adriana da silva, adriana ferreira, alvaro alan, anajara, andreia, catia augusta
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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUÍZ(A) DE
DIREITO DA _ VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE
SALVADOR – BA
ADRIANA DA SILVA SANTOS, brasileira, solteira, servidora pública
municipal, inscrita no CPF sob o n. 810.177.665-68, portadora do RG
n. 08.284.947-11, filha de Antonio Monteiro Santos Filho e Eliana
Marques da Silva, residente e domiciliada na Rua 15 de Novembro, nº
306 AP. 01, Pirajá, Salvador/BA; ADRIANA FERREIRA MOTA,
brasileira, solteira, servidora pública municipal, inscrita no CPF sob o
n. 917.996.865-15, portadora do RG n. 06.821.816-84, filha de
Ubiratan Conceição Mota e Garcia Ferreira Mota, residente e
domiciliada na 1º avenida Paulo Afonso, nº 1, , Pernambués,
Salvador/BA; ALVARO ALAN DE ALMEIDA TELES, brasileiro,
solteiro, servidor público municipal, inscrito no CPF sob o n.
824.673.585-34, portador do RG n. 08.783.308-58, filho de Maria
Angélica de Almeida Teles, residente e domiciliado no conjunto
residencial Vista da Baia, Rua 69 Q C, Pirajá, Salvador/BA; ANAJARA
NASCIMENTO TAVARES, brasileira, solteira, servidora pública
municipal, inscrita no CPF sob o n. 015.302.475-51, portadora do RG
n. 08.541.782-36, filha de Gerson Nascimento Tavares e Anajara
Souza Nascimento, residente e domiciliada na Travessa Baixão , nº
Av. Tancredo Neves, Ed. Mundo Plaza, nº 620, salas 1114/1115 - C. das Árvores- CEP 41820-020- Salvador-BA
Email: [email protected]
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57, Luis Anselmo, Salvador/BA; ANDERSON DA SILVA BORGES,
brasileiro, Casado, servidor público municipal, inscrito no CPF sob o
n. 974.102.175-53, portador do RG n. 07.960.842-62, filho de Dilcea
da Silva Borges, residente e domiciliado na Rua Baixa do Santo
Antônio, nº 213, CA FU, São Gonçalo, Salvador/BA; ANDREIA
SAMPAIO PEREIRA, brasileira, solteira, servidora pública
municipal, inscrita no CPF sob o n. 903.610.325-87, portadora do RG
n. 05.080.111-24, filha de Lázaro Pereira e Valdelice Sampaio Pereira,
residente e domiciliada no BC do Limão, nº 19, Pau Miudo,
Salvador/BA; CÁTIA AUGUSTA VELOSO, brasileira, solteira,
servidora pública municipal, inscrita no CPF sob o n. 955.093.135-87,
portadora do RG n. 07.239.348-35, filha de Irenio Pereira Veloso e
Julimar Augusta Veloso, residente e domiciliada na Rua Primeiro de
Maio, nº 40, primeiro andar, Pernambués, Salvador/BA, vem perante
Vossa Excelência, por meio dos seus advogados, infrafirmados,
constituídos mediante o instrumento de procuração anexo (doc. 01),
com endereço para intimações na Av. Tancredo Neves, Ed. Mundo
Plaza, nº 620, sala 1114/1115 - C. das Árvores- CEP 41820-020-
Salvador-BA, promover a presente
AÇÃO ORDINÁRIA DE COBRANÇA
em face do MUNICÍPIO DE SALVADOR, pessoa jurídica de direito
público, por seu representante legal, com sede na Prefeitura
Municipal, situada nesta cidade, Praça Municipal, s/no – Palácio Tomé
de Souza, Centro, pelos fatos e argumentos que seguem:
DA JUSTIÇA GRATUITA
Inicialmente, requer os benefícios da Justiça Gratuita, nos termos da
Lei Federal n. 1.060/50, por ser economicamente hipossuficiente, não
podendo arcar com as custas processuais sem prejuízo da própria
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subsistência e de sua família, especialmente por se tratar de ação
pleiteando verbas destinadas a garantir a sua sobrevivência material.
DAS QUESTÕES FÁTICAS E JURÍDICAS QUE PRECEDEM A
PRESENTE DEMANDA
A parte Autora exerce o cargo de Agente de Combate às Endemias
do município de Salvador, conforme se depreende de seus
contracheques em anexo.
Ab initio, cumpre tecer breves comentários acerca das circunstâncias
fáticas que desaguaram na presente lide.
Os Agentes Comunitários de Saúde e os Agentes de Combate às
Endemias foram contratados, inicialmente em regime precário, para
atender à necessidade estatal de funcionários que efetivassem o
Programa de Saúde da Família, instituído em 1994 pelo Governo
Federal, através do Ministério da Saúde.
O Programa Saúde da Família representa mudança do paradigma de
atendimento à saúde do cidadão, focando a atuação especializada na
unidade familiar, na saúde preventiva; em detrimento do modelo
médico/hospitalar de atuação curativa, historicamente preconizado.
O Programa Saúde da Família (PSF) funciona através do repasse de
verbas da União ao Município, sendo este o ente federativo ideal para
organizar e direcionar a atuação dos Agentes, dentro de suas próprias
comunidades. O PSF nasceu, entretanto, como programa de governo,
por opção política do governo federal a época, de modo que as
contratações foram inicialmente em caráter precário.
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Ocorre que, desde no primeiro governo Lula, o PSF não somente foi
mantido, como, em 2003, em seu primeiro ano de gestão, foi
sensivelmente expandido. Tal expansão transformou definitivamente o
PSF, de programa de governo, em programa do Estado Brasileiro,
culminando com a aprovação da Emenda Constitucional 51/2006, que
tratou de incorporar aos quadros do serviço público permanente, os
cargos de Agente de Combate às Endemias e Agente Comunitário de
Saúde.
