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Informativo do Departamento de Controle do Espaço Aéreo - DECEA NOTÍCIAS Ano 2 - Nº 10 AEROESPAÇO DTCEA-STA (Santa Teresa-ES) - A Terra dos Colibris

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Destaques da Aeroespaço 10

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Page 1: Aeroespaço 10

Informativo do Departamento de Controle do Espaço Aéreo - DECEA NOTÍCIASAno 2 - Nº 10

AEROESPAÇO

DTCEA-STA (Santa Teresa-ES) - A Terra dos Colibris

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Informativo do Departamento de Controle do Espaço Aéreo - DECEA,produzido pela Assessoria de Comunicação Social - ASCOM/DECEA

Diretor-Geral:Ten Brig Ar José Américo dos SantosAssessor de Comunicação Social e Editor:Paullo Esteves - Cel Av R1Redação:Daisy Meireles (MTB 21286-DRT/RJ)Telma Penteado (RJ 22794-JP)Diagramação & Capa:Filipe BastosFotografia:Luiz Eduardo Perez BatistaIlustrações:Messias Bassani - CB SDE

Home page: www.decea.gov.br - Intraer: www.decea.intraerE-mail: [email protected] ou [email protected]ço: Av. General Justo, 160 - Centro - 20021-130Rio de Janeiro/RJTelefone: (21) 2123-6585 - Fax: (21) 2262-1691Editado em: junho/2005Fotolito & Impressão: Ingrafoto

Cartas dos LeitoresRecebi, há alguns dias, exemplares da revista AEROESPAÇO,

pelas quais lhe agradeço. Não posso deixar de parabenizá-los por seu conteúdo e sua apresentação, que são de excelente qualidade. Um companheiro - SO RR Rogério - escreveu-lhe, por iniciativa pró-pria, solicitando envio regular para a AGARRA - PE (Associação Grupo de Amigos da Reserva, Reformados e Pensionistas da Aeronáutica de Pernambuco), a qual presido, solicitação essa que, soube, será atendida. Agradecendo por mais essa gentileza, ponho-me a seu dispor para qual-quer necessidade ao meu alcance.

Souto Maior – Ten Cel AV R1Presidente da AGARRA

Em 1984 ingressei na Força e de, forma inibida, éramos cerca de 250 ofi-ciais e 400 graduadas em todo o efetivo. A partir daí, começamos a conquistar nosso espaço, mostrando profissionalismo, dedicação e, principalmente, capa-cidade de desenvolver o trabalho que nos era proposto.

Com esta demonstração, a FAB abriu novas oportunidades de ingresso da mulher nos seus mais diversos quadros e hoje, além de já existir, em fase de for-mação, as primeiras possíveis Comandantes da Força, a Aeroespaço mostrou na Edição nº 9 que as mulheres se destacam cada vez mais, com as reportagens das Ten Fabiana e Ten Lislaine.

Parabéns aos Editores e continuem a preparar reportagens tão apropriadas que, além da capacidade do trabalho do dia a dia, mostram a pessoa do trabalhador desenvolvendo suas aptidões naturais.

GISELA dos Santos Pellegrino - Maj QFO TECAdjunto da Divisão de Tecnologia da Informação

Gostaria de tecer alguns comentários sobre duas entrevistas da edição nº 09. Fico muito feliz e orgulhosa pelo espaço destinado às mulheres que compõem o corpo feminino do SISCEAB. Mulheres essas que, com muita sensibilidade, podem dizer que a Poesia é algo que se aproxima do conceito de idéia. Mulheres que se expõem, através das palavras e com as mesmas palavras nos emocionam e nos faz redescobrir que existem outras formas de demonstrar o que é belo. Faz com que possamos reviver experiências passadas como, na adolescência, escrever poesias em sala de aula. E que é verdadeiro. De tudo na vida, sempre fica um pouco.

Parabéns, Ten Lislaine, pela garra e determinação. Parabéns, Ten Fabiana, pelos poemas escritos.

ÂNGELA Ferraz - 1ª Ten QCOA ADEChefe da Seção de Pessoal Militar do DECEA

Página 2• Índice/Expediente• Cartas dos Leitores

Página 3• Editorial• Nossa Capa

Página 4 • Visita de Inspeção do DECEA no SRPV-MN• CINDACTA II sedia reunião do SISDABRA

Página 5 • CCA-SJ entrega Sistema Ópera ao GEIV• DECEA expõe na LAAD 2005

Páginas 6 e 7• A metamorfose no ICA

Página 8• I Encontro de Psicologia do CINDACTA II Página 9• ICEA treina instrutores para sua nova competência• CINDACTA I comemora Dia das Comunicações e do ...Serviço de Informação Aeronáutica

Páginas 10 e 11• Carta a Osvaldo, o Controlador de Vôo

Página 12 • Seção: Literalmente Falando

Página 13• Primeiro Curso Básico sobre Busca e Salvamento – ....sustentação para o crescimento da doutrina SARPáginas 14 e 15• Rotas Preferenciais

Página 16• ICA comemora seu 22º Aniversário• CINDACTA I realiza estágio para Comandantes de ...Destacamentos

Página 17• TORDEFAE 2005: Esquadrão Morcego é campeão• História dos Veteranos do 1º Grupo de Aviação de Caça ...emociona o efetivo do PAME

Páginas 18 e 19• Seção: Conhecendo o DTCEA Santa Teresa – ES

Páginas 20 e 21•Seção: Quem É... 1S Celso Figueiredo

Página 22• CISCEA define sua participação na transição do SISCEAB para o ...conceito dos Sistemas CNS/ATM

Página 23• FAA conhece a estrutura do SRPV-MN

• DTCEA Pico do Couto – 30 anos

Expediente

Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores, não expressando, neces-sariamente, a opinião do DECEA.

Page 3: Aeroespaço 10

Ten Brig Ar José Américo dos SantosDiretor-Geral do DECEA

DTCEA-STA (Santa Teresa-ES) - A Terra dos Colibris

A nossa capa deste mês fugiu do padrão. Não estamos exibindo um radar, mas sim dois belíssimos beija-flores. Mas, eles não estão ilustrando a capa desta edição sem algum sentido. O beija-flor é o símbolo do Des-tacamento de Controle do Espaço Aéreo de Santa Teresa, ES - ampla-mente divulgado nas páginas da seção CONHECENDO O DTCEA.

O DTCEA-STA adotou o beija-flor como símbolo em seu distintivo porque eles são uma constante na região, onde é raro uma casa que não é visitada por eles. Há, em Santa Teresa, um museu exclusivo para alimentação desses pássaros que formam verdadeiras nuvens em volta dos alimentadores, fazendo um espetáculo belíssimo de balé aéreo.

A cidade de Santa Teresa tem mais de duas mil espécies de beija-flores, em virtude do clima de montanha e da variedade de espécie de flores em sua Mata Atlântica.

O naturalista Professor Augusto Ruschi teve uma grande participação nos estudos das variadas espécie desses pássaros e suas pesquisas eram realizadas no Museu de Biologia Professor Mello Leitão. Devido a quantidade de beija-flores, Santa Teresa recebeu o nome de “Terra dos Colibris”.

2005 marca o nosso segundo ano como Diretor-Geral do DECEA e, ao retomarmos as visitas de inspeção periódicas em nossos órgãos regionais, somos testemunhas do quanto, de um ano para o outro, o nosso SISCEAB evolui e se aprimora, resultado direto de planejamento, estabelecimento de metas e diligência na aplicação dos esfor-

ços. Esta evolução, mais do que esperada, necessária até, espelha o trabalho e a dedicação de todos os integrantes do DECEA e estamos orgulhosos por estar capitaneando esta gigantesca e complexa nave no rumo inexorável de seu permanente aperfeiçoamento.

Sim, porque para o SISCEAB, a formação e a elevação de nível de nossos recursos humanos; o desenvolvimento de estudos e projetos de interesse do Sistema; a absorção de novas tecnologias; a revitalização e a modernização de nossa infra-estrutura; a adaptação e a entrada em operação de procedimentos operacionais inéditos; o cumprimento de acordos, normas e regras internacionais, impostas pela evolução do transporte aéreo no globo, enfim, tudo isto acaba se constituindo em rotina para nós.

A velocidade das mudanças e o ritmo das implementações aí estão e batem às nossas portas diariamente, exigindo presteza nas providências e cuidado e apuro nas decisões, porque estas são, definitivamente, conseqüentes, isto é, a tomada de decisão de hoje poderá repercutir anos à frente e, por conta disto, deve ser criteriosamente analisada.

Indiscutivelmente, a herança de muitas gerações de profissionais do Sistema, que nos garantiu chegar até aqui, acrescida da qualidade do assessoramento que ao Diretor-Geral é prestada, projeta a nossa trajetória futura e assegura tranqüilidade a esta Direção. É com este pensamento que vamos chegando ao meio do ano de 2005. Esta é a Aeroespaço Nº 10 que, como sempre, vem retratando nossas mais significativas realizações.

Documental, emotiva, ilustrada e abrangente, nossa revista mensal ganhou seu espaço e segue viva por conta de sua participação, caro leitor.

Em nome da equipe Aeroespaço, o nosso especial agradecimento.

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CINDACTA II sediareunião do SISDABRA

O Segundo Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA II) sediou, no dia 06 de maio de 2005, a Reunião de Coordenação Sistêmica dos Elos do Sistema de Defesa Aeroespacial Brasileiro (SISDABRA), da 2ª Região de Defesa Aérea.

A reunião foi coordenada pelo Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (COMDABRA) e presidida pelo seu comandante, Maj Brig Ar Atheneu Francisco Terra de Azambuja.

Além das autoridades do COMDABRA, estiveram também representados os seguin-tes setores: Subdepartamento de Operações do DECEA (SDOP), CINDACTA II, Quinto Comando Aéreo Regional (COMAR V), Segundo e Quarto Esquadrões do Primeiro Grupo de Comunicações (2º/1° GCC e 4º/1º GCC), Terceiro Esquadrão do Terceiro Grupo de Aviação (3º/3°GAv), Primeiro Esquadrão do Décimo Quarto Grupo de Aviação (1º/14°GAv), Quinto Esquadrão do

Oitavo Grupo de Aviação (5º/8°GAv), Seções de Controle das Operações Aéreas Militares (SCOAM) de Canoas, Santa Maria, Campo Grande, Primeira Companhia de Artilharia Antiaérea de Autodefesa (1ª CAAAD) e Ter-ceiro Grupo de Aviação Aeroembarcada (3ºGAAAe).

Na oportunidade, foram tratados temas operacionais que visam a aumentar a eficiên-cia do Sistema de Defesa Aérea Brasileiro.

No último dia 03 de maio, foi iniciada a Visita de Inspeção do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) ao Serviço Regional de Proteção ao Vôo de Manaus (SRPV-MN).

