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Prof. Sérgio Karkache Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal Aulas 01 a 30 Administração Financeira e Orçamentária 1. ORÇAMENTO PÚBLICO Orçamento é um sistema coordenado de leis e normas que objetiva planejar, executar, controlar e fiscalizar a atividade financeira do Estado, buscando a melhor utilização possível dos recursos públicos em prol da plena satisfação dos interesses públicos e sociais. Espécies de orçamento (segundo o critério da competência): Legislativo: elaborado exclusivamente pelo Legislativo. (ex. CF 1891) Misto: elaborado em processo com cooperação entre Executivo e Legislativo (ex. CF/1934 e, SMJ, 1946, 1966 e 1988). Executivo: elaborado exclusivamente pelo Executivo. 1.1 Orçamento Clássico e por Desempenho Critério histórico-teleológico: Tradicional (Clássico): 1. Clássico 2. Desempenho (Funcional) Resolução de Questões Assinale a única opção que é pertinente ao orçamento tradicional, e não ao orçamento-programa: a) Os principais critérios classificatórios são unidades administrativas e elementos.

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Prof. Sérgio Karkache

Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal

Aulas 01 a 30

Administração Financeira e Orçamentária

1. ORÇAMENTO PÚBLICO

Orçamento é um sistema coordenado de leis e normas que objetiva planejar, executar,

controlar e fiscalizar a atividade financeira do Estado, buscando a melhor utilização

possível dos recursos públicos em prol da plena satisfação dos interesses públicos e

sociais.

Espécies de orçamento (segundo o critério da competência):

Legislativo: elaborado exclusivamente pelo Legislativo. (ex. CF 1891)

Misto: elaborado em processo com cooperação entre Executivo e Legislativo

(ex. CF/1934 e, SMJ, 1946, 1966 e 1988).

Executivo: elaborado exclusivamente pelo Executivo.

1.1 Orçamento Clássico e por Desempenho

Critério histórico-teleológico:

Tradicional (Clássico):

1. Clássico

2. Desempenho (Funcional)

Resolução de Questões

Assinale a única opção que é pertinente ao orçamento tradicional, e não ao

orçamento-programa:

a) Os principais critérios classificatórios são unidades administrativas e elementos.

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Aulas 01 a 30

b) Na elaboração do orçamento, são considerados todos os custos dos programas,

inclusive os que extrapolam o exercício.

c) A estrutura do orçamento está voltada para os aspectos administrativos e de

planejamento.

d) A alocação de recursos visa à consecução de objetivos e metas.

e) Existe utilização sistemática de indicadores e padrões de medição do trabalho e dos

resultados.

A resposta certa é letra "a"

1.2 Orçamento Programa e Base Zero

Orçamento-Programa

1. Orçamento-Programa Base Histórica;

2. Orçamento-Programa Base Zero.

Funções do Orçamento-Programa

Plano de trabalho do governo;

Aplicação dos recursos com objetivos definidos.

Mostra os objetivos e metas para os quais se solicita as dotações necessárias.

Identifica os custos dos programas propostos.

Os dados quantitativos medem as realizações e o esforço realizado em cada

programa.

Evolução da conceituação tradicional do orçamento.

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Aulas 01 a 30

Resolução de questões

Faz parte do conteúdo do orçamento-programa:

a) Demonstração da receita e da despesa, evidenciando os valores previstos mês a

mês.

b) Análise da capacidade de endividamento.

c) Demonstrativos das despesas por função.

d) Política de aplicação das agências de fomento.

e) Proposta de concessão de vantagens ou aumento de remuneração.

A resposta certa é letra "a"

2. PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS

PRINCÍPIO DA EXCLUSIVIDADE

A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à

fixação da despesa, não se incluindo na proibição a autorização para abertura de

créditos suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que por

antecipação de receita, nos termos da lei.

PRINCÍPIO DA PROGRAMAÇÃO

Orçamento descreve e constitui programa de trabalho, traça metas, objetivos e meios

para atingi-las, vincula a ação de forma impessoal e organizada.

Normas relacionadas: CF/1988, art. 165, §4.º; 48, II e IV.

(CF/1988, art. 165, §4.º).

Os planos e programas nacionais, regionais e setoriais previstos nesta Constituição

serão elaborados em consonância com o plano plurianual e apreciados pelo

Congresso Nacional.

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Aulas 01 a 30

(CF/1988, art. 48, II e IV).

Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República [...] dispor

sobre [...]:

II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, operações de crédito,

dívida pública e emissões de curso forçado;

IV - planos e programas nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento;

PRINCÍPIO DA NÃO AFETAÇÃO

É vedada a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvados

os casos expressos na Constituição. Exemplos: repartições de receitas tributárias

(157-162), pagamentos entre os entes e garantias e contragarantias.

Resolução de Questões

O princípio orçamentário que define que nenhuma parcela da receita de impostos

poderá ser posta em reserva para cobrir certos e específicos dispêndios, salvo as

exceções previstas em lei, é denominado Princípio da:

a) Reserva Legal.

b) Universalidade e Unidade Orçamentária.

c) Não Afetação e da Quantificação dos Créditos Orçamentários.

d) Legalidade.

e) Vinculação dos Créditos Orçamentários.

A resposta certa é letra "c"

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Aulas 01 a 30

Dicas de estudo

Os princípios da exclusividade e da não afetação (ou não vinculação) são princípios

constitucionais orçamentários e explícitos. Já o princípio da programação é princípio

constitucional orçamentário, mas implícito.

Diz-se que o princípio da exclusividade evita a formação de "caudas" ou "rabos

orçamentários", pois não permite inserir na lei orçamentária elementos estranhos à

natureza financeira. A expressão foi consagrada por Rui Barbosa, grande defensor

desse princípio.

PRINCÍPIO DO EQUILÍBRIO ORÇAMENTÁRIO

O montante da despesa não deve ultrapassar a receita prevista para o período ou

exercício orçamentário.

Normas afins:

(LC 101/2000, art. 1º, §1º).

A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e transparente, em

que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas

públicas, mediante o cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas e

a obediência a limites e condições no que tange a renúncia de receita, geração de

despesas com pessoal, da seguridade social e outras, dívidas consolidada e

mobiliária, operações de crédito, inclusive por antecipação de receita, concessão de

garantia e inscrição em Restos a Pagar.

(Lei 4.320/64, art. 48).

A fixação das cotas [de despesa] atenderá aos seguintes objetivos:

[...]

b) manter, durante o exercício, na medida do possível o equilíbrio entre a receita

arrecadada e a despesa realizada, de modo a reduzir ao mínimo eventuais

insuficiências de tesouraria.

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Aulas 01 a 30

Sinônimos: Equilíbrio das contas públicas; Equivalência Despesas x Receitas;

Estabilidade orçamentária.

PRINCÍPIO DA LEGALIDADE

O orçamento, em suas diversas formas, é uma lei formal, temporária, especial e

ordinária. Assume essa forma por depender sempre da aprovação do Poder

Legislativo.

Normas afins: CF/1988, art. 5.º, II; 37; 165; 48, II e IV; 166; 167, I, III, V, VI, IX.

Características da Lei orçamentária:

- Lei Formal: autoriza atos executivos.

- Lei Ordinária: processo legislativo ordinário, com especificações.

- Lei Temporária: vige por períodos certos (ano/quadriênio).

- Lei Especial: processo legislativo com características especiais.

PRINCÍPIO DA ANUALIDADE

O orçamento é temporário e periódico. O período anual é o mais usado, mas o PPA

segue período quadrienal.

Vantagens:

Políticas: Intervenção do Poder Legislativo;

Financeiras: organização das contas públicas, com apropriação adequada de

receitas e despesas;

Econômicas: influir nas flutuações dos ciclos econômicos.

Normas afins: CF/88, art. 48, II; 165, III e §5.º; 166; Lei 4320/64, art. 2.º e 34.

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Aulas 01 a 30

Resolução de Questões

Constitui exceção ao princípio da anualidade:

a) os créditos especiais e extraordinários abertos nos últimos quatro meses do

exercício.

b) a inscrição em restos a pagar processados.

c) a inscrição em restos a pagar não processados.

d) a inscrição do serviço da dívida a pagar.

e) a utilização do superávit financeiro do exercício anterior.

A resposta certa é letra "a"

Dicas de estudo

O princípio do Equilíbrio Orçamentário possui duas concepções: a clássica (o

equilíbrio deve ser absoluto e prioriza que a subtração entre receitas e despesas

alcance o resultado zero) e a contemporânea, segundo a qual o orçamento é

equilibrado quando as finanças públicas mostram-se saudáveis, de acordo com

diversos critérios e de acordo com diversas disciplinas (como perante a Economia,

Ciência das Finanças, Direito etc.).

As questões de prova costumam diferenciar Princípio da Legalidade do Princípio da

Reserva Legal. O princípio da reserva legal refere-se a matérias que só podem ser

disciplinadas por leis formais (e não por atos infralegais).

PRINCÍPIO DA UNIDADE

O orçamento deve constar de uma peça única em cada esfera de governo. Não

obstante, o orçamento pode se desdobrar em várias leis e documentos, que

representam uma unidade sistemática, onde todos os documentos e partes funcionam

dentro dos mesmos princípios e em sinergia.

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Aulas 01 a 30

Vantagens:

1) Mantém a coerência e uniformidade da atividade financeira do Estado.

2) Facilita o controle e fiscalização.

3) Evita oportunidade para o desperdício e corrupção.

Normas afins: CF, art. 165, I a III; L. 4320, art. 2º, 56.

SINÔNIMOS: TOTALIDADE ORÇAMENTÁRIA

PRINCÍPIO DA UNIVERSALIDADE

Deverão ser incluídos no orçamento todos os aspectos do programa de cada órgão,

principalmente aqueles que envolvam qualquer transação financeira, bem como todas

as receitas e despesas dos Poderes, fundos, órgãos e entidades da Administração

Direta e Indireta.

Exceção: É legítima a cobrança de tributo que houver sido aumentado após o

orçamento, mas antes do início do respectivo exercício financeiro. (STF, Súmula 66).

Vantagens:

1) Evita “caixas 2” na Administração;

2) Facilita a elaboração, controle e fiscalização;

3) Estimula o senso de unidade entre os diversos órgãos do Estado.

Normas afins: CF, art. 165; L. 4320/64, art. 2º-4º.

SINÔNIMO: GLOBALIZAÇÃO

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Aulas 01 a 30

PRINCÍPIO DO ORÇAMENTO BRUTO

Todas as receitas e despesas devem constar da lei orçamentária e de créditos

adicionais pelos seus valores brutos, vedadas as deduções.

Vantagens:

Evitar a inclusão, no orçamento de resultados

Líquidos, ocultando os detalhes das contas.

Visa facilitar o controle e fiscalização.

Normas afins: Lei 4320, art. 6º.

PRINCÍPIO PARTICIPATIVO

No âmbito municipal, a gestão orçamentária participativa… incluirá a realização de

debates, audiências e consultas públicas sobre as propostas do plano plurianual, da lei

de diretrizes orçamentárias e do orçamento anual, como condição obrigatória para sua

aprovação pela Câmara Municipal.

Observação: não é aplicável a Estados, DF e União.

Normas afins: CF, art. 182; L. 10257, art. 44.

Resolução de Questões

Na forma constitucional, a elaboração da Lei Orçamentária Anual será orientada pela:

a) unidade, clareza e anualidade.

b) programação, universalidade e clareza.

c) planejamento, programação e controle.

d) unidade, universalidade e anualidade.

e) participação, clareza e unidade.

A resposta certa é a letra "D"

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Aulas 01 a 30

Dicas de estudo

Os princípios da exclusividade e da universalidade, sob certo prisma, podem ser

considerados opostos: enquanto a exclusividade não permite a inclusão de temas

estranhos à matéria financeira, dentro das Leis Orçamentárias, o princípio da

universalidade exige, em regra, a presença nestas Leis de todos os assuntos

financeiros que devam ser por ela dispostos.

Nas questões de concursos, é comum a associação entre os princípios da unidade e o

princípio da "unidade de caixa", mas, na verdade, são princípios distintos. Enquanto o

princípio da unidade se preocupa com as leis orçamentárias, o princípio da unidade de

caixa em foco predominante sobre as receitas públicas. Entretanto, não deixam de

serem princípios relacionados.

PRINCÍPIO DA ESPECIFICAÇÃO

Na Lei de Orçamento a discriminação da despesa far-se-á no mínimo por elementos.

Entende-se por elementos o desdobramento da despesa com pessoal, material,

serviços, obras e outros meios de que se serve a administração publica para

consecução dos seus fins. Aplica-se também às receitas.

Normas afins: L. 4320, art. 5 e 15

SINÔNIMOS: PRINCÍPIO DA ESPECIALIZAÇÃO; PRINCÍPÍO DA DISCRIMINAÇÃO

PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE

O orçamento deve ser de amplo e fácil conhecimento por todos (autoridades ou povo

em geral) em todas as fases de seu ciclo (desde a elaboração até sua execução e

fiscalização).

São exemplos de sua aplicação os instrumentos de fiscalização e controle da atividade

orçamentária, a que se refere à Lei de Responsabilidade Fiscal e demais normas do

ordenamento jurídico, tais como o Relatório de Gestão Fiscal, o Relatório Resumido

de Execução Orçamentária e a Prestação de Contas Anual, entre outros.

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Aulas 01 a 30

Normas afins: CF, art. 37; 165,§3º; LRF, art. 52-53

PRINCÍPIO DA CLAREZA

O orçamento deve ser elaborado de forma a ser facilmente compreendido por

qualquer cidadão, independente de sua formação em finanças públicas. Deve ser

expresso de forma clara, ordenada, objetiva e completa, permitindo o acesso e

compreensão a qualquer pessoa nele interessada.

PRINCÍPIO DA UNIFORMIDADE

O orçamento deve apresentar e conservar, ao longo dos diversos exercícios

financeiros, uma estrutura uniforme que permita uma comparação ao longo dos

diversos mandatos.

SINÔNIMO: Princípio da Consistência

PRINCÍPIO DA QUANTIFICAÇÃO DOS CRÉDITOS

Não se admite créditos orçamentários ilimitados ou proporcionais. Os créditos devem

ser definidos em reais e em quantias certas.

