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N O T Í C I A S - A n o 7 - n º 5 2 aero Radar de Rota TRS 2230 - DTCEA Barra do Garças

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Produzida pela Assessoria de Comunicação do DECEA, a Revista Aeroespaço é o veículo jornalístico impresso da instituição

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NO

T Í C I A S - A n o 7 - n º 5 2

aero

Radar de Rota TRS 2230 - DTCEA Barra do Garças

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2 AEROESPAÇO

Informativo do Depar tamento de Controle do Espaço Aéreo - DECEAproduzido pela Assessoria de Comunicação Social - ASCOM/DECEA

Diretor-Geral:Tenente-Brigadeiro do Ar Marco Aurélio Gonçalves MendesAssessor de Comunicação Social e Editor:Paullo Esteves - Coronel Aviador ReformadoCoordenação de pauta e edição:Daisy Meireles (RJ 21523 JP)Redação:Daisy Meireles (RJ 21523 JP)Telma Penteado (RJ 22794 JP)Denise Fontes (RJ 25254 JP)Gisele Bastos (MTB 3833 PR)Diagramação/Projeto Gráfico:Filipe Bastos (RJ 26888 JD)

Fotos:Luiz Eduardo Perez (RJ 201930 RF)e Fábio Maciel (RJ 33110 RF)Contatos:Home page: www.decea.gov.brIntraer: www.decea.intraer Email: [email protected]ço: Av. General Justo, 160Centro - CEP 20021-130Rio de Janeiro/RJTelefone: (21) 2123-6404Fax: (21) 2262-1691Editado em Agosto/2012Impressão: Ingrafoto

Índice

Reportagem Especial

Reportagem

A História do Controle do Espaço Aéreo Brasileiro

Reportagem

Artigo

Nossa capa Expediente

DECEA apoia Rio+20

DECEA Digit@l

CAN: questão de soberania

O Radar de Rota TRS 2230 - na foto de Fábio Maciel - é o principal equipamento utilizado na defesa e no controle do espaço aéreo pelo DTCEA-BW, que mantém, há 23 anos, a missão de gerar dados radar e comunicações para a manutenção do serviço de controle do espaço aéreo na área de sua responsabilidade.

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11Esquadrão Morcego desativa Sistema MGCA

Qual é o tempo que a gente tem?Conhecendo o DTCEA-BW25Barra do Garças - MT

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3AEROESPAÇO

Fotos:Luiz Eduardo Perez (RJ 201930 RF)e Fábio Maciel (RJ 33110 RF)Contatos:Home page: www.decea.gov.brIntraer: www.decea.intraer Email: [email protected]ço: Av. General Justo, 160Centro - CEP 20021-130Rio de Janeiro/RJTelefone: (21) 2123-6404Fax: (21) 2262-1691Editado em Agosto/2012Impressão: Ingrafoto

EditorialMostrar as ações e inovações do Sistema de

Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB) continua sendo nosso objetivo com esta edição.

Aqui contamos um dos maiores gols que o De-partamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) marcou nos últimos meses, que foi a aplicação da experiência militar num evento civil como a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvol-vimento Sustentável - Rio+ 20. O DECEA acertou a previsão meteorológica, atendeu a demanda superior ao esperado e sem qualquer impacto no terminal de passageiros. O modelo de sucesso estratégico empregado na Operação certamen-te será repetido nos próximos eventos a serem realizados no Brasil. Tudo isso está registrado na Reportagem Especial contida nas páginas 4 a 7.

Na Seção "Quem é?" (páginas 22 a 24), conta-mos a trajetória do Suboficial Renato Marcondes da Silva Comucci, do Primeiro Grupo de Comu-nicações e Controle (1º GCC). Profissional de excelência, integrou a equipe de apoio a Rio+20, fazendo o planejamento e a configuração dos roteadores e gateway envolvidos na operação por link TELESAT ou por SISCOMIS. Marcondes foi responsável também por montar a central de dados e voz na sala DACTA situada no Destaca-mento de Controle do Espaço Aéreo do Galeão (DTCEA-GL) para reunir os profissionais envol-vidos na Rio+20. Suas ações contribuíram para otimizar tempo e recursos para ações e decisões operacionais.

A edição atual traz muitas novidades para o leitor, inclusive um artigo sobre administração do tempo. É fundamental sabermos onde estamos e para onde queremos ir, assim saberemos priorizar e esquematizar nossas atividades diárias numa grade de tempo. A autora nos leva a pensar, inclu-sive, na avaliação das nossas metas e em outras

formas de atingir as metas malsucedidas.Outra ação inovadora contada nesta edição é o

processo digital para aquisição de Licença e Ha-bilitação Técnica dos Profissionais de Navegação Aérea (LPNA), que vem ao encontro da antiga necessidade do DECEA em integrar as informa-ções contidas em seus sistemas por meio de uma plataforma atualizada e que permitisse o fluxo a nível nacional, incluindo a estrutura, volume de dados e dimensão do território. O Sistema foi totalmente desenvolvido por profissionais do DECEA e o leitor poderá ter mais informações lendo a reportagem publicada a partir da página 14.

Outro tema apresentado é o processo de insta-lação pelo Esquadrão Morcego do novo sistema MGCA (PAR 2000T), de fabricação americana, que terá o seu início de operação previsto para outu-bro deste ano. O novo equipamento proporcio-nará maior rapidez e facilidade de deslocamento ao Esquadrão Morcego, pelo fato de sua antena possuir um sistema eletrônico de desmontagem. Assim, o 3º/1º GCC poderá atender mais pron-tamente as missões operacionais que lhe forem designadas e, assim insere o Esquadrão Morcego no rol das unidades de controle do espaço aéreo brasileiro capazes de cumprir sua missão com maior grau de eficiência e segurança.

Barra do Garças (MT) foi o Destacamento de Controle do Espaço Aéreo escolhido para esta edição. Vale a pena conhecer a cidade, a história e também as peculiaridades do DTCEA que é o berço da guerra eletrônica.

Esperamos que vocês apreciem o conteúdo desta edição da Aeroespaço e continuamos con-tando com a colaboração de todos em enviar críti-cas, sugestões e artigos para compor a próxima.

Boa leitura!

ASCOMAssessoria de Comunicação Social

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DECEA apoia RIO+20Por Telma PenteadoFotos de Fábio Maciel

Os olhos do mundo se voltaram para o Rio de Janeiro. Por mais uma vez a cidade foi palco de um evento de suma impor-tância não só para o País, como para o mundo.

No período de 13 a 22 de junho, Chefes de Estado e de Governo dos países-mem-bros das Nações Unidas se reuniram para a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20.

O evento assim foi nomeado porque marcou os 20 anos de realização da Con-ferência sobre Meio Ambiente e Desen-volvimento, a Rio 92 (também conhecida como ECO 92), igualmente realizada nes-ta cidade, em 1992.

A meta desta Conferência foi contribuir para a definição da agenda do desenvol-vimento sustentável para as próximas décadas. Trata-se, como divulga o site do evento (www.rio20.gov.br) “da renova-ção do compromisso político com o de-

senvolvimento sustentável, por meio da avaliação do progresso e das lacunas na implementação das decisões adotadas pelas principais cúpulas sobre o assunto do tratamento de temas novos e emer-gentes”.

Na Rio+20 foram discutidos dois prin-cipais temas: “A economia verde no con-texto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza” e “A estrutura institucional para o desenvolvimento sus-tentável”.

E para receber um evento deste porte toda a cidade se vê direta ou indireta-mente envolvida. Os preparativos mais cruciais começaram a ser coordenados e postos em prática muito tempo antes.

Como ocorreu em outras ocasiões des-ta magnitude, o Comando da Aeronáuti-ca, através do seu Departamento de Con-trole do Espaço Aéreo (DECEA), realizou o controle de tráfego aéreo e a defesa aérea

Reportagem Especial

4 AEROESPAÇO

Pela primeira vez foi aplicada

a experiência militar num

evento civil. E este modelo

de sucesso será certamente usado

nos próximos grandes eventos

realizados no Brasil

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dos pontos mais importantes nos quais as autoridades se reu-niram.

A Rio+20 foi composta de três grandes momentos. No perí-odo de 13 a 15 de junho foi realizada a III Reunião do Comitê Preparatório, onde representantes governamentais debateram sobre os documentos a serem adotados na Conferência.

De 16 a 19, aconteceram uma série de eventos com mem-bros da sociedade civil, os chamados “Diálogos para o Desen-volvimento Sustentável”, quando representantes da comuni-dade científica, de Organizações Não-Governamentais (ONG), entre outros se reuniram para trocar ideias e debater ações.

Já no período de 20 a 22, por fim, houve o chamado Segmen-to de Alto Nível da Conferência, do qual participaram os diver-sos Chefes de Estado e de Governo.

Cada período destes teve uma série de locais para sua rea-lização, como Riocentro, Parque dos Atletas e Arena da Barra, na Barra da Tijuca; Museu de Arte Moderna (MAM), Espaço Vivo Rio, Píer Mauá e Galpão da Cidadania, no Centro da Cidade; Forte de Copacabana, no Posto 6; e em diversos outros pontos espalhados pela Cidade Maravilhosa.

De acordo com o Coronel Aviador Leonidas de Araújo Medeiros Júnior, representante do DECEA na Rio+20 e Coordenador das Operações no evento, o Departamento participou da Co-missão Nacional de Autoridade Aeroportuária e do Comitê Técnico de Operações Especiais para a Rio+20.

Os trabalhos do DECEA se deram efetivamen-te, em termos operacionais, no período de 5 a 24 de junho, e foram conduzidos pelo Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA), com participação direta do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (1º GCC) e de seus Es-quadrões Profeta (1º/1º GCC), Esquadrão Aranha (2º/1º GCC) e Esquadrão Mangrulho (4º/1º GCC).

Planejamento é fundamentalNa manhã do dia 15 de junho foi realizada no

CGNA uma coletiva de imprensa na qual auto-ridades do DECEA, do Terceiro Comando Aéreo Regional (COMAR III) e do Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (COMDABRA) explicitaram as estratégias para contro-lar e proteger o espaço aéreo brasileiro durante a realização da Rio+20.

Após dar as boas-vindas aos participantes, o Diretor-Geral do DECEA, Tenente-Brigadeiro do Ar Marco Aurélio Gonçalves Mendes, apresentou o Centro, mostrando que as atividades ali realizadas não são específicas da Rio+20, e sim, o dia-a-dia da-quela unidade.

“Este ambiente pertence à estrutura do DECEA. Temos muito orgulho em mostrar para as senhoras e os senhores como tra-balhamos, quais são as nossas ferramentas. É importante que todos possam perceber a interação que temos aqui com todos

os usuários do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB)”, declarou o Tenente-Brigadeiro Mendes.

“O nosso trabalho”, prosseguiu o DGCEA, “não começou agora. É bastante anterior a esta data. Tudo que se relaciona à Rio+20 já vem sendo tratado com muito cuidado e atenção no mínimo há dois meses”.

Na sequência, o Coronel Leonidas apresentou em linhas ge-rais o planejamento das ações que seriam tomadas ao longo do evento.

