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ENTREVISTA: Defesa é um tema de toda a sociedade, diz Amorim Jan/Fev/Mar - 2013 Nº 235 - Ano 40 A FORÇA AÉREA ENTRA EM CAMPO Conheça o novo “esquema tático” da FAB para a segurança aérea durante a Copa das Confederações

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A FORÇA AÉREA ENTRA EM CAMPO - Conheça o novo “esquema tático” da FAB para a segurança aérea durante a Copa das Confederações

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ENTREVISTA: Defesa é um tema de toda a sociedade, diz Amorim

Jan/Fev/Mar - 2013 Nº 235 - Ano 40

A FORÇA AÉREA ENTRA EM CAMPO

Conheça o novo “esquema tático” da FAB para a segurança aérea durante a Copa das Confederações

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Edição nº 235 Ano 40Janeiro/Fevereiro/Março - 2013

Prepare seu Plano de Voo

FAB TV - Novidade

MEMÓRIA

06 |Documentário sobre o berço da aviação militar no Rio de Janeiro garimpa em acervos históricos imagens preciosas como a chegada do dirigível Graf Zeppelin, na década de 30.

ENTREVISTA

08 |O Ministro da Defesa, Celso Amo-rim, fala sobre as ações previstas para 2013, a política de cooperação com os países vizinhos e o que espera das Forças Armadas, especialmente nos grandes eventos que o país vai sediar até 2016.

INOVAÇÃO14 |Alunos do ITA criam um aplicativo que ajuda na descoberta e tratamento de pessoas com dislexia. A dupla de estu-dantes criou um tipo de jogo para celulares e tablets para treinar o raciocínio e acelerar o aprendizado das mentes inquietas.

FAB em Ação - Quase três anos depois do ter-remoto que devastou o Haiti, uma equipe da FAB TV volta ao país da América Central. O repórter Flávio Nishimori e o cinegrafi sta Israel Barros de Lima, ambos militares da Agência Força Aérea de Notícias, trazem um relato de como está o país e como a Missão de Paz das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (Minustah) ajuda na reconstrução.

Conexão FAB - Pela primeira vez, a Força Aérea mostra imagens da aeronave P-3AM em uma simulação de guerra antissubmarina no sul do país. Com emprego de equipamentos e táticas reais em um ambiente de guerra simulada, o exercício incluiu o lançamento de sonoboias, que captam sinais de submarinos.

Você acompanha a programação da FAB TV no portal fab.mil.br.

2 Jan/Fev/Mar/2013 Aerovisão

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QR-Code? É um código de barras que pode ser escaneado pela maio-ria dos aparelhos celulares que têm câmera fotográfica. A figura, que na verdade é um código, será lida como um link para levar o usuário para um conteúdo interessante na

Use a revista para navegar pela internet

40 | O Major-Brigadeiro do Ar Antonio Carlos Egito do Amaral revela aos leitores o nosso esquema tático para a Copa do Mundo

CAPA

internet. A ideia da revista é divul-gar fotos, vídeos e reportagens de destaque por meio desse recurso.

O procedimento de leitura de um QR Code é simples. Execute o aplicativo instalado em seu celular, posicione a câmera digital sobre o desenho para que a fi gura possa ser escaneada. O programa irá exibir o endereço indicado e redirecionar o usuário para o link recomendado.

Usuários de iPhone podem bai-xar o aplicativo Qraft er. Já os que utilizam o Android, podem recorrer ao QR Droid. Outro programa é o QR-Code Reader, para Blackberry.

YOUTUBE - O canal de vídeos da Força Aérea superou a marca de 2,2 milhões de visualizações em pouco mais de dois anos de existência.

TWITTER - Mais de 10 mil pessoas seguem a FAB. Acompanhe o trabalho da instituição e veja as oportunidades profi ssionais nos concursos abertos.

FACEBOOK - Mais de 45 mil pessoas acompanham as notícias sobre opera-ções militares, concursos e o trabalho dos esquadrões da FAB. Quer fi car por dentro do que acontece, acompanhe a fanpage da FAB.

MEDICINA AEROESPACIAL24 |Veja como a Força Aérea Brasileira treina aeronavegantes de todo o país para situações de emergência. Consi-derado um dos centros de referência na área de medicina aeroespacial, o IMAE é o maior núcleo de estudos sobre o impacto do voo sobre a saúde.

TECNOLOGIA

35 |Caças A-29 Super Tucano subs-tituem os treinadores T-27 Tucano, utilizados há 29 anos. As mudanças vão da cor das aeronaves até a realização de novas manobras.

FUMAÇA

49 |O Brasil vai produzir em parceria com a África do Sul míssil de quinta geração para equipar caças.

AERONAVES HISTÓRICAS

32 |Avião adaptado a pousos e deco-lagens em pistas curtas, o C-115 Búfalo foi decisivo na integração do norte do Brasil.

3Jan/Fev/Mar/2013Aerovisão 3

INTERNET - Conheça o portal da Força Aérea

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Arte produzida pelo Centro de Comunicação Social da Aeronáutica, a partir de imagem gratuita da internet

Durante a Copa do Mundo, enquan-to você estiver torcendo nos estádios, nosso time de pilotos, controladores, radares e aeronaves estará longe dos olhos da multidão. A quilômetros de altura, nossos militares vão patrulhar, vigiar e defender o espaço aéreo brasi-leiro de ponta a ponta do país contra qualquer tipo de ameaça ou risco. Na reportagem de capa trazemos os detalhes da estratégia que dá uma gui-nada no emprego operacional da Força Aérea Brasileira. O novo sistema que descentraliza a execução das operações de segurança e defesa aérea estreia em junho, na Copa das Confederações.

Na primeira edição do ano, Aero-visão também publica uma entrevista especial com o Ministro da Defesa. Ao falar de poder de dissuasão, segurança das fronteiras e reaparelhamento das Forças Armadas, Celso Amorim reitera que o tema defesa seja discutido por toda a sociedade brasileira e não se restrinja a militares e governo.

Do Instituto de Tecnologia de Aero-náutica (ITA) vem uma novidade que ajuda aqueles que têm dislexia. A dupla do segundo ano de engenharia da com-putação desenvolveu um aplicativo que trabalha rastreamento visual, atenção, concentração e coordenação motora. Em uso por uma instituição dedicada a ajudar pessoas com transtornos de aprendizagem, o aplicativo será dis-ponibilizado para download gratuito.

Para fechar esta edição, uma retros-pectiva em imagens que foram captadas ao longo de operações, treinamentos e missões no ano passado. Os melhores momentos do trabalho de cada militar da FAB, do soldado ao ofi cial, podem ser traduzidos como uma prestação de contas à sociedade brasileira.

Brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz DamascenoChefe do CECOMSAER

O modelo inéditode defesa

Boa leitura!

5Jan/Fev/Mar/2013Aerovisão

Aos Leitores

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Campo dos Afonsos na década de 30

MEMÓRIA

O filme e a história

A pesquisa histórica para come-moração dos 100 anos dos Afon-sos começou em 2011 levada a

cabo por militares e civis de formações diversas reunidos no Centro de Memó-ria do Ensino Militar da Universidade da Força Aérea, no Rio de Janeiro.

A pesquisa gerou, então, uma expo-sição, um seminário, um livro histórico e o fi lme Paisagem e Espaço. Mas, diferen-temente dos demais produtos, o fi lme se constituiu por força da linguagem do cinema em uma síntese desses 100 anos da aviação e que teve propositalmente uma ideia central: o espaço e a paisagem do Campo dos Afonsos como marco inicial de acontecimentos importantes

para a história da aviação no Brasil, para a trajetória da aviação militar, para a formação de uma cultura nacional sobre a atividade aeronáutica, ou em palavras mais simples, podemos afi rmar que muita coisa do que se pensa ou do que se faz hoje em termos de aviação, começou nos Afonsos.

O que, por exemplo? Um dos primeiros hangares de montagem de aeroplanos, a primeira escola militar de aviação, o primeiro salto de para-quedas ofi cial, o primeiro projeto de avião brasileiro construído em série, o primeiro voo do Correio Aéreo Mi-litar, as primeiras mulheres na Força Aérea. Tudo nasceu nesse pedaço de

terra perdido no subúrbio carioca, que mesmo tendo que sofrer por diversas vezes obras de drenagem para fugir de sua natureza pantanosa, viu nascer o voo do mais pesado que o ar, em suas diferentes manifestações e usos.

Mas , se é esta a história que o fi lme conta, ela já não estaria presente no livro e de forma detalhada ou na ex-posição comemorativa? Onde o livro ganha em minúcias e especifi cidades, o fi lme ganha em composição da imagem e do som, permitindo uma maior fl ui-dez na percepção da história. O fi lme defende sua tese diante de ferramentas poderosas: a fotografi a, as imagens em movimento, a música e alguma poesia

6 Jan/Fev/Mar/2013 Aerovisão6

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na voz off . Tudo para envolver e encan-tar o espectador.

Algumas cenas são marcadas por elementos que confl uem com a histó-ria do Campo dos Afonsos com seu entorno: o atual bairro de Marechal Hermes mantém ainda vestígios desse passado. Basta olhar para suas casas de dois andares plantadas em ruas exage-radamente largas. Basta assistir ao fi lme que entendemos que as mesmas casas foram na verdade moradia dos milita-res da Missão Francesa de Aviação, que aqui estiveram de 1919 até a década de 30, criando a Escola de Aviação Militar, embrião da Academia da Força Aérea.

Outras imagens nos remetem ao pomposo ambiente de chegada de per-sonagens importantes da nossa recente história. Aviões trazendo delegações estrangeiras, autoridades e até misses que pousaram por ali, provavelmente mobili-zavam multidões, tal como foi a chegada do Graf Zeppelin em 1930. Como os moradores próximos do Campo dos Afonsos receberam as novidaddes dos reides aéreos (competição de aviadores)? Quantas vezes eles, pessoas comuns, viram por ali Getúlio Vargas, habitue do

Campos dos Afonsos? Com certeza mui-tos reconheceram Juscelino Kubistchek no seu carro ofi cial. Quem lembra de ter frequentado o cinema do Campo dos Afonsos ou ter assistido ao canto orfeôni-co de músicos militares em arena aberta? A bandeira que os vitoriosos brasileiros do 1º Grupo de Caça levaram para a Itália foi solenemente oferecida ali pelas mãos da primeira dama Alzira Vargas.

Como bem defi niu Milton Santos...

Paisagem e espaço não são sinônimos. Paisagem é o conjunto de formas que, num dado momento, exprimem as heranças que representam as sucessivas relações localiza-das entre homem e natureza. O espaço são essas formas mais a vida que as anima.

(Tânia Aparecida de Sousa Vicente - assi-na o roteiro e a direção do documentário Paisagem e Espaço, sobre os 100 anos do Campo dos Afonsos.)

Inauguração da Escola de Aviação Militar, Campo dos Afonsos (RJ)

A chegada do dirigível Graf Zeppelin atrai centenas de pessoas ao Campo dos Afonsos e congestiona o trânsito na vizinhança

7Jan/Fev/Mar/2013Aerovisão 7

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MARCIA SILVA

AEROVISÃO - Qual o maior ganho das operações conjuntas realizadas pelas Forças Armadas nas fronteiras no ano passado?

