administracao financeira e orcamentaria

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T CNICO D O M INIST RIO P BLICO D A U NIO AREA ADM INIST RATIVACURSO PREPARATRIO PARA O CONCURSO

Prof. Paulo Fernando Aprato Reuse

FACULDADE IDCRUA VICENTE DA FONTOURA, 1578 - SANTANA - PORTO ALEGRE - RS Fone: 3028-4888 - www.idc.org.br

TCNICO DO MPU NOES DE ADMINISTRAO FINANCEIRA E ORAMENTRI PROF. PAULO FERNANDO APRATO REUSE

1. ORAMENTO PBLICO De acordo com Almeida e Nerosky (2006), o processo oramentrio federal no Brasil desenvolveu-se segundo princpios modernos: possui uma lgica geral de desenvolvimento, que se inicia com a procura de uma definio estratgica dos grandes objetivos e prioridades nacionais designados por megaobjetivos e desafios - que orientam e comandam a ao pblica, a definio de programas e a alocao de recursos; constri-se a partir de uma desejvel e correta conexo entre as funes de planejamento, programao, oramentao e avaliao; orienta-se de acordo com os princpios oramentrios da unidade e universalidade, procurando no permitir a existncia de dficits ocultos e garantir, assim, transparncia e rigor na determinao dos resultados fiscais; tem preocupaes de avaliar os resultados da ao e dos gastos pblicos; baseia-se em conceitos atuais de alocao de recursos e de atribuio de custos por ao e por programa; defende o equilbrio institucional de poderes, prprio dos regimes democrticos (sejam de pendor parlamentarista ou presidencialista), entre Governo e Congresso; busca objetivos polticos de transparncia e organiza-se na tentativa anunciada de informar ao Congresso e opinio pblica sobre o modo como os recursos pblicos so gastos. Estudo da Secretaria de Oramento Federal (www.portalsof.planejamento.gov.br), no Brasil, mostra que a evoluo e o desenvolvimento da tcnica oramentria so recentes, datando dos dias de atividade do Conselho Federal do Servio Pblico Civil, criado pela Lei n 284, de 28 de outubro de 1936, e extinto pelo Decreto-Lei n 579, de 30 de julho de 1938, que organizou o Departamento Administrativo do Servio Pblico (DASP), subordinado diretamente ao Presidente da Repblica e em cooperao e articulao com o servio pblico federal. As atividades administrativas brasileiras foram exercidas de forma emprica, apesar da abundncia de leis e de regulamentos e do funcionamento de instituies criadas por improvisaes. A princpio, no existia um mtodo inspirado nos modernos princpios de administrao, nem linhas de qualquer sistema racionalmente estruturado e organicamente atuante. Ao ficar a merc de convenincias pessoais ou de grupos, a Administrao pblica brasileira foi se adaptando s experincias internacionais mais convenientes s peculiaridades do pas. A evoluo tecnolgica e a expanso econmica mundial foraram o incio da expanso do aparelho administrativo, a criao de novos rgos e o recrutamento de servidores para funes tcnicas. Como conseqncia, um grupo de servidores, operando a princpio no citado Conselho Federal do Servio Pblico Civil e depois no DASP, e em outros centros de estudos, resolveram aparelhar o governo e a administrao, criando novos processos da Administrao Pblica federal. Com o objetivo de organizar os servios, estabeleceram-se na estrutura administrativa duas atividades fundamentais: as atividades-fim; e as atividades-meio. Adotou-se, em seguida, a centralizao das atividades-meio (as institucionais) pela sua semelhana ou identidade, em rgos prprios, de maneira a serem exercidas uniformemente, procurando dar uma padronizao em todas as reparties do Governo. O oramento passou de mero quadro de receitas e despesas para base de planejamento das atividades futuras, quais sejam: auxiliar o Executivo na sua organizao; dar ao Legislativo as bases em que se processam a previso da receita e da fixao das despesas; proporcionar administrao a oportunidade de exercer um controle mais efetivo e real; servir de base para a tomada de contas; tornar-se um instrumento fundamental administrao; centralizar as atividades oramentrias da Unio em um rgo especializado. O estudo do oramento pblico apresenta-se como uma forma objetiva de se conhecer as necessidades sociais de uma populao, sua capacidade de gerao de rendas e de se auto-sustentar. Representa, portanto, uma anlise da economia local, configurando-se em uma ferramenta importante de planejamento e de elaborao de polticas pblicas. Diversos autores vm desenvolvendo anlises a respeito da importncia dos estudos do oramento para a Administrao Pblica. Nessa perspectiva, Aron Pardini e Amaral (1999), citando Sanches (1997), entendem o oramento: FACULDADE IDC Rua Vicente da Fontoura 1578 Tel. (51) 3028-4888 - www.idc.org.br

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TCNICO DO MPU NOES DE ADMINISTRAO FINANCEIRA E ORAMENTRI PROF. PAULO FERNANDO APRATO REUSE 1) como instrumento poltico, que legitima as aspiraes e expectativas do Executivo, da sociedade e do prprio Legislativo, que querem ver suas reivindicaes serem atendidas. A ao parlamentar democrtica articula o debate sobre os diversos interesses em conflito, harmonizando as solues viveis, que so sistematizadas na forma de um compromisso a ser cumprido; 2) como instrumento econmico, que baliza as prioridades e orientaes do Governo para a alocao de recursos. As aes variam da sustentao de processos de crescimento da economia, ampliando investimentos e programas goverrnamentais, at a limitao de recursos, em que o oramento funciona como um mecanismo que define as escolhas para a reduo ou o corte dos gastos; 3) como instrumento gerencial, que funciona como um suporte essencial para administrao e controle dos recursos pblicos, operando em duas redes de avaliao de desempenho das instituies e suas gerncias: a) por meio de uma rede de relacionamento social e legal, utilizada para que as autoridades de mais alto escalo controlem ou limitem a atuao dos nveis tcnico e operacional; b) por meio de uma rede de informaes da execuo, contabilizao, controle e anlise do oramento que retrata a atual situao funcional do governo; 4) como instrumento financeiro, que faz a sistematizao das entradas de recursos financeiros provenientes das receitas e da execuo das despesas de um determinado perodo. A diferena entre as duas contas determinaro se o Estado tem cumprido com o plano de trabalho e as metas estabelecidas para o cumprimento de seus objetivos. Ainda de acordo com os autores, a esta srie de instrumentalidades podemos acrescentar trs outras funes bsicas do oramento que vm sendo altamente difundidas pelos administradores pblicos: como forma de atender s necessidades bsicas da populao, como meio para o controle da malversao dos bens pblicos e como ferramenta para a reforma administrativa do Estado. O oramento representa, em linhas gerais, o quadro orgnico da economia pblica. o espelho da vida do Estado e, pelos valores envolvidos, pelas fontes de financiamento e pela utilizao dos recursos, se conhecem os detalhes de seu processo, de sua cultura e de sua civilizao. Para Aron Wildasvsky (1979), os objetivos do oramento so: A transformao de recursos financeiros em propsitos humanos; Apresentao de uma memria para as finanas em que as experincias passadas embasem as decises futuras; A identificao dos recursos sociais disponveis; A correta distribuio de renda entre as diversas regies de uma nao; Ser instrumento fomentador do desenvolvimento econmico; Refletir as aspiraes das organizaes e as preferncias da sociedade. Do ponto de vista administrativo, de acordo com Giacomoni (2004), o oramento constitui-se de instrumento de auxlio ao Poder Executivo no que se refere ao planejamento, avaliao e controle da utilizao dos recursos pblicos. No podemos tambm desconsiderar o jogo de interesses que envolve o controle sobre a pea oramentria a partir da atuao de diversos agentes interessados na administrao do oramento, como os entes polticos, as empresas, os cidados eleitores e a burocracia estatal. O Oramento Geral da Unio (OGU) no Brasil formado pelo Oramento Fiscal, da Seguridade Social e pelo Oramento de Investimento das Empresas Estatais Federais. Esse oramento obedece a princpios bsicos que devem ser seguidos para elaborao e controle das Contas Pblicas de acordo com as regras definidas na Constituio Federal, na Lei n 4.320, de 17 de maro de 1964, na Lei Complementar n 101, de 4 de maio de 2000 Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), entre outras normas legais. Ressalte-se que os trs oramentos citados anteriormente compem uma nica pea oramentria em nvel federal: a Lei Oramentria Anual (LOA). No mbito federal, a SOF tem, entre suas atribuies principais, a coordenao, a consolidao e a elaborao da proposta oramentria da Unio, compreendo os oramentos fiscal e da seguridade social. Essa misso pressupe uma constante articulao com os agentes envolvidos na tarefa de elaborao das propostas oramentrias setoriais das diversas instncias da Administrao Federal e Oramento Federal dos demais Poderes da Unio. Esses agentes correspondem aos rgos e entidades indicados pela Constituio, quando dispe que a Lei Oramentria Anual compreende (art. 165, 5, I, II, III): - O oramento fiscal referente aos Poderes da Unio, seus fundos, rgos e entidades da administrao direta e indireta, inclusive fundaes institudas e mantidas pelo poder pblico; - O oramento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e rgos a ela vinculados, da administrao direta ou indireta bem como os fundos e fundaes institudos e mantidos pelo poder pblico; e - O oramento de investimento das empresas em que a Unio, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto. Portanto, o oramento pblico pode ser conceituado de vrias formas distintas, a saber: Representa um plano de atividades do governo, onde esto discriminados os servios que ele presta aos cidados e o custo desses servios; FACULDADE IDC Rua Vicente da Fontoura 1578 3 Tel. (51) 3028-4888 - www.idc.org.br

