aerodinamica cabos de pontes estaiadas

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Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil – PPGEC Caracterização Aerodinâmica de Cabos de Pontes Estaiadas Submetidos à Ação Combinada de Chuva e Vento Daniel de Souza Machado Porto Alegre Abril de 2008

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Caracterização Aerodinamica de Cabos de Pontes Estaidas submetidos a ação combinada de chuva e vento

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  • Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia

    Programa de Ps-Graduao em Engenharia Civil PPGEC

    Caracterizao Aerodinmica de Cabos de Pontes Estaiadas Submetidos Ao Combinada de Chuva e Vento

    Daniel de Souza Machado

    Porto Alegre Abril de 2008

  • Daniel de Souza Machado

    CARACTERIZAO AERODINMICA DE CABOS DE PONTES ESTAIADAS SUBMETIDOS AO COMBINADA

    DE CHUVA E VENTO

    DISSERTAO APRESENTADA AO PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA CIVIL DA UNIVERSIDADE

    FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL, COMO PARTE DOS REQUISITOS PARA OBTENO DO TTULO DE MESTRE EM ENGENHARIA.

    ORIENTAO: PROF. DR. ACIR MRCIO LOREDO-SOUZA.

    Porto Alegre

    Abril de 2008

  • DANIEL DE SOUZA MACHADO

    CARACTERIZAO AERODINMICA DE CABOS DE PONTES ESTAIADAS SUBMETIDOS AO COMBINADA

    DE CHUVA E VENTO

    Esta dissertao de mestrado foi julgada adequada para a obteno do ttulo de MESTRE EM ENGENHARIA, Estruturas, e aprovada em sua forma final pelo professor orientador e pelo

    Programa de Ps-Graduao em Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

    Porto Alegre Abril de 2008

    Prof. Acir Mrcio Loredo Souza Ph.D., University of Western Ontario, Canad

    Orientador da dissertao

    Prof. Fernando Schnaid Coordenador do PPGEC / UFRGS

    Banca examinadora: Prof. Marcelo Maia Rocha

    Dr.techn. - Universitaet Innsbruck, ustria

    Prof. Ruy Carlos Ramos de Menezes Dr techn - Universitaet Innsbruck, ustria

    Prof. Jos Luis Vital de Brito

    Dr - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil

  • Aos meus pais, Joo e Zulai; Aos meus irmos, Adelmir, Rogrio, Joo e Carolina,

    dedico este trabalho.

  • AGRADECIMENTOS

    A minha famlia pelo apoio constante.

    Ao meu orientador, Professor Acir Mrcio Loredo-Souza pela amizade, confiana, sugestes

    e apoio durante todo o perodo deste curso de mestrado em Porto Alegre.

    A toda a equipe tcnica e amigos do Laboratrio de Aerodinmica das Construes, Paulo,

    Gustavo, Elvis, Fabrcio, Karin, Fernando, Mario, Emerson e bolsistas, Guilherme, Maria

    Cristina e Miguel.

    Aos meus amigos do PPGEC da UFRGS pela amizade e pela troca de experincias nas horas

    de estudo.

    Aos professores do PPGEC da UFRGS que transmitiram conhecimento necessrio para o

    desenvolvimento deste trabalho.

    Ao Professor Ademir da UFBA e aos demais professores da UCSal pela amizade e pelo

    estmulo constante.

    A CAPES pela concesso da bolsa de estudos, indispensvel para a realizao deste curso.

  • RESUMO

    MACHADO, D.S.M., Caracterizao Aerodinmica de Cabos de Pontes Estaiadas Submetidos Ao Combinada de Chuva e Vento.

    Simultneas ocorrncias de vibraes de cabos de pontes estaiadas sob ao combinada de chuva de vento tm sido observadas ao redor do mundo nos ltimos 20 anos. Este mecanismo tem causado grande preocupao aos engenheiros de pontes e pesquisadores por provocar grandes amplitudes de vibrao. O melhor conhecimento do fenmeno evitar que perigosas oscilaes induzidas pelo efeito combinado de chuva e vento ocorram evitando que medidas sejam tomadas apenas aps a ocorrncia de acidentes. Foi possvel determinar, neste trabalho, as caractersticas aerodinmicas de cabos de pontes estaiadas submetidos ao combinada de chuva e vento no que diz respeito influncia dos filetes sobre as foras aerodinmicas (arrasto e sustentao) e sobre o desprendimento de vrtices em trs modelos seccionais. O modelo M1 foi posicionado horizontalmente com vento incidente normal ao eixo longitudinal, o modelo M2 foi posicionado horizontalmente com vento incidindo obliquamente ao eixo longitudinal e o modelo M3 representa um cabo inclinado tpico de ponte estaiada. Os filetes nas posies =1 60 e =2 110 aumentaram as suces na esteira do M3 consideravelmente. Para qualquer posio dos filetes no M3 no ocorreram mudanas em seus coeficientes de sustentao. Os coeficientes de arrasto aumentaram com a presena dos filetes, no entanto no apresentaram mudanas nos valores com a variao da posio dos filetes. Em modelos horizontais, a presena dos filetes pode causar supresso ou amplificao da intensidade do desprendimento de vrtices dependendo da localizao dos filetes. Para o M3 notou-se aumento da intensidade do desprendimento de vrtices para qualquer posio dos filetes. A maior intensidade ocorreu para =1 50 e =2 110. Para todos os modelos com filetes, o desprendimento de vrtices mais forte em escoamento turbulento. Independente da presena dos filetes, o modelo M3 apresentou freqncias de desprendimento de vrtices mais baixas que as freqncias de desprendimento do vrtice de Krmn convencional. Verifica-se, portanto, o efeito de vrtice axial. Para Re < 1,2 x 105 o filete inferior no tem influncia sobre o escoamento. Entretanto, para Re > 1,2 x 105 o filete inferior passa a afetar nitidamente o escoamento em torno do cilindro. Para o modelo inclinado o filete inferior apresentou influncia no escoamento para todos os valores de Re.

    Palavras-chave: pontes estaiadas, chuva e vento, filetes dgua.

  • ABSTRACT

    Simultaneous occurrences of cable vibrations under combined action of wind and rain have been observed around the world in cable-stayed bridges in the last 20 years. This mechanism has caused great concern to bridge engineers and researchers due to the large vibration amplitudes. A better knowledge of the phenomenon may prevent that dangerous oscillations induced by the combined effect of rain and wind occur, compromising the usefulness and safety of cable-stayed bridges, besides to avoiding the necessity of measures taken only after some accident occurrence. It was possible to determine, in this study, the aerodynamic characteristics of cables submitted to the combined action of rain and wind regarding the influence of rivulets on aerodynamic forces (drag and lift) and on the vortex shedding in three sectionals models. The M1 model was positioned horizontally with perpendicular wind incidence to the longitudinal axis, the M2 model was positioned horizontally with oblique wind to the longitudinal axis and the M3 model is a typical, cable of cable-stayed bridges. The rivulets positioned in the 60 (upper) position and the 110 (lower) position increase considerably the negative pressures in the M3 model wake. For any rivulets position, the M3 do not change their lift coefficients. The drag coefficients increased with the rivulet presence, however its position seems to make no difference in the values of the coefficients. In horizontal models, the rivulets can suppress or cause amplification in the vortex shedding intensity, depending of their position. For the M3 model, the vortex shedding intensity increases for all rivulets positions. The greater intensity occurred when the upper and lower rivulets were at 50 and 110, respectively. For all models with rivulets, the vortex shedding is stronger in turbulent flow. Independent of the rivulets presence, the vortex shedding frequencies at the inclined model (M3) presented lower frequencies than the conventional Karman vortex shedding. This shows, therefore, the effects of the axial vortex. For Re < 1.2 x 105 the lower rivulet has no influence on the flow. However, for Re > 1.2 x 105 the lower rivulets affect significantly the flow around the cylinder. For the inclined model the lower rivulet has no influence on the flow for all Re range.

    Key-words: cable-stayed bridges, rain and wind, water rivulets.

  • viii

    SUMRIO

    LISTA DE FIGURAS .......................................................................................xii

    LISTA DE TABELAS...................................................................................... xix

    LISTA DE SMBOLOS.................................................................................... xx

    1 INTRODUO ................................................................................................ 1 1.1 RELEVNCIA DO PROBLEMA.................................................................. 5 1.2 REVISO BIBLIOGRFICA........................................................................ 6 1.3 OBJETIVOS.................................................................................................. 22

    2 AERODINMICA DE CABOS ESTAIADOS ........................................... 23 2.1 AO DO VENTO ...................................................................................... 23 2.1.1 Coeficientes de presso .............................................................................. 23 2.1.2 Coeficientes de fora e de momento .......................................................... 23 2.1.3 Nmero de Reynolds, Re ........................................................................... 24 2.1.4 Nmero de Strouhal, St .............................................................................. 24 2.1.5 Nmero de Froude, Fr ................................................................................ 25 2.1.6 Nmero de Scruton, Sc .............................................................................. 25 2.1.7 Turbulncia................................................................................................. 25 2.1.8 Escoamento bidimensional......................................................................... 26 2.2 RESPOSTAS DAS ESTRUTURAS DE PONTES AO VENTO................. 27 2.2.1 Efeitos estticos.......................................................................................... 28 2.2.2 Efeitos dinmicos ....................................................................................... 28 2.3 AERODINMICA DE CILINDROS CIRCULARES................................. 30 2.4 AERODINMICA DE CILINDROS CIRCULARES INCLINADOS ....... 33 2.4.1 Caractersticas geomtricas ........................................................................ 33 2.4.2 Escoamento axial........................................................................................ 35 2.4.3 Desprendimento de vrtices de alta velocidade reduzida .......................... 35

    3 VIBRAES INDUZIDAS POR CHUVA E VENTO EM CABOS DE PONTES ESTAIADAS................................................................................. 37

    3.1 FORMAO DOS FILETES....................................................................... 38 3.1.1 Influncia do material da superfcie do cabo ............................................. 41

  • ix

    3.2 INFLUNCIA DA VELOCIDADE DO VENTO NA POSIO DOS FILETES ......................................................................................................... 41