Os benefícios são diversos. Além da evidente melhora na área opera-cional, no sentido de que as Forças aprimoram o adestramento conjunto e a interoperabilidade entre as tropas e os comandos, há outros ganhos im-portantes. Como exemplo cito o estrei-tamento da coordenação com os órgãos de inteligência e de segurança pública federais e estaduais. E também as ações de fortalecimento da confiança mútua com os países vizinhos, que sempre são avisados com antecedência, além de serem convidados para participar das ações na fronteira. Desde que o Plano Estratégico de Fronteiras foi lançado, em meados de 2011, realizamos seis operações Ágata. Nelas, empregamos perto de 60 mil homens e cobrimos cer-ca de 25 mil quilômetros de fronteiras. Posso dizer com segurança que isso nunca houve antes.

AEROVISÃO - O que muda nessas operações para 2013?

Em 2013 vamos dar sequência ao planejamento e à execução das opera-ções conjuntas. Como anunciei recen-temente numa entrevista à imprensa realizada com o vice-presidente da República, Michel Temer, deflagrare-mos uma grande operação Ágata no período anterior à realização da Copa das Confederações, em junho. Vamos mobilizar um número significativo de militares que cobrirão os chamados “pontos críticos” de toda a extensão de nossa fronteira terrestre. Será uma ação com o objetivo essencialmente dissuasório, com uma antecedência que não interfira no fluxo de turistas que venha assistir ao torneio. Além dessa grande operação, estamos planejando outra edição da Ágata para o segundo semestre. Posso assegurar que a prote-ção das nossas fronteiras e o combate aos crimes transnacionais continuará a ter a prioridade que lhes confere a Pre-sidenta Dilma Rousseff. E nessas ações,

“Os caças são uma necessidade”, diz Amorim

Na primeira entrevista à Aerovisão, o Ministro da Defesa, Celso Amorim, fala sobre as ações previstas para 2013, a política de cooperação com os países vizinhos e o que espera das Forças Armadas, especialmente nos

grandes eventos que o país vai sediar até 2016. Em meio a temas como orçamento, reaparelhamento e missões de paz, o embaixador afirma que o tema Defesa não é assunto restrito aos militares e ao governo, mas sim de toda a sociedade brasileira.

8 Jan/Fev/Mar/2013 Aerovisão

ENTREVISTA - Ministro da Defesa

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o competente apoio que a Força Aérea Brasileira tem prestado continuará a ser imprescindível.

AEROVISÃO – Na prática, qual será o papel das Forças Armadas nos grandes eventos que serão realizados no país como a Copa das Confedera-ções, a visita do Papa Bento XVI, Copa do Mundo?

As Forças terão um papel muito importante e atuarão no âmbito de suas competências institucionais. Nós integraremos o esforço de segurança para esses eventos naquilo que for nos-sa atribuição legal, e também naquilo que nos for demandado pela Presi-dência da República. Nós já iniciamos, no âmbito do Ministério da Defesa, o planejamento para a segurança dos grandes eventos, cuja coordenação, na pasta, fi cará sob a responsabilidade do Estado-Maior Conjunto das Forças Ar-madas (EMCFA). Várias reuniões para tratar do assunto foram realizadas com as Forças e, este ano, vamos aprofundar as ações nessa área.

AEROVISÃO – O senhor costuma dizer que Defesa é um tema que deve ser discutido pela sociedade brasileira. Na sua opinião, qual a visão do bra-sileiro sobre o assunto? E na agenda política, qual o espaço para o tema Defesa?

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“Defl agraremos uma grande operação Ágata

no período anterior à realização da Copa

das Confederações, em junho. Vamos mobilizar um número signifi cativo de militares que cobrirão

os chamados ‘pontos críticos’ de toda a extensão de nossa

fronteira terrestre.”

A Defesa não pode ser um assunto somente das Forças Armadas ou sequer só do governo. É um tema de toda a sociedade. A sociedade tem que saber para que serve a Defesa, quanto ela quer gastar com a Defesa, e quais as injunções no mundo nos levam a fazer as coisas que fazemos em nossa área de atuação. Eu diria que, aos poucos, os brasileiros têm tomado consciência da importância do setor para o país. Mas não há dúvida de que há muito por fazer. Estamos fortalecendo nossa estrutura de comunicação social, e também procurando inserir cada vez mais os assuntos da Defesa na agenda pública nacional. Eu diria que, paula-tinamente, estamos ocupando o espaço que nos cabe no debate político. Há várias sinalizações nesse sentido.

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AEROVISÃO – O senhor poderia explicar o que é e qual a importância para o país do Livro Branco de Defesa, divulgado no ano passado.

Eu diria que o Livro Branco integra a tríade dos documentos mais impor-tantes da Defesa Nacional, juntamente com a Política e com a Estratégia Na-cional de Defesa. Em primeiro lugar, sua importância está no fato de que, numa democracia, temos o dever de transparência com a sociedade. Nós temos Forças que estão armadas, e isso custa dinheiro para o povo, para os contribuintes. Portanto, é muito importante eles saberem o porquê e como esse dinheiro está sendo gasto. O dever de transparência é absolu-tamente fundamental. Em segundo lugar, como mencionei antes, acho que Defesa não é um assunto restrito aos militares ou ao governo. Deve ser aberto a toda a sociedade, que tem o direito de conhecer a área militar com mais detalhes. Finalmente, não pode-mos esquecer que os livros brancos veiculam as visões que os governos têm sobre suas respectivas defesas e, portanto, também são instrumentos de incremento da confi ança mútua entre as nações. Nesse sentido, o Livro Branco é um exercício de transparên-cia com nossos vizinhos da América do Sul, com nossos parceiros inter-nacionais.

AEROVISÃO - O livro destaca que o Brasil deve ter poder de dissuasão. O que signifi ca esta dissuasão?

Signifi ca que o Brasil deve ter For-ças Armadas modernas, aprestadas e integradas, cujas capacidades de defesa sejam de tal forma críveis que desestimulem agressões ao patrimônio nacional por parte de eventuais forças hostis. Ao evitar ações indesejáveis, contrárias aos nossos interesses, man-temos a soberania e contribuímos para

um ambiente de paz.

AEROVISÃO – Qual política de Defesa o Brasil quer ter com os vizi-nhos da América do Sul?

Tive a oportunidade de expor com um pouco mais de detalhe a visão que tenho sobre esse assunto no discurso que fi z no fi nal de agosto do ano passa-do, na abertura do I Curso Avançando de Defesa Sul-Americano (CAD-SUL), realizado na Escola Superior de Guerra (ESG), no Rio de Janeiro. Tenho afi rma-do que queremos aprofundar, cada vez mais, nossa cooperação em Defesa com os países sul-americanos. O Brasil deve cercar-se de um cinturão de boa vonta-de para reforçar sua presença global. Na América do Sul, a melhor dissuasão é a cooperação. Nosso objetivo maior é fazer da América do Sul uma zona de paz e cooperação. Sendo um pouqui-nho acadêmico, eu diria que queremos que a nossa região seja aquilo que Karl Deutsch, cientista político norte-ame-ricano, chamava de uma comunidade de segurança, isto é, uma região entre cujos membros a guerra é inconce-

“Nós temos Forças que estão armadas,

e isso custa dinheiro para o povo, para os

contribuintes. Portanto, é muito importante

eles saberem o porquê e como esse dinheiro está sendo gasto. O

dever de transparência é absolutamente fundamental.”

bível. Eu estou certo de que estamos caminhando nesse sentido, ou seja, na ampliação dos níveis de confi ança e transparência com nossos vizinhos. Temos procurado estreitar nossa coo-peração com as nações sul-americanas tanto na vertente bilateral quanto na multilateral. Em relação a esta última, destaco a evolução das ações e projetos no âmbito do Conselho de Defesa Sul--Americano (CDS) na Unasul. Temos que seguir nessa direção, fortalecendo os instrumentos de formulação de uma visão regional comum em matéria de defesa e de execução de ações conjun-tas. Países que cooperam entre si, que trabalham juntos, são países que muito difi cilmente recorrerão a um confl ito armado para resolver suas diferenças. Esse é um elemento essencial.

AEROVISÃO – E no que consiste a política de cooperação com a África?

A cooperação com a África em matéria de Defesa, sobretudo com os países localizados na orla ocidental desse continente vizinho, também é uma prioridade para o Brasil. Essa cooperação tem se tornado realidade por uma série de iniciativas bilaterais e multilaterais. Ao contribuir para a paz e a estabilidade em nosso entorno estratégico, também estamos cuidando da segurança do Brasil. Posso dizer que tem aumentado o interesse dos países africanos em cooperar conosco na área de Defesa. Não podemos esquecer as importantes contribuições que demos, por exemplo, para a criação da Marinha da Namíbia e para o levantamento das plataformas continentais desse país e, agora, de Angola. Recentemente, recebi no Ministério a visita do ministro da Defesa da Mauritânia que, entre outros aspectos, demonstrou grande interesse em receber assistência da FAB no trei-namento de pilotos mauritaneses para melhorar as capacidades operativas de sua Força Aérea.

10 Jan/Fev/Mar/2013 Aerovisão

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“A Defesa não pode ser um assunto somente das Forças Armadas ou sequer só do governo. É um tema de toda a sociedade”, afirma o Ministro da Defesa Celso Amorim

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11Jan/Fev/Mar/2013Aerovisão

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AEROVISÃO - No último encontro de Ministros de Defesa das Américas, realizado no Uruguai, o americano Leon Panett a criticou a utilização das tropas militares em questões de segu-rança interna. Como o senhor avalia o emprego de militares brasileiros na pacifi cação dos morros do Rio de Janeiro e nas eleições?

O trabalho dos militares brasileiros nessas duas situações é digno de elogio. Em ambas as ocasiões fi caram eviden-tes a dedicação e o profi ssionalismo dos integrantes das Forças Armadas. Na passagem do comando da segurança do complexo do Alemão à polícia do Rio de Janeiro destaquei o fato de que o episódio demonstrou a extraordinária capacidade do Exército de combinar dois importantes atributos: fi rmeza na defesa da ordem e diálogo com a co-munidade. Essas situações, no entanto, são exemplos das chamadas atividades supletivas das Forças Armadas brasilei-ras. Nossa Constituição prevê essas hi-póteses, mas não devemos esquecer que elas devem ocorrer apenas em ocasiões excepcionais, episódicas, por períodos bem determinados e nos estritos limites constitucionais. O emprego das Forças Armadas em ações subsidiárias e de garantia da lei e da ordem está prevista em nossa legislação, mas não devemos nunca perder de vista aquilo que é a atividade principal de uma Força Armada: a defesa da pátria em face de ameaças externas.

AEROVISÃO – A Estratégia de Defesa passa pelo desenvolvimen-to da indústria nacional. Na sua opinião, o país tem tecnologia para atender as demandas militares, es-pecialmente nas áreas consideradas estratégicas como a cibernética, a nuclear e a aeroespacial?

Eu diria que estamos buscando essas capacidades. Em alguns setores estamos com um grau de desenvol-

vimento mais avançado; em outros, precisamos nos aprimorar mais. O im-portante é que temos uma inequívoca visão de presente e futuro em relação à necessidade que temos, como país, de buscar a autonomia tecnológica e o desenvolvimento nacional na área de Defesa. Mais do que isso: estamos investindo concretamente em projetos relacionados a esses setores que a Es-tratégia Nacional de Defesa estabelece como estratégicos. Investimos recursos no aprimoramento das nossas capaci-dades de defesa cibernética. Integramos o grupo interministerial que discute a aquisição do satélite geoestacionário para o Brasil. E também destinamos importante soma de recursos para o Programa Nuclear da Marinha.

