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1 AGENDA CULTURAL Novembro Dezembro 2012

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Agenda Cultural dos meses de novembro e dezembro de 2012

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Trabalhar com a cultura e a arte é estar em uma constante busca, é estar em mudança, não acomodado, procurando fontes para novas sensações.

Durante quatro anos um grupo de técnicos desta Universidade se propôs a desacomodar ideias, posturas e fórmulas prontas, conseguindo desenvolver um trabalho que pode ser acompanhado por meio de nossa agenda bimensal, de nosso site, pelo nosso perfil no Facebook e, também pelo boca a boca de nossos sujeitos culturais. Essas são as formas utiliza-das por este grupo para fazer conhecer e difundir o que é produzido, pen-sado e criado por cada um dos sete integrantes e sete bolsistas, alunos de graduação de diferentes cursos, que compõem nossa equipe.

Penso neste grupo comparando-o a uma orquestra, em que o desafio proposto é o de fazer música juntos: o talento de cada um dos integrantes e a soma de todas as qualidades é que faz a música, sua sonoridade, sua beleza. As orquestras têm seus solistas, que recebem momento de desta-que. No fazer diário da ação cultural, nos deparamos com a mesma estru-tura: cada um dos envolvidos fazendo o seu melhor e contribuindo para a construção de uma programação que faça e tenha sentido; em determina-dos momentos o voo solo, cada um sendo solista de seu projeto, momen-to em que ele se apresenta e recebe os aplausos. Eu, como participante desse grupo, me delicio com os acordes de cada um dos integrantes, com a química que aparece em cada ação produzida por este Departamento, química esta que pode ser traduzida em uma palavra: cumplicidade por estar e fazer junto o que se gosta e se acredita.

Este fazer continuará: nossa Pró-Reitora de Extensão convidou este grupo para permanecer nos próximos quatro anos, e contamos com todos os que participam deste processo, direta e indiretamente, para que opinem, sugiram, continuem nos procurando e construindo este projeto cultural que entende a cultura como ação, a cultura aberta ao pode ser...

Nesta última agenda, escolhemos apresentar os rostos das pessoas que fazem este Departamento de Difusão Cultural para ser conhecido e reconhecido nesta universidade, na cidade de Porto Alegre e em alguns lugares deste nosso país.

Claudia Boettcher diretora Departamento de Difusão Cultural

Fragmentos de um fazer interrogante

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M Ú S I C A

P R O J E T O VA L E D OZ E E T R I N TA 2 012

Presidente Nero

Formada em 2011, em Porto Alegre, a banda Presi-dente Nero se propõe a criar sonoridades que fujam do convencional. Com múltiplas influências – que passam pelo rock, reggae, funk, blues e MPB –, a banda está finalizando seu primeiro álbum, com pre-visão de lançamento ainda em 2012. Composta por Maurício Lobo (vocais e guitarra), Augusto Constanti-no (teclados), Bóris de Assis (guitarra), Gabriel Ama-ral (baixo) e Douglas da Vinci (bateria), a Presidente Nero, nas palavras dos músicos, “objetiva pela mais pura libertação musical e da alma, independente de quaisquer preconceitos musicais”.

PRESIDENTE NEROData: 13 de novembro, terça-feiraHorário: 12h30minLocal: Praça Central – Campus Vale UFRGS Av. Bento Gonçalves, 9500

Em caso de chuva, o show será transferido para o dia 14 de dezembro.

Presidente Nero / divulgação

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Duo in Cix

O Duo nasceu no Festival de Inverno de 2009 da Uni-versidade Federal de Santa Maria (UFSM), em Vale Vêneto, quando os músicos Gerson Tadeu (violino) e Lucas Duarte (violoncelo) participavam do evento. Nos intervalos entre estudos e concertos, criaram uma bem-humorada colagem musical, um mosaico que citava Bach, Villa-Lobos, Piazzolla, Beatles, e que, pelo tom de dó maior foi chamada “Tenha dó”, apresentado no festival daquele ano. Desde então, eles reúnem-se pelo prazer de tocar e descobrir novas possibilidades de textura, expressividade e timbre para a formação do duo de cordas, criando esquetes sonoros que privilegiam liberdade formal e espaço para improvisação. As influências musicais do Duo vão desde o repertório de tradição europeia até influências da música popular.

DUO IN CIXData: 04 de dezembro, terça-feiraHorário: 12h30minLocal: Praça Central – Campus Vale UFRGS Av. Bento Gonçalves, 9500

Em caso de chuva, o show será transferido para o dia 05 de dezembro.

Duo in Cix / divulgação

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M Ú S I C A

S A L A D O S S O N S

Difusão Sonora de obras musicais eletroacústicas

A Universidade Federal do Rio Grande do Sul inau-gurou em outubro de 2011 a Sala dos Sons, espaço cultural criado especialmente para a música ele-troacústica. Situada no segundo andar da Reitoria, a Sala dos Sons vem oferecendo há um ano uma experimentação nova aos ouvintes: ao participar de uma das programações, somos convidados a mudar nossas ideias e conceitos. A música eletroacústi-ca necessita de um novo critério de percepção, já que suas estratégias composicionais, estruturais e estéticas diferem das encontradas na composição da música instrumental.

Para os meses de novembro e dezembro, a Sala dos Sons propõe uma programação em que privilegia as novas criações com a estreia das obras musicais dos compositores Sergio Lemos e Maria Eduarda Mendes Martins, além da homenagem ao maestro Frederico Richter pelo seu pioneirismo, que resultou na criação das primeiras obras eletroacústicas do Rio Grande do Sul.

A peça Grãos foi criada utilizando-se sons de diver-sos tipos de sementes, que foram derrubadas em diferentes recipientes e sobre instrumentos musi-cais. Os sons originais foram processados, porém a originalidade da maioria dos sons foi mantida de modo que o ouvinte perceba que são grãos ou partí-culas que caem. A peça tem uma estrutura contínua, marcada por eventos em que vários grãos caem ao mesmo tempo. Esses eventos representam respira-ções galácticas, como se a cada exalação, milhares de estrelas fossem soltas no universo formando aglomerados de estrelas, sistemas solares, galáxias e aglomerados de galáxias.

Sergio Lemos, natural de Salvador, iniciou seus estu-dos musicais com o piano ainda na infância. Estudou violão clássico com diversos professores de Porto Alegre e atualmente é aluno do curso de Bacharela-do em Composição Musical da UFRGS, sob orienta-ção do Prof Antônio Carlos Borges Cunha.

Grãos (2012) – Sérgio Lemos

ESTREIAS DAS OBRAS MUSICAIS

Este ciclo consiste no projeto de graduação do curso de Composição Musical orientado pelo Prof. Dr. Celso Loureiro Chaves. O objetivo principal consiste em mesclar uma obra de tradição litúrgica nos seus moldes clássicos, contando com os seis textos do ordinário da missa cíclica, nesta ordem: Kyrie, Glória, Credo, Sanctus, Benedictus e Agnus Dei. Para isso, utiliza uma linguagem musical eletroacústica que começou a ser explorada somente a partir do século XX. Neste evento, serão apresentados dois movi-mentos da missa eletroacústica: Credo e Benedictus.

Natural do Rio de Janeiro, Maria Eduarda Mendes Martins iniciou seus estudos de piano aos 16 anos. Em 2011, concluiu o curso de Graduação em Com-posição Musical na UFRGS. Iniciou os trabalhos no âmbito da música eletroacústica em 2010, estudando com o Prof. Dr. Eloy Fritsch e apresentando compo-sições em Porto Alegre (BR) e Córdoba (AR).

Missa Eletroacústica –Movimentos Credo e Benedictus (2012) – Maria Eduarda Mendes Martins

ESTREIAS DAS OBRAS MUSICAISData: 6 de novembro, terça-feira Horário: 18hLocal:Sala dos Sons 2º andar da Reitoria da UFRGS Av. Paulo Gama, 110

Frederico Richter compondo no Moog Modular / divulgação

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Na homenagem a Frederico Richter, serão apresen-tadas três obras realizadas entre os anos de 1979 e 1981 na McGill University no Canadá: Estudo, Meta-morfoses, Sonhos e Fantasia. As versões originais foram espacializadas pelo compositor Eloy Fritsch para serem difundidas através da Orquestra de Alto--falantes da UFRGS.

Frederico Richter, natural de Porto Alegre, radicou-se na cidade de Santa Maria, onde assumiu como ma-estro titular a Orquestra Sinfônica de Santa Maria, da qual foi o criador e fundador. Na universidade, exer-ceu a docência como professor titular e regência por 33 anos. Começou a compor na infância e hoje suas obras somam mais de 150, entre títulos globais tais como Ciclos, Sinfonias, Peças Sinfônicas com coro e orquestra, cerca de 50 obras para Orquestra Sinfôni-ca, Orquestra de Câmara, ópera, oratórios, canções, peças instrumentais e obras eletroacústicas. Dedi-cou-se à música fractal, moderna e pós-moderna. Suas obras têm sido apresentadas em diversos

Homenagem a Frederico Richter países e por todo o Brasil, sendo atualmente um dos compositores mais conhecido do Rio Grande do Sul. É Doutor em Música pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1962) e Pós-Doutor pela McGill University no Canadá (1979-81). Adotou o cognome de Frerídio, pelo qual é conhecido pelos composito-res. Tocou na Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (OSPA) por 20 anos como 1º violino. Como maes-tro, regeu a OSPA, assim como orquestras em São Paulo, Porto Alegre e Montevidéu. Ministrou cursos no exterior e atuou como conferencista, músico, docente e pesquisador na Alemanha (Universidade Siegen, Hamburgo e IPN de Kiel), Áustria, Reino Unido, Universidade de Glasgow, Escócia (onde foi pesquisador Oversee, orientando doutorandos). No Canadá, lecionou master classes em Música nas Universidades Concordia e McGill.

HOMENAGEM A FREDERICO RICHTERData: 11 de dezembro, terça-feira Horário: 18hLocal:Sala dos Sons 2º andar da Reitoria da UFRGS Av. Paulo Gama, 110

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M Ú S I C A

Arthur de Faria / Andrew Sykes

N Ú C L EO D A C A N Ç Ã O

Na última edição de 2012 do Núcleo da Canção, con-vidamos Arthur de Faria, músico, jornalista, produtor fonográfico e mestrando em Literatura Brasileira na UFRGS, para apresentar sua pesquisa sobre Carlos Gardel (1890-1935) publicada neste ano na Coleção Folha Grandes Vozes (v. 3). O desafio de montar uma discografia gardeliana passa pelo agravante da mí-dia: em apenas 23 anos, o compositor gravou 1.443 canções, sendo que morreu antes do surgimento do LP, o que torna a compilação dispersa e, porque de dimensão colossal, praticamente inclassificável.

Não se lida com mitos impunemente. Além de seu talento espetacular como cantor e intérprete, Carlos Gardel definiu, a partir dele, e para sempre, o que seria o tango. Em sua década final de vida, trans-formou em perene um fenômeno que poderia ser sido passageiro – a explosão planetária, nos anos de 1910, do tango como dança. Com esse feito, para tornar-se eterno, só necessitava de um dado trágico, tão caro aos mitos, e ele veio, espetacular, na forma de um acidente aéreo fatal, na frente de uma multi-dão, aos 44 anos de idade.

Gardel teve canções suas interpretadas em filmo-grafias e recebeu notoriedade a partir de Mi Buenos Aires Querido, Cuesta Abajo, Mano a Mano e El Dia Que Me Quieras, que se tornam seus primeiros hits mundiais. Com o reconhecimento por seu talento,

CARLOS GARDEL: A VIDA E O TANGO-CANÇÃOData: 26 de novembro, segunda-feiraHorário: 19hLocal: Sala Fahrion – 2º andar Reitoria da UFRGS Av. Paulo Gama, 110

Carlos Gardel: a vida e o tango-canção

passou a viajar pelo mundo (apesar do seu medo de avião) e, em todos os lugares, recebia a mesma surpresa: milhares de fãs em fenômenos inéditos de histeria coletiva, cenário que viria a se repetir décadas depois com celebridades musicais euro-peias, mas raras vezes com compositores latino--americanos.

Em intertexto explícito com o Projeto Unimúsica 2012, que na edição de outubro recebeu Juan Schel-lemberg e Orquestra para um espetáculo comovente do ritmo portenho, e com o álbum Pampa esquema novo, apresentado Richard Serraria no Núcleo em maio passado, encerramos nossas atividades con-vidando o tango para soar no imaginário sulino por mais alguns meses, até o retorno das atividades no primeiro semestre de 2013.