Cumpre colacionar o texto atual do artigo 198, §4o da Constituição
Federal:
Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram
uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um
sistema único, organizado de acordo com as seguintes
diretrizes:
(...)
§ 4º Os gestores locais do sistema único de saúde
poderão admitir agentes comunitários de saúde e
agentes de combate às endemias por meio de processo
seletivo público, de acordo com a natureza e
complexidade de suas atribuições e requisitos
específicos para sua atuação. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 51, de 2006)
§ 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico e a
regulamentação das atividades de agente comunitário de
saúde e agente de combate às endemias. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 51, de 2006) (Vide Medida
provisória nº 297. de 2006)
§ 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico, o piso
salarial profissional nacional, as diretrizes para os
Planos de Carreira e a regulamentação das atividades de
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agente comunitário de saúde e agente de combate às
endemias, competindo à União, nos termos da lei,
prestar assistência financeira complementar aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, para o
cumprimento do referido piso salarial. (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 63, de
2010) Regulamento
§ 6º Além das hipóteses previstas no § 1º do art. 41 e no
§ 4º do art. 169 da Constituição Federal, o servidor que
exerça funções equivalentes às de agente comunitário de
saúde ou de agente de combate às endemias poderá
perder o cargo em caso de descumprimento dos
requisitos específicos, fixados em lei, para o seu
exercício. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 51,
de 2006)
E também o texto original da Emenda Constitucional:
Art. 1º O art. 198 da Constituição Federal passa a
vigorar acrescido dos seguintes §§ 4º, 5º e 6º:
"Art. 198. ........................................................
........................................................................
§ 4º Os gestores locais do sistema único de
saúde poderão admitir agentes comunitários de saúde e
agentes de combate às endemias por meio de processo
seletivo público, de acordo com a natureza e
complexidade de suas atribuições e requisitos
específicos para sua atuação.
§ 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico e a
regulamentação das atividades de agente comunitário de
saúde e agente de combate às endemias.
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§ 6º Além das hipóteses previstas no § 1º do art. 41 e no
§ 4º do art. 169 da Constituição Federal, o servidor que
exerça funções equivalentes às de agente comunitário de
saúde ou de agente de combate às endemias poderá
perder o cargo em caso de descumprimento dos
requisitos específicos, fixados em lei, para o seu
exercício." (NR)
Art. 2º Após a promulgação da presente Emenda
Constitucional, os agentes comunitários de saúde e
os agentes de combate às endemias somente
poderão ser contratados diretamente pelos
Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios
na forma do § 4º do art. 198 da Constituição
Federal, observado o limite de gasto estabelecido
na Lei Complementar de que trata o art. 169 da
Constituição Federal.
Parágrafo único. Os profissionais que, na data de
promulgação desta Emenda e a qualquer título,
desempenharem as atividades de agente
comunitário de saúde ou de agente de combate às
endemias, na forma da lei, ficam dispensados de se
submeter ao processo seletivo público a que se
refere o § 4º do art. 198 da Constituição Federal,
desde que tenham sido contratados a partir de
anterior processo de Seleção Pública efetuado por
órgãos ou entes da administração direta ou
indireta de Estado, Distrito Federal ou Município
ou por outras instituições com a efetiva supervisão
e autorização da administração direta dos entes da
federação.
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Art. 3º Esta Emenda Constitucional entra em vigor na
data da sua publicação.
Depreende-se da análise dos textos Constitucionais postos: (i) que a
reforma operada incorporou definitivamente aos quadros da
administração pública o cargo de agente de endemias, prevendo lei
federal que necessariamente trataria da disciplina jurídica aplicável a
estes agentes, bem como fixou o modelo de repasses que já ocorria,
em que a União assiste os demais entes federativos no custeio do piso
salarial da categoria; (ii) que a contratação destes agentes passou a
ser, como sempre deveria ter sido, necessariamente realizada
diretamente pelo ente público específico, através de concurso público,
dada a imperiosa natureza de servidores estatutários atribuída à
categoria; (iii) que os agentes de saúde em atividade que ingressaram
através de processo de seleção pública devidamente fiscalizado não
teriam que realizar novo exame de seleção.
Por oportuno, destaca-se que a parte autora é Agente de Combate às
Endemias/Comunitário de Saúde que passou por processo de seleção
público municipal devidamente fiscalizado. Fez jus, pois, á
transmudação para o regime estatutário, conforme decreto em anexo.
No âmbito normativo federal, veio então a lei 11.350/2006, que
regulamentou a profissão de Agente Comunitário de Saúde e Agente
de Combate às Endemias em todo território nacional, bem como
ratificou a sua vinculação à administração direta e a “incorporação”
daqueles agentes em atuação quando da vigência da lei.
Ainda que com toda mudança de cenário no âmbito federal, inclusive
com a existência de emenda constitucional, nenhuma alteração
verificou-se, no curto período de tempo, no Município de Salvador.
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É que, desde a instituição do PSF, quando ainda costumava ser
precária a contratação dos referidos agentes, os Municípios – e
Salvador não fugiu à regra – buscaram impedir a caracterização de
qualquer espécie de vinculação entre tais agentes e a administração,
contratado ilicitamente por terceiro intermediário. Esta
municipalidade cometeu diversos destes ilícitos, figurando inclusive
como ré em diversas ações e tendo assinado um Termo de
Ajustamento de Conduta, juntamente com a Real Sociedade
Espanhola, com o Ministério Público Federal.
A luta pela desprecarização das relações de trabalho dos agentes de
saúde e de endemias, no município de Salvador, ainda manteve-se
alheia a uma atuação mais contundente da administração
soteropolitana, até que, em 20 de Janeiro de 2011, foi publicada no
diário oficial a Lei 7.955, que finalmente alterou o regime jurídico dos
Agentes Comunitários em destaque, criando cargos na administração
municipal e conferindo àqueles abarcados pela emenda constitucional
supra a possibilidade de optarem pelo regime jurídico estatutário.