O Diretor-Geral do DECEA, Ten Brig Ar José Américo dos Santos, foi acompanhado de uma equipe técnica, operacio-nal e administrativa e contou com a participação de oficiais generais e oficiais superiores, diretamente sob sua tutela.

Na reunião com os oficiais, o Diretor-Geral falou das ati-vidades específicas do SRPV, dos problemas existentes e solu-ções necessárias, criando um ambiente cordial e amigo de trabalho, de responsabilidade e de respeito mútuo, onde o objetivo a ser alcançado esteve permanentemente visível.

Nas reuniões setoriais, seus assessores diretos permanece-ram sensíveis às reivindicações do SRPV, sem perder o rumo do plausível e do possível.

Segundo o Ten Cel Esp MET João de Matos Suzano, Chefe da Seção de Comunicação Social do SRPV-MN, a organiza-ção “cresceu, evoluiu, criou asas e decolou. Decolou para um futuro de realizações e maturidade na prestação de serviços. Decolou para cumprir o seu legado sistêmico no Controle do Espaço Aéreo e de peça fundamental para o desenvolvimento técnico e operacional da região Amazônica”.

Decolou, finalmente, nas palavras proferidas pelo nosso Diretor-Geral, anunciando o firme propósito de, até ao final do comando atual, transformar em ato de direito o que de fato já existe, e promover este Serviço à condição ansiosa-mente aguardada de CINDACTA IV (Quarto Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo).

A viagem de inspeção do DECEA aconteceu no período de 03 a 05 de maio e a comitiva visitou também o Centro Técnico e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (CTO/SIPAM) de Belém e as Unidades de Vigilância de Con-ceição do Araguaia, Santarém e Cachimbo.

O DECEA no SRPV-MNVi

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4 AEROESPAÇO

Comitiva do DECEA em forma

Ten Brig Ar José Américo passa emrevista a tropa do SRPV-MN

Diretor-Geral do DECEA anuncia a promoçãodo SRPV-MN em CINDACTA IV

Page 5: Aeroespaço 10

No último dia 26 de abril, o Vice-Presidente da Repú-blica e Ministro da Defesa, José Alencar Gomes da Silva, e os Comandantes das três Forças Armadas abriram a LAAD 2005 - Latin America Aero & Defence, no Riocen-tro, no Rio de Janeiro. O evento, que acontece a cada dois anos, foi até o dia 29 de abril.

A LAAD 2005 contou com a presença de mais de 12 mil visitantes, entre Oficiais Militares da Força Aérea, Exército e Marinha do Brasil e de outros países da Amé-rica Latina, representados por delegados oficiais, autoridades, diplomatas e funcionários do Governo ligados com a Defesa Aeroespacial. Também participaram pilotos, engenheiros técnicos e controlado-res.

Durante este período, os visitantes tive-ram contato com mais de 350 expositores,

representados por empresas e organizações nacionais e internacionais fornecedoras de produtos e serviços para as três Forças Arma-das, bem como para empresas de aviação comercial, organizações espaciais, adminis-tradoras de aeroportos e mídia especiali-zada.

Nesta edição da feira, quatro espaços

representaram a Aeronáu-tica, com a participação do Centro de Comunica-ção Social da Aeronáutica (CECOMSAER), do Centro Logístico da Aeronáutica (CELOG), do Departamento de Pesquisas e Desenvolvi-mento (DEPED), do Depar-tamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), do Centro Técnico Aeroes-pacial (CTA), do Museu Aeroespacial (MUSAL), do Departamento de Aviação Civil (DAC) e da Esquadri-lha da Fumaça.

Mais de 500 quilos de material de divulgação da

Aeronáutica foram distribuídos, entre eles revistas, panfletos e pôsteres.

O DECEA, mais uma vez, contando com o apoio do DAC, dividiu o estande, onde pôde divulgar suas ações através de CDs e folders institucionais, e - ainda - de edições da revista Aeroespaço.

O Centro de Computação da Aeronáu-tica de São José dos Campos (CCA-SJ) fez a entrega oficial do Sistema Ópera ao Grupo Especial de Inspeção em Vôo (GEIV), no dia 15 de abril.

Foram realizadas visitas às instalações da Unidade, dentre elas a Seção de Opera-ções, quando foi entregue o Sistema Ópera pelo Chefe do CCA-SJ, Ten Cel Int Ricardo Ferreira Gomes dos Santos, com as presen-ças do Brig Ar Polhmann (SDOP); Brig Eng Rogério (SDLO) e Brig Eng Roberto (SDTI).

O Ópera, Sistema de Comando e Con-trole no Nível de Execução (Unidade Aérea), tem por finalidade apoiar a realiza-ção dos processos que ocorrem na Unidade Aérea, dentre eles a elaboração da Escala

de Vôo, o Registro de Vôo e os Controles Estatísticos.

O CCA-SJ é o órgão responsável pelo desenvolvimento, implantação, manutenção e aperfeiçoamento do Sistema, bem como pelo treinamento de seus usuários. Com-porão os elos do Ópera todas as orga-nizações do Comando da Aeronáutica, detentoras de meios aéreos.

A mais recente versão do Ópera foi implementada com o objetivo maior de atender às necessidades especiais do GEIV, quanto ao planejamento de Missão Aérea e diversos controles de disponibilidade dos aeronavegantes para a Escala de Vôo.

O desenvolvimento contou com uma pronta resposta por parte do CCA-SJ à soli-

citação do GEIV. Em apenas três meses, o projeto foi executado e contou com a efetiva participação da futura equipe de usuários do Sistema, na determinação e validação dos requisitos.

A equipe do projeto ÓPERA-GEIV, assim chamado, procurou evitar a customização do sistema. A versão 6.0 traz, então, características para Unidades Aéreas Espe-ciais, como o GEIV, e amplia o atendi-mento das necessidades dos setores de Operações de muitas outras Unidades Aéreas do Comando da Aeronáutica, usu-ários do sistema.

5AEROESPAÇO

O estande do DECEA na LAAD 2005 foi bastante visitado

DECEA expõe na LAAD 2005

CCA-SJ entrega SistemaÓpera ao GEIV

Page 6: Aeroespaço 10

AEROESPAÇO

A METAMORFOSE

A Cartografia tem sido, nos últimos anos, um dos campos de atividades mais influenciados pela tecnologia moderna, que tem tornado disponí-veis técnicas e equipamentos cada vez mais avançados, para os processos de coleta, análise e apresentação de dados informativos.

As atividades de Cartografia Aero-náutica eram de responsabilidade da antiga Diretoria de Rotas Aéreas (DR) que, através da Divisão de Informa-ções Aeronáuticas e Mapas, planejava e executava as Cartas Aeronáuticas.

No final da década de 70, a DR sofreu uma reforma administrativa e passou a denominar-se Diretoria de Eletrônica e Proteção ao Vôo (DEPV), dentro da qual se estruturou a Divisão de Cartografia Aeronáutica (D-CIA).

Mais tarde, com o advento do avião a jato, houve necessidade de um con-trole mais eficaz do espaço aéreo, assim como a urgência de informa-ções mais atualizadas, para uma pro-teção confiável e avançada. Sendo assim, foi criado, em 10 de maio de

1983, o Instituto de Cartografia Aero-náutica (ICA), com a missão de pla-nejar, controlar, gerenciar e executar as ações nas áreas de cartografia e publicações aeronáuticas.

Nestes 22 anos de execução da Car-tografia Aeronáutica, com inúmeros trabalhos realizados e ações diversas em vários órgãos de representação no Brasil e no exterior, o ICA con-tinua despertando expectativas, ao manter-se atualizado com informações aeronáuticas aprimoradas ao avanço da aviação:

• Cartas para apoio ao vôo visual, nas escalas de 1:1.000.000, 1:500.000 e 1:250.000;

• Cartas para apoio ao vôo por ins-trumentos, incluindo os procedimen-tos de subida e descida, STAR, ADC e PDC; e

• Planos de Proteção de Aeródro-mos e Levantamentos Cadastrais - produtos elaborados para apoio às mais diversas atividades do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB).

ICADOA METAMORFOSE

ICADO

Localizado na cidade do Rio de Janeiro, o Instituto de Cartografia

Aeronáutica (ICA) é subordinado ao Departamento de Controle do Espaço

Aéreo (DECEA). Seu efetivo é composto de civis e militares altamente qua-lificados, que atuam nas áreas de

cartografia, informações aeronáuticas, topografia, administração e tecnolo-gia de informação, treinados em sis-

temas de informações geográficas, sistema de desenho e de processa-

mento de imagens, bem como profis-sionais na área administrativa.

Por José carlos RODRIGUES - Cel EngO autor é o atual Diretor do Instituto de Cartografia da Aeronáutica

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Page 7: Aeroespaço 10

7AEROESPAÇO

Contudo, estamos interessados em aumentar, ainda mais, a confiabilidade dos trabalhos executados no Instituto. Por isto, temos feito reuniões cons-tantes, a fim de que seja implantada uma nova estrutura. O objetivo é equi-librar as ações de cartografia, publica-ções aeronáuticas e suporte, no sentido de adequar o Instituto de Cartografia Aeronáutica a um patamar de maior eficiência e eficácia no suporte à nave-gação aérea, correspondendo ao que se espera como missão do ICA.

O Instituto encontra-se estruturado da seguinte forma: Direção; Assessores diretos; Seção de Comunicação Social; Seção de Inteligência e Secretaria; e Divisões Administrativa e Técnica.

A Divisão Técnica responde pelas ati-vidades-fim do Instituto, a saber: car-tografia e informações aeronáuticas. Por serem atividades distintas, esta Divi-são deverá sofrer maior “metamor-fose”, sendo dividida em outras duas: a Divisão de Serviço de Informações Aeronáuticas - AIS (Aeronautical Infor-mation Service), e Divisão de Cartogra-fia, respectivamente.

A primeira, Divisão AIS, será respon-sável, como o próprio nome já diz, pelas informações aeronáuticas, que são obtidas através das Cartas IFR (Instrumental Flight Rules). Estas cartas são necessárias à condução dos vôos apoiados por instrumentos em terra, tais como VOR, NDB, ILS e RADAR.

As referidas cartas atendem a dife-rentes fases do vôo, que - de acordo com a Organização da Aviação Civil Internacional - são as seguintes:

• taxiamento desde o ponto de esta-cionamento da aeronave até o ponto de decolagem;

• decolagem e subida até a estrutura ......de Rota ATS;

• estrutura de Rota ATS;• descida até à aproximação;• aproximação para pouso; e• pouso e taxiamento até o ponto de

......estacionamento.A segunda, Divisão de Cartografia,

será responsável pela confecção de mapas e cartas visuais e operações de campo (levantamentos de campo).

