administração eclesiástica

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1 Administração Eclesiástica Administração Eclesiástica IBETEL Site: www.ibetel.com.br E-mail: [email protected] Telefax: (11) 4743.1964 - Fone: (11) 4743.1826

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Administração Eclesiástica

Administração Eclesiástica

IBETEL Site: www.ibetel.com.br

E-mail: [email protected] Telefax: (11) 4743.1964 - Fone: (11) 4743.1826

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Administração Eclesiástica

(Org.) Prof. Pr. VICENTE LEITE

Administração Eclesiástica

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Administração Eclesiástica

Apresentação Estávamos em um culto de doutrina, numa sexta-feira destas quentes do verão daqui de São Paulo e a congregação lotada até pelos corredores externos. Ouvíamos atentamente o ensino doutrinário ministrado pelo Pastor Vicente Paula Leite, quando do céu me veio uma mensagem profética e o Espírito me disse “fale com o pastor Vicente no final do culto”. Falei: - Jesus te chama para uma grande obra de ensino teológico para revolucionar a apresentação e metodologia empregada no desenvolvimento da Educação Cristã. Hoje com imensurável alegria, vejo esta profecia cumprida e a Faculdade IBETEL transbordando como uma fonte que aciona apressuradamente com eficácia o processo da educação teológico-cristã. A experiência acumulada da Faculdade IBETEL nessa década de ensino teológico transforma hoje suas apostilas, produtos de intensas pesquisas e eloqüente redação, em noites não dormidas, em livros didáticos da literatura cristã com uma preciosíssima contribuição ao pensamento cristão hodierno e aplicação didática produtiva. Esta correção didática usando uma metodologia eficaz que aponta as veredas que leva ao único caminho, a saber, o SENHOR e Salvador Jesus Cristo, chega as nossas mãos com os aromas do nardo, da mirra, dos aloés, da qual você pode fazer uso de irrefutável valor pedagógico-prático para a revolução proposta na gênese de todo trabalho. E com certeza debaixo das mãos poderosas do SENHOR ser um motor propulsor permanentemente do mandamento bíblico: “Conheçamos e prossigamos em conhecer ao Senhor...”. Por certo esta semente frutificará na terra boa do seu coração para alcançar preciosas almas compradas pelo Senhor Jesus.

Dr. Messias José da Silva In memorian

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Administração Eclesiástica

Prefácio Este Livro de Administração Eclesiástica, parte de uma série que compõe a grade curricular do curso em Teologia da nossa Faculdade, se propõe a ser um instrumento de pesquisa e estudo. Embora de forma concisa, objetiva fornecer informações introdutórias acerca dos seguintes pontos: Administração Eclesiástica; Qualidade na Vida Psicológica e Espiritual; Qualidade Total e o Serviço Ministerial; Qualidade de Vida e Relações Humanas na Igreja; Qualidade Total e Autoridade Espiritual e Obreiro e seu Ministério. Esta obra teológica destina-se a pastores, evangelistas, pregadores, professores da escola bíblica dominical, obreiros, cristãos em geral e aos alunos do Curso em Teologia da Faculdade IBETEL, podendo, outrossim, ser utilizado com grande préstimo por pessoas interessadas numa introdução Administração Eclesiástica. Finalmente, exprimo meu reconhecimento e gratidão aos professores que participaram de minha formação, que me expuseram a teologia bíblica enquanto discípulo e aos meus alunos que contribuíram estimulando debates e pesquisas. Não posso deixar de agradecer também àqueles que executaram serviços de digitação e tarefas congêneres, colaborando, assim, para a concretização desta obra.

Prof. Pr. Vicente Leite

Diretor Presidente IBETEL

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Administração Eclesiástica

Declaração de fé A expressão “credo” vem da palavra latina, que apresenta a mesma grafia e cujo significado é “eu creio”, expressão inicial do credo apostólico -, provavelmente, o mais conhecido de todos os credos: “Creio em Deus Pai todo-poderoso...”. Esta expressão veio a significar uma referência à declaração de fé, que sintetiza os principais pontos da fé cristã, os quais são compartilhados por todos os cristãos. Por esse motivo, o termo “credo” jamais é empregado em relação a declarações de fé que sejam associadas a denominações específicas. Estas são geralmente chamadas de “confissões” (como a Confissão Luterana de Augsburg ou a Confissão da Fé Reformada de Westminster). A “confissão” pertence a uma denominação e inclui dogmas e ênfases especificamente relacionados a ela; o “credo” pertence a toda a igreja cristã e inclui nada mais, nada menos do que uma declaração de crenças, as quais todo cristão deveria ser capaz de aceitar e observar. O “credo” veio a ser considerado como uma declaração concisa, formal, universalmente aceita e autorizada dos principais pontos da fé cristã.

O Credo tem como objetivo sintetizar as doutrinas essenciais do cristianismo para facilitar as confissões públicas, conservar a doutrina contra as heresias e manter a unidade doutrinária. Encontramos no Novo Testamento algumas declarações rudimentares de confissões fé: A confissão de Natanael (Jo 1.50); a confissão de Pedro (Mt 16.16; Jo 6.68); a confissão de Tomé (Jo 20.28); a confissão do Eunuco (At 8.37); e artigos elementares de fé (Hb 6.1-2).

A Faculdade Teológica IBETEL professa o seguinte Credo alicerçado fundamentalmente no que se segue:

(a) Crê em um só Deus eternamente subsistente em três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo (Dt 6.4; Mt 28.19; Mc 12.29).

(b) Na inspiração verbal da Bíblia Sagrada, única regra infalível de fé

normativa para a vida e o caráter cristão (2Tm 3.14-17).

(c) No nascimento virginal de Jesus, em sua morte vicária e expiatória, em sua ressurreição corporal dentre os mortos e sua ascensão vitoriosa aos céus (Is 7.14; Rm 8.34; At 1.9).

(d) Na pecaminosidade do homem que o destituiu da glória de Deus, e

que somente o arrependimento e a fé na obra expiatória e redentora de Jesus Cristo é que o pode restaurar a Deus (Rm 3.23; At 3.19).

(e) Na necessidade absoluta no novo nascimento pela fé em Cristo e pelo

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poder atuante do Espírito Santo e da Palavra de Deus, para tornar o homem digno do reino dos céus (Jo 3.3-8).

(f) No perdão dos pecados, na salvação presente e perfeita e na eterna

justificação da alma recebidos gratuitamente na fé no sacrifício efetuado por Jesus Cristo em nosso favor (At 10.43; Rm 10.13; 3.24-26; Hb 7.25; 5.9).

(g) No batismo bíblico efetuado por imersão do corpo inteiro uma só vez

em águas, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, conforme determinou o Senhor Jesus Cristo (Mt 28.19; Rm 6.1-6; Cl 2.12).

(h) Na necessidade e na possibilidade que temos de viver vida santa mediante a obra expiatória e redentora de Jesus no Calvário, através do poder regenerador, inspirador e santificador do Espírito Santo, que nos capacita a viver como fiéis testemunhas do poder de Jesus Cristo (Hb 9.14; 1Pe 1.15).

(i) No batismo bíblico com o Espírito Santo que nos é dado por Deus mediante a intercessão de Cristo, com a evidência inicial de falar em outras línguas, conforme a sua vontade (At 1.5; 2.4; 10.44-46; 19.1-7).

(j) Na atualidade dos dons espirituais distribuídos pelo Espírito Santo à Igreja para sua edificação conforme a sua soberana vontade (1Co 12.1-12).

(k) Na segunda vinda premilenar de Cristo em duas fases distintas. Primeira - invisível ao mundo, para arrebatar a sua Igreja fiel da terra, antes da grande tribulação; Segunda - visível e corporal, com sua Igreja glorificada, para reinar sobre o mundo durante mil anos (1Ts 4.16.17; 1Co 15.51-54; Ap 20.4; Zc 14.5; Jd 14).

(l) Que todos os cristãos comparecerão ante ao tribunal de Cristo para receber a recompensa dos seus feitos em favor da causa de Cristo, na terra (2Co 5.10).

(m) No juízo vindouro que recompensará os fiéis e condenará os infiéis, (Ap 20.11-15).

(n) E na vida eterna de gozo e felicidade para os fiéis e de tristeza e tormento eterno para os infiéis (Mt 25.46).

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Administração Eclesiástica

Sumário Apresentação 5 Prefácio 7 Declaração de fé 9 Capítulo 1 Administração Eclesiástica 13

1.1. Governo Eclesiástico 13 1.2. Um Conceito de Administração Eclesiástica 16 1.3. Administração Eclesiástica do Ponto de Vista Bíblico 16 1.4. Objetivos de Organização 16 1.5. Administração Secular 17 1.6. O & M (Organização & Métodos) 17 1.7. O Que É Administrar? 17 1.8. Princípios Básicos de Administração 17 1.9. Igreja Cristã 18 1.10. Organograma da Igreja 21 1.11. Epílogo 27

Capítulo 2 Qualidade na Vida Psicológica e Espiritual 29

2.1. A Psicologia e o Obreiro 29 2.2. A tricotomia do homem 32 2.3. O homem sob três aspectos bíblicos 36

Capítulo 3 Qualidade Total e o Serviço Ministerial 43

3.1. Princípios básicos e fundamentos da qualidade 44 3.2. Os princípios da qualidade 47

Capítulo 4 Qualidade de Vida e Relações Humanas na Igreja 53

4.1. O que significa relações humanas? 53 4.2. Relações Humanas no pIano de Deus 54 4.3. Sua necessidade dentro do ministério 54 4.4. Relações humanas e a comunicação 56 4.5. Os problemas do relacionamento humano 57 4.6. A influência da crítica no comportamento humano 59 4.7. Outros problemas do relacionamento humano 64

Capítulo 5 Qualidade Total e Autoridade Espiritual 71

5.1. Autoridade de Cristo 72 5.2. O Trabalho ministerial deve ser prestado em obediência 72

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5.3. Não existe autoridade que não provenha de Deus 74 5.4. A primeira lição do obreiro deve ser obediência 74 5.5. A cabeça é a autoridade do corpo 75 5.6. Davi respeitava a autoridade que estava sobre Saul 77 5.7. Obediência à autoridade delegada 78 5.8. Requisitos para reconhecer uma autoridade delegada 80

Capítulo 6 Obreiro e seu Ministério 83

6.1. Qualidades do obreiro 83 6.2. Nunca negligenciando ou omitindo o dever 86 6.3. Unção Ministerial 88 6.4. Habilitação Ministerial 90 6.5. A Pessoa do Obreiro e seu Ministério 92 6.6. Aceitando os Desafios do Ministério 98 6.7. Aceitando os desafios da fé 99

Referências 103

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Administração Eclesiástica

Capítulo 1

Administração Eclesiástica

Administração. Conjunto de princípios, normas e funções destinadas a ordenar, dirigir e controlar os esforços de grupos de indivíduos para obtenção de um resultado comum. Por extensão, função que estabelece as diretrizes da empresa, de forma a organizar os fatores de produção e controlar os resultados. ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.

1.1 Governo Eclesiástico Uma igreja cristã é uma sociedade com vida coletiva, organizada de conformidade com algum plano definido, adaptado a algum propósito definido, que ela se propõe realizar.

Podemos distinguir quatro padrões gerais, embora muitos grupos não se enquadrem exatamente em nenhum deles.

1.1.1 Episcopal É o governo por meio de bispos (episkopoi). É a ordem adotada pelas igrejas anglicana, luterana, metodista (esta com modificações). Um ministério triplo é mantido, abrangendo bispos, pastores (principalmente o clero local, que exerce a liderança nas igrejas e nas paróquias) e diáconos/diaconisas, que trabalham como auxiliares da igreja. Na prática, os diáconos são quase sempre pastores-aprendizes. Só os bispos podem ordenar outros para o ministério e eles traçam a sucessão através dos séculos. Este sistema não tem como reivindicar base bíblica, no sentido de que o Novo Testamento apresente alguma exigência indiscutível quanto ao assunto. Os estudiosos de todas as tradições aceitam hoje a idéia de que os termos episkopos (bispo) e prebyteros (ancião) são equivalentes no Novo Testamento (At 20.17,28; Fp 1.1; Tt 1.5,7). Assim sendo, a idéia da palavra bispos no Novo Testamento não é em geral aquela encontrada no sistema episcopal. Eles eram oficiais da igreja local, havendo quase sempre alguns servindo na mesma igreja, segundo o modelo dos anciãos do Antigo Testamento, na sinagoga judaica.

