adventist world

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Órgão Internacional dos Adventistas do Sétimo Dia Veja página 23 Q uando N úmeros Abril 2010 os N ão S ão T ão B ons ARTIGO ESPECIAL Órgão Internacional dos Adventistas do Sétimo Dia J ornada Longa J oana A de

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Adventist World abril 2010 Igreja Adventista do Sétimo Dia

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Page 1: Adventist World

Ó r g ã o I n t e r n a c i o n a l d o s A d v e n t i s t a s d o S é t i m o D i a

Veja página 23

Quando Números

Abr i l 2010

os

Não São Tão Bons

A R T I G O E S P E C I A L

Ó r g ã o I n t e r n a c i o n a l d o s A d v e n t i s t a s d o S é t i m o D i a

JornadaLonga

JoanaA

de

Page 2: Adventist World

Abr i l 2010

I G R E J A E M A Ç Ã O

Editorial ............................. 3

Notícias do Mundo3 Notícias e Imagens

Janela7 Ruanda por Dentro

Visão Mundial8 Lições de Liderança

S A Ú D E

Enxaqueca .......................11Por Allan R. Handysides e Peter N. Landless

P E R G U N T A S B Í B L I C A S

A Obra de Cristo no Santuário ..................26Por Angel Manuel Rodríguez

E S T U D O B Í B L I C O

Eco da Eternidade ........27Por Mark A. Finley

I N T E R C Â M B I O M U N D I A L

29 Cartas30 Lugar de Oração31 Intercâmbio de Ideias

O Lugar das Pessoas .............................32

A R T I G O D E C A P A

A Longa Jornada de JoanaPor Gerhard Padderatz ...... 16Sua peregrinação espiritual levou-a a lugares inesperados.

D E V O C I O N A L

De Rochas e Pedras Por Patricia A. Gross .......................... 12O que faz com que elas tenham valor?

S E R V I Ç O A D V E N T I S T A

Chamado de Amor de um Dólar Por Jerry Kea ............................................................................... 14Quando pouco significa muito.

C R E N Ç A S F U N D A M E N T A I S

O Maravilhoso Deus-homem Por Jairyong Lee .............. 20Explorando o mistério de um Ser divino que Se tornou humano.

E S P Í R I T O D E P R O F E C I A

Perto do Coração de Deus Por Ellen G. White ................. 22Como sabemos que Deus nos ama? Veja o preço que Ele pagou pela nossa salvação!

E S P E C I A LQuando os Números Não São Tão Bons Por Reinder Bruinsma ................................................................. 23Numa comunidade unida pela fé e oração, os números não são tudo. Capa: TRANSPONDO BARREIRAS:

Joana de Castro Arce posa tendo ao fundo a histórica cidade de Heidelberg. Sua história liga continentes, pontos de vista e, mais importante, une pessoas.

Adventist World (ISSN 1557-5519) é editada 12 vezes por ano, na primeira quinta-feira do mês, pela Review and Herald Publishing Association. Copyright (c) 2005. Vol. 6, nº 4, abril de 2010.

Tradução: Sonete Magalhães Costa

www.portuguese.adventistworld.org

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Cresce Evangelismo Adventista em São Paulo

São Paulo é o Estado mais populoso e com a população mais diversa do Brasil. Abriga grande número de imi-grantes como italianos, portugueses, ameríndios, africanos, árabes, alemães, hispânicos, coreanos, chineses e japoneses. Alguns desses grupos possuem culturas e tradições muito diferentes, dificultando o evangelismo entre eles.

O evangelismo para grupos especí-ficos já é realizado no Estado há mais de cinquenta anos, especialmente entre japoneses, árabes, judeus, coreanos e hispânicos. O primeiro trabalho entre minorias étnicas começou em 1959, visando a alcançar os japoneses. As pri-meiras reuniões foram realizadas naque-la época, mas foi apenas em 1970 que a

N O T Í C I A S D O M U N D O

primeira Igreja Adventista Japonesa, hoje conhecida por Comunidade Nipo-Brasileira, foi organizada.

Em 1964, a comunidade coreana co-meçou a realizar suas primeiras reuniões.

Atualmente, duas congregações coreanas se reúnem no centro de São Paulo.

O trabalho entre a comunidade judaica foi inaugurado em 1997, seguido, em 1999, pelo trabalho entre a comunidade árabe.

E D I T O R I A L

PASTORES ÉTNICOS: Líderes de congregações étnicas se reúnem em São Paulo, Brasil.

C E N T R A L B R A Z I L U N I O N P H O T O S

Levantado e Carregado

O sinal de mensagem em meu celular piscava insistentemente enquanto

eu rapidamente saía do avião para o aeroporto. Meu nível de irritação aumentava à medida que tentava me desviar dos vendedores de comida e das longas filas de passageiros. Por que essas pessoas tinham escolhido logo agora para deixar suas mensagens e quanto tempo seria necessário para resolver o problema delas? Eu tinha apenas 45 minutos para encontrar algo para comer, enviar vários e-mails breves e encontrar o meu novo portão de embarque.

Em um canto quase silencioso apertei o telefone no meu ou-vido, determinado a resolver rapidamente o problema das men-sagens. Várias eram previsíveis, ouvidas rapidamente e apagadas: ligue para o escritório; envie o relatório; ajuste a data da comissão. Mas, então, ouvi uma mensagem que aqueceu e alegrou meu coração atormentado: “Bill, não sei em que lugar do mundo você está agora, mas gostaria de deixar só um recadinho para dizer que estou orando por você, todos os dias, e pedindo a Deus para lhe dar o senso da presença dEle ao seu lado em tudo o que fizer.”

Virei o rosto para esconder as lágrimas que encheram meus olhos e para sussurrar uma oração de gratidão pelo

amigo que me enviara aquela linda mensagem. Sim, aquele foi um sinal de sua afeição para comigo, um antigo amigo, companheiro de oração por aproximadamente 25 anos. Essa também foi a explicação das coisas impressionantes que aconteceram nessa viagem. Percebi que os ouvintes eram excepcionalmente receptivos nas igrejas em que preguei; fiz rápidos acordos com os colegas sobre os assuntos que discu-timos; vi as dificuldades suavizadas por uma mão poderosa, mas invisível. Nada mais fazia sentido, nos últimos dias, a não ser o fato de que eu tinha sido levantado e carregado, não só por um avião, mas pelas orações dos que me amam.

Há um século, Ellen White nos lembrou: “Faz parte do plano de Deus conceder-nos, em resposta à oração de fé, aquilo que Ele não outorgaria se o não pedíssemos assim” (O Grande Conflito, p. 525). Creio que essa promessa é espe-cialmente verdadeira quando intercedemos por aqueles que o Espírito traz à nossa memória, mesmo quando confessamos que não entendemos completamente a maneira como Ele realizará o bem que pedimos para eles. Pela fé oramos uns pelos outros, confiando na grande fidelidade dAquele que mantém todas as coisas em Suas poderosas mãos.

– Bill Knott

A Igreja em Ação

Abril 2010 | Adventist World 3

Page 4: Adventist World

N O T Í C I A S D O M U N D O

Hoje, ambos possuem forte liderança e recursos que justificam o estabelecimento de duas congregações distintas.

Finalmente, veio o evangelismo entre a comunidade hispânica. Segundo as estatísticas, há 700 mil hispânicos no Estado de São Paulo, a maioria na capital.

David Sabbag sempre creu em Deus, mas não era membro de nenhuma igreja. Por alguma razão, porém, ele guardava o sábado e, mais tarde, encontrou a Igreja Adventista do Sétimo Dia. “Meu batismo na [comunidade] árabe fortaleceu minhas convicções. Estou batizado e em estado de graça … com o desejo de estar mais perto de Deus”, diz ele.

Alfred Fogel é membro da Comu-nidade Adventista Judaica, que tem como parte de seu culto uma série de cerimônias interessantes, como o Kabbalat Shabbat, tradicional culto judeu de sexta-feira ao pôr do sol, para a recepção do sábado. – Reportagem de Suellen Timm, União Central Brasileira

Muda o Formato da Record, na Divisão do Sul do Pacífico

A revista oficial da Divisão do Sul do Pacífico, Record, lançou em fevereiro seu novo visual e planejamento para o futuro, a fim de ampliar o número de leitores. David Gibbons, diretor de comunicação do Centro Adventista de

Mídia (AMN), diz: “Queremos alcançar um público maior. Os jovens e as pessoas que moram em países em desen-volvimento no Sul do Pacífico também desejam ser discípulos com informação, educação e nutridos com boas notícias, histórias e artigos especiais.

A revista ícone da divisão, publicada por mais de cem anos, é semanal, com 16 páginas. É um periódico em preto e branco, mesclando notícias e artigos devocionais. Agora, passará a ser publi-cada quinzenalmente e com 24 páginas coloridas. A distribuição será aumentada para atender às populações de fala inglesa nas áreas urbanas das Ilhas do Pacífico, que, até agora, recebem apenas uma cópia junto com a Adventist World, uma vez por trimestre.

A equipe de comunicação da AMN utiliza um modelo integrado de comu-nicação para membros da igreja, produ-zindo um programa de TV semanal, de meia hora, com notícias e atualidades, o Record InFocus, e atualizando o web site da revista, destacando as cores laranja e azul do novo visual. Record InFocus, como transmitido pelo Hope Channal (TV Adventista Mundial), foi recentemente in-cluído na programação do Canal Cristão Australiano, canal gratuito das redes Foxtel, Optus e Austar de TV por assina-tura, e será veiculado no horário nobre das noites de sexta-feira. O programa

CRENTES HISPÂNICOS: Congregação de hispânicos crentes em São Paulo, Brasil.

Esquerda: NOVO VISUAL: Record, revista de cem anos de existência, da Igreja Adventista da Divisão do Sul do Pacífico, foi relançada como revista quinzenal. Abaixo: NOVA EQUIPE: A equipe da Record, da esquerda para direita: Theodora Amuimuia, Kent Kingston, David Gibbons, Pablo Lillo, Tracey Bridcutt, Gilmore Tanabose e Jarrod Stackelroth.R E D E A D V E N T I S T A D E N O T Í C I A

F O T O : U N I Ã O C E N T R A L B R A S I L E I R A

A Igreja em Ação

4 Adventist World | Abril 2010

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também estará disponível para ser trans-mitido gratuitamente na TV comunitá-ria em Sidney e na EM TV e Canal 8 de Port Moresby, em Papua-Nova Guiné. O programa ainda será transmitido na Shine TV, da Nova Zelândia.

Os novos destaques da revista incluem a coluna Record Rewind, dedi-cada à história adventista na região do Sul do Pacífico, receitas, dicas de saúde e outros segmentos para compartilhar testemunhos e destaques de igrejas locais. A nova Record está diagramada para ser mais interativa, e incentiva os membros a enviar fotos de eventos das igrejas e escolas, com uma pesquisa de opinião online e atualizações diárias do seu web site.

A mudança, porém, não aconteceu sem muitos desafios. A equipe editorial, em novembro, mudou-se da Signs Publishing Company, em Victoria, para a sede do Centro Adventista de Mídia, como parte do Departamento de Comunicação da Divisão Sul do Pacífi-co, em Sidney.

“Estou muito animado como nossa nova equipe”, diz Pablo Lillo, diretor de notícias e editor chefe, responsável por integrar os diferentes elementos de comunicação. “Temos uma equipe jovem, cheia de energia, cuja paixão é contar histórias com bom conteúdo para os nossos 410 mil membros na região do Pacífico. É sempre um desafio mudar, de repente, uma revista lida por tanta gente e apoiada pelos membros de nossa igreja. A resposta, porém, tem sido esmagadoramente positiva.” – Reportagem de Jarrod Stackelroth, editor assistente da Record

MONGÓLIA: Expansão do Ministério Jovem Ajuda a Igreja

Cerca de oitenta e cinco por cento dos membros adventistas na Mongólia são jovens. Por isso, é vital que o ministé-rio jovem seja forte. No último verão, o pastor adventista HaShik Kang e a família chegaram à Mongólia, após longo

atraso na obtenção do visto. Nos meses seguintes, Kang e os membros formaram na igreja um nicho para os jovens.

Durante os últimos meses, o De-partamento de Jovens organizou várias atividades e programas. Em agosto de 2009, realizaram seu primeiro concurso de cantores gospel entre as igrejas. Oito igrejas participaram no concurso “Som Eterno”. Foram encontrados vários talentos em cada uma das quatro categorias: canção livre, a capella, hinos da igreja e canções ritmo/criativas. O Departamento Jovem planeja tornar o concurso anual.

Em novembro de 2009, após o treinamento do Ministério Jovem pelo pastor Joshua Shin, o primeiro AMiCUS (Ministério Adventista para Estudantes Universitários) foi organi-zado na Mongólia, com o objetivo de alcançar estudantes universitários nos campi seculares. O primeiro festival AMiCUS foi realizado em dezembro de 2009. Oitenta alunos compareceram à Igreja Central Ulaanbaatar para assistir ao programa de Natal. Oito grupos do AMiCUS prepararam o programa es-pecial. Alguns grupos cantaram, outros leram poesias, outros apresentaram dramas e alguns realizaram atividades humorísticas. A parte mais interessante foi a peça musical apresentada pelos grupos, cada um por sua vez. Eles contextualizaram as histórias bíblicas no estilo de vida da Mongólia, usando melodias e canções populares para as partes conversacionais. As letras foram adaptadas para encaixar nas histórias.

Foi divertido e interessante. O programa AMiCUS objetiva alcançar um grande número de estudantes não adventistas na Mongólia e procura ir ao encontro das necessidades espirituais, intelectuais e sociais de estudantes adventistas do sétimo dia em campi seculares no mundo.

Em dezembro de 2009, foi realizada a primeira olimpíada da Bíblia na Mongólia. Várias igrejas começaram a se preparar, com um mês de antecedên-cia, para o evento. Catorze equipes de sete lugares se apresentaram para par-ticipar das olimpíadas. A mais distante viajou mil quilômetros para chegar a Ulaanbaatar. Ao todo, foram 88 parti-cipantes de 14 igrejas. A olimpíada da Bíblia abrangeu os quatro Evangelhos: Mateus, Marcos, Lucas e João.

A Mongólia tem apenas um Clube de Desbravadores, na igreja central de Ulaanbaatar. O clube é composto por 50 membros e nove líderes. Kang tem se reunido com todos os professores e reorganizado o clube em seis campos.

Inspirado pelo grupo Golden Angels da Divisão Asiática do Pacífico Norte (NSD), o Departamento Jovem decidiu recentemente organizar sua equipe de Golden Angels da Mongólia. Seguindo os mesmos princípios da NSD, dá-se aos jovens mongoleses a chance de dedicar um ano de sua vida para Deus. O propósito dos Golden Angels da Mongólia é apoiar e capacitar as igrejas locais. – Reportagem da Equipe da Divisão Asiática do Pacífico Norte

F O T O : N S D

CONCURSO DE CANTO: Jovens da Igreja Adventista da Mongólia participam de concurso musical.