As Cartas VFR (Visual Flight Rules) for-necem as informações aeronáuticas e cartográficas necessárias à condução

de vôos apoiados em referências visu-ais. Entre estas Cartas estão:

• Carta Aeronáutica Mundial (WAC);• Carta de Navegação Aérea Visual

......(CNAV); e• Carta Aeronáutica de Pilotagem

......(CAP).Para as regiões que não possuem

cartografia convencional, que per-mita a elaboração das Cartas Aero-náuticas, o ICA criou dois programas alternativos: a Carta-Imagem de Navegação Aérea Visual (CINAV) e a Carta-Imagem Aeronáutica de Pilotagem (CIAP), ambas geradas por imagens obtidas pelo satélite LANDSAT.

Recentemente, o ICA implantou uma pes-quisa pioneira para geração das Cartas CIAP, utilizando ima-gens do satélite CBERS, do Programa Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres, que já estão dispo-níveis na Internet, de forma gratuita.

As operações de campo são atividades imprescindíveis para a confecção das Cartas Aeronáuticas. Destes levantamentos fazem parte as operações geodésicas e topográ-ficas, que fornecem dados de campo para a locação e orien-tação de equipa-mentos de proteção ao vôo. Para realizar estas operações, são empregados equipa-mentos modernos, confiáveis e eficazes, tais como os rastrea-dores de satélites, arti-fícios do sistema GPS.

Também será atri-buição da Divisão de Cartografia a Zona de Proteção de Aeró-dromo, que possui documentos cartográ-ficos para protegerem,

através de dispositivos legais, as áreas ao redor dos aeródromos em relação ao surgimento indiscriminado de possí-veis obstáculos à navegação aérea.

Já a Divisão Administrativa será trans-formada em Divisão Logística, man-tendo suas atividades administrativas e de infra-estrutura - tais como Depar-tamento de Pessoal, Assistência Social, Divisão de Patrimônio, Apoio, Protocolo - e acrescendo as funções de Fotoplo-tagem e Informática.

Estas são as mudanças significativas que o Instituto de Cartografia Aeronáu-tica estará promovendo e esperamos contar com o apoio de todo o efetivo.

A Direção do ICA conta com o apoio do seu efetivo para promover as mudanças

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Sob o tema “A inserção do Psicólogo no Controle do Tráfego Aéreo”, foi realizado o I Encontro de Psicologia do CINDACTA II (Segundo Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo), no período de 26 a 28 de abril de 2005.

O evento, que teve como objetivo promover o encontro dos profissionais do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB), propor-cionou o intercâmbio de conhe-cimentos das experiências e das ações da Psicologia desenvolvidos no âmbito da atividade de controle de tráfego aéreo.

Os profissionais puderam refletir sobre a influência das relações humanas e dos fenômenos psico-lógicos individuais e grupais no contexto organizacional e, também, estabelecer o encontro dos elos do sistema de controle de tráfego aéreo, subordinados ao CINDACTA II.

Durante o evento foram ministradas palestras e mesas redondas, tais como: “Simbolismo e Comunicação nas Organizações” - Prof. Artur Roman; “O Fator Humano na Aviação” - Profª. Sílvia Bozzetti da PUC-RS; Fator Humano no Controle de Tráfego Aéreo (mesa redonda); “Tecnologia e o Homem” - Maj QFO Psc R1 Aline Barranco; “Carga de trabalho: estresse e monotonia” - Maj QFO Psc Cátia Nocera; e “Educação permanente na prevenção do erro” - Maj QFO Ped Gizza Aparecida R. de Brito.

Participaram do Encontro co- mandantes e chefes de órgãos operacionais; psicólogos e con-troladores de tráfego aéreo, representando as seguintes Orga-nizações: Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), CINDACTA I, II e III, Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), Serviços

Regionais de Proteção ao Vôo (SRPV) do Rio de Janeiro, de São Paulo e de Manaus, Destacamentos de Controle do Espaço Aéreo (DTCEA) de Campo de Marte, Curitiba, Bacacheri, Foz do Iguaçu, Florianópolis, Porto Alegre, Canoas, Santa Maria, bem como profissionais da INFRAERO (Empresa Brasileira de Infra-estrutura Aero-portuária), da UFPR (Universidade Federal do Paraná) e da PUC-RS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul).

Tendo em vista o entusiasmo e a relevância dos debates acerca de temas como processos da comunicação e do ensino/ aprendizagem da interação do homem com a tecnologia e o contexto operacional, entre outros, foi possível atingir com proficiência os objetivos propostos. Ao final do Encontro, foi consenso entre os participantes que os resultados atingidos superaram as expectativas.

Atualmente, a Psicologia tem tido atuação relevante na área operacional do CINDACTA II, efetuando acompanhamento dos profissionais de tráfego aéreo, no que diz respeito ao desempenho de suas atividades; realizando vistorias operacionais nos órgãos de tráfego aéreo subordinados; elaborando Relatórios de Investigação do Controle do Espaço Aéreo (RICEA); prestando assessoria à Divisão Operacional nos assuntos afetos à essa área e participando nos conselhos operacionais presididos pelo Comando daquele órgão.

Evento promoveu o congraçamento dos

profissionais do SISCEAB, que compartilharam

conhecimentos, experiências e as ações da

Psicologia desenvolvidos no âmbito da

atividade de tráfego aéreo

8 AEROESPAÇO

I Encontro dePsicologia doCINDACTA II

Cel Aquino, Comandante do CINDACTA II (ao centro), presidiu o Encontro

O Encontro proprocionou o congraçamento dos profissionais do SISCEAB

Palestras e Mesa Redonda abordaram temas de interesse para o público

Page 9: Aeroespaço 10

9AEROESPAÇO

No período de 04 e 29 de abril de 2005, o ICEA realizou o treinamento operacional para a formação da primeira equipe de instrutores de Operações Aéreas Militares. Esta primeira turma de instrutores terá a incumbência de irradiar os conhecimentos adquiridos e difundir a nova sistemática de gerenciamento da instrução e treinamento de cenários para as operações aéreas, tirando o encargo dos Centros de Controle Operacionais em formar e especializar seu efetivo de controladores, além de, utilizando os meios do ICEA, realizar Manobras e Exercícios Simulados, reduzindo os gastos dos Comandos e Departamentos com meios aéreos, pessoal e equipamentos para treinamento e aperfeiçoamento de seus militares.

Muitos se lembram que, originalmente, quando se pensava na formação de controladores de Operações Aéreas Militares, imaginava-se um Centro que teria esta incumbência, o “CFOPM”, porém, esse conceito foi superado pela capacidade instalada do ICEA, que tinha condições de absorver mais este encargo. Desta forma, o que seria o “CFOPM” foi transformado na Subdivisão de Operações Militares da Divisão de Ensino do ICEA, que conta hoje com o seguinte efetivo: três oficiais e três

graduados operacionais em Defesa Aérea, com perspectivas de receber mais um oficial e três graduados no próximo ano. A subdivisão tem Chefia, a Seção de Cursos de Operações Militares, a Seção de Doutrina e Simulação, e Seção de Guerra Eletrônica.

O Sistema tem como missão a formação e a manutenção operacional de oficiais e graduados para os Órgãos de Controle de Operações Aéreas militares (OCOAM) e para o Centro de Operações de Defesa Aeroespacial (CODA) e é composto pelo Sistema de Tratamento e Visualização de Dados (STVD) do COPM1, reproduzindo o ambiente de trabalho dentro de um OCOAM, e pelo Simulador de Operações Aéreas Militares (SOpM), que provê recursos de simulação para o STVD, podendo estabelecer a Situação Aérea Simulada (informações de radares locais, aeronaves de vigilância e sínteses de radares e centros adjacentes), evoluir aeronaves simuladas e tratar planos de vôo, executando exercícios complexos contendo eventos meteorológicos, interferências nos radares e tratamento de informações operacionais, com capacidade de extração de dados específicos para avaliação dos controladores em formação nos diversos cursos de Operações Militares.

O Primeiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA I) realizou, no dia 06 de maio de 2005, cerimônia militar comemorativa do Dia das Comunicações e do Serviço de Infor-mação Aeronáutica.

Na oportunidade, foram homenageados os profissionais da Sede e dos Destacamentos subordinados que mais se destacaram em suas atividades. Na seqüência, foi prestada uma justa homenagem ao Engenheiro Gilber Henri François Eon, um dos pioneiros na implantação do Sistema de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo, que - face à sua aposentadoria - despediu-se da Organização.

No encerramento da cerimônia, a tropa desfilou em continência ao Comandante do CINDACTA I, Cel Av Paulo Gerarde Mattos Araujo.

CINDACTA I comemoraDia dasComunicaçõese do Serviçode InformaçãoAeronáutica

ICEA treina instrutores parasua nova competência

A equipe... e o treinamento profissional

A homenagem aos profissionais das comunicações do CINDACTA I e dos Destacamentos subordinados

Militares em formatura

A sala dos pilotos

Page 10: Aeroespaço 10

10 AEROESPAÇO

Carta a Osvaldo,o Controlador

de Vôo

Há no Sistema de Con-trole do Espaço Aéreo Bra-sileiro (SISCEAB) algumas singularidades que empres-tam à atividade caracterís-ticas únicas. Uma dessas singularidades é o Sistema PAR (Precision Aproach Radar - Radar de Aproxi-mação de Precisão), con-siderado Sistema porque é composto, de um lado por equipamentos (ante-nas, transmissores, recepto-res, sala radar, scopes etc.) e do outro por elemento humano, dividido em duas vertentes: o usuário (piloto de caça, treinado para uti-lizar o sistema) e o opera-dor de PAR (o controlador de vôo, treinado e habili-tado para conduzir a apro-ximação para pouso).

Assim, é este conjunto de elementos que, postos em conjunção, permitirá que uma aeronave militar de caça seja trazida para o pouso em quaisquer condi-ções meteorológicas. Certo é que uma aproximação PAR em condições adversas (tempo ruim e curto com-bustível) é sempre motivo de estresse e não só para o piloto como também para o controlador.

Esta “Carta a Oswado”, gentilmente cedida pelo Brig Ar Alvaro Luiz Pinheiro da Costa, atual Presidente da Comissão de Implantação do Sistema de Controle do Espaço Aéreo (CISCEA), é exemplar quanto ao grau de interação que normal-mente existe entre pilotos e controladores e o quanto há de reconhecimento de valor pessoal e profissional entre eles.

Pouco comum e, por isto mesmo tão significativa, a carta é um gesto de apreço de um profissional em rela-ção ao outro. A sua publica-ção pela Aeroespaço é uma maneira do SISCEAB home-nagear a todos os contro-ladores PAR do Brasil. As cenas descritas na narrativa são quase uma rotina nos Destacamentos de Controle do Espaço Aéreo (DTCEA) que prestam este tipo de serviço.

