantio,promoverão a fecundação e o desenvolvimento de frutos normais. Oscachos devem ser aparados com lona para evitar contaminação eperdas de frutos no impacto com o solo.

5. A colheita do açaí começa após 3,5 a 4 anos de campo, adepender do sombreamento do plantio. A pleno sol inicia mais cedo.Os cachos também devem ser aparados com lona.

6. Tanto o fruto de pupunha como o de açaí são bastanteperecíveis, principalmente o açaí, que mesmo sob refrigeração nãose conserva por mais de 12 horas, sob pena de alteração da cor e do

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sabor. A pupunha não deve ultrapassar 24 horas de colhida, emtemperatura ambiente, pois como é muito amilácea, pode ocorrer oprocesso de fermentação.

IADEROZA, M. et al. Antocyanins from fruits of açaí (Euterpe oleracea,Mart) and juçara (Euterpe edulis mart). Tropical Science, London,England, 32, p. 41-46, 1992.

REIS, E. L. Adubação da Pupunheira para produção de palmito noSul da Bahia. Folder. Ceplac / Cepec, 1997.

ROGEZ, H. Açaí: Preparo, Composição e Melhoramento daConservação. Belém, EDUFPA, 2000, 313 p.

SILVA, M. G. C. P. C., BARRETTO, W. S. & SERÔDIO, M. H.Caracterização Química da Polpa dos Frutos de Juçara e de Açaí. InXVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA. Florianópolis,Santa Catarina, 22 a 26 de novembro de 2004. Anais... CD ROOM,Florianópolis, SC, 2004.

Literatura consultada

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TERRITÓRIOS RURAIS COMO UNIDADE DEPLANEJAMENTO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS

Elieser Barros Correia*

Introdução

*Msc em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente Chefe do Centro de Extensão da CEPLAC

O enfoque territorial é uma estratégia essencialmente integradorade espaços, atores sociais, agentes, mercados e políticas públicasde intervenção, e tem na equidade, no respeito à diversidade, nasolidariedade, na justiça social, no sentimento de pertencimento, navalorização da cultura local e na inclusão social, as bases fundamentaispara conquista da cidadania.

O objetivo dessa construção, que só se concretiza mediante amploprocesso democrático, é identificar e conceber os territórios a partirda composição de identidades regionais como elemento aglutinadore promotor do desenvolvimento rural sustentável.

Realçam-se como desafios dessa estratégia, a promoção e apoioao processo de desenvolvimento de competências humanas einstitucionais nos espaços concebidos como territórios, articulando aconstrução e implementação de políticas públicas através daelaboração participativa de Planos de Desenvolvimento TerritoriaisSustentável, tendo como enfoque o fortalecimento das comunidadesrurais, com ênfase na agricultura familiar.

A adoção da abordagem territorial como referência conceitual nosprocessos de desenvolvimento rural sustentável constitui premissafundamental para a concepção desse espaço enquanto unidade deplanejamento, bem como do seu reconhecimento como instrumentode descentralização e de autogestão de políticas públicas.

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Conceito de Território

Várias são as concepções existentes. A assimilação que os atoresdo desenvolvimento territorial na Bahia possuem deste conceito levama compreensão de território como a área geográfica de atuação deum projeto político-institucional, que se constrói a partir da articulaçãode instituições em torno de objetivos e métodos de desenvolvimentocomuns. Partindo-se deste entendimento político, desenvolvem-seprojetos produtivos, sociais, culturais e ambientais, normalmenteorientados ou liderados por um projeto dominante ou idéia-guia.

O território, enquanto espaço socialmente organizado, configura-se no ambiente político institucional onde se mobilizam os atoresregionais em prol do seu projeto (ou seus projetos, mesmo queencerrem conflitos de interesses) de desenvolvimento. O principalobjetivo é a geração de relações de cooperação positivas etransformadoras do tecido social. (ROCHA; SCHEFLER e COUTO,2004).

Território e Territorialidade

A discussão acerca de território começa com as acepções dotermo. Originário do latim territorium, adjetivo derivado de territorialisque significa pedaço de terra apropriada, este sentido era-lhe atribuídoantes do século XVIII. Nos anos 1920, os termos território eterritorialidade transferem-se do domínio político-administrativo parao da etologia, adquirindo status de conceito científico, deixando deser uma qualidade jurídica para transformar-se num sistema decomportamento dos animais. No campo da etologia, o território estáassociado à demarcação e dominação de lugar, à extensão e limites,enquanto territorialidade é definida como a conduta de um organismopara tomar posse de seu território e defender-se contra os membrosde sua própria espécie. Em geografia, Milton Santos refere-se aoterritório, como sendo “(...) o chão da população, isto é sua identidade,o fato e o sentimento de pertencer àquilo que nos pertence. O territórioé a base do trabalho, da residência, das trocas materiais e espirituaise da vida, sobre os quais ele influi.” (SANTOS, 2000, p. 96).

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238

Um Espaço de Planejamento do Desenvolvimento Rural

Busca-se um consenso em que o Estado deve ser gerido comoum espaço público, onde a participação da sociedade seja uminstrumento básico de decisão sobre os rumos e prioridades dodesenvolvimento. A democratização dos órgãos públicos, atransparência administrativa, a participação popular nos conselhos,câmaras e nos orçamentos são elementos balizadores doplanejamento territorial.

Na análise de Sepúlveda (2003), in (SEI, 2004) o território surgecomo foco do desenvolvimento rural sustentável. Parte-se de umconjunto de aspectos diagnosticáveis do território que compreendem:a) as características da economia rural da região; b) aheterogeneidade espacial e socioeconômica do setor rural; c) adiversidade institucional e política dos espaços locais; d) a variedadede oportunidades e possibilidades regionais; e) as diferençasecológicas entre as unidades territoriais; f) as interligações entre essasunidades e o restante da economia. Deriva dessa compreensão, aformulação de políticas que garantam o desenvolvimento e corrijamas desigualdades rurais. Além da coesão social, o desenvolvimentorural prescinde da coesão territorial, ressaltam (Rocha; Schefler eCouto, 2004).

Sepúlveda aponta ainda o caráter institucional-multidisciplinar dodesenvolvimento territorial. Este se revela importante na definição econdução das políticas públicas territoriais, que devem conterobjetivos múltiplos e promover um sistema participativo de base. Oenfoque territorial para o desenvolvimento apresenta uma novaconcepção onde os aspectos ambientais, econômicos, sociais,histórico-cultural, político e institucional interagem no espaço doterritório. A economia rural não é mais puramente agrícola, e, simcompreende o conjunto de atividades agrícolas e não-agrícolasregionais e dos recursos naturais da região (SEPÚLVEDA, 2003).

Abramovay (2001b e 2003) sugere que o território possui, antesde tudo, um tecido social, com relações de bases históricas e políticasque vão além da análise econômica. À dimensão territorial do

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239

desenvolvimento somam-se as já estudadas dimensões temporais(ciclos econômicos) e setoriais (a exemplo dos complexosagroindustriais). Citando os estudos de Casarotto Filho e Pires (1998),o autor lembra que a formação de um território – ou pacto territorial –deve responder a cinco pré-requisitos: 1) mobilizar os atores em tornode uma idéia-guia; 2) contar com o apoio desses atores, não apenasna execução, mas na própria elaboração do projeto; 3) definir umprojeto orientado ao desenvolvimento das atividades de um território;4) realizar o projeto em um tempo definido; e 5) criar uma entidadegerenciadora que expresse a unidade entre os protagonistas do pactoterritorial.

Uma estratégia para o planejamento de desenvolvimento territorialsustentável deve estar fundada num processo de implantação econsolidação de metodologias que se completa em dois momentos:um de apoio à auto-organização, formação dos fóruns e planejamentodos territórios; e outro de desenvolvimento das capacidades territoriaise articulação interinstitucional de políticas públicas.

Diagrama da Construção Sistêmica do Desenvolvimento Territorial

Contexto

�Eqüidade entre territórios e municípios, desenvolvimento regional e local.

Aborda gem �eo��t �

�Fortalecimento da

cidadania, respeito aos direitos humanos e gestão participativa das políticas públicas.

� en��o Econômica

�Estabilidade econômica, geração de emprego e renda , ampliação dos investimentos e da produtividade e , conquista de mercados com redução dos riscos.

Dimensão Ambiental

�Harmonia entre desenvolvimento e meio ambiente, sustentabilidade ambiental.

�Inclusão social, acesso universal e de qualidade dos serviços públicos, valorização cultural e étnica , com apropriação dos resultados do

Estratégia do Desenvolvimento

Territorial

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240

Territórios Baianos

Enquanto estratégia do Governo Federal para fortalecimento doCampo brasileiro, a Secretaria de Desenvolvimento Territorial doMinistério do Desenvolvimento Agrário (SDT/MDA) animou umprocesso de divisão da Bahia, com a participação do Governo doEstado, organizações sociais e outras instituições, em 23 potenciaisterritórios rurais. Desses, seis situados na área de atuação daCEPLAC.

Paralelamente ao trabalho da SDT, a Organização das NaçõesUnidas para Agricultura e Alimentação (FAO) firmou três Projetos deCooperação Técnica (TCP) com o Governo Federal, visando apoiara implementação do Programa Fome Zero (PFZ). A junção dasexperiências avaliadas como replicáveis, permitiu à FAO montar umametodologia de desenvolvimento territorial, que se assemelha à daSDT. Da mesma forma, outras instituições, governamentais e não-governamentais, têm trabalhado com metodologias semelhantes parao desenvolvimento territorial.

Essas metodologias foram discutidas no âmbito da CoordenaçãoEstadual dos Territórios da Bahia (CET) com o objetivo de se montaruma metodologia de referência para o desenvolvimento de territóriosrurais, que deve ser usada pelos outros parceiros dos territórios.Explicando: além dos territórios apoiados pela SDT, outros territóriosestão sendo ou serão apoiados por instituições parceiras, queprecisam de uma metodologia para implementar as ações. É o casodo projeto FAO/MDA (UTF/BRA/057) que vem implementando essametodologia de referência no território do Sertão do São Francisco.Da mesma forma a CEPLAC vem utilizando dessa metodologia nosterritórios de Itapetinga, Médio Rio das Contas, Vale do Jiquiriçá eExtremo Sul. Outras instituições como CODEVASF, Governo daBahia, Banco do Nordeste e DNOCS têm sinalizado com a intençãode usar essa metodologia em outros territórios baianos.

Para se atingir o desenvolvimento almejado, tem-se trabalhadoduas linhas estratégicas de atuação: a linha política, que deve ser

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241

Na linha política, deve-se buscar a articulação e o entendimentodas instituições locais e outras externas ao território em torno deobjetivos e métodos comuns de desenvolvimento. Espera-se que aconcertação institucional permita que (1) seja formado um fórum paradefender politicamente o desenvolvimento do território e que (2) sedefinam responsabilidades para as instituições envolvidas,considerando-se suas competências e áreas de atuação. Estasresponsabilidades devem estar colocadas em um Plano deDesenvolvimento Territorial Sustentável (PDTS).

Na linha técnica, deve-se estimular três processos: diagnósticosparticipativos nas comunidades; capacitação dos assentados dareforma agrária, agricultores familiares e de outras categoriasfragilizadas, nas áreas temáticas de maior demanda identificadas nosdiagnósticos; e elaboração, implementação e acompanhamento deprojetos pilotos, de apoio à capacitação (aprender fazendo) e quepossam ser replicados a partir das decisões do fórum.

entendida como ação-meio para alcance do desenvolvimento, e alinha técnica, que é a ação-fim.

Tabela Resumo da Metodologia de Referência

Atividades Executor 1 Organização de oficina preparatória para formação

do Fórum territorial, formação do Fórum, organização das reuniões do Fórum, elaboração do Plano de Desenvolvimento Sustentável Territorial (PDST).

Instituição Animadora, contratada por dois anos

Linha Política

2 Animação do Fórum, elaboração de pautas e atas, apoio na elaboração do PDST

Consultor Mediador, contratado por dois anos

3 Diagnóstico + capacitação/ projetos pilotos

De duas a oito Instituições Executoras, contratadas por dois anos.

Linha Técnica 4 Diagnóstico gerado com dados secundários e

identificação, caracterização e classificação das experiências existentes

Instituição de Pesquisa, contratada por cinco meses

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242

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9ota� �errit �rios a sere� conte�plados pela Metodologia de Re>er'ncia de ,esenvolvi�ento�erritorial Rural.

Territorializa ção Rural Bahia, 2004

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243

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Territórios sem ��entes �inanciadores definidos�

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Território financiado pela &r�ani'a(!o das )a(*es +nidas para � �ric$lt$ra e �limenta(!o (��&) e pela Secretária da ��ric$lt$ra �amiliar (S��) do Ministério do Desenvolvimento ��rário (MD�)� 10 - �ert-o do �-o .ranci�co!

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244

Figura dos Territórios situados na área de atuação da CEPLAC na Bahia

14º00

15º00

TERRITORIALIDADE NO ÂMBITO DE ATUAÇÃO DA CEPLAC

40º00 39º30 39º00

14º00

16º00

39º30

40º00

Taperoá

Nilo Peçanha

Ituberá

Igrapiuna

Camamú

Maraú

Ibirapitanga

Nova BiáApuarema

Jitaúna

Aiquara Ipiaú

B do Rocha.