    3.3 FATORES QUE INFLUENCIAM AS VIBRAES DO CABO .............. 43 3.3.1 Inclinao e ngulo de ataque .................................................................... 43 3.3.2 Intensidade de chuva .................................................................................. 45 3.3.3 Turbulncia................................................................................................. 46 3.3.4 Amortecimento........................................................................................... 46 3.3.5 Filetes dgua ............................................................................................. 46 3.3.6 Localizao dos filetes ............................................................................... 47 3.3.7 Movimento dos filetes................................................................................ 49 3.3.8 Tamanho e forma dos filetes dgua .......................................................... 49 3.4 CARACTERSTICAS DOS MODOS DE VIBRAO ............................. 50 3.5 CARACTERSTICAS DA VIBRAO...................................................... 51 3.6 MECANISMOS DE VIBRAO................................................................ 55 3.6.1 Mecanismos segundo Verwiebe e Ruscheweyh (1996)............................. 55 3.6.2 Mecanismo baseado no fenmeno do fio de Prandtl (Seidel e Dinkler,

    2006)................................................................................................................ 58 3.7 DISPOSITIVOS MITIGADORES ............................................................... 59 3.7.1 Protuberncias longitudinais ...................................................................... 59 3.7.2 Fios entrelaados em espirais..................................................................... 60 3.7.3 Mossas superficiais .................................................................................... 63 3.7.4 Anis espaados ......................................................................................... 63 3.8 MODELOS MATEMTICOS ..................................................................... 65 3.8.1 Modelos de 1 grau de liberdade ................................................................. 65 3.8.2 Modelos de 2 graus de liberdade................................................................ 80 3.8.3 Modelos para determinao das caractersticas dos filetes........................ 83 3.8.4 MODELOS TERICOS DE CABOS ESTAIADOS 3D.......................... 85 3.8.5 Mtodo probabilstico de ocorrncia de vibraes induzidas por chuva e

    vento ................................................................................................................ 90 3.8.6 Juno da FDP da velocidade do vento e direo do vento....................... 91 3.8.7 FDP da intensidade de chuva ..................................................................... 92 3.8.8 Intervalo de ocorrncia das vibraes induzidas por chuva e vento.......... 92

  • x

    3.8.9 Probabilidade de ocorrncia das vibraes induzidas por chuva e vento .. 93

    4 PROGRAMA EXPERIMENTAL ................................................................ 95 4.1 CONDIES DE SEMELHANA ............................................................. 95 4.2 MODELOS REDUZIDOS DE PONTES ..................................................... 95 4.3 ENSAIOS EM TNEL DE VENTO............................................................ 96 4.3.1 TNEL DE VENTO PROFESSOR JOAQUIM BLESSMANN.............. 96 4.4 DETERMINAO DA VELOCIDADE DO VENTO NO TNEL........... 99 4.5 SIMULAO DE CARACTERSTICAS DO VENTO NATURAL ....... 101 4.6 DEFINIO DO MODELO ...................................................................... 103 4.7 EXPERIMENTOS ...................................................................................... 105 4.7.1 Procedimento dos ensaios ........................................................................ 106 4.7.2 Medio de presses mdias no cilindro.................................................. 108 4.8 ANLISE DOS RESULTADOS................................................................ 110 4.8.1 Anlise da distribuio de presses ......................................................... 111 4.8.2 Anlise espectral ...................................................................................... 125

    5 CONCLUSES ............................................................................................ 135

    TRABALHOS FUTUROS.............................................................................. 136

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS.......................................................... 137

    APNDICE A Fotos dos ensaios................................................................. 144

    ANEXO A - Parmetros aerodinmicos, 1 , 2 e 3 . (modelo analtico de xu e wang, 2003)................................................................................................ 144

    ANEXO B - Parmetros aerodinmicos (modelo analtico de wilde e witkowski, 2003) .......................................................................................... 146

    ANEXO C Tabelas de resumos de ensaios e modelos matemticos desenvolvidos por pesquisadores ............................................................... 146

  • xi

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1.1 - (a) Embarcao egpcia construda com cabos estaiados sustentando vigas; (b)

    passarela estaiada primitiva de bambu em Borneo (Troitsky, 1977). ........................................1

    Figura 1.2 - Ponte Strmsund, Sucia - possua arranjo de cabo duplo e consequentemente

    grande espaamento entre eles (Troitsky, 1977). .......................................................................2

    Figura 1.3 - Fotografias de pontes estaiadas em que foram observadas vibraes nos cabos

    devido ao efeito combinado de chuva e vento (a) ponte Khlbrand; (b) ponte Meiko Nishi; (c)

    ponte Far. .................................................................................................................................3

    Figura 1.4 Pontes estaiadas (a) Erasmus e (b) Dongting.........................................................4

    Figura 2.1 Desprendimento de vrtices numa seo de um cilindro submetido ao do

    vento. ........................................................................................................................................29

    Figura 2.2 Escoamento em torno de um cilindro circular. ....................................................30

    Figura 2.3 Distribuio circunferencial de presses (Roshko, 1961 apud Nez, 2001)......31

    Figura 2.4 Definio dos regimes de escoamento e parmetros caractersticos para cilindros

    circulares bidimensionais (Ribeiro, 1989)................................................................................32

    Figura 2.5 (a) Definio da inclinao do cabo, do ngulo de incidncia do vento e do

    ngulo equivalente de incidncia do vento (b) referncia para ngulo de incidncia e foras

    aerodinmicas (Phelan et al., 2006)..........................................................................................33

    Figura 2.6 (a-b) Decomposio das componentes da velocidade do vento no plano vertical

    que contm o cabo (c) Definio da velocidade efetiva do vento (Wilde e Witkowski, 2003).

    ..................................................................................................................................................34

    Figura 2.7 Escoamento secundrio axial a sotavento do cabo inclinado (Matsumoto, 1990).

    ..................................................................................................................................................35

    Figura 2.8 Coeficiente de fora de sustentao de um cabo estacionrio ( =0 e =45) (Matsumoto et al., 2001). .........................................................................................................36

    Figura 2.9 Visualizao de vrtice axial na esteira de cabo inclinado ( =0 e =45, V=0,5m/s, escoamento suave) (Matsumoto et al., 2001). ........................................................36

    Figura 3.1 Evento de vibrao (perpendicular direo do vento) de um cabo estaiado da

    Ponte Veteran (Phelan et al., 2006). .........................................................................................38

    Figura 3.2 Filetes dgua vistos no sentido longitudinal (a) filete inferior (a sotavento) e (b)

    filete superior (a barlavento) (Wang et al., 2005).....................................................................39

  • xii

    Figura 3.3 (a) Representao da posio dos filetes dgua numa seo tpica de cabos de

    ponte estaiada e (b) definio da posio dos filetes superior e inferior..................................39

    Figura 3.4 (a) Processo de formao do filete superior em um cabo inclinado em trs

    instantes, A, B e C; (b) resposta do cabo inclinado com velocidades e amplitudes

    correspondentes a cada um dos instantes. (==45) (Hikami e Shiraishi, 1988). ................40 Figura 3.5 Configurao dos filetes dgua, superior e inferior sobre a superfcie de cabos

    inclinados (a) polietileno, (b) alumnio ou acrlico. .................................................................41

    Figura 3.6 Variao da posio dos filetes (a) superior e (b) inferior com a velocidade do

    vento (Hikami e Shiraishi, 1988)..............................................................................................42

    Figura 3.7 RMS da Acelerao do cabo para intervalos de 1minuto variando com a

    velocidade mdia (a) no plano e (b) fora do plano dos cabos (Ni et al., 2007). .......................42

    Figura 3.8 - Registros de amplitudes realizados ao mesmo tempo para todos os cabos da ponte

    Meikonishi (Hikami e Shiraishi, 1988). ...................................................................................44

    Figura 3.9 Influncia da direo do vento sobre a amplitude de oscilao (Bosdogianni e

    Olivari, 1996). ..........................................................................................................................44

    Figura 3.10 RMS da acelerao do cabo para intervalos de 1min variando com a intensidade

    de chuva (a) no plano e (b) fora do plano dos cabos (Ni et al., 2007)......................................45

    Figura 3.11 Efeito do filete inferior na vibrao do cabo (adaptado de Gu et al., 2002). .....46

    Figura 3.12 Efeito da posio do filete sobre a amplitude de oscilao a = 25 (Bosdogianni e Olivari, 1996). .................................................................................................47

    Figura 3.13 Efeito da posio do filete sobre a amplitude de oscilao a = 30 (Bosdogianni e Olivari, 1996). .................................................................................................48

    Figura 3.14 Efeito da posio do filete inferior sobre a amplitude de oscilao a = 30 (Bosdogianni e Olivari, 1996). .................................................................................................48

    Figura 3.15 Influncia da forma na oscilao do cabo em modelos dinmicos realizados por

    (a) Bosdogianni e Olivari, (1996) e (b) Gu et al. (2002). .........................................................49

    Figura 3.16 Espectro de potncia da acelerao do cabo num evento de excitao por chuva

    e vento (a) no plano e (b) fora do plano dos cabos (Ni et al., 2007). .......................................50

    Figura 3.17 Coeficiente de arrasto e de sustentao de cabo com a posio relativa entre

    filete superior e vento (Gu et al., 2002)....................................................................................52

    Figura 3.18 Vibrao do tipo velocidade restrita (a) 1 =60, (b) 1 =58 (c) 1 =55 (d) 1 =52 e (e) 1 =50 (Gu et al., 2002). .....................................................................................53

  • xiii

    Figura 3.19 Comparao das amplitudes de vibrao do cabo com filete artificial (Gu et al.,

    2002).........................................................................................................................................54

    Figura 3.20 Espectro de potncia da fora varivel de sustentao num cilindro estacionrio

    com filete superior artificial (extremidade superior do cabo, = 0, =45, V=4m/s, escoamento suave) (Matsumoto et al., 2003a). ........................................................................55

    Figura 3.21 Espectro de potncia da fora varivel de sustentao num cilindro estacionrio

    com filete superior artificial (extremidade inferior do cabo, = 0, =45, V=4m/s, escoamento suave) (Matsumoto et al., 2003a). ........................................................................55

    Figura 3.22 Vibrao do tipo 1: na direo do vento, movimentos simtricos dos filetes

    dgua; (a) orientao do cabo e movimento dos filetes na seo; (b) diagramas de x , x& e x&& no tempo (Verwiebe, 1998)...................................................................................................56 Figura 3.23 Vibrao do tipo 2.1: na direo transversal direo do vento, movimentos

    anti-simtricos dos filetes dgua; (a) orientao do cabo e movimento dos filetes na seo;

