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Revista experimental que aborda o tempo por meio de reflexões, poemas e ilustrações. AutoresBeatriz ChavesCaroline BcharaEduardo BarrettoHermano AraújoPedro Paulo Teixeira ÁvilaTRANSCRIPT
Editor chefe: Pedro Paulo Teixeira
Redação: Eduardo Barreto, Caroline Bchara, Pedro Paulo Teixeira, Hermano Araújo, Mariana Pedroza.
Direção de arte: Beatriz Chaves, Hermano Araújo, Pedro Paulo Teixeira.
Revisão: Eduardo Barreto, Caroline Bchara.
Revista experimental produzida na disciplina
de 2012 com orientação de Célia Matsunaga, Suzana Guedes e Alice Roberte.
TEMPO, s.m. Série ininterrupta e eterna de instantes; medida arbitrária da duração das coisas; época determinada; prazo; demora; estado da atmosfera; cada uma das divisões do compasso. A ÆON quer tratar de todas essas
procura se referir. Buscando essa forma não-tradicional de retratar o tempo, propõe-se a convergir assuntos como comportamento, artes visuais e literatura. Procura construir um olhar abrangente sobre a contempora-neidade, mesclando ilustrações com tópicos como misticismo, música e poesia.“Um minuto liberto da ordem do tempo re-criou em nós, para o sentir, o homem liberto da ordem do tempo”. (PROUST, Marcel)
Editor chefe: Pedro Paulo Teixeira
Redação: Eduardo Barreto, Caroline Bchara, Pedro Paulo Teixeira, Hermano Araújo, Mariana Pedroza.
Direção de arte: Beatriz Chaves, Hermano Araújo, Pedro Paulo Teixeira.
Revisão: Eduardo Barreto, Caroline Bchara.
Revista experimental produzida na disciplina
de 2012 com orientação de Célia Matsunaga, Suzana Guedes e Alice Roberte.
TEMPO, s.m. Série ininterrupta e eterna de instantes; medida arbitrária da duração das coisas; época determinada; prazo; demora; estado da atmosfera; cada uma das divisões do compasso. A ÆON quer tratar de todas essas
procura se referir. Buscando essa forma não-tradicional de retratar o tempo, propõe-se a convergir assuntos como comportamento, artes visuais e literatura. Procura construir um olhar abrangente sobre a contempora-neidade, mesclando ilustrações com tópicos como misticismo, música e poesia.“Um minuto liberto da ordem do tempo re-criou em nós, para o sentir, o homem liberto da ordem do tempo”. (PROUST, Marcel)
6Acaso
8Cururu tei tei
10Mística
12E se o tempo não existisse?
16Poezio
18Numeral temporal
19Às vezes
20Badalada
6Acaso
8Cururu tei tei
10Mística
12E se o tempo não existisse?
16Poezio
18Numeral temporal
19Às vezes
20Badalada
Imagine cada gesto, cada pensamento, cada sensação como funções preprogramadas des-de o nascimento (ou quiçá antes) até a nossa morte. É de se espantar. A predestinação di-vina seria uma teorização religiosa desse fato, na qual quem crê a entende como a salvação de Deus. Albert Einstein, assim, dizia que “Deus não joga dados com o Universo”; ape-sar de a sentença estar intimamente ligada à física, ela indica, em um entendimento geral, que tudo o que existe e se impõe como tal foi planejado e estruturado de alguma forma; algo ali está, porque era onde deveria estar. Em contraposição a todo esse apri-sionamento e abstraindo-se de doutrinas re-ligiosas, temos o livre-arbítrio. Para alguns, ele sim é a salvação. A possível existência da capacidade de livre escolha através de von-tades próprias nos faz sentir no poder de nossas vidas, sem que haja um Ser Supremo coordenando cada movimento. O problema é que podemos achar que estamos agindo por vontade própria, sem a consciência de que o que pensamos em fazer já é uma con-sequência da consequência da consequên-cia de algo realizado há muito tempo, talvez nos primórdios do surgimento dos seres. Tudo bem, então quer dizer que tudo o que fazemos são efeitos sucessi-vos de eventos que vieram aconte-cendo desde sempre? Talvez. Não existe resposta certa. A resposta mais certa para essa inda-gação seria “sim e
não”. O que nos leva a um ponto crítico: o que -
camente falando, podemos até chutar o Big Bang. Tá, mas e aí, o Big Bang já não seria o efeito de uma causa prévia? O que seria a cau-sa do Big Bang? Essas são perguntas feitas a muitos anos e que na nossa rotina esquece-mos de nos perguntar frequentemente. Não se trata de uma questão somente “de onde vie-mos”, mas, muito além, “de onde veio o que veio daquilo que achamos que veio”. É aden-trar num espaço obscuro e desconhecido. É saber encarar os eventos com uma visão mui-to mais ampla. É tentar entender nosso lugar no universo. E, mais importante do que isso tudo, tentar entender nosso lugar no tempo. É possível que por muitas décadas ou séculos não tenhamos sequer uma respos-ta que nos conforte. Vai ver esse é o maior mistério da vida. Seguindo a lógica, esse tex-to em que você, leitor, pousa seus olhos ago-ra pode ter sido causado pelo surgimento de um simples coacervado e, da mesma fora, es-sas palavras pretendem causar um efeito: sua inquietação. Sua inquietação sobre o tempo em que vive. Sobre pequenas coisas que des-trinchadas em suas causalidades se mostram
como grandiosos quebra-cabeças. É preciso pensar nos dados que talvez sejam um
dia lançados, se já não estiverem por aí. Pensar nossa sorte.