Normas afins: CF, art. 167, VII

Resolução de questões

Quanto aos princípios orçamentários, marque a opção correta.

a) O Princípio da Universalidade da matéria orçamentária estabelece que somente

deve constar no orçamento matéria pertinente à fixação da despesa e à previsão da

receita.

b) O Princípio da Programação preconiza a vinculação necessária à ação

governamental, assegurando-se a finalidade do plano plurianual.

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c) O Princípio da não afetação da receita preconiza que não pode haver transferência,

transposição ou remanejamento de recursos de uma categoria de programação para

outra ou de um órgão para outro sem prévia autorização legislativa.

d) O Princípio da Reserva de lei estabelece que os orçamentos e créditos adicionais

devem ser incluídos em valores brutos, todas as despesas e receitas da União,

inclusive as relativas aos seus fundos.

e) O Princípio do Equilíbrio Orçamentário estabelece que a lei orçamentária não

conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa.

A resposta certa é a letra "B"

Dicas de estudo

Para saber mais, recomendamos consultar as boas obras doutrinárias sobre princípios

orçamentários. Sobre princípios constitucionais orçamentários, recomendamos o livro

do professor José Afonso da Silva, denominado COMENTÁRIO CONTEXTUAL À

CONSTITUIÇÃO. Para os demais princípios, podemos recomendar a consulta a obras

de autores como AUGUSTINHO VICENTE PALUDO e JOSÉ CARLOS OLIVEIRA DE

CARVALHO.

Nas questões de concursos, é comum os princípios serem apresentados com nomes

diferentes dos usuais. Por isso, atenção nas designações sinônimas que

apresentamos ao longo de nossas aulas.

Por fim, há registro de questões de concursos anteriores que incluíram, entre os

princípios orçamentários, princípios da Administração Pública e até mesmo Princípios

Tributários. Por exemplo, uma questão considerou como princípio orçamentário o

"Princípio da Economicidade", o qual é na verdade princípio da Administração Pública,

e não apenas referente ao Orçamento. Nestes casos, é preciso flexibilidade do

candidato: compare as assertivas e, não havendo outra assertiva mais correta, admita

como resposta porque, afinal, os princípios da Administração Pública e do Direito

Tributário, embora não sejam orçamentários, têm influência sobre a Atividade

Financeira do Estado e, por decorrência, sobre os Orçamentos.

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3. CICLO ORÇAMENTÁRIO

Corresponde ao processo de concepção, elaboração, consolidação, aprovação

legislativa, execução e fiscalização do orçamento. Compõe-se de três principais fases:

a) Fase legislativa (PPA – LDO e LOA);

b) Fase de Execução (ano seguinte à LOA);

c) Fase de Controle e Avaliação da Execução Orçamentária (a partir do início

do exercício de execução da LOA em diante).

PROCESSO LEGISLATIVO ORÇAMENTÁRIO – INICIATIVA

A iniciativa dos projetos de Leis orçamentárias é privativa do chefe do Poder Executivo

(ex.: Presidente) para todas as leis (PPA, LDO ou LOA e créditos adicionais). É de

iniciativa “vinculada” (o Presidente é obrigado a propor as leis, nos prazos fixados, sob

crime de responsabilidade). Flexível quanto aos créditos adicionais, onde não há

prazos “a priori”.

NÃO ENVIO E NÃO DEVOLUÇÃO DOS PROJETOS

Se o Poder Executivo não enviar no prazo a sua proposta para apreciação, o Poder

Legislativo apreciará o orçamento vigente, como se proposta fosse.

Se o Legislativo não devolver no prazo, o Executivo poderá promulgar a proposta tal

como encaminhada, ignorando emendas parlamentares (Princípio da Simetria).

COMPOSIÇÃO DA PROPOSTA: A redação e consolidação do projeto de Lei

competem ao chefe do Poder Executivo, através de seus órgãos auxiliares. Na União,

cabe à Secretaria de Orçamento Federal esta tarefa.

Cabe aos demais “Poderes” (Tribunais do Judiciário, Legislativo e Ministério Público

da União) comporem suas próprias propostas orçamentárias, encaminhando-as ao

Chefe do Executivo para consolidação num único projeto.

Por exemplo, no PODER JUDICIÁRIO o encaminhamento da proposta, ouvidos os

outros tribunais interessados, compete:

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I - no âmbito da União, aos Presidentes do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais

Superiores, com a aprovação dos respectivos tribunais;

II - no âmbito dos Estados e no do Distrito Federal e Territórios, aos Presidentes dos

Tribunais de Justiça, com a aprovação dos respectivos tribunais.

PRAZOS:

Plano Plurianual: O executivo deve encaminhar ao Congresso até 4 meses antes do

encerramento do primeiro exercício financeiro do mandato, ou seja, até 31 de agosto

do 1.º ano do mandato do Presidente, Governador ou Prefeito. O Legislativo deve

devolver até o encerramento do segundo período da sessão legislativa, do exercício

em que for encaminhado, ou seja, até 22 de dezembro.

Lei de Diretrizes Orçamentárias: O executivo deve encaminhar até 8 meses e meio

antes do encerramento do exercício financeiro, ou seja, até 15 de abril, e o Legislativo

deve devolver até o encerramento do primeiro período da sessão legislativa, ou seja,

até 17 de julho.

Lei Orçamentária Anual: O executivo deve encaminhar até 4 meses e meio antes do

encerramento do exercício financeiro, ou seja, até 31 de agosto, e o Legislativo deve

devolver até o encerramento da sessão legislativa do exercício em que for

encaminhado, ou seja, até 22 de dezembro.

Os prazos do processo legislativo orçamentário devem ser definidos por Lei

Complementar. Ocorre que a Constituição possui uma norma, em seu ato das

Disposições Transitórias, que estabelece regra de transição, enquanto esta Lei

Complementar não for elaborada. Os prazos que acabamos de demonstrar são

baseados nesta norma transitória da Constituição, pois até o presente momento não

houve a publicação de Lei Complementar sobre a matéria.

Resolução de questões

O prazo de encaminhamento, pelo Presidente da República, da Lei de Diretrizes

Orçamentárias (LDO) ao Congresso Nacional para aprovação é de:

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a) quatro meses antes do encerramento do exercício financeiro.

b) oito meses e meio antes do encerramento do exercício financeiro.

c) cinco meses e meio após a posse do Presidente.

d) cinco meses antes do encerramento do exercício financeiro.

e) 30 de junho do exercício financeiro.

A resposta correta é a letra "B"

Dicas de estudo

Para saber mais sobre este assunto consulte a Constituição, artigos 61, §1º, II; 85,

incisos II e VI; 99; 165 e 166

E também as leis 4320/1964, artigo 32; Lei 1079/1950; Decreto-Lei 201/1967.

A maioria das questões versa sobre quem tem a exclusividade de propor os projetos

de Lei (que é, como vimos, o Chefe do Poder Executivo) e também sobre os prazos de

encaminhamento e devolução. Lembre-se: as regras sobre prazos do Ciclo

Orçamentário são definidas por Leis Complementares, mas como tal regra ainda não

foi publicada, usamos por enquanto as regras da Constituição.

APRECIAÇÃO

É o processo de apreciação e votação dos projetos de leis orçamentárias no

Congresso Nacional. É composto de algumas fases:

Sessão solene: para recepção da proposta e leitura da Mensagem do

Presidente da República.

Comissão Mista (CMO): análise e processamento de emendas ao Projeto.

Votação Plenária: votação do projeto e das emendas encaminhadas pela CMP,

em sessão unicameral. Ao terminar a votação, o projeto é devolvido ao

Presidente para sanção (ou veto).

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COMISSÃO MISTA DE ORÇAMENTO

A Comissão Mista de Orçamento (CMO) é composta por parlamentares, e organizada

na forma de Resolução do próprio Poder Legislativo competente. Na União, a

Comissão é composta de Deputados e Senadores (normalmente na proporção

respectiva de 3 para 1), para apreciar o projeto de lei orçamentária uma única vez.

As Comissões costumam se dividir em subcomissões temáticas, que analisam o

projeto de forma fatiada (por áreas) para facilitar os trabalhos técnicos.

Cada subcomissão, neste caso, elabora um relatório setorial, os quais são discutidos e

votados individualmente na Comissão. Quando todas as partes estão votadas nas

subcomissões, é elaborado um Relatório Geral o qual é votado pela Comissão Mista.

APRECIAÇÃO – NORMAS

EMENDAS: São apresentadas na CMO, que sobre elas emite parecer, sujeito ao

Plenário.

As emendas à LOA devem:

a) ser compatíveis com a LDO e PPA;

b) indicar os recursos necessários, somente de anulação de despesas;

c) não podem anular despesas de pessoal e encargos, serviços da dívida e

transferências tributárias constitucionais aos Estados, DF e Municípios;

d) podem corrigir erros técnicos ou legais;

e) podem ser “emendas de redação”.

Emenda de redação é aquela que apenas clarifica ou melhora a redação, sem alterar

seu conteúdo ou valores.

As emendas ao projeto de lei de diretrizes orçamentárias não poderão ser aprovadas

quando incompatíveis com o plano plurianual.

Não será admitido aumento da despesa prevista nos projetos de iniciativa exclusiva do

Presidente da República, ressalvado os projetos da LOA e LDO (desde que

respeitadas às regras anteriores).

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Aulas 01 a 30

MENSAGEM MODIFICATIVA: O Presidente da República poderá enviar mensagem

ao Congresso Nacional para propor modificação nos projetos a que se refere este

artigo enquanto não iniciada a votação, na Comissão mista, da parte cuja alteração é

proposta.

REJEIÇÃO DO PROJETO DE LEI: O projeto de Lei da LOA pode ser rejeitado pelo

Congresso. Neste caso, se a rejeição for parcial, o Congresso elabora lei de créditos

suplementares para o uso dos recursos restantes. Se a rejeição for total, será uma lei

de créditos especiais. Contudo, não é possível a rejeição do projeto da LDO, porque a

Constituição determina que a sessão legislativa não é interrompida até sua aprovação.

Alguns autores estendem, por analogia, tal entendimento ao PPA.

VOTAÇÃO E DEVOLUÇÃO AO PRESIDENTE

O projeto é votado em sessão conjunta do Congresso (deputados e senadores). A

seguir, é devolvido ao Presidente, que pode sancioná-lo ou vetá-lo.

Sanção é a aquiescência do Presidente ao projeto devolvido do Congresso. Se o fizer,

deve promulgá-lo e publicá-lo. Prazo: 15 dias. Se sancionar, tem 48 horas para

promulgar.

Veto é a não aquiescência (total ou parcial) ao projeto. Havendo o veto, o projeto volta

ao Congresso para votar o veto, podendo este derrubá-lo.

Resolução de questões

Em relação aos procedimentos no processo orçamentário, no nível federal, julgue os

itens a seguir.

a) Cada um dos três Poderes é responsável pela elaboração da proposta orçamentária

a ser encaminhada ao Congresso Nacional.

b) A Lei de Diretrizes Orçamentárias deve ser elaborada em conjunto com a Lei

orçamentária Anual, de forma a orientar a execução das despesas relativas ao

exercício financeiro seguinte.

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Aulas 01 a 30

c) O projeto de Lei Orçamentária Anual deve ser enviado ao Congresso Nacional até

três meses antes do início do exercício financeiro seguinte.

d) O Presidente da República poderá encaminhar mensagem retificativa à proposta

orçamentária, desde que não tenha sido iniciada a votação da parte cuja alteração

esteja sendo proposta na comissão mista de deputados e senadores, responsáveis

pela redação final do projeto.

e) A discussão e a votação da proposta orçamentária acontecerão em sessão conjunta

das duas Casas do Congresso Nacional.

São corretas as assertivas “D" e "E".

Dicas de estudo

Consulte, sobre esta matéria, a Constituição em seus artigos 57, §2º, 58, 63-I; 66, 165

e 166. Consulte também as boas obras doutrinárias sobre Administração Financeira e

Orçamentária ou Direito Financeiro.

A maioria das questões de concursos costumam abordar as normas da Constituição.

Mas em certos concursos, como por exemplo para os Tribunais de Contas, é comum

questões abordando normas mais específicas, como as Portarias da Secretaria de

Orçamento Federal, ou da Secretaria do Tesouro Nacional. Por isso, recomendo que

você: a) consulte as referências a legislação específica, contidas no Edital de sua

prova; b) pesquise no site do órgão ao qual pertence o concurso, referências a

Portarias ou outras normas que se refiram ao processo legislativo orçamentário e dê

uma lida antes da prova.

Outra fonte importante para entender melhor o Processo legislativo orçamentário e o

Ciclo Orçamentário está no site do Senado Federal, em www.senado.gov.br. Lá,

procure o setor referente à Orçamento.

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Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal

Aulas 01 a 30

4. PLANO PLURIANUAL (PPA)

O sistema orçamentário no Brasil é composto por um conjunto de leis, que funcionam

em sinergia, cada qual com sua função. Este sistema é composto pelas leis do Plano

Plurianual, Lei de Diretrizes Orçamentárias e Leis Orçamentárias Anuais. Passaremos

a analisar, daqui em diante, cada uma delas.

Conceito de Plano Plurianual (PPA): A Constituição estabelece, sobre o PPA, o

seguinte:

“... A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma regionalizada, as

diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal para as despesas de

capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração

continuada...".

Vejamos os detalhes deste conceito:

Forma Regionalizada: para a União, divide-se em regiões Norte, Nordeste,

Centro-Oeste, Sul e Sudeste.

Diretrizes: orientações gerais e critérios de ação.

Objetivos: Discriminação de resultados. Ex.: elevar o nível educacional e

combater o analfabetismo.

Metas: Quantificação dos objetivos. Ex.: contratar 300 professores; construir

300 escolas.

Despesas de Capital: Conjunto de despesas destinadas a acumular bens ou

patrimônio (ex.: construções, compra de imóveis, compra de capital social em

empresas).

Despesas Correntes: Despesas destinadas à manutenção das atividades

estatais (pessoal, material de consumo etc.) neste caso decorrentes das

despesas de capital.

Programas: Conjunto de ações com objetivo comum e individualizado. Ex.:

Programa de Aceleração do Crescimento (PAC);

Duração Continuada: Programas cuja execução ultrapassa um exercício

financeiro.

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Vigência do PPA:

O PPA vigorará por 4 anos, iniciando em 1.º de janeiro do segundo ano de mandato

do Chefe do Poder Executivo (Presidente, Governador ou Prefeito, conforme o caso).

A vigência terminará em 31/12 do 1.º ano de mandato do Chefe do Poder Executivo

seguinte.

