adriana da silva, adriana ferreira, alvaro alan, anajara, andreia, catia augusta

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J ERÔNIMO M ESQUITA & A DVOGADOS A SSOCIADOS EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUÍZ(A) DE DIREITO DA _ VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE SALVADOR – BA ADRIANA DA SILVA SANTOS, brasileira, solteira, servidora pública municipal, inscrita no CPF sob o n. 810.177.665-68, portadora do RG n. 08.284.947-11, filha de Antonio Monteiro Santos Filho e Eliana Marques da Silva, residente e domiciliada na Rua 15 de Novembro, nº 306 AP. 01, Pirajá, Salvador/BA; ADRIANA FERREIRA MOTA, brasileira, solteira, servidora pública municipal, inscrita no CPF sob o n. 917.996.865-15, portadora do RG n. 06.821.816-84, filha de Ubiratan Conceição Mota e Garcia Ferreira Mota, residente e domiciliada na 1º avenida Paulo Afonso, nº 1, , Pernambués, Salvador/BA; ALVARO ALAN DE ALMEIDA TELES, brasileiro, solteiro, servidor público municipal, inscrito no CPF sob o n. 824.673.585-34, portador do RG n. 08.783.308-58, filho de Maria Angélica de Almeida Teles, Av. Tancredo Neves, Ed. Mundo Plaza, nº 620, salas 1114/1115 - C. das Árvores- CEP 41820-020- Salvador-BA Email: [email protected] 1

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J E R Ô N I M O M E S Q U I T A & A D V O G A D O S A S S O C I A D O S

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUÍZ(A) DE

DIREITO DA _ VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE

SALVADOR – BA

ADRIANA DA SILVA SANTOS, brasileira, solteira, servidora pública

municipal, inscrita no CPF sob o n. 810.177.665-68, portadora do RG

n. 08.284.947-11, filha de Antonio Monteiro Santos Filho e Eliana

Marques da Silva, residente e domiciliada na Rua 15 de Novembro, nº

306 AP. 01, Pirajá, Salvador/BA; ADRIANA FERREIRA MOTA,

brasileira, solteira, servidora pública municipal, inscrita no CPF sob o

n. 917.996.865-15, portadora do RG n. 06.821.816-84, filha de

Ubiratan Conceição Mota e Garcia Ferreira Mota, residente e

domiciliada na 1º avenida Paulo Afonso, nº 1, , Pernambués,

Salvador/BA; ALVARO ALAN DE ALMEIDA TELES, brasileiro,

solteiro, servidor público municipal, inscrito no CPF sob o n.

824.673.585-34, portador do RG n. 08.783.308-58, filho de Maria

Angélica de Almeida Teles, residente e domiciliado no conjunto

residencial Vista da Baia, Rua 69 Q C, Pirajá, Salvador/BA; ANAJARA

NASCIMENTO TAVARES, brasileira, solteira, servidora pública

municipal, inscrita no CPF sob o n. 015.302.475-51, portadora do RG

n. 08.541.782-36, filha de Gerson Nascimento Tavares e Anajara

Souza Nascimento, residente e domiciliada na Travessa Baixão , nº

Av. Tancredo Neves, Ed. Mundo Plaza, nº 620, salas 1114/1115 - C. das Árvores- CEP 41820-020- Salvador-BA

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57, Luis Anselmo, Salvador/BA; ANDERSON DA SILVA BORGES,

brasileiro, Casado, servidor público municipal, inscrito no CPF sob o

n. 974.102.175-53, portador do RG n. 07.960.842-62, filho de Dilcea

da Silva Borges, residente e domiciliado na Rua Baixa do Santo

Antônio, nº 213, CA FU, São Gonçalo, Salvador/BA; ANDREIA

SAMPAIO PEREIRA, brasileira, solteira, servidora pública

municipal, inscrita no CPF sob o n. 903.610.325-87, portadora do RG

n. 05.080.111-24, filha de Lázaro Pereira e Valdelice Sampaio Pereira,

residente e domiciliada no BC do Limão, nº 19, Pau Miudo,

Salvador/BA; CÁTIA AUGUSTA VELOSO, brasileira, solteira,

servidora pública municipal, inscrita no CPF sob o n. 955.093.135-87,

portadora do RG n. 07.239.348-35, filha de Irenio Pereira Veloso e

Julimar Augusta Veloso, residente e domiciliada na Rua Primeiro de

Maio, nº 40, primeiro andar, Pernambués, Salvador/BA, vem perante

Vossa Excelência, por meio dos seus advogados, infrafirmados,

constituídos mediante o instrumento de procuração anexo (doc. 01),

com endereço para intimações na Av. Tancredo Neves, Ed. Mundo

Plaza, nº 620, sala 1114/1115 - C. das Árvores- CEP 41820-020-

Salvador-BA, promover a presente

AÇÃO ORDINÁRIA DE COBRANÇA

em face do MUNICÍPIO DE SALVADOR, pessoa jurídica de direito

público, por seu representante legal, com sede na Prefeitura

Municipal, situada nesta cidade, Praça Municipal, s/no – Palácio Tomé

de Souza, Centro, pelos fatos e argumentos que seguem:

DA JUSTIÇA GRATUITA

Inicialmente, requer os benefícios da Justiça Gratuita, nos termos da

Lei Federal n. 1.060/50, por ser economicamente hipossuficiente, não

podendo arcar com as custas processuais sem prejuízo da própria

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subsistência e de sua família, especialmente por se tratar de ação

pleiteando verbas destinadas a garantir a sua sobrevivência material.

DAS QUESTÕES FÁTICAS E JURÍDICAS QUE PRECEDEM A

PRESENTE DEMANDA

A parte Autora exerce o cargo de Agente de Combate às Endemias

do município de Salvador, conforme se depreende de seus

contracheques em anexo.

Ab initio, cumpre tecer breves comentários acerca das circunstâncias

fáticas que desaguaram na presente lide.