Abril 2010 | Adventist World 5

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N O T Í C I A S D O M U N D O

Milourdes Richars é uma sobrevivente. Assim como milhões que foram poupados

pelo terremoto da magnitude de 7.0 que derrubou prédios e casas no dia 12 de janeiro de 2010, na capital haitiana, Porto Príncipe, Richars, dinâmica adventista do sétimo dia, quer contar sua história.

Richars encontrava-se entre o grupo de membros de 50 igrejas que estavam reunidos no Auditório Bíblico da Igreja Adventista, no centro de Porto Príncipe, quando aconteceu o terremoto.

“Eu estava assentada ali”, disse ela apontando para o banco no final da igreja onde blocos de cimento ainda permanecem no chão. “Fui compelida a me aproximar do grupo enquanto nos preparávamos para nos ajoelhar para orar.

Começamos a orar e sentimos e ouvimos a igreja sacudir. Continuamos dizendo: ‘Jesus, Jesus, salve-nos’, e rogamos ao Espí-rito Santo que permanecesse conosco.”

Minutos mais tarde, ela viu que um bloco de cimento havia caído exata-mente no lugar onde estivera sentada.

Richars, 55, se lembra dos dolorosos momentos após o terremoto.

“Era como dor de parto”, diz ela, que é mãe de cinco filhos adultos. “Estávamos todos chocados e logo pessoas feridas começaram a chegar à igreja. Algumas pessoas morreram nos meus braços.”

Adventista do sétimo dia há 33 anos, Richars, que é diretora do ministério pessoal de sua igreja, diz que desde o dia em que a terra tremeu ela louva e agradece a Deus por ter poupado sua

vida, seu esposo e cinco filhos.“Tudo isso me aproximou mais de

Jesus,” é seu testemunho.Com sua casa destruída, ela agora

está morando no terreno da igreja com cerca de outras mil pessoas que se abri-garam ali. Ela sempre tem uma palavra de ânimo para todos ao seu redor. É ativa nos cultos que são realizados todos os dias e aos sábados.

“Jesus tem sido tão bom para mim que desejo continuar a servi-Lo”, diz Richars.

Para Jacque St. Vil, ajudar é tudo o que pode fazer agora. Antes do terremo-to, ele era professor de Matemática na escola adventista no campus da Univer-sidade Adventista Diquini, mas agora visita diferentes igrejas com a Bíblia na mão e fala para os refugiados.

A sua história é muito triste.“Minha esposa e filho morreram

quando nossa casa desabou sobre eles na noite do terremoto”, diz St. Vil, primeiro ancião da Igreja Adventista Cedon, em Delmas, região não muito distante do centro de Porto Príncipe. St. Vil tinha saído de casa sete minutos antes do ter-remoto. “Agora estou sozinho.”

St. Vil apega-se ao trabalho da igreja. Sem ter notícia de quando poderá retornar a lecionar, ele se concentra em levar espe-rança a qualquer pessoa que deseje ouvi-lo.

“Temos que permanecer fortes em Jesus e seguir em frente,” diz ele.

Richars e St. Vil não estão sozinhos. Há milhares de histórias não contadas.

Mais de 27 mil adventistas do sétimo dia perderam suas casas e muitos deles estão enlutados pela perda de familiares. Entretanto, se apegam a Deus e servem à igreja enquanto procuram maneiras de reconstruir sua vida.

Os líderes da igreja ainda estão fazen-do o que podem, geralmente trabalhan-do dia e noite para suprir as necessidades básicas dos membros que se refugiaram nos terrenos das 75 igrejas da capital. Quase imediatamente após o terremoto, a igreja começou a avaliar os danos às suas propriedades e a oferecer orientação espiritual aos sobreviventes.

Por Libna Stevens, Divisão Interamericana, de Porto Príncipe, Haiti

Sobreviventes do Terremoto

Juntam Pedaçosos

Esquerda: ESCAPANDO DA TRAGÉDIA: Milourdes Richars mostra onde estava sentada segundos

antes de uma parte do teto do Auditório Bíblico Adventista desabar por ocasião do terremoto que atingiu o Haiti, no dia 12 de janeiro. Direita: AJUDAR É TUDO QUE POSSO FAZER: Jacque St. Vil (esquerda) concentra-se em levar conforto aos outros, mesmo após o desabamento de sua casa, que matou a esposa e filho, durante o terremoto em janeiro. Elie Henry (direita), vice-presidente da igreja na Divisão Interamericana, traduz sua história.

F O T O : L I B N A S T E V E N S / I A D

A Igreja em Ação

do Haiti

6 Adventist World | Abril 2010

Page 7: Adventist World

J A N E L A

Ruandapor Dentro

RUANDA

Por Hans Olson

A L A N N U D M A N

Ruanda, devido a seu terreno montanhoso, é chamado de “terra das mil colinas”. Porém, esse pequeno país interior localizado na região dos Grandes Lagos, no

oriente africano, é mais conhecido como o país que sofreu um dos piores genocídios do último século.

Os hutus e tutsis se estabeleceram onde hoje é Ruanda, em algum período, no tempo de Cristo. Em geral, os hutus eram agricultores cujas comunidades pontilhavam essa fértil nação. Os tutsis eram pecuaristas que chegaram à terra procurando bons pastos para o gado. Ao longo dos anos, os hutus e tutsis desenvolveram um sistema legal comum de resolver conflitos e uma linguagem comum com a qual conduziam os negócios.

Em 1884, a Alemanha colonizou grande parte da África oriental, incluindo Ruanda. Durante a I Guerra Mundial, tropas belgas tomaram o que hoje é conhecido como a República Democrática do Congo, e invadiram Ruanda. Após a guerra, a Liga das Nações deu à Bélgica o controle de Ruanda. A Bélgica uniu-se ao Burundi, outra ex-colônia da Alemanha, e deram o nome de Ruanda-Burundi à união dos dois países. A Bélgica pouco fez para mudar o sistema de classes existente em Ruanda, o que favorecia a minoria de tutsis sobre a maioria de hutus.

Em 1959, um grupo de hutus derrubou o rei tutsi. A ação provocou a primeira onda de violência generalizada entre as duas tribos. Cerca de 150 mil ruandeses fugiram para os países vizinhos. Tentaram um acordo sobre um governo cujo poder era partilhado entre hutus e tutsis, mas no processo a Bélgica decidiu separar Ruanda de Burundi e abrir caminho para a independência dos dois países.

Ruanda desfrutou de relativa paz, embora as tensões étnicas fermentassem até 1990, quando alguns dos descendentes dos exilados de 1959 formaram a Fronte Patriótica de Ruanda e invadiram o país. Como consequência, estourou uma guerra civil que durou três anos. Em 1994, o presidente hutu de Ruanda foi morto quando seu avião foi alvejado voando sobre Kigali. Esse incidente é criticado por instigar a violência étnica que levou ao genocídio cerca de um milhão de pessoas e provocou a fuga de cerca de dois milhões de refugiados para outros países.

Os Adventistas em RuandaApesar da intranquilidade ao longo dos anos, a Igreja

Adventista continua a crescer. Ela tem hoje a melhor propor-ção entre adventistas e o número de habitantes que qualquer país do mundo: um adventista para cada 22 pessoas. Ruanda abriga sete hospitais e clínicas adventistas, dezenas de escolas adventistas de ensino fundamental, duas escolas de ensino médio e a Universidade Adventista da África Central.

Não apenas muitos adventistas perderam a vida no geno-cídio de 1994, mas uma quantidade razoável de propriedades da igreja foi destruída. Uma das perdas foi o campus original da Universidade. Felizmente, a Igreja Adventista recebeu do Governo de Ruanda um pedaço de terra no coração de Kigali para construir o novo campus. Parte da oferta do Décimo Terceiro Sábado deste trimestre ajudará a terminar um grande prédio multifuncional que servirá como salão de atos e igreja.

Para saber mais sobre o trabalho da Igreja Adventista do Sétimo Dia em Ruanda, visite www.AdventistMission.org.

Ruanda é um dos dez países que formam a Divisão Africana Centro-Oriental da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Essa divisão está recebendo o “Siga a Bíblia” este mês. Patrocinado pelas Igrejas Adventistas de todo mundo, o projeto “Siga a Bíblia” é uma iniciativa com o objetivo de encorajar os ad-ventistas a desenvolver um interesse mais profundo na leitura diária da Bíblia. A Bíblia iniciou sua jornada nas Filipinas, em outubro de 2008, e finalizará na Assembleia da Associação Geral, em Atlanta, Georgia, EUA, em junho.

RUANDACapital: KigaliIdiomas oficiais: Kinyarwanda, Inglês e FrancêsReligiões: Católica Romana, 56%; Protestante,

37%; Muçulmana, 5%; outras, 2%.População: 9,6 milhões*Membros adventistas: 445.556*População adventista per capita: 1:22*Crescimento da Igreja no último ano: 5%* Arquivos Estatísticos da Associação Geral, 146o Relatório Estatístico Anual–2008.

Page 8: Adventist World

V I S Ã O M U N D I A L

Quando reflito em anos passa-dos, é impressionante pensar nas experiências que me vêm

à mente. Olhando para meu tempo de infância, vejo alguns paralelos com dois gigantes do reino de Deus. Como o rei Davi, eu era um menino pastor. Cuidava de ovelhas nas colinas no norte da Noruega durante os difíceis dias da guerra e da ocupação, e fazia isso pela promessa de três refeições completas por dia. Como Moisés, lutei contra um problema na fala, que me custou muito tempo e esforço para superar. E aí terminam as semelhanças com esses dois grandes homens de fé.

O testemunho pessoal tem uma rica tradição dentro do Adventismo. No passado, tínhamos “reuniões de testemunhos”. Nós nos reuníamos com a comunidade de fé para comparti-lhar momentos de nossa caminhada espiritual; para nos lembrar tanto dos tempos difíceis como dos bons; para encontrar força e propósito ao relem-brar a fidelidade de Deus.

Olhando para trás, para minha jornada, vejo que, muitas vezes, as experiências mais valiosas em minha vida, e que mais me ensinaram, foram os momentos de fracasso, não os de sucesso. Após 35 anos em vários cargos de liderança na igreja, desde diretor de

colégio a presidente de divisão, e agora, presidente da Associação Geral; na África, na Europa e para nossa comu-nidade global, tive minha parte dessas “experiências de aprendizado”. Delas eu descobri que podemos encontrar honra, mesmo nas falhas, se estivermos preparados para aceitar suas lições; depois levantar e seguir em frente.

A liderança na nossa igreja, em qualquer nível, pode ser imensamente

gratificante ou enormemente frus-trante. Pode nos dar uma maravilhosa sensação de paz interior, ou, se me permite, nos engolir vivos. Pode nos ajudar a descansar bem à noite, ou roubar-nos qualquer descanso, noite ou dia. Pode nos energizar e sustentar por toda a vida, ou deixar-nos à procura da primeira saída.

O que determina como cada um reage às exigências da liderança? Posso

Por Jan Paulsen

L i ç õ e s L i d e r a n ç a :de

TestemunhoPessoal

Oito lições que aprendi para ser um líder eficaz

A Igreja em Ação

R A J M U N D D A B R O W S K I

8 Adventist World | Abril 2010

Page 9: Adventist World

falar apenas do meu testemunho e das lições que aprendi ao longo do caminho, lições que muitas vezes tive que aprender, reaprender, e aprender muitas outras vezes.

Base Para Liderança

Em Cristo encontramos o principal modelo para todos os que servem em cargos de liderança na Sua igreja, e em Seu ministério vejo dois valores de máxima importância.

Primeiro, Cristo mostra que é mais nobre servir do que ser servido. Ele nos ensina que liderança significa servir às pessoas de modo genuinamente desin-teressado, sem necessidade de dominar e sem ter o olho em benefícios que possam advir ao longo do caminho.

Segundo, Cristo demonstrou que estava constantemente consciente da presença do Pai. Para mim, isso é tre-mendamente importante, pois significa supervisão e apoio. “Seu Pai celestial cuida de você” é, para qualquer líder nesta igreja, uma maravilhosa seguran-ça, absolutamente essencial para servir à causa de Deus com compromisso e compaixão. Daí a força e o conforto que sinto quando alguém, com quem nunca me encontrei, vem a mim e diz: “Pastor, quero que saiba que oro pelo senhor todos os dias. Menciono seu nome perante Deus todos os dias.” É impossível descrever quanto isso signi-fica para mim.

Assim, tendo como pano de fundo essas duas perspectivas, modeladas por Cristo, a nobreza do serviço e a consci-ência de que “seu Pai celestial cuida de você”, pergunto a mim mesmo: “O que aprendi durante todos esses anos?”

Oito Lições

1. Aprendi que, nos “negócios” de Deus, sou mão de obra contratada, não o proprietário. Alguns podem perguntar: “Não seria isso escapismo?

Um jeito de se esquivar das respon-sabilidades?” Não. Para mim, isso descreve a essência da liderança cristã e me esqueço por minha conta e risco. Como mão de obra contratada, não sou governador nem soberano. Não exerço domínio pessoal ou poder. Meu cargo é de confiança; em tudo, nas coi-sas grandes ou pequenas, devo prestar contas ao Dono.

O que o Dono espera de mim? A resposta é bem simples: fidelidade. Ele não espera perfeição, pois isso está além de minha capacidade. Mas Ele requer lealdade, fidelidade a Ele e à Sua causa, que não será vendida por preço algum.

Aprendi, também, que é inútil me preocupar com o sucesso. Como trabalhadores contratados por Cristo, medimos nosso sucesso não pelas realizações, mas em como servimos. Temos feito o que, para nós, é certo? Temos mantido puro nosso coração? Temos dado à causa o melhor de nós? Então, poderemos dormir bem à noite, encontrar descanso para a alma e ter energia para seguir em frente.

2. Uma vez que o “negócio” em que estou envolvido é espiritual, aprendi que é de vital importância permanecer próximo às Escrituras, consultá-las e separar tempo para estudá-las. Mas, ao mesmo tempo, aprendi a não me tornar muito arrogante em minhas próprias interpretações da Palavra de Deus, pois, talvez, eu esteja errado.

Como testo meus erros e acertos? Leio e oro. Então, converso com meus colegas, mais ou menos nesta ordem.

3. Aprendi a aceitar a realidade da mudança. Não importa o que eu venha sentir em relação à mudança, ela virá. Virá porque nossa igreja é dinâmica, é uma comunidade em crescimento. Ela virá simplesmente porque vivemos em um mundo em constante mudança.

Resistir às mudanças, simples-mente porque são mudanças, é inútil. Deve-se, porém, abordar a mudança com olhos abertos, olhando para a frente para ver para onde ela está nos levando. Assim, aprendi a fazer a difícil pergunta: “Serão as mudanças conside-radas destrutivas para a personalidade, identidade e valores de nossa igreja, ou irão ajudá-la a funcionar mais efetivamente como um instrumento na missão?” Se estou convencido de que será prejudicial à igreja, luto contra ela. A vida, o testemunho e a unidade da igreja são de importância primordial e as mudanças devem sempre servir a esses objetivos.

