administração financeira e...
TRANSCRIPT
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
Administração Financeira e Orçamentária
1. ORÇAMENTO PÚBLICO
Orçamento é um sistema coordenado de leis e normas que objetiva planejar, executar,
controlar e fiscalizar a atividade financeira do Estado, buscando a melhor utilização
possível dos recursos públicos em prol da plena satisfação dos interesses públicos e
sociais.
Espécies de orçamento (segundo o critério da competência):
Legislativo: elaborado exclusivamente pelo Legislativo. (ex. CF 1891)
Misto: elaborado em processo com cooperação entre Executivo e Legislativo
(ex. CF/1934 e, SMJ, 1946, 1966 e 1988).
Executivo: elaborado exclusivamente pelo Executivo.
1.1 Orçamento Clássico e por Desempenho
Critério histórico-teleológico:
Tradicional (Clássico):
1. Clássico
2. Desempenho (Funcional)
Resolução de Questões
Assinale a única opção que é pertinente ao orçamento tradicional, e não ao
orçamento-programa:
a) Os principais critérios classificatórios são unidades administrativas e elementos.
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
b) Na elaboração do orçamento, são considerados todos os custos dos programas,
inclusive os que extrapolam o exercício.
c) A estrutura do orçamento está voltada para os aspectos administrativos e de
planejamento.
d) A alocação de recursos visa à consecução de objetivos e metas.
e) Existe utilização sistemática de indicadores e padrões de medição do trabalho e dos
resultados.
A resposta certa é letra "a"
1.2 Orçamento Programa e Base Zero
Orçamento-Programa
1. Orçamento-Programa Base Histórica;
2. Orçamento-Programa Base Zero.
Funções do Orçamento-Programa
Plano de trabalho do governo;
Aplicação dos recursos com objetivos definidos.
Mostra os objetivos e metas para os quais se solicita as dotações necessárias.
Identifica os custos dos programas propostos.
Os dados quantitativos medem as realizações e o esforço realizado em cada
programa.
Evolução da conceituação tradicional do orçamento.
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
Resolução de questões
Faz parte do conteúdo do orçamento-programa:
a) Demonstração da receita e da despesa, evidenciando os valores previstos mês a
mês.
b) Análise da capacidade de endividamento.
c) Demonstrativos das despesas por função.
d) Política de aplicação das agências de fomento.
e) Proposta de concessão de vantagens ou aumento de remuneração.
A resposta certa é letra "a"
2. PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS
PRINCÍPIO DA EXCLUSIVIDADE
A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à
fixação da despesa, não se incluindo na proibição a autorização para abertura de
créditos suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que por
antecipação de receita, nos termos da lei.
PRINCÍPIO DA PROGRAMAÇÃO
Orçamento descreve e constitui programa de trabalho, traça metas, objetivos e meios
para atingi-las, vincula a ação de forma impessoal e organizada.
Normas relacionadas: CF/1988, art. 165, §4.º; 48, II e IV.
(CF/1988, art. 165, §4.º).
Os planos e programas nacionais, regionais e setoriais previstos nesta Constituição
serão elaborados em consonância com o plano plurianual e apreciados pelo
Congresso Nacional.
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
(CF/1988, art. 48, II e IV).
Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República [...] dispor
sobre [...]:
II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, operações de crédito,
dívida pública e emissões de curso forçado;
IV - planos e programas nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento;
PRINCÍPIO DA NÃO AFETAÇÃO
É vedada a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvados
os casos expressos na Constituição. Exemplos: repartições de receitas tributárias
(157-162), pagamentos entre os entes e garantias e contragarantias.
Resolução de Questões
O princípio orçamentário que define que nenhuma parcela da receita de impostos
poderá ser posta em reserva para cobrir certos e específicos dispêndios, salvo as
exceções previstas em lei, é denominado Princípio da:
a) Reserva Legal.
b) Universalidade e Unidade Orçamentária.
c) Não Afetação e da Quantificação dos Créditos Orçamentários.
d) Legalidade.
e) Vinculação dos Créditos Orçamentários.
A resposta certa é letra "c"
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
Dicas de estudo
Os princípios da exclusividade e da não afetação (ou não vinculação) são princípios
constitucionais orçamentários e explícitos. Já o princípio da programação é princípio
constitucional orçamentário, mas implícito.
Diz-se que o princípio da exclusividade evita a formação de "caudas" ou "rabos
orçamentários", pois não permite inserir na lei orçamentária elementos estranhos à
natureza financeira. A expressão foi consagrada por Rui Barbosa, grande defensor
desse princípio.
PRINCÍPIO DO EQUILÍBRIO ORÇAMENTÁRIO
O montante da despesa não deve ultrapassar a receita prevista para o período ou
exercício orçamentário.
Normas afins:
(LC 101/2000, art. 1º, §1º).
A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e transparente, em
que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas
públicas, mediante o cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas e
a obediência a limites e condições no que tange a renúncia de receita, geração de
despesas com pessoal, da seguridade social e outras, dívidas consolidada e
mobiliária, operações de crédito, inclusive por antecipação de receita, concessão de
garantia e inscrição em Restos a Pagar.
(Lei 4.320/64, art. 48).
A fixação das cotas [de despesa] atenderá aos seguintes objetivos:
[...]
b) manter, durante o exercício, na medida do possível o equilíbrio entre a receita
arrecadada e a despesa realizada, de modo a reduzir ao mínimo eventuais
insuficiências de tesouraria.
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
Sinônimos: Equilíbrio das contas públicas; Equivalência Despesas x Receitas;
Estabilidade orçamentária.
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
O orçamento, em suas diversas formas, é uma lei formal, temporária, especial e
ordinária. Assume essa forma por depender sempre da aprovação do Poder
Legislativo.
Normas afins: CF/1988, art. 5.º, II; 37; 165; 48, II e IV; 166; 167, I, III, V, VI, IX.
Características da Lei orçamentária:
- Lei Formal: autoriza atos executivos.
- Lei Ordinária: processo legislativo ordinário, com especificações.
- Lei Temporária: vige por períodos certos (ano/quadriênio).
- Lei Especial: processo legislativo com características especiais.
PRINCÍPIO DA ANUALIDADE
O orçamento é temporário e periódico. O período anual é o mais usado, mas o PPA
segue período quadrienal.
Vantagens:
Políticas: Intervenção do Poder Legislativo;
Financeiras: organização das contas públicas, com apropriação adequada de
receitas e despesas;
Econômicas: influir nas flutuações dos ciclos econômicos.
Normas afins: CF/88, art. 48, II; 165, III e §5.º; 166; Lei 4320/64, art. 2.º e 34.
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
Resolução de Questões
Constitui exceção ao princípio da anualidade:
a) os créditos especiais e extraordinários abertos nos últimos quatro meses do
exercício.
b) a inscrição em restos a pagar processados.
c) a inscrição em restos a pagar não processados.
d) a inscrição do serviço da dívida a pagar.
e) a utilização do superávit financeiro do exercício anterior.
A resposta certa é letra "a"
Dicas de estudo
O princípio do Equilíbrio Orçamentário possui duas concepções: a clássica (o
equilíbrio deve ser absoluto e prioriza que a subtração entre receitas e despesas
alcance o resultado zero) e a contemporânea, segundo a qual o orçamento é
equilibrado quando as finanças públicas mostram-se saudáveis, de acordo com
diversos critérios e de acordo com diversas disciplinas (como perante a Economia,
Ciência das Finanças, Direito etc.).
As questões de prova costumam diferenciar Princípio da Legalidade do Princípio da
Reserva Legal. O princípio da reserva legal refere-se a matérias que só podem ser
disciplinadas por leis formais (e não por atos infralegais).
PRINCÍPIO DA UNIDADE
O orçamento deve constar de uma peça única em cada esfera de governo. Não
obstante, o orçamento pode se desdobrar em várias leis e documentos, que
representam uma unidade sistemática, onde todos os documentos e partes funcionam
dentro dos mesmos princípios e em sinergia.
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
Vantagens:
1) Mantém a coerência e uniformidade da atividade financeira do Estado.
2) Facilita o controle e fiscalização.
3) Evita oportunidade para o desperdício e corrupção.
Normas afins: CF, art. 165, I a III; L. 4320, art. 2º, 56.
SINÔNIMOS: TOTALIDADE ORÇAMENTÁRIA
PRINCÍPIO DA UNIVERSALIDADE
Deverão ser incluídos no orçamento todos os aspectos do programa de cada órgão,
principalmente aqueles que envolvam qualquer transação financeira, bem como todas
as receitas e despesas dos Poderes, fundos, órgãos e entidades da Administração
Direta e Indireta.
Exceção: É legítima a cobrança de tributo que houver sido aumentado após o
orçamento, mas antes do início do respectivo exercício financeiro. (STF, Súmula 66).
Vantagens:
1) Evita “caixas 2” na Administração;
2) Facilita a elaboração, controle e fiscalização;
3) Estimula o senso de unidade entre os diversos órgãos do Estado.
Normas afins: CF, art. 165; L. 4320/64, art. 2º-4º.
SINÔNIMO: GLOBALIZAÇÃO
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
PRINCÍPIO DO ORÇAMENTO BRUTO
Todas as receitas e despesas devem constar da lei orçamentária e de créditos
adicionais pelos seus valores brutos, vedadas as deduções.
Vantagens:
Evitar a inclusão, no orçamento de resultados
Líquidos, ocultando os detalhes das contas.
Visa facilitar o controle e fiscalização.
Normas afins: Lei 4320, art. 6º.
PRINCÍPIO PARTICIPATIVO
No âmbito municipal, a gestão orçamentária participativa… incluirá a realização de
debates, audiências e consultas públicas sobre as propostas do plano plurianual, da lei
de diretrizes orçamentárias e do orçamento anual, como condição obrigatória para sua
aprovação pela Câmara Municipal.
Observação: não é aplicável a Estados, DF e União.
Normas afins: CF, art. 182; L. 10257, art. 44.
Resolução de Questões
Na forma constitucional, a elaboração da Lei Orçamentária Anual será orientada pela:
a) unidade, clareza e anualidade.
b) programação, universalidade e clareza.
c) planejamento, programação e controle.
d) unidade, universalidade e anualidade.
e) participação, clareza e unidade.
A resposta certa é a letra "D"
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
Dicas de estudo
Os princípios da exclusividade e da universalidade, sob certo prisma, podem ser
considerados opostos: enquanto a exclusividade não permite a inclusão de temas
estranhos à matéria financeira, dentro das Leis Orçamentárias, o princípio da
universalidade exige, em regra, a presença nestas Leis de todos os assuntos
financeiros que devam ser por ela dispostos.
Nas questões de concursos, é comum a associação entre os princípios da unidade e o
princípio da "unidade de caixa", mas, na verdade, são princípios distintos. Enquanto o
princípio da unidade se preocupa com as leis orçamentárias, o princípio da unidade de
caixa em foco predominante sobre as receitas públicas. Entretanto, não deixam de
serem princípios relacionados.
PRINCÍPIO DA ESPECIFICAÇÃO
Na Lei de Orçamento a discriminação da despesa far-se-á no mínimo por elementos.
Entende-se por elementos o desdobramento da despesa com pessoal, material,
serviços, obras e outros meios de que se serve a administração publica para
consecução dos seus fins. Aplica-se também às receitas.
Normas afins: L. 4320, art. 5 e 15
SINÔNIMOS: PRINCÍPIO DA ESPECIALIZAÇÃO; PRINCÍPÍO DA DISCRIMINAÇÃO
PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE
O orçamento deve ser de amplo e fácil conhecimento por todos (autoridades ou povo
em geral) em todas as fases de seu ciclo (desde a elaboração até sua execução e
fiscalização).
São exemplos de sua aplicação os instrumentos de fiscalização e controle da atividade
orçamentária, a que se refere à Lei de Responsabilidade Fiscal e demais normas do
ordenamento jurídico, tais como o Relatório de Gestão Fiscal, o Relatório Resumido
de Execução Orçamentária e a Prestação de Contas Anual, entre outros.
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
Normas afins: CF, art. 37; 165,§3º; LRF, art. 52-53
PRINCÍPIO DA CLAREZA
O orçamento deve ser elaborado de forma a ser facilmente compreendido por
qualquer cidadão, independente de sua formação em finanças públicas. Deve ser
expresso de forma clara, ordenada, objetiva e completa, permitindo o acesso e
compreensão a qualquer pessoa nele interessada.
PRINCÍPIO DA UNIFORMIDADE
O orçamento deve apresentar e conservar, ao longo dos diversos exercícios
financeiros, uma estrutura uniforme que permita uma comparação ao longo dos
diversos mandatos.
SINÔNIMO: Princípio da Consistência
PRINCÍPIO DA QUANTIFICAÇÃO DOS CRÉDITOS
Não se admite créditos orçamentários ilimitados ou proporcionais. Os créditos devem
ser definidos em reais e em quantias certas.
Normas afins: CF, art. 167, VII
Resolução de questões
Quanto aos princípios orçamentários, marque a opção correta.
a) O Princípio da Universalidade da matéria orçamentária estabelece que somente
deve constar no orçamento matéria pertinente à fixação da despesa e à previsão da
receita.
b) O Princípio da Programação preconiza a vinculação necessária à ação
governamental, assegurando-se a finalidade do plano plurianual.
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
c) O Princípio da não afetação da receita preconiza que não pode haver transferência,
transposição ou remanejamento de recursos de uma categoria de programação para
outra ou de um órgão para outro sem prévia autorização legislativa.
d) O Princípio da Reserva de lei estabelece que os orçamentos e créditos adicionais
devem ser incluídos em valores brutos, todas as despesas e receitas da União,
inclusive as relativas aos seus fundos.
e) O Princípio do Equilíbrio Orçamentário estabelece que a lei orçamentária não
conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa.
A resposta certa é a letra "B"
Dicas de estudo
Para saber mais, recomendamos consultar as boas obras doutrinárias sobre princípios
orçamentários. Sobre princípios constitucionais orçamentários, recomendamos o livro
do professor José Afonso da Silva, denominado COMENTÁRIO CONTEXTUAL À
CONSTITUIÇÃO. Para os demais princípios, podemos recomendar a consulta a obras
de autores como AUGUSTINHO VICENTE PALUDO e JOSÉ CARLOS OLIVEIRA DE
CARVALHO.
