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ADUNESP FORMA in Seção Sindical do Andes - Sindicato Nacional Jornal da Associação dos Docentes da Unesp - Seção Sindical do Andes - Nº 47 - Outubro/2006 Data-base Instalada a Comissão de Isonomia Fórum/ Cruesp Fórum rejeita "tudo ou nada" do Cruesp e reivindica reajuste imediato Alegando que faltou pouco mais de 1% para a arrecadação do ICMS atingir o esperado, reitores querem aprofundar o arrocho salarial nas universidades - Página 3 Governo manobra para impedir mais recursos. É hora de mobilização na LDO 2007! Página 6 Governo manobra para impedir mais recursos. É hora de mobilização na LDO 2007! A educação pública superior em perigo Na página 9, veja matéria sobre a quarta versão da reforma universitária. Projeto tramita no Congresso e traz novas ameças As deliberações do 51º Conad do Andes Página 8 Lula ou Alckmin, os caminhos depois de outubro passam pela luta - Página 12 Página 2 O caso de Bauru, um debate necessário Página 4 A votação do parecer na Comissão de Finanças e Orçamento, em 29/8, que aprovou mais verbas Nasce uma nova entidade nacional dos trabalhadores Páginas 10 e 1 1 E mais: . A abertura de contas na Nossa Caixa . Assédio moral . As fundações na Unesp

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Page 1: ADUNESP FORMA in · universitária. Projeto tramita no Congresso e traz novas ameças As deliberações do 51º Conad do Andes Página 8 Lula ou Alckmin, os caminhos depois de outubro

ADUNESP FORMAin Seção Sindical do Andes - Sindicato Nacional

Jornal da Associação dos Docentes da Unesp - Seção Sindical do Andes - Nº 47 - Outubro/2006

Data-base

Instalada aComissão de

Isonomia Fórum/Cruesp

Fórum rejeita "tudo ounada" do Cruesp e reivindica

reajuste imediatoAlegando que faltou pouco mais de 1% para a

arrecadação do ICMS atingir o esperado, reitoresquerem aprofundar o arrocho salarial nas

universidades - Página 3

Governo manobrapara impedirmais recursos.

É hora demobilização na

LDO 2007!Página 6

Governo manobrapara impedirmais recursos.

É hora demobilização na

LDO 2007!

A educação pública superior em perigoNa página 9, veja matéria sobre a quarta versão da reforma

universitária. Projeto tramita no Congresso e traz novas ameças

As deliberações do 51º Conad do AndesPágina 8

Lula ou Alckmin, os caminhos depois deoutubro passam pela luta - Página 12

Página 2

O caso de Bauru, umdebate necessário

Página 4

A votação do parecer na Comissão de Finanças e Orçamento, em 29/8, que aprovou mais verbas

Nasce uma novaentidade nacionaldos trabalhadores

Páginas 10 e 11

E mais:. A abertura de contas na Nossa Caixa

. Assédio moral. As fundações na Unesp

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Dir

eito

s

2 ADUNESP FORMAin

Instalada a Comissão de Isonomia

Jornal da

Associação dos

Docentes da

Unesp.

Adunesp S. Sindical

Diretoria: Milton Vieira

do Prado Júnior

(Presidente, FC/Bauru),

Sueli Guadelupe de Lima

Mendonça (Vice-

presidente, FFC/Marília),

João da Costa Chaves

Júnior (Secretário-geral,

FCL/Assis), Maria

Aparecida Segatto

Muranaka (Vice-

secretária, IB/Rio Claro),

Emanuel da Rocha

Woiski (Tesoureiro-geral,

FE/Ilha Solteira) e Carlos

Alberto Anaruma (Vice-

tesoureiro, IB/Rio Claro).

Praça da Sé, 108,

3º andar, SP.

Fones (11) 3242-7080.

Home page:

www.adunesp.org.br

E-mail: adunesp@

adunesp.org.br

Jorn. resp.:

Bahiji Haje

Nº 47 - Out/2006

FÓRUM/CRUESP

Com a obrigatoriedade de abertura de contana Nossa Caixa para recebimento dos salários apartir de 1º de janeiro de 2007, muitos docentes eservidores da Universidade depararam-se com umproblema. O banco estava se negando a abrir con-tas salário – apenas para o recebimento dos venci-mentos, com isenção de quaisquer taxas – paraaqueles trabalhadores que assim o desejavam.

Diante da polêmica, a Adunesp consultou asua assessoria jurídica sobre a legalidade da açãoda Nossa Caixa. Segundo os advogados da entida-de, “a abertura de conta salário é possibilidade queencontra amparo legal, desde que haja previsão noconvênio pactuado” entre o governo do estado e obanco, por intermédio da Unesp. A Adunesp já pe-diu uma reunião com a Reitoria para tratar do as-sunto, mas ainda não teve retorno. O assunto tam-bém está sendo pautado nas negociações entreFórum das Seis e Cruesp.

Independente do convênio, no entanto, o

Nova resolução do Banco Central reforça direito dostrabalhadores à conta salário

direito à conta salário acaba de ser reafirmado pelaResolução 3.402, baixada pelo Banco Central (Bacen)no dia 6/9/2006.

A Resolução determina que as instituiçõesfinanceiras que prestam serviços de pagamento desalários, proventos, soldos, vencimentos, aposenta-dorias, pensões e similares, nos termos do estabe-lecido no artigo 1º, serão obrigadas, a partir de 1º dejaneiro de 2007, a efetuarem abertura de conta salá-rio, isenta de CPMF (mas sem uso de cheques). Emseu artigo 2º, a Resolução veda a cobrança de qual-quer tarifa, inclusive para o fornecimento de cartãomagnético para movimentação da conta, que é obri-gatório. O usuário terá o direito de transferir o cré-dito, no mesmo dia, para contas abertas em outrosbancos, sem cobrança de nenhuma tarifa ou CPMF.A única exigência é que a instituição contratada (nocaso, a Nossa Caixa), deverá ser comunicada porescrito ou meio eletrônico sobre o número da contacorrente mantida em outro banco.

Apresentada aos reitoresdesde 1994, a instalação de uma Co-missão de Isonomia sempre foi con-siderada reivindicação das mais im-portantes pelo Fórum das Seis. UmaComissão como essa poderia tornarclaras as semelhanças e diferenças,tanto no aspecto administrativoquanto no funcional, entre USP,Unesp e Unicamp. Feito o diagnósti-co, evidentemente ficaria mais fácilelaborar propostas e reivindicaçõespara sanar as distorções (é o casodas carreiras dos funcionários, dascomplementações salariais de do-centes e funcionários, políticas depermanência estudantil etc...)

No dia 17/8/2006, na Reitoriada USP, finalmente a Comissão foiinstalada, contando com representan-tes dos sindicatos de docentes e servi-dores das três universidades. Os re-presentantes da Adunesp são os com-panheiros Milton Vieira do Prado Júni-or e João da Costa Chaves Júnior.

Antes, em reunião preparató-ria, o Fórum já havia definido umroteiro de temas que considera ne-cessário que a Comissão aprofunde.São eles:

1) Carreira docente. Formas deingresso e contratação. Complemen-tações salariais e/ou verbas de re-presentação e seu impacto na folha

de pagamento, incluindo e discrimi-nando gastos com plantões médicos ede outros tipos.

2) Carreira dos funcionários. Des-crição das carreiras, dos níveis eatribuições funcionais. Complemen-tações salariais e/ou verbas de re-presentação e seu impacto na folhade pagamento.

3) Terceirização. Impacto e esti-mativas de gasto; áreas submetidasà terceirização. Avaliação desta polí-tica, levando em conta a necessidadede preservação da qualidade do traba-lho acadêmico e do funcionamentoda universidade.

4) Políticas de permanência estu-dantil. Como são feitas as estimati-vas do investimento nestas políticas;tipos de bolsas e auxílios, incluindoextensão destes benefícios e crité-rios para concessão. Construção deestimativas confiáveis de necessida-des estudantis e de formas unitáriaspara atendê-las.