Em relação às mudanças, aprendi quão importante é orar, comunicar, consultar, reunir pessoas ao seu lado para não atropelar a própria comuni-dade que se está liderando. É preciso ter humildade para aceitar que não se pode ver tudo sozinho.

4. Aprendi que as pessoas são nosso maior recurso e os desafios mais complexos. Elas nos tentam, testam e, às vezes, nos levam aos extremos, mas não podemos funcionar sem elas. Assim, como líder, valorize muito seus companheiros de trabalho, coloque-os onde suas habilidades e talentos terão o máximo espaço para criatividade e expressão. Depois, ajude-os a ter sucesso.

Tenho visto, muitas vezes, a verdade dos escritos de Ellen White sobre um líder que “concebe a ideia de que está

TestemunhoPessoal

Jan Paulsen é presidente mundial da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Esse artigo foi adaptado de um sermão pregado pelo pastor Paulsen no dia 23 de janeiro de 2010, na igreja da Universidade de Loma Linda.

Abril 2010 | Adventist World 9

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numa posição de suprema autoridade, e que todos os seus irmãos, antes de fa-zerem qualquer movimento de avanço, devem primeiro dirigir-se a ele pedindo permissão para fazer aquilo que eles sentem que devem fazer. Tal homem está numa posição perigosa. Perdeu de vista a obra do verdadeiro Líder do povo de Deus. Em vez de agir como sábio conselheiro, assume as prerro-

bombásticas têm suas limitações. Em assuntos difíceis, temos que trabalhar com pequenas margens que requerem compromisso, e eu aprendi o valor de procurar soluções que funcionem. Se algo não funciona, vai morrer.

Aprendi, também, que não deve-mos ter a pretensão de nunca errar. De que adianta? Todos cometem erros. O que acontece depois é o que importa.

7. Aprendi a importância de manter uma perspectiva global. Os líderes de nossa igreja, não importa onde sirvam, têm responsabilidade para com sua grande família espiritual. Você pode ter sido eleito por uma pequena comissão local, mas serve no interesse de muitos. Você pode morar na Califórnia, mas está ligado a Calcutá. Pode gastar seus dias em Londres, mas influenciará vidas no Lagos. Não temos preferências con-gregacionais, pois somos uma grande família internacional. Assim, quando tomamos decisões administrativas, nunca podemos esquecer nossos irmãos geograficamente distantes, pois, como em uma família, as palavras e atitudes de um afetam a todos.

8. Aprendi, e ainda estou aprendendo, a compreender o imensurável valor da visão, humildade e integridade da liderança adventista. Visão é manter um ponto de vista claro do lugar para onde estamos indo; humildade define o clima em que faremos a viagem, e integridade é o que define e modela todas as nossas ações ao longo do caminho.

Olhando para Jesus como o principal modelo de liderança, as palavras de João Batista voltam à minha mente: “Convém que Ele cresça e que eu diminua”(João 3:30). Isso não é fácil, pois todos chega-mos aos nossos cargos de liderança com nossa falha humanidade, e o interesse próprio anuvia nossa visão. Mas ten-tamos, e lembramos que quando tudo é dito e feito, tudo o que Ele realmente pede de nós é que sejamos leais e fiéis, e que demos o nosso melhor. Apenas isso.

Oro para que, em meu serviço, eu seja capaz de engrandecer o nome do Senhor. Essa seria a maior honra. Não posso me esquecer de que, em cada en-cruzilhada do caminho, Ele me lembra: “Pratique a justiça, ame a fidelidade e ande humildemente com o teu Deus” (Mc 6:8, NVI).

V I S Ã O M U N D I A L

gativas de um governante exigente. Deus é desonrado em toda a exibição de autoridade e exaltação própria dessa natureza” (Testemunhos Para Ministros e Obreiros Evangélicos, p. 491).

5. Aprendi que não tenho de estar cer-to, pelos menos não sempre. Não temos que ter todas as respostas. A imagem de invencibilidade não é apenas insegura, é também muito difícil de manter. É bom que o líder saiba que “talvez haja outra maneira melhor de fazer tal coisa”. Declarações dogmáticas e afirmações

6. Aprendi a crucial necessidade de dar atenção à diversidade de nossa igreja, de cultura, sexo e idade. Nesses assuntos nunca acertamos. Esse, provavelmente, é o desafio de mais difícil solução, a meu ver. Mas como líderes, temos que demonstrar que temos consciência do tamanho do desafio e fazer esforço genuíno para corrigir as falhas e erros, mesmo que tudo o que se possa fazer agora consista em mostrar a direção para o futuro. Cada membro da família global da igreja tem o igual direito de sentir que é parte, que é legítimo e que participa.

A Igreja em Ação

Os líderes de

nossa igreja têm

responsabilidades para com

sua grande família espiritual.

R A J M U N D D A B R O W S K I

10 Adventist World | Abril 2010

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Não podemos dar diagnósticos definitivos sem conhecer toda a

sua história e realizar exames clínicos e laboratoriais. Assim, nosso conselho é que você procure o médico e faça um extenso check up neurológico.

Você perguntou especificamente se a dor de cabeça pode estar relacionada a um tumor. Isso é possível, mas não pro-vável, uma vez que está presente há sete anos e aconteceu ao mesmo tempo que o estresse e desafio de criar uma família aumentou. Se as dores de cabeça fossem causadas pelo crescimento de um câncer, já teriam aparecido outros sintomas.

Há vários tipos diferentes de dores de cabeça, e as características das suas provavelmente se encaixam no tipo que denominamos “cefaleias por tensão”. Essa é a forma mais comum de dor de cabeça. É mais comum nas mulheres do que nos homens e pode começar já na adolescência. Parece não haver forte componente genético para esse proble-ma em particular. Quando essas dores persistem por mais de quinze dias em um só mês, é chamada de cefaleia diária crônica, causada por tensão.

Embora o nome “cefaleia por ten-

são” sugira que a causa é conhecida, não é esse o caso. A dor, por si só, está rela-cionada a uma interação de músculos, vasos sanguíneos e elementos nervosos resultando em desconforto, que pode ser severo. Há muitos remédios que podem entorpecer ou erradicar a dor. É muito importante notar, entretanto, que a causa mais comum de agrava-mento das cefaleias crônicas é o uso abusivo de medicações analgésicas ou anti-inflamatórias. Geralmente, elas estão combinadas com cafeína. Muitas vezes , mas nem sempre, a retirada da medicação para dor resulta na melhora da dor de cabeça. Isso não significa que não se deve tomar remédio para dor; ao contrário, deve-se tomar o mínimo possível, apenas quando necessário.

A enxaqueca é o segundo tipo mais comum de dor de cabeça. Ela também afeta mais as mulheres do que os homens. Parece haver um componente genético na enxaqueca, que foi confir-mado em estudos realizados tanto em gêmeos idênticos como na população em geral. Alguns estudos indicam que a enxaqueca ocorre mais frequentemente em pessoas mais inteligentes.

Há dois tipos de enxaqueca: com ou sem aura (cerca de 85 por cento dos casos são sem). A aura é uma sensação ou sintoma que ocorre antes do ataque da enxaqueca e pode incluir distúrbios visuais, como a visão de raios lumino-sos e estrelas. Outro sintoma relaciona-do com o sistema nervoso é fraqueza, tontura, perda de equilíbrio e a sensa-ção de “alfinetes e agulhas” tanto nos membros como na face. Se a enxaqueca afeta o suprimento de sangue na porção do cérebro responsável pelo equilíbrio, é chamada de “enxaqueca basilar”. O fator desencadeador de enxaqueca varia de pessoa para pessoa. Para alguns, é um alimento específico; para outros, a falta de sono. Mudanças do tempo e da temperatura ambiente podem também precipitar o ataque. É muito importante identificar o fator desencadeador específico, se existir, e evitá-lo ou modificar o estilo de vida para minimizar os ataques.

Os medicamentos prescritos visam à prevenção ou redução da constrição (espasmo) dos vasos sanguíneos do cérebro e a dilatação subsequente, cau-sando dor associada à náusea. Novas fórmulas são absorvidas embaixo da língua, sendo possível administrá-las mesmo na presença de náusea. Consul-te seu médico para ver o que é melhor para você.

Allan R. Handysides, M.B., Ch.B., FRCPC, FRCSC, FACOG, é diretor do Departamento de Saúde da Associação Geral.

Peter N. Landless, M.B., B.Ch., M.Med., F.C.P.(SA), F.A.C.C., é diretor-executivo da ICPA e diretor-associado do Departamento de Saúde.

Dicas de Bem-Estar■ Exercícios físicos regulares produzem o analgésico natural do corpo chamado de endorfina.■ Evite privação do sono, descansando adequadamente em ambiente bem ventilado, escuro e silencioso.■ Evite estimulantes, alimentos exóticos, bebidas (alcoólicas, bebidas cafeinadas, alimentos ricos em tiamina) e fumo. ■ Dor de cabeça não é sintoma frequente de pressão arterial descontrolada e sua ausência não significa que a pressão esteja normal nos que sofrem dessa enfermidade. ■ Meditar nas promessas de Deus e em Sua graciosa fidelidade ajuda a manter o estresse em perspectiva.

Por Allan R. Handysides e Peter N. Landless

Tenho 45 anos de idade e sofro de dor de cabeça regularmente, quase diariamente. Ela piorou e se tornou mais persistente depois que meus filhos entraram na adolescência, sete anos atrás. Um grande amigo meu morreu com um tumor no cérebro; é possível que eu tenha o mesmo problema?

EnxaquecaS A Ú D E N O M U N D O

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Vovó, a senhora quer ver uma pedra realmente bonita?

Bryce, de seis anos de idade, tirou rapidamente a mão de trás das costas. Os cinco dedinhos cheios de areia se abriram e lá estava uma pedra bem co-

mum, cinza, de tamanho médio, sem nenhum brilho especial.Avó nenhuma gosta de quebrar o encanto e, como qual-

quer coisa feita por um neto vem embalada com seu próprio brilho, admirei alegremente o que ele encontrou. Tive vonta-de de rir com o que ele disse em seguida.

– A senhora pode comprar, se quiser – sugeriu confiante e um pouco hesitante de perdê-la por uma simples moeda de 25 centavos.

Bem, paguei vinte e cinco centavos por uma pedra seme-lhante a milhares de outras que eu podia pegar na margem do lago, sem nenhum custo. Depois de sete anos, ela ainda está em algum lugar numa das minhas gavetas. Não apenas ela, mas também três “amigas” compradas por vinte e cinco

centavos cada. Sempre achei que os números 2, 3 e 4 devem ter vindo com motivações mais mercenárias.

Fui enganada? Penso que não. Para Bryce, aquelas pedras eram descobertas fascinantes, únicas e especiais. Não admira que ele estivesse tão feliz em ganhar um dólar por suas escava-ções exploratórias, e tinha certeza de que seus achados valiam o dinheiro. E valiam, embora o valor não estivesse nas pedras.

As crianças gostam de pedras. Se cavarmos, bem fundo, no meio das memórias da infância, compreenderemos o porquê disso. As pedras são fascinantes. Não podemos mor-dê-las ou quebrá-las, tão duras que são. Aprendemos cedo que as coisas realmente difíceis e confiáveis na vida são “como pedras”. Com uma pequena ajuda do papai ou do irmão, podemos aprender a saltá-las. Mesmo sem ajuda, podemos jogá-las em borboletas, animais, rostos e corações. Quanto mais as olhamos, mais coisas enxergamos. Bryce viu coisas maravilhosas naquelas pedras.

Pequeno gesto de um garoto

ensinou à avó uma grande liçãoPedrasRochasDe

PorPatricia A. Gross

D E V O C I O N A L

e

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Patricia A. Gross é esposa, mãe, avó e bisavó. Por muitos anos, lecionou história e inglês para o ensino médio, no sul da Califórnia.

Pedras PorPatricia A. Gross

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SegredoHá outra pedra que eu gostaria muito de ganhar um dia

desses. Há anos, tenho lido sobre ela, e só de pensar, meus momentos mais escuros são iluminados. Ela não será grande, será até menor do que a pedra cinza do Bryce. Ela vai caber na palma da minha mão, vou poder colocá-la em meu bolso e levá-la para onde quer que eu vá. Mas não vou mostrá-la a ninguém. Não há necessidade, pois ninguém entenderia. Nela estará gravado o meu novo nome. Serei chamada por esse nome, mas não tenho ideia de seu significado. Só Jesus sabe.

Encontro tudo isso em Apocalipse 2:17: “Ao vencedor, dar-lhe-ei do maná escondido, bem como lhe darei uma pedrinha branca, e sobre essa pedrinha escrito um nome novo, o qual ninguém conhece, exceto aquele que o recebe.”

A primeira vez que li essa mensagem, fiquei perplexa. Maná escondido? Pão da vida? Palavra de Deus? Imedia-tamente, meus pensamentos foram a Moisés e a Israel no deserto; lembrei-me do poder sustentador e miraculoso daquele maná. Meus pensamentos, então, correram até Jesus, nas verdes colinas da Galileia. Cestas de pão crocante e fresquinho, peixes multiplicados, um mar de rostos assustados, mal disfarçando seus pensamentos: Ah, que grande rei Ele seria para Israel! Pessoas com sorrisos maliciosos esfregavam as mãos, com ansiedade.

Reconhecendo o perigo oculto de Sua missão, Jesus explicou que eles não deveriam procurar por um rei que alimentasse seu exército com o pão material. “Eu sou o pão vivo que desceu do Céu; se alguém dele comer, viverá eternamente; e o pão que Eu darei pela vida do mundo é a Minha carne” (Jo 6:51).

E aqui estou eu, dois mil anos mais tarde, lendo um texto em Apocalipse que me promete o maná escondido, se eu ven-cer. Esse maná é o próprio Jesus. Escondido em meu coração, Ele é o Pão Vivo que me nutre, que transforma minha alma e faz de mim vencedora.

Que conceito incrível! Mas ainda há mais. O texto de Apo-calipse diz: “... lhe darei uma pedrinha branca.”

Aí está! Jesus tem a pedrinha em Suas mãos marcadas pelos cravos, e a oferece para mim. Não posso mordê-la; não posso quebrá-la. Posso apenas estender minhas mãos trêmu-las para aceitá-la. Vinte e cinco centavos não podem pagá-la. Um milhão deles também não. Nada que eu tenha é suficiente para pagar por ela.

É um presente pessoal de Jesus para mim. Enquanto a admiro, aparece todo tipo de coisa, mas acima de tudo, o coração de Jesus!

Duas LágrimasDesde a primeira vez em que li essa incrível passagem

(que realmente li), compreendi que a pedrinha branca signi-fica que eu não era mais culpada. Vi que ela era uma pedra

clara, pura, sem manchas, dizendo-me que me tornei perfeita em Jesus, livre para sempre do pecado e da tentação.