“É nesta sala que fazemos o gerenciamento da navegação aérea. Em nosso painel temos a situação atualizada dos ae-roportos, as informações aeronáuticas de condição de cada localidade, uma visualização de toda a navegação aérea e a situação climatológica e meteorológica de todo o Brasil numa única síntese”, comentou.

Ainda segundo o Coordenador das ações do DECEA, “o Brasil controla em média de 544 voos internacionais por dia. Assim, vemos que o que faremos por ocasião da Rio+20 não é uma novidade”.

A Rio+20 envolveu os principais aeroportos do País: Galeão e Santos Dumont, no Rio de Janeiro; Congonhas e Guarulhos, em São Paulo; Aeroporto Internacional de Brasília; Aeroporto Inter-nacional Salgado Filho, em Porto Alegre; Aeroporto Internacio-nal Eduardo Gomes, em Manaus; Aeroportos Internacional de Belém, Recife e Salvador.

Como aeroportos alternativos foram escalados os de Viraco-pos, em Campinas e de Confins, em Belo Horizonte.

O Comandante do COMAR III, Major-Brigadeiro do Ar Rafael

5AEROESPAÇO

Sala da Rio+20 no CGNA

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Rodrigues Filho, mostrou toda a logística de embarque e de-sembarque de Chefes de Estados no aeroporto do Galeão e nas Bases Aéreas do Galeão (BAGL), do Campo dos Afonsos (BAAF) e de Santa Cruz (BASC).

O Major-Brigadeiro Rodrigues Filho falou também sobre a infraestrutura de apoio e faci-lidades – como ambulâncias, equipes de Bom-beiros e de solo. Ao todo foram 6.328 pessoas envolvidas no evento.

“A BAAF serviu a toda parte de helicópteros das Forças Armadas – Exército, Marinha e Ae-ronáutica – e de órgãos públicos. Já a BASC, como alternativa primária, também ficou a postos para receber as aeronaves”, comentou o Comandante do COMAR III.

Representando o Comando de Defesa Ae-roespacial Brasileiro (COMDABRA), o Chefe do Centro de Operações de Defesa Aeroespacial (CODA), Coronel Aviador Fábio Pinheiro, apre-sentou todo o esquema de defesa, que con-tou com caças F-5, A-29 Super Tucano, além de helicópteros H-60 Blackhawk e AH-2 Sabre. Segundo o oficial, estas aeronaves estão sem-pre preparadas para interceptar e até forçar o pouso de qualquer voo que descumpra as determinações do Controle do Espaço Aéreo.

“Todas as aeronaves que adentraram a área do Rio de Janeiro desde o dia 17 de junho, tiveram que estar efetivamente con-troladas por um de nossos Centros de Controle e equipadas com transponder, que é responsável pela identificação da ae-ronave”, declarou o Coronel.

“Essas medidas de defesa aérea são corriqueiras no COMDABRA, que, bem como o CGNA, também opera 24 ho-ras por dia, 365 dias ao ano. Nossas aeronaves estão constante-mente percorrendo os céus do Brasil para fazer frente às possí-veis ameaças que surjam”, concluiu.

Uma unidade do 1º GCC atuou próximo ao aeródromo de Ja-carepaguá e ao Riocentro. Trata-se de uma unidade que dispõe de meios de comunicação e controle móveis.

O radar instalado nesta região teve a responsabilidade de tra-balhar em conjunto com o radar do Destacamento de Controle do Espaço Aéreo do Pico do Couto (DTCEA-PCO), em Petrópolis (RJ), o que foi de suma importância para a coleta e transmissão dos dados.

Sucesso garantidoEm visita ao CGNA – a terceira neste ano, o Chefe de Opera-

ções Conjuntas do Ministério da Defesa e do Estado-Maior Con-junto das Forças Armadas, General João Carlos Vilela Morgero, foi só elogios.

“O Ministério responsável pela coordenação desta operação é o da Defesa. E esta visita ao CGNA só nos mostra os avanços realizados e a fundamental integração com as companhias aé-reas comerciais. Fiquei impressionado ao ver que nosso País está evoluindo cada vez mais na área de controle do espaço aé-reo e isso me deixa muito orgulhoso. Parabéns a toda equipe”, congratulou o General.

Tenente-Coronel Bertolino: "Nós conseguimos absorver a demanda"

Radar Transportável do Esquadrão Aranha para Rio+20

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7AEROESPAÇO

Neste mesmo dia o General Vilela já havia visitado o Centro de Coordenação de Operações do Comando Militar do Leste (CML), o Centro Regional de Inteligência da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) e o Centro de Operações Navais do Pri-meiro Distrito Naval da Marinha do Brasil, que coordena toda parte de navegação marítima e de fuzileiros navais, que esti-veram em terra realizando serviços de escolta e segurança das autoridades.

O sucesso da Operação Rio+20 foi total. E para o Chefe Interi-no do CGNA, Tenente-Coronel Aviador Ary Bertolino, o DECEA e toda a equipe envolvida no evento marcaram dois grandes gols.

Um modelo a ser seguido“Havia uma previsão de que as condições meteorológicas

seriam adversas, principalmente no aeroporto do Galeão, caso a pista 28/33 fosse usada. E isso aconteceu. Em função disso, nós diminuímos a capacidade do aeroporto. Em situações fa-voráveis, de bom tempo, a capacidade do aeroporto é de 40 movimentos por hora. Quando invertemos para a pista 28/33, a capacidade cai para 28 movimentos por hora”, explicou o Chefe do CGNA.

Na hora de pico – na parte da manhã e à tarde – a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) solicitou que as companhias aéreas remanejassem os voos, o que acabou resultando em al-guns cancelamentos baseados na previsão das condições me-teorológicas adversas.

“Na quinta-feira, dia 21, recebemos, em duas horas, 20 opera-ções envolvendo voos oficiais, com os Chefes de Estado, quan-do o previsto eram seis operações para aquele dia, naquele aeroporto. Nenhum voo foi cancelado. Em função do planeja-mento realizado, nós conseguimos absorver a demanda. Nós tínhamos capacidade para isso”, comenta o Tenente-Coronel Bertolino.

De fato, a equipe do DECEA na Rio+20 acertou a previsão me-teorológica, atendeu a demanda superior ao esperado e isso tudo sem qualquer impacto no terminal de passageiros.

O outro grande gol marcado diz respeito ao modelo estra-

tégico empregado na Operação e que servirá de modelo para os próximos eventos.

“Criamos para a Rio+20 uma estrutura similar a que usamos em operações militares de exercício simulado como a CRUZEX. Esta sala instalada nas dependências do CGNA foi destinada especifica-mente a acompanhar o evento, facilitando enor-memente nosso trabalho”, explicou o Oficial.

Na prática, como bem explicou o Chefe da Sala da Operações da Rio+20 no CGNA, Coronel Aviador César Augusto Borges Tuna, a equipe que prestou serviço nesta Sala de Operações – composta por militares da Aeronáutica, do Exér-cito Brasileiro e do COMDABRA e por diplomatas representantes do Itamaraty (estes responsáveis pela coordenação das funções na área de che-gadas e partidas das autoridades estrangeiras no Brasil) – ficou em contato com a BAGL, com o COMDABRA e com os demais órgãos externos ao

CGNA, absorvendo toda a demanda, o que permitiu ao efetivo do Salão Operacional do Centro cuidar da circulação aérea re-gular, além dos movimentos da Rio+20.

Segundo o Coronel Tuna, com a visualização em tempo real de todas as regiões de informação de voo (FIR - corresponden-tes aos quatro Centros Integrados de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo – CINDACTA), ao detectar a entrada de uma aeronave em nosso território, pode-se verificar de onde ela pro-cedia e fazia-se a estimada da mesma até o Rio de Janeiro.

Ele ressaltou ainda que nesta Sala não se fez o controle efeti-vo dos voos, mas o acompanhamento dos mesmos. “Aqui nós tomamos conta do fluxo aéreo de todo o Brasil que disse res-peito aos participantes da Rio+20. O avião não pode parar. As-sim, nós amortecemos as demandas e adaptamos as mesmas ao planejamento previamente estabelecido”.

Para o Chefe do CGNA este fluxo de informações foi de suma importância. Segundo ele, esta “foi a primeira vez que aplicamos a experiência militar num evento civil. E este mo-delo de sucesso será certamente usado nos próximos gran-des eventos, como a Jornada Mundial da Juventude, a Copa do Mundo e as Olimpíadas”.

Coronel Tuna - Chefe da Sala de Operações do evento no CGNA

Diplomatas do Itamaraty coordenam o translado das autoridades

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8 AEROESPAÇO

CAN: questão de soberania

Quem sonha, sonha alto. E quando o sonho está nas

asas de um avião, a expressão “o céu é o limite” passa a ser literal.Não há quem não pense nas infindas possibilidades que o ato de voar pode proporcionar às pessoas e, por extensão, à nação. Encurtar distâncias, mesclar culturas, incrementar o comércio e desenvolver o País. E, tendo tudo isso às mãos, comunicar. A comunicação é o ato intrínseco a todas as atividades humanas. É trocar ideias, informações, é contar histórias e registrar fatos. E em épocas em que tudo é distante e também as comunicações precárias, limitadas ou inexistentes, as correspondências em papel, tais como cartas, documentos, decretos, dentre outros, eram essenciais à vida das pessoas e instituições. Isto está claro. Mas, como levar a mensagem ao seu destino? Outro empecilho de grandes proporções.

Quem se interessa pela história dos Correios Brasileiros sabe que desde o Período Imperial, o entendimento da im-portância do trâmite de informações era de tal ordem, que sua dinâmica era prioritária para nosso Imperador.

Ciente da necessidade das correspon-dências nos âmbitos da política e da eco-nomia, D. Pedro I realizou muitas reformas e trouxe muito progresso para os Correios, uma vez que definida a permanência da Família Real no Brasil, era fundamental “a evolução no quadro postal do País para aten-der às demandas da Corte Portuguesa, que não poderia ficar para trás de outros países da Europa nesta área de serviços postais”, como relatam os textos institucionais do site dos Correios.

Neste período já foram instituídos e organizados os Correios de Províncias, com a criação dos primeiros selos postais, do qua-dro de oficial de carteiros, de caixas de coleta e da distribuição domiciliária de correspon-dências na Corte e nas Províncias.

E veio o telégrafo, com “a adesão do Brasil por meio de tratados aos organismos internacionais de telecomunicações recém-criados”. Conforme registrado em sua his-tória, essas reformas “deram o impulso que

Por Telma PenteadoExtraído do livro "A História do Controle do Espaço Aéreo Brasileiro"

O primeiro telégrafo elétrico do Brasil foi instalado em 1852 e a primeira ligação ocorreu entre o Quartel-General do Exército, no Rio de Janeiro e a residência Imperial da Quinta da Boa Vista.

Artigo

8 AEROESPAÇO

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9AEROESPAÇO

*Fonte: IBGE

faltava aos Correios para crescerem e atenderem às

demandas não só da Corte, mas também da população ainda pequena e subdesenvolvida do recente independente País”.

E este País cresceu. Em tamanho já era continental, e, agora, crescia em povo e povoado ficava cada vez mais.