Nosso tempo no tempo.
POR PEDRO PAULO TEIXEIRA ÁVILA
NO NOSSO DIA-A-DIA, PONDERAMOS, nem sempre sabiamente, sobre nossos atos, preven-do possíveis consequências do que acontece ao nosso redor. São nesses momentos que utiliza-mos o princípio da causalidade, que é a rela-ção entre causas e efeitos. A causalidade pode nos confortar por sugerir previsibilidades, mantendo-nos parcialmente sobre o controle do que fazemos e do que os outros fazem. Por outro lado, ela pode nos perturbar por indicar que toda causa produz um efeito. Dessa for-ma, estaríamos desesperadamente presos em uma cadeia fechada de acontecimentos, tendo como única esperança os possíveis e raros aca-sos que aparecem por vezes em nossas vidas.
Porém, se formos levados a crer que o acaso, “um evento sem causa” como a morfolo-gia nos permite entender, não existe, tudo no Universo já estaria predeterminado em uma
consequências, e o que estamos acostumados a chamar de acaso seria, na realidade, apenas mais um evento causal com data, hora e modo para acontecer, daríamos essa denominação apenas pela capacidade desse evento de nos surpreender, de ser incomum, características
-ação já determinada. Seria possível que todos os acontecimentos já tenham sido arquite-tados em uma inescapável série de eventos?
DE ONDE VEIO O QUE VEIOD A Q U i L O Q U E
ACHAMOS QUEVE IO
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n7
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Imagine cada gesto, cada pensamento, cada sensação como funções preprogramadas des-de o nascimento (ou quiçá antes) até a nossa morte. É de se espantar. A predestinação di-vina seria uma teorização religiosa desse fato, na qual quem crê a entende como a salvação de Deus. Albert Einstein, assim, dizia que “Deus não joga dados com o Universo”; ape-sar de a sentença estar intimamente ligada à física, ela indica, em um entendimento geral, que tudo o que existe e se impõe como tal foi planejado e estruturado de alguma forma; algo ali está, porque era onde deveria estar. Em contraposição a todo esse apri-sionamento e abstraindo-se de doutrinas re-ligiosas, temos o livre-arbítrio. Para alguns, ele sim é a salvação. A possível existência da capacidade de livre escolha através de von-tades próprias nos faz sentir no poder de nossas vidas, sem que haja um Ser Supremo coordenando cada movimento. O problema é que podemos achar que estamos agindo por vontade própria, sem a consciência de que o que pensamos em fazer já é uma con-sequência da consequência da consequên-cia de algo realizado há muito tempo, talvez nos primórdios do surgimento dos seres. Tudo bem, então quer dizer que tudo o que fazemos são efeitos sucessi-vos de eventos que vieram aconte-cendo desde sempre? Talvez. Não existe resposta certa. A resposta mais certa para essa inda-gação seria “sim e
não”. O que nos leva a um ponto crítico: o que -
camente falando, podemos até chutar o Big Bang. Tá, mas e aí, o Big Bang já não seria o efeito de uma causa prévia? O que seria a cau-sa do Big Bang? Essas são perguntas feitas a muitos anos e que na nossa rotina esquece-mos de nos perguntar frequentemente. Não se trata de uma questão somente “de onde vie-mos”, mas, muito além, “de onde veio o que veio daquilo que achamos que veio”. É aden-trar num espaço obscuro e desconhecido. É saber encarar os eventos com uma visão mui-to mais ampla. É tentar entender nosso lugar no universo. E, mais importante do que isso tudo, tentar entender nosso lugar no tempo. É possível que por muitas décadas ou séculos não tenhamos sequer uma respos-ta que nos conforte. Vai ver esse é o maior mistério da vida. Seguindo a lógica, esse tex-to em que você, leitor, pousa seus olhos ago-ra pode ter sido causado pelo surgimento de um simples coacervado e, da mesma fora, es-sas palavras pretendem causar um efeito: sua inquietação. Sua inquietação sobre o tempo em que vive. Sobre pequenas coisas que des-trinchadas em suas causalidades se mostram
como grandiosos quebra-cabeças. É preciso pensar nos dados que talvez sejam um
dia lançados, se já não estiverem por aí. Pensar nossa sorte.