Observo essa pedra mais de perto, e ela me fala ainda mais sobre a verdade mais maravilhosa de todas. Porque naquela pedra, há um novo nome escrito cujo significado só Jesus e eu sabemos. Ele me dá uma piscada de compreensão, mas ao piscar vejo uma lágrima em Seu olhar que combina com a lágrima em meu olho. Somente nós dois sabemos o segredo.

Quantas vezes, durante os períodos realmente difíceis na Terra, quando estivemos feridos, enlutados, desencorajados, decepcionados, desesperados, ansiamos por alguém para cuidar de nós, nos ouvir, entender, dar conselhos! Agora está claro que Alguém estava ali, o tempo todo, fazendo exatamente isso.

Há uma história contada sobre um jovem índio no limiar da idade adulta. Em sua tribo, para um jovem provar sua coragem, tinha de passar uma noite sozinho, na floresta, de olhos vendados. Certa noite, o pai do jovem o levou para a tal prova. À medida que escurece na floresta negra, as trevas a envolvem como grossas paredes de uma caverna e as corujas começam seus lamentos da noite. Foi aí que o pai sentou o jovem no tronco de uma velha árvore, amarrou a venda exigi-da em sua cabeça e se despediu para que passasse a noite ali.

Durante toda a longa e horripilante noite, o jovem índio sentou-se imóvel e alerta. Ele podia ouvir o ruído suave das criaturas cruzando o mato de um lado para o outro e o grito de uma onça não muito distante dali. Com toda sua força ele lutou contra o impulso de arrancar a venda dos olhos e voltar correndo para a aldeia, mas permaneceu no tronco até que detectou os primeiros raios da luz da manhã. Aliviado, retirou a venda e, para sua surpresa, viu seu pai quieto, sentado ereto, observando de outro tronco próximo a ele. Ele atravessou a terrível noite perto de seu filho.

Fomos assegurados de que Deus nunca nos deixará. E um dia, teremos certeza disso, sem sombra de dúvida, quando lermos o nome escrito na pedrinha branca.

Há outra pedra que eu gostaria muito de ganhar um dia desses.

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Há algum tempo, aceitei a indicação para ser o diretor da Escola Sabatina de nossa pequena igreja nas colinas

do norte da Califórnia (EUA). O que aconteceu a seguir mudou minha vida para sempre.

Enquanto enfatizava o apoio à Missão Global no ministério de nossa Escola Sabatina, embarquei numa jornada para aprender a respeito do progresso e desafios enfrentados pela Igreja Adventista em termos de missão e estudei vários Relatórios da Associação Geral, antigos e atuais, e o padrão que eles registravam.

A figura que emergiu revelava que a igreja mundial está presenciando sua maior oportunidade de ganhar almas

POSSO AJUDAR: Don Lane (esquerda) era o pastor da Igreja Adventista do Sétimo Dia de Sebastopol, Califórnia (EUA), quando foi lançada a campanha “Chamado de Amor de Um Dólar”. Lane, o autor, e Larry Nakashima desafiaram os membros da igreja a doar um dólar por semana para as missões. DESENHO INTELIGENTE: Rebecca Wong, jovem talentosa e membro da igreja, desenhou o rótulo para o recipiente do “Chamado de Amor de Um Dólar”.TANTO POR TÃO POUCO: Os crentes em Banghan, Tailândia, agora têm seu próprio prédio para adoração e evangelizam sua comunidade. Esse foi o primeiro projeto do “Chamado de Amor de Um Dólar”.

Uma ideia simples revolucionou a

missão de evangelismo

da igreja

Por Jerry Kea

S E R V I Ç O

Chamado

AmorUm

Dólar

de

de

14 Adventist World | Abril 2010

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Pequena Mudança para Mudar o Mundo

Ao analisar esses fatos preocupantes, o que ficou claro é que poderíamos, e podemos, fazer mais pelas missões. A partir dessa convicção, nasceu o “Chamado de Amor de Um Dólar”, um convite para a doação de um dólar por semana para as missões; usando uns trocados para mudar o mundo. Cem adventistas doando, pelo menos, um dólar por semana, por um ano, podem construir uma igreja e patrocinar três missionários de tempo integral em muitos países do mundo.

Expus essa ideia a meu amigo Larry Nakashima. Ele sugeriu a ideia de usar uns recipientes para a oferta. Compramos mais de cem latas com uma abertura em cima, e colamos um rótulo sobre as missões mundiais, desenhado por Rebecca Wong, jovem talentosa de nossa igreja. Sandra, minha esposa e Debbie, a esposa de Larry, nos apoiaram e se t ornaram nossas guerreiras de oração nessa aventura. Nossa congregação levou a ideia para a comissão e, em menos de um ano, arrecadamos cinco mil dólares.

No meio da campanha, Sandra e eu fomos chamados para servir como missionários na Tailândia e nossa congregação da Califórnia decidiu nos enviar os 5 mil dólares para a Missão Adventista da Tailândia, a fim de cons-truir uma igreja em Banghan. Desde então, a igreja tem avançado em outros projetos missionários em outras partes do mundo, incluindo as Filipinas, Ucrânia e Moçambique.

Agora enviamos nossa simples mensagem das latas de ofertas e os corações dos membros da Igreja Adventista do Sétimo Dia em Sebastopol, Califórnia (EUA), orando para que outras congregações ao redor do mundo se unam a nós para cumprir o santo propósito para o qual nosso movimento foi trazido à existência. Esse é o nosso compromisso:

“Nós, da Igreja Adventista do Sétimo Dia de Sebastopol, unidos à nossa denominação na convicção de que, de maneira histórica, o Espírito de Deus está sendo derramado na face da Terra. Nações que por gerações foram fechadas ao evangelho, estão abrindo suas portas. . . abrindo oportunidades e desafios sem precedentes ao redor do globo. Como milhares de igrejas/ escolas, no presente momento, estão desesperadamente necessitadas, e milhares de missionários esperam por recursos para serem enviados, suas mãos suplicantes chegam à ‘Terra da Fartura’. Com oitenta centavos de cada dólar da renda da igreja proveniente da Divisão Norte-Americana, ouvimos Deus falar ao nosso coração: ‘A qual-quer que muito for dado, muito se lhe pedirá’.

“Convidamos cada irmão e irmã que leva o nome de Jesus a doar apenas um dólar por semana. Em doze meses, nossos cem membros gerarão cinco mil dólares, dinheiro suficiente para patrocinar três missionários (a 500 dólares cada) e construir uma igreja completa (3.500 dólares). Louvado seja Deus! Quando a fisionomia de uma pessoa que perece pergunta: ‘Quem é o meu próximo?’, podemos responder: ‘É o que tem misericórdia’.”

Para ler mais sobre os missionários adventistas do sétimo dia e descobrir o que acontece nas missões ao redor do mundo, visite www.AdventistMission.org.

Jerry Kea retornou recentemente de seu serviço missionário na Tailândia, onde foi diretor

da Escola Internacional Ekamai e diretor de Educação da Missão Adventista da Tailândia.

F O T O S : C O R T E S I A D O A U T O R Abril 2010 | Adventist World 15

desde sua fundação, em 1863. Nas Américas, África, Ásia e Oriente Médio, onde o povo era cativo das trevas, milhões estão aceitando o evangelho.

Desafios e Oportunidades

Essa explosão evangelística tem dado origem a desafios e oportunida-des sem precedentes. Descobri que:

Quase metade da população do mundo (três bilhões de pessoas) ainda não ouviram o nome de Jesus.

Emergiu um exército de potenciais missionários leigos e estão prontos para se unir a outros membros leigos e levar esse movimento avante. A única coisa que lhes falta são poucas centenas de dólares por ano para as necessidades básicas.

Além disso, milhares de congregações emergentes estão criando a necessidade

de novos locais para adoração. Pela taxa atual de crescimento de mem-bros, são necessários cinco novos locais de culto todos os dias. Apesar do tremendo esforço da igreja e dos ministérios de apoio, não conse-guimos acompanhar essa tremenda demanda. Algumas estimativas suge-rem algo como setenta mil prédios de igreja, em todo mundo, com o número crescendo a cada ano.

É impressionante que um prédio de igreja completo pode ser construído com poucos milhares de dólares. É im-portante dar às congregações da igreja um “lar” permanente. Esses prédios estabelecem o Adventismo em suas lo-calidades, reduzem a perda de membros e intensificam o crescimento da igreja.

A Divisão Norte-Americana gera aproximadamente oitenta por cento de todas as contribuições, dízimos e ofer-tas, doadas à igreja mundial. Portanto, o potencial para enfrentar os desafios pre-sentes e futuros e as crises nas missões tende a permanecer, em grande medida, sobre a América do Norte.

Page 16: Adventist World

JornadaLonga

Até o momento, ela havia suprimido o assunto sobre “criação ou evolução”. Ou pensava que o ato da criação de Deus devia ter sido na “criação” da evo-lução. Como católica fervorosa, cria na veracidade

da Bíblia e, consequentemente, na história da criação. Como cientista, porém, não podia refutar a opinião prevalecente em sua comunidade profissional. Eles, afinal, creem que a vida em nosso planeta se desenvolveu por si mesma e por um longo período de tempo. Como não conseguira harmonizar as duas posições, finalmente decidiu suprimir o problema.

Perguntas e Mais PerguntasIsso funcionou bem por muitos anos, pelo menos até o

fim do outono de 2001, pois foi nesse período que sua filha, de 13 anos de idade, começou a estudar sobre evolução na escola. O assunto levantou muitas dúvidas e a menina o levou para casa a fim de perguntar aos pais. Joana de Castro Arce, por meio da filha, uma vez mais foi confrontada por essa questão preocupante. O que devia fazer? Como boa mãe e cristã, queria dar à filha um sólido fundamento religioso, pois, afinal, na Colômbia, seu país natal, ela frequentou boas escolas cristãs dirigidas pela ordem católica Opus Dei.

Um projeto de pesquisa da malária, em 1997, levou a jovem microbiologista e bioquímica de Bogotá para Würzburg, Alemanha. Aquele, porém, foi um breve intervalo. Dois anos mais tarde, após alguns desvios que hoje ela vê como dirigidos por Deus, o Centro Alemão de Pesquisa do Câncer

(CAPC), em Heidelberg, ofereceu-lhe a oportunidade de escrever a tese doutoral sobre câncer do útero. Seu professor principal era Frank Roesl, aluno do Professor Harald zur Hausen, que ganhou o Prêmio Nobel de medicina, em 2008.

Encontrando RespostasNaquele nicho de investigação científica, como poderia

achar alguém para ajudá-la a resolver seu conflito, especialmente na Alemanha, país tão secular? As chances pareciam raras. Mas e Ubaldo Soto? De nacionalidade chilena, falava espanhol tanto quanto ela. Ele era assistente de pesquisa do principal professor de Joana e a pessoa mais próxima em seu trabalho. Ela confiava nele e sabia que ele era um professo cristão. Era sempre amigo e prestativo. Gostava de sorrir e sempre tinha uma palavra de incentivo para todos. Frequentemente, falava sobre Deus e sua fé na Bíblia. O fato de esse homem humilde pertencer a uma igreja chamada Adventista do Sétimo Dia não significava nada para Joana naquele momento. Certo dia, ela reuniu toda a coragem que tinha e perguntou como ele, como cristão e cientista, lidava com a história da criação bíblica.

Ubaldo ficou feliz de poder responder às perguntas de Joana e deu a ela um livro sobre evolução e criação. Pouco tempo depois, ela e a família foram convidados para ir à casa dele. Ubaldo Soto e a esposa causaram profunda impressão em Joana. Ela gostou especialmente do calor e amizade cristãos. Eles conversaram sobre as falhas da teoria da evolução e como é necessário ter fé para aceitá-la. Além disso, abordaram uma

A R T I G O D E C A PA

F O T O S : G E R H A R D P A D D E R A T Z

A

JornadaLonga

16 Adventist World | Abril 2010

JoanaPor Gerhard Padderatz

de

Ela encontrou Deus na pesquisa do câncer,

longe de casa

Page 17: Adventist World

Gerhard Padderatz é empresário, autor, editor (da revista Baden-Württemberg, BWgung), presidente da ASI Alemanha, e mora na Suíça. O presente artigo foi

publicado na BWgung de março/abril de 2009.

PESSOAS IMPORTANTES: Pessoas que desempenharam papel importante na jornada de Joana a Cristo. Ubaldo Soto (destaque), atualmente professor assistente na Universidade de Loma Linda, foi o instrumento que cuidadosa e pacientemente estudou a Palavra de Deus com Joana e sua família. O esposo de Joana, Fernando, seus dois filhos – Daniella e Andres – são parte importante de sua vida e jornada de fé. Daniella e Andres foram batizados em novembro de 2009, para grande alegria dos pais.

série de questões práticas sobre a fé no cotidiano. Sempre que Joana e o marido enfrentavam algum problema aparente-mente insolúvel, a solução sugerida por Soto era: “Vamos orar sobre isso.” E a oração realmente ajudava.

Com o tempo, a familiaridade entre eles se transformou em amizade. Logo a conversa não girava apenas em torno da teoria da evolução e questões sobre viver a fé, mas também sobre outros assuntos bíblicos. A certa altura, Ubaldo sugeriu que Joana e o esposo estudassem a Bíblia com ele e sua esposa todos os sábados à tarde. Joana aceitou alegremente. Afinal, queria respostas para suas perguntas sobre fé e ciência. Além de estudarem sobre a criação e o sábado, também estudaram o conceito bíblico de alma, morte e ressurreição, assim como

as profecias de Daniel e Apocalipse.

tratada pela ordem Opus Dei. Junto com as freiras da ordem, seus colegas de classe e ela haviam cuidado dos pobres. Pre-garam para eles. Ela havia servido a Deus de maneira prática. Participara, inclusive, de muitos exercícios espirituais e contemplativos. Frequentemente, falara com o padre. Mesmo assim, em sua visão, Deus era severo. “Deus terá misericórdia de você se você se comportar bem. Mas, se você errar, Ele vai puni-la. Ele até espera que você cometa erros. Você nunca será boa o suficiente para merecer o amor de Deus.” Todas as tentativas para ler a Bíblia por si mesma tinham falhado. Joana, muitas vezes, havia se desesperado. Sempre sentira-se culpada e cheia de pecado. “Será que não há uma saída?” ela se perguntava nessa época. Devia haver algo bom e bonito na vida, algo que lhe desse alegria.

Fortes RaízesPara Joana, frequentar outra igreja estava fora de ques-

tão. Ela se orgulhava de ser católica. Todos os protestantes, segundo aprendera, iriam para o inferno. Por isso, ficou muito chocada quando descobriu, pela Bíblia, que a besta em Apocalipse 13 só podia significar o poder papal. “Será que tudo aquilo em que acreditei até agora está errado?” perguntava a si mesma. “É possível toda a minha família estar errada? Será possível que milhões de católicos ma-ravilhosos , no mundo todo, estejam errados há centenas de anos?” Quando estava sozinha, discutia com Deus em oração: “Senhor, tire da minha cabeça essa nova ideia!” E no momento seguinte: “Senhor, ilumina-me!” Sua luta durante os estudos bíblicos era tremenda, e o conflito cada vez cres-cia mais. Queria estudar a Bíblia em profundidade, porque tinha convicção de que ela é a Palavra de Deus e, portanto, plenamente confiável.