Por outro lado, as igrejas episcopais destacam dois fatores significativos como apoio ao sistema. Primeiro, a presença de ministérios na igreja primitiva que transcendiam os da igreja local. Os apóstolos são o exemplo supremo

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neste caso; os profetas parecem ter às vezes atuado nesse sentido. Timóteo, Tito e Tiago são vistos como exemplos especiais dessa terceira dimensão do ministério do Novo Testamento, desde que foram claramente investidos de responsabilidade sobre várias igrejas. Segundo, não pode haver dúvida de que a ordem de ministério tríplice retroceda quase até a era apostólica, sendo em meados do segundo século o padrão praticamente universal para o ministério cristão. Quando a igreja teve de enfrentar a perseguição extrema e a heresia em seu próprio meio, ela reforçou sua liderança oficial, principalmente o episcopado, a fim de fazer frente a esses desafios. Trata-se, portanto, de uma forma de ministério que provou ser de considerável valor para a igreja no decorrer dos séculos. 1.1.2 Presbiteriano

O governo por meio de anciãos (presbyteroi) caracteriza as igrejas Reformada e Presbiteriana em todo o mundo e, com certas modificações episcopais, o Metodismo. Os anciãos se reúnem geralmente num corpo central, como uma assembléia nacional, e nos presbitérios locais, com jurisdição sobre territórios geograficamente menores. Uma forma de presbiterianismo também opera onde uma igreja local é administrada por um grupo de líderes nomeados. Esta forma reivindica autorização bíblica direta, baseada no padrão do Novo Testamento, onde presbíteros são nomeados nas igrejas locais. Esses líderes aparecem consultando os apóstolos no Concílio de Jerusalém, em Atos 15. Entre os presbíteros na congregação local, um pode ser escolhido como presbítero-mestre, para administrar a Palavra e os sacramentos, à parte dos outros presbíteros administradores, que participam da liderança com ele (1Tm 5.17). Em termos gerais, o governo é quase sempre exercido por um sistema de presbitérios, sínodos e concílios. O presbiterianismo também reconhece o direito de cada igreja participar da escolha dos pastores. Os diáconos realizam um ministério de apoio, ligado aos assuntos administrativos da igreja. De modo diferente dos episcopais, todos os pastores têm formalmente o mesmo status. 1.1.3 Congregacional (Independente) É o governo através da igreja local em conjunto, seguido pelas igrejas batistas, congregacionais, pentecostais e outras igrejas independentes. A igreja local é a unidade básica: nenhum líder ou organização pode exercer qualquer autoridade sobre ela. Todas as decisões são tomadas por toda a igreja; o pastor, os diáconos e os presbíteros (se houver) acham-se no mesmo nível que os demais membros. Cada igreja local tem liberdade para interpretar a vontade de Deus sem interferência de outras igrejas ou grupos, embora na prática a maioria das igrejas independentes se una com outras de interesse comum. A ordenação para o ministério pode ser efetuada sem o

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Administração Eclesiástica envolvimento de outras igrejas, apesar de isso ser raro na prática; muitos congregacionalistas consideram essencial uma representação mais abrangente. O ministério é geralmente duplo, com pastores e diáconos, embora em alguns casos o pastor divida a responsabilidade espiritual com vários presbíteros. Algumas igrejas do tipo congregacional põem em dúvida a validade da idéia de nomear um determinado indivíduo para ministrar na congregação local.

Os congregacionalistas se baseiam no significado da igreja local no Novo Testamento. Como vimos, a Escritura faz uso da mesma linguagem, relativa à natureza da igreja, tanto para se referir à igreja local como à igreja universal. Além disso, não existe no Novo Testamento qualquer evidência quanto à imposição de grupos mais amplos ou oficiais de fora sobre a vida da igreja local, excetuando-se evidentemente os apóstolos ou seus representantes pessoais, como Tito e Timóteo. Subjacente a isso, acha-se a convicção de que a liderança de Cristo na igreja implica sua presença imediata entre o povo e o poder de transmitir a sua vontade sem a mediação de qualquer outro agente, quer pessoal ou corporativo.

Na prática, o congregacionalismo reconhece o valor da comunhão mútua e da cooperação entre as igrejas, embora não a ponto de restringir a suprema liberdade do grupo local para agir conforme a vontade do Senhor, segundo o seu discernimento.

1.1.4 Católico-Romano

O catolicismo é essencialmente uma expressão histórica específica do episcopalianismo. Existem sérios desvios das normas bíblicas em sua compreensão da igreja. O aspecto singular da organização católica é a primazia do Bispo de Roma, o Papa. A Igreja Católica difere, outrossim, das igrejas reformadas em seu conceito de um sistema eclesiástico sacerdotal, também encontrado nas igrejas ortodoxas do oriente e em algumas igrejas anglicanas. Este breve resumo mostra que nem o sistema episcopal, nem o presbiteriano, nem o congregacional pode reivindicar o apoio total das Escrituras, embora isso possa ser negado por alguns, em cada tradição. Não queremos sugerir com isso que a evidência bíblica deva ser posta de lado e o assunto seja decidido em bases pragmáticas. Mas, a fim de nos identificarmos com o corpo de Cristo, precisamos unir-nos a um desses grupos, e um mínimo de compromisso com suas estruturas é algo essencial para dar significado à nossa adesão. Devemos reconhecer, entretanto, os limites assim como a extensão de nossas convicções em assuntos que não contradigam claramente o ensino bíblico e exercer aquele respeito mútuo fraternal que é o sinal que distingue o povo de Deus (Jo 13.14s).

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1.2 Um Conceito de Administração Eclesiástica Administração Eclesiástica é o estudo dos diversos assuntos ligados ao trabalho do pastor no que tange à sua função de líder ou administrador principal da igreja a que serve. A Igreja é um ORGANISMO e também uma ORGANIZAÇÃO e o povo de Deus está organizado num tríplice aspecto: espiritual, social e econômico, para atender à missão para a qual Deus a constituiu. 1.3 Administração Eclesiástica do Ponto de Vista Bíblico Em muitos casos, a Bíblia tem sido situada por sua demonstração de princípios administrativos. 1.3.1 No Antigo Testamento

a) Conselho de Jetro - Êx 18.13-27; b) avi divide os sacerdotes por turmas - 1Cr 27; c) José no Egito - Gn 41.28-57

1.3.2 No Novo Testamento Jesus envia doze discípulos às ovelhas perdidas da casa de Israel, Mt 10.1. Jesus envia setenta discípulos de dois em dois, Lc 10.1. Jesus mandou a multidão assentar-se em grupos de 50 e 100 na multiplicação de pães e peixes, Mc 6.39-44. Uma boa administração não impede a necessária operação do Espírito Santo, pelo contrário, o Executivo Divino deve ser consultado em primeiro lugar, antes de qualquer planejamento ou deliberação, pois Ele é o maior interessado no progresso do reino de Deus na terra. 1.4 Objetivos de Organização

a) Simplificar o trabalho. Há muitas maneiras de se fazer às coisas, porém devemos procurar aquela que é mais prática e eficiente;

b) facilitar a produção. Simplificando o trabalho, facilitamos a sua produção e, por conseguinte produzimos mais e melhor.

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Administração Eclesiástica

1.5 Administração Secular

Possui dois grandes ramos:

Pessoal. Cuida das pessoas que compõe a organização, seus direitos, deveres e desenvolvimento.

Financeira. Busca recursos, analisa receitas e programa despesas.

1.6 O & M (Organização & Métodos)

Estuda e pesquisa a maneira de operar estabelecendo seqüências lógicas. 1.7 O Que É Administrar? É a capacidade de gerar organismos eficazes, eficientes distribuindo responsabilidades, permitindo participação, promovendo crescimento (da organização e dos envolvidos). 1.8 Princípios Básicos de Administração 1.8.1 Planejar Predeterminar um curso de ação. 1.8.1.1 Atividades

a) Prever; b) estabelecer objetivos; c) programa; d) cronogramar; e) orçar; f) determinar procedimentos; g) elaborar políticas.

1.8.2 Organizar

Reunir meios, recursos materiais e humanos, distribuir racional e harmoniosamente para fazer funcionar a Organização. 1.8.2.1 Atividades

a) Tomar decisões; b) delegar responsabilidades; c) estabelecer relações.

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1.8.3 Comandar Determinar providências de funcionamento de acordo com normas vigentes 1.8.3.1 Atividades

a) Tomar decisões; b) comunicar-se; c) motivar; d) selecionar; e) desenvolver pessoal.

1.8.4 Coordenar Manter a organização em funcionamento homogêneo e integrado, proporcionando desenvolvimento de modo equilibrado, evitando atritos. 1.8.5 Controlar Avaliar e regular o trabalho em andamento e acabado.

1.8.5.1 Atividades

a) Estabelecer padrões de execução; b) medir desempenho; c) avaliar desempenho; d) corrigir desempenho.

A Administração perfeita está nos céus. O próprio Deus estabeleceu regras fixas para o Universo teve seu planejamento (Pv 8.22). Nenhuma Igreja prosperará e se manterá sem administração. 1.9 Igreja Cristã 1.9.1 Definição Conjunto de pessoas divinamente chamadas e separadas do mundo, unidos sob pacto para o culto e serviço cristão, são a suprema atividade de Cristo, cuja palavra é a sua única lei e regra de vida em todas as questões de fé e prática.

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Administração Eclesiástica 1.9.2 Divisão

a) UNIVERSAL - conjunto de todos os salvos; b) LOCAL - Conjunto de salvos de um determinado local.

1.9.3 Missão

a) Adorar; b) edificar; c) evangelizar.

1.9.4 Características ideais

a) Está presente e vive para desempenhar sua missão; b) liderança própria; c) reprodução própria; d) sustento próprio.

1.9.5 Fatores Para Formar Uma Igreja

a) Comunhão, At 2.44; b) cooperação, At 4.32.

1.9.6 Corpo Eclesial

a) Pastor, Ministro, Ancião, Presbítero, Bispo (At 20.18,28; 1Tm 3.1, Tt

l.5-7). b) Diácono (At 6)

1.9.7 Filiação

a) Pelo batismo (Mt 28.15; At 2.38): salvos, casados, solteiros ou viúvos; b) por carta de transferência: membros de outras igrejas de mesma fé e

ordem; c) por aclamação: membros de organizações genuinamente evangélicas,

de igreja que já desaparecera, de igrejas que não dão carta de transferência, cujos documentos foram extraviados.

1.9.8 Tipos de Cartas

a) Recomendação; b) mudança; c) declaração; d) apresentação.

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1.9.9 Rebatismo

a) Se não foi batismo conforme o modelo bíblico; b) se foi antes da convicção da salvação; c) se a pessoa pede por motivo justo.

1.9.10 Disciplina Uma bênção e uma necessidade (Mt 18.15-17; Hb 12.5-11).

1.9.11 Propósitos da Disciplina

a) Corrigir (1Co 7-9). b) restaurar (Gl 6.1); c) manter bom testemunho (1Tm 3.7); d) advertir (1Co 5.6-7); e) apelar à consciência do ofensor.

1.9.12 Motivos de Disciplinas

a) Conduta desordenada (2Ts 3.11-15); b) imoralidade (1Co 5); c) contenciosidade (1Tm 3.15,20); d) propagar falsas doutrinas (Tt 3.10,11); e) filiação a igreja incompatíveis com o cristianismo.

1.9.13 Como tratar o disciplinado

a) Não como inimigo (2Ts 3.15); b) ganhá-lo novamente (Tg 5.19,20); c) recebê-lo, se mostrar-se realmente arrependido.

1.9.14 Casos especiais Pessoas que exercem cargos:

b) Limitar direitos; c) tempo de prova para verificar arrependimento; d) segurança na medida disciplinar.

1.9.15 Defesas extra-bíblica

a) Advogado; b) justiça comum.

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Administração Eclesiástica 1.9.16 Atitude do Pastor quanto à disciplina

a) Deve ministrar com humildade e amor; b) não deve ser usada como castigo; c) não deve ser usada como revanche; d) deve estar ansioso pela sua volta; e) deve ser imparcial; f) não pode ser usada como arma para imposições.

1.10 Organograma da Igreja 1.10.1 Principais órgãos necessários 1.10.1.1 Departamento de Administração 1.10.1.1.1 Serviços gerais

a) Alimentação; b) manutenção; c) conservação e limpeza.