Nosso tempo no tempo.
POR PEDRO PAULO TEIXEIRA ÁVILA
NO NOSSO DIA-A-DIA, PONDERAMOS, nem sempre sabiamente, sobre nossos atos, preven-do possíveis consequências do que acontece ao nosso redor. São nesses momentos que utiliza-mos o princípio da causalidade, que é a rela-ção entre causas e efeitos. A causalidade pode nos confortar por sugerir previsibilidades, mantendo-nos parcialmente sobre o controle do que fazemos e do que os outros fazem. Por outro lado, ela pode nos perturbar por indicar que toda causa produz um efeito. Dessa for-ma, estaríamos desesperadamente presos em uma cadeia fechada de acontecimentos, tendo como única esperança os possíveis e raros aca-sos que aparecem por vezes em nossas vidas.
Porém, se formos levados a crer que o acaso, “um evento sem causa” como a morfolo-gia nos permite entender, não existe, tudo no Universo já estaria predeterminado em uma
consequências, e o que estamos acostumados a chamar de acaso seria, na realidade, apenas mais um evento causal com data, hora e modo para acontecer, daríamos essa denominação apenas pela capacidade desse evento de nos surpreender, de ser incomum, características
-ação já determinada. Seria possível que todos os acontecimentos já tenham sido arquite-tados em uma inescapável série de eventos?
DE ONDE VEIO O QUE VEIOD A Q U i L O Q U E
ACHAMOS QUEVE IO
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POR HERMANO ARAÚJO
o mundo precisa de mais sonhos
brace yourselves
fuga do presente
cuRUru tEi TeI
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POR HERMANO ARAÚJO
o mundo precisa de mais sonhos
brace yourselves
fuga do presente
cuRUru tEi TeI
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TODO MUNDO DIZ QUE O NOSSO SIGNO EXPLICA COMO SOMOS. Na verdade, ele é uma ferramenta,
Gêmeos, Câncer, Leão, Virgem Libra, Escorpião, Sagitário, Capricórnio, Aquário, Peixes. São doze. Doze relações diferentes com o cosmo, o espaço, o tempo, e suas dimensões. Três, na verdade. Três dimensões onde tudo é possível e, ao mesmo tempo, real. Onde saímos de um antes irreversível
somos, dependede como lidamos com cada situação e não só deles, dos signos. Doze, assim como a
da Cinderela.
Sempre vemos aqueles que seguem o relógio e os que agem de acordo com si mesmos. Os que acreditam num tempo pré-determinado e os que tomam decisões Independentemente dele. São dois tempos. Dois tempos distintos e igual-mente reais. Dois tempos que se misturam e se separam simultaneamente. Cada qual tem a sua
-cados são bem diferentes.
É impossível saber que o melhor dia de nos-sas vidas vai ser mesmo o melhor. Até que ele acontece. Não é possível reconhecê-lo, até que nos encontramos vivenciando aquele momen-to perfeito. O engraçado é que aqueles dias que começam com uma cara bem normal são os que acabam nos surpreendendo. Aqueles dias
para cumprir todo o “roteiro”, porque tudo o que queremos é viver para sempre.
Se pararmos para pensar, uma hora não é mui-to. Uma hora pode salvar sua vida. Uma hora pode mudar o seu jeito de pensar. Para alguns,
é só uma hora. 60 minutos, 3600 segundos. E ela começa de novo, já que o tempo é um círculo. Tudo se repete.
Quando se é criança, nossa vontade é que nada mude. Nosso maior medo é o de que qualquer mudança no passado tenha sérias conseqüên-cias no futuro. Mas é o que todos dizem, não é? Impossível crescer enquanto estivermos presos ao passado. Às vezes, ele é algo que sim-plesmente não se consegue deixar para trás. Ou aquilo que fazemos de tudo para esquecer. E, quando aprendemos coisas novas sobre ele, toda a nossa concepção do presente acaba indo para o espaço.