Vale destacar que a Parte Autora optou pelo regime de servidor
estatutário, conforme se depreende de sua documentação em anexo.
Os agentes, logicamente, foram vinculados, dentro da administração,
já enquanto servidores estatutários, à Secretaria de Saúde. A lei
7.955/2011 citada acima procedeu inclusive com diversas alterações
na lei 7.967/2010, que trata dos planos de cargos e salários Grupo
Ocupacional dos Profissionais de Saúde e, desde a publicação daquela
lei, também do Grupo de Agentes de Saúde. Tudo isto conforme se
verifica dos referidos instrumentos normativos.
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Todavia, aparentemente mantendo tradição municipal de não
dispensar o tratamento ideal e juridicamente acertado aos Agentes
Comunitários de Saúde e aos Agentes de Combate às Endemias, seja
pela desatenção ao regime administrativo correto de outrora, seja
pela desatenção aos valores adimplidos a título de vencimentos
destes, ao arrepio dos ditames constitucionais; a Lei 7.955/2011, em
seu artigo 15˚, trouxe a seguinte hipótese:
Art. 15 Os servidores investidos nos cargos de Agente
Comunitário de Saúde e Agente de Combate às
Endemias, tanto em decorrência da opção pela mudança
no regime laboral quando de investidura originária pela
aprovação em concurso público, somente farão jus à
percepção de quaisquer vantagens remuneratórias
advindas da presente alteração do regime jurídico,
a partir de junho de 2012, desde que respeitados os
limites da Lei de Responsabilidade Fiscal.
Parágrafo Único: Até que sejam implementadas as
condições referidas no caput, os servidores ocupantes
dos cargos criados pela presente Lei serão remunerados
unicamente com o vencimento básico, em valor
correspondente ao salário base atual, e desde que
preenchidos os pressupostos legais ao adicional de
insalubridade, com auxílio-alimentação e com auxílio-
transporte.
(grifou-se)
O objeto da presente lide, em resumo, diz respeito ao artigo acima e
aos inconstitucionais efeitos decorrentes destes; tudo aquilo que se
busca reparar.
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A previsão de um lapso temporal, pelo artigo supra, no qual o
tratamento dado aos Agentes Comunitários de Saúde e Agentes de
Combate às Endemias, servidores estatutários, difere daquele
dispensado a todos os outros servidores municipais e principalmente
de saúde, representa uma violência desarrazoada. Por outra via, a
negação de direitos remuneratórios reconhecidos pelo próprio
instrumento normativo não guarda motivação lógica, ou idônea a
ensejar tamanha restrição.
A parte Autora, pois, não encontra ao seu dispor alternativa senão
ingressar com a presente ação, eis que, mais uma vez, vislumbra seu
direito, enquanto Agente Comunitária de Saúde/ Agente de Combate
às Endemias, violado.
DAS RAZÕES JURÍDICAS DA PRESENTE DEMANDA – DA
INCONSTITUCIONALIDADE DO ARTIGO 15 DA LEI 7.955/2011
E DO DIREITO À REMUNERAÇÃO LEGAL
Como dito acima, o cerne desta demanda repousa no artigo 15 da
referida lei. Entende-se, e parece ser bastante claro, que a norma
extraída do referido texto afasta-se dos preceitos Constitucionais
postos, sejam os estaduais ou os federais; padecendo, pois, de vício de
inconstitucionalidade e representando empecilho à parte Autora, que
pretende, por esta via, perceber os valores que entende devidos.
Observe-se que, nesta linha, questão prejudicial para a análise do
mérito da presente demanda, que é, de forma imediata, a cobrança
das vantagens remuneratórias devidas pelo Município de Salvador à
parte Autora em razão de sua condição de servidor estatutário, é a
declaração incidental da inconstitucionalidade do referido artigo.
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É pacífico o entendimento de que, no nosso sistema constitucional de
controle de constitucionalidade, híbrido, em atenção à previsão de
controle difuso de constitucionalidade; qualquer julgador, em
qualquer grau de jurisdição, pode declarar a inconstitucionalidade de
dispositivo objurgado. Não custa trazer lição de Gilmar Mendes:
O modelo de controle difuso adotado pelo sistema
brasileiro permite que qualquer juiz ou tribunal
declare a inconstitucionalidade de leis ou atos
normativos, não havendo restrição quanto ao tipo de
processo. Tal como no modelo norte-americano, há
um amplo poder conferido aos juízes para o
exercício do controle da constitucionalidade dos
atos do poder público. (MENDES, Gilmar Ferreira;
O Controle da Constitucionalidade no Brasil.
Repositório de Artigos do Supremo Tribunal
Federal. Disponível em:
<http://www.stf.jus.br/repositorio/cms/portalStfInternacional/portalS
tfAgenda_pt_br/anexo/
Controle_de_Constitucionalidade_v__Port1.pdf> Acesso em 13 de
Novembro de 2013.
Nesta linha, é que se requer, desde já, que este magistrado, atento às
normas Constitucionais, declare a Inconstitucionalidade do presente
artigo, que impede a Parte Autora de receber o que lhe é de direito.
Expor-se-á as razões.
É flagrante a afronta do artigo 15 da Lei 7.995/2011 à isonomia, sob
dois aspectos: (I), pois inconstitucional (anti-isonômica), a escolha do
fator “tempo” como discrímen para diferenciar a situações
exatamente iguais da parte Autora, em que já lhe foi atribuído,
mediante sua escolha, a condição de servidor estatutário, mas que,
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absurdamente, não lhe foram concedidos seus direitos remuneratórios
(gratificações); (II) pois inconstitucional (anti-isonômica), eis que
ausente motivação racional/jurídica, a diferenciação apregoada pelo
artigo entre os Agentes Comunitários de Saúde/Agentes de Combates
a E’ndemias e os outros servidores da saúde do município, todos
estatutários, todos regidos pelas mesmas leis, na qual aos primeiros
foi tolhido o direito à percepção de vencimentos para além dos
básicos, enquanto aos outros nada ocorreu.