1.10.1.1.2 Material

a) Compras; b) Slmoxarifado.

1.10.1.1.3Pessoal 1.10.1.1.4 Economia e finanças

a) Contabilidade; b) Tesouraria.

1.10.1.1.5Outros

a) Transporte; b) segurança; c) hospedagem; d) secretaria.

1.10.1.2 Departamento de Assistência Social

a) Alimento e roupa; b) saúde e beneficio;

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c) amparo; d) orfanato; e) creches; f) aAsilo.

1.10.1.3 Departamento de Música 1.10.1.3.1 Treinamento

a) Ensaio; b) Cursos.

1.10.1.3.2 Som

a) Instrumentos; b) Aparelhos.

1.10.1.3.3 Grupos

a) Orquestras; b) corais; c) bandas; d) conjuntos.

1.10.1.4 Departamento de Evangelismo

a) Planejamento; b) material; c) áreas.

1.10.1.5 Departamento de Missões

a) Secretaria; b) missões nacionais; c) missões estrangeiras.

1.10.2 Departamento 1.10.2.1 Biblioteca 1.10.2.2 Escola Dominical

a) Superintendência; b) secretaria;

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Administração Eclesiástica

c) setores: • berçário; • infantil; • adolescente; • jovem; • adulto; • novos convertidos.

1.10.2.3 Ensino

a) Escola teológica. b) cursos Seculares; c) treinamento; d) palestras; e) seminários; f) estudos Bíblicos.

1.10.3 Departamento de Comunicação 1.10.3.1 Assessoria Comunicação

a) Relações Públicas. b) avisar, editar, agendar; c) convites, propagandas.

1.10.3.2 Imprensa

a) Jornal; b) rádio; c) tv.

1.10.3.3 Publicações

a) Livros; b) apostilas.

1.10.4 A Igreja como Pessoa Jurídica 1.10.4.1 Estatuto Documento fundamental constitutivo do grupo, conjunto de nomes que estabeleçam a estrutura e a organização da sociedade ou do grupo.

Samuel
Nota
parei aqui

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1.10.4.2 Razões Porque a Igreja deve ter Estatuto

a) Para não figurar como entidade abstrata, inobjetiva; b) para poder ser representada juridicamente, proprietária de bem,

condições de reclamarem direitos; c) pode ser inscrito no CPMF - Cadastro Geral de Contribuintes.

1.10.4.3 Denominações usuais

a) Nome; b) sede e foro; c) finalidades; d) duração; e) membros; f) diretoria; g) assembléias Gerais; h) quorum; i) eleições; j) patrimônio; k) modificações estatutárias; l) disposições gerais.

1.10.4.4 Complementos 1.10.4.4.1 Deve constar Administração; responsabilidades; origem e aplicações de bem e prestação de contas; definição de tarefas; regime interno; pastor como presidente; quorum de decisões. 1.10.4.4.2 O que não deve constar

a) Particularidades dos cultos; b) organizações internas; c) métodos de trabalhos; d) afinações de caráter doutrinário; e) especificações de uso de propriedades, entidade filiais, e modo de

recebimento ou exclusão de membros.

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Administração Eclesiástica 1.10.4.5 Diretoria da Igreja

a) Presidente; b) Vice Presidente; c) 1º Secretário; d) 2º Secretário; e) 3º Secretário; f) 1º Tesoureiro; g) 2º Tesoureiro.

1.10.4.6 Registro do Estatuto

1.10.4.6.1 Em assembléia Geral Extraordinária aprova-se o estatuto

1.10.4.6.2 Documentos para registro

a) Ata datilografada em 3 vias; b) oficio ao Cartório; c) relações dos membros da Diretoria.

1.10.4.7 Reforma do Estatuto

1.10.4.7.1 Razões

a) Mudança de nome; b) atualização da metodologia; c) imposições legais.

1.10.4.7.2 Procedimentos

a) Comunicar assembléia geral; b) apresentar projeto de mudança; c) igreja aprova; d) procede-se o registro; e) divulga-se a reforma.

1.10.4.8 Orientações Legais

a) Deve inscrever-se no CPMF (Cadastro Geral de Contribuintes); b) não poderá inscrever-se no INSS, FGTS, PIS; c) não poderá apresentar Declaração de Rendimentos; d) não poderá ter empregados assalariados; e) deverá ter carimbo do CPMF padronizado; f) deverá requerer junto à Receita Federal isenção de Imposto de

Renda; g) deverá requerer junto à Prefeitura isenção de Imposto Sobre Serviços.

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1.10.5 Administração da Igreja 1.10.5.1 Principais Registros e Documentos

a) Rol de membros; b) livro de Atas; c) livro de Registros de Patrimônio; d) cartão de Membro; e) envelopes de Dízimos; f) ficha de Membro; g) cartas de Recomendação, mudança, transferência.

1.10.6 Bandeiras 1.10.6.1 Do Brasil

a) Horário de hasteamento: normalmente 8 horas; b) horário de armamento: normalmente 18 horas; c) se hasteada à noite deve estar iluminada.

1.10.6.2 Posições 1.10.6.2.1 Ao centro: se estiver isolada 1.10.6.2.2 A diretoria (Em ralação às pessoas que estiver atrás dela): quando se achar ao lado de outra bandeira.

1.10.6.2.3 Em desfiles

Erguida e ao Centro se isolada; à direita se houver outra, e à frente e isolada quando houver outras bandeiras.

1.10.6.3 Regras Fundamentais de Reuniões

1.10.6.3.1 Discussões em grupo

a) Falar um de cada vez; b) ir diretamente ao assunto; c) decidir, tão logo haja opinião formada.

1.10.6.3.2 Peças de uma reunião produtiva

a) Dar conhecimento prévio dos assuntos a serem tratados; b) ter horário de início e término;

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Administração Eclesiástica

c) construir presidente da reunião; d) verificar quorum; e) elaborar ata.

1.10.6.3.3 Decisões por votação

a) Maioria absoluta; b) totalidade; c) nominal; d) secreta; e) simbólica.

1.10.6.3.4 Como liderar uma reunião

a) Prepare um resumo; b) determine objetivos a serem alcançados; c) tenha pronto todo o material necessário; d) mantenha o local devidamente arrumado; e) permita a total participação; f) consiga aceitação dos resultados; g) resuma a discussão.

1.11 Epílogo

“Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir os sábios, e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes” 1Co 1.27

Como mordomos de Deus, à frente de sua Igreja, ou de algum grupo que Ele nos confia a dirigir, devemos esquecer o errôneo refrão: “Deus só quer qualidade e não quantidade”. Esta é uma afirmação diabólica a fim de induzir alguém a menosprezar a obra de Deus, a não cuidar dela com amor, carinho e total dedicação. Deus requer qualidade sim pois é um Deus Santo (Hb 12.14) e perfeito (Dt 18. 13) e exige estas qualidades de seus servos mas também requer quantidade, como podemos ver que na parábola dos talentos (Mt 25.15-30), os que foram recompensados foram os que no mínimo dobraram o valor recebido.

O trabalho para ter sucesso é preciso primeiro a ação de Deus (Jo 15.16) mas também, sem dúvida a ação organizada de alguém (1Tm 3.4,5) que não quer ter do que se envergonhar e tem esperança de ser recompensado pelo Senhor pelo seu trabalho (Is 40.10), que tem consciência que seu trabalho é simbolizado por ouro, prata ou pedras preciosas (1Co 3.12-14).

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Capítulo 2

Qualidade na Vida Psicológica e Espiritual

Introdução Etimologicamente, psicologia significa ciência da alma. A curiosidade acerca da alma sempre foi e continua sendo uma característica do homem. O primitivo considerava a alma como uma entidade responsável pelas manifestações de natureza subjetiva, que se justificava pela vivência dos sonhos, pelas manifestações delirantes e pela experiência da morte, chegando a conceituá-la como substância sutil numa concepção materialista, constituindo um duplo. Aristóteles, também interessado no estudo da alma, porém com o propósito de averiguar sua imortalidade, definiu-a como o ato primeiro, ou seja, como perfeição fundamental de um ser vivo. Atualmente, a alma ainda constitui-se num alvo de interesse do homem contemporâneo e é descrita como um substrato substancial das representações, das sensações, das emoções, dos sentimentos; enfim, de uma expressão psíquica. Ocorre que com o advento da ciência, a alma, como objeto de estudo, tornou-se inconcebível. A psicologia passou a ser definida como a ciência que estuda o comportamento. O comportamento substitui a alma, uma vez que a ela é possível empregar todos os princípios científicos e seus respectivos métodos, principalmente o método hipotético-dedutivo. Por conseguinte, a psicologia passou a pertencer ao rol das ciências naturais, que contêm no bojo de seu objeto de estudo os fenômenos fisiológicos. Neste aspecto a psicologia fica reduzida à fisiologia. 2.1 A Psicologia e o Obreiro O obreiro responsável por um trabalho ou que atue no campo da ministração ou numa classe de escola bíblica, precisa conhecer a base da psicologia, embora muitos afirmem que esta disciplina é anti-bíblica, discordamos

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plenamente, cremos que sem haver um mínimo de conhecimento, o obreiro pode passar por momento de dissabores. É claro que neste livro não ofereceremos um curso de psicologia, mesmo porque o tema geral insere discussão sobre a qualidade total, entretanto, faremos menção de alguns tópicos necessários para que o obreiro possa entender o relacionamento entre espírito, alma e corpo, afim de produção da qualidade total. 2.1.2 Método da Psicologia O método da Psicologia será então a um tempo experimental e racional. Aqui apenas precisamos os pontos em que este método se distingue do método comum às disciplinas experimentais. 2.1.2.1 A observação interior A observação interior ou introspecção consiste em observar-se a si mesmo, aplicando sua atenção aos fenômenos da consciência. A introspecção tem a vantagem imensa de atingir imediatamente seu objeto, sem os riscos que comporta a percepção externa. É necessário notar, contudo, que ela nem sempre é praticável: certos fatos psicológicos, como a cólera, não podem ser observados no mesmo instante em que se produzem. Além disso, a atenção interior tende a modificar mais ou menos os fatos de consciência, impondo-lhes uma espécie de fixidez, que eles não possuem: como observar um desvario sem o interromper, uma distração sem a suprimir? - Enfim, a introspecção é deficiente para atingir o inconsciente e mesmo o subconsciente. Se for verdade que, em muitos casos, pode-se utilizar a memória (lembramo-nos do que se passou no estado de cólera), sabe-se muito bem o quanto o uso desta faculdade comporta riscos de erro. Donde a necessidade de recorrer à observação objetiva para completar, verificar e corrigir os resultados da introspecção. 2.1.2.2 A observação exterior Este gênero de observação psicológica nos é perfeitamente familiar. Com efeito, servimo-nos comumente e espontaneamente da observação objetiva quando encontramos em certos fatos psicológicos os fatos ou os estados psicológicos que lhes estão ligados. As lágrimas nos revelam o sofrimento ou a tristeza; a imobilidade do corpo, a fixidez da visão revela o esforço de

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Administração Eclesiástica atenção etc. Em Psicologia, só se cogita em dar uma forma científica a esse processo de observação. 2.1.2.3 Processos de observação objetiva Estes processos são muito variados. Os mais empregados são os seguintes: métodos dos testes (pesquisas ou questionários), pelos quais se revelam as reações psicológicas de pessoas mais ou menos numerosas, numa situação, ou diante de um fato dado, tendo em vista isolar-lhe o elemento comum, — estudo dos casos anormais ou patológicos, que fazem sobressair, por contraste, os comportamentos normais, - estudo comparado dos adultos e das crianças, dos civilizados e dos selvagens - estudos dos comportamentos ou atitudes exteriores que traduzem os estados psicológicos - psicanálise, esforçando-se por revelar as fontes inconscientes da vida psíquica. 2.1.2.4 Alcance do método objetivo O método objetivo não pode, evidentemente, ser suficiente. É apenas um auxiliar da introspecção, uma vez que jamais poderíamos dar um sentido às manifestações exteriores de outrem se não tivéssemos experimentado e observado em nós próprios os fenômenos interiores que revelam os movimentos ou atitudes externas. Mas é um auxiliar precioso, e mesmo indispensável, quando se quer passar da observação à experimentação. 2.1.2.5 O paralelismo psicofísico O paralelismo dos fatos psíquicos e dos fatos fisiológicos, que utiliza, sobretudo o método objetivo, tem por vezes incitados os psicólogos a perseguir uma redução do psíquico ao puro fisiológico, como se os estados de consciência fossem apenas um simples aspecto das modificações orgânicas. Ora, esta redução é insustentável, porque existem entre a ordem psíquica e a ordem fisiológica diferenças tais que implicam uma distinção radical. Com efeito, os fenômenos psíquicos são essencialmente interiores, qualitativos, quer dizer, desprovidos de dimensões espaciais, personalizados e grupados em sínteses originais, enquanto que os fatos fisiológicos são periféricos, extensos, mensuráveis e localizados, exteriores uns aos outros. A estreita dependência dos fatos psíquicos e dos fatos fisiológicos não poderia, pois, ser interpretada como significando uma causalidade real dos segundos em relação aos primeiros. A dependência das duas ordens significa apenas que a consciência depende de condições fisiológicas. Por exemplo,

