adubação verde

22
D O S S I Ê T É C N I C O ADUBAÇÃO VERDE Ivo Pessoa Neves Rede de Tecnologia da Bahia – RETEC/BA ABRIL 2007

Upload: marcos-senna

Post on 04-Oct-2015

4 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

uyguytyfuyfifyitfyutfyutfuytfduiytfuytfuytfruytdfuytdfuyduyduyduyfdutfd

TRANSCRIPT

  • D O S S I T C N I C O

    ADUBAO VERDE

    Ivo Pessoa Neves

    Rede de Tecnologia da Bahia RETEC/BA

    ABRIL 2007

  • DOSSI TCNICO

    Sumrio 1 INTRODUO .............................................................................................................. 2 2 NECESSIDADES .......................................................................................................... 2 3 FINALIDADE ................................................................................................................ 2 3.1 Enriquecimento do solo com nitrognio................................................................ 2 3.2 Recuperao dos nutrientes de camadas profundas ........................................... 3 3.3 Proteo do solo....................................................................................................... 3 3.4 Vida ao solo .............................................................................................................. 3 3.5 Controle das ervas espontneas ............................................................................ 3 4 PRINCIPAIS ESPCIES UTILIZADAS ........................................................................ 4 4.1 Amendoim forrageiro ............................................................................................... 4 4.2 Aveia .......................................................................................................................... 4 4.3 Calopognio.............................................................................................................. 4 4.4 Centrosema............................................................................................................... 5 4.5 Cudzu tropical........................................................................................................... 5 4.6 Crotalria juncea....................................................................................................... 5 4.7 Ervilhaca.................................................................................................................... 6 4.8 Feijo-de-porco......................................................................................................... 6 4.9 Girassol ..................................................................................................................... 6 4.10 Feijo guandu ......................................................................................................... 6 4.11 Labe labe ................................................................................................................. 7 4.12 Leucena ................................................................................................................... 7 4.13 Mucuna an............................................................................................................. 7 4.14 Mucuna preta .......................................................................................................... 7 4.15 Nabo forrageiro....................................................................................................... 7 4.16 Siratro ...................................................................................................................... 8 4.17 Soja perene ............................................................................................................ 8 5 ASPECTOS PARA A ESCOLHA DAS ESPCIES ...................................................... 8 5.1 Adaptao s condies locais de cultivo............................................................. 9 5.1.1 Exigncias quanto ao clima..................................................................................... 9 5.1.2 Exigncias quanto ao solo....................................................................................... 9 5.1.3 Comportamento de diferentes espcies em relao s condies de clima e solo 9 5.1.4 Hbito de crescimento das plantas.......................................................................... 10 5.1.5 Durao do ciclo ...................................................................................................... 10 5.1.6 Velocidade inicial de crescimento ........................................................................... 10 5.1.7 Capacidade de produo de massa vegetal ........................................................... 11 5.1.8 Sensibilidade ao foto perodo (comprimento do dia) .............................................. 11 5.1.9 Tipo de sistema radicular......................................................................................... 11 5.1.10 Tipo de manejo requerido...................................................................................... 11 6 Sensibilidade a pragas e doenas ............................................................................. 12 6.1 Resistncia a secas e geadas ................................................................................. 12 6.2 Composio qumica da massa vegetal produzida............................................... 12 6.3 Composio qumica da massa vegetal de algumas espcies usadas para adubao verde .............................................................................................................. 12 6.4 Disponibilidade e custo das sementes................................................................... 13 7 TCNICAS DE PLANTIO ............................................................................................. 13 7.1 Plantio em rotao ................................................................................................... 13 7.2 Rotao exclusiva de primavera/vero .................................................................. 13 7.3 Rotao exclusiva de outono/inverno .................................................................... 14 7.4 Plantio em consrcio ............................................................................................... 14

  • Copyright Servio Brasileiro de Respostas Tcnicas - SBRT - http://www.sbrt.ibict.br

    1

    7.4.1 Consrcio com culturas anuais................................................................................ 14 7.4.2Consrcio com culturas perenes .............................................................................. 15 7.4.3 Consrcio em faixas ................................................................................................ 15 7.5 Plantio em reas de descanso temporrio............................................................. 16 7.6 Plantio em sucesso ................................................................................................ 16 8 AQUISIO DAS SEMENTES ..................................................................................... 16 8.1 Preparao da rea para o plantio .......................................................................... 16 8.2 Quebra da dormncia das sementes ...................................................................... 16 8.3 Tratamento das sementes com gua quente......................................................... 16 8.4 Tratamento das sementes com cido sulfrico .................................................... 17 8.5 Inoculao com bactrias........................................................................................ 17 8.6 Semeadura dos adubos verdes............................................................................... 18 8.7 Cobrimento das sementes....................................................................................... 19 9 MANEJO DO ADUBOS VERDES................................................................................. 19 9.1 Controle das ervas espontneas ............................................................................ 19 9.2 Corte da massa vegetal............................................................................................ 19 9.3 Incorporao dos restos vegetais .......................................................................... 19 Concluso ....................................................................................................................... 20 Referncias ..................................................................................................................... 20

  • Copyright Servio Brasileiro de Respostas Tcnicas - SBRT - http://www.sbrt.ibict.br

    2

    DOSSI TCNICO

    Ttulo Adubao Verde Assunto Fabricao de adubos e fertilizantes Resumo Conceituao bsica sobre adubao, necessidades, finalidades, principais espcies utilizadas, aspectos para escolhas das espcies, tcnicas de plantio e manejo do adubo verde. Palavras chave Adubo; adubao verde; compostagem; manejo do solo; solo Contedo 1 INTRODUO Adubao verde uma forma de recuperao dos solos empobrecidos, que utiliza restos vegetais no decompostos, nascidos no lugar ou trazidos de volta, com o objetivo de tornar o solo mais frtil e saudvel, contribuindo para a melhoria de suas condies qumica (nutrientes), fsica (estrutura do solo) e biolgica (organismos vivos). 2 NECESSIDADES A adubao verde tem baixo custo e proporciona benefcios bastante significativos agricultura, benefcios esses no conseguidos com as prticas agrcolas convencionais qumicas e mecnicas. Utilizando a adubao verde, o agricultor torna-se menos dependente dos adubos minerais, o que lhe permite maior lucro, haja vista que ele mesmo pode plantar os vegetais que sero usados como adubo. 3 FINALIDADE Com o uso da adubao verde, possvel enriquecer o solo com nitrognio, recuperar nutrientes de camadas profundas, proteger o solo, dar vida ao solo e controlar as ervas espontneas. 3.1 Enriquecimento do solo com nitrognio As plantas pertencentes famlia das leguminosas so as mais usadas na adubao verde. Elas possuem a capacidade de fazer associao com os microorganismos do solo,e o resultado dessa associao a incorporao ao solo do nitrognio que se encontra no ar. O nitrognio um dos nutrientes mais exigidos pelas culturas e o que apresenta maior custo para a aquisio. Usando essas plantas como adubo, o nitrognio que elas acumularam vai ser utilizado pelas culturas semeadas aps a prtica da adubao verde.