Todo mundo sabe de alguém que faz de uma -
nhecemos pode ser mutante. Se, quando ocor-ridos, os eventos perderem a realidade. Se, com o passar do tempo, o passado deixar de aconte-cer. Mas já diziam os sábios: aqueles que do pas-sado se esquecem estão condenados a repeti-lo.
Uns não se importam com as decisões, e argu-mentam que todas as possíveis virão a aconte-cer. Já outros dizem que cada uma delas deve ser examinada e tomada com cautela. Bom, a decisão tem que ser tomada em algum momen-to, e, em cada dimensão do tempo, ela se torna-rá igualmente real.
Nada está determinado para sempre. Se assim fosse, seríamos meros espectadores das nossas
constante transformação. Passamos a vida ten-tando planejá-lo, mas, na realidade, ele só nos reserva uma coisa: ser totalmente diferente da-quilo que imaginamos.
É bom saber que vivemos em um mundo onde o tempo é absoluto. Ele não varia, é previsível. Bem diferente das pessoas, eu diria. Não se pode duvidar do tempo e, embora se possa duvidar das pessoas, elas podem, às vezes, nos surpre-ender de um jeito inexplicavelmente positivo.
É claro que preferiríamos saber como nosso dia vai acabar, ou que problemas vão cruzar o caminho. O tempo faz do mundo um lugar de oportunidades momentâneas e planos altera-dos. A verdade é que é impossível prevermos
uma coisa: a parte mais interessante deles é, com certeza, o inesperado.
Quanto mais nos movimentamos, parece que mais lentamente anda o relógio. Não é à toa que a alta velocidade é uma constante em nos-sas vidas: queremos sempre ganhar tempo. Ele voa, não espera por ninguém. E é tudo o que todo mundo quer. Tempo para se levantar, para crescer. Tempo. Apenas tempo.
Várias cópias, imagens, melodias. Ao mesmo tempo em que vivemos, existe um incontável número de realidades paralelas vivenciando exatamente as mesmas experiências naquele momento. Enquanto buscamos saber qual das repetições forma o nosso “eu”, nosso futuro ser, o tempo não cansa de seu velho bate e rebate.
Toda sociedade está dividida em dois grupos: os Depois e os Agoras. As pessoas que decidem viver intensamente cada um de seus momentos e aquelas que preferem fazer de tudo enquanto ainda há tempo. Todo mundo começa no agora, e só depende de nós determinar aquilo que se-remos no depois.
POR BEATRIZ CHAVES E CAROLINE BCHARA
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TODO MUNDO DIZ QUE O NOSSO SIGNO EXPLICA COMO SOMOS. Na verdade, ele é uma ferramenta,
Gêmeos, Câncer, Leão, Virgem Libra, Escorpião, Sagitário, Capricórnio, Aquário, Peixes. São doze. Doze relações diferentes com o cosmo, o espaço, o tempo, e suas dimensões. Três, na verdade. Três dimensões onde tudo é possível e, ao mesmo tempo, real. Onde saímos de um antes irreversível
somos, dependede como lidamos com cada situação e não só deles, dos signos. Doze, assim como a
da Cinderela.
Sempre vemos aqueles que seguem o relógio e os que agem de acordo com si mesmos. Os que acreditam num tempo pré-determinado e os que tomam decisões Independentemente dele. São dois tempos. Dois tempos distintos e igual-mente reais. Dois tempos que se misturam e se separam simultaneamente. Cada qual tem a sua
-cados são bem diferentes.
É impossível saber que o melhor dia de nos-sas vidas vai ser mesmo o melhor. Até que ele acontece. Não é possível reconhecê-lo, até que nos encontramos vivenciando aquele momen-to perfeito. O engraçado é que aqueles dias que começam com uma cara bem normal são os que acabam nos surpreendendo. Aqueles dias
para cumprir todo o “roteiro”, porque tudo o que queremos é viver para sempre.
Se pararmos para pensar, uma hora não é mui-to. Uma hora pode salvar sua vida. Uma hora pode mudar o seu jeito de pensar. Para alguns,
é só uma hora. 60 minutos, 3600 segundos. E ela começa de novo, já que o tempo é um círculo. Tudo se repete.
Quando se é criança, nossa vontade é que nada mude. Nosso maior medo é o de que qualquer mudança no passado tenha sérias conseqüên-cias no futuro. Mas é o que todos dizem, não é? Impossível crescer enquanto estivermos presos ao passado. Às vezes, ele é algo que sim-plesmente não se consegue deixar para trás. Ou aquilo que fazemos de tudo para esquecer. E, quando aprendemos coisas novas sobre ele, toda a nossa concepção do presente acaba indo para o espaço.
