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2016 MANUAIS DAS CARREIRAS Teoria e Prática Coordenação: Paulo Lépore Coleção Teoria e Prática Manual do ADVOGADO TRABALHISTA Marcelo Franco Antonio Borges de Figueiredo 2ª Edição Revista, atualizada e ampliada Manuais das Carreiras-Franco-Figueiredo-Man do Advogado Trabalhista-2ed.indb 3 30/06/2016 11:24:58

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2016

MANUAIS DAS CARREIRASTeoria e PráticaCoordenação: Paulo LéporeC

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ção

Teoria e Prática

Manual do

ADVOGADO TRABALHISTA

Marcelo FrancoAntonio Borges de Figueiredo

2ª EdiçãoRevista, atualizada e ampliada

Manuais das Carreiras-Franco-Figueiredo-Man do Advogado Trabalhista-2ed.indb 3 30/06/2016 11:24:58

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CAPÍTULO X

AUDIÊNCIAS

1. INTRODUÇÃO

Um dos principais atos praticados no processo trabalhista é a realização da audiência, momento em que as partes ficam frente a frente, tendo o ato proces-sual a condução e presidência do juiz.

Na audiência, colhe-se toda a prova oral que será analisada pelo julgador, o que por si só já demonstra a importância deste ato para a instrução e o desfecho da causa.

O objetivo deste capítulo é demonstrar a dinâmica das diversas audiências trabalhistas, pois embora a CLT adote o sistema de audiência UNA, a prática re-vela outra realidade, posto que alguns juízes realizam audiências fragmentadas (inicial e instrução), outros, apenas de conciliação e até de conciliação em fase de execução.

2. DAS DISPOSIÇÕES GERAIS QUE SE APLICAM ÀS AUDIÊNCIAS

Sem muita sistematização, misturando outros assuntos com o regramen-to sobre as audiências, encontramos este tema tratado a partir do art. 813 da CLT, que prevê o horário em que as audiências deverão ser realizadas (08h00 às 18h00) e o local, que deve ser a sede do juízo ou tribunal. Ainda, salvo matéria urgente, a audiência não poderá ter uma duração superior a 5 horas.

Pode ser que haja necessidade de se determinar a realização da audiência em outro local, diferente da sede do juízo ou tribunal. Neste caso, as partes de-vem ser informadas e devem ser afixados editais, informando o novo local, no

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mínimo com 24 horas de antecedência, que na prática é um prazo muito curto e que pode levar à impossibilidade de as partes comparecerem (art. 813, § 1º, CLT). O juiz pode designar quantas audiências entender necessárias, sempre intimando as partes com antecedência mínima de 24 horas (art. 813, § 2º, CLT).

Deverão comparecer na audiência o escrivão (caso a audiência se desenvol-va perante o juízo estadual, por ausência de juiz trabalhista na localidade por onde tramita a ação) ou chefe (Diretor) de secretaria, para que possa redigir os atos processuais praticados na audiência, sob ditado do juiz, que é quem deter-mina o que deve constar da ata. Na prática, quem auxilia o juiz na audiência, na jurisdição trabalhista, é um técnico ou analista judiciário, sem necessariamente ser o chefe de secretaria, que geralmente está envolvido com outras questões processuais e administrativas importantes, sob a supervisão do próprio juiz.

A audiência será aberta na hora designada, observando-se que não há qual-quer previsão legal que autorize o atraso das partes, ainda que de poucos minu-tos (OJ 245, SDI-1, TST). O art. 815, § 1º, da CLT menciona uma tolerância de 15 minutos, em caso de atraso do juiz, o que evidentemente exclui a aplicação extensiva às partes.138

É de se observar que este atraso de 15 minutos é entendido como tolerância para que o juiz esteja na sede do juízo, para iniciar a pauta de audiências do dia. Não se aplica entre uma audiência e outra, quando é comum que exista certo atraso, pois cada audiência possui uma dinâmica e complexidade diferente da outra, algumas durando poucos minutos e outras, se prolongando por horas.

O art. 2º, VI, da IN 39/2016 do TST entende ser inaplicável ao processo do trabalho o art. 362, III, do NCPC, pelo qual haverá adiamento da audiência em razão de atraso injustificado de seu início, pelo tempo superior a 30 minutos de seu horário originalmente marcado.

As partes serão convocadas a comparecer na sala da audiência pelo servidor público que estiver auxiliando o juiz na audiência (art. 815 CLT).

O juiz exerce o poder de polícia na condução da audiência e em razão disso, pode determinar que as pessoas que estejam perturbando o regular andamento dos trabalhos sejam retiradas do recinto, para manutenção da boa ordem (arts. 816 CLT e 360 do NCPC).

138 “EMBARGOS. REVELIA - ATRASO À AUDIÊNCIA. Não há na legislação processual trabalhista norma que assegure à parte o direito de comparecer com atraso à audiência. A jurisprudência do TST tem-se sedi-mentado no sentido de que não são aceitáveis os atrasos ainda que pequenos, salvo quando devidamente justificados, e que a tolerância de 15 minutos de que trata o art. 815, § único, da CLT, é concedida pela lei ao juiz e não às partes. (TST - Processo: ED-RR - 323423-95.1996.5.02.5555, Data de Julgamento: 28/05/2001, Relator Ministro: João Batista Brito Pereira, Subseção I Especializada em Dissídios Indivi-duais, Data de Publicação: DJ 08/06/2001)”.

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O art. 2º, IV, da IN 39/2016 do TST, entende ser inaplicável ao processo do trabalho, a audiência de conciliação ou de mediação prevista no art. 334 do NCPC, não havendo, neste particular, nenhuma alteração na dinâmica das audi-ências trabalhistas.

3. AUDIÊNCIA UNA

A CLT adota o sistema de audiência una, pois busca concentrar a maior quantidade de atos processuais em uma só audiência, tendo em vista a econo-mia e a maior efetividade processuais.

Devem ser praticados nesta audiência os seguintes atos: tentativa de conci-liação, se frustrada esta, a entrega de contestação, instrução da causa, alegações finais orais, nova tentativa de conciliação e julgamento. Na prática, nem sempre todos os atos são praticados em uma só audiência, mas a previsão legal contida na CLT é neste sentido.

A ideia é que a audiência una é melhor atende aos interesses das partes em litígio, pois a ação é julgada mais rapidamente, com a solução jurisdicional en-tregue em menor prazo, o que a princípio, seria do interesse de todos, inclusive do reclamado. Mas a própria lei, no art. 849 da CLT, reconhece que em algumas situações haverá necessidade de se interromper a audiência e assim, haverá seu fracionamento.

Distribuída a ação, o escrivão ou chefe de secretária designará a audiência una, que não poderá ocorrer em prazo inferior a 5 dias da data da distribuição (art. 841 CLT). O reclamado será citado para responder à ação e também, inti-mado da data da audiência una, em que deve comparecer sob pena de revelia e confissão.

As partes devem comparecer pessoalmente, podendo o reclamado se fazer representar por preposto que seja empregado e tenha conhecimento dos fatos discutidos na ação (ver item sobre depoimento pessoal).

A ausência injustificada das partes terá consequências diferentes, depen-dendo se o ausente é o reclamante ou o reclamado.

