adotados na vigencia do codigo civil de 1916 nao tem direito a heranca de avo biologica

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Adotados na vigência do Código Civil de 1916 não têm direito a herança de avó biológica 29/07/2015 Fonte: Assessoria de Comunicação do IBDFAM com informações do STJ Netos adotados na vigência do Código Civil de 1916 não têm direito a herança de avó biológica falecida e 2007, quando já em vigor o novo código. Com esse entendimento, a Terceira Turma do Superior Tribuna Justiça (STJ) negou o pedido dos adotados aplicando a regra do Código Civil de 2002, segundo o qual, c a adoção, não há mais qualquer direito sucessório com relação à ascendente biológica. Os irmãos adotados queriam participar da partilha sob a alegação de que, como foram adotados em 1969 deveria ser aplicada a regra do CC/16. De acordo com essa norma, os direitos que resultavam do parentesco consanguíneo, entre eles o direito de herança, não se extinguiam pela adoção. Segundo o acórdão, quando a avó biológica faleceu, vigia o artigo 1.626 do Código Civil de 2002 (revoga pela Lei n. 12.010/2009), segundo o qual a adoção provocava a dissolução do vínculo consanguíneo. Ass com a adoção, ocorreu o completo desligamento do vínculo entre os adotados e a família biológica, “revelandose escorreita a decisão que os excluíra da sucessão porquanto, na data da abertura, já não e mais considerados descendentes”. De acordo com o advogado João Ricardo Brandão Aguirre, vicepresidente do IBDFAM/SP, com o advent da Constituição Federal de 1988 e a consagração do princípio da igualdade da filiação, “operouse altera de vulto no instituto da adoção, estabelecendose um vínculo pleno de parentesco entre o adotado, o adotante e sua família, com a consequente ruptura do vínculo de parentesco com a família natural, excet que se refere aos impedimentos matrimoniais. Em consonância com a ordem constitucional, o Estatuto da Criança e do Adolescente dispõe, no caput de seu artigo 41, que ‘a adoção atribui a condição de filho ao adotado, com os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios, desligandoo de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo os impedimentos matrimoniais’. Além disso, estabelece o art. 49 do ECA que a mor dos adotantes não restabelece o poder familiar dos pais”, diz Por esses motivos e em razão da eficácia direta da norma constitucional no que tange a questões de dire existencial, bem como à tutela prioritária da família, os requisitos de validade do ato lavrado no ano de 19 devem ser verificados de acordo com a norma vigente à época (CC1916). “Contudo, sua eficácia encontr se subordinada aos ditames da norma constitucional de 1988, em especial, no que se refere ao caso em tela, ao princípio da igualdade da filiação e à proteção especial da família”, diz João Aguirre. De acordo com a decisão, o acolhimento da tese defendida pelos recorrentes implicaria o reconhecimento duplo direito sucessório, pois fariam jus à herança dos parentes consanguíneos e à dos adotivos também Aguirre explica que atualmente, nos casos de multiparentalidade existe a possibilidade de múltiplo direito sucessório. “A questão da multiparentalidade envolve viva controvérsia e ainda não tem sido acolhida de forma pacificada em nossos tribunais. Contudo, em meu entendimento, tratase de uma realidade que merece ser tutelada, em consonância com a base axiológica de nosso ordenamento, fundada na tutela prioritária da pessoa e de sua dignidade, assim como na proteção especial da família. E, nesses casos, s possível a ocorrência de um direito sucessório plúrimo”, reflete

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Direito Sucessório

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Page 1: Adotados Na Vigencia Do Codigo Civil de 1916 Nao Tem Direito a Heranca de Avo Biologica

Adotados na vigência do Código Civil de 1916 não têm direito a herança de avóbiológica29/07/2015

Fonte: Assessoria de Comunicação do IBDFAM com informações do STJ

Netos adotados na vigência do Código Civil de 1916 não têm direito a herança de avó biológica falecida em2007, quando já em vigor o novo código. Com esse entendimento, a Terceira Turma do Superior Tribunal deJustiça (STJ) negou o pedido dos adotados aplicando a regra do Código Civil de 2002, segundo o qual, coma adoção, não há mais qualquer direito sucessório com relação à ascendente biológica.

Os irmãos adotados queriam participar da partilha sob a alegação de que, como foram adotados em 1969,deveria ser aplicada a regra do CC/16. De acordo com essa norma, os direitos que resultavam doparentesco consanguíneo, entre eles o direito de herança, não se extinguiam pela adoção.

Segundo o acórdão, quando a avó biológica faleceu, vigia o artigo 1.626 do Código Civil de 2002 (revogadopela Lei n. 12.010/2009), segundo o qual a adoção provocava a dissolução do vínculo consanguíneo. Assim,com a adoção, ocorreu o completo desligamento do vínculo entre os adotados e a família biológica,“revelando­se escorreita a decisão que os excluíra da sucessão porquanto, na data da abertura, já não erammais considerados descendentes”.

De acordo com o advogado João Ricardo Brandão Aguirre, vice­presidente do IBDFAM/SP, com o adventoda Constituição Federal de 1988 e a consagração do princípio da igualdade da filiação, “operou­se alteraçãode vulto no instituto da adoção, estabelecendo­se um vínculo pleno de parentesco entre o adotado, oadotante e sua família, com a consequente ruptura do vínculo de parentesco com a família natural, exceto noque se refere aos impedimentos matrimoniais. Em consonância com a ordem constitucional, o Estatuto daCriança e do Adolescente dispõe, no caput de seu artigo 41, que ‘a adoção atribui a condição de filho aoadotado, com os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios, desligando­o de qualquer vínculo compais e parentes, salvo os impedimentos matrimoniais’. Além disso, estabelece o art. 49 do ECA que a mortedos adotantes não restabelece o poder familiar dos pais”, diz

Por esses motivos e em razão da eficácia direta da norma constitucional no que tange a questões de direitoexistencial, bem como à tutela prioritária da família, os requisitos de validade do ato lavrado no ano de 1969devem ser verificados de acordo com a norma vigente à época (CC1916). “Contudo, sua eficácia encontra­se subordinada aos ditames da norma constitucional de 1988, em especial, no que se refere ao caso emtela, ao princípio da igualdade da filiação e à proteção especial da família”, diz João Aguirre.

De acordo com a decisão, o acolhimento da tese defendida pelos recorrentes implicaria o reconhecimento deduplo direito sucessório, pois fariam jus à herança dos parentes consanguíneos e à dos adotivos também. Aguirre explica que atualmente, nos casos de multiparentalidade existe a possibilidade de múltiplo direitosucessório. “A questão da multiparentalidade envolve viva controvérsia e ainda não tem sido acolhida deforma pacificada em nossos tribunais. Contudo, em meu entendimento, trata­se de uma realidade quemerece ser tutelada, em consonância com a base axiológica de nosso ordenamento, fundada na tutelaprioritária da pessoa e de sua dignidade, assim como na proteção especial da família. E, nesses casos, serápossível a ocorrência de um direito sucessório plúrimo”, reflete