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Com a colaboração de Gisela Wajskop e as implicações sobre a qualidade do ensino A formação e a do professor iniciação profissional

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Com a colaboração de Gisela Wajskop

e as implicações sobre a qualidade do ensino

A formação e a

do professoriniciação profissional

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B r a s i l 2 0 0 9

e as implicações sobre a qualidade do ensino

A formação e a

do professoriniciação profissional

ideaInstituto de Evaluación y Asesoramiento Educativo (Grupo SM, Espanha)

digitação a tabulação de dadosSynovate Brasil

ConsultoriaGisela Wajskop(Instituto Superior de Educação de São Paulo - Singularidades)

São Paulo, 22 de outubro de 2009

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S U M Á R I O

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4 Introdução

8 1. Objetivos e instrumentos de coleta de informações

13 2. A opinião dos docentes14 2.1 A formação inicial

23 2.2 A competência profissional

30 2.3 As relações com os pares

32 2.4 As atitudes e os valores

36 2.5 A integração às escolas

43 2.6 A recordação dos primeiros anos

52 2.7 Fatores que influenciam na qualidade dos professores

56 3. Conclusões60 3.1 A iniciação dos professores na carreira docente

62 3.2 Recomendações

64 Bibliografia

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I N T R O D U Ç Ã O

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5

A educação é o campo de batalha sobre o qual os conflitos mais significativos ocorreram no século XX.

Clarence J. Karier, apud David Hutchon. Educação Ecológica, 2000.

as duas últimas décadas têm testemunhado enormes in-vestimentos em reformas educacionais no Brasil e em várias partes do mundo, de maneira a fazer frente aos desafios das sociedades atuais. Constatam-se grandes avanços na expan-são quantitativa em todos os níveis de ensino e na elaboração de políticas e ações públicas que visam a uma educação equi-tativa e com qualidade para todos.

No bojo dessas reformas, a promulgação da ldben1 no Bra-sil trouxe, também, a legitimação legal de uma nova concep-ção de escola e educação, introduzindo mudanças importantes em nossos sistemas de ensino. Uma delas foi ter colocado a escola no centro do debate e das ações educativas, desmisti-ficando teorias e práticas vigentes que vinham responsabili-zando fatores extraescolares como os maiores responsáveis pelo fracasso dos estudantes, tais como a condição das famí-lias e a origem sociocultural dos alunos, dentre outros. Outra mudança, uma das mais importantes, foi estabelecer a exigên-cia de formação de todos os professores do ensino básico no nível superior. antes disso, os professores das primeiras séries (1ª a 4ª série) do ensino Fundamental eram formados em ní-vel médio, nos cursos normais. Os professores de 5ª a 8ª séries eram formados em cursos de licenciaturas de curta duração, e nas creches, então, não havia nenhum tipo de exigência de formação qualificada.

além disso, a ldben definiu a ampliação da escolaridade básica obrigatória de 8 para 9 anos e institucionalizou as cre-ches e pré-escolas, promovendo a educação infantil como pri-meira etapa da educação básica.

Com todas essas reformas, podem-se constatar, por meio de diversos balanços deste processo, mudanças:

y Nas estruturas de organização dos sistemas de ensino que propiciam estilos diversificados de administração;

1 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, promulgada em dezembro de 1996.

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6

y Na gestão escolar, que garante maior autonomia para as escolas;

y Na elaboração dos currículos, criando parâmetros nacionais para os diferentes níveis de ensino;

y No acompanhamento das aprendizagens estudantis, por meio da elaboração de critérios e instrumentos de avaliação externos à escola;

y No controle de qualidade dos materiais e livros didáticos distribuídos aos alunos;

y No registro, controle e acompanhamento das matrículas por meio da criação dos Censos escolares constantes e específicos;

y Na melhoria dos prédios, da merenda e do transporte escolar;

y Nos critérios e instrumentos para o financiamento público da educação.a maior parte desses avanços tem impactado no funcio-

namento das escolas, por meio da entrada e permanência de maior número de crianças, adolescentes e jovens nos espaços educacionais. Assim, a escola como instituição democrática, plural e não excludente vem ganhando, gra-dativamente, espaço na agenda nacional, e vem se consti-tuindo no foco das reformas.

Ocorre, porém, que apesar de todos esses esforços, os resul-tados das aprendizagens estudantis, objetivo maior da esco-la, não têm sido satisfatórios e avançam muito lentamente! Vale ressaltar que o processo de democratização trouxe para a escola parcelas da população de menor renda, com bagagem cultural e valores diferentes daqueles transmitidos pelo currí-culo escolar, que colocam desafios extremamente difíceis para o ensino. da mesma forma, democratizou-se o acesso à carrei-ra do magistério, ampliando a gama social e cultural dos que buscam esse trabalho e cuja formação pregressa antes de se tornar professor é também precária.

além disso, os professores têm se defrontado com uma rea-lidade ainda incompreendida, fruto das mudanças científicas, tecnológicas, sociais e éticas, que não têm equivalência na his-tória da humanidade. as novas formas de acesso à informação e ao conhecimento, as mudanças nas famílias e nos próprios alunos, a modificação do mercado de trabalho, os valores so-

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7

ciais emergentes, são algumas características da sociedade do século XXi que afetam, sem dúvida, a atividade docente, tor-nando-a cada vez mais complexa e exigente!

Como consequência, questiona-se mais e mais o papel e a função docente, buscando-se nos professores, diretores e espe-cialistas da educação um apoio efetivo para a realização das reformas em sala de aula. Contraditoriamente, porém, os pro-fessores, que são personagens fundamentais desse cenário, têm sido pouco ouvidos, sobretudo quanto às suas opiniões sobre as condições de formação – inicial e continuada – que eles recebem de maneira a poder virar o jogo. Menos ainda se tem ouvido os novos ingressantes na carreira, cujas impres-sões sobre sua formação e sobre as primeiras experiências do-centes podem ser extremamente importantes na definição de políticas de mudanças.

Os comentários elaborados a partir da consulta de opinião realizada pela Fundação SM em colaboração com a Oei são mais uma contribuição para esse debate. a Fundação SM con-sultou diversos professores ingressantes a respeito de sua pró-pria formação, sobre como valorizam seus primeiros anos de ensino, como foram formados, o que evocam e necessitam. ao mesmo tempo, se tratou de completar esse quadro mediante a consulta da opinião dos professores com mais tempo de do-cência: como valorizam as novas gerações de colegas e as lem-branças deles próprios quando começaram a dar aula.

O foco na opinião sobre os ingressantes é uma aposta de que suas ideias sobre a escola e sua própria formação estão menos contaminadas pela resistência construída ao longo de vários anos pelos veteranos. a consulta buscou, também, cole-tar opiniões sobre as condições institucionais e nas universi-dades, responsáveis em grande medida pela formação inicial e pelo apoio aos professores durante seus primeiros anos de vida profissional.

Por fim, o presente relatório pretende estimular, com os comentários sobre seus resultados, o conjunto dos professo-res a refletirem e tomarem consciência da importância das novas gerações docentes como esperança para o futuro de sua própria profissão.

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8

O B J E T I V O S E I N S T R U M E N T O S D E C O L E T A D E I N F O R M A Ç Õ E S

1

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9

este relatório constitui-se de uma consulta de opinião, cuja amostra foi definida aleatoriamente e não respondeu a crité-rios estatísticos. Nessa medida, não visa à representatividade de seus informantes, mas trazer à tona questões relevantes da formação inicial e continuada dos professores ingressantes, as quais possam auxiliar na indicação de caminhos para o debate sobre essa formação, assim como das condições de adaptação dos professores ingressantes ao cotidiano escolar.

Para tal consulta, a Fundação SM distribuiu 15 mil ques-tionários a professores de educação Básica em pleno exer-cício da profissão, durante o primeiro semestre de 2009. O questionário buscou dados sobre município e estado de ori-gem, nível de formação, tipo de escola na qual trabalha e antiguidade na profissão.

O questionário se constituía de 17 perguntas fechadas, ela-boradas com a colaboração de especialistas do Ministério da educação (mec), nas quais os docentes deveriam expressar seu grau de concordância em relação a diversas afirmações sobre a formação inicial e os currículos de Pedagogia e Licenciatura, em escalas do tipo Lickert, de cinco pontos.

O ponto de partida para a elaboração dos questionários foi a constatação dos dados do Censo escolar 2007, os mais recen-tes, analisados pelo mec, de que o típico professor brasileiro do ensino Fundamental possui escolaridade de nível superior (com licenciatura) e sua área de formação é Pedagogia ou Ci-ência da educação (inep/mec, 2009, p. 48). assim, as expecta-tivas de aprendizagem dos egressos e as etapas de formação definidas pelas diretrizes Curriculares de Pedagogia2 consti-tuíram-se nos conteúdos investigados do estudo porque são os parâmetros nacionais mais atualizados sobre esse grau de ensino Superior. Consultou-se a respeito das expectativas dos professores sobre a qualidade de sua formação, incluindo aí competências e conteúdos específicos para o exercício docen-te, sobre as relações entre teoria e prática, sobre o tempo e as formas de estágio, dentre outros pressupostos para uma boa formação definidos pelas diretrizes de Pedagogia.

essas diretrizes preveem mudanças importantes na for-

2 As Diretizes Curriculares para os cursos de Pedagogia - Licenciatura foram instituídas pela RESOLUÇÃO CNE/CP Nº 1, de 15 de maio de 2006.

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mação em Pedagogia, principalmente porque anteriormente este curso era responsável pela formação do pedagogo gene-ralista, mais particularmente na formação dos profissionais responsáveis pela direção, gestão e supervisão escolares. a partir de 2006, porém, as novas diretrizes definiram que os Cursos de Pedagogia formam os professores da escolaridade básica, para a educação infantil e para as cinco primeiras sé-ries do ensino Fundamental, visando, portanto, mais expe-riências práticas relativas aos estágios supervisionados e à regência precoce em sala de aula. Não obstante, são diretri-zes muito recentes e pouco implementadas na maioria dos cursos em funcionamento no país, como se constatou em es-tudo recente (Gatti, 2008). esse fato, portanto, deverá apare-cer nas opiniões dos professores respondentes.

do total dos respondentes, houve um retorno de 4.266 professores, dos quais 3.512 são professores do Ensino Funda-mental cujos questionários foram considerados válidos para fins de análise. a maioria deles é proveniente da região Su-deste (57,1%), seguidos de Sul (20%), Nordeste (18,5%), Centro-Oeste (2,8%) e Norte (1,6%). Sua formação é majoritariamente de nível superior completo: 74,7% deles, dos quais 43,6% são pedagogos, quase 10% é graduado no Curso Normal Superior e o restante está cursando especialização, mestrado e até doutorado. dos respondentes, apenas 8,9% tem nível médio na modalidade Normal.

Os 3.512 professores informantes foram categorizados por tipo de escola em que trabalham (pública ou privada) e com relação ao tempo na profissão. Quanto ao tipo de escola, uma parcela de apenas 3,7% trabalha nas escolas privadas, en-quanto 96,3% trabalham nas escolas públicas. as opiniões expressas pelos professores, portanto, têm uma marca insti-tucional pública, e assim devem ser pensadas.

