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Adolescência tardia e entrada na vida adulta (b). Psicologia do Desenvolvimento PUCRJ/2009 Profa. Denise Streit Morsch ADOLESCÊNCIA (a)

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Page 1: ADOLESCENCIA (1)

Adolescência tardia e entrada na vida adulta (b).

Psicologia do Desenvolvimento PUCRJ/2009

Profa. Denise Streit Morsch

ADOLESCÊNCIA (a)

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A sugestão de Donald Winnicott de que o tempo é um fenômeno curativo na adolescência me pareceu ser verdadeira.

J. Outeiral

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TEMPO NA

E DA ADOLESCÊNCIA

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• Fase do desenvolvimento humano que se inicia a partir das mudanças físicas que ocorrem com os indivíduos a partir da puberdade.

• puberdade e adolescência, apesar de estarem diretamente relacionadas, correspondem a dois fenômenos específicos, ou seja,

• a puberdade envolve transformações biológicas inevitáveis,

• a adolescência refere-se aos componentes psicológicos e sociais diretamente relacionados aos processos de mudança física gerados neste período (Osório, 1996). Assim:,

• a adolescência começa na biologia e termina na cultura no momento em que menino e menina atingiram razoável grau de independência psicológica em relação aos pais.

• em algumas sociedades consideradas mais simples, essa etapa do ciclo evolutivo pode ser breve, enquanto que em sociedades evidenciadas como tecnologicamente mais desenvolvidas, a adolescência tende a se prolongar (Traverso-Yépez & Pinheiro, 2002).

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Ciclo vital

AS NOVIDADES SÓCIO-AMBIENTO-CULTURAIS E AS NOVAS SOLICITAÇÕES

PARA AS FAMÍLIAS E OS ADOLESCENTES.

FUNÇÕES FAMILIARES - SÃO AS MESMAS

biológicas – psicológicas - sociais

PROTEÇÃO

SEGURANÇA

ESTABILIDADE

FORMAÇÃO COGNITIVA E AFETIVA

INTRODUÇÃO NA CULTURA – NA CIDADANIA

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• o ciclo evolutivo familiar é marcado por eventos - previsíveis e imprevisíveis surgindo crises no funcionamento da família, (Scabini, 1992).

• Esta crises afetam todos os membros da família, como por exemplo, no período da adolescência, considerado como uma fase do ciclo vital familiar que provoca intensas transformações relacionais, especialmente entre pais e filhos (Sudbrack, 2001).

• Isso porque, segundo Cerveny e Berthoud (2001), pais e filhos encontram-se em momentos diferentes de transformação:

- os adolescentes costumam questionar valores e regras familiares, preocupando-se intensamente com o futuro e

- seus pais se encontram em uma etapa de questionamento profissional, de reflexão e de transformação, também repensando o futuro.

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A adolescência apresenta tarefas particulares: - uma fase de transição do indivíduo, da

infância para a idade adulta, evoluindo de um estado de intensa dependência para uma condição de autonomia pessoal (Silva & Mattos, 2004) e de

- uma condição de necessidade de controle

externo para o autocontrole (Biasoli-Alves, 2001),

- marcado por mudanças evolutivas rápidas e intensas nos sistemas biológicos, psicológicos e sociais (Marturano, Elias & Campos, 2004).

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• Apesar da adolescência ser considerada por muitos como um fenômeno universal, ou seja, que acontece em todos os povos e em todos os lugares, o início e a duração deste período evolutivo varia de acordo com a sociedade, a cultura e as épocas, ou seja, esta fase evolutiva apresenta características específicas dependendo do ambiente sócio-cultural e econômico no qual o indivíduo está inserido (Osório, 1996). Entretanto, o conceito de adolescência, tal como conhecemos hoje, é uma construção recente do ponto de vista sócio-histórico.

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Observo, por exemplo, nesses mais de trinta anos de trabalho com a adolescência, que ocorre um número cada vez maior de “adolescentes” antes mesmo do surgimento das características físicas da puberdade. Com freqüência, pensamos que há uma seqüência na qual a adolescência sucede (ou ao menos é concomitante) à puberdade.

Mas, no cotidiano, constatamos, cada vez mais, que crianças de 7, 8 ou 9 anos, com um corpo ainda infantil, adotam uma “postura adolescente”: em suas festas buscam criar “clima” de pouca luz, não querem adultos na sala, dançam com sensualidade; enfim, nessa idade se mostram bastante mais precoces que seus irmãos mais velhos (ou “a outra geração”).