TCNICO DO MPU NOES DE ADMINISTRAO FINANCEIRA E ORAMENTRI PROF. PAULO FERNANDO APRATO REUSE um instrumento de execuo de planos de governo, sendo que, nesse sentido, o oramento um meio de transformar planos em obras e servios concretos; visto como um instrumento de administrao das aes do governo, isto , ele identifica e mensura com preciso tudo o que deve ser feito pelo governo para o cumprimento de suas funes sociais; um documento de divulgao das aes do governo. Essa conceituao ressalta uma das principais obrigaes impostas pela Lei de Responsabilidade Fiscal, que a da publicao peridica de dados sobre as receitas e as despesas do governo, para que o cidado saiba o que est acontecendo e possa exercer seus direitos na fiscalizao sobre as atividades governamentais (Transparncia das contas pblicas); A Elaborao Oramentria representada pelas aes de previso e aprovao de recursos para um determinado perodo, a partir das propostas iniciais das Unidades e rgos hierrquicos executores, de modo a fornecer os parmetros a serem obedecidos para a adequada gesto dos recursos pblicos; a Execuo Oramentria compreende as fases de compilao, organizao, consolidao, destinao e aplicao dos crditos estabelecidos pela programao oramentria para um determinado perodo; o oramento representa, em termos financeiros, os programas, subprogramas, projetos e atividades agrupados setorialmente por funes de governo, segundo os grupos de despesa, ajustando o ritmo de execuo ao fluxo de recursos previstos, de modo a assegurar a contnua e oportuna liberao desses recursos. 2. ORAMENTO E PLANEJAMENTO O Decreto n 2.829, de 29 de outubro de 1998 que estabeleceu normas para elaborao e execuo do plano plurianual e dos oramentos da Unio trouxe mudanas ao processo de planejamento e oramento do setor pblico. Os objetivos que esto por trs dessas modificaes no processo oramentrio representam uma tentativa de modernizao da gesto pblica por meio de uma administrao menos burocrtica e mais gerencial com enfoque em um Oramento de Resultados. Nesse sentido, o planejamento e o oramento pblico passam a ser concebidos dentro de uma viso estratgica com a identificao dos problemas que se deseja enfrentar juntamente dos problemas de governo que devero ser empregados com esse propsito (ou seja, a soluo dos problemas identificados). Para tanto, so estabelecidas metas no sentido de reduzir os problemas detectados, sendo que, ao final, so feitas avaliaes do cumprimento dessas metas por meio de indicadores. O Programa passa a ser um instrumento de integrao entre os planos de governo e o oramento, ou seja, identifica o problema a ser resolvido (analfabetismo, por exemplo) enquanto o oramento vincula receitas ao Programa Toda Criana na Escola, por exemplo. Ressalta-se que as aes representam os instrumentos de realizao dos programas. De fato, as aes so operaes que tero como resultado bens e servios que sero considerados produtos que contribuiro para atender os objetivos dos programas. Tambm sero consideradas aes as transferncias financeiras e qualquer ttulo (obrigatrias ou voluntrias) para outros entes pblicos ou privados. As aes sero classificadas como atividades, que so operaes que se realizam de forma continuada para a manuteno da ao; projetos que representam operaes limitadas no tempo (tm comeo, meio e fim dentro dos programas); operaes especiais que so despesas que no contribuem para manuteno, expanso ou aperfeioamento das aes de governo (pagamento da dvida, cumprimento de sentenas judiciais, participao no capital de empresas etc.) 2. ORAMENTO PBLICO NO BRASIL De acordo com Nascimento (2009), as primeiras Constituies Federais de 1824 e de 1891 no trataram da questo oramentria, deixando para as leis ordinrias a regulamentao desse tema. Em 1926, por meio de um reforma na constituio, foi finalmente realizada transferncia da elaborao da proposta oramentria para o Pode executivo, o que j acontecia na prtica. A competncia transferida ao Executivo foi confirmada posteriormente pela Constituio de 1934, depois na Carta Poltica de 1936 e, ao final, normatizada pela Constituio de 1946. J a Carta Poltica de 1937 admite na estrutura burocrtica do Governo Federal um Departamento de Administrao Geral, e a Lei n 579/1938, em seu art. 3, assim expressa: At que seja organizada a Diviso de Oramento, a proposta oramentria continuar a ser elaborada pelo Ministrio da Fazenda com a assistncia do DASP. FACULDADE IDC Rua Vicente da Fontoura 1578 Tel. (51) 3028-4888 - www.idc.org.br

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TCNICO DO MPU NOES DE ADMINISTRAO FINANCEIRA E ORAMENTRI PROF. PAULO FERNANDO APRATO REUSE O Departamento Administrativo do Setor Pblico (DASP), no estando em condies de colocar em funcionamento uma diviso de oramento, sugeriu que o rgo central oramentrio ficasse administrativamente estruturado no Ministrio da Fazenda e tecnicamente subordinado ao DASP. Entretanto, o Poder Executivo, percebendo a necessidade de dotar a administrao de servios tecnicamente organizados, editou o Decreto-Lei n 2.026/1940, criando a Comisso de Oramento do Ministrio da Fazenda como primeiro rgo central oramentrio. A partir da, inovaes comearam a surgir despertando a conscincia oramentria na Administrao Pblica, destacando-se: aumento de fidedignidade em termos numricos do programa de trabalho; maior ateno s perspectivas da receita pblica; criao de expedientes de audincias entre a equipe do rgo central e os representantes das unidades administrativas; coligao e sistematizao de todos os elementos necessrios constituio de uma base idnea para clculo das estimativas dos recursos, erigindo mtodo de previso das rendas pblicas como instrumento fundamental de atuao. At a criao do DASP, a proposta das despesas da Unio Federal era realizada da seguinte maneira: estabelecimento de normas e prazos oramentrios por meio de lei-ordinria ou decreto-lei; designao de funcionrios do Ministrio da Fazenda para acompanharem a organizao de propostas parciais das despesas dos Ministrios; apresentao, pelos Ministrios, de propostas parciais de suas despesas, com justificativas minuciosas quanto s alteraes realizadas; designao de comisso, sob a presidncia do chefe de gabinete do Ministro da Fazenda, para organizar a proposta geral; encaminhamento da proposta ao Presidente da repblica pelo Ministro da Fazenda, acompanhado de minuciosas exposies; encaminhamento Cmara dos Deputados, aps aprovao definitiva pelo Presidente da Repblica. Em 1967, o Decreto-Lei n, de 25 de fevereiro, criou o Ministrio do Planejamento e Coordenao geral, estabelecendo como sua rea de competncia a programao oramentria e a proposta oramentria anual. Alm disso, dada a Secretaria de Oramento Federal a atribuio de rgo central do sistema oramentrio. O processo de planejamento e programao/execuo oramentria no Brasil se desenvolveu, a partir de 1969, por meio da elaborao, reviso e acompanhamento dos seguintes documentos: 1) Plano Nacional de Desenvolvimento (PND) - 1 PND 1972/1974; 2) Programa Geral de Aplicao (PGA) - 1 PGA 1973/1975; 3) Oramento Plurianual de Investimento (OPI) - 1 OPI 1968/1970; 4) Oramento Anual da Unio; 5) Decreto de Programao Financeira. Os Planos Nacionais de Desenvolvimento, criados pelo Ato Complementar n 43, de 29 de janeiro de 1969, com as alteraes introduzidas pelo Ato Complementar n 76, de 21 de outubro de 1969, institui a sua sistemtica de elaborao e aprovao que teriam durao igual do mandato do Presidente da Repblica. O Programa Geral de Aplicao (PGA), institudo pelo art. 4 do Decreto n 70.852, de 20 de julho de 1972, foi definido como um instrumento complementar dos PNDs, cabendo sua elaborao ao Ministrio do Planejamento. Esse Ministrio fazia a consolidao dos oramentos-programa da Unio, entidades de administrao indireta e de todos os demais rgos e entidades sujeitas superviso ministerial, constituindo um manual bsico de dados quantitativos para o planejamento, no mbito global, regional e setorial. O PGA era um documento interno do Governo que agregava ao Oramento Plurianual de Investimentos (OPI) os valores correspondentes programao das entidades da administrao indireta e fundaes que no recebiam transferncias do Governo Federal e, eventualmente, a programao dos Estados. O OPI era trienal e foi institudo pelo Ato Complementar n 43, de 29 de janeiro de 1969. Era constitudo pela programao de dispndios da responsabilidade do Governo Federal, excludas, apenas, as entidades da administrao indireta e das fundaes que no recebiam transferncias do Oramento da Unio. O Oramento Anual poca detalhava as funes, programas, subprogramas, projetos e atividades, previstos no OPI e relativos ao primeiro ano do perodo abrangido por aquele documento, inclusive com a especificao da despesa por sua natureza. O PND, o OPI e o Oramento Anual constituam documentos pblicos, a serem encaminhados ao Congresso Nacional, e eram, na realidade, partes integrantes de um mesmo conjunto de diretrizes, programas e projetos formulados de maneira consistente, una e harmnica, como expresso dos objetivos governamentais em determinado perodo. Deveriam traduzir, em termos financeiros, todos esses objetivos, diretrizes, programas e projetos, definindo de forma mais exaustiva e com especificao completa dos esquemas financeiros todos os projetos e atividades a serem desenvolvidos no perodo trienal mais imediato. FACULDADE IDC Rua Vicente da Fontoura 1578 Tel. (51) 3028-4888 - www.idc.org.br

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TCNICO DO MPU NOES DE ADMINISTRAO FINANCEIRA E ORAMENTRI PROF. PAULO FERNANDO APRATO REUSE 3. ORAMENTO PROGRAMA O oramento - programa foi introduzido no Brasil atravs da Lei 4320/64 e do Decreto lei 200/67. O oramento programa pode ser entendido como um plano de trabalho, um instrumento de planejamento da ao do governo, atravs da identificao dos seus programas de trabalho, projetos e atividades, alm do estabelecimento de objetivos e metas a serem implementados, bem como a previso dos custos relacionados. A CF/88 implantou definitivamente o oramento - programa no Brasil, ao estabelecer a normatizao da matria oramentria atravs do PPA, da LDO e da LOA, ficando evidente o extremo zelo do constituinte para com o planejamento das aes do governo. DECRETO-LEI N 200, DE 25 DE FEVEREIRO DE 1967. Dispe sbre a organizao da Administrao Federal, estabelece diretrizes para a Reforma Administrativa e d outras providncias Art. 16. Em cada ano, ser elaborado um oramento-programa, que pormenorizar a etapa do programa plurianual a ser realizada no exerccio seguinte e que servir de roteiro execuo coordenada do programa anual. Pargrafo nico. Na elaborao do oramento-programa sero considerados, alm dos recursos consignados no Oramento da Unio, os recursos extra-oramentrios vinculados execuo do programa do Govrno. O oramento-programa aquele que apresenta os propsitos, objetivos e metas para as quais a administrao solicita os fundos necessrios, identifica os custos dos programas propostos para alcanar tais objetivos e os dados quantitativos que medem as realizaes dentro de cada programa. Caracteriza-se pelo fato da elaborao oramentria ser feita em funo daquilo que se pretende realizar no futuro, ou seja, um moderno instrumento de planejamento que permite identificar programas de trabalho dos governos, seus projetos e atividades a serem realizados e ainda estabelecer os objetivos, as metas, os custos e os resultados alcanados, avaliando-os e divulgando seus resultados com maior transparncia possvel. Esse tipo de oramento contrasta com o tradicional ou clssico, o qual se baseava naquilo que j fora realizado, e tambm por representar um instrumento de operacionalizao das aes futuras de governo. O oramento-programa, planejado para um determinado exerccio, pormenoriza as etapas do plano plurianual para o exerccio subseqente, ou seja, o cumprimento ano a ano das diretrizes, dos objetivos e metas estabelecidas no plano plurianual. O oramento-programa uma concepo gerencial de oramento pblico. Os ingredientes bsicos desse modelo de oramento so: a) definio de programas, projetos e atividades; b) converso dos programas, projetos e atividades em termos financeiros, por intermdio de um sistema uniforme de classificao de contas; c) criao de medidas de trabalho para permitir a mensurao realista das estimativas oramentrias, alm da avaliao dos resultados obtidos com a ao gerencial e o desembolso dos recursos pblicos. Podemos dizer que quaisquer tipos de oramento expressam uma realidade fsico-financeira e os programas de trabalho do governo, entretanto, a implementao do oramento-programa possibilitou, entre outros: A integrao do planejamento com o oramento; A quantificao de objetivos e fixao de metas; Informaes relativas a cada atividade ou projeto, quanto e para que vai gastar; Identificao dos programas de trabalho, objetivos e metas compatibilizados com PPA e LDO; Elaborao atravs de processo tcnico e baseado em diretrizes e prioridades, estimativas reais de recursos e de clculo das necessidades; As relaes insumo-produto; As alternativas programticas; O acompanhamento fsico-financeiro; A avaliao de resultados e a gerncia por objetivos.