Nas questões de concursos, é comum os princípios serem apresentados com nomes
diferentes dos usuais. Por isso, atenção nas designações sinônimas que
apresentamos ao longo de nossas aulas.
Por fim, há registro de questões de concursos anteriores que incluíram, entre os
princípios orçamentários, princípios da Administração Pública e até mesmo Princípios
Tributários. Por exemplo, uma questão considerou como princípio orçamentário o
"Princípio da Economicidade", o qual é na verdade princípio da Administração Pública,
e não apenas referente ao Orçamento. Nestes casos, é preciso flexibilidade do
candidato: compare as assertivas e, não havendo outra assertiva mais correta, admita
como resposta porque, afinal, os princípios da Administração Pública e do Direito
Tributário, embora não sejam orçamentários, têm influência sobre a Atividade
Financeira do Estado e, por decorrência, sobre os Orçamentos.
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
3. CICLO ORÇAMENTÁRIO
Corresponde ao processo de concepção, elaboração, consolidação, aprovação
legislativa, execução e fiscalização do orçamento. Compõe-se de três principais fases:
a) Fase legislativa (PPA – LDO e LOA);
b) Fase de Execução (ano seguinte à LOA);
c) Fase de Controle e Avaliação da Execução Orçamentária (a partir do início
do exercício de execução da LOA em diante).
PROCESSO LEGISLATIVO ORÇAMENTÁRIO – INICIATIVA
A iniciativa dos projetos de Leis orçamentárias é privativa do chefe do Poder Executivo
(ex.: Presidente) para todas as leis (PPA, LDO ou LOA e créditos adicionais). É de
iniciativa “vinculada” (o Presidente é obrigado a propor as leis, nos prazos fixados, sob
crime de responsabilidade). Flexível quanto aos créditos adicionais, onde não há
prazos “a priori”.
NÃO ENVIO E NÃO DEVOLUÇÃO DOS PROJETOS
Se o Poder Executivo não enviar no prazo a sua proposta para apreciação, o Poder
Legislativo apreciará o orçamento vigente, como se proposta fosse.
Se o Legislativo não devolver no prazo, o Executivo poderá promulgar a proposta tal
como encaminhada, ignorando emendas parlamentares (Princípio da Simetria).
COMPOSIÇÃO DA PROPOSTA: A redação e consolidação do projeto de Lei
competem ao chefe do Poder Executivo, através de seus órgãos auxiliares. Na União,
cabe à Secretaria de Orçamento Federal esta tarefa.
Cabe aos demais “Poderes” (Tribunais do Judiciário, Legislativo e Ministério Público
da União) comporem suas próprias propostas orçamentárias, encaminhando-as ao
Chefe do Executivo para consolidação num único projeto.
Por exemplo, no PODER JUDICIÁRIO o encaminhamento da proposta, ouvidos os
outros tribunais interessados, compete:
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
I - no âmbito da União, aos Presidentes do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais
Superiores, com a aprovação dos respectivos tribunais;
II - no âmbito dos Estados e no do Distrito Federal e Territórios, aos Presidentes dos
Tribunais de Justiça, com a aprovação dos respectivos tribunais.
PRAZOS:
Plano Plurianual: O executivo deve encaminhar ao Congresso até 4 meses antes do
encerramento do primeiro exercício financeiro do mandato, ou seja, até 31 de agosto
do 1.º ano do mandato do Presidente, Governador ou Prefeito. O Legislativo deve
devolver até o encerramento do segundo período da sessão legislativa, do exercício
em que for encaminhado, ou seja, até 22 de dezembro.
Lei de Diretrizes Orçamentárias: O executivo deve encaminhar até 8 meses e meio
antes do encerramento do exercício financeiro, ou seja, até 15 de abril, e o Legislativo
deve devolver até o encerramento do primeiro período da sessão legislativa, ou seja,
até 17 de julho.
Lei Orçamentária Anual: O executivo deve encaminhar até 4 meses e meio antes do
encerramento do exercício financeiro, ou seja, até 31 de agosto, e o Legislativo deve
devolver até o encerramento da sessão legislativa do exercício em que for
encaminhado, ou seja, até 22 de dezembro.
Os prazos do processo legislativo orçamentário devem ser definidos por Lei
Complementar. Ocorre que a Constituição possui uma norma, em seu ato das
Disposições Transitórias, que estabelece regra de transição, enquanto esta Lei
Complementar não for elaborada. Os prazos que acabamos de demonstrar são
baseados nesta norma transitória da Constituição, pois até o presente momento não
houve a publicação de Lei Complementar sobre a matéria.
Resolução de questões
O prazo de encaminhamento, pelo Presidente da República, da Lei de Diretrizes
Orçamentárias (LDO) ao Congresso Nacional para aprovação é de:
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
a) quatro meses antes do encerramento do exercício financeiro.
b) oito meses e meio antes do encerramento do exercício financeiro.
c) cinco meses e meio após a posse do Presidente.
d) cinco meses antes do encerramento do exercício financeiro.
e) 30 de junho do exercício financeiro.
A resposta correta é a letra "B"
Dicas de estudo
Para saber mais sobre este assunto consulte a Constituição, artigos 61, §1º, II; 85,
incisos II e VI; 99; 165 e 166
E também as leis 4320/1964, artigo 32; Lei 1079/1950; Decreto-Lei 201/1967.
A maioria das questões versa sobre quem tem a exclusividade de propor os projetos
de Lei (que é, como vimos, o Chefe do Poder Executivo) e também sobre os prazos de
encaminhamento e devolução. Lembre-se: as regras sobre prazos do Ciclo
Orçamentário são definidas por Leis Complementares, mas como tal regra ainda não
foi publicada, usamos por enquanto as regras da Constituição.
APRECIAÇÃO
É o processo de apreciação e votação dos projetos de leis orçamentárias no
Congresso Nacional. É composto de algumas fases:
Sessão solene: para recepção da proposta e leitura da Mensagem do
Presidente da República.
Comissão Mista (CMO): análise e processamento de emendas ao Projeto.
Votação Plenária: votação do projeto e das emendas encaminhadas pela CMP,
em sessão unicameral. Ao terminar a votação, o projeto é devolvido ao
Presidente para sanção (ou veto).
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
COMISSÃO MISTA DE ORÇAMENTO
A Comissão Mista de Orçamento (CMO) é composta por parlamentares, e organizada
na forma de Resolução do próprio Poder Legislativo competente. Na União, a
Comissão é composta de Deputados e Senadores (normalmente na proporção
respectiva de 3 para 1), para apreciar o projeto de lei orçamentária uma única vez.
As Comissões costumam se dividir em subcomissões temáticas, que analisam o
projeto de forma fatiada (por áreas) para facilitar os trabalhos técnicos.
Cada subcomissão, neste caso, elabora um relatório setorial, os quais são discutidos e
votados individualmente na Comissão. Quando todas as partes estão votadas nas
subcomissões, é elaborado um Relatório Geral o qual é votado pela Comissão Mista.
APRECIAÇÃO – NORMAS
EMENDAS: São apresentadas na CMO, que sobre elas emite parecer, sujeito ao
Plenário.
As emendas à LOA devem:
a) ser compatíveis com a LDO e PPA;
b) indicar os recursos necessários, somente de anulação de despesas;
c) não podem anular despesas de pessoal e encargos, serviços da dívida e
transferências tributárias constitucionais aos Estados, DF e Municípios;
d) podem corrigir erros técnicos ou legais;
e) podem ser “emendas de redação”.
Emenda de redação é aquela que apenas clarifica ou melhora a redação, sem alterar
seu conteúdo ou valores.
As emendas ao projeto de lei de diretrizes orçamentárias não poderão ser aprovadas
quando incompatíveis com o plano plurianual.
Não será admitido aumento da despesa prevista nos projetos de iniciativa exclusiva do
Presidente da República, ressalvado os projetos da LOA e LDO (desde que
respeitadas às regras anteriores).
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
MENSAGEM MODIFICATIVA: O Presidente da República poderá enviar mensagem
ao Congresso Nacional para propor modificação nos projetos a que se refere este
artigo enquanto não iniciada a votação, na Comissão mista, da parte cuja alteração é
proposta.
REJEIÇÃO DO PROJETO DE LEI: O projeto de Lei da LOA pode ser rejeitado pelo
Congresso. Neste caso, se a rejeição for parcial, o Congresso elabora lei de créditos
suplementares para o uso dos recursos restantes. Se a rejeição for total, será uma lei
de créditos especiais. Contudo, não é possível a rejeição do projeto da LDO, porque a
Constituição determina que a sessão legislativa não é interrompida até sua aprovação.
Alguns autores estendem, por analogia, tal entendimento ao PPA.
VOTAÇÃO E DEVOLUÇÃO AO PRESIDENTE
O projeto é votado em sessão conjunta do Congresso (deputados e senadores). A
seguir, é devolvido ao Presidente, que pode sancioná-lo ou vetá-lo.
Sanção é a aquiescência do Presidente ao projeto devolvido do Congresso. Se o fizer,
deve promulgá-lo e publicá-lo. Prazo: 15 dias. Se sancionar, tem 48 horas para
promulgar.
Veto é a não aquiescência (total ou parcial) ao projeto. Havendo o veto, o projeto volta
ao Congresso para votar o veto, podendo este derrubá-lo.
Resolução de questões
Em relação aos procedimentos no processo orçamentário, no nível federal, julgue os
itens a seguir.
a) Cada um dos três Poderes é responsável pela elaboração da proposta orçamentária
a ser encaminhada ao Congresso Nacional.
b) A Lei de Diretrizes Orçamentárias deve ser elaborada em conjunto com a Lei
orçamentária Anual, de forma a orientar a execução das despesas relativas ao
exercício financeiro seguinte.
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
c) O projeto de Lei Orçamentária Anual deve ser enviado ao Congresso Nacional até
três meses antes do início do exercício financeiro seguinte.
d) O Presidente da República poderá encaminhar mensagem retificativa à proposta
orçamentária, desde que não tenha sido iniciada a votação da parte cuja alteração
esteja sendo proposta na comissão mista de deputados e senadores, responsáveis
pela redação final do projeto.
e) A discussão e a votação da proposta orçamentária acontecerão em sessão conjunta
das duas Casas do Congresso Nacional.
São corretas as assertivas “D" e "E".
Dicas de estudo
Consulte, sobre esta matéria, a Constituição em seus artigos 57, §2º, 58, 63-I; 66, 165
e 166. Consulte também as boas obras doutrinárias sobre Administração Financeira e
Orçamentária ou Direito Financeiro.
A maioria das questões de concursos costumam abordar as normas da Constituição.
Mas em certos concursos, como por exemplo para os Tribunais de Contas, é comum
questões abordando normas mais específicas, como as Portarias da Secretaria de
Orçamento Federal, ou da Secretaria do Tesouro Nacional. Por isso, recomendo que
você: a) consulte as referências a legislação específica, contidas no Edital de sua
prova; b) pesquise no site do órgão ao qual pertence o concurso, referências a
Portarias ou outras normas que se refiram ao processo legislativo orçamentário e dê
uma lida antes da prova.
Outra fonte importante para entender melhor o Processo legislativo orçamentário e o
Ciclo Orçamentário está no site do Senado Federal, em www.senado.gov.br. Lá,
procure o setor referente à Orçamento.
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
4. PLANO PLURIANUAL (PPA)
O sistema orçamentário no Brasil é composto por um conjunto de leis, que funcionam
em sinergia, cada qual com sua função. Este sistema é composto pelas leis do Plano
Plurianual, Lei de Diretrizes Orçamentárias e Leis Orçamentárias Anuais. Passaremos
a analisar, daqui em diante, cada uma delas.
Conceito de Plano Plurianual (PPA): A Constituição estabelece, sobre o PPA, o
seguinte:
“... A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma regionalizada, as
diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal para as despesas de
capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração
continuada...".
Vejamos os detalhes deste conceito:
Forma Regionalizada: para a União, divide-se em regiões Norte, Nordeste,
Centro-Oeste, Sul e Sudeste.
Diretrizes: orientações gerais e critérios de ação.
Objetivos: Discriminação de resultados. Ex.: elevar o nível educacional e
combater o analfabetismo.
Metas: Quantificação dos objetivos. Ex.: contratar 300 professores; construir
300 escolas.
Despesas de Capital: Conjunto de despesas destinadas a acumular bens ou
patrimônio (ex.: construções, compra de imóveis, compra de capital social em
empresas).
Despesas Correntes: Despesas destinadas à manutenção das atividades
estatais (pessoal, material de consumo etc.) neste caso decorrentes das
despesas de capital.
Programas: Conjunto de ações com objetivo comum e individualizado. Ex.:
Programa de Aceleração do Crescimento (PAC);
Duração Continuada: Programas cuja execução ultrapassa um exercício
financeiro.
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
Vigência do PPA:
O PPA vigorará por 4 anos, iniciando em 1.º de janeiro do segundo ano de mandato
do Chefe do Poder Executivo (Presidente, Governador ou Prefeito, conforme o caso).
A vigência terminará em 31/12 do 1.º ano de mandato do Chefe do Poder Executivo
seguinte.
Assim, por exemplo, supondo que o mandato do Prefeito de uma dada cidade se
iniciou em 2013, este novo Prefeito governará em 2013 ainda de acordo com o PPA
de seu antecessor, e deverá (ao mesmo tempo) encaminhar o seu próprio projeto de
Lei de PPA, para ser aprovado e vigorar a partir de 1/1/2014, pelos quatro anos
seguintes. Note-se, entretanto, que o mandato deste prefeito, que se iniciou em 2013,
dura 4 anos, e terminará um ano antes do término da vigência do PPA 2014-2017. E
assim sucessivamente.
Disposições constitucionais sobre o PPA: A Constituição fala, em diversas
passagens, sobre o PPA:
CF/1988, art. 165, §§4º: Os planos e programas nacionais, regionais e setoriais
previstos nesta Constituição serão elaborados em consonância com o plano plurianual
e apreciados pelo Congresso Nacional.
CF/1988, art. 165, §7º: Os orçamentos Fiscal e de Investimentos, compatibilizados
com o plano plurianual, terão entre suas funções a de reduzir desigualdades inter-
regionais, segundo critério populacional.