Os Agentes Comunitários de Saúde e os Agentes de Combate às

Endemias foram contratados, inicialmente em regime precário, para

atender à necessidade estatal de funcionários que efetivassem o

Programa de Saúde da Família, instituído em 1994 pelo Governo

Federal, através do Ministério da Saúde.

O Programa Saúde da Família representa mudança do paradigma de

atendimento à saúde do cidadão, focando a atuação especializada na

unidade familiar, na saúde preventiva; em detrimento do modelo

médico/hospitalar de atuação curativa, historicamente preconizado.

O Programa Saúde da Família (PSF) funciona através do repasse de

verbas da União ao Município, sendo este o ente federativo ideal para

organizar e direcionar a atuação dos Agentes, dentro de suas próprias

comunidades. O PSF nasceu, entretanto, como programa de governo,

por opção política do governo federal a época, de modo que as

contratações foram inicialmente em caráter precário.

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Ocorre que, desde no primeiro governo Lula, o PSF não somente foi

mantido, como, em 2003, em seu primeiro ano de gestão, foi

sensivelmente expandido. Tal expansão transformou definitivamente o

PSF, de programa de governo, em programa do Estado Brasileiro,

culminando com a aprovação da Emenda Constitucional 51/2006, que

tratou de incorporar aos quadros do serviço público permanente, os

cargos de Agente de Combate às Endemias e Agente Comunitário de

Saúde.

Cumpre colacionar o texto atual do artigo 198, §4o da Constituição

Federal:

Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram

uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um

sistema único, organizado de acordo com as seguintes

diretrizes:

(...)

§ 4º Os gestores locais do sistema único de saúde

poderão admitir agentes comunitários de saúde e

agentes de combate às endemias por meio de processo

seletivo público, de acordo com a natureza e

complexidade de suas atribuições e requisitos

específicos para sua atuação. (Incluído pela Emenda

Constitucional nº 51, de 2006)

§ 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico e a

regulamentação das atividades de agente comunitário de

saúde e agente de combate às endemias. (Incluído pela

Emenda Constitucional nº 51, de 2006) (Vide Medida

provisória nº 297. de 2006)

§ 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico, o piso

salarial profissional nacional, as diretrizes para os

Planos de Carreira e a regulamentação das atividades de

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agente comunitário de saúde e agente de combate às

endemias, competindo à União, nos termos da lei,

prestar assistência financeira complementar aos

Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, para o

cumprimento do referido piso salarial.  (Redação dada

pela Emenda Constitucional nº 63, de

2010) Regulamento

§ 6º Além das hipóteses previstas no § 1º do art. 41 e no

§ 4º do art. 169 da Constituição Federal, o servidor que

exerça funções equivalentes às de agente comunitário de

saúde ou de agente de combate às endemias poderá

perder o cargo em caso de descumprimento dos

requisitos específicos, fixados em lei, para o seu

exercício. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 51,

de 2006)

E também o texto original da Emenda Constitucional:

Art. 1º O art. 198 da Constituição Federal passa a

vigorar acrescido dos seguintes §§ 4º, 5º e 6º:

"Art. 198. ........................................................

........................................................................

§ 4º Os gestores locais do sistema único de

saúde poderão admitir agentes comunitários de saúde e

agentes de combate às endemias por meio de processo

seletivo público, de acordo com a natureza e

complexidade de suas atribuições e requisitos

específicos para sua atuação.

§ 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico e a

regulamentação das atividades de agente comunitário de

saúde e agente de combate às endemias.

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§ 6º Além das hipóteses previstas no § 1º do art. 41 e no

§ 4º do art. 169 da Constituição Federal, o servidor que

exerça funções equivalentes às de agente comunitário de

saúde ou de agente de combate às endemias poderá

perder o cargo em caso de descumprimento dos

requisitos específicos, fixados em lei, para o seu

exercício." (NR)

Art. 2º Após a promulgação da presente Emenda

Constitucional, os agentes comunitários de saúde e

os agentes de combate às endemias somente

poderão ser contratados diretamente pelos

Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios

na forma do § 4º do art. 198 da Constituição

Federal, observado o limite de gasto estabelecido

na Lei Complementar de que trata o art. 169 da

Constituição Federal.

Parágrafo único. Os profissionais que, na data de

promulgação desta Emenda e a qualquer título,

desempenharem as atividades de agente

comunitário de saúde ou de agente de combate às

endemias, na forma da lei, ficam dispensados de se

submeter ao processo seletivo público a que se

refere o § 4º do art. 198 da Constituição Federal,

desde que tenham sido contratados a partir de

anterior processo de Seleção Pública efetuado por

órgãos ou entes da administração direta ou

indireta de Estado, Distrito Federal ou Município

ou por outras instituições com a efetiva supervisão

e autorização da administração direta dos entes da

federação.

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Art. 3º Esta Emenda Constitucional entra em vigor na

data da sua publicação.

Depreende-se da análise dos textos Constitucionais postos: (i) que a

reforma operada incorporou definitivamente aos quadros da

administração pública o cargo de agente de endemias, prevendo lei

federal que necessariamente trataria da disciplina jurídica aplicável a

estes agentes, bem como fixou o modelo de repasses que já ocorria,

em que a União assiste os demais entes federativos no custeio do piso

salarial da categoria; (ii) que a contratação destes agentes passou a

ser, como sempre deveria ter sido, necessariamente realizada

diretamente pelo ente público específico, através de concurso público,

dada a imperiosa natureza de servidores estatutários atribuída à

categoria; (iii) que os agentes de saúde em atividade que ingressaram

através de processo de seleção pública devidamente fiscalizado não

teriam que realizar novo exame de seleção.

Por oportuno, destaca-se que a parte autora é Agente de Combate às

Endemias/Comunitário de Saúde que passou por processo de seleção

público municipal devidamente fiscalizado. Fez jus, pois, á

transmudação para o regime estatutário, conforme decreto em anexo.

No âmbito normativo federal, veio então a lei 11.350/2006, que

regulamentou a profissão de Agente Comunitário de Saúde e Agente

de Combate às Endemias em todo território nacional, bem como

ratificou a sua vinculação à administração direta e a “incorporação”

daqueles agentes em atuação quando da vigência da lei.