  • Copyright Servio Brasileiro de Respostas Tcnicas - SBRT - http://www.sbrt.ibict.br

    3

    Ateno: Quanto maior a quantidade de massa vegetal produzida pelos vegetais usados como adubo verde, maior ser a quantidade de nitrognio incorporada na rea onde foi realizada a adubao (FIG.1).

    Figura 1: Solo com nitrognio Fonte: Coleo SENAR - 71

    Leguminosas com boa nodulao no sistema radicular indicam maior eficincia na incorporao do nitrognio do ar para o solo. 3.2 Recuperao dos nutrientes de camadas profundas Muitos nutrientes so levados para as camadas mais profundas do solo, onde as razes das culturas comerciais no alcanam. As plantas utilizadas na adubao verde geralmente apresentam sistemas radiculares ramificados e profundos, o que permite a recuperao desses nutrientes, os quais so incorporados sua massa vegetal. Quando as plantas usadas como adubo verde so cortadas e enterradas ou mesmo deixadas sobre a superfcie do solo, ocorre a decomposio da massa vegetal e a liberao para a camada superficial,daqueles nutrientes que estavam nas camadas profundas. Ateno: Quanto maior a profundidade do sistema radicular e a quantidade de massa vegetal produzida pelos vegetais usados como adubo verde, maior ser a quantidade de nutrientes recuperados de camadas profundas, que no estavam ao alcance das culturas de interesse econmico. 3.3 Proteo do solo Tanto o cultivo de plantas que sero usadas como adubo verde, como a utilizao de seus restos como cobertura, protegem o solo contra o sol forte e o impacto das gotas da chuva. Essa proteo reduz ou, at mesmo, controla a eroso. As plantas usadas como adubo verde (por exemplo: feijo guandu, feijo-de-porco, nabo forrageiro) apresentam razes fortes que se aprofundam bastante no solo. As razes rompem as camadas compactadas, abrindo canais para facilitar a entrada de ar e de gua no solo. Esse processo conhecido como preparo biolgico do solo. Ateno: Aps o corte dos vegetais que sero usados como adubo verde, suas razes entram em decomposio, isto , comeam a apodrecer, deixando canais no solo que permitem uma melhor infiltrao e aumentam a capacidade de armazenamento da gua. 3.4 Vida ao solo O enriquecimento da camada superficial do solo com nutrientes e a sua proteo contra sol e chuva intensos, criam condies favorveis ao aumento da quantidade de organismos vivos (minhoca, besouros, fungos, bactrias) presentes no solo. Estes organismos so responsveis pela degradao dos restos vegetais das lavouras e auxiliam no controle natural de outros microorganismos causadores de doenas nas plantas.

  • Copyright Servio Brasileiro de Respostas Tcnicas - SBRT - http://www.sbrt.ibict.br

    4

    Ateno: Quanto maior a quantidade de restos vegetais adicionados ao solo, maior ser a atividade dos organismos que nele vivem. 3.5 Controle das ervas espontneas O rpido crescimento e a elevada quantidade de Massa vegetal produzida por algumas plantas usadas como adubo verde (por exemplo, a mucuna) faz com que a populao de ervas espontneas seja suprimida. Ateno: Espcies que apresentam rpido crescimento inicial (ex: mucuna e feijo-de-porco)

    possuem maior eficincia no abafamento das ervas espontneas; O feijo-de-porco apresenta maior eficincia no controle das ervas espontneas at o

    perodo em que acontece o florescimento e o incio da formao de vagens. A partir desse momento, a planta perde a capacidade de competio devido menor produo de folhas.

    4 PRINCIPAIS ESPCIES 4.1 Amendoim forrageiro Leguminosa herbcea, perene e rasteira, que cresce por estoles presos ao solo por um abundante enraizamento. Possui razes profundas, podendo atingir at 1,80m de profundidade, embora 80% do sistema radicular se encontre nos primeiros 20 cm do solo. uma planta rstica, que aceita sombreamento, geadas e se adapta a condies de seca e a solos pobres. Tem melhor desenvolvimento em locais midos e quentes com alta intensidade de chuva. uma leguminosa que pode ser usada para adubao verde, principalmente consorciada com fruteiras, pois no tem hbito trepador, e tambm serve como forrageira para a alimentao animal. Cobre totalmente o solo em torno de 100 dias, pode permanecer na rea por mais de 15 anos e rebrota com muita facilidade aps o corte ou pastejo. A poca ideal de plantio no perodo das chuvas (setembro a janeiro), no espaamento de 50 cm entre os sulcos, com 6 sementes por metro linear, consumindo em torno de 10 kg/h de sementes. O plantio pode tambm ser feito por pedaos de 20 a 30 cm de estoles da planta em dias de chuva, pois enrazam com muita facilidade. 4.2 Aveia Gramnea anual bastante difundida no Sul do Brasil, que apresenta porte ereto e razes em forma de cabeleira. Muito usada para adubao verde e como forragem para os animais, dos gros da aveia obtm-se farinhas que servem para a alimentao humana e tambm para as animais. Temperaturas baixas na fase inicial de crescimento favorecem o perfilhamento e, por isso, considerada uma planta de clima frio, mas se adapta em regies mais quentes, como o Centro-Oeste do Brasil. No exige solos ricos, mas no tolera encharcados. rstica, resistente a pragas e doenas, principalmente pulges e ferrugem, e tambm seca. A poca ideal para o plantio maro, podendo estender-se at junho, com espaamento de20 cm entre os sulcos, usando em torno de 60 a 70 kg de sementes por hectare. 4.3 Calopognio Leguminosa perene, que possui hbito de crescimento indeterminado, com caules rasteiros

  • Copyright Servio Brasileiro de Respostas Tcnicas - SBRT - http://www.sbrt.ibict.br

