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Wilson Araújo
ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E
ORÇAMENTÁRIA PARA CONCURSOS PÚBLICOS
2ª edição
Revista e atualizada
2018
Capítulo 1 Aspectos introdutórios
Administração financeira e orçamentária para concursos públicos 21
Capítulo 1. Aspectos introdutórios
Nesse capítulo abordarei alguns conceitos que servirão de alicerce para o entendimento da obra. Sabendo que sua jornada é bastante árdua (já passei por isso), preparei um material didático e bastante objetivo para auxiliar em sua preparação. Fique atento aos conceitos que estarei apresentando, pois serão utilizados no desenvolvimento desse trabalho. Boa sorte a todos e muita TRANSPIRAÇÃO.
1.1. ESTADO
Seu significado é de natureza jurídica correspondendo a um conjunto de instituições que administram e controlam uma nação. A existência do Estado exige o seu próprio território, numa área delimitada por fronteiras respeitadas internacionalmente e que exerça sobre este a sua cidadania.
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1.2. FINALIDADE
O Estado como sociedade política, tem como finalidade precípua promover o bem comum para que os indivíduos e a sociedade como um todo possam atingir seus fins particulares.
1.3. ESTADO X SOCIEDADE
Observe pela figura acima que entre o estado e a sociedade encontram-se às necessidades públicas. Para Régis Fernandes de Oliveira e Estevão Horvath “tudo aquilo que incumbe ao Estado prestar, em decorrência de uma decisão política, inserida em norma jurídica, é necessidade pública”.
É obrigação do Estado à promoção do bem-estar social, portanto ele pode e deve promovê-la (poder-dever).
Partindo desse princípio, o Estado terá que trabalhar, terá que sair em busca de meios para sua manutenção e esse trabalho tem nome: Atividade Financeira do Estado (AFE). Aliomar Baleeiro em sua obra “Uma introdução à ciência das finanças” assevera que a Atividade Financeira do Estado consiste em:
OBTER recursos: Receitas Públicas;
CRIAR o crédito público: Endividamento Público;
GERIR E PLANEJAR a aplicação dos recursos: Orçamento Público;
DESPENDER recursos: Despesa Pública
Segundo Alberto Deodato1, a Atividade Financeira do Estado é a procura de meios para satisfazer às necessidades públicas.
1. DEODATO, Alberto, Manual de Ciências das Finanças. 11 ed. São Paulo: Saraiva, pág.8
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1.4. DIREITO FINANCEIRO X DIREITO TRIBUTÁRIO
O Direito Financeiro é o ramo do Direito Público responsável pela normati-zação da AFE e abrange as receitas públicas, despesas públicas, créditos públi-cos e o orçamento público. Já o Direito Tributário tem por objeto específico a disciplina jurídica de uma das origens da receita pública: o tributo.
As normas básicas referentes ao Direito Financeiro e ao Tributário encon-tram-se na CF; na Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964; na Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 – CTN; na Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000 – LRF; e no Decreto nº 93.872, de 24 de dezembro de 1986.
Qualquer que seja o conceito do Direito Financeiro, sempre observaremos o seguinte núcleo: normas jurídicas de direito positivo que regulam a ativi-dade financeira do Estado. Kiyoshi Harada afirma que: “o direito financeiro é o ramo do Direito Público, que estuda a atividade financeira do Estado sob o ponto de vista jurídico”.
Atenção! As questões costumam criar uma dependência entre o Direito Financeiro e o Direito Tributário. Exemplo: Um tributo só poderá ser arre-cadado se houver previsão legal na Lei Orçamentária Anual (LOA). Errado! No Brasil, não se exige prévia autorização orçamentária para que possa ser cobrado um tributo em um exercício.
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1.5. EXERCÍCIO FINANCEIRO
A Lei nº 4.320/64 definiu o exercício financeiro como período de tempo que necessariamente coincidirá com o ano civil, ou seja, sempre começará no dia 1º de janeiro e terminará no dia 31 de dezembro.
Lei nº 4.320/64Art. 34. O exercício financeiro coincidirá com o ano civil.