Quanto ao tempo de profissão, para fins da análise, os pro-fessores ingressantes foram definidos pelo grupo que possui menos de três anos de docência e representam apenas 12,2% da consulta, enquanto seus colegas veteranos, agrupadas as outras categorias, somam 87,8% de presença na consulta. esse dado é fundamental para relativizar as respostas encontradas, considerando que os ingressantes estão representados mino-ritariamente no grupo de respondentes. Vale ressaltar, ainda, que a entrada recente desses professores na profissão coincide

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com a existência das diretrizes Curriculares para a Pedagogia, que têm apenas três anos, ou seja, que as diretrizes ainda não tiveram impacto na formação destes respondentes.

ainda que nossos respondentes não representem de ma-neira fiel a realidade brasileira, apresentamos breve carac-terização dessa faixa docente, de forma a auxiliar o leitor quanto às opiniões expressas.

de acordo com estudo recente elaborado pelo mec, com base no Censo escolar de 2007, o professor “típico” no Brasil é do sexo feminino, de nacionalidade brasileira e tem 30 anos de idade. a raça/cor é não-declarada, possui escolaridade de nível superior (com licenciatura) e sua área de formação é Pedagogia ou Ciência da educação. Leciona, predominante-mente, a disciplina Língua/Literatura Portuguesa, trabalha em apenas uma escola, de localização urbana, e é responsável por uma turma com 35 alunos em média. No ensino Funda-mental, aparecem diferenças interessantes entre os profes-sores dos anos iniciais e os dos anos finais. Cerca de 70% dos professores dos anos iniciais atuam em apenas uma turma e são multidisciplinares (73%), enquanto 43% dos professores dos anos finais atuam em mais de cinco turmas, porém com uma única disciplina (60%). Os docentes que trabalham em duas ou mais escolas só ultrapassam 10% do total nos anos finais do ensino Fundamental (15,3%) e no ensino Médio (13,4%). do mesmo modo que na educação infantil, a maio-ria dos professores dos anos iniciais do ensino Fundamental apresenta formação adequada para o exercício do magistério (87%). Nos anos finais, o percentual de docentes com forma-ção que atende aos requisitos da LdB ainda é elevado, embo-ra menor do que na fase anterior (73,4%). a análise realizada sobre a adequação do curso de graduação dos professores às disciplinas em que atuam, ainda que apenas exploratória, pode significar o primeiro passo rumo ao mapeamento mais efetivo das necessidades de formação docente, das discipli-nas em que há maior carência de professores, das demandas e necessidades das redes de ensino e, ainda, pode embasar a discussão sobre propostas de formação inicial e continuada desses profissionais. Os dados evidenciam aspectos positivos, como o elevado número de professores com graduação e li-cenciatura em todas as etapas da educação básica, ainda que haja descompasso entre a formação do docente e a disciplina

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com a qual trabalha, tanto nas séries finais do ensino Funda-mental quanto no ensino Médio. entretanto, a persistência da presença de professores leigos atuando nas escolas bra-sileiras, em proporções que variam entre 10% e quase 30%, indica a necessidade de um olhar diferenciado para o tema específico da formação desses professores. (pp. 48-49)

as opiniões dos professores, então, foram agrupadas em 7 categorias de análise, de maneira a possibilitar que a for-mação docente fosse revelada nos seus aspectos particulares, quais sejam:

1. a formação inicial;2. as competências profissionais;3. as relações com os pares;4. as atitudes e os valores;5. a integração à escola;6. a recordação dos primeiros anos;7. Os fatores que influenciam a qualidade do professorado.

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13

A O P I N I Ã O D O S D O C E N T E S

2

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14

2.1 A formação inicialO primeiro interesse desse estudo foi o de conhecer a

opinião dos professores sobre a formação inicial que rece-beram e a adaptação do currículo da mesma às necessida-des da profissão.

Para isso formulou-se uma série de afirmações para as quais os professores deveriam dar seu grau de concordância. duas destas afirmações tinham a ver com a opinião geral so-bre sua formação inicial.

a primeira delas lhes pedia seu grau de concordância quan-to à seguinte afirmação: “a qualidade de um sistema educativo está diretamente relacionada à qualidade da formação inicial de seus professores”.

Podemos constatar que mais da metade dos professores, fossem eles ingressantes ou experientes (57%), concordaram que a qualidade de um sistema educativo está diretamente relacionada à qualidade da formação inicial de seus profes-sores. analisando os dados por grupos em função da antigui-dade docente, se observa que são os mais jovens, seguidos dos que têm mais de 30 anos de profissão, os que têm mais clara essa relação: 71% e 65,9%, respectivamente.

Pode-se inferir, por essas respostas, que os docentes valo-rizam sua formação inicial e são esperançosos quanto à sua ação docente, o que é um bom sinal na constituição de sua identidade profissional. Ou seja, se a formação for boa, será boa a qualidade do ensino.

Por outro lado, talvez, os ingressantes tenham respondido com base no “vir a ser escolar”, que revela seu desconhecimen-to da realidade escolar tal como ela é e seus baixos índices nas avaliações das aprendizagens estudantis. a resposta dos ingressantes reitera as análises correntes de que essa idealiza-ção é fruto da formação altamente teórica e pouco contextua-lizada a que foram submetidos.

Surpreende, porém, que essa idealização seja constatada, também, entre os mais antigos, com mais de 30 anos de ex-periência. Ou estes afirmam, com suas concordâncias, que sua formação pregressa foi precária e resulta nos baixos índices de aprendizagem estudantis com os quais se confrontam dia-riamente ou — não poderemos saber, a não ser que aprofun-demos estudos nesta direção — revelam, também, uma visão

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idealizada da qualidade de ensino das escolas nas quais traba-lham. É possível, talvez que suas respostas afirmativas sejam uma maneira de se defender dos fracassos com os quais se de-frontam reiteradamente no exercício da profissão!

Vale indicar que o restante dos grupos de professores concorda com a afirmação em mais de 50%, reafirmando, talvez, a ideia da valorização da profissão por intermédio da formação inicial.

Gráfico 1

Grau de concordância dos professores com a afirmação “A qualidade de um sistema de educação está diretamente relacionada à qualidade da formação inicial de seus professores”. Dados totais por idade.

em segundo lugar, os docentes foram questionados com relação à origem do problema da formação do professora-do, e neste aspecto não se observa unanimidade de critérios. Concretamente, a afirmação colocada foi “O maior problema da formação do professorado está na escolaridade obrigatória e não na faculdade”. as opiniões a esse respeito estão muito divididas: mais de um terço dos professores (35,6%) se mos-traram de acordo ou muito de acordo com a afirmação, e uma porcentagem similar (36,6%) está em desacordo.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100%

Total

Nem concordo nem discordo Concordo ou concordo totalmenteDiscordo totalmente ou discordo

19.2

23.7

57.1

Menos de 3 anos

10.4

18.6

71

3-10 anos

19

25.8

55.2

11-20 anos

22

25.8

52.1

21-30 anos

20.4

20.7

58.9

Mais de 30 anos

17.6

16.5

65.9

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Vale ressaltar, porém, que porcentagem quase similar do total dos professores das escolas públicas não concorda nem discorda com a afirmação, revelando que essa é uma questão polêmica na categoria.

Há contradição entre as opiniões, e esta questão pode nos levar a considerar que a categoria está dividida quanto à qualidade dos cursos de Pedagogia. Parece-nos que parte dos professores atribui à sua escolaridade básica os problemas que enfrentam na faculdade, fato que é real, enquanto outros não consideram esse fato. Pode-se pensar que os professores que puderam questionar sua escolaridade pregressa em con-textos iniciais de formação tenham estabelecido parâmetros de reflexão, crítica e superação dessas práticas escolares. Por isso, podem não ter dado importância à escolaridade pre-gressa como problema de formação. Podem estar falando, também, do lugar de quem foi bem formado, casos excepcio-nais em alguns municípios e estados do país. em contrapar-tida, aqueles professores que tiveram uma formação mais abstrata e genérica, continuam a acreditar que a formação pregressa é o maior problema de sua formação, pois não co-nhecem outro modelo melhor de formação. identificam em sua própria formação as dificuldades encontradas no curso. esse fato pode impedir que tenham uma visão mais crítica dos cursos frequentados. No entanto, há que se considerar o alto grau de contradição entre essa resposta e a resposta da questão anterior, na medida em que, se houve problemas não resolvidos com a escolaridade básica pregressa, significa que provavelmente eles continuam a existir, e os processos de formação a que foram submetidos dificilmente os ajudarão a resolver esses problemas no exercício da profissão.

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Gráfico 2

Grau de concordância dos professores com a afirmação “O maior problema da formação do professorado está na escolaridade obrigatória e não na faculdade”. Dados totais por tipo de escola.

Com relação à adaptação da formação inicial à reali-dade das escolas e da profissão, também se formularam várias afirmações.

a primeira foi “O currículo dos cursos de formação inicial contempla todas as competências profissionais necessárias para o professor”. as opiniões a esse respeito revelam que so-mente 18,9% dos professores concordam com isto, enquanto mais da metade deles está em desacordo. apenas existem di-ferenças em função dos anos de antiguidade docente, como se pode constatar no gráfico 3: os ingressantes são os que mais concordam com a afirmação, mas em uma porcentagem de apenas 22,6%. a unanimidade nas respostas aponta, ao menos quando a indagação é mais concreta e diretiva, que há descon-tentamento quanto à formação inicial por parte dos profes-sores, coincidindo com as análises mais recentes.

0

20

40

60

80

100%

Total

Nem concordo nem discordo

Concordo ou concordo totalmente

Discordo totalmente ou discordo

36.6

27.8

35.6

Pública

37.3

28.1

34.6

Particular

20.6

19.8

59.5

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Gráfico 3

Grau de concordância dos professores com a afirmação “O currículo dos cursos da formação inicial contempla todas as competências profissionais necessárias para o professor”. Dados totais por tempo de ensino.

Outra afirmação pedia o grau de concordância dos profes-sores acerca do equilíbrio existente entre o currículo dos cur-sos de Pedagogia e as licenciaturas, entre a teoria e a realidade da sala de aula.

de novo encontramos quase a metade dos professores (43,5%) que consideram que não existe esse equilíbrio. Consi-derando-se a antiguidade docente e o tipo de escola em que trabalham, são os professores mais jovens e os que trabalham nas escolas particulares os que consideram em maior propor-ção que o currículo está equilibrado. este resultado é novamen-te compreensível, na medida em que os ingressantes ainda funcionam de acordo com as teorias, buscando fazer coincidir a realidade com as idealizações. de acordo com alguns relatos de estudantes de Pedagogia3 cuja formação ocorre simultane-

3 Foram realizadas algumas conversas com estudantes de Pedagogia em um ISE (Instituto Superior de Educação) paulista para checar suas impressões quanto às respostas de seus colegas diplomados, a título de aprofundamento das análises.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100%

Total

Nem concordo nem discordo Concordo ou concordo totalmenteDiscordo totalmente ou discordo

51

30,2

18,9

Menos de 3 anos

33.2

44.2

22.6

3-10 anos

52.8

28.6

18.6

11-20 anos

53.1

28.5

18.3

21-30 anos

55.6

27

17.4

Mais de 30 anos

49.4

28.1

22.5

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19

amente pela regência e pela reflexão sobre ela, é apenas com o tempo e o contato frequente com a cultura escolar que suas idealizações podem se desfazer, transformando-se em análise reflexiva da própria prática escolar docente.