5) Modelos de expansão. Perspecti-vas em cada universidade e constru-ção de políticas unitárias, preservan-do a qualidade e a indissociabilidadeentre ensino, pesquisa e extensão.

Os representantes do Cruespna Comissão aceitaram os temas. O

Fórum propôs que as reuniões acon-teçam uma vez por mês e a seguinteficou agendada para 28 de setembro(veja abaixo).

Acordo de greveNa reunião de instalação da

Comissão de Isonomia, no dia 17/8, o Fórum solicitou aos represen-tantes do Cruesp que cobrem dosreitores da Unicamp e da Unesp ocompromisso que assumiram deassinar um acordo de fim da grevede junho. O modelo a ser seguido éo acordo estabelecido na USP, emque fica clara a garantia de não pu-nição pelo legítimo exercício dodireito de greve.

A reunião do dia 28/9A Comissão de Isonomia Fó-

rum/Cruesp teve sua primeira reu-nião de trabalho no dia 28 de setem-bro. Os representantes do Cruesptrouxeram todas as informações quehaviam sido pedidas pelo Fórum arespeito da carreira docente (item 1da pauta) nas três universidades. É aprimeira vez que o Fórum dispõedestes dados de forma organizada eoficial. Após estudar o material, oFórum encaminhará suas dúvidas aoCruesp, para que as respostas sejamapresentadas na próxima reunião daComissão, marcada para o dia 26/10.

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Dat

a-ba

se

ADUNESP FORMAin

SALÁRIOS

Fórum rejeita "tudo ou nada" doCruesp e reivindica reajuste imediato

3Nº 47 - Out/2006

Em 27/9/06, realizou-seoutra rodada de negociação entre oFórum das Seis e o Cruesp, este re-presentado pelos vice-reitores daUSP, Unesp e Unicamp. A negocia-

ção foi precedida por reu-nião das Comissões Técni-cas do Fórum e do Cruesp.Os dados referentes às pre-visões e às arrecadaçõesrealizadas nos períodos dejaneiro a agosto e de janei-ro a setembro de 2006constam da Tabela 1.

O montante arreca-dado nos períodos indica-dos na Tabela 1 é cercade 8,3% maior que nosmesmos períodos em2005. Registre-se, ainda,que é consideravelmentemenor do que poderiaser, caso houvesse políti-ca efetiva de combate à

sonegação, à corrupção fiscal e àevasão fiscal consentida.

Cabe lembrar que, em maiodeste ano, após conceder apenas0,75% de reajuste salarial, o Cruesppropôs que, após avaliação da evo-lução do ICMS no período janeiro-agosto de 2006, poderia concedermais 1,79% de reajuste, para com-pletar os 2,55% do índice Fipe, cor-respondentes aos 12 meses: deabril/05 a abril/06. Assim, esta-mos discutindo, no final de setem-bro/06, a recuperação de perdasconsolidadas em abril/06! Alémdisso, como todos sabem, nosso pa-râmetro de perda salarial é o ICV-Dieese, que de abril/05 a abril/06corresponde a 3,25%.

Todas as assembléias deprofessores e de funcionários técni-co-administrativos da USP, Unesp eUnicamp rejeitaram a proposta doCruesp, cujo enunciado era o se-guinte: se em agosto/06 a arreca-dação efetiva fosse igual ou maiordo que a estimada pela Secretariada Fazenda no mesmo período, osreitores concederiam o reajuste de1,79% em setembro/06. Considera-vam que este seria um indicadorrazoável de que a arrecadação pre-vista no orçamento, R$ 40,217 bi-lhões (descontado o montante daHabitação), seria atingida.

A quarta coluna da Tabela 1mostra que a razão entre o efetiva-

mente arrecadado e o previsto pelaFazenda é de 0,9840 no período ja-neiro a agosto/06, isto é: 98,4% doestimado; e de 0,9877 no períodojaneiro a setembro/06, ou seja:98,77% do estimado.

“Tudo ou nada” não dáÉ evidente que, dada a ne-

cessidade urgente de correção sa-larial, não é razoável tratar a pro-posta feita em maio/06 pelo pró-prio Cruesp na base do “tudo ounada”. Afinal, 98,4% e 98,77% sãocifras significativas de proximidadeentre arrecadado e estimado, mes-mo dentro da perspectiva da propos-ta feita pelo Cruesp. Ou seja, quemestá disposto a dar x de reajuste seconstasse 1 (isto é, 100%) na quartacoluna da Tabela 1, deve estar dis-posto a dar 98,4% de x de reajusteem setembro/06 ou 98,77% de x dereajuste em outubro/06!

Em vista deste quadro e con-siderando que o índice do Dieese é oparâmetro utilizado pelo Fórum dasSeis para estimar a inflação, os re-presentantes sindicais apresenta-ram a proposta de que o Cruesp cor-rigisse os salários em setembro/06em 98,4% de 2,5%, isto é, 2,46%.Estes 2,5% são o complemento aos3,25% devidos, descontando-se o0,75% recebido em maio/06.

Embora a reunião tivessesido suspensa, por cerca de 30 mi-nutos, para debate dos represen-tantes do Cruesp, a resposta foinegativa: não havia disposição demudar a proposta imposta emmaio/06. Propuseram apenas acontinuidade das reuniões da Co-missão Técnica, mas mantendo ocritério do “tudo ou nada”, original-mente estabelecido.

Está clara a disposição doFórum das Seis para o diálogo e anegociação; entretanto, a posturado Cruesp foi de intransigência,sendo incompatível com o adágio de

que está disposto a fazer todo esfor-ço para preservar os salários de pro-fessores e de funcionários, o maiorpatrimônio das estaduais paulistas.

É importante explicitar ocontexto mais geral onde se dáeste debate. Antes da discussãosalarial, indagamos acerca de doistemas importantes:· Em 6/9/06, o Fórum das Seis en-viou ofício ao Cruesp, solicitandoque as reitorias manifestassemapoio ao relatório do deputado Ed-mir Chedid, que foi aprovado pelaComissão de Finanças e Orçamen-to da Assembléia Legislativa (CFOda Alesp). Para nossa surpresa, atéa data da reunião nenhuma provi-dência havia sido tomada;· Qual o resultado das negociaçõescom o Executivo acêrca da contri-buição da Secretaria da Saúde paraa manutenção dos hospitais uni-versitários e da Fazenda em relaçãoà folha dos aposentados? No primei-ro caso, a informação era de queparecia tudo acertado, mas quenada havia, de fato, ocorrido; no se-gundo, estava dependendo do desen-rolar do SPPrev, projeto do Executivoque se encontra parado na Alesp.

Fórum pede nova reuniãoA coordenação do Fórum das

Seis enviou, no dia 29/9, ofício àpresidência do Cruesp reivindicandonova rodada de negociação salarialno mês de outubro/06. É imperiosoque o Cruesp corrija já os salários,que se encontram defasados há 18meses! Existem modos viáveis de sefazer isto. O único empecilho será afalta de “vontade política” para enca-minhar tal questão, explicitando adisposição de recorrer à continuida-de do arrocho para acertar as contasdas universidades estaduais.

(Texto extraído do Boletim do Fórum das Seis,de 28/9/2006)

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ação

4 ADUNESP FORMAin

O CASO DE BAURU

Decisão ilegal e reacionáriachoca-se com os interesses dacategoria e do ensino público

Nº 47 - Out/2006

No dia 31 de março de 2006,cerca de 53 pessoas participaram deuma assembléia convocada pela direto-ria da Subseção de Bauru da Adunesp.Embora não estivesse na pauta, o cen-tro do debate foi a proposta daquela di-retoria de desvincular da Adunesp aSubseção de Bauru, o que acabou sendoaprovado por 29 votos contra 22.