Provavelmente, estimuladas pelo ambiente, estas crianças adolescem mais cedo, pois, como vimos, adolescência é um fenômeno fundamentalmente psicológico e social. (OUTEIRAL, 2003. 3-4ps.)

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(1) a perda do corpo infantil, dos pais da infância e da identidade infantil;

(2) da passagem do mundo endogâmico ao universo exogâmico;

(3) da construção de novas identificações assim como das imprescendíveis desidentificações;

(4) da resignificação das “narrativas” de self;

(5) da reelaboração do narcisismo;

A adolescência é caracterizada, como sabemos, por inúmeros elementos, dos quais quero referir alguns:

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• (6) da reorganização de novas estruturas e estados de mente;

• (7) da aquisição de novos níveis operacionais de pensamento (do concreto ao abstrato);

• (8) da apropriação do novo corpo;

• (9) do recrudescimento das fantasias edípicas;

• (10) da vivência de uma nova etapa do processo de separação-individuação;

• (11) da construção de novos vínculos com os pais, caracterizados por menor dependência e idealização;

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• (12) da primazia da zona erótica genital;

• (13) da busca de um objeto amoroso;

• (14) da definição da escolha profissional;

• (15) do predomínio do ideal de ego sobre o ego ideal; enfim, de muitos outros aspectos que seria possível seguir citando, mas, em síntese, da organização da identidade em seus aspectos espaciais, temporais e sociais

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• Rebeldes sem causa, isto é, sem causa aparente. Na verdade, as transformações deste período originam modificações que atingem a personalidade como um todo, provocando tristeza pela identidade infantil que vai sendo perdida e um temor pelo mundo adulto e suas representações que vão se avizinhando ( o tão

temido e desejado mundo adulto ...).

O Spleen na adolescência: sentir tédio ou ser entediante. José Outeiral. ( material exclusivamente para circulação

nos Seminários: não revisado)

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• Na adolescência ...mas continuam desenhando, às vezes de forma quase compulsiva. As agendas e cadernos são cheios de desenhos – estes últimos muitas vezes demarcam a quebra do limite espacial do permitido e, consequentemente, de outras interdições – e eles servem até mesmo como forma de comunicação entre os adolescentes. Ganham tonalidades de humor e irreverência (caricaturas, chistes) ou de erotismo e, nesse momento, os “grafites”surgem com toda a força.

ADOLESCENTES E IMAGENS DA ESCOLA : UM COTIDIANOAPRISIONADO E A SUA EXPRESSÃO ATRAVÉS DO DESENHOEloiza da Silva Gomes de Oliveira (UERJ)

Marcia Souto Maior Mourão Sá (UERJ)

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• Em Arminda Aberastury (1980) o enfoque da adolescência recai sobre um momento fundamental de crescimento do indivíduo, terceiro evento decisivo do ciclo inicial da vida – antecedido pelo nascimento e pela vivência da “fase genital prévia”, com o advento do Complexo de Édipo - e que ela chama de “normal anormalidade”.Sua abordagem teórica da adolescência está alicerçada em três pilares fundamentais: a relação com a liberdade, a elaboração das perdas ou “lutos” e o processo interacional com o mundo.

• Aberastury (1981) destaca três exigências básicas do jovem, em relação à liberdade: as que se relacionam às saídas e horários, à vivência de uma ideologia e à experimentação de um amor e de um trabalho. Focaliza as dificuldades dos adultos (pais e educadores),

divididos entre a tendência de conceder ao adolescente uma liberdade irrestrita – que pode ser interpretada por ele como abandono e falta de amor – e a de negar-lhe o direito às manifestações de autonomia.

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A autora fala de três lutos fundamentais: pelo corpo infantil, perdido com as mudanças suscitadas pelo surto pubertário; pelas figuras parentais, introjetadas na infância envoltas em idealização e fantasia; e pelo papel e identidade infantis, que precisam ser revistos e alterados, dando origem, muitas vezes, a identidades transitórias e circunstanciais que antecedem a definição de uma identidade adulta.