Veja-se que não se invocaria aqui de forma leviana ou temerária a
inconstitucionalidade do presente artigo, ainda que, flagrantemente,
este se mostre contrário a qualquer senso de racionalidade jurídica ou
razão de ser. Por isto, lastreia-se a presente pretensão, em especial,
nos ensinamentos do Mestre Celso Antônio Bandeira de Mello que,
arrisca-se dizer, foi quem mais profundamente tratou do tema da
isonomia em sua obra: O Conteúdo Jurídico do Princípio da Igualdade.
Dentre os aspectos destacados acima, comecemos pelo primeiro.
O fator tempo não poderia ser erigido, principalmente na forma
desacautelada em que foi, como elemento diferenciador entre duas
situações exatamente iguais, sendo usado, por si, para impedir que a
Parte Autora, enquanto Agente Comunitária de Saúde/de Combate às
Endemias, percebesse os vencimentos que o próprio instrumento
normativo – a lei 7.955/2011 – reconheceu como devidos, decorrência
lógica de sua condição de servidor estatutário vinculado à Secretaria
de Saúde. É que, como diz o próprio Celso Antônio, “fator objetivo
nenhum pode ser escolhido aleatoriamente, isto é, sem pertinência
lógica com a diferenciação procedida”.1
1 MELLO, Celso Antonio Bandeira de. O Conteúdo Jurídico do Princípio da Igualdade, 3a Edição, São Paulo, Editora Malheiros, 2008.
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“In casu, o “tempo”, conclamando na parte do texto da lei: “ a partir
de junho de 2012” (lembremos que a lei 7.995/2011 fora publicada em
20 de Janeiro de 2011 e os Agentes tiveram 120 dias para optar pela
mudança de regime) é elemento chave para a diferenciação exercida
pela lei entre duas situações: (1) aquela anterior, em que a Parte
Autora, já optante pela regime estatutário, não percebeu as vantagens
decorres da lei – e logicamente de sua condição de servidor vinculado
à Secretaria de Saúde; e (2) aquela posterior a junho de 2012, em
que, a Parte Autora, mediante sua condição de servidor (que se
obervava desde o primeiro momento) passaria a fazer jus aos direitos
remuneratórios de forma ampla. Duas situações, como se vê,
exatamente iguais e, portanto, que não podiam ser desequiparadas.
O mestre Celso Antônio elucida com precisão:
“Em outras palavras: um fator neutro em relação às
situações, coisas ou pessoas diferenciadas é
inidôneo para distingui-las.
(...)
O asserto ora feito – que pode parecer senão óbvio,
quando menos, despiciendo – tem razão de ser.
Ocorre que o fator “tempo”, assaz de vezes, é
tomado como critério de discrímem sem fomento
jurídico satisfatório, por desrespeitar a limitação ora
indicada.
Esta consideração postremeira é indispensável para
aplainar de lés a lés possíveis dúvidas.
O fator tempo não é jamais um critério
diferencial, ainda que em primeiro relanço
aparente possuir este caráter.” (MELLO, Celso
Antônio Bandeira de. Conteúdo Jurídico do Princípio
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da Igualdade, 3. ed., São Paulo, 2008, Malheiros,
pag. 30.
É exatamente a hipótese na espécie, em que, através do fator
“tempo”, busca-se criar situações distintas, e fazer com que a Parte
Autora, servidor estatutário da saúde, não receba as gratificações
advindas desta situação. O que se destaca é que, incrivelmente,
ao arrepio do preceito isonômico, o referido fator “tempo” foi
erigido por si, alheio a qualquer justificação jurídica, como se
jurídico fosse simplesmente impor prazo em que os servidores
municipais não receberiam os direitos decorrentes desta
condição.
O próprio Celso Antônio conclui na exata linha do ora avençado:
“Em conclusão: o tempo, só por só, é elemento
neutro, condição do pensamento humano e por
sua neutralidade absoluta, a dizer, porque nada
diferencia os seres ou situações, jamais pode
ser tomado como o fato em que se assenta
algum tratamento jurídico desuniforme, sob
pena de violência à regra da isonomia.
(...)
Sintetizando: aquilo que é, em absoluto rigor
lógico, necessária e irrefragavelmente igual
para todos não pode ser tomado como fator de
diferenciação, pena de hostilizar o princípio
isonômico. Diversamente, aquilo que é
diferenciável, que é, por algum traço ou
aspecto, desigual, pode ser diferenciado,
fazendo-se remissão á existência ou à sucessão
daquilo que dessemelhou as situações.”.
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(MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Conteúdo
Jurídico do Princípio da Igualdade, 3. ed., São Paulo,
2008, Malheiros, pag. 32.)
Como dito, não há razão lógica para proceder com a distinção entre as
situações. Nem com o maior esforço interpretativo, este ilustre
Magistrado, ou Ente Municipal em sua defesa, podem desvelar tal
razão; que decerto inexiste. O lapso temporal de 18 (dezoito) meses
imposto à Parte Autora, no qual não foi percebido direito
remuneratório algum que não o salário base (somado ao adicional de
insalubridade e os auxílios refeição e transporte), não tem respaldo
em ponto jurídico ou motivação razoável e adveio simplesmente da
“vontade” da municipalidade em não adimplir com suas obrigações,
de não pagar os valores devidos a um servidor.