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TCNICO DO MPU NOES DE ADMINISTRAO FINANCEIRA E ORAMENTRI PROF. PAULO FERNANDO APRATO REUSE As principais diferenas entre o oramento tradicional e o oramento-programa podem ser definidas da seguinte forma: CARACTERSTICAS Interao entre planejamento oramento Alocao de recursos Base das decises oramentrias e ORAMENTO TRADICIONAL o processo oramentrio dissociado dos processos de planejamento e programao A alocao de recursos visa aquisio de meios as decises oramentrias so tomadas tendo em vista as necessidades das unidades organizacionais na elaborao do oramento so consideradas as necessidades financeiras das unidades organizacionais a estrutura do oramento d nfase aos aspectos contbeis da gesto os principais critrios classificatrios so as unidades administrativas e elementos de despesa no existem sistemas de acompanhamento e medio do trabalho e dos resultados o controle visa avaliar a honestidade dos agentes governamentais e a legalidade no cumprimento do oramento ORAMENTO PROGRAMA o oramento o elo entre o planejamento e as funes executivas da organizao a alocao de recursos visa consecuo de objetivos e metas as decises oramentrias so tomadas com base em avaliaes e anlises tcnicas das alternativas possveis na elaborao do oramento so considerados todos os custos dos programas, inclusive os que extrapolam o exerccio a estrutura do oramento est voltada para os aspectos administrativos e de planejamento os principais critrios de classificao so o funcional e o programtico utilizao sistemtica de indicadores e padres de medio do trabalho e dos resultados O controle visa a eficincia, a eficcia e a efetividade das aes governamentais

Critrios usados na elaborao do oramento nfase atribuda estrutura e ao sistema de classificao do oramento Critrios do sistema de classificao do oramento Existncia de sistemas de acompanhamento e padres de medio Objetivos a serem alcanados pelo controle Fonte: Giacomoni, 2004.

O oramento-programa destaca as metas, os objetivos e as intenes do Governo. Nesse sentido, consolida um grupo de programas que o Setor Pblico se prope a realizar durante um perodo. Os planos so expressos em unidades mensurveis e seus custos definidos. um programa de trabalho e constitui, portanto, um instrumento de planejamento. Enquanto o oramento tradicional mostrava o que se pretendia gastar ou comprar, o oramento-programa reala o que se pretende realizar. um programa de trabalho definindo objetivos a serem alcanados, seus custos e as fontes dos recursos. O oramento comum (tradicional) restringe os gastos e as compras ao montante da receita estimada. Enquanto o oramento-programa no limita as metas governamentais aos recursos oramentrios previstos. O oramento-programa constitui modalidade de oramento na qual a previso dos recursos financeiros e sua destinao decorrem da elaborao de um plano completo. Distingue-se do oramento tradicional porque este parte da previso de recursos para execuo de atividades institudas, enquanto no oramento-programa a previso de recursos a etapa final do planejamento. A elaborao do oramento-programa abrange quatro etapas: a) planejamento definio dos objetivos a atingir; b) programao definio das atividades necessrias consecuo dos objetivos; c) projeto estimao dos recursos de trabalho necessrios realizao das atividades; d) oramentao estimao dos recursos financeiros para pagar a utilizao dos recursos de trabalho, alm de prever as fontes dos recursos. No oramento-programa, as metas governamentais so classificadas em funes de governo e estas divididas em programas, subprogramas e atividades. O anexo 5 da Lei n 4.320/1964 padroniza a estrutura e a codificao da Classificao Funcional Programtica. Qual a caracterstica marcante do oramento-programa? a de estar intimamente ligado ao sistema de planejamento e aos objetivos que o Governo pretende alcanar, durante um perodo determinado de tempo. Quanto ao oramento tradicional, no se pode afirmar que existe interligao com o plano de governo, ou seja, no h compatibilizao entre esse oramento e o plano de mdio prazo do governo (atual PPA). FACULDADE IDC Rua Vicente da Fontoura 1578 7 Tel. (51) 3028-4888 - www.idc.org.br

TCNICO DO MPU NOES DE ADMINISTRAO FINANCEIRA E ORAMENTRI PROF. PAULO FERNANDO APRATO REUSE O oramento-programa um documento financeiro? O oramento-programa no apenas documento financeiro, mas, principalmente, um instrumento de operacionalizao das aes do governo, onde so viabilizados os seus projetos, atividades e operaes especiais em consonncia com os planos e as diretrizes estabelecidas. Quais so as vantagens do oramento-programa? Poderamos enumerar algumas das principais vantagens desse tipo de oramento: a) melhor planejamento dos trabalhos; b) maior preciso na elaborao do oramento; c) melhor determinao das responsabilidades aos gestores; d) reduo de custos dos programas de trabalho; e) maior compreenso do contedo da proposta oramentria por parte do Executivo, Legislativo, Judicirio, Ministrio Pblico e da sociedade; f) facilidade para identificao de duplicao de funes; g) melhor controle da execuo do programa; h) melhor identificao dos gastos; i) apresentao dos objetivos e dos recursos da instituio e do inter-relacionamento entre custos e programas; j) nfase no que a instituio realiza e no no que ela gasta; k) o elemento bsico da estrutura do oramento-programa o programa; l) sua estrutura est fundamentalmente calcada na classificao funcional-programtica da despesa, que deve separar os programas de funcionamento dos programas de investimento; m) o sistema de mensurao do oramento-programa tem por base a relao insumo X produto, uma vez que qualquer instituio ou unidade organizacional existe para viabilizar realizaes, utilizando uma gama variada de recursos. 3.1. Oramento de base zero ou por estratgia. Tcnica utilizada para a confeco do oramento programa, consiste basicamente em uma anlise crtica de todos os recursos solicitados pelos rgos governamentais. Neste tipo de abordagem, na fase de elaborao da proposta oramentria, haver um questionamento acerca das reais necessidades de cada rea, no havendo compromisso com qualquer montante inicial de dotao. Os rgos governamentais devero justificar anualmente, na fase de elaborao da sua proposta oramentria, a totalidade de seus gastos, sem utilizar o ano anterior como valor inicial mnimo. 4. CICLO ORAMENTRIO 4.1. INTRODUO O Oramento pblico percorre diversas etapas, que se iniciam com a apresentao de uma proposta que se transformar em projeto de lei a ser apreciado, emendado, aprovado, sancionado e publicado, passando pela sua execuo, quando se observa a arrecadao da receita e a realizao da despesa, dentro do ano civil, at o acompanhamento da avaliao da execuo caracterizada pelo exerccio dos controles internos e externo. O ciclo oramentrio corresponde ao perodo de tempo em que se processam as atividades tpicas do oramento pblico, desde a sua concepo at a apreciao final. Visando fortalecer a interligao dos processos de planejamento e oramento (alocao de recursos), a CF 88 exigiu que o PPA, a LDO e a LOA fossem articulados, interdependentes e compatveis. O ciclo oramentrio tem incio com a elaborao da proposta do Plano Plurianual (PPA) pelo poder Executivo. Isso ocorre no primeiro ano de governo do presidente, governador ou prefeito recm-empossado ou reeleito. A elaborao da proposta oramentria percorre diversas fases ou etapas, sendo envolvidos diversos rgos nesse processo, atendendo, dessa forma, o princpio da aderncia, onde todas as unidades devem elaborar sua proposta oramentria em consonncia com as diretrizes e prioridades gerais estabelecidas. Da fase da elaborao, passando pela execuo e at a avaliao, a todos esses procedimentos poderamos chamar de ciclo oramentrio, que pode ser resumido da seguinte forma: elaborao do projeto de lei; apreciao, estudo e proposio de emendas; votao, sano e publicao da lei oramentria; execuo da lei oramentria; e acompanhamento e avaliao da execuo oramentria. FACULDADE IDC Rua Vicente da Fontoura 1578 Tel. (51) 3028-4888 - www.idc.org.br

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TCNICO DO MPU NOES DE ADMINISTRAO FINANCEIRA E ORAMENTRI PROF. PAULO FERNANDO APRATO REUSE

1Elaborao do projeto de lei oramentria.

5Acompanhamento, avaliao e execuo oramentria.

2Apreciao, estudo, e proposio de emendas.

4Execuo da lei oramentria.

3Votao, sano e publicao da lei oramentria.

O ciclo oramentrio envolve um perodo muito maior que o exerccio financeiro, de acordo com o Lei n 4.320/1964, tem incio em 1 de janeiro e encerra-se em 31 de dezembro de cada ano, em face da necessidade de passar por vrios estgios. Exerccio Financeiro o espao de tempo compreendido entre primeiro de janeiro e trinta e um de dezembro de cada ano, no qual se promove a execuo oramentria e demais fatos relacionados com as variaes qualitativas e quantitativas que afetam os elementos patrimoniais do rgos/Entidades do Setor Pblico. 4.2. ELABORAO Esta etapa inicia-se com a definio a cargo de cada unidade gestora acerca da apresentao da sua proposta parcial de oramento, que dever ser consolidada em nvel de rgo ou ministrio, no caso do Governo federal, e equivalentes, em se tratando de Estados e Municpios. Ato contnuo, essas propostas setoriais, incluindo as dos rgos dos Poderes Legislativo e Judicirio, sero remetidas ao rgo central do sistema de oramento, visando a uma nova consolidao. Surge, a partir da, o projeto de lei oramentria a ser submetido ao Chefe do Poder executivo, que providenciar o seu encaminhamento ao Poder Legislativo, por meio de mensagem. Esta fase de responsabilidade essencialmente do Poder Executivo, e deve ser compatvel com os planos e diretrizes j submetidos ao Legislativo. Na etapa de elaborao do projeto de lei oramentria, devem ser observadas e obedecidas as orientaes definidas pela Lei de Diretrizes Oramentria. A elaborao do oramento, em conformidade com o disposto na Lei de Diretrizes Oramentrias, compreende a fixao de objetivos concretos para o perodo considerado, bem como o clculo dos recursos humanos, materiais e financeiros, necessrios sua materializao e concretizao. FACULDADE IDC Rua Vicente da Fontoura 1578 Tel. (51) 3028-4888 - www.idc.org.br