Priscila Monteiro

revisora e bolsista Núcleo da Canção

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O show Carmen e Edith – As Musas se Encontram é realizado por cinco músicos (Tássia Minuzzo, na voz; Federico Trindade, na percussão; Rafael Lima, no saxofone; Renan Balzan, no piano, e Mariana dos Santos, no cavaquinho). Com estreia no Foyer do Theatro São Pedro em 2010, o grupo teve sua última atuação no Torres Na Cena em 2012, no qual apresentaram dois shows consecutivos. Para o Projeto Interlúdio, três músicos convidados se juntarão à equipe (Ariel Policarpo, no violino; Bruno Gelmini, no saxofone, e Gabriel Gorski, no bandolim) para executar o repertório de dedicado às cantoras Carmen Miranda (1909-1955) e Edith Piaf (1915-1963), que atuaram na mesma época, uma no Brasil e a outra na França. Essas duas musas estabelece-ram forte influência cultural e musical dentro de seus países, o que nos permite uma leitura nacionalista que engloba gêneros musicais da mesma época, porém vindos de culturas diferentes. Carmen se destaca com os ritmos brasileiros (samba, chori-nho e marchinha), remetendo ao espírito festivo do carnaval, da comédia, e também à polêmica, como é o caso da canção “Americanizada”, síntese de seu desabafo à rejeição causada pelo público brasileiro

I N T E R L Ú D I O

na época em que esteve nos Estados Unidos. Em Piaf, temos canções com influências de blues, jazz e valsa, que despertam lados trágicos, românticos e sedutores, mantendo uma atmosfera de densidade e dramaticidade.

O objetivo do grupo é homenagear essas duas cantoras de grande destaque em suas épocas, cada uma representando o seu país, e que oferecem um repertório distinto, de música brasileira e francesa, conduzindo os ouvintes a universos e emoções diversas. Carmen e Edith – As Musas se Encontram promete embalar ouvintes de gerações distintas e comover com o repertório dessas duas notáveis damas do século XX.

CARMEN E EDITH – AS MUSAS SE ENCONTRAMData: 16 de novembro, sexta-feiraHorário: 12h30minLocal: Salão de Atos da UFRGS Av. Paulo Gama, 110

Carmen e Edith – As Musas se Encontram / divulgação

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Abertamente inspirada nas orquestras de Severino Araújo, Thad Jones, Count Basie e Duke Ellington, a Banda Mantiqueira é saudada por Luis Fernando Verissimo como a grande “biguibandi” brasileira. Depois de lotar o Salão de Atos da UFRGS em sua apresentação no Projeto Unimúsica 2008, a Manti-queira, liderada pelo maestro Nailor Azevedo Prove-ta, traz pela segunda vez a Porto Alegre o virtuosismo de seu conjunto de quatorze instrumen-tistas-solistas e sua levada inconfundível.

Em atividade há mais de vinte anos, a orquestra paulista já dividiu o palco com inúmeros músicos também virtuosos, como Paquito D’Rivera, Joshua Redman, César Camargo Mariano, Nelson Ayres,

ESPETÁCULOData: 01 de novembro – quinta-feiraHorário: 20hLocal: Salão de Atos da UFRGS Av. Paulo Gama, 110

A retirada de senhas pode ser realizada através da troca de 1kg de alimento não perecível por ingres-so, a partir de 29 de outubro, das 9h às 18h, no mezanino do Salão de Atos da UFRGS ou pelo site www.difusaocultural.ufrgs.br

Banda Mantiqueira

U N I M Ú S I C A 2 012 S É R IE O R Q U E S T R A S E B I G B A N D S

WORKSHOPData: 01 de novembro – quinta-feira Horário: 16hLocal: Salão de Atos da UFRGS Av. Paulo Gama, 110

Inscrições pelo site www.difusaocultural.ufrgs.br, a partir de 24 de setembro.

Hermeto Pascoal, entre tantos outros, e vem desen-volvendo uma memorável parceria com a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, registrada em três diferentes álbuns. Além dos discos com a OSESP, a Mantiqueira tem ainda Aldeia (1998), Bixiga (2000) e Terra Amantiquira (2005), que recebeu o Prêmio Tim de Melhor Álbum de Música Instrumental em 2006. Somando-se a isso as duas indicações ao Grammy, as diversas turnês pelo Brasil e pelo exterior, os concertos lotados – como aqui, em 2008 – e as rese-nhas entusiasmadas, é possível se ter uma ideia do lugar que a Mantiqueira ocupa na história da música instrumental do país.

No encerramento da série orquestras e big bands do Unimúsica teremos uma nova oportunidade para conferir de perto a performance da Mantiqueira e os inspirados arranjos de Proveta – e de seu principal colaborador, o violonista e contrabaixista Edson Alves – para composições de Caymmi, Pixinguinha e Luiz Gonzaga.

Lígia Petrucci

coordenadora Projeto Unimúsica

M Ú S I C A

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Num país marcado pela criatividade na troca de passes, é na música popular que surgem algumas das jogadas mais singulares a que temos direito enquanto cidadãos brasileiros. Troca que se faz nas alturas, aqui não da voz humana, mas da voz de cada instrumento, quando falamos da Banda Man-tiqueira, vencedora do Prêmio Tim de Música 2006 para melhor grupo instrumental. Como ver quatorze moleques jogando bola, ali no palco, faceiros de “encontrar consigo mesmo lá dentro”, nas palavras do maestro Nailor Proveta. E era mesmo essa a intenção: quando Proveta e amigos, acolhidos por uma sincronicidade musical numa mesma república estudantil em São Paulo, decidiram que não se tor-nariam tristes com a música – rumo que enxergavam em muitos dos instrumentistas da geração anterior.

Naquele momento, a criatividade de Proveta também se mostrou na força para desenvolver um trabalho que pudessem seguir, quando o cenário da música nacional sofria grandes mudanças. E aí o jogo de cintura que já se fazia presente na hora de passear com destreza entre o erudito e o popular veio aparecer na resposta às dificuldades que se apresentavam, com a criação, em 1991, de uma big band que virou grande banda – não apenas pela qualidade, que rendeu indicação ao Grammy já em seu primeiro álbum, Aldeia (1996), mas também pelo clima de Brasil que deu ao formato tradicionalmente norte-americano. E não poderíamos esperar menos de um talentoso clarinetista – afinal, o instrumento de sopro é sempre ar em movimento, vencendo obstáculos e produzindo uma infinidade de sons. Hoje com três álbuns gravados, além de três regis-tros de encontros com a Orquestra Sinfônica de São Paulo, a Mantiqueira é tida como um dos encontros mais frutíferos da música instrumental no país.

E se o arranjador e compositor Proveta foi funda-mental para o surgimento desse time de virtuosos, a Banda Mantiqueira não seria a mesma sem a presen-

Linha de passe nas alturas

E N S A I O

ça do também arranjador e compositor Edson Alves. Ambos músicos com os pés fincados na tradição do choro e do samba, ficam suspensos a alguns palmos do chão e ajudam a fazer o país ao se apropriarem dela com irreverência, e, talvez o mais importante, com muito afeto. “Porque estamos fazendo música brasileira, mas, no fundo, estamos cuidando das pes-soas com a música” – explica Proveta. Cuidado que se dá tanto na sinceridade que levam para o ouvinte brasileiro como nos ajustes de um arranjo capaz de fazer com que todos toquem sorrindo. Cuidado ao homenagear os amigos, ao dedicar suas composi-ções com o carinho de quem traz sua verdade para a música.

Mas Proveta e Edson também estão, ao contrário, cuidando da música com as pessoas. E cuidar da música é saber revisitá-la de uma forma própria, para que não permaneça apenas uma data, mas que, antes, esteja viva, que “pule do quadro”. Nesse sen-tido, a diversidade dos músicos integrantes da Man-tiqueira só faz contribuir para uma busca constante “para que as notas estejam numa temperatura ideal e todos possam sentir o sabor”, conforme Proveta. Sabor que surge no imprevisto, numa química que aparece quando o objetivo não é a segurança, mas tocar junto – o que demanda atenção e confiança. E, ao vê-los de fato tocando juntos, lá nas alturas do cosmos, a música se torna então mais uma maneira de perceber a vida. “Ela não está numa caixinha, ela está por aí, mas você tem que estar com o coração muito livre, e despretensiosamente tentar encontrá--la,” diz o maestro.

Produzido em 2008 para Série Contrapontos por

Lolita Beretta, bolsista Projeto Unimúsica

Banda Mantiqueira / Thaís Brandão

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Na verdade, penso que em nenhum momento houve uma separação. Eu tocava saxofone desde pequeno, quando morava em Leme, cidade do interior de São Paulo. Era a época das bandas de coreto nas praças, tradição que trago de volta no álbum. Meu pai era acordeonista, então na família já havia uma relação com a música – coisa que tenho em comum com muitos dos músicos da Banda Mantiqueira. Somos todos de uma época em que, nas famílias, sempre havia um tio ou um avô que tocava algum instru-mento. Mas claro, com o tempo, houve o despertar de uma consciência maior, como adulto, na percep-ção de uma música que integrasse mais o meu com-promisso como ser humano e como músico tam-bém. Compromisso que nos remete às referências que fazem parte da nossa história – musical e afetiva. Seja ela simples ou não, ela tem que nos convencer, porque quando fazemos música, estamos também levando nossa verdade para as pessoas, e cuidando das pessoas com a música. O músico tem o dever de informar o público, levar sua verdade e, neste sentido, educar. É uma verdade que nasce do nosso interior, no caminho do coração.

O seu álbum solo, Tocando para o interior (2007), nos remete à sua história musical, que é, também, a sua história afetiva com músicos de grande importân-cia para a sua formação e para o cenário da música instrumental no Brasil. Como é o encontro entre o menino uniformizado da Corporação Musical Maes-tro Ângelo Cocentino e o consagrado líder da Banda Mantiqueira?

E N T R E V I S TA C O M N A IL O R P R O V E TA

Você, além de instrumentista e compositor, é muito conhecido pela excelência de seus arranjos – tarefa muitas vezes esquecida pelo público, mas funda-mental para o funcionamento da música. Como é ar-ranjar temas seus e de outros tantos compositores, à frente de uma banda de quatorze músicos?

Fazer arranjos seria como organizar ingredientes numa cozinha imaginária de acordes e arranjos, sempre buscando um sabor perfeito para cada um dos músicos. Quando se escreve, é como se você adivinhasse como determinado músico gosta de tocar. No caso da Banda Mantiqueira, temos já uma relação de dezoito anos, e com o tempo sabemos não tudo, mas uma boa parte das características e particularidades de cada amigo. Isso é muito impor-tante, porque o músico rende muito mais se, na sua linha melódica, existem elementos com os quais ele se identifica. Porque tem músicas que você toca, acha bonita, mas você não está lá dentro. Uma vez um professor meu de São Paulo foi assistir a nossa estreia num bar. Quando terminou o show, perguntei a ele o que tinha achado. Ele respondeu: “As ideias estão boas, mas você percebeu a expressão do baixista, a expressão do baterista? Eles estão tristes. Eles estão só acompanhando”. Aí eu entendi: eles estavam fora do quadro, eles não se enxergavam lá dentro.

Evidentemente, é necessário também, nos momen-tos certos, levar desafios para cada músico, para que haja uma reciclagem pessoal e musical. Depois de um bom tempo de observação e percepção, a gente já sabe de longe quando um músico está precisan-do de uma vitamina. Às vezes, eles vêm me dizer: “Poxa, ali você me apertou”. Mas quando eu ofereço para mudar, eles sempre recusam e preferem aceitar o desafio. E como na música popular a gente não tem a obrigatoriedade de escrever tudo, podemos apenas deixar as coisas alinhavadas, e depois cada músico vai se ajustando, até encontrarmos juntos aquela música que fica saborosa para todos.

M Ú S I C A

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De que modo você se coloca dentro da trajetória da música instrumental no Brasil, e qual a maneira que você encontra para dialogar com as gerações anteriores?

Penso que cada um de nós cumpre um papel de continuar não exatamente com as mesmas músi-cas, mas com as atitudes de alguns mestres, que nos deixaram um rico material que diz respeito a como fazer música integralmente. Isso tem a ver com linguagem. Não poderíamos confundir algumas palavras que fazem parte da nossa língua com ape-nas algumas gírias. Na hora de revisitar um reper-tório, a grande questão é olhar para a música não como uma data ou um gênero, mas de uma forma nossa. A música tem que estar viva, tem que estar pulando do quadro. A gente pega uma música do Pixinguinha, por exemplo, e usa acordes com outras tensões, outras cores. Senão todo mundo tocaria a mesma coisa. Na música popular, a gente tem que estar sempre criando, trabalhando no risco. Mas eu prefiro conviver com as possibilidades de queimar um pouco a comida, ou de não acertar o ponto, do que já chegar com a comida pronta.