Todo mundo sabe de alguém que faz de uma -
nhecemos pode ser mutante. Se, quando ocor-ridos, os eventos perderem a realidade. Se, com o passar do tempo, o passado deixar de aconte-cer. Mas já diziam os sábios: aqueles que do pas-sado se esquecem estão condenados a repeti-lo.
Uns não se importam com as decisões, e argu-mentam que todas as possíveis virão a aconte-cer. Já outros dizem que cada uma delas deve ser examinada e tomada com cautela. Bom, a decisão tem que ser tomada em algum momen-to, e, em cada dimensão do tempo, ela se torna-rá igualmente real.
Nada está determinado para sempre. Se assim fosse, seríamos meros espectadores das nossas
constante transformação. Passamos a vida ten-tando planejá-lo, mas, na realidade, ele só nos reserva uma coisa: ser totalmente diferente da-quilo que imaginamos.
É bom saber que vivemos em um mundo onde o tempo é absoluto. Ele não varia, é previsível. Bem diferente das pessoas, eu diria. Não se pode duvidar do tempo e, embora se possa duvidar das pessoas, elas podem, às vezes, nos surpre-ender de um jeito inexplicavelmente positivo.
É claro que preferiríamos saber como nosso dia vai acabar, ou que problemas vão cruzar o caminho. O tempo faz do mundo um lugar de oportunidades momentâneas e planos altera-dos. A verdade é que é impossível prevermos
uma coisa: a parte mais interessante deles é, com certeza, o inesperado.
Quanto mais nos movimentamos, parece que mais lentamente anda o relógio. Não é à toa que a alta velocidade é uma constante em nos-sas vidas: queremos sempre ganhar tempo. Ele voa, não espera por ninguém. E é tudo o que todo mundo quer. Tempo para se levantar, para crescer. Tempo. Apenas tempo.
Várias cópias, imagens, melodias. Ao mesmo tempo em que vivemos, existe um incontável número de realidades paralelas vivenciando exatamente as mesmas experiências naquele momento. Enquanto buscamos saber qual das repetições forma o nosso “eu”, nosso futuro ser, o tempo não cansa de seu velho bate e rebate.
Toda sociedade está dividida em dois grupos: os Depois e os Agoras. As pessoas que decidem viver intensamente cada um de seus momentos e aquelas que preferem fazer de tudo enquanto ainda há tempo. Todo mundo começa no agora, e só depende de nós determinar aquilo que se-remos no depois.
POR BEATRIZ CHAVES E CAROLINE BCHARA
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JOHN MCTAGGART, no começo do século XX, estudou o tempo. Não a previsão do tempo, como “pancadas de chuva no norte de Lon-dres”. O “tempo” do relógio da praça, do ho-mem se afogando, do casal apaixonado. E se o tempo não existisse? E se isso fosse provado por relações lógicas? Aí é que entra McTaggart. Se é perda de tempo, só poderemos dizer no futuro. Quer dizer... Qualquer acontecimento pode ser passado, presente ou futuro. Basta escolher-mos um referencial. Assim, ontem é o futuro de anteontem, o passado de hoje, e o presente do próprio ontem. Todo evento vai de passado a futuro. Onde está a contradição? Calma! Tá com pressa? A contradição é que, assim como qualquer evento pode ser passado, presente ou futuro, qualquer evento carrega uma denomi-nação por vez. Um acontecimento é só passado, só presente ou futuro. Um por vez. Isso faz com que tais denominações sejam excludentes, que neguem os outros dois estados. Se um evento só pode ser passado, presente ou futuro, como pode ser passado, presente e futuro? McTag-gart notou que tal divisão (presente, passado e futuro) é muito recorrente, mesmo que não faça sentido lógico. A esse modo de dividir o tempo, ele chamou de série A. Se você já está ansioso pela série B, não precisa! A série B consiste em dividir o tempo em “antes“ e “depois”. Fácil? Não. O tempo envolve mudanças, certo? Óbvio. Como negar isso? A mudança é o que nos permite constatar que o tempo existe...