    (b) diagramas de x , x& e x&& no tempo (Verwiebe, 1998). ........................................................57 Figura 3.24 Vibrao do tipo 2.2: vibrao predominantemente na direo transversal

    direo do vento, principalmente causada pelo movimento do filete inferior; (a) orientao do

    cabo e movimento dos filetes na seo; (b) diagramas de x , x& e x&& no tempo (Verwiebe, 1998).........................................................................................................................................58

    Figura 3.25 Escoamento em volta da esfera (a) sem e (b) com o fio de Prandtl (Seidel e

    Dinkler, 2006)...........................................................................................................................59

    Figura 3.26 (a) Cabo de Polietileno com protuberncias longitudinais (b) Ilustrao da ponte

    Higashi-Kobe (Matsumoto et al., 1992). ..................................................................................60

    Figura 3.27 Efeito do dimetro da espiral na eficincia da eliminao das vibraes (Gu e

    Du, 2005). .................................................................................................................................61

    Figura 3.28 Efeito da direo do entrelaamento da espiral na eficincia da eliminao das

    vibraes (Gu e Du, 2005)........................................................................................................62

    Figura 3.29 Efeito do passo da espiral na eficincia da eliminao das vibraes (Gu e Du,

    2005).........................................................................................................................................62

    Figura 3.30 Pequenas mossas ao longo da superfcie dos dutos dos cabos da ponte de Tatara

    (Virlobeux, 1999). ....................................................................................................................63

    Figura 3.31 Cabo com anis circulares como dispositivo mitigador de vibraes (Phelan et

    al., 2006). ..................................................................................................................................64

  • xiv

    Figura 3.32 Diagrama do RMS acelerao (1 min.) variando com o RMS da velocidade do

    vento (1 min.) (a) antes e (b) depois da instalao de anis nos cabos (Phelan et al., 2006). ..64

    Figura 3.33 (a) Localizao do filete sobre a superfcie do cabo; (b) ngulo dinmico da

    velocidade relativa; (c) diagrama esquemtico das foras aerodinmicas. ..............................67

    Figura 3.34 - Variao dos coeficientes aerodinmicos com o ngulo de ataque (adaptado de

    Gu et al., 1999). ........................................................................................................................69

    Figura 3.35 Velocidade relativa no cabo com movimento do filete......................................73

    Figura 3.36 Modelo analtico de cabo com filete superior (adaptado de Yamaguchi, 1990).

    ..................................................................................................................................................80

    Figura 3.37 Velocidade relativa para translao do cabo com rotao do filete (adaptado de

    Yamaguchi, 1990). ...................................................................................................................81

    Figura 3.38 Ao das foras quasi-permanente (adaptado de Yamaguchi, 1990). ...............82

    Figura 3.39 Filete fluindo ao longo do cilindro sujeito ao vento (a) vista lateral; (b) seo

    transversal (adapatada de Lemaitre et al., 2006). .....................................................................83

    Figura 3.40 Comparao da razo de crescimento local de um filete uniforme em volta do

    cilindro sob ao combinada de gravidade e vento (a) 2*Fr =0, (b) 2*Fr =0,01 e (c) 2*Fr =10 (Lemaitre et al., 2006). ...........................................................................................85

    Figura 3.41 Representao do cabo estaiado contnuo em trs dimenses (Li e Gu, 2007). 86

    Figura 3.42 Perfil esttico do cabo (Li e Gu, 2007). .............................................................89

    Figura 3.43 Fluxograma do mtodo probabilstico proposto (Xu et al, 2007). .....................91

    Figura 4.1 - Vista da parte externa da cmara de ensaios do tnel de vento Professor Joaquim

    Blessmann, da UFRGS. ............................................................................................................97

    Figura 4.2 - Planta baixa do circuito aerodinmico do tnel de vento Professor Joaquim

    Blessmann, da UFRGS. ............................................................................................................99

    Figura 4.3 - (a) Vista superior dos transdutores de 64 canais do Scanivalve; (b) Manoair e

    mangueiras de conexo aos anis piezomtricos....................................................................100

    Figura 4.4 - Alguns dispositivos de gerao das diferentes camadas limites do tnel de vento

    Prof. Joaquim Blessmann. (a) grelha; (b) p=0,11; (c) p=0,23; (d) p=0,34 (Loredo-Souza et al.,

    2004).......................................................................................................................................101

    Figura 4.5 - Perfis de velocidade mdia, intensidade e macroescala da componente

    longitudinal da turbulncia, para o eixo vertical de duas sees de ensaio do tnel de vento.

    Vento uniforme e suave (sem simuladores) e vento uniforme e turbulento (gerado por grelha).

    ................................................................................................................................................102

  • xv

    Figura 4.6 (a) Esquema de seo transversal de cabo de ponte estaiada e (b) exemplo de

    modelo seccional para ensaio. ................................................................................................103

    Figura 4.7 - Modelo seccional de cabo...................................................................................104

    Figura 4.8 Perspectiva e seo transversal dos filetes artificiais (a) perspectiva e (b) seo

    transversal...............................................................................................................................104

    Figura 4.9 - Localizao e distribuio das tomadas de presses no modelo. .......................105

    Figura 4.10 - Posicionamento dos modelos M1 M3 na cmara de ensaios. ........................106

    Figura 4.11 Grelha para gerao da turbulncia (a) perspectiva e (b) vista frontal. ...........107

    Figura 4.12 Conveno de sinais para a anlise dos coeficientes de presso......................109

    Figura 4.13 Coeficientes de arrasto em funo do nmero de Reynolds, obtidos em

    escoamento uniforme e suave (M1). ......................................................................................112

    Figura 4.14 Coeficientes de arrasto em funo do nmero de Reynolds, obtidos em

    escoamento uniforme e turbulento (M1). ...............................................................................112

    Figura 4.15 Coeficiente de arrasto mdio em funo do nmero de Reynolds e de diferentes

    intensidades da turbulncia (Nez, 2001). ...........................................................................113

    Figura 4.16 Distribuio de presses externas obtidas em escoamento uniforme e suave para

    Re 2,3 x 105 (a) SF, (b) F40, (c) F50 e (d) F60..................................................................113 Figura 4.17 Coeficientes de sustentao em funo do nmero de Reynolds, obtidos em

    escoamento uniforme e suave (M1). ......................................................................................114

    Figura 4.18 Coeficientes de sustentao em funo do nmero de Reynolds, obtidos em

    escoamento uniforme e turbulento (M1). ...............................................................................115

    Figura 4.19 - Distribuio circunferencial dos coeficientes de presso externa, obtidos em

    escoamento uniforme e suave para dois ensaios idnticos, Re 1,5 x 105 (M2, sem filetes).................................................................................................................................................116

    Figura 4.20 Formao de borbulhas na face superior do M2 sem filetes para (a) Re 1,5 x 105, (b) Re 1,9 x 105 e (c) Re 2,3 x 105 .........................................................................117 Figura 4.21 Coeficientes de arrasto em funo do nmero de Reynolds, obtidos em

    escoamento uniforme e suave (M2). ......................................................................................117

    Figura 4.22 Coeficientes de arrasto em funo do nmero de Reynolds, obtidos em

    escoamento uniforme e turbulento (M2). ...............................................................................118

    Figura 4.23 - Coeficientes de sustentao em funo do nmero de Reynolds, obtidos em

    escoamento uniforme e suave (M2). ......................................................................................119

    Figura 4.24 - Coeficientes de sustentao em funo do nmero de Reynolds, obtidos em

    escoamento uniforme e turbulento (M2). ...............................................................................119

  • xvi

    Figura 4.25 - Coeficientes de arrasto em funo do nmero de Reynolds, obtidos em

    escoamento uniforme e suave (M3). ......................................................................................120

    Figura 4.26 - Coeficientes de arrasto em funo do nmero de Reynolds, obtidos em

    escoamento uniforme e turbulento (M3). ...............................................................................120

    Figura 4.27 Distribuio de presses externas obtidos em escoamento uniforme e turbulento

    para Re 1,9 x 105 (a) SF, (b) F40, (c) F50 e (d) F60..........................................................121 Figura 4.28 - Coeficientes de sustentao em funo do nmero de Reynolds, obtidos em

    escoamento uniforme e suave (M3). ......................................................................................121

    Figura 4.29 - Coeficientes de sustentao em funo do nmero de Reynolds, obtidos em

    escoamento uniforme e suave (M3). ......................................................................................122

    Figura 4.30 Distribuio de presses externas obtidos em escoamento uniforme e turbulento

    para Re 1,9 x 105 (a) M1, (b) M2 e (c) M3........................................................................123 Figura 4.31 RMS dos coeficientes de presso externa para o modelo M1, obtidos em

    escoamento uniforme e suave, Re 1,9 x 105, para as configuraes SF, F40, F50 e F60..124 Figura 4.32 RMS dos coeficientes de presso externa para o modelo M1, obtidos em

    escoamento uniforme e suave para a configurao F60. ........................................................124

    Figura 4.33 St x Re e espectros (Blessmann, 2005). ............................................................125

    Figura 4.34 Espectro de potncia para os sinais de coeficientes de sustentao (a) SF, (b)

    F40, (c) F50, (d) F60, para Re 7,7 x 104, escoamento suave, M1......................................126 Figura 4.35 Espectro de potncia para os sinais de coeficientes de arrasto (a) SF, (b) F40, (c)

    F50, (d) F60, para Re 7,7 x 104, escoamento suave, M1. ..................................................127 Figura 4.36 (a) Nmero de Strouhal variando com a posio do filete superior e (b) a

    configurao utilizada no ensaio (Matsumoto, 2007). ...........................................................127

    Figura 4.37 Espectro de potncia para os sinais de coeficientes de presso externa (a) canal

    8, (b) canal 30, para Re 7,7 x 104, escoamento suave, M1, SF..........................................128 Figura 4.38 Espectro de potncia para os sinais de coeficientes de presso externa (a) canal

    4, (b) canal 5, (c) canal 7, (d) canal 11, (e) canal 29, (f) canal 26, para Re 7,7 x 104, M1, F40. .........................................................................................................................................129

    Figura 4.39 Espectro de potncia para os sinais de coeficientes de presso externa (a) canal