Ainda que com toda mudança de cenário no âmbito federal, inclusive

com a existência de emenda constitucional, nenhuma alteração

verificou-se, no curto período de tempo, no Município de Salvador.

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É que, desde a instituição do PSF, quando ainda costumava ser

precária a contratação dos referidos agentes, os Municípios – e

Salvador não fugiu à regra – buscaram impedir a caracterização de

qualquer espécie de vinculação entre tais agentes e a administração,

contratado ilicitamente por terceiro intermediário. Esta

municipalidade cometeu diversos destes ilícitos, figurando inclusive

como ré em diversas ações e tendo assinado um Termo de

Ajustamento de Conduta, juntamente com a Real Sociedade

Espanhola, com o Ministério Público Federal.

A luta pela desprecarização das relações de trabalho dos agentes de

saúde e de endemias, no município de Salvador, ainda manteve-se

alheia a uma atuação mais contundente da administração

soteropolitana, até que, em 20 de Janeiro de 2011, foi publicada no

diário oficial a Lei 7.955, que finalmente alterou o regime jurídico dos

Agentes Comunitários em destaque, criando cargos na administração

municipal e conferindo àqueles abarcados pela emenda constitucional

supra a possibilidade de optarem pelo regime jurídico estatutário.

Vale destacar que a Parte Autora optou pelo regime de servidor

estatutário, conforme se depreende de sua documentação em anexo.

Os agentes, logicamente, foram vinculados, dentro da administração,

já enquanto servidores estatutários, à Secretaria de Saúde. A lei

7.955/2011 citada acima procedeu inclusive com diversas alterações

na lei 7.967/2010, que trata dos planos de cargos e salários Grupo

Ocupacional dos Profissionais de Saúde e, desde a publicação daquela

lei, também do Grupo de Agentes de Saúde. Tudo isto conforme se

verifica dos referidos instrumentos normativos.

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Todavia, aparentemente mantendo tradição municipal de não

dispensar o tratamento ideal e juridicamente acertado aos Agentes

Comunitários de Saúde e aos Agentes de Combate às Endemias, seja

pela desatenção ao regime administrativo correto de outrora, seja

pela desatenção aos valores adimplidos a título de vencimentos

destes, ao arrepio dos ditames constitucionais; a Lei 7.955/2011, em

seu artigo 15˚, trouxe a seguinte hipótese:

Art. 15 Os servidores investidos nos cargos de Agente

Comunitário de Saúde e Agente de Combate às

Endemias, tanto em decorrência da opção pela mudança

no regime laboral quando de investidura originária pela

aprovação em concurso público, somente farão jus à

percepção de quaisquer vantagens remuneratórias

advindas da presente alteração do regime jurídico,

a partir de junho de 2012, desde que respeitados os

limites da Lei de Responsabilidade Fiscal.

Parágrafo Único: Até que sejam implementadas as

condições referidas no caput, os servidores ocupantes

dos cargos criados pela presente Lei serão remunerados

unicamente com o vencimento básico, em valor

correspondente ao salário base atual, e desde que

preenchidos os pressupostos legais ao adicional de

insalubridade, com auxílio-alimentação e com auxílio-

transporte.

(grifou-se)

O objeto da presente lide, em resumo, diz respeito ao artigo acima e

aos inconstitucionais efeitos decorrentes destes; tudo aquilo que se

busca reparar.

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A previsão de um lapso temporal, pelo artigo supra, no qual o

tratamento dado aos Agentes Comunitários de Saúde e Agentes de

Combate às Endemias, servidores estatutários, difere daquele

dispensado a todos os outros servidores municipais e principalmente

de saúde, representa uma violência desarrazoada. Por outra via, a

negação de direitos remuneratórios reconhecidos pelo próprio

instrumento normativo não guarda motivação lógica, ou idônea a

ensejar tamanha restrição.

A parte Autora, pois, não encontra ao seu dispor alternativa senão

ingressar com a presente ação, eis que, mais uma vez, vislumbra seu

direito, enquanto Agente Comunitária de Saúde/ Agente de Combate

às Endemias, violado.

DAS RAZÕES JURÍDICAS DA PRESENTE DEMANDA – DA

INCONSTITUCIONALIDADE DO ARTIGO 15 DA LEI 7.955/2011

E DO DIREITO À REMUNERAÇÃO LEGAL

Como dito acima, o cerne desta demanda repousa no artigo 15 da

referida lei. Entende-se, e parece ser bastante claro, que a norma

extraída do referido texto afasta-se dos preceitos Constitucionais

postos, sejam os estaduais ou os federais; padecendo, pois, de vício de

inconstitucionalidade e representando empecilho à parte Autora, que

pretende, por esta via, perceber os valores que entende devidos.

Observe-se que, nesta linha, questão prejudicial para a análise do

mérito da presente demanda, que é, de forma imediata, a cobrança

das vantagens remuneratórias devidas pelo Município de Salvador à

parte Autora em razão de sua condição de servidor estatutário, é a

declaração incidental da inconstitucionalidade do referido artigo.

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É pacífico o entendimento de que, no nosso sistema constitucional de

controle de constitucionalidade, híbrido, em atenção à previsão de

controle difuso de constitucionalidade; qualquer julgador, em

qualquer grau de jurisdição, pode declarar a inconstitucionalidade de

dispositivo objurgado. Não custa trazer lição de Gilmar Mendes:

O modelo de controle difuso adotado pelo sistema

brasileiro permite que qualquer juiz ou tribunal

declare a inconstitucionalidade de leis ou atos

normativos, não havendo restrição quanto ao tipo de

processo. Tal como no modelo norte-americano, há

um amplo poder conferido aos juízes para o

exercício do controle da constitucionalidade dos

atos do poder público. (MENDES, Gilmar Ferreira;

O Controle da Constitucionalidade no Brasil.