Arminda Aberastury (1981)

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• O processo interacional com o mundo:

O mundo interno, constituído pelas experiências acumuladas no ciclo vital, é parcialmente responsável pela intensidade e pela duração da chamada “crise adolescente”. O restante da qualidade dessa crise cabe ao mundo externo, que pode suavizá-la ou não. A exacerbada capacidade crítica do adolescente, aliada à ânsia por reformas sociais, à eclosão da sexualidade e à necessidade de liberdade, já citadas, constituem os pólos fundamentais de atrito entre o jovem e o mundo externo, contaminando a interação entre os dois.

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Aberastury não admite, de forma alguma, a construção de um mundo futuro sem a participação ativa da juventude.

Destaca que os adultos, diferentemente dos jovens,muitas vezes não querem ou não podem compreender o empobrecimento da cultura e da sociedade que corresponde ao imobilismo.

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Flavio F. D’Andrea (1989), in CONTRIBUIÇÕES DA LITERATURA DO DEVANEIO PARA O CONCEITO DE JUVENTUDE

Professor Dr. Jorge Alves Santana UFGREVISTA DA UFG - Número especial JUVENTUDE

Órgão de divulgação da UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS - Ano VI, No. 1, junho de 2004

• Esta etapa estaria quantificada entre os quinze e os vinte anos do sujeito,isto é, no período que segue a puberdade, o adolescente de nossa cultura, para integrar-se definitivamente no mundo dos adultos precisa enfrentar o problema vocacional, emancipar-se da família, desenvolver relações satisfatórias com o sexo oposto e

integrar sua personalidade, cristalizando uma identidade pessoal.

Poucas linhas de qualificações complexas para um tempo infinitamente pequeno. Integração, emancipação, satisfação e cristalização parecem falas oraculares, proferidas por uma instância inumana. Caem, pois, com peso implacável e insustentável sob a cabeça do sujeito que passaria por tal etapa e, nos seus planos de vida, ambicionaria tão somente encontrar a leveza dos prazeres que a vida poderia propiciar.

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TRANSIÇÃO PARA A VIDA ADULTA: MUDANÇAS POR PERÍODO E COORTEAna Amélia Camarano, Solange Kanso, Juliana Leitão e Mello

Da Diretoria de Estudos Macroeconômicos do Ipea

• O processo de transição para a vida adulta é visto não só como a passagem da escola para o trabalho, mas como um fenômeno mais complexo que envolve a formação escolar, a inserção profissional e a constituição de um novo núcleo familiar, que pode ocorrer via casamento,nascimento do primeiro filho e/ou saída da casa dos pais. Para alguns autores, a transição para a parentalidade ou o nascimento do primeiro filho caracteriza o estágio final do processo de transição para a vida adulta (CORIJN, 1999; BILLARI,2001).

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• Para os homens, a participação no mercado de trabalho é um determinante importante e, para as mulheres, o casamento e a maternidade ainda são os eventos mais importantes. Assumiu-se que ter completado a transição para os homens é deixar a escola, participar das atividades econômicas e sair da casa dos pais ou de origem, o que significa constituir o seu próprio domicílio. Para as mulheres, além dessa alternativa, considerou-se, também, a de sair da escola, da casa dos pais e de ter filhos, independentemente de estar participando das atividades econômicas ou não. Na verdade, está se falando de duas modalidades de transição: uma via mercado de trabalho e, outra, via constituição de família e maternidade.

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• Em outros tempos, um indivíduo de dezessete anos já era considerado adulto,exercia atividades e funcionava conforme um padrão adulto. No atual momento histórico e cultural, nesta idade, um jovem é apenas um adolescente do segundo período, sendo freqüente que aos trinta anos ainda seja dependente da estrutura parental, sem assumir intrapsiquicamente sua condição de adulto, funcionando com um pseudo-adulto.

(CARVAJAL, 1998. 98p.)

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Calligaris: é a idéia de que nossa cultura idealiza o período da adolescência e que o comportamento dos adolescentes é na verdade a realização do desejo do adulto. O adulto é, em certa medida, aquele sujeito que já construiu uma vida. Casou-se, tem filhos para sustentar, um emprego, contas para pagar, obrigações cansativas, uma dúzia de preocupações e, em muitos casos, diversos sonhos sepultados. Ao contrário, o adolescente tem projetos, uma certa liberdade, energia, e a desculpa de poder “endoidecer” se quiser, pois não é maduro o suficiente. O psicanalista chega a afirmar: Será que a adolescência não foi provocada, impondo a moratória e suscitando a rebeldia, justamente para que encenasse o sonho de liberdade individual e de desobediência que é próprio de nossa cultura? Será que a adolescência não veio a existir para o uso da contemplação preocupada, mas complacente, dos adultos? (CALLIGARIS, 2000. 59p.)