Observe que, na esteira da lição de Celso Antônio, de sutil intelecção,
resta demonstrado que, com a inexistência de diferença fática ou
jurídica plausível no momento referente a Fevereiro de 2011, quando
a Parte Autora já sob o regime estatutário não percebia os direitos
decorrentes de sua situação; e o momento referente a Julho de 2012,
quando a Parte Autora, servidor nos mesmos moldes, passou a
perceber os direitos remuneratórios relativos à sua vinculação com o
Município de Salvador; há, com no artigo 15 da Lei 7.955/2011,
violência frontal à isonomia.
E “nem poderia ser de outro modo, pois as diferenças de
tratamento só se justificam perante fatos e situações
diferentes. Ora, o tempo não está nos fatos ou nos
acontecimentos; logo, sob este ângulo, fatos e acontecimentos
em nada se diferenciam .” (Idem. Pag. 33). Deste modo, tem-se que
o fator “tempo”, na forma como posto para diferenciar situações
semelhantes (servidor estatutário que faz jus às gratificações
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inerentes a todos os servidores da saúde nas condições postas) foi
erroneamente empregado.
Toda esta elucubração jurídica deságua na inconstitucionalidade que,
não custa afirmar, também pode ser vista através de uma simples
análise obtida pelas regras da experiência . Faz sentido estabelecer
um período no qual a Parte Autora, enquanto servidor público
estatutário ligado à administração municipal, não receberá benefícios
que se sabe (e a própria lei assume) fazer direito? É consonante com a
Constituição o estabelecimento de prazo em que, vinculada à
administração, a Parte Autora não perceberá “quaisquer vantagens
remuneratórias” e terá subtraído, portanto, seus direitos salariais?
Sabe-se que não. É manifesta, pois a antijuridicidade da norma em
comento.
Nesta linha, pode-se concluir que o artigo 15 da Lei 7.955/2011, ao
adiar a percepção dos direitos remuneratórios da Parte Autora, viola
frontalmente o princípio da isonomia, corolário do sistema jurídico,
posto na Constituição Federal e na Constituição do Estado da Bahia;
ao passo em que já há fundamentação suficiente para o afastamento
de sua incidência.
Por outra via, em atenção ao segundo aspecto já citado, também não
resiste o citado artigo 15 da Lei 7.995/2011 a uma análise posterior,
em que se avalia a correlação lógica entre o fator de discrímen e a
desequiparação procedida entre a Parte Autora e os outros servidores
municipais.
Com a lei 7.955/2011 e a opção da Parte Autora pelo regime
estatutário, houve a integração deste ao quadro dos profissionais de
saúde, segundo dispõe o artigo 3o da referida lei, in verbis:
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Art. 3o Os Agentes Comunitários de Saúde e
Agentes de Combate às Endemias passam a
integrar, no que couber, o Plano de Cargos e
Vencimentos do Profissionais da Saúde da Prefeitura
Municipal do Salvador, instituído pela Lei
7.887/2010.
A própria lei 7.867/2010, que regulamenta o plano de cargos e
vencimentos dos profissionais da saúde de Salvador, foi alterada pelo
instrumento normativo posto acima e passou expressamente a incluir
em sua disciplina os Agentes de Saúde e Endemias, inclusive em seu
artigo 27, que passou a figurar da seguinte maneira:
Art. 27: O profissional de saúde e os integrantes do
Grupo de Agentes de Saúde ocupantes de cargo
efetivo poderão perceber, além do vencimento,
observadas as peculiaridades de cada cargo as
seguintes vantagens pecuniárias, instituídas pela Lei
Complementar nº 1/91 e alterações posteriores, bem
como as instituídas por legislação específica:
I - gratificação pelo exercício de cargo em comissão;
II - gratificação pelo exercício de função de
confiança;
III - gratificação de periferia ou local de difícil
acesso;
IV - décimo - terceiro salário;
V - adicional pela prestação de serviços
extraordinários;
VI - adicional noturno;
VII - adicional de férias;
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VIII - adicional por tempo de serviço;
IX - adicional de periculosidade;
X - adicional de insalubridade;
XI - adicional pelo exercício de atividade penosa;
XII - gratificação de incentivo à qualidade e
produtividade dos serviços de saúde;
XIII - adicional por hora/plantão;
XIV - participação no produto de arrecadação
decorrente da fiscalização nas áreas de controle e
ordenamento do uso do solo, vigilância sanitária,
meio ambiente, serviços públicos ou transportes
públicos;
XV - gratificação pela participação em operações
especiais;
XVI - gratificação de incentivo ao desempenho
gerencial;
XVII - gratificação por atividades de instrutoria;
XVIII - gratificação por avanço de
competências;
XIX - gratificação de risco;
XX - gratificação por desempenho de funções
especiais.
Desta forma, a violação do princípio da isonomia reside também na
imprópria diferenciação realizada pelo art. 15 da Lei 7.955/2011 entre
os Agentes Comunitários de Saúde e Agentes de Combate às
Endemias em face dos outros servidores municipais da saúde. Os
primeiros, durante 18 meses não perceberam nenhuma das
gratificações legais decorrentes de sua condição de servidores da
saúde, ao passo em que os demais Servidores Municipais da Saúde,
regidos pela mesma lei, tiveram adimplidos os benefícios postos no
artigo acima.
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A Parte Autora e os servidores da saúde de outras categorias estão,
frente à administração, em situações iguais, vinculados à mesma
Secretaria, disciplinados pelas mesmas leis. Não devem, pois, ser
desequiparados, principalmente para restringir o mais básico direito
da Parte Autora enquanto trabalhador: aquele relativo aos seus
vencimentos.
Esta desequiparação entre os direitos remuneratórios da Parte Autora
e aqueles percebidos pelos outros servidores de Saúde não tem razão
jurídica de ser. Não há juridicidade numa diferenciação temporária
(que perdurou de Janeiro de 2011 a Junho de 2012) em que servidores
vinculados à mesma secretaria, regidos pela mesma lei, percebem
gratificações díspares, sendo que à Parte Autora, nenhuma
gratificação foi concedida no período.