Questionada sobre as conse-qüências políticas, jurídicas, organizati-vas e administrativas daquela atitude, adiretoria afirmou não haver qualquer pro-

blema, pois a decisão seria referente ape-nas ao não repasse de 50% dos valores damensalidade dos sócios à AD Central.

Passados seis meses da assem-bléia, a realidade mostra que a situação émuito mais complicada e preocupante doque afirmou a diretoria de Bauru. O pri-meiro e mais importante aspecto a seranalisado é o político. O caminho escolhi-do por aquela diretoria – empossada em1º/11/2005 – expressa uma opção políti-ca conservadora e reacionária, que procu-ra privilegiar o assistencialismo e o lazer,em detrimento dos interesses mais am-

plos dos docentes: salários, condi-ções de trabalho, situação da uni-versidade pública etc. É óbvio quelazer, convênios e outros podemfazer parte da ação sindical, massempre de forma secundária, semprejuízo do papel primordial de umsindicato: organizar seus associa-dos e garantir a infra-estruturafísica e política para suas lutas.

A história se repete...como farsa

A justificativa da direto-ria de Bauru para a “desvincula-ção” e conseqüente suspensãodo envio dos 50% das mensalida-des à AD Central foi a necessi-dade de “reestruturação da sedesocial”. Em documento distribuí-do no campus, consta que “nãoestava sendo possível tal repas-se, acarretando num déficit cres-cente” junto à AD Central.

Para o professor GilbertoMagalhães Bento Gonçalves, ex-diretor da Subseção de Bauru, a

primeira coisa a se destacar é a ilegalida-de da decisão. “A diretoria não tem essaprerrogativa, pois o repasse de 50% àCentral é decisão soberana de congressoda categoria. Trata-se uma atitude auto-ritária”, diz. Ele também esclarece que adiretoria anterior, da qual fazia parte, emvárias oportunidades solicitou à Plenáriado Sindicato a possibilidade de negocia-ção das dívidas, sempre com aprovação.

O professor Gilberto lembra quea diretoria que conduziu a subseção em1999/2001 – o mesmo grupo que a diri-ge atualmente – deixou uma dívida, naépoca, com a AD Central, deR$ 47.472,00, correspondente a não re-passes institucionais ao Sindicato, afir-mando que o fez devido à necessidadede “reestruturação da sede social”.

Em defesa do Sindicatoda categoria

A direção da Adunesp sente-seno direito e no dever de defender os inte-resses do conjunto dos docentes daUnesp. Antes mesmo da realização daassembléia que aprovou a “não subordi-nação à Adunesp Central”, o Sindicatoconvocou uma plenária para Bauru, noinício de dezembro/2005, com o objetivode debater os problemas que a diretorialocal vinha apresentando. A plenáriacontou com a participação de docentes devários campi, mas nenhum representanteda diretoria de Bauru esteve presente.

A Adunesp é fruto de muita lutada categoria ao longo das três últimas dé-cadas e muitos obstáculos foram enfrenta-dos para surgisse uma entidade combativae representativa de seus interesses.

A conduta da diretoria de Baurutenta jogar no isolamento os docentes docampus e enfraquecer o movimento docen-te de conjunto, política que soma forçascom os inimigos da universidade pública.O primeiro sinal disso pôde ser visto nadata-base deste ano: não foi convocadauma única assembléia no campus paradiscutir o movimento e a participação dosprofessores de Bauru na luta por reajustesalarial e por mais recursos para as uni-versidades. “Para beneficiar alguns, emtorno do lazer, a atual diretoria de Baurucomprometeu a categoria em sua totalida-de”, alerta o professor Osvaldo GradellaJr., ex-diretor da entidade. “Se o 0,75% dereajuste e o não aumento do percentual derepasse do ICMS às universidades não sãoum desastre e anunciam tempos difíceispara a Unesp, o que será? Talvez, a bola defutebol furada ou o buraco no gramado...”

Ação na justiçaDiante dos fatos ocorridos em Bauru, a Adunesp ingres-

sou com duas ações na justiça. A assessoria jurídica da entidadeentende que a decisão tomada pela assembléia de Bauru, do dia31/3/2006, de “não subordinação” à Central, retira daquela Sub-seção a qualidade de representante sindical. No caso das mensa-lidades sindicais, a “não subordinação” à Central significa, por-tanto, a impossibilidade de a Subseção de Bauru ser a legítimadepositária dos valores pagos pelos associados. Pelo estatuto daAdunesp, as subseções regionais já são autônomas, não havendosentido em uma decisão como a tomada no dia 31/3, de “nãosubordinação”.

Assim, avaliam os advogados da Adunesp, “a única inter-pretação plausível à decisão tomada é de desvinculação de Bauruda Adunesp. Neste caso, deixaria de ser sindicato e de ter legitimi-dade de representante da categoria nessa qualidade, bem comonão poderia mais permanecer utilizando o nome Adunesp.”

Os advogados da Adunesp ressaltam, contudo, que o trâmi-te adotado para essa desvinculação foi irregular e ilegal, motivo peloqual a decisão tomada pela assembléia está sendo questionada.

Neste contexto, o Andes – Sindicato Nacional e a Adu-nesp ingressaram com ação na justiça, questionando a legalidadeda decisão de desvinculação e solicitando que as contribui-ções sindicais sejam depositadas em juízo. O pedido de tute-la antecipada foi concedido pela 4ª Vara do Trabalho de Bauru(processo 668/06), a fim de que não haja apropriação indevi-da das contribuições por quem não for o legítimo represen-tante sindical. Recentemente, os advogados solicitaram emjuízo a comprovação da consignação dos depósitos, tal comodecidido judicialmente, o que ainda não ocorreu.

Também tramita na justiça (4ª Vara do Trabalho, pro-cesso nº 1124-2006) uma segunda ação judicial, que visa a co-brança do repasse das mensalidades sindicais e rateios de Bauruà Adunesp no período de novembro/2005 (posse da atual dire-toria) até a realização da assembléia de “desvinculação”.

No dia 17/10/2006, está marcada uma audiência emBauru, relacionada à segunda ação, para tentativa de concili-ação e, também, apresentação da defesa da diretoria local.

A notificação enviada pela4ª Vara do Trabalho de Bauru,

convocando audiência para 17/10

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sida

de

ADUNESP FORMAin

DEFESA DA UNIVERSIDADE PÚBLICA

Comissão criada peloCEPE estuda as fundações

da Unesp

5Nº 47 - Out/2006

Proposta foi feita por representante do “Chapão” da Adunesp

As fundações da Unesp

1) FUNDECIF (Fundação para o Desenvolvimen-to das Ciências Farmacêuticas) – FCF/Arara-quara.

2) FAEPO (Fundação araraquarense de Ensinoe Pesquisa em Odontologia) – FO/Araraquara.

3) FAMESP (Fundação para o desenvolvimentoMédico e Hospitalar da Unesp) – FM/Bot.

4) FEPISA (Fundação de Ensino e Pesquisa deIlha Solteira). FE/IS.

5) FUNVET (Fundação de apoio aos HospitaisVeterinários da Unesp) – FCAV/J, FM/Bo,FMVZ/Bo.

6) FUNDEPE (Fundação para o Desenvolvimen-to do Ensino e Pesquisa) – FFC/Marília.

7) FUNDUNESP (Fundação para o Desenvolvi-mento da Unesp) Reitoria.

8) VUNESP (Fundação para o Vestibular daUnesp). Reitoria.

9) FEDUNESP (Fundação Editora da Unesp)Reitoria.

10) FACTE (Fundação de Apoio á Ciência, Tec-nologia e Educação). IQ/Ar.

11) FUNDEB (Fundação para o Desenvolvimentode Bauru) FE/Ba.

12) FUNI (Fundação UNI) - Botucatu.

13) FEPAF (Fundação de Estudos e PesquisasAgrícolas e Florestais) – FCA/Bo.

14) FUNDIBIO (Fundação do Instituto de Bioci-ências) – IB/Bo.