CF/1988, art. 165, §9º, I: Cabe à lei complementar dispor sobre a elaboração do plano
plurianual.
CF/1988, art. 166, §3º, I: As emendas à LOA e à LDO somente podem ser aprovadas
quando sejam compatíveis com o plano plurianual;
167, §1º: Nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exercício financeiro
poderá ser iniciado sem prévia inclusão no plano plurianual, ou sem lei que autorize a
inclusão, sob pena de crime de responsabilidade.
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
74, I: O cumprimento das metas do PPA será avaliado pelo controle interno integrado
(CGU).
Resolução de questões
Acerca do Plano Plurianual, é correto afirmar tratar-se de uma lei de periodicidade:
a) quadrienal, sendo suas macro-orientações de caráter indicativo para o setor público
e mandatório para o setor privado.
b) anual, sendo suas macro-orientações de caráter indicativo para os setores público e
privado.
c) quadrienal, sendo suas macro-orientações de caráter indicativo para os setores
público e privado.
d) anual, sendo suas macro-orientações de caráter mandatório para o setor público e
indicativo para o setor privado.
e) quadrienal, sendo suas macro-orientações de caráter mandatório para o setor
público e indicativo para o setor privado.
A resposta correta é a letra "E"
Dicas de estudo
Dispõem também sobre o Plano Plurianual, além da Constituição, o Decreto-Lei
200/1967, artigos 7º, 15 e 16. É muito útil também, após ler os textos legais, examinar
as leis do PPA já editadas, as quais podem ser examinadas no site do Senado
(www.senado.gov.br). Por exemplo, a lei do PPA em vigor entre 2008 e 2011 é a lei
11653. O exame da lei em si permite compreender, na prática, as previsões da
Constituição e demais normas que descrevem o PPA.
Para maiores detalhes, também é possível consultar o Decreto Federal 2829/1998.
As questões de concursos, sobre o Plano Plurianual, costumam pedir as normas da
Constituição. Algumas, entretanto, misturam o tema com o conceito e características
do orçamento programa, pois o PPA é na verdade um exemplo vivo desta forma de
orçamento.
Não esqueça que existe PPA tanto na União, como nos Estados membros, DF e
Municípios.
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
5. LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS (LDO)
Conceito de LDO:
No Brasil, a Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO tem como a principal finalidade
orientar a elaboração dos orçamentos fiscais e da seguridade social e de investimento
do Poder Público, incluindo os poderes Executivo, Legislativo, Judiciário e as
empresas públicas e autarquias. Busca sintonizar a Lei Orçamentária Anual – LOA
com as diretrizes, objetivos e metas da administração pública, estabelecidas no Plano
Plurianual.
Funções da LDO, segundo a Constituição:
Orienta a elaboração da LOA;
Dispõe sobre as metas e prioridades da Administração para o exercício
subsequente;
Dispõe sobre as despesas de capital para o exercício subsequente;
Dispõe sobre alterações na legislação tributária;
Estabelece a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento.
Autoriza aumentos de despesas com pessoal.
Funções da LDO, segundo a Lei de Responsabilidade Fiscal:
Segundo a LRF, a LDO ainda disporá, sem prejuízo das funções a ela atribuídas pela
Constituição, ao seguinte:
Equilíbrio entre receitas e despesas;
Critérios e forma de limitação de empenho por ato próprio dos Poderes e do Ministério
Público, a ser efetivada quando verificada, ao final de um bimestre, que a realização
da receita poderá não comportar o cumprimento das metas de resultado primário ou
nominal estabelecidas no Anexo de Metas Fiscais, bem como nos casos em que for
necessária a recondução da dívida consolidada aos limites estabelecidos.
Normas relativas ao controle de custos e à avaliação dos resultados dos programas
financiados com recursos dos orçamentos.
Demais condições e exigências para a transferência de recursos a entidades públicas
e privadas.
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
Normas para assegurar a integral conclusão e satisfação dos projetos em andamento,
como condição de início para novos projetos.
Resolução de Questões
A publicação da Lei Complementar n. 101/2000, denominada Lei de Responsabilidade
Fiscal (LRF), contribuiu para maior controle, organização e transparência do
orçamento. Com a LRF, a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) tornou-se o
instrumento mais importante para a obtenção do equilíbrio permanente nas contas
públicas. Identifique a opção incorreta no tocante às exigências que a LRF trouxe em
relação à LDO.
a) Estabelecer limitações à redução das despesas obrigatórias de caráter continuado.
b) Dispor sobre o controle de custos e avaliação dos resultados dos programas
financiados pelo orçamento.
c) Disciplinar as transferências de recursos a entidades públicas e privadas.
d) Estabelecer critérios e formas de limitação de empenho, na ocorrência de
arrecadação da receita inferior ao esperado, de modo a não comprometer as metas de
resultado primário e nominal, previstas para o exercício.
e) Quantificar o resultado primário a ser obtido com vistas à redução do montante da
dívida e das despesas com juros.
A resposta correta é a letra "A”
Dicas de estudo
Você pode aprender mais sobre LDO lendo a Constituição, art. 165, II; 169, §1º e II e
também a LRF, art.. 4º e 45.
Ajuda bastante também, examinar, ainda que apenas os principais artigos e capítulos,
as leis de diretrizes orçamentárias da União, e verificar como é estruturada e os tipos
de dispositivos que contém. As LDOs da União podem ser localizadas no setor de
Orçamento, junto ao site do Senado (www.senado.gov.br). Assim fica mais fácil
entender as funções da LDO e o tipo de disposição a que se refere a Constituição e a
LRF.
Dentre as leis orçamentárias, a que mais é pedida em concursos públicos é a LDO. A
maioria das questões compara as funções da LDO com as demais leis orçamentárias.
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
Lembre-se, a função da LDO é servir de ligação entre o PPA e a LOA, e de servir
como orientação para a elaboração e execução da LOA.
Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) – Limitação de empenhos e outros
detalhes sobre as funções da LDO
Uma das funções delegadas pela LRF a LDO consiste em que esta lei orçamentária e
estabelece:
Critérios e forma de limitação de empenho por ato próprio dos Poderes e do Ministério
Público, a ser efetivada quando verificada, ao final de um bimestre, que a realização
da receita poderá não comportar o cumprimento das metas de resultado primário ou
nominal estabelecidas no Anexo de Metas Fiscais, bem como nos casos em que for
necessária a recondução da dívida consolidada aos limites estabelecidos. (LRF, art.
4º).
Mas afinal, o que é limitação de empenhos?
O que é empenho?
O empenho de despesa é o ato emanado de autoridade competente que cria para o
Estado obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condição.
O empenho da despesa não poderá exceder o limite dos créditos concedidos.
É vedada a realização de despesa sem prévio empenho.
Como se faz a limitação de empenhos?
Se verificado, ao final de um bimestre, que a realização da receita poderá não
comportar o cumprimento das metas de resultado primário ou nominal estabelecidas
no Anexo de Metas Fiscais, os Poderes e o Ministério Público promoverão, por ato
próprio e nos montantes necessários, nos trinta dias subsequentes, limitação de
empenho e movimentação financeira, segundo os critérios fixados pela lei de diretrizes
orçamentárias.
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
No caso de restabelecimento da receita prevista, ainda que parcial, a recomposição
das dotações cujos empenhos foram limitados dar-se-á de forma proporcional às
reduções efetivadas.
Não serão objeto de limitação as despesas que constituam obrigações constitucionais
e legais do ente, inclusive aquelas destinadas ao pagamento do serviço da dívida, e as
ressalvadas pela lei de diretrizes orçamentárias.
Limitação de empenhos nos demais poderes e MPU
No caso de os Poderes Legislativo e Judiciário e o Ministério Público não promoverem
a limitação no prazo estabelecido no caput, é o Poder Executivo autorizado a limitar os
valores financeiros segundo os critérios fixados pela lei de diretrizes orçamentárias.
Contudo, o STF, através da ADI-MC 2238-5/2001 suspendeu esta disposição, por
entender que representaria hipótese de interferência indevida do Poder Executivo nos
demais Poderes e no Ministério Público.
Como a LDO dispõe sobre alterações na Legislação Tributária
Há diferenças entre dispor sobre alterações na legislação tributária e instituir tributos.
A LDO não institui tributos, ou seja, não pode prever fato gerador, base de cálculo,
alíquotas, contribuintes, etc., pois tal tarefa deve ser realizada por lei externa ao
orçamento, em respeito ao princípio da exclusividade.
O que a LDO dispõe é diferente: ela estabelece como as leis tributárias serão
realizadas, como por exemplo, até qual limite o Estado poderá renunciar a receitas
tributárias, através de leis tributárias.
Exemplo de disposição da LDO sobre alterações na legislação tributária:
Somente será aprovado o projeto de lei ou editada a medida provisória que institua ou
altere tributo quando acompanhado da correspondente demonstração da estimativa do
impacto na arrecadação, devidamente justificada. (Lei 12465/2011, LDO 2012, artigo
89).
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
Como a LDO autoriza aumento de despesas com pessoal?
Não cabe à LDO aumentar as despesas, ou mesmo fixar vencimentos de servidores,
por exemplo. Tal tarefa também deve ser desempenhada por lei própria, fora do
orçamento, em respeito ao princípio da exclusividade.
O que a LDO faz é: estabelecer metas e limites para estes aumentos; prever
formalidades e processos que devem ser observados para proceder ao aumento. Por
exemplo, vejamos como uma LDO dispôs sobre esta matéria:
Art. 78. Para fins de atendimento ao disposto no art. 169, § 1º, inciso II, da
Constituição, observado o inciso I do mesmo parágrafo, ficam autorizadas as
despesas com pessoal relativas à concessão de quaisquer vantagens, aumentos de
remuneração, criação de cargos, empregos e funções, alterações de estrutura de
carreiras, bem como admissões ou contratações a qualquer título, até o montante das
quantidades e limites orçamentários constantes de Anexo discriminativo específico da
Lei Orçamentária de 2012, cujos valores deverão constar da programação
orçamentária e ser compatíveis com os limites da LRF. (Lei 12465/2011, LDO 2012,
artigo 78).
O mesmo artigo, em seus parágrafos, especifica o que deve conter o anexo referido e
a forma de fazê-lo. É este tipo de disposição, por exemplo, que a LDO deve conter.
Resolução de Questões
A lei de diretrizes orçamentárias (LDO), instituída pela Constituição de 1988, é o
instrumento norteador da Lei Orçamentária Anual (LOA). A lei de Responsabilidade
Fiscal (LRF) de 4 de maio de 2000 atribuiu à LDO a responsabilidade de tratar
também de outras matérias. Indique qual opção não representou uma
responsabilidade adicional às criadas pela LRF.
a) A avaliação de riscos fiscais.
b) A fixação de critérios para a limitação de empenho e movimentação financeira.
c) A publicação da avaliação financeira e atuarial dos regimes geral e previdência
social e próprio dos servidores civis e militares.
d) O estabelecimento de prioridades e metas da Administração Pública Federal.
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
e) O estabelecimento de metas fiscais.
A resposta correta é a letra "D"
Dicas de estudo
Para saber mais sobre os temas que tratamos você poderá ler a LRF, art. 9º e a Lei
4320, art. 58 a 60. Também, para entender as despesas com pessoal, poderá ler o
artigo 169 da Constituição.
Os temas relativos à despesa com pessoal e limitação de empenhos pode também ser
estudados em livros que tratem de despesa pública, como o livro de SERGIO JUND,
DIREITO FINANCEIRO E ORÇAMENTO PÚBLICO, ed. Campus.
Com relação à hipótese da norma da LRF que estabelece ao Poder Executivo o poder
de limitar empenhos de outros poderes e do MPU, temos um dilema: a LRF diz que o
Poder Executivo deve limitar os empenhos dos demais Poderes e órgãos, quando
estes não o fizerem; já o STF suspendeu este parágrafo da LRF, por entendê-lo como
inconstitucional. E agora? Como responder isso na prova?
A sugestão, amparada na observação das provas anteriores é a seguinte: examine a
proposta (ou o "caput") da questão. Se a questão diz, por exemplo: "...de acordo com
a jurisprudência dominante em nossos tribunais" ou "...segundo o STF..." ou seja, se a
questão, de alguma forma, sugere que quer a resposta conforme o ENTENDIMENTO
DO PODER JUDICIÁRIO, responda conforme o que decidiu o STF, ou seja, que o
Executivo não pode limitar os empenhos dos demais poderes, mas apenas os seus
próprios.
O mais comum, todavia, tem sido questões que não se referem ao posicionamento
dos tribunais. Neste caso, responda conforme o texto literal da LRF, ou seja, que o
Poder Executivo pode limitar os empenhos dos demais Poderes e órgãos.
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
Lei De Diretrizes Orçamentárias (LDO) – Anexos e Mensagem
Anexo de Metas Fiscais
Integrará o projeto de lei de diretrizes orçamentárias Anexo de Metas Fiscais, em que
serão estabelecidas metas anuais, em valores correntes e constantes, relativas a
receitas, despesas, resultados nominal e primário e montante da dívida pública, para o
exercício a que se referirem e para os dois seguintes.
O Anexo conterá, ainda:
I - avaliação do cumprimento das metas relativas ao ano anterior;
II - demonstrativo das metas anuais, instruído com memória e metodologia de
cálculo que justifiquem os resultados pretendidos, comparando-as com as
fixadas nos três exercícios anteriores, e evidenciando a consistência delas com
as premissas e os objetivos da política econômica nacional;
III - evolução do patrimônio líquido, também nos últimos três exercícios,
destacando a origem e a aplicação dos recursos obtidos com a alienação de
ativos;
IV - avaliação da situação financeira e atuarial:
a) dos regimes geral de previdência social e próprio dos servidores
públicos e do Fundo de Amparo ao Trabalhador;
b) dos demais fundos públicos e programas estatais de natureza
atuarial;
V - demonstrativo da estimativa e compensação da renúncia de receita e da
margem de expansão das despesas obrigatórias de caráter continuado.
Anexo de Riscos Fiscais
A lei de diretrizes orçamentárias conterá Anexo de Riscos Fiscais, onde serão
avaliados os passivos contingentes e outros riscos capazes de afetar as contas
públicas, informando as providências a serem tomadas, caso se concretizem.