“No princípio, era a roda”: música é quantos amigos você tem?

A música é uma das linguagens de se perceber e aumentar a nossa participação na vida. Temos muitos outros amigos que falam outras línguas, que também se esforçam para fazer parte deste univer-so. Universo que está ligado à forma de como criar, de como respeitar, de como ouvir e perceber o próximo. Perceber as pessoas é uma qualidade do ser humano, e na música temos que estar sempre atentos para perceber se estamos mesmo tocando juntos, se todos os amigos estão felizes. A música é um dos grupos de amigos do qual fazemos parte, e a nossa maior riqueza é poder perceber essa vida em grupo, juntos descobrindo o bem comum.

Nailor Azevedo Proveta / Thaís Brandão

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Acho que a música contribui sim na formação de um país. Porém, seria necessário que o governo e autori-dades da área cultural se empenhassem mais para elevar a cultura em geral, de forma mais ampla. Vol-tamos sempre à questão da educação, que deveria ser de altíssimo nível. Deveria haver acesso gratuito de bens culturais a todos, de música instrumental também, principalmente por ser ela “a diferente”. A música vocal muitas vezes é mais fácil, devido ao “apoio” da poesia. Então, digamos que é importante que a divulgação do diferente, do especial, se dê de forma mais ampla, porque quem não conhece, não pode saber se gosta, não se identifica. Além da edu-cação, temos aqui também o problema da memória, via de regra tão maltratada no nosso país.

Muitas vezes falamos da produção artística de um país como formadora da nação, na medida em que dialoga com o sujeito – refletindo-o e também sendo um caminho para que este se perceba por novas óticas. No caso da música instrumental, como é pos-sível falar de uma música que ajuda a formar o país?

E N T R E V I S TA C O M E D S O N J O S É A LV E S

A música instrumental acontece em fragmentos/seg-mentos – um pouco em cada cantinho do país. Em todos os lugares que já percorri, sempre me deparei com músicos fazendo música instrumental: compo-sições próprias, música característica da região e os famosos regionais, que em cada lugar têm uma cor, uma formação. Esses agrupamentos servem muitas vezes de facilitadores de relacionamento entre dife-rentes gerações – fazendo uma ponte entre o velho e o novo. Veja-se o caso dos conjuntos de choro onde velhos e jovens fazem música junto – em contrapar-tida com a música vocal, onde normalmente todos devem ser muito jovens! A música instrumental é o sarau do fim do domingo, o motivo do encontro.

Sobre a trajetória da música instrumental no Brasil, no que ela é particular em relação ao resto de nossa produção musical?

Essas duas vertentes de música instrumental apare-cem direto no meu dia a dia, sempre que acompa-nho alguns colegas artistas ou instrumentistas que, historicamente, são da “tradição não escrita”, ou quando tocando com a Banda Mantiqueira. Isso se deve a minha formação: comecei aprendendo com meu pai, que era chorão, músico da tradição não escrita, e depois fui para o conservatório, lugar da tradição escrita. A minha atuação tem a parte cons-ciente, que é a parte da escrita, do conhecimento das estruturas e de harmonia, e essa parte conscien-te muitas vezes supera uma atuação que poderíamos chamar de intuitiva, de tradição não escrita.

No Brasil, pode-se dizer que há duas vertentes da música instrumental: uma de tradição escrita, outra de tradição não escrita. Essas duas vertentes muitas vezes dialogam, outras não. De que maneira elas aparecem no seu trabalho?

Compartilho plenamente da ideia do grande mú-sico Maurício Einhorn – um puro representante da tradição não escrita –, na certeza de que a música é “medicamento da alma”. Sempre nos sentimos bem, eufóricos mesmo, depois de um belo show, de par-ticipar de um sarau, de uma roda de choro – ou no sofá, quando tocamos sozinhos, quase em contato com o cosmos!

Produzido em 2008 para Série Contrapontos por

Lolita Beretta, bolsista Projeto Unimúsica

O gaitista brasileiro Maurício Einhorn, ao lembrar o momento de crise em que vivemos, fala da música como refúgio, como “medicamento da alma”. Você compartilha dessa ideia?

M Ú S I C A

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R E F L E X Ã O

C O N F E R Ê N C I A S U F R G S

Um momento em que ritualizamos e pensamos em nós mesmos. Esta pode ser a frase que sintetiza o ciclo de conferências que chamamos Conferências UFRGS. Na sua primeira edição, celebramos os 75 anos da Universidade. Na segunda, com a curadoria do Professor Pedro Fonseca, o tema foi “Brasil e Brasilidade”. Foram dez conferências que fizeram as leituras do Brasil de diversos ângulos e interpreta-ções de futebol à sexualidade, de violência à música, passando por economia e identidade. Na terceira edição, oito professores nos trouxeram importan-tes reflexões sobre “O futuro da universidade na sociedade do conhecimento”, com a curadoria de César Vasconcellos. Na edição de 2013, traremos o tema das diversidades e interculturalidades atra-vés, também, de oito conferências. Assim, em que pese a sua curta existência, as Conferências UFRGS tornaram-se tradição, inclusive incorporadas ao calendário cultural da Reitoria.

Os modos de ver o mundo, as orientações morais e valorativas, os comportamentos sociais são frutos de uma herança cultural. Terry Eagleton sintetizou bem quando escreveu que dentre os termos mais complexos está o termo “cultura”. Talvez a honra do ser mais ainda esteja reservada ao seu oposto: a “natureza”. O dilema que acompanha esta reflexão está posto: como conciliar a unidade biológica e a imensa diversidade cultural da espécie humana?

Essa é a natureza da cultura: fizemos parte de uma mesma grande família humana, mas nos diferen-ciamos pelo nosso modo de vida. Compreender a diversidade é tarefa que exige o que chamarei de “tempo de acolhimento”, pois são muitas as possi-bilidades dos encontros embora as lentes usadas estejam desencontradas.

Conferências 2013 – Entre a lente e o lápis: as mediações possíveis

CONFERÊNCIAS UFRGS 2013Data: de abril a novembro de 2013, segundas e quartas-feiras do mês.Horário: 19hLocal: Sala Fahrion – 2º andar Reitoria da UFRGS Av. Paulo Gama, 110

Uma terrível ameaça à diversidade é a subordina-ção simbólica que afeta grande parte das culturas e reforça a preeminência de uma cultura globalizante. Vivemos tempos em que a existência – esta cria da modernidade – está sendo questionada, complexi-ficada. Pari passu a um individualismo crescente, observamos a busca por anterioridades, por perten-cimentos.

Nas palavras de Néstor Canclini, o século XX foi o século da ascensão e do fracasso das revoluções contra a desigualdade, mas foi também o século do reconhecimento da diversidade. Avançamos na aceitação da pluralidade étnica, das orientações de gêneros e sexualidades, e também na possibilidade de uma pessoa ter mais de uma nacionalidade. Con-tudo, estes movimentos não estão sendo suficientes para tornar o mundo mais habitável. Nossos objetos de análise também migraram de uma diversida-de como riqueza a uma interculturalidade como desordem. Talvez o espaço de sentido cultural esteja nos entretantos da continuidade e da ruptura das tradições.

Neste sentido, as Conferências UFRGS 2013 se colocam como um espaço em que será debatida a função social da academia de fazer a mediação sim-bólica entre a não ciência e a ciência, entre a lente e o lápis.

Sinara Robin

curadora Conferências 2013

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O Fronteiras do Pensamento 2012 iniciou sua 6ª edição propondo não apenas discutir um certo “mal-estar” que toma conta de nossa civilização – já comentado em célebre texto de Sigmund Freud –, mas oferecer respostas a partir do ponto de vista de intelectuais engajados com importantes questões globais, como a ideia de justiça, a biodiversidade do planeta, a arquitetura sustentável, as alterações no cérebro e no comportamento humano, a mobilidade urbana e a popularização da filosofia e da ciência.

“O mal-estar da nossa civilização se define pela dúvida sobre o modelo de desenvolvimento global no qual o planeta tem apostado, ao menos desde o pós-guerra. Em uma época que se orgulha dos avan-ços da ciência, é observado um crescimento inaudito do fundamentalismo e da intolerância religiosa. O Fronteiras do Pensamento provoca esta discussão”, comenta o Prof. Dr. Donaldo Schüler, consultor acadêmico do projeto. De fato, em 2012 o Fronteiras abordou o tema sob a escuta de visões diferencia-das, como a do economista indiano Amartya Sen, do filósofo britânico Simon Blackburn, do pesquisa-dor norte-americano Michael Shermer, da cientista britânica Susan Greenfield, e do filósofo e linguista búlgaro Tzvetan Todorov. Sobre a realidade mais imediata, as análises foram urgentes e contundentes, com a vinda à tona de temas como a vida urbana, o crescimento desordenado das cidades, as soluções criativas para a preservação ambiental e a arquite-tura humanizada capaz de oferecer soluções para a

Questionando as fronteiras

F R O N T E I R A S D O P E N S A M E N T O

redução da pobreza e do sofrimento humanos. Para estas questões, a ambientalista indiana Vandana Shiva, o urbanista colombiano Enrique Peñalosa e o arquiteto britânico Cameron Sinclair ensaiaram algumas propostas, trazendo exemplos e pesquisas, e abordando as derrotas e vitórias na execução de projetos que hoje podem servir de inspiração para que a sociedade civil tome a frente em muitas ques-tões que antes eram pensadas como de exclusiva responsabilidade do Estado.

Palavras conhecidas, mas renovadas pelo contexto de incertezas e possibilidades contemporâneas, devem ter tocado a plateia de mais de mil pesso-as a cada conferência: humanitarismo, civilidade, conexão, produtividade, progresso, democracia, artificialidade, inclusão, espaço público, liberdade, autoquestionamento, diferença e criatividade foram pronunciadas diversas vezes e com a multiplicidade de opiniões próprias dos conferencistas convidados. A rodada de indagações continua até novembro des-te ano: no dia 31 de outubro, a experiência do Nobel da Paz, Mohamed ElBaradei, ator privilegiado de alguns dos conflitos mais agudos do nosso tempo, incluindo a Primavera Árabe no Egito, estará sendo comentada no Fronteiras. E no dia 12 de novembro, fechando a 6ª edição do Ciclo de Altos Estudos, um dos principais escritores do continente africano e também um dos autores mais traduzido no mundo, o moçambicano Mia Couto vai abordar a diversidade da língua portuguesa por meio de seus romances:

R E F L E X Ã O

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Diplomata e professor egípcio, Prêmio Nobel da Paz em 2005 por “seus esforços para prevenir que a energia nuclear seja utilizada para fins militares e para assegurar que a sua utilização para fins pa-cíficos seja o mais segura possível”. Ex-chefe de supervisão nuclear das Nações Unidas, é conside-rado uma das principais figuras para a derrubada do regime de Hosni Mubarak e mantém-se como forte crítico do conselho militar que governa o Egito desde o início de 2011. Com base em sua carreira de diplomata, acadêmico e funcionário de várias organizações internacionais, Mohamed ElBaradei foi diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) de 1997 a 2009, reforçando em seu mandato a não proliferação nuclear.

Mohamed Elbaradei

Romancista moçambicano, Couto é considerado um dos principais escritores do continente africano e também dos mais traduzidos no mundo, sendo comparado a Gabriel García Márquez, Guimarães Rosa e Jorge Amado. Em suas obras, tenta recriar a língua portuguesa com uma influência moçambi-cana, utilizando o léxico de várias regiões do país e produzindo um novo modelo de narrativa. Enquanto atuava como jornalista, Mia Couto foi nomeado diretor da Agência de Informação de Moçambique e também dirigiu a revista Tempo. Graduado em Biolo-gia, atualmente dirige uma empresa que faz estudos de impacto ambiental. Em 1999, recebeu o Prêmio Vergílio Ferreira pelo conjunto da obra e, em 2007, o Prêmio União Latina de Literaturas Românticas.

Mia Couto

MIA COUTOData: 12 de novembro, segunda-feiraHorário: 19h30minLocal: Salão de Atos da UFRGS Av. Paulo Gama, 110

Os passaportes do Fronteiras do Pensamento já estão esgotados.