15) FDCT (Fundação para o DesenvolvimentoCientífico e Tecnológico). – FE/Guaratinguetá.

16) FUNEP (Fundação de Estudos e Pesquisasem Agronomia, medicina Veterinária e Zootec-nia) – FCAV/Jaboticabal.

17) FUNDACTE (Fundação de Ciência, Tecnolo-gia e Ensino) FCT/Presidente Prudente.

Após várias manifestaçõesde representantes do “Chapão” da Adu-nesp junto ao CEPE, a respeito dosinúmeros convênios presentes napauta em todas as reuniões, a profes-sora Sueli Guadelupe de Lima Men-donça, diretora da Adunesp e conse-lheira do CEPE, propôs que aquele co-

legiado criasseuma comissãopara estudar asfundações pre-sentes naUnesp.

Sueli ex-plica que a pro-posta tambémfoi motivada pelaexistência deuma Represen-tação da Adu-nesp junto aoMinistério Públi-co sobre o tema(veja box). Alémdela, fazem par-te da comissão aservidora MariaJosé Manoel(Tata), do cam-

pus de Assis, e o professor HerculanoDias Bastos, do campus de Botucatu epresidente da Comissão de Contrata-ção Docente da Unesp. Até o momen-to, o grupo já realizou três reuniões,tendo sido tomadas as seguintes ini-ciativas:1) Foram socializados os do-cumentos do Andes-SN e ou-tros sobre o tema.2) Foi enviado um questioná-rio a todas as fundações emfuncionamento na Unesp,com pedido de retorno o maisbreve possível. O documentolevanta questões sobre: esta-tuto, constituição de direto-ria e conselho da fundação,cópia de registro em cartório,convênio formal com aUnesp, balanço financeiro,acúmulo de cargo (diretor daFaculdade e da fundação),irregularidade de cursos pagos.3) Foi realizado o levantamento dasituação de cada fundação na Unesp(são 17).4) Foi realizada uma reunião com ospresidentes das fundações da Unesp,em que foram explicados os objetivos

do trabalho da comissão.“A grande maioria das funda-

ções está com a prestação de contasatrasada e estatuto com problemas”,adianta Sueli. Ela enumera outrosproblemas também presentes: acú-

mulo de cargos, estabeleci-mento de convênios e cur-sos pagos. Algumas funda-ções já devolveram o ques-tionário respondido à Co-missão. Quando todas tive-rem feito o mesmo, a Co-missão começará a análisedos documentos.

Sueli alerta para a im-portância do assunto. “Nãopodemos esquecer do escân-dalo dos plantões veterinári-os da Unesp, que culminoucom a ação movida por do-centes ligados à Fundaçãode Jaboticabal contra a Uni-

versidade, requerendo o pagamento deplantões, embora todos fossem contra-tados em RDIDP”, exemplifica a docen-te, lembrando que tal fato gerou umaforte crise na universidade, já que é ocampus do reitor e envolvia um mon-tante significativo de dinheiro (10 mi-lhões). Esse episódio levou os docentesa perderem o RDIDP, porém, estão re-correndo judicialmente.

Representações no MPNo início de 2005, a Adunesp encaminhou ao Mi-

nistério Público do Estado de São Paulo representaçõesdenunciando irregularidades quanto à atuação das fun-dações “de apoio” na Unesp. A primeira repre-sentação encontra-se sendo instruída pelo promotor dejustiça Luís Fernando da Silva Pinto, da 8ª Promotoria daCidadania, e pede a apuração da irregularidade de co-branças de cursos pagos intermediados por fundações.Recentemente, o promotor informou que está aguardan-do um pronunciamento judicial da ação civil pública quepromoveu em face das fundações da USP. Ele quer ane-xá-lo ao processo que pretende ingressar relativo à Unesp.

No mesmo período, a Adunesp entrou com outrarepresentação junto ao MP, desta vez pedindo a apura-ção de irregularidades no Programa Pedagogia Cidadã.Assim como a primeira, esta representação tambémse encontra na Promotoria da Cidadania, na 7ª Promo-toria, sob os cuidados da promotora Dora Martim Strili-cherk, que estuda a possibilidade de ingressar com açãocivil pública contra a Unesp.

Andes fazdiagnóstico

nacionalSeguindo deliberação deseu 25º Congresso, o Andes deuinício a uma campanha para de-nunciar as ilegalidades da relaçãoentre as instituições públicas deensino superior e as fundaçõesprivadas de “apoio”. Cada seçãosindical foi orientada a encami-nhar ofício à direção da institui-ção pedindo informações sobre asfundações. A Adunesp, como seçãosindical do Andes, protocolou ofí-cio junto à Reitoria da Unesp.

Proposta foi feita por representante do “Chapão” da Adunesp

Sueli: "Maioria dasfundações está com aprestação de contas

atrasada"

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to

6 ADUNESP FORMAin Nº 47 - Out/2006

Deputado que defendeu a educação emhorário político terá que votar favorável à

ampliação de verbas, já!

LDO/2007

Ilegal, imoral e esdrúxula. As-sim podia ser qualificada a situação daLDO 2007 na data de fechamento destaedição, em 2/10/2006.

Os adjetivos não são um exage-ro, como veremos a seguir.

No dia 29 de agosto, depois demuitas tentativas de manobras, final-

mente a Comissãode Finanças e Orça-mento (CFO) da As-sembléia Legislativa(Alesp) aprovou orelatório do deputadoEdmir Chedid/PFL(parecer nº 1.381/2006) à proposta deLei de DiretrizesOrçamentárias(LDO/2007) enviadapelo Executivo (PL225/06). O plenárioTeotônio Vilela esta-va repleto. O deputa-do tucano Vaz deLima – aquele queficou famoso por pro-por a cobrança demensalidades nasuniversidades públi-

cas – fez o que pôde para obstruir, masnão teve êxito.

A votação registrou seis votos afavor (Renato Simões/PT, Mário Reali/PT, Edmir Chedid/PFL, Caldini Crespo/PFL, Romeu Tuma Jr./PMDB e PauloSérgio/PV). O deputado Waldir Agnello/PTB votou a favor, mas com restrições.Os deputados Vaz de Lima/PSDB e Ar-naldo Jardim/PPS foram contrários.

Para a educação, o pareceraprovado prevê o seguinte:- Aumento de 30 para 31% do total dasreceitas do Estado para o conjunto daeducação pública;- 10% do ICMS para as universidadesestaduais paulistas;- 0,43% do ICMS para as universidadesestaduais paulistas, para contemplar aexpansão;- Dotação de 1% do ICMS para as ETE’se FATEC’s do Centro Paula Souza.

Embora não representem a to-talidade das reivindicações históricasdo movimento (33% das receitas para o

conjunto da educação pública, 11,6%do ICMS para as universidades e 2,1%para o Centro Paula Souza), as propos-tas incluídas no relatório da CFO signi-ficam um avanço, fruto da mobilizaçãoconstante da comunidade acadêmica.

Já no plenário...O passo seguinte à aprovação

do relatório é a sua publicação em Diá-rio Oficial e imediata inclusão na or-dem do dia da Assembléia Legislativa,para posterior votação em plenário.Porém, o presidente da Alesp, o deputa-do Rodrigo Garcia (PFL), atrasou bas-tante a publicação, que só ocorreu nodia 6 de setembro, e só colocou a maté-ria em pauta no dia 19, só que de umaforma bem peculiar (veja abaixo).

“Trata-se de uma manobra paraevitar que os deputados governistas,deste e do pretenso próximo governo,tenham que se expor à avaliação popu-lar. Em suas campanhas, todos falavamque são a favor da educação e votarcontra o aumento de recursos para aeducação pública, nas vésperas da elei-ção, seria bastante comprometedor”,denuncia o professor Milton Vieira doPrado Jr., presidente da Adunesp.