    5

    e longos. Seu crescimento inicial lento e exige cuidados no controle de ervas espontneas mas, aps 4 meses da emergncia, formar uma densa camada vegetal, de 30 a 50 cm de altura, controlando as ervas. resistente seca e suporta locais encharcados, mas no tolera sombreamentos nem geadas e exige solos mais ricos. O plantio pode ser de setembro a dezembro, no espaamento de 50 cm entre os sulcos, com 40 sementes por metro linear, consumindo 10 kg/h de sementes. Deve-se fazer a escarificao das sementes atravs da imerso em gua aquecida a 90o. C por 10 minutos, para quebra de dormncia e facilitar a germinao. 4.4 Centrosema Leguminosa herbcea de ciclo perene, com boa resistncia seca, mas no tolera sombreamento, geadas e solos encharcados. Apresenta crescimento rasteiro, possui razes profundas e cresce bem em solos pobres. Apresenta crescimento inicial lento e exige cuidados no controle de ervas mas, quatro meses aps a emergncia, forma uma densa camada vegetal, de 30 a 60 cm, que vai proteger o solo e controlar as ervas da rea. Pode ser consorciadas com fruteiras, serve como adubo verde e tambm como forrageira para alimentao animal. A poca ideal de plantio no perodo das chuvas (setembro a janeiro). O espaamento poder ser de 50 cm entre sulcos, com 20 a 30 sementes por metro linear, consumindo em torno de 60 kg/h de sementes. Deve-se fazer a escarificao das sementes atravs da imerso por 15 minutos em gua quente a 90 C, para quebrar a dormncia e facilitar a germinao. 4.5 Cudzu tropical Leguminosa herbcea, perene, com crescimento volvel. uma planta rstica, de razes profundas, apresenta boa resistncia seca e aceita sombreamento, mas sensvel s geadas. Tem melhor desenvolvimento em locais midos e quentes, e em regies montanhosas com alta intensidade de chuva. Apresenta ressemeadura natural, quedas das folhas durante o perodo seco e alto poder de rebrota. Pode ser consorciada com fruteiras e serve com o adubo verde ou como forrageira para alimentao animal. A poca ideal de plantio no perodo das chuvas (setembro a janeiro). O espaamento poder ser de 50 cm entre os sulcos, com 15 sementes por metro linear, consumindo em torno de 4 kg/ha. de sementes. Deve-se fazer a escarificao das sementes atravs da imerso por 15 minutos em gua quente a 90o.C, para quebrar a dormncia e facilitar a germinao. 4.6 Crotalria juncea Leguminosa anual de crescimento ereto e arbustivo, cujo porte varia de 2 a 3 metros de altura. Apresenta rpido crescimento inicial e eficiente cobertura do solo, sendo considerada a campe na produo de biomassa vegetal. No resiste a geadas e, por isso, deve ser semeada entre setembro e janeiro nas regies onde ocorrem geadas, estendendo-se at maro em outros locais. O espaamento de plantio de 25 cm entre sulcos, com 20 sementes por metro linear, empregando-se 40 kg/ha. de sementes. Ateno: Existem outras espcies de crotalria usadas na adubao verde que diferem da

  • Copyright Servio Brasileiro de Respostas Tcnicas - SBRT - http://www.sbrt.ibict.br

    6

    crotalria juncea em relao ao formato da folha, altura da planta e tipo de flores (crotalria mucronata e crotalria spectabilis). 4.7 Ervilhaca Leguminosa herbcea, de ciclo anual, hbito trepador, que possui razes profundas e ramificadas. Proporciona uma boa cobertura e proteo do solo. Alm de servir como adubo verde, tambm forrageira de excelente qualidade para a alimentao animal. uma planta de clima frio e aceita geadas, podendo suportar temperaturas de at 5o.C (cinco graus negativos), mas no resiste nem seca nem ao calor excessivo; tambm no suporta solos encharcados. O plantio recomendado entre os meses de maro e julho, sendo que a poca mais tardia favorece a produo de gros em relao produo de biomassa vegetal. A semeadura poder ser feita em sulcos espaados de 60 kg/ha. de sementes. 4.8 Feijo-de-porco Leguminosa de crescimento anual, de porte ereto e hbito de crescimento determinado, atingindo 0,6 a 1,2 m de altura. considerada uma planta rstica, porque se adapta a solos pobres, alta temperatura e tolera sombreamento parcial. Apresenta rpido crescimento e excelente cobertura do solo, competindo com as ervas espontneas. O plantio pode ser feito entre setembro e dezembro, no espaamento de 50 cm entre os sulcos, com 5 a 6 sementes por metro linear, empregando-se de 130 a 180 kg/ha. de sementes. Ateno: Existem outros tipos de feijes usados para adubao verde. O feijo bravo do Cear e o feijo mungo constituem uma excelente opo para reas com problemas de seca prolongada, visto serem resistentes falta de gua. 4.9 Girassol Planta herbcea, de ciclo anual, com sistema radicular intenso e profundo, de rpido crescimento inicial e que apresenta caule ereto e porte de at 3m. uma planta de clima frio e aceita geadas, podendo suportar temperaturas de at -5 C (5 graus negativos), mas suporta temperaturas elevadas e resistente seca. No tem bom comportamento em locais com excesso de chuva, principalmente aps o florescimento. usada como adubo verde, mas serve tambm como planta medicinal e para produo de mel, pois suas flores atraem abelhas. Suas sementes podem ser usadas na alimentao de pssaros, extraindo-se delas um leo que apresenta elevado valor alimentcio. O plantio pode ser no outono (fevereiro a abril) ou no final do inverno (agosto a setembro), no espaamento de 40 cm entre sulcos, com 6 a 8 sementes por metro linear, consumindo 30 a 40 kg/ha. de sementes. 4.10 Feijo guandu Leguminosa arbustiva, de ciclo semiperene, com vida de at trs anos quando podada anualmente. uma planta rstica, resistente seca e apresenta bom desempenho em solos pobres. Possui razes profundas e vigorosas, capazes de romper camadas compactadas do solo. Alm de servir para a adubao verde, fornece forragem e gros ricos em protenas que podem ser utilizados na alimentao humana e animal.

  • Copyright Servio Brasileiro de Respostas Tcnicas - SBRT - http://www.sbrt.ibict.br

    7

    As plantas apresentam certa resistncia ao frio, embora no suportem geadas fortes. O plantio pode ser entre setembro e janeiro, no espaamento de 50 cm entre sulcos, com 18 sementes por metro linear, consumindo-se em torno de 50 kg/ha. de sementes. 4.11 Labe labe Leguminosa anual, de hbito de crescimento indeterminado, com talos longos e trepadores. No tolera geadas fortes, e apresenta boa tolerncia seca prolongada. Atualmente, esta leguminosa usada como adubo verde, mas serve tambm pra a alimentao humana (vagens e gro tenros) e como forragem para bovinos e eqinos. O plantio pode ser de setembro a dezembro, no espaamento de 50 cm entre sulcos, com 10 sementes por metro linear, consumindo 50 kg/ha. de sementes. 4.12 Leucena Leguminosa arbustiva, de ciclo perene, com razes profundas e que apresenta crescimento inicial lento. uma planta rstica, resistente seca, de fcil capacidade de rebrota aps a poda dos galhos, suporta geadas leves, mas no aceita solos encharcados. usada como adubo verde, mas serve tambm como quebra-vento ou para alimentao animal, pois suas folhas so ricas em protenas. O plantio pode ser de setembro a dezembro, no espaamento de 1,5m entre sulcos, com 20 sementes por metro linear, consumindo 8 kg/ha. de sementes. Deve-se fazer as escarificao das sementes atravs da imerso por 15 minutos, para quebrar a dormncia e facilitar a germinao. 4.13 Mucuna an Leguminosa de crescimento anual que apresenta crescimento determinado, com altura variando de 40 a 80 cm. O plantio pode ser de setembro janeiro nos locais onde ocorrem geadas, e at maro em outros locais. O espaamento recomendado de 50 cm entre sulcos, com 6 a 8 sementes por metro linear, empregando-se 60 a 90 kg/ha. de sementes. 4.14 Mucuna preta Planta pertencente famlia das leguminosas que apresenta ciclo anual e crescimento volvel, ou seja, com ramos trepadores. Apresenta porte baixo, resiste seca e s temperaturas elevadas, e possui rpido crescimento, propiciando uma eficiente cobertura do solo. Apresentam rusticidade e bom desenvolvimento em solos cidos, de baixa fertilidade. O plantio pode ser desde setembro at maro, no espaamento de 50 cm entre sulcos e 6 a 8 sementes por metro linear, empregando-se 65 a 70 kg/ha. de sementes. Ateno: A mucuna cinza tambm usada para adubao verde, uma vez que possui as mesmas caractersticas da mucuna preta. Visualmente, podem ser diferenciadas pelas sementes. 4.15 Nabo forrageiro Planta herbcea de ciclo anual, pertencente famlia das crucferas, de porte ereto e muito ramificada, com razes muito profundas e vigorosas, capazes de romper camadas compactadas do solo. uma planta bastante rstica, pois cresce bem em terras pobres, seja em locais frios ou quentes. Apresenta rpido crescimento e cobre o terreno em 30 a 60 dias, proporcionando