O que a ajudou naquela situação e que a motivou a continuar os estudos bíblicos com a família Soto foi o fato de que eles nunca a pressionaram em momento algum. Tudo o que fazia era decidido somente por ela. Pareceu-lhe que o Espírito Santo a estava chamando. “Será que esse é um sinal?” perguntava a si mesma. “Será que essa é realmen-te a verdade?”

Nessa situação, ela se lembrou de quando era menina, na Colômbia. Agora se lembrava de que algumas coisas sobre sua fé sempre a incomodaram, mesmo tendo sido muito bem

Encontrando Companheiro para a Vida

Um dia, ela conheceu Fernando. Apaixonaram-se e se casaram em 1988. Joana estava feliz, mas não demorou muito para que seu antigo sentimento de culpa e indignidade voltasse outra vez. A atitude negativa de sua igreja em relação ao corpo foi um peso para ela. Afinal, não havia ela aprendido que todas as coisas espirituais são boas e todas as coisas físicas são pecaminosas? Que uma alma boa estava aprisionada em um corpo de pecado?

Muitas vezes, tinha ido ao padre para pedir perdão, buscando absolvição. Mas o conflito não era resolvido em sua mente: “Por que o amor físico era pecado?” protestava ela. As respostas que recebia da igreja a satisfaziam cada vez menos. Como consequência, quando deixou a Colômbia para ir a Würzburg a fim de participar do programa de intercâmbio de pesquisa sobre a malária, parou de praticar sua fé.

Então, durante o estudo bíblico com o cientista cristão, todas suas perguntas e dúvidas desapareceram de uma hora

Abril 2010 | Adventist World 17

Joana

Page 18: Adventist World

Cavando FundoAssim, Joana viajou para a Colômbia, com muitas per-

guntas para o padre de seus tempos de escola. “Como será o juízo final?” “Como será o fim do mundo?” ”Quando e como iremos para o Céu: logo após a morte ou quando Cristo voltar?” “Como somos salvos e por que tantos se perderão?”

Quando chegou à América do Sul, seu padre não estava lá. Como não podia falar com ele, Joana conversou com uma ex-colega de classe da época do Opus Dei, que, como naquele tempo, ainda era católica fervorosa e praticante, e continuava envolvida na ordem Opus Dei. Ela tinha resposta para cada pergunta de Joana. Mas, em cada caso, se referia a esta ou aquela encíclica papal ou a algum concilio da igreja, ou a alguma tradição da Igreja Católica. Ela não fundamentava as respostas na Palavra de Deus.

A essa altura, isso já não era surpresa para Joana, e sim a confirmação daquilo que ela, com a ajuda de Ubaldo, havia encontrado na Bíblia. Mas sua luta ainda não terminara. A

pre pensei: Ele me ama. Encontrei as respostas para minhas perguntas sobre o juízo final e sobre o estado dos mortos. Agora compreendo que o Antigo e o Novo Testamentos formam uma unidade. Estou impressionada com o que está escrito nos livros de Daniel e Apocalipse.”

Dando um Passo de FéEm dezembro de 2003, Joana decidiu ser batizada. Um

mês depois, na Igreja Adventista Espana de Karlsruhe, ela entrou nas águas e, quando saiu, era uma nova pessoa em Cristo. Seu esposo foi batizado um pouco mais tarde, na Suíça, em julho de 2005.

Joana também progredia tanto profissional como academicamente. Em outubro de 2003, pouco antes de sua decisão para o batismo, recebeu o título de doutorado (PhD) em Ciências pela Universidade de Heidelberg. Hoje, ela trabalha no Centro Alemão de Pequisa do Câncer na área de regulação genética e epigenética. Seu trabalho: Entre outras coisas, é mentora de vários alunos internacio-nais do doutorado. E Ubaldo Soto? Aceitou convite para fazer parte da equipe médica da Universidade de Loma Linda (EUA), onde trabalha como professor assistente de ciências básicas.

Foi sua amizade despretensiosa, bem como sua dispo-nibilidade, que encorajou Joana a lhe pedir conselho sobre dúvidas em ciência e religião. Sua boa vontade, juntamente

para outra. Finalmente, era possível compreender a Bíblia. Deus nos ama, mesmo sendo nós pecadores. E o amor físico entre marido e mulher é um presente de Deus. Para Joana, isso foi um grande alívio. Agora podia trazer harmonia para seu intelecto, sua fé e seus sentimentos. Ela precisava conhecer o bondoso Pai celestial que a amava incondicionalmente.

Após vários meses de estudo bíblico com os Soto e severa luta interior, Joana finalmente sentiu-se feliz e livre. No fim de 2002, a esposa de Ubaldo sugeriu que ela fosse batizada. A princípio, Joana estava pronta para esse passo. Entretanto, ela não queria apressar as coisas. Queria ser justa, justa para com a igreja que por tantos anos tinha significado muito para ela e ainda estava em seu coração. Ela queria dar uma última chance à Igreja Católica.

veneração da Virgem Maria ainda era um problema. Deus, mais uma vez, enviou a pessoa certa na hora certa. Nesse caso, foi um ex-católico que frequentava a Igreja Adventista Espana em Karlsruhe, Alemanha. Ele conseguiu responder a todas as perguntas de Joana. O argumento mais convincente para ela estava relacionado à ascensão de Maria, crença im-portante para muitos católicos. Se Maria, de fato, ascendeu ao Céu, assim como Jesus – era a lógica desse adventista – o fato não teria sido registrado no Novo Testamento? Alguns dos discípulos de Cristo viveram mais que Maria. Pelo me-nos João não teria relatado um fato de tanta importância em seu Evangelho ou em uma de suas cartas?

Esse argumento convenceu Joana. Agora tudo estava claro para ela. “Descobri que Deus é diferente do que sem-

A R T I G O D E C A PA

NOVO COMEÇO: Joana foi batizada pelo Pastor Eli Diez-Prida na Igreja Adventista de Karlsruhe.

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conseguia entender o motivo de eles (meu esposo e dois filhos) não se decidirem junto comigo. Mas Deus me ajudou a compreender que cada um precisa de tempo para mudar – essa é uma questão do coração. Nossos filhos foram batizados no dia 28 de novembro de 2009.

Sabemos que Ubaldo Soto agora está trabalhando na Universidade de Loma Linda, nos EUA. Você ainda mantém contato com seu mentor espiritual?Sim, é impossível não manter contato com ele. Ubaldo é o tipo de pessoa que faz qualquer um acreditar que o mundo pode ser um lugar melhor. Todos os seus atos e palavras refletem suas convicções, e o amor que tem pelos vizinhos só pode ser o resultado de sua forte relação com o Senhor.

Como você se integrou à sua congregação adventista local?Esse foi um dos desafios que mencionei na minha primeira resposta. Primeiro, frequentamos a igreja espanhola em Karsruhe, mas, infelizmente, nunca me

senti aceita pela igreja adventista (de fala alemã) em outra cidade. Agora, pertencemos à igreja alemã em Mannheim e espero iniciar um grupo latino-americano em nossa área onde parte do culto possa ser em espanhol.

Você tem alguma sugestão específica de como congregações locais podem ministrar mais efetivamente para estrangeiros, distantes da pátria?Mostre compaixão e tolerância para com os estrangeiros. Lembre-se, somos todos estrangeiros neste planeta. Nossa cida-dania é celestial. A igreja não é um clube social, mas um centro de missão e serviço.

O que você gostaria de deixar para nossos leitores?Deus está no controle de tudo, mesmo naqueles casos em que temos certeza de que Ele não está. Se você tem problemas de qualquer ordem, coloque-os nas mãos de Deus e seja paciente. Aprendi que nossa fé só cresce se for exercitada. Se você procura por respostas, vá à Bíblia e tente ficar calado para ouvir o Senhor. Ele sempre está cuidando de nós.

POR GERALD A. KLINGBEILem Sua

AconteceuO que

com a de sua esposa, foi decisiva para abrir a porta de sua casa e convidar Joana e seu esposo para estudar a Bíblia, para que eles também fossem apresentados ao Deus que nos ama incondicionalmente e está mais que desejoso de responder às orações de Seus filhos. A curiosidade científica de uma jovem também foi usada para estudar a fundo cada assunto e, finalmente, tomar uma decisão independente da tradição ou opinião da maioria.

Pensar e agir contrariamente à tradição e opinião da maioria também foi a marca registrada do Professor Harald zur Hausen. Ele era diretor do centro de pesquisas onde Joana trabalhava desde o ano 2000. Foi exatamente por essa razão que zur Hausen suspeitou que um vírus era a causa do câncer de útero, uma

suspeita que foi comprovava verdadeira. Foi essa descoberta na pesquisa do câncer que deu a ele o Prêmio Nobel.

Talvez Joana de Castro Arce tenha sido entalhada no mesmo tipo de madeira, a madeira de que são feitos os ganhadores do Prêmio Nobel. Mesmo que ela jamais ganhe um Prêmio Nobel, sua eficiência e coerência servem de exemplo para todos os que desejam ganhar prêmios maiores: a vida eterna.

“Ao ir para a Alemanha, fui preparada para muitas coisas”, diz Joana, cheia de alegria e felicidade, enquanto falava conosco no saguão do Centro Alemão de Pesquisa do Câncer, em Heidelberg, “mas nunca imaginei que encontraria Deus na Alemanha.”

?Vıda

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O editor associado da Adventist World, Gerald Klingbeil, entrevistou Joana para descobrir o que aconteceu com ela desde que iniciou sua longa jornada. Aqui estão alguns trechos da entrevista.

Joana, já se passaram mais de seis anos desde que você foi batizada. Conte-nos sobre esse tempo.Enfrentei muitos desafios pessoais e mi-nha fé me sustentou em muitas ocasiões. Às vezes, senti que minhas forças esta-vam no limite, mas nosso Senhor esteve sempre ao meu lado, mesmo quando pensei que Ele havia me esquecido.

Qual foi a reação da sua família quando você se tornou adventista? Começamos todos juntos a estudar a Bíblia. Cada um de nós, porém, teve seu próprio tempo para tomar a decisão. Fiquei um pouco impaciente porque não

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O Filho, membro do Deus triúno, veio a este mundo de pecado como missionário enviado pelo Céu e “Ele salvará Seu povo dos seus pecados” (Mt 1:21).1

O Deus eterno tornou-Se homem para ser o Salvador da humanidade! A Encarnação tornou-se realidade pela vontade do Filho e pela obra do Espírito Santo. Nesse evento magnífico, os três membros da Divindade trabalharam juntos, como equipe, desde a fundação do mundo. Assim, nasceu Jesus, o Salvador do mundo.

Vida de Cristo: Perfeita e Sem PecadoJesus nasceu do Espírito Santo (Mt 1:18-21) e Sua vida

foi dirigida pelo Espírito. Ele era perfeito. Viveu uma vida perfeita. “Ele não apenas cometeu um ato pecaminoso, Seu ser era livre de pecado.”2

Era “sem mancha e sem defeito” (1Pe 1:19). Jesus foi capaz de viver uma vida sem pecado, porque Ele dependia de Deus e fez tudo segundo a vontade de Seu Pai. Mesmo sofrendo extrema agonia no Jardim do Getsêmani, Jesus suplicou a Deus: “Meu Pai, se for possível, afasta de Mim este cálice; contudo, não seja como Eu quero, mas sim como Tu queres” (Mt 26:39).

Por meio de Sua vida perfeita e sem pecado, Jesus dá esperança à humanidade de que, confiando nEle, também pode obedecer à lei de Deus. Foi assim que Ele destruiu o argumento milenar de Satanás de que o padrão e as

exigências da lei de Deus são mais altos do que qualquer criatura possa alcançar.

Jesus é um exemplo para todos os que O seguem. “Como Filho do homem, deu-nos um exemplo de obediência.”3 Foi por isso que Ele tomou sobre Si a natureza humana e passou por nossas experiências. Trabalhou diligentemente todos os dias entre o povo. Ele verdadeiramente foi um homem entre nós, embora, ao mesmo tempo, tenha sido totalmente divino. Pelo poder de Deus, Ele realizou muito pelos outros. Nem uma só vez usou Seu poder divino para benefício próprio. Foi tentado em tudo, como nós, mas sem pecado (cf. Hb 4:15). Foi a única pessoa sem pecado a viver neste mundo pecaminoso. Sua missão foi demonstrar a nós e a todo o Universo que podemos obedecer aos preceitos de Deus pelo poder do Espírito Santo. Mas não foi só isso.

A Morte de Cristo pela Nossa Nova VidaJesus não veio ao mundo somente para viver vida perfei-

ta para nosso exemplo, mas também para morrer por seres humanos pecadores, como substituto da humanidade. Jesus suportou a morte pelo ser humano, por você, por mim. Cumpriu o plano de Deus para salvar do pecado a humani-dade. O caráter do pecado é tão terrível que o único meio de erradicá-lo eternamente e libertar todos do seu jugo foi o ato de Jesus Se oferecer a Si mesmo como sacrifício.

O inocente Homem foi condenado à cruz por você, por mim e por toda a humanidade. Ele carregou os pecados do mundo (Jo 1:29). Tomou sobre Si os nossos pecados e recebeu o castigo que nós merecíamos (Is 53:5). Morreu por todos os pecadores, independentemente de raça, cultura e nacionalidade. Do mesmo modo que deu a vida aos seres humanos na criação, Jesus deu nova vida para os pecadores na cruz. Qualquer pessoa, em qualquer lugar, recebe a salvação quando aceita Seu sacrifício em seu favor e faz dEle seu Redentor pessoal. Jesus morreu por todos!

Jairyong Lee é presidente da Divisão Ásia-Pacífico Norte da Igreja Adventista do Sétimo Dia e vive em Ilsan-gu, Goyang City, República da Coreia.

Essa é a essência do evangelho, o cerne de nossa missão

MaravilhosoN Ú M E R O 9

C R E N Ç A S F U N D A M E N T A I S

Deus–homem Por Jairyong Lee

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Assim que Cristo morreu na cruz, começou nossa nova vida. Quando bradou na cruz: “Está consumado” (Jo 19:30), cumpriu Sua missão terrestre e morreu a segunda morte que todo pecador merece enfrentar. Uma vez que Jesus já morreu a segunda morte em nosso lugar, nós, os redimidos, não precisamos nos preocupar com isso. Agora a humanida-de pode desfrutar vida eterna com Cristo.

Ao morrer na cruz, Cristo providenciou o perdão dos pecados da humanidade caída. “Toda a mente, toda a alma, todo o coração, e toda a força, foram comprados pelo sangue do Filho de Deus.”4 Portanto, em Cristo, pelo Seu sangue, nos tornamos novas criaturas (2Co 5:17).