Se a adolescência é, em última instância, o ideal de nossa cultura, então nossa sociedade se converge para a adolescência. Isso pode ser percebido a olho nu. As crianças estão se tornando adolescentes mais cedo, os adolescentes demorando mais para se tornarem adultos e muitos adultos se vestem, se comportam e têm atitudes próprias de um jovem adolescente.

Weber Alves Junior cita: CALLIGARIS, Contardo. A adolescência. São Paulo: Publifolha, 2000.

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Maurício Knobel:

O adolescente isolado não existe, como não existe ser algum desligado do mundo,nem mesmo para adoecer. A patologia é sempre a expressão do conflito do indivíduo com a realidade, seja através da inter-relação de suas estruturas psíquicas ou do manejo das mesmas frente ao mundo exterior. (...) Acreditamos que as modificações do meio vão determinar a expressão da normal anormalidade do adolescente... (1981,p. 10)

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São dez, segundo o autor os “sintomas” da adolescência normal:

. Busca de si mesmo e da identidade

. Acentuada tendência grupal

. Necessidade de intelectualizar e fantasiar

. Crises religiosas

. Deslocalização temporal

. Evolução sexual, do auto-erotismo para a heterossexualidade

. Atitude social reivindicatória

. Contradições sucessivas em todas as manifestações da conduta

. Separação progressiva dos pais

. Constantes flutuações do humor e dos estados de ânimo

KNOBEL, Maurício (1981). A síndrome da adolescência normal. In ABERASTURY, Arminda & KNOBEL, Maurício (1981). Adolescência normal. Porto Alegre: ARTMED.

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A pessoa jovem, a fim de sentir a globalidade, deve experimentar uma continuidade progressiva entre aquilo que foi durante os longos anos de infância e aquilo em que promete converter-se, no futuro previsto; entre aquilo que ela se concebe ser e aquilo que ela percebe os outros verem nela e esperarem dela. Individualmente falando, a identidade inclui (mas é mais do que) a soma de todas as identificações sucessivas desses primeiros anos, quando a criança queria ser como as pessoas de quem dependia – e freqüentemente era forçada a sê-lo. A identidade é um produto singular que enfrenta agora uma crise a ser exclusivamente resolvida em novas identificações com os companheiros da mesma idade e com figuras de líderes fora da família.” (Erikson, 1976, p. 86).

ERIKSON, Erik H. (1976). Identidade, juventude e crise. Rio de Janeiro: Zahar.

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Os resultados sugerem que o processo de transição para a vida adulta da população masculina está sendo afetado pelo aumento da escolaridade, pelo adiamento da saída da casa dos pais e, em menor escala, pela diminuição das taxas de atividade masculina.

A transição para a vida adulta das mulheres experimentou muito mais transformações que a masculina, o que foi resultado, principalmente, de mudanças na sua inserção social como um todo do que por condições específicas da juventude.

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Os jovens continuam transitando para a vida adulta nos moldes tradicionais. No entanto, mudanças aconteceram e foram numerosas. Muito embora,a participação feminina nas atividades econômicas tenha crescido bastante, o modelo tradicional de saída de casa via casamento e maternidade parece ainda prevalecer.

A ordem dos eventos foi alterada dado, entre outros fatores, o incremento do tempo passado na escola. A entrada no trabalho se antecipou à saída da escola. A maternidade e o casamento se anteciparam à saída de casa e não foram afetados pelo adiamento da saída da escola.

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O alongamento em alguns processos, como a saída da escola e da casa dos pais, extrapolou o limite etário definido para a juventude. Parte das mudanças foi decorrente de eventos típicos da juventude, como educação e sexualidade. Outras estão ligadas às transformações mais gerais do mundo do trabalho, da nupcialidade etc. As primeiras afetaram mais as mulheres, oferecendo novas modalidades de transição, mas podem, no futuro, vir a afetar os homens, de forma diferenciada.