Ubatã

Gongogi

Itapitanga

Ubaitaba

Aurelino Leal

Itacaré

Coarací

Almadina Barro Preto

Uruçuca

Itajuipe

ItabunaIlhéus

Buerarema Itapé

Ibicaraí Floresta Azul

Sta. C. Vitória S. José Vitória

Juçarí

Itajú Colônia

Ipiraí

Norte

Gandú

W. Guimarães

Teolândia

Pres. Tancredo Neves.

Mutuipe

Pau Brasil Camacã

Sta. Luzia

Una

Mascote Canavieiras

Belmonte

Itapebí

Itagimirim

Eunápolis

Itabela

Sat. Cruz Cabrália

Porto Seguro

Jucuruçú

Itamarajú

Prado

Alcobaça

Caravelas

Nova Viçosa

Mucurí

Ibirapuã

Lajedão

Medeiros Neto

Vereda

Itanhém

Guaratinga.

Itamarí

Ubaira

Itaquara

Jequié

Itagibá

Dário Meira

Arataca

Potiraguá

Manoel Vitorino

Itagí

Boa Nova

Iguaí

Nova Canaã

Caatiba

Itambé

Itororó

Itapetinga

Maiquinique

Macaraní

Ibicuí

Firmino Alves

39º00

Jaguaquara

Cravolândia

Santa Inês

Lafaete Coutinho

Itarantin

Cairú

40º00’40º30’

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TERRITÓRIOS SUL BAIANOS:

09 - Vale do Jiquiriçá06 - Baixo Sul22 - Médio Rio das Contas05 - Litoral Sul08 - Itapetinga07 - Extremo-Sul

(107 Municípios

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245

DesafiosO plano plurianual da CEPLAC para 2005/2007, consideradas as

dimensões econômicas, sociais e ambientais no contexto daterritorialidade de sua atuação, indicou trabalhar ações capazes depromover a “Inclusão social e redução das desigualdadessociais” e o “Crescimento com geração de emprego e renda,ambientalmente sustentável com redução das desigualdades” ,Mega-Objetivos Estratégicos do Projeto BRASIL DE TODOS , doGoverno Federal.

Para tanto a intervenção institucional nos seus territórios se darámediante os seguintes desafios:

v Incorporar a Visão do Desenvolvimento Territorial

v Implementar metodologia que viabilize captar demandas dosdiferentes segmentos da população rural, em especial, d aAgricultura Familiar;

v Propiciar a participação efetiva das comunidades na definiçãoe implementação das políticas públicas

v Fortalecer a organização social e da produção numaperspectiva Integral e, de Cadeias Produtivas.

Literatura consultada

ABRAMOVAY, Ricardo. Ruralidade e desenvolvimento territorial.Gazeta Mercantil, São Paulo, p. A-3, 15 abr. 2001a.

ABRAMOVAY, Ricardo. Sete desafios para o desenvolvimentoterritorial. Disponível em: www.banf.org.br. Acesso em: 04 set. 2005.

COMISSÃO EXECUTIVA DO PLANO DA LAVOURA CACAUEIRA –CEPLAC. Diretrizes para a Programação 2005. Ilhéus: CEPLAC/

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246

SUBES, 2004, 23p.

COUTO FILHO, Vitor Athayde; SILVA Dr. Jeová Torres e GAVÍNIALydda. (Org.). Desenvolvimento Territorial na Bahia: (Cartilha/CD/DVD). 2005

ROCHA, Alynson dos S. ; SCHEFLER, Maria de L. M. e COUTO, Vitorde Athayde. Organização Social e Desenvolvimento Territorial: reflexossobre a experiência dos CMDRS na região de Irecê – Ba. InSUPERINTENDÊNCIA DE ESTUDOS ECONÔMICOS E SOCIAIS DABAHIA. Análise Territorial da Bahia Rural. Salvador: SEI, 2004, 222p.(série estudos e pesquisas, 71).

SABOURIN, Eric. Planejamento municipal. Brasília: Embrapa, 1999,124p.

SANTOS, Milton. Território e sociedade: entrevista com Milton Santos.São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2000.

SEPÚLVEDA, Sérgio. Desarrollo rural sostenible: enfoque territorial.[19—?].

SUPERINTENDÊNCIA DE ESTUDOS ECONÔMICOS E SOCIAIS DABAHIA. Análise Territorial da Bahia Rural. Salvador: SEI, 2004, 222p.(série estudos e pesquisas, 71).

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247

CRIAÇÃO DE AVES (GALINHAS) PARA PRODUÇÃODE OVOS E CARNE EM SISTEMA DE CAIPIRA

Gilton Ramos de Argôlo 1

Dionisio José de Lima 2

1M. Sc. Engenheiro Agronômo - CARE do Brasil.2 Téc. Agrícola / Economista - CONSULCOOP.

A produção avícola brasileira passou por um processo detransformação nos últimos anos se destacando com uma aviculturacompetitiva no mercado.

As mudanças de hábitos alimentares de uma significativa parcelada população, notadamente de maior poder aquisitivo, vem ampliandoa procura por alimentos cuja origem seja uma produção mais natural.

A “velha” galinha conhecida como “pé duro ou caipira” dos terreiroscom potencial produtivo de apenas 50 a 80 ovos por ano existe emmais de 80% das propriedades rurais e tem contribuindo paramelhorar a alimentação das famílias e muitas vezes auxiliando comoparte da renda na economia familiar.

O programa de seleção das aves para serem criadas em sistemacaipira, procurou encontrar um ponto de equilíbrio entre o passado eo futuro e entre a rusticidade e a produtividade, apresentando avescom potencial de produção de 270 a 300 ovos ao ano e tambémaves especializadas para produção de carne com a vantagem dacomercialização de um produto diferenciado com melhor remuneraçãopor parte do mercado consumidor.

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No sistema de produção proposto a escolha do tipo da ave a sercriada é de fundamental importância, e para promover a máximacapacidade produtiva da ave, além de outros aspectos como nutrição,ambiência, sanidade e manejo.

Classificação das aves de acordo a sua função econômica:√ Para produção de ovos (poedeiras).√ Para produção de carne (corte).√ Dupla aptidão.

Na região Cacaueira, em alguns criatórios, as aves têmapresentado as características de textura e sabor na carne que omercado regional deseja aos 120 dias de vida, daí ser muitoimportante o manejo alimentar.

1 70 12 0,084 2 140 19 0,217 3 220 26 0,399 4 300 32 0,623 5 380 38 0,889 6 470 41 1,176 7 570 45 1,491 8 660 48 1,827 9 750 51 2,18410 830 54 2,56211 910 56 2,95412 990 58 3,36013 1070 60 3,78014 1150 63 4,22115 1230 67 4,69017 1410 78 5,74018 1500 84 6,32822 1840 107 9,11430 1950 113 15,39373 2090 108 48,895

Idade Peso / ave Consumo / dia Acumulado (semanas) (gramas) (gramas) (quilos)

Tabela sobre consumo de ração para ave de postura.

Revista: Escala Rural – Ano III- Nº 18

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Com investimentos relativamente baixos e instalações de fácilconstrução com simples técnica de manejo, a criação em sistemacaipira tem se mostrado lucrativo, principalmente, para pequenosprodutores, pois tem a vantagem da comercialização de um produtodiferenciado com boa procura e melhor valor de comercialização.

Esse sistema de criação é simples, as aves devem ter dietasmistas, compostas de ração balanceada, complementada comprodutos da região e pasto de boa qualidade para que possa serdirecionada como alimentação suplementar, pois a alimentaçãoconvencional chega a representar hoje cerca de 89% dos custos deprodução (planilha em anexo).

As aves devem ser soltas durante o dia para que possam ciscar,tomar sol, com isto se exercitam, em fim terem uma vida natural emais saudável.

Para iniciar nesse sistema de criação é necessário procurar umprofissional da área para que possa lhes orientar.

Quando for planejar as instalações, elas devem oferecer: confortoambiental, condições ideais de manejo, proteção contra predadores,cuidados estes que não devem ser ignorados sob pena decomprometer todo o projeto.

Tabela sobre consumo de ração para produção de carne – “ave tipo pesada”.

CritórioTipo deração

Confinado 1º diaaté o abate

Comercial 3100 kcal

Livre 30º diaaté o abate

Caipira 2850 kcal

Total deRação KG

Idade(dias)

Peso Vivo(g)

Total deRação KG

Idade(dias)

Peso Vivo (g)

28 280 0,980 28 598 1,05235 930 1,740 35 818 1,48042 1180 2,350 42 1038 2,07049 1445 3,110 49 1271 2,79070 2210 5,750 70 1950 5,05084 2485 6,760 84 2175 6,12090 2730 8,160 90 2402 7,206

Fonte: Avifran

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250

Manejo básico

Mesmo sendo resistentes e geneticamente selecionadas paraserem criadas em sistema semi-intensivo, estas aves têm comofundamental os bons cuidados principalmente no primeiro mês.

Adquirida as aves, é preciso respeitar uma rotina de trato queassegure seu crescimento rápido e saudável. Uma primeirarecomendação é evitar o estresse das aves e adaptar a estrutura docriatório a cada etapa de seu desenvolvimento. Tudo deve mudargradativamente e o que nunca deve faltar é:

√√√√√ limpeza do ambiente; √√√√√ temperatura adequada; √√√√√ disponibilidade de água limpa, fresca e de ração específica.

Na chegada das aves com um dia, depois de soltá-las devemreceber água com “açúcar” (50 gramas/litro de água) para hidratar eaumentar a sua energia e a partir daí colocar a ração.

Para uma boa criação, é fundamental selecionar os pintos que estãosendo incorporados ao plantel como:

v peso de 40 a 45 g. O mínimo aceitável é 35 g. independenteda linhagem ou raça;

v pluma sedosa e seca;v olhos vivos;v tamanho e cor uniformes;v pele dos pés brilhante, nunca seca ou rachada;v sem defeitos, com pés tortos, bicos cruzados, aspecto apático.Nos primeiros dias, o principal inimigo da criação capaz de

exterminá-la é a falta ou excesso de calor. As aves ainda não

Chegada dos pintos:

√ antes do recebimento dos pintos, certificar-se que o galpão e osequipamentos estão limpos e em boas condições de funcionamento;

√ abasteça com água com açúcar (50 gramas/litro de água) e liguea fonte de calor antes de soltar os pintos no circulo;

√ observar o comportamento dos pintos (vê ilustração);√ manter atualizado os registros na ficha de controle zootécnico (em anexo).

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251

desenvolveram a capacidade de controlar a temperatura do seu corpo,por isso ficam inteiramente sujeitas às variações externas. Um pintinhonasce com 39,8ºC e cabe ao criador atenuar as diferenças entre astemperaturas do corpo e a do meio ambiente. Essa medida se fazcom campânulas elétricas ou a gás, indicados para lotes de até 500pintinhos. Tome como referência à fonte de calor e calcule no chãoum raio de 1,20 m para erguer um círculo de retenção das aves quepode ser feito com folha de compensado (tipo eucatex) e deve teruma altura de aproximadamente 0,60 m.

O comportamento da ninhada dirá se a temperatura dentro do círculoestá ou não adequada. Pintinhos amontoados junto à lâmpada epiando indica calor insuficiente. Ao contrário, se permaneceremdistante da campânula, mas piando, há excesso. Bom sinal é vê-losregularmente distribuídos, em silêncio, alimentando-se normalmente.

Por volta do 14º dia a penugem cai e surgem as penas queconstituem um bom isolante térmico. O círculo de proteção não é maisnecessário. Dependendo da época do ano, a campânula tambémpoderá ser desativada – primeiro durante o dia, depois à noite.

A alimentação nessa primeira fase muda também gradativamente,tudo em função da idade e do tipo da ave a ser criada. Ela podedecidir a falência ou a rentabilidade do negocio. A AlimentaçãoConvencional representa cerca de 89% dos custos variáveis com aavicultura; é simplesmente insuportável para o pequeno criador. Comocontornar? Existem algumas possibilidades!

Figura 1- Pintos com frio -Amontoados.

Figura 2 - Pintos comcalor - Afastados dafonte.

Figura 3 - Corrente dear. Pintos agrupados.

Figura 4 - Ideal.Pintos distribuídosuniformemente emtorno do circulo.Situação de conforto.

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252

Produzir a própria ração – essa alternativa só é válida para criaçõesacima de 500 cabeças, e antes de tudo é necessário que se faça“muita conta” para avaliar se é ou não viável.

Manejo das aves para produção de ovos

Para iniciar a criação de aves para produção de ovos, o produtordeve escolher com que tipo de ave ele vai trabalhar em seu aviário,associada à preferência do mercado consumidor. Essa ave deve ter:baixa mortalidade, resistência a doenças, baixa relação entre consumode ração e postura de ovos, além de uma capacidade para posturaacima de 240 ovos/ano com boa capacidade de pigmentação da gema.

A fase inicial ou fase de cria é a mais sensível da criação, vai desdeo primeiro dia até a 6ª (sexta) semana de vida.