    5, (b) canal 6, (c) canal 30, para escoamento suave, Re 7,7 x 104, M1, F50. ...................130 Figura 4.40 Espectro de potncia para os sinais de coeficientes de presso externa (a) canal

    6, (b) canal 7, (c) canal 30, para Re 7,7 x 104, M1, F60. ...................................................131 Figura 4.41 Esquema do desprendimento de vrtices no modelo M1 para todas as

    configuraes..........................................................................................................................131

  • xvii

    Figura 4.42 Isolinhas de presses para dois casos de posies dos filetes para Re 1 x 104 (Liu et. al, 2007). ....................................................................................................................132

    Figura 4.43 Espectro de potncia para os sinais de coeficientes de sustentao em

    escoamento turbulento, modelo M1 (a) SF, (b) F40, (c) F50, (d) F60, para Re 7,7 x 104. 133 Figura 4.44 Espectro de potncia para os sinais de coeficientes de sustentao em

    escoamento turbulento, modelo M2 (a) SF, (b) F40, (c) F50, (d) F60, para Re 7,7 x 104. 133 Figura 4.45 Espectro de potncia para os sinais de coeficientes de sustentao em

    escoamento turbulento, modelo M3 (a) SF, (b) F40, (c) F50, (d) F60, para Re 7,7 x 104. 134

  • xviii

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 2.1 Efeito do vento nas estruturas..............................................................................27

    Tabela 3.1 - Mximas amplitudes duplas de vibraes induzidas por chuva e vento em pontes

    estaiadas (Matsumoto, Shiraishi e Shirato, 1992) ....................................................................37

    Tabela 3.2 Faixa de velocidades em que ocorrem vibraes induzidas por chuva e vento

    segundo pesquisadores. ............................................................................................................43

    Tabela 3.3 Valores crticos de ngulos de inclinao de cabos e de incidncia do vento que

    provocam vibraes induzidas por chuva e vento. ...................................................................45

    Tabela 3.4 Caractersticas geomtricas dos filetes dgua formados em cabos sob ao de

    chuva e vento. ...........................................................................................................................50

    Tabela 4.1 Valores dos parmetros variveis dos ensaios...................................................108

  • Lista de smbolos

    A rea da seo transversal do cabo

    A Amplitude de vibrao dinmica

    iA Coeficiente de Taylor com i=1,2,...,n

    iA Coeficiente que relaciona o coeficiente de arrasto com o ngulo , com i=1 e 2 xA Amplitude na direo paralela direo do vento

    yA Amplitude na direo perpendicular direo do vento

    maxA Amplitude mxima

    modA Mxima amplitude dinmica do modelo

    mod,eA Deslocamento esttico equivalente

    perA Amplitude permitida

    ( ),VA Amplitudes para vrias velocidade e direes do vento sA Amplitude a qual acima desta as demais amplitudes so consideradas inaceitveis

    iB Coeficiente de Taylor com i=1,2,...,n

    oB Nmero de Bond

    aC Coeficiente de arrasto instantneo

    aC Coeficiente de arrasto mdio

    tC Coeficiente de toro instantneo

    sC Coeficiente de sustentao instantneo

    sC Coeficiente de sustentao mdio

    `sC Primeira derivada do Cs em relao ao ngulo relativo entre filete e ponto de

    estagnao

    yC Coeficiente de fora na direo y (vertical)

    C Coeficiente de atrito

    D Dimetro do cabo

    maxD Dimetro mximo do cabo

  • E Modulo de elasticidade transversal do cabo

    aF Fora de arrasto

    sF Fora de sustentao

    mod,eF Fora esttica generalizada

    eF Fora esttica no prottipo

    xF Fora na direo x

    yF Fora na direo y

    zF Fora na direo z

    ),( txFx Fora aerodinmica na direo x em funo de x e de t

    ),( txFy Fora aerodinmica na direo y em funo de x e de t

    ),( txFz Fora aerodinmica na direo z em funo de x e de t

    F~ Fora normalizada

    amortF Fora de amortecimento

    excF Fora de excitao

    Fr Nmero de Froude

    iF Coeficiente para clculo da fora de excitao, i=1, 2 e 3

    nH Funo de freqncia complexa da funo n

    H Componente horizontal da tenso esttica e dinmica do cabo

    I Momento de inrcia polar

    1I Intensidade de turbulncia da componente longitudinal do escoamento

    L Comprimento do cabo

    1L Escala longitudinal de turbulncia

    hL Comprimento da projeo horizontal do cabo

    vL Comprimento da projeo vertical do cabo

    expL Passo da espiral

    tM Momento toror mdio

  • atmP Presso atmosfrica

    ( )AP Probabilidade de acontecer o evento A ( )BAP , Probabilidade de ocorrncia conjunta ( )BAP | Probabilidade de ocorrncia condicional (probabilidade de ocorre A dado que B

    ocorreu ou ocorrer)

    Q Vazo

    R Raio do cabo

    nR Funo de correlao da funo n

    Re Nmero de Reynolds

    iS Coeficiente que relaciona o coeficiente de sustentao com o ngulo , com i=1 e 2

    nS Espectro de potncia da funo n

    Sc Nmero de Scruton para o modo fundamental

    nSc Nmero de Scruton para o modo n

    tS Nmero de Strouhal

    T Temperatura

    T Tempo adimensional

    T Tenso esttica no cabo

    V Velocidade mdia do vento

    dispV Velocidade de disparo

    rV Velocidade reduzida

    relV Velocidade relativa

    efV Velocidade efetiva do vento

    1V Limite inferior do intervalo da velocidade

    2V Limite superior do intercalo da velocidade

    Y Deslocamento adimensional na direo y (vertical)

    Y& Velocidade adimensional na direo y (vertical)

  • Y&& Acelerao adimensional na direo y (vertical)

    iZ Coeficiente para clculo da fora de amortecimento, i=1, 2 e 3

    Letras romanas minsculas

    a Amplitude de oscilao do filete

    1a Constante a ser determinada para dado cabo

    2a Constante a ser determinada para dado cabo

    filb Dimenso da base do filete

    d Dimetro do filete quando considerado circular

    pc Coeficiente de presso mdio

    pc Coeficiente de presso mximo

    pc( Coeficiente de presso mnimo

    pc~ Coeficiente de presso mnimo RMS

    1c Coeficiente de amortecimento estrutural do cabo no plano xy

    2c Coeficiente de amortecimento estrutural do cabo fora do plano xy

    ds Comprimento de arco do segmento de cabo deformado referindo-se ao perfil

    dinmico do mesmo

    ds Comprimento de arco do segmento de cabo indeformado referindo-se ao perfil

    esttico do mesmo

    1f Freqncia natural para o modo fundamental

    nf Freqncia natural para o modo n

    if Freqncia de ocorrncia da intensidade de chuva

    sf Freqncia de desprendimento de um par de vrtices g Acelerao da gravidade

    filh Altura do filete

    oh Referncia de espessura do filete

    h Componente horizontal de tenso esttica do cabo i Nmero imaginrio

  • i Intensidade de chuva

    k Rigidez de mola generalizada

    modk Rigidez de mola generalizada do modelo

    ok Relao entre a presso dinmica e a variao da presso de referncia

    l Comprimento do filete relevante no prottipo

    modl Comprimento do filete relevante no modelo m Massa por unidade de comprimento

    1Fm Massa por unidade de comprimento do filete superior

    2Fm Massa por unidade de comprimento do filete inferior p Presso normal local

    )(tp Presso instantnea

    p Presso mdia

    )(tp) Valor mximo de p(t) para perodo de amostragem em T. )(tp( Valor mnimo de p(t) para perodo de amostragem em T.

    q Presso dinmica ao longe r Raio do arco do filete s Coordenada curvilnea t Tempo u Componente de deslocamento dinmico na direo x v Componente de deslocamento dinmico na direo y w Componente de deslocamento dinmico na direo z x Deslocamento na direo paralela direo do vento x Eixo cartesiano

    x& Velocidade na direo paralela direo do vento x&& Acelerao na direo paralela direo do vento y Eixo cartesiano y Deslocamento na direo perpendicular direo do vento

    y& Velocidade na direo perpendicular direo do vento y&& Acelerao na direo perpendicular direo do vento

  • xy Derivada de configurao y em relao x

    z Eixo cartesiano

    Letras gregas maisculas minsculas

    pa Variao da presso entre dois anis piezomtricos do convergente p Variao da presso na superfcie de um corpo i Funo que engloba parmetros relativos geometria e aerodinmica do cabo com

    i=1,2,3

    Letras gregas maisculas minsculas

    ngulo de inclinao do cabo ngulo de incidncia do vento

    * ngulo equivalente de incidncia do vento Fator de influncia no 6angulo de ataque do vento devido a presena de filetes Constante

    Rho

    ngulo de ataque do vento * ngulo de ataque da velocidade relativa do vento, Vrel

    Decremento logartmico Delta de Dirac

    mod Decremento logartmico do modelo Fator que leva em conta a forma modal ngulo de flutuao do filete

    ext Dimetro externo da tomada de presso int Dimetro interno da tomada de presso exp Dimetro da espiral

    Fonte de rudo branco Parmetro de distribuio de escala Parmetro de distribuio de forma

  • Funo de oscilao do filete Viscosidade cinemtica do ar ngulo relativo entre a posio do filete superior e ponto de estagnao do vento Posio circunferencial onde se analisa o coeficiente de presso

    s Posio circunferencial onde ocorre a se[arao do escoamento 1 Posio esttica do filete superior, positivo no sentido horrio 2 Posio esttica do filete inferior, positivo no sentido anti-horrio eq Posio de equilbrio do filete superior. Ocorre quando =0 agua Massa especfica da gua ar Massa especfica do ar n Desvio padro da funo n s Tenso superficial

    Presso tangencial local Tenso dinmica no cabo

    n Freqncia angular natural f Freqncia angular natural com filtro

    Freqncia de oscilao do filete superior sA

    V , intervalo de ocorrncia da velocidade do vento e direo do vento o qual as vibraes induzidas por chuva e vento excedem sA pode ser escrito

    i intervalo de ocorrncia da intensidade de chuva para as vibraes induzidas por chuva e vento

    Razo de amortecimento crtico para o modo fundamental f Razo de amortecimento crtico para o modo fundamental com filtro n Razo de amortecimento crtico para o modo n total Amortecimento total da estrutura

  • 1 Introduo

    Caracterizao Aerodinmica de Cabos de Pontes Estaiadas Submetidos Ao Combinada de Chuva e Vento

    1

    1 INTRODUO

    A idia de utilizar cabos para suportar pontes no nova. Infelizmente, o sistema

    inicialmente obteve pequeno sucesso devido a diversos fatores, dentre os quais destacam-se o

    baixo conhecimento que se tinha sobre esttica, utilizao de materiais imprprios (ex.:

    barras e correntes usadas como estais).