Consumação da Vitória de Cristo Sobre o Pecado

Na cruz, Jesus conquistou uma grande vitória sobre o pecado. Então descansou no túmulo como descansara no sábado ao criar o mundo. E se Jesus nunca tivesse acordado da morte? A vitória sobre o pecado que Ele havia conquista-do sobre a cruz teria sido anulada e o plano da salvação teria terminado em fracasso. “e, se Cristo não ressuscitou, é inútil a nossa pregação, como também é inútil a fé que vocês têm” (1Co 15:14).

Jesus, porém, ressurgiu outra vez e a ressurreição de Cristo foi a consumação da Sua vitória sobre o pecado, selando a obra de salvação da humanidade. Jesus conquistou a morte para sempre com Sua morte e ressurreição. Sua res-surreição restaurou a esperança eterna no coração dos Seus discípulos que ficaram tremendamente desanimados com a crucifixão de Seu Mestre. Agora, vendo o Senhor ressurreto, estavam mais convencidos do que nunca antes de que Ele

era o Cristo, o Filho do homem e Salvador do mundo. Com essa convicção, saíram e pregaram “a ressurreição do Senhor Jesus” (At 4:33) para o povo.

A ressurreição de Cristo é a certeza da ressurreição dos santos. Ele é nossa vida e ressurreição. Portanto, todo aquele que crer em Cristo viverá, mesmo que morra (Jo 11:25). Quando cremos em Jesus, nós nos tornamo participantes da vitória que Ele conquistou. Assim como Ele ressurgiu, todos os santos também ressurgirão. E assim como Ele vive para sempre, nós também desfrutaremos a vida eterna.

Cristo é o Evangelho a Ser ProclamadoJesus veio a este mundo como missionário. Na verdade,

Ele foi o maior missionário que este mundo já teve. Como missionário, Ele pregou a mensagem do evangelho ao povo e deu a ele tudo o que possuía, incluindo Sua energia, tem-po, amor, compaixão, e, finalmente, Sua própria vida. Ele mesmo era as boas-novas.

A confiança da graça salvadora de Deus revelada por meio da vida, morte e ressurreição de Cristo é o que motiva Seus seguidores a contar ao mundo as boas-novas do infini-to amor de Deus pela humanidade caída. O Salvador chama todos os Seus seguidores para serem Suas “testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia e Samaria, e até os confins da terra” (At 1:8), para proclamar a breve vinda de Jesus Cristo. Sim, esse é o sólido fundamento de nossa missão.

1 Os textos bíblicos deste artigo foram extraídos da Nova Versão Internacional (NVI).2 Norman R. Gulley, Christ Our Substitute (Washington, D.C.: Review and Herald Publishing Assn., 1982), p. 36.3 Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 24.4 Ellen G. White, Testemunhos Para Ministros e Obreiros Evangélicos, p. 130.

Essa é a essência do evangelho, o cerne de nossa missão

Na vida de Cristo, de perfeita obediência à vontade de Deus, e em Seu sofrimento, morte e ressurreição, Deus proveu o único meio de expiação do pecado humano, de modo que os que aceitam essa expiação pela fé possam ter vida eterna, e toda a criação compreenda melhor o infinito e santo amor do Criador. Essa expiação perfeita vindica a justiça da lei de Deus e a benignidade de Seu caráter; pois ela não

somente condena o nosso pecado, mas também garante o nosso perdão. A morte de Cristo é substituinte e Cristo proclama a vitória de Deus sobre o pecado e a morte para os que aceitam a expiação. Proclama a soberania de Jesus Cristo, diante do qual se dobrará todo joelho, no Céu e na Terra. (Jo 3:16; Is 53; 1Pe 2:21, 22; 1Co 15:3, 4, 20-22; 2Co 5:14, 15, 19-21; Rm1:4; 3:25; 4:25; 8:3, 4; 1Jo 2:2; 4:10; Cl 2:15; Fp 2:6-11.)

de

Morte eRessurreição

Cristo

Vıda,

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atribuído a ele na criação de Deus. Ele chamou a atenção deles para as aves do céu. Nem um pardal, Ele disse, cai ao chão sem que o Pai celestial o perceba. E se o pequeno pardal é considerado por Ele, certamente a alma daqueles por quem Cristo morreu é preciosa a Seus olhos. A importância do homem e o valor que Deus coloca sobre ele, são revelados na cruz do Calvário …

De modo a expandir nossa compre-ensão sobre a benevolência e amor de nosso Pai celestial, Cristo nos lembra que Deus envia Sua chuva sobre justos e injustos, e “faz nascer o sol sobre maus e bons”. Cristo nos conduz ao campo aberto da natureza, e procura nos ensi-nar a lição de que a Mão que sustenta o mundo e pinta o lírio do campo e as flores de variada beleza é a mão do grande Mestre-Artista. É Ele quem dá a cada uma sua beleza singular. Ele nos diz que nem Salomão, com toda a sua glória, se vestiu como uma dessas simples flores, que Ele nos deu como expressão de Seu amor pelo homem.

Cada gota de chuva, cada raio de sol enviado ao nosso ingrato mundo, é uma evidência da infinda paciência e amor de Deus. Se a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada ao forno; se as lindas flores, que encantam nossos sentidos, revelam a habilidade requintada e o cuidado da parte do

Esse artigo foi publicado na revista Signs of the Times de 17 de novembro de 1898. Os adventistas do sétimo dia creem que Ellen G. White (1827-1915) exerceu o dom de profecia bíblico durante mais de 70 anos de ministério público.

O Senhor do Céu não está desatento às nossas pre-ocupações, mas está em comunicação com os habi-

tantes deste mundo caído. Cristo não Se despiu de Sua natureza humana; está na presença de Deus como nosso substituto e garantia, nosso intercessor vivo. A Ele foi dado todo o poder em favor da humanidade, e todas as coisas foram entregues em Suas mãos para que complete a obra de redenção, a qual iniciou com tanta humilhação e com tão imenso sacrifício.

O Senhor está em ativa comunica-ção com todas as partes de Seu vasto domínio. É o representante de tudo concernente à Terra e seus habitantes. Ele ouve cada palavra que é pronun-ciada. Ouve cada gemido, toda oração; observa os movimentos de cada um e aprova ou condena cada ação. A mão de Cristo afasta o véu que esconde de nossos olhos a glória do Céu, e O con-templamos em Seu alto e santo lugar, não em estado de silêncio e indiferença para com Seus súditos do mundo caí-do, mas circundado por todas as hostes celestes, milhões e miríades, todos esperando por Sua ordem para sair em sua missão de misericórdia e amor…

Cristo ensinou Seus discípulos que a quantidade de atenção divina dada a qualquer objeto é proporcional ao grau

grande Mestre-Artista, não podemos ter ideias exageradas do valor que Deus coloca sobre os seres humanos criados à Sua semelhança. E Ele não vai permitir uma ação egoísta, descortês ou indelica-da de um ser humano para com outro…

Quem pode medir ou antecipar o dom de Deus? Por séculos, o pecado tem interrompido o fluxo da divina benevolência para com o homem; mas a misericórdia e o amor de Deus pela raça caída não pararam de se acumu-lar, nem se perderam em direção à Terra. Foram os habitantes do mundo, sua razão pervertida, que transforma-ram a Terra em casa de leprosos. Mas Deus ainda vive e reina e, em Cristo, Ele derrama sobre o mundo uma torrente de cura. Pelo dom do amado Filho de Deus, uma definitiva visão de Seu caráter foi dada à raça que nunca está ausente de Sua mente. Seu próprio coração está aberto pela lei real. O infinito estandarte é oferecido a todos, para que não haja nenhum engano em relação à espécie de povo que Deus deseja em Seu reino. Somente os obe-dientes a todos os Seus mandamentos se tornarão membros da família real, filhos do Rei celeste. Eles serão honra-dos com a cidadania do alto, uma vida na proporção da vida de Deus, uma vida sem tristeza, dor, ou morte por toda a eternidade.

E S P Í R I T O D E P R O F E C I A

CoraçãoPerto

deDeus

do

Por Ellen G. White

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Lembro-me vividamente de quando o pastor disse à nossa congregação que o número de membros da igreja mundial tinha passado a marca de um milhão! Isso foi há cerca de 50 anos. Foi necessário pouco mais que um século para alcançar esse marco. Hoje, o número de membros da Igreja Adventista do Sétimo Dia é de aproximadamente dezesseis milhões. Se as tendências atu-ais continuarem, as estatísticas denominacionais nos informam que, em mais quinze anos, ou algo assim, poderemos chegar a cinquenta milhões de adventistas no mundo.

Realmente, o Adventismo tem uma linda história de sucesso. Quem duvidou disso e assistiu a uma assembleia da Associação Geral ficou convencido para sempre da vitalidade e da vibração da Igreja Adventista. Os que regularmente leem as revistas denominacionais, como a Revista Adventista

Reinder Bruinsma, que foi administrador da igreja e hoje está jubilado, mora na Holanda. Ele gosta de escrever e dar aulas.

e a Adventist World, e têm o hábito de visitar o web site de notícias da Associação Geral ou que sintonizam a TV Novo Tempo (ou Hope Channel), não deixam de ficar impres-sionados com o crescimento sem precedentes da igreja em muitas regiões do mundo. As fotos dos batismos em massa, as crescentes estatísticas e as fantásticas histórias do avanço contínuo ficarão gravadas na mente!

Essa, porém, não é a história completa. O progresso adventista tem outro lado. Deixe-me explicar.

Onde Somos Poucos ou Muito PoucosCresci num vilarejo da região noroeste da Holanda. Nossa

família eram os únicos adventistas de nossa comunidade de 1.500 pessoas. Frequentávamos uma pequena igreja adventista numa cidade vizinha, onde menos de vinte mem-bros se reuniam para nosso simples culto semanal, e onde o grupo de jovens era formado por minha irmã e eu.

Foi assim que minha vida como membro da Igreja Adventista começou. A igreja no país inteiro, na época, tinha menos de três mil membros. Durante os últimos anos de minha carreira denominacional, servi como líder da União

Bons PorReinder Bruinsma

A R T I G O E S P E C I A L

F O T O : A L E X A N D E R I V A N O V Abril 2010 | Adventist World 23

Não São TãoNúmeros

Quando os

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Holandesa. Fui presidente da igreja com pouco menos de cinco mil pessoas em um país com dezesseis milhões de habitantes.

Em meus contatos internacionais, sempre fui tratado com muita cortesia, mas, de quando em quando, alguns dos meus companheiros presidentes, com muito tato, me informavam que em suas uniões eles tinham em apenas uma igreja o mesmo número de membros de minha união inteira! Para dar a perspectiva completa, devo acrescentar que a situação da Holanda, com seu crescimento limitado, é até positiva, se comparada com outros lugares; mas a triste realidade é que algumas áreas do mundo ocidental experi-mentam crescimento zero ou até negativo.

Deixe-me levá-lo para alguns lugares onde o crescimento é difícil e os números não são tão bons. Vou me limitar a três áreas do mundo com as quais estou familiarizado, devido ao meu trabalho como missionário entre os anos 1980 e 1990.

EgitoVamos ver primeiro o Egito, com 81 milhões de habitantes,

um dos países mais populosos do continente africano. O número de membros da igreja no Egito, oficialmente, per-manece em pouco mais de oitocentos, em dezenove igrejas. Isso representa o resultado de mais de um século de presença contínua de missionários. Com o tempo, a igreja já desenvol-veu uma infraestrutura significativa. É verdade que alguns dos membros egípcios migraram para lugares em que é mais fácil viver como cristãos adventistas. Desse modo, há mais adventistas egípcios fora do país do que dentro dele, mas em termos de números, há muito pouco de que se gabar.

PaquistãoVejamos outro exemplo, na Ásia. A primeira vez em que

colportores visitaram a área que hoje é o Paquistão foi em 1901, e um grupo inicial de crentes adventistas começou a se reunir em Karachi por volta de 1910. Hoje, o país tem cerca de 180 milhões de habitantes e 13 mil adventistas do sétimo dia. O trabalho evangelístico é severamente restringido e praticamente limitado aos dois a três por cento de não-muçulmanos, que geralmente são muito pobres e vivem em vilarejos separados, em guetos ou nos subúrbios das cidades, e muitos são analfabetos. Mesmo dirigindo uma instituição médica altamente respeitada em Karachi e uma importante instituição de ensino perto de Lahore, na parte central do país, a igreja tem um crescimento de membros muito lento.

GréciaMeu terceiro exemplo é a Grécia. O cristianismo na Grécia

tem uma longa e colorida história, mas tomou o formato quase que exclusivamente da tradição ortodoxa, que não é conhecida por sua flexibilidade e tolerância. Ali, também, as origens do adventismo local datam dos primeiros anos do século passado. Após mais de um século de trabalho árduo, a Missão Grega está mais ansiosa que nunca de evangelizar onze milhões de gregos dentro de suas fronteiras, mas o nú-mero continua baixo.

As estatísticas indicam que havia 260 membros em 1975. Segundo os últimos dados disponíveis, o número de membros agora permanece em 501. O aumento, entretanto, se deve principalmente à migração de vários lugares, princi-palmente da Romênia, e não necessariamente à conquista de gregos nativos.

Ser um adventista

isolado requer escolha

constante e ponderada.

A R T I G O E S P E C I A L

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Que Significa Ser Adventista Quando Somos Poucos?

De forma alguma, quero sugerir que ser adventista é sempre fácil, desde que se viva num lugar em que os adventistas são re-lativamente numerosos. Mas, certamente, há grandes vantagens em pertencer a uma igreja que é conhecida e respeitada, desfru-tar os serviços e a infraestrutura da igreja e receber as bênçãos de todos os tipos de encontros, seminários e outras atividades!

Como é ser adventista quando os números não são tão grandes? Como é para o indivíduo? O que significa para os líderes de uma igreja tão pequena e que está frequentemente lutando para manter sua unidade administrativa? Sei o que é crescer como adventista num ambiente hostil, ou, no máximo, indiferente às minhas crenças. Também sei, por experiência, o que é ser líder de uma pequena comunidade de fé, onde se vê pequeno crescimento e que quase não tem voz ativa na sociedade em que pretende operar.

Tenho viajado amplamente e me relacionado de perto com muitos crentes em muitos países, e creio que posso ima-ginar (pelo menos até certo ponto) quão desafiador deve ser viver como adventista no Cairo, como parte de um pequeno grupo de cristãos que não são apreciados pela maioria dos muçulmanos e geralmente odiados pelo clero da Igreja Cristã, que é mais estabelecida. Penso que posso imaginar um pouco do que deve ser converter-me ao adventismo em algum lugar no subúrbio de Karachi, tendo que lutar para conseguir alimentar minha família por guardar o sábado. E acho que posso imaginar até certo ponto a sensação de ser um membro de igreja na Grécia e ver que todo o esforço da missão perma-nece sem resultados visíveis.

O Que Fazemos Quando os Números Não São Altos?