Gráfico 4

Grau de concordância dos professores com a afirmação “O currículo dos cursos de Pedagogia traça um equilíbrio entre a base teórica necessária e a realidade prática encontrada nas escolas”. Dados totais por tipo de escola e por tempo de ensino.

No que se refere à adaptação do currículo aos problemas atuais da educação, as opiniões estão bastante divididas. Qua-se a metade deles (46,7%) considera que se ensina sobre estes problemas. Como seria de se esperar, os ingressantes conside-ram que exista esta adaptação em maior medida que os mais antigos, tendo em vista sua idealização da realidade escolar. esta indagação aponta que, apesar das idealizações dos mais antigos quanto ao papel da formação inicial, parece que, quan-do se refere à realidade nua e crua, os mais velhos demonstram conhecê-la bem. apontam, portanto, para um distanciamento dos cursos quanto ao contexto do trabalho docente.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100%

Total Pública Particular

Nem concordo nem discordo Concordo ou concordo totalmenteDiscordo totalmente ou discordo

43.5

28.5

28

Menos de 3 anos

44.3

28.6

27.2

23.8

30.2

46

26.4

24.7

48.9

46.4

28.8

24.7

45.8

29.9

24.4

46

27.2

26.8

39.6

34.1

26.4

3-10 anos 11-20 anos 21-30 anos Mais de 30 anos

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Gráfico 5

Grau de concordância dos professores com a afirmação “O currículo dos cursos de Pedagogia nada ensina sobre os atuais problemas da educação”. Dados totais por tempo de ensino

Para finalizar as investigações sobre a adaptação do cur-rículo à carreira docente, os professores foram indagados so-bre a adaptação às mudanças sociais. Neste aspecto as visões são mais positivas. Pode-se constatar no gráfico 6 que 40,3% estão de acordo com a afirmação de que “O currículo dos cur-sos de Pedagogia e das licenciaturas acompanha o ritmo das mudanças da sociedade nos últimos anos”. esta porcenta-gem atinge quase 60% no caso dos professores mais jovens, sendo que os mais críticos são os grupos que estão entre três e 30 anos de profissão.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100%

Total Pública

Nem concordo nem discordo Concordo ou concordo totalmenteDiscordo totalmente ou discordo

46.7

24.5

28.7

Menos de 3 anos

55.1

19.4

25.5

46.2

24.6

29.2

45.4

25

29.6

46.2

25.9

27.9

35.6

31.1

33.3

3-10 anos 11-20 anos 21-30 anos Mais de 30 anos

Page 22: Af pesquisa baixa

21

Gráfico 6

Grau de concordância dos professores com a afirmação “O currículo dos cursos de Pedagogia e das licenciaturas acompanha o ritmo das mudanças da sociedade nos últimos anos”. Dados totais por tipo de escola e tempo de ensino

Na sequência, foi solicitado aos respondentes que valoras-sem a importância de diferentes fatores incluídos nos currícu-los dos cursos de formação de professores.

em geral, os professores do ensino Fundamental outorgam uma alta importância aos doze fatores enunciados, e mais de 80% consideram que são importantes ou muito importantes para o currículo da formação dos professores. Como se pode constatar no gráfico 7, o fator que a totalidade dos professo-res considera muito importante é o planejamento das aulas (96,1%), seguido da abordagem de temas atuais da infância e da juventude (94,8%); as estratégias e ferramentas de avalia-ção da aprendizagem dos alunos (94%); a atenção à diversi-dade (93,9%); envolvimento das famílias e da comunidade na formação dos alunos (93,1%); as estratégias para a gestão da sala de aula (92,3%); os conteúdos das áreas de conhecimento e dos conteúdos que compõem o ensino básico (91,8%); a ar-ticulação entre o ensino e a investigação educativa (89,6%); a seleção de livros (88,2%); o fomento da educação integral e em valores (86,4%); e, por último, as práticas supervisionadas nas aulas de diferentes etapas educativas (81,1%).

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100%

Total Pública Particular

Nem concordo nem discordo Concordo ou concordo totalmenteDiscordo totalmente ou discordo

26.1

33.5

40.3

Menos de 3 anos

26.5

33.5

39.9

15.1

31.7

53.2

17

23.6

59.3

27.2

35.9

36.8

27.4

34.2

38.5

28.6

34.9

36.5

21.7

32.6

45.7

3-10 anos 11-20 anos 21-30 anos Mais de 30 anos

Page 23: Af pesquisa baixa

22

Gráfico 7

Taxa de importância dos seguintes fatores do currículo dos cursos de formação do professor. % de professores que consideram que são importantes ou

muito importantes.

a este respeito não se constataram diferenças entre os pro-fessores das escolas públicas e privadas nem tampouco em relação à antiguidade docente. isso pode revelar que há uma cultura escolar homogênea no que se refere aos pressupostos de formação. em concordância com os estudos já citados (Gat-

0 100%

Planejamento de aulas

Abordagem de temas atuais da infância e da juventude

Estratégias e ferramentas de avaliação da aprendizagem dos

alunos

Trabalho com a diversidade e a inclusão

Envolvimento de famílias e comunidades na formação dos

alunos

Estratégias e ferramentas de gestão de sala de aula

96.1

94.8

94

93.9

93.1

92.3

Especificidades próprias das áreas do conhecimento que compõem o

quadro curricular na educação básica

Especificidades da faixa etária dos diferentes segmentos de ensino

Articulação entre docência e pesquisa didática

Escolha do livro didático

Fomento a educação integral e educação em valores

Estágios supervisionados nas salas de aula dos diferentes segmentos de

ensino

92.1

91.8

89.6

88.2

86.4

81.1

Page 24: Af pesquisa baixa

23

ti, 2008), os professores revelam ter sido submetidos a uma formação mais generalista e pouco específica.

2.2 A competência profissionalO segundo aspecto considerado relevante na hora de

conhecer a situação dos novos professores é sua competência profissional.

Os dados põem em evidência que uma grande parte do pro-fessorado considera que os professores ingressantes têm uma boa preparação profissional (40,9%) e trazem novas ideias para as escolas (63,8%). Também, quase a metade do profes-sorado (46,9%) considera que sua capacidade para organizar o trabalho dos alunos é muito boa ou excelente; outros 40,9% avaliam favoravelmente o conhecimento que têm os profes-sores ingressantes têm acerca do sistema educativo; quase a metade deles (47,4%) considera que a formação acadêmica é boa ou muito boa, e uma porcentagem similar (45,6%) tam-bém considera o mesmo de sua formação cultural (ver gráfico 8).

� Mais da metade dos professores considera que a qualidade do sistema educativo está diretamente relacionada à qualidade da formação inicial do professorado. Esta opinião é mais forte entre os professores mais jovens e os professores mais antigos.

� Menos de 20% dos docentes creem que o currículo da formação inicial contempla todas as competências profissionais necessárias para o exercício da profissão.

� Quase a metade dos professores considera que não existe equilíbrio entre a teoria e a prática dentro dos currículos de Pedagogia e das licenciaturas.

� São maiores as porcentagens de professores com menos de 3 anos do que os mais experientes que consideram que o currículo da formação inicial ensina sobre os problemas atuais e se adapata às mudanças sociais.

� Segundo os docentes, os aspectos mais importantes que se incluem no currículo de formação dos professores são o planejamento das aulas, a abordagem dos temas atuais da infância e da juventude e as estratégias de avaliação da aprendizagem dos alunos.

Em rEsumo

Page 25: Af pesquisa baixa

24

Gráfico 8

Taxa de competência profissional de novos professores. Dados totais

Se analisarmos estes dados por grupos de idades, observa-mos como os novos professores valorizam mais a si próprios com relação à sua preparação profissional em comparação com o professorado com maior experiência, tal como se mos-tra no gráfico 9. esse fato deve-se, provavelmente à energia e à esperança que o jovem professor ainda carrega quando in-gressa na carreira docente, ao contrário dos mais antigos, que reproduzem para si próprios a desvalorização social da profis-são em função dos resultados que observam em seus alunos e na atividade dos colegas.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100%

Preparaçãoprofissional

Conhecimentodo sistemaeducativo

Boa Muito boa ou excelenteRuim ou regular

17.4

41.7

40.9

Formaçãoacadêmica

Capacidadepara organizaro trabalho dosalunos em sala

16.8

36.3

46.9

20.1

39

40.9

14.1

38.5

47.4

13.7

40.7

45.6

Formaçãocultural

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100%

Os novos professores incorporam ideias novas às escolas

Nem concordo nem discordo

Concordo ou concordo totalmente

Discordo totalmente ou discordo

8.9

27.3

63.8

Page 26: Af pesquisa baixa

25

Gráfico 9

Taxa de preparação profissional dos novos professores. Dados totais por tempo de ensino.

Na hora de valorizar a capacidade dos professores ingres-santes para organizar o trabalho dos alunos nas classes, são os professores com mais de 20 anos de experiência os mais críticos, já que somente um terço deles confirma que essa capacitade é boa ou muito boa. esta porcentagem aumenta a mais de 40% no caso dos professores que têm entre 11 e 20 anos de docência, e chega a 51% entre os que têm entre 3 e 10 anos de experiência e, novamente, são os professores com menos experiência os que têm maior confiança em si mesmos (73,6%) (ver gráfico 10).

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100%

Boa Muito boa ou excelenteRuim ou regular

Menos de 3 anos

5.3

27.8

67.1

3-10 anos

13.4

43.9

42.7

11-20 anos

20.6

44.6

34.8

21-30 anos

25.5

41.1

33.4

Mais de 30 anos

25.3

47.1

27.6

Page 27: Af pesquisa baixa

26

Gráfico 10

Taxa de capacidade dos novos professores para organizar o trabalho dos alunos em sala de aula. Dados totais por tempo de ensino.

Como se vê no gráfico 11, no que se refere ao conhecimen-to que os professores ingressantes têm sobre o sistema edu-cativo, também se pode apreciar como, novamente, são eles mesmos, os recém-incorporados, os que se avaliam de manei-ra mais positiva: mais de 60% deles consideram que seu nível de conhecimento é muito bom ou excelente. esta valorização vai diminuindo progresivamente à medida que aumentam os anos de experiência docente.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100%

Boa Muito boa ou excelenteRuim ou regular

Menos de 3 anos1.9

24.5

73.6

3-10 anos

13.5

35.5

51

11-20 anos

21.5

37.8

40.7

21-30 anos

21.5

42.9

35.6

Mais de 30 anos

34.1

33

33

Page 28: Af pesquisa baixa

27

Gráfico 11

Taxa de conhecimento que os novos professores têm sobre o sistema educativo. Dados totais por tempo de ensino.

No que se refere à opinião dos distintos grupos sobre a for-mação acadêmica e cultural recebida, a tendência é a mesma dos itens anteriores. a porcentagem dos professores ingres-santes que as valorizam como boas e muito boas é muito su-perior, sobretudo ao se referir à sua formação acadêmica, que do resto do professorado (ver gráficos 12 e 13).