1.6. SESSÃO LEGISLATIVA
Corresponde ao período de trabalho parlamentar durante o ano. Divide-se em: sessão legislativa ordinária e extraordinária. A sessão legislativa ordiná-ria inicia-se em 2 de fevereiro e encerra-se em 22 de dezembro, com recesso parlamentar de 18 a 31 de julho. No entanto, a sessão não será interrompida enquanto não for aprovado o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias pelo Congresso Nacional. A sessão legislativa extraordinária somente ocorre quando houver convocação extraordinária do Congresso Nacional e somente para deli-berar sobre matéria objeto da convocação
CF/88Art. 57. O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, na Capital Federal, de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro. § 2º. A sessão legislativa não será interrompida sem a aprovação do projeto de lei de diretrizes orçamentárias.
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1.7. COMPETÊNCIA LEGISLATIVA
Q quem compete criar normas sobre o Direito Financeiro e o Orçamento Público? Essa será a cobrança da banca.
Em matéria de competência legislativa, cresce de importância a questão da hierarquia das normas gerais. Mas, o que são normas gerais? As normas gerais representam a regra do jogo orçamentário e não podem chegar ao ponto de exaurir o tema normado. O caput do art. 24 e os incisos I e II atribuíram com-petência concorrente a União, aos Estados e ao Distrito federal para legislar sobre o Direito Financeiro e Orçamento. O § 1º do artigo 24 preceitua que a União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. Essas leis não excluem a com-petência suplementar dos Estados (§ 2º do artigo 24). Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão competência legislativa plena para atender suas peculiaridades (§ 3º do artigo 24). A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual no que lhe for contrá-rio (§ 4º do artigo 24).
CF/88Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar con-correntemente sobre:I – direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;II – orçamento;§ 1º. No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar--se-á a estabelecer normas gerais.§ 2º. A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados.§ 3º. Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a com-petência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.§ 4º.A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.
Quadro explicativo
DISPOSITIVO TEXTO LEGAL DESCOMPLICANDO
Art. 24Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrente-mente sobre:...
Competência concorrente *apenas en-tre a União, Estados e Distrito Federal.
Inciso Idireito tributário, financeiro, penitenciá-rio, econômico e urbanístico; Associe o termo concorrente ao Direito
Financeiro e Orçamento.Inciso II Orçamento;
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DISPOSITIVO TEXTO LEGAL DESCOMPLICANDO
§ 1ºNo âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais.
Geralmente as bancas trocam normas gerais por individuais.
§ 2ºA competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a com-petência suplementar dos Estados.
As bancas excluem o “não” ficando, de forma incorreta, assim: A competência da União para legislar sobre normas gerais exclui a competência suplementar dos Estados.
§ 3º
Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a compe-tência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.
Os Estados exercerão a competência legislativa plena apenas na hipótese de inexistir normas gerais federais sobre a matéria.
§ 4ºA superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.
Cuidado, pois as bancas trocam suspen-ção da eficácia por revogará. Fiquem atentos também, pois, não se trata de todo o projeto, mas apenas da parte que estiver contrariando a norma federal su-perveniente.
E como ficam os Municípios diante da competência concorrente?
O CESPE estende aos Municípios a competência concorrente por conta do art. 30, II da CF/88:
Art. 30. Compete aos Municípios:II – suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;
Para as outras bancas o caput do art. 24 da CF/88 atribuiu apenas a União, aos Estados e ao Distrito Federal a competência concorrente para legislar sobre o Direito Financeiro. Os Municípios podem legislar sobre o Direito Financeiro, mas não de forma concorrente.
É um ponto que você terá que tomar bastante cuidado para não perder a questão.
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1.8. COMPETÊNCIA EM MATÉRIA ORÇAMENTÁRIA
De quem é a responsabilidade de iniciar o processo orçamentário? Essa será a cobrança da banca. A Constituição Federal/88 estabelece que compete privativamente ao Presidente da República encaminhar os projetos de lei de orçamento (Plano Plurianual, Lei de Diretrizes Orçamentárias e Lei Orçamentá-ria Anual) ao Congresso Nacional. O artigo 165 reforça a regra:
CF/88Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:XXIII – enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas de orçamento previstos nesta Constituição;
Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:I – o plano plurianual;II – as diretrizes orçamentárias;III – os orçamentos anuais.
Atenção! Apesar de o comando constitucional mencionar competência privativa, existe entendimento do Supremo Tribunal Federal que essa com-petência é exclusiva e vinculada. Ou seja, compete somente ao Presidente da República encaminhar os projetos de lei de orçamento e ainda dentro dos prazos estabelecidos na CF ao Poder Legislativo. Portanto, o que acon-tecerá caso um Deputado ou Senador venha a tomar essa iniciativa? Res-posta: O projeto será declarado inconstitucional quanto à forma.