  • Copyright Servio Brasileiro de Respostas Tcnicas - SBRT - http://www.sbrt.ibict.br

    8

    uma boa cobertura que protege o solo e controla as ervas, no exigindo capinas. Alm de ser usada como adubo verde, serve tambm como forrageira na alimentao animal e de suas sementes pode ser extrado leo. O plantio recomendado no ms de maro, podendo ser estendido at junho. A semeadura poder ser feita em sulcos separados de 20 cm, com 40 sementes por metro linear, consumindo 20 kg/ha. de sementes. 4.16 Siratro Leguminosa herbcea perene, de crescimento rasteiro, rstica, com razes profundas e crescimento inicial rpido, cobrindo plenamente o terreno 90 dias aps a emergncia. No tolera solos encharcados nem geadas. Em perigo de seca prolongada ocorre a queda natural das folhas, porm apresenta elevada capacidade de recuperao e rebrota. recomendada como cobertura permanente, principalmente intercalada com fruteiras, podendo tambm ser utilizada como forrageira para alimentao animal. A poca ideal de plantio no perodo das chuvas (setembro a janeiro), com espaamento de 50 cm entre os sulcos, com 20 sementes por metro linear, consumindo em torno de 4 kg/ha. de sementes. Deve-se fazer a escarificao das sementes atravs de imerso, por 10 minutos, em gua aquecida a 90o.C, ou em gua a temperatura ambiente por 24 horas, para quebrar a dormncia e facilitar a germinao. 4.17 Soja perene Leguminosa herbcea perene, que apresenta hbito trepador e estolonfero, com raiz pivotante bem desenvolvida. Possui boa resistncia seca e tolera geadas fracas, mas no aceita solos encharcados e exige solos mais ricos. Apresenta crescimento inicial lento e, por isso, requer cuidados no controle de ervas. Pode ser usada como adubao verde, principalmente como cobertura permanente consorciada com fruteiras, e tambm serve como forragem para alimentao animal. A poca ideal de plantio no perodo das chuvas (setembro a janeiro), com espaamento de 50 cm entre sulcos, com 20 sementes por metro linear, consumindo em torno de 5 kg/ha. de sementes. Deve-se fazer a escarificao das sementes atravs da imerso, por 30 minutos, em gua aquecida a 90o.C ou em gua a temperatura ambiente por 24 horas, para quebrar a dormncia e facilitar a germinao. 5 ASPECTOS PARA A ESCOLHA DAS ESPCIES Na escolha das espcies que sero usadas na adubao verde, deve-se levar em considerao as seguintes caractersticas, dentre outras: Adaptao s condies locais de cultivo; Hbito de crescimento das plantas; Durao do ciclo; Velocidade inicial de crescimento; Capacidade de produo de massa vegetal; Sensibilidade ao fotoperodo; Tipo de sistema radicular; Tipo de manejo requerido; Sensibilidade a pragas e doenas; Resistncia ou tolerncia seca e geadas; Composio qumica da massa vegetal produzida; Disponibilidade e custo das sementes; Capacidade de produo de massa vegetal.

  • Copyright Servio Brasileiro de Respostas Tcnicas - SBRT - http://www.sbrt.ibict.br

    9

    5.1 Adaptao s condies locais de cultivo 5.1.1 Exigncias quanto ao clima A temperatura e a distribuio das chuvas exercem forte influncia no estabelecimento e desenvolvimento das plantas a serem usadas como adubo verde. Na regio Sudeste do Brasil,observam-se duas estaes bastante distintas: vero quente e chuvoso, e inverno seco com temperaturas amenas. Desta forma, o vero aparece como um perodo mais propcio ao crescimento dos adubos verdes, enquanto que no inverno essas plantas normalmente apresentam um crescimento mais lento. Em regies de inverno mido, como nos estados do Rio grande do Sul, Santa Catarina e Paran, recomenda-se tambm o cultivo de adubos verdes de inverno, como: a aveia, azevm, nabo forrageiro e ervilhaca. 5.1.2 Exigncias quanto ao solo A maioria das espcies utilizadas para adubao verde so consideradas rsticas,pois geralmente no exigem adubao para o seu plantio e crescem bem em solos pobres. Certas espcies, como o feijo bravo do Cear, o feijo-de-porco e a mucuna preta, so tolerantes a solos mais cidos, ou seja, com pH menor que 5.5. 5.1.3 Comportamento de diferentes espcies em relao s condies de clima e solo Leguminosas adaptadas s baixadas midas: Centrosema Cudzu tropical Leguminosas tolerantes a queimadas: Centrosema Siratro Soja perene Leguminosas adaptadas s condies de frio: Ervilhaca Leguminosas adaptadas s condies de seca: Feijo bravo do cear Feijo mungo Galxia Leguminosas adaptadas s condies de sombreamento: Cudzu tropical Feijo-de-porco Leguminosas adaptadas s condies de baixa fertilidade do solo: Crotalria juncea. Crotalria spectabilis Feijo bravo do cear Feijo-de-porco Feijo guandu Indigfera

  • Copyright Servio Brasileiro de Respostas Tcnicas - SBRT - http://www.sbrt.ibict.br