Repositório de Artigos do Supremo Tribunal

Federal. Disponível em:

<http://www.stf.jus.br/repositorio/cms/portalStfInternacional/portalS

tfAgenda_pt_br/anexo/

Controle_de_Constitucionalidade_v__Port1.pdf> Acesso em 13 de

Novembro de 2013.

Nesta linha, é que se requer, desde já, que este magistrado, atento às

normas Constitucionais, declare a Inconstitucionalidade do presente

artigo, que impede a Parte Autora de receber o que lhe é de direito.

Expor-se-á as razões.

É flagrante a afronta do artigo 15 da Lei 7.995/2011 à isonomia, sob

dois aspectos: (I), pois inconstitucional (anti-isonômica), a escolha do

fator “tempo” como discrímen para diferenciar a situações

exatamente iguais da parte Autora, em que já lhe foi atribuído,

mediante sua escolha, a condição de servidor estatutário, mas que,

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absurdamente, não lhe foram concedidos seus direitos remuneratórios

(gratificações); (II) pois inconstitucional (anti-isonômica), eis que

ausente motivação racional/jurídica, a diferenciação apregoada pelo

artigo entre os Agentes Comunitários de Saúde/Agentes de Combates

a E’ndemias e os outros servidores da saúde do município, todos

estatutários, todos regidos pelas mesmas leis, na qual aos primeiros

foi tolhido o direito à percepção de vencimentos para além dos

básicos, enquanto aos outros nada ocorreu.

Veja-se que não se invocaria aqui de forma leviana ou temerária a

inconstitucionalidade do presente artigo, ainda que, flagrantemente,

este se mostre contrário a qualquer senso de racionalidade jurídica ou

razão de ser. Por isto, lastreia-se a presente pretensão, em especial,

nos ensinamentos do Mestre Celso Antônio Bandeira de Mello que,

arrisca-se dizer, foi quem mais profundamente tratou do tema da

isonomia em sua obra: O Conteúdo Jurídico do Princípio da Igualdade.

Dentre os aspectos destacados acima, comecemos pelo primeiro.

O fator tempo não poderia ser erigido, principalmente na forma

desacautelada em que foi, como elemento diferenciador entre duas

situações exatamente iguais, sendo usado, por si, para impedir que a

Parte Autora, enquanto Agente Comunitária de Saúde/de Combate às

Endemias, percebesse os vencimentos que o próprio instrumento

normativo – a lei 7.955/2011 – reconheceu como devidos, decorrência

lógica de sua condição de servidor estatutário vinculado à Secretaria

de Saúde. É que, como diz o próprio Celso Antônio, “fator objetivo

nenhum pode ser escolhido aleatoriamente, isto é, sem pertinência

lógica com a diferenciação procedida”.1

1 MELLO, Celso Antonio Bandeira de. O Conteúdo Jurídico do Princípio da Igualdade, 3a Edição, São Paulo, Editora Malheiros, 2008.

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“In casu, o “tempo”, conclamando na parte do texto da lei: “ a partir

de junho de 2012” (lembremos que a lei 7.995/2011 fora publicada em

20 de Janeiro de 2011 e os Agentes tiveram 120 dias para optar pela

mudança de regime) é elemento chave para a diferenciação exercida

pela lei entre duas situações: (1) aquela anterior, em que a Parte

Autora, já optante pela regime estatutário, não percebeu as vantagens

decorres da lei – e logicamente de sua condição de servidor vinculado

à Secretaria de Saúde; e (2) aquela posterior a junho de 2012, em

que, a Parte Autora, mediante sua condição de servidor (que se

obervava desde o primeiro momento) passaria a fazer jus aos direitos

remuneratórios de forma ampla. Duas situações, como se vê,

exatamente iguais e, portanto, que não podiam ser desequiparadas.

O mestre Celso Antônio elucida com precisão:

“Em outras palavras: um fator neutro em relação às

situações, coisas ou pessoas diferenciadas é

inidôneo para distingui-las.

(...)

O asserto ora feito – que pode parecer senão óbvio,

quando menos, despiciendo – tem razão de ser.

Ocorre que o fator “tempo”, assaz de vezes, é

tomado como critério de discrímem sem fomento

jurídico satisfatório, por desrespeitar a limitação ora

indicada.

Esta consideração postremeira é indispensável para

aplainar de lés a lés possíveis dúvidas.

O fator tempo não é jamais um critério

diferencial, ainda que em primeiro relanço

aparente possuir este caráter.” (MELLO, Celso

Antônio Bandeira de. Conteúdo Jurídico do Princípio

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da Igualdade, 3. ed., São Paulo, 2008, Malheiros,

pag. 30.

É exatamente a hipótese na espécie, em que, através do fator

“tempo”, busca-se criar situações distintas, e fazer com que a Parte

Autora, servidor estatutário da saúde, não receba as gratificações

advindas desta situação. O que se destaca é que, incrivelmente,

ao arrepio do preceito isonômico, o referido fator “tempo” foi

erigido por si, alheio a qualquer justificação jurídica, como se

jurídico fosse simplesmente impor prazo em que os servidores

municipais não receberiam os direitos decorrentes desta

condição.

O próprio Celso Antônio conclui na exata linha do ora avençado:

“Em conclusão: o tempo, só por só, é elemento

neutro, condição do pensamento humano e por

sua neutralidade absoluta, a dizer, porque nada

diferencia os seres ou situações, jamais pode

ser tomado como o fato em que se assenta

algum tratamento jurídico desuniforme, sob

pena de violência à regra da isonomia.

(...)

Sintetizando: aquilo que é, em absoluto rigor

lógico, necessária e irrefragavelmente igual

para todos não pode ser tomado como fator de

diferenciação, pena de hostilizar o princípio

isonômico. Diversamente, aquilo que é

diferenciável, que é, por algum traço ou

aspecto, desigual, pode ser diferenciado,

fazendo-se remissão á existência ou à sucessão

daquilo que dessemelhou as situações.”.

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(MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Conteúdo

Jurídico do Princípio da Igualdade, 3. ed., São Paulo,

2008, Malheiros, pag. 32.)