O detalhe é que o governo esta-

dual deve se basear na LDO para mon-tar seu projeto de Lei Orçamentária(LO), que também precisa da aprovaçãoda Alesp. É na LO que é traduzido emvalores ($) tudo o que foi aprovado naLDO. “Portanto, se a LDO não é votada,o Executivo poderá enviar a LO da for-ma que bem entender, sem as emen-das da educação”, prossegue.

Se concretizada, a manobragovernista submeterá a sociedade pau-lista a uma situação irregular e imo-ral: a interferência direta, sem disfar-ces, do Executivo junto ao Legislativo.Bloquear a votação da LDO, portanto,traduz-se num ato ditatorial do Execu-tivo e numa vexatória submissão doLegislativo. Uma vergonha para a soci-edade paulista!

Para inglês verNo dia 19 de setembro, mais

uma vez o Fórum das Seis marcou pre-sença na Alesp. O presidente da casa,Rodrigo Garcia, chamou uma sessãoextraordinária e colocou a LDO na pau-ta. Mas era só para inglês ver. Em pou-cos minutos, o deputado tucano RoqueBarbieri pediu verificação de quórum ea sessão caiu.

MobilizaçãoA Adunesp conclama os docentes

a estarem atentos às convocações rela-tivas à LDO/2007. Para reverter essequadro e forçar a Alesp a votar o pareceraprovado na Comissão de Finanças eOrçamento, será preciso uma mobiliza-ção expressiva da comunidade acadêmi-ca. Vamos exigir que a LO/2007 sejadefinida com base na LDO/2007, comoprevê a Constituição Estadual de 1989.

Professores,funcionários e

estudanteslotaram oplenárioTeotônio

Vilela no dia29 de agosto

A votação na Comissão de Finanças eOrçamento da Alesp. Na foto acima, emprimeiro plano, o deputado tucano Vaz

de Lima: inimigo declarado da educaçãopública

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O ataque dissimuladoASSÉDIO MORAL

Há alguns anos, pouco sefalava do assunto. Mas o debate tomoucorpo e as denúncias ampliam-se acada dia. Estamos falando do assédiomoral, ou seja, da exposição de traba-lhadores e trabalhadoras a situaçõeshumilhantes e constrangedoras, repe-titivas e prolongadas durante a jornadade trabalho e no exercício das funções.

Normalmente, o assédio moralé praticado pelo superior hierárquico

ou patrão ecaracteriza-sepela degrada-ção delibera-da das condi-ções de traba-lho, em queprevalecematitudes econdutas ne-gativas em

relação aos subordinados. É claro queesse comportamento não é comum atodos os superiores. Naturalmente, háaqueles que procuram valorizar seussubordinados, estabelecendo com elesuma relação respeitosa.

Embora muito comum nasempresas privadas, o assédio moraltambém é preocupante no setor públi-co. A política anti-povo dos sucessi-vos governos contribui para o agrava-mento do problema. Com a ameaça dodesemprego, por exemplo, que é altono Brasil, muitos trabalhadores evi-tam denunciar o assédio com medo deperder o emprego.

A pesquisadora Margarida Bar-reto, que defendeu dissertação demestrado em Psicologia Social, em2000, na PUC/ SP, sob o título “Umajornada de humilhações”, realizoupesquisas de campo durante dois anose meio e verificou que 80% dos entre-

vistados sofriam dores generalizadas,45% apresentavam aumento de pres-são arterial, mais de 60% queixavam-se das palpitações e tremores e 40%sofriam redução da libido.

Em SP, já há lei noserviço público

Em vários países do mundo, oassédio moral é considerado crime,como nos Estados Unidos e diversos daEuropa. Na Suécia, por exemplo, issoacontece desde 1993. No Brasil, o judi-ciário já emitiu algumas sentençascondenando empresas de todos os por-tes ao pagamento de indenizações aempregados por conta de práticas deassédio moral, mas ainda não existemleis federais a respeito.

Atualmente, há váriosprojetos tramitando no Con-gresso Nacional, visando coibiras práticas de assédio moral,inclusive propondo pena de de-tenção e multa aos infratores.

Em âmbito estadual, aAssembléia Legislativa apro-vou, em 2002, o projeto de lei422/01, de autoria do deputadoAntônio Mentor (PT), que tempor meta proibir atitudes abu-sivas de superiores contra su-bordinados dentro das reparti-ções públicas. Em novembro domesmo ano, a matéria foi veta-da pelo governador GeraldoAlckmin. No final de 2005, noentanto, os deputados derru-baram o veto em plenário e alei (12.250/06) foi promulgadano dia 10/2/2006.

A referida lei define oassédio moral como prática re-petida de ações, gestos e pala-vras que violem a dignidade ou

Cerca de 120 docentes ingressaram comação justiça, através da assessoria jurídica daAdunesp, pedindo a conversão de licença prêmioem pecúnia. A maior parte das ações aguarda jul-gamento em segunda instância no Tribunal deJustiça de São Paulo.

A advogada Lara Lorena, assessora da Adu-nesp, relata que, num primeiro momento, havia oreceio de que todas as ações em segunda instânciafossem julgadas improcedentes, em razão de esta-rem sendo analisadas pela Primeira Câmara “A” deDireito Público do TJ-SP, formada pelos mesmosjuízes das varas da Fazenda Pública que já as havi-

Como estão as ações de licença prêmioam julgado improcedentes em primeira instância.

"Tomamos diversas medidas e denúnciaspara demonstrar o absurdo da situação processual etemos conseguido êxito na tentativa de que asações passem por todas as Câmaras”, destaca Lara.“Desta forma, a maior parte das Câmaras de DireitoPúblico do TJ-SP que já se manifestaram em julga-mento sobre a matéria, com exceção da Primeira“A” e Oitava, foram pela procedência das ações, ra-zão pela qual temos revertido várias decisões desfa-voráveis. Entretanto, ainda há muitas ações a se-rem julgadas e, em última instância, ainda é possí-vel recorrer ao STJ e STF”, completa.

Fontes- “Uma jornada de humilhações” (Dissertação de Mestradode Margarida Barreto, PUC/2000)- Assembléia Legislativa de São Paulo (www.al.sp.gov.br)- www.assediomoral.org

que submetam o servidor público a con-dições de trabalho humilhantes ou de-gradantes. São consideradas ações deassédio, por exemplo, a determinaçãodo cumprimento de tarefas não perti-nentes à função exercida pelo funcioná-rio, o estabelecimento de prazos inexe-qüíveis para o desenvolvimento dastarefas, a apropriação de projetos e idéi-as elaboradas pelo servidor, a sonega-ção de informações necessárias aoexercício da função ou relacionadas àvida funcional do servidor, a dissemina-ção de comentários maliciosos ou humi-lhantes, entre outros.

Como agirResistir: anotar com detalhes todas as humilha-ções sofridas (dia, mês, ano, hora, local ou setor,nome do agressor, colegas que testemunharam, con-teúdo da conversa e o que achar mais necessário);

Dar visibilidade, procurar a ajuda dos colegas,principalmente daqueles que testemunharam o fatoou que já sofreram humilhações do agressor;

Organizar: o apoio é fundamental dentro e fora daempresa ou instituição pública;

Evitar conversar com o agressor sem testemunhas.Ir sempre com colega de trabalho ou representan-te sindical;

Exigir, por escrito, explicações do ato do agressore permanecer com cópia da carta enviada e da even-tual resposta;

Procurar seu sindicato e relatar o acontecido paradiretores e outras instâncias, como: médicos ouadvogados do sindicato, Ministério Público, Justi-ça do Trabalho, Comissão de Direitos Humanos.

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ANDES

51º Conad atualizou plano de lutase colocou a reforma universitária

na ordem do dia

Nº 47 - Out/2006

Entre os dias 29 de junhoe 2 de julho de 2006, aconteceu nacidade mineira de Juiz de Fora o51º Conselho do Andes – SindicatoNacional dos Docentes. O 51º Conadcontou com a participação de 48seções sindicais. O evento deu pos-se à nova diretoria do Andes, eleitapara o biênio 2006-2008.