    10

    5.1.4 Hbito de crescimento das plantas Existem espcies de adubos verdes que apresentam hbitos de crescimento rasteiro, enquanto que outras so de crescimento ereto, existindo ainda espcies de hbito trepador. Por isso, para o planejamento da adubao verde, fundamental conhecer essas caractersticas, de maneira a adequar os adubos verdes ao sistema de manejo. 5.1.5 Durao do ciclo A maioria dos adubos verdes so de ciclo anual, isto , permanecem na lavoura por, no mximo, 1 ano. H espcies que demoram cerca de 75 dias aps o plantio para serem manejadas,como as crotalrias, enquanto que outras precisam de 100 a 150 dias, por exemplo: feijo-de-porco, mucunas, feijo bravo do Cear. Em culturas perenes, como caf e fruteiras, dependendo das condies climticas, espcies como a mucuna podem permanecer na rea durante o perodo de um ano.As espcies semiperenes, como feijo guandu, sobrevivem por um perodo de 2 a 3 anos; j as espcies perenes (cudzu tropical, calopognio, amendoim forrageiro) podem permanecer por 10 anos ou mais numa mesma rea sem necessidade de replantio. Para as reas de explorao mais intensiva, em que o perodo destinado ao cultivo dos adubos verdes curto, deve-se usar espcies de ciclo anual. Em cultivos perenes, a exemplo de pomares, pode-se usar espcies de ciclo perene, dispensando a necessidade de replantio todo o ano. 5.1.6 Velocidade inicial de crescimento As espcies anuais, como as mucunas preta e cinza e a crotolria, possuem rpida velocidade de crescimento, cobrindo plenamente o solo j nos primeiros 45 dias. Dessa forma, a capina normalmente dispensada para espcies que apresentam essa caracterstica. As espcies de ciclo perene, como calopognio, cudzu tropical e siratro, normalmente cobrem o solo a partir dos 90 dias do plantio. Neste caso, necessrio realizar de 1 a 3 capinas para garantir o pleno estabelecimento das espcies na rea. 5.1.7 Capacidade de produo de massa vegetal A capacidade de produo de massa vegetal pelos adubos verdes constitui-se num dos principais parmetros para a escolha da espcie a ser cultivada. Esta caracterstica depende da espcie e de sua adaptao s condies de cultivo. Quanto mais elevada fora produo de massa vegetal, maior ser a quantidade de nutrientes reciclada (recuperada) e incorporada ao solo. Alm disso, os organismos benficos que vivem no solo (minhocas, besouros, fungos, bactrias) so favorecidos pela maior disponibilidade de alimentos. A maior quantidade desses organismos no solo dificulta ou impede a instalao de organismos que causam doenas e outros danos s plantas cultivadas. Quanto proteo do solo contra fatores climticos como chuva e sol, nem sempre as espcies que produzem mais massa vegetal so as mais eficientes, por exemplo: A crotalria produz uma elevada quantidade de massa vegetal, porm o seu hbito de

    crescimento ereto no proporciona uma adequada proteo ao solo; O amendoim forrageiro, que produz menor massa vegetal, por apresentar hbito de

    crescimento rasteiro e um abundante enraizamento nos ramos em contato com o solo,

  • Copyright Servio Brasileiro de Respostas Tcnicas - SBRT - http://www.sbrt.ibict.br

    11

    oferece excelente cobertura e proteo do solo. 5.1.8 Sensibilidade ao fotoperodo (comprimento do dia) Algumas espcies de adubos verdes (por exemplo, a crotalria) so fortemente influenciadas pela durao do dia (nmero de horas entre o nascer e o por do sol). Estas espcies florescem rapidamente quando plantadas em perodos do ano em que o dia mais curto do que a noite (abril a agosto na regio Sudeste). Neste caso, a produo de massa vegetal reduzida, e os benefcios da adubao verde tambm. Portanto, espcies que apresentam esse tipo de comportamento devem ser plantadas somente no vero, entre os meses de setembro e 1 quinzena de fevereiro na regio Sudeste brasileira. 5.1.9 Tipo de sistema radicular Existem espcies de adubos verdes que possuem sistema radicular superficial, como a aveia, e outras apresentam razes vigorosas e profundas, por exemplo, feijo-de-porco, crotalria juncea,leucena. Estas ltimas so indicadas para reas com problema de compactao do solo, com o objetivo de romper as camadas compactadas. Espcies com sistemas radiculares mais profundos permitem uma maior ciclagem (recuperao) de nutrientes arrastados para camadas mais profundas. Alm desse aspecto, quando o cultivo do adubo verde for consorciado com culturas de interesse econmico, a exemplo do consrcio de adubos verdes com fruteiras, deve-se dar preferncia a espcies cujos sistemas radiculares no exploram a mesma camada de solo da fruteira cultivada. Contudo, isso pode ser contornado atravs de um bom manejo do adubo verde, ou seja, nos perodos de maior demanda por gua e nutrientes pela fruteira, os adubos verdes devem ser cortados e deixados sobre o solo. Neste caso, a massa vegetal cortada ir proteger o solo e fornecer nutrientes para a fruteira neste perodo crtico de desenvolvimento. 5.1.10 Tipo de manejo requerido A maioria das espcies de adubos verdes so manejadas atravs de roadas, de gradagens ou camadas com rolo faca. Nesta situao, as espcies anuais (feijo-de-porco, crotalria,mucuna) terminam seu ciclo aps o manejo, e as perenes (calopog6onio, cudzu tropical e amendoim forrageiro) continuam seu desenvolvimento por serem capazes de rebrotar. Algumas espcies arbustivas (feijo guandu, leucena), geralmente so plantadas em faixas para o cultivo de espcies de interesse econmico entre as faixas..Neste caso, os adubos verdes so manejados atravs de podas, sendo a massa vegetal distribuda prximo s plantas de interesse econmico. Estas espcies apresentam uma grande capacidade de rebrota, produzindo nova massa vegetal para futuras adubaes da rea de cultivo. 6 SENSIBILIDADE A PRAGAS E DOENAS Na escolha dos adubos verdes que sero usados na rotao de culturas e, principalmente, no cultivo consorciado com culturas de interesse econmico, deve-se utilizar espcies que no sejam hospedeiras de pragas e doenas que atacam as culturas. Por outro lado, existem adubos verdes, como as crolatrias e mucunas, que so utilizados para o controle de determinadas pragas, por exemplo,os nematides,pois so consideradas ms hospedeiras destes organismos prejudiciais s culturas. Dessa forma, o uso contnuo destes adubos verdes possibilita a reduo dessa praga, ao longo dos anos. 6.1 Resistncia a secas e geadas De posse do conhecimento das caractersticas climticas do local, principalmente quanto

  • Copyright Servio Brasileiro de Respostas Tcnicas - SBRT - http://www.sbrt.ibict.br

    12

    ocorrncia de geadas ou seca, deve-se escolher adubos verdes que sejam resistentes a essas condies. Aveia, ervilhaca e nabo forrageiro so muito resistentes geada. Por outro lado, o feijo bravo do Cear e o feijo guandu so muito resistentes seca, mas no suportam geadas. 6.2 Composio qumica da massa vegetal produzida A porcentagem de nutrientes contidos na massa vegetal dos adubos verdes varia bastante entre as espcies. Quanto maior o teor de nutrientes na massa vegetal, principalmente nitrognio, maior a atratividade pelos microorganismos do solo e, conseqentemente, maior a velocidade de decomposio. Quando o objetivo da adubao verde o fornecimento imediato de nutrientes para a cultura a ser explorada, deve-se utilizar espcies mais ricas em nutrientes (leguminosas). Quando se deseja a manuteno dos restos vegetais por um maior tempo, visando proteo do solo e ao controle do mato, recomenda-se o uso de espcies cuja massa vegetal apresenta menores teores de nutrientes, principalmente o nitrognio (gramneas). Para ao mesmo tempo proteger o solo, controlar o mato e fornecer nutrientes, deve-se fazer o cultivo consorciado de gramneas e leguminosas (aveia + ervilhaca). 6.3 Composio qumica (% de nutrientes) da massa vegetal de algumas espcies usadas para adubao verde Abaixo pode ser visualizada uma tabela com a composio qumica da massa vegetal de algumas espcies usadas para adubao verde (TAB.1)

    Tabela 01: Composio qumica (% de nutrientes) da massa vegetal de algumas espcies usadas para adubao verde