AEROVISÃO – Como o Ministério da Defesa vê o trabalho das tropas de paz no Haiti? Há prazo para a desmo-bilização?

A participação brasileira em ope-rações como a que ocorre no Haiti demonstra que o país está pronto para assumir as responsabilidades que lhe cabem na manutenção da paz mundial. Quero também lembrar aqui da nossa importante participação no Líbano, com a liderança da força naval da Unifi l,

além do relevante trabalho dos nossos observadores militares em missões espalhadas por diversos países. Mais especifi camente sobre a Minustah, onde empregamos nosso maior contingente no exterior, tenho afi rmado que não é bom para o Haiti nem para ninguém que as tropas fi quem lá indefi nidamen-te. Não posso falar em prazos para nos-sa permanência no país. Isso depende naturalmente da avaliação do governo haitiano e da ONU. Posso dizer que, ao longo deste ano, vamos diminuir nosso contingente. A ideia é levarmos o núme-ro de militares a níveis pré-terremoto.

“A participação brasileira em operações como a que ocorre no Haiti demonstra que

o País está pronto para assumir as

responsabilidades que lhe cabem na manutenção

da paz mundial.”

12 Jan/Fev/Mar/2013 Aerovisão

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O importante a respeito desse assunto é que haja desenvolvimento no Haiti, que é a melhor maneira de diminuir subs-tancialmente o problema da segurança.

AEROVISÃO - Por falar em pre-visão, o senhor já disse que “os caças virão”. Quais as novidades sobre o assunto?

Os caças são uma necessidade e deverão ser adquiridos pelo Brasil. O assunto, como todos sabem, está sob a análise da presidenta da República, a quem caberá a decisão fi nal sobre

a concorrência no momento em que considerar oportuno.

AEROVISÃO - Em termos de reaparelhamento das Forças e capa-citação dos militares, quais os planos da Defesa?

Estamos fi nalizando, no Ministério da Defesa, o Plano de Articulação e Equipamento da Defesa (PAED). O documento reunirá todos os princi-pais projetos constantes nos planos de equipamento específi cos de cada Força, dando transparência e mais previsibili-

dade nos desembolsos que faremos no setor. O importante a dizer sobre esse tema é que, mesmo com as restrições orçamentárias decorrentes do esforço fi scal e do necessário cuidado do gover-no brasileiro com o conturbado cenário econômico mundial, nós temos con-seguido manter os investimentos nos projetos estratégicos da Defesa, como é o caso do KC-390. Nosso orçamento em 2012 foi melhor do que o previsto, e estou certo de que, este ano, também continuaremos a investir no reapare-lhamento e na capacitação de nossas Forças Armadas.

13Jan/Fev/Mar/2013Aerovisão

Page 16: AEROVISÃO Nº 235 - Jan/Fev/Mar - 2013

O aplicativo das mentes inquietas

Alunos do ITA desenvolvem sistema que ajuda na descoberta e tratamento de distúrbios como a dislexia e o défi cit de atenção.

GABRIELLI SIQUEIRA DALA VECHIAGERALDO BULHÕES BITTENCOURT FILHO

O aplicativo Aramumo lembra um jogo de palavras cruzadas que trabalha memória, atenção, concentração e coordenação motora

14 Jan/Fev/Mar/2013 Aerovisão

INOVAÇÃO

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Preguiçoso era o mais leve dos predicativos que a psicóloga Maria Estela Guimarães ouvia

dos professores sobre o fi lho, Rodrigo Cerqueira, a cada reunião na escola.

Só quando o menino chegou aos 12 anos, ela descobriu que o suposto corpo mole com os estudos, na verdade, era sintoma de um transtorno de aprendi-zado que atinge 4% dos brasileiros, a dislexia. O distúrbio afeta, principal-mente, a capacidade de leitura, escrita e soletração.

Pensando nas difi culdades enfrenta-das por crianças como Rodrigo, alunos do Instituto Tecnológico de Aeronáuti-ca (ITA) do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), de São José dos Campos (SP), desenvol-veram um aplicativo para auxiliar na identificação precoce do transtorno, bem como auxiliar no tratamento.

Os autores da concepção e do desen-volvimento do aplicativo, Eric Conrado e Márcio Paiva, são iteanos do segundo ano de Engenharia. A dupla que inicia este ano os estudos na especialidade de Computação, faz parte do grupo ITABits que se reúne para desenvolver soft wares. “Recebemos o desafi o do Ins-tituto ABCD que apóia profi ssionais que trabalham com pessoas com distúrbios de aprendizado” explica Eric. O desa-fi o gerou uma competição interna no ITABits, vencida pelo Aramumo, nome dado ao aplicativo, formado pela com-binação de letras dos nomes dos autores do projeto. A dupla criou um tipo de jogo para celulares e tablets para treinar o raciocínio e acelerar o aprendizado. O sistema trabalha memória, separação silábica, rastreamento visual, atenção, concentração e coordenação motora.

Com sistema operacional Android, o Aramumo lembra um jogo de pala-vras cruzadas, com várias combinações silábicas que se movimentam pela tela e casas. O usuário tem de passar por quatro fases de complexidade.

De a c o r d o com a Presidente do Instituto ABCD, Mô-nica Weinstein, a ideia surgiu a partir da carência de aplicativos em língua portuguesa que ajudem a melhorar a leitura e a escrita de crianças e jovens com dislexia. “Pensamos que seria uma oportunidade interessante convidar os alunos do ITA a participarem do desafi o porque eles têm a competência para de-senvolver o material e também, no futu-ro, podem se dedicar a contribuir para melhorar a ponte entre a tecnologia da informação e os desafi os de alunos que têm difi culdade para aprender”, explica Mônica.

Para a psicóloga Maria Estela Gui-marães, que se formou na área depois do diagnóstico do filho Rodrigo, o jogo dos alunos do ITA é uma “sacada genial”. “Eles [os alunos] não têm a dimensão do quão maravilhoso é este aplicativo, tanto para tratar quanto para

diagnosticar proble-mas de aprendizado,

porque o diagnóstico precoce é fundamental

e a maioria dos professo-res e das escolas não estão

preparados para perceber que a criança tem uma difi culdade”.

Outra questão é do custo: o tratamen-to é muito caro, envolve uma série de profi ssionais, psicólogos, psicopeda-gogos, fonoaudiólogos, por isso ter à disposição uma ferramenta como essa é realmente muito importante e, infelizmente, não existe nada igual”, analisa Estela.

Para Rodrigo Cerqueira, que hoje tem 17 anos e cursa o terceiro ano do ensino médio, o sucesso do trabalho dos alunos do ITA está na utilização de tecnologias móveis como plataformas para o jogo: “O bacana é que pode jogar no celular, no tablet. Papel e caneta já não tem mais nada a ver!”, diz o adolescente.

A dislexia se torna mais perceptível por pais e professores durante o proces-so de alfabetização, que acontece por volta dos 6 anos de idade. Nesse perío-

Os alunos do ITA pretendem diponibilzar o aplicativo para download gratuito

15Jan/Fev/Mar/2013Aerovisão

Page 18: AEROVISÃO Nº 235 - Jan/Fev/Mar - 2013

Personalidades com distúrbios de aprendizagem

To m C r u i s e , ator: O protago-nista de Missão Impossível é dis-léxico e costuma falar sobre dislexia em programas de

TV: “eu tinha que treinar a mim mesmo para concentrar minha atenção. Assim, me tornei muito vi-sual e aprendi como criar imagens mentais para poder compreender o que lia”.

Fonte: Dislexia.com.br e TDAH.com.br

Os alunos do ITA Márcio Araújo, Eric Gomes, o fundador Patrice de Camaret e a pre-sidente Mônica Weinstein do Instituto ABCD

do, as crianças podem apresentar sinais, como substituir letras com sonoridade semelhante – o “q” e o “d”, por exem-plo – e inverter palavras. Além disso, apresentam difi culdade em juntar síla-bas e soletrar nomes. “Por conta desse obstáculo em decodifi car as palavras, há uma defasagem de aprendizado em relação às outras crianças, que pode ter impacto na autoestima delas”, explica a psicóloga.

Além da dislexia, a criação também pode ser usada no tratamento de outros problemas correlatos, como o Défi cit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), caso da bióloga Mariana Feigl Câmara, que só descobriu que tinha o TDAH aos 23 anos. Diante da dificuldade enfrentada desde cedo, aos sete anos professores a colocaram em uma sala com crianças menores por alguns dias porque ela não estava acompanhando a turma. “Foi horrível, sofri bullying durante muito tempo por conta dis-so”, relembra Mariana. “Na verdade, essas difi culdades por conta do TDAH prejudicaram minha autoestima por anos. No ápice do problema, cheguei a demorar 15 dias lendo 30 páginas do mesmo livro, pois não conseguia lembrar direito o que havia acontecido nas páginas iniciais”, explica.

Com a descoberta do TDAH, a bi-

óloga desenvolveu métodos próprios para ajudar na memorização do conte-údo que precisava estudar na universi-dade: passou a fazer esquemas com as informações principais das disciplinas e colá-los em toda parte da casa. Mariana usa a estratégia até hoje, já que possui grande difi culdade em compreender e memorizar rapidamente textos.

Por conta dessas características rela-cionadas à aprendizagem, um portador de dislexia ou TDAH daria sinais do problema com poucos minutos de utili-zação do aplicativo desenvolvido pelos estudantes do ITA, uma vez que teriam as características do distúrbio maximizadas – a substituição exagerada e constante de letras, por exemplo – possibilitando a detecção precoce do transtorno e o tratamento adequado.

O plano dos iteanos é disponibilizar o aplicativo para download gratuito, depois de submetê-lo a alguns reto-ques. Os alunos pretendem se valer dos ensinamentos em sala de aula para tornar o jogo mais complexo e com um maior número de fases. “No desenvol-vimento do aplicativo, nós percebemos o quanto esse é um campo vasto pra ser explorado e que a tecnologia ainda tem muito a oferecer para as áreas da saúde e nós, aqui no ITA, estamos investindo nisso”, constata Márcio.

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Os transtornos de aprendiza-gem, como a dislexia e o TDAH, podem representar desde cedo um entrave na vida de crianças e adul-tos. Por outro lado, os portadores desses distúrbios costumam ter o lado esquerdo do cérebro mais desenvolvido e, por conta disso, demonstram maior aptidão para realizar atividades ligadas à cria-tividade. A história está recheada de personalidades que sofreram, em maior ou menor grau, com esses problemas e ainda assim consegui-ram desempenhar de forma magní-fi ca suas atividades em áreas como o cinema, os negócios e as ciências.

Albert Einstein, físico: O pai da teoria da relativi-dade apresentava sinais caracterís-ticos de TDAH. Até os 3 anos de

idade tinha difi culdades para fa-lar e foi alfabetizado apenas aos 9. “Quando eu lia, somente ouvia o que estava lendo, e era incapaz de lembrar a aparência visual da palavra que lia”.