Como dito, não há razão lógica para proceder com a distinção entre as

situações. Nem com o maior esforço interpretativo, este ilustre

Magistrado, ou Ente Municipal em sua defesa, podem desvelar tal

razão; que decerto inexiste. O lapso temporal de 18 (dezoito) meses

imposto à Parte Autora, no qual não foi percebido direito

remuneratório algum que não o salário base (somado ao adicional de

insalubridade e os auxílios refeição e transporte), não tem respaldo

em ponto jurídico ou motivação razoável e adveio simplesmente da

“vontade” da municipalidade em não adimplir com suas obrigações,

de não pagar os valores devidos a um servidor.

Observe que, na esteira da lição de Celso Antônio, de sutil intelecção,

resta demonstrado que, com a inexistência de diferença fática ou

jurídica plausível no momento referente a Fevereiro de 2011, quando

a Parte Autora já sob o regime estatutário não percebia os direitos

decorrentes de sua situação; e o momento referente a Julho de 2012,

quando a Parte Autora, servidor nos mesmos moldes, passou a

perceber os direitos remuneratórios relativos à sua vinculação com o

Município de Salvador; há, com no artigo 15 da Lei 7.955/2011,

violência frontal à isonomia.

E “nem poderia ser de outro modo, pois as diferenças de

tratamento só se justificam perante fatos e situações

diferentes. Ora, o tempo não está nos fatos ou nos

acontecimentos; logo, sob este ângulo, fatos e acontecimentos

em nada se diferenciam .” (Idem. Pag. 33). Deste modo, tem-se que

o fator “tempo”, na forma como posto para diferenciar situações

semelhantes (servidor estatutário que faz jus às gratificações

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inerentes a todos os servidores da saúde nas condições postas) foi

erroneamente empregado.

Toda esta elucubração jurídica deságua na inconstitucionalidade que,

não custa afirmar, também pode ser vista através de uma simples

análise obtida pelas regras da experiência . Faz sentido estabelecer

um período no qual a Parte Autora, enquanto servidor público

estatutário ligado à administração municipal, não receberá benefícios

que se sabe (e a própria lei assume) fazer direito? É consonante com a

Constituição o estabelecimento de prazo em que, vinculada à

administração, a Parte Autora não perceberá “quaisquer vantagens

remuneratórias” e terá subtraído, portanto, seus direitos salariais?

Sabe-se que não. É manifesta, pois a antijuridicidade da norma em

comento.

Nesta linha, pode-se concluir que o artigo 15 da Lei 7.955/2011, ao

adiar a percepção dos direitos remuneratórios da Parte Autora, viola

frontalmente o princípio da isonomia, corolário do sistema jurídico,

posto na Constituição Federal e na Constituição do Estado da Bahia;

ao passo em que já há fundamentação suficiente para o afastamento

de sua incidência.

Por outra via, em atenção ao segundo aspecto já citado, também não

resiste o citado artigo 15 da Lei 7.995/2011 a uma análise posterior,

em que se avalia a correlação lógica entre o fator de discrímen e a

desequiparação procedida entre a Parte Autora e os outros servidores

municipais.

Com a lei 7.955/2011 e a opção da Parte Autora pelo regime

estatutário, houve a integração deste ao quadro dos profissionais de

saúde, segundo dispõe o artigo 3o da referida lei, in verbis:

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Art. 3o Os Agentes Comunitários de Saúde e

Agentes de Combate às Endemias passam a

integrar, no que couber, o Plano de Cargos e

Vencimentos do Profissionais da Saúde da Prefeitura

Municipal do Salvador, instituído pela Lei

7.887/2010.

A própria lei 7.867/2010, que regulamenta o plano de cargos e

vencimentos dos profissionais da saúde de Salvador, foi alterada pelo

instrumento normativo posto acima e passou expressamente a incluir

em sua disciplina os Agentes de Saúde e Endemias, inclusive em seu

artigo 27, que passou a figurar da seguinte maneira:

Art. 27: O profissional de saúde e os integrantes do

Grupo de Agentes de Saúde ocupantes de cargo

efetivo poderão perceber, além do vencimento,

observadas as peculiaridades de cada cargo as

seguintes vantagens pecuniárias, instituídas pela Lei

Complementar nº 1/91 e alterações posteriores, bem

como as instituídas por legislação específica:

I - gratificação pelo exercício de cargo em comissão;

II - gratificação pelo exercício de função de

confiança;

III - gratificação de periferia ou local de difícil

acesso;

IV - décimo - terceiro salário;

V - adicional pela prestação de serviços

extraordinários;

VI - adicional noturno;

VII - adicional de férias;

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VIII - adicional por tempo de serviço;

IX - adicional de periculosidade;

X - adicional de insalubridade;

XI - adicional pelo exercício de atividade penosa;

XII - gratificação de incentivo à qualidade e

produtividade dos serviços de saúde;

XIII - adicional por hora/plantão;

XIV - participação no produto de arrecadação

decorrente da fiscalização nas áreas de controle e

ordenamento do uso do solo, vigilância sanitária,

meio ambiente, serviços públicos ou transportes

públicos;

XV - gratificação pela participação em operações

especiais;

XVI - gratificação de incentivo ao desempenho

gerencial;

XVII - gratificação por atividades de instrutoria;

XVIII - gratificação por avanço de

competências;

XIX - gratificação de risco;

XX - gratificação por desempenho de funções

especiais.

Desta forma, a violação do princípio da isonomia reside também na

imprópria diferenciação realizada pelo art. 15 da Lei 7.955/2011 entre

os Agentes Comunitários de Saúde e Agentes de Combate às

Endemias em face dos outros servidores municipais da saúde. Os

primeiros, durante 18 meses não perceberam nenhuma das

gratificações legais decorrentes de sua condição de servidores da

saúde, ao passo em que os demais Servidores Municipais da Saúde,

regidos pela mesma lei, tiveram adimplidos os benefícios postos no

artigo acima.