À luz dos ensinamentos de Celso Antônio, já perece o artigo em
comento à primeira análise, tendo em vista a utilização do fator
“tempo”, por si, para diferenciar situações idênticas. Ainda assim,
caso reste dúvida acerca do dito acima e fundamentado inicialmente,
fulminado por vício de inconstitucionalidade está o artigo 15 da Lei
7.955/2011 por não haver sentido jurídico na imposição do gravame
(não percepção das gratificações devidas) à Parte Autora (e a todos os
Agentes Comunitários de Saúde e de Combate às Endemias);
mantendo-se alheia, todavia, tal restrição aos Servidores Municipais
da Saúde, também regidos pela lei 7.867/2010.
Valhamos-nos da lucidez de Celso Antônio novamente:
Então, no que atina ao ponto central da matéria
abordada procede afirmar: é agredida a igualdade
quando o fator diferencial adotado para qualificar os
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atingidos pela regra não guarda relação de
pertinência lógica com a inclusão ou exclusão no
benefício deferido ou com a inserção ou
arrendamento do gravame imposto. (Idem. Pag. 38)
No caso, não existe fator diferenciador nenhum (o tempo por si não
pode ser assim considerado) todavia, ainda que se tenha por existente
tal fator; não há “pertinência lógica” entre a restrição imensa imposta
à Parte Autora, que tem seu direitos remuneratórios, elemento básico
de sua sobrevivência e atrelado à sua dignidade e de sua família,
subtraídos; e a designação desta “vacância remuneratória”,
inaceitável perante qualquer servidor público.
O que a lição de Celso Antônio nos traz é que o critério para a
diferenciação deve ser proporcional e vinculável à distinção
procedida. Todavia, não advém do instrumento normativo nenhum
critério objetivo que justifique a distinção ocorrida entre os
servidores, e que culminou com o estabelecimento de prazo em que a
Parte Autora não recebeu os valores devidos.
Em resumo: não há razão para obstar a Parte Autora de perceber seus
direitos enquanto servidor pelo período de 18 (dezoito) meses. Ou
seja, valendo-se dos temos de Celso Antônio inexiste, “em abstrato,
uma correlação lógica entre os fatores diferencias existentes [que, in
casu, inexistem, como visto] e a distinção de regime jurídico em
função deles, estabelecida, pela norma jurídica.” (Idem. Pag. 41).
Desta forma, se percebe a inconstitucionalidade do artigo 15 da Lei
7.955/2011 no ponto em que, por não se depreender do instrumento
normativo nenhuma razão para tal distinção, inexiste pertinência
lógica, ou razão jurídica válida para que se proceda com a
diferenciação entre a Parte Autora, Agente Comunitário de
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Saúde/Agente de Combate às Endemias; e os demais servidores
municipais vinculados à Secretaria de Saúde no que tange ao
pagamento das mesmas gratificações.
Avançando na análise da antijuridicidade ocorrida na espécie percebe-
se, através dos contracheques da Parte Autora em anexo, que, já com
a comprovação de sua integração ao regime estatutário, diversos
benefícios devidos não foram adimplidos, como por exemplo, a “grat
competência”; “grat perif” e a “gratificação SMS”, o que, conforme
destacado, converteu-se em flagrante inconstitucionalidade.
Observe-se que a “grat perif” é devida em razão da Parte Autora atuar
em zona periférica, que a “gratificação SMS” é devida em razão da
Parte Autora ser servidor municipal da saúde e que a “grat.
Competência” é devida pelo avanço da Parte Autora em suas
competências. Neste diapasão, imperioso é que a Parte Autora
perceba os valores correspondentes a tais gratificações DESDE
A SUA ADMISSÃO NO SERVIÇO PÚBLICO, uma vez que sempre
atendeu aos critérios legais ali exigidos. Sempre atuou na
periferia, sempre foi servidor municipal da saúde e sempre
desenvolveu suas competências nos moldes estabelecidos.
Reforçando a tese posta acima, insta traçar em cores fortes o quão
anti-isonômica é a referida desequiparação, pois todos os servidores
da saúde recebem a gratificação por ser servidor da saúde; pelo
desenvolvimento das competências; e pelo trabalho em periferia
(quando trabalham nestes locais); exceto a Parte Autora, que durante
18 meses, por força de lei, não percebeu tais gratificações.
Ou seja, mais do que violar a isonomia, o Art. 15 da Lei 7.955/2011
viola ainda, por não trazer consigo motivação para a desequiparação
procedida, a própria lei 7.867/2010, por retirar direitos da Parte
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Autora consignados ali, instrumento que disciplina os Servidores de
Saúde em geral.
Nesta linha, pode-se dizer que a afronta à isonomia e à lei específica
disciplinadora dos servidores da saúde (que expressamente inclui os
Agentes Comunitários de Saúde e de Combate às Endemias),
realizada pelo art. 15 da Lei 7.995/2011 consiste em, mais que uma
inconstitucionalidade, em um ato arbitrário, eis que provavelmente
somente buscou salvaguardar momentaneamente as contas públicas
em detrimento dos direitos da Parte Autora, em detrimento da
Constituição. Este é entendimento presente no nosso ordenamento
desde o império, pelo que se vê:
“A lei deve ser uma e a mesma para todos; qualquer
especialidade ou prerrogativa que não for fundada
só e unicamente em uma razão muito valiosa do bem
público será uma injustiça e poderá ser uma tirania”
( Direito Público Brasileiro e Análise da Constituição
do Império, Rio de Janeiro, 1857, p. 424)
Impera destacar, ademais que, na vigência do supracitado artigo, a
Parte Autora, que antes de integrar o regime estatutário, percebia
regularmente o FGTS, por exemplo, típico direito celetista, passou a,
da publicação da lei 7.955/2011 até junho de 2012, não receber todos
os direitos decorrentes da condição de servidora da saúde. Foi posto,
assim, em verdade, em um limbo jurídico ; situação inconstitucional.