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MEIO AMBIENTE

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Projeto premiado de reflorestamento faz da Base Aérea de Anápolis um exemplo no cerrado

CARLA DIEPPEMARIANA HELENA DE OLIVEIRA

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Na terra vermelha e pedregosa a vida desafia o solo pobre e brota com viço. Mas não é

uma vida comum, como a mata que cresce na beira das estradas em solo nu. O Projeto Controle de Erosões e Reflorestamento com espécies Nativas e Exóticas (CERNE), inédito no país, faz nascer na área revitalizada da Base Aérea de Anápolis (BAAN), em Goi-ás, o pequi, o jatobá e o buriti, entre outras espécies do Cerrado. O CERNE é apenas um exemplo do conceito de sustentabilidade posto em prática na unidade militar. Na mata nativa ain-da intocada na área da Base há treze mananciais. De uma dessas fontes é retirada a água para o consumo dos militares.

O projeto de reflorestamento foi fruto de uma parceria firmada entre a BAAN, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Goiás (Emater-GO). A ideia inicial era dividir as áreas mapeadas da unidade militar para diversas experiências no cultivo de espécies nativas, o que foi logo des-cartado pela inviabilidade do custo. “A primeira fase poderia custar até um milhão de reais. Mas não desistimos. Procuramos doações e, mesmo com poucos recursos, começamos a fazer os primeiros testes com sementes de eucalipto doadas pela Emater”, conta o Capitão QOEA Samuel Rodrigues, o idealizador do projeto.

A dificuldade maior, segundo os es-pecialistas da Embrapa e da Emater, era o terreno degradado, com pouca terra para plantio. Mas nada foi empecilho. Em 2007, a equipe do Capitão Rodri-gues com a orientação dos pesquisado-res começou o trabalho no pior período do ano, o da estiagem que castiga o Centro-Oeste por vários meses.

O dia sem nuvens que anunciava o sol forte começava às 6h para os dez militares que tratavam e faziam sulcos no solo com pedaços de cana-de-açúcar.

Depois desta fase, começou o plantio das sementes de eucalipto. A planta, com raízes profundas, mostraria a via-bilidade das áreas, já que não precisa

de muita irrigação. “Pensávamos que, se de cem sementes, dez por cento brotassem naquele terreno, já seria uma vitória”, lembra Elaine Botelho Pereira,

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engenheira agrônoma da Emater, espe-cialista em Cerrado.

Há cinco anos, o campo de eucalipto cresce na Base Aérea de Anápolis, agora

acompanhado de uma vasta área de verdes acácias. O viveiro com capaci-dade de oito mil mudas, construído em 2011, facilitou o trabalho do CERNE.

Muitas das sementes vêm da mata vir-gem da Base, outras de doações, o que aumenta a biodiversidade dos terrenos reflorestados. O projeto também ataca

“Mais do que a Base, quem ganha é natureza”, afirma o Sargento River que trabalha no projeto desde o início

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o problema do perigo aviário. “Nós preferimos as árvores frutíferas, que atraem os pássaros para a região refl orestada e os afastam da pista de pouso e decolagem”, explica o Capitão Rodrigues.

O trabalho ganha visibilidade e es-paço. Um novo terreno na entrada da unidade militar está sendo refl orestado com diversos tipos de sementes e o CERNE recebeu novos equipamentos apropriados para o plantio nos 168 hectares do projeto. “Mais do que a Base, quem ganha é a natureza”, afi rma o Sargento River José dos Santos, que trabalha desde o início no CERNE.

Em cinco anos, 16 mil mudas de vá-rias espécies nativas já foram plantadas em 50 hectares de terra, o equivalente a 50 campos de futebol. O CERNE tam-

bém se tornou exemplo. Em cidades vizinhas à Anápolis, caso de Inhumas e Pirenópolis, programas ambientais para a proteção da “savana brasileira” seguem técnicas semelhantes ao projeto. “O nosso próximo passo é realizar um trabalho na região do entorno da Base Aérea com a participaçao da comunida-de”, planeja o Capitão Rodrigues.

Tratamento da águaA água que abastece o viveiro e

garante a sobrevivência das pequenas mudas do CERNE vem da estação de tratamento da Base. A estação aprovei-ta o potencial hídrico de uma das 13 nascentes da unidade militar. O Chefe da Seção de Serviços Gerais da BAAN, Primeiro Tenente da Reserva Genibaldo Fernandes de Mendonça, explica que a relação entre o Projeto CERNE e a

estação de tratamento é estreita. “Ao refl orestar e conter processos erosivos, o CERNE também contribui para a preservação das nascentes d´água”, ressalta o militar.

A estação foi fundada nos anos 70, para que a organização militar pudesse economizar no consumo de água. O reservatório principal tem a capacidade de 400 mil litros. Para transformar todo este volume em água potável, existe uma parceria entre a BAAN e a conces-sionária Saneamento de Goiás (SANEA-GO). “A água proveniente do manancial é in natura, por isso contamos com o apoio da SANEAGO no fornecimento do cloro e das análises, para mantermos os padrões de potabilidade, estipulado pelo Ministério da Saúde”, explica o Tenente G. Fernandes.

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Viveiro Jatobá do Cerrado, criado em 2011, na Base Aérea de Anápolis, com capacidade para 8 mil mudas

Equipe do CERNE com representantes da EMATER-GO

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O trabalho em prol da sustentabilida-de foi recompensado com dois prêmios, o 10º Prêmio CREA Goiás de Meio Am-biente, em que o CERNE venceu em 2011 na modalidade Meio Ambiente Rural e o V Prêmio Planeta Água de Consciência Ecológica, da Revista Planeta Água, em 2012. A publicação reconheceu, ainda,

o trabalho do Segundo Esquadrão do Sexto Grupo de Aviação (2º/6º GAV), sediado na Base Aérea de Anápolis. Conhecido como Esquadrão Guardião, a unidade aérea opera as aeronaves de sensoriamento remoto R-99.

Com sensores capazes de registrar imagens de dia ou à noite, os aviões

podem identificar áreas de queimadas e de desmatamento ilegal, poluição em curso de rios e áreas alagadas, além de realizar o levantamento de dados para o mapeamento da Amazônia. Mais de 30 mil horas de voo já foram cumpridas pelo esquadrão no monitoramento da maior floresta tropical do mundo.

Frutos do trabalho2º

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A aeronave R-99 do esquadrão Guardião, com sede em Anápolis, também faz ma-peamento da Amazônia

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I n s t i t u t o t r e i n a aeronavegantes militares de todo o país para casos de emergência

FLAVIO NISHIMORI

No limite

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MEDICINA AEROESPACIAL

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Como reage o corpo humano quando há uma despressuri-zação repentina da cabine da

aeronave? Quais são os procedimen-tos corretos quando é preciso ejetar? A que risco está sujeito o tripulante quando há uma desorientação espa-cial? Situações como essas podem ocorrer durante o voo e quando elas batem à porta é preciso estar prepara-do. Para enfrentar essas adversidades, os aeronavegantes da Força Aérea Brasileira (FAB) passam periodica-mente por estágios de adaptação fi siológica no Instituto de Medicina

Aeroespacial (IMAE), localizado no Rio de Janeiro.

Considerado um dos centros de referência na área e o maior núcleo de estudos sobre o impacto do voo sobre a saúde, o IMAE já atendeu mais de 40 mil pessoas entre militares da Força Aérea Brasileira, Exército e Marinha, além de forças estrangeiras.

A principal finalidade dos trei-namentos, que incluem, ejeção, a utilização de óculos de visão noturna e os cuidados com a desorientação espacial, é o preparo do fator humano para a segurança de voo.

O IMAE dispõe de laboratórios com vários equipamentos que simu-lam situações críticas em casos de emergência em voo. O Instituto rea-liza também assessoria em assuntos da Medicina Aeroespacial a institui-ções públicas, militares e privadas, nacionais e internacionais. “Nos treinamentos fi siológicos os alunos recebem um conhecimento teórico e, além disso, passam pelos laboratórios onde há a oportunidade de vivenciar a parte prática”, ressalta o Coronel Médico Ricardo Gakiya Kanashiro, diretor do IMAE.

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Câmara hipobárica simula voos a 8,5 mil metros de altitude

Uma coceirinha na ponta do na-riz e escurecimento da visão. Esses são alguns dos sintomas

que podem denunciar a situação de hipóxia, uma reação ao baixo teor de oxigênio no sangue. Para treinar o ae-ronavegante a reconhecer esses sinais e adotar os procedimentos corretos nessas ocasiões, o IMAE dispõe de uma câmara hipobárica. Nela são simuladas as condições de um voo com altitudes que atingem até 8,5 mil metros. Na câ-mara, com capacidade para 16 pessoas, também é exercitada uma situação de descompressão rápida, quando em um acidente aéreo, uma aeronave pressuri-zada perde, por exemplo, uma janela.

A câmara é acionada por uma bomba de vácuo que retira o ar para simular um aumento de altitude. Os “alunos” ficam por 30 minutos respirando oxigênio a 100% para diminuir a quantidade de nitrogênio no sangue a fim de evitar os efeitos da descompressão. Após esse intervalo, a câmara “sobe” a 25 mil pés, cerca de 7,6 mil metros. Nessa altitude os tripulantes retiram as máscaras e são submetidos a testes simples, como contas de matemática. Os principais sintomas da hipóxia são dificuldade respiratória, formigamento nas mãos, tremores, cabeça “pesada” e perda de acuidade visual.

“Cada corpo reage de forma dife-rente e o treinamento serve para que cada pessoa saiba identificar, num voo real, os sinais de hipóxia e saiba se equi-par com o sistema de oxigênio”, explica a Tenente Médica Aline Zandomeneghe Pereira Franco.

O treinamento na câmara hipo-bárica é repetido a cada quatro anos porque, com o envelhecimento do organismo, os sinais podem sofrer alterações. “Esse tipo de treino é fundamental, pois se a hipóxia não for reconhecida ela pode evoluir e provocar até mesmo o desmaio do tripulante com possibilidade de oca-sionar a queda da aeronave”, reitera.

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Na sequência, militar é preparado para o teste

Ejeção - equipamento produz efeito seis vezes maior que a gravidade

Em uma situação de conflito, quando a aeronave é alvejada por um caça inimigo, por exemplo, o

piloto decide sozinho quando ejetar. Ele, então, puxa uma alavanca conectada ao assento e dá início ao processo de ejeção. A vida ou a morte do piloto é decidida nos escassos segundos que restam até o impacto com solo (leia relato na página seguinte). É no laboratório da Torre de Ejeção que essa situação é treinada.

O assento ejetável disponível no IMAE é o mesmo utilizado na aeronave T-27 Tucano. No exercício, o aeronave-gante é alçado a uma altura de três me-tros, impulsionado por uma pressão de nitrogênio. O impacto corresponde, em média, a seis vezes a força da gravidade. Logicamente, em uma situação real, além do estresse natural, os números são outros, mas a intenção não é reproduzir essas condições, e sim treinar o aerona-vegante para que ele aja corretamente quando se deparar com a necessidade de ejeção.

“Orientamos quanto ao correto po-sicionamento dos pés, pernas e joelhos. O objetivo é que, por meio do treino, o tripulante fique adaptado e tenha essa consciência do posicionamento correto quando tiver de proceder a uma ejeção real”, explica a instrutora da Torre de Ejeção, Sargento Alessandra Fagundes Moreira de França Santos.

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“Ejetei 7 segundosantes do impacto ...”