A partir de uma avaliação deconjuntura, o 51º CONAD atualizou o

plano de lutas do Sindicato Nacional,que volta suas baterias contra as re-formas neoliberais implementadaspelo governo Lula: previdenciária, sin-dical/trabalhista, universitária, quetêm como objetivo a desregulamenta-ção das relações de trabalho, o corte dedireitos adquiridos e a criação de no-vas vias de enriquecimento para ocapital privado. “A agenda neoliberalno Brasil tem levado à mercantiliza-ção dos direitos sociais, do conheci-mento, da natureza e da própria vida,além da degradação dos serviços públi-cos, entre eles, a educação”, alerta umdos trechos da Carta de Juiz de Fora.

ConlutasO 51º Conad reconheceu a

Confederação Nacional de Lutas(Conlutas) como a principal alterna-tiva de organização dos trabalhadoresem construção no Brasil. Ao mesmotempo, deliberou que o Andes deve

Sindicato nacional reconhece a Conlutas como principal alternativade organização dos trabalhadores em construção no Brasil

continuar participando como obser-vador dessa nova entidade, contribu-indo com o encaminhamento de lu-tas capazes de agregar amplos seto-res da classe trabalhadora. Em mar-ço de 2007, acontecerá o 26º Con-gresso do Andes, que terá como pau-ta a filiação ou não da entidade àConlutas. O 51º Conad aprovou a ori-entação de que as associações do-centes aprofundem os debates sobrea relação com a Conlutas, com vistaà realização de um seminário nacio-nal previsto para novembro de 2006.

De acordo com o deliberadoem Juiz de Fora, o Andes deverá so-mar forças à Conlutas e outras enti-dades que estão promovendo umacampanha nacional pela anulação dareforma da Previdência, tendo emvista o fato de haver sido aprovadapor deputados comprovadamente en-volvidos no mar de lama do mensa-lão, sanguessugas etc.

Cursos pagosOutro ponto discutido no 51º

Conad foi a necessidade de enfrenta-mento das novas investidas contra auniversidade pública, expressas noDecreto nº 5733, de 9de maio de 2006, quetrata da regulação, su-pervisão e avaliação daeducação superior, ena Resolução 2, de 9 dejunho de 2006, do Con-selho Nacional de Edu-cação. Esta última vaide encontro à Consti-tuição ao regulamen-tar os cursos de pós-graduação stricto sen-su, o que abre caminhopara legitimar a co-brança de mensalida-des em cursos oferecidos por institui-ções públicas.

Reforma universitária:quarto round

O PL 7.200/06, em trâmite

no Congresso Nacional e que corres-ponde à quarta versão do projeto dereforma universitária do governoLula, também foi debatido no 51ºConad, que apontou a necessidadede reconstrução dos fóruns ou comi-tês em defesa da escola pública emâmbito nacional e estadual (sobreesse tópico, leia matéria específica napágina 9).

Em conjunto com a Fasubra(federação dos sindicatos de servido-res das universidades), o Andes de-verá se colocar na linha de frente dadefesa dos hospitais universitáriosdas universidades públicas comoautarquias com pleno financiamen-to público.

O 51º Conad apontou comoprioridade para o Andes, neste se-gundo semestre, o enfrentamentodas formas de mercantilização doconhecimento, praticadas nas uni-versidades públicas, por meio dasfundações privadas ditas de apoio, aexemplo da ilegal proliferação de cur-sos pagos (veja matéria sobre funda-ções na Unesp na página 5).

O final da Carta de Juiz deFora convoca os docentes de todo o

país a encararem a luta em defesados serviços públicos e dos direitossociais. “Os grandes desafios impos-tos nesta conjuntura exigem do movi-mento docente unidade e disposiçãoredobrada de luta”, conclui o texto.

A posse danova diretoria

do Andes

Fotos: Site Andes

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REFORMA UNIVERSITÁRIA

A educação superior em perigo

9Nº 47 - Out/2006

Educação à distância

O assunto deixou de fre-qüentar com assiduidade as páginasda imprensa, mas continua na ordemdo dia. Ao contrário do que podem pen-sar professores, servidores e estudan-tes, a reforma universitária caminhaa passos largos no Congresso Nacionale pode representar novos e sérios pe-rigos à educação superior brasileira.

O alerta é feito pela professoraLighia B. Horodynski Matsushigue,diretora da Associação dos Docentes daUSP (Adusp) e membro da direção doAndes – Regional SP. Ela participou deum grupo de trabalho do Sindicato Na-

Quarta versão da reforma universitária, que tramita no Con-gresso desde junho, expressa nova ofensiva do setor privado

Em outras palavras, o conjuntodas medidas visa a atrelar ainda maisa educação aos ditames do mercado,via captação de recursos e padrão dequalidade voltado preferencialmenteaos interesses empresariais, à políticaindustrial, à inovação tecnológica e aocomércio exterior, dentre outros.

Favorecimento ao ensino privadoO documento avalia que, infe-

lizmente, há indícios fortes de que apresente reforma desemboque exata-mente num projeto que dê margem auma maior fragmentação do ensinoprivado, já que há uma miríade deemendas que facilitariam a constitui-ção de pequenas empresas pouco com-prometidas com os objetivos sociais daeducação superior. Isso poderia afetar,por um processo de “dumping”, o setordas instituições particulares como umtodo, em especial as universidadesmais antigas e melhor estruturadas.

A maior parte das emendas aoPL 7.200/06 tenta excluir quaisquerexigências quanto à maior titulação,especialmente a de doutores, e quantoa um regime de contrato mais condi-zente com as atribuições docentes naeducação superior. Tal argumentaçãose mostra totalmente falaciosa frenteao fato do Brasil contar, hoje, commais de 80 mil doutores e estar for-mando cerca de 10 mil a cada ano.

É preciso barrar a reformaA conclusão do estudo do An-

des é que a reforma universitária emcurso afetará de modo profundo cadaum dos quatro setores ativos da edu-cação superior (federais, estaduais,municipais e particulares). O Sindi-cato Nacional conclama todos os seto-res diretamente afetados pela refor-ma e que estejam preocupados com aeducação superior a discutirem a si-tuação e a contribuírem na reação.

É feito um chamado à urgentemobilização da comunidade acadêmicacontra a reforma, bem como à necessi-dade de retomada imediata da mobiliza-ção das entidades vinculadas ao FórumNacional em Defesa da Escola Pública,em articulação com as executivas na-cionais dos cursos de graduação, enti-dades científicas e acadêmicas, DCE’s,CA’s e outras que têm feito a crítica aoprojeto de reforma do governo Lula.

O estudo destaca um ponto parti-cularmente preocupante. O artigo 5º do PL7.200/06 confere à educação à distância(EaD) um âmbito maior do que o atual.Abre-se a possibilidade para que todos oscursos superiores, da graduação à pós-gra-duação stricto sensu, possam ser ofereci-dos à distância, com status equivalente aospresenciais, bastando que a instituiçãoseja credenciada pelo MEC para ministrá-los.

Outro problema: entre as emendasapresentadas, nove tentam suprimir o pa-rágrafo 4º do PL 7.200/06, relacionado àabertura de, no máximo, 30% do capitalvotante de mantenedoras a mãos estran-geiras.

Segundo o documento produzidopelo GT do Andes, provavelmente, a mo-dificação mais perversa introdu-zida nesta quarta versão da re-forma universitária diga respei-to à tentativa de definição do ter-mo “ensino”, através de modifica-ções a serem feitas no artigo 44 daLDB. O PL 7.200 define como “ensi-no” apenas os cursos de graduação eos programas de pós-graduação stricto sensu, ao con-trário do pressuposto presente no artigo 206 daConstituição Federal de 1988, a respeito de “gra-tuidade do ensino público em estabelecimentosoficiais”. Se passar a vigorar essa nova definição,abre-se a possibilidade de cobrança de taxas e demensalidades na oferta de qualquer ação educati-va que não seja graduação ou pós-graduação strictosensu.

cional, que elaborou um estudo sobrea quarta versão das Normas Gerais doEnsino Superior – a reforma universi-tária –, que tramita no Congresso des-de 12/6/2006 na forma de projeto delei (PL nº 7.200/2006). O relatório jáestá disponibilizado no site do Andes(www.andes.org.br). Ao PL, foram acres-cidas 368 emendas de parlamentares.