E quase um século se passou. Neste salto quântico, caímos na década de 1930. Aviões cruzando o espaço... Sim! Aviões cruzando o céu! Claro! A vontade de comunicar está viva como sempre esteve, bem como o desejo de alcançar pessoas cada vez mais distantes.

Desejo não só de pessoas, mas, princi-palmente, de instituições com seus focos em estratégias e metas de administração, prevenção e controle.

Vale ressaltar de pronto que pela primei-ra vez no Brasil – e talvez na América do Sul – o Serviço de Correio Aéreo foi realizado pela nossa Aviação Naval, no ano de 1919, com o estabelecimento de uma linha aérea para o transporte das correspondências entre a cidade do Rio de Janeiro e a Ilha Grande (RJ), onde a esquadra estava realizando, à época, uma série de manobras e operações navais.

Avançando novamente para a década de 30, em prol da salvaguarda nacional, o Exér-cito desejou aprimorar o ato de comunicar.

E foi no ano de 1931, mais precisamente no dia 12 de junho, que teve início no País o Serviço Postal Aéreo Militar Brasileiro, quando os Tenentes do Exército, Casimiro Montenegro Filho e Nelson Freire Lavenère-

Wanderley, liderados pelo então Major Eduardo Gomes,

transportaram a mala postal portando duas cartas da cidade do Rio de Janeiro para São Paulo e, de lá, retornando com outras corres-pondências três dias depois.

O meio de transporte foi o monomotor biplano Curtiss Fledgling, matrícula K263, à época apelidado carinhosamente de “Frankenstein”.

O voo inaugural do Serviço Postal Aéreo Militar Brasileiro durou exatas cinco horas e vinte minutos, seguindo, de acordo com os registros, a rota direta que ultrapassava as montanhas do litoral. A volta foi mais rápida: três horas e meia percorrendo a rota do Vale do rio Paraíba até a altura da cidade de Resende (RJ) e, daí, para o Rio de Janeiro.

Não tardou para que o Serviço passasse a ser denominado Correio Aéreo Militar e, em 1934, Correio Aéreo Nacional (CAN), que em seu primórdio tinha como rota oficial o percurso realizado no retorno de seu primei-ro voo. Entre as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, os biplanos que cruzavam os céus três vezes por semana levando suas cartas foram substituídos gradativamente por aviões bimotores.

Então, o processo deflagrado não mais parou. A partir da implantação da primeira rota, teve início o treinamento de pilotos e mecânicos e, num próximo passo, os estudos para a expansão da linha até o estado de Goiás. Para se ter ideia de números, segundo os registros da época, em 1931 o Correio

Aéreo Militar tinha uma extensão de cobertura de 1.740 km de percurso, realizou 173 viagens com 473 horas de voo num percurso de 54.888 km, sendo transportados 340 quilos que correspondência.

Em 1932, por conta da Revolução Constitucionalista de São Paulo, a extensão das linhas subiu para 3.630 km, através da implantação das linhas com destino à Goiás,

Mato Grosso, Paraná e Bahia. No entanto, as missões foram reduzidas

em comparação ao ano anterior, sendo realizadas apenas 77 viagens. Ainda assim, o número de horas de voo subiu para 865 e os quilômetros percorridos totalizaram 127.100.

Outra contrapartida foi o peso da corres-pondência transportada, que caiu para 130 quilos, ainda por conta do já mencionado movimento revolucionário paulista.

A reviravolta veio em 34, quando a ex-tensão das rotas do CAN dobrou em relação à 1933, elevando para 7.600 km, percorridos pelas 284 viagens que totalizaram 4.279 horas de voo, num percurso de 615.785 km. Quanto às correspondências, o transporte triplicou, alcançando 10.429 quilos.

Foi em 1934 que os então Capitão Ismar Pfaltzgraff Brasil e Tenente Álvaro Araújo realizaram o primeiro voo do Correio Aéreo Naval em um avião Waco CSO com flutuado-res na rota entre as cidades do Rio de Janeiro (RJ) e Florianópolis (SC).

Dois anos mais tarde as rotas já alcança-vam a Amazônia e em 1936 foi inaugurada a primeira linha internacional, que ligava a cidade do Rio de Janeiro à Assunção, no Paraguai.

Este desbravamento nacional que, ao atingir localidades remotas isoladas pela geografia, permitiram que as ações governa-mentais agraciassem tais comunidades com algum progresso, dando ao Correio Aéreo Nacional um relevante papel social.

Segundo relatou o piloto do Correio Aé-reo Militar e do Correio Aéreo Naval, Coronel

Famosa foto: CAN e os índios Pilotos do CAN

*Fonte: IBGE

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10 AEROESPAÇO

Aviador Reformado Stênio Mangy Mendes, em seu livro virtual intitulado “Correio Aéreo Militar e Naval” (publicado no site Reservaer – vide Fontes), “nos mais afastados rincões da nossa Pátria muita gente nunca viu um trem ou um automóvel, mas já viu um avião do Correio Aéreo Militar, que, contrastando o vermelho da sua cor característica sobre o verde das nossas selvas, traça nos céus do Brasil a expressão grandiosa de um verdadei-ro sentido de brasilidade e o mais poderoso símbolo da unidade nacional”.

No mesmo artigo, o Coronel Mendes comenta que “cruzando todo o Brasil, o CAM exerce naturalmente um papel, principalmente, centralizador de todas as regiões, afirmando, pela sua presença, uma força central, expressão de um poder nacional, derrogando, assim, o regionalis-mo contraproducente”.

E a espera por estes aviões era enorme. Eram eles que traziam, além das notícias, livros e encomendas, remédios urgentes que atenuavam o sofrimento de populações inteiras. “E a Saúde Pública pode atestar as centenas de quilos de soros e vacinas trans-portadas pelos aviões militares”, comentou Mendes.

Com a década de 40, após a criação do Ministério da Aeronáutica, as mudanças pros-seguiram à toda! Logo o CAN saiu das sendas do Exército e passou a ser subordinado à recém-nascida Aeronáutica, sob o comando direto da então Diretoria de Rotas Aéreas (DR), cujo diretor foi o Brigadeiro Eduardo Gomes.

Progresso e mais progresso. Nesse cal-deirão borbulhante deste capítulo de nossa história, pilotos rasgavam os céus cruzando o Atlântico enquanto outros tantos partiam rumo à soberania nacional.

Os desbravamentos iam em frente e,

em abril de 1943, as linhas do CAN foram estendidas até os rios Tocantins e Belém do Pará e, desta última, até Caiena (Capital da Guiana Francesa), com escalas em Macapá e Oiapoque (ambos no Amapá).

Em maio de 1945, outra linha inter-nacional foi inaugurada, ligando a região Centro-Oeste do Brasil à Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia.

É fato que mais evoluções se deram no Correio Aéreo Nacional com o fim da Segun-da Guerra Mundial, com a entrada em servi-ço das aeronaves bimotores monoplano C-45 Beechcraft e Douglas C-47. Ambas possuíam maiores capacidades tanto de carga como de autonomia de voo.

Ainda no ano de 1946 foram abertas as linhas até a capital da Bolívia, La Paz, partin-do do Rio de Janeiro e passando pelas esca-las em São Paulo (SP), Três Lagoas, Campo Grande e Corumbá (os três no Mato Grosso do Sul), Roboré, Santa Cruz de La Sierra, Cochabamba e La Paz (todos na Bolívia).

Até 1958, outras se estenderam ao Acre; à Lima, no Peru; ao Rio Araguaia; à Manaus (partindo do Rio de Janeiro) e Boa Vista e, em seguida, a linha até o Rio Negro, com o emprego dos monoplanos bimotores anfíbios CA-10 Catalina; à Montevidéu (no Uruguai); ao Canal de Suez, com o objeti-vo de atender ao chamado “Batalhão de Suez”, que, estando a serviço das Forças de Manutenção da Paz das Nações Unidas, se encontrava em operações militares na Faixa de Gaza; à Quito (no Equador); e, finalmente, para os Estados Unidos da América.

Com a expansão da cobertura em território nacional, o CAN pôde prestar apoio aos postos do já extinto Serviço de Prote-ção ao Índio, às populações indígenas e às missões religiosas nos Vales do Rio Negro e do Uaupés. Estas aeronaves tão significativas

para o CAN foram, tempos depois, desloca-das da Base Aérea do Galeão (BAGL) para a Base Aérea de Belém (BABE), o que permitiu a intensificação da prestação dos serviços na região amazônica e, por extensão, aos pelo-tões de fronteira do Exército e às populações ribeirinhas.

Décadas depois, já nos anos 80, en-traram em operação as aeronaves EMBRAER C-95 Bandeirante e C-97 Brasília, que ti-veram por missão atender as linhas mais curtas do CAN.

Com relação às chamadas linhas-tronco, foram adquiridos, em 1985, quatro Boeings 707, possibilitando uma melhoria signifi-cativa no âmbito logístico e no transporte de pessoal. Ainda a pouco, em 2004, novas linhas internacionais foram inauguradas por conta do emprego dos birreatores EMBRAER ERJ-145, que substituíram os Avro C-91.

E, mais recentemente, em função das capacidades de pouso e decolagem em pis-tas curtas, os bimotores turboélice C105-A Amazonas e os Cessnas C-98 Caravan pas-saram a operar nos pontos mais extremos do Brasil.

Vemos, com toda esta história, que o Cor-reio Aéreo Nacional tem papel fundamental em nossa história, estando intrinsecamente ligado ao desenvolvimento social e econômi-co do nosso País e de países vizinhos.

Este processo empreendedor envolveu, desde sempre, o incentivo contínuo da melhoria e da modernização das aeronaves; a cada vez maior autonomia de voo; o apri-moramento da infraestrutura aeroportuária; e o incremento dos equipamentos de comu-nicação entre pilotos e controladores, dentre tantos outros recursos tecnológicos.

E, na próxima edição da Aeroespaço, conheceremos os desbravadores da FAB.

Até lá!

10 AEROESPAÇO

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11AEROESPAÇO

O dia 6 de junho de 2012 ficará marcado no calendá-rio histórico do 3º/1º GCC, pois nessa data foi executa-da a última aproximação radar de precisão, utilizando o MGCA, sendo realizado o recolhimento de um elemento de A-29, o Joker de Trunfos, do Segundo Esquadrão do Quinto Grupo de Aviação (2º/5º GAv).

Histórico da implantação do MGCA

Em 18 de junho de 1984, chegaram a Recife os Ra-dares de Vigilância Primário (ATCR-33) e Secundário (SIR-7), além do Radar de Aproximação de Precisão (PAR 2080), fabricados pela Selenia, procedentes da Itália, transportados num Boeing-747 da empresa ALITÁLIA.

Após cinco dias, o Sistema MGCA, transportado por aeronaves C-130 da Força Aérea Brasileira (FAB), foi descarregado no pátio do Correio Aéreo Nacional (CAN), em Natal – RN.

A desativação do Sistema Mobile Ground Controlled Approach (MGCA) pelo Terceiro Esquadrão do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (3º/1º GCC - Esquadrão Morcego) faz parte do processo de atualização tecnológica gerenciado pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA).Em junho, o Esquadrão iniciou o processo de instalação de seu novo sistema MGCA (PAR 2000T), de fabricação americana, com operação prevista para o início de outubro deste ano.