Assim, por exemplo, supondo que o mandato do Prefeito de uma dada cidade se

iniciou em 2013, este novo Prefeito governará em 2013 ainda de acordo com o PPA

de seu antecessor, e deverá (ao mesmo tempo) encaminhar o seu próprio projeto de

Lei de PPA, para ser aprovado e vigorar a partir de 1/1/2014, pelos quatro anos

seguintes. Note-se, entretanto, que o mandato deste prefeito, que se iniciou em 2013,

dura 4 anos, e terminará um ano antes do término da vigência do PPA 2014-2017. E

assim sucessivamente.

Disposições constitucionais sobre o PPA: A Constituição fala, em diversas

passagens, sobre o PPA:

CF/1988, art. 165, §§4º: Os planos e programas nacionais, regionais e setoriais

previstos nesta Constituição serão elaborados em consonância com o plano plurianual

e apreciados pelo Congresso Nacional.

CF/1988, art. 165, §7º: Os orçamentos Fiscal e de Investimentos, compatibilizados

com o plano plurianual, terão entre suas funções a de reduzir desigualdades inter-

regionais, segundo critério populacional.

CF/1988, art. 165, §9º, I: Cabe à lei complementar dispor sobre a elaboração do plano

plurianual.

CF/1988, art. 166, §3º, I: As emendas à LOA e à LDO somente podem ser aprovadas

quando sejam compatíveis com o plano plurianual;

167, §1º: Nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exercício financeiro

poderá ser iniciado sem prévia inclusão no plano plurianual, ou sem lei que autorize a

inclusão, sob pena de crime de responsabilidade.

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74, I: O cumprimento das metas do PPA será avaliado pelo controle interno integrado

(CGU).

Resolução de questões

Acerca do Plano Plurianual, é correto afirmar tratar-se de uma lei de periodicidade:

a) quadrienal, sendo suas macro-orientações de caráter indicativo para o setor público

e mandatório para o setor privado.

b) anual, sendo suas macro-orientações de caráter indicativo para os setores público e

privado.

c) quadrienal, sendo suas macro-orientações de caráter indicativo para os setores

público e privado.

d) anual, sendo suas macro-orientações de caráter mandatório para o setor público e

indicativo para o setor privado.

e) quadrienal, sendo suas macro-orientações de caráter mandatório para o setor

público e indicativo para o setor privado.

A resposta correta é a letra "E"

Dicas de estudo

Dispõem também sobre o Plano Plurianual, além da Constituição, o Decreto-Lei

200/1967, artigos 7º, 15 e 16. É muito útil também, após ler os textos legais, examinar

as leis do PPA já editadas, as quais podem ser examinadas no site do Senado

(www.senado.gov.br). Por exemplo, a lei do PPA em vigor entre 2008 e 2011 é a lei

11653. O exame da lei em si permite compreender, na prática, as previsões da

Constituição e demais normas que descrevem o PPA.

Para maiores detalhes, também é possível consultar o Decreto Federal 2829/1998.

As questões de concursos, sobre o Plano Plurianual, costumam pedir as normas da

Constituição. Algumas, entretanto, misturam o tema com o conceito e características

do orçamento programa, pois o PPA é na verdade um exemplo vivo desta forma de

orçamento.

Não esqueça que existe PPA tanto na União, como nos Estados membros, DF e

Municípios.

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5. LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS (LDO)

Conceito de LDO:

No Brasil, a Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO tem como a principal finalidade

orientar a elaboração dos orçamentos fiscais e da seguridade social e de investimento

do Poder Público, incluindo os poderes Executivo, Legislativo, Judiciário e as

empresas públicas e autarquias. Busca sintonizar a Lei Orçamentária Anual – LOA

com as diretrizes, objetivos e metas da administração pública, estabelecidas no Plano

Plurianual.

Funções da LDO, segundo a Constituição:

Orienta a elaboração da LOA;

Dispõe sobre as metas e prioridades da Administração para o exercício

subsequente;

Dispõe sobre as despesas de capital para o exercício subsequente;

Dispõe sobre alterações na legislação tributária;

Estabelece a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento.

Autoriza aumentos de despesas com pessoal.

Funções da LDO, segundo a Lei de Responsabilidade Fiscal:

Segundo a LRF, a LDO ainda disporá, sem prejuízo das funções a ela atribuídas pela

Constituição, ao seguinte:

Equilíbrio entre receitas e despesas;

Critérios e forma de limitação de empenho por ato próprio dos Poderes e do Ministério

Público, a ser efetivada quando verificada, ao final de um bimestre, que a realização

da receita poderá não comportar o cumprimento das metas de resultado primário ou

nominal estabelecidas no Anexo de Metas Fiscais, bem como nos casos em que for

necessária a recondução da dívida consolidada aos limites estabelecidos.

Normas relativas ao controle de custos e à avaliação dos resultados dos programas

financiados com recursos dos orçamentos.

Demais condições e exigências para a transferência de recursos a entidades públicas

e privadas.

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Normas para assegurar a integral conclusão e satisfação dos projetos em andamento,

como condição de início para novos projetos.

Resolução de Questões

A publicação da Lei Complementar n. 101/2000, denominada Lei de Responsabilidade

Fiscal (LRF), contribuiu para maior controle, organização e transparência do

orçamento. Com a LRF, a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) tornou-se o

instrumento mais importante para a obtenção do equilíbrio permanente nas contas

públicas. Identifique a opção incorreta no tocante às exigências que a LRF trouxe em

relação à LDO.

a) Estabelecer limitações à redução das despesas obrigatórias de caráter continuado.

b) Dispor sobre o controle de custos e avaliação dos resultados dos programas

financiados pelo orçamento.

c) Disciplinar as transferências de recursos a entidades públicas e privadas.

d) Estabelecer critérios e formas de limitação de empenho, na ocorrência de

arrecadação da receita inferior ao esperado, de modo a não comprometer as metas de

resultado primário e nominal, previstas para o exercício.

e) Quantificar o resultado primário a ser obtido com vistas à redução do montante da

dívida e das despesas com juros.

A resposta correta é a letra "A”

Dicas de estudo

Você pode aprender mais sobre LDO lendo a Constituição, art. 165, II; 169, §1º e II e

também a LRF, art.. 4º e 45.

Ajuda bastante também, examinar, ainda que apenas os principais artigos e capítulos,

as leis de diretrizes orçamentárias da União, e verificar como é estruturada e os tipos

de dispositivos que contém. As LDOs da União podem ser localizadas no setor de

Orçamento, junto ao site do Senado (www.senado.gov.br). Assim fica mais fácil

entender as funções da LDO e o tipo de disposição a que se refere a Constituição e a

LRF.

Dentre as leis orçamentárias, a que mais é pedida em concursos públicos é a LDO. A

maioria das questões compara as funções da LDO com as demais leis orçamentárias.

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Lembre-se, a função da LDO é servir de ligação entre o PPA e a LOA, e de servir

como orientação para a elaboração e execução da LOA.

Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) – Limitação de empenhos e outros

detalhes sobre as funções da LDO

Uma das funções delegadas pela LRF a LDO consiste em que esta lei orçamentária e

estabelece:

Critérios e forma de limitação de empenho por ato próprio dos Poderes e do Ministério

Público, a ser efetivada quando verificada, ao final de um bimestre, que a realização

da receita poderá não comportar o cumprimento das metas de resultado primário ou

nominal estabelecidas no Anexo de Metas Fiscais, bem como nos casos em que for

necessária a recondução da dívida consolidada aos limites estabelecidos. (LRF, art.

4º).

Mas afinal, o que é limitação de empenhos?

O que é empenho?

O empenho de despesa é o ato emanado de autoridade competente que cria para o

Estado obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condição.

O empenho da despesa não poderá exceder o limite dos créditos concedidos.

É vedada a realização de despesa sem prévio empenho.

Como se faz a limitação de empenhos?

Se verificado, ao final de um bimestre, que a realização da receita poderá não

comportar o cumprimento das metas de resultado primário ou nominal estabelecidas

no Anexo de Metas Fiscais, os Poderes e o Ministério Público promoverão, por ato

próprio e nos montantes necessários, nos trinta dias subsequentes, limitação de

empenho e movimentação financeira, segundo os critérios fixados pela lei de diretrizes

orçamentárias.

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No caso de restabelecimento da receita prevista, ainda que parcial, a recomposição

das dotações cujos empenhos foram limitados dar-se-á de forma proporcional às

reduções efetivadas.

Não serão objeto de limitação as despesas que constituam obrigações constitucionais

e legais do ente, inclusive aquelas destinadas ao pagamento do serviço da dívida, e as

ressalvadas pela lei de diretrizes orçamentárias.

Limitação de empenhos nos demais poderes e MPU

No caso de os Poderes Legislativo e Judiciário e o Ministério Público não promoverem

a limitação no prazo estabelecido no caput, é o Poder Executivo autorizado a limitar os

valores financeiros segundo os critérios fixados pela lei de diretrizes orçamentárias.

Contudo, o STF, através da ADI-MC 2238-5/2001 suspendeu esta disposição, por

entender que representaria hipótese de interferência indevida do Poder Executivo nos

demais Poderes e no Ministério Público.

Como a LDO dispõe sobre alterações na Legislação Tributária

Há diferenças entre dispor sobre alterações na legislação tributária e instituir tributos.

A LDO não institui tributos, ou seja, não pode prever fato gerador, base de cálculo,

alíquotas, contribuintes, etc., pois tal tarefa deve ser realizada por lei externa ao

orçamento, em respeito ao princípio da exclusividade.

O que a LDO dispõe é diferente: ela estabelece como as leis tributárias serão

realizadas, como por exemplo, até qual limite o Estado poderá renunciar a receitas

tributárias, através de leis tributárias.

Exemplo de disposição da LDO sobre alterações na legislação tributária:

Somente será aprovado o projeto de lei ou editada a medida provisória que institua ou

altere tributo quando acompanhado da correspondente demonstração da estimativa do

impacto na arrecadação, devidamente justificada. (Lei 12465/2011, LDO 2012, artigo

89).

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Aulas 01 a 30

Como a LDO autoriza aumento de despesas com pessoal?

Não cabe à LDO aumentar as despesas, ou mesmo fixar vencimentos de servidores,

por exemplo. Tal tarefa também deve ser desempenhada por lei própria, fora do

orçamento, em respeito ao princípio da exclusividade.

O que a LDO faz é: estabelecer metas e limites para estes aumentos; prever

formalidades e processos que devem ser observados para proceder ao aumento. Por

exemplo, vejamos como uma LDO dispôs sobre esta matéria:

Art. 78. Para fins de atendimento ao disposto no art. 169, § 1º, inciso II, da

Constituição, observado o inciso I do mesmo parágrafo, ficam autorizadas as

despesas com pessoal relativas à concessão de quaisquer vantagens, aumentos de

remuneração, criação de cargos, empregos e funções, alterações de estrutura de

carreiras, bem como admissões ou contratações a qualquer título, até o montante das

quantidades e limites orçamentários constantes de Anexo discriminativo específico da

Lei Orçamentária de 2012, cujos valores deverão constar da programação

orçamentária e ser compatíveis com os limites da LRF. (Lei 12465/2011, LDO 2012,

artigo 78).

O mesmo artigo, em seus parágrafos, especifica o que deve conter o anexo referido e

a forma de fazê-lo. É este tipo de disposição, por exemplo, que a LDO deve conter.

Resolução de Questões

A lei de diretrizes orçamentárias (LDO), instituída pela Constituição de 1988, é o

instrumento norteador da Lei Orçamentária Anual (LOA). A lei de Responsabilidade

Fiscal (LRF) de 4 de maio de 2000 atribuiu à LDO a responsabilidade de tratar

também de outras matérias. Indique qual opção não representou uma

responsabilidade adicional às criadas pela LRF.

a) A avaliação de riscos fiscais.

b) A fixação de critérios para a limitação de empenho e movimentação financeira.

c) A publicação da avaliação financeira e atuarial dos regimes geral e previdência

social e próprio dos servidores civis e militares.

d) O estabelecimento de prioridades e metas da Administração Pública Federal.

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e) O estabelecimento de metas fiscais.

A resposta correta é a letra "D"

Dicas de estudo

Para saber mais sobre os temas que tratamos você poderá ler a LRF, art. 9º e a Lei

4320, art. 58 a 60. Também, para entender as despesas com pessoal, poderá ler o

artigo 169 da Constituição.

Os temas relativos à despesa com pessoal e limitação de empenhos pode também ser

estudados em livros que tratem de despesa pública, como o livro de SERGIO JUND,

DIREITO FINANCEIRO E ORÇAMENTO PÚBLICO, ed. Campus.

Com relação à hipótese da norma da LRF que estabelece ao Poder Executivo o poder

de limitar empenhos de outros poderes e do MPU, temos um dilema: a LRF diz que o

Poder Executivo deve limitar os empenhos dos demais Poderes e órgãos, quando

estes não o fizerem; já o STF suspendeu este parágrafo da LRF, por entendê-lo como

inconstitucional. E agora? Como responder isso na prova?

A sugestão, amparada na observação das provas anteriores é a seguinte: examine a

proposta (ou o "caput") da questão. Se a questão diz, por exemplo: "...de acordo com

a jurisprudência dominante em nossos tribunais" ou "...segundo o STF..." ou seja, se a

questão, de alguma forma, sugere que quer a resposta conforme o ENTENDIMENTO

DO PODER JUDICIÁRIO, responda conforme o que decidiu o STF, ou seja, que o

Executivo não pode limitar os empenhos dos demais poderes, mas apenas os seus

próprios.

O mais comum, todavia, tem sido questões que não se referem ao posicionamento

dos tribunais. Neste caso, responda conforme o texto literal da LRF, ou seja, que o

Poder Executivo pode limitar os empenhos dos demais Poderes e órgãos.

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Lei De Diretrizes Orçamentárias (LDO) – Anexos e Mensagem

Anexo de Metas Fiscais

Integrará o projeto de lei de diretrizes orçamentárias Anexo de Metas Fiscais, em que

serão estabelecidas metas anuais, em valores correntes e constantes, relativas a

receitas, despesas, resultados nominal e primário e montante da dívida pública, para o

exercício a que se referirem e para os dois seguintes.