25 de março de 2002, manhã en-solarada de outono, os termô-metros marcavam 10 graus

em Santa Maria, interior do Rio Grande do Sul. Tempo excelente para um voo de instrução, frio, vento alinhado com a pista e horizonte defi nido. Iniciamos o tráfego de emergência simulado, a cerca de 1800 metros de altura (6000ft ) sobre vertical da cabeceira em uso. Depois de inclinar o manche para a direita, o caça AMX, aumentou a carga da gravidade. Logo, percebi a pane, disparo de compensador. Executei o checklist de emergência e informei ao instrutor.

Mesmo com o motor na potência máxima e as asas niveladas, o avião perdeu sustentação, a asa esquerda inclinou, mas o parafuso não se con-fi rmou. A aeronave manteve a queda sem giro. Um mergulho na vertical a uma velocidade equivalente a 430Km/h. Por milésimos de segundo acreditei que poderíamos recuperar, mas na sequên-cia ouvi no interfone: - ejeta!, seguido de um estrondo. Era a cadeira do ins-

trutor rompendo o canopy. Sem pensar, executei o procedimento previsto, treinado inúmeras

vezes no simulador e fi siologi-camente testado no atual IMAE.

O vento soprava entre a máscara e a viseira, empurrando

minha pálpebra esquerda. Só

pude enxergar claramente depois que o paraquedas abriu, o que ocorre 1,5 segundo após a ejeção, tempo neces-sário para os foguetes estabilizarem o assento.

Abri os olhos e vi, embaixo dos meus pés, a explosão com chamas avermelhadas. Um pouco mais alto, o paraquedas do instrutor, um amigo, de uma turma à frente da minha. Pró-ximo à aterragem, uma única coisa que vinha à mente, a posição, para agrupar o corpo, treinada durante o período de adaptação na Academia da Força Aérea. Mesmo depois de 11 anos, os ensina-mentos do PARA-SAR (Grupo de elite da FAB para a busca e salvamento) e exaustivamente repetidos pelos cadetes do primeiro ano antes do salto, estavam tão latentes em minha mente quanto na saída da porta do saudoso Búfalo. Pés unidos, pernas ligeiramente curvadas, cotovelos rente ao corpo e mãos pró-ximas à cabeça, segurando o velame.

A tradição diz que todo piloto que passa pela experiência tem direito a sua cadeira e a uma gravata do fabricante do assento. No meu caso, doei a cadeira para o histórico do Esquadrão Centauro (3º/10º Gav) e a gravata, bem, essa eu ainda espero ganhar!

Saímos da aeronave 7 segundos antes do impacto com o solo. O treina-mento foi fundamental para que tudo corresse bem. Mas certamente, naquela manhã, Deus foi bondoso com dois jovens pilotos de caça.

Na foto à esquerda, a cadeira doada ao histórico do Esquadrão Centauro, de Santa Maria (RS). Acima, os destroços do AMX depois da explosão

Maj Av Alexandre Daniel Pinheiro da SilvaChefe da Divisão de Planejamento e Co-ordenação da Comissão de Aeroportos da Região Amazônica (COMARA)

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Imagine o seu corpo parado quan-do na verdade ele está girando. Ou quando a sensação é de que o

corpo gira para a esquerda quando, na verdade, ele se desloca em sentido contrário. São essas algumas das sen-sações quando o tripulante é vítima da desorientação espacial, um dos grandes fatores de acidentes na aviação.

Conhecida também como "vertigem de piloto" é uma condição que aparece quando o piloto não consegue deter-minar com precisão a localização da superfície terrestre. As reações fisioló-gicas decorrentes de uma desorientação espacial também são foco de estudo no IMAE.

Para o treinamento, os alunos usam a cadeira de Barany, idealizada pelo médico Robert Barany, que ganhou o

Prêmio Nobel em 1914, pelo trabalho de investigação da fisiologia e patologia do aparelho vestibular do ouvido. Nela, é possível reproduzir as percepções er-rôneas de orientação espacial do piloto.

Os tripulantes realizam dois tipos de exercícios. O primeiro deles, traba-lha a dinâmica dos canais semicircula-res localizados no ouvido, responsáveis pelo equilíbrio. Os canais são muito sensíveis às acelerações angulares. “Neste exercício, o tripulante aprende que nem sempre pode confiar nos sen-tidos, e sim nos instrumentos”, explica a Suboficial Odiléa de Carvalho Ferraz.

O segundo, aborda a chamada ver-tigem de Coriolis, severa sensação de tontura quando se movimenta a cabeça fora do plano de rotação.

“No voo, o cérebro só consegue

trabalhar com uma informação por vez. Quando o piloto abaixa a cabeça para, por exemplo, pegar um mapa que caiu, ou mesmo para falar com alguém da tripulação, ele aciona um outro canal. Então, temos dois acionamentos, e o cérebro não consegue lidar com essas duas informações. Numa situação como essa, a primeira reação do piloto é tentar nivelar essa aeronave, quando na verdade o avião já está nivelado. A sensação de desorientação é apenas do piloto”, explica a instrutora.

A principal orientação aos tripulan-tes nesses treinamentos é que, quando eles estiverem voando sem o visual, num momento de curva, é necessário confiar totalmente nos instrumentos de bordo, porque fisicamente o que eles estão sentindo poderá ser falso.

A cadeira que engana os sentidos

Em treinamento no IMAE, cadetes-aviadores da Academia da Força Aérea aprendem a não confiar apenas nos sentidos

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NVG - Como ver sem ser visto

Os Óculos de Visão Noturna (NVG - Night Vision Goggles) têm sido empregados em vá-

rias missões da Força Aérea Brasileira (FAB). Com o equipamento, é possível, por exemplo, pousar em uma pista sem iluminação, sem ser visto. Foi o que aconteceu no ano passado durante a Operação Amazônia. No treinamento conjunto das Forças Armadas, uma aeronave C-105 da FAB transportou fuzileiros para infi ltração da tropa em

meio a selva amazônica.Para o treinamento dos militares, o

IMAE dispõe de uma grande maquete de modelo austríaco, adequada às ca-racterísticas do relevo brasileiro.

“O NVG não transforma a noite em dia, mas proporciona um ganho de visibilidade de até 50 mil vezes a mais que uma visão fi siológica normal”, ex-plica o Subofi cial Carlos Renato Fontes, instrutor do IMAE.

A principal fi nalidade dos treina-

mentos é dar o máximo de realismo à atividade, evidenciando as difi culdades e ilusões associadas ao emprego dos óculos em operações militares.

“A missão com o NVG exige uma pre-paração bem específi ca para a utilização do equipamento, que registra imagens monocromáticas e com formato tubular. O conhecimento das limitações do apa-relho é de vital importância para que a missão seja executada de forma segura”, explica o Subofi cial Fontes.

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A Força Aérea Brasileira realiza infi ltração de tropa de fuzileiros de selva durante exercício com emprego de NVG na Amazônia

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RAFAEL LOPES

Avião adaptado a pousos e decolagens em pistas curtas, o C-115 Búfalo foi decisivo na integração do norte do Brasil

O desbravador da Amazônia

Existia um país a ser descoberto no interior da Amazônia. O Brasil precisava de um avião capaz de

chegar a lugares inóspitos. A missão coube ao Búfalo, aeronave que ajudou a integrar o país e marcou a trajetória ope-racional da Força Aérea Brasileira entre 1968 e 2006. O Brasil foi o maior operador do C-115 no mundo, com 24 unidades.

Fabricado pela De Havilland Canadá,

o avião foi projetado com características STOL (Short Take Off and Landing / decolagem e pouso curtos) e destinado a transporte de tropas e cargas leves. Dezenove países utilizaram a aeronave como Equador, México e Estados Unidos. Ao todo, foram fabricadas 123 aeronaves.

Ao longo de 15 anos, as asas do Búfalo foram as asas da FAB na Ama-zônia. No Esquadrão Arara, sediado

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em Manaus, a aeronave marcou a car-reira de pilotos, mecânicos e a vida de habitantes da região. “O convívio com a população local, as inúmeras viagens que salvaram vidas, os gestos de agra-decimento daquela gente que tinha tão pouco são histórias que nunca vou esquecer”, diz o Coronel-Aviador Oc-tacílio Osório Azevedo de Paiva, piloto que mais voou com o Búfalo na FAB.

O Subofi cial da reserva, José Flávio Siqueira de Amaral, também é um recordista em horas de voo no Búfalo. Durante 22 anos no Esquadrão, ele acu-mulou quase sete mil horas a bordo do avião de transporte. Tempo sufi ciente para criar um vínculo quase afetivo entre o homem e a máquina. “O Bú-falo era literalmente a nossa casa. Nos locais isolados, ele era nosso refúgio,

nosso abrigo, nosso local de descanso e a tripulação era como se fosse a nossa família”, recorda ele com saudosismo.

Outras missõesO C-115 voou também no Rio de Ja-

neiro. Sediado no Primeiro Esquadrão do Primeiro Grupo de Transporte de Tropa (1º/1º GTT), atuou no lançamento de cargas e no apoio à Brigada Paraque-dista do Exército Brasileiro.

Já no Primeiro Esquadrão do Décimo Quinto Grupo de Aviação (1º/15º GAV), o Búfalo voou na extensa faixa de fronteira do Brasil com a Bolívia e o Paraguai. Par-tindo de Campo Grande (MS), a aerona-ve foi responsável por levar suprimentos aos destacamentos do Exército Brasileiro na área. O Búfalo voou no esquadrão até a década de 70.

País de origem: Canadá

Fabricante:De Havilland Canadá

Tipo:Transporte de tropas e cargas leves

Motores:2 Turboélice GE CT64-820-1

de 3.055 shpDesempenho:

Vel. máxima: 435 km/hVel. máx. cruzeiro:420 Km/h a 3.050 m

Alcance:1.112 KmPesos:

Vazio: 10.505 kgMáx. decolagem: 18.598 kg

Dimensões:Envergadura:29,26 m

Comprimento: 24,08 mAltura: 8,73 m

Área de asa: 87,8 m2

FICHA TÉCNICA

Quer conhecer o Búfalo e outras aeronaves históricas bem de perto? Visite o Museu Aeroespacial no Rio de Janeiro.

www.musal.aer.mil.br

a década de 70.

Nas asas do Búfalo, mi-litares da FAB foram aos locais mais isolados da região Amazônica

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HUMBERTO LEITEFLÁVIA COCATE

Entra em cena o guerreiroCaças A-29 Super Tucano substituem os treinadores T-27 Tucano, utilizados há 29 anos. As mudanças vão da cor das aeronaves até a realização de novas manobras

Tem novidade no céu a partir do segundo semestre. O Esquadrão de Demonstração Aérea (EDA),

conhecido como “Esquadrilha da Fu-maça”, vai utilizar nas apresentações o A-29 Super Tucano, o mesmo avião de combate que a Força Aérea Brasileira (FAB) emprega na defesa das regiões de fronteira. Até agosto, os pilotos do EDA vão permanecer em Pirassununga

(SP), onde vão treinar as manobras na nova aeronave, mais potente e moderna que os antigos T-27. Uma das principais mudanças na Esquadrilha da Fumaça foi feita no solo, longe do grande público, em um hangar da Embraer em Gavião Peixoto, município do interior de São Paulo com 4.500 habitantes, número menor que o público de boa parte das apresentações da Fumaça.