    O sucesso da aplicao das pontes estaiadas surgiu com a introduo de aos de alta

    resistncia, com o desenvolvimento de novas tcnicas e com o progresso na anlise estrutural.

    Ainda, o desenvolvimento dos computadores permitiu possibilidades ilimitadas de solues

    exatas de sistemas indeterminados estaticamente e precisas anlises estticas em trs

    dimenses (Troitsky, 1977).

    Os egpcios j utilizavam cabos como suporte para construo de embarcaes,

    indicando quo antiga esta criao (Figura 1.1). Em Borneo, na Oceania, utilizavam-se

    cordes de trepadeira como cabos de sustentao de uma passagem de pedestres feita de

    bambu (Fig. 1.1b) (Troitsky, 1977).

    Figura 1.1 - (a) Embarcao egpcia construda com cabos estaiados sustentando vigas; (b) passarela estaiada primitiva de

    bambu em Borneo (Troitsky, 1977).

    Aps a segunda guerra mundial, vrias pontes encontravam-se destrudas na Europa

    (15.000 s no oeste da Alemanha) com apenas as fundaes intactas. Engenheiros,

    construtores e projetistas enfrentaram o desafio de construir pontes leves e aplicar nova

    tecnologia para aproveitar as fundaes existentes (Podolny e Scalzi, 1976).

  • 1 Introduo

    Daniel de Souza Machado ([email protected]) Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2008.

    2

    Em 1952, uma firma alem projetou a ponte Strmsund, na Sucia. Esta ponte, erguida

    em 1955, foi considerada como a mais moderna ponte estaiada construda na poca. Seu

    sistema possua arranjo de poucos cabos com grande rigidez e espaamento entre eles (Figura

    1.2).

    Figura 1.2 - Ponte Strmsund, Sucia - possua arranjo de cabo duplo e consequentemente grande espaamento entre eles

    (Troitsky, 1977).

    O grande passo no desenvolvimento internacional foi dado em 1990, quando pontes

    estaiadas entraram no domnio de grandes vos que era reservado s pontes pnseis. Esta

    gerao caracteriza-se pela presena de muitos estais pouco espaados suportando tabuleiros

    flexveis, sees esbeltas, aumento do comprimento dos vos e pela construo de pontes

    estaiadas de mltiplos vos (Mathivat, 1994 apud Torneri, 2002). Por esta razo o projeto de

    pontes estaiadas atualmente predominantemente controlado pela resposta dinmica ao

    do vento. Os cabos de pontes estaiadas atualmente apresentam grande flexibilidade, massa

    relativamente baixa e amortecimento extremamente baixo. Portanto, este tipo de cabo

    apresenta susceptibilidade s vibraes causadas por vrios mecanismos aerodinmicos de

    excitao, dentre eles, os mecanismos de vibrao induzidas pelo efeito combinado de chuva

    e vento.

    Simultneas ocorrncias de vibraes de cabos de pontes estaiadas sob ao

    combinada de chuva de vento tm sido observadas ao redor do mundo nos ltimos 20 anos.

    Este mecanismo tem causado grande preocupao aos engenheiros de pontes e pesquisadores

    de vrios pases por atingirem grandes amplitudes de vibrao (Burton, 2005).

  • 1 Introduo

    Caracterizao Aerodinmica de Cabos de Pontes Estaiadas Submetidos Ao Combinada de Chuva e Vento

    3

    Estas vibraes, que so predominantemente transversais direo do vento, foram

    observadas apenas sob condies de chuva leve e baixas velocidades do vento ocorrendo

    simultaneamente. Este novo fenmeno foi mais observado em cabos de pontes estaiadas

    (cabos inclinados) de seo circular. As oscilaes so provocadas principalmente pela

    formao de filetes dgua ao longo da superfcie dos cabos na direo axial.

    Em 1970 foram observadas vibraes induzidas por chuva e vento nos cabos da ponte

    de Khlbrand em Hamburgo (Figura 1.3a), na Alemanha (Ruscheweyh e Verwiebe, 1995). O

    mesmo fenmeno foi observado ainda na ponte de Far, na Dinamarca em 1985 (Figura 1.3c).

    Grande influncia do vento com a presena da chuva foi observada por Hikami e

    Shiraishi (1988) durante a fase de construo da ponte de Meiko Nishi em 1985, no Japo

    (Figura 1.3b). Eles notaram pequenas amplitudes nos cabos submetidos somente ao do

    vento, e grandes amplitudes (causando instabilidade) nos cabos sob ao combinada de chuva

    e vento.

    Figura 1.3 - Fotografias de pontes estaiadas em que foram observadas vibraes nos cabos devido ao efeito combinado de chuva e vento (a) ponte Khlbrand; (b) ponte Meiko Nishi; (c)

    ponte Far.

    (a)

    (c)

    (b)

    fonte:www.kuleuven.be fonte: http://en.structurae.de h // d

    fonte: www.answers.com

  • 1 Introduo

    Daniel de Souza Machado ([email protected]) Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2008.

    4

    Em 1993 e 1994 foram observadas rachaduras nas extremidades dos estais devida

    fadiga provocada pelas vibraes induzidas por chuva e vento nos cabos quase verticais da

    ponte de Dmitz, na Alemanha (Ruscheweyh e Verwiebe, 1995).

    Um caso recente de vibrao devido presena da chuva foi observado na ponte de

    Erasmus em Rotterdam (Figura 1.4a). Seus cabos vibraram fortemente no dia 4 de novembro

    de 1996, menos de 2 meses antes de ser aberta ao trfego (Burgh et al, 2006).

    Os cabos da ponte Dongting, construda em 2000 em Hunan, China, (Figura 1.4b)

    apresentaram vibraes induzidas por chuva e vento com amplitudes de deslocamento de at

    70cm de pico-a-pico, no terceiro modo dominante. As oscilaes foram observadas diversas

    vezes logo aps a abertura da pista para o trfego e ocorreram sob baixa velocidade do vento e

    chuva leve (Ni et al., 2007).

    Figura 1.4 Pontes estaiadas (a) Erasmus e (b) Dongting.

    Recentemente alguns cabos da ponte construda em Shanghai e Nanjing, na China,

    apresentaram oscilaes devido ao efeito combinado de chuva e vento. A ponte de Shanghai

    apresentou oscilaes to fortes que os tubos de ao que protegem os cabos ao nvel da laje

    quebraram (Gu e Du, 2005).

    Vibraes devidas ao efeito combinado da chuva e vento tambm ocorreram nas

    pontes de Brotonne, na Frana, Meiko e Aratsu, ambas no Japo, Fred Hartman e Veteran,

    ambas no Texas (EUA). Ainda foi observado este tipo de vibrao em cabos das pontes, Ben-

    Ahin, Wandre, Second Severn, Burlington, Baytown, Glebe Island, entre outras (Virlogeux,

    1999).

    Os registros mostram que diversas pontes construdas recentemente apresentaram ou

    ainda apresentam ocorrncias de vibraes devido ao efeito combinado de chuva e vento nos

    (a) (b)

  • 1 Introduo

    Caracterizao Aerodinmica de Cabos de Pontes Estaiadas Submetidos Ao Combinada de Chuva e Vento

    5

    cabos estaiados. Isto ocorre devido falta de conhecimento deste novo fenmeno pelos

    engenheiros, construtores e projetistas.

    Grande esforo no estudo do comportamento de cabos sob ao combinada de chuva e

    vento tem sido realizado desde alguns anos no Japo, Frana, Dinamarca, Alemanha, Blgica,

    China, Estados Unidos, Polnia, Rssia, Inglaterra e Itlia.

    No Brasil, nos ltimos anos, tem-se observado a construo de algumas pontes. A

    primeira ponte estaiada, por exemplo, foi inaugurada em So Paulo, em 2002, a ponte sobre o

    Rio Pinheiros (Estao Santo Amaro). Diversas pontes estaiadas esto sendo ou j foram

    construdas no mbito nacional, por exemplo, a ponte sobre o Rio Paranaba, a ponte sobre o

    rio Cuiab, a ponte sobre o Rio Poty, a ponte Internacional Wilson Pinheiro (Brasil/Bolvia), a

    ponte sobre o rio Potengi, a ponte Internacional (Brasil/ Peru), a ponte sobre o Lago Parano

    ou JK e a ponte sobre o Rio Guam, entre outras.

    1.1 RELEVNCIA DO PROBLEMA

    Oscilaes de largas amplitudes e baixa freqncia foram observadas nas ltimas

    dcadas em cabos de diversas pontes estaiadas ao redor do mundo. Devido alta

    flexibilidade, massa relativamente pequena e amortecimento extremamente baixo, o sistema

    de cabos de pontes estaiadas pode estar sujeito a largos movimentos dinmicos induzidos pela

    ao combinada de chuva e vento. As grandes amplitudes atingidas reduzem a vida til dos

    cabos e de suas conexes devido fadiga e em conseqncia causam danos aos dutos de

    proteo contra corroso. Alm disso, as oscilaes excessivas podem ainda provocar choques

    entre cabos adjacentes e causar situao de desconforto ao usurio.

    Para uma melhor qualificao dos modelos analticos que esto sendo desenvolvidos,

    necessrio que se entenda os mecanismos de vibrao induzida por chuva e vento atravs de

    ensaios experimentais realizados em campo ou em tnel de vento. Apesar dos ensaios em

    escala natural no apresentarem nenhuma interferncia devido aos erros de modelagem de

    parmetros relativos ao escoamento, so bastante onerosos e imprevisveis quanto

    possibilidade, podendo demandar, portanto, um tempo excessivo para a realizao das

    medies. Os ensaios em tnel de vento tm a vantagem de ter custos menos elevados e serem

  • 1 Introduo

    Daniel de Souza Machado ([email protected]) Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2008.

    6

    executados em tempo relativamente curto, alm de contar com a menor possibilidade de erros

    quando estes ensaios so controlados.