O que é extraordinário, e vale destacar, é como um profissional dedicado acaba construindo no seio da cor-poração uma reputação de competência que o trans-forma em destaque, a ponto de merecer aplauso e reco-nhecimento.

Por Brig Ar Alvaro Luiz PINHEIRO da CostaO autor é Presidente da CISCEA/CCSIVAM

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Prezado Osvaldo,

Um caso que realmente marcou minha formação como piloto de F-5 no 1º GpAvCa (era assim que se abreviava na época), sob o ponto de vista de suporte dos controladores aos pilotos, foi uma missão sobre a qual já conversamos brevemente.

Passo a descrever a missão como me lembro, mas é importante ressaltar que as verdades, quanticamente, dependem do observador e variam com o tempo:

Era um Vôo por Instrumentos (3F). Eu era o aluno novinho e o instrutor era o, então, Cap Aymone. A meteorologia estava péssima, bem abaixo dos mínimos previstos para a instrução, mas o Aymone perguntou:

- Novinho, você vai voar com esse tempo?Como qualquer outro Caçador que se prezava, respondi como era de se prever:- É claro (e aí começou a aventura)!Partimos para o F-5B sob a chuva, com o pessoal da pista pagando os pecados com tanta água que caía, para atender aos

dois pilotos inconseqüentes que iriam decolar assim mesmo. A decolagem e a missão foram sem grandes problemas, apesar de estarmos dentro da craca todo o tempo. Felizmente, o

Aymone resolveu voltar da área de instrução enquanto ainda tínhamos combustível sobrando, de modo que, pelo menos sobre esse aspecto, estávamos tranqüilos.

A situação meteorológica estava tão ruim que éramos os únicos alucinados entre os pilotos da Base Aérea de Santa Cruz que estavam voando. Assim, o tráfego aéreo também não atrapalhava em nada. Os verdadeiros problemas eram a visibilidade e o teto de nuvens, que estavam bem abaixo dos mínimos para pouso.

Retornando à maloca, solicitamos o procedimento de precisão radar para pouso (PAR), que seria a única possibilidade de atingirmos condições visuais. Mesmo com o auxílio do GCA, tínhamos certeza que não iria ser fácil avistar a pista.

Por isso, combinamos que eu faria o procedimento e o Aymone iria se preocupar em olhar para fora e informar quando estivesse avistando alguma coisa. Como eu estava na nacele traseira (não houve sequer necessidade de instalar a capota, de tão ruim que o tempo estava), ele faria o pouso.

Você não pode imaginar a satisfação e a tranqüilidade dentro do F-5B quando, ao sermos transferidos de TABA (APP) para TOBOGÃ (PAR), ouvimos:

- JAMBOCK 04, no seu controle o ÍNDIO 06 (mesmo eu sendo novinho, já conhecia a sua fama), cheque rádio.Eu não sei se os controladores estão cientes disso, mas, para os pilotos, fica muito claro no rádio se a pessoa do outro lado

sabe bem o que está fazendo ou não, mesmo sem vê-la. Não me lembro se eu e o Aymone comentamos isso entre nós, mas recordo do meu alívio ao ouvir a sua voz e o seu código-rádio.

O PAR foi realizado por mim, normalmente. Quando o Aymone informou o visual, olhei para fora e já tínhamos passado do VOR.

Não sei se você se lembra, mas a antena do VOR de Santa Cruz ficava alinhada com a antiga pista 04 (hoje 05), a uns 150 metros da cabeceira. Nesta distância, se estivéssemos muito fora do eixo ou da rampa, com os 155 nós de velocidade de final do F-5B, aquele pouso teria sido impossível e haveria ainda uma grande chance de tocarmos o solo fora da pista, sabe-se lá com que resultados.

Todavia, graças ao seu competente controle da aproximação PAR, estávamos exatamente no eixo e na rampa. O trabalho do Aymone, na nacele dianteira, foi só pousar e usar o pára-quedas de frenagem.

Com aquela péssima visibilidade e a chuva torrencial, PRIMAVE (código-rádio da Torre de Controle) não conseguia avistar nossa aeronave e, depois que informamos o Controlado e você comandou a transferência do controle rádio para a Torre, tivemos que informar quando livramos a pista de pouso.

Não me lembro se agradecemos a você ou não. Conhecendo a mim e, um pouco, ao Aymone, creio que não. Éramos três profissionais, fazendo cada um a sua parte e satisfeitos com a carreira abraçada.

O táxi com F-5B até o estacionamento e o corte dos reatores foram normais, com o pessoal da Pista de novo pegando muita chuva e com um pequeno banho desde o nosso abandono do avião até chegar no OPO, que, na época, ainda era na Portaria do 1º Grupo de Aviação de Caça.

Como às vezes acontece, nem eu nem o Aymone jamais comentamos esse vôo entre nós, mas para mim, como aluno, essa missão ficou gravada na memória como exemplo de cooperação e confiança entre piloto e controlador.

Esse texto serve para compensar um pouco a falta do nosso muito obrigado - que, se não dissemos para você na época, posso assegurar que, pelo menos, pensamos.

Um grande abraço, Pinheiro.

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A terras firmesPrefiro brancas nuvensMóveis e voláteisDe velocidades estonteantes

Por tua segurançaPerdes a esperançaDo vôo altoDo sonho distante

Quem imagina e não tem coragemNão se apercebe e páraPára na vontadePára na metade

A poesia

A Poesia me ama;Ela me deixa fazê-la.E poesia é uma estrelaDeitada em minha cama.

Nasce no branco do papel,Nasce da angústia de quem ama,Nasce para acender a chama;Renasce no mais lindo cordel.

Tem vida própria,Vive no abrir dos olhos;Não tem padrão, nem idade;Nenhum tipo de raça, religião ou nacionalidade.

Alimenta-se do mais puro sentimento;Surge tênue de todo momento,Surgindo do tato, da visão, do olfato e da audição;Viajando no sol, na aurora e no vento.

Seu coração é o tempo,Sua canção, orquestra barulho do mar,Tantos já a utilizaram no seu versar;Outros na solidão ou como forma de amar.

A poesia nunca morre,Às vezes, se esconde e adormece;Mas, com o despertar da alegria ou do lamento,Ela toma rumo e encorajamento.

Ela não tem classe social.Ai! quem diria “Machado de Assis...”Negro, pobre e filho de lavadeira,Que com sua bela poesiaAcabou sendo fundador da Academia Brasileira.

Contudo, a poesia sobrevive da mais pura emoção.Às vezes, solta aqui dentro;Outras vezes, trancada lá fora,Como adorno do céu ou começo da mais linda aurora.

ROGÉRIO Biriba de Oliveira - 1S SGS (3º/1º GCC)

Brancas nuvens Hygino Lima ROLIM - Ten Cel Av (DECEA)

LiteralmenteFalando

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SUSTENTAÇÃO PARA O CRESCIMENTO

DA DOUTRINA SAR

Primeiro Curso Básico sobre

Busca e Salvamento

A Divisão de Busca e Salvamento (D-SAR), subordinada ao Subdepar-tamento de Operações do DECEA, deu mais um importante passo para a formação e capacitação de elos ou “parceiros” do Sistema SAR Aeronáutico, com a realização, na semana de 14 a 18 de março deste ano, do Primeiro Curso Básico sobre Busca e Salvamento (SAR005).

Realizado integralmente no audi-tório do DECEA, o Curso teve carga horária de 35 tempos, abordando conhecimentos específicos.

Os assuntos apresentados foram: A Organização de Aviação Civil Internacional (ICAO); O Sistema SAR Aeronáutico (SISSAR); A Legis-lação SAR, a Origem, a Estrutura e a Doutrina SAR; A Organização e Deveres do Pessoal do Centro de Coordenação de Salvamento (RCC); O Sistema Internacional de Busca e Salvamento por Rastreamento de Satélites (COSPAS-SARSAT); O Sis-tema de Assistência Mútua para Sal-vamento de Embarcações (AMVER); O Sistema de Cooperação entre as Forças Aéreas Americanas (SICOFAA); Os Postos de Alerta; Os Planos Regional, Nacional e de Operações SAR; e O Manual Inter-nacional de Busca e Salvamento Aeronáutico e Marítimo (IAMSAR) - com detalhamento do conteúdo do volume III (Meios Móveis): o coorde-nador de missão SAR (SMC), o coor-denador SAR na cena (OSC) e o coordenador de aeronaves (ACO).

O curso teve a participação de instrutores, oficiais e graduados, da D-SAR, além de contar com a especial participação de um ofi-cial superior do Estado-Maior da Aeronáutica, oficial de enlace do SICOFAA.

Os 30 alunos, oriundos da pró-pria D-SAR e dos cinco Centros de Coordenação de Salvamento (RCC), entre oficiais e gra- duados, adquiriram os conhecimentos necessários para irradiarem os ensi-namentos SAR na

área de jurisdição de seus órgãos regionais, já que o curso básico SAR se destina, especificamente, a todo e qualquer ser humano que possa contribuir como posto de alerta e auxiliar o serviço de busca e salva-mento em qualquer tipo de evento SAR, aumentando, dessa forma, sig-nificativamente, o alcance do Sis-tema SAR aeronáutico brasileiro.

Na cerimônia de encerramento, foi homenageado, com entrega de placa alusiva, o SO BCT Louzada Marques da Costa, um dos baluar-tes do extinto SALVAERO RIO, por ter passado para a Reserva Remu-nerada da Força Aérea Brasileira.

Na oportunidade, também foi rea-lizada a entrega de um certificado, com os agradecimentos da Família

SAR Aeronáutica pelos relevantes serviços prestados e pelo término de seu compromisso militar de servir à Pátria, ao S2 SSG Rafael Costa de Moraes.

O curso básico SAR p re tende ser a base de susten-tação para o cresci-mento da d o u t r i n a SAR, onde salvar vi- das encontra-se acima dos próprios interesses dos membros da Família SAR Aeronáutica, para que outros possam viver.

A primeira turma, composta de 30 alunos, vai irradiar os ensinamentos SAR

O Assessor SAR do DECEA, Ten Cel Esp CTA R1 Sampaio, ministrando palestra para os alunos

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Após o recente período de crise, que costuma ter o seu início associado aos trágicos eventos do 11 de setembro de 2001, segundo os indicadores correntes a aviação civil parece ter, afortunadamente, retomado rumos mais felizes. Ainda que seja prematuro afirmar que os céus voltaram ser de “brigadeiro”, notícias alvis-sareiras já constituem rotina nos diversos meios de comunicação, aqui e alhures.