É ali onde os Super Tucanos recebem a pintura criada especialmente para a Esquadrilha da Fumaça. A principal novidade é o desenho da bandeira do Brasil na cauda da aeronave, estilizada em harmonia com o esquema de cores em verde, amarelo, azul e branco. O desenho foi o escolhido de 13 propostas criadas a partir de um planejamento feito pelo Gabinete do Comandante

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ESQUADRILHA DA FUMAÇA

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A pintura das primeiras aeronaves de formação da Esquadrilha, North American T-6D (NA T-6D), foi ideali-zada pelo Capitão Aviador Collomer. Foi usada nos cinco aviões de dotação própria da unidade, recebidos no ano de 1955. As cores eram branco, azul e vermelha, já comuns nas aeronaves de treinamento da Escola da Aeronáutica. Um raio vermelho estampava as late-rais da fuselagem. Representava uma ideia de potência, movimento e ruído e integrava o símbolo da Esquadrilha da Fumaça.

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Cores do EDA

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No fi nal da década de 60, os jatos de fabricação francesa Super Fouga Ma-gister, denominados T-24, receberam as cores da bandeira nacional: azul, amarelo, branco e verde.

T-24 SUPER FOUGA MAGISTER

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da Aeronáutica, o efetivo do EDA e a equipe de engenharia da Embraer. “As cores foram selecionadas de forma que o resultado trouxesse uma visualização, em voo, mais marcante por parte do público, independente das condições climáticas e da luminosidade natural durante as demonstrações”, explica o Tenente-Coronel Marcelo Gobett, Co-mandante do EDA.

Não é só a pintura que muda com a chegada dos A-29 para a Esquadrilha da Fumaça. Com a troca de aeronaves, as apresentações vão mudar, inclusive com a volta da manobra conhecida como “Lancevack”, quando o avião faz uma série de “cambalhotas” rápidas

para frente. O EDA vai deixar de voar um

treinador, utilizado para instrução de futuros aviadores no Brasil, para adotar um caça. Os novos aviões, fabricados pela Embraer, têm mais que o dobro de potência dos T-27 Tucano. A principal diferença é a velocidade: enquanto o Tucano atinge 448 km/h, o Super Tuca-no vai até 590 km/h.

O novo avião também tem sistemas modernos, com uma cabine típica de um avião de combate de última gera-ção, bem diferente de um treinador. Na FAB, o Super Tucano é utilizado para missões de ataque e de interceptação de aeronaves de baixo desempenho, além

do treinamento de futuros pilotos de caça, selecionados após a formação na Academia da Força Aérea.

Mais pilotosO desafio do EDA para 2013 é

treinar todo o seu efetivo na nova ae-ronave e, ao mesmo tempo, criar uma apresentação que seja “a cara” do Super Tucano. Para isso, seu quadro de pilotos deverá ter um número maior: 15. Há aviadores com anos de experiência de apresentações com T-27 e outros que já acumulam muitas horas de voo com o A-29 na aviação de caça.

Os três novos pilotos, Capitão Costa, Capitão Garcia e Tenente Capuchinho

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Mais de 200 propostas para os esquemas de pintura do T-27 do EDA foram apresentados à FAB. O esquema vencedor, idealizado por funcionários da Embraer, caracterizava-se pelo predo-mínio da cor vermelha, utilizando faixas brancas e linhas divisórias negras . O padrão foi usado até o ano 2000.

Em 2001, aproveitando uma revisão geral da frota, voltaram as quatro cores da Bandeira do Brasil. O tradicional raio foi mantido na lateral, dessa vez na cor verde. Outro detalhe é a adoção de números individuais na cor branca, pintados no leme de direção de cada aeronave.

T-25 UNIVERSAL

T-27 TUCANO

eram instrutores de A-29. Alguns dos veteranos já tiveram a oportunidade de voar a nova aeronave enquanto outros vão iniciar a transição em 2013. É desta diversidade que no segundo semestre irá sair a nova apresentação da Esquadrilha da Fumaça, que inicialmente deverá ser

semelhante ao que era visto até o ano passado.

Dos doze Super Tucanos, os quatro biplaces, para dois pilotos e por isso utilizados em treinamentos, foram rece-bidos ainda em 2012. Já os oito monopla-ces, para um piloto, chegarão ao longo do primeiro semestre. A equipe de solo também passa por treinamentos, e cinco mecânicos experientes em A-29 também passaram a fazer parte do time dos “An-jos da Guarda”, como são conhecidos os integrantes da manutenção.

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Depois de um período de desativa-ção, a Esquadrilha volta aos céus em 1982, com os aviões T-25 Universal, que ostentavam o esquema de pintura padrão das aeronaves de intrução da Academia da Força Aérea: branco e laranja. A esquadrilha era chamada na época de “Cometa Branco”.

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Características

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Envergadura:

Altitude Máxima:

Velocidade Máxima:

Peso Máximo:

Peso Vazio:

Altura:

Comprimento:

Fabricante:

Motor:

T-27 TUCANO

Treinamento

11,14 m

9.936 m

457 km/h

3.175 kg

1.810 kg

3,40 m

9,86 m

Embraer

Turboélice Pratt & Whitney PT6A-25C (750 shp de potência)

A-29 SUPER TUCANO

Caça, ataque e treinamento

11,14 m

10.665 m

590 km/h

5.400 kg

3.200 kg

3,97 m

11,30 m

Embraer

Turboélice Pratt & Whitney PT6A-68C (1.600 shp de potência)

Gráfico Comparativo

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Esquema tático

A Força Aérea Brasileira desenvolve desde o ano passado um novo formato de comando e controle para a segurança aérea dos grandes eventos esportivos internacionais que o Brasil sediará. O primeiro desafi o começa em poucos meses com a Copa das Confederações e marca uma mudança de paradigma de operacionalidade.

JUSSARA PECCINI

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COPA DAS CONFEDERAÇÕES

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O Brasil será uma grande base aérea, com aeronaves das mais diversas aviações distribuídas

pelo país mobilizadas para a segurança das competições esportivas internacio-nais, como a Copa das Confederações, a Copa do Mundo e as Olimpíadas. O novo modelo de comando e controle foi testado no ano passado, em operações militares que reuniram as três Forças Armadas, e prevê a criação de um comando central, no caso em Brasília, para a articulação de todos os meios aéreos disponíveis no país. Antes disso, todos os aviões envolvidos eram des-locados e concentrados, acompanhado do comando, em cada região do país.

“Isso representa economia de recur-sos materiais, humanos e financeiros”, afirma o Chefe do Estado-Maior do Comando-Geral de Operações Aéreas (EMGAR), Major-Brigadeiro do Ar An-tonio Carlos Egito do Amaral. A Copa do Mundo, por exemplo, será realizada em 12 cidades-sedes espalhadas pelo país, o que implicaria, pelo modelo anterior, a concentração de recursos e efetivos em cada uma dessas regiões. Pelo novo modelo, haverá um coman-do central, capaz de articular todos os recursos disponíveis para a segurança aérea dos eventos.

“Com o planejamento centraliza-do, vamos colocar a aeronave certa no momento oportuno para atender as necessidades de cada área”, destaca o oficial-general. “Melhoramos nossos índices de acertos, aprimoramos a performance dos pilotos e reduzimos o tempo de reação da defesa aérea”, explica o Major-Brigadeiro Egito, ao avaliar os resultados obtidos nas ope-rações e treinamentos realizados pela Força Aérea nos últimos anos.

Ao lado do Departamento de Con-trole do Espaço Aéreo (DECEA), braço da Aeronáutica que controla o tráfego aéreo, o Comando-Geral de Operações Aéreas (COMGAR) será o responsável por coordenar todas as ações aéreas militares demandadas por eventos de

grande porte, como a Copa das Confe-derações e a Copa do Mundo. As tarefas que cabem à FAB incluem o transporte aerologístico das tropas, a defesa do espaço aéreo e o uso de bases aéreas para estacionamento de aeronaves de pequeno porte.

Em um primeiro olhar, essas são as mesmas responsabilidades atribuídas à FAB durante a Conferência das Na-ções Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que reuniu na capital fluminense, no ano passado, 46 mil participantes de 193 nações.

Agora, o desafio é maior. Do ce-nário que concentrou autoridades no Riocentro, o Brasil vai se deparar com a movimentação de pelo menos três mi-lhões de turistas e delegações de futebol espalhados por 12 capitais no Mundial.

Esquema - Para dar conta desse universo, a FAB emprega a partir de junho na Copa das Confederações um novo conceito operacional. A coordena-ção das ações aéreas nos eventos estará concentrada num quartel-general em Brasília, mas a execução será descen-tralizada.

Pelo chamado esquema tático da FAB, os esquadrões aéreos não serão deslocados. Eles ficarão em alerta nas suas próprias sedes, distribuídas estrategicamente por todo o país. De prontidão, a unidade aérea, quando acionada, vai executar missões como busca e salvamento, patrulhamento, interceptação, reconhecimento, alarme em voo e transporte.

O sistema descentralizado de exe-cução das missões foi testado ao longo de 2012 nos exercícios operacionais realizados nas regiões de fronteira e na Amazônia, coordenados pelo Ministé-rio da Defesa. “Foi possível detectar as necessidades de comunicação, verificar como o sistema de comando e controle funcionou de longe e adotar novos procedimentos para colocar em prática esse novo paradigma”, conclui.

De acordo com o Major-Brigadeiro Egito, o novo processo de comando e

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MIRAGE

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CASTELÃOCapacidade: 67 mil pessoasVai receber três jogos nos dias 19 e 23/06 (primeira fase) e 27/06 (semifi nal).

ARENA PERNAMBUCOCapacidade: 46 mil pessoasVai receber três jogos nos dias 16, 19 e 23/06 (primeira fase).

FONTE NOVACapacidade: 50 mil pessoasVai receber três jogos nos dias 20 e 22/06 (primeira fase) e 30/06 (disputa do 3o lugar).

MANÉ GARRINCHACapacidade: 70 mil pessoasVai receber um jogo (abertura) no dia 15 de junho.

MINEIRÃOCapacidade: 64 mil pessoasVai receber três jogos nos dias 17 e 22/06 (primeira fase) e 26/06 (semifi nal).

MARACANÃCapacidade: 79 mil pessoasVai receber três jogos nos dias 16 e 20/06 (primeira fase) e 30/06 (fi nal).

De Brasília, o Centro de Operações Aéreas (COA) planeja e coordena as ações da FAB em cada Coordenação de Defesa de Área (CDA), pre-sente nas cidades-sede.

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Aeronavesescaladas paraa Copa:

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Maj Brig Ar Egito respon-sável pela coordenação das ações da FAB nos grandes eventos que o país vai sediar

controle instaura uma nova fase ope-racional na FAB. “O modelo acelera as decisões e torna mais eficaz o emprego dos aviões”, destaca. À medida que o Brasil ganha relevância internacional o legado vem em boa hora. O número de operações conjuntas, seja com as Forças Armadas ou órgãos públicos, só cresce. Um exemplo é a Ágata Brasil, marcada para antes da Copa das Confederações. Sob a coordenação do Ministério da Defesa, a ação vai reforçar o monitora-mento das fronteiras terrestres de ponta a ponta do Brasil.

Defesa regionalizada - Com mais pessoas de diferentes partes do mundo circulando por aqui, ao mesmo tempo em que os holofotes da mídia mundial se concentram nas competições, é na-tural que cresça a preocupação com as ações de defesa e segurança. Além das forças de segurança (Polícias Civil, Mi-litar, Federal, por exemplo), Marinha, Exército e Aeronáutica ficaram com as tarefas de defender as áreas marítima, fluvial, portuária e aeroespacial contra ações de terrorismo, agentes químicos, biológicos e cibernético.