    O fenmeno das vibraes induzidas por chuva e vento envolve uma complexa

    interao entre vento, filete e cabo que ainda no est esclarecida.

    O melhor conhecimento do fenmeno evitar que perigosas oscilaes induzidas pelo

    efeito combinado de chuva e vento ocorram, comprometendo a utilidade e segurana das

    pontes estaiadas, e que medidas sejam tomadas apenas aps a ocorrncia de acidentes.

    1.2 REVISO BIBLIOGRFICA

    Muitos relatos foram feitos por pesquisadores nos ltimos 20 anos sobre acidentes em

    cabos de pontes estaiadas causados pelo efeito simultneo da chuva e vento. Um forte

    investimento tem sido feito desde o final da dcada de 80 na descoberta dos mecanismos que

    provocam oscilaes excessivas devido ao efeito combinado da chuva e vento em cabos de

    pontes estaiadas. Vrios pesquisadores tm realizado estudos analticos e experimentais para

    simular e explicar o fenmeno. Baseados no conhecimento dinmico e aerodinmico de

    estruturas, desenvolveram modelos matemticos considerando a formao e movimentao

    dos filetes de gua nos cabos. No Anexo C, encontram-se tabelas que resumem as condies

    de ensaios experimentais e de desenvolvimento de modelos matemticos relevantes,

    realizados por outros pesquisadores.

    Os estudos sobre vibrao de cabos de pontes estaiadas com a presena de chuva e

    vento foi primeiro relatado em 1988, quando grandes oscilaes foram observadas nos cabos

    na fase de construo da ponte estaiada de Meikonishi, no Japo. No mesmo ano, para tentar

    entender o papel que a chuva tinha nas oscilaes da ponte, Hikami e Shiraishi fizeram

    medies no prottipo e ensaios em tnel de vento, ambos sob condies de vento com e sem

    a presena da chuva. A anlise realizada pelos autores mostrou que as vibraes observadas

    nos cabos da ponte no foram causadas por desprendimento de vrtices nem galope de esteira.

    A freqncia observada de vibrao foi bem abaixo da freqncia crtica de oscilao

    induzida por vrtices. Alm disso, as oscilaes nos cabos s foram notadas com a presena

    da chuva, isso fez com que os autores levantassem a hiptese de que as vibraes eram

    causadas por efeito combinado da chuva e vento. Observaram que em dias chuvosos formava-

  • 1 Introduo

    Caracterizao Aerodinmica de Cabos de Pontes Estaiadas Submetidos Ao Combinada de Chuva e Vento

    7

    se um filete dgua na geratriz inferior do cabo que sobre ao do vento oscilava na direo

    circunferencial da seo e conseqentemente o cabo vibrava. Observaram que a formao dos

    filetes dgua est limitada a cabos inclinados em relao direo do vento. Em

    conseqncia das observaes do comportamento dos filetes dgua, realizou-se ensaios em

    tnel de vento para entender os mecanismos de formao dos filetes. As condies de chuva

    sobre o modelo aeroelstico foram reproduzidas a partir de gua borrifada. As amplitudes de

    vibraes induzidas pela presena da chuva foram em torno de 5 vezes maior quando

    comparadas com as amplitudes provocadas por desprendimento de vrtices. Os autores

    descobriram a formao de um segundo filete na parte superior do cabo para determinadas

    inclinaes e ngulo de ataque. Este filete no aparece quando o cabo est inclinado na

    direo oposta. O filete superior apresentou efeito excitante no cabo enquanto que o filete

    inferior amorteceu as vibraes. Observaram que os filetes oscilavam na direo

    circunferencial da seo do cabo e no mesmo perodo de movimento de oscilao do cabo.

    Desta forma, a oscilao dos filetes aparece como uma mudana peridica da seo

    transversal. Baseados no comportamento do filete superior, os autores consideraram duas

    possibilidades de mecanismos de instabilidade: (a) mecanismo de Den Hartog e (b)

    divergncia torsional.

    Matsumoto et al. (1990) investigaram atravs de ensaios em tnel de vento as

    caractersticas de cabos horizontais e inclinados sujeitos ao de vento com e sem a

    presena de chuva. Utilizaram diferentes materiais para representao da superfcie do

    modelo de cabo. Encontraram intenso escoamento axial (escoamento na direo axial de

    cabos inclinados) na esteira do cabo, que tem caractersticas semelhantes de uma placa

    submersa posicionada no mesmo local. O escoamento axial resulta uma fora aerodinmica

    excitadora secundria agindo no cilindro horizontal ou inclinado. Os autores dizem que a

    estabilizao das vibraes induzidas por chuva e vento pode depender do controle destas

    foras aerodinmicas secundrias. Pode ocorrer a formao de um ou dois filetes na superfcie

    dos cabos dependendo do material da superfcie.

    Yamaguchi (1990) desenvolveu um modelo analtico de vibraes induzidas por

    chuva e vento em cabos com a presena do filete superior apenas. Foram investigadas as

    caractersticas aerodinmicas estticas do modelo primeiramente atravs de ensaios realizados

    em tnel de vento. Foram sugeridos dois mecanismos de vibrao por galope: o mecanismo

    de Den Hartog e o de instabilidade de 2GDL (mecanismo torsional). Yamaguchi (1990)

  • 1 Introduo

    Daniel de Souza Machado ([email protected]) Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2008.

    8

    concluiu que a oscilao do filete superior indispensvel para o surgimento das vibraes

    induzidas por chuva e vento.

    As vibraes provocadas pelo efeito combinado de chuva e vento em cabos de pontes

    estaiadas tornaram-se um grande interesse de engenheiros de pontes em vrios pases devido

    as grandes amplitudes atingidas e ocorrncia sob ventos de baixa velocidade. Matsumoto et

    al., (1992) realizaram estudos para esclarecer as caractersticas e mecanismos do fenmeno,

    bem como desenvolver medidas aerodinmicas de controle de vibraes. Para isto,

    promoveram uma srie de ensaios em tnel de vento sob condies combinadas de

    escoamentos suave, turbulento, com chuva e sem chuva. Os autores notaram que a posio do

    filete dgua superior afeta drasticamente a estabilidade aerodinmica dependendo do ngulo

    de incidncia do vento. Sugeriram que as vibraes de cabos devido ao efeito combinado de

    chuva e vento so excitados por dois diferentes fatores: escoamento axial e formao dos

    filetes dgua, podendo cada fator afetar o cabo independentemente. Observaram que a

    turbulncia pode ter efeito estabilizante ou instabilizante dependendo do ngulo de ataque do

    vento e da localizao do filete superior. Como uma soluo para suprimir vibraes sob

    efeito de chuva e vento, os autores propuseram cobertura de cabos com protuberncias no

    sentido longitudinal. Aparentemente, este dispositivo interrompeu a formao de filetes a uma

    posio aerodinamicamente instvel.

    Ruscheweyh e Verwiebe (1995) realizaram ensaios no tnel de vento da Universidade

    de Aachen na Alemanha com o objetivo de detalhar informaes sobre os mecanismos de

    vibraes causadas pelo efeito combinado de chuva e vento em barras quase verticais e

    verticais submetidos chuva artificial. Concluram que grandes amplitudes de vibrao

    iniciam em valores de velocidade baixas e ocorrem em inclinaes de 80 a 90 para todos os

    ngulos de ataque. Alm disso, as amplitudes dependem da intensidade de chuva sobre o cabo

    e podem ser reduzidas com o uso de amortecedores estruturais.

    Flamand (1995) estudou a influncia que os dutos de proteo de cabos cobertos por

    fuligem de poluio atmosfrica exerce no movimento dos filetes d`gua em torno da seo

    transversal. Os ensaios foram realizados em tnel de vento para analisar o comportamento dos

    cabos estaiados da ponte Normandie submetida ao efeito combinado de chuva e vento. Foram

    ensaiados cabos com revestimento de PP (polipropileno) e PE (polietileno). Flamand

    observou que a presena de fuligem na superfcie dos cabos aumentam a possibilidade de

    aparecimento de filetes dgua. Observou que a fuligem pode ser eliminada facilmente por

  • 1 Introduo

    Caracterizao Aerodinmica de Cabos de Pontes Estaiadas Submetidos Ao Combinada de Chuva e Vento

    9

    chuva fina quando a superfcie de PP e mais de uma hora para a superfcie de PE. Ressaltou

    o aparecimento de oscilaes para velocidades mdias do vento baixas e notou a remoo dos

    filetes pelo escoamento quando estas velocidades atingiam valores altos.

    Matsumoto et al. (1995) investigaram as caractersticas das respostas das vibraes

    induzidas por chuva e vento em cabos e seus mecanismos. Foi investigada principalmente a

    resposta do tipo velocidade restrita e a importncia do papel do desprendimento de vrtices de

    perodo muito maior que o convencional desprendimento de vrtices de Krmn. Discutiram

    algumas consideraes relacionadas ao assunto a partir de resultados obtidos em vrios

    ensaios realizados nos tneis da Mitsubishi Heavy Industries e Universidade de Kyoto.

    Segundo os autores, o cilindro com ou sem filetes dgua mostram vrias caractersticas de

    repostas que so afetadas pelo posicionamento em relao ao escoamento do vento,

    localizao do filete superior, condies de escoamento, nmero de Scruton, etc.

    Classificaram as respostas analisadas em (a) resposta de velocidade restrita; (b) resposta

    divergente e (c) resposta hibrida de (a) e (b). Sugeriram que a resposta divergente pode ser

    originada por galope devido formao do filete superior em certa localizao ou devido ao

    aparecimento do escoamento axial atrs do cabo. A resposta de velocidade restrita pode ser

    velocidade restrita de galope devido formao do filete superior em uma localizao instvel

    aerodinamicamente.

    Observaes e medies de vibraes induzidas por efeito combinado de chuva e

    vento em cabos quase verticais foram feitas na ponte em arco sobre rio Elbe na Alemanha em

    1993 e 1994. Observaram-se rachaduras nas conexes de alguns cabos com o tabuleiro. Com

    o objetivo de obter informaes detalhadas sobre os mecanismos envolvidos nos danos

    causados aos cabos de ao desta ponte, Verwiebe e Ruscheweyh (1996) realizaram ensaios de

    modelos de cabos no tnel de vento da Universidade de Aachen. Mostraram que grandes

    oscilaes na direo do escoamento do vento ocorrem apenas com a presena da chuva

    atingindo relao mxima de amplitude/dimetro de 0,17. Essas vibraes iniciam a certa

    velocidade do vento e mudam de direo s velocidades mais altas. Para o ngulo de

    inclinao 79 foram observadas vibraes para todos os ngulos de ataque. Os autores

    afirmam que o uso de amortecedores no altera significativamente a velocidade crtica, mas

    provoca uma reduo proporcional das vibraes de amplitudes.