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os movimentos cerebrais não produzem o pensamento, mas este está condicionado, em seu exercício, por fenômenos cerebrais. No campo da pesquisa psicológica o homem esbarra em certas questões que envolvem a alma, o espírito e o corpo. Quando esses fatores estão em desarmonia o obreiro sente-se debilitado, tanto físico quanto espiritualmente, neste estado, não produz e não atinge a eficiência da qualidade total na vida espiritual. 2.2 A tricotomia do homem A palavra tricotomia vem do grego - trica (3) + tomia (partes). O homem dividido em três partes, nesta visão o homem é dividido em corpo, alma e espírito. 2.2.1 Como DEUS criou o homem Segundo Gênesis 1.26a; '' E disse DEUS façamos o homem à nossa imagem conforme a nossa semelhança; (27); E criou DEUS o homem à sua imagem; à imagem de DEUS o criou; macho e fêmea os criou''. Na criação do homem DEUS soprou em suas narinas o espírito da vida, quando o espírito penetrou no corpo, produziu a alma, neste primeiro momento o espírito teve total controle sobre a alma e o homem vivia em obediência, o homem tinha total comunhão, através de seu espírito. Encontramos no capítulo 3 de Gênesis no versículo 8 e 9 que DEUS descia do céu e conversava com Adão. Por esses textos entendemos que DEUS conversava com eles, estando eles na dispensação da inocência, Adão vivia em santificação. A comunhão de Adão como era totalmente pelo espírito, pois o espírito dominava a alma e o corpo. Encontramos nessa fase DEUS ordenando a Adão que ele podia comer todo fruto de árvore incluindo a árvore da vida (Gênesis 2:16), isso prova que era plano de DEUS mantê-lo eternamente no jardim, tendo apenas uma condição, não tocar na árvore da ciência do bem e do mal (Gênesis 2:17). Porém Adão não vigiou permitindo que a alma dominasse seu espírito, percebemos que quando Satanás o enganou, apela para o seu intelecto (faculdade da alma); ''disse a serpente: Certamente não morrerás, porque DEUS sabe que no dia que dele comerdes se abrirão vossos olhos e sereis como DEUS; sabendo o bem e o mal. E vendo a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e a árvore desejável para dar entendimento, tomou do seu fruto e comeu, e deu também ao seu marido, e ele comeu com ela. Entretanto, Adão e Eva continuaram a viver por centenas

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Administração Eclesiástica de anos depois de comerem o fruto proibido. Obviamente, isso indica que a morte predita não era física. A morte de Adão começou no seu espírito. 2.2.2 O que é a morte realmente? Segundo a definição científica, a morte é '' A suspensão da comunicação com o ambiente''. A morte do espírito é a suspensão da sua comunicação com DEUS. A morte do corpo é a interrupção da comunicação entre esse e o espírito. Por isso, quando dizemos que o espírito está morto, não significa que não haja mais espírito, quer dizer simplesmente que o espírito perdeu sua sensibilidade para com DEUS e assim está morto para Ele. A situação exata é que o espírito está incapacitado de Ter comunhão com DEUS. Usemos como ilustração o mudo: ele tem boca e pulmões mais algo está errado com suas cordas vocais tornando-o sem capacidade para falar. No tocante à linguagem humana, sua boca pode ser considerada como morta. Semelhantemente o espírito de Adão morreu por causa de sua desobediência a DEUS. Ele ainda tinha o seu espírito, todavia estava morto para com DEUS porque havia perdido seu instinto espiritual. Isto ainda é assim: o pecado destruiu o aguçado intuitivo conhecimento de DEUS que o espírito possuía tornando o homem espiritualmente morto. Ele pode ser religiosos, respeitáveis, educados, capazes, fortes e sábios, mas está morto para DEUS. Ele pode até mesmo falar sobre DEUS, raciocinar sobre DEUS, pregar sobre DEUS, mas ainda assim está morto para Ele. O homem não pode ouvir ou sentir a voz do espírito de DEUS. Por isso, no testamento DEUS freqüentemente se refere àqueles que estão vivendo na carne como mortos. A morte que iniciou no espírito do nosso antepassado gradativamente até alcançar seu corpo. Embora continuar a viver por muitos anos depois que seu espírito morreu, a morte, todavia, continuou operando nele até que seu espírito, alma e corpo estivessem mortos. Seu corpo que poderia Ter sido transformado e glorificado, retornou ao pó. Porque se o homem interior precipitou-se no caos, seu corpo exterior deve morrer e ser destruído. A partir dali o espírito de Adão (como também de todos os seus descendentes) caiu sobre opressão da alma até que, gradativamente, uniu-se com a alma tornando suas duas partes intimamente unidas. O escritor de Hebreus diz que a palavra de DEUS vai penetrar e dividir a alma e espírito (4.12). A separação é necessária porque o espírito e a alma tornaram-se um. Enquanto estiverem intimamente unidos ao homem será lançado por eles no mundo psíquico. Tudo é feito segundo os preceitos do intelecto ou sentimento . O espírito perdeu seu poder e impressão como se estivesse em sono profundo. Qualquer instinto que ele tenha para conhecer e servir a DEUS estão completamente paralisados. Ele permanece em coma como se não existisse.

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Este é o significado de Judas 19: ''naturais, não tendo espírito'' (literal). Certamente isso não quer dizer que o espírito humano deixa de existir, pois Números 16.22 diz claramente que DEUS é '' O DEUS dos espíritos de toda carne''. Todo ser humano tem em sua posse um espírito, embora esteja obscurecido pelo pecado e impotente para manter comunhão com DEUS. Por mais morto que esse espírito esteja para DEUS, ele ainda pode permanecer tão ativo quanto a mente ou o corpo. Ele é considerado morto para DEUS, mas ainda é muito ativo com outros aspectos. Algumas vezes o espírito de um homem caído pode ser até mais forte do que sua alma ou corpo e ganhar domínio por todo o seu ser. Tais pessoas são ''espirituais'', da mesma forma que muitas pessoas são grandemente da alma ou do corpo, pois seus espíritos são muito maiores do que as pessoas comuns. Estes são os feiticeiros e bruxos, e verdadeiramente mantém contato com a esfera espiritual, só que realizam isso através do espírito maligno e não pelo Espírito Santo. Desta forma, o espírito do homem caído está aliado com Satanás e seus espíritos maus. Está morto para DEUS, entretanto bem vivo para Satanás e segue o espírito mau que segue nele. Rendendo-se à exigência de suas paixões e cobiça, a alma tornou-se escrava do corpo de tal forma que o Espírito Santo considera inútil contender pelo lugar de DEUS neste alguém. Daí a declaração de escritura : '' Meu espírito não pleiteará para sempre com o homem; porque ele é realmente carne'' (Gn 6.3). A Bíblia refere-se à carne como sendo o composto da alma regenerada e a vida física embora mais freqüentemente indique o pecado que está no corpo. Uma vez que o homem esteja totalmente sobre o domínio da carne, ele não tem de liberar-se. A alma tomou o lugar de autoridade do espírito. Tudo é feito independentemente e segundo as ordens da sua mente. Mesmo em questões religiosas, na mais acalorada busca de DEUS, tudo é realizado pela força e vontade da alma do homem, sem a revelação do Espírito Santo. A alma não está apenas independente do espírito; adicionalmente ela está sob o controle do corpo. Ela é solicitada a obedecer, a executar e cumprir as cobiças, paixões e exigências do corpo. Cada filho de Adão está, não somente morto em seu espírito, mas ela é também ''da terra, terreno'' (1Co 15.47). Os homens caídos são governados completamente pela carne, andando em reação aos desejos das suas vidas da alma e das paixões físicas. Estes são incapacitados de Ter comunhão com DEUS. Às vezes eles exibem sua inteligência e paixão, porém, os mais freqüentes são ambos: inteligência e paixão. Sem impedimento, a carne está sobre rígido controle sobre o homem total. Isto é o que está esclarecido em Judas: ''escarnecedores andando segundo as suas ímpias concupiscências. Estes são os que põem à parte, homens naturais, não tendo espírito''. Ser da alma é antagônico ao ser do espírito,

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Administração Eclesiástica nossa parte mais nobre, a parte que pode unir-se a DEUS e que pode regular a alma e o corpo, está agora sob o domínio da alma, aquela parte em nós que é terrena tanto no motivo como no alvo. O espírito foi despojado da sua posição original. A condição do homem é anormal, por resultado de ser da alma é que se torna um escarnecedor, buscando paixões ímpias e criando divisões. 1Coríntios 2.14 faz referência de tais pessoas não regeneradas desta forma: ''O homem natural não aceita coisas de DEUS, porque para ele são loucuras; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. ''Tais homens, sob o controle de suas almas e com seus espíritos oprimidos, estão em contraste direto com as pessoas espirituais. Eles podem ser excessivamente inteligentes, capazes de apresentar idéias ou teorias magistrais, todavia não aprovam as coisas do Espírito de DEUS. São inadequados para receber revelação do Espírito Santo. Tal revelação é amplamente diferente das idéias humanas. O homem pode pensar que o intelecto e o raciocínio humano são todo-poderosos, que o cérebro é capaz de compreender todas as verdades do mundo, mas o veredicto da Palavra de DEUS é : '' vaidade de vaidades''. Enquanto o homem está em seu estado de alma, ele freqüentemente sente a insegurança desta era, e, por isso, também busca a vida eterna da era vindoura. Mas mesmo que o faça, ainda é impotente para descobrir a Palavra da vida pelo seu muito pensar e teorizar. Quão indignos de confiança são os raciocínios humanos! Freqüentemente observamos como pessoas muito inteligentes colidem em suas diferentes opiniões. As teorias conduzem o homem facilmente ao erro. São castelos no ar, atirando-os nas trevas eternas. Quão verdadeiro é que, sem a liderança do Espírito Santo, o intelecto não é apenas indigno de confiança, mas também extremamente perigoso, porque freqüentemente confunde a questão do certo e do errado. Um pequeno descuido pode provocar não só a perda temporária, mas até danos eternos. A mente entenebrecida do homem muitas vezes o conduz à morte eterna. Se as almas não regeneradas apenas pudessem ver isto, quão bom seria! Enquanto o homem é carnal, ele pode ser controlado por mais do que simplesmente a alma, ele pode estar sob direção do corpo também, porque a alma e o corpo estão intimamente entrelaçados. Pelo fato do corpo de pecado estar abundando em desejos e paixões, o homem pode cometer os mais hediondos pecados. Visto que o corpo é formado do pó, assim sua tendência natural é em direção a terra. A introdução do veneno da serpente no corpo do homem transforma todos os seus desejos legítimos em lascívia.

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Tendo cedido uma vez ao corpo, em desobediência a DEUS, a alma vê-se compelida a ceder toda vez. Os baixos desejos do corpo podem ser freqüentemente manifestos por meio da alma. O poder do corpo torna-se tão irresistível que a alma não consegue senão ser o escravo obediente. A idéia de DEUS é que o espírito tenha a preeminência, governando nossa alma. Mas uma vez que o homem torna-se carnal, seu espírito afunda em servidão à alma. Maior degradação sucede quando o homem torna-se ''material'' (do corpo), pois o corpo, mais baixo, ergue-se para ser soberano. O homem desceu então do '' controle do espírito'' para o ''controle da alma'', e do ''controle da alma'' para o controle do corpo”. Ele afunda cada vez mais profundamente. Quão lamentável deve ser quando a carne ganha domínio.