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
Exercício para fins de reforçar e aclarar os exemplos:
Assinale, a seguir, a opção correta em relação aos Riscos Fiscais:
a) Os Riscos Fiscais são todas as ocorrências que impactam as contas públicas.
b) Os precatórios são um tipo de Riscos Fiscais.
c) A reserva de contingência é a única forma de cobertura dos Riscos Fiscais.
d) Os Riscos Fiscais são classificados em Riscos Orçamentários e Riscos da Dívida.
e) A restituição de receitas tributárias em valores superiores aos previstos no
orçamento não constitui Riscos Fiscais por se tratar de recursos dos contribuintes.
A resposta correta é a letra "D"
Anexo à Mensagem
A mensagem que encaminhar o projeto da União apresentará, em anexo específico,
os objetivos das políticas monetária, creditícia e cambial, bem como os parâmetros e
as projeções para seus principais agregados e variáveis, e ainda as metas de inflação,
para o exercício subsequente.
Resolução de Questões
O Anexo de Riscos Fiscais, previstos na Lei Complementar 101/2000 – LRF:
a) é elaborado após aprovação do projeto de lei orçamentária.
b) é o instrumento onde serão avaliados os passivos contingentes.
c) é elaborado quadrimestralmente acompanhando o Relatório da Gestão Fiscal.
d) deve integrar o Plano Plurianual.
e) é elaborado quando a tendência de arrecadação comprovar-se inferior ao
orçamento total da receita.
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
A resposta correta é a letra "B"
Dicas de estudo
Para saber mais sobre este assunto, leia a LRF, artigo 4º, §§1º ao 4º. Também ajuda
uma análise superficial, apenas para esclarecer os exemplos, nos anexos contidos nas
LDOs já publicadas, as quais podem ser encontradas no site do SENADO
(www.senado.gov.br), no setor correspondente da ORÇAMENTO PÚBLICO.
Há muitas questões em concursos que pedem sobre os anexos da LDO. Quase
sempre, as assertivas referentes aos anexos vêm misturadas com perguntas sobre as
funções da LDO, tanto segundo a disposição da Constituição, como a LDO.
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
6. LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL (LOA)
O que é Lei Orçamentária Anual?
É uma lei ordinária, de iniciativa exclusiva do Presidente da República, que conterá a
previsão da receita e à fixação da despesa, bem como a autorização para abertura de
créditos suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que por
antecipação de receita.
O que contém a Lei Orçamentária Anual da União?
A lei orçamentária anual compreenderá:
I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e
entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas
pelo Poder Público;
II - o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou
indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto;
III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela
vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações
instituídos e mantidos pelo Poder Público.
Normas constitucionais sobre a LOA:
O projeto de lei orçamentária será acompanhado de demonstrativo regionalizado do
efeito, sobre as receitas e despesas, decorrente de isenções, anistias, remissões,
subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia.
O projeto será acompanhado, além deste demonstrativo, de medidas de compensação
a renúncias de receita e ao aumento de despesas obrigatórias de caráter continuado;
(LRF, art. 5º, II)
Os orçamentos Fiscal e de Investimentos compatibilizados com o plano plurianual,
terão entre suas funções a de reduzir desigualdades inter-regionais, segundo critério
populacional.
Cabe à lei complementar dispor sobre a elaboração e organização da lei orçamentária
anual. O orçamento em si, contudo, é uma lei ordinária.
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
Conteúdo da proposta (Lei 4320/1964, art. 22)
Mensagem
Projeto de lei de orçamento
Tabelas explicativas (anexos)
Especificação de programas especiais de trabalho
Mensagem
Conterá: exposição circunstanciada da situação econômico-financeira, documentada
com demonstração da dívida fundada e flutuante, saldos de créditos especiais, restos
a pagar e outros compromissos financeiros exigíveis; exposição e justificação da
política econômico-financeira do Governo; justificação da receita e despesa,
particularmente no tocante ao orçamento de capital;
Tabelas explicativas, das quais, além das estimativas de receita e despesa,
constarão, em colunas distintas e para fins de comparação:
a) A receita arrecadada nos três últimos exercícios anteriores àquele em que se
elaborou a proposta;
b) A receita prevista para o exercício em que se elabora a proposta;
c) A receita prevista para o exercício a que se refere a proposta;
d) A despesa realizada no exercício imediatamente anterior;
e) A despesa fixada para o exercício em que se elabora a proposta; e
f) A despesa prevista para o exercício a que se refere a proposta.
IV - Especificação dos programas especiais de trabalho custeados por dotações
globais, em termos de metas visadas, decompostas em estimativa do custo das obras
a realizar e dos serviços a prestar, acompanhadas de justificação econômica,
financeira, social e administrativa.
§ 1° Integrarão a Lei de Orçamento:
I - Sumário geral da receita por fontes e da despesa por funções do Govêrno;
II - Quadro demonstrativo da Receita e Despesa segundo as Categorias Econômicas,
na forma do Anexo nº. 1;
III - Quadro discriminativo da receita por fontes e respectiva legislação;
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
IV - Quadro das dotações por órgãos do Govêrno e da Administração.
§ 2º Acompanharão a Lei de Orçamento:
I - Quadros demonstrativos da receita e planos de aplicação dos fundos especiais;
II - Quadros demonstrativos da despesa, na forma dos Anexos ns. 6 a 9;
III - Quadro demonstrativo do programa anual de trabalho do Govêrno, em têrmos de
realização de obras e de prestação de serviços.
Lei 4320/1964, art. 2º
Resolução de Questões
A Constituição de 1988, em seu artigo 165, §5º, determina que a lei orçamentária
anual compreenderá os orçamentos fiscal, da seguridade social e o de investimento
das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital
social com direito a voto. Integram o orçamento fiscal:
a) as empresas que recebem recursos apenas sob a forma de participação societária;
b) os conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas;
c) as empresas que recebem recursos apenas sob a forma de pagamento de
empréstimos e financiamentos concedidos;
d) as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público;
e) as empresas que recebem recursos apenas sob a forma de pagamento pelo
fornecimento de bens e pela prestação de serviços.
A resposta correta é a letra D
No tocante à Lei Orçamentária Anual:
a) deverá ser elaborada de forma compatível com a PPA, não necessitando estar de
acordo com a LDO.
b) conterá obrigatoriamente demonstrativo de compatibilidade dos programas de
trabalhos constantes dos orçamentos com as metas fiscais previstas na LDO;
c) conterá reserva de contingência com base nas receitas correntes e transferências
recebidas;
d) não há vedação para consignação de créditos da lei orçamentária com finalidade
imprecisa;
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
e) a lei orçamentária não consignará a dotação para investimento com duração
superior a um exercício financeiro.
A resposta correta é a letra B
Dicas de estudo
Você pode saber mais sobre LOA lendo a Constituição, nos artigos 165, I a III; LRF,
art. 5º; Lei 4320/1964, art. 2º, 22.
A estrutura da LOA Federal é dada pela Constituição. Já a estrutura das leis
orçamentárias anuais nos Estados, DF e Municípios são definidas pelas respectivas
Constituições Estaduais e Leis Orgânicas, mas a divisão em três partes é adotada
praticamente de forma universal.
Sobre o Orçamento das Empresas Estatais, a que se refere a Constituição, artigo 165,
II, importante lembrar que: a) não incluirá despesas correntes destas empresas, mas
apenas despesas de capital, já que é orçamento de investimentos; b) os programas e
dotações já previstos no orçamento fiscal ou de seguridade não serão repetidos ou
duplicados no orçamento de investimentos.
Sobre a Lei de Responsabilidade Fiscal, indicamos a obra COMENTÁRIOS À LRF,
Organizadores Ives Gandra Martins e Carlos Valder do Nascimento (Saraiva).
Vigência da LOA
A lei orçamentária anual possui vigência anual, durante o exercício financeiro.
Exercício financeiro coincidirá com o ano civil, ou seja, vai de 1º de janeiro a 31 de
dezembro de cada ano.
Vedações constitucionais pertinentes à LOA
São vedados, segundo a Constituição:
I - o início de programas ou projetos não incluídos na lei orçamentária anual;
II - a realização de despesas ou a assunção de obrigações diretas que excedam os
créditos orçamentários ou adicionais;
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
III - a realização de operações de créditos que excedam o montante das despesas de
capital, ressalvadas as autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com
finalidade precisa, aprovados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta; (REGRA DE
OURO)
IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, salvo exceções
(ver tabela)
V - a abertura de crédito suplementar ou especial sem prévia autorização legislativa e
sem indicação dos recursos correspondentes;
VI - a transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma categoria
de programação para outra ou de um órgão para outro, sem prévia autorização
legislativa;
VII - a concessão ou utilização de créditos ilimitados;
VIII - a utilização, sem autorização legislativa específica, de recursos dos orçamentos
fiscal e da seguridade social para suprir necessidade ou cobrir déficit de empresas,
fundações e fundos, inclusive dos mencionados no art. 165, § 5º;
IX - a instituição de fundos de qualquer natureza, sem prévia autorização legislativa.
X - a transferência voluntária de recursos e a concessão de empréstimos, inclusive por
antecipação de receita, pelos Governos Federal e Estaduais e suas instituições
financeiras, para pagamento de despesas com pessoal ativo, inativo e pensionista,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
XI - a utilização dos recursos provenientes das contribuições sociais para a
Previdência Social, para a realização de despesas distintas do pagamento de
benefícios do regime geral de Previdência Social (RGPS).
A LOA na LRF
O projeto de lei orçamentária anual deve ser elaborado de forma compatível com o
PPA, LDO e LRF.
O projeto conterá, em anexo, demonstrativo da compatibilidade da programação dos
orçamentos com os objetivos e metas constantes do Anexo de Metas Fiscais da LDO.
Conterá reserva de contingência, cuja forma de utilização e montante, definido com
base na receita corrente líquida, serão estabelecidos na lei de diretrizes
orçamentárias, destinada ao atendimento de passivos contingentes e outros riscos e
eventos fiscais imprevistos.
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
A LOA deve incluir, segundo a LRF:
Todas as despesas relativas à dívida pública, mobiliária ou contratual, e as receitas
que as atenderão.
Anexo em separado sobre o refinanciamento da dívida pública.
As despesas do Banco Central do Brasil relativas a pessoal e encargos sociais,
custeio administrativo, inclusive os destinados a benefícios e assistência aos
servidores, e a investimentos.
Resolução de Questões
Haja vista a Lei de Responsabilidade Fiscal, o projeto de lei orçamentária, além da
compatibilidade com o plano plurianual e a lei de diretrizes orçamentárias, deverá
obedecer a diversas diretrizes, entre as quais não se inclui:
a) demonstração da compatibilidade da programação orçamentária com o anexo das
metas fiscais da lei de diretrizes orçamentárias.
b) vedação à inclusão de dotações para investimento com duração superior a um
exercício financeiro previsto no plano plurianual.
c) inclusão de reserva destinada ao atendimento de passivos contingentes.
d) apresentação de medidas de compensação às renúncias de receitas previstas no
demonstrativo de benefícios tributários, financeiros e creditícios.
e) inclusão das despesas com a manutenção do Banco Central.
A resposta é a letra B
As normas relativas à LOA estabelecidas pela Lei de Responsabilidade Fiscal incluem
a:
a) obrigatoriedade de constituição de reserva de contingência, que se limitará ao
percentual de créditos extraordinários abertos no exercício anterior.
b) integração às despesas da União e inclusão na LOA das despesas de custeio
administrativo do Banco Central.
c) especificação, em decretos do Poder Executivo dos créditos consignados com
finalidade genérica.
d) inclusão destacada das dotações para investimentos com dois exercícios de
duração, não constantes do PPA.
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
A resposta é a letra B
Dicas de estudo
CF/1988, art. 167; 195, I, “a”; II e 201. LRF, art. 5º, I a III.
Para visualizar a LOA em detalhes, você pode consultá-la no site do Senado
(www.senado.gov.br) em Legislação orçamentária - Lei Orçamentária Anual.
Um livro que descreve a LOA de forma bastante didática é DIREITO FINANCEIRO e
ORÇAMENTO PÚBLICO, de Sergio Jund (Campus).
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
7. CRÉDITOS ADICIONAIS E ASSUNTOS AFINS
Conceito de Créditos Adicionais
Os créditos adicionais são utilizados como mecanismo de retificação do orçamento,
consistindo em “autorizações de despesas não computadas ou insuficientemente
dotadas na lei de orçamento”.
Classificação
Créditos Suplementares: Reforçam os créditos orçamentários que, durante a
execução do orçamento, se mostraram insuficientes. Corrigem erros de
orçamentação.
Créditos Especiais: Incluem créditos orçamentários novos, não previstos
originalmente no orçamento. Corrigem erros de planejamento ou adaptam a
mudanças durante a execução.
Créditos Extraordinários: Incluem créditos novos, destinados a atender
despesas imprevisíveis e urgentes, provocadas por guerras, calamidade
pública ou comoção interna.
Autorização legislativa e forma de abertura
1) Créditos Suplementares: Necessita de prévia autorização em Lei, especial ou na
própria lei orçamentária. Uma vez autorizado, o crédito é aberto por decreto executivo.
2) Créditos Especiais: Necessita de prévia autorização em Lei especial. Abertura por
decreto executivo.
3) Créditos Extraordinários: Não precisa de prévia aprovação legislativa. Pode ser
aberto por decreto executivo ou medida provisória.
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
Indicação de recursos:
O ato que abrir crédito adicional deve indicar a importância, a espécie e a classificação
da despesa. Os créditos suplementares e especiais dependem da existência de
recursos disponíveis e serão precedidos de exposição justificativa, sendo dispensados
disso os créditos extraordinários.
Os recursos que podem ser indicados:
1) Superávit financeiro apurado em balanço patrimonial do exercício anterior;
2) Excesso de arrecadação;
3) Anulação parcial ou total de dotações orçamentárias ou de créditos adicionais;
4) Operações de crédito;
5) Reserva de Contingência;
6) Recursos restantes de veto, emenda ou rejeição do projeto de Lei Orçamentária
Anual (que ficarem sem despesas correspondentes).