    Bosdogianni e Olivari (1996) mediram amplitudes de oscilao em modelos de cabos

    de pontes estaiadas ensaiados em tnel de vento utilizando filetes rgidos (artificiais) e

  • 1 Introduo

    Daniel de Souza Machado ([email protected]) Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2008.

    10

    posteriormente fluidos (reais) e compararam com amplitudes medidas sem a presena dos

    filetes. Estudaram tambm a influncia da posio dos filetes de gua na superfcie do cabo,

    bem como a influncia do ngulo de incidncia do vento sobre os cabos. A mudana da forma

    da seo transversal do cilindro devido a presena de filetes dgua levou os autores a pensar

    na idia de que as vibraes do cabo eram induzidas por galope. Sendo assim, os autores no

    simularam cabos sob escoamento turbulento, assumindo-se que os piores casos de galope

    aparecem em escoamento suave. Bosdogianni e Olivari visualizaram claramente o

    comportamento dos filetes utilizando leo misturado com dixido de titnio branco escoando

    livremente na superfcie do cilindro. Notaram uma formao mais pronunciada dos filetes

    dgua para velocidades mdias entre 7,5m/s e 16m/s e para ngulos de incidncia do vento

    entre 0 e 45. Eles determinaram a variao da posio dos filetes dgua superior e inferior

    ao longo da circunferncia da seo do cabo, a qual mostrou relao quase linear com a

    velocidade e ngulo de incidncia do vento. Determinaram as piores condies de inclinao

    e ngulo de incidncia do vento, bem como a posio crtica dos filetes ao longo da direo

    circunferencial da seo. Os autores sugerem que a instabilidade do cabo causada pela

    posio dos filetes e no pelo movimento destes.

    Verwiebe e Ruscheweyh (1997) deram prosseguimento ao estudo iniciado em 1995

    aps vibraes devidas ao efeito combinado da chuva e vento terem sido observadas nos

    cabos de sustentao da mesma ponte em arco. Neste estudo os autores apresentaram

    mecanismos de excitao a partir de ensaios em tnel de vento para diversas inclinaes do

    modelo de cabo e vrios ngulos de incidncia do vento. Consideraram no modelo o mesmo

    dimetro do cabo real para evitar os efeitos de escala devido o tamanho das gotas dgua. Para

    a determinao dos mecanismos propriamente ditos, os autores se basearam em mecanismos

    bsicos: (a) a forma geomtrica da seo transversal do cabo permanece em constante

    mudana devido formao de um ou dois filetes dgua ao longo do cabo. A forma da seo

    depender da adeso entre gua e superfcie do cabo, ao das foras do vento e acelerao da

    oscilao; (b) os filetes dgua oscilam na direo circunferencial da seo transversal do

    cabo devido acelerao momentnea; (c) o sistema ganha energia se a fora resultante

    agindo na seo transversal oscila na mesma freqncia natural do cabo e com o mesmo sinal

    de oscilao da velocidade. Os autores frisam que modelos com filetes artificiais no so

    capazes de apresentar resultados reais, pois no simulam o movimento dos filetes e

    consequentemente a variao contnua da seo transversal.

  • 1 Introduo

    Caracterizao Aerodinmica de Cabos de Pontes Estaiadas Submetidos Ao Combinada de Chuva e Vento

    11

    Verwiebe (1998) complementou seu estudo e ensaiou cabos em tnel de vento

    levando-se em conta a variao do ngulo de ataque do vento, ngulo de inclinao do cabo e

    freqncia natural do modelo. Investigou a interao entre o movimento dos filetes d`gua na

    direo circunferencial e a vibrao do cilindro. Verwiebe props um mtodo aproximado de

    estimativa de amplitudes de deslocamento de cabos e barras sob ao combinada de chuva e

    vento. O mtodo baseado num sistema generalizado massa-mola-amortecedor e pode ser

    dividido em duas etapas: determinao da fora esttica equivalente no modelo e

    determinao da mxima amplitude dinmica do cabo original.

    Sarkar e Gardner (2000) investigaram vrios aspectos do fenmeno das vibraes

    induzidas por chuva e vento atravs de uma srie de ensaios realizados em tnel de vento.

    Investigaram tambm a efetividade de dispositivos eliminadores desta vibrao.

    Hortmanns et al. (2000) utilizaram um modelo aeroelstico de dois graus de liberdade

    (vertical e rotacional) que permitia o movimento de um filete artificial na direo

    circunferencial da seo do cilindro. No entanto, ressaltaram que no apenas a forma da

    seo que dependente do tempo, mas tambm o tamanho e a forma dos filetes. As duas

    ltimas consideraes no foram levadas em conta no modelo, pois, os autores confirmam que

    essa simplificao no provoca influncia significativa nas caractersticas da resposta.

    Hortmanns et al. (2000) afirmam neste estudo que o desprendimento de vrtices e efeito de

    galope no fazem parte dos mecanismos de vibraes induzidas por chuva e vento. As

    respostas obtidas com o modelo foram semelhantes s observaes em tnel de vento com a

    presena de filetes reais. Pretendem investigar futuramente a influncia do tamanho e forma

    dos filetes nas vibraes em questo e adicionar mais um filete que poder se movimentar

    independentemente do outro.

    Consentino et al. (2002) mediram o campo de presses variveis e espessura dgua

    em volta do modelo de cabo sob condies de chuva e vento. Com isso, um modelo mecnico

    de mecanismo de excitao foi elaborado e seus parmetros foram calibrados por resultados

    experimentais. O modelo prope ajudar com o entendimento do fenmeno.

    Gu et al. (2002) investigaram as caractersticas das respostas de cabos de pontes

    estaiadas com a utilizao de modelos de diferentes massas e rigidezes com a presena de

    filetes artificiais. O modelo foi ensaiado no tnel de camada limite TJ-2 na Universidade de

    Tongji para vrias posies dos filetes, diferentes velocidades do vento e ngulos de ataque,

  • 1 Introduo

    Daniel de Souza Machado ([email protected]) Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2008.

    12

    sob escoamento suave. Os resultados para ngulos de incidncia do vento normal ao eixo do

    cabo foram apresentados e comparados com a teoria do galope de Den Hartog. A adio do

    filete inferior teve pouco efeito sobre a vibrao dos cabos. Notaram que o tamanho do filete

    insignificante sobre a vibrao dos cabos. A velocidade de disparo (velocidade em que se

    iniciam as vibraes) aproximadamente proporcional freqncia e tambm ao

    amortecimento estrutural, mas no ao nmero de Scruton. Todos os ensaios realizados em

    cabos horizontais e vento normal ao cabo, exibiram vibraes transversais que ocorriam

    subitamente quando a velocidade do vento atingia certo valor. Os autores confirmaram atravs

    dos resultados que as vibraes transversais em cabos horizontais com direo do vento

    normal so do tipo galope. Analisaram a influncia da posio do filete superior sobre a

    velocidade de disparo. Para ensaios com ngulos de incidncia no normais ao eixo do cabo,

    ocorreram dois efeitos misturados: para baixa velocidade do vento aparecem vibraes de

    velocidade restrita; quando a velocidade aumenta a certo nvel, ocorre o galope.

    Chen et al. (2003) publicaram trabalho sobre a instalao dos amortecedores MR1 nos

    156 cabos mais longos da ponte Dongting com o objetivo de reduzir as vibraes induzidas

    por chuva e vento.

    Matsumoto et al. (2003a) realizaram ensaios em tnel de vento com modelos de cabos

    inclinados e filetes artificiais fixos. Dos experimentos, relataram que o fenmeno provocado

    pelo efeito combinado de chuva de vento ocorre em regies de altas velocidades reduzidas do

    vento. O fenmeno pode ser explicado como vibrao induzida por vrtices, que ocorre a

    altas velocidades reduzidas do vento. Investigaram o efeito dos filetes dgua e da turbulncia

    do vento sobre as vibraes induzidas por estes vrtices. Para Matsumoto et al. (2003a) o

    filete superior e a turbulncia do vento so essenciais no mecanismo de vibrao induzidas

    por vrtices a altas velocidades reduzidas do vento. Os autores pretendem investigar

    futuramente e esclarecer a interao aerodinmica entre instabilidade por galope e vrtices de

    Krmn.

    Matsumoto et al. (2003b) publicaram estudo sobre observaes de campo em pontes

    estaiadas a partir de 2000. Observaram as vibraes induzidas por chuva e vento e as do tipo

    1 Amortecedor com fluido MR (magneto-reolgico). Quando se aplica um fora magntica ao fluido, pequenas partculas de ferrocarbonila imersas no fluido se alinham para fazer com que este endurea e fique slido, fenmeno causado pelo campo magntico de corrente direta, que faz as partculas se imobilizarem em uma polaridade uniforme. O quanto a substncia endurece depende da fora do campo magntico. Caso se retire a fora magntica, as partculas ficam livres imediatamente.

  • 1 Introduo

    Caracterizao Aerodinmica de Cabos de Pontes Estaiadas Submetidos Ao Combinada de Chuva e Vento

    13

    galope. O segundo mecanismo no foi completamente comprovado como sendo galope. No

    entanto, os resultados mostraram a possibilidade de vibrao do tipo divergente. Investigaram

    tambm os coeficientes de foras do vento estticos em tnel de vento para cabos inclinados.

    Para Matsumoto et al. (2003c), as medies em prottipo podem ser melhores para

    medir e analisar as vibraes induzidas por chuva e vento comparadas a ensaios realizados

    com modelos em tnel de vento. No entanto, existem vrias restries em observaes em

    prottipos de cabos de pontes estaiadas, por exemplo, interrupo do trfego. Com o intuito

    de eliminar essas restries, um modelo de cabo em escala real foi construdo em 2000 para se

    analisar o comportamento destes sob diversas condies reais de clima. Tambm observaram

    o comportamento dos cabos da ponte japonesa Meiko, principalmente em dias de vento e

    chuva. Dos experimentos, os autores observaram a existncia de um novo mecanismo que

    pode ser explicado como vibrao induzida por vrtices a altas velocidades reduzidas do

    vento.