Se o reclamante não comparecer à audiência, existe o arquivamento da re-clamação, com julgamento de extinção sem análise do mérito (art. 844 da CLT). Esta ausência não impede que o reclamante promova novamente a mesma ação, pois não houve julgamento do direito material alegado na inicial, mas tão so-mente sentença terminativa.

O art. 843, § 2º, da CLT permite, em caso de o reclamante se encontrar doente ou ocorra outro motivo relevante que justifique a sua ausência na au-

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diência, que ele se faça representar por outro empregado que pertença à mes-ma categoria ou pelo sindicato da categoria, o que evitaria o arquivamento da reclamação.

Muito mais grave é a ausência injustificada do reclamado, pois esta provoca sua revelia e confissão (art. 844 CLT). Portanto, é como se o reclamado concor-dasse com todos os fatos alegados pelo reclamante, em sua inicial, que passam a ter a presunção de verdadeiros (art. 344 NCPC).

Pode ser que o reclamado tenha motivo relevante que justifique sua ausên-cia na audiência. Neste caso, deve o advogado requerer imediatamente ao juiz que releve a pena de revelia e confissão, diante da comprovação do motivo da ausência (art. 844, parágrafo único, CLT). Caso o juiz não releve a pena, deve o advogado apresentar recurso ordinário, tão logo seja intimado da sentença, buscando no TRT a anulação da pena de revelia e confissão, sendo possível também interposição de mandado de segurança se a ação ainda não tiver sido sentenciada.

Se a alegação do reclamado foi de que não pôde comparecer (ou seu prepos-to) em razão de problemas de saúde, o atestado médico deve trazer a expressa impossibilidade de locomoção, no dia da audiência, sob pena de ser descon-siderado, pois existem doenças que não impediriam o comparecimento (S. 122 do TST). Logicamente, esta justificativa somente se aplica àqueles empregado-res pessoas físicas (como os domésticos) ou micro e pequenas empresas, pois não se pode entender como válida a apresentação de atestado médico quando o reclamado é empresa que conta com dezenas de empregados, onde seria tran-quilamente possível que outro preposto substituísse o empregado doente e in-capacitado de se locomover.

Questão que costuma gerar acirradas discussões é quando o advogado da reclamada comparece munido de defesa e documentos, mas o próprio reclama-do ou seu preposto, não comparecem na audiência. Haveria revelia e confissão, sendo que o advogado está presente, com a defesa e, portanto, existe ânimo da reclamada em se defender? O entendimento da jurisprudência139, inclusive da S. 122 do TST, é que há revelia e confissão diante da ausência da parte, ainda que presente seu advogado.

139 “AUSÊNCIA DA RECLAMADA – COMPARECIMENTO DE ADVOGADO – A reclamada ausente à audiência em que deveria apresentar defesa é revel, ainda que presente seu advogado munido de procuração” (TRT 4ª R. – RO 00085.010/98-7 – 5ª T. – rel. Juiz Ricardo Gehling.- j. 28.10.1999).

“AUSÊNCIA DA PARTE – PRESENÇA DO ADVOGADO – ELISÃO – No processo do trabalho, a revelia de-corre da ausência injustificada do reclamado à audiência, a teor da norma contida no art. 844 da CLT – A inércia da parte não é suprida pela presença de seu advogado, ainda que munido de procuração e defesa Prevalência da OJ 74, da SDI/TST – Recurso conhecido e desprovido” (TRT 10ª Região – RO 3787/99 – 1ª T. – rel. Juiz José Ribamar O. Lima Júnior – j. 05.04.2000).

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capítulo x - audiências

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Nesta situação, deve o advogado requerer a juntada da contestação e docu-mentos. Caso seja processo judicial eletrônico, a contestação e documentos já estarão nos autos e deve o advogado requerer para que sejam mantidos, sem desentranhamento. A questão, no entanto, não é tão simples, pois existem jul-gados que não reconhecem nem mesmo o direito de o revel ter contestação e documentos juntados aos autos.140

A revelia também se aplica ao reclamado que for pessoa jurídica de direito público (OJ 152, SDI-1, TST).

Presentes as partes na audiência, o primeiro ato é a tentativa de conciliação, que é obrigatória, sob pena de nulidade da audiência (art. 846 CLT). Se as par-tes conciliarem, o juiz verifica se é caso de homologar o acordo (existem casos em que o juiz não concorda com os termos da conciliação, por entendê-la lesiva aos interesses do reclamante e deixa de homologar o acordo, determinando o prosseguimento do processo) e caso proceda à homologação, considera-se ex-tinta a fase de conhecimento com análise do mérito (art. 487, III, “b,” NCPC). A sentença homologatória de acordo é irrecorrível para as partes (art. 831, pa-rágrafo único, CLT) e só poderá ser atacada por ação rescisória (S. 259 TST).

A União, que não foi parte na transação, poderá ingressar com recurso or-dinário da sentença que homologou o acordo das partes em audiência, quando entender que teve prejuízo quanto aos valores das contribuições previdenciá-rias devidas ao INSS.

Se não houver acordo, o juiz recebe a contestação (no PJe-JT, a contestação e documentos já estarão nos autos) e dá vista à parte contrária, para ciência quanto ao conteúdo da defesa e eventual impugnação dos documentos. Se hou-ver necessidade de apresentar incidente de falsidade documental, o advogado do reclamante deve fazê-lo nesta oportunidade, pois é possível que o juiz enten-da necessária a suspensão da audiência até que o incidente seja resolvido.

Existem juízes que concedem alguns minutos para o advogado do reclaman-te fazer, oralmente, a impugnação aos documentos juntados à contestação ou determinam que a manifestação seja feita juntamente com as alegações finais (ver o tópico que trata da réplica).

140 AGRAVO DE INSTRUMENTO - PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO - REVELIA - EFEITOS - IMPOSSIBILIDA-DE DE JUNTADA DE CONTESTAÇÃO E DOCUMENTOS PELO ADVOGADO PRESENTE À AUDIÊNCIA. Nes-ta Justiça Especializada, a declaração do estado de revelia e a pena de confissão quanto à matéria de fato são efeitos processuais decorrentes da ausência da reclamada à audiência de julgamento, confor-me o disciplinado pelo art. 844 da CLT. Em decorrência da revelia, a reclamada, mesmo presente o seu procurador à audiência, não poderá juntar aos autos contestação e documentos. Agravo de instrumen-to não provido. (TST - Processo: AIRR - 1859-23.2011.5.03.0013, Data de Julgamento: 19/09/2012, Relatora Ministra: Maria das Graças Silvany Dourado Laranjeira, 5ª Turma, Data de Publicação: DEJT 28/09/2012).

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O próximo passo é o juiz abrir a fase da instrução processual, ou seja, fazer a colheita das provas orais, o que só ocorrerá se não existir perícia a ser desig-nada, pois caso isso ocorra, primeiro se produzirá a prova pericial e somente depois desta concluída, é que se irá fazer a colheita da prova oral. Esta sequên-cia na produção das provas se extrai da interpretação do art. 848, § 2º, da CLT, que prevê que os peritos e técnicos serão ouvidos em audiência, após as partes e testemunhas, o que indica perícia fora realizada.

Assim, se existir necessidade de se produzir prova pericial, a audiência dei-xará de ser una, pois necessariamente sofrerá uma fragmentação. Depois de concluída a perícia e da manifestação das partes acerca do laudo pericial, o juiz designará uma audiência de instrução, em continuação, para tomar o depoi-mento pessoal das partes, ouvir testemunhas e se (for necessário) o perito e os técnicos.