Informações: www.fronteirasdopensamento.com

MOHAMED ELBARADEIData: 31 de outubro, quarta-feiraHorário: 19h30minLocal: Salão de Atos da UFRGS Av. Paulo Gama, 110

aqueles que produzem novos modelos de narrativas e imaginários, centrados na cultura africana – que no cenário global atual não é continental, mas sim, fronteiriça.

Fronteiras / divulgação

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Em novembro, a Sala Redenção – Cinema Univer-sitário dedica sua programação ao cinema iraniano exibindo filmes de alguns dos principais cineastas do país desde o final da década de 1980. Segundo Alessandra Meleiro,* “o Irã produziu o mais denso conjunto de autores desde o novo cinema alemão na década de 1970” (2008, p. 338). A “revolução ira-niana”, ocorrida em 1979 transforma o Irã, até então governado pelo monarca Xá Mohammad Reza Pah-levi, em uma república islâmica que, ainda segundo Meleiro, é única forma de governo no mundo em que “Islã” e “república” caminham juntos. Se num primeiro momento, houve uma aliança entre grupos liberais, grupos de esquerda e religiosos para depor o Xá, em um segundo, quando a revolução começa a ser chamada de “islâmica”, ela passa a ser gover-nada pelos aiatolás sob o comando do líder religioso Ruhollah Khomeini. Com a queda do Xá, houve o retorno a valores antigos e várias tradições voltaram a ser “impostas”. A relação com o Ocidente foi sus-pensa e os preceitos do Alcorão eram seguidos de forma extrema. Com a morte de Khomeini, sobe ao poder líderes menos extremados e, nos anos 1990, no comando de Mohammad Khatami, o Irã volta a se abrir para o Ocidente. Foi um período de grande importância para o cinema, já que vários cineas-tas iranianos ficaram conhecidos com a presença regular em festivais internacionais, mesmo que ainda sofrendo censuras em seu país, trabalhando com limitações orçamentárias e com equipamentos

Cinema Iraniano em foco

N O V E M B R O

precários. Em 1999, o governo iraniano realiza uma ampla reforma econômica na área cinematográfica, facilitando a entrada de bens e de serviços para as atividades ligadas ao cinema, facilitando a expor-tação de filmes iranianos. Companhias cinemato-gráficas estrangeiras passaram a produzir filmes de autor de forma interna e externa, beneficiando vários cineastas iranianos. Cineastas como os Kiarostami, Makhmalbaf, Panahi, Majidi, Farhadi entre outros, passam a ter reconhecimento internacional ao mes-mo tempo em que provocam um grande impacto em seu país por construírem, de formas diferentes, críticas à sociedade. Se num primeiro momento, na década anterior, tais diretores realizavam um cinema mais “humanista”, passam a fazer um cinema com maiores implicações políticas. A escolha de crian-ças para protagonistas dos filmes como veículo de crítica social e a utilização de metáforas para abordar a opressão social dá cada vez mais lugar para filmes que abordam a situação das mulheres iranianas, por exemplo. Nesta Mostra, exibiremos seis longas de Abbas Kiarostami. Onde fica a casa de meu amigo? (1987), Close up (1990), Vida e nada mais (1992), Através das oliveiras (1994), Gosto de cereja (1997) e Dez (2002), um filme que rompe e elimina várias convenções do cinema clássico, inclusive a presença do diretor e do fotógrafo no set, já que filma apenas com uma câmera digital no painel do carro, controla-da a distância pelo diretor. Longas que apresentaram Kiarostami ao ocidente; um cineasta que produz des-

A Separação

Cinema iraniano em foco

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de os anos 1960 e que continuou produzindo mes-mo após a revolução. Um cineasta que realiza filmes que lembram os do neorrealismo italiano – por ser adepto a uma escola que faz pouco uso do estúdio, sem uma mise-en-scène elaborada, com persona-gens em situações “de uma realidade imediata”, filmando com câmera na mão – para assim denun-ciar os problemas sociais, criticar o autoritarismo e o conservadorismo do governo iraniano em relação ao próprio cinema. No entanto, Alessandra Meleiro coloca que “há algo muito específico a respeito do realismo cinematográfico iraniano que não pode reduzido ao italiano ou a qualquer outro neorrealis-mo” (p. 349). De Mohsen Makhmalbaf, exibiremos quatro filmes. Gabbeh (1996), que obteve um grande reconhecimento de público, Salve o Cinema (1995), A caminho de Kandahar (2001) e Um dia muito espe-cial (2005). Diretor de estilo e de temática marcantes, na primeira fase de sua produção o fundamentalis-mo religioso se faz presente – fundamentalismo este que será cada vez mais substituído pelo político, quando passa a refletir sobre a impossibilidade de a revolução resolver os problemas do Irã. A partir de então, seus filmes mostram o desapontamento e o crescente empenho pela busca da liberdade e da livre expressão. De Jafar Panahi, exibiremos O balão branco (1995), O espelho (1997), O Círculo (2000) e Isto não é um filme (2010). Um diretor combativo que realiza filmes de forte denuncia contra a situa-ção social e contra perseguição à mulher iraniana. Acusado de fazer propaganda contra a revolução islâmica e de apoiar os opositores do atual presi-dente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad. Panahi foi

condenado a seis anos de prisão e a vinte anos sem poder filmar. Isto não um filme (2010), codirigido por Mojtaba Mirtahmasb, tematiza justamente as possibilidades de um diretor que não pode realizar seu filme. O longa, mistura de ficção com documen-tário em uma espécie de “não filme”, foi exibido no Festival de Cannes em 2011, depois de ter saído do país, de forma clandestina, em um pen drive, dentro de um bolo. De Samira Makhmalbaf, filha de Mohsen Makhmalbaf, exibiremos A maçã (1998) e Às cinco da tarde (2003). De Majid Majidi, contamos com Filhos do paraíso (1998) e A cor do paraíso (1998). Asghar Farhadi marca presença com Procurando Elly (2009) e com o celebrado A separação (2011), que movimentou a cena cinematográfica no último ano, sendo vencedor de vários prêmios, entre eles o Glo-bo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro. Fazendo uso do tema do divórcio, Farhadi não apenas critica o atraso e a hipocrisia da sociedade fundamentalista iraniana, como também narra uma história que não deixa de ser universal, com seus dramas e tragédias – mesmo que no Irã os fatos adquiram outra dimen-são. E novamente a câmera na mão serve de recurso para que os dramas dos personagens fiquem mais próximos de nossos próprios dramas. Eis a progra-mação de novembro para a Sala Redenção: esta é a maneira que encontramos de homenagear o novo cinema iraniano com sua forma de fazer cinema que está tão longe e tão próxima de nós.

Tânia Cardoso curadora Mostra Cinema Iraniano

* MELEIRO, Alessandra. O novo cinema iraniano. In: BAP-TISTA, Mauro; MASCARELLO, Fernando (orgs.). Cinema mundial contemporâneo. Campinas: Papirus, 2008, p. 352.

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D E Z E M B R O

Para fechar o ano de 2012, a Sala Redenção – Ci-nema Universitário conta com a curadoria especial de Fernanda Castilhos (Artes Visuais) e de Maurício Lobo (Jornalismo), alunos da UFRGS e bolsistas do Cinema. Depois de um ano de trabalho no Departa-mento de Difusão Cultural, ligados ao projeto da Sala Redenção, eles nos brindam com a mostra Cinema e Rock. E, como não poderia deixar de ser, cabe a eles a apresentação da Mostra com o texto que segue.

Tânia Cardoso e Edgar Heldwein

coordenadores Sala Redenção

A Mostra Cinema e Rock conta na sua programa-ção com alguns dos seus grandes nomes em uma seleção de filmes e documentários que buscam reviver os momentos mais importantes na cena da música contemporânea. Os 57 anos de existência do rock são marcados por momentos emblemáticos. Começamos a Mostra sem esquecer as raízes do movimento, apresentando o filme Cadillac Records (2008), que conta a cena do blues e da música negra americana. Em Elvis – o início de uma lenda (2005), vemos a história do rei desde as suas primeiras gravações, em meados da década de 50, gravações essas que anunciaram a chegada do rock’n’roll e definiram um padrão de comportamento para uma nova juventude. A aparição dos Beatles no Eddie Sullivan Show, em 1964, mostrou uma nova ma-neira de fazer música pop e levou bandas inglesas como The Who e Rolling Stones a desembarcar nos Estados Unidos em busca de sucesso, como retratado em Across the universe (2007), O garoto de Liverpool (2009) e George Harrinson: living in the material world (2011). Já Bob Dylan, transformou a poética do rock, que se libertaria de temáticas como carro e garotas para imergir em assuntos sociais, acompanhando toda a transformação política das décadas seguintes. Sua biografia é trazida de uma maneira brilhante pelo diretor Todd Haynes em Não estou lá (2007). A partir de então, a questão passou a ser o que dizer, e como dizer, levantando ainda mais a bandeira revolucionária do rock. Nesse sentido, vemos o ritmo se tornar um movimento artístico de vanguarda. As discografias das bandas ícones

passam a desfrutar de um status incontestável no panteão das grandes obras musicais do século XX, e quando essas bandas se tornam referências para outras, os novos grupos passam a se articular em movimentos que procuram superar e contestar seus antecessores. Desse modo, se encadeia uma nova geração de bandas como Led Zeppelin, presente na mostra através do seu filme The song remains the same (1976), e Pink Floyd, com o icônico The Wall (1982). Cada vez que um movimento era assimilado pela indústria de entretenimento, que os artistas ou-trora questionadores eram amansados pelo dinheiro e pela fama, surgia uma nova banda pronta para transformar suas limitações em qualidades, como fizeram as bandas de punk e eletro-rock nos anos 70 e 80, apresentadas na mostra pelos filmes Velvet Goldmine (1998) e 24 hour party people (2002). Não esquecendo a importância do rock no Brasil, a mos-tra é contemplada com filmes sobre três grandes músicos brasileiros: Raul Seixas, com Raul, o início, o fim e o meio (2012), Cazuza, o tempo não pára (2004) e Loki: Arnaldo Baptista (2008), documentário que fala da vida e carreira de uma das bandas mais emblemáticas do Brasil: Os Mutantes. Sem deixar de lado alguns artistas norte-americanos que inseriram seus nomes no hall da fama da música contempo-rânea, trazemos com o filme Last Days (2005), os últimos dias da vida de Kurt Cobain, vocalista da banda mais significativa na cena grunge de Seattle. Para terminar a Mostra, o lendário festival documen-tado no filme Woodstock – 3 dias de paz, amor e música (1970) mostra os shows de grandes ídolos do rock, como o lendário guitarrista Jimmy Hendrix, que transformou a obrigatoriedade de tocar o hino nacional norte-americano em apresentações em uma ácida crítica às bombas lançadas sobre o Vietnã, renovando completamente a noção do que é tocar um instrumento musical.

Fernanda Castilhos e Maurício Lobo

bolsistas Sala Redenção – Cinema Universitário

Mostra Cinema e Rock

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The Beatles – Os reis do iê iê iê

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NOVEMBRO

Cinema Iraniano em foco

ONDE FICA A CASA DO MEU AMIGO? 01 de novembro – 5ª feira – 16h(Khane-ye doust kodjast?, Irã, 1987, 83 min.)Dir. Abbas Kiarostami Ao fazer o seu dever de casa, Ahmad descobre que pegou o caderno do seu amigo por engano. Sabendo que o professor exige que as tarefas sejam feitas no caderno, ele vai a vila vizinha com o intuito de encontrar o amigo e então devolver o caderno. Ahmad não consegue encontrar seu ami-go, pois não sabe onde ele mora. Ele decide então voltar para casa e fazer a lição de casa do seu amigo.

CLOSE-UP 01 de novembro – 5ª feira – 19h05 de novembro – 2ª feira – 16h(Nema-ye Nazdik, Irã, 1990, 90 min.)Dir. Abbas Kiarostami Diretor de cinema investiga o caso real de um jovem que foi preso ao se fazer passar por um dos cine-astas mais famosos do Irã. Seus acusadores são uma família rica que o acolheu, pensando que ele realmente era o cineasta. O diretor pede permissão especial para fil-mar o julgamento, registrando, em close, as reações do réu.