    Per e Nahrath (2003) apresentaram modelo matemtico que descreve as vibraes

    induzidas por chuva e vento utilizando a teoria quase-permanente. O modelo descreve ambos

    os movimentos, do cabo e dos filetes dgua sobre a superfcie da seo, incluindo a no

    linearidade fsica e geomtrica. O modelo capaz de simular o fenmeno bsico das

    vibraes induzidas por chuva e vento.

    Wilde e Witkowski (2003) apresentaram modelo analtico de um grau de liberdade

    (1GDL) das vibraes em cabos estaiados causada pelo efeito combinado de chuva e vento.

    Para isto, admitiram que a freqncia do movimento circunferencial do filete dgua igual a

    freqncia da oscilao do cabo. Alm disso, foram feitas outras consideraes: (a) apenas foi

    considerada a existncia do filete superior devido ao seu efeito excitante; (b) a relao de

    amplitude do filete superior e do cabo constante para uma dada velocidade, e pode ser

    modelado por uma funo que descreve a dependncia da amplitude do filete sobre a

    velocidade do vento; (c) a posio inicial do filete superior funo da velocidade do vento;

    (d) a massa do filete negligenciada comparada com a do cabo; (e) no foi levada em

    considerao a existncia do escoamento axial. O modelo proposto descrito por uma

    frmula simples que pode ser facilmente usada para estimar a mxima amplitude da oscilao

    dos cabos submetidos ao simultnea da chuva e vento.

  • 1 Introduo

    Daniel de Souza Machado ([email protected]) Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2008.

    14

    Wang e Xu (2003) realizaram estudo terico preliminar objetivando estabelecer uma

    soluo analtica para o problema de vibraes excessivas devido ao combinada de chuva

    e vento em cabos de pontes estaiadas. Foram feitas medidas de campo e ensaios em tnel de

    vento para comparao dos resultados obtidos pelo modelo. O modelo analtico proposto leva

    em conta o efeito da velocidade mdia do vento na posio do filete dgua superior e a

    influncia do movimento do filete no cabo. Algumas consideraes foram feitas no

    desenvolvimento do modelo: (a) foi admitida uma distribuio uniforme do filete superior ao

    longo do eixo longitudinal do cilindro; (b) efeitos de turbulncia e do escoamento axial no

    foram considerados; (c) o movimento do filete superior na direo circunferencial da seo do

    cilindro foi admitido com harmnico, baseados em Hikami e Shiraishi (1988); (d) a

    freqncia de movimento do filete a mesma do movimento do cabo (Hikami e Shiraishi,

    1988). O modelo de Wang e Xu foi validado atravs da comparao com ensaios realizados

    com filete superior fixo e mvel. O modelo capaz de predizer vibraes em cilindros

    inclinados com filetes em movimento. Concluram que a ocorrncia de vibrao de velocidade

    e amplitude restritas principalmente devido alternncia do amortecimento aerodinmico

    e/ou alternncia da interao entre o movimento do filete superior, movimento do cabo e

    vento. Ressaltaram que a proposta do modelo ainda preliminar e que podem ser feitos

    estudos futuros com a considerao de alguns efeitos citados acima que foram negligenciados.

    Um modelo analtico estocstico para a resposta de cabos estaiados sujeitos a ao

    combinada de chuva e vento foi desenvolvido por Cao et al. (2003). O modelo analtico

    descreve o movimento vertical de um modelo de seo transversal de cabo estaiado composto

    com filete superior. O movimento do filete descrito por um processo estocstico simples

    que, junto s foras aerodinmicas, modelam a complexa interao fluido-estrutura. Foi

    analisada a resposta estocstica do modelo com foras aerodinmicas linearizadas. Os autores

    concluram que se o amortecimento total do cabo tal que provoque efeito de galope ( )0 , o comportamento dinmico do cabo poderia depender de termos negligenciados na expanso

    das foras aerodinmicas e, portanto fora do alcance do modelo linearizado discutido. Desta

    forma, tendo que se discutir posteriormente um comportamento no linear para o cabo.

    Quando o fator de amortecimento positivo ( )0> , o processo de resposta do sistema linear estacionrio, desta forma, a derivada da resposta estocstica apresentada no estudo de Cao et

    al. (2003) pode ser usada para avaliar a amplitude de resposta dos cabos estaiados sob

    condies de chuva e vento.

  • 1 Introduo

    Caracterizao Aerodinmica de Cabos de Pontes Estaiadas Submetidos Ao Combinada de Chuva e Vento

    15

    Seidel e Dinkler (2003) revisaram o estado da arte das vibraes induzidas por chuva e

    vento e suas causas, desde a descoberta do fenmeno por Hikami e Shiraishi em 1986.

    Xu e Wang (2003) apresentaram estudo analtico com o objetivo de explicar alguns

    fenmenos observados de vibraes induzidas por chuva e vento. Basearam-se em alguns

    resultados de tneis de vento e medies de campo para a construo do modelo analtico. O

    modelo foi desenvolvido considerando o efeito da velocidade do vento sobre a posio do

    filete superior e a influncia do movimento deste sobre o cabo.

    Nahrath (2003) em sua tese, desenvolveu modelo analtico de 4 GDL, que utiliza

    dados obtidos em tnel de vento para obteno dos resultados analticos. O modelo descreve a

    oscilao de um cabo inclinado acoplado aos filetes superior e inferior. Os resultados obtidos

    pelo modelo so utilizados para auxiliar no entendimento dos mecanismos das vibraes

    induzidas por chuva e vento, atravs de ensaios em tnel de vento. O autor considerou o

    modelo validado aps a comparao de resultados obtidos analiticamente, e atravs do

    modelo desenvolvido experimentalmente. O modelo mostra uma dependncia de diversos

    parmetros de influncia sobre as vibraes. Da mesma forma que investigaes realizadas

    por outros pesquisadores, Nahrath (2003) concluiu que o filete superior tem influncia crucial

    nas vibraes e que o tamanho dos filetes varia em funo do tempo e espao, que novamente

    influenciaro as foras do vento. O autor sugere que novas investigaes para caracterizao

    do comportamento dos filetes sejam realizadas.

    Dreyer (2004) apresentou em sua tese, baseado nos modelos de Yamaguchi (1990) e

    Nahrath (2004), um algoritmo para simulao das vibraes induzidas por chuva e vento em

    cabos com filetes dgua. Desenvolveu equaes do movimento para o cabo e para os filetes

    baseados nas equaes de Navier-Stokes.

    Chen et al. (2004) conduziram uma srie de ensaios para investigar a possibilidade do

    uso de amortecedores MR na ponte estaiada Dongting, China, aps intensivas observaes de

    vibraes induzidas por chuva e vento desde a abertura do trfego em 1999. A instalao do

    sistema de amortecedores MR apresentou efetividade e confiabilidade a partir da observao

    de trs anos de servio da ponte Dongting Lake.

    Seidel e Dinkler (2004) desenvolveram um modelo atravs da formulao das

    equaes do movimento para cabos e filetes dgua. Consideraram os efeitos da camada

    limite baseada nas equaes da camada limite de Prandtl e fundamentos da fsica das gotas.

  • 1 Introduo

    Daniel de Souza Machado ([email protected]) Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2008.

    16

    Concluram que o resultado do movimento dos filetes dgua uma transio peridica de

    escoamento, entre subcrtico e crtico. O mecanismo baseado no fenmeno do fio de Prandtl

    e considera os filetes dgua como uma perturbao mvel. A interao entre cabo, filetes e

    escoamento determinam o desenvolvimento de um mecanismo auto excitante que provoca

    vibraes de largas amplitudes paralela ou perpendicular direo do vento dependendo da

    localizao dos filetes. As observaes indicam que as vibraes induzidas por chuva e vento

    so compostas por dois fenmenos. O primeiro ocorre a baixas velocidades e o segundo

    ocorre a altas velocidades.

    Um modelo matemtico foi desenvolvido por Burgh e Hartono (2004) para anlise

    linear e no linear de vibraes induzidas por chuva e vento, como um simples oscilador (de 1

    grau de liberdade). As foras estticas devidas chuva e vento so medidas em tnel de vento

    e expressas na forma de coeficientes aerodinmicos adimensionais que dependem do ngulo

    relativo entre ponto de estagnao do vento e posio do filete superior.

    Li e Lin (2005) conduziram testes de cabos com filete superior artificial para

    esclarecer os mecanismos das vibraes induzidas por chuva e vento. Testaram a influncia

    do tamanho e posio dos filetes, parmetros dinmicos do cabo, ngulos de ataque, entre

    outros parmetros. Os resultados obtidos por Li e Lin (2005) mostram que a presena do filete

    superior parece ser pr-requisito para o aparecimento das vibraes induzidas por chuva e

    vento em cabos de pontes estaiadas. As vibraes obviamente diminuem com o aumento do

    amortecimento e da freqncia natural do cabo.

    Schwarzkopf e Sedlacek (2005) investigaram os mecanismos das vibraes induzidas

    por chuva e vento para produzir modelos futuros de clculo da variao da posio dos filetes

    dgua e da magnitude das amplitudes de vibrao.

    Wang et al. (2005) realizaram ensaios em tnel de vento para entender os efeitos da

    dinmica do fluido (filete) prximo esteira. Compararam cabos estacionrios com e sem a

    presena de filetes; investigaram as caractersticas da tridimensionalidade do escoamento em

    volta do cilindro, especialmente no que diz respeito interao entre vrtices de Krmn e

    estruturas alongadas. Afirmaram que a posio e o movimento dos filetes dependem da

    intensidade de chuva, velocidade do vento, ngulo de inclinao e ngulo de ataque. Ambos

    os filetes ocorrem em torno da linha de separao do escoamento. A fora de arrasto aumenta

    significativamente com a presena dos filetes na seo. A formao de filetes provoca grande

  • 1 Introduo

    Caracterizao Aerodinmica de Cabos de Pontes Estaiadas Submetidos Ao Combinada de Chuva e Vento

    17

    aumento na freqncia dominante prxima da esteira. As largas variaes das oscilaes

    circunferenciais dos filetes perturbam a separao do escoamento do cilindro. Os autores

    ainda pretendem investigar as vibraes induzidas pelo efeito combinado de chuva e vento em

    cabos, associadas ao a