O Ministério da Defesa estabeleceu que cada cidade-sede terá um militar Coordenador de Defesa de Área (CDA), 12 para a Copa do Mundo e seis na Copa das Confederações.

Cada CDA vai gerenciar as ações de defesa da área. Neste núcleo, estão

os oficiais da FAB que vão coordenar de perto o uso do espaço aéreo nas respectivas regiões, como por exemplo o sobrevoo de aeronaves da Polícia Mi-litar em áreas restritas durante os jogos. Também estarão aptos para gerenciar a logística que envolva o transporte de tropas entre estados ou em locais de difícil acesso dentro das cidades.

Áreas restritas – Enquanto a bola estiver rolando dentro de campo, algu-mas medidas adicionais vão reforçar a defesa do espaço aéreo. Uma hora antes e duas horas depois de encerrado o jogo ninguém poderá sobrevoar os estádios, exceto aeronaves militares e governa-mentais autorizadas. A área de proteção foi delimitada pelo Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (COMDABRA).

São três anéis que envolvem o local dos jogos. As áreas vermelha, amarela e branca foram determinadas a partir de critérios geográficos, de localização das pistas de pouso e do tráfego aéreo de cada cidade. A definição do raio de abrangência está em fase de conclusão.

No jargão militar, uma ameaça pode ser uma aeronave em alta velocidade que invade o espaço aéreo brasileiro ou um ultraleve desinformado voando próximo a um dos estádios durante o jogo, quebrando a restrição da área vermelha. “Ao mapear as áreas, escalar aeronaves com perfis de alta e baixa velocidade e estabelecer regras de ação

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específi cas para cada zona de proteção, a FAB está preparada para reagir a diferentes possibilidades de ameaça”, assegura o coordenador.

Aeronaves – Das seis cidades-sede da Copa das Confederações, apenas Brasília e Belo Horizonte estão longe do mar. Patrulhar a área marítima ter-ritorial é um dos eixos de atuação es-tabelecidos pelo Ministério da Defesa. “Uma das melhores ferramentas que o Brasil tem hoje para fazer a patrulha do mar territorial é o quadrimotor P-3 AM, sediado em Salvador”, diz o Major-Brigadeiro. Com modernos sensores e radares a bordo, o guar-dião do pré-sal vai coletar dados e repassar à Marinha, que trabalha em conjunto com a FAB na defesa da costa brasileira.

Outra aeronave que vai entrar em campo é o Veículo Aéreo Não Tripula-do (VANT). A vantagem de utilizar o

drone em missões de reconhecimento aéreo é que as imagens podem ser observadas em tempo real. O que fa-cilita a decisão dos coordenadores de defesa de área e também da parte de segurança.

Além da patrulha marítima e do VANT, a FAB escalou outras máquinas para a seleção que vai defender o espa-ço aéreo brasileiro. Entre elas, aviões de caça de alta performance, como os F-5 e Mirage, os caças de ataque leve A-29 Super Tucano, os aviões radares e alarme em voo E-99, os helicópteros H-60 Black Hawk e AH-2 Sabre. O sistema de defesa também vai contar com os Grupos de Artilharia Antiaérea de Autodefesa, que operam mísseis Igla-S.

Investimentos nas bases – De acor-do com levantamento da Secretaria de Aviação Civil (SAC), será necessário utilizar as bases aéreas das cidades-

-sede para dar suporte às aeronaves civis conduzindo autoridades. O obje-tivo é redirecionar aviões de classes A e B para dar espaço aos de grande porte nos aeroportos comerciais. Aviões pequenos e médios dispensam infra-estrutura como escadas e geradores de partida. “A autoridade chega ao Brasil, faz a nacionalização na Polícia Federal e o avião vai para a base aérea para estacionar”, explica.

O coordenador de toda a operação garante que as aeronaves civis dentro das bases aéreas não vão interferir na rotina das ações militares durante a Copa das Confederações. Para a de-manda de 2014, que será muito maior, a FAB planeja investimentos de R$195 milhões em obras de ampliação de pá-tios em sete bases aéreas. “Com apoio da SAC, o projeto é ampliar a capacida-de de alguns pátios de estacionamento de aeronaves”, fi naliza.

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Até junho de 2014 cada controlador de tráfego aéreo vai acumular pelo menos 200 horas de especialização em situações específicas para a Copa. Os profissionais treinam, num cenário virtual, todas as possibilidades que incluem o aumento no número de pousos e decolagens, além de emergências aéreas.

JUSSARA PECCINI

Cenário virtual, treinamento real

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CONTROLE DE TRÁFEGO AÉREO

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Quase 900 especialistas em controlar as aeronaves no céu mergulham num cenário que

extrapola os limites do cotidiano. Eles entram de cabeça num programa de capacitação intensa cujo foco são as situações particulares do tráfego aéreo estimado para a Copa das Confedera-ções e do Mundial. “Criamos situações extremas, com picos de movimento aéreo muito acima do normal, inclusive decolagens de defesa aérea”, explica o capitão Roberto Márcio dos Santos, que ajudou a desenvolver os cenários

dos exercícios realizados no Instituto de Controle do Espaço Aéreo (ICEA), responsável pela formação, reciclagem e especialização de controladores de tráfego aéreo, em São José dos Campos (SP).

Além das funções rotineiras, o ICEA recebeu a incumbência de desenvolver o programa de treinamento chamado de PROSIMA (Programa de Simula-ção em Controle de Tráfego Aéreo), que vai garantir cerca de 200 horas de exercícios para cada controlador. O número equivale a uma pós-graduação

acadêmica, que é de 360 horas/aula. O curso iniciou em novembro do ano passado e vai até junho de 2014. “Cada controlador vai passar pelo menos cinco vezes por aqui”, explica o Diretor do ICEA, Coronel-Aviador Leandro Costa de Andrade.

Os militares trabalham nos cinco centros de controle de área brasileiros alocados nos CINDACTA (Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo), nos 12 Controles de Aproximação e nas 20 torres de controle de aeródromos do Brasil inteiro. Os

No treinamento, os controladores de tráfego aéreo lidam com cenários que simulam diferentes situações de emergência

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softwares utilizados foram desenvol-vidos pelo próprio ICEA. Neles, foram inseridos os dados que configuram os cenários críticos a serem gerenciados pelos controladores.

Entre as simulações estão fatores como volume de tráfego aéreo, desvios de formações meteorológicas, troca de cabeceira do aeroporto principal, deco-lagem pela cabeceira menos utilizada, falhas nas comunicações, acidentes em aeroportos, emergências médicas, peri-go aviário e restrição de visibilidade por queimada. No meio disso tudo, pode

ser necessário o acionamento de defesa aérea, quando uma aeronave militar decola para fazer uma interceptação.

Todos os órgãos de controle do trá-fego aéreo treinam, ao mesmo tempo, cada uma dessas situações na sua área de abrangência: a torre de controle de aeródromo (TWR), o controle de apro-ximação na área terminal (APP) e o centro de controle de área, nas aerovias (ACC), além dos centros de operações militares (COpM).

Quem conhece em profundidade reconhece a importância das palavras ‘coordenação e integração’ entre os controladores da aviação geral e da operacional militar. “Se um caça de de-fesa aérea tiver que decolar e atravessar os céus de São Paulo, por exemplo, ele vai cumprir a missão com total segu-rança, sem risco para nenhum avião ou pessoa”, ressalta o capitão Márcio.

Dada a importância da situação, esta é a primeira vez que os controladores de defesa aérea treinam ao mesmo tempo integrados com os da aviação geral.

Lições aprendidas - As situações treinadas pelos controladores neste momento foram programadas a partir de experiências em grandes eventos esportivos recentes, como as Olimpía-das de Londres, a Eurocopa e a Copa do Mundo na África do Sul. “Toda a programação foi baseada em dados reais, vivenciados por outros países, adaptados à realidade brasileira”, ex-plica o chefe da Divisão de Operações do Centro de Gerenciamento de Nave-gação Aérea (CGNA), Tenente-Coronel Luiz Roberto Barbosa Medeiros.

Os dados como crescimento do fluxo do tráfego aéreo, atrasos, níveis de impacto, carga de trabalho dos controladores e as soluções adotadas

O sistema de controle do espaço aéreo brasileiro atua em uma área correspon-dente a 22 milhões de km2, o que inclui o território e parte do Oceano Atlântico

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Equipe do CGNA conhece o funciona-mento do Centro de Controle Inglês

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serviram como referência para planejar os possíveis cenários que podem, even-tualmente, acontecer no Brasil.

O ofi cial acompanhou as mudan-ças no tráfego aéreo no Eurocontrol, o centro de gerenciamento aéreo para a Europa, localizado na Bélgica, durante a Eurocopa. Ele também esteve em Southampton, onde se concentrou o controle aéreo da Inglaterra. Na opinião dele, o grande gol do intercâmbio é a diferenciação entre as características dos eventos. “Em Londres os voos eram concentradas em apenas uma cidade. No caso da Europa, os jogos realizados em cidades diferentes confi guravam um outro fl uxo aéreo”, exemplifi ca.

A partir da experiência internacional foi possível estabelecer os níveis de efi ci-ência, as áreas de circulação e as regras para a escala das equipes. Ou seja, infor-mações que permitiram preparar um pla-

nejamento bem estruturado. É nele que está delineado o perfi l de conhecimento e as habilidades que cada profi ssional do controle do tráfego aéreo precisa adicionar a sua bagagem profi ssional para encarar tranquilamente as situações previstas nos próximos meses.

O controle do tráfego aéreo é divi-do em níveis, entenda:

ACC – Centro de Controle de Área é o responsável pelo controle do tráfe-go aéreo nas aerovias. No Brasil, este controle é feito pelos CINDACTAs de Manaus, Curitiba, Brasília e Recife.

APP – Controle de aproximação é o responsável pelo controle dos tráfegos na chamada área terminal. Se pudéssemos comparar com uma situação em solo, seria como a via de ligação entre uma rodovia federal e várias cidades. Ou seja, um ponto anterior até a chegada ao aeroporto propriamente. A área terminal São Paulo, por exemplo, envolve vários aeroportos, como Campinas, Guaru-lhos e Congonhas.

TWR - Torre de controle é o respon-sável pelo controle na pista de pouso e decolagem.

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Brasil vai produzir míssil de quinta geração para equipar caças

Imagem virtual simula o míssel de quinta geração A-Darter depois do lançamento

A partir de 2015, a Força Aérea Brasileira receberá o A-Darter, um míssil capaz de manobrar

até 10 vezes mais rápido que um avião de combate. A nova tecnologia, fruto de um desenvolvimento conjunto do Brasil com a África do Sul, já está no fi nal da fase de testes e próxima do início da produção em larga escala. No fi m do ano passado, o Comando da Aeronáu-tica assinou com a empresa Denel do Brasil o contrato de R$ 1,4 milhão para preparar o parque industrial de São José dos Campos (SP) para a construção do míssil, que deve equipar a versão mo-dernizada do caça A-1 e o futuro F-X2.

A produção do novo míssil deve con-tar com as empresas Mectron, Avibras e Opto Eletrônica, que são benefi ciárias dos projetos de transferência de tecno-logia em áreas como sistemas óticos, navegação, sensores e processamento de imagens. O Brasil ingressou no de-senvolvimento do A-Darter em 2006, e é co-proprietário dos direitos de proprie-dade intelectual e industrial do míssil.