VIDA E NADA MAIS 05 de novembro – 2ª feira – 19h06 de novembro – 3ª feira – 16h(Zendegi va digar hich, Irã, 1992, 95 min.)Dir. Abbas Kiarostami Depois do terremoto de Guilan, um diretor de cinema e seu filho viajam até a área devastada em busca dos atores que haviam estrelado um filme seu alguns anos antes. Na busca, eles descobrem que as pessoas que perderam tudo no terremoto ainda tem esperança para seguir em frente.

ATRAVÉS DAS OLIVEIRAS 06 de novembro – 3ª feira – 19h07 de novembro – 4ª feira – 16h(Zire Darakhatan Zeyton, Irã, 1994, 103 min.)Dir. Abbas Kiarostami Um cineasta filma no interior do Irã numa região marcada pela po-breza e abalada por um terremoto. Paciente, ele conversa com as pes-soas e se interessa pelos pequenos dramas de todos. Os atores são recrutados entre os habitantes e o final das filmagens acaba atrasado porque dois dos selecionados não conseguem repetir as falas de uma cena banal.

GOSTO DE CEREJA 08 de novembro – 5ª feira – 19h09 de novembro – 6ª feira – 16h(Ta’m e Guilass, Irã, 1997, 95 min.)Dir. Abbas Kiarostami Um homem em Teerã contrata um velho soldado para um trabalho estranho: ao amanhecer do dia seguinte, chamá-lo duas vezes perto de uma cova aberta; se ele responder, deve ajuda-lo a sair, se-não, sepultá-lo. Vencedor de Palma de Ouro do Festival de Cannes.

DEZ08 de novembro – 5ª feira – 16h09 de novembro – 6ª feira – 19h(Dah, 2002, Irã, 91 min.)Dir. Abbas KiarostamiDez pequenas histórias sobre as vidas emocionais de seis mulheres e as maneiras como elas devem lidar com determinadas situações, observadas sob diferentes pontos de vista.

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GABBEH12 de novembro – 2ª feira – 16h(Gabbeh, Irã, 1996, 75 min.)Dir. Mohsen Makhmalbaf Proibida de juntar-se a seu amante, jovem disfarça suas frustrações através dos fios que tecem um intricado e belo tapete, ao qual empresta seus mais profundos sentimentos.

SALVE O CINEMA 12 de novembro – 2ª feira – 19h13 de novembro – 3ª feira – 16h(Salaam Cinema, Irã, 1995, 75 min.)Dir. Mohsen Makhmalbaf O diretor iraniano Mohsen Makh-malbaf resolveu filmar o incansável esforço de anônimos candidatos tentando ingressar no fascinante mundo de sonhos do cinema. Salve o Cinema é uma reflexão sobre a reação instintiva da huma-nidade de se perpetuar, deixar seu traço e se imortalizar por meio das imagens.

A CAMINHO DE KANDAHAR 13 de novembro – 3ª feira – 19h14 de novembro – 4ª feira – 16h(Safar É Gandehar, 2001, Irã, 85 Min.)Dir. Mohsen MakhmalbafNafas (Niloufar Pazira) é uma jovem afegã que fugiu de seu país em meio à guerra civil dos talibãs e hoje trabalha como jornalista no Canadá. Sua irmã mais nova, que ficou no Afeganistão, lhe envia uma carta avisando que irá se suicidar antes da chegada do próximo eclipse solar. Nafas resolve então retornar ao Afeganistão a fim de tentar salvar sua irmã.

UM DIA MUITO ESPECIAL 19 de novembro – 2ª feira – 16h(Sex and Philosophy, 2005, Irã, 101 min.)Dir. Mohsen MakhmalbafUma emocionante discussão sobre paixão e possessão, em uma socie-dade em que mulheres e homens não dividem as mesmas regras. No seu aniversário de quarenta anos, Jan resolve mudar completamente sua vida. Liga para as suas quatro amantes e marca um encontro em sua escola de dança. As mulheres ficam chocadas quando desco-brem que dividem os sentimentos do mesmo homem. Ele tenta expli-car: diz que percebeu que o tempo é limitado para cada uma delas. Mais tarde, uma de suas amantes combina um encontro em sua casa, e ele descobre que o feitiço virou contra o feiticeiro e agora é ela quem tem quatro amantes.

O BALÃO BRANCO 19 de novembro – 2ª feira – 19h20 de novembro – 3ª feira – 16h(Badkonake Sefid, Irã, 1995, 85 min.)Dir. Jafar PanahiA menina Razieh (Aida Moham-madkhani) quer um novo peixinho dourado como presente de Ano Novo, um peixinho que viu numa loja e que julga ser muito mais belo que os que têm em seu quintal. Com muito esforço, convence sua mãe a lhe dar o dinheiro, mas chegar até a loja onde o peixinho está a venda será outra aventura. Para ela é uma grande experiência de liberdade e responsabilidade, que se torna mais desafiadora por vários obstáculos – os adultos ou parecem querer se aproveitar de sua ingenuidade ou não lhe dão a menor bola. Primeiro longa--metragem de Jafar Pinahi, um filme simples, sensível e divertido. Prêmio Câmera d’Or no Festival de Cannes de 1995.

O ESPELHO 20 de novembro – 3ª feira – 19h21 de novembro – 4ª feira – 16h(Ayneh, Irã, 1997, 95 min.)Dir. Jafar Panahi Uma menina espera pela mãe em frente à escola. As colegas vão embora. A mãe não chega. A me-nina impacienta-se e resolve ir para casa sozinha, aventurando-se pelas ruas próximas. Chega até mesmo a pegar um ônibus e, durante a via-gem, fica observando as pessoas a sua volta. A partir de seu universo infantil, ela começa a desvendar o complexo mundo dos adultos, vivenciando encontros inespera-dos e descobertas inusitadas. E a narrativa do filme passa a caminhar sobre uma fina linha que separa a ficção da realidade.

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ISTO NÃO É UM FILME 22 de novembro – 5ª feira – 16h(In film nist, 2010, Irã, 77 min.)Dir. Jafar Panahi Mojtaba MirtahmasbRetrata um dia na vida do cineasta Jafar Panahi, que está preso em casa por meses a espera do resul-tado de sua sentença no tribunal de apelação.

O CÍRCULO 22 de novembro – 5ª feira – 19h23 de novembro – 6ª feira – 16h(Dayereh, Irã/0Itália, 2000, 90 min.)Dir. Jafar PanahiTrês mulheres acabam de receber indultos temporários para deixar a prisão. As perspectivas, porém, não são boas. Além de terem sido condenadas, elas são mulheres e vivem em uma sociedade islâmica com seus direitos cerceados pelos homens. Não podem nem mesmo comprar uma passagem de ônibus para outra cidade.

ÀS CINCO DA TARDE 23 de novembro – 6ª feira – 19h26 de novembro – 2ª feira – 16h(Panj Ë Asr, Irã, 2003, 105 min.)Dir. Samira MakhmalbafO filme investiga a situação das mulheres no Afeganistão ao narrar a trajetória de Noqreh (Agheleh Rezaie), uma jovem que sonha ser candidata à presidência da Repú-blica. Assim que as escolas voltam a aceitar o sexo feminino, Noqreh retoma os estudos. Quase todas as alunas, porém, ainda usam a burca. Aos poucos, durante as aulas, instaura-se o debate em torno da condição feminina e da possibili-dade das mulheres conquistarem os mesmos direitos dos homens. Com a ajuda de um poeta, Noqreh entra em conflito com o pai.

A MAÇÃ 26 de novembro – 2ª feira – 19h(Sib, Irã, 1998, 86 min.)Dir. Samira Makhmalbaf Mulher cega e seu marido mantêm as filhas gêmeas presas, seguindo vagos preceitos do Alcorão. As meninas são soltas após 11 anos em cativeiro, e têm que descobrir o mundo com olhos infantis que nunca conheceram nada além de sua alcova.

FILHOS DO PARAÍSO 27 de novembro – 3ª feira – 16h(Bacheha-Ye aseman, Irã, 1998, 88 min.)Dir. Majid MajidiAli (Amir Farrokh Hashemian) é um menino de nove anos proveniente de uma família humilde e que vive com seus pais e sua irmã, Zahra (Bahare Seddiqi). Um dia ele perde o único par de sapatos da irmã e, tentando evitar a bronca dos pais, passa a dividir seu próprio par de sapatos com ela, com ambos reve-zando-o. Enquanto isso, Ali treina para obter uma boa colocação em uma corrida que será realizada, pois precisa da quantia dada como prêmio para comprar um novo par de sapatos para a irmã.

A COR DO PARAÍSO 27 de novembro – 3ª feira – 19h(Rang-e Koda, Irã, 1999, 90 min.)Dir. Majid MajidiMohammad tem oito anos e é alu-no numa escola para cegos em Te-erã. Com a chegada das férias, ele espera passar algum tempo com as irmãs, a avó e o pai no vilarejo onde mora a família. Viúvo, o pai encontra-se com dois problemas em relação ao filho: não tem mais condições de mantê-lo na escola especial, e pretende se casar nova-mente, sendo que o menino defi-ciente é como um obstáculo para isso. Por isso, não quer que ele passe as férias em casa, mas junto a um marceneiro cego que pode tomar o menino como aprendiz. O filme gira em torno desta delicada relação entre pai e filho, dos laços de família e da sensibilidade do menino cego. Do mesmo diretor de Filhos do Paraíso.

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PROCURANDO ELLY 28 de novembro – 4ª feira – 16h29 de novembro – 5ª feira – 16h(Darbareye Elly, Irã, 2009, 104 min.)Dir. Asghar FarhadiApós passar anos na Alemanha, Ahmad (Shahab Hosseini) volta ao Irã e seus amigos organizam três dias de comemoração. Sem que o resto do grupo saiba, Sepideh (Golshifteh Farahani) convida para a festa a jovem Elly (Taraneh Alidoosti), professora de sua filha. Ahmad, que acabou de se separar da esposa alemã e gostaria de começar uma nova vida com uma iraniana, vê em Elly a mulher per-feita. No dia seguinte, no entanto, ela desaparece misteriosamente. O clima entre os amigos torna-se amargo e acusatório, e eles iniciam uma pequena investigação para descobrir o paradeiro da moça.

A SEPARAÇÃO 29 de novembro – 5ª feira – 19h30 de novembro – 6ª feira – 16h30 de novembro – 6ª feira – 19h(Jodaeiye Nader az Simin, Irã, 2011, 123 min.)Dir. Asghar FarhadiApós se divorciar da esposa Simin (Leila Hatami), Nader (Peyman Mo-aadi) é obrigado a contratar uma jovem para tomar conta de seu pai idoso que sofre de Alzheimer em estágio avançado. Porém, a diarista está grávida e trabalhando sem o consentimento de seu marido, condições que junto a um terrível incidente, levará as duas famílias a um julgamento de cunho moral e religioso.

PARCEIROS SALA REDENÇÃOCom AD - Sessão com audiodescriçãoONDE ESTÁ A FELICIDADE? 07 de novembro – 4ª feira – 9h(Brasil/Espanha, 2011, 113 min.)Dir. Carlos Alberto RiccelliSem trabalho e em crise no casa-mento de 11 anos com Nando, Te-odora se lança na mais importante busca de sua vida: uma peregrina-ção pelo Caminho de Santiago de Compostela na Espanha. Faz a via-gem acompanhada do amigo Zeca e da espanhola Milena. Separados, Teo na Espanha e Nando no Brasil, o casal precisa resolver as compli-cações conjugais à distância, com apenas uma coisa em comum: o destino, enquanto Zeca e Milena estão prestes a descobrir a forma mais plena da felicidade.

Ciclo de Debates Conflitos AgráriosBELO MONTE: ANÚNCIO DE UMA GUERRA 07 de novembro – 4ª feira – 19h(Brasil, 2012, 100 min.)Belo Monte é uma usina hidrelétri-ca que o governo pretende instalar no coração da Amazônia, na Volta Grande do Rio Xingu, na cidade de Altamira, Pará. O documentário é um projeto independente e coletivo a respeito dessa obra, filmado du-rante três expedições à região do Rio Xingu, revelando os bastidores da mais polêmica obra planejada no Brasil, com entrevistas com os principais envolvidos, entre eles lideranças indígenas (como os caciques Raoni e Megaron), o procurador da República (Felício Pontes), o presidente da FUNAI (Márcio Meira) e políticos locais a favor da construção.