Permita-me compartilhar algumas convicções que possam fornecer orientação e subsídio para ideias posteriores.

1. Ser poucos nem sempre é coisa ruim. Encontrei-me, outro dia, com um importante membro de igreja da menor ilha do Caribe, onde cerca de 50 por cento da população é adventista. O quadro que ele pintou não foi de uma comuni-dade vibrante, que sempre deixa o tipo de impacto e nos faz orgulhosos. Para muitos, o adventismo é uma coisa cultural; é algo que “vem de família”. Isso me lembrou do fato de que ser adventista em isolamento requer escolha constante e ponderada; requer determinação e dedicação. E aqueles que estão mais isolados do que gostariam de estar deveriam ser confortados e fortalecidos pela ideia de ser parte do pequeno remanescente bíblico! Jesus mesmo lembrou-nos de que os números não são tudo (Mt 18:20) – Ele está mais interessado em espiritualidade e qualidade.

2. É uma grande bênção saber que somos parte de algo maior. Se há alguma coisa que os líderes da igreja, em

qualquer nível, devem apoiar é a conscientização de que pertencemos à família de Deus, a qual não conhece barreiras geográficas, nacionais, culturais ou linguísticas. Deve ser fei-to mais para enfatizar que revistas, como a Adventist World, cheguem ao seu público-alvo, unindo esse movimento mun-dial. O crescente número de ofertas de material de inspiração pela internet adventista deve ser comunicado aos que vivem em isolamento. Além disso, visitas regulares de líderes e especialistas que possam treinar e inspirar fortalecerão o elo espiritual e mental com a comunidade adventista mundial. As bênçãos resultantes de saber que se é parte de algo maior e de sucesso são um incentivo e provam que vale a pena todo o investimento da igreja em esforços e recursos.

3. Uma das grandes coisas da Igreja Adventista do Sétimo Dia é a solidariedade internacional. Embora essa solidariedade às vezes sofra tensões, os adventistas cuidam um do outro. Eles doam grandes somas para as missões; apoiam projetos em todas as partes do mundo e participam de muitas viagens missionárias. A igreja mundial dispõe de substancial soma de dinheiro para o trabalho em lugares em que os resultados são muito lentos. Felizmente, a missão adventista não é conduzi-da apenas pelo custo-benefício e pelos números. Alguns dos maiores apoios financeiros (per capita) da Associação Geral vão para as menores divisões, onde os números não são tão bons e o resultado imediato será modesto.

4. Deve haver uma atitude imparcial e desejo verdadeiro de compreensão. Poucas coisas me irritavam e frustravam mais, durante os anos em que fui presidente de uma pequena união, do que a sutil ou não tão sutil sugestão de que a missão em meu país teria mais sucesso se simplesmente copiássemos os métodos que provaram ser bem sucedidos nas regiões do mundo onde houve um crescimento fenomenal quanto ao número de membros. As circunstâncias diferem grandemente de país para país e de cultura para cultura. Situações desa-fiadoras requerem planejamento criativo e cuidadoso, mas permitem experiências que sejam baseadas em valores espiri-tuais. Nossos irmãos e líderes que testemunham e trabalham sob circunstâncias desafiadoras precisam sentir que estão habilitados a ser criativos e inovadores.

5. Somos uma comunidade mundial de oração. O que pode ser mais encorajador para alguém que vive em lugar isolado do que saber que hoje alguém está orando por você? Quando trabalhamos e oramos, deixamos o futuro e as taxas de cresci-mento da igreja nas capacitadas mãos de Deus, pois essa não é a sua ou a minha igreja: é a igreja de Deus. Gosto do lembrete inspirado de Ellen White de que devemos olhar para o quadro maior: “Conquanto muito do fruto de seus trabalhos não apareça nesta vida, os obreiros de Deus têm da parte dEle a firme promessa do êxito final.”*

*Ellen G. White, Obreiros Evangélicos (Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, SP, Brasil), p. 514.

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P E R G U N TA : A cena profética registrada em Apocalipse 8:2-6 aparece entre os sete selos e as sete trombetas. O que devemos aprender com ela?

Na passagem que você menciona, João vê sete anjos com sete trombetas e outro anjo queimando incenso no

altar, adicionando a ele as orações dos santos e tirando fogo do incensário e lançando à Terra. O resultado são trovões, relâmpagos e um terremoto. Para compreender essa visão, examinaremos outras cenas do Apocalipse também relativas à teologia do santuário. Só então comentarei a visão e seu significado.

1. Cena do Santuário: As referências ao altar de incenso, o incensário, a queima de incenso e o anjo indicam que está acontecen-do uma atividade de ritual no lugar santo do santuário celestial. As visões do Apo-calipse são frequentemente apresentadas por uma cena no santuário celestial. Antes das mensagens para as sete igrejas, Jesus aparece vestido como sumo sacerdote no lugar santo (1:12-20). A cena do trono, que enfatiza o pa-pel do Cordeiro (capítulos 4 e 5), apresenta os sete selos. As sete trombetas são apre-sentadas pela visão do altar de incenso (8:2-6). Antes da visão do conflito cósmico (capítulos 12–14), João vê o Lugar Santíssimo do santuário celestial e a arca da aliança, que contém o Decálogo (11:19). As sete pragas são precedidas pela visão de que terminaram os serviços no santuário (15:5-8). Nos últimos dois capítulos do livro (21 e 22), cresce o uso das imagens do santuário/templo. Deus desce para habitar permanentemente entre Seu povo na Nova Jerusalém.

2. Teor da Visão: A passagem mencionada por você apresenta as trombetas como uma visão distinta e a separa dos sete selos. Quando as trombetas começam a soar, Cristo ainda está intercedendo por nós no santuário celestial, ministrando no lugar santo. O fato de que queimar incenso no lugar santo era basicamente a responsabilidade do sumo sacerdote (Êx 30:7, 8) sugere que o anjo que João viu provavelmente representa Jesus como nosso mediador.

Ele toma as orações dos santos, contaminadas pelo pecado, e as purifica com o incenso expiatório, a pureza de Cristo (cf. Nm 16:46, 47).

A passagem menciona outro aspecto da intercessão de Jesus: o julgamento de Deus contra este mundo ímpio. As brasas usadas para queimar o incenso, embora criem uma nuvem de fumaça que sobe para Deus, também simbolizam o julgamento (e.g., Gn 19:24). Algumas brasas foram re-movidas do altar de incenso e colocadas no incensário para que o ato de lançá-las à Terra fosse facilitado (cf. Ez 10:2). Trovões, relâmpagos e terremotos geralmente acontecem quando Deus manifesta Sua presença em julgamento (cf. Is

29:6). O período das trom-betas é basicamente o tempo em que Cristo ainda realiza os serviços diários em favor de Seu povo e também o tempo em que os juízos de Deus caem contra os ímpios, o que ocorre dentro do fluxo da História. Ambos são mediados por Cristo.

3. O Significado das Cenas do Santuário: Essas cenas do santuário foram intencionalmente colocadas onde estão no livro para comunicar a mensagem. Primeiro, revelam que Deus rege o mundo do Seu tem-plo celeste. Esse centro do comando divino é para onde Cristo foi após Sua ascensão; é de lá que Deus influi e dirige a luta cósmica entre o

bem e o mal em nosso planeta. Segundo, essas cenas apon-tam para dois aspectos do ministério celestial de Cristo: Sua obra reconciliatória diária e o serviço anual representado pelo Dia da Expiação. Vemos Jesus intercedendo por nós no lugar santo, mas também vemos o ápice do livro, quando Cristo passa para o Lugar Santíssimo e, no fim, para o mo-mento em que Sua obra de sumo sacerdote termina.

Finalmente, vemos o tabernáculo de Deus descendo do Céu para nosso planeta. O Apocalipse é um livro sobre o trabalho de Cristo no santuário celeste.

Angel Manuel Rodríguez é diretor do Instituto de Pesquisas Bíblicas da Associação Geral.

PorAngel Manuel Rodríguez

P E R G U N T A S B Í B L I C A S

CristoSantuário

ObraA

de no

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Page 27: Adventist World

Quando Deus criou nosso mundo, deixou uma lembrança eterna de Seu poder criativo. Cada semana o sábado do sétimo dia nos lembra o amor, poder e a sabedoria de nosso maravilhoso Deus. Ele fala do Seu cuidado e incrível interesse por nós, individualmente. O sábado não é uma exigência legalista; é um oásis do amor de Deus em um mundo destruído. A cada sábado ouvimos o eco da eternidade a nos chamar de volta à perfeição da criação e ao descanso tranquilo ao lado de nosso Criador.

1. Que atividade da parte de Deus indica o fim do processo da criação? Leia o texto abaixo e escreva sua resposta no espaço em branco.“Assim, pois, foram acabados os céus e a Terra e todo o seu exército. E, havendo Deus terminado no dia sétimo a Sua obra, que fizera, descansou nesse dia de toda a Sua obra que tinha feito” (Gn 2:1, 2).

Deus descansou no de toda a Sua obra.

2. Que duas coisas fez Deus para separar o sábado dos outros dias da semana? Circule-as no texto abaixo.“E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou; porque nele descansou de toda a obra que, como Criador, fizera” (Gn 2:3).

Quando Deus abençoou o sétimo dia, Ele o estava declarando como objeto de Seu favor, um dia que abençoaria Suas criaturas. Santificar alguma coisa significa separá-la para um propósito santo ou especial; nesse caso, um dia para que Suas criaturas se lembrem e honrem Seu poder criativo.

3. O quarto mandamento declara: “Lembra-te do dia de sábado, para o santificar” (Êx 20:8). De que grande evento nos lembramos quando observamos o sábado?“Porque, em seis dias, fez o Senhor os céus e a Terra, o mar e tudo o que neles há e, ao sétimo dia, descansou; por isso, o Senhor abençoou o dia de sábado e o santificou” (Êx 20:11).

“Porque, em seis dias, fez o Senhor o e a e,

ao descansou.”

O sábado é uma lembrança semanal do poder criador de Deus. Ele nos lembra que nosso mundo um dia foi perfeito e que um dia será perfeito outra vez. Ele nos fala não apenas de uma criação perfeita, mas de um Criador perfeito.

4. Que dois eventos estão ligados a Isaías 43:1? Escreva sua resposta no espaço em branco.“Mas agora, assim diz o Senhor, que te criou, ó Jacó, e que te formou, ó Israel: Não temas, porque Eu te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és Meu” (Is 43:1).

Essa passagem descreve Deus como e .

Por Mark A. Finley

EcoEternidadeda

E S T U D O B Í B L I C O

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Page 28: Adventist World

Pertencemos ao nosso Senhor por duas razões: Ele nos criou e nos redimiu. O sábado fala tanto do Seu poder criador como do Seu poder redentor. Quando descansamos de nosso trabalho no sétimo dia, descansamos no amor dAquele que nos fez e nos redimiu.

5. Para onde Deus nos aconselha a olhar quando enfrentamos as provações da vida? “Levantai ao alto os olhos e vede. Quem criou estas coisas? Aquele que faz sair o Seu exército de estrelas, todas bem contadas, as quais Ele chama pelo nome; por ser Ele grande em força e forte em poder, nem uma só vem a faltar”(Is 40:26).

“Levante os para o .”

Por que olhar para nosso Criador e tirar os olhos de nossas provações faz tanta diferença?

Escreva a resposta com suas palavras:

6. Por que Deus é digno de nossa adoração?“Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder, porque todas as coisas Tu criaste, sim, por causa da Tua vontade vieram a existir e foram criadas” (Ap 4:11).

Deus é digno de nossa adoração porque Ele todas as coisas.

A criação revela o poder sobrenatural de Deus para dar vida. Deus é digno de nossa adoração porque Ele é o Doador da vida, o Criador e Mantenedor de toda vida. Quando adoramos a Deus no sábado do sétimo dia, adoramos Aquele que nos deu vida, Aquele que sustenta nossa vida e Aquele que redimiu nossa vida. Reconhecemos que o mesmo Deus cujo poder criou o mundo tem o poder de criar novos céus e nova Terra.

7. Que promessa fez Deus em relação a esse mundo de pecado?“Pois eis que Eu crio novos céus e nova Terra; e não haverá lembrança das coisas passadas, jamais haverá memória delas” (Is 65:17).

Ele criará novos e nova .

O Deus que no princípio criou este mundo irá recriá-lo com o esplendor edênico. Ao guardarmos o sábado a cada semana, ouvimos o eco da eternidade. Um Deus todo poderoso, todo amor, todo cuidado, criará novos céus e nova Terra, onde a justiça reinará para sempre. Isso é motivo para nos alegrarmos sempre!

Não perca o estudo do próximo mês:

“Quando Deus Criou o Amor”

28 Adventist World | Abril 2010

Page 29: Adventist World

C A R T A S

Fortalecendo o FracoObrigado pelo artigo de capa “Compreendendo a Palavra”, por Marcos Paseggi (janeiro de 2010), e especialmente pelo devocional

de J. Stanley McCluskey, “Podemos Sempre Contar com a Proteção de Deus?” O Senhor permite que enfrente-mos dificuldades para fortalecer nossa experiência, que, de outro modo, se enfraqueceria.

Jackson NdikumanaRusororo, Ruanda

Primeiro ExemplarHoje é o primeiro dia em que a Adventist World aparece no idioma romeno (janeiro 2010). Acabo de receber um e-mail da União Romena dizendo que podemos ler a Adventist World não apenas em inglês, mas também em romeno.

Fiquei impressionada com o artigo “Compreendendo a Palavra”, de Marcos Paseggi. Ele escreveu um bom texto sobre o trabalho dos tradutores, e o que disse é verdade. Trabalhei, por alguns anos, como editora de publicações em húngaro, na Casa Publicadora Adventista Romena (Viata si Sanatate), e não apenas corrigia e editava os materiais, como também traduzia. Por isso, entendo os detalhes e problemas ao colocar a mensagem noutro idio-ma. Como minha língua materna é o húngaro, traduzo do romeno, não do inglês. Muitas vezes, sinto grande alegria quando vejo um novo livro ou revista e, finalmente, posso pegar o material impresso. É muito bom saber que o resultado do nosso trabalho não é para alguns dias, mas para muitos anos,

e não apenas para um grupo, mas, às vezes, para milhares e até milhões de pessoas (veja o Year Book).

Obrigada, Marcos Paseggi. Esse ar-tigo foi um bálsamo, porque raramente ouvimos palavras de gratidão. Sei que nossa recompensa está no Céu, mas, por enquanto, vivemos na Terra! Talvez um dia teremos a alegria de ter um lindo encontro com todos os tradutores ad-ventistas, ou uma pequena reunião. Que Deus nos traga Seu reino, onde todos falaremos a mesma língua.

Judit KovácsBucareste, Romênia

Pessoas Precisam de PessoasO artigo de Kari Paulsen, “O Que Acontece aos Desamparados?” (janeiro 2010) tocou uma corda sensível em

meu coração, ao ela compartilhar sua experiência de como, com 15 anos de idade, encontrou um pequeno grupo de adventistas tão amáveis e receptivos, assim como outros ao longo da vida, que a capacitaram e prepararam para o lugar onde Deus a colocou.