Se não for caso de fragmentar a audiência, por conta de prova pericial ou outro incidente processual, o juiz já passará imediatamente ao depoimento pes-soal das partes, primeiro o reclamante e depois o reclamado (ver tópico sobre depoimento pessoal).

A CLT permite que as partes se retirem, após terem prestado depoimen-to pessoal (Art. 848, § 1º, CLT). Não é uma boa estratégia, no entanto, pois a prática nos mostra que a parte, que teve participação direta nos fatos discu-tidos na lide, pode auxiliar em muito o advogado no momento de inquirir as testemunhas.

Após o depoimento pessoal das partes, passa-se a oitiva das testemunhas, momento que costuma ser crucial para o desfecho da causa, dada a importância da prova testemunhal no processo do trabalho.

Já discorremos bastante sobre a prova testemunhal, no capítulo sobre meios de prova, porém alguns aspectos devem ser acrescentados, tendo em vista a dinâmica da audiência.

A oitiva das testemunhas inicia-se pelas do reclamante, salvo se o juiz in-verter a sequência, por entender que o ônus da prova dos fatos controvertidos compete ao reclamado.

Chamada a primeira testemunha, se esta comparece sem portar seus docu-mentos pessoais, poderá ser ouvida ou não? A questão costuma provocar dis-cussões acirradas e divididas.

O art. 828 da CLT prevê que as testemunhas serão qualificadas, o que não significa necessariamente que deverão ser identificadas.

Neste sentido, Sérgio Pinto Martins ensina que:

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capítulo x - audiências

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“O certo seria a testemunha exibir sua identidade ao apresentar-se para depor. Caso não o faça, não poderia haver a qualificação, sendo impossível ser ouvida. Entretanto, o TST tem entendido que é desnecessário a teste-munha exibir sua identidade, pois o art. 828 da CLT não a prevê (TST, RR 1.384/94, Ac. 3ª T, 7.626/96 – 2ª R, Rel. Min. Antonio Fábio Ribeiro, DJU, 6-12-96, p. 49.705). A testemunha sem documento só poderia ser ouvida se a parte contrária ou outra pessoa presente a conhecesse, que não a pró-pria parte que a trouxe.” 141

Existem julgados de 2º grau que demonstram que o tema não é destituído de importância.142

O TST tem firmado entendimento, no entanto, no sentido de se autorizar a dispensa da apresentação do documento, pois esta já se qualifica perante o ju-ízo sob as penas da lei, conforme art. 828 da CLT (portanto, poderá responder criminalmente, caso venha a ser constatado que se qualificou com algum dado falso). Ainda, a testemunha pode ser identificada por outros meios e não neces-sariamente através da apresentação de seus documentos, como por exemplo, pode-se perguntar à parte contrária ou a alguma testemunha conduzida a juízo pela parte adversa, se conhece a testemunha ou se trabalharam juntas na em-presa reclamada.143

Outro incidente que pode surgir na audiência, envolvendo a testemunha, é a sua contradita pela parte contrária.

141 MARTINS, SÉRGIO PINTO. Direito processual do trabalho. 25ª ed. São Paulo: Atlas, 2006, p. 333.142 CERCEAMENTO DE DEFESA. TESTEMUNHA SEM DOCUMENTO DE IDENTIDADE. Por não servir pro-

priamente à parte, mas à Justiça, exige-se que apresente documento de identificação aquele que vai ser ouvido como testemunha. O Juiz, como diretor do processo, tem o poder-dever de acautelar-se contra atos que possam atentar contra a dignidade da Justiça. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. Incumbe à parte que impugna o laudo pericial o ônus da prova de sua incorreção ou inexatidão, munindo o Juízo de elementos técnicos que amparem sua tese. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. BASE DE CÁLCULO. A base de cálculo do adicional de periculosidade é o salário contratual. Aplicação do art. 193, 1º, da CLT. (...) (TRT – 4ª R - RO 00625-1994-221-04-00-6, Relator: Mário Chaves, 17.12.1996)

“Age corretamente o juízo ao dispensar a testemunha que comparece sem documento de identificação, uma vez que não pode ser qualificada, nem prestar compromisso, ex vi dos artigos 414 e 415 do CPC. O adiamento da audiência feriria os princípios da eventualidade ou da preclusão que informa o Direito Processual do Trabalho” (TRT 1ª Região, RO n. 35826/94, Rela. Juíza Edith Corrêa, DJRJ 21.07.1997, p. 92).

143 RECURSO DE REVISTA. NULIDADE DO JULGADO. CERCEAMENTO DE DEFESA. EXIGÊNCIA DE APRESEN-TAÇÃO DO DOCUMENTO DE IDENTIDADE PELA TESTEMUNHA INDICADA PELA RECLAMADA. Não há, no art. 828 da CLT, nenhuma indicação de obrigatoriedade, imposta à testemunha, de se apresentar em juízo portando o seu documento de identificação civil. Determina-se, apenas, a sua precisa qualificação, com indicação de nome, nacionalidade, profissão e idade. O procedimento adotado pelo juízo de primei-ro grau, ao obstar a oitiva da testemunha apresentada pelo Reclamado, única e exclusivamente pelo fato de não se encontrar portando o referido documento de identidade, importa em cerceamento ao direito de defesa da parte. Recurso de Revista conhecido e provido. (TST, 4ª T, RR 112700-84.2009.5.02.0433, Relatora: Maria de Assis Calsing, DEJT 07.06.2013).

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Contraditar é impugnar que determinada pessoa seja aceita como teste-munha, no processo. Existe momento específico para apresentar a contradita: após a qualificação da testemunha e antes de a mesma assumir o compromisso, perante o juízo, de somente dizer a verdade sobre o que sabe. Se o advogado desatento deixar de apresentar a contradita neste momento, não mais poderá fazê-lo, pois terá havido preclusão temporal e lógica.

O art. 457, § 1º, do NCPC, disciplina a respeito da contradita, que será ale-gada tendo por base uma das hipóteses de incapacidade, impedimento ou sus-peição da testemunha, previstas no art. 447 do NCPC. Uma vez contraditada a testemunha, variados incidentes poderão ocorrer na audiência.

O advogado da parte contrária requer a contradita da testemunha e apre-senta o motivo, que deve estar previsto em lei. O juiz pergunta à testemunha se a alegação da parte corresponde à realidade e em seguida, decide se acolhe ou não a contradita.

É comum que a testemunha negue o fato que lhe é imputado na contradita (“amizade íntima” costuma ser o motivo mais comum para fundamentar a im-pugnação à testemunha), momento em que o advogado deve requerer a instru-ção da contradita, ou seja, ouvir testemunhas que tenham por objetivo somen-te verificar se o fato alegado na contradita é verdadeiro ou não. Neste momento da audiência, se a parte que levou a testemunha contraditada não apresentou antecipadamente o rol de testemunhas nos autos, isso possibilitaria ao advoga-do que interpôs a contradita requerer a suspensão da audiência, para que nova data fosse designada e assim, ele pudesse providenciar o comparecimento da testemunha que poderia comprovar o fato alegado na contradita.