Assim, entre muitas de teor semelhante, a nota de 1ª página da Gazeta Mercantil, ao lado reproduzida, foi logo seguida de outra, sob o título pomposo de “RECORDE INTERNACIONAL”, publicada pela Aerobu-siness em 04/01/2005: “A Infraero divulgou números de um novo recorde nos aeroportos sob a sua gestão. Segundo a estatal, 5.557.296 passageiros vindos do exterior desembarcaram no país entre janeiro e novem-bro (de 2004). Esse número já é um recorde, maior que os 5.502.966 passageiros provenientes de outros países desembarcados no mesmo período de 1998”.

E esta comparação nos remete a um passado não muito remoto, embora poucos integrantes do SISCEAB hão de lembrar-se que, em 1998, foi aprovada a pri-meira versão da concepção operacional do que mais tarde veio a ser o Centro de Gerenciamento da Nave-gação Aérea, isto é, o CGNA. O fator determinante para esta concepção? O crescimento da atividade aero-náutica em nossos aeroportos e espaço aéreo, rápido e surpreendente, naquela época. Tão surpreendente que a demanda por serviços logo ultrapassou a capa-cidade instalada, gerando filas, atrasos cada vez maio-res, grande insatisfação dos usuários, prejuízos e, do nosso lado, uma certa dúvida sobre até quando a segu-rança das operações poderia ser assegurada, em níveis compatíveis com a nossa tradição, de segurança da aviação bem acima da média mundial.

Conforme sabemos, a situação de então exigiu a adoção até de medidas de controle da demanda, caracterizadas de maneira mais visível pelos “slots” para operação em Congonhas, inicialmente, mais tarde seguidos pelos “slots” no Santos-Dumont. Muitas maté-rias foram publicadas a respeito, inclusive na Aeroes-paço, de maneira que os interessados em mais detalhes desta história não terão dificuldades para resgatá-la, se for o caso. Por outro lado, ficou evidente que os “slots”, reprimindo a demanda, nada mais eram do

14 AEROESPAÇO

Por ENO Siewerdt,Maj Esp CTA R1O autor serviu no IPV (Instituto deProteção ao Vôo), hoje ICEA(Instituto de Controle do Espaço Aéreo), até o início de 2001.Em 2002 foi coordenadorinternacional da OACI (Organização de Aviação Civil Internacional)no projeto de reorganizaçãointegral do espaço aéreo centro-americano, com a COCESNA(Corporação Centro-americanade Navegação Aérea).

“O presidente da companhia prevê que o mercado crescerá

10% em 2005. Com média mensal de 1 milhão de

passageiros transportados, nunca alcançada antes,

a TAM confirmou as entregas de cinco aviões em 2005”.

(Gazeta Mercantil - 20-12-2004 - 1ª página).

Rotas Preferenciais

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15AEROESPAÇO

que “um mal necessário” para evitar a potencialmente perigosa sobrecarga do sistema. A partir da citada Concepção Operacio-nal, outras medidas menos restri-tivas foram sendo amadurecidas, prioritariamente, segundo o prin-cípio do aumento da capacidade para acolher toda a demanda, desde que com relação custo/ benefício favorável.

A crise da aviação iniciada em 2001 reverteu a demanda e até mesmo os “slots” perderam a sua razão de ser, primeiro no San-tos-Dumont e depois em Con-gonhas. Porém, parece que logo será chegada a hora do seu retorno. Também se vive a expec-tativa do aumento da capacidade do espaço aéreo onde, além dos ganhos obtidos da implanta-ção do RVSM (Separação Vertical Mínima Reduzida) efetivada em janeiro último, se espera signifi-cativos ganhos através de novos procedimentos, que incluem, inter alia, a viabilização das rotas pre-ferenciais dos usuários.

Conforme o critério predomi-nante, três tipos de Rotas Preferen-ciais dos Usuários (RPU) podem ser definidas:

• RPU de mínimo tempo de .......vôo;

• RPU de mínimo custo; e• RPU de mínimo consumo de

combustível.Mudanças à trajetória de vôo

em uma rota preferencial do usuário, em princípio, só deve-riam ser requeridas para solucio-nar riscos de colisão e deveriam implicar em um desvio mínimo da RPU. Isto se concretiza mediante

alterações em uma ou mais das quatro dimensões de uma traje-tória de vôo.

Pequenas mudanças laterais numa trajetória de vôo apresen-tam um impacto quase insigni-ficante numa RPU de mínimo tempo de vôo ou RPU de mínimo custo. Alterações longitudinais na trajetória de vôo são obtidas mediante ajustes de velocidade e podem impactar bastante, tanto as RPU de mínimo consumo de combustível como as RPU de mínimo tempo de vôo. Por último, uma alteração de nível de vôo implica, geralmente, no impacto mais adverso em qualquer RPU, sendo particularmente cruel se esta trajetória for baseada no critério do mínimo consumo de combustível.

Certamente, a retomada do crescimento da atividade aero-náutica em nosso País, conforme exposto no início deste artigo, trará consigo a necessidade de reagir com respostas adequa-das, tal como experimentamos em meados da década de 90 do século passado. O CGNA, a rigor, fruto daquela crise de crescimento da demanda em ritmo ”surpreendente”, hoje, sem dúvida, está preparado para as tempestivas e rotineiras análi-ses de demanda e capacidade, entre outras funções. O aumento da capacidade, onde e quando requerido consoante essas aná-lises, envolverá o sistema como um todo.

Finalizando, vale ainda citar a IATA que, em 1º de fevereiro de 2005, assim expressou-se sobre

a recuperação do Mercado Aero-náutico: “Fenomenal” (Internatio-nal air passenger traffic staged a “phenomenal” recovery in 2004 to grow by 15.3 per cent from 2003 figures, the chief airline industry association said on Monday - O índice de crescimento de passa-geiros de transporte aéreo inter-nacional, registrado em 2004, atingiu valores fenomenais de 15.3% em relação ao ocorrido em 2003, segundo declarações do dirigente de uma importante associação de companhias de transporte aéreo na segunda-feira).

A meta, agora, é transformar crescimento do número de pas-sageiros transportados em lucra-tividade das empresas.

Portanto, na hipótese do cres-cimento anunciado se revelar consistente e sustentável também entre nós (oxalá!), então um dos grandes desafios consistirá em assegurar que o gerenciamento de tráfego aéreo acomode a demanda até os seus limites máxi-mos, de maneira segura, econô-mica e eficiente.

Com este objetivo, uma das medidas possíveis consistirá na viabilização das rotas preferen-ciais dos usuários e que, con-forme veremos em um próximo artigo sobre este tema, envol-verá tanto o CGNA como os órgãos de Controle de Tráfego Aéreo e, obviamente, também demandará o uso de novos meios e recursos automatizados de gestão do tráfego aéreo.

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A comemoração do 22º Ani-versário do Instituto de Car-tografia Aeronáutica (ICA) foi realizada no dia 10 de maio, no pátio do GEIV, contou com as presenças do Diretor-Geral do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), Ten Brig Ar José Américo dos Santos; do Diretor do ICA, Cel Eng José Carlos Rodrigues; de Oficiais-Generais da Marinha, Exército e Aeronáutica, e demais autori-dades civis e militares.

Após a execução do Hino Nacional, o Diretor do ICA entregou uma lembrança à Maj QFO Arquiteta Lyette Christina Beckmann Monteiro, por sua promoção no critério de mere-cimento.

Em seguida, foram entregues os Distintivos de Conclusão do Curso de Aperfeiçoamento de Sargentos para os 1S: Ciro Augusto dos Santos; Francisco Carlos de Gusmão Queiroz; Jorge Wellington dos Santos Oliveira; José Alberto de Oli-veira; Márcio Luiz Guedes da Silva; Marcos Guedes da Silva; Marcus Ribeiro do Val; Nelson Carneiro de Freitas; Nilton Fer-reira de Souza; Paulo Miranda D’Oliveira Pinto; Roberto Tei-xeira Alves; e Sérgio Monteiro de Lima.

Dando continuidade ao evento, o Cel Rodrigues ressal-tou a importância das ativida-des executadas pelo efetivo do Instituto:

“O ato de voar requer do aeronavegante uma longa e

precisa série de informações, as quais, consubstanciadas nas Cartas Aeronáuticas, possibili-tam auxiliá-lo na execução de seus procedimentos, com a total eficiência e segurança exigidas. Decorrente deste fato exposto, surge a importância do Insti-tuto de Cartografia Aeronáu-tica (ICA), como o Órgão provedor, gerenciador e forne-cedor dos documentos carto-gráficos sustentáculos dos vôos no âmbito do espaço aéreo, constituindo-se, por esta razão, em uma componente funda-mental dos Sistemas de Con-trole do Espaço Aéreo e de Defesa Aérea da Nação Brasi-leira.”

Finalizando a solenidade militar, o Ten Brig do Ar José Américo fez um discurso de improviso, pois assim, segundo ele, “as palavras brotam do coração”.

Prosseguindo, disse: “Esta é uma data muito especial. Eu me lembro quando eu era Tenente e pela primeira vez fiz um pouso internacional em local não pre-visto. O local estava errado, mas a carta estava correta. Eu estava dentro de condições meteorológicas muito severas e escolhi um lugar para pousar num dos países limítrofes do nosso. Eu tinha certeza onde estava pousando porque estava apoiado numa carta aeronáutica, àquela época ainda produzida por uma das divisões da nossa Diretoria de Eletrônica e Proteção ao Vôo.

“Nas minhas sete mil horas de vôo, a minha companheira inseparável sempre foi uma publicação do nosso Instituto de Cartografia e sempre esti-vemos apoiados nestas cartas, nestas publicações.

“Assim é que, nesta data, nós temos um prazer muito grande de agradecer o esforço desta equipe de 213 civis e militares que nem chegam a alcançar 2% do universo do nosso Sis-tema, mas que produzem um trabalho que nós todos esta-mos acostumados a manusear.

“Além disso, esse trabalho sempre é complementado pelas atividades realizadas pela nossa Marinha do Brasil e pelo nosso Exército Brasileiro.

“O Instituto é responsável por diversas publicações que consubstanciam e dão garantia à posição de destaque que a Aeronáutica e o País possuem na comunidade internacional”.

Concluindo seu discurso, o Ten Brig José Américo decla-rou: “São essas publicações que dão a garantia e mantém o nosso País no primeiro grupo dos países mais avançados. Eu tenho certeza absoluta que isto só foi alcançado graças ao tra-balho dos senhores que estão aqui perfilados e formados.

“Neste momento, em nome do Excelentíssimo Senhor Comandante da Aeronáutica, eu tenho o prazer de trazer a nossa gratidão pelo excelente trabalho realizado”.

ICAcomemora 22º aniversário

16 AEROESPAÇO

O Diretor-Geral do DECEA parabeniza o Diretor do ICA pelo aniversário

CINDACTA I realiza estágio paraComandantes deDestacamentos

Sob a orientação da Seção de Coordenação dos Destacamentos (SCDT), o Primeiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA I) realizou o 1º Estágio para os Comandantes dos Destacamentos de Controle do Espaço Aéreo (DTCEA) subordinados, bem como para os Comandantes dos DTCEA de Confins, Lagoa Santa, Pirassununga e Barbacena, que serão absorvidos por ele.