A fase de recria vai da 7ª até a 18ª semana é onde ocorre umgrande crescimento das aves sendo determinante para a qualidadeda futura poedeira.

Fase de pré-postura vai da 19ª até a 23ª semana.Fase de postura vai da 24ª até a 70ª semana, quando devem ser

descartadas.

Critérios para seleção de poedeiras produtivasGalinha em produção apresenta:v crista e barbelas grandes de aspecto sedoso e coloração

vermelha.v cloaca oval e alargada e úmida.v distância entre ossos da pelve de 3 a 4 dedos.v abdômen macio.

Tabela: O ciclo de produção de ovos.

IDADE (EM SEMANAS) PRODUÇÃO DE OVOS

De 17ª A 18ª 5 A 10%De 19ª a 20ª 50%De 28ª a 30ª Mais de 90%De 45ª a 70ª Ocorre decréscimo na produçãoAcima de 70ª Descarte

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253

Galinha fora de produção apresenta:♦ crista e barbelas pequenas, secas e escurecidas.♦ cloaca estreita, circular, pálida e seca.♦ distância entre os ossos da pelve de apenas 2 dedos.♦ abdômen duro e pequeno.

A presença dos galos é muito importante, apesar de comeremmais que as galinhas e não botarem ovo, pois as galinhas secomportam mais tranqüilas, “ficam mais felizes” e isso tem importânciafundamental também no aspecto sanitário, visto que o estresse éreconhecidamente um fator predisponente para doenças que acabamcausando grandes prejuízos na avicultura.

Manejo Alimentar – a parte nutricional é um dos fatores que maisinterferem no resultado produtivo do lote.

Todo o programa alimentar de aves está baseado na função, idadee peso dos animais, assim deve-se fornecer uma ração especificapara cada período de desenvolvimento das aves. O aproveitamentode restos de horta e cascas de frutas na alimentação das “galinhas”criadas em sistema caipira é recomendável, desde que esses restossejam oferecidos como complementação à ração balanceada e nãocomo dieta principal das aves.

Tabela : Relaciona a função econômica, idade e tipo de ração que deve ser fornecidaas aves.

Alimentação Por Idade Tipo de Ração

A) Aves para corte

1 a 30 dias Ração Inicial31 a 42 dias Ração de crescimento, engorda.43 ao abate Ração de acabamento.

B) Aves para postura

1 a 10 semanas Ração para pintinhas.11 a 18 semanas Ração para frangas.Mais de 19 semanas Ração para postura.

Revista: Escala Rural – Ano III- Nº 18

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254

Coleta e classificação dos ovos:Os ninhos devem ser usados exclusivamente na fase adulta das

aves em postura, são muito importantes para garantir ovos de boaqualidade, mais limpos e com menor riscos de contaminação. Elesdevem ser mais altos que o piso, com aproximadamente 40centímetros de largura, 30 de altura e 30 de profundidade, com umaboa “cama” sedo suficiente para abrigar de quatro a cinco galinhas.

Os ninhos têm a função de proporcionar um local macio eaconchegante para a postura dos ovos. Cerca de 60 a 70% da posturaé realizada pela manhã. Existe a necessidade de realizar a maiorparte da coleta dos ovos neste período, para que eles não fiquemacumulados nos ninhos e possam quebrar ou trincar. Durante a coleta,é aconselhável que os ovos sejam colocados em bandejas plásticasou de papelão com a extremidade mais fina voltada para baixo, poisa utilização de baldes ou cestas, ocasionam um alto índice de ovostrincados e quebrados, apesar da casca do tipo caipira ser maisresistente. Após a coleta, os ovos devem seguir para a sala declassificação, onde serão limpos a seco com uso de uma esponja.Por se tratar de um produto perecível, deve-se observar o período deconsumo do ovo, que gira em torno de 15 a 25 dias.

Sanidade – O melhor remédio é a prevenção e o criador devesaber que aves bem alimentadas e com bom manejo são maisresistentes.

A prevenção das doenças é de grande importância na manutençãoda saúde das aves, que consiste em um conjunto de praticas queenvolvem higiene, profilaxia e combate sistemático a endo e

A alimentação vegetal pode suprir cerca de 25% das exigênciasnutricionais das aves. Os vegetais crescem recebendo a energia dosol, e estão repletos de caroteno, vitaminas, minerais e força vital. Asingestões de gramíneas, leguminosas e outras fontes vegetais fornecemvitaminas e minerais as aves, coferindo-lhes resistência às doenças emodificando a qualidade de seus ovos tornando suas gemas maisvermelhas e ricas em vitamina A e com melhor valor comercial.

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Existem vários fatores que podem afetar negativamente o sistemade produção:

a) construção e ou formato inadequada de comedouros ebebedouros;

b) condições péssimas da “cama” como material inadequado eúmido;

ectoparasitas, para isso procure o méd. veterinário na sua região paraindicar o melhor calendário destas, em função da realidadeepidemiológica onde está localizada a sua criação. As vacinas sãoestritamente necessárias para garantir a saúde das aves.

A verminose, também se constitui num sério problema nas criaçõesmal orientadas.

As aves são também atacadas por ectoparasitos que lhes ataca aplumagem ou roubando-lhes o sangue e veiculando as doenças.

No sistema semi-intensivo, o ambiente deve ser menos estressanteque numa granja convencional, pois as aves interagem com as forçasda natureza, que as torna mais saudáveis.

Tabela: Cronograma de Vacinações.

Vacina AplicaçãoIdade(Dias)

1º BOUBA

MAREK

Punção na membrana da asa intramuscular

(feita no incubatório)

10º NEW CASTLE

Intra-ocular, intra-nasal

(ou na água de bebida não clorada)

21º BOUBA AVIÁRIA Escarificação na coxa (só no caso de não ter sido feito no 1º dia de vida) ou punção na membrana da asa

35º NEW CASTLE

Intra-ocular, intranasal, água de bebida (não clorada)

63º BOUBA AVIARIA Escarificação na coxa ou punção na membrana da asa

De 4 em 4 meses NEW CASTLE Intra-ocular, intra-nasal, água de bebida (não clorada)

Fonte: Escala Rural – ANO III – Nº 18. (adaptado).

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Instalações R$ 3.753,00 / 5 lotes = R$ 750,60Custo Variável R$ 13.321,00Custo total R$ 14.081,60Produção de ovos: 280 AVES X 270 0V0S = 75.600 OU 6.300 Dúzias.Custo do Ovo – R$ 14.081,60 / 6.300 dz. = R$ 2,23 + R$ 0,10 de embalagem =

R$ 2,33dz.

Receitas:Ovos: 6.300 dz. X R$ 3,00 = R$ 18.900,00

c) superlotação;d) baixa ventilação;e) temperaturas altas (desconforto térmico); f) número insuficiente de comedouros e bebedouros;g) controle da sanidade ignorado;h) falhas no manejo.

Galpão 6X10 (alvenaria)* m2 60 50 3.000,00 79,93Bebedor tipo rosca un 4 6 24 0,64Bebedor tipo pendular un 5 25 125 3,33Comedouro tipo bandeja un 4 6 24 0,64Comedouro tipo tubular un 10 30 300 7,99Ninhos um 60 3 180 4,79Campânula un 1 100 100 2,66

SUBTOTAL R$ 3.753,00 100,00% Aves cab. 300 2,2 660 4,96

Ração inicial 6,4kgx300 kg 1920 0,9 1.728,00 -Ração postura 100gx300x365 kg 10.950 0,9 9.855,00Total raçãoMilho grão 20gx300x365 kg 730 0,5 365 89,69Vacina new castle frasco 4 8,5 34 0,25Vacina bouba (frasco com 100 doses) frasco 3 8 24 0,18Outros medicamentos 20 0,15Butijão com gás un 1 35 35 0,26Cal (saco de 50 kg. un 10 5 50 0,37Vermífugo sachê 10 2 20 0,15Mão-de-Obra (2 h / dia x 540 dias) (1,5 ano) hora 1 540 540 4,06 SUBTOTAL R$13.321,00 100,00% TOTAL GERAL R$ 17.084,00

Especificação Um Quant %P. unt.R$

P. totalR$

Plantel: 300 aves para produção de ovos.

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Descarte: 280 aves X R$ 8,00 = R$ 2.240,00 TOTAL = R$ 21.140,00

Despesas Totais = R$ 17.064,00

LUCRO (receitas – despesas) = R$ 4.076,00 / 12 meses = R$ 339,66 / mês(Lotes 1)

LOTE 2RECEITA = R$ 21.140,00DESPESAS = R$ 13.311,00

LUCRO = R$ 7.829,00 / 12 meses = R$ 652,41 / mês

Projeto de avicultura – sistema caipira

Plantel: 300 aves para produção de carne

Galpão 5 x 9 (alvenaria)* m2 45 50,00 2.250,00Bebedor tipo rosca un 04 6,00 24,00Bebedor tipo pendular un 05 25,00 125,00Comedouro tipo bandeja un 04 6,00 24,00Comedouro tipo tubular un 10 30,00 300,00Lança chama un 1 40,00 40,00Campânula un 01 100,00 100,00Aves Cab. 300 1,70 510,00Ração 6,0 kg X 300 Kg 1.800 0,9 1.620,00Vacina new castle Frasco 2 8,50 17,00Cal (50 kg) Saco 10 5,00 50,00Outros medicamentos 20,00Butijão com gás Um 1 35,00 35,00Vermífugo Sachê 05 2,00 10,00Mão-de-obra (2 h / dia = 200hs) Hora 200 1,00 200,00

P. un. R$ P. total R$Especificação Un Quant

Instalações 2.863,00 / 10 anos = R$ 286,30 / ano / 3 lotes = R$ 95,43 / loteCusto de R$ 2.863,00 + R$ 95,43 = R$ 2.959,43 / 300 aves = R$ 9,86 / ave com

2,2 kg de PV ou R$ 4,48 / kg de PV.

Nota: Preço de mercado regional é de R$ 12,00 a ave, gerando um lucro de R$2,14 / ave.

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Ficha para controle zootécnico das aves - Galpão Nº _____

TIPO:_________________________ MÊS:________________ ANO:_________

DATA DE RECEBIMENTO: Nº DE AVES:

DIA EXISTE MORTE SAÍDA ABATE DIST. DE RAÇÃO

PRODUÇÃO DE OVOS

CONTROLE SANITÁRIO.

01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 Total:

G.R.A. OBSERVAÇÕES:______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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PROGRAMA DE SILVICULTURA COM ESPÉCIESARBÓREAS NATIVAS E SISTEMAS

AGROFLORESTAIS SUSTENTADOS NA MATAATLÂNTICA E FLORESTA AMAZÔNICA - PRONATIVA

Kazuiyuki Nakayama *Caio Marcio V. Cordeiro de Almeida **

Fernando Antônio Teixeira Mendes***

*Ceplac/Cepec, - [email protected]; **Ceplac/Supoc/Rondonia, [email protected]; ***Ceplac/Supor/Para - [email protected].

As razões principais para a implantação do PRONATIVA são:obrigatoriedade de reflorestar a reserva legal e áreas de preservaçãopermanente, interesse empresarial crescente sobre os mercados demadeira e produtos arbóreos tropicais, demanda crescente porserviços florestais-ambientais, segmentos sociais na sociedadefavoráveis às políticas públicas florestais sustentadas, estimativa de90 milhões de hectares de solos desflorestados e degradadosexigindo recuperação e maior disponibilidade de financiamento internoe externo para reflorestamentos, GTI, 2005.

O PRONATIVA visa ampliar as produções agrossilvipastoris eindustriais sustentadas, conciliar produção, industrialização econservação ambiental, aumentar as riquezas local e regional, garantira viabilidade econômica e equidade social de processos de produçãoe de gestão.

A implantação estratégica do PRONATIVA envolverá os Ministériosda Agricultura e Abastecimento, do Meio Ambiente, do

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Desenvolvimento Agrário, da Ciência e Tecnologia, doDesenvolvimento Social e Combate a Fome e do Desenvolvimento,Industria, Comércio Exterior, através dos seus órgãos executivos, bemcomo de governos estaduais, municipais e a sociedade civilorganizada.

O PRONATIVA inclui ações de fomento a agrosilviprodução industrial,assistência técnica e extensão rural, certificação, crédito efinanciamento, organização local das cadeias produtivas,desenvolvimento de tecnologias agrosilvipastoris, educação florestal-ambiental e recuperação de bacias hidrográficas.

Palavras-chaves: reflorestamento, árvores nativas, madeira, reserva legal, áreas depreservação permanente.

GTI, 2005 - Portaria Interministerial MMA/MAPA/MCT/MDA nº 296,de 02.12.2004

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AGRICULTURA DE BAIXO USO DE INSUMOSEXTERNOS E AGROECOLOGIA

João Antonio Firmato de Almeida

Técnico em Agropecuária CEPLAC/CENEX-Núcleo de Agroecologia

A visão agroecológica

Os ecossistemas atualmente existentes são o resultado de milhõesde anos de “ensaio e erro” no processo de coevolução de um enormenúmero de espécies. Nesse processo, as espécies não sustentáveisforam eliminadas, possivelmente por não se adaptarem às condiçõesclimáticas, por serem excessivamente suscetíveis a pragas e doenças,por não serem capazes de obter alimentos e energia suficiente ousimplesmente por que não puderam competir com as espécies maiseficientes. Assim, os ecossistemas estão sempre em mudança, àmedida que prossegue esse processo de seleção natural.