O pecado matou o espírito: morte espiritual então, torna-se a porção de todos, pois todos estão mortos em delitos e pecados. O pecado levou a alma a ser independente: a vida da alma é, portanto, uma vida egoísta e obstinada. O pecado finalmente deu autoridade ao corpo: a natureza pecaminosa conseqüentemente reina através do corpo. 2.3 O homem sob três aspectos bíblicos DEUS classifica o homem sob três planos como veremos no decorrer deste tópico. Não temos como escapar dessa classificação. Ou somos o homem natural, ou o homem carnal. 2.3.1 O Homem Natural Embora o plano mais elevado para o homem seja o espiritual, DEUS começa em sua palavra, pelo plano mais inferior: o natural. Isto é começa a falar do homem que vive uma vida natural, a vida deste mundo, e que não tem o Espírito Santo em seu viver. 2.3.1.1 A descrição do homem natural Ele é chamado de natural porque ainda não experimentou a regeneração. Vive segundo a natureza pecaminosa e decaída desde a queda ocorrida no Éden. Ele está perdido. A menos que aceite a Jesus, não há solução para ele. Esse homem não pode ser reformado nem melhorado. Ele tem de ser transformado pelo poder do Espírito Santo (Rm 8.9; 7.18). Não importa quão bons, cultos, educados, experientes, moralistas e religiosos seja, se não a aceitar Cristo, estará irremediavelmente perdido e morto em seus pecados (Sl 14.13; Rm 3.23, 8.9).

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Administração Eclesiástica O mesmo termo traduzido natural em 1Co 2.14, é traduzido animal, em 1Co 15.44, referindo-se ali ao corpo impulsionado e controlado pela alma humana e suas paixões. O nosso termo ''alma” vem do latim ánima e nada tem a ver com animal e, sim, criatura especial de DEUS (Gn 1.26,27; Sl 8.4-6). O mesmo termo é traduzido por sensual em Jd v.19, no sentido de ser governado apenas pelos sentidos naturais da alma, e não pelo Espírito Santo. ''Sensual'', aqui, não se refere á volúpia, lascívia, cobiça carnal ou à incontinência, mas ao que é percebido pelos sentidos. O mesmo termo é ainda traduzido por animal em relação à sabedoria que não procede do Espírito Santo, e sim da capacidade puramente humana; inteiramente da alma humana. Esses fatos bíblicos ajudam a descrever o homem chamado natural. Natural também significa não trabalhado, ou seja: não transformado, não modificado, não processado, não cultivado. Exemplo: a madeira tal qual cortada do tronco; não trabalhada, bruta. Vamos dar um outro exemplo: a pedra como se encontra na pedreira: não polida nem esculpida. Assim é o homem natural. Ele se acha morto em seus pecados: ainda não foi transformado pelo Espírito Santo. Ele precisa nascer de novo para tornar-se agradável aos olhos de DEUS. 2.3.2 O Homem Espiritual O homem espiritual é assim chamado por ser impulsionado, controlado e dirigido pelo Espírito Santo. O seu “eu” está vivo, mas se acha crucificado com Cristo (Gl 2.20, Rm 6.11). O plano (e a vontade) de DEUS é que sejamos espirituais (Rm 12.1,2). Ver mais sobre o homem espiritual em Gl 6.1,1; 1Pe 2.5; Hb 5.14. 1.3.2.1 O relacionamento do Homem Espiritual com DEUS O homem espiritual é exatamente o inverso do homem natural. Este relacionamento é tríplice:

a) O homem espiritual aceitou a Cristo como seu salvador e “nasceu de novo” espiritualmente (Jo 3.5).

b) Ele submete-se inteiramente a Cristo como seu Senhor, em todas as áreas de sua vida. Segue o exemplo de Cristo (Jo 8.29).

c) Ele é cheio do Espírito. Tem vigor e vida espiritual abundante, como ocorre entre o tronco e os ramos da videira (Jo 15.5).

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2.3.2.2 A condição do homem espiritual diante de DEUS O homem espiritual é cheio do Espírito Santo, o qual possibilita-o a viver para DEUS. Sendo cheio do Espírito Santo, esse crente dá fruto espiritual automática e abundante para DEUS, uma vez que esse fruto, de que fala a Bíblia, não vem do esforço humano: vem da natureza divina do Espírito Santo que age com toda liberdade na vida do crente (1Pe1.4). O homem espiritual tem a mente de Cristo, e pelo Espírito Santo, discerne bem tudo (1Co 2.16). Essa é à vontade de DEUS para todo crente. A Bíblia descreve a condição do homem espiritual como sentado nas “regiões celestiais” com Cristo (Ef 1.3; 2.6). O seu espírito passa a intuir a voz de DEUS (revelação), o homem passa a ter a intimidade que DEUS deseja que ele tivesse. Neste momento a alma passa a ser submissa ao espírito, essa comunhão com DEUS só acontece com a regeneração do espírito.

O nascer de novo não é uma reforma da velha natureza, mas é um ato criativo do Espírito Santo que gerou Jesus em Maria é o mesmo Espírito Santo que nos gerou em Jesus. 2.3.3 O homem carnal Pelo contexto desta passagem e de outras congêneres, vê-se que o homem carnal é crente e salvo. Não obstante sua vida cristã é mista , dividida e marcada por constantes subidas e decidas. Ele á um crente que “começa pelo Espírito e termina pela carne” (Gl 3.3). é chamado carnal porque a velha natureza adâmica, herdada da raça humana, nele prevalece ; ainda não subjugado pelo Espírito Santo (Rm 8.13). A natureza humana pecaminosa, existente em todo crente, embora não possa ser mudada, precisa ser modificada e vencida pelo poder do Espírito Santo (Cl 3.5; Gl 2.19; 6.14; Rm 8.13). nem todo crente vive uma vida consagrada, nem se acha disposto a vencer plenamente a natureza adâmica. Na igreja de Corinto, muitos crentes eram carnais. A sua velha natureza estava livre para agir ao invés de “levar cativo todo pensamento à obediência de Cristo” (2Co 10.3-5).

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Administração Eclesiástica Isso só há de ser obtido por nossa inteira submissão a Cristo, como nosso Senhor, e pela obra santificada do Espírito Santo em nosso ser (Rm 6.13; Gl 5.16). Conforme está escrito em Rm 6.11, não é o pecado que morre dentro do crente , o crente é que deve morrer para o pecado e viver para DEUS. Também, conforme Gl 6.14, não bastava o mundo estar crucificado para o crente; o crente é quem deve estar crucificado para o mundo. Um dos grandes perigos da vida cristã consiste em descer da cruz. Essa é uma mensagem para quem já é discípulo de Cristo (Mt 16.24; Lc 14.27). 2.3.3.1 A condição do homem carnal Ele é divido: em parte vive para DEUS, e em parte vive para agradar a si mesmo. Enquanto o homem espiritual vive em um plano superior das “regiões celestiais”, o carnal vive mais na esfera do terreno, porque a sua visão está voltada para o natural. Sinais do homem carnal:

a) É espiritual infantil; imaturo (1Co 3.1); b) Vive de “Leite”, no sentido de rudimentos da doutrina (Hb 5.1213); c) É sectário e dado a isso (1Co 3.4); d) É dominado pela inveja (1Co 3.3); e) É dado a contendas e considera isso uma virtude e um direito (1Co

3.3); f) Não se aflige ante os problemas da igreja, como ocorria em Corinto

(1Co 5.1-13; 6.13-20); g) O carnal, com naturalidade e facilidade, move ação judicial contra a

igreja e os irmãos na fé (1Co 6.1-8); h) O crente carnal vive uma mista, querendo agradar a si mesmo, aos

outros, ao mundo e a DEUS (1Co 10.20,21). 2.3.4 A regeneração do homem Por que um pecador deve nascer de novo? Por que deve-o nascer de cima? Por que deve haver uma regeneração do espírito? Porque o homem é um caído . Um espírito caído precisa renascer para poder tornar-se um novo espírito. Assim como Satanás é um espírito caído, assim também é o homem; só que este possui um corpo. A queda de Satanás aconteceu antes da queda do homem. A queda de Satanás pode, portanto, nos ensinar a respeito do nosso espírito decaído. Ele foi criado como um espírito afim de que pudesse Ter comunhão direta com DEUS. Porém ele caiu e tornou-se a cabeça dos poderes das trevas. Ele agora está separado de DEUS e de toda virtude piedosa. Mas isso não significa que Satanás não existe. Sua queda apenas tirou seu relacionamento direto com DEUS. O homem, semelhantemente, em

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sua queda também afundou nas trevas e na separação com DEUS. O espírito do homem ainda existe, mas está separado de DEUS, sem o poder de comungar com Ele incapaz de governar. Espiritualmente falando, o espírito do homem está morto. Entretanto, assim como o espírito do querubim pecaminoso existe para sempre, do mesmo modo o espírito do homem pecaminoso existe e continuará existindo. Por Ter ele um corpo, sua queda fez dele um homem de carne (Gn 6.3). Numa religião deste mundo, ética, cultura ou lei pode melhorar este humano caído. O homem corrompeu-se a uma posição carnal, nada dele mesmo pode levá-lo de volta a uma posição espiritual. Portanto, a regeneração ou regeneração do espírito, é absolutamente necessária. Somente o Filho de DEUS pode nos restaurar a DEUS, pois Ele derramou seu sangue para purificar nossos pecados e nos dar uma nova vida. No momento em que o pecador crê no Senhor Jesus ele nasce de novo. DEUS lhe concede sua vida não criada afim de que o espírito do pecador possa ser vivificado. A regeneração de um pecador ocorre em seu espírito. A obra de DEUS começa, sem exceção, dentro do homem, do centro para a circunferência. Quão diferente é o padrão de obra de Satanás! Ele do exterior para o interior. DEUS visa primeiro renovar o espírito entenebrecido do homem comunicando vida a ele, porque este espírito que DEUS originalmente designou para receber sua vida e para comungar a Ele. O propósito de DEUS, depois disso, é sair do espírito para invadir a alma e o corpo do homem. Esta regeneração concede ao homem um novo espírito (Espírito Santo), como também vivifica o seu antigo espírito. “Porei dentro de vós um novo espírito” - “O que é nascido do Espírito é do espírito” (Ez 36.26; Jo 3.6). O “espírito'' nesta passagem tem a vida de DEUS em vista, pois não é algo que originalmente possuíamos; ele nos é concedida por DEUS em nossa regeneração. Esta nova vida do espírito pertence a DEUS (2Pd 1.4) e “não pode pecar” (Jo 3.9); mas nosso espírito, embora vivificado, ainda pode ser imaculado (2Co 7.1) e necessitar de santificação (1Ts 5.23). O propósito de DEUS num homem regenerado é levá-lo, por meio de seu espírito a livrar-se de tudo que pertence à sua velha criação, pois dentro do seu espírito regenerado jaz todas as obras de DEUS para com ele. 2.3.5 O Homem Espiritual Regenerado Uma pessoa cujo espírito é regenerado e dentro do qual já habita o Espírito Santo ainda pode ser carnal; pois, seu espírito pode estar sobre opressão de