Reportagem

a última aproximação radar de precisão

Esquadrão Morcego desativa Sistema MGCA

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12 AEROESPAÇO

Em 27 de agosto de 1984, foi iniciada a monta-gem dos equipamentos, da qual os técnicos italia-nos foram os principais responsáveis, enquanto os militares do então Primeiro Esquadrão de Controle e Telecomunicações (1º ECT), do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (1º GCC) e da Comis-são de Implantação do Sistema de Controle do Es-paço Aéreo (CISCEA) apenas acompanharam, auxi-liando os italianos, quando necessário.

Posteriormente, realizou-se um deslocamento si-mulado, a fim de treinar o pessoal do 1º ECT (3º/1º GCC a partir de 11/09/85). Assim, o sistema foi total-mente desmontado e remontado por técnicos do efetivo do 1º ECT, com orientação dos italianos.

Por fim, no período de 7 a 13 de março de 1985, fo-ram realizados voos pelo Grupo Especial de Inspeção em Voo (GEIV), que resultaram no relatório nº 171/INV, responsável pela homologação operacional dos equipamentos.

Em 21 de novembro de 1985, o 3º/1º GCC assu-miu oficialmente o controle de tráfego aéreo radar da Área de Controle Terminal (TMA) de Natal, dan-do início efetivamente ao Sistema MGCA.

Substituição pelo novo sistema

O Esquadrão Morcego já começou o processo de ins-talação de seu novo sistema MGCA (PAR 2000T), de fa-bricação americana, que terá o seu início de operação previsto para outubro deste ano.

O PAR 2000-T (Transportable) é um sistema integrado

Deslocamentos do Esquadrão

RADAR OPERAÇÃO LOCAL ANO

MGCA OPERAER 87 BOA VISTA - RR 1987

MGCA OPERAER 91 CHAPECÓ - SC 1991

MGCA OPA-2 PORTO VELHO - RO 1993

MGCA COMBINEX VII - FASE 2 LAJES - RN 1996

MGCA COMBINEX IX - FASE 2 CURRAIS NOVOS - RN 1998

MGCA 500 ANOS PORTO SEGURO - BA 2000

MGCA CALANGO 1 MOSSORÓ - RN 2004

MGCA CALANGO 3 JOÃO PESSOA - PB 2005

MGCA ESPECIALIZEX FEIRA DE SANTANA - BA 2006

MGCA ESPECIALIZEX CUITÉ - PB 2007

MGCA EXERCÍCIO ÍNDIO MAXARANGUAPE - RN 2008

MGCA EXERCÍCIO CARCARÁ RECIFE - PE 2009

MGCA EXERCÍCIO CABO BRANCO JOÃO PESSOA - PB 2010

Esquadrão Morcego: missão com maior eficiência e segurança

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13AEROESPAÇO

de ASR (Area Surveillance Radar) e PAR (Precision Approa-ch Radar), que transmite os sinais dos radares para uma mesma console. Com isso, é possível prover o serviço de vetoração radar e realizar o procedimento PAR a partir de uma única tela, já que o sistema proporciona a troca de radares em poucos segundos.

O novo equipamento proporcionará maior rapidez e facilidade de deslocamento ao Esquadrão Morcego, pelo fato de sua antena (única para os radares de TMA e PAR) possuir um sistema eletrônico de desmontagem. Além disso, os novos shelters também possuem uma logística mais eficiente, o que diminuirá ainda mais o tempo de reação do Esquadrão. Com isso, o 3º/1º GCC poderá atender mais prontamente as missões operacio-nais que lhe forem designadas.

A chegada do novo sistema de aproximação PAR 2000T insere o Esquadrão Morcego no rol das unida-des de controle do espaço aéreo brasileiro capazes de cumprir sua missão com maior grau de eficiência e se-gurança, marca registrada da unidade ao longo de seus 27 anos de criação.

O Ground Controlled Approach (GCA) é um sistema

de aproximação radar composto por um radar de vigilân-

cia e um radar de aproximação de precisão, operado por

controladores de tráfego aéreo com qualificação específica.

Quando o sistema é transportável, ele é chamado de Mobi-

le Ground Controlled Approach (MGCA), que é o caso dos

radares do 3º/1º GCC.

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14 AEROESPAÇO14 AEROESPAÇO

Reportagem

A adoção de medidas politicamente corretas: pensar a sustentabilidade, investir em programas de qualidade, desenvolver ações sociais, não poluir o meio ambiente são estratégias adotadas por empresas focadas no futuro. Na administração pública não é diferente. A substituição de práticas obsoletas em plena era digital graças às novas tecnologias disponíveis no mercado também marca uma mudança no paradigma das organizações. Impossível não pensar em modernização de processos, diminuição de prazos, minimização do erro, aumentar os acertos, agilizar o atendimento, otimizar os trâmites sem recorrer aos atalhos - seja qual for a nomenclatura, fato é que hoje se busca a eficácia e a eficiência, com 100% de aproveitamento. Nesta corrente voltada para o progresso, o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) tornou digital o processo para aquisição de Licença e Habilitação Técnica dos Profissionais de Navegação Aérea (LPNA).

DECEA Digit@lAquisição de Licença e Habilitação Técnica dos profissionaisde Navegação Aérea já pode ser feita pela Internet Por Gisele BastosFotos: Fabio Maciel

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15AEROESPAÇO

EU NÃO SABIA

Licenciamento de pessoal, segundo a Organização de Aviação Civil Internacional (OACI), é o meio pelo qual um Estado autoriza o titular da licença a realizar atividades que garantam a segurança na aviação. A habilitação técnica contém os registros de qualificações, validades e restrições relativas ao exercício da atividade estabele-cida na licença. O documento, necessário para garantir o cumprimento de requisitos internacionais, é emitido pelo DECEA e certifica quatro áreas operacionais: Con-trolador de Tráfego Aéreo, Operador de Estação Aero-náutica, Radioperador de Plataforma Marítima e Geren-tes de Atividades do Controle do Espaço Aéreo (oficiais aviadores das áreas de busca e salvamento e operações aéreas militares).

O profissional que atender aos requisitos – de capaci-tação, conhecimentos, idade e aptidão psicofísica – po-derá a partir de agora preencher o formulário eletrônico no site da Organização para a solicitar o documento, que contém informações sobre a qualificação, validade e ní-

vel de proficiência. A licença é permanente, mas a habili-tação técnica é validada a cada dois anos, de acordo com requisitos de manutenção da capacitação operacional e condições psicofísicas.

Uma inovação do processo foi a criação da Licença Di-gital – com projeto gráfico elaborado pela Assessoria de Comunicação do DECEA –, que permite a comprovação dos dados mesmo sem o porte da carteira. A inclusão de código QR CODE – uma evolução do tradicional código de barras –, no respectivo documento com código de validação vincula a informação aos dados profissionais, permitindo verificar as informações em tempo real atra-vés de qualquer dispositivo com acesso à internet.

O SistemaO recadastramento dos usuários foi iniciado em março

de 2012, de forma paralela ao procedimento convencio-nal – em função da tramitação de processos já solicitados – permitindo a adaptação dos usuários e continuidade dos serviços. Desde junho, o processo está centralizado, de forma única, no Sistema LPNA.

Desenvolvido para a plataforma web, o Sistema utiliza um banco de dados integrado para unificação de infor-mações administrativas e operacionais. É possível fazer o cadastramento, o controle processual da licença e da habilitação técnica e acompanhamento online, assim como o acesso à diferentes informações gerenciais e in-formações públicas.

A inovação vem ao encontro da antiga necessidade do DECEA em integrar as informações contidas em seus sis-temas por meio de uma plataforma atualizada, que per-mitisse o fluxo da informação, a nível nacional, incluindo a estrutura, volume de dados e dimensão do território.

Com esta integração, informações sobre proficiência em inglês – do Exame de Proficiência da Língua Inglesa (EPLIS); escalas operacionais – do Sistema de Gerencia-mento de Base de Dados Operacionais (SGBDO); dados cadastrais – da Divisão de Planejamento de Recursos Humanos (D-PRH) –, e avaliações podem ser acessadas em tempo real por qualquer dispositivo com acesso à in-ternet ou intraer. O Sistema torna possível ainda a comu-nicação do DECEA com organizações locais e regionais, bem como entre os profissionais envolvidos – por email ou pela própria plataforma.

Os requisitos para o processo de habilitação foram definidos a partir de recomendações internacionais le-vando em consideração os elementos críticos, de acordo com as Práticas Recomendadas e Padrões Internacionais (SARP – da sigla em inglês International Standards and Recommended Practices); a experiência de especialistas do DECEA e de outras organizações; e a análise crítica das informações solicitadas pelos usuários.

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16 AEROESPAÇO16 AEROESPAÇO

O modelo mantém os níveis de conformidade para a vigilância do serviço de navegação aérea pelo Esta-do, principalmente, em função da crescente deman-da dos serviços e atividades do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB). Neste quesi-to, foi observada a análise da interação das infor-mações com os usuários; do Estado com os órgãos nacionais e internacionais envolvidos na segu-rança operacional; das recomendações interna-cionais explícitas no Anexo 1 à Convenção de Chicago: o Doc 9379; além da avaliação de pro-cedimentos para o processo de harmonização com a Regulação Latinoamericana Aeronáutica (Latin American Aeronautical Regulations – LAR): a LAR 65, observada a participação no Painel de Especialistas em Liçença do Sistema Regional de Cooperação para a Vigilância da Segurança Ope-racional (SRVSOP), com sede em Lima (Peru), e que está vinculado à Organização de Aviação Ci-vil Internacional (OACI).

O Funcionamento O Sistema possui dois módulos de interação. O

primeiro, para o cadastro e gerenciamento da in-formação administrativa e técnico operacional, no qual os dados são administrados por profissionais de navegação aérea. O segundo, para o gerencia-mento de perfis em níveis organizacionais de civis e militares.

Submetido à tratamento de segurança da in-formação e analisados os fatores de acessibilidade aos usuários, o Sistema foi finalizado após inclusão das ob-servações estabelecidas pelo Subdepartamento Técnico (SDTE) do DECEA.

A interface do Sistema com o usuário apresenta re-cursos que facilitam a obtenção de informações gerais, utilizando-se respostas padrões a questionamentos fre-quentes sobre as atividades que envolvem os Serviços da Navegação Aérea. A perspectiva é a integração na gestão pública com o objetivo de revisar e automatizar os processos, redimensionar, a realocar, capacitar e a va-lorizar o serviço público, além da reduzir custos e melho-rar os serviços.

O Subdepartamento de Administração (SDAD) do DECEA, por meio da Divisão de Planejamento de Recur-sos Humanos (D-PRH), faz o gerenciamento das informa-ções, a partir da análise de conformidades de requisitos para manter uniformidade para a garantia do cumpri-mento de recomendações internacionais de segurança operacional.