A ideia, neste caso, é que se o rol não foi apresentado antecipadamente, a parte contrária não seria obrigada a levar testemunhas que pudessem compro-var a contradita das testemunhas da outra parte, por não saber quais testemu-nhas seriam estas e o indeferimento da suspensão da audiência configuraria uma violação da ampla defesa e do contraditório.144

144 TRT-PR-24-07-2009 SESSÃO UNA - CONTRADITA DE TESTEMUNHA NÃO ARROLADA PELO AUTOR - AMIZADE ÍNTIMA - REQUERIMENTO DE INSTRUÇÃO DA CONTRADITA POR PROVA ORAL – INDEFE-RIMENTO - NULIDADE PROCESSUAL POR CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA No processo do trabalho, não há obrigatoriedade de arrolar previamente as testemunhas que serão ouvidas em Juízo, bastando trazê-las na sessão una ou de instrução processual (art. 825 da CLT ). Apresentada contradita de testemunha não arrolada, sob a alegação de existência de amizade íntima com o autor, e formulado requerimento de instrução da contradita por prova testemunhal, incumbe ao Magistrado suspender a sessão e designar nova data para a realização da instrução da contradita, sob pena de ofensa aos princí-pios do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa. (TRT – 9ª Região, 2ª T., RO 2694-2008-670-9-0-6, Relator: Ana Carolina Zaina, 24.07.2009).

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capítulo x - audiências

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Porém, se a parte apresentou o rol de testemunhas, antes mesmo da realiza-ção da audiência, a outra parte já deveria ter providenciado a prova da contradi-ta para ser ouvida na mesma audiência, pois já estava ciente de quais seriam as testemunhas a serem ouvidas. Se não produzir a prova da contradita na mesma audiência, sofrerá pena de preclusão e o juiz então rejeitará a contradita, com-promissando a testemunha.

Outra questão de fundamental importância para a instrução probatória e não esclarecida pela CLT, é se a testemunha ouvida para a instrução da contra-dita deve ser subtraída do total de testemunhas que a parte pode ouvir durante a instrução. Por exemplo: Se em uma ação de rito sumaríssimo, o reclamado contraditar as duas testemunhas do reclamante e requerer a oitiva de duas tes-temunhas para instruir tais contraditas, estaria ele impossibilitado de ouvir ou-tras duas testemunhas relacionadas à instrução da causa propriamente dita?

Já tivemos oportunidade de verificar, em audiência, decisões em sentido diametralmente opostos: um juiz que entendeu que a testemunha da instru-ção da contradita não pode ser subtraída do total de testemunhas que a parte pode ouvir na instrução da causa e outro juiz que sustentou que a CLT fala em 2 testemunhas no rito sumaríssimo, sem especificar se seria para a instrução da contradita ou da causa propriamente dita e que assim, na falta de exceção criada pelo legislador, não caberia ao juiz criá-la.

Consideramos que o melhor posicionamento é aquele que não subtrai a testemunha que instruiu a contradita das testemunhas que a parte pode ouvir, para instrução dos demais fatos controvertidos da causa. A favor desta afirma-ção, apresentamos o seguinte raciocínio: imagine-se que o reclamante, em uma ação de rito ordinário, já tenha ouvido suas três testemunhas (lembrando que como regra, as testemunhas do autor serão ouvidas primeiramente), esgotando assim sua prova testemunhal. Estaria ele impossibilitado de ouvir uma quarta testemunha, especificamente para instruir a contradita que apresentou em face de uma das testemunhas do reclamado, ouvidas após as suas? Não nos parece legal este indeferimento, sob pena de grave violação do contraditório e da am-pla defesa, o que nos leva a defender a ideia de que as testemunhas da contra-dita não são descontadas do número de testemunhas que poderão ser ouvidas em cada rito procedimental.

A testemunha que já depôs permanece na sala de audiência, aguardando que as demais sejam ouvidas. Ao final da audiência, cada testemunha assina o seu depoimento e já pode se retirar.

O advogado deve se atentar, especialmente, para quem entra e sai da sala, enquanto a audiência estiver ocorrendo.

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Já tivemos oportunidade de presenciar o seguinte estratagema: enquanto a testemunha do reclamante era ouvida, estava na sala de audiência (mas não participando dela, como advogado), como simples ouvinte (lembrando que a audiência é um ato processual público, que somente de forma excepcional terá sua publicidade limitada), outro advogado do mesmo escritório que representa-va o reclamado naquele processo. O objetivo era o seguinte: ouvir os depoimen-tos das testemunhas do reclamante e depois, na sala de espera, orientar o que as testemunhas do reclamado deveriam dizer. Verdadeiro exemplo de litigância de má-fé.

Quando se percebeu a manobra, o juiz determinou que o advogado ouvinte, embora não estivesse participando da audiência, não se ausentasse da sala até o término da respectiva sessão terminasse, o que constou da ata.

Após ouvir as testemunhas, o juiz ouvirá os peritos e os técnicos, caso haja necessidade de esclarecimento sobre algum ponto específico de prova técnica. Esta oitiva é rara, pois dificilmente o perito ou o técnico irá acrescentar outro detalhe que já não conste do laudo pericial, preferindo o juiz se reportar muitas vezes ao próprio laudo que, aliás, não vincula o magistrado, sendo apenas mais um meio de prova a ser analisado.

Com isso, encerra-se a fase de colheita da prova oral e o juiz abre prazo para as partes apresentarem suas alegações finais orais, tendo cada uma, 10 minutos para fazê-lo, primeiro o advogado do reclamante e depois, o advogado do recla-mado (art. 850 CLT). Apresentadas as alegações finais orais, o juiz novamente tenta a conciliação das partes e sendo esta infrutífera, deveria prolatar a senten-ça em audiência, com as partes presentes.

Quase sempre o juiz concede às partes prazo para apresentar alegações fi-nais escritas, na forma de memoriais ou então, as partes simplesmente infor-mam que as alegações finais serão remissivas, ou seja, as partes remetem o juízo a tudo o quanto alegaram no decorrer do processo, a seu favor.

Também, na maioria das vezes, o juiz não terá condições de proferir senten-ça de imediato, face às pautas abarrotadas das audiências que, muitas vezes, são marcadas de 10 em 10 minutos. Se o juiz não der a sentença em audiência, ao final da ata deverá constar a forma pela qual as partes serão intimadas da deci-são, conforme abordaremos no capítulo específico sobre sentença.

Se a sentença foi proferida em audiência, no dia útil seguinte ao do ato pro-cessual, que tenha expediente forense, inicia o prazo para a parte apresentar, se for o caso, seus embargos declaratórios (5 dias) ou seu recurso ordinário (8 dias).

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3.1. Fluxograma – Audiência Una.

Tentativa de conciliação

Frutífera, lavra-se o termo. A decisão homologatória é

irrecorrível (art. 831, § único, CLT).

Infrutífera. Reclamado entrega contestação que é

apresentada ao advogado do

reclamante para rápida análise.

Extinção com análise do mérito

(art. 487, III, b, NCPC)

Início da instrução

Depoimento pessoal das partes (primeiro o autor,

depois o réu)

Oitiva das testemunhas (primeiro do

autor, depois do réu)

Esclarecimentos peritos ou assistentes

técnicos

Encerramento da instrução

Razões finais orais (10 minutos)

Última tentativa de conciliação

Sentença em audiência

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4. AUDIÊNCIA INICIAL

Alguns juízes não adotam o sistema de audiência una, previsto na CLT, por entender que a instrução da causa, na mesma sessão em que o reclamante toma conhecimento das alegações do reclamado e de seus documentos, violaria o contraditório e a ampla defesa. Como o reclamante poderia saber de antemão, qual prova produzir, quais testemunhas levar à audiência, se não conhece ainda as alegações e documentos do reclamado? O argumento faz sentido, pois na au-diência una parece realmente que, sob este aspecto, o procedimento favorece o reclamado, em detrimento do reclamante.