O Estágio foi realizados em três dias, de 13 a 15 de abril. No dia da abertura, o Comandante do CINDACTA I, Cel Av Paulo Gerarde Mattos Araújo, agradeceu a presença dos participantes e enfatizou a importância do evento.

Diversas palestras, acerca das atividades técni-cas, operacionais e administrativas da Organiza-ção, bem como de caráter informativo e instrutivo relacionadas a crimes militares, auto de prisão em flagrante e legislação sobre áreas de pre-servação ambiental, foram ministradas durante o Estágio, que visou a integração dos novos coman-dantes dos Destacamentos que estão sendo incor-porados.

O Estágio integrou todos os comandantes dos Destacamentos subordinados

O evento contou com palestras acerca das atividades afins

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TORDEFAE 2005

O Terceiro Esquadrão do Primeiro Grupo de Comunicações (3°/1° GCC) - Esquadrão Morcego - sagrou-se campeão no TORDEFAE 2005 (Torneio de Defesa Aérea), realizado na Base Aérea de Santa Cruz, no período de 14 a 22 de abril. O Comandante da Base Aérea de Natal (BANT), Cel Av Slavez e o Comandante do Esquadrão Morcego, Maj Av Gouveia, aguarda-ram a chegada dos vitoriosos que regressaram a bordo das aeronaves AT-26 do Esquadrão Pacau.O Torneio aconteceu durante a Reunião de Aviação de Caça de 2005

(RAC-2005) e teve o objetivo de avaliar o desempenho das Unidades Aéreas de Caça e dos Órgãos de Controle de Operações Aéreas Milita-res (OCOAM), nas condições mais próximas de uma missão real, com o aprimoramento de técnicas e táticas de emprego, bem como a troca de experiências entre pilotos e controladores, comprovando a operacio-nalidade e o entrosamento entre as equipes.É a terceira vez que o esquadrão participa do torneio. Com o tempo

de dez minutos e 41 segundos e competindo com outros oito Órgãos, numa disputa acirrada, definida nos detalhes, o 3°/1° GCC foi o ganhador na categoria OCOAM.A equipe, composta pelo Chefe de Controlador Cap Av Sidnei, Aju-

dante de Chefe de Controlador SO BCT Holmes e Controlador de Ope-rações Aéreas Militares 2S BCT Cleyton, demonstrou entrosamento e espírito competitivo durante o desempenho das funções na sala de operações, montada em um shelter inflável do 1°/1° GCC - Esquadrão Profeta.A principal missão do Esquadrão Morcego é o Controle de Terminal e

a Aproximação Radar de Precisão. A conquista desse Torneio, específico em Defesa Aérea, é, para o Esquadrão, não só uma grande vitória, como também a representação de possuir uma equipe completa e coesa.Ao se dirigir aos militares do Esquadrão pela conquista, o Maj

Gouveia destacou o treinamento, a determinação e a confiança como chaves para bons resultados, ressaltando: “A vitória só acompanha os homens que, com competência, aproveitam todas as oportunidades. Orgulho-me de fazer parte deste time, que faz das dificuldades um aprendizado e que supera seus limites com trabalho comprometido. A vitória trazida pelos nossos companheiros é, sem dúvida, de todos nós. Parabéns, companheiros Morcegos!”.Missão cumprida... Regresso seguro! No palanque, os heróis da Caça e o Diretor do PAME, Cel Conti

O Parque de Material de Eletrônica da Aeronáutica do Rio de Janeiro (PAME), em 27 de abril de 2005, recebeu a visita 1° Grupo de Aviação de Caça, que lutou na Segunda Guerra Mundial. Na ocasião foi exibido o filme “Senta a Púa”, que conta a saga destes ilustres militares durante a campanha nos campos de batalha italianos.

A visita foi iniciada com uma formatura geral que, além de homenagear os ex-combatentes, contemplou a leitura da Ordem do Dia alusiva ao Dia da Aviação de Caça (22 de abril).

A exibição do filme despertou a admiração do público pelos veteranos e respeito por seus grandiosos feitos. O efetivo do PAME sentiu-se muito honrado com a visita destes verdadeiros heróis de guerra.

Muitas histórias ocorridas durante os combates em território italiano foram retratadas, ora de forma feliz, outras nem tanto. Os veteranos se emocionaram, provavelmente lembrando daqueles duros momentos vividos na guerra, demonstrando a garra e a vontade do povo brasileiro, ali representado por eles. O sentimento de patriotismo e o orgulho de ser brasileiro con-tagiou o auditório.

Após o filme, ocorreu um debate informal entre o efetivo e os veteranos, onde foram sanadas curiosidades contadas pelos próprios protagonistas do filme.

“Iniciamos nossa campanha desacreditados, entretanto os feitos conseguidos pelo povo brasileiro, representado pelos ex-combatentes, superaram as expectativas. A cada batalha a con-fiança em nossa Força Aérea aumentava exponencialmente, a ponto de sermos condecorados com a comenda Presidential Unit Citation (USAF), honraria recebida, além de nós, somente pela RAF” – citou o Brigadeiro Rui Moreira Lima, durante o debate.

A canção “Carnaval em Veneza”, adotada pelo Senta a Púa durante os combates na Itália, foi cantada por todos presentes, de pé; e de maneira muito vibrante, emocionando os veteranos da Segunda Grande Guerra.

Esquadrão Morcego é campeão

O regresso seguro do campeão

História dos Veteranos do1º Grupo de Aviação de Caça emociona o efetivo do PAME

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O Destacamento e suas PeculiaridadesO Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Santa Teresa

(DTCEA-STA) foi fundado em 23 de novembro de 1989 com a denomi-nação de Destacamento de Proteção do Vôo, Detecção e Telecomuni-cações de Santa Teresa (DPV-DT 34). Com a criação do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), recebeu a atual denominação.

A missão principal do DTCEA-STA é operar e manter os equipamentos de detecção e telecomunicações instalados no sítio e, para isto, conta com um efetivo altamente qualificado, que se atualiza constantemente em busca de aperfeiçoamento.

O ComandanteO atual Comandante do

DTCEA-STA é o Capitão QOEA COM José Cícero Rocha de Almeida. O Cap Rocha é praça de 01 de março de 1971 e foi promo-vido ao atual posto em 25 de dezembro de 2002.

Alagoano de Maceió, casado, Rocha tem 52 anos, é veterano em Destacamen-

tos, pois já serviu em vários deles. Possui cursos nas áreas de Administra-ção de Recursos Humanos, Comunicação Social, Polícia Judiciária Militar e Inteligência e é, também, formado em Biologia. Possui as seguintes meda-lhas: Militar de Ouro, Bartolomeu de Gusmão, Santos-Dumont e a Ordem do Mérito Aeronáutico.

No meio civil, recebeu diversas comendas nos lugares onde serviu, destacando-se o Título de Cidadão Aragarcense, na cidade de Aragar-ças, Goiás.

O EfetivoO DTCEA-STA conta atual-

mente com 53 militares e um funcionário civil. Esse efetivo se distribui em diversas ativi-dades. A atividade-fim, que é a detecção e as telecomuni-cações, conta com efetivo de nove graduados da especiali-dade de Eletrônica.

A atividade-meio, que são as atividades de apoio, conta com diversos profissionais de Eletricidade, Eletromecânica, Administra-ção, Segurança, Suprimento, Saúde e outras que se fazem necessárias. O único civil do Destacamento, que é uma mulher, responde pela parte administrativa dos consultórios.

O Enlace do DestacamentoO sistema do Primeiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle

do Tráfego Aéreo (CINDACTA I) é formado pelo recebimento de todas as informações enviadas pelos radares que fazem parte da sua jurisdi-ção, tornando, assim, cada radar uma peça de enlace que deve estar associada às demais peças para formarem um sistema.

Quando uma dessas peças não funciona, as demais, por estarem em posições estratégicas, suprem a ausência através da rede de enlace for-mada no CINDACTA I.

O radar de Santa Teresa está localizado no Centro/Sul do Estado do Espírito Santo, colocando-o, assim, em uma posição estratégica em relação ao Rio de Janeiro, pois o alcance radar de 200 Nm (aproxi-madamente 400 km), traz uma cobertura efetiva de quase todo o terri-tório carioca, permanecendo apenas o extremo sul deste Estado sem a cobertura do Radar.

Com esta característica, o Estado do Rio de Janeiro passa a contar, não apenas com a funcionalidade do Radar localizado em suas terras, mas - também - com a sua operacionalidade.

A Revitalização do Radar TRS 2230O processo de revitalização é muito mais sofisticado do que o de

instalação de um novo equipamento em substituição de outro. Na insta-lação retira-se a tecnologia ultrapassada e coloca-se a nova. Já na revi-talização, deve-se transformar a tecnologia ultrapassada em uma nova, mantendo as funcionalidades da antiga tecnologia e acrescentando novas. Trata-se de transformar o velho em novo.

O processo de revitalização é estudado previamente em laboratório, antes de ser complementado. Porém, por se tratar de situação ímpar, a primeira revitalização torna-se um verdadeiro laboratório em campo, onde são abertas novas portas para as demais modernizações, facili-tando sua realização através de um planejamento, agora, não apenas teórico, mas também prático, devido à experiência adquirida na primeira revitalização.

Além disso tudo, torna-se o marco evolutivo de um sistema que, de forma alguma, pode ficar ultrapassado e obsoleto.

A Vila Habitacional O Destacamento dista aproximadamente 12 km do centro da cidade

e cerca de 15 km da vila residencial. A estrada é boa, porém muito sinu-osa, o que requer bastante cuidado por parte dos motoristas.

O DTCEA-STA conta com uma moderna vila habitacional que é deno-minada Conjunto Habitacional da Aeronáutica e conhecida como C.H.A. Essa vila conta com dois blocos de apartamentos, sendo um bloco des-tinado a Suboficiais e Sargentos, com 12 apartamentos e outro, a Cabos e Taifeiros com seis apartamentos.

Existe, ainda, uma casa, que é destinada à residência do Comandante do Destacamento.

Há, ainda, um playground e um espaço recreativo para o lazer dos moradores.

Conhecendo o DTCEA

Santa Teresa-ES

Cap Rocha

Um sargento em sua estação de trabalho

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A vila, que fica distante cerca de 3 km do centro da cidade de Santa Teresa, na Rodovia Josil Espíndola Agostini (que é a saída para Vitória), hoje é ocupada por 14 famílias.

A distância entre Santa Teresa e Vitória (capital do Estado) é de, apro-ximadamente, 90 km.