Vale ressaltar que a diferença entre a porcentagem de aprovação professores ingressantes quanto à sua formação acadêmica (71,9%) e quanto à sua formação cultural (51,4%) pode indicar uma valoração associada ao diploma e menos ao conteúdo da formação. essa hipótese baseia-se no fato de que a formação acadêmica deveria, caso fosse de qualidade, ser equivalente à sua formação cultural, ao menos de acordo com as diretrizes Curriculares de Formação docente.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100%

Boa Muito boa ou excelenteRuim ou regular

Menos de 3 anos

6.4

31.4

62.2

3-10 anos

19

39.9

41.1

11-20 anos

21.3

41.8

36.9

21-30 anos

27.2

38.3

34.5

Mais de 30 anos

33

33

34.1

Page 29: Af pesquisa baixa

28

Gráfico 12

Avaliação da formação acadêmica dos novos professores. Dados totais por tempo de ensino.

Gráfico 13

Avaliação da formação cultural dos novos professores. Dados totais por tempo de ensino.

Na hora de comparar a preparação dos professores ingres-santes e daqueles com mais experiência, 44% não acreditam que os novos professores estejam menos preparados que os antigos, como se constata no gráfico 14.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100%

Boa Muito boa ou excelenteRuim ou regular

Menos de 3 anos

5.7

22.4

71.9

3-10 anos

11.7

39.6

48.7

11-20 anos

16.7

41.6

41.7

21-30 anos

17.8

42

40.2

Mais de 30 anos

23

36.8

40.2

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100%

Menos de 3 anos

3.1

45.5

51.4

3-10 anos

13

39.4

47.6

11-20 anos

14.7

41.6

43.7

21-30 anos

19.1

38.3

42.6

Mais de 30 anos

20.9

39.5

39.5

Boa Muito boa ou excelenteRuim ou regular

Page 30: Af pesquisa baixa

29

Gráfico 14

Grau de concordância dos professores com a afirmação “Os novos professores estão menos preparados que os antigos”. Dados totais.

Quando se trata de comparar a preparação de uns e ou-tros, constata-se a divisão de opiniões entre os professores com menos de três anos de experiência e o professorado com mais antiguidade. apenas 28,9% dos que possuem mais de 30 anos de profissão manifestam completa discor-dância da afirmação de que os novos professores estão me-nos preparados que os antigos. Quase 70% dos professores ingressantes não acreditam que estejam menos preparados que seus colegas mais antigos (ver gráfico 15).

Gráfico 15

Grau de concordância dos professores com a afirmação “Os novos professores estão menos preparados que os antigos”. Dados totais por tempo de ensino.

44%29.4%

26.6%

Discordo oudiscordo totalmente

Não concordo e nem discordo

Concordo ou concordo totalmente

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100%

Nem concordo nem discordo

Concordo ou concordo totalmente

Discordo totalmente ou discordo

Menos de 3 anos

68.6

17.1

14.3

3-10 anos

51.4

27.8

20.8

11-20 anos

35.8

34.4

29.8

21-30 anos

32

31.1

36.9

Mais de 30 anos

28.9

32.2

38.9

Page 31: Af pesquisa baixa

30

2.3 As relações com os paresas relações que os ingressantes estabelecem nas es-

colas é outro aspecto a levar em conta para conhecer sua situação profissional.

a grande maioria dos docentes entrevistados considera que os ingressantes mantêm uma boa relação, muito boa ou excelente com o resto dos membros da comunidade escolar. Como se pode observar, na tabela 1, menos de 8% — exceto no caso da relação com as famílias, item em que essa posição ne-gativa aumenta para 11,5% — acreditam que as relações deste grupo com o resto dos professores, com os alunos e com a dire-ção das escolas são regulares ou ruins.

Também neste aspecto, são os ingressantes com menos de três anos de docência os que se valorizam de forma mais posi-tiva, sobretudo no caso das relações com alunos (78,9%) e com as famílias (65%). Esses dados reiteram outros estudos que afirmam que a maioria dos professores está satisfeita com sua relação com os alunos (Campos, 2008, p. 60).

� 8,9% dos professores consideram que os professores ingressantes trazem ideias novas às escolas, e quase a metade deles afirma que estes têm uma boa formação acadêmica e cultural e capacidade para organizar o trabalho dos alunos. E 20,1% consideram que desconhecem o sistema educativo e seus problemas.

� Em geral, os novos professores valorizam mais a si próprios em comparação com os professores com maior experiência docente no que se refere à sua competência profissional, revelando menor capacidade crítica.

� Apenas 26,6% dos docentes pensa que os ingressantes são menos preparados que os antigos, sendo os docentes com mais de 20 anos de docência os que apoiam esta afirmação em maior número.

Em rEsumo

Page 32: Af pesquisa baixa

31

Tabela 1

Avaliação dos professores sobre as relações dos novos professores com o resto da comunidade educativa. Dados totais por tempo de ensino.

Frente à afirmação “Os professores ingressantes se conec-tam melhor com os alunos do que os antigos”, mais da metade dos professores divergem da afirmação (52,8%). Como se pode constatar no gráfico 18, a porcentagem de divergência aumen-ta significativamente na medida em que aumentam os anos de experiência docente.

Menos de 3 anos

Entre 3 e 10 anos

Entre 11 e 20 anos

Entre 21 e 30 anos

Mais de 30 anos

Com as famílias

Ruim ou Regular 3.3% 11.5% 12.7% 14.5% 15.1%

Boa 31.7% 43% 45.6% 50.4% 50%

Muito boa ou Excelente 65% 45.5% 41.7% 35.1% 34,9%

Com a direção da escola

Ruim ou Regular 1.4% 5.4% 5.9% 9.1% 8%

Boa 40.9% 38.8% 42.6% 43.4% 40.9%

Muito boa ou Excelente 57.6% 55.8% 51.5% 47.4% 51.1%

Com os alunos

Ruim ou Regular 1.2% 6.3% 8.6% 11.5% 16.6%

Boa 20% 37.4% 42.1% 42% 39.1%

Muito boa ou Excelente 78.9% 56.3% 49.3% 46.6% 44.8%

Com o resto dos colegas

Ruim ou Regular 0.7% 6.4% 6.5% 10% 13.6%

Boa 42.5% 33.8% 39.4% 40.2% 13.6%

Muito boa ou Excelente 56.8% 59.9% 54.1% 49.8% 58%

Page 33: Af pesquisa baixa

32

Gráfico 18

Grau de concordância dos professores com a afirmação “Os novos professores se relacionam melhor com os alunos do que os que têm mais experiência”. Dados totais por tempo de ensino.

2.4 As atitudes e os valoresNo que se refere a atitudes e valores dos professores ingres-

santes, em geral, os docentes avaliam positivamente sua capa-cidade de inovação, seu entusiasmo e, sobretudo, seu interesse por aprender, tal como mostra o gráfico 19. Reproduzindo uma ideia bastante corrente no senso comum, são os mais jovens e ingressantes aqueles mais animados, esforçados e que trazem “arejamento” ao ambiente escolar.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100%

Total

Nem concordo nem discordo Concordo ou concordo totalmenteDiscordo totalmente ou discordo

52.8

35.1

12.1

Menos de 3 anos

31.9

52.7

15.5

3-10 anos

50.4

36

13.6

11-20 anos

56.1

32.6

11.3

21-30 anos

63.3

27.7

9

Mais de 30 anos

61.8

25.8

12.4

� Os docentes consideram que os ingressantes mantêm boas relações com todos os membros da comunidade educativa, especialmente com os companheiros de profissão.

� São os próprios ingressantes os que melhor valorizam sua relação com a comunidade educativa, especialmente com os alunos e suas famílias, que majoritariamente qualificam como muito boa ou excelente.

Em rEsumo

Page 34: Af pesquisa baixa

33

Gráfico 19

Avaliação das atitudes e valores dos novos professores. Dados totais.

Vale ressaltar que na comparação que relaciona o tipo de escola e a antiguidade docente, observa-se como os professo-res das escolas particulares e os mais jovens avaliam as atitu-des e os valores dos ingressantes de forma mais satisfatória. Chama a atenção o fato de que o interesse por aprender é o fa-tor mais valorizado, inclusive entre os mais jovens, e este fato se reproduz quando se compara a escola privada e a pública (ver gráficos 20 e 21). este dado é importante no conhecimento dos professores ingressantes pois revela abertura e disponibilida-de para estratégias de formação continuada.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100%

Sua capaceidade de inovação

Boa Muito boa ou excelenteRuim ou regular

11.7

37.7

50.7

Seu entusiasmo

13

31.8

55.2

Seu interesse em aprender

9

29.1

61.8

Page 35: Af pesquisa baixa

34

Gráfico 20

Porcentagem de professores que avaliam muito bem ou como excelentes as atitudes e os valores dos novos professores. Dados totais totais por tempo de ensino.

Gráfico 21

Porcentagem de professores que avaliam muito bem ou como excelentes as atitudes e os valores dos novos professores. Dados totais por tipo de escola.

Quanto ao interesse vocacional, enquanto 21,4% afirmam que os ingressantes têm menos vocação que os antigos, 49,4% expressam opinião contrária e 29,2% são indiferentes. A porcentagem de professores que considera que os ingres-santes não têm a mesma vocação que antigamente aumen-ta com os anos de experiência. esse resultado surpreende e entra em contradição com as informações anteriores, que destacam a capacidade de inovação, interesse e entusiamo dos ingressantes (ver gráficos 22 e 23).

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90%

76.7

52.4

44.942.4 42

Sua capacidade de inovação Seu entusiasmo Seu interesse em aprender

21-30 anos Mais de 30 anos11-20 anos3-10 anosMenos de 3 anos

77.8

57.9

5046.8

42

88.7

65.1

56.550.3

46.6

0

10

20

30

40

50

60

70

80% 73.2

49.3

73.2

54.5

75.4

61.3

Capacidade de inovação

Entusiasmo Interesse emaprender

escola pública

escola privada

Page 36: Af pesquisa baixa

35

Gráfico 22

Grau de concordância dos professores com a afirmação “Os novos professores têm menos vocação que os antigos”. Dados totais.

Gráfico 23

Grau de concordância dos professores com a afirmação “Os novos professores têm menos vocação que os antigos”. Dados totais por tempo de ensino.

49.4%29.2%

21.4%

Discordo oudiscordo totalmente

Não concordo e nem discordo

Concordo ou concordo totalmente

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100%

Nem concordo nem discordo Concordo ou concordo totalmenteDiscordo totalmente ou discordo

Menos de 3 anos

71.6

16.4

12

3-10 anos

52.6

29

18.3

11-20 anos

44.8

32.8

22.4

21-30 anos

39.9

30.6

29.5

Mais de 30 anos

34.1

34.1

31.8

� Ainda que, em geral, os professores avaliem positivamente a capacidade de inovação, entusiasmo e o interesse por aprender dos ingressantes, são os que trabalham há menos tempo – entre três e dez anos de profissão – e os que trabalham em escolas particulares, os mais positivos na avaliação destes aspectos.