A ecologia, enquanto ciência biológica, é o estudo das relaçõesentre os organismos e seu ambiente. Apesar da grande diversidadede ecossistemas que, felizmente, ainda existem, foi possívelidentificarem-se alguns princípios e processos básicos comuns. Aecologia pode oferecer importantes percepções para o estudo dossistemas agrícolas que, por força ou por escolha, também sofremmudanças constantes e se adaptam a restrições em função doambiente. A fusão de ciências que constitui a nova ciência daagroecologia procura combinar elementos tanto da ciência agrícolacomo da ecologia convencionais. Compreendendo os princípios quefundamentam essa nova ciência os princípios agroecológicos podem

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ser aplicados para criar sistemas agrícolas de baixo uso de insumosexternos.

Nichos ecológicos para a diversidade funcional

Um dos conceitos centrais da ecologia é o de nicho: refere-se àfunção ou ao papel de um dado organismo no ecossistema,conjuntamente com os recursos de que esse organismo depende,que são também os fatores que vão determinar as suas chances desobrevivência e seus efeitos positivos ou negativos sobre outroscomponentes. Um nicho pode ser ocupado por mais de uma espécie,e cada uma delas pode ajudar a criar as condições de sobrevivênciapara as outras. Podem também existir nichos vazios, outemporariamente vazios, o que significa que há recursos locaissubutilizados e que existem oportunidades no sistema para osurgimento de novos componentes.

Os agroecossistemas que abrangem muitos nichos distintos, cadaum deles ocupado por muitas espécies diferentes – em outraspalavras, agroecossistema com alto grau de diversidade – serão,provavelmente, mais estáveis do que aqueles compostos por apenasuma espécie (uma monocultura, por exemplo). Por conseguinte,redundam em maior segurança para o agricultor. No entanto, adiversidade não leva necessariamente à estabilidade: pode até causarinstabilidade, se os componentes não forem bem escolhidos. É ocaso, por exemplo, de algumas espécies arbóreas, que sãohospedeiras de insetos e doenças prejudiciais à lavoura; ou o casoem que há competição entre culturas agrícolas, animais domésticose árvores por mão de obra, nutrientes ou água (Dover & Talbot, 1987).No entanto, se for possível alcançar a diversidade funcional atravésda combinação de espécies animais e vegetais que tenhamcaracterísticas complementares e que estejam envolvidas eminterações sinérgicas positivas, então serão aprimoradas não apenasa estabilidade como também a produtividade dos sistemas agrícolasde baixo uso de insumos externos.

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A complementaridade nos agroecossistemas

Dentro do sistema de produção de um estabelecimento agrícola,os componentes se complementam quando realizam diferentesfunções (produtivas, reprodutivas, de proteção, sociais) e quandopreenchem diferentes nichos ecológicos, espaciais, econômicos ouorganizacionais. É o caso, por exemplo, dos componentes queaproveitam:

v diferentes camadas de solo (plantas com enraizamentosuperficial ou profundo);

v diferentes graus de absorção dos nutrientes (plantas com maiorou menor necessidade de determinados elementos, que absorvemou não nutrientes residuais ou nutrientes com maior ou menoreficiência);

v diferentes intensidades de luz (plantas que preferem a sombraou a claridade);

v diferentes níveis de umidade do ar (maior ou menornecessidade de umidade, maior ou menor resistência ao vento);

v diferentes graus de umidade do solo (maiores ou menoresnecessidades);

v solos de diferentes qualidades (mais ou menos pedregosos,profundos, declivosos, ou férteis; com maior ou menor umidade; comdiferentes graus de resistência ao encharcamento);

v biomassa não diretamente utilizável pelos humanos (ervasinfestantes, restos de cultura, insetos, folhas de plantas lenhosas);

v diferentes tipos de mão de obra, em diferentes períodos;v diferentes mercados (culturas agrícolas com diferentes graus

de risco no mercado, produtos fora de época, gado);v diferentes necessidades da família.

A sinergia nos agroecossitemas

Diz-se que os componentes do sistema de produção doestabelecimento agrícola interagem sinergicamente quando eles, alémde cumprirem sua função primária, levam à melhoria das condiçõespara outros componentes do sistema, através, por exemplo:

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v da produção de microclimas favoráveis;v da produção de substâncias químicas que estimulem os

componentes desejáveis ou suprimam os prejudiciais (efeitosalelopáticos das secreções das raízes ou das coberturas mortas);

v da redução das populações de pragas (por exemplo, plantiosconsorciados, plantas usadas como armadilha);

v do controle de ervas infestantes;v da produção de medicamentos (tanto para os humanos como

para os animais de criação) ou de pesticidas e repelentes de origemvegetal;

v da produção e da mobilização de nutrientes (por exemplo,fixação de nitrogênio ou simbiose das micorrizas);

v da produção de biomassa ou resíduos vegetais que sirvampara alimentação animal ou para a nutrição mineral das plantas;

v da produção de cobertura sobre o solo ou de estruturasradiculares que aprimorem a conservação da água e do solo;

v dos sistemas radiculares profundos que aprimoram areciclagem de água e nutrientes perdidos por causa da lixiviação ouque estejam fora do alcance das plantas cultivadas;

v do uso da tração animal.

As funções sinérgicas dos componentes também podem serexemplificadas através de : faixas de plantio em nível, que conservamo solo e a água, e que, ao mesmo tempo, produzem alimentos eforragem; quebra-ventos ao redor de campos de plantio, que osprotegem contra os animais e o vento, e que, ao mesmo tempo,produzem combustível, alimentos, forragens e remédios. Plantas eanimais que cumprem várias funções como, por exemplo, espéciesde capim que são usados em terraço e também para produção deforragem ou animais que fornecem esterco, leite e tração servemtambém como reserva de capital, sendo muito importante nesse sentido.

A exploração mais completa possível dessa diversidade de funçõesresulta em sistemas de produção de estabelecimentos agrícolascomplexos e integrados, que fazem uso ótimo dos recursos e dosinsumos disponíveis. O desafio é descobrir-se qual a combinação de

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plantas, animais e insumos levam à maior produtividade, segurançae conservação de recursos, dadas as restrições de terra, trabalho ecapital.

Princípios da ecologia

Redes

Em todas as escalas da natureza, encontramos sistemas vivosalojados dentro de outros sistemas vivos – redes dentro de redes. Oslimites entre esses sistemas não são limites de separação, mas limitesde identidade. Todos os sistemas vivos comunicam-se uns com osoutros e partilham seus recursos, transpondo seus limites.

Ciclos

Todos os organismos vivos, para permanecerem vivos, têm dealimentar-se de fluxo contínuo de matéria e energia tiradas do ambienteem que vivem: e todos os organismos vivos produzem resíduoscontinuamente. Entretanto, um ecossistema, considerado em seutodo, não gera resíduo nenhum, pois o resíduo de uma espécie é oalimento da outra. Assim, a matéria circula continuamente dentro dateia da vida.

Energia solar É a energia solar, transformada em energia química pela

fotossíntese das plantas verdes, que move todos os ciclos ecológicos.

Alianças (parcerias) As trocas de energia e de recursos materiais num ecossistema

são sustentadas por uma cooperação generalizada. A vida não tomouconta do planeta pela violência, mas pela cooperação, pela formaçãode parcerias e pela organização em redes.

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Diversidade Os ecossistemas alcançam a estabilidade e a capacidade de

recuperar-se dos desequilíbrios por meio da riqueza e dacomplexidade de suas teias ecológicas. Quanto maior abiodiversidade de um ecossistema, maior a sua resistência ecapacidade de recuperação.

Equilíbrio dinâmico Um ecossistema é uma rede flexível, em permanente flutuação.

Sua flexibilidade é uma conseqüência dos múltiplos elos e anéis derealimentação que mantêm o sistema num estado de equilíbriodinâmico. Nenhuma variável chega sozinha a um valor máximo; todasas variáveis flutuam em torno do seu valor ótimo.

Literatura consultada

ALTIERE, M. Agroecologia. Rio de Janeiro, PTA/FASE, 1989. CAPRA, Fritjof. As Conexões Ocultas ciência para uma vidasustentável. Tradução de Marcelo Brandão Cipolla. São Paulo: EditoraCultrix, 2002. CHABOUSSOU, F. Plantas Doentes Pelo Uso de Agrotóxicos teoriada trofobiose. Tradução de Maria José Guazzelli. Porto Alegre: EditoraL&PM, 1ª ed., 1987. GLIESSMAN, S. R. Agroecologia: Processos Ecológicos emAgricultura Sustentável. Porto Alegre: Editora da Universidade, 2ª ed.,2001. KHATOUNIAN, Carlos A. A Reconstrução Ecológica da Agricultura.Botucatu: Agroecológica, 2001.

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PASCHOAL, Adilson D. Produção Orgânica de Alimentos: agriculturasustentável para o século XX e XI. Piracicaba: PCLQ/USP, 1ª edição,1994. PRIMAVESI, A. M. Manejo Ecológico do Solo: a agricultura em regiõestropicais. São Paulo, Editora Nobel, 1ª edição, 1979. REIJNTJES, Coen. Agricultura Para o Futuro: uma introdução aagricultura sustentável e de baixo uso de insumos externos. CoenReijntjes, Bertus Haverkort, Ann Waters-Bayer. Tradução John CunhaComeford. Rio de Janeiro: AS-PTA/FASE, 1994.

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FORMAÇÃO PROFISSIONAL RURAL EPROMOÇÃO SOCIAL NO CAMPO

Joaquim Cardoso Filho

Superintendente do SENAR-AR/BA

Existe um grande consenso, atual e moderno, sobre aessencialidade da educação profissional para a modernização e odesenvolvimento das atividades econômicas. Pois, experiências bemsucedidas mostram que somente com a profissionalização eatualização adequadas, das pessoas envolvidas no processo, épossível se agregar valores econômico e social aos produtos eserviços, continuadamente.

Se nos setores industrial e de serviços essa premissa é tãoverdadeira, é fácil perceber a sua importância para o setor agrícola,onde as tecnologias requerem adaptações e ajustes às condiçõesfísicas, ambientais, econômicas e sociais do local da produção. Osolo, o clima, a topografia, o relevo, a disponibilidade de recursosfinanceiros, dinâmica econômica, o grau de escolaridade, a cultura emuitas outras variáveis afetam as capacidades e possibilidades deaperfeiçoamento dos métodos produtivos tradicionais e adoção denovas técnicas. Logo, sem profissionalização a agropecuária não teráqualquer oportunidade de progresso. Nestes termos, evidencia-se anecessidade de estruturação e implementação de um adequadoPrograma de Formação Profissional Rural - FPR e Promoção Social

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– PS no Campo, para que a agropecuária baiana possa maximizaros seus benefícios, tão promissores, em função de tantas vantagenscomparativas encontradas no Estado da Bahia.

Entende-se por FPR um conjunto de ações que contemplamconteúdos de conhecimentos e experiências, concernentes aprofissionalização dos trabalhadores e produtores rurais, visando,principalmente, melhorar a qualidade e produtividade do trabalho. Jáa PS relaciona – se com a procura de melhor qualidade de vida dosprodutores e trabalhadores, envolvendo suas famílias, a perspectivade consciência crítica e participação na vida comunitária. Sãonormalmente, relacionadas com: Saúde; Alimentação e Nutrição;Organização Comunitária; Cultura; Esporte e Lazer; Educação; entreoutras atividades.

Conceitualmente, a Formação Profissional Rural e a PromoçãoSocial no Campo são processos educativos, vinculados à realidadedo meio rural, destinados ao desenvolvimento do homem, comocidadão e como trabalhador, numa perspectiva de crescimento e bemestar social. Precisam atender exigências fundamentais, tais como:ser democrático, adequar-se ao permanente processo de mudançado mundo contemporâneo, vincular-se, diretamente, ao mercado detrabalho, associar-se à informação e à orientação profissionais,centrar-se em uma ocupação, adequar-se ao nível tecnológico daocupação, possuir identidades e características próprias, objetivosprofissionalizantes e conteúdos ocupacionais centrados no processode trabalho; resultar em ganhos para o trabalhador; implicar emaumento da produtividade no trabalho; contemplar também comoconteúdos os relativos à preservação e conservação do meioambiente. Evidencia-se, então, que a FPR e PS devem assentar-seem processo gradual, continuado e permanente de adaptação,transformação e evolução das pessoas inseridas num contextosocioeconômico – político – cultural. A FPR deve adequar-se à suanatureza, sem que nunca possa ser dada como concluída ou esgotada.Ao contrário, estará sempre sendo requerida, de forma maisenriquecida e ajustada ao mercado de trabalho, com toda sua

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dinâmica. Pois, é através da Educação Profissional que se podeaprender, tornando – se diferente, ou seja, formando novos hábitos,idéias, atitudes, preferências e destrezas, o que provoca novos modosde pensar, agir e sentir, resultando em mudanças/transformação.Igualmente evolutiva precisa ser a Promoção Social no Campo.