Partindo destas premissas, muitas varas do trabalho designam audiências fragmentadas, ou seja, audiência inicial e posteriormente, audiência de instrução.

Na audiência inicial, praticam-se os seguintes atos: tentativa de conciliação entre as partes, frustrada esta, o reclamado entrega a contestação e documen-tos e o juiz suspende a audiência, designando data posterior para a instrução, onde será feita a colheita da prova oral. Antes desta audiência, o reclamante já terá tido acesso à defesa e documentos do reclamado, com oportunidade de apresentar sua réplica nos autos. Se o reclamante juntar documentos novos, para se contrapor aos fatos alegados na contestação, o juiz dará prazo ao recla-mado para tréplica, tudo antes da audiência de instrução.

Se na inicial existe pedido que envolva prova pericial, esta já será realizada antes da audiência de instrução, por conta de que a prova pericial deve prece-der, sempre que possível, a prova oral (art. 848, § 2º, CLT).

Existem varas do trabalho que adotam o sistema de audiência una, mas diante de certo pedido da parte, que exige prova pericial, o juízo designa audi-ência inicial, pois de todo modo, ainda que designasse audiência una, teria que fracionar a audiência para que primeiro fosse produzida a prova pericial.

A ausência do reclamante à audiência inicial leva apenas ao arquivamento do processo, mas a ausência do reclamado implica na sua revelia e confissão quanto à matéria de fato (art. 844 CLT). Neste aspecto, as consequências são exatamente as mesmas já demonstradas na audiência una.

O grande mérito da audiência inicial é proporcionar às partes, especialmen-te ao reclamante, uma maior clareza dos pontos controvertidos da lide, facili-tando inclusive para o julgador, a colheita da prova na audiência de instrução, uma vez que a causa está mais bem debatida entre as partes.

5. AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO

Nesta audiência, que ocorre como sequência de uma anterior audiência ini-cial (ou audiência una fragmentada), já existem nos autos: inicial, contestação e réplica do autor (às vezes, até tréplica do réu).

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O juiz inicia a audiência tentando a conciliação entre as partes. Se frustrada esta, já inicia a colheita da prova oral, sendo aplicável, neste ponto, tudo o quan-to falamos sobre a audiência una.

A prova pericial já terá sido produzida e o laudo pericial já terá sido ampla-mente debatido pelas partes.

Tanto reclamante como reclamado sofrerão pena de confissão se não com-parecerem para prestar depoimento, desde que tenham sido expressamente in-timados a fazê-lo, com aquela cominação (S. 74, I, TST).

Portanto, o reclamante também pode ser confesso, no processo do trabalho, basta que não compareça na audiência de instrução, para prestar depoimen-to pessoal, embora tenha sido expressamente intimado a fazê-lo, sob pena de confissão.

Vejam que a súmula não fala em revelia (que tecnicamente, significa falta de contestação – art. 344 NCPC) do reclamado, mas sim em confissão. Realmente, não faria sentido a súmula mencionar revelia, uma vez que a ação foi contestada na audiência inicial. Ademais, a revelia se aplica somente ao réu e não ao autor. Mas os efeitos empíricos (práticos) da confissão (tornar os fatos incontrover-sos) se aproximam muito dos efeitos da revelia.

Ao término da colheita da prova oral, as partes poderão apresentar debates por 10 minutos, nova tentativa de conciliação (art. 850 CLT) e frustrada esta, segue-se a sentença, preferencialmente em audiência.

6. AUDIÊNCIA DE JULGAMENTO

Apesar do nome, não é propriamente uma audiência, já que as partes não participam deste ato processual. Na verdade, quando o juiz designa audiência de julgamento, apenas quer informar às partes que irá divulgar a sua decisão (sentença) naquele dia, o que nem sempre ocorre, muitas vezes, pois é comum existir atraso no julgamento.

Proferida a sentença, as partes serão intimadas (pelo modo indicado ao tér-mino da ata da audiência una ou de instrução que foi realizada) da decisão e começa a fluir o prazo para que a parte prejudicada recorrer.

7. AUDIÊNCIA NO RITO SUMARÍSSIMO

O art. 852-C da CLT, ao tratar da audiência do rito sumaríssimo, também trouxe a previsão para que a sessão fosse una, a teor do que fez o art. 849 da CLT no rito ordinário, prevendo a possibilidade de um juiz substituto ser con-vocado para atuar simultaneamente com o juiz presidente, nas pautas das au-

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diências de rito sumaríssimo, buscando com isso, maior celeridade processual. Por isso, todos os incidentes serão decididos na própria audiência (art. 852-G, CLT), bem como todas as provas serão produzidas no mesmo ato processual (art. 852-H, CLT).

Caso haja motivo fundado para a interrupção da audiência, nova sessão de-verá ser designada no prazo máximo de 30 dias. Se o juiz exceder este prazo, de-verá justificar nos autos o motivo que levou ao excesso (art. 852-H, § 7º, CLT).

Tudo o quanto informado sobre a audiência una, também se aplica, a princí-pio, a esta audiência do rito sumaríssimo, que também deve ser una.

Apresentada a defesa, o reclamante deverá na própria audiência manifes-tar-se sobre os documentos apresentados pelo reclamado (art. 852-H, § 1º, CLT). Tal dispositivo muitas vezes é aplicado, por analogia, nas audiências de rito ordinário, que não possui previsão legal específica que autorize o ato.

A parte deve ter o cuidado de convidar por escrito sua testemunha, le-vando o convite consigo, na audiência. Somente a testemunha que comprova-damente foi convidada e não compareceu, é que será intimada pelo juízo, me-diante requerimento da parte interessada, a comparecer em nova audiência que será designada. Se novamente não comparecer, mediante requerimento haverá sua condução coercitiva (art. 852-H, § 3º, CLT).

Na análise da prova, o juiz dará especial atenção às regras de experiência comum ou técnica (art. 852-D, CLT).

A conciliação das partes é especialmente incentivada no rito sumaríssimo, tanto que o juiz poderá tentá-la em qualquer fase da audiência (art. 852-E, CLT) e não apenas na abertura e encerramento, como ocorre na audiência de rito ordinário.

A ata da audiência será mais concisa que a ata da audiência de rito ordiná-rio, registrando apenas o essencial e importante para o desfecho da causa (art. 852-F, CLT).

A sentença dispensa o relatório, por ser mais simplificada (art. 852-I, caput, CLT) e será proferida em audiência (art. 852-I, § 3º, CLT), caso contrário, as partes serão intimadas posteriormente da decisão.

8. AUDIÊNCIA NO RITO SUMÁRIO

O rito sumário, bastante raro no processo do trabalho, se aplica somente às causas de valor inferior a 2 salários mínimos. É regido pela Lei 5.584/1970 e possui algumas poucas menções esparsas na CLT.

Prescreve a Lei 5.584/1970, art. 2º, que se as partes rejeitarem a proposta de conciliação, o juiz fixará o valor da causa para determinar o rito procedimen-tal, caso o valor seja indeterminado na inicial.