    Composio qumica da massa vegetal (% de nutrientes) Adubo Verde Nitrognio Fsforo Potssio Aveia Amendoim Forrageiro Calopognio Centrosema Crotalria Juncea Feijo-de-porco Feijo Guandu Labe Labe Mucuna An Mucuna Preta

    1,65 3,06 1,56 3,20 3,27 3,19 2,61 5,01 3,10 3,76

    0,10 1,92 0,31 1,82 0,35 0,15 0,14 0,44 0,19 2,13

    1,60 1,57 1,79 1,41 3,14 5,62 2,61 2,43 4,49 1,14

    Fonte: Coleo SENAR 71 6.4 Disponibilidade e custo das sementes Atualmente, a escassez de sementes no mercado e o elevado custo para algumas espcies de adubos verdes (por exemplo, a crotalria custa R$ 5,00 o kg) tm dificultado a adoo desta prtica pelos agricultores. Contudo, uma vez obtidas as primeiras sementes, o produtor deve reservar uma pequena rea para produo prpria de sementes, visto no exigir custos adicionais, que facilita o plantio dos adubos verdes nos prximos cultivos e reduz os custos para a implantao. A partir deste momento, a adubao verde torna-se uma prtica simples e barata. 7 TCNICAS DE PLANTIO Em relao s culturas principais, o plantio de espcies para uso como adubo verde pode

  • Copyright Servio Brasileiro de Respostas Tcnicas - SBRT - http://www.sbrt.ibict.br

    13

    ser feita em rotao, em consrcio, em reas de descanso temporrio e em sucesso. 7.1 Plantio em rotao feito um rodzio com as culturas de interesse econmico, ou seja, em determinadas pocas plantam-se essas culturas e, em outras, plantam-se as espcies que sero usadas como adubo verde. Esse rodzio de espcies na mesma rea permite o controle de determinadas pragas e doenas, aumenta a eficincia de aproveitamento dos adubos pelas culturas, evita a degradao do solo e abafa as ervas invasoras. A rotao de plantios pode ser classificada como: exclusiva de primavera/vero e exclusiva de outono/inverno. 7.2 Rotao exclusiva de primavera/vero A modalidade mais antiga e tradicional de rotao de culturas consiste no plantio das espcies destinadas ao uso como adubo verde entre setembro e janeiro (perodo das chuvas), as quais iro apresentar crescimento durante o vero. As principais vantagens do plantio nessa poca so a elevada produo de massa vegetal e a proteo do solo durante o perodo de maior intensidade de chuvas. A desvantagem a ocupao do solo durante a melhor poca de cultivo das principais culturas. Para solucionar esse problema, recomenda-se a diviso da propriedade em glebas, reservando uma gleba por ano para o plantio dos adubos verdes e as demais para as outras culturas (FIG.2).

    Figura 2: Glebas

    Fonte: Coleo SENAR - 71 7.3 Rotao exclusiva de outono/inverno A rotao exclusiva de outono/inverno a modalidade mais recente, sendo usada principalmente no Sul do Brasil, regio em que grande parte dos solos permanece sem uso durante o inverno, ficando sujeito 1a eroso e a infestao de ervas invasoras. Alm de proteger o solo e controlar as ervas, esse tipo de rotao de plantio tambm apresenta como vantagem a produo de forragem na poca de maior escassez de alimento para o gado. A poca de semeadura das espcies que serviro de adubo verde de maro a junho nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paran, e de fevereiro a abril no estado de So Paulo. Nessas regies geralmente ocorrem chuvas durante o inverno, o que permite o cultivo dos adubos verdes mesmo sem a utilizao de irrigao. Porm, alguns agricultores, utilizam irrigao suplementar em perodos de maior escassez de chuvas.

  • Copyright Servio Brasileiro de Respostas Tcnicas - SBRT - http://www.sbrt.ibict.br

    14

    7.4 Plantio em consrcio A espcie que servir como adubo verde plantada junto com a cultura de interesse econmico. Por isso, necessrio escolher com cuidado a espcie, de modo a evitar a competio por luz, gua e nutrientes, o que traria prejuzo cultura principal. A vantagem do consrcio que as espcies destinadas a servir como adubo verde protegem o solo, abafam as ervas invasoras e enriquecem o solo. O plantio em consrcio pode ser feito tanto com culturas anuais quanto com as perenes. 7.4.1 Consrcio com culturas anuais A semeadura da espcie destinada a servir como adubo verde feita na entrelinha da cultura de interesse econmico, no havendo reduo da rea plantada. Esse sistema utilizado principalmente em pequenas propriedades, em que o solo precisa ser usado de forma intensiva e este consrcio tem como finalidades o controle das ervas, a proteo e adubao do solo. Outras vantagens so: menor variao da temperatura e da umidade do solo, e o ambiente fica adequado ao crescimento de organismos benficos s culturas de valor econmico. Neste caso, a rea est sendo usada com dupla funo: produo de uma cultura que d renda e produo da massa vegetal para a adubao verde. Como exemplo desse tipo de associao, destaca-se a cultura do milho consorciada com o feijo-de-porco. Outra forma o cultivo do milho consorciado com guandu, crotalria,labe labe e as mucunas cinza e preta e, neste caso, as espcies para adubo verde so semeadas entre 30 a 60 dias aps o plantio do milho. 7.4.2 Consrcio com culturas perenes Ao consorciar culturas perenes com espcies que serviro como adubo verde, estas no devem ser muito agressivas, Isto , deve-se evitar o uso de espcies que tenham hbito trepador. O ideal so as espcies que de ciclo perene, com porte baixo e de crescimento rasteiro (por exemplo: calopognio, amendoim forrageiro, cudzu tropical, siratro, soja perene). As principais vantagens so: a proteo do solo contra as chuvas, o controle de ervas, a recuperao de nutrientes que se encontram em camadas profundas e o enriquecimento do solo, principalmente com nitrognio, que um dos nutrientes mais usados pelas plantas. Exemplos dessa modalidade de consrcio so encontrados em pomares e cafezais com as entrelinhas cobertas com diversas espcies destinadas a fazer a adubao verde (FIG.3). As espcies leguminosas anuais, de crescimento determinado, como o feijo-de-porco e a mucuna an tambm so utilizadas para esse fim.

  • Copyright Servio Brasileiro de Respostas Tcnicas - SBRT - http://www.sbrt.ibict.br

    15

    Figura 3: Consrcio com culturas perenes

    Fonte: Coleo SENAR - 71 7.4.3 Consrcio em faixas Nesta modalidade de consrcio, as espcies destinadas a serem adubo verde so plantadas em faixas e o restante da rea permanece cultivado com a cultura principal. O sistema de plantio em faixas ideal para reas declivosas, em que as faixas de adubos verdes atuam na reteno das guas da chuva e, conseqentemente no controle da eroso. Para a formao das faixas, podem ser utilizadas espcies como o feijo guandu e a leucena,que alm de fornecerem massa vegetal para adubar as plantas cultivadas entre as faixas, servem tambm para alimentar o gado. 7.5 Plantio em reas de descanso temporrio Esta modalidade ideal para recuperao de terrenos degradados ou em reas que no so usadas para o cultivo (FIG.4). Espcies como o guandu e a leucena so aconselhveis,pois so bastante rsticas e possuem razes bem desenvolvidas e profundas. Essas plantas podem ser usadas para melhorar o solo e servem tambm para alimentar o gado. Por serem espcies perenes, podem ficar vrios anos na rea.