O DTCEA-STA não dispõe de Hotel de Trânsito. Porém, a cidade de Santa Teresa oferece boas acomodações para os visitantes. Existem vários hotéis e pousadas, alguns com preços bem populares.

A Saúde O efetivo conta com

a assistência médica rea-lizada pela 2ª Tenente QOCON GOB Patrícia Rosa da Silva. Há também o convênio com o Hospital Metropolitano em Vitória. Já a assistên-cia odontológica é de responsabilidade da 2ª Tenente QOCON DENT Lívia Santana de Oliveira. Seu consultório está em fase de montagem no Conjunto Habitacional da Aeronáutica.

A assistência médica na cidade ainda se ressente da falta de vários profissionais de especialidades médicas mais sofisticadas.

Um fator que influi negativamente no custo de vida é o deslocamento para Vitória para atendimento médico. Como o convênio médico é com um hospital em Vitória, o militar tem que se deslocar toda vez que vai à uma consulta. Como a distância é de aproximadamente 90 km, totali-zando 180 km ida e volta, fica muito oneroso o atendimento

A Sociedade TeresenseA Aeronáutica tem uma excelente imagem na sociedade local, sendo

o DTCEA-STA, ou RADAR, como é mais conhecido, motivo de orgulho do povo teresense.

A maioria dos soldados é de origem local e os demais graduados se integram harmonicamente na cultura regional.

As famílias dos militares se relacionam muito bem e existe um clima de respeito mútuo que faz com que os integrantes do DTCEA-STA se tornem uma grande família.

A Vida Social em Santa TeresaSanta Teresa foi, inicialmente, colonizada por imigrantes italianos, cujos

descendentes são a maioria na região, tendo depois recebido imigrantes de outros países europeus, como Alemanha, Polônia, Holanda e Áustria.

Anualmente, ocorrem várias festas que relembram a imigração inicial, sendo a mais destacada a festa do Imigrante Italiano.

A cidade oferece uma vida tranqüila, sendo essa a sua maior atração.

Existem alguns bares e restaurantes, mas o forte atrativo é a natureza e a tranqüilidade do lugar. O nível de violência é praticamente zero e são raras as ocorrências policiais.

Em Santa Teresa existe o Museu de Biologia Professor Mello Leitão, onde são preservadas várias espécies da fauna e flora da Mata Atlântica.

A cidade oferece algumas reservas ecológicas, onde o visitante pode ter contato e apreciar vários aspectos da natureza e da exuberante Mata Atlântica.

O filho mais ilustre de Santa Teresa é o cientista Augusto Ruschi, famoso por suas pesquisas com beija-flores. Aliás, o beija-flor é o símbolo da cidade e também do DTCEA-STA, que o adotou no seu Distintivo.

Os beija-flores são uma constante na região, onde rara é a casa que não possui um potinho com água açucarada para alimentá-los.

A cidade de Santa Teresa possui mais de duas mil espécies de beija-flores, em vir-tude do clima de montanha e varieda-des de espécie de flores de sua Mata Atlântica.

No Museu de Bio-logia Professor Mello Leitão existe um local exclusivo para alimen-tação desses pássaros que formam verdadeiras nuvens em volta dos alimentadores, fazendo um espetáculo belíssimo de um balé aéreo.

Devido a quantidade de beija-flores, a cidade é conhecida como a “Terra dos Colibris”.

O ComércioA cidade, por ser pequena, apresenta um comércio incipiente, o que

obriga os moradores a fazer compras em outras cidades maiores, nota-damente Vitória e Vila Velha.

O Custo de VidaSanta Teresa tem um custo de vida acima da média, porém alguns itens

são relativamente baratos. Os mais caros são roupas, calçados e eletro-eletrônicos, mas estes artigos podem ser adquiridos em Vitória. O que pesa mais é o aluguel – o que não atinge o nosso efetivo, pois a vila atende a demanda.

O Clima

Por estar situada na região serrana do Espírito Santo, em meio à Mata Atlântica, a cidade possui um clima tropical de altitude que se traduz como um clima frio, com alto índice de umidade e chuvas bem distribuídas.

O conjunto habitacional conta com um espaço recreativo Vista área da cidade de Santa Teresa

O consultório odontológico está em fase de montagem

Santa Teresa é a “Terra dos Colibris”

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Quem é?

1S CelsoFigueiredo

O Sargento Especialista em Controle de Trá-fego Aéreo (1S BCT) Celso Luis do Couto Figuei-redo, em 23 de setembro de 2004, foi agraciado com o prêmio “French Aeronautics Space Indus-try Award (FASIA)” pelo Institut Aéronautique et Spatial – IAS (Instituto de Aeronáutica e Espaço), na cidade de Toulouse, França. O prêmio, con-cedido a 40 estudantes selecionados mundial-mente, foi um reconhecimento pelo seu talento, seus méritos e suas qualidades profissionais.

Celso Figueiredo concluiu o curso “Mastère Specialisé” no IAS, com especialização em Ope-rações Aeronáuticas e Gestão de Tráfego Aéreo – ATM. O curso foi concluído em dezembro de 2004, na ENAC (École Nationale de L’Aviation Civile), em Toulouse, França. Esta pós-graduação foi fruto de uma cooperação internacional entre o IAS e diversos países, entre eles o Brasil.

Os candidatos passaram por um processo de seleção do próprio Instituto e do Conselho Nacio-nal de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que foi o responsável pela bolsa de estu-dos. Foi um processo demorado e exigiu que os candidatos preenchessem vários requisitos, entre eles, a proficiência no idioma francês e um plano de trabalho com um assunto de relevância para o País. Na ocasião, entre alguns candidatos, o CNPq e o IAS aprovaram a ida de dois brasilei-ros, cujos planos de trabalho cumpriam com os requisitos. Além de Celso, outro companheiro, o Eng Josemar Câmara, do CTA/IAE, foi selecio-nado.

O foco do projeto do Sargento Figueiredo foi uma análise comparativa entre as atividades rela-cionadas ao ATM, principalmente as aplicadas na Europa, e o que o Brasil vem desenvolvendo nesta área, com ênfase no ATFM (gerenciamento

de fluxo de tráfego aéreo). Ao término do “Mas-tère”, apresenta-se uma “soutenance”, seme-lhante a uma defesa de tese, onde ele abordou a “Interoperability”, um projeto ATM Franco-Ita-liano, para implantação no espaço aéreo euro-peu dentro de alguns anos.

Após o término do curso, Celso teve a oportu-nidade de realizar mais um curso no Eurocontrol, em Luxemburgo, sobre ATFM e suas principais características como sistema indispensável para a melhoria dos serviços prestados pelo ATC. Além deste, dois outros cursos realizados nos EUA inte-gram a sua formação em ATFM.

Em 2002 deu início ao Mestrado no Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA). Em função de sua ida para a França, interrompeu em 2003, retornando agora em 2005. Diz que já está apto a defendê-la, bastando apenas mais algu-mas revisões em função do tempo que esteve na ENAC. O título vem sofrendo algumas altera-ções, contudo o assunto aborda a avaliação de um sistema que garantirá uma maior eficiência do ATC.

Na sua volta, quando se apresentou ao DECEA, foi designado para a D-ATM (ATM-3, Procedimentos), uma divisão de excelência que reúne profissionais excepcionais. “Tive uma exce-lente recepção, até porque os integrantes da divi-são eram antigos companheiros”, afirma Celso.

Na divisão, além de trabalhar na preparação de alguns pareceres, em conjunto com os ofi-ciais especialistas em tráfego aéreo (instalação de auxílios à navegação, avaliação de áreas de proteção, procedimentos etc.), era membro dos GTs que tratavam, respectivamente, do programa de implementação do CGNA e da implantação do sistema ADS/CPDLC no ACC Atlântico. Sobre

o seu novo trabalho, Figueiredo diz que “é uma divisão muito dinâmica e a parceria com outras divisões enriquece sobremaneira a nossa experi-ência profissional e a condução dos trabalhos.”

“A classificação no Rio de Janeiro, após o meu curso, foi com o intuito de auxiliar no processo de transferência do Centro para o Rio de Janeiro. Aguardo uma definição do cronograma de trans-ferência do CGNA para o Rio. Posteriormente, serão definidas as minhas atividades como espe-cialista em gerenciamento de fluxo de tráfego aéreo. Atualmente, presto serviço no DTCEA-GL para manter a operacionalidade e realizar uma antiga aspiração de atuar como controlador naquele órgão”, declara Celso.

Natural do Rio de Janeiro e com 42 anos, Celso Figueiredo foi criado na Ilha do Gover-nador. É casado com a terapeuta ocupacional Débora de Oliveira do Couto Figueiredo, com quem tem três filhos: Luís Pedro (15), Frederico (13) e Letícia (9).

Celso não se cansa de dizer que sua esposa foi o principal suporte para a realização do seu curso na França.

Antes de seguir para a França, ele fez um curso de francês individual. Tinha apenas três meses para aprender a língua. Eram quatro horas e meia de curso por semana. Ele alugava fitas, ouvia rádios e TVs francesas para assimilar mais rápido. E Debora, sempre resolvendo tudo, o que permitiu que ele se dedicasse aos estudos da língua.

“Quando lá chegamos, ainda encontrando algumas dificuldades no início do “Mastère”, a minha dedicação foi intensa e só foi possível porque a Débora me disse: - Agora está tudo comigo. Você está livre para estudar!”

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E realmente ficou livre, pois não acompanhava muito as rotinas de casa. A jornada na ENAC era longa e cansativa (provas semanais, eventu-almente, um intervalo de duas semanas). Mas não tinha absolutamente nada com o que me preocupar. Ela estava sempre lá. Poderiam ser em reuniões escolares das crianças, médicos, super-mercados etc. Tudo isso com um aprendizado relâmpago do idioma, realizado por ela em um curso no próprio IAS.

Com 24 anos de serviço na FAB, o 1S Figuei-redo conta que a história de seu ingresso na FAB começou ainda como criança. Morava perto da Base Aérea do Galeão e tinha parentes que foram militares da Aeronáutica, hoje na reserva. Grande e salutar influência. Como não podia ser diferente, entrou para a EPCAR (Escola Preparató-ria de Cadetes do Ar) em 1980, na Turma Falcão. Infelizmente, desligado em inspeção de saúde realizada na própria Escola, a dois meses da formatura em 1982. Completou o curso, porém não seguiu para a Academia da Força Aérea (AFA). Um ano e meio depois, entrava na EEAr (Escola de Especialistas de Aeronáutica) e se formou como Con-trolador de Tráfego Aéreo, em julho de 1986.

Alguns anos após, com a intenção de realizar um antigo sonho, fez nova ins-peção de saúde no Centro de Medicina Aeroespacial (CEMAL), no Rio de Janeiro, e, desta vez, foi considerado apto a fazer o curso de piloto privado. Atualmente possui uma licença de piloto concedida pelo DGAC francês, obtida durante a sua permanência no exterior, que o habilita a voar em toda a comunidade européia.