O estudo salienta que, além doataque contido no próprio projeto doExecutivo, parcela importante do Par-lamento trabalha para completar atransformação do direito social à edu-cação (consolidado no artigo 6º daConstituição Federal de 1988) em

serviço, ou seja, na apropriação daeducação como negócio que lhe per-mita auferir lucro, inclusive pormeio de acesso a recursos públicos.

O PL 7.200 foi apensado a doisoutros PL’s que estavam “engaveta-dos” desde 2004: 4.212/04 e 4.221/04, respectivamente de autoria do

tucano Átila Lira e do pemede-bista João Matos, ambos

fortemente voltados adesregulamentar e aliberalizar aindamais a atuação dosetor privado. O pre-sidente da ComissãoEspecial em que tra-

mitam os projetosneste momento é o de-

putado Gastão Vieira, doPMDB, autor de todas as93 emendas do partido.

O relator é Paulo Delgado, do PT.Além disso, a maioria das

emendas também tem forte teor priva-tizante. Isso se soma a iniciativas jásedimentadas, que datam do governoanterior e tiveram seguimento noatual, como é o caso da legislação doProUni, das Parcerias Público-Priva-das, da lei do Sinaes e de outras medi-das semelhantes. “Estas ações estãoem consonância com as orientaçõesde organismos multilaterais, que vêmpregando a diluição da fronteira públi-co/privado, advogando que a regulaçãoseja feita por meio de agências e pelaverificação de resultados. Esta receitaé especialmente danosa em um paíscomo o Brasil, sem tradição de efetivocontrole social e com um setor de ca-pitalismo selvagem extremamentedesenvolvido, pois livre de amarras”,ressalta o texto.

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CONLUTAS

Congresso realizado em maio viunascer uma nova entidade nacionaldos trabalhadores

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Momento histórico. Assimfoi a realização do Congresso Nacio-nal dos Trabalhadores (Conat), reali-zado entre os dias 5 e 7 de maio, nacidade de Sumaré (SP), com a pre-sença de cerca de seis mil pessoas,entre ativistas sindicais e militan-tes de outros movimentos sociais epolíticos. O Conat transformou a Co-ordenação Nacional de Lutas (Conlu-tas) numa entidade nacional dos tra-balhadores, uma espécie de central

Como surgiu a ConlutasA Confederação Nacional de Lutas

(Conlutas) nasceu como reação do movimen-to sindical combativo frente à degeneraçãoda Central Única dos Trabalhadores (CUT),que se transformou em uma entidade “cha-pa-branca”, preferindo apoiar o governo do

que defenderos trabalhado-res. A organi-zação da Con-lutas foi umdesdobramen-to do EncontroNacional Sin-dical, queaconteceu emmarço de2004, em Lu-ziânia (GO), eque reuniumais de 1.800

dirigentes e ativistas sindicais e de movi-mentos sociais. Este encontro definiu um ca-lendário de lutas contra a reforma sindical,cuja primeira grande atividade foi a mani-festação, organizada pela Conlutas, em Bra-sília, em 16 de junho de 2004, reunindo cer-ca de 20 mil manifestantes.

A realização do Congresso Nacionaldos Trabalhadores (Conat), em maio desteano, foi um passo importante na consolida-ção da Conlutas.

Para saber maisA Conlutas mantém um site na In-

ternet (www.conlutas.org.br), que traz infor-mações sobre as campanhas em andamen-to, notícias dos sindicatos e de seus movi-mentos, entre outros.

2004:Marcha

organizadapela

Conlutasem

Brasília

sindical que agreganão só os sindicatos,mas também os estu-dantes e os movimen-tos sociais.

A Conlutas ha-via surgido em 2004,como reação dos sin-dicatos combativos àpolítica “chapa-bran-ca” da Central Únicados Trabalhadores

(CUT), que passaraa apoiar os ataques do governoLula aos trabalhadores, como é ocaso da reforma da Previdência.

No Conat realizado em Suma-ré, foram aprovados os princípios,concepção, programa e estatutos daConlutas. A Adunesp, que se desfi-liou da CUT por deliberação de seuV Congresso (veja box) na páginaseguinte, participou do Conat comquatro delegados: Antônio Luís deAndrade (Tato), Milton Vieira doPrado Júnior, Carlos Alberto Anaru-ma e João da Costa Chaves Jr.

“A Conlutas representa umavitória da luta sindical e popularcombativa e classista”, avaliaTato. Ele considera que estamosdiante da criação de uma novaferramenta de luta e de organiza-ção da classe num patamar quali-tativamente superior. “Abre-seuma nova possibilidade, umanova fase da luta de classes, quebusca conjugar na unidade deação política os sindicatos, os mo-vimentos sociais, os movimentospopulares, os desempregados, mo-vimentos culturais, precarizados,aposentados, dentre outros,numa perspectiva de classe.”

Plano de açãoOs debates realizados no Co-

nat caminharam para a elabora-ção de um plano de lutas que con-templa alguns dos principais pro-blemas que afetam, direta ou in-diretamente, a vida dos trabalha-dores. A realização do semináriosobre as reformas neoliberais,como mostra box principal destapágina, é um desdobramento dasdeliberações do Conat.

O plano aprovado no Conattoma como tarefa central a luta con-tra a reforma trabalhista/sindical,partindo de uma mobilização imedia-ta contra o Super Simples. A Conlu-tas considera que o Super Simplesantecipa, de fato, a reforma traba-lhista para os empregados de micro epequenas empresas. O plano ligaesta luta à resistência contra as re-formas sindical/trabalhista e da pre-vidência já anunciadas para o iníciodo próximo ano, pela anulação da re-forma da previdência de 2003 e comas demandas concretas de cada seg-mento da classe trabalhadora e dajuventude organizadas dentro daConlutas.

O Conat também discutiu aimportância de intensificar a lutacontra o pagamento das dívidas in-terna e externa, bem como centrarfogo no impulso e na unificação dascampanhas salariais em curso nosegundo semestre de 2006.

Neste quadro, incluem-se asseguintes demandas:- Pela redução da jornada de trabalhona perspectiva da defesa da escalamóvel de horas de trabalho, visandoassegurar o pleno emprego;- Pela reestatização das empresasprivatizadas, sem indenização e sobcontrole dos trabalhadores. Lutartambém pela reintegração dos traba-lhadores demitidos dessas empresas;- Contra a tercerização;- Pela derrubada de todas as refor-mas neoliberais.

O I Conat: Momento histórico

continua...

Congresso realizado em maio viunascer uma nova entidade nacionaldos trabalhadores

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CONLUTAS

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O Conat aprovou um conjun-to de princípios para a nova entidadeque visam a garantia da autonomiae da independência de classe. Ostextos aprovados baseiam-se nopressuposto de que “a libertação dostrabalhadores será obra dos própriostrabalhadores”.

Na prática, isso significauma postura e um conjunto deações que possam garantir indepen-dência política, financeira e admi-nistrativa em relação à classe domi-nante (a burguesia), aos governos eao Estado. Uma das deliberações dizque é incompatível com ocupar qual-quer cargo ou tarefa de direção daConlutas a aceitação de qualquercargo de confiança em qualquer go-

Autonomia e independência são os princípioscentrais da nova entidade

verno. Da mesma forma, a novaentidade não poderá receber recur-sos oriundos do Estado, de governosou de empresários para financiarsuas atividades.