Resolução de Questões
A propósito dos créditos adicionais, julgue os itens abaixo.
a) Sua existência deveria ser de caráter meramente excepcional, haja vista o processo
integrado de planejamento e orçamento.
b) São também denominados créditos suplementares e classificam-se em especiais e
extraordinários.
c) Créditos especiais são aqueles destinados a despesas urgentes e imprevistas, em
caso de guerra, comoções intestinas ou calamidade pública, para as quais não haja
dotação orçamentária sequer na reserva de contingência.
d) Créditos extraordinários são aqueles destinados ao reforço de dotações
orçamentárias.
e) Os créditos adicionais terão vigência no exercício financeiro em que forem
autorizados, salvo quando a autorização for promulgada nos quatro últimos meses
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
daquele exercício, caso em que poderão ser reabertos, até o limite de seus saldos,
para incorporação ao orçamento do exercício financeiro subseqüente.
Resposta: V, F, F, F, F
Assinale a assertiva correta.
a) Créditos adicionais suplementares são aqueles previstos na Lei orçamentária e
utilizados para despesas urgentes e imprevistas.
b) Independe de prévia autorização legislativa a abertura de créditos adicionais
suplementares ou especiais, porque destinam-se a despesas não previstas na lei
orçamentária.
c) A abertura de créditos adicionais extraordinários destina-se, dentre outros, aos
casos de calamidade pública.
d) É do Poder Legislativo a iniciativa do projeto de lei que estabelece o orçamento
anual.
e) Os créditos adicionais suplementares ou especiais podem ser abertos
independentemente de prévia autorização legislativa e sem indicação dos recursos
correspondentes.
A resposta certa é a letra C
Dicas de estudo
CF/1988, art. 62 e 166, caput; 167, §3º - Lei 4320/1964, art. 40 a 46.
É recomendável também a consulta a obra A LEI 4320 COMENTADA, de J. Teixeira
Machado Jr e Heraldo da Costa Reis (IBAM), no trecho onde comenta os artigos 40 a
46.
A iniciativa do projeto de lei de créditos adicionais, bem como o processo legislativo,
segue as mesmas regras das demais leis orçamentárias. Digno de nota que os
projetos também são de iniciativa privativa do Chefe do Poder Executivo, e o fato das
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
emendas e análise também ser elaborada no âmbito da Comissão Mista de
Orçamento.
Vigência e possibilidade de prorrogação dos Créditos Adicionais
1) Créditos suplementares: Vigoram restritamente no exercícios em que foram abertos,
não podendo ser prorrogados.
2) Créditos especiais: Vigoram no exercício em que foram abertos. Podem ser
prorrogados desde que: a) autorizados nos 4 meses finais de um exercício; b) se a lei
autorizativa assim o previr.
3) Créditos extraordinários: Vigoram no exercício em que foram abertos. Podem ser
prorrogados desde que: a) autorizados nos 4 meses finais de um exercício; b) se a lei
autorizativa (ou medida provisória) assim o previr.
Lei Complementar (Noções)
As leis complementares são leis destinadas a adensar ou complementar a
Constituição. Possuem a mesma iniciativa das Leis ordinárias, em regra, mas tratam
de matérias específicas, definidas expressamente pela Constituição. Outra diferença é
que as leis complementares são aprovadas por maioria absoluta de votos, enquanto
as leis ordinárias (em regra) são aprovadas por maioria simples.
Lei Complementar Financeira
A Constituição reservou algumas matérias que deveriam ser tratadas por leis
complementares nos artigos 163 e 165. É possível dizer então que a Constituição
previu a lei complementar financeira e, dentro deste gênero, as leis complementares
orçamentárias. A razão disso é a forma federativa do Estado brasileiro, e o fato do
Direito Financeiro e os Orçamentos Públicos serem matéria de competência
concorrente. Em temas onde há competência concorrente, cabe a União estabelecer
normas gerais. Contudo, nem sempre as normas gerais serão leis complementares.
No Direito Financeiro e Orçamentário, todavia, a Constituição previu expressamente a
forma de lei complementar.
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
A lei 4320/1964, embora originalmente criada na forma de lei ordinária, foi
recepcionada pela Constituição com status de Lei Complementar, quando trata dos
temas previstos na Carta Magna a esta espécie legislativa.
A lei de Responsabilidade Fiscal, por sua vez, também é uma lei complementar, pois
dispõe sobre diversos assuntos previstos pela Constituição a esta espécie. Trata-se da
Lei Complementar 101/2000.
Lei Complementar Financeira. A Constituição estabelece, o artigo 163, que a Lei
complementar disporá sobre:
I - finanças públicas;
II - dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias, fundações e demais
entidades controladas pelo Poder Público;
III - concessão de garantias pelas entidades públicas;
IV - emissão e resgate de títulos da dívida pública;
V - fiscalização financeira da administração pública direta e indireta; (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 40, de 2003)
VI - operações de câmbio realizadas por órgãos e entidades da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios;
VII - compatibilização das funções das instituições oficiais de crédito da União,
resguardadas as características e condições operacionais plenas das voltadas ao
desenvolvimento regional.
Lei Complementar Orçamentária. A Constituição também dispõe sobre leis
complementares no artigo 165, §9º, dizendo que cabe à lei complementar:
I - dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a
organização do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e da lei
orçamentária anual;
II - estabelecer normas de gestão financeira e patrimonial da administração direta e
indireta bem como condições para a instituição e funcionamento de fundos.
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
Resolução de Questões
Segundo a Constituição, cabe a lei complementar, em matéria Financeira e
Orçamentária, dispor sobre:
a) estabelecer limites conjuntos entre os Poderes, a condicionar a elaboração das
propostas orçamentárias do Ministério Público e do Poder Judiciário.
b) estabelecer metas para as despesas de capital e outras delas decorrentes.
c) alterações na legislação tributária e estabelecer política de aplicação das agências
financeiras oficiais de fomento.
d) compatibilização das funções das instituições oficiais de crédito da União,
resguardadas as características e condições operacionais plenas das voltadas ao
desenvolvimento regional.
e) prever receitas, fixar despesas, autorizar operações de crédito e a abertura de
créditos suplementares.
A resposta correta é a letra D
Dicas de Estudo
Para saber mais, leia a Constituição, artigos 24, I e II; §§1º a 4º; 163; 165, §9º; 167,
§3º; 62. Também a lei 4320/1964, sobre vigência dos créditos adicionais, nos artigos
40 a 46.
Sobre a lei complementar financeira e orçamentária, consulte a obra COMENTÁRIO
CONTEXTUAL À CONSTITUIÇÃO, de José Afonso da Silva (Malheiros).
Apesar da Constituição reservar vários assuntos, a maioria deles não são tratados por
leis complementares, pelo simples motivo de que até agora não foram publicadas. Na
falta da lei complementar, a matéria poderá ser regulamentada pela própria
Constituição, como acontece com os prazos do ciclo orçamentário (encaminhamento e
aprovação pelo legislativo das leis orçamentárias), como se dá no ADCT, art. 35, §2º.
Outro exemplo é a hipótese da Constituição, artigo 163, II que, à falta de lei
complementar, é regulamentada pela Lei 8388/1991.
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
À falta de lei complementar federal regulando os assuntos de sua competência,
predomina o entendimento que os Estados podem legislar suplementarmente, para
atender suas peculiaridades, com fulcro na Constituição, art. 24.
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
8. RECEITA PÚBLICA
Classificação das Receitas
Segundo a Natureza:
Orçamentárias: previstas no orçamento/pertencem ao Estado. Ex.: tributárias,
contribuições, patrimonial, agropecuária, industrial, operações de crédito, alienação de
bens, amortização de empréstimos concedidos e transferências correntes e de capital.
Extraorçamentárias: não previstas no orçamento/não pertencem ao Estado. Ex.:
cauções, fianças, depósitos, salários não reclamados, AROs, retenções (INSS, FGTS),
inscrições em restos a pagar, serviços da dívida a pagar.
Segundo a Regularidade:
Ordinárias: ingressos permanentes e estáveis. Ex.: impostos e taxas.
Extraordinárias: ingressos ocasionais/esporádicos. Ex.: imposto de guerra,
empréstimos compulsórios, heranças, doações.
Segundo a Coercitividade:
Originárias: provêm do próprio patrimônio/serviços; relações privadas e negociais (ius
gestionis). Ex.: foros, laudêmios, tarifas, preços públicos, aluguéis, direitos de uso.
Derivadas: provêm do patrimônio alheio; relações de supremacia do Estado (ius
imperii). Ex.: tributos, reparações de guerra, penalidades pecuniárias (multas),
Compensações financeiras (CF/88, art. 20) originária (STF RE 228800-5/DF).
Segundo o Critério Econômico
Lei 4320/64, artigo 11, parágrafo primeiro: Receitas Correntes: São Receitas
Correntes as receitas tributária, de contribuições, patrimonial, agropecuária,
industrial, de serviços e outras e, ainda, as provenientes de recursos
financeiros recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, quando
destinadas a atender despesas classificáveis em Despesas Correntes.
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
Lei 4320/64, art. 11, §2.º. Receitas de Capital: São Receitas de Capital as
provenientes da realização de recursos financeiros oriundos de constituição de
dívidas; da conversão, em espécie, de bens e direitos; os recursos recebidos
de outras pessoas de direito público ou privado, destinados a atender despesas
classificáveis em Despesas de Capital e, ainda, o superávit do Orçamento
Corrente.
Limite para a alienação de Bens: Limite
(LC 101/2000, Art. 44) É vedada a aplicação de receita derivada da alienação
de bens e direitos que integram o patrimônio público para o financiamento de
despesa corrente, salvo se destinada por lei aos regimes de previdência social,
geral e próprio dos servidores públicos.
Resolução de Questões
São exemplos de Receitas Orçamentárias Correntes:
a) de alienação de bens, de amortização de empréstimos, industrial, de serviços e
transferências correntes.
b) tributária, de contribuições, industrial, de serviços e transferências correntes.
c) tributária, de contribuições, de transferências de capital, de serviços e de
transferências correntes.
d) tributária, de contribuições, de alienação de bens, de serviços e de transferência de
capital.
e) de alienação de bens, de contribuições, industrial, patrimonial e de transferências
correntes.
Resposta: B
Dica de Estudo
Você pode saber mais sobre a Classificação das Receitas Públicas na obra Curso de
Direito Financeiro, de Regis Fernandes de Oliveira, pela editora RT. Tratam da
classificação econômica das receitas a lei 4320/64, artigo 11, sendo oportuno
consultar A LEI 4320 COMENTADA E A LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL,
coordenada por J. Teixeira Machado Júnior, editora IBAM.
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
A doutrina costuma diferenciar INGRESSOS (OU ENTRADAS LATO SENSU) de
RECEITAS PÚBLICAS. As ENTRADAS ou INGRESSOS seriam todos os valores
econômicos ingressantes nos cofres públicos, independente se pertencem
definitivamente ou não ao Estado. Portanto, as ENTRADAS ou INGRESSOS poderiam
ser classificados em: a) entradas provisórias – depósitos, cauções, fianças,
empréstimos; b) entradas definitivas (receita) = extorsão, tributos, preços. Já a
RECEITA seria a entrada definitiva de dinheiro ou bens nos cofres públicos.
Estágios da Receita
Previsão
Lançamento: O lançamento da receita, o ato da repartição competente, que
verifica a procedência do crédito fiscal e a pessoa que lhe é devedora e
inscreve o débito desta. (Lei 4320/1964, art. 53). Ver tb. CTN, art. 142 e
seguintes.
Arrecadação: recebimento (Bancos etc).
Pertencem ao exercício financeiro: I - as receitas nele arrecadadas; os
créditos da Fazenda Pública, de natureza tributária ou não tributária, serão
escriturados como receita do exercício em que forem arrecadados, nas
respectivas rubricas orçamentárias. (L. 4320/1964, arts. 35, I e 39).
Recolhimento: Conta do Tesouro etc.
O recolhimento de todas as receitas far-se-á em estrita observância ao
princípio de unidade de tesouraria, vedada qualquer fragmentação para criação
de caixas especiais. (L. 4320/1964, art. 56).
Deduções da Receita Pública
– Restituição: devolve total/parcial $. Formas: 1) Dedução de receita; 2)
Apropriação de despesa.
- Retificação: corrige dados incorretos. Forma: estorno e relançamento.
- Arrecadações de Terceiros: valores pertencentes a terceiros, mas
arrecadados pelo ente. Lança total e deduz repasse ao terceiro.
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
Receita Corrente Líquida
Somatório das receitas tributárias, de contribuições, patrimoniais, industriais,
agropecuárias, de serviços, transferências correntes e outras receitas também
correntes, deduzidos:
a) na União, os valores transferidos aos Estados e Municípios por determinação
constitucional ou legal, e as contribuições mencionadas na alínea “a” do inciso I e no
inciso II do art. 195, e no art. 239 da Constituição;
b) nos Estados, as parcelas entregues aos Municípios por determinação
constitucional;
c) na União, nos Estados e nos Municípios, a contribuição dos servidores para o
custeio do seu sistema de previdência e assistência social e as receitas provenientes
da compensação financeira citada no §9.º do art. 201 da Constituição.
Renúncia de Receitas:
LRF, art. 14: A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza
tributária da qual decorra renúncia de receita deverá estar acompanhada de
estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva iniciar
sua vigência e nos dois seguintes, atender ao disposto na lei de diretrizes
orçamentárias e a pelo menos uma das seguintes condições:
I - demonstração pelo proponente de que a renúncia foi considerada na
estimativa de receita da lei orçamentária, na forma do art. 12, e de que não
afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo próprio da lei de
diretrizes orçamentárias;
II - estar acompanhada de medidas de compensação, no período mencionado
no caput, por meio do aumento de receita, proveniente da elevação de
alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou
contribuição.
Quando houver medidas de compensação, o benefício só entra em vigor quando estas
medidas forem implementadas.
Entende-se por renúncia a anistia, remissão, subsídio, crédito presumido, concessão
de isenção em caráter não geral, alteração de alíquota ou modificação de base de
cálculo que implique redução discriminada de tributos ou contribuições, e outros
benefícios que correspondam a tratamento diferenciado.