O Anexo conterá, ainda:

I - avaliação do cumprimento das metas relativas ao ano anterior;

II - demonstrativo das metas anuais, instruído com memória e metodologia de

cálculo que justifiquem os resultados pretendidos, comparando-as com as

fixadas nos três exercícios anteriores, e evidenciando a consistência delas com

as premissas e os objetivos da política econômica nacional;

III - evolução do patrimônio líquido, também nos últimos três exercícios,

destacando a origem e a aplicação dos recursos obtidos com a alienação de

ativos;

IV - avaliação da situação financeira e atuarial:

a) dos regimes geral de previdência social e próprio dos servidores

públicos e do Fundo de Amparo ao Trabalhador;

b) dos demais fundos públicos e programas estatais de natureza

atuarial;

V - demonstrativo da estimativa e compensação da renúncia de receita e da

margem de expansão das despesas obrigatórias de caráter continuado.

Anexo de Riscos Fiscais

A lei de diretrizes orçamentárias conterá Anexo de Riscos Fiscais, onde serão

avaliados os passivos contingentes e outros riscos capazes de afetar as contas

públicas, informando as providências a serem tomadas, caso se concretizem.

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Aulas 01 a 30

Exercício para fins de reforçar e aclarar os exemplos:

Assinale, a seguir, a opção correta em relação aos Riscos Fiscais:

a) Os Riscos Fiscais são todas as ocorrências que impactam as contas públicas.

b) Os precatórios são um tipo de Riscos Fiscais.

c) A reserva de contingência é a única forma de cobertura dos Riscos Fiscais.

d) Os Riscos Fiscais são classificados em Riscos Orçamentários e Riscos da Dívida.

e) A restituição de receitas tributárias em valores superiores aos previstos no

orçamento não constitui Riscos Fiscais por se tratar de recursos dos contribuintes.

A resposta correta é a letra "D"

Anexo à Mensagem

A mensagem que encaminhar o projeto da União apresentará, em anexo específico,

os objetivos das políticas monetária, creditícia e cambial, bem como os parâmetros e

as projeções para seus principais agregados e variáveis, e ainda as metas de inflação,

para o exercício subsequente.

Resolução de Questões

O Anexo de Riscos Fiscais, previstos na Lei Complementar 101/2000 – LRF:

a) é elaborado após aprovação do projeto de lei orçamentária.

b) é o instrumento onde serão avaliados os passivos contingentes.

c) é elaborado quadrimestralmente acompanhando o Relatório da Gestão Fiscal.

d) deve integrar o Plano Plurianual.

e) é elaborado quando a tendência de arrecadação comprovar-se inferior ao

orçamento total da receita.

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A resposta correta é a letra "B"

Dicas de estudo

Para saber mais sobre este assunto, leia a LRF, artigo 4º, §§1º ao 4º. Também ajuda

uma análise superficial, apenas para esclarecer os exemplos, nos anexos contidos nas

LDOs já publicadas, as quais podem ser encontradas no site do SENADO

(www.senado.gov.br), no setor correspondente da ORÇAMENTO PÚBLICO.

Há muitas questões em concursos que pedem sobre os anexos da LDO. Quase

sempre, as assertivas referentes aos anexos vêm misturadas com perguntas sobre as

funções da LDO, tanto segundo a disposição da Constituição, como a LDO.

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6. LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL (LOA)

O que é Lei Orçamentária Anual?

É uma lei ordinária, de iniciativa exclusiva do Presidente da República, que conterá a

previsão da receita e à fixação da despesa, bem como a autorização para abertura de

créditos suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que por

antecipação de receita.

O que contém a Lei Orçamentária Anual da União?

A lei orçamentária anual compreenderá:

I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e

entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas

pelo Poder Público;

II - o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou

indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto;

III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela

vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações

instituídos e mantidos pelo Poder Público.

Normas constitucionais sobre a LOA:

O projeto de lei orçamentária será acompanhado de demonstrativo regionalizado do

efeito, sobre as receitas e despesas, decorrente de isenções, anistias, remissões,

subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia.

O projeto será acompanhado, além deste demonstrativo, de medidas de compensação

a renúncias de receita e ao aumento de despesas obrigatórias de caráter continuado;

(LRF, art. 5º, II)

Os orçamentos Fiscal e de Investimentos compatibilizados com o plano plurianual,

terão entre suas funções a de reduzir desigualdades inter-regionais, segundo critério

populacional.

Cabe à lei complementar dispor sobre a elaboração e organização da lei orçamentária

anual. O orçamento em si, contudo, é uma lei ordinária.

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Conteúdo da proposta (Lei 4320/1964, art. 22)

Mensagem

Projeto de lei de orçamento

Tabelas explicativas (anexos)

Especificação de programas especiais de trabalho

Mensagem

Conterá: exposição circunstanciada da situação econômico-financeira, documentada

com demonstração da dívida fundada e flutuante, saldos de créditos especiais, restos

a pagar e outros compromissos financeiros exigíveis; exposição e justificação da

política econômico-financeira do Governo; justificação da receita e despesa,

particularmente no tocante ao orçamento de capital;

Tabelas explicativas, das quais, além das estimativas de receita e despesa,

constarão, em colunas distintas e para fins de comparação:

a) A receita arrecadada nos três últimos exercícios anteriores àquele em que se

elaborou a proposta;

b) A receita prevista para o exercício em que se elabora a proposta;

c) A receita prevista para o exercício a que se refere a proposta;

d) A despesa realizada no exercício imediatamente anterior;

e) A despesa fixada para o exercício em que se elabora a proposta; e

f) A despesa prevista para o exercício a que se refere a proposta.

IV - Especificação dos programas especiais de trabalho custeados por dotações

globais, em termos de metas visadas, decompostas em estimativa do custo das obras

a realizar e dos serviços a prestar, acompanhadas de justificação econômica,

financeira, social e administrativa.

§ 1° Integrarão a Lei de Orçamento:

I - Sumário geral da receita por fontes e da despesa por funções do Govêrno;

II - Quadro demonstrativo da Receita e Despesa segundo as Categorias Econômicas,

na forma do Anexo nº. 1;

III - Quadro discriminativo da receita por fontes e respectiva legislação;

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IV - Quadro das dotações por órgãos do Govêrno e da Administração.

§ 2º Acompanharão a Lei de Orçamento:

I - Quadros demonstrativos da receita e planos de aplicação dos fundos especiais;

II - Quadros demonstrativos da despesa, na forma dos Anexos ns. 6 a 9;

III - Quadro demonstrativo do programa anual de trabalho do Govêrno, em têrmos de

realização de obras e de prestação de serviços.

Lei 4320/1964, art. 2º

Resolução de Questões

A Constituição de 1988, em seu artigo 165, §5º, determina que a lei orçamentária

anual compreenderá os orçamentos fiscal, da seguridade social e o de investimento

das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital

social com direito a voto. Integram o orçamento fiscal:

a) as empresas que recebem recursos apenas sob a forma de participação societária;

b) os conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas;

c) as empresas que recebem recursos apenas sob a forma de pagamento de

empréstimos e financiamentos concedidos;

d) as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público;

e) as empresas que recebem recursos apenas sob a forma de pagamento pelo

fornecimento de bens e pela prestação de serviços.

A resposta correta é a letra D

No tocante à Lei Orçamentária Anual:

a) deverá ser elaborada de forma compatível com a PPA, não necessitando estar de

acordo com a LDO.

b) conterá obrigatoriamente demonstrativo de compatibilidade dos programas de

trabalhos constantes dos orçamentos com as metas fiscais previstas na LDO;

c) conterá reserva de contingência com base nas receitas correntes e transferências

recebidas;

d) não há vedação para consignação de créditos da lei orçamentária com finalidade

imprecisa;

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e) a lei orçamentária não consignará a dotação para investimento com duração

superior a um exercício financeiro.

A resposta correta é a letra B

Dicas de estudo

Você pode saber mais sobre LOA lendo a Constituição, nos artigos 165, I a III; LRF,

art. 5º; Lei 4320/1964, art. 2º, 22.

A estrutura da LOA Federal é dada pela Constituição. Já a estrutura das leis

orçamentárias anuais nos Estados, DF e Municípios são definidas pelas respectivas

Constituições Estaduais e Leis Orgânicas, mas a divisão em três partes é adotada

praticamente de forma universal.

Sobre o Orçamento das Empresas Estatais, a que se refere a Constituição, artigo 165,

II, importante lembrar que: a) não incluirá despesas correntes destas empresas, mas

apenas despesas de capital, já que é orçamento de investimentos; b) os programas e

dotações já previstos no orçamento fiscal ou de seguridade não serão repetidos ou

duplicados no orçamento de investimentos.

Sobre a Lei de Responsabilidade Fiscal, indicamos a obra COMENTÁRIOS À LRF,

Organizadores Ives Gandra Martins e Carlos Valder do Nascimento (Saraiva).

Vigência da LOA

A lei orçamentária anual possui vigência anual, durante o exercício financeiro.

Exercício financeiro coincidirá com o ano civil, ou seja, vai de 1º de janeiro a 31 de

dezembro de cada ano.

Vedações constitucionais pertinentes à LOA

São vedados, segundo a Constituição:

I - o início de programas ou projetos não incluídos na lei orçamentária anual;

II - a realização de despesas ou a assunção de obrigações diretas que excedam os

créditos orçamentários ou adicionais;

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III - a realização de operações de créditos que excedam o montante das despesas de

capital, ressalvadas as autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com

finalidade precisa, aprovados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta; (REGRA DE

OURO)

IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, salvo exceções

(ver tabela)

V - a abertura de crédito suplementar ou especial sem prévia autorização legislativa e

sem indicação dos recursos correspondentes;

VI - a transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma categoria

de programação para outra ou de um órgão para outro, sem prévia autorização

legislativa;

VII - a concessão ou utilização de créditos ilimitados;

VIII - a utilização, sem autorização legislativa específica, de recursos dos orçamentos

fiscal e da seguridade social para suprir necessidade ou cobrir déficit de empresas,

fundações e fundos, inclusive dos mencionados no art. 165, § 5º;

IX - a instituição de fundos de qualquer natureza, sem prévia autorização legislativa.

X - a transferência voluntária de recursos e a concessão de empréstimos, inclusive por

antecipação de receita, pelos Governos Federal e Estaduais e suas instituições

financeiras, para pagamento de despesas com pessoal ativo, inativo e pensionista,

dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

XI - a utilização dos recursos provenientes das contribuições sociais para a

Previdência Social, para a realização de despesas distintas do pagamento de

benefícios do regime geral de Previdência Social (RGPS).

A LOA na LRF

O projeto de lei orçamentária anual deve ser elaborado de forma compatível com o

PPA, LDO e LRF.

O projeto conterá, em anexo, demonstrativo da compatibilidade da programação dos

orçamentos com os objetivos e metas constantes do Anexo de Metas Fiscais da LDO.

Conterá reserva de contingência, cuja forma de utilização e montante, definido com

base na receita corrente líquida, serão estabelecidos na lei de diretrizes

orçamentárias, destinada ao atendimento de passivos contingentes e outros riscos e

eventos fiscais imprevistos.

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A LOA deve incluir, segundo a LRF:

Todas as despesas relativas à dívida pública, mobiliária ou contratual, e as receitas

que as atenderão.

Anexo em separado sobre o refinanciamento da dívida pública.

As despesas do Banco Central do Brasil relativas a pessoal e encargos sociais,

custeio administrativo, inclusive os destinados a benefícios e assistência aos

servidores, e a investimentos.

Resolução de Questões

Haja vista a Lei de Responsabilidade Fiscal, o projeto de lei orçamentária, além da

compatibilidade com o plano plurianual e a lei de diretrizes orçamentárias, deverá

obedecer a diversas diretrizes, entre as quais não se inclui:

a) demonstração da compatibilidade da programação orçamentária com o anexo das

metas fiscais da lei de diretrizes orçamentárias.

b) vedação à inclusão de dotações para investimento com duração superior a um

exercício financeiro previsto no plano plurianual.

c) inclusão de reserva destinada ao atendimento de passivos contingentes.

d) apresentação de medidas de compensação às renúncias de receitas previstas no

demonstrativo de benefícios tributários, financeiros e creditícios.

e) inclusão das despesas com a manutenção do Banco Central.

A resposta é a letra B

As normas relativas à LOA estabelecidas pela Lei de Responsabilidade Fiscal incluem

a:

a) obrigatoriedade de constituição de reserva de contingência, que se limitará ao

percentual de créditos extraordinários abertos no exercício anterior.

b) integração às despesas da União e inclusão na LOA das despesas de custeio

administrativo do Banco Central.

c) especificação, em decretos do Poder Executivo dos créditos consignados com

finalidade genérica.

d) inclusão destacada das dotações para investimentos com dois exercícios de

duração, não constantes do PPA.

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A resposta é a letra B

Dicas de estudo

CF/1988, art. 167; 195, I, “a”; II e 201. LRF, art. 5º, I a III.

Para visualizar a LOA em detalhes, você pode consultá-la no site do Senado

(www.senado.gov.br) em Legislação orçamentária - Lei Orçamentária Anual.

Um livro que descreve a LOA de forma bastante didática é DIREITO FINANCEIRO e

ORÇAMENTO PÚBLICO, de Sergio Jund (Campus).

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7. CRÉDITOS ADICIONAIS E ASSUNTOS AFINS

Conceito de Créditos Adicionais

Os créditos adicionais são utilizados como mecanismo de retificação do orçamento,

consistindo em “autorizações de despesas não computadas ou insuficientemente

dotadas na lei de orçamento”.

Classificação

Créditos Suplementares: Reforçam os créditos orçamentários que, durante a

execução do orçamento, se mostraram insuficientes. Corrigem erros de

orçamentação.

Créditos Especiais: Incluem créditos orçamentários novos, não previstos

originalmente no orçamento. Corrigem erros de planejamento ou adaptam a

mudanças durante a execução.

Créditos Extraordinários: Incluem créditos novos, destinados a atender

despesas imprevisíveis e urgentes, provocadas por guerras, calamidade

pública ou comoção interna.

Autorização legislativa e forma de abertura

1) Créditos Suplementares: Necessita de prévia autorização em Lei, especial ou na

própria lei orçamentária. Uma vez autorizado, o crédito é aberto por decreto executivo.

2) Créditos Especiais: Necessita de prévia autorização em Lei especial. Abertura por

decreto executivo.

3) Créditos Extraordinários: Não precisa de prévia aprovação legislativa. Pode ser

aberto por decreto executivo ou medida provisória.