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Administração Eclesiástica sua alma ou corpo. Algumas ações bem definidas são exigidas, caso ele queira se tornar espiritual. Falando de modo geral, encontramos pelo menos dois grandes perigos em nossa vida, mas somos capacitados a vencer não apenas o primeiro, mas o segundo também. Esses dois perigos com seus correspondentes triunfos são: o de continuar sendo um pecador que perece ou se tornar um crente salvo e o de continuar como um crente carnal ou se tornar um crente espiritual. Um pecador pode tornar-se crente e do mesmo modo um crente carnal pode tornar-se espiritual. O DEUS que pode transformar um pecador num cristão carnal por dar-lhe Sua vida, pode, igualmente transformá-lo de cristão carnal em cristão espiritual, dando-lhe Sua vida abundantemente. A fé em Cristo faz de alguém um crente espiritual. Assim como o relacionamento correto com Cristo gera um cristão, assim o relacionamento adequado com o Espírito Santo produz um homem espiritual. Somente o Espírito pode fazer crentes espirituais. É seu trabalho levar os homens à espiritualidade (Rm 1.9 - 8.4); (1Co 6.17); (Gl 5.22-24). 2.3.5.1 Entende-se por regeneração O conceito de regeneração conforme encontrado na Bíblia, fala do processo de passar da morte para a vida. O espírito do homem, antes da regeneração, está longe de DEUS e é considerado morto, pois morte é a separação da vida e de DEUS que é a fonte de vida. A morte é, portanto, separação de DEUS. O espírito do homem está morto e incapaz de ter comunhão com Ele. Ou sua alma o controla lançando-o numa vida de idéias e imaginações, ou as cobiças e hábitos do seu corpo o estimulam e reduzem sua alma à servidão. O espírito do homem precisa ser vivificado, porque ele nasce morto. O novo nascimento, sobre o qual o Senhor Jesus falou a Nicodemos, é o novo nascimento do espírito. Por certo não é um nascimento físico, como Nicodemos suspeitava, nem tampouco é da alma (soulical). Devemos observar cuidadosamente que o novo nascimento comunica a vida de DEUS ao espírito do homem. Visto que Cristo fez expiação por nossa alma e destruiu o princípio da carne, assim, nós que estamos unidos a Ele, participamos da Sua vida de ressurreição. Fomos unidos com ele em sua morte, conseqüentemente, é em nosso espírito que primeiro colhemos o conhecimento da Sua vida de ressurreição. O novo nascimento é algo que acontece inteiramente dentro do espírito; não tem relação alguma com a alma ou o corpo. O que torna o homem único na criação de DEUS não é por ele possuir uma alma, mas sim por Ter um espírito que, unido à alma, constitui o homem. Tal união distingue o homem como extraordinário no universo. A alma do homem não está diretamente relacionada a DEUS; segundo a Bíblia,

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é seu espírito que se relaciona com DEUS . DEUS é espírito, todos os que O adoram, portanto devem adorá-Lo em espírito. Somente ele pode Ter comunhão com DEUS . Só o espírito pode adorar o Espírito. Daí encontramos na Bíblia expressões tais como: “servindo a DEUS em meu espírito (Rm 1.9; 7.6; 12.11). conhecendo através do espírito (1Co 2.9-12 ); adorando em meu espírito (Jo 4.23,24; Fl 3.3); ''recebendo no espírito a revelação de DEUS'' (Ap 1.10; 1Co 2.10 ). Por causa deste fato, lembremos que DEUS estabeleceu que vai tratar com o homem Somente através do seu espírito e que, pelo o espírito do homem, Seus propósitos serão realizados. Se isto é assim, quão necessário é que o espírito do homem continua em constante e viva em união com DEUS, sem ser afetado, nem sequer por um momento, a desobedecer às leis divinas seguindo os sentimentos, desejos e ideais da alma exterior. Caso contrário, a morte se manifestará imediatamente, e ao espírito será negada sua união com a vida de DEUS. Isto não quer dizer que o homem não mais tenha um espírito. Significa simplesmente, como já discutimos anteriormente, que o espírito renunciaria à sua elevada posição, para a alma. Sempre que o homem interior de alguém atende aos ditames do homem exterior, ele perde contato com DEUS e se torna morto espiritualmente. “Estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais outrora andastes” por fazer “à vontade da carne e dos pensamentos'' (Ef 2.1-3).

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Capítulo 3

Qualidade Total e o Serviço Ministerial

Introdução Vivemos um período de plena transformação. Isto é fato e não é nenhuma novidade. Porém, este processo de mudanças atinge a todos e em todos os lugares, alterando hábitos e costumes como nunca se viu. Como exemplo, hoje podemos nos comunicar com qualquer parte do planeta e brevemente até com outros planetas – assim que se descubra vida inteligente neles. Com a Internet podemos acessar informações instantaneamente sobre os mais variados temas: futebol, notícias, política, culinária ou até como fazer uma bomba caseira. Diversos produtos, serviços e comodidades invadem nossas casas diariamente através dos meios de comunicação e sem pedir licença. Enfim, fomos pegos por essa onda de transformação conhecida como: GLOBALIZAÇÃO. Diante dessas mudanças encontra-se o homem. Responsável direto por elas, mas ao mesmo tempo atônito a tudo que se passa, tentando entender e adaptar-se ao que está a seu redor: produtividade, melhoria contínua, qualidade de produtos e serviços, housekeeping (Administração interna), assertividade, desemprego e empregabilidade, interconectividade, entre outros. A batalha da qualidade começou quando os japoneses lançaram sua guerra comercial contra a Europa e os Estados Unidos. Alguns consultores definem qualidade como o nível de excelência que a empresa escolheu alcançar para satisfazer à sua clientela-alvo. Então, como sobreviver nesta era, neste mundo? Será preciso que hajam super-homens, super-heróis? Ou será que nós temos a força necessária para atingirmos a qualidade total no ser humano? Aqui estão os 10 passos que consideramos essenciais para que possamos nos sobressair diante deste mundo moderno e atingirmos o que propomos como a qualidade total na vida cristã:

a) Tenha confiança em Deus. Este é o primeiro passo, pois a partir d’Ele você conseguirá trilhar pela estrada da transformação, tirando seu

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melhor proveito. Portanto, cuide de sua auto-estima, valorize seu ministério!

b) Cuide de sua aparência e comunicação. Além de fazer bem a você, causará uma boa impressão aos demais.

c) Seja bom ouvinte. Valorize o tempo que passa com as pessoas. Dê-lhes atenção, ouça o que dizem e também seus corações, pois assim estará entendendo melhor e julgando menos.

d) Atualize-se constantemente. Vivemos a era da informação, portanto, busque a melhor forma de estar sempre atualizado com sua área de interesse, seja através de cursos, livros, viagens, grupos de amigos, reuniões ministeriais, estudos bíblicos, seminários e EBDs.

e) Dedique-se de coração, corpo e alma em um projeto, mas mantenha-se aberto para outros.

f) Cada pessoa é diferente; cada uma tem uma personalidade única. Contudo, o tipo de pessoa que tende a nos perturbar é aquela que não é como nós. Aceite essa diversidade e aprenda a desfrutá-la.

g) Esteja preparado para a mudança. Entender a realidade e estar pronto para quebrar os paradigmas é essencial para não se deixar levar pela acomodação e pela rotina. Então, mexa-se!

h) Desenvolva seu potencial. As pessoas bem sucedidas sabem utilizar o seu potencial para alavancar seu crescimento ministerial e pessoal. Como está o seu?

i) Esteja feliz. Tenha prazer no que faz e faça com prazer. j) Este espaço é seu! Pense em algo que realmente o diferencia dos

demais, o torna especial, que faz com que as pessoas lembrem-se de você, gostem de ficar ao seu lado. Junte esta característica/habilidade aos outros passos já apresentados e atinja a graça ministerial!

3.1 Princípios básicos e fundamentos da qualidade 3.1.1 Qualidade total - conceito Muitos são os conceitos possíveis de qualidade total, mas qualquer um que mostre acerto deve passar a idéia da ligação máxima entre uma organização e seus clientes. Para qualquer organização que pratique qualidade, seus clientes são a razão de sua existência, e também, somente terá sucesso à instituição que conseguir envolver todos os seus integrantes com a Qualidade. Adotaremos um conceito simples que se prestará bem ao nosso objetivo: É uma filosofia de administração envolvendo todos os integrantes de uma organização, que controla e aperfeiçoa, de modo contínuo, a maneira como o

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Administração Eclesiástica trabalho é realizado, a fim de ir ao encontro das expectativas de qualidade do cliente. 3.1.2 Clientes Clientes são todas as pessoas envolvidas ou beneficiadas pelos processos produtivos de uma organização. As pessoas que se envolvem com os processos produtivos são os clientes internos e pertencem à organização (os crentes); as pessoas beneficiadas com os processos são os clientes externos, são aqueles que consomem os produtos ou serviços produzidos pela organização (os pecadores). Uma organização orientada pela Gestão da Qualidade Total comunga do seguinte princípio: Ela existe em razão dos seus clientes externos, e tem nos seus clientes internos o seu maior patrimônio. As organizações são constituídas por seres humanos e são eles ou por meio deles que tudo acontece. É sabido que somente o estado de satisfação permanente leva o indivíduo ou grupo de pessoas, a um estado de elevação moral. O moral elevado é o fator determinante para que as pessoas estejam motivadas, condição essencial para o crescimento pessoal e o aparecimento da produtividade na organização. 3.1.3 Elementos da qualidade Sete são os elementos constitutivos de um bem ou serviço com qualidade:

1) Satisfação do cliente

2) Moral dos clientes internos

3) Qualidade intrínseca

4) Custo

5) Segurança

6) Ambiente

7) Prazo 3.1.4 A satisfação do cliente

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É a condição primeira para se conferir qualidade a um bem ou serviço, se o cliente não estiver satisfeito, inúteis foram os esforços. Na era pré-qualidade poderíamos dizer a frase: “ Quem entende de igreja somos nós, os crentes”, hoje é inconcebível tal postura, devemos conhecer o que nossos clientes precisam e desejam. As Organizações produtivas existem para a satisfação dos seus clientes, atuando em conformidade com a missão que determina a sua existência. 3.1.5 Moral Conforme prescrevem os japoneses, criadores da qualidade total, o cliente reina em primeiro lugar; clientes são todos aqueles participantes (crentes) ou beneficiados pelos processos (pecadores). É preciso que as pessoas que integram a organização, no nosso caso a igreja, estejam com o moral elevado, ou seja, estejam motivadas para o trabalho do Senhor. A motivação vem do interior de cada um, mas os fatores externos, contribuem para o surgimento de tal estado de animação para o trabalho. 3.1.6 Qualidade intrínseca É a qualidade própria do bem ou do serviço que foi produzido. É a qualidade que você vê, como aspectos de aparência, de organização, ou seja, é a qualidade propriamente dita. Exemplo: Um crente bem vestido, educado, que demonstra ter Deus no seu coração e domina bem a palavra do Senhor, etc. A qualidade intrínseca é um dos primeiros elementos da qualidade reconhecidos pelo cliente, dessa forma, ela se torna muito importante, pois exerce um poder de sedução ou de repulsa no cliente. É a primeira impressão, e conforme o dito popular, ela é quem fica. A apresentação de um produto é de suma importância para sua aceitação e o sucesso do empreendimento. 3.1.7 Custo Ainda que as organizações eclesiásticas não sejam geradoras de lucro, elas não conseguem existir gerando prejuízo. A relação de custo/benefício favorável é indispensável na gestão pela qualidade total. O custo deve ser considerado, lembrando que uma organização não vive de um projeto exclusivo, assim, deve distribuir de forma racional, proba e eficiente os seus recursos.

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Administração Eclesiástica 3.1.8 A segurança É outro aspecto importante. Imaginem uma indústria que produzisse uma lâmpada que iluminasse o dobro do que a lâmpada comum gastasse a metade de energia elétrica que as demais, que custasse menos que as lâmpadas convencionais, mas que ao terminar sua vida útil, explodisse e projetasse pedaços de vidro para todos os lados. Teria qualidade? A qualidade depende de segurança, trás consigo o conceito da garantia da qualidade. 3.1.9 O ambiente Onde a organização atua deve ser propício à qualidade. Existe um programa internacionalmente conhecido, desenvolvido no Japão, denominado “Programa dos 5S” que através de ações de educação dos funcionários, consegue um ambiente sadio e propício para o trabalho. O ambiente propício para a qualidade é aquele onde existe paz, harmonia, respeito, ordem, fraternidade, saúde, higiene, compromisso com o trabalho, e disciplina consciente . 3.1.10 O prazo Está ligado ao momento da entrega do bem adquirido pelo cliente ou o momento em que lhe é prestado o serviço. Se apenas um desses sete elementos não estiver presente, não é possível conferir qualidade ao bem ou serviço produzido. 3.2 Os princípios da qualidade A Gestão pela Qualidade Total possui princípios que devem ser conhecidos e praticados por todos os integrantes da organização. Tais princípios foram elaborados a partir da filosofia básica da qualidade e da experiência de iminentes teóricos como Deming, Juran, Crosby, e outros, são eles: 3.2.1 Aperfeiçoamento contínuo Toda igreja está inserida no ambiente social, com a finalidade de satisfazer necessidades de pessoas com serviços, assim, não pode se esquecer que a sociedade é dinâmica, que as necessidades das pessoas mudam de tempo em tempo, o que demanda uma constante vigilância e aperfeiçoamento