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
Não se aplica estas regras na alteração das alíquotas dos impostos de importação,
exportação, IPI e o IOF, nos termos da Constituição, art. 153, §1.º e quando houver
cancelamento de débito inferior ao custo de cobrança (créditos de pequeno valor, cuja
cobrança não compensa para o Estado).
Resolução de Questões
Com base na Lei de Responsabilidade Fiscal, podemos afirmar que a Receita
Corrente Líquida deve ser apurada:
a) ao final de cada mandato.
b) a cada quadrimestre.
c) somando-se as receitas arrecadadas no mês em referência e nos onze anteriores,
excluídas as duplicidades.
d) trimestralmente, somando-se as duplicidades.
e) mensalmente, em anexo ao Relatório de Gestão Fiscal.
Resposta: C
Dicas de estudo
Para saber mais, consulte a Lei 4320/64, artigos 35 e 39 (sobre estágios da Receita) e
a lei de Responsabilidade Fiscal, artigos 12 ao 14.
DÍVIDA ATIVA é o nome que se dá aos créditos da Fazenda Pública, de natureza
tributária ou não, exigíveis e que não foram satisfeitas no prazo devido. A Dívida Ativa
não se confunde com a Dívida Passiva, pois esta representa o montante devido pelo
Estado a seus credores (oriundos de operações de crédito, sobretudo), enquanto a
Dívida Ativa são créditos em favor do Estado. A Dívida Ativa é forma de receita, é
inscrita pelo órgão competente e é ato de controle da legalidade do lançamento e
confere liquidez, certeza e exigibilidade ao crédito. Faz-se na forma de Termo de
Inscrição, do qual é gerada a Certidão de Dívida Ativa, o qual é título que permite a
execução fiscal do crédito.
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
9. DESPESA PÚBLICA (INTRODUÇÃO E CLASSIFICAÇÃO)
Conceito de Despesa e conceito dual de Despesa
A doutrina dominante acata o conceito dual de despesa pública, o qual pode significar
tanto o conjunto dos dispêndios do Estado, ou de outra pessoa de direito público, para
o funcionamento do serviço público, como também a aplicação de certa quantia em
dinheiro, por parte da autoridade ou agente público competente dentro de autorização
legislativa, para execução de fim a cargo do governo.
Classificação das Despesas
Natureza: Orçamentária e Extraorçamentária.
Competência: Federal, Estadual, Municipal e Distrital.
Regularidade: Ordinárias e Extraordinárias.
Classificação (Critério Econômico)
Despesas Correntes:
L. 4320/64, art. 12, §§1.º e 2.º. Despesas de Custeio: Classificam-se como
Despesas de Custeio as dotações para manutenção de serviços anteriormente
criados, inclusive as destinadas a atender a obras de conservação e adaptação
de bens imóveis.
Despesas de Custeio (DIVISÕES)
Pessoal Civil
Pessoal Militar
Material de Consumo
Serviços de Terceiros
Encargos Diversos
L. 4320/64, art. 12, §§1.º e 2.º. Transferências Correntes: Classificam-se como
Transferências Correntes as dotações para despesas as quais não
corresponda contraprestação direta em bens ou serviços, inclusive para
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
contribuições e subvenções destinadas a atender à manifestação de outras
entidades de direito público ou privado.
Transferências Correntes (DIVISÕES)
Subvenções Sociais
Subvenções Econômicas
Inativos
Pensionistas
Salário-Família e Abono Familiar
Juros da Dívida Pública
Contribuições de Previdência Social
Diversas Transferências Correntes.
Resolução de Questões
No que se refere à receita e à despesa pública, assinale a opção correta.
a) A amortização de empréstimos é receita de capital, sendo considerado o retorno de
valores emprestados anteriormente a outras entidades de direito público.
b) Os recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou privado são
considerados transferências correntes, desde que haja contraprestação direta em
bens e serviços.
c) Inversões financeiras são despesas correntes destinadas à aquisição de imóveis.
d) As dotações para atender a obras de conservação e adaptação de bens imóveis
são consideradas despesas de capital.
e) Empréstimos do Banco do Brasil são considerados receitas correntes.
Resposta: A
Dicas de estudo
Você pode saber mais sobre a Classificação das DESPESAS PÚBLICAS em “Uma
introdução à ciência das finanças”, de Aliomar Baleeiro, Editora Forense. Também
pode ser consultado o “Curso de direito tributário e financeiro”, de Ricardo Lobo
Torres, Renovar.
A matéria é tratada de forma didática na Lei 4320/64, art. 12 e seguintes.
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
Despesa Pública - Subvenções, Despesas de Capital e suas Espécies
Subvenções
L. 4320/64, art. 12, §3.º. Consideram-se subvenções, para os efeitos desta lei,
as transferências destinadas a cobrir despesas de custeio das entidades
beneficiadas, distinguindo-se como:
I - subvenções sociais, as que se destinem a instituições públicas ou privadas
de caráter assistencial ou cultural, sem finalidade lucrativa;
II - subvenções econômicas, as que se destinem a empresas públicas ou
privadas de caráter industrial, comercial, agrícola ou pastoril.
Despesas de Capital
Investimentos
Inversões Financeiras
Transferências de Capital
Investimentos
Classificam-se como investimentos as dotações para o planejamento e a execução de
obras, inclusive as destinadas à aquisição de imóveis considerados necessários à
realização destas últimas, bem como para os programas especiais de trabalho,
aquisição de instalações, equipamentos e material permanente e constituição ou
aumento do capital de empresas que não sejam de caráter comercial ou financeiro.
Inversões Financeiras
Classificam-se como Inversões Financeiras as dotações destinadas à:
I - aquisição de imóveis, ou de bens de capital já em utilização;
II - aquisição de títulos representativos do capital de empresas ou entidades de
qualquer espécie, já constituídas, quando a operação não importe aumento do capital;
III - constituição ou aumento do capital de entidades ou empresas que visem a
objetivos comerciais ou financeiros, inclusive operações bancárias ou de seguros.
Tipos: Aquisição de Imóveis, Participação em Constituição ou Aumento de Capital de
Empresas ou Entidades Comerciais ou Financeiras, Aquisição de Títulos
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
Representativos de Capital de Empresa em Funcionamento, Constituição de Fundos
Rotativos, Concessão de Empréstimos, Diversas Inversões Financeiras.
Transferências de Capital
São Transferências de Capital as dotações para investimentos ou inversões
financeiras que outras pessoas de direito público ou privado devam realizar,
independentemente de contraprestação direta em bens ou serviços, constituindo
essas transferências auxílios ou contribuições, segundo derivem diretamente da Lei de
Orçamento ou de lei especialmente anterior, bem como as dotações para amortização
da dívida pública.
Tipos: Amortização da Dívida Pública, Auxílios para Obras Públicas, Auxílios para
Equipamentos e Instalações, Auxílios para Inversões Financeiras, Outras
Contribuições.
Resolução de Questões
Julgue as assertivas a seguir, no que tange ao tipo de despesa e seu respectivo
conceito.
I. Despesas Públicas são todos os pagamentos efetuados a qualquer título pelos
agentes pagadores.
II. Despesas Orçamentárias são as dotações para manutenção de serviços
anteriormente criados, inclusive as destinadas a atender a obras de conservação e
adaptação de bens imóveis.
III. Despesas Extraorçamentárias são aquelas cuja realização depende de autorização
legislativa e que não pode efetivar-se sem crédito orçamentário correspondente.
IV. Despesas Correntes constituem os pagamentos que não dependem de autorização
legislativa; aqueles que não estão vinculados ao orçamento público; não integram o
Orçamento.
V. Despesas de Custeio são aquelas que não têm um caráter econômico reprodutivo e
são necessárias à execução dos serviços públicos e à vida do Estado, sendo assim,
verdadeiras despesas operacionais.
Somente a assertiva 1 é correta, as demais são incorretas.
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
Dicas de estudo
Para saber mais, consulte a Lei 4320/64, artigos 12 e 13.
São muito comuns questões que perguntam sobre os tipos de despesas e seu
enquadramento na classificação que acabamos de estudar. Os serviços da dívida,
como os juros, são despesa corrente, enquanto a operação de empréstimo (ou crédito)
é despesa de capital.
Na classificação econômica, as receitas e despesas são simétricas. Por exemplo: se o
Estado empresta dinheiro a um Município, a operação de crédito é, para o Estado,
DESPESA DE CAPITAL, enquanto para o Município configura RECEITA DE CAPITAL,
porque no primeiro caso o dinheiro está saindo e no segundo está ingressando.
Despesa Pública - Estágios da Despesa Pública e Despesas na LRF (Introdução)
- Reserva de Contingências
Estágios da Despesa Pública
Fixação: Lei de orçamento; não pode haver créditos ilimitados (CF/1988, art. 167, II);
Não pode realizar despesas além da fixação (CF/1988, art. 167, VII).
Empenho
(Lei 4320/1964, art. 58) O empenho de despesa é o ato emanado de
autoridade competente que cria para o Estado obrigação de pagamento
pendente ou não de implemento de condição.
Liquidação
(Lei 4320/1964, art. 63) A liquidação da despesa consiste na verificação do
direito adquirido pelo credor tendo por base os títulos e documentos
comprobatórios do respectivo crédito.
Pagamento
Lei 4320/1967 - Art. 64. A ordem de pagamento é o despacho exarado por
autoridade competente, determinando que a despesa seja paga.
ART. 65. O pagamento da despesa será efetuado por tesouraria ou pagadoria
regularmente instituídos por estabelecimentos bancários credenciados e, em
casos excepcionais, por meio de adiantamento.
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
Despesas Públicas na LRF - Introdução
Regra central: Demonstrar efetiva disponibilidade financeira.
Reserva de Contingência
O projeto de lei orçamentária anual, elaborado de forma compatível com o plano
plurianual, com a lei de diretrizes orçamentárias e com as normas da LRF... conterá
reserva de contingência, cuja forma de utilização e montante, definido com base na
receita corrente líquida, serão estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias,
destinada ao... atendimento de passivos contingentes e outros riscos e eventos fiscais
imprevistos.
A lei de diretrizes orçamentárias conterá Anexo de Riscos Fiscais, onde serão
avaliados os passivos contingentes e outros riscos capazes de afetar as contas
públicas, informando as providências a serem tomadas, caso se concretizem.
Resolução de Questões
A despesa orçamentária deve ser processada em estágios. A respeito de tais estágios,
julgue os itens a seguir (V, para verdadeiro, ou F para falso).
a) A fixação é, em realidade, o primeiro estágio da despesa orçamentária, a qual é
cumprida por ocasião da edição da Lei do Orçamento.
b) No empenho da despesa, fica criada, para o Estado, a obrigação de pagamento,
independentemente de quaisquer condições.
c) É válido o empenho da despesa que exceder o limite dos créditos concedidos por
meio de créditos especiais.
d) Sendo consequência da liquidação a emissão de ordem de pagamento, quando a
autoridade competente determina que a despesa seja paga, a realização da despesa
deve ser considerada como ocorrida com a sua liquidação e não com o seu
pagamento.
Resposta: V, F, F, F
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
Dicas de estudo
Para saber mais, consulte a obra DIREITO FINANCEIRO E ORÇAMENTÁRIO, de
Sergio Jund, Editora Campus. Também você pode consultar as definições no
dicionário eletrônico contido na página do Senado Federal (Portal do Orçamento) em
www.senado.gov.br.
Importante não confundir EMPENHO com NOTA DE EMPENHO. O empenho é o ato
da autoridade, sendo que a NOTA DE EMPENHO é a principal forma de
representação formal e documental do empenho. Assim, enquanto o EMPENHO é o
conteúdo, a NOTA DE EMPENHO é o documento que o representa. Pegadinha
clássica em concursos: Nem todo empenho exige a emissão de nota de empenho,
existindo certos tipos de despesas que dispensam sua lavratura. Contudo, toda nota
de empenho sempre se refere a um empenho que lhe dá substância.
Situação semelhante acontece com a LIQUIDAÇÃO e a NOTA DE LIQUIDAÇÃO,
sendo que a primeira é o ato e a segunda é o documento que o representa.
Despesa Pública - Despesa Obrigatória de Caráter Continuado e Despesas com
Pessoal (Definição e Limites)
Despesa Obrigatória de Caráter Continuado
Considera-se obrigatória de caráter continuado a despesa corrente derivada de lei,
medida provisória ou ato administrativo normativo que fixem para o ente a obrigação
legal de sua execução por um período superior a dois exercícios.
Condições para aumento destas Despesas
1. Estimativa de impacto orçamentário/financeiro, com origem dos recursos.
2. Não afetará as metas e resultados fiscais (LDO – Anexo).
3. Compensação com aumento permanente da receita ou redução permanente da
despesa.
Despesas com pessoal - conceito
LRF, art. 18. Entende-se como despesa total com pessoal o somatório dos gastos do
ente da Federação com os ativos, os inativos e os pensionistas, relativos a mandatos
eletivos, cargos, funções ou empregos, civis, militares e de membros de Poder, com
quaisquer espécies remuneratórias, tais como vencimentos e vantagens, fixas e
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
variáveis, subsídios, proventos da aposentadoria, reformas e pensões, inclusive
adicionais, gratificações, horas extras e vantagens pessoais de qualquer natureza,
bem como encargos sociais e contribuições recolhidas pelo ente às entidades de
previdência.
Despesas com pessoal - Limites
UNIÃO: 50% RCL, assim distribuídos: 2,5% ao Legislativo e TCU; 6% ao
Judiciário; 40,9% ao Executivo e 0,6% ao MPU.
ESTADOS: 60% RCL, assim distribuídos: 3% ao Legislativo e TCE; 6% ao
Judiciário; 49% ao Executivo e 2% ao MPE.
MUNICÍPIOS: 60% da RCL, assim distribuídos: 6% ao Legislativo e 54% ao
Executivo.
Resolução de Questões
No âmbito da lei de Responsabilidade Fiscal, sobre a despesa obrigatória de caráter
continuado é correto afirmar que:
1) É despesa corrente derivada de lei, medida provisória ou ato administrativo
normativo que fixem para o ente a obrigação legal de sua execução por um período
superior a dois exercícios.
2) Os atos que criarem ou aumentarem despesa deverão demonstrar a origem dos
recursos para seu custeio, dentre outros requisitos.