Para cada situação diagnosticada, retratando as reaisnecessidades do público e do mercado de trabalho, devecorresponder uma programação de Formação Profissional em termosde qualificação, aperfeiçoamento, atualização e especialização.Somente assim, é possível quantificar qualificar e temporizar,adequadamente, a ação educadora.

Também, é fundamental que os alcances da Formação ProfissionalRural e da Promoção Social no campo sejam significativos,abrangendo a maior parcela possível da população rural especialmentea economicamente ativa, para que se possam alcançar impactoseconômicos e sociais expressivos.

Os dados, acima, destacam requisitos fundamentais para aprofissionalização dos produtores e trabalhadores rurais, envolvidosna agropecuária e agroindústria baiana, tais como: conteúdosocupacionais e programáticos adequados e atualizados, continuidadee permanência do processo educativo, carga horária e grau deenvolvimento dos beneficiários Isto evidência o imenso desafio, quese encontra no Estado para que seja possível chegar a índicesaceitáveis de tais requisitos. Visto que ainda se tem muito que fazerpara o ajustes e adaptação de conteúdos ocupacionais eprogramáticos às condições especificas da Bahia. Igualmente, hámuito que se realizar no oferecimento de treinamentos, com cargashorárias adequadas, envolvendo números significativos de produtorese trabalhadores rurais, em condições continuas e permanentes. Parase ter uma ligeira idéia do tamanho dessas limitações vale destacarque os treinamentos oferecidos aos produtores e trabalhadores rurais,em todo o Estado, no ano de 2004, não atingiram a marca de 6.000,nos quais, menos de 2.000 ultrapassam a carga horária de 08 horas.No total de treinamentos foram envolvidas 108.000 pessoas. Destas,

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3.000 participaram de novos eventos, a título de reforço, com vistasao aperfeiçoamento, atualização e especialização. Tais dadosmostram que seriam necessários 20 anos para que fosse possíveloferecer um único treinamento, insuficiente em todos os seus aspectos,para atender a demanda de mais de dois milhões de pessoas, incluindoprodutores e trabalhadores rurais. Resulta a certeza que, nestascondições, tais treinamentos não atingirão nenhum impacto, podendoinclusive, provocarem ou estimularem contradições, conflitos e prejuízos.

A título de exemplo comparativo a média de carga horária exigidapelo setor industrial para que um operário seja considerado preparadoé, em média, de 600 horas, não sendo considerado aceitável abaixode 400 horas.

Se comparados estes dados com o que se realiza nos setoresindustrial e de serviço fica fácil perceber a ausência de compreensãoadequada da necessidade de profissionalização para o setor primário,ou melhor, da essencialidade da agropecuária para o desenvolvimentosustentado do Estado.

Vale salientar, que significativa quantidade de treinamentosdestinados aos setores secundário e terciário, são custeados comrecursos governamentais.

A formação Profissionalização Rural e Promoção Social no campoé atribuída ao Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – SENAR,com base na Lei nº 8.315, de 23/12/91.

Para desenvolver esta função o SENAR estabeleceu premissasbásicas que regem e norteiam suas ações, voltadas ao “HomemRural”, visando contribuir para sua profissionalização, sua integraçãona sociedade, melhoria da sua qualidade vida e para seu plenoexercício da cidadania. Seus princípios e diretrizes evidenciam ohomem no seu contexto funcional e familiar, inserido numa atividadeeconômica que precisa adequar-se ao perfil educacional demandadopelo mercado. Por principio, suas ações atendem as exigênciasfundamentais, envolvidas na FPR, já explicitadas anteriormente.

A proposta do SENAR é promover a Formação Profissional Rurale Promoção Social no Campo dos produtores e trabalhadores,

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objetivando melhor desempenho nas suas ocupações e oferta de novasoportunidades de ingresso no mercado de trabalho atual e futuro.Assim, o seu trabalho tem como referencial a Estrutura Ocupacionaldo Meio Rural, organizada por Linhas de Ação, Áreas Ocupacionaise Ocupações. Para sistematização deste trabalho, envolvendo os trêssetores da economia, estabeleceu-se, como marco orientador, 08linhas de ação, compostas por 22 áreas ocupacionais, com aidentificação de 157 ocupações. Para cada uma dessas ocupaçõessão detalhados os objetivos e as condições à realização do trabalho,as tarefas a serem seguidas pelo profissional, os mercados detrabalho mais adequados ao seu exercício, as condições para seudesempenho, estabelecendo-se os requisitos prévios aos treinandos.

A partir da análise criteriosa das reais necessidades do público edo mercado de trabalho define-se a natureza do treinamento, que podeser qualificação, aperfeiçoamento, atualização e especialização. Naqualificação propõe-se capacitar o individuo para o exercício de umaocupação nova. No aperfeiçoamento visa-se melhorar o desempenhodo trabalhador que já exerce a ocupação. Na atualização objetiva-seoferecer novos conhecimentos e/ou habilidades. Na especializaçãopretende-se aprofundar conhecimentos na área específica de umaocupação.

Para melhor compreender os conceitos acima, vale considerarexemplos de: Setor da Economia, Linha de Ação, Área Ocupacionale Ocupação, respectivamente, tais como: Primário, Agricultura,Fruticultura e Trabalhador na Fruticultura Básica. Entre as 157ocupações, listadas no âmbito Nacional, o SENAR – Bahia identificou72 que ocorrem, com freqüência, no Estado entre as quais trabalha,sistematicamente, com 47.

Os resultados obtidos pelo SENAR, no Estado da Bahia, no períodode 1999 a 2004, atingiram a marca de 14.001 cursos, sendo 11.739de FPR e 2.262 de PS. Foram envolvidos 218.564 participantes,aprovados e certificados. Tais resultados, constam na Tabela 1, comdetalhamento anual. A carga horária média dos cursos do SENARcorresponde a 28 horas, oscilando entre 16 e 40 horas por curso.

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Além dos resultados acima merecem destaque 647 cursos,destinados a complementação da Educação Profissional, constantedo Projeto especifico, baseado em metodologia e estratégiaspróprias e inéditas, que consiste no oferecimento de 192 horas dealfabetização, complementadas por 40 horas de FormaçãoProfissional. A maior diferença desse Projeto é que as turmas sãoformadas por pessoas dedicadas a uma mesma ocupação, o queenseja uma excepcional oportunidade de aplicação do Método PauloFreire. Nestes cursos foram alfabetizados quase 15.000trabalhadores rurais.

Vale ressaltar, ainda a ocorrência de 1.557 cursos realizados naRegião Cacaueira da Bahia, exclusivamente, sobre o Controle daVassoura de Bruxa do Cacaueiro, beneficiando 21.900 trabalhadoresrurais, conforme a Tabela 2.

Para execução de sua missão o SENAR conta com dotaçãoorçamentária, oriunda, proporcionalmente, da arrecadação do INSS,decorrente dos recolhimentos específicos da agricultura eagroindústria. Todavia, tais recursos se mostram insuficientes para oatendimento das necessidades, conforme dados a analise, jáexplicitados anteriormente. Mesmo, somando todos os recursos

FPR PS

Nº Eventos Part. Nº Eventos Part.

1999 1.091 16.133 540 9.302

2000 1.932 29.125 711 11.57

2001 1.472 22.475 465 7.491

2002 2.513 38.066 235 3.506

2003 2.366 37.264 196 3.653

2004 2.365 37.908 115 2.021

11.739 180.971 2.262 37.54

Tabela 1 – Treinamentos e cursos realizados no Estado da Bahia – Período 1999 a2004.

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captados nos convênios e contratos, junto a InstituiçõesGovernamentais e privadas, as disponibilidades do SENAR-AR/BAmostram-se insignificantes para atendimentos de metas satisfatóriasna FPR e PS, no Estado.

Assim, vê-se claramente a necessidade urgente de revisão deconceitos e decisões, com o objetivo de desenhar e implementar umPrograma de Profissionalização de Produtores e TrabalhadoresRurais, com base em ações multi-institucionais integrais, envolvendoGovernos Estadual e Municipais, além do setor privado.

Nº Cursos Nº de trabalhadores

1999 136 1.626

2000 285 3.826

2001 297 4.321

2002 318 4.554

2003 206 2.963

2004 315 4.611

Total 1.557 21.901

Tabela 2 – Cursos e treinamentos realizados sobre Controle deVassoura de Bruxa do Cacaueiro – Período 1999 a 2004.

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AGRICULTURA FAMILIAR E DESENVOLVIMENTOSUSTENTÁVEL

Aurélio José Antunes de Carvalho

Engenheiro Agrônomo, MS em Ciências Agrárias, Assessor Técnico da PrefeituraMunicipal de Amargosa

Atualmente estou engajado no Plano de DesenvolvimentoSustentável do Município de Amargosa – BA, denominado PEGADAS.Identificaram-se com este plano que as maiores demandas daspopulações rurais são: energia elétrica, água encanada, estradas,médico (saúde) e segurança. Somente após instigar acerca do que éproduzido nas roças e de como se processam os produtos é quesalta a demanda por assistência técnica rural. Tais demandas refletema busca por qualidade de vida centrada no atendimento denecessidades básicas. Outro aspecto importante que, muitas vezes,somente é externalizado após uma “prosa” mais prolongada é a faltade lazer. Neste ponto surge muito a necessidade de campo de futebole a de construção de igrejas, identificado como marco de civilidadede uma comunidade. Tal situação reflete a realidade da agriculturafamiliar no Nordeste, que em geral é colocada como espaço residualdas políticas públicas, motivado principalmente pela identificação dorural e da ruralidade como marco da pobreza e política clientelistaassociada.

Portanto, pensar a agricultura familiar inserida no DesenvolvimentoSustentável, conforme definição abaixo expressa, é, antes de tudo,situar-se na lógica dos atores sociais presentes no campo e nosmovimentos que promovem uma nova ressignificação do homem eda mulher do campo. Visualizá-los como elementos dotados deinventividade, tecnologias e cultura próprias, sujeitos que planejamalternativas de melhorias na qualidade de vida. Participando, portanto,

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de instâncias do controle social da coisa pública, a fim de sejamestendidas ao meio rural uma infra-estrutura que o Estado tem ocompromisso de oferecer, mas que somente será efetivada se seusatores principais (os agricultores e agricultoras) ousarem participarenquanto protagonista da agricultura familiar.

Por sua vez, há um sem número de definições para DesenvolvimentoSustentável (DS). No entanto, o que nos interessa é que, em seu bojo,garanta desenvolvimento social, econômico, cultural e ambiental, queseja capaz de assegurar a divisão da riqueza produzida pelo homem,bem como estabeleça nas suas bases um ambiente sadio parausufruto das gerações presentes e futuras.

Guilherme Dias, professor da USP, divide a agricultura em duas: aPatronal e a Familiar. Esta última tem pontos de interseção com oD.S. muito maiores, uma vez que a segunda se processa com maioreficiência energética, menor demanda de insumos externos, maiordiversificação inter e intra-específica dos cultivos produzidos, maiorempregabilidade, sem contar que normalmente as maioresconcentrações de agricultores familiares estão localizados em áreasde menor fertilidade natural dos solos.

A partir dos anos 90, ganha força o tema multifuncionalidade daagricultura que, segundo Maluf (2003), é tomada como um “novo olhar”sobre a agricultura familiar que pretende analisar a interação entrefamílias rurais e territórios na dinâmica de reprodução social,considerando os modos de vida das famílias na sua integralidade enão apenas seus componentes econômicos. Sob esta abordagema agricultura familiar amplia seus horizontes, ganha uma resignificânciae re-significação, pois incorpora seu papel social. Adquire-se umreconhecimento institucional da importância socioeconômica e políticadas unidades de produção agrícola não-regidas pelo modeloprodutivista, na direção, portanto, de um modelo de desenvolvimentoeconômico e social mais amplo.

Por sua vez, a agricultura patronal, baseada nos moldes damodernização conservadora, calcada no trinômio: crédito –mecanização – agroquímicos, além da exclusão social, promove um

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passivo ambiental do desflorestamento de grandes áreas, perda desolo, redução da biodiversidade, poluição e redução do volume decorpos d’água. Sem falar que a sociedade brasileira tem arcado como enorme custo para sustentar este sistema, que inclui sucessivasanistias de dívidas. Apenas dez multinacionais do setor receberamR$ 4,35 bilhões do Banco do Brasil em 2003, enquanto que o Planode Safra de 2003-2004 prevê o repasse de 4,5 bilhões para todaagricultura familiar, que conta com 3,7 milhões de estabelecimentos,segundo César Benjamin.

Por seu turno, a agricultura familiar é capaz de contribuir ou mesmose constituir num componente de projeto nacional de desenvolvimentosustentável. Pesquisas realizadas por Maluf et al (2003) destacamquatro expressões da multifuncionalidade da agricultura familiar queconfirma a assertiva exposta acima:

1. Garante reprodução socioeconômica das famílias rurais;2. Promove a segurança alimentar das próprias famílias e da

sociedade;3. Mantém o tecido social e cultural;4. Preservação dos recursos naturais e da paisagem rural.Esta tendência de agricultura familiar é acrescida de novos espaços

que os atores sociais promotores da Agricultura familiar temconquistado, mesmo que ainda de forma tênue. Pode-se exemplificar:

1. participação cidadã nos Conselhos nas diversas instâncias,sendo os Conselhos Municipais de Desenvolvimento RuralSustentáveis, um lócus de ação bastante rico;

2. a formulação da proposta da educação básica no campo, comoforma de construir uma pedagogia engajada, focada na formação deuma identidade positiva da ruralidade, referenciando-se ao campocomo local digno e de qualidade de vida.

Neste contexto, a superação da identidade rural negativa há deser conquistada, focando precipuamente no jovem e na criança. Assim,a resolução 001/2002 do Conselho Nacional de Educação apontapara uma educação do campo, enquanto Política da EducaçãoNacional, estando inserido na luta pela desconstrução de um

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imaginário depreciativo dos povos do campo, norteando um projetosustentável para a agricultura familiar, por meio da valorização dacultura do povo da roça. Entende-se por roça não apenas espaço deplantio ou modo desmerecedor, mas revestir o sentido da palavra roçaenquanto como habitat, como local onde pessoas que vivem no camporelacionam entre si e o ambiente, como constróem suas estratégia,suas tecnologias que garantem a sobrevivência das pessoas econvivência com as condições locais.

Porquanto, várias são as trincheiras de luta da construção de umaagricultura familiar que seja capaz de superar a pobreza rural,alicerçada com bases agroecológicas de produção e que influam naspolíticas públicas de modo mais impactante e que sejam capazes dealcançar o Desenvolvimento Sustentável.

Neste aspecto, salienta-se a importância de os técnicos que atuamno meio rural em órgãos públicos ou ONGs, em Universidades eórgãos oficiais de pesquisa e extensão somarem forças e orientaremsuas ações no apoio ao projeto sustentável de desenvolvimento daagricultura familiar. Afinal, é esta agricultura responsável pela geraçãode empregos e comida, pela fixação do homem no campo e pelaprodução de uma cultura rica que produz tecnologias próprias, as quaiscarecem de aprimoramento.

Maluf, R. S. (orgs.). Para além da produção: multifuncionalidade eagricultura familiar. R. Janeiro, Ed. Mauad, 2003.

BENJAMIN, César. A Questão agrária no Brasil: Das Sesmarias aoAgronegócio. SEAGRO/SC. Florianópolis/SC, 2004

BRASIL, Educação básica do campo. Resolução 001/2002 – Câmarade Educação Básica do Conselho Nacional de Educação. Brasília –DF, 2002.

Literatura consultada

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TECNOLOGIA DE APLICAÇÃO DEAGROQUÍMICOS

Antonio Zózimo de Matos Costa 1

José Louis Pereira 1

Jackson de Oliveira César 3

Luis Carlos Lima 1

Juarez Duarte dos Santos 2

Pesquisadores CEPLAC/CEPEC/SEFIT1, Professor EMARC/URUÇUCA2, PesquisadorEBDA3

Tecnologia de aplicação de agroquímicos é o emprego de todosos conhecimentos científicos que proporcionem a correta colocaçãodo produto biologicamente ativo no alvo, em quantidade necessária,de forma econômica, com o mínimo de contaminação ambiental.

Os agroquímicos devem exercer a sua ação sobre um determinadoorganismo que se deseja controlar. Quer seja ele um inseto, uma plantadaninha, um fungo ou uma bactéria.

O sucesso de um programa de tratamento fitossanitário, naagricultura, depende fundamentalmente de produto de eficiênciacomprovada e de uma tecnologia desenvolvida para a sua aplicação,ficando ainda condicionado ao momento de realização e à influênciados fatores meteorológicos, biológicos e agronômicos incontroláveis.

A utilização de agroquímicos é influenciada por vários fatores, dentreeles destacam-se o clima, o hospedeiro, o alvo biológico, o ingredienteativo e o veiculo utilizado no produto. O clima tem um grande efeito

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tanto sobre a ocorrência de pragas e doenças como também naeficiência obtida após a aplicação de um determinado produto. Éaconselhável que as pulverizações com agroquímicos sejamrealizadas nas horas mais frescas do dia, a fim de evitar a evaporaçãorápida do produto aplicado. Também, consegue-se aplicações maiseficientes com velocidade de vento inferior a 2,0 m/seg. Na prática,velocidade entre 2,0 e 3,1 m/seg. as folhas das árvores sãoligeiramente agitadas. Deve-se interromper a pulverização quando ovalor da velocidade ultrapassar 3,0 m/seg (Matuo,1990).

Segundo os modernos conceitos de aplicação de agroquímicos,quatro são os pontos a serem considerados, como fundamentais, parase obter pleno êxito na preservação das colheitas, mediante aneutralização do ataque de pragas e patógenos e anulando-se acompetição por parte das plantas invasoras:

Timing: O chamado timing (ou momento oportuno) consiste naocasião ideal para a aplicação de um agroquímico. Não implica emqualquer custo adicional, a observação do timing possibilita a açãodo produto na oportunidade em que o agente biológico lhe esteja maisvulnerável - e quando os custos dos danos causados seria igual oumaior que o do tratamento.

Cobertura: Para obtenção do máximo efeito biológico sobre oagente causador dos danos, é necessário que o equipamento depulverização esteja muito bem ajustado, de forma a proporcionar umacobertura mínima e uniforme do alvo (solo ou superfícies foliares)objetivado.

Dose: Fator indispensável na aplicação de qualquer agroquímico,a manutenção da dose certa em todo o processo, assegura economia:a dose excessiva, além de provocar danos à cultura pelafitotoxicidade, naturalmente eleva os custos. A dose correta asseguraa maior eficiência no controle, inclusive com a garantia de efeitoresidual previsto, o que não se obtém quando das aplicações emsubdoses.

Segurança: Durante a aplicação de um agroquímico, qualquer queseja sua classe toxicológica, todas as precauções devem ser tomadas

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para que não haja contaminação do operador, cuidando-se para queo meio ambiente (mananciais, fauna e flora) seja preservado dequalquer agressão.

A forma de aplicação de agroquímicos mais utilizada nas culturasé a líquida. Nesse tipo de aplicação, o tamanho da gota é um dosmais importantes fatores para a eficácia do controle. O tamanho dagota aplicada é diretamente relacionado à penetração do produto, àuniformidade de distribuição e à efetividade de deposição (Alonso,1998).

A água é o diluente mais comum nas aplicações por via líquida.Entretanto, apresenta duas fortes limitações:

v Tensão superficial – a água apresenta alta tensão superficial.Isso faz com que a gota depositada numa superfície permaneçaesférica, fazendo com que tenha pouca superfície de contato. Paraneutralizar o efeito da tensão superficial, adiciona-se um agentetensoativo ou sufactante, para a gota se espalhar facilmente nasuperfície, molhando mais a área. Algumas formulações já apresentamagentes molhantes, emulsionantes incorporados, porém na suaausência torna-se necessária a adição de agentes tensoativos,conhecidos como espalhantes adesivos, para melhorar a perfomaceda aplicação.

v Evaporação – a superfície do líquido é enormementeaumentada quando fragmentada em pequenas gotas. A água é umlíquido volátil e pode se evaporar no trajeto entre o pulverizador e oalvo visado.

Em dias de alta temperatura o fenômeno da evaporação das gotasde pulverização é bastante problemático, agravando-se principalmentenos dias secos. As aplicações com gotas médias a pequenas, muitasvezes não chegam a atingir o alvo, evaporando antes.

Na aplicação de agroquímicos por via líquida, o tamanho da gota éum dos mais importantes fatores para a eficácia do controle. Otamanho da gota aplicada é diretamente relacionado à penetraçãodo produto, à uniformidade de distribuição e à efetividade dadeposição.

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O bico é a peça final do pulverizador e tem por função formar gotas.Na maioria das vezes, a vazão do pulverizador é estabelecida pelavazão do bico (ou pela somatória das vazões dos bicos, quandoexistirem vários). Assim, além de ser responsável pela qualidade dasgotas formadas, é também uma peça chave na vazão do equipamento.Os principais bicos utilizados são: o bico cone, que trabalha com altaspressões 150 a 300 lbf², e forma gotas de 50 µm a 300µm, sendo, demodo geral usado principalmente na aplicação de fungicidas,inseticidas e adubos foliares. Já o bico leque trabalha com pressõesmenores, 30 a 60 lbf pol², gerando gotas de 300 a 500 µm, sendorecomendado para aplicação de herbicidas (Alonso, 1998; Matuo,1990).

Volume de Aplicação

A tendência atual é reduzir o volume de líquido aplicado, o que levaa necessidade de gotas menores para melhor cobertura. Resultadosde estudos mais recentes tem demonstrado que partículas em tornode 80 a 100 micra favorecem o mais alto índice de uniformidade dedeposição, para a maioria das velocidades do ar.

A pulverização a baixo volume utiliza um volume médio da ordemde 60 micra. Ressalta-se que pouca ou nenhuma deposição é feitacom partículas menores que 30 micra. Por outro lado, gotas muitograndes acarretam desperdício de agroquímico, os quais sãodepositados em excesso nas superfícies externas das plantas, nãoatingindo os pontos internos da copa (alvos). A redução do volume delíquidos leva à necessidade de uma tecnologia mais apurada, tantoda parte do construtor do equipamento, quanto da parte do técnicoem aplicação.

Na aplicação via líquida, é usual classificar o produto em função dovolume de calda aplicado por hectare.

Nas tabelas 1 e 2, são apresentadas as diferentes classes deaplicação via líquida, segundo alguns autores.

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Designações Volume (litro/hectare)

Ultra – ultra baixo volume (U – UBV) < 0,5Ultra – ultra baixo volume (U – UBV) < 0,5Ultra baixo volume (UBV) 0,5 – 5Baixo volume (BV) 5 – 50Médio volume (MV) 50 – 500Alto volume (AV) > 500

Tabela 1 – Categoria de aplicação via líquida segundo ASAE (StandardS 327/1974), adaptado para sistema métrico.

Volume alto > 600 > 1000 volumeVolume médio 200 - 600 500 - 1000Volume baixo 50 - 200 200 - 500Volume muito baixo 5 - 5 50 - 200Volume ultra - baixo < 5 < 50

Tabela 2 – Categoria de aplicação via líquida segundo MATTHEWS (1979)

Vê-se que não há concordância nos limites de classes entrepropostas. Entretanto, a proposta de MATTHEWS, é a que parecereunir maior número de adeptos.

Atualmente existe um consenso entre os principais pesquisadoresque a denominação “volume alto” seja dada à aplicação feita até alémda capacidade de retenção das folhas, de tal modo que hajaescorrimento. Nesse tipo de aplicação, o depósito de produto químicoé proporcional à concentração da calda utilizada e independente dovolume. Portanto, a indicação de dosagem para cada modalidade dealto volume ou mais corretamente volume alto, é mencionada viaconcentração. Por exemplo: 300 gr/100 litros de água ou 0,3%.

Em contrapartida ao volume alto, o volume ultrabaixo ou ultrabaixovolume é hoje definido como volume o volume mínimo por unidade deárea para alcançar um controle, independentemente de um limite.

É importante saber que o volume de aplicação L/ha não teminfluência direta no resultado biológico, pois a quantidade de veículo

Designação Volume (litro/hectare)

culturas de campo culturas arbóreas

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de aplicação – água, óleo, etc... por unidade de área tem finalidadeúnica de diluir, transportar e facilitar a distribuição do ingrediente ativosobre a superfície alvo (solo, plantas), com a cobertura requerida.

A água e seus efeitos sobre os agroquímicos

É muito comum o atendimento de reclamações de que ostratamentos não apresentaram o resultado esperado, sendo provávelque na maioria das vezes são casos em que as águas utilizadascontêm minerais (sais), que concorrem com os produtos,comprometendo a eficácia destes.

PH

O que é?

O ph é uma medida de acidez ou de alcalinidade de uma soluçãonuma escala que vai de 0 a 14.

Como se mede?O valor do pH vai depender da concentração relativa dos íons

hidrogênio e hidroxilas que possui a solução. A presença de maisquantidade relativa de íons hidrogênio vai resultar em uma soluçãocom reação ácida, e no caso de mais íons hidroxilas darão comoresultado uma reação alcalina.

Portanto, uma solução com pH menor de que 7 é ácida, igual a 7é neutra e maior que 7 é alcalina. Estas leituras são obtidas atravésde pH gametro, papel tornassol, kit de reação.

Problemas que a água pode causar.

Por exemplo: uma cipermetrina dissolvida em água com pH 9,0perde em 2 horas 55% do seu princípio ativo e em 24 horas 90%.Sendo o principal problema o que se denomina de hidrólise alcalina,que é uma reação química, que ocorre quando temos uma soluçãoalcalina onde os grupos de hidroxilas combinam-se com os principiosativos, os quais perderão o seu poder de ação.

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Tabela de insumos e pH ideais

Dureza da água

O que é?

É a quantidade de Carbonato de Cálcio (CaCO3) dissolvido naágua, classifica-se como:

ClassificaçãoMuito branda 0 - 15Branda 15 - 50Ligeiramente dura 50 - 100Dura 100 - 200Muito dura >200

Estes íons que podem causar incompatibilidade quando se usarmisturas de diferentes produtos no tanque de pulverização.

Em vários estudos realizados demonstrou-se que a absorção doglifosate máxima se dá em pH 3,2 decrescendo a pH 5,0.

Porém, a atividade do glifosate vai depender mais da qualidadede água do que do pH. A dureza da água é a principal razão dadesativação do glifosate e não precisamente o pH.

Como se mede?Para determinar a dureza da água é necessário que se faça

análise da dureza cálcica em laboratório.Quando um glifosate é acrescentado a um tanque de água, vai-

se dissociar nos seus componentes iônicos em equilíbrio com osoutros íons.

Ferro (Fé+++) e Alumínio (Al+++) Muito severoCálcio (Ca++) e Zinco (Zn++) SeveroMagnésio (Mg++) ModeradoPotássio (K+) Nenhum

Ions Poder desativador doglifosate

ppm de CaCO 3

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VAHA X DUREZA Ca X 0,00047 = % COMPLEXADO

DOSE DE GLIFOSATE

Onde:

VAHA: Volume de água em litros por hectare.

DUREZA Ca: Dureza da água baseando no cálcio em ppm,geralmente as análises de laboratório dão resultados em ppm deCaCO3, por isso faz-se necessário fazer uma transformação (ppmCa para ppm de CaCO3) exemplo: 817,50 ppm de CaCO divide-sepor 2,5 igual a 327 ppm de Ca.

DOSE DE GLIFOSATE: ingrediente ativo em quilogramas porhectare.

a) dose de ativo: 1 kg/ha –1(2,08 L/ha –1)

volume: 130 L/ha –1

dureza: 327 ppm Ca

130 X 327 x 0,00047 = 19,97%

1Perda de 19,97%, ou seja 20% do glifosate será inutilizado,

portanto deverá ser aumentada a dosagem em 20% para 1.2 kg desal ha – 1 (2,5 L/ha – 1)

Cálculo da Inativação

Se o produtor conhecer a dureza da água, poderá calcular apercentagem de glifosate que vai inativar-se por ação do cálcio,utilizando a seguinte fórmula:

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Sugestões:v Analisar a água em termos de dureza cálcica e medir o pH;v Reduzir o volume de calda, sem prejudicar a cobertura;v Acondicionar a água, e o uso de produtos específicos para

seqüestrar cátions e reduzir o pH para valores ideais;v Não preparar a calda de pulverização antecipada.

Argila em suspensão

Outro aspecto a ser considerado é a limpeza da água que seráutilizada na calda de pulverização. A água deve ser limpa, livre dematéria orgânica (água estancada) e argila. Tanto a terra quanto àmatéria orgânica irão reagir com glifosate e o desativará, pelo qualhaverá menor quantidade de principio ativo livre para ser absorvidopelas plantas que se deseja controlar.

Cuidados durante o preparo e aplicação dos produtos fitossanitários

√ Evitar a contaminação ambiental - preservar a natureza;√ Utilizar equipamento de proteção individual - EPI (macacão de

PVC, luvas e botas de borracha, óculos protetores e máscara contraeventuais vapores). Em caso de contaminação substituí-losimediatamente.

√ Não trabalhar sozinho quando manusear produtos tóxicos.√ Não permitir a presença de crianças e pessoas estranhas ao

local de trabalho;√ Preparar o produto em local fresco e ventilado, nunca ficando

a frente do vento;√ Ler atentamente e seguir as instruções e recomendações

indicadas no rótulo dos produtos;√ Evitar inalação, respingo e contato com os produtos;√ Não beber, comer ou fumar durante o manuseio e a aplicação

dos tratamentos;√ Preparar somente a quantidade de calda necessária à

aplicação a ser consumida numa mesma jornada de trabalho;√ Aplicar sempre as doses recomendadas:

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288

√ Evitar pulverizar nas horas quentes do dia, contra o vento e emdias de vento forte ou chuvosos;

√ Não aplicar produtos próximos à fonte de água, riachos, lagos, etc;√ Não desentupir bicos, orifícios, válvulas, tubulações com a boca;√ Guardar os produtos em embalagens bem fechadas, em locais

seguros, fora do alcance de crianças e animais domésticos eafastados de alimentos ou ração animal.

√ Mantenha o produto em sua embalagem original;√ Não reutilize embalagens vazias.

Cuidados com embalagens de agroquímicos

É imprescindível fazer a tríplice lavagem e a inutilização dasembalagens, após a utilização dos produtos, não permitindo quepossam ser utilizadas para outros fins. É necessário observar alegislação para o descarte de embalagens. As embalagens, apóstríplice lavagem, devem ser destinadas a uma central de recolhimentopara reciclagem.

Identificação e correção de possíveis defeitos

I – Dificuldade para o funcionamento

Registro de combustível

Alavanca do acelerador

Tanque de combustível

Combustível

Carburador

Fechado

Na posição 0

Vazio

Má qualidadeMistura incorreta de gasolina e óleo

Filtro de ar obstruídoMotor afogadoTubulação de combustível obstruídaFiltro de gasolina sujoAgulha da bóia emperrada ou mal ajustada

CAUSASVERIFICAR

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Falha elétrica na ignição

Falha mecânica na ignição

Falta de compressão

Motor travado

III – Falta de rotação (motor falhando)

VERIFICAR

Gasolina

Carburador

Sistema de ignição

Escapamento

CAUSAS

Água na gasolinaImpurezasMistura incorreta de gasolina e óleo

Impurezas no carburadorTubulação de combustível parcialmente obstruídaTampa do tanque com respiro obstruído

Abertura do eletrodo da vela incorretaCabo de vela rompido ou terminal danificadoCabo de ignição solto

Obstruído

Continuação

Vela úmida ou sujaCarbonização no eletrodo da velaMagneto isolado por água, óleo, etc.

Cabo de ignição quebradoTerminal soltoCalibração incorreta do eletrodo da vela

Cilindro secoVazamento pelas juntas do bloco ou retentoresVela soltaAnéis, pistão ou cilindros com desgaste

Anéis quebrados e presos nas canaletasCilindro escoriadoPistão escoriado

II – Instabilidade de rotação

VERIFICAR CAUSASAfogadoAgulha da bóia e aceleração mal ajustadasGicleur parcialmente obstruído

Carburador

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IV – Ruídos internos

V – Super aquecimento

VERIFICAR CAUSAS

Gasolina com baixa octanagem

Acúmulo de resíduos na cabeça do pistão (carvão)Desgaste no colo da bielaRolamentos gastosAnéis do pistão folgadosAnéis rompidosVentilador soltoVolante do magneto soltoCorpo estranho no magneto

VERIFICAR

Mistura incorreta de óleo e gasolinaÓleo não recomendado

Canalizador de ar obstruídoAletas de refrigeração rompidasAletas obstruídasCarvão na câmara de combustãoExcesso de rotação (acima de 7.000 rpm)

ALONSO, A. dos S. Equipamentos e tecnologia de aplicação dedefensivos. In.: MEDEIROS, C. A. B.; RASEIRA, M. do C. B. A culturado pessegueiro. Brasília: Embrapa - SPI, 1998. p. 296-317.

MATUO, T. Técnicas de aplicação de defensivos. Jaboticabal: Funep,1990. 139 p.

Literatura consultada

Carbonização

Sistema mecânico

CAUSAS

Lubrificação

Mecânica

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291

SISTEMAS AGROFLORESTAIS COMO USOSUSTENTÁVEL DOS SOLOS: CONCEITO E

CLASSIFICAÇÃO

Manfred Willy Muller

Eng° Agro., Ph.D., Ceplac/Cepec/Esomi. E-mail: [email protected]

Os Sistemas Agroflorestais (SAF’s) são reconhecidamentemodelos de exploração de solos que mais se aproximamecologicamente da floresta natural e, por isso, considerados comoimportante alternativa de uso sustentado do ecossistema tropicalúmido (Almeida, Müller e Sena-Gomes, 2002; Brandy et al., 1994;Canto et al., 1992; Huxley, 1983; Nair, 1993; Müller, Sena-Gomes eAlmeida, 2002). A importância da utilização de Sistemas Agroflorestaisfica mais evidente, quando constatamos a existência de extensasáreas improdutivas em conseqüência da degradação resultante,principalmente, da prática do cultivo itinerante, reconhecidamente umamodalidade de exploração não sustentável dos solos. A pecuarizaçãoé outra realidade na exploração de terras no Brasil sendo, em geral,uma atividade resultante da implantação de grandes projetos,principalmente na Amazônia, mas não somente naquela região, a qualpromove a elevação do índice de desemprego e representa granderisco de degradação ambiental.

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Existe atualmente na literatura uma grande variedade de termosempregados para conceituar práticas que combinam espéciesflorestais com culturas agrícolas e/ou com a pecuária. Também háuma grande confusão no uso da terminologia agroflorestal no Brasil.Muitos confundem sistemas agroflorestais com consorciação decultivos. Resumidamente pode-se dizer que todo SAF é umaconsorciação de cultivos, contudo o inverso nem sempre é verdadeiro.

Na verdade Agrofloresta é um termo novo para uma prática bastanteantiga já utilizada pelos indígenas. King e Chandler (1978)conceituaram os SAF’s como sendo os “Sistemas sustentáveis deuso da terra que combinam, de maneira simultânea ou em seqüência,a produção de cultivos agrícolas com plantações de árvores frutíferasou florestais e/ou animais, utilizando a mesma unidade de terra eaplicando técnicas de manejo que são compatíveis com as práticasculturais da população local”. Este conceito talvez seja o maisadequado para caracterizar os SAF’s porque faz alusão ao fatorsustentabilidade, adotabilidade e, também, a classificação temporaldos sistemas agroflorestais. Esta definição implica que: a) SAF envolvenormalmente duas ou mais espécies de plantas (ou plantas e animais),onde pelo menos uma delas é lenhosa; b) SAF tem sempre dois oumais produtos e; c) mesmo o mais simples SAF é sempre maiscomplexo, ecologicamente (na sua estrutura e função) eeconomicamente, do que os sistemas de monocultivos (Nair, 1993).

Existem muitas classificações dos sistemas agroflorestais (Nair,1993; Dubois et al., 1997; Montagnini at al., 1992). Baseada nosaspectos estruturais, funcionais, sócio-econômicos e ecológicos osSAFs podem-se classificar em:

1. Quanto ao aspecto estrutural: a. considerando a natureza doscomponentes: Sistemas Silviagrícolas, Sistemas Silvipastoris,Sistemas Agrossilvipastoris. À parte “florestal” da palavra agroflorestalnão quer dizer que a espécie arbórea do sistema deva ser uma espécieda floresta ou uma espécie madeireira. Na Amazônia, por exemplo,muitos desses sistemas têm apenas árvores frutíferas e cultivosperenes. b. considerando o arranjo dos componentes: quanto aoarranjo espacial podem ser Sistemas Contínuos, Sistemas Zonais e

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2. Quanto a sua função: a. Sistemas Agroflorestais de Produçãoe; b. Sistemas agroflorestais de proteção.

3. Quanto ao aspecto sócio-econômico: a. SistemasAgroflorestais Comerciais; b. Sistemas Agroflorestais Intermediáriose; c. Sistemas Agroflorestais de Subsistência.

4. Quanto aos aspectos ecológicos: a. considerando alocalização geográfica (Saf trópicos úmidos, Saf planalto central, etc.);b. considerando a situação topográfica (Saf terra firme, Saf várzea,etc.) e; c. considerando o cultivo econômico (Saf seringueira, Safcacau, Saf dendê, etc.).

A sustentabilidade é uma característica inerente aos sistemasagroflorestais, pois estão alicerçados em princípios básicos queenvolvem aspectos ecológicos, econômicos e sociais. Todo métodoou sistema de uso da terra somente será sustentável se for capaz demanter o seu potencial produtivo também para gerações futuras. Alémdisso, os SAF’s para serem considerados sustentáveis devemenvolver os aspectos sociais, econômicos e ecológicos, isto énecessitam que sejam socialmente justos, economicamente viáveise ecologicamente corretos.

Função social: Os SAF’s quando implantados em um determinadolocal ou região, possuem uma importante função social, a de fixaçãodo homem ao campo devido principalmente ao aumento da demandade mão-de-obra e sem sazonalidade, ou seja, a sua distribuição émais uniforme durante o ano (os tratos culturais e colheita ocorremem épocas diferentes), e da melhoria das condições de vida,promovida pela diversidade de produção (produtos agrícolas, florestaise animais). A conservação das espécies arbóreas medicinais efrutíferas, também é uma importante função social dos SAF’s (Mülleret al., 2003 e 2003).

Os sistemas agroflorestais, quando comparados aos monocultivos,geralmente produzem maior número de serviços e produtos para oconsumo humano tendo em vista, principalmente, a utilização de

Sistemas Mistos; quanto ao arranjo temporal temos SistemasSeqüenciais e Sistemas Simultâneos.