Explica-se. Durante o período determinado pelo artigo 15 da referida
lei, ora contestado, a Parte Autora figurou em um regime laboral sui
generis ; alheio aos direitos decorrentes do regime trabalhista (ao qual
pertenceu antes da opção decorrente da regulamentação da Emenda
51) e aos direitos do regime estatutário dos servidores da saúde, em
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atenção às gratificações que não foram pagas somente à sua categoria
(inicialmente, mas “magicamente” adimplidas a partir de julho de
2012).
A “criação” desta situação jurídica absurda, contrária à Constituição,
não somente evidencia flagrantemente a inconstitucionalidade
material do tratamento dado à Parte Autora, como indica uma
inconstitucionalidade formal, por incompetência da
municipalidade em, em detrimento da Emenda Constitucional
51/2006 e da Lei Federal 11.350/2006, criar regime laboral
“inovador” para a categoria da Parte Autora.
E que não se venha arguir a inocuidade da presente inicial em razão
da analise aqui procedida repousar majoritariamente em
entendimento doutrinário e principiológico. Isto, pois destes também
decorrem o direito – com muito mais força até – e também por haver
substrato normativo textual direto no sistema jurídico pátrio a afastar
a violência cometida pelo artigo 15 da Lei 7.955/2011.
É que a própria Constituição traz:
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios instituirão conselho de política de
administração e remuneração de pessoal, integrado
por servidores designados pelos respectivos
Poderes. (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 19, de 1998)
§ 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos
demais componentes do sistema remuneratório
observará:
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I - a natureza, o grau de responsabilidade e a
complexidade dos cargos componentes de cada
carreira;
II - os requisitos para a investidura;
III - as peculiaridades dos cargos.
Veja-se que tratamos na espécie de servidores municipais vinculados
à administração sob o mesmo regime – o estatutário – ligados à
Secretaria de Saúde e que, logicamente, tem que fazer jus às mesmas
gratificações. Observe-se que, a título exemplificativo, uma das
gratificações que a Parte Autora passou a perceber, seguindo consta
de seus contracheques em anexo, é posta como “Gratificação SMS” e
diz respeito a todos os Servidores da Saúde do Município de Salvador.
Nesta linha, conforme já afirmado, a parte Autora, desde a sua
transmudação para o serviço público, conforme se depreende da
própria lei 7.955/2011, integra a Secretaria de Saúde de Salvador,
sendo lógico o direito da Parte Autora a tal gratificação desde a
publicação da referida Lei.
Trata-se também, na espécie, da gratificação por labor na periferia.
Observe-se que, além de sempre estar vinculada à Secretaria de
Saúde, toda a atuação da parte autora dá-se na região periférica, de
modo que, não faz o menor sentido (jurídico ou racional) e consiste
numa arbitrariedade em face da Parte Autora permitir que a
gratificação referente a este direito – já consagrado expressamente
em lei – fique refém de um lapso temporal instituído sem razão
alguma. Em situações similares, o judiciário tem se valido da mesma
ratio decidendi aqui defendida, para defender que, configurando-se a
hipótese típica que enseja a Gratificação instituída em lei, não há meio
para que a administração se exima de tal obrigação. Neste sentido:
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MANDADO DE SEGURANÇA. SERVIDOR PÚBLICO.
GRATIFICAÇÃO DE RISCO DE VIDA. SUPRESSÃO
APÓS PERÍODO DE LICENÇA. ATO INQUINADO DE
ILEGALIDADE, JÁ QUE NÃO HOUVE ALTERAÇÃO
DAS CONDIÇÕES DO AMBIENTE DE TRABALHO.
OFENSA A DIREITO LÍQUIDO E CERTO.
ISONOMIA CONSTITUCIONAL. ARTIGO 5º DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. REINTEGRAÇÃO DA
GRATIFICAÇÃO A PARTIR DA IMPETRAÇÃO DO
MANDAMUS. SEGURANÇA CONCEDIDA EM
PARTE. A gratificação de risco de vida deve ser
percebida enquanto o servidor está prestando o
serviço que a enseja e só pode ser suprimida
nos casos em que cesse o trabalho que lhe dá
causa ou que desapareçam os motivos
excepcionais que a justifique.
(TJ-PR - MS: 1219658 PR Mandado de Segurança
(OE) - 0121965-8, Relator: Wanderlei Resende, Data
de Julgamento: 16/08/2002, Órgão Especial, Data de
Publicação: 09/09/2002 DJ: 6203)
Há ainda a Lei Complementar Municipal 01/91, que trata dos regimes
dos servidores públicos do Município do Salvador e também consigna
expressamente o preceito isonômico, ora defendido, de modo a
corroborar com a flagrante antijuridicidade do art. 15 da Lei
7.955/2011.
Art. 60 - É assegurada a isonomia de vencimentos
para cargos de atribuições iguais ou assemelhados
da administração direta do mesmo Poder ou entre
servidores dos Poderes Executivo e Legislativo,
ressalvadas as vantagens de caráter individual e as
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relativas à natureza e ao local de trabalho e
observado o disposto no inciso XII do Art. 37 da
Constituição Federal.
Por fim, cumpre destacar que o próprio judiciário pátrio acata toda a
tese aqui posta, irrefutável, acerca do regime da Parte Autora; da
necessária concessão das gratificações concedidas aos outros
Servidores da Saúde; e do adicional de insalubridade que a Prefeitura
vem concedendo. Isto conforme se depreende da seguinte decisão
AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE E AGENTES
DE COMBATE ÀS ENDEMIAS. ADMISSÃO
MEDIANTE PROCESSO SELETIVO PÚBLICO.