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A Parte Autora e os servidores da saúde de outras categorias estão,

frente à administração, em situações iguais, vinculados à mesma

Secretaria, disciplinados pelas mesmas leis. Não devem, pois, ser

desequiparados, principalmente para restringir o mais básico direito

da Parte Autora enquanto trabalhador: aquele relativo aos seus

vencimentos.

Esta desequiparação entre os direitos remuneratórios da Parte Autora

e aqueles percebidos pelos outros servidores de Saúde não tem razão

jurídica de ser. Não há juridicidade numa diferenciação temporária

(que perdurou de Janeiro de 2011 a Junho de 2012) em que servidores

vinculados à mesma secretaria, regidos pela mesma lei, percebem

gratificações díspares, sendo que à Parte Autora, nenhuma

gratificação foi concedida no período.

À luz dos ensinamentos de Celso Antônio, já perece o artigo em

comento à primeira análise, tendo em vista a utilização do fator

“tempo”, por si, para diferenciar situações idênticas. Ainda assim,

caso reste dúvida acerca do dito acima e fundamentado inicialmente,

fulminado por vício de inconstitucionalidade está o artigo 15 da Lei

7.955/2011 por não haver sentido jurídico na imposição do gravame

(não percepção das gratificações devidas) à Parte Autora (e a todos os

Agentes Comunitários de Saúde e de Combate às Endemias);

mantendo-se alheia, todavia, tal restrição aos Servidores Municipais

da Saúde, também regidos pela lei 7.867/2010.

Valhamos-nos da lucidez de Celso Antônio novamente:

Então, no que atina ao ponto central da matéria

abordada procede afirmar: é agredida a igualdade

quando o fator diferencial adotado para qualificar os

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atingidos pela regra não guarda relação de

pertinência lógica com a inclusão ou exclusão no

benefício deferido ou com a inserção ou

arrendamento do gravame imposto. (Idem. Pag. 38)

No caso, não existe fator diferenciador nenhum (o tempo por si não

pode ser assim considerado) todavia, ainda que se tenha por existente

tal fator; não há “pertinência lógica” entre a restrição imensa imposta

à Parte Autora, que tem seu direitos remuneratórios, elemento básico

de sua sobrevivência e atrelado à sua dignidade e de sua família,

subtraídos; e a designação desta “vacância remuneratória”,

inaceitável perante qualquer servidor público.

O que a lição de Celso Antônio nos traz é que o critério para a

diferenciação deve ser proporcional e vinculável à distinção

procedida. Todavia, não advém do instrumento normativo nenhum

critério objetivo que justifique a distinção ocorrida entre os

servidores, e que culminou com o estabelecimento de prazo em que a

Parte Autora não recebeu os valores devidos.

Em resumo: não há razão para obstar a Parte Autora de perceber seus

direitos enquanto servidor pelo período de 18 (dezoito) meses. Ou

seja, valendo-se dos temos de Celso Antônio inexiste, “em abstrato,

uma correlação lógica entre os fatores diferencias existentes [que, in

casu, inexistem, como visto] e a distinção de regime jurídico em

função deles, estabelecida, pela norma jurídica.” (Idem. Pag. 41).

Desta forma, se percebe a inconstitucionalidade do artigo 15 da Lei

7.955/2011 no ponto em que, por não se depreender do instrumento

normativo nenhuma razão para tal distinção, inexiste pertinência

lógica, ou razão jurídica válida para que se proceda com a

diferenciação entre a Parte Autora, Agente Comunitário de

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Saúde/Agente de Combate às Endemias; e os demais servidores

municipais vinculados à Secretaria de Saúde no que tange ao

pagamento das mesmas gratificações.

Avançando na análise da antijuridicidade ocorrida na espécie percebe-

se, através dos contracheques da Parte Autora em anexo, que, já com

a comprovação de sua integração ao regime estatutário, diversos

benefícios devidos não foram adimplidos, como por exemplo, a “grat

competência”; “grat perif” e a “gratificação SMS”, o que, conforme

destacado, converteu-se em flagrante inconstitucionalidade.

Observe-se que a “grat perif” é devida em razão da Parte Autora atuar

em zona periférica, que a “gratificação SMS” é devida em razão da

Parte Autora ser servidor municipal da saúde e que a “grat.

Competência” é devida pelo avanço da Parte Autora em suas

competências. Neste diapasão, imperioso é que a Parte Autora

perceba os valores correspondentes a tais gratificações DESDE

A SUA ADMISSÃO NO SERVIÇO PÚBLICO, uma vez que sempre

atendeu aos critérios legais ali exigidos. Sempre atuou na

periferia, sempre foi servidor municipal da saúde e sempre

desenvolveu suas competências nos moldes estabelecidos.

Reforçando a tese posta acima, insta traçar em cores fortes o quão

anti-isonômica é a referida desequiparação, pois todos os servidores

da saúde recebem a gratificação por ser servidor da saúde; pelo

desenvolvimento das competências; e pelo trabalho em periferia

(quando trabalham nestes locais); exceto a Parte Autora, que durante

18 meses, por força de lei, não percebeu tais gratificações.

Ou seja, mais do que violar a isonomia, o Art. 15 da Lei 7.955/2011

viola ainda, por não trazer consigo motivação para a desequiparação

procedida, a própria lei 7.867/2010, por retirar direitos da Parte

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Autora consignados ali, instrumento que disciplina os Servidores de

Saúde em geral.

Nesta linha, pode-se dizer que a afronta à isonomia e à lei específica

disciplinadora dos servidores da saúde (que expressamente inclui os

Agentes Comunitários de Saúde e de Combate às Endemias),

realizada pelo art. 15 da Lei 7.995/2011 consiste em, mais que uma

inconstitucionalidade, em um ato arbitrário, eis que provavelmente

somente buscou salvaguardar momentaneamente as contas públicas

em detrimento dos direitos da Parte Autora, em detrimento da

Constituição. Este é entendimento presente no nosso ordenamento

desde o império, pelo que se vê:

“A lei deve ser uma e a mesma para todos; qualquer

especialidade ou prerrogativa que não for fundada

só e unicamente em uma razão muito valiosa do bem

público será uma injustiça e poderá ser uma tirania”

( Direito Público Brasileiro e Análise da Constituição

do Império, Rio de Janeiro, 1857, p. 424)

Impera destacar, ademais que, na vigência do supracitado artigo, a

Parte Autora, que antes de integrar o regime estatutário, percebia

regularmente o FGTS, por exemplo, típico direito celetista, passou a,

da publicação da lei 7.955/2011 até junho de 2012, não receber todos

os direitos decorrentes da condição de servidora da saúde. Foi posto,

assim, em verdade, em um limbo jurídico ; situação inconstitucional.