CineDHebate Direitos HumanosPLATOON14 de novembro – 4ª feira – 19h(Reino Unido/Estados Unidos, 1986, 120min.)Dir. Olive StoneChris (Charlie Sheen) é um jovem recruta recém-chegado a um batalhão americano, em meio à Guerra do Vietnã. Idealista, Chris foi um voluntário para lutar na guerra, pois acredita que deve defender seu país, assim como fez seu avô e seu pai em guerras anteriores. Mas aos poucos, com a convivência dos demais recrutas e dos oficiais que o cercam, ele vai perdendo sua inocência e passa a experimentar de perto toda a violência e loucura de uma carnificina sem sentido.

Cinema e Saúde Coletiva – 10º Congresso Brasileiro de Saúde ColetivaA proposta é composta de seis sessões comentadas de filmes que objetivam discutir grandes temas da saúde coletiva.

A PARTIDA 15 de novembro – 5ª feira – 14h(Okuribito, Japão, 2008, 130 min.)Dir. Yôjirô TakitaDaigo Kobayashi é um jovem casa-do que acabou de ser dispensado da orquestra na qual tocava violon-celo. De repente, vagando pelas ruas sem emprego ou mesmo esperanças em relação à carreira, Daigo decide voltar para sua cidade natal na companhia da esposa. Lá, o único trabalho imediato que lhe aparece é como “nokanshi”, uma espécie de coveiro especial responsável pela cerimônia de lavagem e vestimenta dos mortos antes que suas almas caminhem para o outro mundo. Após sessão, comentários por Li-lian Schraiber (Faculdade de Saúde Pública/USP).

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INVASÕES BÁRBARAS 15 de novembro – 5ª feira – 19h(Les invasions barberes, 2003, 99 min.) Dir. Denys ArcandÀ beira da morte e com dificulda-des em aceitar seu passado, Rémy (Rémy Girard) busca encontrar a paz. Para tanto, recebe a ajuda de Sébastien (Stéphane Rousseau), seu filho ausente, sua ex-mulher e velhos amigos.

SONHOS TROPICAIS 16 de novembro – 6ª feira – 16h(Brasil, 2001, 120 min.) Dir. André SturmNo início do século XX, chegam ao Brasil o médico Oswaldo Cruz e a jovem Esther. Esperançosos, am-bos seguem destinos diferentes no Rio de Janeiro, com Esther sendo obrigada a se prostituir e Oswaldo tornando-se um dos principais íco-nes do governo Rodrigues Alves. Após sessão, comentários por Alcindo Ferla (UFRGS).

ILHA DAS FLORES 16 de novembro – 6ª feira – 19h(Brasil, 1989, 13 min.) Um ácido e divertido retrato da me-cânica da sociedade de consumo. Acompanhando a trajetória de um simples tomate, desde a planta-ção até ser jogado fora, o curta escancara o processo de geração de riqueza e as desigualdades que surgem no meio do caminho.

+ SANEAMENTO BÁSICO (Brasil, 2007, 112 min.) Dir. Jorge FurtadoOs moradores de Linha Cristal, uma pequena vila de descenden-tes de colonos italianos localizada na serra gaúcha, reúnem-se para tomar providências a respeito da construção de uma fossa para o tratamento do esgoto. A secretária da prefeitura reconhece a neces-sidade da obra, mas informa que não terá verba para realizá-la até o final do ano, entretanto a prefeitura dispõe de quase R$ 10 mil para a produção de um vídeo. Surge então a ideia de usar a quantia para realizar a obra e rodar um vídeo sobre a própria obra, que teria o apoio da prefeitura. Desta forma, os moradores se reúnem para ela-borar um filme, que seria estrelado por um mostro que vive nas obras de construção de uma fossa.

POESIA17 de novembro – sábado – 16h(Shi, Coréia do Sul, 2010, 139 min.) Dir. Lee Chang-DongMija (Yun Jeong-hie) vive com seu neto em uma cidade perto do rio Han. Ela adora se vestir de forma excêntrica, sendo também questionadora e inquieta. Seu novo desejo é aprender a fazer poesia, o que a leva a um curso especiali-zado em um centro cultural perto de sua casa. O curso faz com que apure sua observação do cotidia-no, de forma a ter inspiração para seus versos. Paralelamente, ela precisa lidar com uma confusão causada por seu neto, que faz com que tenha que conseguir uma alta quantia em pouco tempo. Após sessão, comentários por Maria Cecília Minayo (CLAVES/FIOCRUZ).

O JARDINEIRO FIEL 17 de novembro – sábado – 19h(The constant gardaner, EUA, 2005, 129 min.) Dir. Fernando MeirellesUma ativista (Rachel Weisz) é encontrada assassinada em uma área remota do Quênia. O principal suspeito do crime é seu sócio, um médico que se encontra atual-mente foragido. Perturbado pelas prováveis infidelidades da esposa, Justin Quayle (Ralph Fiennes) decide partir para descobrir o que realmente aconteceu com ela, iniciando uma viagem que o levará por três continentes.

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História da Arte e Cinema: HeterotopiasBASQUIAT21 de novembro – 4ª feira – 19h (1996, 108 min.) Dir. Julian Schnabel O pintor Jean-Michel Basquiat (1960-1988) morreu de overdose de heroína aos 27 anos, engrossan-do uma conhecida lista de artistas, sobretudo do rock, que inclui Janis Joplin, Jim Morrison Jimi Hendrix, Amy Winehouse e muito mais. Essa associação se justifica no modo como em Basquiat os bastidores da arte são percorridos. Nesse filme, dirigido pelo também pintor Julian Schnabel, nos é con-tada a breve e intensa trajetória do originalmente grafiteiro Basquiat e sua ligação ambígua e conflituosa com o mundo da arte nova-iorqui-no dos anos 1980.Após sessão comentários por: Claudio Jansen (graduado em Administração, bacharelando em História da Arte/UFRGS) e Eduardo Monteiro (bacharelando em Artes Visuais/UFRGS).

Cinema e Pensamento AfricanoKEITA! O LEGADO DE GRIOT 28 de novembro – 4ª feira – 19h (Keita! L’heritage du griot, Burkina Fasso, 1997, 96 min.) Dir. Dani Kouyaté O velho griot Djeliba deixa sua al-deia do interior e se instala na resi-dência da família Keita para realizar uma missão: a iniciação do menino Mabô nas tradições familiares, cuja origem remonta a Sundjata Keita – o fundador do império do Mali. Mas as diferenças entre a memó-ria preservada pela oralidade e a história ensinada a Mabô na escola geram um clima de tensão entre a tradição e a modernidade. Após sessão, apresentação do livro de Djibril Tamsir Niani: Sundjata ou a epopeia mandinga (1960).

Platoon

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DEZEMBRO

Cinema e Rock

ELVIS – O INÍCIO DE UMA

LENDA 03 de dezembro – 2ª feira – 16h(Elvis, EUA, 2005, 173 min.) Dir. James SadwithQuatro horas dramáticas sobre a vida do mito Elvis Presley, sua elétrica e tumultuada história – do humilde começo até a sua meteó-rica ascensão à fama. Uma viagem cronológica com detalhes pessoais que o tornaram uma estrela, seu reinado como “rei do rock and roll” e a sua devastadora decadência devido às drogas e aos excessos da fama. O filme traz gravações reais de alguns dos maiores hits de

Elvis Presley em sua trilha sonora.

CADILLAC RECORDS 03 de dezembro – 2ª feira – 19h(EUA, 2008, 109 min.)Dir. Darnell MartinA história da ascensão da grava-dora Chess Records, de Leonard Chess e dos artistas que gravaram nela, como Muddy Waters, Little Walter, Chuck Berry, Wille Dixon, e a fabulosa Etta James. Com uma história de sexo, violência, racis-mo e rock’n’roll, na Chicago dos anos 1950 e 60, o filme mostra as vidas turbulentas e excitantes de algumas das maiores lendas da indústria musical da América.

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JOHNNY & JUNE 04 de dezembro – 3ª feira – 16h(Walk the line, EUA, 2005, 135 min.) Dir. James MangoldA história do cantor Johnny Cash (Joaquin Phoenix), desde sua juventude em uma fazenda de algodão até o início do sucesso em Memphis, onde gravou com Elvis Presley, Jerry Lee Lewis e Carl Perkins. Sua personalidade marginal e a infância tumultuada fazem com que Johnny entre em um caminho de autodestruição, do qual apenas June Carter (Reese Witherspoon), o grande amor de

sua vida, poderá salvá-lo.

O GAROTO DE LIVERPOOL 04 de dezembro – 3ª feira – 19h(Nowhere boy, Inglaterra, 2009, 97 min.) Dir. Sam Taylor-WoodO garoto de Liverpool é a cinebio-grafia que conta a história nunca antes vista sobre a infância de John Lennon, vocalista dos The Beatles, até o início da sua jornada para se tornar um ícone. O filme, que tem o nome inspirado pela música “Nowhere Man”, do álbum Rubber Soul’s, foca-se na adolescência conturbada de Lennon. Para contar essa história, o roteiro se baseia no livro Imagine: crescendo com meu irmão John Lennon, que foi escrito por sua meia-irmã Julia Baird.

STONED – A HISTÓRIA SECRETA DOS ROLLING STONES 06 de dezembro – 5ª feira – 16h(Stoned, Inglaterra, 2005, 102 min.)Dir. Stephen Woolley Durante dez anos, o diretor Ste-phen Woolley pesquisou sobre a vida e morte do homem que criou uma das bandas de rock and roll mais importantes do mundo: Brian Jones (Leo Gregory), que ficou conhecido por ter criado The Rolling Stones. O filme mostra sua trajetória desde o começo, ao lado da banda desconhecida, até sua decadência por conta das drogas e do ego inflado, que culminou em sua morte prematura dias após sua demissão do grupo.

LOKI – ARNALDO BAPTISTA 06 de dezembro – 5ª feira – 19h(Brasil, 2008, 120 min.) Dir. Paulo Henrique FontenelleA cinebiografia de Arnaldo Baptis-ta, fundador de Os Mutantes, tem sua narrativa costurada por depoi-mentos do artista e de personali-dades como Tom Zé, Sérgio Dias, Kurt Cobain, Gilberto Gil, Roberto Menescal, Liminha, Sean Lennon, Lobão e outros. O filme revela a tra-jetória desse nome do rock brasi-leiro. É o primeiro longa-metragem produzido pelo Canal Brasil.

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THE BEATLES –

OS REIS DO IÊ IÊ IÊ 07 de dezembro – 6ª feira – 16h(A hard day’s night, EUA, 1964, 87 min.) Dir. Richard Lester Prepare-se para reviver a beatlema-nia! Este filme lançou os “reis do iê iê iê” nas telas e representou um marco na história dos videoclipes. Junte-se a John, Ringo, Paul e Ge-orge nessa grande aventura e curta a rebeldia e irreverência ao som de “Can’t buy me love”, “She loves you” e “And I love her” e muitos outros sucessos.

NÃO ESTOU LÁ 07 de dezembro – 6ª feira – 19h(I’m not there, EUA, 2007, 135 min.)Dir. Todd Haynes Bob Dylan (Christian Bale/ Cate Blanchett/ Heath Ledger/ Marcus Carl Franklin/ Richard Gere/ Ben Whishaw), ícone musical, poeta e porta-voz de uma geração. Sempre viveu em constante mutação ao longo da vida, especialmente durante os anos 60. Musicalmente, fisicamente, psicologicamente, as alterações do seu personagem público dialogaram com aconte-cimentos sociais e ocasionaram múltiplas repercussões culturais. De jovem menestrel a profeta folk, de poeta moderno a roqueiro, de ícone da contracultura a cristão renascido, de caubói solitário a popstar.

ACROSS THE UNIVERSE 10 de dezembro – 2ª feira – 16h(EUA, 2007, 133 min.) Dir. Julie TaymorO filme começa em Liverpool, de onde o inglês Jude (Jim Sturgess) decide partir para os EUA em busca de seu pai. Lá, ele conhece Max (Joe Anderson), um estudante rebelde. Torna-se seu amigo e se apaixona por sua irmã Lucy (Evan Rachel Wood). Ela, por sua vez, acaba envolvendo com emergen-tes movimentos de contracultura, da psicodelia e com protestos con-tra a Guerra do Vietnã. Em meio às turbulências da época, Jude e Lucy vão passar por situações que colocam sua paixão em choque.