Concluindo, o processo de transição ficou mais complexo e heterogêneo; mais longo em alguns aspectos e mais curto em outros. O mesmo aconteceu com o mundo adulto.

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• O final da adolescência, em todas as culturas, é marcado por rituais de passagem, e os jovens se vêem obrigados a enfrentarem situações que os ensinam a viver sozinhos, sem depender de outra pessoa.

• Nos costumes de povos primitivos isto é mais evidente. Algumas tribos africanas, por exemplo, realizam um ritual de passagem da infância para a vida adulta, ou seja, durante o período que

conhecemos como adolescência.

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• Quando os garotos da tribo completam 13 anos, são raptados por homens mascarados, conhecidos como os "demônios da floresta". Os pais estão cientes do processo e sabem o destino de seus filhos, mas os jovens pensam estar realmente sendo separados à força das suas famílias.

• Os meninos são levados para a floresta, onde permanecem por dois meses. Lá, aprendem a caçar a própria comida, cuidar dos ferimentos, construir abrigo. O ritual tem o objetivo de fazer com que os meninos aprendam a viverem sozinhos, sem depender dos pais.

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• E enquanto os jovens estão na floresta, as moças da mesma idade convivem durante o mesmo período com mulheres mais experientes, que as orientam a respeito de assuntos femininos, como menstruação, gravidez, tarefas da casa, cuidados com as crianças e com o marido. Ao término deste período, retornando os jovens para a tribo, reencontram as moças e escolhem as parceiras para o casamento, e já não voltam mais para a casa dos pais. O novo casal, depois da experiência, supostamente já tem responsabilidade e

conhecimentos suficientes para construir um lar e constituir família.

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O professor Mauricio Knobel comentouhaver “uma situação que obriga o sujeito a reformular os conceitos que tem a respeito de si mesmo e que o levam a abandonar sua auto-imagem infantil e a projetar-se no futuro de sua vida adulta”.

Anna Freud (citada pelo Dr. Knobel),afirmou “que é muito difícil assinalar o limite entre o normal e o patológico na adolescência”, acrescentando que “seria anormal a presença de um equilíbrioestável durante o processo adolescente”.

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Maurício Knobel:• na adolescência os primeiros vislumbres discriminativos e a intensa

vivência do corporal convertem a fantasia edípica em fálica ou real (sem perder o ilusório), com o que se intensifica a repressão e onde a masturbação se torna angustiosa e culposa.

• A definição sexual, ou seja, o assumir uma “identidade sexual” se converte em uma exigência que se torna veementemente estimulante. O nível de ambigüidade na conduta, tão observável – como descritível desde diversas perspectivas –, é necessário como âmbito para elaborar processos de luto, identificações perdidas, aceitação de novas possibilidades egóicas e novas figuras de identificação.

• Infância e adolescência: psicologia do desenvolvimento, psicopatologia e tratamento. Org. por José O. Outeiral. Porto Alegre, Artes Médicas, 1982.

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Françoise Dolto (1990)

• Se os adolescentes fossem encorajados pela sociedade a exprimir-se, isto os ajudaria em sua dificil evolução.

• Acho que há algo que, ainda assim, existe nos adolescentes alguma coisa que não mudou: sua preferência pelas amizade. A crença na amizade existe e acho que é quando a perdem que eles não tem mais nada. Só a amizade torna sua vida vivível.

• A população adulta aniquila a ânsia do adolescente quando lhe diz: “Impossível”.

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• O que caracteriza o adolescente é que ele se fixa num projeto longínquo, que ele imagina num tempo e num espaço diferentes daqueles em que viveu até agora....uma boa solução é alimentar um sonho que se realiza dia após dia. P.80/81

• A adolescência é um período muito rico se deixarmos o jovem assumir bem cedo suas responsabilidades, sem contestá-lo.Não contestar não significa não aprovar. Numa relação de confiança recíproca, a rejeição total se torna um direito recíproco.

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Bibliografia:

PrattaI E.; Santos M. - Família e adolescência: a influência do contexto familiar no desenvolvimento psicológico de seus membros in Psicol.estud. vol.12 no.2 Maringá,maio/ag 07.

Knobel, M. - Infância e adolescência: psicologia do desenvolvimento, psicopatologia e tratamento. Org. por José O. Outeiral. Porto Alegre, Artes Médicas, 1982.

Dolto, F.-