Explica-se. Durante o período determinado pelo artigo 15 da referida

lei, ora contestado, a Parte Autora figurou em um regime laboral sui

generis ; alheio aos direitos decorrentes do regime trabalhista (ao qual

pertenceu antes da opção decorrente da regulamentação da Emenda

51) e aos direitos do regime estatutário dos servidores da saúde, em

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atenção às gratificações que não foram pagas somente à sua categoria

(inicialmente, mas “magicamente” adimplidas a partir de julho de

2012).

A “criação” desta situação jurídica absurda, contrária à Constituição,

não somente evidencia flagrantemente a inconstitucionalidade

material do tratamento dado à Parte Autora, como indica uma

inconstitucionalidade formal, por incompetência da

municipalidade em, em detrimento da Emenda Constitucional

51/2006 e da Lei Federal 11.350/2006, criar regime laboral

“inovador” para a categoria da Parte Autora.

E que não se venha arguir a inocuidade da presente inicial em razão

da analise aqui procedida repousar majoritariamente em

entendimento doutrinário e principiológico. Isto, pois destes também

decorrem o direito – com muito mais força até – e também por haver

substrato normativo textual direto no sistema jurídico pátrio a afastar

a violência cometida pelo artigo 15 da Lei 7.955/2011.

É que a própria Constituição traz:

Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os

Municípios instituirão conselho de política de

administração e remuneração de pessoal, integrado

por servidores designados pelos respectivos

Poderes. (Redação dada pela Emenda Constitucional

nº 19, de 1998) 

§ 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos

demais componentes do sistema remuneratório

observará: 

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I - a natureza, o grau de responsabilidade e a

complexidade dos cargos componentes de cada

carreira; 

II - os requisitos para a investidura; 

III - as peculiaridades dos cargos. 

Veja-se que tratamos na espécie de servidores municipais vinculados

à administração sob o mesmo regime – o estatutário – ligados à

Secretaria de Saúde e que, logicamente, tem que fazer jus às mesmas

gratificações. Observe-se que, a título exemplificativo, uma das

gratificações que a Parte Autora passou a perceber, seguindo consta

de seus contracheques em anexo, é posta como “Gratificação SMS” e

diz respeito a todos os Servidores da Saúde do Município de Salvador.

Nesta linha, conforme já afirmado, a parte Autora, desde a sua

transmudação para o serviço público, conforme se depreende da

própria lei 7.955/2011, integra a Secretaria de Saúde de Salvador,

sendo lógico o direito da Parte Autora a tal gratificação desde a

publicação da referida Lei.

Trata-se também, na espécie, da gratificação por labor na periferia.

Observe-se que, além de sempre estar vinculada à Secretaria de

Saúde, toda a atuação da parte autora dá-se na região periférica, de

modo que, não faz o menor sentido (jurídico ou racional) e consiste

numa arbitrariedade em face da Parte Autora permitir que a

gratificação referente a este direito – já consagrado expressamente

em lei – fique refém de um lapso temporal instituído sem razão

alguma. Em situações similares, o judiciário tem se valido da mesma

ratio decidendi aqui defendida, para defender que, configurando-se a

hipótese típica que enseja a Gratificação instituída em lei, não há meio

para que a administração se exima de tal obrigação. Neste sentido:

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MANDADO DE SEGURANÇA. SERVIDOR PÚBLICO.

GRATIFICAÇÃO DE RISCO DE VIDA. SUPRESSÃO

APÓS PERÍODO DE LICENÇA. ATO INQUINADO DE

ILEGALIDADE, JÁ QUE NÃO HOUVE ALTERAÇÃO

DAS CONDIÇÕES DO AMBIENTE DE TRABALHO.

OFENSA A DIREITO LÍQUIDO E CERTO.

ISONOMIA CONSTITUCIONAL. ARTIGO 5º DA

CONSTITUIÇÃO FEDERAL. REINTEGRAÇÃO DA

GRATIFICAÇÃO A PARTIR DA IMPETRAÇÃO DO

MANDAMUS. SEGURANÇA CONCEDIDA EM

PARTE. A gratificação de risco de vida deve ser

percebida enquanto o servidor está prestando o

serviço que a enseja e só pode ser suprimida

nos casos em que cesse o trabalho que lhe dá

causa ou que desapareçam os motivos

excepcionais que a justifique.

(TJ-PR - MS: 1219658 PR Mandado de Segurança

(OE) - 0121965-8, Relator: Wanderlei Resende, Data

de Julgamento: 16/08/2002, Órgão Especial, Data de

Publicação: 09/09/2002 DJ: 6203)

Há ainda a Lei Complementar Municipal 01/91, que trata dos regimes

dos servidores públicos do Município do Salvador e também consigna

expressamente o preceito isonômico, ora defendido, de modo a

corroborar com a flagrante antijuridicidade do art. 15 da Lei

7.955/2011.

Art. 60 - É assegurada a isonomia de vencimentos

para cargos de atribuições iguais ou assemelhados

da administração direta do mesmo Poder ou entre

servidores dos Poderes Executivo e Legislativo,

ressalvadas as vantagens de caráter individual e as

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relativas à natureza e ao local de trabalho e

observado o disposto no inciso XII do Art. 37 da

Constituição Federal.

Por fim, cumpre destacar que o próprio judiciário pátrio acata toda a

tese aqui posta, irrefutável, acerca do regime da Parte Autora; da

necessária concessão das gratificações concedidas aos outros

Servidores da Saúde; e do adicional de insalubridade que a Prefeitura

vem concedendo. Isto conforme se depreende da seguinte decisão

AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE E AGENTES

DE COMBATE ÀS ENDEMIAS. ADMISSÃO

MEDIANTE PROCESSO SELETIVO PÚBLICO.

CONTRATO VÁLIDO. Os profissionais que, na data

de promulgação da EC 51/2006, desempenharem as

atividades de agente comunitário de saúde ou de

agente de combate às endemias, e desde que já

tenham sido contratados por meio de processo

seletivo público que atenda aos princípios de

legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade

e eficiência, conforme art. 198, § 4º, da CF,

acrescentado pela EC 51, de 14/02/2006, e

regulamentado pelo art. 9º, da Lei 11.350/2006, têm

os seus contratos válidos, a teor do parágrafo único

do art. 2º da EC 51, de 14/02/2006, regulamentado

pelo parágrafo único do art. 9º, da Lei 11.350/2006.

AGENTE DE SAÚDE. GRATIFICAÇÃO DE

PRODUTIVIDADE. PRINCÍPIOS DA ISONOMIA E

DA LEGALIDADE. A gratificação de

produtividade estabelecida na Resolução

CMS/TE nº 011/97 é garantida a todos os

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servidores lotados nas unidades de saúde

pertencentes à Secretaria Municipal de

Saúde/Fundação Municipal de Saúde ou sob a

sua responsabilidade. Portanto, a exclusão da

reclamante constitui conduta discriminatória e

ilegal do administrador, vez que confere

tratamento diverso a servidores que se

encontram na mesma situação jurídica, com

ofensa ao princípio da igualdade. Assim, a

reclamante faz jus à percepção da referida

gratificação, mas não no valor pretendido na

inicial, e sim naquele que resultar do rateio a

ser feito entre os servidores/empregados

abrangidos pela Resolução nº 011/97, de forma

a se observar o percentual máximo ali fixado,

sob pena de agressão ao princípio da legalidade

e do interesse público concernente à prestação

dos serviços públicos de saúde. AGENTE DE

SAÚDE. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE.

DEVIDO. EXPOSIÇÃO A AGENTES BIOLÓGICOS

RECONHECIDA EM LAUDO PERICIAL. Diante das

informações contidas no Laudo Pericial juntado

aos autos, conclui-se que a função

desempenhada pela reclamante a conduz ao

contato com pessoas portadoras de doenças

infecto-contagiosas, em residências

domiciliares e em unidades hospitalares. Dessa

forma, as suas atividades enquadram-se nos

termos contidos no Anexo 14 da Norma

Regulamentar 15 do MTE, que trata acerca das

atividades e operações insalubres que envolvam

agentes biológicos, razão pela qual deve ser

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reconhecido ao direito ao adicional de

insalubridade, sobre o salário mínimo.

(TRT-22 - RO: 591201000422000 PI 00591-2010-

004-22-00-0, Relator: FRANCISCO METON

MARQUES DE LIMA, PRIMEIRA TURMA, Data de

Publicação: DJT/PI, Página não indicada, 22/9/2010)

Ressalta-se que não se pretende aqui a equiparação ou o

enquadramento da Parte Autora em direitos remuneratórios de outra

categoria, mas somente o pagamento das gratificações postas

expressamente em lei que este faz jus enquanto Agente Comunitário

de Saúde/de Combate às Endemias. Tais gratificações são

reconhecidas pela lei e pela própria administração, que passou a

adimpli-las após junho de 2012. A verdadeira pretensão é de que o

direito hoje reconhecido legalmente e administrativamente às

gratificações seja adimplido desde a transmudação de regime, eis que,

desde aquele momento todos os pressupostos para o alcance das

gratificações já se verificavam.

Não busca também, a Parte Autora, nesta linha, a obtenção da

majoração, via judiciário, dos seus vencimentos, o que se sabe

indevido em atenção á Sumula 339 do STF. Busca somente a cobrança

dos valores devidos, a título de gratificação desde a opção pelo regime

estatutário, eis que, conforme exaustivamente explanado, desde

aquele momento a Parte Autora atende aos requisitos perceber os

benefícios que somente passou a receber a partir de julho de 2012.

Isto posto, espera a Parte Autora, por questão de inteira justiça, que

este juízo reconheça seu direito às vantagens remuneratórias

inerentes ao cargo público ocupado desde a transmudação de regime

e imponha à administração municipal o pagamento dos valores não

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adimplidos referentes à “Grat. PERIF”, “Grat. SMS” e “Grat.

COMPETENCIA”, bem como às demais vantagens legais aplicáveis à

espécie.

DAS PROVAS

Protesta provar o alegado por todas as provas em Direito admitidas,

em especial testemunhos, novos documentos e mesmo perícia técnica,

na eventualidade deste M.M. Juízo entender indispensável ao

deslinde do presente feito.

DOS PEDIDOS

Ante ao exposto, requer:

a) a concessão da Justiça Gratuita, nos termos acima expostos;

b) a citação do representante legal do Réu para contestar a

presente ação no prazo legal, sob pena das sanções processuais

pertinentes, inclusive confissão e revelia;

c) que seja conhecida e julgada totalmente procedente a

presente ação ordinária, para que seja reconhecido e

declarado por sentença o direito da Parte Autora em

perceber todos os valores e benefícios referentes à sua

condição de servidor estatutário, desde o momento da sua

opção por tal regime, com a condenação do Município do

Salvador ao imediato pagamento do montante equivalente

às diferenças;

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d) a atualização monetária e juros de mora legais incidindo sobre a

condenação acima requerida;

e) a condenação do Município-Réu nas custas processuais e

honorários advocatícios, estes no equivalente a 20% do total da

condenação.

Dá-se à causa o valor de R$10.000,00 (dez mil reais).

Nestes termos,

Pede Deferimento.

Salvador, 21 de Maio de 2014.

Jerônimo Luiz Plácido de

Mesquita

OAB-BA 20.541

Yuri Oliveira Arléo

Acadêmico de Direito

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