Mas se a mudança é inerente, o “an-tes” e o “depois” não mudam. 26 de janeiro de 2012 será sempre antes de 28 de abril de 2012. E agora? É impossível dizer que o “idealista de Cambridge”, como era conhecido, esteja certo.
que outra vem e a desmente. É justamente essa falibilidade que assegura o progresso da ciên-
-ro ideal seja vivido no presente. Há que se olhar os erros do passado, dirão os positivistas. Mas o futuro nunca virá, isso é certo. Pelo menos, não em forma de futuro. Existe uma diferença entre sonhar e empreender. Empreender une o sonho à ação. Sonhar une o sonho a...? A ideia de que o tempo não existe, por si só, chama muito a atenção. Como assim, não existe? Então, vivemos numa mentira? Pode ser que sim, ou que não. Se costumamos men-tir, então vivemos numa mentira, não importa se o tempo existe ou não. O tempo não irá te mostrar o caminho, cicatrizar feridas ou enxu-gar lágrimas. Você faz tudo isso. Só que é difícil reconhecer. Também é difícil admitir que você perdeu algumas coisas por erro. É mais fácil fa-lar que elas foram levadas de você. Quando lan-çou o livro “A Irrealidade do Tempo”, em 1908, McTaggart foi asperamente criticado pela co-
à frente de seu tempo.
POR BEATRIZ CHAVES E EDUARDO BARRETO
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JOHN MCTAGGART, no começo do século XX, estudou o tempo. Não a previsão do tempo, como “pancadas de chuva no norte de Lon-dres”. O “tempo” do relógio da praça, do ho-mem se afogando, do casal apaixonado. E se o tempo não existisse? E se isso fosse provado por relações lógicas? Aí é que entra McTaggart. Se é perda de tempo, só poderemos dizer no futuro. Quer dizer... Qualquer acontecimento pode ser passado, presente ou futuro. Basta escolher-mos um referencial. Assim, ontem é o futuro de anteontem, o passado de hoje, e o presente do próprio ontem. Todo evento vai de passado a futuro. Onde está a contradição? Calma! Tá com pressa? A contradição é que, assim como qualquer evento pode ser passado, presente ou futuro, qualquer evento carrega uma denomi-nação por vez. Um acontecimento é só passado, só presente ou futuro. Um por vez. Isso faz com que tais denominações sejam excludentes, que neguem os outros dois estados. Se um evento só pode ser passado, presente ou futuro, como pode ser passado, presente e futuro? McTag-gart notou que tal divisão (presente, passado e futuro) é muito recorrente, mesmo que não faça sentido lógico. A esse modo de dividir o tempo, ele chamou de série A. Se você já está ansioso pela série B, não precisa! A série B consiste em dividir o tempo em “antes“ e “depois”. Fácil? Não. O tempo envolve mudanças, certo? Óbvio. Como negar isso? A mudança é o que nos permite constatar que o tempo existe...
Mas se a mudança é inerente, o “an-tes” e o “depois” não mudam. 26 de janeiro de 2012 será sempre antes de 28 de abril de 2012. E agora? É impossível dizer que o “idealista de Cambridge”, como era conhecido, esteja certo.
que outra vem e a desmente. É justamente essa falibilidade que assegura o progresso da ciên-
-ro ideal seja vivido no presente. Há que se olhar os erros do passado, dirão os positivistas. Mas o futuro nunca virá, isso é certo. Pelo menos, não em forma de futuro. Existe uma diferença entre sonhar e empreender. Empreender une o sonho à ação. Sonhar une o sonho a...? A ideia de que o tempo não existe, por si só, chama muito a atenção. Como assim, não existe? Então, vivemos numa mentira? Pode ser que sim, ou que não. Se costumamos men-tir, então vivemos numa mentira, não importa se o tempo existe ou não. O tempo não irá te mostrar o caminho, cicatrizar feridas ou enxu-gar lágrimas. Você faz tudo isso. Só que é difícil reconhecer. Também é difícil admitir que você perdeu algumas coisas por erro. É mais fácil fa-lar que elas foram levadas de você. Quando lan-çou o livro “A Irrealidade do Tempo”, em 1908, McTaggart foi asperamente criticado pela co-
à frente de seu tempo.
POR BEATRIZ CHAVES E EDUARDO BARRETO
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1. QUEM VEIO PRIMEIRO, O OVO OU A GALINHA?2. Sou Flamengo e tenho uma nêga chamada Tereza. 3. Três trigues tristes tigelas de tigro. 4. Primavera, verão, outono, inverno. 5. Água, Terra, Vento, Fogo e... Leeloo? 6. Harry Potter e o Enigma do Príncipe. 7. As sete notas musicais do arco-íris, digo... 8. Que não seja imortal,
9. #Volta-Plutão 10. Já são dez horas? Acordei atrasado de novo? Não é possível... 11. Dois postes na lagoa. 12. O buraco é fundo, acabou-se o mundo. 13. Ôôô, eu sou o Nissim Ourfali e esse é o meu Bar Mitzvah. 14. Em julho de 1789, a famosa queda da Bastilha. 15. Eu cresci agora sou mulher. 16. 17. Um passo sem pensar. 18. 19. Zona de conforto até a crise dos vinte aparecer. 20. Dois-ponto-zero. 21. Se quicar uma vez, vale um ponto. Quicou duas, zero. 22. Sea-
23. 2 / 3 = 0,666 24. O dia mal acabou e já começa de novo.