Tive experiência similar à dela, aos 16 anos, quando conheci a mensagem adventista e, uma pequena igreja em Gadsden, Alabama, Estados Unidos, me acolheu sob suas asas. Havia apenas mais dois ou três jovens na igreja. Nunca vou me esquecer da bondade dos membros mais idosos ao me instruírem. O querido irmão Hyde fazia as mais lindas e sinceras orações. Um sábado, ele encheu o carro com os jovens e nos levou para um congresso numa igreja a quase cem quilômetros de distância. O Sr. Morgan era o professor da Escola

Sabatina e passou um sólido alicerce para minha fé. A esposa do pastor convidava outra jovem e a mim para almoçar em sua casa aos sábados, e ela foi o modelo da guarda do sábado para nós. Eles confiaram a mim a secretaria da Escola Sabatina e ajudaram essa garota insegura a ser aceita.

Minha formatura foi apenas alguns meses depois que me uni à igreja. Eu tinha que escrever um discurso de despedida e quando estava lutando sem saber como começar, nosso primeiro ancião me ajudou.

Deve ter havido outros ao longo do caminho cujo amor e apoio me ajudaram e me prepararam para ser secretária da Associação Geral por 36 anos. Agradeço à Sra. Paulsen pela sinceridade. Fui realmente abençoada e seu artigo trouxe de volta muitas das minhas memórias.

Jean Dickerson Lansing, Michigan, Estados Unidos

Intercâmbio Mundial

Que Deus nos traga Seu reino, onde todos falaremos a mesma língua.

– Judit Kovács Bucareste, Romênia

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C A R T A S

Cartas para o Editor – Envie para: [email protected] cartas devem ser escritas com clareza e ao ponto, com 250 palavras no máximo. Lembre-se de incluir o nome do artigo, data da publicação e número da página em seu comentário. Inclua, também, seu nome, cidade, estado e país de onde você está escrevendo. Por questão de espaço, as cartas serão resumidas. Cartas mais recentes têm maior chance de ser publicadas. Nem todas, porém, serão divulgadas.

Primeiros TrabalhosEscrevo sobre o artigo “Literatura Evangelística Adventista Abre Caminho na China e Mongólia” (Notícias do Mundo, setembro de 2009). A tradução de livros adventistas do sétimo dia e outras literaturas cristãs para o khalkha, idioma mongol, teve início em 1992, por Brad Jolly, da Adventist Frontier Missions (AFM). Após a morte de Jolly, Munkhjargal e Nara, com a dedicação dos doadores da AFM, continuaram o trabalho de publicações, deixando uma boa base para o crescimento da igreja.

Bold Batsukh é o diretor de pu-blicações da Missão da Mongólia. Seu departamento publicou, recentemente, um catálogo de livros e materiais dis-poníveis em Khalkha, idioma mongol, contendo mais de sessenta títulos.

O apoio contínuo para tradução e publicação de materiais nos idiomas

indígenas é ainda a grande necessidade, mas, como no passado, tem havido muito trabalho e sacrifício.

Cathie Jolly HartmanVia e-mail

Exemplares Antigos da Adventist World Ainda Falam

Soube de vocês por meio da revista de janeiro de 2008, pelo artigo de Robert McIver: “O que é Ser Cristão?” e pelas mensagens de Pardon K. Mwansa, no Hope Channel.

Estou fazendo meu estudo de pesquisa na Índia, que é bem distante de meu país, o Quênia. Por favor, orem para que eu permaneça firme na igreja. Não deixei de ir à igreja aqui na Índia. Há apenas alguns membros onde frequento. Temos um lugar em que regularmente nos reunimos e oramos todos os sábados. Como somos um

pequeno grupo, necessitamos de oração para que nossa igreja cresça.

Robert ObubaUdaipur, Índia

Estou preso e, por acaso, pela primeira vez, chegou a Adventist World às minhas mãos. Fui muito inspirado por ela e gostaria de receber mais. Essa revista é ótima porque é espiritual e inspiradora. Muitos presos também estão interessa-dos. Para eles, a revista é reabilitadora.

Leonard GrantJamaica

Que Deus os abençoe por suas orações por nós. Hoje recebi o dinheiro necessário para me matricular na escola. Por favor, continuem orando para que eu consiga o suficiente para o semestre. Contudo, que seja feita a vontade de Deus.

Samwell, Uganda

Minha neta está na faculdade, pela pri-meira vez fora de casa, mas está sofrendo com saudades e enfrentando dificuldades financeiras. Ela não conhece o Senhor; por isso, por favor, orem por ela.

Madeline, Estados Unidos

Somos um grupo de cristãos do Quênia, pedindo para nos afiliar à igreja adventista. Por favor, orem por nosso trabalho e oraremos pelo ministério de vocês.

Charles, Quênia

Por favor, orem por minha prima que, no momento, está com problemas mentais. Meus tios estão sofrendo muito e desejam que ela fique boa. Orem por mim também, para que o que estou sentindo não se transforme em doença.

Faye, Filipinas

Orem por um menino de sete anos de idade, que tem tumor maligno no cérebro. Para Deus, não há impossíveis. Orem para que toda família dele venha a conhecer a Deus e louve o Seu nome.

Lorena, Argentina

Dentro de pouco tempo, receberei meu segundo diploma de curso superior pela Myaungmya, Mianmar. Estou me esforçando para completar a graduação. Por favor, orem por mim.

Ivan, Mianmar

Estamos percebendo uma grande mudança em nosso filho, desde que vocês começaram a orar por ele. Ele ainda não começou a ir à igreja, mas cortou sua ligação com o uso de drogas e outras substâncias. Por favor, continuem orando por ele para que Deus efetue total transformação em seu caráter.

Jeres, Malavi

O L U G A R D E O R A Ç Ã O

Pedidos de oração e agradecimentos (gratidão por resposta à oração). Sua participação deve ser concisa e de, no máximo, 75 palavras. As mensagens enviadas para esta seção serão editadas por uma questão de espaço. Embora oremos por todos os pedidos nos cultos com nossa equipe durante a semana, nem todos serão publicados. Por favor, inclua no seu pedido, seu nome e o país onde vive. Outras maneiras de enviar o seu material: envie fax para 00XX1(301) 680-6638, ou carta para: Intercâmbio Mundial, Adventist World, 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring, Maryland 20904-6600 EUA.

Intercâmbio Mundial

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I N T E R C Â M B I O D E I D E I A S

– Não acredito, mano! Quanta neve! Eu sabia que aí nevava, mas não tanto. Será que vai demorar a derreter?

– Vou enviar algumas fotos. Tudo está coberto de neve. É difícil acreditar que, em poucas semanas, o cenário vai estar totalmente diferente. Quando tiramos a neve da saída de casa, com a pá, a quantidade era tanta que o monte ficou quase do meu tamanho.

Isso foi parte da conversa que meu esposo teve com sua irmã, que mora perto de Brasília, no Brasil. Ele gastou vários minutos de um dia de fevereiro, descrevendo a cena de inverno que via através de sua janela – a situação dos carros nas estradas, os enormes montes de neve retirados das entradas das garagens. “É incrível”, disse ele em português. “Você nem imagina...”

Sim, tenho certeza de que ela nem consegue imaginar o que significa estar cercado por quase um metro de neve, ou mesmo ver os flocos de neve rodopian-do ao seu redor. Morando num lugar onde a estação das chuvas requer apenas mais um cobertor na cama ou uma jaqueta mais quentinha à noite, minha cunhada não consegue compreender com que se parece a neve. É claro que ela já viu e já tocou o gelo, talvez até já tenha experimentado uma sobremesa feita de gelo moído, que até pode se assemelhar à neve, mas nunca viu ou tocou na neve de verdade. Ela nunca fez um boneco de neve, nunca jogou uma bola de neve ou observou a formação de pingentes de gelo com o derretimento da neve. Seu irmão pode falar, falar, enviar fotos e mais fotos por e-mail, mas sua imaginação é limitada por sua experiência.

Eu nunca vi o Céu. Nunca me ajoelhei para cheirar uma rosa em seu jardim e nunca senti a brisa suave e gentil do mar de vidro. Em minha limitada experi-ência na Terra, já falei sobre ele, li a seu respeito nas Escrituras e nos escritos de Ellen White e vi muitos quadros com a visão dos artistas. Já estive em lugares que, para mim, se pareciam com o Céu que imagino, mas nunca vi ou estive lá.

À semelhança de minha cunhada, tenho certeza de que o Céu existe e que é incrível. Foi Jesus Cristo, que andou na Terra e voltou para o Céu, que me disse isso. Tudo o que tenho a fazer é ler Sua Palavra e crer, mesmo sem ver. Mesmo com minha experiência limitada.

– Kimberly Luste Maran, Laurel, Maryland, Estados Unidos

Não Vere

Crer

F O T O : K I M B E R L Y L U S T E M A R A N

EditorAdventist World é uma publicação internacional da Igreja Adventista do Sétimo Dia, editada pela Associação Geral e pela Divisão Ásia-Pacífico Norte.

Editor AdministrativoBill Knott

Editor AssociadoClaude Richli

Gerente Internacional de PublicaçãoChun, Pyung Duk

Comissão EditorialJan Paulsen, presidente; Ted N. C. Wilson, vice-presidente; Bill Knott, secretário; Armando Miranda; Pardon K. Mwansa; Juan Prestol; Charles C. Sandefur; Don C. Schneider; Heather-Dawn Small; Robert S. Smith; Karnik Doukmetzian, assessor jurídico

Comissão Coordenadora da Adventist WorldLee, Jairyong, presidente; Akeri Suzuki; Clyde Iverson;Guimo Sung; Glenn Mitchell; Chun, Pyung Duk

Editor-ChefeBill Knott

Editores em Silver Spring, MarylandRoy Adams, Gerald A. Klingbeil (editores associados), Sandra Blackmer, Stephen Chavez, Mark A. Kellner, Kimberly Luste Maran

Editores em Seul, CoréiaChun, Jung Kwon; Choe, Jeong-Kwan

Editor OnlineCarlos Medley

Coordenadora TécnicaMerle Poirier

Assistente Executiva de RedaçãoRachel J. Child

Assistentes AdministrativosMarvene Thorpe-BaptisteAlfredo Garcia-Marenko

Atendimento ao LeitorMerle Poirier

Diretor de Arte e DiagramaçãoJeff Dever, Fatima Ameen

ConsultoresJan Paulsen, Matthew Bediako, Robert E. Lemon, Lowell C. Cooper, Mark A. Finley, Eugene King Yi Hsu, Gerry D. Karst, Armando Miranda, Pardon K. Mwansa, Michael L. Ryan, Ella S. Simmons, Ted N. C. Wilson, Luka T. Daniel, Alberto C. Gulfan, Jr., Erton Köhler, Jairyong Lee, Israel Leito, Geoffrey G. Mbwana, John Rathinaraj,Paul S. Ratsara, Barry Oliver, Don C. Schneider, Artur A. Stele, Bruno Vertallier, Gilbert Wari, Bertil A. Wiklander.

Aos colaboradores: São bem-vindos artigos enviados voluntariamente. Toda correspondência editorial deve ser enviada para: 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring MD 20904-6600, EUA. Escritórios da Redação: (301) 680-6638

E-mail: [email protected]: www.adventistworld.org

A menos que indicado de outra forma, todas as referências bíblicas são extraídas da Versão João Ferreira de Almeida, Revista e Atualizada no Brasil pela Sociedade Bíblica do Brasil, 1993.

Adventist World é uma revista mensal editada simultaneamente na Coreia, Brasil, Indonésia, Austrália, Alemanha, Áustria e nos Estados Unidos.

Vol. 6, No. 4

“Eis que cedo venho…”Nossa missão é exaltar Jesus Cristo, unindo os adventistas do sétimo dia de todo o mundo numa só crença, missão, estilo de vida e esperança.

Abril 2010 | Adventist World 31

Page 32: Adventist World

RESPOSTA:Em Incheon City, Coreia do Sul, essa nova igreja é o resultado da junção de esforço e fé. A congregação da igreja do Oeste de Incheon cresceu muito para seu antigo prédio e, após muitas reuniões, os membros decidiram expandi-lo. Realizaram reuniões de oração e eventos para levantar fundos, além do comprometimento de corpo e alma de todos os membros. Eles compraram um terreno e, pela graça do Senhor, construíram a nova igreja, mudando o nome para Igreja Adventista do Sétimo Dia Três Anjos de Incheon.

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V I D A A D V E N T I S T AEu estava contando a história de como os

israelitas receberam o maná para minha classe do jardim da infância da Escola Sabatina. Para torná-la mais “real”, pedi que todos se deitassem no tapete e fechassem os olhos, fingindo que estavam dormindo. Então joguei pipoca em volta deles e disse-lhes que já havia “amanhecido” e que podiam abrir os olhos.

Houve gritos de alegria e “hummm’, é pipoca!” Eu disse a eles que quando os israelitas acordaram no dia seguinte, perguntaram: “Maná?”

Em seguida, perguntei à classe se eles sabiam o que significava a palavra “maná”. Com muito entusiasmo e em uma só voz, responderam: “Pipoca!” – Tish Lowe Rawhiti, Bay of Islands, Nova Zelândia

F R A S E D O M Ê S“Quando se tem a fazer uma grande e decisiva obra, Deus escolhe homens e mulheres para realizá-la, e ela sofrerá dano caso os talentos de ambas as partes não se aliarem.” – Ellen G. White, Evangelismo, p. 469.

C O N H E Ç A S E U V I Z I N H O

“Sempre quis ser voluntária”, disse Maribel Alao, da Jamaica, “mas sempre arranjava vários motivos para deixar para depois. Assim, meus motivos começaram a se multiplicar.”

Finalmente, após ver como Deus a sustentou durante a faculdade, Maribel decidiu que dedicaria um ano de sua vida ao trabalho voluntário para Ele. Foi assim que ela chegou ao Japão, para ensinar inglês como segunda língua, para crianças do ensino fundamental, e para dirigir classes de estudos

O Lugar Das

PESS AS

bíblicos. “Gosto muito de dar estudos bíblicos”, diz ela, embora admita que ensinar a Bíblia no Japão é um grande desafio.

“A Bíblia, para muitos, é apenas um livro de histórias. Aqui, é necessária muita fé para aceitar a Bíblia como sendo a Palavra de Deus.”

Apesar do desafio, Maribel gosta de seu trabalho no Japão e percebe que ele a aproximou mais de Deus. Para os que possam estar considerando o trabalho voluntário, ela diz: “Vá! Pare de arrumar desculpas. Simplesmente vá! Sua vida vai ser transformada de maneira

positiva e Deus providenciará os meios.”

Maribel vai dar aulas no Japão até agosto de 2010.

Se você quiser ler histórias sobre os voluntários adventistas ao redor do mundo ou saber como participar do programa de voluntariado, acesse www.adventistvolunteers.org.