WHEN YOU’RE STRANGE: UM FILME SOBRE O THE DOORS 10 de dezembro – 2ª feira – 19h(When you’re strange: a film about The Doors, EUA, 2010, 86 min.)Dir. Tom Dicillo Um olhar sobre a banda The Doors, com destaque ao vocalista Jim Morrison (1943-1971), desde a for-mação do grupo em 1965, quando estrearam no palco e lançaram o primeiro álbum, até a fatídica morte do cantor, após anos de uso exagerado de álcool e drogas. Ao longo do turbulento percurso, vemos cenas de arquivo com ensaios, shows e os momentos mais íntimos da banda, incluindo um show em Miami, que resultou na prisão de Morrison, acusado por obscenidade. Seu amor pelos holofotes, o desejo de se tornar um poeta e seu humor movido a álcool mostram a personalidade do astro, que oscilava entre altos e baixos, colecionando sucessos, escândalos e fracassos. A música da banda, que encantou toda uma geração, até hoje ainda pode ser escutada em todos os lugares do mundo.

GEORGE HARRISON: LIVING IN THE MATERIAL WORLD 11 de dezembro – 3ª feira – 16h(EUA, 2012, 148 min.) Dir. Martin ScorseseDocumentário sobre George Harrison, integrante daquela apontada como a maior banda de todos os tempos: The Beatles. Com material de acervo da época e depoimentos de familiares, amigos e parceiros de trabalho do músico, o filme aborda o seu período como “besouro”. Revela detalhes da sua relação com o cinema e a música e explica como o mundo espiritual se tornou tão importante em sua vida.

THE ROLLING STONES – SHINE A LIGHT 12 de dezembro – 4ª feira – 16h(Shine a light, Inglaterra, 2008, 121 min.) Dir. Martin ScorseseNo dia 4 de abril de 2008, um di-retor vencedor do Oscar e a maior banda de rock and roll de todos os tempos se uniram para dar aos fãs o melhor e mais extraordinário re-gistro do show Shine a Light. Este documentário mostra os Rolling Stones como nunca antes foram vistos. Filmado no famoso Beacon Theatre, em Nova York, Scorsese reuniu um time de cineastas len-dários, para captar a energia crua de uma banda inigualável. O show ainda conta com as participações especias de Christina Aguilera, Buddy Guy e Jack White. Você também vai conferir os bastido-res e detalhes sobre a história da banda. Um show inesquecível e imperdível para os fãs!

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VELVET GOLDMINE 13 de dezembro – 5ª feira – 16h(Inglaterra, 1998, 124 min.) Dir. Todd HaynesEm 1971, o Glam Rock invade o mundo da música, provocando uma revolução. A figura central do movimento é Brian Slade, roqueiro que leva rapazes e garotas a pin-tarem as unhas, usarem batom e a explorarem sua sexualidade. In-capaz de lidar com sua fama, Brian forja a própria morte. Anos mais tarde, um jornalista inglês começa a investigar seu desaparecimento.

QUASE FAMOSOS 13 de dezembro – 5ª feira – 19h(Almost famous, EUA, 2001, 122 min.) Dir. Cameron CroweWilliam, um garoto de 15 anos, resolve sair de casa para fugir do protecionismo de sua mãe e deixa para trás sua coleção de discos, fazendo com que todas as suas atenções voltem-se para a música. Escrevendo matérias sobre mú-sica para um jornal do bairro, ele resolve enviar um de seus artigos para o editor da revista Cream, Lester Bangs (Phillip Seymour Hoffman), que acaba tornando-se seu amigo. Ao receber um convite inesperado da revista Rolling Stone e tendo Lester como seu mentor, William parte em sua missão de cobrir a turnê da banda Stillwater e descobrem todos os segredos dos bastidores, inclusive as fãs. William acaba se apaixonando por Penny Lane (Kate Hudson), uma das fãs e namorada do líder da banda (Bily Crudup). Apesar das dificuldades e de ser tido como “o inimigo”, Quase famosos irá mostrar o valor das amizades em uma verdadeira lição de vida.

TOMMY 14 de dezembro – 6ª feira – 16h(Inglaterra, 1975, 111 min) Dir. Ken RussellBaseado na “ópera rock”, lançada em 1969 pelo The Who, apresenta um elenco de estrelas da música, incluindo os próprios integrantes da banda. Durante a 2ª Guerra Mundial, o capitão Walker é dado como morto, mas quando ele retorna encontra Nora, sua mulher, com Frank, seu amante. Walker é morto por Frank e, ao presenciar o assassinato de seu pai, Tommy recebe a ordem de Nora e Frank de nada dizer acerca do ocorrido. As-sim ele se torna uma criança cega, surda e muda, mas seu problema é de natureza psicológica. Com o tempo, torna-se um campeão de fliperama e, mais tarde, ídolo pop.

LED ZEPPELIN – THE SONG

REMAINS THE SAME 14 de dezembro – 6ª feira – 19h(EUA, 1976, 137 min.) Dir. Peter Clifton / Joe MassotOs pioneiros do rock pesado levam você a uma sedutora jornada por canções e imagens neste filme que mostra o grupo no legendário concerto no Madisonn Square Garden em 1973. Confira o vocal pesado de Robert Plant, a aber-tura explosiva de Jimmy Page, o estrondoso ritmo do baixista John Paulk Jones e o baterista John Bonham em clássicos como “Stairway to Heaven”, “Dazed and Confused”, “Whole Lotta Love” e muitos outros.

RAUL – O INÍCIO, O FIM E O MEIO 17 de dezembro – 2ª feira – 16h(Brasil, 2012, 100 min.) Dir. Walter Carvalho / Leonardo GudelA trajetória da lenda do rock, Raul Seixas, por meio de imagens raras de arquivo, encontros com familiares, conversas com artistas, produtores e amigos. Mostra como o compositor e cantor “Maluco Beleza” se tornou um dos pionei-ros desse ritmo musical no país, com 21 discos lançados e grandes músicas de sucesso que, até hoje, continuam a ser tocadas e relan-çadas.

PINK FLOYD – THE WALL 17 de dezembro – 2ª feira – 19h(The Wall, Inglaterra, 1982, 95 min.) Dir. Alan ParkerA história é sobre o Pink, um roqueiro, que fica trancado dentro de um quarto de hotel em Los An-geles. Na TV, um filme de guerra já muito conhecido passa na tela. Mu-damos de lugar e tempo, realidade e pesadelo. Lentamente ele se retira do mundo real e desliza mais para dentro de seu pesadelo à me-dida que ele se imagina como um demagogo insensível, para o qual tudo que resta é a demonstração de poder sobre sua audiência não pensante, a culminação do excesso odioso de seu próprio mundo e do mundo à sua volta. O que se segue é o seu julgamento interno, tendo como testemunhas de sua vida as mesmas pessoas que contribuíram na construção do muro e que se apresentam e testemunham contra ele.

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A FESTA NUNCA TERMINA 18 de dezembro – 3ª feira – 16h(24 hour party people, Inglaterra, 2002, 117 min.) Dir. Michael WinterbottomManchester, 1976. O aluno de Cambridge Tony Wilson (Steve Coogan) está no show dos Sex Pistols. Totalmente inspirado por esse momento chave da história da música, ele e seus amigos montam um selo chamado Factory. Eles assinam um contrato com o Joy Division (que viria a ser o New Order), com James e Happy Mon-days, todos artistas seminais de seu tempo. Isso desencadeia um turbilhão de sexo, música e drogas, que culminam com o nascimento de um dos dance clubs mais famo-sos do mundo, o Hacienda, meca de clubbers e adeptos do psico-delismo. Descrevendo a herança musical de Manchester desde a dé-cada de 1970 até o início dos anos 90, o filme ilustra a vibração que fez de Manchester o lugar onde todos gostariam de estar.

CAZUZA – O TEMPO NÃO PÁRA 18 de dezembro – 3ª feira – 19h(Brasil, 2004, 94 min.) Dir. Walter CarvalhoCazuza – O tempo não pára é uma comovente cinebiografia de um dos maiores ídolos do rock nacio-nal. Dirigido por Sandra Werneck e Walter Carvalho, mostra alguns dos amores do roqueiro, morto em 1990 após contrair Aids. Com uma atuação primorosa de Daniel de Oliveira, o filme ainda mostra sua relação com os companheiros do Barão Vermelho, com os pais, Lucinha (Marieta Severo) e João (Reginaldo Faria), o processo de composição de alguns dos clás-sicos do rock nacional e a luta do compositor contra a doença.

ÚLTIMOS DIAS: O ROCK AND ROLL NUNCA MORRERÁ 19 de dezembro – 4ª feira – 16h(Last days, EUA, 2005, 96 min.) Dir. Gus Van Sant Blake (Michael Pitt) é um astro do rock extremamente depressivo que se encontra na fervilhante cena mu-sical de Seattle na década de 90. Drama baseado nos fatos aconte-cidos na vida de Kurt Cobain, líder da banda Nirvana que cometeu suicídio em 1994.

WOODSTOCK – 3 DIAS DE PAZ, AMOR E MÚSICA 20 de dezembro – 5ª feira – 16h(Woodstock, EUA, 1970, 184 min.) Dir. Michael WadleighDurante três dias, em agosto de 1969, 500 mil jovens se reuniram em uma fazenda chamada Woo-dstock para assistir aos grandes astros do rock, em suas melhores apresentações. Um encontro que ficou na história da música e da cultura. Oscar de melhor documen-tário.

PARCEIROS SALA REDENÇÃO

CineDHebate Direitos HumanosCOLLOQUIUM - BILDUNG, FILOSOFIA, ÉTICA E DIREITOS HUMANOS05 de dezembro – 4ª feira – 16h(Brasil, 2012, 40min.) Dir. Giancarla Brunetto e Luiz Car-los BombassaroOs filósofos alemães Wolfgang Neuser, Martin Sattler, Bernhard Taureck, e o filósofo brasileiro Luiz Carlos Bombassaro conversam, mediados por Giancarla Brunetto, sobre aspectos centrais do pen-samento ocidental. Um instigante colóquio que revisita o significado da filosofia, da educação, da ética e dos direitos humanos na interpre-tação de diferentes visões sobre o homem e o mundo.Após a sessão, haverá debate com a presença de Wolfgang Neuser, dos diretores Giancarla Brunetto e Luiz Carlos Bombassaro, e especia-listas no tema.

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Com AD – Sessão com audiodescrição

CHICO XAVIER, O FILME 5 de dezembro – 4ª feira – 19h(Brasil, 2010, 115 min.) Dir. Daniel FilhoBaseado no livro As Vidas de Chico Xavier, do jornalista Marcel Souto Maior. O filme descreve a trajetória de Chico Xavier, que viveu 92 anos desta vida terrena desenvolvendo importante atividade mediúnica e filantrópica. Vida conturbada, com lutas e amor. Seus mais de 400 livros psicografados conso-laram os vivos, pregaram a paz e estimularam caridade. Fenômeno? Fraude? Os espíritos existem? Para os admiradores mais fervorosos ele foi um santo. Para os descren-tes, no mínimo, um personagem intrigante.

CineDHebate Direitos HumanosA FELICIDADE NÃO SE COMPRA 12 de dezembro – 4ª feira – 19h(It’s a wonderful life, EUA, 1947, 130 min.) Dir. Frank CapraEm Bedford Falls, no Natal, George Bailey (James Stewart), que sem-pre ajudou a todos, pensa em se suicidar saltando de uma ponte, em razão das maquinações de Henry Potter (Lionel Barrymore), o homem mais rico da região. Mas tantas pessoas oram por ele que Clarence (Henry Travers), um anjo que espera há 220 anos para ganhar asas, é mandado para Terra para tentar fazer George mudar de ideia, demonstrando sua importân-cia através de flashbacks.

Cinema e Pensamento Africano

A LUZ 19 de dezembro – 4ª feira – 19h(Yeelen, Mali/Burkina Fasso, 1987, 105 min.) Dir. Souleymane CisséNum tempo imemorial, mítico, o jovem Nianankoro, dotado de poderes que pouco compreende, prepara-se para enfrentar o pai, um poderoso feiticeiro que é membro da sociedade Komo e deseja matá--lo. Antes do confronto, ele realiza uma jornada iniciática em busca de experiência, conhecimento, e dos segredos de sua linhagem. Após sessão, apresentação do tex-to de Blandine Stefanson: O périplo panafricano de Souleymane Cissé: contornar a violência para melhor combatê-la (2005).

Mostra Videoarte21 de dezembro – 4ª feira – 16hMostra dos curtas de videoarte que foram exibidos antes das sessões durante os meses de novembro e dezembro na Sala Redenção.

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Chico Xavier, o filme

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LADY MACBETHData: 07, 14, 21 e 28 de novembro, quartas-feirasHorário: 12h e 19h30minLocal: Sala Alziro Azevedo Av. Salgado Filho, 340

Lady Macbeth / divulgação

T E A T R O

Encerrando a temporada 2012 do Projeto Teatro Pesquisa e Extensão (TPE), LADY MACBETH sobe ao palco da Sala Alziro Azevedo, com direção de Franciele Aguiar e orientação de Inês Marocco, na disciplina de Estagio de Atuação I.

O TPE é uma mostra de teatro universitário aberta ao público promovida pelo Departamento de Arte Dramática do Instituto de Artes, Departamento de Di-fusão Cultural (PROREXT) e Pró-Reitoria de Pesquisa, e que tem como intuito questionar temas, metodolo-gias, processos e resultados de investigações.

Baseado no conto homônimo de Vinícius Canhoto e fragmentos da clássica peça teatral Macbeth, o TPE apresenta a personagem de William Shakespeare pintada, em suas palavras, com “as cores da força e da ambição desmancham-se nas perturbadas visões

Lady Macbeth

T E AT R O P E S Q U I S A E E X T E N S Ã O

de um desejo frustrado. Ninguém viu a mancha que teimava em permanecer. Ninguém viu porque ela fugia como um sonho que não se permite abraçar, embora tão próximo, quase real. Ninguém viu, mas ela estava lá”.

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A R T E S V I S U A I S

Eduardo Vieira da Cunha, artista e professor do Insti-tuto de Artes da UFRGS, inaugura a quarta edição do projeto Percurso do Artista com a exposição Estar em qualquer lugar (a viagem como metáfora produ-tiva). A mostra, que contará com 38 obras de Eduar-do, tem a proposta de transformar o expectador em viajante, despertando memórias e descobertas. Com a palavra, o artista!

Juliana Mota

coordenadora Projeto Percurso do Artista

P R O J E T O P E R C U R S O D O A R T I S TA

“Odeio viagens e viajantes”. Com esta frase, um ne-gativo da viagem, Claude Lévy-Strauss se vacinava logo ao abrir o grande poema que representa Tristes trópicos. Um livro do deslocamento filosófico, da fi-losofia em negativo. O que talvez o etnólogo odiasse mesmo fosse o desafio de descobrir o noturno do trópico, em vencer seus desafios, penetrar no escuro da mata e passar necessidades, sede e fome. O ganho, entretanto, era a obra em se fazendo.

Viagem, ficção e filosofia. Percursos. Já que outros filósofos pareciam incólumes a tais dissabores dos viajantes, como Platão e Pitágoras, e se entregavam com prazer às deambulações da viagem didática e de compartilhamento do conhecimento, um terceiro grupo, em que incluo também homens de letras, se aborrecia com as viagens e o trato com o estrangei-ro. Isso porque talvez eles não precisassem procurar o desafio do desconhecido. Encontravam o fascínio da viagem ali mesmo, dentro da própria cidade: Sócrates, que preferia viajar pelas ruas e as praças de Atenas. Machado de Assis e Mario Quintana, flâneurs do Rio de Janeiro e Porto Alegre, respecti-vamente.

Por isso, antes de viagem, devemos talvez pensar na noção de itinerário, de trânsito, de passagem. Marc Augé nos ensina que “falar de itinerário é falar de saída, de permanência e de volta, inclusive é preciso entender que houve muitas saídas, que a permanên-cia também foi uma viagem, e que o retorno nunca foi definitivo”. Mais adiante, afirma: “Ulisses não ama

À procura de uma sombra do viajante

nem a guerra nem a sua mulher, mas a viagem que lhe permite passar de uma a outra”.

Escolho exemplos de outras áreas para falar da vasta questão do deslocamento e da viagem. Se é muito difícil tratá-los em um texto, muito mais o seria em uma singela exposição. Em todo o caso, sonhos, fotos, papéis soltos, objetos, mapas, itinerários, planos, traduções, desenhos e pinturas ajudam a, pelo menos, recompor o itinerário de uma viagem produtiva, ociosa positiva e negativamente.

Esta viagem começa em um navio, navegando em um mar de areia, em um lugar qualquer no litoral do Rio Grande do Sul, próximo de onde eu cursava Oceanologia, mas pensava em filosofia. Foucault considerava o navio como um “espaço flutuante de um lugar”. Pois habitando nessa espécie de “reserva de imaginação”, como diria o filósofo, encontrei o personagem: um homem solitário que, durante o dia, se dedicava à infinita tarefa de pintar de preto o casco do navio para evitar os danos da maresia. E à noite, descia ao porão para revelar velhos negativos.

A imagem desse homem que esperava, esperando talvez a oscilação improvável do corpo do navio enterrado na areia, começou a me perseguir em de-senhos e pinturas, além das fotografias. O emblema de Borges é a ampulheta, aquele rio de areia que pode ser tanto o esquecimento como o elogio ao desprendimento (da areia). Navegando na areia, o homem poderia ter como livro de cabeceira um livro de Borges com o poema “Elogio das sombras”: “[...] tantas coisas./ Agora posso esquecê-las. Chego a meu centro / à minha álgebra e minha chave, / a meu espelho. / Breve saberei quem sou”.

A fotografia é feita de reflexos, de espelhos e de sombras. Depois desse ocioso exílio do litoral desér-tico, passei a procurar em outras viagens, reflexos e sombras perdidas: Busquei na animada, iluminada e extravagante Nova Iorque do final dos anos 1980, e na Paris de matérias sombrias e opacas, cidade noturna dos flâneurs surrealistas. Não achei nem no lado do otimismo tecnológico, nem no lado da inquietante estranheza. Por isso, insisto tentando na pintura. E parafraseando Cortázar, adoto sua máxima: a obra talvez importe, mas não impede de andar.

Eduardo Vieira da Cunha

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EXPOSIÇÃO ESTAR EM QUALQUER LUGAR (A VIAGEM COMO METÁFORA PRODUTIVA), DE EDUARDO VIEIRA DA CUNHAVisitação: de 31 de outubro de 2012 a 31 de maio de 2013, de segunda a sexta-feiraHorário: das 10h às 18hLocal: Sala Fahrion – 2º andar Reitoria da UFRGS Av. Paulo Gama, 110

Agendamentos de grupos no site www.difusaocul-tural.ufrgs.br/agendamento ou pelo telefone: (51) 3308-4081

Um momento para ver as obras de Eduardo Vieira da Cunha, compreender seus percursos e pensar a pintura em sala de aula. A viagem como motivo na pintura será tratada nos deslocamentos provocados pelo olhar. No ponto de vista do estrangeiro, revirar os interiores e exteriores de um flâneur. Um encon-tro para alunos de Licenciaturas e de Pedagogia conversarem com a pintura, suas cores, seus traços e composições. Um convite para o pensamento.

Encontro viagens, pinturas e escola

ENCONTRO VIAGENS, PINTURAS E ESCOLAData: 28 de novembro, quarta-feira Horário: das 14 às 17h30minLocal: Sala Fahrion – 2º andar Reitoria da UFRGS Av. Paulo Gama, 110

Atividade de extensão com 4h – certificado departicipação

Eduardo Vieira da Cunha / divulgação

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A R T E S V I S U A I S

Fotografei o sobre

divulgação / Marielen BaldisseraE X P O S I Ç Ã O I N D I V I D UA L – M A R IE L E N B A L D I S S ER A

O primeiro contato que tivemos com a acadêmica Marielen Baldissera foi na efeverscência cultural do Congresso Brasileiro de Extensão Universitária em 2011. Marielen e seus três colegas, sob o olhar aten-to de Luiz Robinson Achutti, professor do Instituto de Artes, captaram emoções, sensações e vivências do evento. Hoje, após um ano de convivência e admi-ração pelo seu olhar, pelo instante captado em cada um dos eventos realizados por nosso Departamento, pela sua arte, convidamos Marielen para realizar sua mostra individual, nomeada por ela de Fotografei o sobre.

Carla Bello

coordenadora do Projeto Unifoto

Fotografia é detalhe. Um jeito de abstrair o visto e a partir dele criar sentidos. Fotografar é reconstruir o mundo, transformá-lo em um universo de significa-ções. Significações que vicejam no fotógrafo, mas que se atualizam, reconstituem, refazem em cada um. Um sobre que agora está, agora não está mais. Como na poesia, para Manoel de Barros: artesanias que aumentam o mundo, virtudes extraídas do quase inútil. Coisas/atividades/ações que não servem apenas para o seu uso primário: cadeiras que não são apenas para sentar, passos que não são apenas para bailar, portas que não são apenas para passar,

oferendas que não são apenas para desejar.

Para ver o detalhe é preciso de um olhar um pouco à toa. As imagens de Fotografei o sobre são de um olhar à toa. Não descompromissado, mas à toa no sentido de que buscam no mundo uma compreen-são que ele possa ter como invenção. Que é diferen-te de mentira. Uma outra semelhança com o poeta: nestas fotografias, só é falso o que não se inventa.Uma maneira de dizer que fotografia existe melhor como invenção do mundo do que como cópia dele, que ela nunca é. Uma maneira de dizer que o fotógrafo existe melhor como um vidente de olhar enviesado. Um adivinho com vontade de um super poder: a transformação do mundo.

Flávio Dutra

curador da exposição

EXPOSIÇÃO INDIVIDUAL - MARIELEN BALDISSERAData: de 28/11 a 28/02, segundas a sextas-feirasHorário: 8h às 18hLocal: Saguão da Reitoria

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AV. PAULO GAMA

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CAMPUS CENTRAL

A – Sala Qorpo SantoB – Sala Redenção – Cinema UniversitárioC – Salão de FestasD – Sala FahrionE – Salão de Atos

Entradas PrincipaisEntradas Secundárias

ENDEREÇOS

Sala Qorpo Santo / Sala Redenção – Cinema Universitário – Av. Eng. Luiz Englert, s/n°, Centro Histórico

Salão de Festas / Sala Fahrion – Av. Paulo Gama, 110, 2° andar da Reitoria – Campus Central

Salão de Atos – Av. Paulo Gama, 110

CAMPUS DO VALE

A – Parada de ônibusB – Praça Campus do Vale

Caminho da parada até a Praça do Campus

INFORMAÇÕES GERAIS DEPARTAMENTO DE DIFUSÃO CULTURAL

Endereço: Av. Paulo Gama, 110 – Mezanino do Salão de Atos – Campus CentralFone: (51) 3308 3933 ou (51) 3308 3034E-mail: [email protected]: www.difusaocultural.ufrgs.brEntrada e inscrição em eventos: agendamento pelo site ou no localHorário de Funcionamento: das 8h às 18h, aberto ao meio-dia

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Universidade Federal do Rio Grande do Sul

ReitorCarlos Alexandre Netto Vice-Reitor e Pró-Reitor de Coordenação AcadêmicaRui Vicente Oppermann Pró-Reitora de ExtensãoSandra de Deus

Vice-Pró-Reitora de ExtensãoClaudia Porcellis Aristimunha

Diretora do Departamento de Difusão Cultural Claudia Mara Escovar Alfaro Boettcher

Equipe do DDCCarla Bello – Coordenadora de Projetos EspeciaisEdgar Wolfram Heldwein – Administrador da Sala Redenção – Cinema UniversitárioJuliana Mota – Coordenadora e curadora do Projeto Vale Doze e TrintaLígia Petrucci – Coordenadora e curadora do Projeto UnimúsicaSinara Robin – Coordenadora do Projeto ReflexãoTânia Cardoso – Coordenadora e curadora da Sala Redenção – Cinema Universitário

BolsistasDiego CarneiroFernanda CastilhosFrederico StumpfJúlia CabralMarielen BaldisseraMarina AlvarezMaurício LoboPriscila MonteiroRaquel Pianta

Projeto gráfico Katia Prates

RevisãoPriscila Monteiro

DiagramaçãoMarina Alvarez

Crédito imagenscapa – Banda Matiqueira / Thaís Brandão; p. 2/3 Quem faz o DDC / acervo DDC; p. 18 / 19 – cena do filme A Se-paração; p. 21 – cena do filme The Beatles – os reis do iê iê iê; p. 27 cena do filme Platoon; p. 32 – cena do filme Chico Xavier, o filme; p. 39 – Eventos DDC/ acervo DDC.

Programação sujeita a alterações.

Sala Redenção – Cinema Universitário

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Universidade Federal do Rio Grande do SulPró-Reitoria de Extensão

Departamento de Difusão CulturalMezanino do Salão de Atos UFRGS

Av. Paulo Gama, 110 Porto Alegre – RS (51) 3308.3034 e 3308.3933

[email protected] www.difusaocultural.ufrgs.br