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contínuo por parte das organizações (ex: caso das concessões de canais de televisão e rádio). O aperfeiçoamento consiste na modificação de processos já existentes ou na criação de novos processos, sempre com fulcro nas necessidades dos clientes. Para que a organização possa se aperfeiçoar ela deve manter mecanismos eficientes de consulta aos clientes e detectar suas necessidades no momento mais precoce possível, para surpreendê-los com a excelência dos serviços prestados. 3.2.2 Constância de Propósitos A Gestão pela Qualidade Total é consubstanciada em programas que estabelecem metas específicas para serem atingidas ao longo de um certo período. Cronogramas são estabelecidos para serem atingidos, de sorte que independente de pessoas as metas devem ser atingidas, e para tal, esse propósito é constante. “Sedes firmes e constantes, sempre abundantes no Senhor”. A constância de propósitos não pode tornar-se obstáculo para o aperfeiçoamento contínuo, ser constante não significa ser estagnado; as metas podem ser alteradas dentro do propósito inicial, qual seja, de atender as necessidades dos clientes, mas somente por esse motivo. 3.2.3 Delegação de Competência A gestão pela Qualidade Total parte do pressuposto de que não sendo possível à onipresença ou onisciência ao ser humano, fica desaconselhável a centralização. Atributos de onisciência e onipresença pertencem só a Deus. O poder de decisão não é delegável, ele é atributo exclusivo daquele que detém o cargo ou a função, entretanto, todos os integrantes da organização têm um potencial produtivo, responsabilidade formal, vontade de participar, necessidade de estar motivado para o trabalho. A delegação de competência refere-se a dar a cada um a plenitude de possibilidades para que todos se sintam importantes e responsáveis pelos destinos da organização. Moisés no auge de seu ministério passou a ter dificuldades em dar assistência a todas as pessoas que dependiam de sua decisão, o que lhe trouxe bastante prejuízo, tanto na priorização de problemas a serem geridos, como no cuidado com a própria saúde, sendo necessário o conselho de Jetro, seu sogro, no sentido de que delegasse parte de seu poder a homens confiáveis.

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Administração Eclesiástica Há de se compreender, entretanto, que gerir com qualidade não significa dar um golpe no princípio da hierarquia e da autoridade; as pessoas continuam sendo, cada uma delas, responsáveis pelos resultados obtidos por seus setores, mesmo porque, só se delega o que pode ser delegado. 3.2.4 Disseminação de Informações Todos os integrantes da igreja devem saber com clareza sua missão , seus propósitos, seus planos e metas. As informações só serão úteis se viabilizarem uma atividade operacional que gere qualidade para seus clientes. Deve ser incentivado um sentimento de captação dos fatos mais significativos relacionados aos processos produtivos da igreja, e transformá-los em dados para posteriormente receberem as interpretações estatísticas necessárias a monitorização de tais processos. Kaoru Ishikawa prescreve que não é possível atribuir qualidade àquilo que não se pode medir, pode-se, quando muito ter impressões se algo vai ou não bem, mas a qualidade deve ser quantificada. A organização deve criar mecanismos internos de disseminação das informações de interesse da qualidade, certificar-se que todos terão acesso, e também, criar mecanismos permanentes de escuta de seus clientes, tanto os internos quanto os externos. 3.2.5 Desenvolvimento de Recursos Humanos “A grandiosidade de uma organização se mede pelo nível de realização dos homens que ela tem”. Referida frase de autor desconhecido revela que investir no homem é investir em quem produz a qualidade. Todos os integrantes da organização precisam poder sentir-se confortáveis e felizes com a igreja e poder usar suas capacidades e realizar seu potencial. Além dos fatores motivadores convencionais deve-se criar nos homens o que Albrecht chamou de “Espírito de serviço”; ou seja, sentir-se valorizado por estar exercendo a função da forma e nas condições que lhe são apresentadas. Se qualidade se faz com educação, deve-se investir numa educação de qualidade, que capacitará as pessoas não só como líderes, mas como pessoas, desenvolvendo conhecimentos complementares ao entendimento

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do porque devemos satisfazer as necessidades legítimas dos nossos semelhantes. Cabe ao administrador da qualidade nas igrejas, em qualquer nível, dar aos seus membros a satisfação, de ter a capacidade de levar ajuda aos seus semelhantes, de terem valor na organização da igreja, de serem motivados com os mecanismos já existentes de reconhecimento de mérito (elogios). As necessidades higiênicas devem estar realizadas para que os fatores motivacionais possam fazer seus efeitos e permitir que as pessoas se motivem. Todo crente com cargo de chefia deve estar atento a este fato, as condições de moradia, de alimentação, o convívio social, etc. 3.2.6 Garantia da Qualidade Garantir a qualidade dos serviços prestados não significa estar certificando a inexistência de erro. O que se garante é a padronização dos processos produtivos e a adesão, pela organização, da política da qualidade. Sem sombra de dúvidas, estando os processos monitorados, os erros quase inexistem, entretanto, não se pode falar em zero defeitos. Uma igreja com qualidade garante o bem estar de seus membros; deve possuir mecanismos que lhes permitam sugestões. A organização aceita a sugestão como elemento de evolução e faz desta oportunidade, motivo de aproximação e de conquista do cliente insatisfeito. 3.2.7 Gerência de Processos Os processos são estruturados dentro de uma organização comprometida com a qualidade, para produzir os serviços que irão ser consumidos pelos seus clientes. Para assegurar-se que os serviços estejam sendo produzidos com qualidade é preciso que os processos sejam o foco da gerência, e isto é feito dentre outras maneiras, pelo Ciclo PDCA, que veremos mais à frente quando estudarmos as ferramentas da qualidade . Os processos dependem da mão-de-obra, dos métodos utilizados e dos equipamentos Quando o processo não cumpriu o papel para o qual foi planejado, diz-se ter ocorrido um defeito, momento em que se estuda cada de suas etapas, localiza-se o (s) defeito(s) e o corrige. Gerenciar os processos significa

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Administração Eclesiástica mantê-los sob constante monitorização, reconhecendo defeitos, se houverem, e agindo retroativamente na busca de um serviço com qualidade. Albrecht é categórico em dizer que quando da ocorrência de um defeito, via de regra a responsabilidade foi da gerência que falhou em alguma etapa do processo produtivo (método errado, mão-de-obra despreparada ou equipamentos inadequados ou insuficientes), não o operador que com o seu ato trouxe ao mundo palpável o que estava oculto pela falta de visão da gerência. 3.2.8 Gerência Participativa Gerência participativa não se confunde com anarquia ou desestruturação da hierarquia da organização. É simplesmente um modo de gerenciar que dá oportunidade para que todos os integrantes da organização dêem sua colaboração, tornando-os orgulhosos e motivados a uma gestão empreendedora. Julgam os teóricos da qualidade total ser de fundamental importância que se crie mecanismos para ouvir os clientes, e com isto, as experiências daqueles que fazem as horas da verdade, cheguem aos planejadores da qualidade. Os membros comuns são mais livres para apreciar os processos produtivos, são desvinculados das pessoas que detém o poder da organização, o que via de regra não ocorre com os líderes, assim, são mais propensos a uma análise isenta, além de vivenciarem na prática o funcionamento dos processos. 3.2.9 Não-aceitação de Defeitos A palavra defeito deve significar obtenção de resultado indesejado para aquele processo; ela detém-se ao fato, não às pessoas envolvidas com o processo defeituoso. O defeito pode ser resultado da má interpretação do requisito do cliente (o que ele desejava do produto ou serviço), da má escolha dos insumos, da má atuação da mão-de-obra, da falta de qualidade do serviço fornecido para o processo se efetivar, de métodos imprecisos ou mal planejados para o dado processo produtivo, ou no mau desempenho dos equipamentos disponíveis. Com estes novos conceitos fica mais claro porque do princípio da gerência dos processos. O administrador da qualidade deve diagnosticar em que momento do processo ocorreu o defeito, entender o mecanismo de

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ocorrência, freqüência, causas mais incidentes e combatê-lo até sua extinção e encontrar a otimização do processo. É através do emprego das ferramentas da qualidade, com realce para o Ciclo PDCA, que se estuda os processos e se busca a excelência. 3.2.10 Total Satisfação dos Clientes Esta é a questão básica da qualidade total; o sentimento de satisfação deve existir em todos os níveis. Não é uma tarefa fácil satisfazer a expectativa dos seres humanos, uma vez que a individualidade dá a cada pessoa um nível diferente de necessidades. A tarefa se torna mais complexa ainda quando uma igreja se propõe a satisfazer as necessidades de seus membros. O serviço é permeado de aspectos intangíveis, abstratos, especialmente naqueles ligados ao oferecimento de segurança às pessoas. De outro lado, as necessidades existem, as igrejas são criadas para satisfazê-las, e só sobreviverão se vencerem o desafio de deixarem seus membros satisfeitos com seus serviços. Satisfazer os clientes tem um duplo caráter: o primeiro do imediatismo, qual seja, a questão da própria sobrevivência das igrejas, e o segundo de caráter futurista, em que o processo de consciência social e globalização, torna cada vez mais o grau de qualidade das organizações, fator de diferenciação e preferência.

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Capítulo 4

Qualidade de Vida e Relações Humanas na Igreja

Introdução Abordarei neste trabalho os aspectos normais do relacionamento humano dentro da qualidade total. A extensão do relacionamento humano dentro do ministério é muito importante, pois se trata do tratamento humano e como o obreiro deverá efetuar seu trabalho entre pessoas, creio que um breve curso sobre relações humanas fará muito bem ao obreiro. O relacionamento humano faz-se necessário em todas as áreas. A verdade, o desejo, a determinação são diferentes em cada indivíduo. Os homens embora todos nascidos de um só – Adão diferenciam-se em muitos aspectos. Cada elemento tem uma filosofia de vida, embora pertença a um mesmo grupo social. Um político pensa diferente do outro; mesmo quando ambos desejam o mesmo posto na política. O obreiro deverá viver sua vida ministerial entre pessoas diferentes - com pensamentos diversos; alguns com um alto índice de humanitarismo, outros, sem o mínimo desse senso. Portanto, seu trabalho dependerá muito do tipo de relacionamento que mantiver com seus companheiros e com os homens da sociedade. 4.1 O que significa relações humanas? Como determinar a frase Relações Humanas de modo claro e objetivo? O homem é um ser que necessita de companhia. E “Disse Deus... não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma adjutora que esteja como diante dele”, Gn 2.18. Após a criação, Deus notou a necessidade do homem se relacionar com outro ser da mesma espécie, então, criou a mulher. Pode-se dar ai o início das Relações Humanas - um homem e uma mulher estavam vivendo sob o mesmo teto, e tinham que se relacionar. Portanto, do ponto de vista bíblico, Relações Humanas é o ato de duas pessoas se ajudarem entre si. Definindo Relações Humanas como ciência. Pode-se ainda definir relações humanas como sendo uma carência. Neste aspecto, deverá abranger todas as teorias que tratam o homem como ser humano.