� A porcentagem dos professores que considera que os ingressantes não têm a mesma vocação que antigamente aumenta com os anos de experiência.

Em rEsumo

Page 37: Af pesquisa baixa

36

2.5 A integração às escolasCom relação à integração às escolas, em geral, mais de 60%

considera que não há problemas, e novamente são os profes-sores com menos anos de experiência os que mais manifes-tam concordância a esse respeito.

Gráfico 24

Grau de concordância dos professores com a afirmação “Os novos professores têm dificuldade para se integrarem na escola”. Dados totais por tempo de ensino.

em segundo lugar, a afirmação “Os novos professores resis-tem a aprender com a experiência dos mais antigos” resultou em informações supreendentes. Os dados gerais mostram que a metade dos professores (50,1%) não considera que os profes-sores ingressantes sejam relutantes, enquanto a quarta parte deles (22,9%) acredita que sim, são relutantes. Curiosamente, são os mais jovens na profissão, com menos de três anos de docência, que consideram que seu grupo é resistente a apren-der com a experiência dos mais antigos. No entanto, menos de 20% dos professores que têm entre três e dez anos de ex-periência compartilham dessa opinião. Pode-se inferir que os ingressantes, entusiasmados com o que aprenderam na fa-culdade, imaginam que não precisam aprender com aqueles que, em princípio, representam os maiores problemas de sua formação, ou seja, os integrantes da escola obrigatória.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100%

Total

Nem concordo nem discordo Concordo ou concordo totalmenteDiscordo totalmente ou discordo

62.6

24

13.4

Menos de 3 anos

76.1

12.4

11.5

3-10 anos

63.7

23.9

12.5

11-20 anos

59.7

26.4

13.9

21-30 anos

57.6

27.3

15.1

Mais de 30 anos

58.4

24.7

16.9

Page 38: Af pesquisa baixa

37

Gráfico 25

Grau de concordância dos professores com a afirmação “Os novos professores relutam em aprender com os mais experientes”. Dados totais por tempo de ensino.

Com relação ao apoio que se dá aos professores ingres-santes, os questionados consideram que não se presta aten-ção especial a eles. Ou seja, ainda que sejam avaliados como bastante entusiasmados, tenham interesse em aprender e tragam inovação, nem as coordenações das escolas, tampouco as políticas públicas responsáveis pela formação continuada, aproveitam suas características para estabelecer mudanças nas escolas nem dirigem a esse grupo significativo de profes-sores uma atenção – ou ação – especial.

Tal como revela o gráfico 26, 59,1% consideram que os pro-fessores são tratados de maneira igual, independentemente de seus anos de docência. apenas 22,6% dos professores acre-ditam que em sua escola se cuida especialmente dos ingres-santes. além disso, em relação aos cuidados que se deveria ter para com os ingressantes, uma quarta parte deles (25,6%) acre-dita que os mesmos deveriam começar a carreira trabalhan-do nos grupos estudantis com menos problemas. dentre os professores, 54,8% deles não acreditam que o resto dos profes-sores lhes atribua classes e cursos que não desejam comparti-lhar e tampouco que lhes seja exigido menos e lhes protejam mais (78,6%).

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100%

Total

Nem concordo nem discordo Concordo ou concordo totalmenteDiscordo totalmente ou discordo

50.1

27.1

22.9

Menos de 3 anos

52

15.2

32.8

3-10 anos

55.5

26.2

18.3

11-20 anos

47.6

30.5

21.9

21-30 anos

45.2

30

24.8

Mais de 30 anos

42.7

27

30.3

Page 39: Af pesquisa baixa

38

apenas quanto à bonificação e à prioridade para escolher escolas e classes para os mais antigos, quase 70% dos ingres-santes discordam, e essa porcentagem decresce à medida que aumentam os anos de docência, revelando interesses corpora-tivos e individuais (ver gráfico 28).

Gráfico 26

Grau de concordância com as seguintes afirmações. Dados totais.

0 100%

Discordo ou discordo totalmente Nem concordo nem discordo Concordo ou concordo totalmente

Os professores mais antigos deveriam receber mais dinheiro e prioridade

para eleger escolas e grupos

Os professores novos deveriamcomeçar nos grupos mais novos

São mais protegidos e se exige menos dos professores mais novos

Não existe distinção de tratamento entre os professores

novos e os mais antigos

Os professores novos dão os cursos e classes que os demais não

desejam dar

Minha escola cuida especialmentedos professores novos

53 21.3 25.7

53 21.3 25.7

78.9 13.8 7.5

18.1 22.9 59.1

54.8 22.7 22.5

44.9 32.6 22.6

Page 40: Af pesquisa baixa

39

Gráfico 27

Grau de concordância dos professores com a afirmação “Não há distinção de tratamento entre os novos professores e os mais antigos”. Dados totais por tempo de ensino.

O estudo interessou-se por indagar a opinião dos professo-res acerca da forma e da efetividade das etapas superviosiona-das por que passam os docentes em início de carreira.

Para isso, foram solicitados a dar seu grau de concordância às seguintes afirmações:

y “as etapas supervisionadas aproximam o estudante da realidade da aula.”

y “as etapas devem ser supervisionadas por um professor do curso de formação inicial e simultaneamente por um docente em serviço.”

y “Os estudantes devem realizar suas práticas supervisionadas em diferentes níveis de ensino, da educação infantil ao ensino Médio.”

y “as etapas supervisionadas devem permitir que os professores observem boas práticas, aprendam os pontos fortes e fracos dos docentes com mais experiência.”

y “Os professores ingressantes deveriam ter sempre supervisão e acompanhamento formal dos mais experientes, assim como os técnicos de futebol.”

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100%

Nem concordo nem discordo Concordo ou concordo totalmenteDiscordo totalmente ou discordo

Menos de 3 anos

18.4

40.9

40.7

3-10 anos

18

21.1

61

11-20 anos

18.7

20.8

60.5

21-30 anos

17.7

18.7

63.6

Mais de 30 anos

11.1

16.7

72.2

Page 41: Af pesquisa baixa

40

ao analisar as respostas oferecidas pelos docentes de ensi-no Fundamental a todas esas afirmações, vemos que a maior parte deles está de acordo com elas (ver gráfico 29): quase 90% acreditam que a etapa inicial deve servir para que os ingres-santes ou futuros professores aprendam boas práticas docen-tes; 78,6% consideram que as etapas supervisionadas servem para aproximar à realidade das aulas; 78,3% também estão de acordo que todos os estudantes deveriam passar por estágio supervisionado em todos os níveis de ensino; 71,9% veem com bons olhos que essas etapas sejam tuteladas por dois profes-sores, um da escola e outro da formação inicial. a única afir-mação para a qual as respostas estão um pouco mais divididas é aquela relativa ao acompanhamento permanente: 26,4% não o consideram necessário, enquanto a 41,9% o acompanha-mento não parece ruim.

Os anos de experiência influenciam em algumas das opi-niões dos professores acerca das etapas supervisionadas, so-bretudo às que se referem a ter dois professores tutores; mas também na conveniência em ter estes períodos supervisio-nados em todos os níveis de ensino e na possibilidade em ter acompanhamento de um professor mais experiente. em todas elas, os ingressantes se mostram mais reticentes, de acordo com os gráficos 30, 31 e 32.

Sem dúvida, todos os grupos coincidem em assinalar que estas etapas supervisionadas são úteis para aproximar os fu-turos professores da realidade escolar e que são formas de ob-servar e aprender novas práticas.

Page 42: Af pesquisa baixa

41

Gráfico 28

Grau de concordância dos professores com a afirmação “Os professores mais experientes deveriam receber mais dinheiro que os novos e ter prioridade para escolher escola e grupos”. Dados totais por tempo de ensino.

Gráfico 29

Grau de concordância com as seguintes afirmações. Dados totais.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100%

Nem concordo nem discordo Concordo ou concordo totalmenteDiscordo totalmente ou discordo

Menos de 3 anos

69.5

17

13.5

3-10 anos

55.3

20.4

24.3

11-20 anos

48

23.6

28.5

21-30 anos

47.7

21.3

30.9

Mais de 30 anos

48.9

23.3

27.8

0 100%

Discordo ou discordo totalmente Nem concordo nem discordo Concordo ou concordo totalmente

Os professores mais novos deveriam ter sempre supervisão

e acompanhamento

As etapas devem ser supervisionadas por um professor

de formação inicial e outr0 da escola

Os estudantes devem realizar as etapas supervisionadas em todos

os níveis de ensino

As etapas supervisionadas aproximam o estudante à

realidade da aula

As etapas supervisionadas devem permitir que os professores

observem boas práticas docentes

26.4 31.7 41.9

9 19.1 71.9

6.7 14.9 78.3

8.1 13.3 78.6

2.8 10.8 86.5

Page 43: Af pesquisa baixa

42

Gráfico 30

Grau de concordância dos professores com a afirmação “As etapas devem ser supervisionadas simultaneamente por um professor do curso de formação inicial e por um professor de sala de aula”. Dados totais por tempo de ensino.

Gráfico 31

Grau de concordância dos professores com a afirmação “O estudante deve realizar sua etapa supervisonada em salas de aula dos diferentes níveis de ensino”. Dados totais por tempo de ensino.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100%

Nem concordo nem discordo Concordo ou concordo totalmenteDiscordo totalmente ou discordo

Menos de 3 anos

7.3

38.8

53.9

3-10 anos

10

16.3

73.7

11-20 anos

7.7

17.7

74.6

21-30 anos

15.3

10.8

73.9

Mais de 30 anos7.86.7

85.6

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100%

Nem concordo nem discordo Concordo ou concordo totalmenteDiscordo totalmente ou discordo

Menos de 3 anos

6.4

34.4

59.3

3-10 anos

6.9

14.3

78.8

11-20 anos

6.5

11.1

82.4

21-30 anos

7.7

11.4

80.9

Mais de 30 anos

2.25.6

92.1

Page 44: Af pesquisa baixa

43

Gráfico 32

Grau de concordância dos professores com a afirmação “Os novos professores deveriam sempre ter uma supervisão e acompanhamento por parte de um professor experiente”. Dados totais por tempo de ensino.

2.6 A recordação dos primeiros anoseste estudo também quis analisar as lembranças dos

professores em relação ao que vivenciaram no início da carreira profissional.

Os dados mostram que alta porcentagem dos professores (70,8%) lembra-se com satisfação desses primeiros anos, ainda que quase 10% deles não tenham a mesma lembrança.

Também é bastante alta a satisfação dos docentes (entre 80% e 90% deles) que se lembram de suas relações com as fa-mílias, alunos, colegas e da própria escola. a porcentagem dos que discordam da afirmação, ou seja, dos que não se lembram com satisfação do período, é pequena entre os que trabalham nas escolas particulares e chega a 10,1% entre os que estão na escola pública. Nesse caso, a diferença é significativa e pode-mos pensar que, talvez, as condições de trabalho para os in-gressantes sejam melhores na escola privada.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100%

Nem concordo nem discordo Concordo ou concordo totalmenteDiscordo totalmente ou discordo

Menos de 3 anos

23.3

41.5

35.1

3-10 anos

28.5

29.1

42.4

11-20 anos

24.9

32.8

42.3

21-30 anos

28.9

28.4

42.7

Mais de 30 anos

17.8

25.6

56.7

Page 45: Af pesquisa baixa

44

Gráfico 33

Grau de concordância dos professores com a afirmação “Recordo com satisfação esses primeiros anos”. Dados totais por tipo de escola.