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TCNICO DO MPU NOES DE ADMINISTRAO FINANCEIRA E ORAMENTRI PROF. PAULO FERNANDO APRATO REUSE O Poder Executivo dever enviar o projeto de Lei Oramentria, ao poder Legislativo, que ser de at quatro meses antes do encerramento do primeiro exerccio financeiro do mandato presidencial, ou seja, at (31/08) at 31 de agosto. 4.3. APROVAO Uma vez remetido ao Poder Legislativo, o projeto de lei oramentria, ser apreciado pela Comisso Mista Permanente de Oramento. A esta comisso caber examinar e emitir parecer sobre o projeto, alm de exercer o acompanhamento e a fiscalizao oramentria. As emendas sero apresentadas na comisso mista, que sobre elas emitir parecer, e apreciadas em plenrio. Esta fase de competncia do Poder Legislativo, e o seu significado est configurado na necessidade de que o povo, atravs de seus representantes, intervenha na deciso de suas prprias aspiraes, bem como na maneira de alcan-las. Conforme mencionado acima, o Poder Executivo dever enviar o projeto de Lei Oramentria ao Poder Legislativo, dentro dos prazos estabelecidos; entretanto, at o encerramento da sesso legislativa, o Poder Legislativo dever devolv-lo pra sano (art. 22 da Lei 4320/64). Outrossim, se no receber a proposta oramentria no prazo fixado, o poder Legislativo considerar como proposta a Lei de Oramento vigente (art. 32 da Lei 4320/64). As emendas ao projeto de Lei do Oramento Anual ou aos projetos que o modifiquem podem ser aprovadas caso: I sejam compatveis com o Plano Plurianual e com a Lei de Diretrizes Oramentrias; II Indiquem os recursos necessrios, admitidos apenas os provenientes de anulao de despesa, excluda as que incidam sobre: a) dotaes para pessoal e seus encargos; b) servios da dvida; c) transferncias tributrias constitucionais para Estados, Municpios e Distrito Federal; ou III sejam relacionadas: a) com a correo de erros ou omisses; ou b) com os dispositivos do texto do projeto de Lei. Devidamente discutido, o Projeto de Lei Oramentria, uma vez aprovado pelo Legislativo, o projeto dever ser devolvido ao Chefe do Poder Executivo, que poder sancion-lo ou propor vetos totais ou parciais. Havendo a sano do projeto de lei, o mesmo dever ser remetido para publicao. 4.4. EXECUO Ocorrendo todas as etapas nos prazos fixados, a lei oramentria comear a ser executada pelos rgos a partir do incio do exerccio financeiro, logo aps a publicao do Quadro de Detalhamento da Despesa QDD, documento contendo dados mais analticos acerca da autorizao dada na lei, em nvel de projeto, atividade, operao especial e de elemento de despesa. Nesta terceira etapa, a Secretaria do Tesouro Nacional (S.T.N), no caso do Governo Federal, providencia a consignao da dotao oramentria, em nvel de QDD, a todos os rgos e ministrios que, a partir desse momento, podem efetivamente executar os seus programas de trabalho, concretizando, assim, os diversos atos e fatos administrativos, como emisso de empenhos, registro da liquidao da despesa, emisso de ordens bancrias e registro da arrecadao da receita, dentro outros. A execuo do oramento constitui a concretizao anual dos objetivos e metas determinados para o setor pblico, no processo de planejamento integrado, e implica a mobilizao de recursos humanos e financeiros. A etapa de execuo deve, necessariamente, fundamentar-se na programao, no s para ajustar-se s orientaes estabelecidas no oramento aprovado, como tambm para alcanar a mxima racionalidade possvel na soluo de problemas que decorrem da impossibilidade de se fazer uma previso exata sobre detalhes ligados execuo das modificaes produzidas nas condies vigentes poca da elaborao do oramento. Imediatamente aps a promulgao da Lei de Oramento e com base nos limites nela fixados, o Poder Executivo aprovar um quadro de cotas trimestrais da despesa que cada unidade oramentria fica autorizada a utilizar (art.47 da Lei 4320/64). A fixao dessas cotas atende aos seguintes objetivos: a) assegurar s unidades oramentrias, em tempo til, a soma de recursos necessrios e suficientes melhor execuo do seu programa anual de trabalho. b) manter, durante o exerccio na medida do possvel, o equilbrio entre a receita arrecadada e a despesa realizada, para reduzir ao mnimo eventuais insuficincias de tesouraria (art.48 da Lei 4320/64) As cotas de despesas tm o propsito de fixar as autorizaes mximas em um subperodo oramentrio para que as unidades executoras possam empenhar ou realizar pagamentos. Constituem um instrumento de regulao para condicionar os recursos financeiros s reais necessidades dos programas de trabalho. FACULDADE IDC Rua Vicente da Fontoura 1578 Tel. (51) 3028-4888 - www.idc.org.br

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TCNICO DO MPU NOES DE ADMINISTRAO FINANCEIRA E ORAMENTRI PROF. PAULO FERNANDO APRATO REUSE Proporcionaro s unidades executoras a regularidade de recursos e evitaro a emisso de documentos sem garantia de cobertura financeira efetiva e o atraso de pagamento de empenhos emitidos sem considerar as reais possibilidades de caixa. Na ocorrncia de algum incidente no decorrer das etapas do ciclo oramentrio, que impea a disponibilizao da dotao oramentria disposio das unidades oramentrias no incio do exerccio financeiro, os rgos podero utilizar-se do instituto, caso esteja previsto na lei de Diretrizes Oramentrias, denominado duodcimo. Tal instituto possibilita aos rgos, caso autorizado na LDO,a executar em cada ms do exerccio financeiro, um doze avos do projeto de lei oramentria que est sendo apreciado, de modo a no prejudicar totalmente a execuo oramentria prevista para o exerccio. 4.5. ACOMPANHAMENTO E AVALIAO ltima etapa do ciclo oramentrio, o acompanhamento e a avaliao do processo de execuo oramentria consistem nas aes que caracterizam o exerccio da fase do controle que, segundo a legislao em vigor, ser interno quando realizado por agentes do prprio rgo, ou externo quando realizado pelo poder Legislativo, auxiliado tecnicamente pelo Tribunal de Contas. A avaliao refere-se organizao, aos critrios e trabalhos destinados a julgar o nvel dos objetivos fixados no oramento e as modificaes nele ocorridas durante a execuo; eficincia com que se realizam as aes empregadas para tais fins e o grau de racionalidade na utilizao dos recursos correspondentes. A avaliao deve ser ativa, desempenhar um papel importante como orientadora da execuo e fixar em bases consistentes as futuras programaes, por isso esta fase simultnea execuo, e a informao que fornece deve estar disponvel, quando dela se necessitar. A avaliao impe a necessidade de um sistema estatstico cuja informao bsica se obtm em cada uma das reparties ou rgos. importante registrar que a fase de acompanhamento da execuo oramentria poder ter mais eficcia quando realizada de maneira preponderante sobre os atos ainda no concretizados. A constatao do que realizar, e do que deixar de fazer, no pode, como bvio, restringir-se somente ao julgamento a posteriori. Ocorre, no entanto, como prtica predominante nos rgos de controle dos recursos pblicos, o procedimento de se avaliarem os processos de despesas j realizadas, prejudicando, dessa forma, salvo melhor juzo, a identificao de possveis falhas no processo de execuo da despesa a tempo de corrigi-las. Essa forma de avaliao enfatiza fatos j executados, por meio da anlise da realizao de programas de trabalho, das causas que prejudicaram ou inviabilizaram o cumprimento das metas fixadas, das providncias tomadas no intuito de corrigir distores. Ressalta-se, no entanto, que os prejuzos causados por falhas de execuo em tais programas, geralmente so difceis de recuperao. O propsito da avaliao deve ser o de contribuir positivamente para a qualidade da elaborao de uma nova proposta oramentria, reiniciando, assim, o ciclo do oramento. De posse dos dados coletados, o grupo de avaliao oramentria deve elaborar tabelas, calcular indicadores e apresentar informes peridicos para o uso e tomada de decises dos dirigentes das unidades executoras. 5. PRINCPIOS ORAMENTRIOS Segundo Francisco Glauber Lima Mota, princpios so preceitos fundamentais e imutveis de uma doutrina, que orientam procedimentos e que indicam a postura a ser adotada diante de uma realidade1. Os princpios oramentrios, segundo a doutrina, so impositivos. Isso quer dizer que segui-los no est no mbito da discricionariedade do gestor ou do legislador, sendo de observncia obrigatria. O artigo 2 da Lei 4320/64 estabelece que a lei de oramento conter a discriminao da receita e despesa, de forma a evidenciar a poltica econmico-financeira e o programa de trabalho do Governo, obedecidos os princpios da unidade, universalidade e anualidade. Estes so os chamados princpios legais. Outros, abaixo descritos, esto inseridos na Constituio Federal ou mencionados pela doutrina. 5.1) Legalidade o princpio que diz respeito s limitaes ao poder de tributar do Estado. Atende o que est previsto no inciso II do artigo 5 da C.F, onde menciona que ningum ser obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa seno em virtude de lei . Esse princpio visa combater as arbitrariedades emanadas do poder pblico. Somente por meio de normas legais podem ser criadas obrigaes aos indivduos.

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Mota, Francisco Glauber Lima. Curso Bsico de Contabilidade Pblica, p.21. FACULDADE IDC Rua Vicente da Fontoura 1578 Tel. (51) 3028-4888 - www.idc.org.br

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TCNICO DO MPU NOES DE ADMINISTRAO FINANCEIRA E ORAMENTRI PROF. PAULO FERNANDO APRATO REUSE Atendendo a esse princpio, todas as leis oramentrias (PPA, LDO e LOA) so aprovadas pelo Poder Legislativo, cabendo ainda a esse poder, fiscalizar a execuo dos oramentos. O inciso I ao art. 167 da CF uma aplicao do princpio da legalidade: (...) vedado o incio de programas ou projetos no includos na lei oramentria.. !! ATENO NAS QUESTES DE CONCURSOS !! O princpio da legalidade amplo e genrico. Quando a questo falar de elaborao de leis e exame de legislativo, est se referindo ao princpio de legalidade.

!! EXCEO AO PRINCPIO DA LEGALIDADE ORAMENTRIA !!ABERTURA DE CRDITOS EXTRAORDINRIOS PARA ATENDER DESPESAS IMPREVISVEIS E URGENTES (Art. 167, 3 da CF). Este tipo de crdito aberto por medida provisria ou decreto, instrumentos disposio do chefe do Poder Executivo, conforme o caso!!