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Indicação de recursos:

O ato que abrir crédito adicional deve indicar a importância, a espécie e a classificação

da despesa. Os créditos suplementares e especiais dependem da existência de

recursos disponíveis e serão precedidos de exposição justificativa, sendo dispensados

disso os créditos extraordinários.

Os recursos que podem ser indicados:

1) Superávit financeiro apurado em balanço patrimonial do exercício anterior;

2) Excesso de arrecadação;

3) Anulação parcial ou total de dotações orçamentárias ou de créditos adicionais;

4) Operações de crédito;

5) Reserva de Contingência;

6) Recursos restantes de veto, emenda ou rejeição do projeto de Lei Orçamentária

Anual (que ficarem sem despesas correspondentes).

Resolução de Questões

A propósito dos créditos adicionais, julgue os itens abaixo.

a) Sua existência deveria ser de caráter meramente excepcional, haja vista o processo

integrado de planejamento e orçamento.

b) São também denominados créditos suplementares e classificam-se em especiais e

extraordinários.

c) Créditos especiais são aqueles destinados a despesas urgentes e imprevistas, em

caso de guerra, comoções intestinas ou calamidade pública, para as quais não haja

dotação orçamentária sequer na reserva de contingência.

d) Créditos extraordinários são aqueles destinados ao reforço de dotações

orçamentárias.

e) Os créditos adicionais terão vigência no exercício financeiro em que forem

autorizados, salvo quando a autorização for promulgada nos quatro últimos meses

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daquele exercício, caso em que poderão ser reabertos, até o limite de seus saldos,

para incorporação ao orçamento do exercício financeiro subseqüente.

Resposta: V, F, F, F, F

Assinale a assertiva correta.

a) Créditos adicionais suplementares são aqueles previstos na Lei orçamentária e

utilizados para despesas urgentes e imprevistas.

b) Independe de prévia autorização legislativa a abertura de créditos adicionais

suplementares ou especiais, porque destinam-se a despesas não previstas na lei

orçamentária.

c) A abertura de créditos adicionais extraordinários destina-se, dentre outros, aos

casos de calamidade pública.

d) É do Poder Legislativo a iniciativa do projeto de lei que estabelece o orçamento

anual.

e) Os créditos adicionais suplementares ou especiais podem ser abertos

independentemente de prévia autorização legislativa e sem indicação dos recursos

correspondentes.

A resposta certa é a letra C

Dicas de estudo

CF/1988, art. 62 e 166, caput; 167, §3º - Lei 4320/1964, art. 40 a 46.

É recomendável também a consulta a obra A LEI 4320 COMENTADA, de J. Teixeira

Machado Jr e Heraldo da Costa Reis (IBAM), no trecho onde comenta os artigos 40 a

46.

A iniciativa do projeto de lei de créditos adicionais, bem como o processo legislativo,

segue as mesmas regras das demais leis orçamentárias. Digno de nota que os

projetos também são de iniciativa privativa do Chefe do Poder Executivo, e o fato das

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emendas e análise também ser elaborada no âmbito da Comissão Mista de

Orçamento.

Vigência e possibilidade de prorrogação dos Créditos Adicionais

1) Créditos suplementares: Vigoram restritamente no exercícios em que foram abertos,

não podendo ser prorrogados.

2) Créditos especiais: Vigoram no exercício em que foram abertos. Podem ser

prorrogados desde que: a) autorizados nos 4 meses finais de um exercício; b) se a lei

autorizativa assim o previr.

3) Créditos extraordinários: Vigoram no exercício em que foram abertos. Podem ser

prorrogados desde que: a) autorizados nos 4 meses finais de um exercício; b) se a lei

autorizativa (ou medida provisória) assim o previr.

Lei Complementar (Noções)

As leis complementares são leis destinadas a adensar ou complementar a

Constituição. Possuem a mesma iniciativa das Leis ordinárias, em regra, mas tratam

de matérias específicas, definidas expressamente pela Constituição. Outra diferença é

que as leis complementares são aprovadas por maioria absoluta de votos, enquanto

as leis ordinárias (em regra) são aprovadas por maioria simples.

Lei Complementar Financeira

A Constituição reservou algumas matérias que deveriam ser tratadas por leis

complementares nos artigos 163 e 165. É possível dizer então que a Constituição

previu a lei complementar financeira e, dentro deste gênero, as leis complementares

orçamentárias. A razão disso é a forma federativa do Estado brasileiro, e o fato do

Direito Financeiro e os Orçamentos Públicos serem matéria de competência

concorrente. Em temas onde há competência concorrente, cabe a União estabelecer

normas gerais. Contudo, nem sempre as normas gerais serão leis complementares.

No Direito Financeiro e Orçamentário, todavia, a Constituição previu expressamente a

forma de lei complementar.

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A lei 4320/1964, embora originalmente criada na forma de lei ordinária, foi

recepcionada pela Constituição com status de Lei Complementar, quando trata dos

temas previstos na Carta Magna a esta espécie legislativa.

A lei de Responsabilidade Fiscal, por sua vez, também é uma lei complementar, pois

dispõe sobre diversos assuntos previstos pela Constituição a esta espécie. Trata-se da

Lei Complementar 101/2000.

Lei Complementar Financeira. A Constituição estabelece, o artigo 163, que a Lei

complementar disporá sobre:

I - finanças públicas;

II - dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias, fundações e demais

entidades controladas pelo Poder Público;

III - concessão de garantias pelas entidades públicas;

IV - emissão e resgate de títulos da dívida pública;

V - fiscalização financeira da administração pública direta e indireta; (Redação dada

pela Emenda Constitucional nº 40, de 2003)

VI - operações de câmbio realizadas por órgãos e entidades da União, dos Estados,

do Distrito Federal e dos Municípios;

VII - compatibilização das funções das instituições oficiais de crédito da União,

resguardadas as características e condições operacionais plenas das voltadas ao

desenvolvimento regional.

Lei Complementar Orçamentária. A Constituição também dispõe sobre leis

complementares no artigo 165, §9º, dizendo que cabe à lei complementar:

I - dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a

organização do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e da lei

orçamentária anual;

II - estabelecer normas de gestão financeira e patrimonial da administração direta e

indireta bem como condições para a instituição e funcionamento de fundos.

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Resolução de Questões

Segundo a Constituição, cabe a lei complementar, em matéria Financeira e

Orçamentária, dispor sobre:

a) estabelecer limites conjuntos entre os Poderes, a condicionar a elaboração das

propostas orçamentárias do Ministério Público e do Poder Judiciário.

b) estabelecer metas para as despesas de capital e outras delas decorrentes.

c) alterações na legislação tributária e estabelecer política de aplicação das agências

financeiras oficiais de fomento.

d) compatibilização das funções das instituições oficiais de crédito da União,

resguardadas as características e condições operacionais plenas das voltadas ao

desenvolvimento regional.

e) prever receitas, fixar despesas, autorizar operações de crédito e a abertura de

créditos suplementares.

A resposta correta é a letra D

Dicas de Estudo

Para saber mais, leia a Constituição, artigos 24, I e II; §§1º a 4º; 163; 165, §9º; 167,

§3º; 62. Também a lei 4320/1964, sobre vigência dos créditos adicionais, nos artigos

40 a 46.

Sobre a lei complementar financeira e orçamentária, consulte a obra COMENTÁRIO

CONTEXTUAL À CONSTITUIÇÃO, de José Afonso da Silva (Malheiros).

Apesar da Constituição reservar vários assuntos, a maioria deles não são tratados por

leis complementares, pelo simples motivo de que até agora não foram publicadas. Na

falta da lei complementar, a matéria poderá ser regulamentada pela própria

Constituição, como acontece com os prazos do ciclo orçamentário (encaminhamento e

aprovação pelo legislativo das leis orçamentárias), como se dá no ADCT, art. 35, §2º.

Outro exemplo é a hipótese da Constituição, artigo 163, II que, à falta de lei

complementar, é regulamentada pela Lei 8388/1991.

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À falta de lei complementar federal regulando os assuntos de sua competência,

predomina o entendimento que os Estados podem legislar suplementarmente, para

atender suas peculiaridades, com fulcro na Constituição, art. 24.

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8. RECEITA PÚBLICA

Classificação das Receitas

Segundo a Natureza:

Orçamentárias: previstas no orçamento/pertencem ao Estado. Ex.: tributárias,

contribuições, patrimonial, agropecuária, industrial, operações de crédito, alienação de

bens, amortização de empréstimos concedidos e transferências correntes e de capital.

Extraorçamentárias: não previstas no orçamento/não pertencem ao Estado. Ex.:

cauções, fianças, depósitos, salários não reclamados, AROs, retenções (INSS, FGTS),

inscrições em restos a pagar, serviços da dívida a pagar.

Segundo a Regularidade:

Ordinárias: ingressos permanentes e estáveis. Ex.: impostos e taxas.

Extraordinárias: ingressos ocasionais/esporádicos. Ex.: imposto de guerra,

empréstimos compulsórios, heranças, doações.

Segundo a Coercitividade:

Originárias: provêm do próprio patrimônio/serviços; relações privadas e negociais (ius

gestionis). Ex.: foros, laudêmios, tarifas, preços públicos, aluguéis, direitos de uso.

Derivadas: provêm do patrimônio alheio; relações de supremacia do Estado (ius

imperii). Ex.: tributos, reparações de guerra, penalidades pecuniárias (multas),

Compensações financeiras (CF/88, art. 20) originária (STF RE 228800-5/DF).

Segundo o Critério Econômico

Lei 4320/64, artigo 11, parágrafo primeiro: Receitas Correntes: São Receitas

Correntes as receitas tributária, de contribuições, patrimonial, agropecuária,

industrial, de serviços e outras e, ainda, as provenientes de recursos

financeiros recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, quando

destinadas a atender despesas classificáveis em Despesas Correntes.

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Lei 4320/64, art. 11, §2.º. Receitas de Capital: São Receitas de Capital as

provenientes da realização de recursos financeiros oriundos de constituição de

dívidas; da conversão, em espécie, de bens e direitos; os recursos recebidos

de outras pessoas de direito público ou privado, destinados a atender despesas

classificáveis em Despesas de Capital e, ainda, o superávit do Orçamento

Corrente.

Limite para a alienação de Bens: Limite

(LC 101/2000, Art. 44) É vedada a aplicação de receita derivada da alienação

de bens e direitos que integram o patrimônio público para o financiamento de

despesa corrente, salvo se destinada por lei aos regimes de previdência social,

geral e próprio dos servidores públicos.

Resolução de Questões

São exemplos de Receitas Orçamentárias Correntes:

a) de alienação de bens, de amortização de empréstimos, industrial, de serviços e

transferências correntes.

b) tributária, de contribuições, industrial, de serviços e transferências correntes.

c) tributária, de contribuições, de transferências de capital, de serviços e de

transferências correntes.

d) tributária, de contribuições, de alienação de bens, de serviços e de transferência de

capital.

e) de alienação de bens, de contribuições, industrial, patrimonial e de transferências

correntes.

Resposta: B

Dica de Estudo

Você pode saber mais sobre a Classificação das Receitas Públicas na obra Curso de

Direito Financeiro, de Regis Fernandes de Oliveira, pela editora RT. Tratam da

classificação econômica das receitas a lei 4320/64, artigo 11, sendo oportuno

consultar A LEI 4320 COMENTADA E A LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL,

coordenada por J. Teixeira Machado Júnior, editora IBAM.

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A doutrina costuma diferenciar INGRESSOS (OU ENTRADAS LATO SENSU) de

RECEITAS PÚBLICAS. As ENTRADAS ou INGRESSOS seriam todos os valores

econômicos ingressantes nos cofres públicos, independente se pertencem

definitivamente ou não ao Estado. Portanto, as ENTRADAS ou INGRESSOS poderiam

ser classificados em: a) entradas provisórias – depósitos, cauções, fianças,

empréstimos; b) entradas definitivas (receita) = extorsão, tributos, preços. Já a

RECEITA seria a entrada definitiva de dinheiro ou bens nos cofres públicos.

Estágios da Receita

Previsão

Lançamento: O lançamento da receita, o ato da repartição competente, que

verifica a procedência do crédito fiscal e a pessoa que lhe é devedora e

inscreve o débito desta. (Lei 4320/1964, art. 53). Ver tb. CTN, art. 142 e

seguintes.

Arrecadação: recebimento (Bancos etc).

Pertencem ao exercício financeiro: I - as receitas nele arrecadadas; os

créditos da Fazenda Pública, de natureza tributária ou não tributária, serão

escriturados como receita do exercício em que forem arrecadados, nas

respectivas rubricas orçamentárias. (L. 4320/1964, arts. 35, I e 39).

Recolhimento: Conta do Tesouro etc.

O recolhimento de todas as receitas far-se-á em estrita observância ao

princípio de unidade de tesouraria, vedada qualquer fragmentação para criação

de caixas especiais. (L. 4320/1964, art. 56).

Deduções da Receita Pública

– Restituição: devolve total/parcial $. Formas: 1) Dedução de receita; 2)

Apropriação de despesa.

- Retificação: corrige dados incorretos. Forma: estorno e relançamento.

- Arrecadações de Terceiros: valores pertencentes a terceiros, mas

arrecadados pelo ente. Lança total e deduz repasse ao terceiro.

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Receita Corrente Líquida

Somatório das receitas tributárias, de contribuições, patrimoniais, industriais,

agropecuárias, de serviços, transferências correntes e outras receitas também

correntes, deduzidos:

a) na União, os valores transferidos aos Estados e Municípios por determinação

constitucional ou legal, e as contribuições mencionadas na alínea “a” do inciso I e no

inciso II do art. 195, e no art. 239 da Constituição;

b) nos Estados, as parcelas entregues aos Municípios por determinação

constitucional;

c) na União, nos Estados e nos Municípios, a contribuição dos servidores para o

custeio do seu sistema de previdência e assistência social e as receitas provenientes

da compensação financeira citada no §9.º do art. 201 da Constituição.

Renúncia de Receitas:

LRF, art. 14: A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza

tributária da qual decorra renúncia de receita deverá estar acompanhada de

estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva iniciar

sua vigência e nos dois seguintes, atender ao disposto na lei de diretrizes

orçamentárias e a pelo menos uma das seguintes condições:

I - demonstração pelo proponente de que a renúncia foi considerada na

estimativa de receita da lei orçamentária, na forma do art. 12, e de que não

afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo próprio da lei de

diretrizes orçamentárias;

II - estar acompanhada de medidas de compensação, no período mencionado

no caput, por meio do aumento de receita, proveniente da elevação de

alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou

contribuição.