Solidariedade internacionalUm dos princípios da nova

entidade é a solidariedade interna-cional entre os trabalhadores. “Aunidade dos trabalhadores de todasas regiões do planeta em defesados seus direitos e interesses éum valor a ser perseguido e alcan-çado”, diz o texto aprovado no Co-nat. “A libertação da classe traba-lhadora da exploração que ela sofreno mundo em que vivemos é umatarefa que não se inscreve apenas

nos marcos de um país e, sim, deveser levada em nível internacional.”

Os delegados da Adunespno I Conat: Tato, João,

Mílton e Anaruma

A Conlutas está preparando umaimportante atividade para os dias 23 a 24de outubro, em São Paulo. Trata-se doseminário “Organizar a luta contra asreformas neoliberais”, que pretende co-locar em debate as ameaças de ampli-ação da reforma da Previdência, deaprovação da reforma universitáriano Congresso Nacional, além daimplementação da reforma sindi-cal e trabalhista.

Além de debates com repre-sentantes de entidades como An-des, Sintrajud, Fenafisp e outras,já está confirmada a realização deuma palestra com o sindicalistamexicano Antonio Vidal, sobre“Panorama internacional, segurida-de social e legislação trabalhista”.

Seminário em outubrovai organizar a lutacontra as reformas

A Adunesp e a Conlutas

No 24º Con-gresso do Andes, rea-lizado no início de2005, a maioria dosdelegados presentescondenou o apoio daCUT às reformas ne-oliberais do governo esua tentativa de iso-lar os servidores públi-cos e de boicotar suaslutas. Diante disso,decidiram pela desfi-liação e pela aposta na construção de novos fóruns de luta.

Em setembro de 2005, durante seu V Congresso,a Adunesp ratificou essa decisão e, como seção sindicaldo Andes, também se desligou da CUT. A partir daí, vemapoiando e participando das atividades convocadas pelaConlutas.

O V Congresso da Adunesp

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Eleições 2006

Lula ou Alckmin, o caminho depoisde outubro só pode ser o da luta

Nº 47 - Out/2006

Confirmada a realizaçãodo segundo turno das eleições pre-sidenciais, em 29 de outubro, ini-cia-se um período de intensa pola-rização entre Luís Inácio Lula daSilva e o ex-governador de SãoPaulo, Geraldo Alckmin.

Para os trabalhadores e amaioria da população do país, asperspectivas, sob um ou outro, nãosão nada animadoras. Chamado por

muitos como o terceiromandado de FHC, o go-verno de Lula em poucodiferiu política e econo-micamente de seu ante-cessor. Em muitos as-pectos, como é o caso dasreformas neoliberais edos compromissos com oFMI, Lula e cia. conse-guiram ir além.

O superávit primário– tudo o que o país “eco-nomiza” para pagar osjuros da dívida interna eexterna – bateu todos osrecordes no governo pe-tista, cehgando nos4,25% do PIB, o que signi-fica cerca de R$ 82 bi-lhões por ano que deixamde ser investidos em saú-de, educação etc. Em en-trevista à agência de no-tícias Reuters (31/8/2006), o ministro da Fa-zenda, Guido Mantega,informou que o governoLula pretende manter apolítica de superávit pri-mário até 2009, caso sejareeleito. O ministro dis-se, ainda, que é precisodiscutir uma política demaior ajuste fiscal (cortenos gastos públicos), masque isso ficará para de-pois de outubro. “O início

de um novo governo é a hora de re-ver os gastos”, considerou.

De São Paulo para o BrasilEm todos estes anos à frente

de São Paulo, o PSDB de Alckmimpropagou a idéia de que foi realizadoum ajuste de contas, um “choque degestão”. Nada mais falso. O que hou-ve foi a redução dos investimentos edos gastos públicos com políticas

Novareforma da Previ-

dência

Inimigos no rin-gue eleitoral, parceirosna política de ataquesà população, Lula e Al-ckmin não escondem aintenção de “avançar”na reforma da Previ-dência. Embora evitemfalar abertamente so-bre suas propostas, elesrevelam o desejo deaprovar novas medidastanto no setor públicoquanto no privado. Ma-téria veiculada pelo jor-nal Folha de S. Paulo,em 4/7, intitulada “PTe PSDB querem adiaraposentadorias”, mos-tra que Lula e Alckmindesejam elevar o limi-te de aposentadoriapara, pelo menos, 65anos, a partir de 2020,tanto na iniciativa pri-vado quanto no serviçopúblico.

sociais. Além dis-so, a receita doestado vem caindo,porque os tucanosnão cobram os de-vedores. Pior ain-da: a dívida publicaexplodiu, a despei-to das privatiza-ções. De 1998 a2004, houve quedana arrecadaçãojunto aos devedo-res de tributos do estado em cercade 52%, representando uma perdade aproximadamente R$ 1 bilhão dereais. Na área social, o governo dei-xa de gastar corretamente os recur-sos da saúde e da educação, desres-peitando as vinculações orçamentá-rias determinadas pela Constitui-ção. De 1998 a 2004 deixaram deser aplicados R$ 1,5 bilhão na saúdee R$ 4 bilhões na educação.

O arrocho salarial contra osservidores públicos também se mate-rializa em números: o gasto com ofuncionalismo caiu de 42.5%, em1998, para 40,95%, em 2002, abaixoaté dos limites absurda Lei de Res-ponsabilidade Fiscal. Hoje, com o pre-domínio da terceirização e com a en-trega de equipamentos públicos desaúde às organizações sociais, o esta-do dirige quase 8% do seu orçamentocom pagamentos de terceirizações.

O setor elétrico, o gás, parte dosaneamento, o Banespa, parte da Nos-sa Caixa e as ferrovias foram privati-zadas, sob o comando de Alckmin, ain-da como vice-governador e como presi-dente do programa estadual de deses-tatização. Foi vendido patrimônio pú-blico equivalente a R$ 71 bilhões (parase ter uma idéia, o orçamento anualdo estado é cerca de R$ 80 bilhões). Osserviços privatizados, no geral, piora-ram e as tarifas explodiram.

OposiçãoEntre as candidaturas me-

lhores cotadas à Presidência, so-mente a de Heloísa Helena (PSOL)apresentou-se à esquerda dos doislíderes na campanha. Em seu pro-grama de governo, ela defendeu mu-danças na política econômica brasi-leira, como a redução na taxa dejuros e revisão na tributação impos-ta à classe média. Ela afirma que,

ao contrário do que é defendido peloscandidatos do PSDB e do PT, é possí-vel conciliar desenvolvimento econô-mico com inclusão social e que aqueda dos juros poderá viabilizar aliberação de R$ 160 bilhões para in-vestimentos públicos na geração deemprego e renda, saúde, educação esegurança pública.

Lembrando que são 22 mi-lhões os brasileiros que vivem do sa-lário mínimo, um dos mais baixos domundo e que, segundo o IBGE, as cin-co mil famílias mais ricas do país(0,01% das famílias existentes) con-centram patrimônio equivalente a46% de toda a riqueza gerada por anono país (PIB), Heloísa Helena tambémdefende a suspensão do pagamento dadívida externa. Ela explica que o orça-mento da União é consumido em cer-ca de 40% para pagamento dos juros,enquanto que para os investimentosrestam menos de 5%.

O caminho da lutaVença Lula ou vença Alckmin,

os rumos da política econômica e so-cial pouco sofrerão mudanças a partirde 2007. Alinhados aos interesses dosgrandes grupos econômicos e do im-perialismo, ambos tentarão aprofun-dar os ataques aos trabalhadores e àpopulação explorada: nova reforma daPrevidência, corte de direitos traba-lhistas (reforma sindical/trabalhista),aprovação da reforma universitária,redução de recursos da saúde e daeducação, privatizações etc etc.

Resistir e reivindicar, lutar eavançar. Este é o caminho para traba-lhadores, estudantes, desempregados,sem-terra, sem-teto... A queda de bra-ço se dará nas campanhas salariais,nas manifestações, passeatas... naluta por salários dignos, emprego emelhores condições de vida para todos.

Palanquesdiferentes,políticaigual