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Caso as partes não concordem com o valor atribuído à causa, pelo juiz, deve-rão apresentar sua impugnação nas razões finais. Se o juiz mantiver o valor atri-buído, caberá recurso de revisão, em 48 horas, para o TRT (Lei 5.584/1970, art. 2º, § 1º).

Estão dispensados de transcrição os depoimentos das partes, devendo cons-tar na ata da audiência somente a conclusão do juiz sobre a matéria de fato (Lei 5.584/1970, art. 2º, § 3º, e art. 851, § 1º, CLT).

No mais, aplicam-se subsidiariamente todos os dispositivos da CLT, referen-te à audiência UNA, que não colidam com os dispositivos da Lei 5.584/1970, posto que o procedimento sumário não exclui qualquer meio de prova utilizado nos demais procedimentos e que, portanto, também podem ser utilizados neste rito.

9. AUDIÊNCIA DE TENTATIVA DE CONCILIAÇÃO NA EXECUÇÃO

Com o término do processo de conhecimento e da fase de liquidação de sen-tença, inicia-se a fase de satisfação do direito material reconhecido em juízo (na hipótese, claro, de a ação ter sido julgada procedente), que é a denominada fase de execução.

Tornou-se prática comum, em muitos juízos trabalhistas, designar audiên-cia de tentativa de conciliação na execução.

Tal audiência não tem uma previsão específica na CLT, mas muitos enxergam sua previsão legal nos arts. 139, V, e 772, I, ambos do NCPC, que estipulam ser obrigação do magistrado, a qualquer tempo, conciliar as partes.

Esta tentativa de conciliação não tem exatamente os mesmos contornos que a conciliação tentada pelo magistrado, durante a fase de conhecimento. É que nesta audiência em análise, já há trânsito em julgado e já se sabe a quem per-tence o direito material e a sua extensão, portanto, é simplesmente o caso de se negociar como o reclamado irá pagar o valor devido, até mesmo mediante dação em pagamento (arts. 356 a 359 do CC).

Alguns juízes homologam os cálculos de liquidação (que tornam o título executivo líquido – art. 783 NCPC) e em seguida, designam audiência para ten-tativa de conciliação. Se não houver acordo, o reclamado já sai intimado para realizar o pagamento ou garantir a execução.

Outros juízes, diante do retorno dos autos à vara do trabalho, oriundos do Tribunal, para início da execução, determinam que as partes compareçam com seus cálculos na audiência de tentativa de conciliação. A parte somente toma-rá conhecimento dos cálculos da outra parte em audiência. Se o juiz conseguir equalizar o valor do débito e conciliar as partes, terá logrado êxito, inclusive, em

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economizar uma perícia contábil para apurar o valor do débito, que pode ser longa e ainda, encarecer o processo, já que será suportada pelo reclamado. O demandado que não teve que pagar a perícia contábil, poderá propor um acor-do melhor para o reclamante (exequente), com maiores chances de conciliação entre as partes.

Por ser uma audiência que não tem uma específica previsão legal, muitos poderiam achar que as partes não estariam obrigadas a comparecer ao ato. An-tevendo tal comportamento, os juízos costumam intimar as partes a compare-cer nesta audiência, sob pena de a ausência injustificada ser interpretada como ato atentatório à dignidade da justiça, sujeitando o ausente a uma multa de 20% sobre o valor da causa (arts. 772, II, c/c art. 774, II e parágrafo único, todos do NCPC).

Com este argumento, bastante convincente, é grande o número de acordos que existem neste tipo de audiência, sendo que na maioria das vezes, o reclama-do que não propõe absolutamente nada, em termos de conciliação, é aquele que efetivamente pretende não pagar o débito trabalhista e se encontra, na maioria das vezes, sem patrimônio que possa garantir a execução.

10. QUESTÕES DE EXAME DE ORDEM E CONCURSOS

1. (FGV - Exame de Ordem 2013.2) Um determinado trabalhador ajuizou uma reclamação trabalhista e, na data designada, faltou injustificadamente à audiência. Seu advogado requereu o desentranhamen-to dos documentos, no que foi atendido. Dois meses depois, apresentou a mesma reclamação, mas pos-teriormente resolve desistir dela em mesa de audiência, o que foi homologado pelo magistrado, sendo extinto o processo sem resolução do mérito.Caso queira ajuizar uma nova ação, o trabalhador:

A) terá de aguardar o prazo de seis meses, pois contra ele será aplicada a pena de perempção.B) poderá ajuizar a nova ação de imediato, contanto que pague o valor de uma multa que será

arbitrada pelo juiz.C) não precisará aguardar nenhum prazo para ajuizar nova ação.D) deverá aguardar seis meses para ajuizar ação contra aquele empregador, mas não para outros

que porventura venha a ter.

2. (FGV - Exame de Ordem 2013.2) Após trabalhar como empregado durante 6 meses, Paulo ajuizou reclamação trabalhista em face de sua ex-empregadora, a empresa Alfa Beta Ltda., pretendendo horas extras, nulidade do pedido de demissão por coação, além de adicional de insalubridade. Na primeira audiência o feito foi contestado, negando a ré o trabalho extraordinário, a coação e a atividade insalu-bre. Foram juntados controles de ponto e carta de próprio punho de Paulo pedindo demissão, docu-mentos estes que foram impugnados pelo autor. Não foi produzida a prova técnica (perícia).Para a audiência de prosseguimento, as partes estavam intimadas pessoalmente para depoimentos pessoais, sob pena de confissão, mas não compareceram, estando presentes apenas os advogados. De-clarando as partes que não têm outras provas a produzir, o Juiz encerrou a fase de instrução, seguindo o processo concluso para sentença.Com base nestas considerações, analise a distribuição do ônus da prova e assinale a afirmativa correta.

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A) A ausência das partes gera a confissão ficta recíproca, devendo ser aplicada a regra de que para os fatos constitutivos cabe o ônus da prova ao autor, e para os extintivos, modificativos e impeditivos, o ônus será do réu. Assim, todos os pedidos deverão ser julgados improcedentes.

B) Não há confissão em razão da presença dos advogados. Mas não havendo outras provas, os pedidos deverão ser julgados improcedentes.

C) Em razão da confissão, presumem-se verdadeiros os fatos alegados. Tal aliado ao princípio da proteção ao hipossuficiente leva à presunção de que Paulo foi coagido a pedir demissão, trabalhava extraordinariamente e faz jus ao adicional de insalubridade. Logo, os pedidos procedem.

D) Em razão da confissão, os pedidos de horas extras e nulidade do pedido de demissão proce-dem. Porém, improcede o de adicional de insalubridade, pois necessária a prova pericial para configurar o grau de insalubridade. Logo, este pleito improcede.

3. (FGV - Exame de Ordem 2013.2) Ícaro, piloto de avião, foi empregado da empresa VoeAlto Linhas Aéreas S/A de 12 de maio de 2010 a 20 de abril de 2012. Ao ser dispensado, deixou de receber parte de seus haveres trabalhistas da extinção, razão pela qual ajuizou reclamação trabalhista. A audiência foi designada para 10/10/2013. Porém, nessa data Ícaro estaria fora do país, já que necessitado de emprego e com a escassez do mercado nacional, empregou-se como piloto na China, onde reside, e não faz voos para o Brasil. Você é o advogado de Ícaro que, naturalmente, tem pressa em receber seus direitos sonegados.Assinale a alternativa que indica a medida legal a ser adotada para o mais rápido desenrolar do processo.