Gráfico 34

Grau de concordância dos professores com as seguintes afirmações. Dados totais.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100%

Total

Nem concordo nem discordo Concordo ou concordo totalmenteDiscordo totalmente ou discordo

9.8

19.3

70.8

Pública

10.1

19.3

70.6

Particular

3.2

20

76.8

0 100%

Discordo totalmente ou discordo Nem concordo nem discordo Concordo ou concordo totalmente

Tive bons amigos entre meus colegas de trabalho

Recordo com satisfação o relacionamento com meus alunos

Não me entendia com a direção da escola

Mantive boas condições com as famílias

2.7 8.6 88.7

2.9 11.1 86

83.4 8.9 7.7

3.4 13.5 83.1

Page 46: Af pesquisa baixa

45

No que se refere ao apoio recebido por parte dos compa-nheiros em termos gerais, 65,1% manifestam ter se sentido apoiados. Também neste caso se encontram diferenças com relação à antiguidade docente: os mais jovens, para quem os primeiros anos não são lembranças, consideram sentir-se me-nos apoiados do que os mais antigos, que, por sua vez, recor-dam terem sido apoiados.

É curioso observar como, apesar de a maioria dos profes-sores das escolas concordar com a afirmação de que foram apoiados nos primeiros anos, quase 25% deles manifestou consciência de que lhes eram destinadas as piores classes, enquanto 49,3% não pensam assim (ver gráfico 36). esta opinião reitera os resultados do gráfico 26, no qual quase 25% também concordam com a afirmação de que seus colegas lhes atri-buem classes que não desejam.

Gráfico 35

Grau de concordância dos professores com a afirmação “Me senti apoiado por meus colegas”. Dados totais por tipo de escola e tempo de ensino.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100%

Total Pública Particular

Nem concordo nem discordo Concordo ou concordo totalmenteDiscordo totalmente ou discordo

11.2

23.6

65.1

Menos de 3 anos

11.6

22.7

65.7

4

47.2

48.8

6.6

38.3

55.1

11.7

23.4

64.9

11.3

23

65.7

12.7

16.1

71.2

15.4

19.8

64.8

3-10 anos 11-20 anos 21-30 anos Mais de 30 anos

Page 47: Af pesquisa baixa

46

Gráfico 36

Grau de concordância dos professores com a afirmação “Me dei conta de que meus companheiros me deixavam as piores classes”. Dados totais por tipo de escola e por tempo de ensino.

Surpreendentemente, mais da metade dos professores afir-ma ter se sentido segura e confiante (45,3%), enquanto mais de 30% não se sentiram assim. Como se pode constatar no gráfico 37, entre 40% e 50% de todos os grupos de professores concor-dam com a afirmação de que se sentiram seguros e confiantes. esse fato supreende principalmente quanto aos ingressantes, que, em geral e em outros estudos, apontam que se sentem inseguros no começo da carreira.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100%

Total Pública Particular

Nem concordo nem discordo Concordo ou concordo totalmenteDiscordo totalmente ou discordo

49.3

26.7

24.1

Menos de 3 anos

49.5

26.1

24.4

43.7

38.9

17.5

43.1

42.1

14.8

49.9

24.7

25.4

51.1

26.2

22.6

49.4

21

29.6

46.7

23.3

30

3-10 anos 11-20 anos 21-30 anos Mais de 30 anos

Page 48: Af pesquisa baixa

47

Gráfico 37

Grau de concordância dos professores com a afirmação “Me senti seguro e confiante”. Dados totais por tipo de escola e tempo de ensino.

Com relação à utilidade da formação recebida na facul-dade, quase 60% dos professores discordam da ideia de que não serviu para nada. Os professores mais jovens conside-ram mais útil a formação recebida, enquanto apenas 16,1% deles afirmam que essa formação não servia para nada, frente a 27,3% dos professores com mais de 30 anos de expe-riência. estas diferenças de opinião possivelmente devem-se a dois fatores: por um lado, às mudanças e à melhoria na for-mação inicial dos professores, confirmada por eles próprios; e, por outro, quando falta experiência, a formação inicial é a única ferramenta de trabalho. enquanto se vai ganhando experiência, constata-se que existem outros recursos para o desenvolvimento da profissão.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100%

Total Pública Particular

Nem concordo nem discordo Concordo ou concordo totalmenteDiscordo totalmente ou discordo

32.3

22.4

45.3

Menos de 3 anos

33.1

22

44.9

14.3

34.1

51.6

16.9

41.2

41.9

32.9

19.8

47.3

35.8

19.5

44.7

34.4

19.7

46

37.4

22

40.7

3-10 anos 11-20 anos 21-30 anos Mais de 30 anos

Page 49: Af pesquisa baixa

48

Gráfico 38

Grau de concordância dos professores com a afirmação “Pensei que a formação que recebi na faculdade não me servia para nada”. Dados totais e por tempo de ensino.

Como se constatou no início desse bloco de questões, ape-sar de alta porcentagem de docentes terem boas recordações do início da carreira, mais da metade deles (51,9%) lembra-se ter comprovado a dificuldade que foi trabalhar no ensino. Pe-quena parcela dos docentes (23,7%) pensou em abandonar a docência, e 72,6% afirma não ter perdido o entusiasmo que tinha quando começou a ensinar (ver gráfico 39).

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100%

Total

Nem concordo nem discordo Concordo ou concordo totalmenteDiscordo totalmente ou discordo

57.9

21

21.1

Menos de 3 anos

68.2

15.6

16.1

3-10 anos

58.5

21.2

20.3

11-20 anos

56.9

21.8

21.4

21-30 anos

53.9

21.8

24.3

Mais de 30 anos

45.5

27.3

27.3

Page 50: Af pesquisa baixa

49

Gráfico 39

Grau de concordância dos professores com as seguintes afirmações. Dados totais.

Pensamentos relacionados à ideia de “abandonar o barco” estão presentes em porcentagem bem mais alta (39,7%) en-tre os ingressantes do que entre os mais experientes (17%). Os mais jovens estão em menor número entre os que comprova-ram a dificuldade que é ensinar. Pode-se compreender que o desejo de abandonar o barco não tenha sido seguido de uma tomada de consciência sobre a difícil tarefa de ensinar.

29.9%Discordo totalmente ou discordo

18.2%Nem concordo e nem discordo

51.9%Concordo ou Concordo totalmente

13.6%Nem concordo e nem discordo

23.7%Concordo ou Concordo totalmente

62.7%Discordo totalmente ou discordo

Comprovei o difícil que é ensinar

12.8%Concordo ou Concordo totalmente

14.6%Nem concordo e nem discordo

72.6%Discordo totalmente ou discordo

Perdi o entusiasmo que tinha quando comecei a ensinar

Nesses anos, pensei bastante em abandonar a profissão

Page 51: Af pesquisa baixa

50

Gráfico 40

Porcentagem dos professores que concordam ou concordam muito com as seguintes afirmações. Dados totais por tempo de ensino.

ao fazer o balanço dessa primeira etapa da vida profissio-nal, as opiniões estão divididas. enquanto 47,1% afirmam que foram os melhores anos de sua vida profissional, 18,5% não os considera assim. Chama a atenção o dado, relativamente alto, de indiferença: 34,4% dos professores provavelmente não têm opinião clara sobre isso.

Gráfico 41

Grau de concordância dos professores com a afirmação “Foram os melhores anos da minha vida profissional”. Dados totais.

0

10

20

30

40

50

60%

Comprovei quão difícil era ensinar

Pensei muito nesses anos em abandonar a docência

Menos de 3 anos 3-10 anos 11-20 anos 21-30 anos Mais de 30 anos

40.1

54.3 53.6 52.4 50

39.7

24.419.3 20.7

17

47.1%18.5%

34.4%

Concordo ou Concordo totalmente

Discordo totalmente ou discordo

Nem concordo e nem discordo

Page 52: Af pesquisa baixa

51

Gráfico 42

Grau de concordância dos professores com a afirmação “Foram os melhores anos da minha vida profissional”. Dados totais por tipo de escola e por tempo de ensino.

interessante constatar que, dentre os professores, os anos iniciais foram os melhores para os ingressantes, os quais, no entanto, não têm parâmetros de comparação, já que estão há muito pouco tempo na profissão.

Para fechar os dados referentes às recordações, mais de 90% dos professores consideram que são melhores profissio-nais hoje do que foram há alguns anos.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

100%

90

Discordo totalmente ou discordo

Nem concordo e nem discordo

Concordo ou Concordo totalmente

Pública

18.9

34.7

46.4

4.8

31.2

64

9.2

30.8

60

20.5

37.9

41.5

18.3

37.9

41.5

20.5

29.3

50.2

27.4

17.9

54.8

Particular Menos de 3 anos

3-10 anos 11-20 anos 21-30 anos Mais de 30 anos

Page 53: Af pesquisa baixa

52

Gráfico 43

Grau de concordância dos professores com a afirmação “Atualmente você se considera melhor do que alguns anos atrás”. Dados totais.

2.7 Fatores que influenciam na qualidade dos professores

Para terminar, foi incluído um último bloco de perguntas em que se solicitou que os professores afirmassem o grau de importância que julgam ter fatores que habitualmente in-fluem, em maior ou menor grau, na qualidade docente.

Foram 17 os fatores propostos: a formação inicial; a forma-ção continuada; a experiência prática na aula; as condições de trabalho; avaliação do trabalho docente; a atualização por meio de leituras especializadas; um bom programa de estágio supervisionado; o acompanhamento nos primeiros meses ou anos do exercício docente; controlar a qualidade das faculda-

9.6%90.4%NãoSim

� 70,8% recordam com satisfação seus primeiros anos de docência.

� Também é bastante satisfatória a lembrança das relações mantidas durante esses primeiros anos com as famílias, a direção da escola, os alunos e especialmente com os colegas.

� 65,1% sentiram-se apoiados pelos colegas, porcentagem significativamente mais alta entre os professores das escolas públicas do que das particulares. Os ingressantes dizem sentir-se menos apoiados.

� 25% dos professores manifestam ser conscientes de que naqueles anos foram atribuídas a eles as piores classes, enquanto 50% não consideram assim.

� Quase metade dos professores afirma ter se sentido segura e confiante, sendo que 57,95% deles discordam de que a formação recebida na faculdade não tenha servido para nada.

� Mais da metade comprovou a dificuldade em trabalhar no ensino e 25% pensaram em abandonar a profissão. 72,6% ainda não perderam a ilusão que tinham quando começaram a ensinar.

� Os professores mais jovens, os mais antigos e os que trabalham em escolas particulares são os que acreditam que os primeiros anos foram os melhores de sua carreira profissional.

� Mais de 90% dos professores se consideram melhor professor hoje do que há alguns anos.