    Figura 4: Plantio em reas de descanso temporrio Fonte: Coleo SENAR - 71

  • Copyright Servio Brasileiro de Respostas Tcnicas - SBRT - http://www.sbrt.ibict.br

    16

    7.6 Plantio em sucesso Logo aps a colheita da cultura principal, so plantadas as espcies que servem como adubo verde. Na agricultura orgnica, este procedimento importante pois permite aumentar a quantidade de restos vegetais a serem incorporados s reas de cultivo, enriquecendo mais o solo, principalmente com nitrognio, que o nutriente mais caro e mais usado pelas culturas. O exemplo mais prtico desse tipo de adubao verde o plantio das mucunas preta e cinza aps a safra do milho. Para isso, a mucuna deve ser semeada entre 45 e 60 dias aps o plantio do milho, para que tome conta do milharal aps sua colheita, cobrindo o solo e abafando o mato de forma muito eficiente. 8 AQUISIO DAS SEMENTES As sementes das espcies para a adubao verde no so facilmente encontradas nas casas especializadas em produtos agrcolas, devendo ser adquiridas diretamente de representantes das empresas produtoras de sementes. Na regio Sudeste, mais especificamente no estado de So Paulo, e, principalmente, nos estados do Sul do pas (Paran, Santa Catarina,e Rio grande do Sul), onde a prtica da adubao verde mais utilizada, as sementes so mais facilmente encontradas. 8.1 Preparao da rea para o plantio O preparo do solo pode ser feito de forma convencional, ou seja, o terreno arado, gradeado e por ltimo so abertos sulcos para a semeadura das sementes (FIG.5).

    Figura 5: Preparao da rea para o plantio Fonte: Coleo SENAR - 71

    8.2 Quebra da dormncia das sementes As sementes de algumas espcies (por exemplo: calopognio, siratro, cudzu tropical, soja perene) necessitam receber algum tipo de tratamento, antes da semeadura, para germinarem satisfatoriamente, pois apresentam o tegumento resistente penetrao de gua. Para permitir uma adequada absoro de gua pelas sementes dessas espcies, recomenda-se realizar um tratamento a base de cido sulfrico ou gua quente. 8.3 Tratamento das sementes com gua quente Rena os materiais. Semente da leguminosa, recipiente com gua, aquecedor de gs,

    fsforo, papel, luva, basto e peneira. Aquea um pouco de gua em uma vasilha at incio de fervura (+ ou 90 C);

  • Copyright Servio Brasileiro de Respostas Tcnicas - SBRT - http://www.sbrt.ibict.br

    17

    Apague o fogo Retire o recipiente com gua quente do aquecedor Despeje as sementes no recipiente de gua quente Deixe as sementes na gua quente por um perodo de 20 a 30 minutos. Retire a gua das sementes Coloque as sementes para secar em local bem ventilado e protegido do sol Utilize as sementes para plantio somente aps a secagem completa Importante: As sementes que sofreram quebra de dureza devem ser utilizadas para o plantio, no mais podendo ser guardadas. 8.4 Tratamento das sementes com cido sulfrico Rena os materiais. Semente de leguminosa, cido sulfrico, recipiente, basto, luva,

    papel, peneira. Coloque as luvas para proteo Coloque as sementes num recipiente Derrame cido sulfrico concentrado at cobrir as sementes Mexa por 10 minutos com basto Lave o basto em gua corrente Derrame o cido com as sementes em outro recipiente de tamanho maior contendo gua Ateno: A quantidade de gua usada deve ser 5 vezes maior que o volume de cido

    utilizado. O cido com as sementes deve ser derramado na beirada do recipiente com gua, porque pode ocasionar exploso.

    Lave as sementes em gua corrente utilizando uma peneira Mergulhe as sementes tratadas em um recipiente com gua pura por 1 hora. Retire a gua das sementes Coloque as sementes para secar em local bem ventilado e protegido do sol Utilize as sementes para o plantio somente aps a secagem completa 8.5 Inoculao com bactrias fundamental realizar a inoculao das sementes de leguminosas usadas para adubao verde com bactrias que retiram o nitrognio do ar e o incorporam ao solo. Esse procedimento proporciona uma a maior produo de massa vegetal e, conseqentemente, um maior enriquecimento do solo com nutrientes,principalmente nitrognio. O inoculante consiste numa mistura de p de turfa e bactrias especficas para cada espcie de leguminosa. Ateno: Para cada espcie de adubo verde existe um tipo de inoculante prprio. Por isso, o inoculante usado para uma espcie geralmente no serve para outra espcie. O inoculante deve ser guardado em geladeira ou em lugar fresco e protegido do sol, pois o calor excessivo pode provocar a morte das bactrias antes da inoculao. O inoculante encontrado em embalagens de plstico de 100 ou 200g e, antes de uso, deve-se observar sempre a data de vencimento. O modo mais simples de realizar a inoculao das sementes de leguminosas consiste em: Rena os materiais: Sementes da leguminosa, inoculante, recipiente com gua,

    recipiente para inoculao. Coloque as sementes da leguminosa em um recipiente. Umedea as sementes com gua. Ateno: As sementes devem ser umedecidas apenas superficialmente, pois o excesso

    de gua pode dificultar a aderncia do inoculante s sementes e atrasar sua secagem para posterior semeadura.

    Despeje o inoculante sobre as sementes umedecidas Ateno: A quantidade de inoculante usada depende do tamanho das sementes. Um

  • Copyright Servio Brasileiro de Respostas Tcnicas - SBRT - http://www.sbrt.ibict.br

    18

    pacote de inoculante com 100 gramas serve para a inoculao de 10 kg de sementes pequenas (crotalria, calopognio, siratro, ervilhaca, soja perene) e 25 kg de sementes grandes (feijo-de-porco, feijo bravo do Cear, feijo guandu, mucuna cinza e preta, amendoim forrageiro e leucena).

    Agite o recipiente com as sementes e o inoculante. As sementes devem ficar totalmente envolvidas pelo inoculante.

    Deixe as sementes inoculadas secarem em local bem ventilado e protegido do sol. Ateno: A secagem das sementes facilita a semeadura, pois evita o entupimento dos

    equipamentos. Utilize as sementes para o plantio aps sua completa secagem Ateno: As sementes inoculadas devem ser plantadas no mximo no dia seguinte da

    inoculao, caso contrrio devem ser reinoculadas. 8.6 Semeadura dos adubos verdes Antes da semeadura, as sementes de algumas espcies usadas para adubao verde devem ser tratadas, fazendo a quebra de dormncia e/ou inoculao. Geralmente as sementes so distribudas em sulcos, principalmente quando se faz o consrcio com outras culturas e tambm no caso de produo de sementes. O espaamento entre os sulcos e entre as sementes dentro do sulco varia de espcie para espcie e tambm conforme ao objetivo da adubao verde. Para a produo de sementes, o ideal utilizar maior espaamento entre sulcos, e para a elevada produo de massa vegetal, recomenda-se menor espaamento entre sulcos (TAB.2).