CONTRATO VÁLIDO. Os profissionais que, na data
de promulgação da EC 51/2006, desempenharem as
atividades de agente comunitário de saúde ou de
agente de combate às endemias, e desde que já
tenham sido contratados por meio de processo
seletivo público que atenda aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade
e eficiência, conforme art. 198, § 4º, da CF,
acrescentado pela EC 51, de 14/02/2006, e
regulamentado pelo art. 9º, da Lei 11.350/2006, têm
os seus contratos válidos, a teor do parágrafo único
do art. 2º da EC 51, de 14/02/2006, regulamentado
pelo parágrafo único do art. 9º, da Lei 11.350/2006.
AGENTE DE SAÚDE. GRATIFICAÇÃO DE
PRODUTIVIDADE. PRINCÍPIOS DA ISONOMIA E
DA LEGALIDADE. A gratificação de
produtividade estabelecida na Resolução
CMS/TE nº 011/97 é garantida a todos os
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servidores lotados nas unidades de saúde
pertencentes à Secretaria Municipal de
Saúde/Fundação Municipal de Saúde ou sob a
sua responsabilidade. Portanto, a exclusão da
reclamante constitui conduta discriminatória e
ilegal do administrador, vez que confere
tratamento diverso a servidores que se
encontram na mesma situação jurídica, com
ofensa ao princípio da igualdade. Assim, a
reclamante faz jus à percepção da referida
gratificação, mas não no valor pretendido na
inicial, e sim naquele que resultar do rateio a
ser feito entre os servidores/empregados
abrangidos pela Resolução nº 011/97, de forma
a se observar o percentual máximo ali fixado,
sob pena de agressão ao princípio da legalidade
e do interesse público concernente à prestação
dos serviços públicos de saúde. AGENTE DE
SAÚDE. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE.
DEVIDO. EXPOSIÇÃO A AGENTES BIOLÓGICOS
RECONHECIDA EM LAUDO PERICIAL. Diante das
informações contidas no Laudo Pericial juntado
aos autos, conclui-se que a função
desempenhada pela reclamante a conduz ao
contato com pessoas portadoras de doenças
infecto-contagiosas, em residências
domiciliares e em unidades hospitalares. Dessa
forma, as suas atividades enquadram-se nos
termos contidos no Anexo 14 da Norma
Regulamentar 15 do MTE, que trata acerca das
atividades e operações insalubres que envolvam
agentes biológicos, razão pela qual deve ser
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reconhecido ao direito ao adicional de
insalubridade, sobre o salário mínimo.
(TRT-22 - RO: 591201000422000 PI 00591-2010-
004-22-00-0, Relator: FRANCISCO METON
MARQUES DE LIMA, PRIMEIRA TURMA, Data de
Publicação: DJT/PI, Página não indicada, 22/9/2010)
Ressalta-se que não se pretende aqui a equiparação ou o
enquadramento da Parte Autora em direitos remuneratórios de outra
categoria, mas somente o pagamento das gratificações postas
expressamente em lei que este faz jus enquanto Agente Comunitário
de Saúde/de Combate às Endemias. Tais gratificações são
reconhecidas pela lei e pela própria administração, que passou a
adimpli-las após junho de 2012. A verdadeira pretensão é de que o
direito hoje reconhecido legalmente e administrativamente às
gratificações seja adimplido desde a transmudação de regime, eis que,
desde aquele momento todos os pressupostos para o alcance das
gratificações já se verificavam.
Não busca também, a Parte Autora, nesta linha, a obtenção da
majoração, via judiciário, dos seus vencimentos, o que se sabe
indevido em atenção á Sumula 339 do STF. Busca somente a cobrança
dos valores devidos, a título de gratificação desde a opção pelo regime
estatutário, eis que, conforme exaustivamente explanado, desde
aquele momento a Parte Autora atende aos requisitos perceber os
benefícios que somente passou a receber a partir de julho de 2012.
Isto posto, espera a Parte Autora, por questão de inteira justiça, que
este juízo reconheça seu direito às vantagens remuneratórias
inerentes ao cargo público ocupado desde a transmudação de regime
e imponha à administração municipal o pagamento dos valores não
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adimplidos referentes à “Grat. PERIF”, “Grat. SMS” e “Grat.
COMPETENCIA”, bem como às demais vantagens legais aplicáveis à
espécie.
DAS PROVAS
Protesta provar o alegado por todas as provas em Direito admitidas,
em especial testemunhos, novos documentos e mesmo perícia técnica,
na eventualidade deste M.M. Juízo entender indispensável ao
deslinde do presente feito.
DOS PEDIDOS
Ante ao exposto, requer:
a) a concessão da Justiça Gratuita, nos termos acima expostos;
b) a citação do representante legal do Réu para contestar a
presente ação no prazo legal, sob pena das sanções processuais
pertinentes, inclusive confissão e revelia;
c) que seja conhecida e julgada totalmente procedente a
presente ação ordinária, para que seja reconhecido e
declarado por sentença o direito da Parte Autora em
perceber todos os valores e benefícios referentes à sua
condição de servidor estatutário, desde o momento da sua
opção por tal regime, com a condenação do Município do
Salvador ao imediato pagamento do montante equivalente
às diferenças;
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d) a atualização monetária e juros de mora legais incidindo sobre a
condenação acima requerida;
e) a condenação do Município-Réu nas custas processuais e
honorários advocatícios, estes no equivalente a 20% do total da
condenação.
Dá-se à causa o valor de R$10.000,00 (dez mil reais).
Nestes termos,
Pede Deferimento.
Salvador, 21 de Maio de 2014.
Jerônimo Luiz Plácido de
Mesquita
OAB-BA 20.541
Yuri Oliveira Arléo
Acadêmico de Direito
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