Em rEsumo

Page 54: Af pesquisa baixa

53

des de Pedagogia e as licenciaturas; programas de apoio espe-cíficos para os ingressantes; a capacidade e a motivação dos professores na adaptação às mudanças sociais; o acesso à in-ternet e seu preparo para utilizar novas tecnologias; as opor-tunidades para seu desenvolvimento cultural; programas de desenvolvimento de hábitos de leitura; a relação entre as ins-tituições de formação dos professores e os sistemas de educa-ção básico; e um adequado acompanhamento nos períodos de estágio. Todos eles foram considerados importantes ou muito importantes por mais de 75% dos questionados, sem revelar diferenças significativas nas opiniões entre os diferentes gru-pos de antiguidade nem entre as escolas públicas e privadas.

Como se pode constatar no gráfico 44, os fatores que mais de 95% dos professores consideram importantes ou muito importantes para formar um professor com qualidade são, por ordem: o trabalho em equipe (97%), a formação continu-ada (96,3%), a formação inicial (95,8%), ter oportunidades para seu desenvolvimento cultural (95,5%), os programas de incentivo e desenvolvimento do hábito de leitura (95,4%) e as condições de trabalho (95,3%).

Pelo contrário, os considerados menos importantes, assina-lados por menos de 90% dos professores são, principalmente, os relacionados com a supervisão, tanto no período de estágios como no início da carreira profissional. da menor à maior im-portância são eles: o acompanhamento ou supervisão durante os primeiros meses ou anos de sua carreira (78,7%), contar com um bom programa de estágio supervisionado (83,1%), ter uma adequada supervisão durante o período de estágios (83,2%) e os programas de apoio específicos para os professores ingres-santes ou ingressantes (85,7%) (ver gráfico 44).

entre os mais novos, constata-se pequena variação, em re-lação aos seus colegas mais experientes, na valorização do es-tágio supervisionado (diferença de quase 10%).

Não surpreende que os aspectos mais gerais da formação sejam apontados como os mais importantes. Coincidem com os estudos e análises mais recentes sobre a formação inicial dos professores. É provável que ao ressaltarem esses aspectos, reproduzem o que aprenderam nos cursos de Pedagogia, tendo inclusive considerado que é mais importante a formação con-tinuada do que a inicial, fato que entra em contradição com a primeira questão do estudo, na qual a maioria dos profes-

Page 55: Af pesquisa baixa

54

sores afirma estar a formação inicial diretamente associada à qualidade do sistema de ensino. Por outro lado, surpreende a afirmação de que ter oportunidades culturais e de leitura es-teja colocada como fatores prioritários, o que demonstra uma visão crítica sobre sua própria formação.

Cabe ressaltar, antes das conclusões, que os fatores menos importantes são exatamente aqueles ligados à práxis docen-te, revelando, possivelmente, total inexperiência e desconhe-cimento sobre o papel que a prática reflexiva pode ter nas aprendizagens estudantis e no bom funcionamento da escola.

Gráfico 44

Avaliação da importância dos seguintes fatores para a qualidade da faculdade: % dos professores que consideram que são importantes ou muito importantes.

0 100%

Trabalho em equipe

Formação continuada

Formação inicial

Oportunidades para o desenvolvimento cultural

Programas de desenvolvimento do hábito leitor

Condições de trabalho

Atualização através de leituras especializadas

Experiência prática em aula

Coordenação entre as instituições de formação deprofessor e de educação básica

Acesso à internet e utilização de Tecnologias da Informação e de Comunicação

Motivação e capacidade para se adaptar às mudanças sociais

Avaliação do trabalho docente

Controle rigoroso das faculdades dePedagogia e licenciaturas

Programas de apoio para os professores novos

Acompanhamento durante o período de práticas

Bom programa de etapa supervisionada

Acompanhamento e supervisão durante os primeiros meses ou anos da carreira profissional

97.0

96.3

95.8

95.5

95.4

95.3

94.8

94.8

93.6

93.5

93.5

92.2

91.8

85.7

83.2

83.1

78.7

Page 56: Af pesquisa baixa

55

Gráfico 45

Nível de importância dos programas de etapa supervisionada para a qualidade da faculdade. Dados por tempo de ensino.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

100%

90

Nada ou pouco importante Mais ou menos importante Importante ou Muito importante

Menos de 3 anos

3-10 anos 11-20 anos 21-30 anos Mais de 30 anos

2.87.3

89.8

6.4

12.4

81.2

5.7

11.8

82.5

7.3

9

83.7

9.8

9.8

80.4

� Os fatores considerados mais importantes para a qualidade dos professores são o trabalho em equipe, a formação continuada, a formação inicial, ter oportunidades de desenvolvimento cultural e de leitura e as condições de trabalho.

� Os fatores considerados menos importantes são os referentes à supervisão do trabalho tanto no período de estágio como nos primeiros anos da carreira profissional.

Em rEsumo

Page 57: Af pesquisa baixa

56

C O N C L U S Õ E S3

Page 58: Af pesquisa baixa

57

este trabalho consultou as opiniões de professores ingres-santes ou ingressantes a respeito de sua própria formação, sobre como valorizam seus primeiros anos de ensino, como fo-ram formados, o que evocam e necessitam. ao mesmo tempo, tratou-se de completar esse quadro por meio do conhecimento da opinião de professores com mais tempo de docência: como valorizam as novas gerações de colegas e as lembranças deles próprios quando começaram a dar aulas.

a análise baseou-se em questões fechadas organizadas em ordem diferente da que foi analisada neste trabalho. No final, as respostas foram agrupadas em sete categorais, de maneira a indicar possibilidades de análise da opinião dos professores, mais especificamente, orientadas para a compreensão do que pensam os ingressantes e os mais antigos na profissão sobre sua formação inicial e as condições formativas que garantam adaptação na carreira.

Vale ressaltar que a amostra recebida e analisada contem-pla apenas 12% de professores com menos de três anos na pro-fissão, fato que relativiza os resultados obtidos. Por outro lado, na medida em que 95% dos respondentes são oriundos de es-colas públicas, é preponderante o pensamento dos professores com experiência nessa categoria de escola.

Os resultados obtidos foram por vezes contraditórios e ou-tras vezes convergentes. isso revela que não existe, como seria de se esperar, um pensamento homogêneo na categoria sobre os aspectos investigados.

� Mais da metade dos professores considera que a qualidade do sistema educativo está diretamente relacionada com a qualidade da formação inicial do professorado. Esta opinião é mais forte entre os professores mais jovens e mais antigos.

� Menos de 20% dos docentes creem que o currículo da formação inicial contempla todas as competências profissionais necessárias para o exercício da profissão.

� Quase a metade dos professores considera que não existe equilíbrio entre a teoria e a prática dentro dos currículos de Pedagogia e das licenciaturas.

� São maiores as porcentagens de professores com menos de três anos do que a dos mais experientes que consideram que o currículo da formação inicial ensina sobre os problemas atuais e se adapta às mudanças sociais.

� Segundo os docentes, os aspectos mais importantes do currículo de formação dos professores são o planejamento das aulas, a abordagem dos temas atuais da infância e da juventude e as estratégias de avaliação das aprendizagens dos alunos. Os estágios são considerados os aspectos menos importantes.

Em rEsumo3

Page 59: Af pesquisa baixa

58

� 63,8% dos professores consideram que os professores ingressantes trazem ideias novas às escolas e quase a metade deles afirma que estes têm uma boa formação acadêmica e cultural e capacidade para organizar o trabalho dos alunos. 20,1% consideram que desconhecem o sistema educativo e seus problemas.

� Em geral, os novos professores se consideram melhores em comparação com o restante dos professores com maior experiência docente no que se refere à competência profissional, revelando menor capacidade crítica.

� Apenas um quarto dos docentes pensa que os ingressantes são menos preparados que os antigos, sendo os docentes com mais de 20 anos de docência os que apoiam esta afirmação em maior número. Os docentes consideram que os ingressantes mantêm boas relações com todos os membros da comunidade educativa, especialmente com os companheiros de profissão.

� São os ingressantes que consideram melhor sua relação com a comunidade educativa, especialmente com os alunos e suas famílias, relação a qual, majoritariamente, qualificam como muito boa ou excelente.

� Ainda que, em geral, os professores avaliem positivamente a capacidade de inovação, entusiasmo e interesse por aprender dos ingressantes, os que trabalham há menos tempo – entre três a dez anos de profissão – e os que trabalham em escolas particulares são mais positivos na valoração destes aspectos do que seus colegas veteranos.

� A porcentagem dos professores que considera que os ingressantes não têm a mesma vocação que antigamente aumenta com os anos de experiência.

� 62,6% dos professores considera que os professores jovens não têm problemas para se integrar às escolas.

� A metade dos professores não acredita que seja resistente a aprender com a experiência dos mais antigos, mas a terça parte dos ingressantes, assim como os mais antigos, considera que tem certa resistência para aprender com a experiência dos outros.

� Quase 80% dos docentes não acredita que se exija menos e se proteja mais os ingressantes. 60% opina que nas escolas se trata igualmente a novos e antigos, e apenas 22,6% afirma que em sua escola se cuida especialmente dos ingressantes.

� Mais de 50% dos docentes discordam de que os mais antigos deveriam ter bônus e prioridade na hora de escolher escolas e classes.

� 86,5% dos professores acredita que as etapas supervisionadas deveriam servir para que os ingressantes observassem boas práticas docentes.

� As opiniões quanto aos jovens serem constantemente supervisionados estão bastante divididas. Mais de 25% deles não concorda com isso, enquanto mais de 40% concorda. O grupo que mais apoio deu a essa prática foi o de professores com mais de 30 anos de profissão.

� As respostas dos ingressantes diferem significativamente do resto de seus colegas quanto à necessidade de ter dois tutores, um da escola e outro da faculdade, durante o estágio supervisionado. Essa diferença também é constatada quanto a fazer estágio em diferentes níveis de ensino. Em ambos os casos, os ingressantes se mostram muito mais resistentes que os demais professores.

� 70,8% recorda com satisfação seus primeiros anos de docência.

� Também é bastante satisfatória a lembrança das relações mantidas durante

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esses primeiros anos com as famílias, a direção da escola, os alunos e especialmente com os colegas.

� 65,1% sentiram-se apoiados pelos colegas, porcentagem significativamente mais alta entre os professores das escolas públicas do que entre os das particulares. Os ingressantes dizem se sentir menos apoiados.

� 25% dos professores manifesta ser conscientes de que naqueles anos lhes foram destinadas as piores classes, enquanto 50% não considera assim.

� Quase metade dos professores afirma ter se sentido segura e confiante, e 57,95% deles discorda de que a formação recebida na faculdade não tenha servido para nada.

� Mais da metade comprovou a dificuldade em trabalhar no ensino, e 25% pensaram em abandonar a profissão. 72,6% ainda não perderam a ilusão que tinham quando começaram a ensinar.

� Os professores mais jovens, os mais antigos e os que trabalham em escolas particulares são os que acreditam que os primeiros anos foram os melhores de sua carreira profissional.

� Mais de 90% dos professores se considera melhor professor do que há alguns anos.

� Os fatores considerados mais importantes para a qualidade dos professores são o trabalho em equipe, a formação continuada, a formação inicial, ter oportunidades de desenvolvimento cultural e de leitura e as condições de trabalho.