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A sociologia trata o homem como ser social - isto é, ele necessita comunicar-se com outro para poder ter seus anseios revelados e satisfeitos. Tanto os anseios como a satisfação do homem só completam-se quando são expostos de forma clara, por meio de uma linguagem clara e por meio do relacionamento humano. 4.2 Relações Humanas no pIano de Deus Em todo o tempo da história do homem, Deus traçou planos para que esse tivesse o melhor relacionamento com outros de sua espécie. Contudo, em todos os lugares onde se queira ir, existe uma dependência; eu dependo de meus leitores, meus leitores dependem de mim para expor-lhes essas idéias, eu e meus leitores dependemos dos impressores e dos vendedores; os primeiros dão o acabamento necessário à obra, os outros dão a devida valorização a ela perante os compradores; e assim, de modo geral, embora não exista um relacionamento próximo, nos relacionamos por meio de um objeto de interesse de todos - este livro. Se não houvesse Relações Humanas não haveria escritor, impressor, vendedor e leitor. Se resolvêssemos viver cada um para si mesmo, teríamos um mundo para cada um - passaríamos a depender cada um de seu próprio ambiente. Conseqüentemente, não poderíamos expor as nossas idéias ou as nossas qualificações profissionais, pois não haveria ninguém para apreciá-las. Teríamos que nos contentar em ser nós mesmos. O relacionamento humano parte de uma premissa divina - “não é bom que o homem esteja só”. O homem foi criado possuindo dentro de si os atributos divinos: sentimento, amor, vontade, prazer etc. Esses sentimentos são partes inseparáveis da vida do homem. Para amar, tenho que me relacionar com outra pessoa, se sinto prazer, sinto por alguma coisa, e se há em mim algum sentimento, ele existe por alguma razão. Mas só verei satisfeitos os meus sentimentos se me relacionar com outras pessoas. Assim, pode-se chegar a uma definição mais clara sobre Relações Humanas. Portanto, ela é “o elo principal” entre duas pessoas que pensam de modo diferentes, possuem idéias contrárias, mas quando essas idéias se condensam formam um só pensamento sobre um determinado ponto de vista. 4.3 Sua necessidade dentro do ministério Talvez não fosse necessário fazer nenhum outro comentário sobre a necessidade de Relações Humanas dentro do ministério. Tudo que já se falou até aqui seria mais que suficiente, não obstante, se não for feita à

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Administração Eclesiástica colocação exata do relacionamento humano dentro do ministério, todo esse trabalho não terá nenhum significado. Assim como, escrever esse capítulo só para esclarecer alguns pontos não seria necessário, seria perda de tempo repassar um assunto já tratado anteriormente. Entretanto, será tratado o assunto mais profundamente e mostrar a necessidade do relacionamento humano dentro do ministério. A necessidade básica do relacionamento humano dinamizado está no fato do obreiro estar sempre envolvido com pessoas. Quando o obreiro trata com pessoas, o tipo de relacionamento que estiver cultivando será notado. Se ele é um homem polido, se possui a sabedoria do Espírito Santo, logo se verificará nele o hábito de manter com todos um relacionamento normal. Dentro do ministério, esse tipo de relacionamento é de suma importância - quer pela responsabilidade do cargo, quer pela própria natureza cristã. Haverá sempre pessoas que questionam certos pontos de vista. Embora pertençam à mesma classe social, não estão de acordo com as idéias apresentadas. É direito das pessoas aceitar ou não as idéias dos outros, não são obrigadas a fazer uma coisa só porque alguém o quer. É natural que seja requerido obediência aos sistemas doutrinários e a liderança quer que todos aceitem passivamente, quer esses sistemas sejam bons ou ruins. A função fundamental da ciência das Relações Humanas é mostrar que as outras pessoas também possuem os mesmos direitos. Quando se está envolvido com homens, não há como deixar de envolver-se com pensamentos diversificados. Só por meio do relacionamento humano pode-se chegar ao comum acordo. Em Zacarias 4.6 tem-se a seguinte expressão “não por força, nem por violência, mas por meu Espírito...”. Deus tem poder para fazer penetrar à sua palavra em quem quer que seja, contudo, exclama: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às comunidades” Deus se relaciona com o homem; faz isso para poder comunicar-lhe à sua vontade; comunica e deixa que o homem O busque para que ambos tenham comunhão - bom relacionamento. No transcurso deste estudo dar-se-á mais detalhes sobre a necessidade do relacionamento humano. Contudo, por enquanto, apenas será definido, relativamente, a necessidade das Relações Humanas no ministério. a) A necessidade do relacionamento humano vem à baila porque o homem é

um ser social - necessita comunicar a outro homem às suas necessidades físicas e emocionais.

b) O homem vive num mundo onde tem muitos pontos em comum com outro: o trabalho, estudo, a religião, a política, a diversão e a fantasia.

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c) Relacionar-se é sinal de amor fraternal. É prova que os homens vivem num mesmo mundo e partilham comumente de tudo.

d) Por fim, a relação humana é tão necessária hoje como o é o oxigênio para a vida. Vivemos num mundo eletronizado, onde tudo está sendo feito por meio de equipamentos eletrônicos; por isso, o homem precisa relacionar-se com outro ser da mesma espécie, pois do contrário, não formará uma sociedade e não será membro de uma comunidade participativa e humanitária. Correrá o risco de tornar-se máquina, robô com cérebro eletrônico.

4.4 Relações humanas e a comunicação Na comunicação podem surgir várias barreiras. Algumas tão sutis que não vale a pena mencioná-las, Entretanto, alguns exemplos dessas barreiras serão citados. 4.4.1 Opiniões e atitudes Algumas vezes as opiniões e atitudes pessoais formam as primeiras barreiras na comunicação. Há pessoas que só ouvem e lêem o que lhes interessa, mesmo que a mensagem do que lê não coincida com o conteúdo da mensagem de seu interlocutor. 4.4.2 Egocentrismo Esse impede o homem de enxergar o ponto de vista de seu interlocutor; também lhe impele a rebater tudo que ele diz. A sua opinião é a que vale; mesmo que esteja errado, não admite. Não dá nenhuma chance a ele para explicar ou expressar melhor o assunto. Outras vezes, seu desejo de falar é tão forte (egocentrismo) que fala o tempo todo. 4.4.3 A percepção que tem do outro Outras vezes permite acumular em seus conscientes ressentimentos contra alguém e quando está numa mesma conversa deixa transparecer isso. Às vezes, não concorda com a linha de pensamento dele - não que seja inaceitável, mas, porque tem ressentimentos contra ele. Enquanto estiver falando, sua atenção estará voltada para outro campo de sua preferência. 4.4.4 Competição A competição está presente em qualquer área. Lamentavelmente existem pessoas que estão sempre dispostas a competir e, não será numa conversa

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Administração Eclesiástica que não tentará competir. Numa conversa longa, dificilmente permitirá que as pessoas terminem as palavras. Ora completando-as, ora mudando o assunto. 4.4.5 Frustração Essa impede que a pessoa ouça e entenda o que está sendo anunciado por seu interlocutor. As proposições acima podem acabar um relacionamento bem antes de ter começado. Por isso, o tato na comunicação é muito importante. Concluindo esse assunto, é preciso deixar bem claro que a comunicação é um ponto importante nas relações humanas. 4.5 Os problemas do relacionamento humano Em qualquer área, principalmente quando envolve o ser humano haverá problemas. Alguns podem ser evitados, outros, infelizmente, não são possíveis evitar-se. Um antigo filósofo afirmava “O homem é um mistério dentro da natureza; só Deus o conhece por dentro e por fora”. Não há como conhecer o ser humano. “Não conheço o meu interior, não sei quando estou bem ou quando estou mal; quando posso aceitar ou quando devo rejeitar”. Há em mim duas naturezas ou duas nações, como escreveu o apóstolo Paulo, uma espiritual e outra carnal; entre as duas existe um constante conflito. “Em minha natureza espiritual admito a superioridade alheia, mas na minha natureza carnal sou superior”.Acho-me tão acima dos outros que só os vejo abaixo de mim. São problemas como os descritos acima que atrapalham o relacionamento humano, dificultam a comunicação e põem fim ao elo entre duas ou mais pessoas. Abaixo alguns dos problemas do relacionamento humano que são tratados de modo claro, objetivo e humano. 4.5.1 A superioridade pessoal O homem desde sua criação foi criado superior às outras coisas; superior aos animais, terra, aves, até mesmo sobre a mulher, Gn 1.28; 2.16; 2.18. Essa atitude de superioridade é nata no homem, contudo, ele precisa conhecer a sua condição perante os outros. Jesus em Mc 10.43-44 ensina como Deus quer que o obreiro seja com os outros; as palavras do Mestre dos mestres: “Mas entre vós não é assim, pelo contrário, quem quiser tomar-se grande entre vós será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós será servo de todos”. para Jesus, superioridade não existe - todos são iguais; mais que isso aquele que quiser ser o maior seja o menor. Em outro lugar diz: “... antes o maior entre vós seja como o menor; e quem governa como quem serve...” Lc 22.26. Jesus era o maior entre todos os homens, entretanto, lavou aos pés dos discípulos, Jo 13.4-5.

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A superioridade pessoal é uma trave resistente no relacionamento. Quando uma pessoa demonstra superioridade sobre as demais pessoas elas se afastam dela, se recusam a fazer parte do mesmo grupo em que está e se defendem contra a superioridade que aquilo demonstra. O fato de alguém ter cursado várias faculdades não a faz superior a outras pessoas. Atendi, em meu gabinete de trabalho, a certo senhor que estava com alguns problemas pessoais. Normalmente tomo nota do nome, endereço e profissão das pessoas. Ao perguntar a sua profissão ele me disse que era engenheiro mecânico. Passamos a conversar e logo descobri os seus problemas. Ele havia cursado além da faculdade de engenharia mecânica, mais três outras faculdades na área de engenharia e mais uma na área de administração; era mestre e doutor em física, além de outros cursos especializados e estágios; em síntese, era um homem altamente culto, possuidor de uma cultura invejável, Entretanto, não sabia fazer uso de tal sabedoria, pois na área do relacionamento humano, não conseguia manter contato com as pessoas. Seus colegas de trabalho o achavam antipático e autoritário. Após nossa conversa, passei a analisar o caso com mais atenção - pois lhe havia solicitado que voltasse outro dia para que pudesse lhe dar uma orientação melhor. Por meio das anotações, fiz a avaliação da entrevista e descobri que ele trabalhava com pessoas, que embora formadas, não possuíam um currículo tão completo. Ele afirmara várias vezes durante a entrevista o fato de seu chefe não possuir as mesmas qualificações que ele. Em sua opinião era ele que devia ser o chefe. Nesse exemplo, há um tipo de superioridade pessoal revelada. Ainda que seus companheiros de serviço pudessem apontá-lo para a chefia do departamento, não o fariam, pois já haviam rompido o elo com ele. No campo espiritual acontece à mesma coisa. Se um obreiro muito inteligente, cuja vida espiritual estiver elevada achar-se superior aos outros e demonstrar isso claramente, não demorará muito para ser notado pelos demais; muitos reconhecerão seus valores, mas se manterão afastados dele por causa de sua superioridade. A Bíblia nos ensina fazer tudo com humildade, se o obreiro é conhecedor de determinada matéria, se a domina mais que os outros devem se portar como aprendiz para que possa alcançar a simpatia de todos. Existem pessoas que por estarem em posições privilegiadas não se misturam, mostram superioridade; outros, por possuírem dinheiro, se julgam superiores aos pobres. Preguei numa comunidade cuja ala central do templo era ocupada por homens ricos; ao final do culto, permaneciam juntos, conversando sobre os seus negócios milionários. Em resumo: superioridade é querer ser mais que os outros. Viver em atitude elevada não ajudará ninguém no relacionamento humano. O obreiro deve ser

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Administração Eclesiástica o que é -viver no ambiente que vive normalmente. Tratar os outros como se todos fossem superiores a ele mesmo. 4.5.2 As críticas e as censuras As relações em grupo podem ser afetadas por causa das críticas e das censuras. Esses dois pontos serão tratados separadamente. Em qualquer circunstância da vida haverá críticas. Tanto no âmbito construtivo, como no destrutivo. Um artista, ao terminar sua obra, a expõe publicamente para ser criticada. Trata-se duma crítica construtiva. O mesmo acontece com o escritor, antes de publicar um livro, entrega os originais aos críticos literários ou a um amigo para receber as críticas. Também nesse caso, trata-se de crítica construtiva. Em ambos os casos, as críticas irão influenciar positivamente na vida do artista ou do escritor Para eles, essa crítica é importante, dela dependerá o sucesso da obra. De forma alguma eles serão prejudicados psicologicamente; não sentirão os efeitos psicológicos das críticas. O efeito seria ao contrário com eles se ao terminar a obra as expusessem ao público e, no dia seguinte, os jornais anunciassem a opinião negativa do público e dos críticos. Eles esperavam sucesso e não o fracasso acompanhado de criticas destrutivas. Segundo a psicologia, os efeitos da crítica, tanto positiva como negativa, refletem diretamente no indivíduo. 4.5.3 Os efeitos negativos das criticas São tantos os efeitos negativos das críticas que neste espaço será impossível relacioná-los. Contudo, os mais comuns, os que provocam o rompimento das relações humanas serão tratados. 4.6 A influência da crítica no comportamento humano O ajustamento do indivíduo, em certas áreas da vida, dependerá da forma como se faz o ajustamento. Desde a influência o indivíduo leva dentro de si aspirações. Algumas nunca serão alcançadas, outras, entretanto, são atingidas, mas muitas vezes abandonadas pela metade. A realização de nossas aspirações no futuro dependerá muito da forma psicológica que o indivíduo a toma. O exemplo abaixo ilustra a influência da crítica no comportamento humano. “Uma criança que desde pequena receba por seus atos certos ou errados algum tipo de crítica, se tornaria deprimida, medrosa e frustrada. