Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 8 • nº1507

Curral de Dentro

Adriano Lira Campos protagonismo juvenil no Sertão mineiro

Adriano Lira Campos de 25 anos nasceu e mora na comunidade Gentio em Curral de Dentro no Norte de Minas Gerais e desde os nove anos mora com os avós maternos (Dona Júlia e Seu Idalino) por quem tem muito carinho e gratidão. Adriano tem o ensino médio completo e nunca quis sair de sua comunidade porque pra ele apesar das dificuldades de viver no campo essa ainda é a melhor opção. “Eu venho de uma família de agricultores e agricultoras então a terra é tudo pra mim é onde você pode plantar e ver a vida surgir. Minha família vive da terra. Pra eu sair do campo vai ter que ter um motivo muito forte e não falo só de salário, porque não existe salário bom pra uma coisa que você não gosta de fazer. Pra trabalhar no campo é preciso coragem.”

O amor à terra é tão grande que sempre que pode Adriano participa de intercâmbios, cursos e seminários sobre Agroecologia pensando em aprimorar seus conhecimentos para lidar melhor com a terra. Para ele foi grande a alegria de ter participado do terceiro Encontro Nacional da Agroecologia-ENA em Juazeiro da Bahia: “foi um sonho que se realizou sem eu ter sonhado. Foi muito bom, além de conhecer pessoas novas, outros lugares, você conhece também trabalhos novos e troca experiências com tanta gente.” Sobre sua comunidade que tem aproximadamente 50 famílias Adriano diz que apesar das coisas terem sido mais difíceis antigamente ainda hoje há um forte índice de migração, devido também não haver política pública para o jovem do campo. Mas pontua que a

comunidade está em d e s e n v o l v i m e n t o . S e u Andreci, pai de Adriano confirma a fala do filho e diz que já chegou andar a pé da comunidade até a sede do município pra buscar o que fosse preciso. “Lutei muito. Mas hoje está melhor. Se a água não fosse pouca, dava pra produzir

muito mais. A gente só não pode é parar, estando com saúde tem que lutar.”

Outubro/2014

Adriano Lira Campos

Adriano com a sua família

Quintal produtivo dos pais de Adriano

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Minas Gerais

E Adriano complementa “obstáculos todo mundo tem, então se você for abaixar a cabeça, você pode tá jogando fora os seus sonhos.” Desde mais novo Adriano é muito engajado e interage ativamente na comunidade e na associação comunitária da qual a sua mãe dona Maria Amélia é presidente e ela foi escolhida pela comunidade sem mesmo ter se candidatado, conta orgulhoso. “Quando você faz uma coisa que você gosta as coisas não ficam tão difíceis, você não mede as consequências. O trabalho comunitário é bom. Da união nasce a força. O coletivo é bem mais forte que o individualismo. Aprendi com a minha mãe que ser feliz é poder ser útil.” A ligação de Adriano com a terra vem mesmo de família,

pois seus avós maternos também contam que nunca saíram do campo e reafirmam esse amor: “Eu quero ficar na roça até o fim da vida. Olha meu filho eu só vou na cidade quando é preciso, muito preciso. Foi com a força do braço que Deus me deu a licença e eu pude adquirir esse pedaço de terra. Eu adoeço se eu ficar parado, faço um cerca aqui, uma rocinha ali. E Adriano vai pro mesmo caminho” diz seu Idalino. Dona Maria Amélia conta que Adriano, o mais velho dos quatro filhos (Alex, Adinéia e Neidiane) sempre foi muito sossegado, nunca deu trabalho e era um ótimo aluno: “Adriano sempre gostou de lidar com a terra e não mexe mais porque a região está escassa de água. Ele e os meus outros filhos e o meu casal de netinhos são meu orgulho.” Esse sentimento de amor

e união é muito forte e visível na família desse jovem que valoriza as tradições e raízes rurais. Dona Amélia que é filha única conta que desde pequeno Adriano era muito apegado aos avós (pais dela) e que um dia ele foi morar com eles e nunca mais quis voltar. Seu Idalino diz ter Adriano como neto, filho e afilhado e conta satisfeito “até hoje graças a Deus ele nunca trouxe nada de errado pra dentro de casa e é muito trabalhador.” Já a avó Dona Júlia, afirma “eu quero que Adriano fique aqui comigo pra sempre, mesmo se ele chegar a casar. Se ele não quiser ficar na mesma casa ele pode construir aqui pertinho. Muito longe não.” Agradecido, Adriano diz: “Minha família e meus avós pra mim representam além do respeito, uma segunda vida. Eles são tudo pra mim e são responsáveis por onde eu estou hoje”.

Realização Apoio

Adriano e seus avós Dona Júlia e Seu Idalino

Seu Idalino no pomar

A alegria contagiante de Dona Júlia