A) Deverá ser requerido o adiamento da audiência sem data posterior e, tão logo Ícaro informe quando poderá estar no Brasil, será requerido ao juiz a designação da realização da audiência.

B) Como advogado de Ícaro você deverá ter procuração com poderes especiais para representá--lo e assisti-lo em audiência suprindo assim a ausência.

C) Tendo em vista tratar-se de motivo relevante, e estar devidamente comprovado, Ícaro poderá fazer-se representar por outro empregado de mesma profissão ou por seu sindicato de classe.

D) Tendo em vista tratar-se de motivo poderoso, e estar devidamente comprovado, Ícaro pode-rá fazer-se representar por membro de sua família ou outro empregado da mesma empresa empregadora.

4. (TRT – 3ª R. CONCURSO 2013/1 - MAGISTRATURA) Sobre as provas do processo do trabalho, é INCORRETO afirmar:

A) O documento apresentado em cópia oferecido para prova, nos termos do art. 830 da CLT, po-derá ser declarado autêntico pelo advogado da parte, sob pena de responsabilidade pessoal.

B) Por expressa previsão do art. 852-H da CLT, todas as provas serão produzidas na audiência de instrução e julgamento, mesmo que não requeridas, quando se tratar de procedimento sumaríssimo.

C) Nem todos os processos trabalhistas se submetem ao duplo grau de jurisdição.D) Para as questões que a lei exigir prova pericial, o procedimento sumaríssimo será transforma-

do em ordinário de ofício, pelo juiz, nos termos de orientação jurisprudência do TST.E) As testemunhas, no procedimento sumaríssimo, no máximo de duas para cada parte, compa-

recerão à audiência de instrução e julgamento independentemente de intimação.

5. (18º CONCURSO PROCURADOR DO TRABALHO) Um grupo de oito estudantes de uma república estudantil contratou uma empregada doméstica para laborar na respectiva moradia. A carteira de tra-balho foi assinada por um dos estudantes, de nome Orestes. Após o término do contrato, a empregada ajuizou uma ação trabalhista contra o ex-empregador. Na data designada para a audiência inaugural Orestes não poderá comparecer. Diante da situação, assinale a alternativa CORRETA:

A) Somente Orestes pode representar o polo passivo e sua ausência acarretará a revelia.

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B) Qualquer dos demais estudantes pode representar o polo passivo. C) O empregador doméstico poderá ser dispensado de comparecer e ser representado apenas

pelo advogado.D) Por se tratar de empregador doméstico, que não pode nomear preposto, o juiz deverá adiar a

audiência para outra data. E) não respondida.

6. (18º CONCURSO PROCURADOR DO TRABALHO) Analise as proposições abaixo:I - A ausência do reclamado à audiência não importa necessariamente em revelia e confissão quanto à matéria de fato, podendo o magistrado, em havendo motivo relevante, suspender o julgamento, designando nova audiência.II - É permitida a reunião de várias ações em um único processo se houver identidade de matérias e do polo passivo, ainda que o polo ativo originário seja titularizado por trabalhadores distintos. III - Se o empregado não puder comparecer à audiência por motivo de doença, poderá fazer-se repre-sentar por outro empregado que pertença à mesma profissão.IV - Se o empregado não puder comparecer à audiência por motivo de doença, poderá fazer-se repre-sentar pelo seu sindicato.Assinale a alternativa CORRETA:

A) todas as assertivas estão incorretas; B) todas as assertivas estão corretas; C) apenas as assertivas I e II estão corretas; D) apenas as assertivas III e IV estão corretas; E) não respondida.

7. (TRT-15ª R. CONCURSO XXVII – MAGISTRATURA) Sobre a dinâmica da audiência trabalhista, é correto dizer:

A) diante da ausência de indicação do valor atribuído à causa, deve o juiz adiar a audiência, con-ferindo prazo para que o reclamante indique o valor, sob pena de indeferimento, visto que o valor da causa é um dos requisitos da petição inicial;

B) diante do requerimento, formulado no início da audiência, de juntada do documento que comprova a data do nascimento do filho da reclamante, em reclamação que envolve a preten-são de reintegração em virtude de estabilidade gestante, deve o juiz indeferir a juntada, visto que a prova documental deve ser trazida com a inicial;

C) diante da mera informação da reclamada, apresentada no início da audiência, em processo de rito sumaríssimo, quanto à ausência de sua testemunha, deve o juiz adiar a audiência, não permitindo, naquela oportunidade, a juntada da defesa e dos documentos;

D) diante da ausência de fundamento jurídico específico quanto aos pedidos de verbas rescisó-rias e à aplicação das cominações previstas nos artigos 477, § 8°., e 467 da CLT, tendo o recla-mante apenas mencionado a respeito, na inicial, singelamente, o fato de que “foi dispensado de forma injusta sem nada receber”, ó juiz deve indeferir a petição inicial, com extinção parcial do processo, sem resolução de mérito;

E) caracterizada a hipótese jurisprudencialmente aceita para a configuração da confissão ficta pertinente ao depoimento pessoal, não há cerceamento de defesa na postura do juiz de inde-ferir a produção de prova testemunhal requerida pelo advogado da parte ausente à audiência.

8. (TRT-15ª R. CONCURSO XXVII – MAGISTRATURA) Ainda sobre a dinâmica da audiência trabalhis-ta, é correto dizer:

A) diante da formulação de pretensão de aditamento da inicial, para acréscimo de pedido de natureza acessória, formulado pelo reclamante ao se iniciar a audiência, deve o juiz adiar a audiência a fim de permitir à parte contrária que complemente sua defesa, em respeito ao princípio do devido processo legal;.

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B) em depoimento, após prestar compromisso e ser qualificada, a testemunha revelou ser sobri-nha da parte que lhe indicou e diante do oferecimento, naquele instante, de contradita com relação à testemunha pela parte contrária, deve o juiz indeferir o requerimento, tendo à vista a ocorrência de preclusão temporal;

C) diante da superação da controvérsia que pendia sobre os fatos considerados relevantes para a solução da lide, em razão do conteúdo da manifestação pessoal das partes perante o juiz, este não pode encerrar a instrução processual caso as partes tenham testemunhas presentes e pretendam ouvi-las, pois se deve assegurar o amplo contraditório;

D) a CLT estabelece uma ordem peremptória para a oitiva das testemunhas, iniciando-se pelas do reclamante, ordem esta que, portanto, não pode ser alterada pelo juiz com base na distribui-ção do ônus da prova, vez que este, o ônus da prova é, unicamente, critério de julgamento;

E) dentre as possíveis condições para: cumprimento de acordo formulado perante a Justiça do Trabalho figura a de ficar a parte que não cumprir o acordo, obrigada a satisfazer integral-mente o pedido ou a pagar uma indenização convencionada, sem prejuízo do cumprimento do acordo.