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grande diversidade de espécies florestais arbóreas e arbustivas, epelas diferentes alternativas de consorciação com espécies agrícolase/ou animais, em uma mesma área de terra.

Função econômica: A alternância da produção ao longo do anoe a diversificação de produtos conferem aos SAF’s fluxo de caixamais favorável, principalmente pelas receitas obtidas com os cultivosintercalares de ciclo curto; maiores lucros por unidade de área cultivadae maior estabilidade econômica pela redução dos riscos e incertezasde mercado. Neste caso, a escolha das espécies utilizadas nos SAF’sdeve apoiar-se em um estudo de mercado para detectar os produtosde maior aceitação e venda em determinadas épocas do ano.

Os sistemas agroflorestais, pela diversidade de culturasnecessitando para o seu manejo uma gama variada de mão-de-obrae, também, pelo fato de a maioria das culturas perenes utilizadasserem produtoras de matéria prima (madeira, látex, resinas, gomas,corantes, etc.) ou de alimentos (óleos, palmito, frutas, etc.), que podemdemandar industrialização imediata, geram maiores oportunidadesde emprego no meio rural.

Função ecológica: A característica mais importante dos SAF’sparece ser a estabilidade ou sustentabilidade ecológica. Estasustentabilidade resulta da diversidade biológica promovida pelapresença de diferentes espécies vegetais e/ou animais, que exploramnichos diversificados dentro do sistema. A multiestratificação diferenciadade grande diversidade de espécies de múltiplos usos, que exploram osdiferentes perfis verticais e horizontais da paisagem nos SAF’s, otimizamo máximo aproveitamento da energia solar (Macedo, 2000).

Como importância ambiental dos SAF’s pode ser citada: proteçãocontra erosão e degradação dos solos, conservação dosremanescentes florestais, conservação das espécies arbóreas devalor ecológico (proteção e alimentação à fauna, espécies endêmicase espécies em extinção), conservação de nascentes e cursos d’água,substituição das matas ciliares mantendo a função de proteção e,atuação de corredores ecológicos interligando fragmentos florestais(Müller et al., 2002 e 2003).

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Uma das vantagens mais conhecidas da agrofloresta é o seupotencial para conservar o solo e manter sua fertilidade eprodutividade. As espécies arbóreas, normalmente por possuíremraízes mais longas que exploram maior volume de solo, são capazesde absorverem nutrientes e água que os cultivos agrícolas nãoconseguiriam, uma vez que, geralmente, suas raízes absorventes estãoconcentradas na camada superior do solo até 20 cm de profundidade.

O dossel de copas formado pela diversidade de espécies vegetaisproporciona cobertura de solo através da deposição de camada densade material orgânico, gerada continuamente pela queda de folhas eramos das diferentes culturas. Isso aumenta a proteção do solo contraa erosão, diminui o escorrimento superficial da água de chuvaaumentando o seu tempo de infiltração, reduz a temperatura do solo,aumenta a quantidade de matéria orgânica e, conseqüentemente,melhora as suas propriedades químicas, físicas e biológicas.

A Tabela 1 demonstra a importância dos SAFs na função deproteção contra perda de solo por erosão. Os dados sãoprovenientes de quatro tipos de cobertura do solo durante aexploração da terra (sem cobertura, cultivo intensivo - mandioca emilho -, cultivos perenes - SAFs - e floresta nativa) em um Ultisolcom 7% de declividade na Costa do Marfim. Observa-se que a perdade solo nos cultivos perenes é baixa e praticamente igual à florestanativa (Tabela 1).

Tabela 1. Perdas de solo por erosão em Ultisol com 7% de declividade naCosta do Marfim.

Fonte: Ollagnier et al. (1978).

Solo exposto (sem vegetação) 125

Cultivo de milho 92

Cultivo de mandioca 32

Cultivos perenes* (SAFs) 0,3

Floresta nativa 0,1

Cobertura Erosão (t/ha/ano)

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Isto é particularmente relevante nos trópicos onde os solos são, emgeral, mais pobres e menos produtivos, comparados aos de zonatemperada. A tabela 2 mostra a distribuição dos principais grupos desolos nos três continentes tropicais. Os oxisols e ultisols, que predominamnos solos dos trópicos úmidos, constituindo, em média, 41% dos solostropicais e chegando a representar 55% dos solos tropicais do continenteamericano, são solos altamente lixiviados, possuem baixo teor de basestrocáveis, baixa reserva de nutriente, alto teor de alumínio e baixadisponibilidade de fósforo (Sanchez, 1976). Os solos de moderada aalta fertilidade (Alfisols, Vertisols, Mollisols e Andisols) constituem,em média, somente 23% dos solos tropicais (Tabela 2).

Os supostos efeitos (benéficos e adversos) das árvores nossistemas agroflorestais são (Nair, 1993):

Efeitos benéficos

1. Adição ao solov Manutenção ou aumento da matéria orgânica

Tabela 2. Distribuição geográfica das ordens de solo nos trópicos, baseado nossolos dominantes do mapeamento da FAO na escala de 1:5 milhões.

América tropical África tropical Ásia tropical Total Solos Área1 % Área1 % Área1 % Área1 % Oxisols 502 33,6 316 27,6 15 1,4 833 22,7 Ultisols 320 21,4 135 11,8 294 28,4 749 20,4 Entisols 124 8,3 282 24,7 168 16,2 574 15,7 Inceptisols 204 13,7 156 13,7 172 16,6 532 14,5 Andisols 31 2,1 1 0,1 11 1,1 43 1,2 Alfisols 183 12,3 198 17,3 178 17,4 559 15,2 Vertisols 20 1,3 46 4,0 97 9,3 163 4,4 Aridisols 30 2,0 1 0,1 56 5,4 87 2,4 Mollisols 65 4,4 0 0 9 0,9 74 2,0 Histosols 4 0,2 5 0,4 27 2,6 36 1,0 Spodosols 10 0,7 3 0,3 7 0,7 20 0,5 Total

1.493

100,0

1.143

100,0

1.034

100,0

3.670

100,0

1 Área em ha x 106Fonte: Szott at al., (1991).

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v Fixação de nitrogêniov Absorção de nutrientes (reciclagem de nutrientes)v Deposição atmosférica de nutrientesv Exsudação de substâncias promotoras de crescimento na

rizosfera2. Redução de perdas pelo solov Proteção contra erosãov Recuperação de nutrientes (reciclagem de nutrientes)3. Efeito sobre propriedades físicas do solov Modificação de temperaturas extremas do solo4. Efeito sobre propriedades químicas do solov Redução da acidezv Redução da salinidadev Redução da perda de MO do solo por oxidação (efeito do

sombreamento)

Efeitos adversosv Perda de MO e nutrientes por colheita (espécie madeireira)v Competição por nutrientes a água entre as espécies arbóreas

e os cultivos agrícolasv Produção de substâncias inhibidoras de germinação e

crescimentoUm aspecto que deve ser enfatizado em Sistemas Agroflorestais

é a ciclagem de nutrientes, especialmente os de fácil lixiviação comocálcio (Ca), potássio (K) e enxofre (S). O cultivo consorciado tem avantagem de retirar estes nutrientes das camadas mais profundas dosolo e devolvê-los à superfície pela queda das folhas e ramos dasespécies arbóreas, os quais tornam-se nutrientes disponíveis àsplantas após a decomposição da matéria orgânica e posteriormineralização.

No sistema solo-planta, os nutrientes da planta estão em um “status”contínuo de transferência dinâmica. As plantas absorvem os nutrientesdo solo e os usam nos processos metabólicos. As partes da plantaque retornam ao solo, como folhas mortas, ramos e raízes, formam o

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“litter” ou biomassa que por ação da atividade de microorganismosdo solo se decompõem e liberam os nutrientes para serem absorvidosnovamente pelas plantas. Em uma visão mais restrita, ciclagem denutrientes refere-se a esta contínua transferência de nutrientes do solopara planta e de volta para o solo. No aspecto mais amplo, ciclagemde nutrientes envolve a transferência continua de nutrientes dentro dosdiferentes componentes do ecossistema, incluindo processos taiscomo intemperização de minerais, atividades da biota do solo e outrastransformações que ocorrem na biosfera, atmosfera, litosfera ehidrosfera (Nair, 1993).

Nos SAF’s a utilização de espécies florestais ou frutíferas queinteragem simbioticamente com bactérias do gênero Rhizobium,contribui para, além na ciclagem normal de outros elementos, tambémpara aumentar a quantidade de nitrogênio no solo. Na tabela 3 pode-se observar a importância da ciclagem de nutrientes em áreas de cacausombreadas com espécies nitrificadoras. Para comparação, foi incluídana tabela 3 a necessidade da planta para repor os nutrientes retiradosda área por ação da lixiviação e colheita dos frutos. Observa-se que aquantidade de nutrientes aportados (N, P, K, Ca e Mg) pela litterproduzido por qualquer uma das três espécies é sempre maior do queo total de nutrientes removidos pela colheita dos frutos e por lixiviação.Naturalmente que existe outra fonte de remoção de nutrientes muitoimportante que não consta do Quadro 2 que é à parte de nutrientesutilizado para a formação de órgãos e tecidos da planta. De qualquerforma, mesmo que os nutrientes aportados pela biomassa não seigualem às exportadas (lixiviação e colheita) e utilizadas(metabolizção) pela planta, que seria o ideal, mas pelo menos reduzembastante a necessidade de importação destes elementos para a área.

Os sistemas agroflorestais podem ser considerados como uma dasalternativas de manejo racional dos recursos naturais renováveis queequacionam os principais problemas da agricultura e de seus impactosnegativos sobre o meio ambiente, assim como oferecem possibilidadespara amenizar e/ou solucionar as dificuldades financeiras de grandeparte dos agricultores brasileiros (Tsukamoto Filho, 1999).

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Atualmente o mundo se preocupa com a sustentabilidade epreconiza como alternativa viável para atingir o desenvolvimentosustentável, os sistemas agroflorestais. Desta forma os SAFs passarama fazer parte de diretrizes centrais de desenvolvimento rural sustentávelpelo potencial de serem implantados em áreas já degradadas,reincorporando-as ao processo produtivo e minimizando, assim, odesmatamento sobre florestas primárias. São uma opção estratégicapara pequenos produtores por causa da baixa demanda de insumos,ao maior rendimento líquido por unidade de área em comparação comsistemas convencionais de produção e por fornecerem inúmerosserviços sócio-ambientais. Esses serviços podem ser valorados, econvertidos em créditos ambientais, propiciando agregar valor àpropriedade agrícola (Gandara e Kageyama, 2001).

O avanço dos SAFs a partir da experimentação empírica poragricultores e, mais recentemente, a partir de experimentos formaisdenominados científicos, vem mostrando que os sistemas maiscomplexos, imitando as florestas naturais, utilizando o conceito debiodiversidade e sucessão ecológica, apontam para novoshorizontes a agricultura nos trópicos.

Espécie Teor de nutrientes na Biomassa (kg / ha / ano)

Produção de Biomassa

(t / ha / ano) N P K Ca Mg

Erythrina poeppigiana 5,0 174,9 8,8 53,6 163,3 53,7

Cordia alliodora 3,4 114,8 13,9 65,5 124,8 50,3

Gliricidia sepium 10,5 333,0 20,0 176,0 140,0 42,0

Colheita de frutos1 34,0 3,0 24,5 6,0 6,5

Remoção de nutrientes Lixiviação 40,0 0,5 1,5 45,0 21,5

Total 74,0 3,5 26,0 51,0 28,0

Tabela 3. Produção de biomassa, teores de nutrientes aportados por algumasespécies componentes de SAFs com o cacaueiro e quantidade de nutrientesremovidos através da colheita de frutos de cacau e lixiviação.

1. Frutos equivalentes a 1.000 kg de amêndoas secas

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Almeida, C. M. V. C. de; Müller, M. W.; Sena-Gomes, A. R. e Matos, P. G. G..2002. Pesquisa em Sistemas Agroflorestais e Agricultura Sustentável:Manejo do Sistema. Workshop Latino-americano sobre Pesquisa de Cacau,Ilhéus, Bahia, 22 – 24 de outubro de 2002. Anais com resumo expandido(CD-ROM).

Bandy, D.; Garraty, D. P.; Sanches, P. 1994. El problema mundial de laagricultura de tala y quema. Agroforesteria en las Americas, 1 (3):14-20.

Brito, A. M. de; Silva,, G.C.V.; Almeida, C.M.V.C. e Matos, P.G.G.. 2002.Sistemas agroflorestais com o cacaueiro (Theobroma cacao L.) para odesenvolvimento sustentável do estado do Amazonas. IV CongressoBrasileiro de Sistemas Agroflorestais, 21 a 26/10/2002, Ilhéus, Bahia. Anaiscom resumo expandido (CD-ROM).

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Literatura consultada

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Müller, M, W.; Almeida, C.M.V.C. de e Sena-Gomes, A.R. 2003. Sistemasagroflorestais com cacau como exploração sustentável dos biomastropicais. Semana do Fazendeiro, 25ª, Uruçuca, 2002. Agenda. Uruçuca,CEPLAC/CENEX/EMARC, pp. 137-142.

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