Todas as atividades para emissão da licença e habili-tação técnica estão informatizadas, o que garante agili-

TESTE

O LPNA é um case institucional de sucesso porque - ao

digitalizarmos todo processo de emissão de licença - conseguimos atender a demanda do SDAD em

aumentar a eficiência da gestão desse processo e

ainda abrimos um canal de comunicação direto com um público importante

para o DECEA, que são os profissionais de

Navegação Aérea do SISCEAB

Modelo de Licença e Habilitação Técnica dos profissionais de Navegação Aérea

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17AEROESPAÇO

dade nos procedimentos internos e transparência e con-fiabilidade nos serviços oferecidos via Internet, além de integrar procedimentos para o Programa Universal de Au-ditorias de Supervisão da Segurança Operacional (Univer-sal Safety Oversight Audit Programme – USOAP) com visão para o Procedimento de Aproximação Monitorada Contí-nua (CMA, do inglês - Continuous Monitoring Approach) e a sistemática regional do SRVSOP.

O Sistema permite a simplificação do entendimento de Requisitos Aceitáveis e Interpretativos estabelecidos nas recomendações internacionais e normas nacionais. Outro grande benefício foi a redução substancial da utilização de documentos físicos, eliminando 70% o uso de papel no processamento das informações.

A Autoria do ProjetoO Sistema foi totalmente desenvolvido por três profis-

sionais do DECEA, o analista de sistemas João Ximenes (da Assessoria de Comunicação Social - ASCOM), o Segundo Sargento SAD Jorge Romero Monteiro de Souza (Subdi-visão de Gerenciamento de Recursos Humanos - SGRH) e o técnico do Quarto Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA IV), o Primeiro Sargento BET Evaldo de Souza Lima. A experiência de cada um, em suas respectivas áreas, foi funda-mental para o uso da plataforma única. O desenvol-

vimento e o design foram coordenados pela ASCOM.“A sociedade da informação, caracteriza-se pela necessi-

dade de respostas rápidas e cultura voltada aos relaciona-mentos internos e externos, transformações na forma e no tempo de distribuição da informação. O resultado é fruto de inovações tecnológicas e da importância ao desenvol-vimento, que oferece mais recursos alterando-se assim a cultura tradicional de relacionamentos com a diminuição da prestação de serviços presenciais e o crescente envol-vimento da mídia na interação com o público”, afirma o Sargento Monteiro.

A ASCOM vem trabalhando junto com outros setores no desenvolvimento de projetos que transformem o site em uma plataforma de serviços online, fazendo com que seu conteúdo institucional vá além do informativo.

"O LPNA é um case de sucesso porque - ao digitalizar-mos todo processo de emissão de licença - conseguimos atender a demanda do SDAD em aumentar a eficiência da gestão desse processo e ainda abrimos um canal de comunicação direto com um público importante para o DECEA, que são os profissionais de Navegação Aérea de todo o SISCEAB”, explica João Ximenes.

Esse foi apenas o primeiro passo de um trabalho que deverá se estender para diversos outros serviços (AVSEC, Capacitação, Gestão da Qualidade) que, devido aos exce-lentes resultados alcançados, serviram para reforçar o po-tencial de desenvolvimento rápido e eficiente.

João Ximenes (à esquerda) e 2S Monteiro trabalham no aperfeiçoamento da ferramenta

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18 AEROESPAÇO

“A maneira como você gasta seu tempo é a ma-neira como leva a vida. Por isso, use-o com sensa-tez", assim declara a psicóloga e Mestre em Educa-ção Lucy MacDonald em seu livro “Aprenda a usar o tempo – saiba como equilibrar vida pessoal e pro-fissional e encontre o bem-estar”.

Esta frase já nos mostra que na verdade não nos é possível gerenciar o tempo em si, uma vez que ele é uma referência, um conceito, uma convenção que usamos para organizar nossas vidas e ajustar nossas atividades em harmonia com a sociedade (com o mundo inteiro!).

Assim, de fato, como bem nos explica o especiali-zado em Educação Corporativa Jean Pier Xavier de Liz: “O tempo não se administra. O que realmente ocorre é a autogestão do tempo”. Desta forma, ele

deve ser analisado em termos quantitativos e qua-litativos.

Lucy também corrobora esta visão, dizendo que “na realidade não é possível gerenciar o tempo, pois ele passa independentemente do que faze-mos ou deixamos de fazer. O objetivo é assumir o controle do tempo de que dispomos para conse-guir satisfazer nossas necessidades e cumprir nos-sas responsabilidades”.

Jean Liz diz que, ao pensarmos em autogestão do tempo, devemos indagar para que nós quere-mos mais tempo e o que pretendemos fazer com o tempo que nos sobrar. Com tais reflexões, ele evidenciou a importância da escolha. “A utilização do tempo é mesmo uma questão de priorização e escolhas”, ressalta Jean.

Por Telma Penteado

Artigo

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19AEROESPAÇO

Para Lucy, gerenciar nosso tempo “significa en-contrar um sistema que o ajude a adquirir mais controle sobre as 24 horas do dia, de modo que você possa equilibrar suas funções, gastando seu tempo com coisas que você quer e precisa fazer. Não existe um único modo correto de gerenciar o tempo. Tudo depende do que é importante para você”.

Ao fazer uma palestra no Departamento de Con-trole do Espaço Aéreo (DECEA), por ocasião do Dia do Trabalho, Jean Liz solicitou aos participantes que fizessem uma lista minuciosa de todas as ati-vidades que cada um realiza num dia comum de sua vida, desde o momento de acordar até dormir.

A partir desta vivência, cada participante pôde ter uma ideia de quanto tempo tem dedicado ao trabalho, aos afazeres mais gerais (comer, dormir, se arrumar, ficar no trânsito...), à saúde (médicos, academia), e, principalmente, ao lazer e à família. Todos puderam ter uma visão geral de como estão usando seu tempo, o que está sendo ou não prio-rizado.

Assim, Jean propôs uma autoanálise para que possamos verificar onde está havendo desperdício de tempo e de energia.

Outro ponto de grande relevância muito desta-cado por especialistas é a definição de metas. É fundamental sabermos onde estamos e para onde queremos ir. E, pautados por esta visão, saberemos elencar prioridades e esquematizar nossas ativida-des diárias numa grade de tempo.

Inclusive poderemos avaliar se atingimos ou não nossas metas e o que devemos fazer em seguida –

outro projeto caso tenhamos alcançado os primei-ros objetivos, ou outras formas de atingir as metas malsucedidas.

A prática é primordial. De que adianta listar ati-vidades e traçar novas metas se não as colocamos em prática? E mais, traçar objetivos e não cumpri-los pode nos trazer uma enorme sensação de in-capacidade que é extremamente nocivo à nossa autoestima.

Como Jean Liz define, somos todos 30% com-petência técnica (conhecimento adquirido) e 70% atitude.

A americana especialista em motivação e organi-zação Gail Blanke em seu livro (importantíssimo e muito útil) “Jogue 50 coisas fora” (Ediouro) fala, en-tre tantas dicas de tornar nossas vidas organizadas e produtivas, sobre a importância de se deixar para trás a ideia de ter que esperar pelo momento certo e partir para a ação.

“Não deixe para depois. Faça agora. Agora é hora de livrar-se da ideia de que não estamos prontos; de que temos que nos aperfeiçoar antes de agir, que temos que esperar. Todos somos muito mais poderosos do que pensamos. Muito mais prepara-dos do que achamos para controlar nosso destinos e viver não a vida com que nos conformamos, mas aquela que queremos”, declara Gail.

Ainda assim, vale ressaltar aqui que esta atitude é um ato consciente e planejando. Devemos ter em mente a velha máxima que preconiza que a pressa é inimiga da perfeição.

Segundo o artigo “A Síndrome da Pressa”, do especialista em Marketing e Mestre em Adminis-

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20 AEROESPAÇO

tração Rodnei Domingues, publicado no site do Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Educação Continuada (CPDEC), do qual é membro fundador, “embora ainda não seja apontada pelos manuais de Psiquiatria como uma doença, essa síndrome já vem sendo tratada nos consultórios médicos”.

Para Rodnei, em meio a urgência dos tempos atu-ais, as pessoas já não mais conseguem diferenciar o "ser veloz" do "ser apressado".

“Para entender essa diferença, devemos consi-derar que, enquanto a velocidade é caracterizada pela rapidez planejada e assertiva, a pressa é carac-terizada pela tentativa de fazer algo rapidamente, de forma não planejada e não assertiva”, explica ele.

“A velocidade planejada nos torna mais pro-dutivos, porque é motivada pelo estresse, o bom estresse, que nos impulsiona a pensar, planejar e realizar o tudo o que precisamos. Já a pressa nos torna menos produtivos por ser motivada pelo dis-tresse, isto é, o mau estresse, produto de estresse crônico que provoca uma resposta inadequada às situações do dia a dia. Quer dizer, a velocidade é positiva, a pressa não”, conclui Rodnei.

Dentre os sintomas mais comuns de quem sofre da Síndrome da Pressa estão:

- sentir sempre que está perdendo tempo;- não suportar esperar (impaciência);- sentir que o tempo nunca é suficiente;- não desfrutar de momentos de lazer;- ter dificuldade para se concentrar;- começar a fazer várias atividades ao mesmo

tempo.O maior problema apontado pelo especialista

– baseado em dados da Associação Psiquiátrica Americana – é que esta síndrome pode desenca-dear outras doenças graves, tais como síndrome do pânico, agorafobia, transtorno obsessivo com-pulsivo, infartos, hipertensão arterial, gastrites e úlceras.

Em seu livro “Como fazer amigos e influenciar pessoas”, o escritor e orador americano Dale Carne-gie fala sobre como gerenciar o estresse e dá uma série de dicas.

Entre elas estão as seguintes:- “viva em compartimentos diários hermetica-

mente fechados”, ou seja, não permita que um pro-blema contamine todas as outras áreas e ativida-des da sua vida;

- “lembre-se do preço exorbitante que você po-derá pagar pelas preocupações em termos de saú-de”;

- “decida quanta ansiedade uma situação merece e recuse-se a conceder-lhe mais”;

- “descanse antes de se cansar”;- “faça as coisas pela ordem de importância”;- “quando tiver que enfrentar um problema, resol-

va-o imediatamente se tiver os fatos necessá-rios para tomar uma decisão”;

- “não é o trabalho que mata o homem; é a preo-cupação”.

Focar, planejar e organizar o tempo são mesmo palavras de ordem para quem deseja ter uma vida saudável e equilibrada.

Veja no quadro da página 21 as dicas de especialis-tas para a autogestão do seu tempo e mãos à obra!

Referências:

Blanke, GailJogue fora 50 coisas: livre-se da bagunça, simplifique seu dia a dia e torne sua vida mais feliz. Rio de Janeiro: Ediouro, 2010.

Carnegie, DaleComo fazer amigos e influenciar pessoas. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2003.

MacDonald, LucyAprenda a Usar o Tempo – saiba como equilibrar vida pessoal e profissional e encontre bem-es-tar. São Paulo: Publifolha, 2006.

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21AEROESPAÇO

- Utilize uma agendaAnotar suas ativida-

des, metas e compro-missos, além de garan-tir que você os recorde, é extremamente útil para colocá-los em or-dem de prioridade.