� Os fatores considerados menos importantes são os referentes à supervisão do trabalho, tanto no período de estágio como nos primeiros anos da carreira profissional.

Quanto à maioria dos aspectos citados, saltam aos olhos as opiniões altamente contraditórias quanto aos estágios e práticas supervisionadas, tanto na formação inicial quanto no exercício da docência. Se, por um lado, 86,5% dos professo-res acreditam que as etapas supervisionadas deveriam servir para que os ingressantes observassem boas práticas docentes, são altas as respostas que desvalorizam essa prática tanto na formação inicial quanto no acompanhamento do docente em serviço. a contradição revela que há uma idealização de uma prática provavelmente não experimentada por causa da for-mação generalista e tecnicista dos cursos de Pedagogia que ainda não sofreram os impactos das mudanças propostas pe-las Novas diretrizes Curriculares.

É sabido, de acordo com estudos recentes, que os países que têm as melhores avaliações no âmbito internacional são aqueles em que a experiência de estágio supervisionado dos profissionais – antes e depois de serem professores – é alta-mente valorizada.

em nossa realidade, é possível que os docentes não valo-rizem os estágios por não terem tido boas experiências ou as

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mesmas terem sido altamente burocratizadas no contato pre-coce com a escola.

Mais recentemente, a discussão sobre a formação inicial e continuada dos professores tem sido questionada, conside-rando que não se pode – nem se deve – responsabilizar os professores individualmente. em geral, ainda que existam condições institucionais para a formação docente em servi-ço – e tem aumentado consideravelmente o número de cur-sos de Pedagogia e de licenciaturas no país –, parece que não existe ainda, em nosso país, uma cultura e uma pedagogia de formação que ajude o professor a desenrolar o nó da apren-dizagem estudantil.

3.1 A INICIAÇÃO DOs PROFEssOREs NA CARREIRA DOCENTE

Se aos professores veteranos é justificada a dificuldade em ensinar para as novas gerações, considerando-se sua forma-ção tecnicista e generalista, muita expectativa se coloca nos recém-ingressados. No entanto, trabalhos recentes fazem re-ferência às dificuldades que vivem esses professores nos seus primeiros anos de atividade profissional.

O ingressante, em geral, vive o choque da primeira aula quando tem de enfrentar a complexidade da tarefa que lhe é apresentada. este choque refere-se, especificamente à con-tradição que se produz entre os ideais elaborados durante a etapa da formação inicial e a crua realidade da escola ou “da vida como ela é”. O processo de aquisição da cultura escolar, de acordo com relatos de alguns professores ingressantes, é geralmente inseguro, solitário e até angustiante. Mas pode se transformar em um desafio imenso e motivador.

Na atualidade, diversos trabalhos (dicker e Terigi, 2003; Spakowsky, 2006) indicam que uma das razões para que essa situação ocorra entre os ingressantes é o fato de que sua for-mação inicial não considera a docência como um trabalho nem uma profissão. isso significa que não existe uma pedagogia de formação (dicker e Terigi, op.cit.) que insira precocemente os aprendizes de professores na realidade escolar de maneira a que possam refletir sobre as especificidades profissionais no âmbito de contextos singulares. a maioria dos cursos de Peda-gogia e de licenciatura não discute com seus estudantes, futu-

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ros professores, os objetivos, conteúdos e estratégias da ação docente em uma perspectiva profissional. isto significa afir-mar, de acordo com diker e Terigi (op. cit., p. 165) que conside-rar a atividade docente como trabalho não tem sido objeto de discussão nos currículos de formação inicial nem continuada. Tampouco, para as autoras, os aprendizes de professor podem compreender e construir, ao longo de seu percurso estudantil, uma identidade docente associada a uma profissionalização. assim, os professores, em sua formação inicial, experimentam cursos teóricos e generalistas que reiteram, para os forman-dos, a ideia geral da docência associada à missão salvadora da infância idealizada, baseada no dom de ensinar.

Recente estudo sobre 71 currículos de cursos de Pedagogia do país (Gatti, 2008), por meio da análise de suas ementas, re-vela que os dados referentes às horas destinadas aos estágios padecem de uma série de imprecisões. ainda que estes apare-çam em várias horas, a autora afirma que “não obstante, as in-formações largamente difundidas sobre o funcionamento dos cursos de Pedagogia nos autorizam a sugerir que a maior par-te dos estágios envolve atividades de observação, não se cons-tituindo em práticas efetivas dos estudantes de Pedagogia na escola” (p. 32). a análise reitera a ideia de que a regência, com raríssimas exceções presentes em um ou outro iSe (instituto Superior de educação), não existe na formação docente.

assim, pode-se concluir que, na falta de uma residência pe-dagógica efetiva, ou seja, na ausência da experiência anteci-pada da regência contextualizada em seu percurso inicial de formação, os ingressantes não constroem procedimentos pro-fissionais adequados às exigências do contexto. ao ingressar na carreira docente, os professores ingressantes chegam com uma série de dúvidas e inseguranças, consequência das duas únicas etapas formativas pelas quais passam, quais sejam:

1. a que advém de uma trajetória escolar prévia e que constitui sua Biografia escolar4;

2. O trajeto escolar formal e acadêmico que os coloca em uma situação infantilizada do aluno em situação de aprendizagem.

4 De acordo com Allaud (2004), entende-se por Biografia Escolar as atividades de aprendizagem e experiências prévias à formação inicial, que se constroem em contextos tanto sociais como culturais do âmbito familiar e escolar.

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além disso, constatou-se no mesmo estudo de Gatti (2008) que a maioria dos cursos de formação inicial está centrada em teorias generalistas de ensino e aprendizagem, e poucos apontam conhecimentos sobre didáticas específicas e mais ainda sobre conhecimentos que demandem uma reflexão so-bre a docência como práxis social historicamente constituída em profissão. de acordo com a mesma pesquisa, “o currículo proposto pelos cursos de formação de professores têm uma característica fragmentária, apresentando um conjunto disci-plinar bastante disperso” (Gatti, op.cit., p. 67). ainda segundo o mesmo estudo, a maioria das ementas colocam a seguinte questão: “a formação panorâmica, em geral encontrada nos currículos, é suficiente para o futuro professor vir a planejar, ministrar e avaliar um ensino calcado em conhecimentos dis-ciplinares mas que adote uma perspectiva interdisciplinar?” (pp. 39 e 40). Nessa medida, o estudo abre uma exceção e apon-ta que “merecem destaque dois iSes que destinam de 720 a 800 horas para os conteúdos específicos, além de trabalharem os mesmos no âmbito das metodologias de ensino” (p.39).

além disso, a pesquisa de Gatti (2008) descobriu que “a es-cola, enquanto instituição social e de ensino, é elemento quase ausente nas ementas, o que leva a pensar numa formação de caráter mais abstrato e pouco integrado ao contexto concreto onde o profissional-professor vai atuar” (p. 69).

3.2 RECOMENDAÇÕEsa formação inicial que garanta conteúdos, recursos analíti-

cos e competências didático-pedagógicas para que os profes-sores possam começar a ensinar, assim como a orientação, o apoio e os estímulos aos ingressantes convertem-se, assim, em exigência fundamental da parte das políticas públicas e das instituições formativas.

No que se refere a estágios: y devem ser exigidos a partir do 1º semestre letivo e supervisionados pelos docentes dos cursos superiores em contato frequente com os diretores, coordenadores e professores em serviço;

y devem ser realizados em todos os níveis de ensino, em instituições de educação infantil, ensino Fundamental

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e afins, em projetos e programas educativos que estabelecem parceria com a ieS (instituição de ensino Superior). essa parceria deve garantir, para os alunos, uma escolha criteriosa e objetivada das instituições, ao mesmo tempo em que fornece formação continuada para os docentes em exercício nas instituições conveniadas;

y devem propiciar, portanto, que o futuro professor desenvolva uma prática pré-docente e presencial de observação, diagnóstico, planejamento, avaliação, reflexão, investigação, regência e tematização de práticas educativas e geradoras de situações-problemas.

No que tange às instituições de ensino Superior: y aplicar constantemente os instrumentos de avaliação das iSe (tais como eNade, SiNaeS etc.) e as medidas regulatórias advindas da constatação de desempenhos inadequados, de maneira a garantir a implementação das diretrizes Curriculares Nacionais de Formação de Professores.No que se refere às competências dos professores:

y criar um exame nacional de proficiência profissional do professor.

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Allaud, andréa. Ensayos y Experiencias – Psicología en el campo de la educación. Mayo/Junio de 1998. año 4, no 23, pp. 2-17.

Brasil. Conselho Nacional de educação. Resolução cne/cp 1/2006. di-ário Oficial da União. Brasília, 16 de maio de 2006. Seção 1, p.11.

Brasília. Ministério da educação – mec/inep. Estudo exploratório sobre o professor brasileiro com base nos resultados do Censo Escolar da Educação Básica 2007. Maio de 2009.

Campos, Maria Malta (coord.). A qualidade da educação sob o olhar dos professores. São Paulo: Fundação SM/Oei, 2008.

Diker, Gabriela y Flavia Terigi. La formación de maestros y professo-res: hoja de ruta. 1ª ed. Buenos aires: Paidós, 2003.

Gatti, Bernardette a. Nunes, Maria Muniz Rossa. Formação de professores para o ensino fundamental: Institutições formadoras e seus currículos. Relatório final: Pedagogia. São Paulo: Fundação Carlos Chagas, 2008.

Spakowsky, elisa. “Formación docente y construcción de la identidad profesional”. in: Malajovitch, ana (org.). experiencias y reflexiones sobre la educación inicial – una mirada latinoamericana. 1ª ed. Buenos aires: Siglo xxi editores. argentina, 2006, pp. 211-237.

Wajskop, Gisela. “La cultura y la escuela en la formación docente: principios y contenidos de una experiencia curricular en curso”. in: Ma-lajovitch, ana (org.). Experiencias y reflexiones sobre la educación inicial – una mirada latinoamericana. Buenos aires: Siglo xxi editores. argenti-na, 2006, pp. 239-249.

Wajskop, Gisela. Projeto Pedagógico Curricular do Curso de Pedagogia do Instituto Superior de Educação de São Paulo – Singularidades. São Pau-lo, outubro de 2006. Reconhecido pela Portaria sesu/mec, nº 144, de 9 de fevereiro de 2007.

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oA Fundação SM tem como objetivo promover o desenvolvimento humano e a transformação social para a construção de uma sociedade mais competente, crítica e justa.

Além do incentivo à reflexão sobre educação por meio de pesquisas de opinião, o projeto da Fundação SM prevê o estímulo à formação continuada e valorização de professores, o apoio a projetos sócio-culturais de diversas instituições, e o fomento à leitura e à produção literária, com destaque para iniciativas como o Prêmio Barco a Vapor, o Prêmio Ibero-americano de Literatura Infantil e Juvenil, o Prêmio Nacional de Educação em Direitos Humanos e o Prêmio Professores do Brasil.

A pesquisa A formação e a iniciação profissional do professor e as implicações sobre a qualidade do ensino, é realizada como uma contribuição da Fundação SM e da Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI) para o debate sobre questões fundamentais para o desenvolvimento de políticas públicas na área de educação.

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