5.2) Unidade estabelece que todas as receitas e despesas devem estar contidas numa s lei oramentria. Quanto s receitas, correlaciona-se com o princpio da unidade de caixa da Unio (art. 164, 3, da C.F), onde determina que as disponibilidades de caixa da Unio sero depositadas no Banco Central do Brasil. Em conformidade com esse princpio, no deve haver oramentos paralelos, as propostas oramentrias de todos os rgos e Poderes devem estar contidas numa s lei oramentria, isto , o oramento deve ser uno, ou seja, deve existir apenas um oramento e no mais que um para dado exerccio financeiro. Deve ser aprovado por uma s lei ou, no caso de autarquia, por um nico decreto. Visa-se com esse princpio eliminar a existncia de oramentos paralelos; O 5 do artigo 165 da C.F menciona que a Lei Oramentria Anual compreender os seguintes oramentos: - O oramento fiscal referente aos Poderes da Unio, seus fundos, rgos e entidades da administrao direta e indireta, inclusive fundaes institudas e mantidas pelo Poder Pblico; - O oramento de investimento das empresas em que a Unio, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto; - O oramento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e rgos a ela vinculados, da administrao direta ou indireta, bem como os fundos e fundaes institudos e mantidos pelo poder pblico. Esses oramentos (fiscal, de investimento e da seguridade social) so partes integrantes do todo e esto contidos numa s lei oramentria, ou seja, no so oramentos distintos. Assim sendo, o oramento uno, uma nica pea para os trs Poderes, sendo que cada ente da federao (Unio, Estados, DF e Municpios) possui competncia para planejar e executar seu oramento. ATENO! Modernamente o princpio da unidade vem sendo denominado de princpio da totalidade, com fundamento na consolidao, pela Unio, dos oramentos dos diversos rgos e Poderes de forma que permita ao governo uma viso geral do conjunto das finanas pblicas. No pode haver mais de um oramento em cada unidade governamental. No entanto, o 5 do art. 167 da CF/88 estabelece uma tripartio do oramento: o Oramento Fiscal, o Oramento da Seguridade Social e o Oramento de Investimento das Empresas Estatais. 5.3) Universalidade estabelece que todas as receitas e despesas, de qualquer natureza, procedncia ou destino, inclusive a dos fundos, dos emprstimos e dos subsdios, devem estar contidas na lei oramentria anual, ou seja, nenhuma receita ou despesa pode fugir ao controle do Legislativo. Conforme artigo 165, 5 da C.F o oramento deve conter todas as receitas e todas as despesas referentes aos Poderes da Unio, seus fundos, rgos e entidades da administrao direta e indireta. O artigo 6 da Lei 4320/64 corrobora com esse princpio ao estabelecer que todas as receitas e despesas constaro da lei de oramento pelos seus totais, vedadas quaisquer dedues. Em outras palavras, todas as receitas previstas para serem arrecadadas no ano seguinte e tambm as despesas pblicas fixadas devem estar inseridas na Lei Oramentria Anual LOA. A referncia ao ano seguinte porque o oramento preparado em um determinado ano para ser executado no ano seguinte.

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TCNICO DO MPU NOES DE ADMINISTRAO FINANCEIRA E ORAMENTRI PROF. PAULO FERNANDO APRATO REUSE De acordo com o art. 3 da Lei 4.320/64: (...) a Lei do oramento compreender todas as receitas inclusive as de operaes de crdito autorizadas por lei.

!! EXCEES AO PRINCPIO DA UNIVERSALIDADE !!1) Lei 4.320/64, art. 3, pargrafo nico: No se consideram para os fins deste artigo as operaes de crdito por antecipao da receita, as emisses de papel moeda e outras entradas compensatrias, no ativo e passivo financeiros(so as chamadas receitas extra-oramentrias ou ingressos extra-oramentrios); 2) As receitas e despesas operacionais de empresas pblicas e sociedades de economia mista consideradas estatais no-dependentes.5.4) Anualidade ou periodicidade estabelece que o oramento deve ter vigncia limitada no tempo, um ano. De conformidade com este princpio, as previses de receita e despesa devem referir-se, sempre a um perodo limitado de tempo. Ao perodo de vigncia do oramento denomina-se exerccio financeiro. No Brasil, de acordo com o artigo 34 da Lei 4320/64, o exerccio financeiro coincide com o ano civil: 1 de janeiro a 31 de dezembro. Este princpio impe que o oramento dever ser elaborado e executado para a execuo em um perodo determinado de tempo (geralmente um ano, no caso brasileiro). Segundo o art. 34 da Lei n 4.320/64: (...) o exerccio financeiro coincidir com o ano civil. Observe que o princpio est relacionado ao intervalo de tempo de 12 meses, de 1 de janeiro e 31 de dezembro.

!! EXCEO AO PRINCPIO DA ANUALIDADE !!AUTORIZAO E ABERTURA DE CRDITOS ORAMENTRIOS ESPECIAIS E EXTRAORDINRIOS COM VIGNCIA PLURIANUAL Constituio Federal de 1988, art. 167, 2: (...) os crditos especiais e extraordinrios tero vigncia no exerccio financeiro em que forem autorizados, salvo se o ato de autorizao for promulgado nos ltimos quatro meses daquele exerccio, caso, em que, reabertos nos limites de seus saldos, sero incorporados ao oramento do exerccio subseqente.5.4 Exclusividade estabelece que a lei oramentria anual no poder conter dispositivos estranhos fixao das despesas e previso das receitas, ressalvada a autorizao para a abertura de crditos suplementares e contratao de operaes de crdito, ainda que por antecipao da receita. Esse princpio est consagrado no 8 do artigo 165 da Constituio Federal, da seguinte forma: A lei oramentria anual no conter dispositivo estranho a previso da receita e fixao da despesa, no se incluindo na proibio a autorizao para abertura de crditos suplementares e contratao de operaes de crdito, ainda que por antecipao de receita, nos termos da lei. A Lei 4320/64 tambm estabelece excees a esse princpio, ao estabelecer que: A Lei de oramento poder conter autorizao ao Executivo para : I Abrir crditos suplementares at determinada importncia obedecidas as disposies do artigo 43 (este artigo refere-se s fontes de recursos para abertura de crditos adicionais); II Realizar, em qualquer ms do exerccio financeiro, operaes de crdito por antecipao da receita, para atender a insuficincia de caixa.

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TCNICO DO MPU NOES DE ADMINISTRAO FINANCEIRA E ORAMENTRI PROF. PAULO FERNANDO APRATO REUSE Matrias que podem ser inserida na LOA e que no afetam o princpio da exclusividade.

!! EXCEO AO PRINCPIO DA EXCLUSIVIDADE !! AUTORIZAO E ABERTURA DE CRDITO ORAMENTRIO ADICIONAL SUPLEMENTAR; CONTRATAO DE QUALQUER OPERAOD E CRDITO; CONTRATAO DE OPERAES DE CRDITO POR ANTECIPAO DE RECEITA ORAMENTRIA - AROEssas ressalvas esto fixadas na prpria Constituio Federal, portanto, somente ela pode excepcionar. Essa proibio evita que o Chefe do Poder Executivo, ao encaminhar o projeto de lei de oramento, aproveite a oportunidade e inclua outras matrias que no sejam oramentrias. Isso era comum em passado recente. Explicando melhor as excees acima descritas. - Autorizao para abertura de crdito adicional suplementar. Existem trs tipo de crditos adicionais: Suplementares; Especiais; Extraordinrios. A C.F veda a autorizao para a abertura de crditos especiais e extraordinrios na LOA, permite somente a abertura de crdito adicional suplementar. Portanto, crdito adicional o gnero, cujas espcies so os crditos suplementares, especiais e extraordinrios. - Contratao de qualquer operao de crdito. a contratao de emprstimos, interno ou externo, geralmente de longo prazo; denominada de dvida fundada ou consolidada. - Contratao de operaes de crdito por antecipao da receita oramentria - ARO. uma espcie de adiantamento de receitas que pode ser prevista na lei oramentria, realiza-se geralmente quando o governo no possui dinheiro em caixa suficiente para pagamento de determinadas despesas. Essa operao de crdito realizada com o intuito de atender eventuais insuficincias de caixa do governo. 5.5. Publicidade um dos princpios que regem a administrao pblica, ou seja, todos os atos e fatos pblicos, em princpio devem ser acessveis sociedade, ressalvados aqueles que comprometem a segurana nacional. A publicidade faz-se atravs do Dirio Oficial, Editais, jornais, etc. para conhecimento do pblico em geral e da produo de seus efeitos. A constituio Federal de 1988 inovou em termos de constitucionalizao dos princpios regentes dos atos administrativos em geral, aplicando-os matria oramentria, levando a nvel constitucional o princpio da publicidade (art. 165, 6). Esse princpio prev que o projeto de lei oramentria venha acompanhado de demonstrativo regionalizado do efeito, sobre as receitas e despesas, decorrentes de isenes, anistias, remisses, subsdios e benefcios de natureza financeira, tributria e creditcia e no 3 do art. 165 determina a publicao bimestral do relatrio resumido da execuo oramentria. 5.6) No-afetao ou no vinculao da receita a receita oramentria de impostos no pode ser vinculada a rgos, fundos ou despesas, ressalvados os casos permitidos pela prpria Constituio Federal. O princpio da no-afetao de receitas determina que essas no sejam previamente vinculadas a determinadas despesas, a fim de que estejam livres para sua alocao racional, no momento oportuno, conforme as prioridades pblicas. Observe que a C.F veda a vinculao da receita de impostos. Portanto, outras receitas que no sejam de impostos podem ser vinculadas legalmente. Portanto, em princpio, a C.F veda a vinculao da receita de impostos, a rgos, fundos ou despesas, observadas as excees previstas na prpria Constituio, no permitindo sua ampliao mediante outro instrumento normativo. FACULDADE IDC Rua Vicente da Fontoura 1578 Tel. (51) 3028-4888 - www.idc.org.br