- Escreva seusobjetivos de vida

Crie uma visão de fu-turo, que servirá como meta a ser alcançada, algo que o motive a produzir e agir. Para a escritora e professora de Administração de Har-vard Rosabeth Moss Kanter, “uma visão não é ape-nas uma imagem do que poderia ser. É um apelo ao nosso melhor ser, um chamado para nos tor-narmos algo maior”.

- Evite o retrabalho Para isso, organize-se e planeje as atividades an-

tes de partir para a ação.

- Delegue tarefas Além de não ficar as-

soberbado, esta é outra forma segura e cons-ciente de evitar o re-trabalho. O importante, no entanto, é aprender a monitorar as tarefas delegadas com confiança. É fundamental que as pessoas para as quais você passou as tarefas saibam que foram escolhidas porque você acredita sinceramente no potencial delas em assumir os desafios.

- Selecione ose-mails

Organize os e-mails em pastas (pessoal, trabalho, projetos, família, urgente, re-cibos...), facilitando o acesso aos mesmos. Os que não tiverem mais utilidade podem – e devem – ser descartados. Ao responder e-mails

(principalmente os de trabalho), procure incluir um breve histórico da conversa. Não precisa ser a íntegra para não ficar um texto enorme. Basta atua-lizar as últimas resoluções.

- Aprenda a ouvir atentamente Além de mostrar para quem está falando que

você realmente está interessado no que está ou-vindo – ou seja, que você o valoriza – ouvir aten-tamente é primordial para poder se posicionar com embasamento. Para a filósofa Délia Guzman, “saber ouvir é a melhor maneira de saber falar”.

- Rede de contatosNetworking é mes-

mo crucial em mui-tos momentos. Sa-ber com quem falar e poder contar com a ajuda de amigos e profissionais é importantíssimo para se tomar de-cisões e resolver situações. Seja você também um ponto de apoio para outras pessoas. Como bem diz Jean Liz, “isso eu não sei resolver, mas conheço quem sabe”.

- Saiba dizer nãoQuantos de nós não sabemos a hora de colocar

limites. Por medo ou vergonha não dizemos “não” às inúmeras solicitações que nos são feitas a todo instante e acabamos acumulando atividades, fica-mos assoberbados e terminamos não atendendo aos pedidos, o que frustra a quem nos espera e, principalmente, a nós mesmos. Tenha em mente que não somos máquinas e que será impossível atender a todos a um só tempo.

- Seja proativoEstar inteirado do pro-

jeto no qual está envol-vido é uma condição básica; é o ponto de par-tida. Planejar os passos a serem seguidos é a con-sequência lógica e antecipar ações é o pulo do gato. Seja proativo a tome as rédeas da sua vida (pessoal e profissional). “Você nunca sabe que re-sultados virão da sua ação. Mas se você não fizer nada, não existirão resultados”, Mahatma Gandhi.

- Seja proativo

- Saiba dizer não

- Rede de contatos

- Aprenda a ouvir atentamente

- Selecione ose-mails

- Delegue tarefas

- Evite o retrabalho

- Escreva seusobjetivos de vida

- Utilize uma agenda

Dicas para autogestão do tempo

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22 AEROESPAÇO

Suboficial MARCONDESUm profissional de excelência a serviço do 1º GCC

Seção

QUEM É?

Entrevistado por Denise FontesFotos: Fábio Maciel e arquivo pessoal

Aos 46 anos, o Suboficial Marcondes é um militar apaixona-do por Informática. Ele conta que o interesse pela área surgiu na adolescência e a incessante busca pelo conhecimento o levou a matricular-se, aos 15 anos, em um curso de programa-ção de computadores. A partir daí, seguiu seus planos profis-sionais, dedicando-se à sua paixão.

“Sou responsável pelos enlaces e conexões, desde um te-lefone até um link de internet ou Sistema de Comunicações Militares por Satélite (SISCOMIS). É minha tarefa também via-bilizar o serviço de telefonia, telecomunicações e antena de Estação Terrena de Transmissão via Satélite (TELESAT), bem como prover a composição de equipamentos e antenas para comunicação e videoconferência”, explica o militar.

Contudo, sua carreira na Força Aérea Brasileira começou em 1985, quando Marcondes, natural de Nova Iguaçu (RJ), se alistou na Aeronáutica, entrando para o Serviço Militar Obri-gatório em fevereiro de 1985, onde prestou serviço na extinta Diretoria de Eletrônica e Proteção ao Voo (DEPV), atual Depar-tamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA).

Após quatro anos, fez o curso de Cabo, formando-se em auxi-liar de motores e, em 1990, foi matriculado no estágio de adap-tação à graduação de Sargento. Após o curso, retornou para a

Comprometido, determinado e profissional altamente capacitado – principalmente no que diz respeito às telecomunicações – o Suboficial voluntário em processamento de dados (SAD 02) Renato Marcondes da Silva Comucci tem uma visão abrangente da rede corporativa do Comando da Aeronáutica, tendo participado da implantação da Intraer. Hoje, é o Encarregado da área de redes da Subseção de Telecomunicações da Divisão de Material do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (1º GCC), e também faz o planejamento do roteamento de redes em exercícios e em operações militares da Unidade.

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23AEROESPAÇO

DEPV, sendo designado para a Divisão de Engenharia de Informática.

Já no posto de Segundo Sargento, Marcondes foi transferido, no período de 1998 a 2006, para Divisão de Enge-nharia de Telecomunicações, onde per-maneceu até a ativação da TELESAT e da configuração da intraer da FAB.

Pouco tempo depois, foi prestar servi-ço no 1º GCC, assumindo uma nova eta-pa em sua carreira militar. “Recebi a tare-fa de fazer a implementação dos acessos aos sistemas corporativos do Comando da Aeronáutica (COMAER) pelo GCC nas Operações Militares”.

Desde 2006, Marcondes vem se dedi-cando ao trabalho no 1º GCC, mostran-do grande disposição para realizar seus serviços com a melhor qualidade possí-vel. E, para isso, nunca poupou esforços.

Ao longo destes anos de muito traba-lho e dedicação, não faltaram desafios a serem vencidos. O primeiro foi a mon-tagem e a ativação da rede de comuni-cações de dados do então Ministério da Aeronáutica (atual Comando da Aero-náutica), em 1993, e da intraer da FAB, em 1997.

Para especializar-se, ele participou de vários cursos de capacitação. “Procurei estudar muito e fiz os cursos de carreira, que me deram conhecimento na área de comunicações de dados, segmento espacial e administração de rede”, conta o militar.

Com sua vasta experiência e tempo de serviço, Marcondes foi indicado para dar instrução. “É importante passar a

nossa experiência para os iniciantes. Pre-cisamos preparar os novos militares que estão chegando”, adverte.

Dentre as histórias que tem para con-tar sobre suas experiências na FAB, Mar-condes relembra da Operação Ágata I, que ocorreu nos municípios de Tabatin-ga e São Gabriel da Cachoeira, no Ama-zonas, em agosto de 2011. “Foram 25 dias longe de casa. Passamos por muitas dificuldades ao chegar lá, pois era um ambiente inóspito. Sem dúvida foi uma experiência marcante em minha vida”.

Um exemplo para as novas gerações

Nosso entrevistado certamente é muito querido por seus colegas.

Para o Terceiro Sargento Especialista em Eletrônica Sérgio Santos Sabino, Marcondes é um exemplo a ser segui-do. “Ele é uma pessoa muito dedicada em tudo o que faz, é um líder nato. Sempre busco em minha jornada pro-fissional tê-lo como referência”.

Marcondes é um exemplo de profis-sional dentro de sua área de atuação, de acordo com o seu Chefe, o Capitão Engenheiro Cláudio Alves Baptista.:

"Ele é um dos poucos que participa-ram, desde o princípio, da implantação da intraer da FAB, possuindo uma visão abrangente da rede corporativa do Co-mando da Aeronáutica. É também cor-dial e dedicado às pessoas que fazem parte de sua equipe, não tem dificulda-de em dividir seus conhecimentos com

seus pares, agregando com facilidade as equipes que lidera”, elogia o oficial.

O empenho e a sabedoria do mili-tar também chamavam a atenção dos superiores. É o que relata o Coronel Aviador João Batista Oliveira Xavier, ex-Comandante do 1º GCC e atual Vice-Presidente Executivo da Comissão de Coordenação e Implantação de Siste-mas Espaciais (CCISE):

“Desde o início, Marcondes demons-trou competência e coragem para en-carar os óbices que se apresentavam no transcorrer das operações militares. Nos primórdios dos exercícios em con-junto com o Ministério da Defesa, du-rante a Operação Pampa I, iniciava-se a utilização da videoconferência para as tomadas de decisão na cadeia de Comando e Controle. Eram tantos os desafios técnicos e operacionais, que o (então) Sargento Marcondes prometeu colocar o sistema em funcionamento, e foi o que aconteceu. Como costumo dizer, se eu for chamado ao combate, gostaria de ter o Suboficial Marcondes ao meu lado”, declara o Coronel Xavier.

Assim também destaca o atual Co-mandante do 1º GCC, Tenente-Coronel Aviador Carlos Henrique Afonso Silva:

“Com seu elevado conhecimento profissional e dedicação à FAB, o Su-boficial Marcondes tem participado do planejamento do atendimento à demanda de pedidos de apoio na dis-ponibilidade de órgãos eventuais para controle de tráfego aéreo, com meios

[ [O empenho e a sabedoria do Suboficial Marcondes chamam a

atenção dos superiores

A atuação do SO Marcondes na Operação FAEX

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de visualização, comunicações VHF/UHF e telefonia em geral”.

Ao deparar com sua trajetória de vida, percebemos como a sua bagagem pro-fissional colabora com a instituição.

“Ele é também supervisor na área de TELECOM e atua como membro do Con-selho Técnico do 1º GCC para habilitação e licenciamento de militares para exerce-rem as atividades de telecomunicações e tecnologia da informação em diversas atividades pela organização a pedido do DECEA”, revela Tenente-Coronel Afonso.

Ao prestar serviço pelo 1º GCC, o Su-boficial Marcondes teve oportunidade de participar de importantes missões militares, tais como: Cruzex, Ágata e FAEX, assim como de missões huma-nitárias como o apoio às vítimas das enchentes na região serrana do Rio de Janeiro, de Santa Catarina e da Bolívia.

“Participar de operações como a Cru-zex é uma oportunidade de integração, de aprimorar o treinamento e de investir cada vez mais na melhoria dos resulta-dos” - declara Marcondes.

Tradicional exercício de treinamento aéreo multinacional, a Cruzex tem por objetivo estreitar o relacionamento en-tre as Forças Aéreas envolvidas e treinar as tripulações, aprimorando a logística e as atividades de comando e controle por meio da troca de experiências, uti-lizando táticas e técnicas que unificam o poder aéreo nos mesmos moldes uti-lizados pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

Presença marcante na Rio+20

As oportunidades de trabalho não cessam para o Suboficial Marcondes. Ele integrou a equipe de apoio a Con-ferência das Nações Unidas sobre De-senvolvimento Sustentável – a Rio+20 -, que ocorreu no período de 13 a 22 de junho deste ano, reunindo Chefes de Estado e de Governo dos países-mem-bros das Nações Unidas.