Após o curso na EEAr, foi classificado em Brasília, no CINDACTA I, para atuar como controlador de tráfego aéreo no ACC-BS.

Posteriormente, em 1990, na mesma função, no CINDACTA III (TWR-RF, APP-RF, ACC-RE e no CPD) e, em seguida, em 1996, no IPV (atual ICEA), para iniciar as atividades, no então NuATFM, desde a sua criação como especialista em geren-ciamento de fluxo.

De São José dos Campos para a ENAC, em 2003, e agora no DECEA, desde Janeiro de 2005.

“Pilotar ‘Papa Tangos’ é minha paixão. Gosto muito da companhia dos amigos e os finais de semana têm sido preenchidos por pequenas reu-niões em nossa casa. É assim que gosto de passar os momentos de lazer”.

Celso Figueiredo é graduado em Análise de Sistemas pela Universidade de Taubaté. Fala inglês e francês fluentemente e tem dois artigos internacionais publicados:

• ATRS Seminar (Air Transport Research Society),

2003, “Technical Analysis of restructuring model for airline mergers: impact for customers”, Tou-louse, França, pelo ITA, orientador Prof Dr. Protó-genes Pires Porto;

• XII Congresso Pan-americano de Engenha-ria de Transporte, 2002, “Novas Tecnologias para Preservar a Capacidade do Espaço Aéreo ATZ sob Condições Meteorológicas Degrada-das”, Quito, Equador, pelo ITA, orientador Prof Dr. Protógenes Pires Porto.

Mas tudo isso não basta. Além de aplicar os conhecimentos adquiridos nesses últimos anos, após o término do ITA, ele tem um forte desejo de realizar um doutorado, ainda na área ATM, sendo que esta formação poderia contribuir para uma melhor capacitação profissional.

Ele acredita que necessitamos, além de uma continuidade na gestão das atividades relaciona-das ao ATM, de profissionais que possam traba-lhar nas especificações de atuais e novos projetos

que são de vital importância para a consolidação da soberania brasileira na região CARSAM.

“A busca pelo conhecimento é uma virtude e ao alcance de todos, contudo a preparação caminha junto com a oportunidade”, filosofa nosso sargento.

A vida na França também foi importante para Débora. Ela formou um grupo com as esposas dos outros alunos (naturais do Nepal, Indonésia, Índia, Paquistão, Malásia, Taiwan etc.). Ela falava em inglês e francês e fazia amizade com todas as mulheres. Procurava integração com todas. Ela conseguiu uma sala no IAS para promover encontros e cursos. Dava aula de artesanato, pintura etc. Como terapeuta ocupacional, ela

deu vida social às mulheres que estavam apaga-das, apenas esperando os maridos voltarem da escola. “Se as mulheres ficarem bem, os mari-dos também ficarão, aumentando o rendimento escolar”, justificou Débora junto a um diretor do IAS para a aquisição da sala.

A convivência no IAS foi tão agradável que – no dia da volta ao Brasil – da zeladora ao Dire-tor-Geral, M. Hervé Schwindenhammer, todos foram se despedir deles, com uma festa.

Celso afirma que seus valores foram mudados após o nascimento da filha Letícia, que é porta-dora da síndrome de Apert, uma anomalia gené-tica que ocorre em, aproximadamente, um para 160.000 a 200.000 nascidos vivos.

Com a finalidade de criar um grupo de apoio a pais de Apert e profissionais ligados a portadores da síndrome, ele idealizou, com textos da esposa Débora, um site: www.leticiaapertbrasil.hpgvip.com.br. Com esta

iniciativa, encaminharam, para os EUA, outros portadores da síndrome para que realizassem a complexa cirurgia das mãos no Shriners Hospital. É um atendimento sem custos, sendo que Letícia foi a pri-meira paciente atendida pela equipe do Dr. Joseph Upton. Mais uma vez, o crédito por esta descoberta foi da Débora e eles se sentem muito felizes em proporcionar esta facilidade a outras famílias brasileiras.

Sobre seus valores, Celso diz que “hoje, poucas coisas me deprimem ou me inco-modam. Minha filha não reclama de nada – entra e sai das cirurgias sem chorar... e foram várias! Depois que Letícia nasceu, só coisas boas têm acontecido para todos nós”.

Sua dedicação aos estudos e ao traba-lho renderam grandes elogios. O Maj Esp CTA R1 Eno Siewerdt, que hoje trabalha na Diretoria de Sistemas de Defesa da Atech, em São Paulo, declarou: “O 1S BCT Celso Luís do Couto Figueiredo, com quem tive o privilégio de trabalhar conjuntamente durante vários anos no Instituto de Proteção ao Vôo, atual ICEA, é um desses raros pro-fissionais que graças à sua especial dedica-

ção e atributos pessoais conseguem concretizar ações da mais alta relevância para o País”.

Celso diz que se importa muito em agradecer a todas as pessoas que cruzaram o seu caminho e que o ajudaram na carreira e nos tratamentos de sua “princesa”, como a chamam carinhosa-mente.

Quanto ao sucesso profissional e educacional, ele afirma:

“Tudo o que vivi pode ser realizado por qualquer pessoa. Minha história é uma história comum. Nada é impossível. Todo mundo pode aprender idiomas, fazer mestrados. É difícil, mas é possível e está ao alcance de todos, é só querer.”

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Com o intuito principal de um trabalho conjunto, o efetivo da Comissão de Implantação do Sistema de Controle do Espaço Aéreo (CISCEA) participou de um seminário, através do qual se efetivo pôde conhecer e se aprofundar no conceito CNS/ATM (Comunicação, Navegação e Vigilância/Gerenciamento de Tráfego Aéreo).

Coordenado pela Comis-são CNS/ATM, o evento foi realizado no último dia 19 de abril, no Hotel Excelsior, em Copacabana, das 09h às 18h.

O Seminário teve como objetivos centrais apresen-tar o conceito do sistema e suas respectivas conseqüên-cias no Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB); debater a nova maneira de prestação de serviço com sua nova ordem institucional; compreender as implicações com o pro-

cesso de gestão da ICAO (Organização Internacional de Aviação Civil) e as estra-tégias de implementação da Região CAR/SAM (Caribe e América do Sul); e, por fim, fornecer elementos para que a CISCEA possa definir a sua participação na tran-sição do SISCEAB para o conceito de sistema CNS/ATM.

Os palestrantes, dentre muitos temas, falaram sobre o Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA); a Organização de Aviação Civil Inter-nacional (OACI); Meios Satelitais; e Conceitos ATN/DATACOM.

Na platéia, estiveram pre-sentes o Presidente da CISCEA, Brig Ar Álvaro Luiz Pinheiro da Costa, acom-panhado de Diretores e Gerentes da Comissão e representantes do Depar-tamento de Controle do Espaço Aéreo – DECEA.

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Brig Ar Pinheiro (à direita) e participantes do Seminário - atentos à apresentação sobre CNS/ATM

CISCEA define sua participação na transição do SISCEAB para o conceito dos Sistemas CNS/ATM

Brig R1 Pequeno, Secretário-Executivo da Comissão CNS/ATM, apresenta os conceitos do Sistema

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Uma comitiva - composta pela Admi-nistradora do FAA (Federal Aviation Administration), Marion Clifton Blakey, e dois assessores, acompanhada pelo Brig Ar Álvaro Luiz Pinheiro da Costa, Presi-dente da CISCEA/CCSIVAM (Comissão de Implantação do Sistema de Controle do Espaço Aéreo/Comissão para Coordena-ção de Implantação do Sistema de Vigi-lância da Amazônia) - foi recebida pelo Chefe do Serviço Regional de Proteção ao Vôo de Manaus (SRPV-MN), Cel Av Renato Luiz Scariot.

O Brig Pinheiro apresentou um “brie-

fing” sobre o SIVAM e o controle do espaço aéreo na região Amazônica.

Marion Blakey ficou impressionada com as instalações e com o serviço prestado pelos órgãos operacionais que visitou: o Centro Amazônico (ACC-AZ), o Centro Meteorológico de Vigilância (CMV-AZ) e os simuladores, elogiando as ações do SRPV-MN.

A Administradora afirmou, ainda, que irá divulgar o trabalho nos EUA. Surpresa com a faixa etária dos controladores, todos bastante jovens, mostrou verda-deiro entusiasmo, quando revelou que

estava ansiosa por conhecer o trabalho desenvolvido para atender ao tráfego aéreo da região.

“Retorno com meu entusiasmo reno-vado e confiante na seriedade do tra-balho que vocês têm feito por aqui”, revelou Blakey, que foi declarada, em 13 de setembro de 2002, como a 15ª Administradora da FAA. Na função, ela é responsável por regular e melhorar a segurança das vias aéreas dos EUA, bem como pela operação do maior sistema de controle de tráfego aéreo do mundo.

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Vice-Diretor Executivo e de Planejamento do DECEA recebe as honras militares no DTCEA-PCO

FAA conhece a estrutura do

SRPV-MN

O Destacamento de Controle do Espaço Aéreo do Pico do Couto (DTCEA-PCO) comemorou, no dia 29 de abril de 2005, o seu 30º aniversário de criação.

A cerimônia militar foi presidida pelo Maj Brig Ar Luiz Paulo Moraes da Silveira, Vice-Diretor Executivo e de Planejamento do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA).

Na oportunidade, foi realizada a entrega do Prêmio CINDACTA I ao servidor Nilton Dias do Valle, como agradecimento pela

sua dedicação, capacidade e entusiasmo no exercício de suas atribuições. Foi pres-tada, também, homenagem aos servidores civis e militares que trabalharam, continu-amente, por mais de 25 anos no Destaca-mento e, ainda, ao Sr. Pedro Henrichs Filho, como reconhecimento pelo trabalho que realizou quando do desbravamento da região, onde foi instalado tão importante elo do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro.

Estiveram presentes à cerimônia militar o

Brig Eng Rogério Ribeiro Machado, Chefe do Subdepartamento de Logística do DECEA, o Brig Ar Álvaro Luiz Pinheiro da Costa, Presidente da Comissão de Implan-tação do Sistema de Controle do Espaço Aéreo (CISCEA), o Brig Ar Cláudio Alves da Silva, Chefe do Subdepartamento de Administração do DECEA, o Cel Av Paulo Gerarde Mattos Araujo, Comandante do CINDACTA I, outras autoridades e convida-dos da comunidade petropolitana.

DTCEAPico do Couto

- 30 anos

Marion Blakey observa o resultado de um trabalho realizado pelos técnicos do SRPV-MN

Maj Brig Silveira cumprimentaum dos servidores pela sua

dedicação ao CINDACTA I

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