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TCNICO DO MPU NOES DE ADMINISTRAO FINANCEIRA E ORAMENTRI PROF. PAULO FERNANDO APRATO REUSE O art. 167 9 veda a criao de fundos sem prvia autorizao legislativa. Atualmente, no mbito federal, h centenas de FUNDOS, grande parte deles com recursos vinculados. As ressalvas ao princpio da no-vinculao de receita previstas na C.F so: Receitas de impostos que podem ser vinculadas, conforme a C.F: Fundo de participao dos municpios FPM; Fundo de participao dos estados FPE; Fundo de compensao pela exportao de produtos industrializados; Recursos destinados para as aes e servios pblicos de sade; Fundo de Manuteno e Desenvolvimento da Educao Bsica e de Valorizao dos Profissionais da Educao (FUNDEB); Recursos destinados s atividades da administrao tributria (arts. 198, 2, 212, 37, XXII, da C.F EC 42/03); Recursos destinados prestao de garantia s operaes de crdito por antecipao de receita ARO (art. 165, 8, C.F); Recursos destinados a prestao de contra garantia Unio e para pagamento de dbitos para com esta (art. 167, 4, C.F); Recursos destinados a programa de apoio incluso e promoo social, extensivos somente a estados e ao Distrito federal at cinco dcimos por cento de sua receita tributria lquida (art. 204, pargrafo nico EC 42/03); Recursos destinados ao fundo estadual de fomento cultura, para o financiamento de programas e projetos culturais, extensivos somente a Estados e Distrito federal - at cinco dcimos por cento de sua receita tributria lquida (art. 216, 6, C.F EC 42/03); O Pargrafo nico do artigo 8 da LRF prev que os recursos legalmente vinculados finalidade especfica sero utilizados exclusivamente para atender ao objeto de sua vinculao, ainda que em exerccio diverso daquele em que ocorrer o ingresso. Observando as excees acima podemos verificar que emendas Constituio podem excepcionar a vinculao de receitas de impostos, a exemplo da Emenda Constitucional EC 42/03, que estabeleceu trs excees alm das originalmente previstas. 5.7) Oramento bruto No so permitidas compensaes no plano oramentrio Este princpio surgiu juntamente com o princpio da universalidade, expresso no art. 6 da Lei 4.320/64: (...) todas as receitas e despesas constaro da Lei Oramentria e de crditos adicionais pelos seus totais, vedadas quaisquer dedues. O 1 do mesmo artigo refora este princpio: (...) As cotas de receitas que uma entidade pblica deva transferir a outra incluir-se-o, como despesa, no oramento da entidade obrigada a transferncia e, como receita, no oramento da que as deva receber. As receitas e despesas devem ser demonstradas na LOA pelos seus valores totais, isto , sem dedues ou compensaes. Exemplo: a proposta oramentria da Unio deve ser apresentada sem as dedues dos recursos a serem transferidos aos fundos de participaes dos estados e municpios. Cuidado! para no confundir o princpio do oramento bruto com o da universalidade. 5.8) Equilbrio por equilbrio se entende que, em cada exerccio financeiro, o montante da despesa no deve ultrapassar a receita prevista para o perodo. Apesar do equilbrio no ser uma regra rgida, existe uma razo fundamental para esse princpio, que a convico de que ele constitui o nico meio de limitar o crescimento dos gastos governamentais e o do conseqente endividamento pblico. Entendemos que este princpio est devidamente consagrado na LRF (art. 4, inciso I, alnea a), onde determina que a LDO dispor sobre o equilbrio entre receita e despesa. Conforme as regras da LRF, atualmente no mais se busca o equilbrio oramentrio formal, mas sim o equilbrio das finanas pblicas. O Estado devera pautar sua gesto pelo equilibro entre receitas e despesas. O equilbrio pressupe que a receita prevista na LOA deve ser igual despesa nela fixada A finalidade deste princpio a de impedir o dficit oramentrio, principalmente. 5.9) Especificao, especializao ou discriminao Est previsto no art. 5 da Lei 4.320/64:

(...) A Lei de Oramento no consignar dotaes globais destinadas a atender indiferentemente a despesas de pessoal, material, servios de terceiros, transferncias ou quaisquer outras, ressalvado o disposto no art. 20 e seu pargrafo nico. As despesas devem ser classificadas com um nvel de desagregao tal que facilite a sua anlise. FACULDADE IDC Rua Vicente da Fontoura 1578 Tel. (51) 3028-4888 - www.idc.org.br

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TCNICO DO MPU NOES DE ADMINISTRAO FINANCEIRA E ORAMENTRI PROF. PAULO FERNANDO APRATO REUSE Esse princpio est consagrado no 1 do artigo 15 da Lei 4320/64 a seguir descrito: O art. 15, 1, do mesmo diploma legal tambm se refere a este princpio: (...) Na Lei de Oramento a discriminao da despesa far-se- no mnimo por elementos. 1. Entende-se por elementos o desdobramento da despesa com pessoal, material, servios, obras e outros meios de que se serve a administrao pblica para consecuo dos seus fins. Esse princpio impe a classificao e designao dos itens que devem constar da LOA. Essa regra ope-se a incluso de valores globais, de forma, genrica, ilimitados e sem discriminao e ainda o incio de programas ou projetos no includos na LOA e a realizao de despesa ou assuno de obrigaes que excedam os crditos oramentrios adicionais. O princpio da especializao abrange tanto o aspecto qualitativo dos crditos oramentrios quanto o quantitativo, vedando a concesso de crditos ilimitados. Mas o que dotao global? Significa que o oramento anual poder conter determinada quantidade de recursos no especificamente destinada a determinado rgo, unidade oramentria, programa ou categoria econmica. Esses recursos sero utilizados para abertura de crditos adicionais. Poderamos considerar como excees ao princpio da especificao a reserva de contingncia, prevista no art. 91 do Decreto-Lei n 200/67 e os investimentos em regime de execuo especial, estabelecido no art. 20 da Lei n 4.320/64. Essas duas excees so exemplos de dotaes globais na LOA.

!! EXCEO AO PRINCPIO DA ESPECIFICAO, ESPECIALIZAO OU DISCRIMINAO !! A primeira exceo est prevista no art. 20 da Lei 4.320/64: Os programas especiais de trabalho que, por sua natureza, no possam cumprir-se subordinadamente normas gerais de execuo da despesa podero ser custeadas por dotaes globais, classificadas entre as Despesas de Capital(so os chamados INVESTIMENTOS EM REGIME DE EXECUO ESPECIAL); A outra exceo a Reserva de Contingncias - (art. 91 do Decreto-Lei 200/67)- que uma dotao global para atender passivos contingentes outras despesas. A LGICA DO PRINCPIO : O oramento precisa ser detalhado, especificado, para facilitar seu entendimento e acompanhamento. 5.10) Programao ou planejamento Com o surgimento do Plano Plurianual na Constituio Federal de 1988 e a Lei de Responsabilidade Fiscal, introduziu-se um novo princpio oramentrio, o da programao. A programao consiste em que os projetos com durao superior a um exerccio financeiro s devem constar na LOA se estiverem previstos no PPA. a chamada interligao entre planejamento e oramento. Enfatizando esse princpio, existe previso na LRF de que a responsabilidade na gesto fiscal pressupe a ao planejada e transparente e ainda h previso de em que at trinta dias aps a publicao dos oramentos, nos termos em que dispuser a LDO, o poder executivo estabelecer a programao financeira e o cronograma de execuo mensal de desembolso ( art. 1, 1, e art. 8 da LRF). 5.11) Clareza O oramento deve ser expresso de forma clara, ordenada e completa. O seu entendimento dever ser acessvel sociedade e no s aos tcnicos que o elaboram. Embora diga respeito ao carter formal, esse princpio tem grande importncia para tornar o oramento um instrumento eficaz e eficiente de polticas pblicas. 5.12) Princpio Participativo Fundamenta prticas utilizadas por algumas administraes municipais que adotaram a chamada gesto oramentria participativa, prevista no Estatuto das Cidades (art. 44 da Lei 10.257/2001), consistindo em instrumento de garantia da gesto democrtica da cidade. Resalte-se que no mbito estadual e federal, no obrigatria a observncia do princpio da gesto oramentria participativa.

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TCNICO DO MPU NOES DE ADMINISTRAO FINANCEIRA E ORAMENTRI PROF. PAULO FERNANDO APRATO REUSE 5.13) Princpio da Unidade de Tesouraria ou de Caixa Segundo o princpio da unidade de tesouraria ou caixa, previsto no artigo 56 da Lei 4320/64, todos os arrecadados pelo estado devem ser centralizados numa nica conta bancria, assim o recolhimento de todas as receitas sero feitas em estrita observncia ao princpio de unidade de tesouraria, vedada qualquer fragmentao para criao de caixas especiais. Este princpio reza que os recursos do governo devem ser recolhidos em conta nica facilitando a administrao e o controle. No deve ser confundido com o princpio da unidade oramentria. No mbito da Unio, este princpio obedecido pela criao da Conta nica do Tesouro Nacional. Esta conta mantida no Banco Central do Brasil e operacionalizada pelo Banco do Brasil S.A. Depreende-se, portanto, que os valores arrecadados pelo governo devem ser contabilizados em uma nica conta caixa, evitando-se, dessa forma, a existncia de caixas paralelos, fracionados. No se quer afirmar com isso que exista apenas uma conta-corrente(bancria). O que se deseja uma nica conta contbil.

!! EXCEO AO PRINCPIO DA UNIDADE DE TESOURARIA OU DE CAIXA!! Os fundos pblicos constituem uma exceo ao princpio da unidade de tesouraria. A autorizao para criao dos fundos pblicos, consta dos artigos 71 a 74 da Lei n 4.320/1964.

6. O ORAMENTO NA CONSTITUIO DA REPBLICA DE 1988 Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sano do Presidente da Repblica, no exigida esta para o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matrias de competncia da Unio, especialmente sobre: ..... II - plano plurianual, diretrizes oramentrias, oramento anual, operaes de crdito, dvida pblica e emisses de curso forado; Art. 49. da competncia exclusiva do Congresso Nacional: ..... IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da Repblica e apreciar os relatrios sobre a execuo dos planos de governo; Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas tero comisses permanentes e temporrias, constitudas na forma e com as atribuies previstas no respectivo regimento ou no ato de que resultar sua criao. ..... VI - apreciar programas de obras, planos nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento e sobre eles emitir parecer. Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinrias cabe a qualquer membro ou Comisso da Cmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da Repblica, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da Repblica e aos cidados, na forma e nos casos previstos nesta Constituio. 1 - So de iniciativa privativa do Presidente da Repblica as leis que: ..... II - disponham sobre: ..... b) organizao administrativa e judiciria, matria tributria e oramentria, servios pblicos e pessoal da administrao dos Territrios; Art. 62. Em caso de relevncia e urgncia, o Presidente da Repblica poder adotar medidas provisrias, com fora de lei, devendo submet-las de imediato ao Congresso Nacional. (Redao dada pela Emenda Constitucional n 32, de 2001)