Quando houver medidas de compensação, o benefício só entra em vigor quando estas

medidas forem implementadas.

Entende-se por renúncia a anistia, remissão, subsídio, crédito presumido, concessão

de isenção em caráter não geral, alteração de alíquota ou modificação de base de

cálculo que implique redução discriminada de tributos ou contribuições, e outros

benefícios que correspondam a tratamento diferenciado.

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Não se aplica estas regras na alteração das alíquotas dos impostos de importação,

exportação, IPI e o IOF, nos termos da Constituição, art. 153, §1.º e quando houver

cancelamento de débito inferior ao custo de cobrança (créditos de pequeno valor, cuja

cobrança não compensa para o Estado).

Resolução de Questões

Com base na Lei de Responsabilidade Fiscal, podemos afirmar que a Receita

Corrente Líquida deve ser apurada:

a) ao final de cada mandato.

b) a cada quadrimestre.

c) somando-se as receitas arrecadadas no mês em referência e nos onze anteriores,

excluídas as duplicidades.

d) trimestralmente, somando-se as duplicidades.

e) mensalmente, em anexo ao Relatório de Gestão Fiscal.

Resposta: C

Dicas de estudo

Para saber mais, consulte a Lei 4320/64, artigos 35 e 39 (sobre estágios da Receita) e

a lei de Responsabilidade Fiscal, artigos 12 ao 14.

DÍVIDA ATIVA é o nome que se dá aos créditos da Fazenda Pública, de natureza

tributária ou não, exigíveis e que não foram satisfeitas no prazo devido. A Dívida Ativa

não se confunde com a Dívida Passiva, pois esta representa o montante devido pelo

Estado a seus credores (oriundos de operações de crédito, sobretudo), enquanto a

Dívida Ativa são créditos em favor do Estado. A Dívida Ativa é forma de receita, é

inscrita pelo órgão competente e é ato de controle da legalidade do lançamento e

confere liquidez, certeza e exigibilidade ao crédito. Faz-se na forma de Termo de

Inscrição, do qual é gerada a Certidão de Dívida Ativa, o qual é título que permite a

execução fiscal do crédito.

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9. DESPESA PÚBLICA (INTRODUÇÃO E CLASSIFICAÇÃO)

Conceito de Despesa e conceito dual de Despesa

A doutrina dominante acata o conceito dual de despesa pública, o qual pode significar

tanto o conjunto dos dispêndios do Estado, ou de outra pessoa de direito público, para

o funcionamento do serviço público, como também a aplicação de certa quantia em

dinheiro, por parte da autoridade ou agente público competente dentro de autorização

legislativa, para execução de fim a cargo do governo.

Classificação das Despesas

Natureza: Orçamentária e Extraorçamentária.

Competência: Federal, Estadual, Municipal e Distrital.

Regularidade: Ordinárias e Extraordinárias.

Classificação (Critério Econômico)

Despesas Correntes:

L. 4320/64, art. 12, §§1.º e 2.º. Despesas de Custeio: Classificam-se como

Despesas de Custeio as dotações para manutenção de serviços anteriormente

criados, inclusive as destinadas a atender a obras de conservação e adaptação

de bens imóveis.

Despesas de Custeio (DIVISÕES)

Pessoal Civil

Pessoal Militar

Material de Consumo

Serviços de Terceiros

Encargos Diversos

L. 4320/64, art. 12, §§1.º e 2.º. Transferências Correntes: Classificam-se como

Transferências Correntes as dotações para despesas as quais não

corresponda contraprestação direta em bens ou serviços, inclusive para

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contribuições e subvenções destinadas a atender à manifestação de outras

entidades de direito público ou privado.

Transferências Correntes (DIVISÕES)

Subvenções Sociais

Subvenções Econômicas

Inativos

Pensionistas

Salário-Família e Abono Familiar

Juros da Dívida Pública

Contribuições de Previdência Social

Diversas Transferências Correntes.

Resolução de Questões

No que se refere à receita e à despesa pública, assinale a opção correta.

a) A amortização de empréstimos é receita de capital, sendo considerado o retorno de

valores emprestados anteriormente a outras entidades de direito público.

b) Os recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou privado são

considerados transferências correntes, desde que haja contraprestação direta em

bens e serviços.

c) Inversões financeiras são despesas correntes destinadas à aquisição de imóveis.

d) As dotações para atender a obras de conservação e adaptação de bens imóveis

são consideradas despesas de capital.

e) Empréstimos do Banco do Brasil são considerados receitas correntes.

Resposta: A

Dicas de estudo

Você pode saber mais sobre a Classificação das DESPESAS PÚBLICAS em “Uma

introdução à ciência das finanças”, de Aliomar Baleeiro, Editora Forense. Também

pode ser consultado o “Curso de direito tributário e financeiro”, de Ricardo Lobo

Torres, Renovar.

A matéria é tratada de forma didática na Lei 4320/64, art. 12 e seguintes.

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Despesa Pública - Subvenções, Despesas de Capital e suas Espécies

Subvenções

L. 4320/64, art. 12, §3.º. Consideram-se subvenções, para os efeitos desta lei,

as transferências destinadas a cobrir despesas de custeio das entidades

beneficiadas, distinguindo-se como:

I - subvenções sociais, as que se destinem a instituições públicas ou privadas

de caráter assistencial ou cultural, sem finalidade lucrativa;

II - subvenções econômicas, as que se destinem a empresas públicas ou

privadas de caráter industrial, comercial, agrícola ou pastoril.

Despesas de Capital

Investimentos

Inversões Financeiras

Transferências de Capital

Investimentos

Classificam-se como investimentos as dotações para o planejamento e a execução de

obras, inclusive as destinadas à aquisição de imóveis considerados necessários à

realização destas últimas, bem como para os programas especiais de trabalho,

aquisição de instalações, equipamentos e material permanente e constituição ou

aumento do capital de empresas que não sejam de caráter comercial ou financeiro.

Inversões Financeiras

Classificam-se como Inversões Financeiras as dotações destinadas à:

I - aquisição de imóveis, ou de bens de capital já em utilização;

II - aquisição de títulos representativos do capital de empresas ou entidades de

qualquer espécie, já constituídas, quando a operação não importe aumento do capital;

III - constituição ou aumento do capital de entidades ou empresas que visem a

objetivos comerciais ou financeiros, inclusive operações bancárias ou de seguros.

Tipos: Aquisição de Imóveis, Participação em Constituição ou Aumento de Capital de

Empresas ou Entidades Comerciais ou Financeiras, Aquisição de Títulos

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Representativos de Capital de Empresa em Funcionamento, Constituição de Fundos

Rotativos, Concessão de Empréstimos, Diversas Inversões Financeiras.

Transferências de Capital

São Transferências de Capital as dotações para investimentos ou inversões

financeiras que outras pessoas de direito público ou privado devam realizar,

independentemente de contraprestação direta em bens ou serviços, constituindo

essas transferências auxílios ou contribuições, segundo derivem diretamente da Lei de

Orçamento ou de lei especialmente anterior, bem como as dotações para amortização

da dívida pública.

Tipos: Amortização da Dívida Pública, Auxílios para Obras Públicas, Auxílios para

Equipamentos e Instalações, Auxílios para Inversões Financeiras, Outras

Contribuições.

Resolução de Questões

Julgue as assertivas a seguir, no que tange ao tipo de despesa e seu respectivo

conceito.

I. Despesas Públicas são todos os pagamentos efetuados a qualquer título pelos

agentes pagadores.

II. Despesas Orçamentárias são as dotações para manutenção de serviços

anteriormente criados, inclusive as destinadas a atender a obras de conservação e

adaptação de bens imóveis.

III. Despesas Extraorçamentárias são aquelas cuja realização depende de autorização

legislativa e que não pode efetivar-se sem crédito orçamentário correspondente.

IV. Despesas Correntes constituem os pagamentos que não dependem de autorização

legislativa; aqueles que não estão vinculados ao orçamento público; não integram o

Orçamento.

V. Despesas de Custeio são aquelas que não têm um caráter econômico reprodutivo e

são necessárias à execução dos serviços públicos e à vida do Estado, sendo assim,

verdadeiras despesas operacionais.

Somente a assertiva 1 é correta, as demais são incorretas.

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Dicas de estudo

Para saber mais, consulte a Lei 4320/64, artigos 12 e 13.

São muito comuns questões que perguntam sobre os tipos de despesas e seu

enquadramento na classificação que acabamos de estudar. Os serviços da dívida,

como os juros, são despesa corrente, enquanto a operação de empréstimo (ou crédito)

é despesa de capital.

Na classificação econômica, as receitas e despesas são simétricas. Por exemplo: se o

Estado empresta dinheiro a um Município, a operação de crédito é, para o Estado,

DESPESA DE CAPITAL, enquanto para o Município configura RECEITA DE CAPITAL,

porque no primeiro caso o dinheiro está saindo e no segundo está ingressando.

Despesa Pública - Estágios da Despesa Pública e Despesas na LRF (Introdução)

- Reserva de Contingências

Estágios da Despesa Pública

Fixação: Lei de orçamento; não pode haver créditos ilimitados (CF/1988, art. 167, II);

Não pode realizar despesas além da fixação (CF/1988, art. 167, VII).

Empenho

(Lei 4320/1964, art. 58) O empenho de despesa é o ato emanado de

autoridade competente que cria para o Estado obrigação de pagamento

pendente ou não de implemento de condição.

Liquidação

(Lei 4320/1964, art. 63) A liquidação da despesa consiste na verificação do

direito adquirido pelo credor tendo por base os títulos e documentos

comprobatórios do respectivo crédito.

Pagamento

Lei 4320/1967 - Art. 64. A ordem de pagamento é o despacho exarado por

autoridade competente, determinando que a despesa seja paga.

ART. 65. O pagamento da despesa será efetuado por tesouraria ou pagadoria

regularmente instituídos por estabelecimentos bancários credenciados e, em

casos excepcionais, por meio de adiantamento.

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Aulas 01 a 30

Despesas Públicas na LRF - Introdução

Regra central: Demonstrar efetiva disponibilidade financeira.

Reserva de Contingência

O projeto de lei orçamentária anual, elaborado de forma compatível com o plano

plurianual, com a lei de diretrizes orçamentárias e com as normas da LRF... conterá

reserva de contingência, cuja forma de utilização e montante, definido com base na

receita corrente líquida, serão estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias,

destinada ao... atendimento de passivos contingentes e outros riscos e eventos fiscais

imprevistos.

A lei de diretrizes orçamentárias conterá Anexo de Riscos Fiscais, onde serão

avaliados os passivos contingentes e outros riscos capazes de afetar as contas

públicas, informando as providências a serem tomadas, caso se concretizem.

Resolução de Questões

A despesa orçamentária deve ser processada em estágios. A respeito de tais estágios,

julgue os itens a seguir (V, para verdadeiro, ou F para falso).

a) A fixação é, em realidade, o primeiro estágio da despesa orçamentária, a qual é

cumprida por ocasião da edição da Lei do Orçamento.

b) No empenho da despesa, fica criada, para o Estado, a obrigação de pagamento,

independentemente de quaisquer condições.

c) É válido o empenho da despesa que exceder o limite dos créditos concedidos por

meio de créditos especiais.

d) Sendo consequência da liquidação a emissão de ordem de pagamento, quando a

autoridade competente determina que a despesa seja paga, a realização da despesa

deve ser considerada como ocorrida com a sua liquidação e não com o seu

pagamento.

Resposta: V, F, F, F

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Aulas 01 a 30

Dicas de estudo

Para saber mais, consulte a obra DIREITO FINANCEIRO E ORÇAMENTÁRIO, de

Sergio Jund, Editora Campus. Também você pode consultar as definições no

dicionário eletrônico contido na página do Senado Federal (Portal do Orçamento) em

www.senado.gov.br.

Importante não confundir EMPENHO com NOTA DE EMPENHO. O empenho é o ato

da autoridade, sendo que a NOTA DE EMPENHO é a principal forma de

representação formal e documental do empenho. Assim, enquanto o EMPENHO é o

conteúdo, a NOTA DE EMPENHO é o documento que o representa. Pegadinha

clássica em concursos: Nem todo empenho exige a emissão de nota de empenho,

existindo certos tipos de despesas que dispensam sua lavratura. Contudo, toda nota

de empenho sempre se refere a um empenho que lhe dá substância.

Situação semelhante acontece com a LIQUIDAÇÃO e a NOTA DE LIQUIDAÇÃO,

sendo que a primeira é o ato e a segunda é o documento que o representa.

Despesa Pública - Despesa Obrigatória de Caráter Continuado e Despesas com

Pessoal (Definição e Limites)

Despesa Obrigatória de Caráter Continuado

Considera-se obrigatória de caráter continuado a despesa corrente derivada de lei,

medida provisória ou ato administrativo normativo que fixem para o ente a obrigação

legal de sua execução por um período superior a dois exercícios.

Condições para aumento destas Despesas

1. Estimativa de impacto orçamentário/financeiro, com origem dos recursos.

2. Não afetará as metas e resultados fiscais (LDO – Anexo).

3. Compensação com aumento permanente da receita ou redução permanente da

despesa.

Despesas com pessoal - conceito

LRF, art. 18. Entende-se como despesa total com pessoal o somatório dos gastos do

ente da Federação com os ativos, os inativos e os pensionistas, relativos a mandatos

eletivos, cargos, funções ou empregos, civis, militares e de membros de Poder, com

quaisquer espécies remuneratórias, tais como vencimentos e vantagens, fixas e

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Aulas 01 a 30

variáveis, subsídios, proventos da aposentadoria, reformas e pensões, inclusive

adicionais, gratificações, horas extras e vantagens pessoais de qualquer natureza,

bem como encargos sociais e contribuições recolhidas pelo ente às entidades de

previdência.

Despesas com pessoal - Limites

UNIÃO: 50% RCL, assim distribuídos: 2,5% ao Legislativo e TCU; 6% ao

Judiciário; 40,9% ao Executivo e 0,6% ao MPU.

ESTADOS: 60% RCL, assim distribuídos: 3% ao Legislativo e TCE; 6% ao

Judiciário; 49% ao Executivo e 2% ao MPE.

MUNICÍPIOS: 60% da RCL, assim distribuídos: 6% ao Legislativo e 54% ao

Executivo.