POR CAROLINE BCHARA E HERMANO ARAÚJO
n u m e r a lt e m p o r a l
O SER HUMANO É FRACO. Fraco a ponto de precisar se medir e
necessidades, de indicar pra cada um a linha do horizonte e de nos fazer contar o que está no imaginário. Ele é a tenuidade en-tre o certo e o errado e, mais do que isso, entre a vida e a morte. O que dizer daquilo que rege todo e qualquer tipo de sociedade e sequer consegue ser autoexplicativo? As coisas lineares acontecem muitas vezes sem um por quê. Muitas outras sem depender de qualquer tipo de decisão ou escolha pessoal. Outras tantas simplesmente pelo fato de que a gente na verdade não decide nada nesse universo paralelo e é aí que tudo é jogado aos quatro ventos e lançado às decisões do tempo. Ele sim sabe o que faz, sabe cada rua certeira que deve-mos caminhar; sabe ainda se a passos largos ou curtos e ligeiros.
alheia, mas que no fundo não passa da maior sinceridade que poderia ser ouvida. O tempo é o anúncio do futuro no nosso pre-sente perturbado e cheio de marcas opacas, daquelas que nada nem ninguém faz questão de mudar. O mundo só cabe em si graças às voltas que dá, ao tempo que apazigua o temível e junta cada caco de moral que fora jo-gado sem rumo. Porque essa é a realidade: cada segundo, e aqui deixo bem claro que o impalpável também pode ser medido, de-termina a virada que a gente quer ver, sentir e viver. O tempo não passa da vontade que queremos fazer as coisasmudarem, do objetivo e do prazo que cada um dá aos seus so-nhos. Justamente assim: o mundo gira no eixo dos desejos e se faz inerte no tempo que damos a eles. E mais ou menos assim, sem ser. O tempo não deixa de cumprir com as suas funções de marcador cronológico. Mesmo sem ser ele não deixa o haver de lado. Há sim o tempo para cada
infortúnios de cada dia. O tempo é o devorador de si próprio e a gente não passa de um passatempo pra ele.
POR MARIANA PEDROZA
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1. QUEM VEIO PRIMEIRO, O OVO OU A GALINHA?2. Sou Flamengo e tenho uma nêga chamada Tereza. 3. Três trigues tristes tigelas de tigro. 4. Primavera, verão, outono, inverno. 5. Água, Terra, Vento, Fogo e... Leeloo? 6. Harry Potter e o Enigma do Príncipe. 7. As sete notas musicais do arco-íris, digo... 8. Que não seja imortal,
9. #Volta-Plutão 10. Já são dez horas? Acordei atrasado de novo? Não é possível... 11. Dois postes na lagoa. 12. O buraco é fundo, acabou-se o mundo. 13. Ôôô, eu sou o Nissim Ourfali e esse é o meu Bar Mitzvah. 14. Em julho de 1789, a famosa queda da Bastilha. 15. Eu cresci agora sou mulher. 16. 17. Um passo sem pensar. 18. 19. Zona de conforto até a crise dos vinte aparecer. 20. Dois-ponto-zero. 21. Se quicar uma vez, vale um ponto. Quicou duas, zero. 22. Sea-
23. 2 / 3 = 0,666 24. O dia mal acabou e já começa de novo.
POR CAROLINE BCHARA E HERMANO ARAÚJO
n u m e r a lt e m p o r a l
O SER HUMANO É FRACO. Fraco a ponto de precisar se medir e
necessidades, de indicar pra cada um a linha do horizonte e de nos fazer contar o que está no imaginário. Ele é a tenuidade en-tre o certo e o errado e, mais do que isso, entre a vida e a morte. O que dizer daquilo que rege todo e qualquer tipo de sociedade e sequer consegue ser autoexplicativo? As coisas lineares acontecem muitas vezes sem um por quê. Muitas outras sem depender de qualquer tipo de decisão ou escolha pessoal. Outras tantas simplesmente pelo fato de que a gente na verdade não decide nada nesse universo paralelo e é aí que tudo é jogado aos quatro ventos e lançado às decisões do tempo. Ele sim sabe o que faz, sabe cada rua certeira que deve-mos caminhar; sabe ainda se a passos largos ou curtos e ligeiros.