9. (TRT-15ª R. CONCURSO XXVII – MAGISTRATURA) Ainda sobre a dinâmica da audiência trabalhis-ta, é correto dizer:

A) diante de requerimento, feito pelo reclamante no início da audiência, antes da apresentação da defesa pela parte contrária, de desistência de algum pedido formulado na inicial, deve o juiz indagar à parte contrária a respeito, indeferindo o requerimento caso a reclamada se oponha;

B) o juiz deve indeferir a designação de perícia que envolve apuração de insalubridade no am-biente de trabalho, caso o reclamante, na inicial, descumprindo requisito legal, não tenha es-pecificado a perícia como meio de prova;

C) dado o princípio da inércia da jurisdição, a inspeção judicial depende de requerimento da parte para que seja efetivada pelo juiz;

D) em reclamação trabalhista, envolvendo várias tomadoras de serviço, integradas ao polo pas-sivo, deve o juiz cindir o processo quando uma das tomadoras tenha sede em local fora de sua jurisdição, onde o serviço do reclamante lhe foi prestado, remetendo-se os autos desmembra-dos aó juiz competente, em respeito aos termos do art. 651, da CLT;

E) suspensa, por qualquer razão, a audiência, e designado o seu prosseguimento, deve o juiz re-putar confessa, quanto à matéria de fato, a parte ausente na audiência em que deveria depor, desde que esta tenha sido expressamente intimada com tal cominação.

10. (TRT-15ª R. CONCURSO XXVII – MAGISTRATURA) Mantendo-se na audiência, que é a vida do processo e também a do juiz do trabalho, é correto dizer:

A) tendo à vista que não há divergência conceituai entre interrogatório e depoimento pessoal, diante da disposição manifestada pelas partes de não colherem, reciprocamente, os depoi-mentos pessoais contrários, hão pode o juiz pretender colher a oitiva das partes;

B) diante do indeferimento de uma providência probatória requerida pela parte em audiência, esta pede para consignar seu protesto, requerendo prazo para apresentação dos fundamentos jurídicos respectivos. Neste caso, o juiz deve consignar o protesto, mas indeferir a abertura de prazo específico, diante do princípio da concentração dos atos;

c) encerrada a, instrução, cumpre ao juiz conceder prazo para apresentação de razões finais escritas quando requerido pelas partes;

d) o reclamante, trabalhador terceirizado, comparece em audiência calçando chinelo, diante do fato o juiz deve adiar audiência considerando a vestimenta inadequada para o ato processual, que requer a devida solenidade e advertir ao reclamante de que na reincidência lhe será de-cretada a confissão quanto às matérias de fato;

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manual do advogado trabalhista – Marcelo Franco • Antonio Borges de Figueiredo

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e) diante do não acolhimento de exceção de incompetência oferecida, a parte interpõe, oralmen-te, em audiência, agravo. Neste caso, com base no entendimento expresso sumulado do TST, o juiz deve receber o agravo e suspender o processo até o julgamento do recurso pelo Tribunal.

11. (FGV – EXAME ORDEM 2014.3) Determinada audiência, designada para as 10h, só teve início às 12h, ocasião em que o preposto e o advogado da empresa já tinham se ausentado. A pauta de audiên-cias fora pontualmente iniciada pelo juiz; porém, a complexidade de processos e depoimentos gerou atrasos substanciais.A partir da situação sugerida, assinale a opção correta.

A) Não haverá a revelia, pois o atraso do juiz está limitado a 15 minutos, podendo a parte se retirar.

B) Diante do atraso, o juiz deverá adiar a audiência, já que a parte ré está ausente, mas se fez presente no horário inicial.

C) O juiz deverá aguardar a parte ausente por 15 minutos, pelo princípio da reciprocidade. D) A audiência deverá ser realizada normalmente, cabendo a aplicação da revelia e confissão à

parte ré.

12. (FGV – EXAME ORDEM 2014.3) Plínio, empregado da Padaria Pão Bom Ltda., insatisfeito com o trabalho, procurou seu empregador pedindo para ser mandado embora. O empregador aceitou a pro-posta, desde que tudo fosse realizado por intermédio de um acordo na Justiça do Trabalho, motivo pelo qual foi elaborada ação trabalhista pedindo verbas rescisórias. No dia da audiência, as partes disseram que se conciliaram, mas o juiz, ao indagar Plínio, compreendeu o que estava ocorrendo e decidiu não homologar o acordo. Para a hipótese, assinale a opção correta.

A) Plínio deverá impetrar Mandado de Segurança para obter a homologação do acordo. B) A homologação do acordo é faculdade do juiz, que poderá não homologá-lo. C) Sendo a conciliação um princípio do processo do trabalho, deverá o processo ser remetido

para outra Vara para homologação por outro juiz. D) Plínio deverá interpor reclamação correicional para obter a homologação do acordo.

13. (17º CONCURSO PROCURADOR DO TRABALHO) A propósito das provas, leia e assinale os itens a seguir: I - O documento público faz prova da sua formação e dos fatos que o escrivão, o tabelião ou o funcioná-rio declarar que ocorreram na sua presença, porém, o documento feito por oficial público incompeten-te, ou sem as formalidades legais, terá a mesma eficácia probatória do instrumento particular, desde que subscrito pelas partes. II - A confissão eivada de erro ou obtida por dolo ou coação poderá ser objeto de ação anulatória ou ação rescisória. Será objeto de ação anulatória, se ainda estiver pendente o processo em que foi feita; caso proferida a decisão de mérito, poderá ser revogada por ação rescisória, desde que constitua um dos fundamentos em que se baseou a decisão.III - A recusa legítima da exibição de documentos em juízo é direito das partes e de terceiros, desde que o fundamento de fato ou de direito para a recusa se enquadreem uma das hipóteses legais, podendo o juiz, segundo o seu prudente arbítrio, admitir outros motivos graves que justifiquem a recusa da exibição. Marque a alternativa CORRETA:

A) todas as assertivas estão corretas; B) apenas a assertiva II está correta; C) apenas as assertivas II e III estão corretas;D) apenas as assertivas I e III estão corretas; E) não respondida.

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capítulo x - audiências

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14. (FGV- EXAME DE ORDEM 2014.3) Sandro Vieira ajuizou reclamação trabalhista contra a empresa Trianon Bebidas e Energéticos Ltda. pleiteando o pagamento de horas extras, pois alegou trabalhar de 2ª feira a sábado, das 9h às 19h, com intervalo de uma hora para refeição. Em defesa, a ré negou a jorna-da descrita na petição inicial, mas não juntou os controles de ponto. Em audiência, ao ser interrogado, o preposto informou que a ré possuía 18 empregados no estabelecimento. Diante da situação retratada, e considerando o entendimento consolidado do TST, assinale a opção correta.

A) Aplica-se a pena de confissão pela ausência de juntada dos controles, sendo então considera-da verdadeira a jornada da petição inicial, na qual o juiz irá se basear na condenação de horas extras.

B) Haverá inversão do ônus da prova, que passará a ser da empresa, prevalecendo a jornada da inicial se dele não se desincumbir com sucesso.

C) Diante do impasse, e considerando que, com menos de 20 empregados, a empresa não é obri-gada a manter controle escrito dos horários de entrada e saída dos empregados, o juiz decidi-rá a quem competirá o ônus da prova.

D) A falta de controle quando a empresa possui mais de 10 empregados é situação juridicamente imperdoável, o que autoriza o indeferimento da oitiva das testemunhas da empresa porven-tura presentes à audiência.

GABARITO

1 C - 2 A - 3 C - 4 D - 5 B - 6 B - 7 E - 8 E - 9 E - 10 B - 11 D - 12 B - 13 D - 14 B

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