Resolução de Questões

No âmbito da lei de Responsabilidade Fiscal, sobre a despesa obrigatória de caráter

continuado é correto afirmar que:

1) É despesa corrente derivada de lei, medida provisória ou ato administrativo

normativo que fixem para o ente a obrigação legal de sua execução por um período

superior a dois exercícios.

2) Os atos que criarem ou aumentarem despesa deverão demonstrar a origem dos

recursos para seu custeio, dentre outros requisitos.

3) Considera-se aumento de despesa a prorrogação daquela criada por prazo

determinado.

4) É toda despesa de capital (obras, por exemplo), cujos efeitos se prolongarão por

pelo menos um exercício, não necessitando de lei específica autorizadora.

5) Despesas destinadas ao serviço da dívida submetem-se plenamente ao regime das

despesas obrigatórias de caráter continuado.

Resposta: 1. C; 2. C; 3. C; 4. E; 5. E. (são corretas as assertivas 1 a 3)

Dicas de estudo

Para saber mais, consulte o livro LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL: QUESTÕES

PRÁTICAS, de Afonso Gomes de Aguiar, editora Fórum. Interessante também a

consulta ao texto para discussão O CONTROLE INSTITUCIONAL DAS DESPESAS

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Aulas 01 a 30

COM PESSOAL, de Fernando Álvares Correia Dias, que pode ser encontrado na

página do Senado Federal (www.senado.gov.br).

Quanto aos limites para despesas com pessoal no Legislativo Municipal, ou seja, nas

Câmaras de Vereadores, além do limite imposto pela LRF de 6% da RCL do

Município, é necessário observar outros limites e condições, prescritos no artigo 29-A

da CF/1988.

Não há previsão de limite específico ao Judiciário dos Municípios, pelo simples fato de

inexistir, no Brasil, Poder Judiciário em esfera Municipal.

Nos Estados, o limite previsto ao Legislativo também se aplica aos TCEs e Conselhos

de Contas Municipais, onde existir. Apenas dois Municípios no Brasil mantêm TCM

próprios, que são São Paulo e Rio de Janeiro. Nos demais municípios, o órgão técnico

que auxilia as Câmaras de Vereadores são Tribunais ou Conselhos Estaduais.

Controle dos Limites com Despesas de Pessoal e Despesas com a Seguridade

Social

Controle dos Limites (Limite Prudencial)

Se a despesa total com pessoal exceder a 95% do limite, são vedados ao Poder ou

órgão...que houver incorrido no excesso:

I - concessão de vantagem, aumento, reajuste ou adequação de remuneração a

qualquer título, salvo os derivados de sentença judicial ou de determinação legal ou

contratual, ressalvada a revisão geral anual (CF, art. 37, X);

II - criação de cargo, emprego ou função;

III - alteração de estrutura de carreira que implique aumento de despesa;

IV - provimento de cargo público, admissão ou contratação de pessoal a qualquer

título, ressalvada a reposição decorrente de aposentadoria ou falecimento de

servidores das áreas de educação, saúde e segurança;

V - contratação de hora extra, salvo no caso de convocação extraordinária do

Congresso e as situações previstas na lei de diretrizes orçamentárias.

Enquadramento nos limites (se ultrapassar)

Prazo: 2 quadrimestres (8 meses);

1.º quadrimestre tem que reduzir 1/3 do excesso.

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Medidas:

1. Redução mínima 20% cargos em comissão e funções de confiança.

2. Exoneração de servidores não estáveis.

3. Perda de cargo dos servidores estáveis

Senão...

1. Suspensão de transferências voluntárias (exceto saúde, educação e assistência

social).

2. Impedimento a operações de crédito (salvo exceções LRF).

3. Obter garantia de outro ente.

Despesas com a Seguridade Social

Nenhum benefício ou serviço relativo à seguridade social poderá ser criado, majorado

ou estendido sem a indicação da fonte de custeio total.

Regimes contributivos (Peculiares)

Exigências: as mesmas das despesas de caráter continuado, exceto a compensação

quando:

1) Benefício conforme legislação

2) Expansão quantitativa

3) Reajuste benefícios (inflação).

Resolução de Questões

A lei de Responsabilidade Fiscal estabelece que, em relação à Receita Corrente

Líquida, o limite de gastos com pessoal,

a) nos Estados, é de 3% para o Legislativo, 6% para o judiciário e 51 % para o

Executivo.

b) na União, é de 2% para o Legislativo (incluído o Tribunal de Contas da União), 6%

para o judiciário e 42% para o Executivo.

c) nos Municípios, é de 40% para o Executivo, 10% para o judiciário e 10% para o

Legislativo.

d) nos Estados, é de 6% para o Legislativo, 6% para o judiciário e 48% para o

Executivo.

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e) nos Municípios, é de 54% para o Executivo e 6% para o Legislativo, já que não há o

Poder Judiciário Municipal.

A resposta correta é a letra E

Dicas de estudo

Para saber mais, consulte o artigo A lei de responsabilidade fiscal e o limite prudencial:

os limites máximos transitórios, de CARLOS MAURICIO FIGUEIREDO, na Revista

Fórum de Contratação e Gestão Pública, v. 5, n. 52, p. 7009-7017, abr. 2006.

Também vale a pena consultar a obra Lei de responsabilidade fiscal: teoria e prática /

coordenador Carlos Valder do Nascimento, editora América Jurídica.

Limitação de Empenhos, Regras de Final de Mandato e outros temas

Limitação de Empenhos

Objetivo: manter o equilíbrio das contas durante a execução da LOA.

Período: bimestral.

Prazo: 30 dias após.

Quem: Poderes e MPU/E.

Critérios: LDO

Exceções: calamidade pública, estado de defesa, estado de sítio (CN/AL);

obrigações CF e Legais; outras na LDO.

Regras de Final de Mandato

1) Não pode aumentar despesa de pessoal (180 dias antes do titular do Poder ou

órgão).

2) Não pode fazer ARO no último ano de mandato chefe executivo.

3) Não pode deixar obrigação de despesa ao próximo mandato sem caixa. Prazo: 2

quadrimestres antes do fim do mandato titular do Poder/órgão.

Restos a pagar

São despesas empenhadas, mas não pagas dentro do exercício financeiro (até 31/12).

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Classificam-se em:

Processados: São despesas já liquidadas, faltando apenas o pagamento.

Não Processados: São despesas não liquidadas e não pagas.

Validade: até 31/12 do ano subsequente.

Prescrição: 5 anos após a inscrição.

Noções sobre suprimento de fundos e despesas de exercícios anteriores

Suprimento de Fundos: Entrega de numerário a servidor para realização de despesa

precedida de empenho que, por sua natureza ou urgência, não possa se subordinar ao

processo normal da execução orçamentária e financeira.

Despesas de exercícios anteriores: São dívidas de compromissos de exercícios

anteriores ao do pagamento. São despesas orçamentárias.

Resolução de Questões

Julgue as assertivas a seguir, com base na lei de responsabilidade fiscal acerca de

despesa pública:

1. Na hipótese de limitação de empenho, no caso de restabelecimento da receita

prevista, ainda que parcial, a recomposição das dotações cujos empenhos foram

limitados dar-se-á de forma proporcional às reduções efetivadas.

2. No caso de os Poderes Legislativo e Judiciário e o Ministério Público não

promoverem a limitação de empenho na forma da LRF, o Poder Executivo não pode

limitar os valores financeiros em nenhuma hipótese.

3. Não se dispensa as medidas de compensação de despesas, a que se refere a LRF,

na hipótese de aumento de despesa que represente expansão quantitativa do

atendimento e dos serviços prestados em Seguridade Social.

Respostas: 1. C; 2. E; 3. E

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Dicas de estudo

Para saber mais consulte a obra ORÇAMENTOS PÚBLICOS: A LEI 4320

COMENTADA, coordenação de José Maurício Conti, editora Revista dos Tribunais.

Os restos a pagar se encontram disciplinados no artigo 36 e 37 da Lei 4320. O

suprimento de fundos, por sua vez, também é chamado de adiantamento, e pode ser

encontrado dos artigos 68 e 69 da Lei 4320. Para aprofundar mais o estudo sobre

adiantamento, consulte o Decreto 93872, artigo 47.

A LRF, no artigo 3º, §3º estabelece que

No caso de os Poderes Legislativo e Judiciário e o Ministério Público não promoverem

a limitação no prazo estabelecido no caput, é o Poder Executivo autorizado a limitar os

valores financeiros segundo os critérios fixados pela lei de diretrizes orçamentárias.

Sobre esta disposição há uma controvérsia: 1) a LRF diz isso; 2) o STF suspendeu a

eficácia deste parágrafo na ADIN 2238-5. Por isso, uma dica: 1) Se a questão pedir

este assunto e não especificar nada, responda conforme diz o artigo 9º, §3º; 2),

contudo, se a questão fizer menção ou referência, em sua proposição inicial, ao

posicionamento da jurisprudência ou dos tribunais, a resposta certa vai no sentido de

que a limitação deve ser feita em cada poder, não sendo dado ao Executivo limitar

empenhos dos demais Poderes ou órgãos.

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10. CONTROLE E FISCALIZAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

Sistemas de controle: Controle Externo; Controle externo nos Municípios; Controle

Interno; Controle interno integrado (CGU); Controle Difuso; Objetivo central: fiscalizar o

cumprimento das normas do PPA, LDO, LOA, LRF e afins.

Tribunal de Contas da União - Principais Competências

Apreciar contas do Presidente e julgar contas dos demais administradores.

Fiscalizar contas, realizar inspeções e auditorias (de ofício ou não).

Representar o Poder Competente (abusos/irregularidades)

Sustar atos ilegais, assinalar prazo para regularização e impor penalidades

(ilegalidade/irregularidade). Título executivo.

Sustação de Contratos = Congresso Nacional.

Prestação de Contas

Devem prestar contas pessoas físicas, jurídicas, públicas ou privadas que utilizem,

arrecadem, guardem, gerenciem ou administrem dinheiros, bens e valores públicos ou

pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assumam obrigações de

natureza pecuniária.

(CF/88, art. 74).

§1.º Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer

irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob

pena de responsabilidade solidária.

§2.º Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para,

na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas

da União.

Resolução de Questões

O Tribunal de Contas, como órgão auxiliar do controle externo da fiscalização contábil,

financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União, a cargo do Congresso

Nacional:

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a) com base no princípio da economicidade, toma em consideração a relação

custo/benefício no fornecimento de serviços públicos, em vista da despesa para

tanto realizada.

b) não está autorizado ao controle das premissas constitucionais das decisões de

política financeira, fiscal e econômica.

c) tem legitimidade para as decisões políticas, ex vi do disposto no artigo 74, §2.º,

apenas quando lhe for feita denúncia de irregularidades ou ilegalidades.

d) pode apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Público, como reza

a Súmula 347 do STF, do que resulta exercer função jurisdicional.

e) em vista da disposição do artigo 73 da Constituição Federal e da natureza técnica

dos julgamentos das contas, as suas decisões não podem juridicamente ser objeto

de revisão pelo Poder Judiciário.

Resposta: A

Dicas de estudo

Para saber mais consulte o capítulo do livro “Artigos 70 ao 75: da fiscalização contábil,

financeira e orçamentária”, de Raymundo Juliano Feitosa em comentários à

Constituição Federal de 1988. Rio de Janeiro: Revista dos Tribunais, 2009, p. 1049-

1057.

Sobre o TCU, saiba mais através do livro “Tribunais de Contas no Brasil”, de Pedro

Roberto Decomain, ed. Dialética.

Pegadinhas mais comuns nos concursos: 1) O titular do controle externo é o Poder

legislativo e não os Tribunais de Contas; 2) Tribunais de Contas são órgãos do

legislativo, e não do Judiciário; 3) Os tribunais de contas são dirigidos por Ministros,

que tem status equivalente ao de Ministro do STJ; 4) leia atentamente o artigo 71 da

CF, sobre as competências do TCU, pois caem muitas questões sobre esse artigo, em

especial em cargos ligados aos tribunais de Contas.

Transparência da Gestão Fiscal e Instrumentos de Controle e Fiscalização

Transparência da Gestão Fiscal

Ampla divulgação. Instrumentos:

1) Planos, orçamentos e LDO

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2) Prestação de Contas e seu Parecer Prévio

3) Relatório Resumido de Execução Orçamentária

4) Relatório de Gestão Fiscal

5) Incentivo à Participação Popular

6) Pleno conhecimento por meios eletrônicos

7) Sistema Integrado de Administração Financeira

Relatório Resumido de Execução Orçamentária (RREO)

Quem? Poder Executivo

Abrange: Todos os Poderes e MPU.

Frequência: Bimestral.

Quando? Até 30 dias do encerramento do bimestre

O que contém? Balanço orçamentário e Demonstrativo da Execução das

Despesas e Receitas (e outros).

No último Bimestre: Demonstrativos da RCL; Receitas e Despesas

Previdenciárias; Resultado Nominal e Primário; Despesas com Juros; Restos a

Pagar; Outros.

Relatório de Gestão Fiscal (RGF)

Quem? Titulares dos Poderes e Órgãos (LRF, art. 20).

Abrange: respectivos Poderes e Órgãos.

Frequência: Quadrimestral (4 meses).

O que contém: 1) Comparativo dos Limites da LRF com despesa de pessoal,

dívidas consolidada e mobiliária, concessão de garantias, operações de crédito

(inclusive AROs). 2) Medidas Corretivas, se ultrapassados os Limites; 3)

Outros.

No Último Quadrimestre: Demonstrativo de Disponibilidades de Caixa; Restos a

Pagar.

Prestação de Contas

Quem? Chefe do Poder Executivo

Abrange: Poderes e MPU.

Frequência: Anual

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Abrange: Contas da Execução Orçamentária; Desempenho da Arrecadação X

Previsão e medidas para incrementar a arrecadação.

Quem Aprova? Parecer Prévio do TCU/E/M aprovado por Parecer da CMO.

Resolução de Questões

Entre outros aspectos, a Lei de Responsabilidade Fiscal caracteriza-se por trazer ao

universo público uma série de novos conceitos e procedimentos. No caso específico

do Relatório de Gestão Fiscal, a ser emitido ao final de cada quadrimestre, é incorreto

afirmar que ele deverá conter:

a) Comparativo entre a despesa total com pessoal e os limites de que trata a Lei.

b) Comparativo entre as concessões de garantias e os limites de que trata a Lei.

c) Comparativo entre as operações de crédito, inclusive por antecipação de receita, e

os limites de que trata a Lei.

d) Demonstrativo, apenas no último quadrimestre, das despesas empenhadas e não

liquidadas inscritas em Restos a Pagar.

e) Demonstrativos, em todas as suas edições, das despesas liquidadas inscritas em

Restos a Pagar.