Foi confiado a ele fazer o planeja-mento e a configuração dos roteado-res e gateway envolvidos na operação por link TELESAT ou por SISCOMIS.

Marcondes foi responsável também por montar a central de dados e voz na sala DACTA, situada no Destacamento de Controle do Espaço Aéreo do Ga-leão (DTCEA-GL), para reunir os pro-fissionais envolvidos na Conferência Rio+20. Suas ações contribuíram para otimizar tempo e recursos para ações e decisões operacionais.

Com igual dedicação, Marcondes esteve à frente da tarefa de disponibi-lizar os sinais do Veículo Aéreo Não Tri-pulado (VANT) de Jacarepaguá para o Gabinete de Crise no Centro de Geren-ciamento da Navegação Aérea (CGNA), para o Comando Militar do Leste (CML) e para o Ministério da Defesa.

A aeronave RQ-450, de fabricação israelense, foi empregada no patrulha-mento do Riocentro, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, pela Força Aérea Brasi-

leira. Com o equipamento é possível monitorar trânsito e multidões, além de fazer ações de reconhecimento, busca, vigilância e inteligência.

De acordo com o Suboficial Marcon-des, foi uma experiência profissional única. “A rotina de trabalho foi bastan-te intensa. Essa missão foi uma grande oportunidade de aprendizagem e tro-ca de informações”.

Tamanho desafio transformou-se em uma lição de profissionalismo, tra-balho em equipe e superação frente aos obstáculos, sustentado pela co-ragem e seriedade daqueles que se dedicam à essa nobre missão de pro-ver estruturas de comando, controle e comunicações.

No pouco tempo livre, Marcondes aproveita para assistir a filmes, ouvir música, ler e, principalmente, se dedi-car aos três filhos, Chrystian, Jonathan e Vinícius, de 20, 19 e 12 anos, respec-tivamente.

Em janeiro de 2013, após 27 anos, o Suboficial Marcondes deixará o ser-viço ativo da Aeronáutica, passando para a Reserva Remunerada.

E, quando questionado sobre o seu futuro profissional, não faltam pro-jetos para o Suboficial Marcondes: "Tenho muitos planos para depois da aposentadoria, mas meu desejo é continuar trabalhando na área de te-lecomunicações. Aqui encontrei mui-tos amigos com os quais gostaria de continuar a minha missão", finaliza.

É importante passar a nossa experiência para os iniciantes.

Precisamos preparar os novos militares que estão

chegando

Subofical Marcondes - missão de apoio à Conferência Rio+20

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Conhecendo o

DTCEA-BWBarra do Garças / MTO Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Barra do Garças (DTCEA-BW) é considerado o berço da Guerra Eletrônica no Sistema de Defesa Aeroespacial Brasileiro (SISDABRA). Localizado no platô da Serra Azul, em Mato Grosso, a Unidade mantém - há 23 anos - a missão de gerar dados radar e comunicações para a manutenção do serviço de controle do espaço aéreo na área de sua responsabilidade.

Por Daisy MeirelesFotos: Fabio Maciel

O Comandante

O Major Especialista em Comunicações Hedemilson de Jesus Clarim, Comandan-te do DTCEA-BW, ingressou na Força Aérea Brasileira em março de 1977, na Escola de Especialistas de Aeronáuti-ca (EEAR). Como graduado, exerceu a função de técnico em eletrônica e se especia-

lizou na manutenção de equipamentos de auxílio à navegação aérea. Em 1995, prestou concurso para oficial especialista, sendo nomeado Segundo Tenen-te Especialista em Comunicações em novembro de 1996. Como Oficial em Comunicações foi chefe da Se-

ção Técnica do Destacamento de Controle do Espaço Aéreo do Galeão (DTCEA-GL), Chefe da Seção Técni-ca e Comandante do Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Confins (DTCEA-CF) e, atualmente Comanda o DTCEA-BW. É condecorado com as meda-lhas militares de ouro, prata e bronze, além da Meda-lha do Mérito Santos Dumont.

O Comandante tem o apoio do Tenente Especialis-ta de Aeronáutica em Comunicações Júlio Carvalho Vilela (Seção Técnica) e do Capitão R1 Especialista de Aeronáutica em Comunicações Cícero Rocha Almeida (Seção Administrativa).

Nascido no Rio de Janeiro, o Major Hedemilson tem 53 anos e é formado em Matemática (licencia-tura plena). Pai de três filhos, Helena, Laura e Lucas - Hedemilson é casado há 25 anos com Maria José Loschi de Oliveira Clarim.

Seção

Major Hedemilson

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A História do DTCEA-BW

O Destacamento está localizado a 13 km do centro da ci-dade de Barra do Garças, Mato Grosso, a 715,281 metros de altitude, no platô da Serra Azul - um maciço de arenito co-berto por vegetação de cerrado - e faz parte do complexo da Serra do Roncador.

Criado em 16 de maio de 1989, o então Destacamento de Proteção ao Voo de Barra do Garças (DPV-BW) foi construí-do no período de janeiro de 1989 a dezembro de 1991.Teve sua denominação modificada em 27 de fevereiro de 2003, passando a chamar-se Destacamento de Controle do Espa-ço Aéreo de Barra do Garças.

O DTCEA-BW está subordinado administrativa, técnica e operacionalmente ao Primeiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA I).

O Radar de rota TRS 2230 é o principal equipamento uti-lizado na defesa e no controle do espaço aéreo e iniciou as operações em caráter experimental em dezembro de 1991, tendo sido homologado em abril de 1992.

Há ainda em seu sítio, o Radar Secundário e equipamen-tos de comunicação VHF e UHF, de comunicação por satéli-te (TELESAT) e de tecnologia da informação (TI).

O DTCEA-BW é considerado o berço da Guerra Eletrôni-ca no SISDABRA, pois há 20 anos, cinco militares - Capitão Aviador Gregoratto (Coronel da Reserva), Capitão Aviador Candez (Brigadeiro, Chefe do Subdepartamento de Ope-rações do DECEA - Departamento de Controle do Espaço Aéreo), Segundo Sargento BET Juarez (Suboficial da Reser-va, continua trabalhando no DTCEA-BW), Terceiro Sargento BCT Jerônimo Inácio (Capitão, Chefe do Centro de Controle de Área de Brasília - ACC-BS) e Terceiro Sargento BCT Do-naldo (Suboficial e instrutor do ICEA - Instituto de Controle do Espaço Aéreo) - descortinaram a Guerra Eletrônica, tra-duzindo manuais técnicos do radar TRS 2230 e, autodidata-mente, aprenderam a utilizar o Simulador de Guerra Eletrô-nica - denominado SIMUGE.

Atividades do Efetivo

O efetivo é composto por 55 militares - sendo três oficiais, 22 graduados (suboficiais, sargentos, cabos), 35 praças (sol-dados de primeira e segunda classe) para os serviços gerais de apoio e de guarda - e dois civis de nível técnico, que de-senvolvem as atividades especializadas.

Uma importante atividade dos militares é a manutenção eletrônica das chamadas EACEAs - que são Estações de Apoio ao Controle do Espaço Aéreo - em Jataí (GO), Canara-na (MT) e Porto Alegre do Norte (MT).

Assim, o efetivo cumpre a missão com êxito, confirmada na estatística do alto índice de operacionalidade de seus equipamentos, tanto os da sede do Destacamento quanto das EACEAs apoiadas.

A fase de construção do Destacamento é

contada em fotos

Radar de Rota TRS 2230

DTCEA-BW - 23 anos de atividades

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Peculiaridades do DTCEA-BW

Desde maio de 1993, são realizadas as campanhas de guerra eletrônica, ocorrendo cerca de três cursos/missão por ano. Pelo Sítio Radar de Barra do Garças já passaram inúmeros militares que hoje formam os Supervisores/Ope-radores de Guerra Eletrônica (SGE/OGE), conhecidos como Polvos, nome dado a todo o militar que é formado no Curso de Operador de Estação Radar. Os Polvos são capacitados para trabalhar em ambiente eletromagneticamente hostil, seja realizando interceptações de aeronaves inimigas ou colhendo dados do espectro eletromagnético para análise posterior, fornecendo um suporte para a defesa aérea bra-sileira.

Nesses 20 anos, em cada Curso ou Manutenção Operacio-nal de Guerra Eletrônica há necessidade de infraestrutura que possibilite a realização da missão sem transtornos e isto é proporcionado pelas áreas administrativa e técnica, que contam com o total apoio não só do Comandante, mas de todo o efetivo do DTCEA-BW.

Um dos pioneiros da guerra eletrônica, o Subofical BET da Reserva Remunerada Juarez Souza de Oliveira, voltou a prestar Tarefa por Tempo Certo (TTC) no Destacamento, após nove anos afastado da Força Aérea. Da mesma forma, o Capitão Especialista da Aeronáutica em Comunicações Cícero Rocha Almeida - ex-Comandante do DTCEA-BW - que hoje atua como Chefe da Seção Administrativa. Ambos demonstram muita satisfação com a escolha que fizeram.

Outra peculiaridade do Destacamento é a presença de apenas uma militar feminina no efetivo: a Terceiro Sargento BET Tatiane Camargo, que está há quatro anos em Barra do Garças. A militar é muito respeitada e elogiada como profis-sional pelos companheiros de farda do Destacamento.

Estrutura Habitacional

A Vila Habitacional começou a ser ocupada em junho de 1993 e, inicialmente, constava de apenas dez PNR. Hoje, após quase 20 anos, a vila conta com 21 casas, que atende aos oficiais e graduados do efetivo. Atualmente existem duas unidades desocupadas, não existindo, por-tanto, fila de espera.

O Núcleo Habitacional da Aeronáutica em Barra do Garças está a 14 Km do destacamento e a 11 km do cen-tro da cidade. Apesar de ser ofertado a condução diária da vila militar até o destacamento e vice-versa, passan-do por diversos pontos em cumprimento a um itinerário pré-programado, muitos militares preferem fazer o tra-jeto por meios próprios.

Na área de lazer, duas piscinas, uma quadra poliespor-tiva e espaço coberto para eventos com churrasqueira e bar são bem aproveitados pelas famílias dos militares nos fins de semana.

Efetivo do DTCEA-BW em formatura semanal

Na Chefia da Seção Administrativa, o Cap R1 Rocha é apoiado pelos militares: 3S SAD Sérgio, CB SAD Evanildo e CB SEM Adelquisson

2S W. Martins, S1 SEL Deivid e S2 Almeida trabalham com o transporte de superfície

Mecânica Radar - SO SEM Olavo

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Apoio ao Homem

A assistência médica para o efetivo e seus dependen-tes - e isso se estende aos reservistas, pensionistas e seus dependentes - passou por uma fase difícil, pois as clínicas conveniadas não se mostravam satisfeitas com o modelo utilizado pela concessionária Gama Saúde, que constante-mente atrasava o pagamento das faturas. Além disso, as ta-belas utilizadas para cobrança de consultas, exames e pro-cedimentos eram acima do valor de mercado, não sendo, portanto, do interesse das conveniadas manter o apoio. Por esses motivos, os militares passaram um bom tempo nessa situação até que a Saram proporcionou um outro modelo de atendimento, o intercâmbio entre a UNIMED local e a UNIMED Norte Nordeste. A partir daí, o atendimento me-lhorou, chegando a um patamar plenamente aceitável, so-mente limitado pela precariedade dos hospitais da cidade.