De acordo com o Gerente Técnico da Denel do Brasil, Everton de Paula, além de fabricar todos os mísseis que a FAB adquirir futuramente, o parque in-dustrial brasileiro também irá fabricar componentes de unidades que venham a ser exportadas pelo Brasil e pela África do Sul para outros países. “Este contrato representa mais um passo no sentido da concretização da transferên-cia de tecnologia. A tecnologia que nós

tínhamos ainda era de terceira geração. Esse é um salto: vamos para mísseis de quinta geração”, afi rmou.

CaracterísticasCom 2,98 metros de comprimento e

90 kg de peso, o A-Darter é um míssil ar-ar, ou seja, criado para ser lançado de aeronaves contra alvos aéreos. Para isso, conta com um sensor que detecta o calor de aviões e helicópteros para guiagem. A diferença tecnológica é que, ao contrário dos modelos mais antigos, um caça equipado com o A-Darter pode atingir alvos que não estejam só na frente, mas também dos lados e até atrás da aeronave.

Outra tecnologia inédita no Brasil é o empuxo vetorado, que é o direciona-mento do jato do motor foguete. Somado ao movimento das quatro pequenas “asas”, o empuxo vetorado confere ao míssil a possibilidade de fazer manobras que alcançam até 100 vezes a força da gravidade (100G), enquanto os aviões de combate não passam de 9 vezes (9G). O míssil também produz menos fumaça que modelos mais antigos, o que difi cul-ta a sua visualização.

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A partir de 2016, os pilotos da Força Aérea Brasileira vão mudar a forma de combater.

Desde os primeiros treinamentos antes da Segunda Guerra Mundial, os aviões de caça voam juntos em esquadrilhas, com o objetivo de um "cobrir" o outro. A lógica é simples: quanto mais olhos no céu, menor a chance do inimigo passar desper-cebido. A comunicação envolve so-mente a voz, transmitida pelo rádio. A novidade agora será a capacidade de trocar dados em pleno voo: além de se falarem, um piloto poderá com-partilhar informações disponíveis nos seus sistemas, como os alvos captados pelo seu radar. Na cabine dos caças, será como trocar um velho celular que serve só para falar por um smartpho-ne que pode enviar fotos e vídeos. As esquadrilhas vão se tornar “redes de amigos” que poderão reunir mais de mil aeronaves conectadas.

Na prática, a nova tecnologia vai trazer inúmeras novidades táticas. Em um ambiente de guerra eletrônica moderna, por exemplo, o radar ajuda

a encontrar os alvos hostis, mas ao mesmo tempo revela a posição do caça que ligou seu equipamento. Com o datalink, um caça pode ingressar na zona de combate sem denunciar sua localização, mas contando com todos os dados emitidos por um companhei-ro que esteja a dezenas de quilômetros de distância. É possível até lançar mísseis com base nas informações emitidas por outro avião.

Fora das situações de guerra, o datalink também vai ajudar nas mis-sões de patrulha do espaço aéreo na fronteira do Brasil, hoje realizadas por caças A-29 Super Tucano. Sem radar a bordo, esses aviões precisam receber ordens via rádio dos aviões E-99, equipados com radares capazes de detectar alvos a centenas de quilô-metros de distância. Com a conexão de dados, os pilotos de A-29 poderão visualizar as informações nas suas próprias cabines, como se o próprio caça tivesse o radar do E-99.

As possibilidades vão bem além do uso do radar. "É possível a trans-missão de imagens óticas ou de outros tipos de sensores, além de mandar texto, o que também traz um grande ganho operacional. Uma aeronave pode enviar a imagem de um alvo para outra aeronave ou para um centro de comando e controle, a fi m de verifi car sua correta identifi cação.

Um comandante pode acompanhar visualmente o desenrolar de uma ope-ração", explica o Coronel Francisco Guirado Bernabeu, um dos gerentes do projeto, batizado de Link BR2.

Ele explica ainda que qualquer avião ou helicóptero poderá receber a tecnologia. "O equipamento datalink é mais ou menos do tamanho de uma caixa de sapatos. Nessa caixa haverá um rádio e o terminal datalink, com protocolos de comunicação e aplicati-vos para interagir com os pilotos e os sistemas das aeronaves", diz.

O uso do datalink vai depender da importância tática da aeronave. Tecnicamente, qualquer avião ou helicóptero poderá ingressar na rede, além de estações em solo. O contrato para a integração dos primeiros avi-ões foi assinado em dezembro com a Mectron, de São José dos Campos (SP). Até 2016, o sistema desenvolvido pela empresa irá iniciar os testes em quatro F-5M, quatro A-29, dois E-99 e estações em solo. Hoje, a FAB opera um sistema que permite troca de da-dos entre os F-5, outro para os A-29 e um terceiro integra os E-99 e R-99 às estações em solo. Agora, o desafi o é ter todos estes modelos em uma só rede de informações. Os caças A-1, que hoje passam por um processo de modernização, também já recebem uma versão inicial do Link BR2.

LINK BR2:aeronaves da FAB vão voar conectadas em rede

Humberto Leite

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TECNOLOGIA

50 Jan/Fev/Mar/2013 Aerovisão

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Conheça a nova forma de combate com o Link BR2:

Cobertura radar

DataLink

Legenda

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Aeronave em voo irregular

Interceptador

Aeronave Radar

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Trazemos nas próxi-mas páginas uma pequena amostra

do trabalho quase anô-nimo que realizamos no dia a dia de norte a sul do país e até no exterior. As

imagens captadas repre-sentam alguns dos nos-sos melhores momentos durante as inúmeras mis-sões realizadas ao longo de 2012. São realizações como essas que fazem a

diferença na carreira dos militares da Força Aérea Brasileira. Não por acaso, escolhemos como tema da campanha institucional do biênio 2013-2014 o tí-tulo acima.

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RETROSPECTIVA 2012 - FAB PRESENTE NA VIDA DOS BRASILEIROS

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Ao zelar pela nossa sobe-rania, a Força Aérea Brasi-leira protege riquezas da imensidão da Amazônia ao mar territorial. Chamado de Guardião do pré-sal, os P-3AM patrulham a costa brasileira com sensores e radares modernos a bordo. A defesa aeroespacial inclui caças de alta performance, em alerta 24 horas no Brasil inteiro.

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Dentro dos quartéis, a música militar é um meio de comunicação que imprime disciplina às marchas e motiva a tropa. Fora deles, nossos músicos também despertam sensibilidade, a memória afetiva e tocam a alma de plateias em concertos públicos Brasil a fora.

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Ernesto e Rebeca Delise vagavam pelas ruas de Porto Príncipe, capital do Haiti, à procura de socorro. Grávida, com fortes contrações, a jovem deitou na calçada com a ajuda do marido. Pelo caminho desses pais haitianos, um encontro foi decisivo. Militares brasileiros, em patrulha de rotina, viram a cena e socorreram a jovem mãe. Mas a vida não espera. Junas veio ao mundo pelas mãos de dois soldados da Força Aérea Brasileira em missão de paz no Haiti.

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Não raro, a Força Aérea Brasileira emprega aeronaves em batalhas pela vida. Reunidos na mesma trincheira, médicos, enfermeiros, pilotos e mecânicos lutam em sintonia contra o tempo para que pacientes ganhem nova chance com a realização de transplantes de órgãos. O caso da garotinha Larissa, de 1 ano e 8 meses, por exemplo, ganhou repercussão nacional no ano passado ao chamar a atenção para o tema.

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O sorriso deste bebê indígena foi um dos mais belos registros feitos pela FAB na Amazônia no ano passado. O flagrante foi captado durante um atendimento no Hospital de Campanha da FAB, que pela primeira vez percorreu o Rio Negro instalado em uma balsa. Em 14 dias, atendeu mais de 4 mil ribeirinhos na região Norte do país, durante a Operação Ágata.

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Longe dos consultórios das grandes cidades, nossos médicos conhecem um país diferente. Um Brasil de gente simples, de terra batida, sem pontos turísticos e com nomes quase impronunciáveis. Em muitas dessas localidades, a única alternativa é a saúde que a FAB leva.

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Engana-se quem pensa que a controladora de voo está só. Ela é apenas um elo de uma grande rede formada por um batalhão de homens e mulheres que cuidam do tráfego aéreo no país. Para defender o espaço aéreo brasileiro, pilotos e aeronaves ficam em alerta 24 horas de olho em tudo o que possa ameaçar nossa soberania.

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Ninguém os viu, mas o grupo de elite da Força Aérea Brasileira acompanhou todos os movimentos no desembarque das comitivas internacionais no Rio de Janeiro, durante a Conferência Rio+20. Unidade experiente em operações especiais, o Esquadrão Aeroterrestre de Salvamento (EAS), o PARA-SAR, também realiza busca e resgate no caso de acidentes e enchentes.

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O coração de fumaça traduz bem o vínculo do Esquadrão de Demonstração Aérea com o seu público no Brasil e no exterior. Em seis décadas, a equipe da Força Aérea Brasileira, acostumada a ver o mundo de cabeça para baixo, conquistou multidões e marcou gerações. Embaixadores do país nos céus, a Esquadrilha da Fumaça inicia 2013 com um novo companheiro na equipe: o SuperTucano A-29 assume as acrobacias no lugar do T-27.

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EXPEDIENTE

Publicação ofi cial da Força Aérea Brasileira, a revista Aerovisão é produzida pela Agên-cia Força Aérea, do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica (CECOMSAER).

Chefe do CECOMSAER: Brig Ar Marcelo Kanitz Damasceno

Chefe da Divisão de Comunicação Integrada: Cel Av João Carlos Araújo Amaral

Chefe da Divisão de Apoio à Comunicação: Ten Cel Inf Vandeilson de Oliveira

Chefe da Seção de Produção eda Seção de Divulgação:

Cap Av Igor Rocha

Editora: Ten JOR Marcia Silva (MTB - 19592) – jornalista responsável.

Editora Assistente: Jussara Peccini

Repórteres: Ten JOR Marcia Silva, Ten JOR Humberto Leite, Ten JOR Flávio Nishimori, Ten JOR Carla Dieppe, Ten JOR Jussara Peccini, Ten JOR Geraldo Bitt encourt, Ten JOR Gabrielli Siqueira, Ten JOR Flavia Cocate e Ten REP Mariana Helena.

Revisão (Texto): Ten JOR Flavio Nishimori, Ten JOR Willian Cavalcanti e 3S Rafael Lopes.

Editoração/infográfi cos/arte: Ten ANS Bruna Alves, Sargento Rafael Lopes e Sargento Lucas Zigunow.

Pesquisa de imagens (fotos): Ten FOT Enilton Kirchhof.

Fotógrafos: 1S Paulo Rezende, 2S Johnson Jonas Canindé M. De Barros; 3S Wellington Simo Ferreira, 3S Bruno dos Santos Batista, Cb Silva Lopes e Cb Vinicius Santos.

Contato:[email protected] dos Ministérios, Bloco M, 7º Andar – CEP: 70045-900Brasília - DF

Tiragem: 20 mil exemplaresCirculação dirigida no país e no exterior.

Período: Jan/Fev/Mar - 2013Ano XL

Estão autorizadas transcrições integrais ou parciais das matérias, desde que mencionada a fonte.

Distribuição GratuitaVeja edição eletrônica: www.fab.mil.br

Impressão: Gráfi ca Editora Pallott i

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