Resposta: E

Dicas de estudo

Para saber mais consulte o livro “Lei de responsabilidade fiscal comentada: Lei

complementar 101, de 4 de maio de 2000 / Flávio da Cruz (coordenador); Adauto

Viccari Junior ... [et al.]. -- Ed. Atlas.

Atenção, pois a Lei de Responsabilidade Fiscal foi alterada, neste tópico, pela LC

131/2009, que acrescentou alguns elementos novos à transparência da gestão fiscal,

em especial às Audiências Públicas durante a elaboração dos orçamentos públicos e o

uso da internet para maior divulgação de dados sobre a execução orçamentária e

financeira. Em cumprimento a essa norma, surgiram vários sítios na internet, tais como

o Portal da Transparência do Governo Federal (www.portaltransparencia.gov.br). Há

também portais semelhantes relativos aos Estados e Municípios.

Outra novidade importante foi a previsão da adoção de sistema integrado de

administração financeira e controle, que já era usada no governo federal através do

SIAFI (Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal) que agora

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Aulas 01 a 30

se estende aos entes descentralizados através do SIAFEM (Sistema Integrado de

Administração Financeira para Estados e Municípios).

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11. REPARTIÇÃO TRIBUTÁRIA E TRANSFERÊNCIAS DE RECURSOS

REPARTIÇÃO CONSTITUCIONAL DE RECEITAS TRIBUTÁRIAS

Hipóteses de Repartição

IR – Fonte, 100%, Estados/DF, Imposto retido sobre os rendimentos pagos por

eles, suas autarquias e fundações que instituírem e mantiverem.

IR – Fonte, 100%, Municípios, Imposto retido sobre os rendimentos pagos por

eles, suas autarquias e fundações que instituírem e mantiverem.

Impostos residuais (CF154, I): 20%, Estados/DF, Produto da arrecadação

ITR - 50%, Municípios, Produto da arrecadação relativo a imóveis nele situados

ITR - 100%, Municípios, Produto da arrecadação relativo aos imóveis nele

situados, quando o Município optar por fiscalizá-lo e cobrá-lo (CF88, art. 158, II

– EC 42/2003).

IPVA, 50%, Municípios, Produto da arrecadação, relativo aos veículos

licenciados em seu território.

ICMS, 25%, Municípios, Produto da Arrecadação

IR, 48%, FPE, FPM e Setor produtivo, Produto da Arrecadação menos IR Fonte

dos Estados/DF e Municípios

IPI, 48%, FPE, FPM e Setor produtivo, Produto da Arrecadação,

CIDE Combustíveis, 29%, Estados/DF, Produto da arrecadação, distribuídos na

forma da lei, observada a destinação ao financiamento de programas de

infraestrutura de transportes. (CF/88, art. 159, III, e L. 10.866, de 4/5/2004)

IPI, 10%, Estados/DF, Produto da Arrecadação

IOF – Ouro (ativo financeiro ou Instrumento Cambial), 100%, 70% ao Município

e 30% ao Estado de origem, Produto (ou Montante) da arrecadação.

Resolução de Questões

Acerca da disciplina constitucional da repartição das receitas tributárias, assinale a

opção correta.

a) Aos municípios pertence a integralidade do produto da arrecadação do imposto de

renda incidente na fonte sobre os rendimentos pagos, a qualquer título, por eles.

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Aulas 01 a 30

b) A União deve repassar aos estados 25% do produto da arrecadação do IPI.

c) Ao DF cabe metade da arrecadação do imposto que a União instituir no exercício de

sua competência residual ou extraordinária.

d) Cabe aos municípios, em qualquer hipótese, a integralidade do imposto sobre a

propriedade territorial rural.

Resposta: A

Dicas de estudo

Para saber mais, consulte o livro “Federalismo fiscal: questões contemporâneas” /

José Mauricio Conti, Fernando Facury Scaff, Carlos Eduardo Faraco Braga,

coordenadores; autores: André Castro Carvalho ... [et al.] ; -- ed. Conceito.

O tema de Repartição de Receitas é matéria financeira, mas é tradicionalmente

estudada no Direito Tributário. É cada vez mais frequente sua aparição em questões

de AFO e de Direito Financeiro.

Como principal dica para questões de prova, tente memorizar os percentuais de

repartição. Normalmente, em provas sobre matérias de Direito não são pedidos

números, mas este tema é uma exceção, pois os percentuais são importantes para a

norma.

Repartição Tributária e Transferências de Recursos

Subvenções Financeiras: Subvenções sociais; Subvenções Econômicas; Critérios da

LRF.

Fundos Especiais

Transferências Voluntárias

Destinação de Recursos Públicos ao Setor Privado

Resolução de Questões

Para receberem transferências voluntárias, os Municípios não deverão comprovar que:

a) instituíram e arrecadaram efetivamente todos os tributos de sua competência, no

que se refere aos impostos, taxas e contribuições de melhoria.

Errado. Somente Impostos.

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Administração Financeira e Orçamentária p/ Receita Federal

Aulas 01 a 30

b) estão em dia com os pagamentos de tributos, empréstimos e financiamentos

devidos ao ente transferidor.

c) estão cumprindo os limites constitucionais relativos aos gastos com saúde e

educação.

d) os limites relativos a pessoal, dívidas e operações de crédito, bem como as

condições para inscrição em restos a pagar, estão sendo respeitados.

e) seu orçamento prevê a contrapartida.

Resposta: A

Dicas de estudo

Para saber mais, consulte o livro “Orçamentos públicos e direito financeiro” / José

Mauricio Conti, Fernando Facury Scaff, coordenação; Adilson Abreu Dallari, ed.

Revista dos Tribunais.

Para um estudo mais detalhado sobre Transferências e a LRF, consulte o artigo

Transferências voluntárias na Lei de responsabilidade fiscal: limites à

responsabilização pessoal do ordenador de despesas por danos decorrentes da

execução de convênio / Romeu Felipe Bacellar Filho, Daniel Wunder Hachem. --

Interesse público, v. 12, n. 60, p. 25-62, mar./abr. 2010.

Podem ser encontradas normas sobre Transferências de Recursos tanto na

Constituição, como na Lei 4320 e na LRF. Questões sobre Transferências de

Recursos não são muito comuns em concursos para cargos nos Tribunais de Contas,

tanto da União como dos Estados e demais entes descentralizados, onde houver.

Dívida Pública Passiva e Endividamento

Dívida Pública Consolidada (ou Fundada):

Montante total, apurado sem duplicidade, das obrigações financeiras do ente da

Federação, assumidas em virtude de leis, contratos, convênios ou tratados e da

realização de operações de crédito, para amortização em prazo superior a doze

meses.

Inclui: títulos do BCB; OC – 12 meses, receitas na LOA.

Dívida Pública Mobiliária: dívida pública representada por títulos emitidos pela União,

inclusive os do Banco Central do Brasil, Estados e Municípios.

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Aulas 01 a 30

Limites da Dívida Pública e das Operações de Crédito

Forma: Limites máximos em % RCL.

Senado Federal: dívida consolidada (EF).

Congresso Nacional: dívida mobiliária federal.

Iniciativa: Presidente (90 dias da LEF).

Verificação: quadrimestral.

Municípios – 50 mil há = Semestral.

Recondução: 3 quadrimestres (25% no 1º).

Se crescimento do PIB 4x3m < 1%, prazo em dobro.

Enquanto houver excesso:

1. Operações de crédito proibidas (salvo refinanciamento da dívida mobiliária).

2. Resultado primário necessário à recondução, com p.ex. limitação de empenhos.

Não se aplica:

1. Estados de defesa, sítio (CF) e calamidade pública (CN/AL).

2. Impedimento a receber transferências voluntárias (exceto Saúde, Educação,

Assistência Social).

Operação de Crédito:

Compromisso financeiro assumido em razão de mútuo, abertura de crédito, emissão e

aceite de título, aquisição financiada de bens, recebimento antecipado de valores

provenientes da venda a termo de bens e serviços, arrendamento mercantil e outras

operações assemelhadas, inclusive com o uso de derivativos financeiros.

Equipara-se: a assunção, o reconhecimento ou a confissão de dívidas pelo ente da

Federação (condições na LRF, 15/16).

Operações de Crédito – Regras de Contratação

1. Pedido do EF, fundamentado em parecer técnico-jurídico, demonstrando relação

custo x benefício e interesse econômico e social.

2. Prévia autorização na LOA/adicionais ou lei específica.

3. Inclusão na LOA dos recursos, exceto para AROs.

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4. Dentro dos limites e condições do Senado Federal.

5. Autorização do Senado (operações exteriores).

6. Não exceder despesas de capital (salvo créditos suplementares/especiais por lei,

maioria absoluta) (“regra de ouro”)

Resolução de Questões

1. Sobre a dívida e o endividamento públicos, com base na Lei de Responsabilidade

Fiscal, marque C para as alternativas corretas e E para as que estiverem erradas.

( ). Compete ao Congresso Nacional autorizar operações externas de natureza

financeira, de interesse da União, Estados, Distrito Federal e Municípios e Territórios.

( ) Operações de crédito com prazo inferior a doze meses não integram a dívida

pública consolidada, em nenhuma hipótese.

( ) Os títulos emitidos pelo Banco Central do Brasil integram a dívida pública

mobiliária.

( ) Os limites de dívida pública e de operações de crédito serão fixados em percentual

da receita corrente líquida para cada esfera de governo e aplicados igualmente a

todos os entes da Federação que a integrem, constituindo, para cada um deles, limites

máximos.

Resposta: E; E; C; C.

Dicas de estudo

Para saber mais, consulte a obra “Direito Financeiro e Orçamento Público”, de Sergio

Jund, ed. Campus.

Para um estudo mais específico, você também pode consultar o artigo “A questão do

endividamento público dez anos após a publicação da Lei de Responsabilidade Fiscal:

avanços e limitações”, de Ana Carla Bliacheriene, Renato Jorge Brown Ribeiro. In

Revista de informação legislativa, v. 49, n. 194, p. 159-172, abr./jun. 2012.

A maioria dos dados oficiais sobre dívida e endividamento público pode ser

encontrada na página do Banco Central do Brasil (www.bcb.gov.br).

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12. GARANTIAS E CONTRAGARANTIAS E ANTECIPAÇÕES DE RECEITAS

ORÇAMENTÁRIAS

Concessão de Garantia e Contragarantia

É o compromisso de adimplência de obrigação financeira ou contratual assumida por

ente da federação (EF) ou entidade a ela vinculada.

Regras específicas

1. Que haja contragarantia igual ou superior à garantia e adimplência do solicitante (e

entidades).

2. No caso de operação de crédito junto a organismo financeiro internacional, ou a

instituição federal de crédito e fomento para o repasse de recursos externos, a União

só prestará garantia a ente que atenda, além do disposto no item anterior, as

exigências legais para o recebimento de transferências voluntárias.

3. Que observe o limite fixado pelo Senado Federal (senão nula).

Vedações ao endividamento

1. Entre entes da Federação

LRF, Art. 35. É vedada a realização de operação de crédito entre um ente da

Federação, diretamente ou por intermédio de fundo, autarquia, fundação ou

empresa estatal dependente, e outro, inclusive suas entidades da

administração indireta, ainda que sob a forma de novação, refinanciamento ou

postergação de dívida contraída anteriormente.

§ 1° Excetuam-se da vedação a que se refere o caput as operações entre

instituição financeira estatal e outro ente da Federação, inclusive suas

entidades da administração indireta, que não se destinem a:

I - financiar, direta ou indiretamente, despesas correntes;

II - refinanciar dívidas não contraídas junto à própria instituição concedente.

2. Instituição financeira estatal para seu ente controlador.

Vedações equiparadas: LRF, art. 37.

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Antecipação da Receita Orçamentária (ARO)

A operação de crédito por antecipação de receita é operação de crédito, de natureza

extraorçamentária, e destina-se a atender insuficiência de caixa durante o exercício

financeiro.

Condições:

- Realização a partir do 10º dia do início do exercício;

- Prazo para liquidação: até 10/12 do mesmo ano.

- Só pode cobrar taxa de juros, indexada à taxa básica financeira (ou sucessora).

Vedações:

- Antes de resgatar AROs anteriores.

- Último ano de mandato do chefe do Executivo.

Nos Estados e Municípios:

LRF, Art. 38, § 2° As operações de crédito por antecipação de receita

realizadas por Estados ou Municípios serão efetuadas mediante abertura de

crédito junto à instituição financeira vencedora em processo competitivo

eletrônico promovido pelo Banco Central do Brasil.

§ 3° O Banco Central do Brasil manterá sistema de acompanhamento e

controle do saldo do crédito aberto e, no caso de inobservância dos limites,

aplicará as sanções cabíveis à instituição credora.

Resolução de Questões

As operações de crédito por antecipação da receita, mais conhecidas como AROs,

além de sujeitarem-se às normas da Resolução n.º 78/1988, do Senado da República,

sujeitam-se à da Lei de Responsabilidade Fiscal. Identifique a única opção proibida na

mencionada Lei, com relação às AROs.

a) Somente poderão ser realizadas a partir do décimo dia do início do exercício.

b) Não serão autorizadas se forem cobrados outros encargos incidentes que não a

taxa de juros da operação, obrigatoriamente prefixada ou indexada à taxa básica

financeira, ou à que a vier substituir.

c) Deverão ser liquidadas (pagas), com juros e outros encargos incidentes, até o dia

10 de dezembro de cada ano.

d) Estarão proibidas enquanto existir operação anterior da mesma natureza não

integralmente resgatada.

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e) Serão permitidas suas contratações mesmo que seja o último ano de mandato do

Presidente, do Governador ou Prefeito MunicipaI.

Resposta: E

Dicas de estudo

Como mais uma interessante fonte de pesquisas, podemos citar o sítio na Rede

Mundial de Computadores www.lrf.com.br, que foi idealizado, concebido e organizado

por Nilo Cruz Neto, e contém consultas, artigos e interessantes resumos que podem

ser muito úteis para quem se prepara para concursos públicos.

Você pode saber mais sobre AROs lendo o artigo “Operações de créditos por

antecipação de receitas”. In Cadernos de direito tributário e finanças públicas, v. 7, n.

26, p. 175-181, jan./mar. 1999.