Em Barra do Garças, existem apenas duas pequenas uni-dades particulares (Hospital MedBarra e Hospital Cristo Redentor) e um Pronto Socorro Municipal, que - com suas limitações - atende a uma grande parte dos moradores da região e arredores.

Essa deficiência na área da saúde se agrava quando so-mamos as distâncias dos grandes centros e as ocorrências de doencas endêmicas como leichmaniose, toxoplasmose, dengue, doença de Chagas e até hanseníase.

Todos os procedimentos odontológicos são realizados de forma particular e o pagamento é feito pelo processo de ressarcimento, o que muitas vezes é inviabilizado pelo alto custo do tratamento. Isso acaba por exigir o envio dos militares e seus dependentes para a Odontoclínica de Ae-ronáutica de Brasília (OABR), gerando um custo operacio-nal muito alto para a instituição, que tem que arcar com as diárias e passagens dos militares, muitas vezes para acom-panhamento de seus dependentes menores, além da in-disponibilidade do militar para o trabalho naquele período.

De acordo com as diretrizes ditadas pelo Serviço Social do CINDACTA I, é realizado trimestralmente algum evento importante como doação de sangue, vacinação do efetivo, Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho, campanhas e ações contra dengue e endemias, auxílio e apoio em casos de doença e enfermidades de membros do efetivo, captação de recurso junto à assistência social para aquisição de óculos ou próteses e para cobrir despesas com cirurgias para os funcionários civis que não contam com atendimento específico, somente com o Sistema Único de Saúde (SUS).

O efetivo conta, também, com convênios firmados com instituições escolares, cursos técnicos e de inglês e acade-mias de ginástica para desconto em mensalidades.

A nível legal e sistêmico, os atrativos para o militar em Barra do Garças são o acréscimo pecuniário de 20% por se tratar de localidade especial classe A, assim como a conta-

Na Chefia da Seção Técnica, o Ten Vilela

3S Tatiane Camargo - única militar feminina do Destacamento

Vila Habitacional

Área de lazer da vila habitacional

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gem do tempo de serviço para efeito de aposentadoria, ou seja, a cada oito meses trabalhados são somados mais três meses.

Integração do Efetivo

Em 2010, foi implementado no Destacamento, com a orientação do DECEA, o programa "Visita das Famílias", com total sucesso. A adesão foi enorme e pessoas que nunca ha-viam estado no local de trabalho de seus maridos ou filhos tiveram a oportunidade de conhecer melhor a instituição.

Os eventos rotineiros têm sido realizados com frequência, como apresentação de novos soldados, promoções, despe-didas, torneios, festa de fim de ano etc., sempre que possí-vel com a participação dos familiares.

Observamos, também, o carinho que eles têm pela histó-ria da Unidade. O Suboficial Olavo Moreira de Barros, que está há sete anos no Destacamento, vem mantendo um li-vro histórico com todos os dados, fotos e eventos.

O efetivo do DTCEA-BW tem excelente prestígio com a comunidade de Barra do Garças e das cidades vizinhas de Aragarças (GO) e Pontal do Araguaia (MT). O Destacamento é sempre convidado a participar dos eventos da prefeitu-ra do município e das demais instituições. Há também um estreito relacionamento de confiança com os comerciantes locais e com os militares do Exército Brasileiro - 58º Batalhão de Infantaria Motorizado, localizado em Aragarças.

A CidadeBarra do Garças tem uma população de, aproximadamen-

te, 60 mil habitantes e fica distante 510 km de Cuiabá, 600 km de Brasília e 450 km de Goiânia.

Encravado aos pés da Serra Azul, um braço da Serra do Roncador, o município é banhado pelos Rios Araguaia e Garças. Das Serras que o circundam brotam vários córregos, que - em sua descida para o rio - vêm criando dezenas de cachoeiras de beleza incontestável. Barra do Garças locali-za-se no centro geodésico do Brasil e também é conhecida como Portal da Amazônia, onde se inicia o paralelo 16.

Um obelisco, na entrada leste da cidade, oferece aos cida-dãos barra-garcenses e ao turista uma orientação geográfi-ca indicando sua entrada na Amazônia Legal.

A falta de uma linha regular de aviação comercial e a precariedade do atendimento médico são consideradas as maiores deficiências do município. Apesar da cidade pos-suir um aeroporto, os deslocamentos para grandes centros são por via terrestre (BR 070), o que causa um grande trans-torno.

Quanto à segurança, há 136 câmeras digitais de última geração instaladas em vários pontos da cidade e em pré-dios públicos. O monitoramento fica a cargo da Polícia Militar em uma central, com oito televisores de LCD 42 polegadas para monitoramento 24 horas.

Parque das Águas Quentes

Pronto Socorro Municipal

Praça principal de Barra do Garças

O obelisco indica a entrada na Amazônia Legal

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O ensino público fundamental é razoável, mas existem escolas particu-lares de alto nível. Dois campus da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), um em Barra do Garças e outro em Pontal do Araguaia, oferecem diversos cursos (Engenharia, Enfermagem, Biomedicina, Matemática, Física, Agronomia, Educação Física, Direito, Ciências da Computação, Jornalismo, Letras etc.) e uma unidade do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tec-nologia (IFET), recém-inaugurado em Barra do Garças, são ótimas opções de nível superior, além de outras faculdades particulares instaladas na região.

Para o lazer, há muitas atrações, como cachoeiras, esportes radicais, bal-neário das águas quentes, bares e restaurantes, praias Quarto Crescente (rio Araguaia) e Araras (rio Garças) em junho, julho e agosto, além dos eventos culturais das cidades vizinhas.

Há um parque de águas quentes na cidade, com piscinas hidrotermais (temperaturas que variam de 31 a 43 graus), aquecidas naturalmente em sua nascente vulcânica com propriedades terapêuticas.

Também com a intenção de movimentar o turismo, na década de 1990 foi construído um "discoporto" - para discos voadores - na cidade, bem próxi-mo ao Destacamento.

Outro ponto de lazer na cidade é o Porto do Baé, um espaço multiuso composto de arquibancada, vão livre coberto e arena, com capacidade de aproximadamente 10.000 pessoas e total infraestrutura para shows artísti-cos. No local há quadra poliesportiva, quiosques, lanchonetes, restaurante flutuante, centro cultural, rampa para skate, área de lazer para crianças, ram-pa de embarque e desembarque para barcos, lanchas e jet-skys.

O Torneio Nacional de Pesca no rio Araguaia, que acontece anualmente, traz muitos turistas à cidade, assim como a Festa do Caju, que acontece em outubro. Há, ainda, a Festa do Peão, a maior do estado de MT, realizada em setembro. Outro grande evento é a Copa Rossi de Tiro, que acontece em agosto.

No transporte público, o cidadão conta com ônibus coletivos, que circu-lam em horários determinados e com itinerários diversos. Há, também, mui-ta circulação de mototáxis, com tarifas de três a quatro reais por corrida.

Para aqueles que desejam fixar residência na cidade, a compra do imóvel é viável, e, por enquanto, os preços ainda são acessíveis ao poder aquisitivo do militar.

Na análise do Comandante do Destacamento, Barra do Garças é pacata, com índices de violência irrisórios, se considerarmos outros centros. "A cida-de, apesar de não possuir shopping centers nem cinemas, tem característica bucólica e seus atrativos são mais ligados à natureza e o custo de vida não é tão alto quanto se imagina" - finaliza.

Cachoeira Pé da Serra

O "discoporto" na Serra do Roncador

Campus da UFMT em Barra do Garças

O Mirante do Cristo

Artesanato indígena xavante e bororó

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Alguns dias antes de passar para a reserva remunerada fiz um pequeno balanço de como foi viver 32

anos exclusivamente à Força Aérea Brasileira (FAB) e da primazia de ter per tencido durante 30 anos

ao Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB).

Como ocorreu no filme “A máquina do tempo” com o Dr. Alexander Har tlegen, também fui o espec-

tador das profundas transformações vividas pela sociedade contemporânea, mas ao contrário do ator que

passivo contemplava a frenética transformação do mundo de sua cadeira, fui em muitas vezes protagonista

de projetos na área técnica que hoje nos trazem confor to às nossas atividades cotidianas e que muito me

orgulham de “ter combatido o bom combate”.

Meu primeiro contato com a FAB foi em 1978, aos 13 anos de idade, quando fui recusado pela Escola

Preparatória de Cadetes do Ar (EPCAR), por ter pouca idade para ingressar. Mas a Força Aérea era meu

destino e, em 1980, cruzou decisivamente minha vida, pois passei de primeira no concurso para a Escola

de Especialistas de Aeronáutica (EEAR).

Em muitos desses anos de atividades profissionais, o livro “O Monge e o Executivo” foi para mim um guia

excepcional, principalmente na minha etapa de oficial, pois acredito que não há espaço no SISCEAB

para quem não seja, a seu modo, um líder servidor.

Nesse momento de despedida, deixo a todos os amigos que fiz nas unidades onde servi, tais como os

Serviços Regionais de Proteção ao Voo de São Paulo (SRPV-SP) e Rio de Janeiro (SRPV-RJ), De-

par tamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), Destacamento de Controle do Espaço Aéreo

de Canoas (DTCEA-CO) e, finalmente, no Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Por to

Alegre (DTCEA-PA), onde atuei como Chefe da Seção Técnica, minha admiração, reconhecimento

pelo excepcional trabalho que realizam, o meu abraço e a minha saudade.

Àqueles que nos comandam, deixo minha esperança de que tenham a sabedoria para nos conduzir em paz

e segurança aonde quer que tenhamos que ir, sempre olhando nos olhos os desafios que se nos apresentam,

pois assim é o nosso trabalho e essa a nossa razão de existir.

Finalmente, firmo aqui minha gratidão a Deus e à minha família, que me apoiaram e me supor taram em

todas as etapas dessa grande aventura, parafraseando na opor tunidade o poeta Mário Quintana, que com

simplicidade nos ensina que "é preciso saber viver”.

"Com o tempo, você vai percebendo que, para ser feliz, você precisa aprender a gostar de você, a cuidar

de você e, principalmente, a gostar de quem também gosta de você. O segredo é não correr atrás das

borboletas... É cuidar do jardim para que elas venham até você."

Até breve! Veremo-nos em alguma aerovia desse imenso Brasil.

Capitão Especialistaem Comunicações R1 Cezar Furtado

No dia 4 de jul

ho fiz um voo de F5. Voei em combate por quase

uma hora.

Quebrei a barre

ira do som sobre o oceano. Foi incrív

el! Fechei meu tem

po

na ativa com

chave de ouro. A foto de m

eu regresso exem

plifica bem a

minha satisfaçã

o. No dia 18 de jul

ho me despedi da

FAB. Na hora da despedida

Seção

31AEROESPAÇO

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