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1.9. COMPETÊNCIA CONCORRENTE X COMPETÊNCIA PRIVATIVA
Você deverá ficar atento à correta correspondência entre as competências acima citadas, pois a CF fixa a competência concorrente para União, Estados e DF para legislar sobre Direito Financeiro e Orçamento (art. 24, I e II) e atribui competência privativa à União para legislar sobre Orçamento (at. 84, XXII). Utilize o quadro abaixo para responder as questões.
Competência Matéria ResponsabilidadeFundamentação
legal
ConcorrenteDireito Financeiro
e OrçamentoUnião, Estados e DF Art. 24, I e II
Privativa Orçamento União Art. 84, XXIII
Saiba que:
1. O artigo 24 da CF/88 trata da competência para normatizar o Direito Finan-ceiro e o Orçamento Público.
2. O artigo 84, XXIII da CF/88 trata da competência para iniciar o processo orçamentário.
Texto para aplicação
A CF atribui competência privativa à União para legislar sobre direito finan-ceiro e fixa a competência concorrente da União, dos Estados e do DF para legislar sobre orçamento.
Utilizando a tabela, temos:
a) 1º fragmento: “A CF atribui competência privativa à União para legislar sobre direito financeiro”. Errado, essa competência é para legislar sobre orçamento.
b) 2º fragmento: “e fixa a competência concorrente da União, dos estados e do DF para legislar sobre orçamento.” Certo, concorrente para legislar sobre o Direito Financeiro e Orçamento.
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1.10. QUESTÕES DE CONCURSOS
1. (FCC) Nas entidades de direito público, o exercício financeiro vai de a) 1º de janeiro a 31 de dezembro, com período adicional de 30 dias para
liquidação de empenhos.
b) 2 de janeiro a 31 de dezembro.
c) 1º de janeiro a 31 de dezembro.
d) 1º de janeiro a 31 de dezembro, com período adicional de 60 dias para liquidação de empenhos.
e) 1º de janeiro a 30 de novembro.
2. (FCC) Estabelece a CF que, no âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais e, ine-xistindo lei federal sobre as normas gerais, os Estados exercerão a com-petência plena, para atender as suas peculiaridades. Vindo lei federal sobre normas gerais de caráter orçamentário, fica revogada a lei esta-dual da mesma natureza?a) Apenas no que lhe for contrário.
b) Apenas na parte suplementar.
c) Co-existirá com lei estadual, no que não lhe for contrário.
d) Suspenderá a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.
e) Aplicar-se-á a lei federal apenas aos órgãos federais.
3. (FCC) A Lei nº 4.320/64 estabelece as normas gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. São normas gerais:a) diretrizes, vetores para outras normas;
b) normas federais;
c) normas aplicáveis somente à União;
d) normas de planejamento;
e) normas de controle orçamentário.
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4. (FCC) No âmbito da legislação concorrente, a Constituição Federal determina que a competênciaa) da União limitar-se-á a estabelecer normas individuais.
b) da União para legislar sobre normas gerais exclui a competência suplemen-tar dos Estados.
c) dos Estados para legislar sobre normas gerais exclui a competência concor-rente da União.
d) da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais.
e) da União limitar-se-á a estabelecer normas individuais e exclui a competên-cia suplementar dos Estados.
5. (FCC) A contabilidade pública brasileira é regida, de forma com-plementar à Constituição Federal, pela Lei nº 4.320/64. Acerca dessa Lei, é correto afirmar que ela estatui normas:a) gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e
balanços apenas da União;
b) especificas de Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços apenas dos Estados e Municípios;
c) gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal;
d) específicas de Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União e normas gerais de Direito Financeiro para os Estados, os Municípios e o Distrito Federal;
e) específicas de Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços apenas da União.
6. (CESPE) O direito financeiro cuida a) da despesa feita pela administração pública, sendo que a receita arrecadada
fica a cargo do direito tributário.
b) da receita, da despesa e do orçamento público e privado.
c) de regulamentar a instituição de tributos.
d) do orçamento, do crédito, da receita e da despesa no âmbito da adminis-tração pública.
e) tão-somente da receita e da despesa públicas.