3) Considera-se aumento de despesa a prorrogação daquela criada por prazo
determinado.
4) É toda despesa de capital (obras, por exemplo), cujos efeitos se prolongarão por
pelo menos um exercício, não necessitando de lei específica autorizadora.
5) Despesas destinadas ao serviço da dívida submetem-se plenamente ao regime das
despesas obrigatórias de caráter continuado.
Resposta: 1. C; 2. C; 3. C; 4. E; 5. E. (são corretas as assertivas 1 a 3)
Dicas de estudo
Para saber mais, consulte o livro LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL: QUESTÕES
PRÁTICAS, de Afonso Gomes de Aguiar, editora Fórum. Interessante também a
consulta ao texto para discussão O CONTROLE INSTITUCIONAL DAS DESPESAS
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
COM PESSOAL, de Fernando Álvares Correia Dias, que pode ser encontrado na
página do Senado Federal (www.senado.gov.br).
Quanto aos limites para despesas com pessoal no Legislativo Municipal, ou seja, nas
Câmaras de Vereadores, além do limite imposto pela LRF de 6% da RCL do
Município, é necessário observar outros limites e condições, prescritos no artigo 29-A
da CF/1988.
Não há previsão de limite específico ao Judiciário dos Municípios, pelo simples fato de
inexistir, no Brasil, Poder Judiciário em esfera Municipal.
Nos Estados, o limite previsto ao Legislativo também se aplica aos TCEs e Conselhos
de Contas Municipais, onde existir. Apenas dois Municípios no Brasil mantêm TCM
próprios, que são São Paulo e Rio de Janeiro. Nos demais municípios, o órgão técnico
que auxilia as Câmaras de Vereadores são Tribunais ou Conselhos Estaduais.
Controle dos Limites com Despesas de Pessoal e Despesas com a Seguridade
Social
Controle dos Limites (Limite Prudencial)
Se a despesa total com pessoal exceder a 95% do limite, são vedados ao Poder ou
órgão...que houver incorrido no excesso:
I - concessão de vantagem, aumento, reajuste ou adequação de remuneração a
qualquer título, salvo os derivados de sentença judicial ou de determinação legal ou
contratual, ressalvada a revisão geral anual (CF, art. 37, X);
II - criação de cargo, emprego ou função;
III - alteração de estrutura de carreira que implique aumento de despesa;
IV - provimento de cargo público, admissão ou contratação de pessoal a qualquer
título, ressalvada a reposição decorrente de aposentadoria ou falecimento de
servidores das áreas de educação, saúde e segurança;
V - contratação de hora extra, salvo no caso de convocação extraordinária do
Congresso e as situações previstas na lei de diretrizes orçamentárias.
Enquadramento nos limites (se ultrapassar)
Prazo: 2 quadrimestres (8 meses);
1.º quadrimestre tem que reduzir 1/3 do excesso.
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
Medidas:
1. Redução mínima 20% cargos em comissão e funções de confiança.
2. Exoneração de servidores não estáveis.
3. Perda de cargo dos servidores estáveis
Senão...
1. Suspensão de transferências voluntárias (exceto saúde, educação e assistência
social).
2. Impedimento a operações de crédito (salvo exceções LRF).
3. Obter garantia de outro ente.
Despesas com a Seguridade Social
Nenhum benefício ou serviço relativo à seguridade social poderá ser criado, majorado
ou estendido sem a indicação da fonte de custeio total.
Regimes contributivos (Peculiares)
Exigências: as mesmas das despesas de caráter continuado, exceto a compensação
quando:
1) Benefício conforme legislação
2) Expansão quantitativa
3) Reajuste benefícios (inflação).
Resolução de Questões
A lei de Responsabilidade Fiscal estabelece que, em relação à Receita Corrente
Líquida, o limite de gastos com pessoal,
a) nos Estados, é de 3% para o Legislativo, 6% para o judiciário e 51 % para o
Executivo.
b) na União, é de 2% para o Legislativo (incluído o Tribunal de Contas da União), 6%
para o judiciário e 42% para o Executivo.
c) nos Municípios, é de 40% para o Executivo, 10% para o judiciário e 10% para o
Legislativo.
d) nos Estados, é de 6% para o Legislativo, 6% para o judiciário e 48% para o
Executivo.
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
e) nos Municípios, é de 54% para o Executivo e 6% para o Legislativo, já que não há o
Poder Judiciário Municipal.
A resposta correta é a letra E
Dicas de estudo
Para saber mais, consulte o artigo A lei de responsabilidade fiscal e o limite prudencial:
os limites máximos transitórios, de CARLOS MAURICIO FIGUEIREDO, na Revista
Fórum de Contratação e Gestão Pública, v. 5, n. 52, p. 7009-7017, abr. 2006.
Também vale a pena consultar a obra Lei de responsabilidade fiscal: teoria e prática /
coordenador Carlos Valder do Nascimento, editora América Jurídica.
Limitação de Empenhos, Regras de Final de Mandato e outros temas
Limitação de Empenhos
Objetivo: manter o equilíbrio das contas durante a execução da LOA.
Período: bimestral.
Prazo: 30 dias após.
Quem: Poderes e MPU/E.
Critérios: LDO
Exceções: calamidade pública, estado de defesa, estado de sítio (CN/AL);
obrigações CF e Legais; outras na LDO.
Regras de Final de Mandato
1) Não pode aumentar despesa de pessoal (180 dias antes do titular do Poder ou
órgão).
2) Não pode fazer ARO no último ano de mandato chefe executivo.
3) Não pode deixar obrigação de despesa ao próximo mandato sem caixa. Prazo: 2
quadrimestres antes do fim do mandato titular do Poder/órgão.
Restos a pagar
São despesas empenhadas, mas não pagas dentro do exercício financeiro (até 31/12).
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
Classificam-se em:
Processados: São despesas já liquidadas, faltando apenas o pagamento.
Não Processados: São despesas não liquidadas e não pagas.
Validade: até 31/12 do ano subsequente.
Prescrição: 5 anos após a inscrição.
Noções sobre suprimento de fundos e despesas de exercícios anteriores
Suprimento de Fundos: Entrega de numerário a servidor para realização de despesa
precedida de empenho que, por sua natureza ou urgência, não possa se subordinar ao
processo normal da execução orçamentária e financeira.
Despesas de exercícios anteriores: São dívidas de compromissos de exercícios
anteriores ao do pagamento. São despesas orçamentárias.
Resolução de Questões
Julgue as assertivas a seguir, com base na lei de responsabilidade fiscal acerca de
despesa pública:
1. Na hipótese de limitação de empenho, no caso de restabelecimento da receita
prevista, ainda que parcial, a recomposição das dotações cujos empenhos foram
limitados dar-se-á de forma proporcional às reduções efetivadas.
2. No caso de os Poderes Legislativo e Judiciário e o Ministério Público não
promoverem a limitação de empenho na forma da LRF, o Poder Executivo não pode
limitar os valores financeiros em nenhuma hipótese.
3. Não se dispensa as medidas de compensação de despesas, a que se refere a LRF,
na hipótese de aumento de despesa que represente expansão quantitativa do
atendimento e dos serviços prestados em Seguridade Social.
Respostas: 1. C; 2. E; 3. E
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
Dicas de estudo
Para saber mais consulte a obra ORÇAMENTOS PÚBLICOS: A LEI 4320
COMENTADA, coordenação de José Maurício Conti, editora Revista dos Tribunais.
Os restos a pagar se encontram disciplinados no artigo 36 e 37 da Lei 4320. O
suprimento de fundos, por sua vez, também é chamado de adiantamento, e pode ser
encontrado dos artigos 68 e 69 da Lei 4320. Para aprofundar mais o estudo sobre
adiantamento, consulte o Decreto 93872, artigo 47.
A LRF, no artigo 3º, §3º estabelece que
No caso de os Poderes Legislativo e Judiciário e o Ministério Público não promoverem
a limitação no prazo estabelecido no caput, é o Poder Executivo autorizado a limitar os
valores financeiros segundo os critérios fixados pela lei de diretrizes orçamentárias.
Sobre esta disposição há uma controvérsia: 1) a LRF diz isso; 2) o STF suspendeu a
eficácia deste parágrafo na ADIN 2238-5. Por isso, uma dica: 1) Se a questão pedir
este assunto e não especificar nada, responda conforme diz o artigo 9º, §3º; 2),
contudo, se a questão fizer menção ou referência, em sua proposição inicial, ao
posicionamento da jurisprudência ou dos tribunais, a resposta certa vai no sentido de
que a limitação deve ser feita em cada poder, não sendo dado ao Executivo limitar
empenhos dos demais Poderes ou órgãos.
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
10. CONTROLE E FISCALIZAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
Sistemas de controle: Controle Externo; Controle externo nos Municípios; Controle
Interno; Controle interno integrado (CGU); Controle Difuso; Objetivo central: fiscalizar o
cumprimento das normas do PPA, LDO, LOA, LRF e afins.
Tribunal de Contas da União - Principais Competências
Apreciar contas do Presidente e julgar contas dos demais administradores.
Fiscalizar contas, realizar inspeções e auditorias (de ofício ou não).
Representar o Poder Competente (abusos/irregularidades)
Sustar atos ilegais, assinalar prazo para regularização e impor penalidades
(ilegalidade/irregularidade). Título executivo.
Sustação de Contratos = Congresso Nacional.
Prestação de Contas
Devem prestar contas pessoas físicas, jurídicas, públicas ou privadas que utilizem,
arrecadem, guardem, gerenciem ou administrem dinheiros, bens e valores públicos ou
pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assumam obrigações de
natureza pecuniária.
(CF/88, art. 74).
§1.º Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer
irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob
pena de responsabilidade solidária.
§2.º Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para,
na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas
da União.
Resolução de Questões
O Tribunal de Contas, como órgão auxiliar do controle externo da fiscalização contábil,
financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União, a cargo do Congresso
Nacional:
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
a) com base no princípio da economicidade, toma em consideração a relação
custo/benefício no fornecimento de serviços públicos, em vista da despesa para
tanto realizada.
b) não está autorizado ao controle das premissas constitucionais das decisões de
política financeira, fiscal e econômica.
c) tem legitimidade para as decisões políticas, ex vi do disposto no artigo 74, §2.º,
apenas quando lhe for feita denúncia de irregularidades ou ilegalidades.
d) pode apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Público, como reza
a Súmula 347 do STF, do que resulta exercer função jurisdicional.
e) em vista da disposição do artigo 73 da Constituição Federal e da natureza técnica
dos julgamentos das contas, as suas decisões não podem juridicamente ser objeto
de revisão pelo Poder Judiciário.
Resposta: A
Dicas de estudo
Para saber mais consulte o capítulo do livro “Artigos 70 ao 75: da fiscalização contábil,
financeira e orçamentária”, de Raymundo Juliano Feitosa em comentários à
Constituição Federal de 1988. Rio de Janeiro: Revista dos Tribunais, 2009, p. 1049-
1057.
Sobre o TCU, saiba mais através do livro “Tribunais de Contas no Brasil”, de Pedro
Roberto Decomain, ed. Dialética.
Pegadinhas mais comuns nos concursos: 1) O titular do controle externo é o Poder
legislativo e não os Tribunais de Contas; 2) Tribunais de Contas são órgãos do
legislativo, e não do Judiciário; 3) Os tribunais de contas são dirigidos por Ministros,
que tem status equivalente ao de Ministro do STJ; 4) leia atentamente o artigo 71 da
CF, sobre as competências do TCU, pois caem muitas questões sobre esse artigo, em
especial em cargos ligados aos tribunais de Contas.
Transparência da Gestão Fiscal e Instrumentos de Controle e Fiscalização
Transparência da Gestão Fiscal
Ampla divulgação. Instrumentos:
1) Planos, orçamentos e LDO
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
2) Prestação de Contas e seu Parecer Prévio
3) Relatório Resumido de Execução Orçamentária
4) Relatório de Gestão Fiscal
5) Incentivo à Participação Popular
6) Pleno conhecimento por meios eletrônicos
7) Sistema Integrado de Administração Financeira
Relatório Resumido de Execução Orçamentária (RREO)
Quem? Poder Executivo
Abrange: Todos os Poderes e MPU.
Frequência: Bimestral.
Quando? Até 30 dias do encerramento do bimestre
O que contém? Balanço orçamentário e Demonstrativo da Execução das
Despesas e Receitas (e outros).
No último Bimestre: Demonstrativos da RCL; Receitas e Despesas
Previdenciárias; Resultado Nominal e Primário; Despesas com Juros; Restos a
Pagar; Outros.
Relatório de Gestão Fiscal (RGF)
Quem? Titulares dos Poderes e Órgãos (LRF, art. 20).
Abrange: respectivos Poderes e Órgãos.
Frequência: Quadrimestral (4 meses).
O que contém: 1) Comparativo dos Limites da LRF com despesa de pessoal,
dívidas consolidada e mobiliária, concessão de garantias, operações de crédito
(inclusive AROs). 2) Medidas Corretivas, se ultrapassados os Limites; 3)
Outros.
No Último Quadrimestre: Demonstrativo de Disponibilidades de Caixa; Restos a
Pagar.
Prestação de Contas
Quem? Chefe do Poder Executivo
Abrange: Poderes e MPU.
Frequência: Anual
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
Abrange: Contas da Execução Orçamentária; Desempenho da Arrecadação X
Previsão e medidas para incrementar a arrecadação.
Quem Aprova? Parecer Prévio do TCU/E/M aprovado por Parecer da CMO.
Resolução de Questões
Entre outros aspectos, a Lei de Responsabilidade Fiscal caracteriza-se por trazer ao
universo público uma série de novos conceitos e procedimentos. No caso específico
do Relatório de Gestão Fiscal, a ser emitido ao final de cada quadrimestre, é incorreto
afirmar que ele deverá conter:
a) Comparativo entre a despesa total com pessoal e os limites de que trata a Lei.
b) Comparativo entre as concessões de garantias e os limites de que trata a Lei.
c) Comparativo entre as operações de crédito, inclusive por antecipação de receita, e
os limites de que trata a Lei.
d) Demonstrativo, apenas no último quadrimestre, das despesas empenhadas e não
liquidadas inscritas em Restos a Pagar.
e) Demonstrativos, em todas as suas edições, das despesas liquidadas inscritas em
Restos a Pagar.