alheia, mas que no fundo não passa da maior sinceridade que poderia ser ouvida. O tempo é o anúncio do futuro no nosso pre-sente perturbado e cheio de marcas opacas, daquelas que nada nem ninguém faz questão de mudar. O mundo só cabe em si graças às voltas que dá, ao tempo que apazigua o temível e junta cada caco de moral que fora jo-gado sem rumo. Porque essa é a realidade: cada segundo, e aqui deixo bem claro que o impalpável também pode ser medido, de-termina a virada que a gente quer ver, sentir e viver. O tempo não passa da vontade que queremos fazer as coisasmudarem, do objetivo e do prazo que cada um dá aos seus so-nhos. Justamente assim: o mundo gira no eixo dos desejos e se faz inerte no tempo que damos a eles. E mais ou menos assim, sem ser. O tempo não deixa de cumprir com as suas funções de marcador cronológico. Mesmo sem ser ele não deixa o haver de lado. Há sim o tempo para cada
infortúnios de cada dia. O tempo é o devorador de si próprio e a gente não passa de um passatempo pra ele.
POR MARIANA PEDROZA
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Todos
os dias quando acordoNão tenho mais
O tempo que passou
Mas tenho muito tempo
Temos todo o tempo do mundo...
Então me abraça forte
E diz mais uma vez
Que já estamos
Distantes de tudo
Temos nosso próprio tempo
TEMPO PERDIDO - LEGIÃO URBANA
Time
is never time at all
You can never ever leave without
leaving a piece of youth
And our lives are forever changed
We will never be the same
The more you change the less you feel
Believe, believe in me, believe
Believe in me as I believe in you, tonight
TONIGHT, TONIGHT - SMASHING PUMPKINGS
És um
senhor tão bonito
Vou te fazer um pedido
Compositor de destinos
Tambor de todos os rítmos
Por seres tão inventivo
E pareceres contínuo
És um dos deuses mais lindos
Tempo tempo tempo tempo...
ORAÇÃO AO TEMPO - CAETANO VELOSO
musicalefêmero-temporal
Eu não tenho data pra comemorar
Às vezes os meus dias são de par em parProcurando agulha num palheiroMas se você acharQue eu tô derrotadoSaiba que ainda estão rolando os dadosEu vejo o futuro repetir o passadoEu vejo um museu de grandes novidadesO tempo não para
O TEMPO NÃO PARA - CAZUZA
Time
again If ever
to the seaTill it’s gone forever
TIME - ALAN PARSONS PROJECT
Veio
o tempo com seus
dentes longos
Mastigar e redimir a todos
Pra plantar e ver nascer um homem
Pra matar e sepultar um outro
Pouca gente vai morrer de velho
Um entra e sai no mundo sem critério
DO TEMPO - VIOLINS
POR PEDRO PAULO TEIXEIRA
AEO
n21
AEOn
20
Todos
os dias quando acordoNão tenho mais
O tempo que passou
Mas tenho muito tempo
Temos todo o tempo do mundo...
Então me abraça forte
E diz mais uma vez
Que já estamos
Distantes de tudo
Temos nosso próprio tempo
TEMPO PERDIDO - LEGIÃO URBANA
Time
is never time at all
You can never ever leave without
leaving a piece of youth
And our lives are forever changed
We will never be the same
The more you change the less you feel
Believe, believe in me, believe
Believe in me as I believe in you, tonight
TONIGHT, TONIGHT - SMASHING PUMPKINGS
És um
senhor tão bonito
Vou te fazer um pedido
Compositor de destinos
Tambor de todos os rítmos
Por seres tão inventivo
E pareceres contínuo
És um dos deuses mais lindos
Tempo tempo tempo tempo...
ORAÇÃO AO TEMPO - CAETANO VELOSO
musicalefêmero-temporal
Eu não tenho data pra comemorar
Às vezes os meus dias são de par em parProcurando agulha num palheiroMas se você acharQue eu tô derrotadoSaiba que ainda estão rolando os dadosEu vejo o futuro repetir o passadoEu vejo um museu de grandes novidadesO tempo não para
O TEMPO NÃO PARA - CAZUZA
Time
again If ever
to the seaTill it’s gone forever
TIME - ALAN PARSONS PROJECT
Veio
o tempo com seus
dentes longos
Mastigar e redimir a todos
Pra plantar e ver nascer um homem
Pra matar e sepultar um outro
Pouca gente vai morrer de velho
Um entra e sai no mundo sem critério
DO TEMPO - VIOLINS
POR PEDRO PAULO TEIXEIRA
AEO
n21
AEOn
20
“De absoluto só a relatividade”albert einstein
AEO
n23
AEOn
22
“De absoluto só a relatividade”albert einstein
AEO
n23
AEOn
22