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TCNICO DO MPU NOES DE ADMINISTRAO FINANCEIRA E ORAMENTRI PROF. PAULO FERNANDO APRATO REUSE 1 vedada a edio de medidas provisrias sobre matria: (Includo pela Emenda Constitucional n 32, de 2001) I - relativa a: (Includo pela Emenda Constitucional n 32, de 2001) ..... d) planos plurianuais, diretrizes oramentrias, oramento e crditos adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, 3; (Includo pela Emenda Constitucional n 32, de 2001) Art. 68. As leis delegadas sero elaboradas pelo Presidente da Repblica, que dever solicitar a delegao ao Congresso Nacional. 1 - No sero objeto de delegao os atos de competncia exclusiva do Congresso Nacional, os de competncia privativa da Cmara dos Deputados ou do Senado Federal, a matria reservada lei complementar, nem a legislao sobre: ..... III - planos plurianuais, diretrizes oramentrias e oramentos. Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judicirio mantero, de forma integrada, sistema de controle interno com a finalidade de: I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execuo dos programas de governo e dos oramentos da Unio; Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da Repblica: ..... XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o projeto de lei de diretrizes oramentrias e as propostas de oramento previstos nesta Constituio; XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de sessenta dias aps a abertura da sesso legislativa, as contas referentes ao exerccio anterior; DOS ORAMENTOS Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecero: I - o plano plurianual; II - as diretrizes oramentrias; III - os oramentos anuais. 1 - A lei que instituir o plano plurianual estabelecer, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da administrao pblica federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de durao continuada. Forma regionalizada no caso federal, consistem nas cinco regies geogrficas que dividem o pas. Diretrizes so orientaes gerais ou critrios de ao que nortearo a captao, gesto e gastos de recursos ao longo do perodo, visando ao alcance dos objetivos programados. Objetivos consistem na discriminao dos resultados que se pretende alcanar com a execuo das aes governamentais. Ex: elevar o nvel educacional e combater o analfabetismo. Metas representa a quantificao fsica dos objetivos. Ex: contratao de trezentas professoras e construo de trezentas escolas. Programas consiste em instrumento de organizao da atuao governamental articulando um conjunto de aes que concorrem para um objetivo comum preestabelecido e mensurado por indicadores previstos no PPA. Ex: defesa dos Direitos da Criana e do Adolescente. Durao continuada programas cuja execuo ultrapassam um exerccio financeiro. Ex: Programa BolsaEscola, obras com prazo de concluso superior a um ano. 2 - A lei de diretrizes oramentrias compreender as metas e prioridades da administrao pblica federal, incluindo as despesas de capital para o exerccio financeiro subseqente, orientar a elaborao da lei oramentria anual, dispor sobre as alteraes na legislao tributria e estabelecer a poltica de aplicao das agncias financeiras oficiais de fomento. FACULDADE IDC Rua Vicente da Fontoura 1578 Tel. (51) 3028-4888 - www.idc.org.br

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TCNICO DO MPU NOES DE ADMINISTRAO FINANCEIRA E ORAMENTRI PROF. PAULO FERNANDO APRATO REUSE 3 - O Poder Executivo publicar, at trinta dias aps o encerramento de cada bimestre, relatrio resumido da execuo oramentria. 4 - Os planos e programas nacionais, regionais e setoriais previstos nesta Constituio sero elaborados em consonncia com o plano plurianual e apreciados pelo Congresso Nacional. 5 - A lei oramentria anual compreender: I - o oramento fiscal referente aos Poderes da Unio, seus fundos, rgos e entidades da administrao direta e indireta, inclusive fundaes institudas e mantidas pelo Poder Pblico; II - o oramento de investimento das empresas em que a Unio, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto; III - o oramento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e rgos a ela vinculados, da administrao direta ou indireta, bem como os fundos e fundaes institudos e mantidos pelo Poder Pblico. 6 - O projeto de lei oramentria ser acompanhado de demonstrativo regionalizado do efeito, sobre as receitas e despesas, decorrente de isenes, anistias, remisses, subsdios e benefcios de natureza financeira, tributria e creditcia. 7 - Os oramentos previstos no 5, I e II, deste artigo, compatibilizados com o plano plurianual, tero entre suas funes a de reduzir desigualdades inter-regionais, segundo critrio populacional.

5 - A lei oramentria anual compreender: I - o oramento fiscal referente aos Poderes da Unio, seus fundos, rgos e entidades da administrao direta e indireta, inclusive fundaes institudas e mantidas pelo Poder Pblico; II - o oramento de investimento das empresas em que a Unio, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto;

compatibilizados com o plano plurianual, tero entre suas funes

a de reduzir desigualdades inter-regionais, segundo critrio populacional.

8 - A lei oramentria anual no conter dispositivo estranho previso da receita e fixao da despesa, no se incluindo na proibio a autorizao para abertura de crditos suplementares e contratao de operaes de crdito, ainda que por antecipao de receita, nos termos da lei.

Princpio da EXCLUSIVIDADE 9 - Cabe lei complementar: I - dispor sobre o exerccio financeiro, a vigncia, os prazos, a elaborao e a organizao do plano plurianual, da lei de diretrizes oramentrias e da lei oramentria anual; II - estabelecer normas de gesto financeira e patrimonial da administrao direta e indireta bem como condies para a instituio e funcionamento de fundos.

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A Lei que supre o comando acima a Lei 4.320/64, Lei de Normas Gerais de Oramento e Contabilidade Pblica. A Lei 4.320/64, que se aplica administrao pblica das trs esferas e dos trs poderes, foi publicada originalmente como lei ordinria, entretanto, em face de atual constituio exigir para as matrias que ela regulamenta lei complementar, a Lei 4.320/64 foi recepcionada no novo ordenamento jurdico da CF de 1988 como lei complementar. bom ter ateno a este fato. A Lei 4320/64 uma lei ordinria, mas tem status de lei complementar, o que significa que s pode ser alterada por lei complementar e no mais, desde a vigncia da nova constituio, por lei ordinria nem por medida provisria. A Lei 4320/64 no se aplica s empresas estatais que no recebam recursos da Unio para a sua manuteno ou para investimentos, que esto submetidas Lei 6404/76 (Lei das sociedades annimas SA).Art. 166. Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, s diretrizes oramentrias, ao oramento anual e aos crditos adicionais sero apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma do regimento comum. 1 - Caber a uma Comisso mista permanente de Senadores e Deputados: I - examinar e emitir parecer sobre os projetos referidos neste artigo e sobre as contas apresentadas anualmente pelo Presidente da Repblica; II - examinar e emitir parecer sobre os planos e programas nacionais, regionais e setoriais previstos nesta Constituio e exercer o acompanhamento e a fiscalizao oramentria, sem prejuzo da atuao das demais comisses do Congresso Nacional e de suas Casas, criadas de acordo com o art. 58. 2 - As emendas sero apresentadas na Comisso mista, que sobre elas emitir parecer, e apreciadas, na forma regimental, pelo Plenrio das duas Casas do Congresso Nacional. 3 - As emendas ao projeto de lei do oramento anual ou aos projetos que o modifiquem somente podem ser aprovadas caso: I - sejam compatveis com o plano plurianual e com a lei de diretrizes oramentrias; II - indiquem os recursos necessrios, admitidos apenas os provenientes de anulao de despesa, excludas as que incidam sobre: a) dotaes para pessoal e seus encargos; b) servio da dvida; c) transferncias tributrias constitucionais para Estados, Municpios e Distrito Federal; ou III - sejam relacionadas: a) com a correo de erros ou omisses; ou b) com os dispositivos do texto do projeto de lei. 4 - As emendas ao projeto de lei de diretrizes oramentrias no podero ser aprovadas quando incompatveis com o plano plurianual. 5 - O Presidente da Repblica poder enviar mensagem ao Congresso Nacional para propor modificao nos projetos a que se refere este artigo enquanto no iniciada a votao, na Comisso mista, da parte cuja alterao proposta. 6 - Os projetos de lei do plano plurianual, das diretrizes oramentrias e do oramento anual sero enviados pelo Presidente da Repblica ao Congresso Nacional, nos termos da lei complementar a que se refere o art. 165, 9.

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O 2 do art. 35 da CF (ADCT) estabelece que at a entrada em vigor da lei complementar a que se refere o art. 165, 9, I e II, sero obedecidas as seguintes normas: I - o projeto do plano plurianual, para vigncia at o final do primeiro exerccio financeiro do mandato presidencial subseqente, ser encaminhado at quatro meses antes do encerramento do primeiro exerccio financeiro e devolvido para sano at o encerramento da sesso legislativa; II - o projeto de lei de diretrizes oramentrias ser encaminhado at oito meses e meio antes do encerramento do exerccio financeiro e devolvido para sano at o encerramento do primeiro perodo da sesso legislativa; III - o projeto de lei oramentria da Unio ser encaminhado at quatro meses antes do encerramento do exerccio financeiro e devolvido para sano at o encerramento da sesso legislativa. 7 - Aplicam-se aos projetos mencionados neste artigo, no que no contrariar o disposto nesta seo, as demais normas relativas ao processo legislativo. 8 - Os recursos que, em decorrncia de veto, emenda ou rejeio do projeto de lei oramentria anual, ficarem sem despesas correspondentes podero ser utilizados, conforme o caso, mediante crditos especiais ou suplementares, com prvia e especfica autorizao legislativa. Art. 167. So vedados: I - o incio de programas ou projetos no includos na lei oramentria anual; II - a realizao de despesas ou a assuno de obrigaes diretas que excedam os crditos oramentrios ou adicionais; III - a realizao de operaes de crditos que excedam o montante das despesas de capital, ressalvadas as autorizadas mediante crditos suplementares ou especiais com finalidade precisa, aprovados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta; IV - a vinculao de receita de impostos a rgo, fundo ou despesa, ressalvadas a repartio do produto da arrecadao dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinao de recursos para as aes e servios pblicos de sade, para manuteno e desenvolvimento do ensino e para realizao de atividades da administrao tributria, como determinado, respectivamente, pelos arts. 198, 2, 212 e 37, XXII, e a prestao de garantias s operaes de crdito por antecipao de receita, previstas no art. 165, 8, bem como o disposto no 4 deste artigo; (Redao dada pela Emenda Constitucional n 42, de 19.12.2003)

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Princpio da No Afetao da Receita de Impostos

Art. 158. Pertencem aos Municpios: I - o produto da arrecadao do imposto da Unio sobre renda e proventos de qualquer natureza, incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer ttulo, por eles, suas autarquias e pelas fundaes que institurem e mantiverem; II - cinqenta por cento do produto da arrecadao do imposto da Unio sobre a propriedade territorial rural, relativamente aos imveis neles situados, cabendo a totalidade na hiptese da opo a que se refere o art. 153, 4, III; (Redao dada pela Emenda Constitucional n 42, de 19.12.2003) III - cinqenta por cento do produto da arrecadao do imposto do Estado sobre a propriedade de veculos automotores licenciados em seus territrios; IV - vinte e cinco por cento do produto da arrecadao do imposto do Estado sobre operaes relativas circulao de mercadorias e sobre prestaes de servios de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicao. Pargrafo nico. As parcelas de receita pertencentes aos Municpios, mencionadas no inciso IV, sero creditadas conforme os seguintes critrios: I - trs quartos, no mnimo, na proporo do valor adicionado nas operaes relativas circulao de mercadorias e nas prestaes de servios, realizadas em seus territrios; II - at um quarto, de acordo com o que dispuser lei estadual ou, no caso dos Territrios, lei federal. Art. 159. A Unio entregar: I - do produto da arrecadao dos impostos sobre renda e proventos de qualquer natureza e sobre produtos industrializados quarenta e oito por cento na seguinte forma: (Redao dada pela Emenda Constitucional n 55, de 2007) a) vinte e um inteiros e cinco dcimos por cento ao Fundo de Participao dos Estados e do Distrito Federal; b) vinte e dois inteiros e cinco dcimos por cento ao Fundo de Participao dos Municpios; c) trs por cento, para aplicao em programas de financiamento ao setor produtivo das Regies Norte, Nordeste e Centro-Oeste, atravs de suas instituies financeiras de carter regional, de acordo com os planos regionais de desenvolvimento, ficando assegurada ao semi-rido do Nordeste a metade dos recursos destinados Regio, na forma que a lei estabelecer; d) um por cento ao Fundo de Participao dos Municpios, que ser entregue no primeiro decndio do ms de dezembro de cada ano; (Includo pela Emenda Constitucional n 55, de 2007) II - do produto da arrecadao do imposto sobre produtos industrializados, dez por cento aos Estados e ao Distrito Federal, proporcionalmente ao valor das respectivas exportaes de produtos industrializados. III - do produto da arrecadao da contribuio de interveno no domnio econmico prevista no art. 177, 4, 29% (vinte e nove por cento) para os Estados e o Distrito Federal, distribudos na forma da lei, observada a destinao a que se refere o inciso II, c, do referido pargrafo.(Redao dada pela Emenda Constitucional n 44, de 2004) 1 - Para efeito de clculo da entrega a ser efetuada de acordo com o previsto no inciso I, excluir-se- a parcela da arrecadao do imposto de renda e proventos de qualquer natureza pertencente aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios, nos termos do disposto nos arts. 157, I, e 158, I. 2 - A nenhuma unidade federada poder ser destinada parcela superior a vinte por cento do montante a que se refere o inciso II, devendo o eventual excedente ser distribudo entre os demais participantes, mantido, em relao a esses, o critrio de partilha nele estabelecido. 3 - Os Estados entregaro aos respectivos Municpios vinte e cinco por cento dos recursos que receberem nos termos do inciso II, observados os critrios estabelecidos no art. 158, pargrafo nico, I e II. 4 Do montante de recursos de que trata o inciso III que cabe a cada Estado, vinte e cinco por cento sero destinados aos seus Municpios, na forma da lei a que se refere o mencionado inciso. (Includo pela Emenda Constitucional n 42, de 19.12.2003)