    Tabela 2 : Distribuio das sementes na rea a ser cultivada

    Fonte : Srie educativa FETAG- BA

    Os adubos verdes tambm podem ser semeados a lano (distribuio manual das sementes sem um espaamento definido), em reas de pouso (descanso temporrio da terra). Neste caso, as sementes so lanadas ao solo aps a gradagem do terreno, sendo em seguida, levemente enterradas,por meio de uma nova gradagem superficial. Na semeadura a lano, normalmente, se gasta maior quantidade de sementes por rea, alm de dificultar as capinas da fase inicial de estabelecimento dos adubos verdes que apresentam menor velocidade de crescimento, como: calopognio, cudzu tropical e soja

    Espcies de adubo verde

    Profundidade da semeadura (cm)

    Espaos entre sulcos (cm)

    N. de sementes (metro linear)

    Quantidade de sementes (kg/ha.)

    Amendoim Forrageiro 4 50 6 10Aveia 3 20 65 65Calopognio 2 50 40 10Centrosema 3 50 25 6Cudzu Tropical 3 50 15 4Crotalria Juncea 3 25 20 40Ervilhaca 3 20 30 60Feijo-de-porco 5 50 6 150Girassol 4 40 7 35Feijo Guandu 3 50 18 50Labe Labe 3 50 10 50Leucena 3 150 20 8Mucuna An 3 50 7 80Mucuna Preta 3 50 7 70Nabo Forrageiro 3 20 40 20Siratro 3 20 50 4Soja Perene 3 20 50 5

  • Copyright Servio Brasileiro de Respostas Tcnicas - SBRT - http://www.sbrt.ibict.br

    19

    perene. 8.7 Cobrimento das sementes Aps a distribuio no sulco das sementes tratadas, estas devem ser cobertas com uma fina camada de terra, de forma a permitir um adequado contato das sementes com o solo e evitar que pssaros, formigas e outros animais se alimentem das sementes e provoquem falhas na germinao. 9 MANEJO DO ADUBOS VERDES Os adubos verdes podem ser manejados de diversas formas. Quando a finalidade o controle das ervas espontneas e a proteo do solo, os adubos verdes so geralmente tombados e deixados na superfcie do solo. Para o rpido fornecimento de nutrientes para a cultura explorada na rea ocupada pelos adubos verdes, recomenda-se a incorporao ao solo da massa vegetal produzida pelos adubos verdes. 9.1 Controle das ervas espontneas Para o rpido e adequado estabelecimento dos adubos verdes, nos primeiros 45 dias aps a semeadura, deve-se fazer o controle do mato nas entrelinhas dos adubos verdes, atravs de capinas manuais ou mecnicas. Aps esse perodo, a cobertura do solo pela massa vegetal produzida pelos adubos verdes impede o desenvolvimento das ervas presentes na rea. 9.2 Corte da massa vegetal A melhor poca de cortar os adubos verdes na plena florao, porque as plantas apresentam maior produo de massa vegetal e estoque de nutrientes. O modo como os adubos verdes so cortados, depende principalmente do tamanho da rea. Em pequenas reas, o corte dos adubos verdes pode ser feito com uma roada manual com foice, deixando o adubo verde na superfcie do solo como cobertura morta. Para reas maiores, podem ser usados diferentes equipamentos. O rolo-faca um dos equipamentos mais usados, porque alm de cortar a massa vegetal, tem a funo de acam-la sobre o solo. Existem vrios modelos de rolo-faca, sendo que alguns so puxados trao animal. Nas reas maiores, pode ainda ser usada a roadeira ou grade de discos, que so puxados a trator. 9.3 Incorporao dos restos vegetais H tempo vem sendo discutido se os adubos verdes devem ser incorporados ou apenas mantidos na superfcie do solo. A manuteno sobre o solo ou o enterrio da massa vegetal depende se o agricultor possui os equipamentos disponveis, das exigncias de mo-de-obra, da facilidade nas prticas seguintes e controle de ervas espontneas. A principal forma de enterrio atravs do arado fuador de p larga puxado por trao anima, ou por arado de discos puxado pelo trator. Para os adubos verdes que produzem grande quantidade de massa vegetal, o enterrio realizado na florao torna-se muito difcil,principalmente quando feito por trao animal, pois a elevada quantidade de massa vegetal dificulta a penetrao do arado no solo. Nesse

  • Copyright Servio Brasileiro de Respostas Tcnicas - SBRT - http://www.sbrt.ibict.br

    20

    caso, os agricultores costumam enterrar os adubos verdes antes de atingir a florao. Ateno: O ideal que os restos vegetais permaneam na superfcie do solo sem serem enterrados, pois iro apodrecer mais lentamente, proporcionando maior proteo ao solo contra chuva e sol. Os adubos verdes quando cultivados nas entrelinhas de fruteiras podem ser amontoados na projeo da copa das plantas (regio com maior quantidade e razes), visando uma melhor nutrio das plantas. Alm disso, ajudam a controlar as ervas espontneas da lavoura. Concluso Esse dossi busca aperfeioar os procedimentos das tcnicas para a execuo de operaes no trato e manejo das principais espcies utilizadas como lastro verde, na contribuio para prticas ecologicamente apropriadas na preservao do meio ambiente. Referncias CALEGARI, A. et ai. Adubao verde no sul do Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: AS-PTA. 1992.346p. DE FREITAS, Gilberto Bernardo; Perin, Adriano. COLEO SENAR - Trabalhador na olericultura bsica, N. 71, ed. 2003. Disponvel em: ESPNDOLA, J. A. A.; GUERRA, J. G. M.; ALMEIDA, D. L. Adubao verde: estratgia para uma agricultura sustentvel. Seropdica: Embrapa Agrobiologia. 1997. 20p. (Srie Documentos, 42). MEIRELES, Fbio. SRIE EDUCATIVA FETAG-BA, Projeto viver o campo, ed. 2003. MONEGAT, C. Plantas de cobertura do solo: caractersticas e manejo em pequenas propriedades. Chapec. SC: ed. do autor. 1991. 337p. PERN, A. Avaliao do potencial produtivo de leguminosas herbceas perenes e seus efeitos sobre alguns atributos fsicos do solo. Seropdica, 2001. 105 f. Dissertao (Mestrado em Agronomia - Cincia do Solo). Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. SANTOS, Ricardo Henrique Silva. AGROECOLOGIA HOJE. Adubos Verdes - l. v. 2. n. 14. maio/jun. 2002. Brochura, Editora: Agroecolgica. Disponvel em: URQUIAGA. S.; ZAPATA, F. Manejo eficiente de la fertilizacin nitrogenada de cultivos anuales en Amrica Latina y el Caribe. Porto Alegre: Gnesis; Rio de Janeiro: Embrapa Agrobiologia. 2000.110p. Nome do tcnico responsvel Ivo Pessoa Neves Nome da Instituio do SBRT responsvel Rede de Tecnologia da Bahia RETEC/BA Data de finalizao 31 maio 2007