Resposta: E
Dicas de estudo
Para saber mais consulte o livro “Lei de responsabilidade fiscal comentada: Lei
complementar 101, de 4 de maio de 2000 / Flávio da Cruz (coordenador); Adauto
Viccari Junior ... [et al.]. -- Ed. Atlas.
Atenção, pois a Lei de Responsabilidade Fiscal foi alterada, neste tópico, pela LC
131/2009, que acrescentou alguns elementos novos à transparência da gestão fiscal,
em especial às Audiências Públicas durante a elaboração dos orçamentos públicos e o
uso da internet para maior divulgação de dados sobre a execução orçamentária e
financeira. Em cumprimento a essa norma, surgiram vários sítios na internet, tais como
o Portal da Transparência do Governo Federal (www.portaltransparencia.gov.br). Há
também portais semelhantes relativos aos Estados e Municípios.
Outra novidade importante foi a previsão da adoção de sistema integrado de
administração financeira e controle, que já era usada no governo federal através do
SIAFI (Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal) que agora
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
se estende aos entes descentralizados através do SIAFEM (Sistema Integrado de
Administração Financeira para Estados e Municípios).
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
11. REPARTIÇÃO TRIBUTÁRIA E TRANSFERÊNCIAS DE RECURSOS
REPARTIÇÃO CONSTITUCIONAL DE RECEITAS TRIBUTÁRIAS
Hipóteses de Repartição
IR – Fonte, 100%, Estados/DF, Imposto retido sobre os rendimentos pagos por
eles, suas autarquias e fundações que instituírem e mantiverem.
IR – Fonte, 100%, Municípios, Imposto retido sobre os rendimentos pagos por
eles, suas autarquias e fundações que instituírem e mantiverem.
Impostos residuais (CF154, I): 20%, Estados/DF, Produto da arrecadação
ITR - 50%, Municípios, Produto da arrecadação relativo a imóveis nele situados
ITR - 100%, Municípios, Produto da arrecadação relativo aos imóveis nele
situados, quando o Município optar por fiscalizá-lo e cobrá-lo (CF88, art. 158, II
– EC 42/2003).
IPVA, 50%, Municípios, Produto da arrecadação, relativo aos veículos
licenciados em seu território.
ICMS, 25%, Municípios, Produto da Arrecadação
IR, 48%, FPE, FPM e Setor produtivo, Produto da Arrecadação menos IR Fonte
dos Estados/DF e Municípios
IPI, 48%, FPE, FPM e Setor produtivo, Produto da Arrecadação,
CIDE Combustíveis, 29%, Estados/DF, Produto da arrecadação, distribuídos na
forma da lei, observada a destinação ao financiamento de programas de
infraestrutura de transportes. (CF/88, art. 159, III, e L. 10.866, de 4/5/2004)
IPI, 10%, Estados/DF, Produto da Arrecadação
IOF – Ouro (ativo financeiro ou Instrumento Cambial), 100%, 70% ao Município
e 30% ao Estado de origem, Produto (ou Montante) da arrecadação.
Resolução de Questões
Acerca da disciplina constitucional da repartição das receitas tributárias, assinale a
opção correta.
a) Aos municípios pertence a integralidade do produto da arrecadação do imposto de
renda incidente na fonte sobre os rendimentos pagos, a qualquer título, por eles.
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
b) A União deve repassar aos estados 25% do produto da arrecadação do IPI.
c) Ao DF cabe metade da arrecadação do imposto que a União instituir no exercício de
sua competência residual ou extraordinária.
d) Cabe aos municípios, em qualquer hipótese, a integralidade do imposto sobre a
propriedade territorial rural.
Resposta: A
Dicas de estudo
Para saber mais, consulte o livro “Federalismo fiscal: questões contemporâneas” /
José Mauricio Conti, Fernando Facury Scaff, Carlos Eduardo Faraco Braga,
coordenadores; autores: André Castro Carvalho ... [et al.] ; -- ed. Conceito.
O tema de Repartição de Receitas é matéria financeira, mas é tradicionalmente
estudada no Direito Tributário. É cada vez mais frequente sua aparição em questões
de AFO e de Direito Financeiro.
Como principal dica para questões de prova, tente memorizar os percentuais de
repartição. Normalmente, em provas sobre matérias de Direito não são pedidos
números, mas este tema é uma exceção, pois os percentuais são importantes para a
norma.
Repartição Tributária e Transferências de Recursos
Subvenções Financeiras: Subvenções sociais; Subvenções Econômicas; Critérios da
LRF.
Fundos Especiais
Transferências Voluntárias
Destinação de Recursos Públicos ao Setor Privado
Resolução de Questões
Para receberem transferências voluntárias, os Municípios não deverão comprovar que:
a) instituíram e arrecadaram efetivamente todos os tributos de sua competência, no
que se refere aos impostos, taxas e contribuições de melhoria.
Errado. Somente Impostos.
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
b) estão em dia com os pagamentos de tributos, empréstimos e financiamentos
devidos ao ente transferidor.
c) estão cumprindo os limites constitucionais relativos aos gastos com saúde e
educação.
d) os limites relativos a pessoal, dívidas e operações de crédito, bem como as
condições para inscrição em restos a pagar, estão sendo respeitados.
e) seu orçamento prevê a contrapartida.
Resposta: A
Dicas de estudo
Para saber mais, consulte o livro “Orçamentos públicos e direito financeiro” / José
Mauricio Conti, Fernando Facury Scaff, coordenação; Adilson Abreu Dallari, ed.
Revista dos Tribunais.
Para um estudo mais detalhado sobre Transferências e a LRF, consulte o artigo
Transferências voluntárias na Lei de responsabilidade fiscal: limites à
responsabilização pessoal do ordenador de despesas por danos decorrentes da
execução de convênio / Romeu Felipe Bacellar Filho, Daniel Wunder Hachem. --
Interesse público, v. 12, n. 60, p. 25-62, mar./abr. 2010.
Podem ser encontradas normas sobre Transferências de Recursos tanto na
Constituição, como na Lei 4320 e na LRF. Questões sobre Transferências de
Recursos não são muito comuns em concursos para cargos nos Tribunais de Contas,
tanto da União como dos Estados e demais entes descentralizados, onde houver.
Dívida Pública Passiva e Endividamento
Dívida Pública Consolidada (ou Fundada):
Montante total, apurado sem duplicidade, das obrigações financeiras do ente da
Federação, assumidas em virtude de leis, contratos, convênios ou tratados e da
realização de operações de crédito, para amortização em prazo superior a doze
meses.
Inclui: títulos do BCB; OC – 12 meses, receitas na LOA.
Dívida Pública Mobiliária: dívida pública representada por títulos emitidos pela União,
inclusive os do Banco Central do Brasil, Estados e Municípios.
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
Limites da Dívida Pública e das Operações de Crédito
Forma: Limites máximos em % RCL.
Senado Federal: dívida consolidada (EF).
Congresso Nacional: dívida mobiliária federal.
Iniciativa: Presidente (90 dias da LEF).
Verificação: quadrimestral.
Municípios – 50 mil há = Semestral.
Recondução: 3 quadrimestres (25% no 1º).
Se crescimento do PIB 4x3m < 1%, prazo em dobro.
Enquanto houver excesso:
1. Operações de crédito proibidas (salvo refinanciamento da dívida mobiliária).
2. Resultado primário necessário à recondução, com p.ex. limitação de empenhos.
Não se aplica:
1. Estados de defesa, sítio (CF) e calamidade pública (CN/AL).
2. Impedimento a receber transferências voluntárias (exceto Saúde, Educação,
Assistência Social).
Operação de Crédito:
Compromisso financeiro assumido em razão de mútuo, abertura de crédito, emissão e
aceite de título, aquisição financiada de bens, recebimento antecipado de valores
provenientes da venda a termo de bens e serviços, arrendamento mercantil e outras
operações assemelhadas, inclusive com o uso de derivativos financeiros.
Equipara-se: a assunção, o reconhecimento ou a confissão de dívidas pelo ente da
Federação (condições na LRF, 15/16).
Operações de Crédito – Regras de Contratação
1. Pedido do EF, fundamentado em parecer técnico-jurídico, demonstrando relação
custo x benefício e interesse econômico e social.
2. Prévia autorização na LOA/adicionais ou lei específica.
3. Inclusão na LOA dos recursos, exceto para AROs.
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
4. Dentro dos limites e condições do Senado Federal.
5. Autorização do Senado (operações exteriores).
6. Não exceder despesas de capital (salvo créditos suplementares/especiais por lei,
maioria absoluta) (“regra de ouro”)
Resolução de Questões
1. Sobre a dívida e o endividamento públicos, com base na Lei de Responsabilidade
Fiscal, marque C para as alternativas corretas e E para as que estiverem erradas.
( ). Compete ao Congresso Nacional autorizar operações externas de natureza
financeira, de interesse da União, Estados, Distrito Federal e Municípios e Territórios.
( ) Operações de crédito com prazo inferior a doze meses não integram a dívida
pública consolidada, em nenhuma hipótese.
( ) Os títulos emitidos pelo Banco Central do Brasil integram a dívida pública
mobiliária.
( ) Os limites de dívida pública e de operações de crédito serão fixados em percentual
da receita corrente líquida para cada esfera de governo e aplicados igualmente a
todos os entes da Federação que a integrem, constituindo, para cada um deles, limites
máximos.
Resposta: E; E; C; C.
Dicas de estudo
Para saber mais, consulte a obra “Direito Financeiro e Orçamento Público”, de Sergio
Jund, ed. Campus.
Para um estudo mais específico, você também pode consultar o artigo “A questão do
endividamento público dez anos após a publicação da Lei de Responsabilidade Fiscal:
avanços e limitações”, de Ana Carla Bliacheriene, Renato Jorge Brown Ribeiro. In
Revista de informação legislativa, v. 49, n. 194, p. 159-172, abr./jun. 2012.
A maioria dos dados oficiais sobre dívida e endividamento público pode ser
encontrada na página do Banco Central do Brasil (www.bcb.gov.br).
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
12. GARANTIAS E CONTRAGARANTIAS E ANTECIPAÇÕES DE RECEITAS
ORÇAMENTÁRIAS
Concessão de Garantia e Contragarantia
É o compromisso de adimplência de obrigação financeira ou contratual assumida por
ente da federação (EF) ou entidade a ela vinculada.
Regras específicas
1. Que haja contragarantia igual ou superior à garantia e adimplência do solicitante (e
entidades).
2. No caso de operação de crédito junto a organismo financeiro internacional, ou a
instituição federal de crédito e fomento para o repasse de recursos externos, a União
só prestará garantia a ente que atenda, além do disposto no item anterior, as
exigências legais para o recebimento de transferências voluntárias.
3. Que observe o limite fixado pelo Senado Federal (senão nula).
Vedações ao endividamento
1. Entre entes da Federação
LRF, Art. 35. É vedada a realização de operação de crédito entre um ente da
Federação, diretamente ou por intermédio de fundo, autarquia, fundação ou
empresa estatal dependente, e outro, inclusive suas entidades da
administração indireta, ainda que sob a forma de novação, refinanciamento ou
postergação de dívida contraída anteriormente.
§ 1° Excetuam-se da vedação a que se refere o caput as operações entre
instituição financeira estatal e outro ente da Federação, inclusive suas
entidades da administração indireta, que não se destinem a:
I - financiar, direta ou indiretamente, despesas correntes;
II - refinanciar dívidas não contraídas junto à própria instituição concedente.
2. Instituição financeira estatal para seu ente controlador.
Vedações equiparadas: LRF, art. 37.
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
Antecipação da Receita Orçamentária (ARO)
A operação de crédito por antecipação de receita é operação de crédito, de natureza
extraorçamentária, e destina-se a atender insuficiência de caixa durante o exercício
financeiro.
Condições:
- Realização a partir do 10º dia do início do exercício;
- Prazo para liquidação: até 10/12 do mesmo ano.
- Só pode cobrar taxa de juros, indexada à taxa básica financeira (ou sucessora).
Vedações:
- Antes de resgatar AROs anteriores.
- Último ano de mandato do chefe do Executivo.
Nos Estados e Municípios:
LRF, Art. 38, § 2° As operações de crédito por antecipação de receita
realizadas por Estados ou Municípios serão efetuadas mediante abertura de
crédito junto à instituição financeira vencedora em processo competitivo
eletrônico promovido pelo Banco Central do Brasil.
§ 3° O Banco Central do Brasil manterá sistema de acompanhamento e
controle do saldo do crédito aberto e, no caso de inobservância dos limites,
aplicará as sanções cabíveis à instituição credora.
Resolução de Questões
As operações de crédito por antecipação da receita, mais conhecidas como AROs,
além de sujeitarem-se às normas da Resolução n.º 78/1988, do Senado da República,
sujeitam-se à da Lei de Responsabilidade Fiscal. Identifique a única opção proibida na
mencionada Lei, com relação às AROs.
a) Somente poderão ser realizadas a partir do décimo dia do início do exercício.
b) Não serão autorizadas se forem cobrados outros encargos incidentes que não a
taxa de juros da operação, obrigatoriamente prefixada ou indexada à taxa básica
financeira, ou à que a vier substituir.
c) Deverão ser liquidadas (pagas), com juros e outros encargos incidentes, até o dia
10 de dezembro de cada ano.
d) Estarão proibidas enquanto existir operação anterior da mesma natureza não
integralmente resgatada.
Prof. Sérgio Karkache
Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal
Aulas 01 a 30
e) Serão permitidas suas contratações mesmo que seja o último ano de mandato do
Presidente, do Governador ou Prefeito MunicipaI.
Resposta: E
Dicas de estudo
Como mais uma interessante fonte de pesquisas, podemos citar o sítio na Rede
Mundial de Computadores www.lrf.com.br, que foi idealizado, concebido e organizado
por Nilo Cruz Neto, e contém consultas, artigos e interessantes resumos que podem
ser muito úteis para quem se prepara para concursos públicos.
Você pode saber mais sobre AROs lendo o artigo “Operações de créditos por
antecipação de receitas”. In Cadernos de direito tributário e finanças públicas, v. 7, n.
26, p. 175-181, jan./mar. 1999.