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TCNICO DO MPU NOES DE ADMINISTRAO FINANCEIRA E ORAMENTRI PROF. PAULO FERNANDO APRATO REUSE V - a abertura de crdito suplementar ou especial sem prvia autorizao legislativa e sem indicao dos recursos correspondentes; VI - a transposio, o remanejamento ou a transferncia de recursos de uma categoria de programao para outra ou de um rgo para outro, sem prvia autorizao legislativa; VII - a concesso ou utilizao de crditos ilimitados; VIII - a utilizao, sem autorizao legislativa especfica, de recursos dos oramentos fiscal e da seguridade social para suprir necessidade ou cobrir dficit de empresas, fundaes e fundos, inclusive dos mencionados no art. 165, 5; IX - a instituio de fundos de qualquer natureza, sem prvia autorizao legislativa. X - a transferncia voluntria de recursos e a concesso de emprstimos, inclusive por antecipao de receita, pelos Governos Federal e Estaduais e suas instituies financeiras, para pagamento de despesas com pessoal ativo, inativo e pensionista, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios. (Includo pela Emenda Constitucional n 19, de 1998) XI - a utilizao dos recursos provenientes das contribuies sociais de que trata o art. 195, I, a, e II, para a realizao de despesas distintas do pagamento de benefcios do regime geral de previdncia social de que trata o art. 201. (Includo pela Emenda Constitucional n 20, de 1998) Art. 195. A seguridade social ser financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos oramentos da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, e das seguintes contribuies sociais: I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: (Redao dada pela Emenda Constitucional n 20, de 1998) a) a folha de salrios e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer ttulo, pessoa fsica que lhe preste servio, mesmo sem vnculo empregatcio; (Includo pela Emenda Constitucional n 20, de 1998) b) a receita ou o faturamento; (Includo pela Emenda Constitucional n 20, de 1998) c) o lucro; (Includo pela Emenda Constitucional n 20, de 1998) II - do trabalhador e dos demais segurados da previdncia social, no incidindo contribuio sobre aposentadoria e penso concedidas pelo regime geral de previdncia social de que trata o art. 201; (Redao dada pela Emenda Constitucional n 20, de 1998) Art. 201. A previdncia social ser organizada sob a forma de regime geral, de carter contributivo e de filiao obrigatria, observados critrios que preservem o equilbrio financeiro e atuarial, e atender, nos termos da lei, a: (Redao dada pela Emenda Constitucional n 20, de 1998) 1 - Nenhum investimento cuja execuo ultrapasse um exerccio financeiro poder ser iniciado sem prvia incluso no plano plurianual, ou sem lei que autorize a incluso, sob pena de crime de responsabilidade. 2 - Os crditos especiais e extraordinrios tero vigncia no exerccio financeiro em que forem autorizados, salvo se o ato de autorizao for promulgado nos ltimos quatro meses daquele exerccio, caso em que, reabertos nos limites de seus saldos, sero incorporados ao oramento do exerccio financeiro subseqente. 3 - A abertura de crdito extraordinrio somente ser admitida para atender a despesas imprevisveis e urgentes, como as decorrentes de guerra, comoo interna ou calamidade pblica, observado o disposto no art. 62. Art. 62. Em caso de relevncia e urgncia, o Presidente da Repblica poder adotar medidas provisrias, com fora de lei, devendo submet-las de imediato ao Congresso Nacional. (Redao dada pela Emenda Constitucional n 32, de 2001) 1 vedada a edio de medidas provisrias sobre matria: (Includo pela Emenda Constitucional n 32, de 2001) I - relativa a: (Includo pela Emenda Constitucional n 32, de 2001) d) planos plurianuais, diretrizes oramentrias, oramento e crditos adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, 3; (Includo pela Emenda Constitucional n 32, de 2001)

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4. permitida a vinculao de receitas prprias geradas pelos impostos a que se referem os arts. 155 e 156, e dos recursos de que tratam os arts. 157, 158 e 159, I, a e b, e II, para a prestao de garantia ou contragarantia Unio e para pagamento de dbitos para com esta. (Includo pela Emenda Constitucional n 3, de 1993) Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: (Redao dada pela Emenda Constitucional n 3, de 1993) I - transmisso causa mortis e doao, de quaisquer bens ou direitos; (Redao dada pela Emenda Constitucional n 3, de 1993) II - operaes relativas circulao de mercadorias e sobre prestaes de servios de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicao, ainda que as operaes e as prestaes se iniciem no exterior;(Redao dada pela Emenda Constitucional n 3, de 1993) III - propriedade de veculos automotores. (Redao dada pela Emenda Constitucional n 3, de 1993) Art. 156. Compete aos Municpios instituir impostos sobre: I - propriedade predial e territorial urbana; II - transmisso "inter vivos", a qualquer ttulo, por ato oneroso, de bens imveis, por natureza ou acesso fsica, e de direitos reais sobre imveis, exceto os de garantia, bem como cesso de direitos a sua aquisio; III - servios de qualquer natureza, no compreendidos no art. 155, II, definidos em lei complementar.(Redao dada pela Emenda Constitucional n 3, de 1993) Art. 157. Pertencem aos Estados e ao Distrito Federal: I - o produto da arrecadao do imposto da Unio sobre renda e proventos de qualquer natureza, incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer ttulo, por eles, suas autarquias e pelas fundaes que institurem e mantiverem; II - vinte por cento do produto da arrecadao do imposto que a Unio instituir no exerccio da competncia que lhe atribuda pelo art. 154, I. Art. 158. Pertencem aos Municpios: I - o produto da arrecadao do imposto da Unio sobre renda e proventos de qualquer natureza, incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer ttulo, por eles, suas autarquias e pelas fundaes que institurem e mantiverem; II - cinqenta por cento do produto da arrecadao do imposto da Unio sobre a propriedade territorial rural, relativamente aos imveis neles situados, cabendo a totalidade na hiptese da opo a que se refere o art. 153, 4, III; (Redao dada pela Emenda Constitucional n 42, de 19.12.2003) III - cinqenta por cento do produto da arrecadao do imposto do Estado sobre a propriedade de veculos automotores licenciados em seus territrios; IV - vinte e cinco por cento do produto da arrecadao do imposto do Estado sobre operaes relativas circulao de mercadorias e sobre prestaes de servios de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicao. Art. 159. A Unio entregar: I - do produto da arrecadao dos impostos sobre renda e proventos de qualquer natureza e sobre produtos industrializados quarenta e oito por cento na seguinte forma: (Redao dada pela Emenda Constitucional n 55, de 2007) a) vinte e um inteiros e cinco dcimos por cento ao Fundo de Participao dos Estados e do Distrito Federal; b) vinte e dois inteiros e cinco dcimos por cento ao Fundo de Participao dos Municpios; II - do produto da arrecadao do imposto sobre produtos industrializados, dez por cento aos Estados e ao Distrito Federal, proporcionalmente ao valor das respectivas exportaes de produtos industrializados.

Art. 168. Os recursos correspondentes s dotaes oramentrias, compreendidos os crditos suplementares e especiais, destinados aos rgos dos Poderes Legislativo e Judicirio, do Ministrio Pblico e da Defensoria Pblica, ser-lhes-o entregues at o dia 20 de cada ms, em duodcimos, na forma da lei complementar a que se refere o art. 165, 9. (Redao dada pela Emenda Constitucional n 45, de 2004) FACULDADE IDC Rua Vicente da Fontoura 1578 Tel. (51) 3028-4888 - www.idc.org.br

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TCNICO DO MPU NOES DE ADMINISTRAO FINANCEIRA E ORAMENTRI PROF. PAULO FERNANDO APRATO REUSE Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios no poder exceder os limites estabelecidos em lei complementar. 1 A concesso de qualquer vantagem ou aumento de remunerao, a criao de cargos, empregos e funes ou alterao de estrutura de carreiras, bem como a admisso ou contratao de pessoal, a qualquer ttulo, pelos rgos e entidades da administrao direta ou indireta, inclusive fundaes institudas e mantidas pelo poder pblico, s podero ser feitas: (Renumerado do pargrafo nico, pela Emenda Constitucional n 19, de 1998) I - se houver prvia dotao oramentria suficiente para atender s projees de despesa de pessoal e aos acrscimos dela decorrentes; (Includo pela Emenda Constitucional n 19, de 1998) II - se houver autorizao especfica na lei de diretrizes oramentrias, ressalvadas as empresas pblicas e as sociedades de economia mista. (Includo pela Emenda Constitucional n 19, de 1998) 2 Decorrido o prazo estabelecido na lei complementar referida neste artigo para a adaptao aos parmetros ali previstos, sero imediatamente suspensos todos os repasses de verbas federais ou estaduais aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios que no observarem os referidos limites. (Includo pela Emenda Constitucional n 19, de 1998) 3 Para o cumprimento dos limites estabelecidos com base neste artigo, durante o prazo fixado na lei complementar referida no caput, a Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios adotaro as seguintes providncias: (Includo pela Emenda Constitucional n 19, de 1998) I - reduo em pelo menos vinte por cento das despesas com cargos em comisso e funes de confiana; (Includo pela Emenda Constitucional n 19, de 1998) II - exonerao dos servidores no estveis. (Includo pela Emenda Constitucional n 19, de 1998) 4 Se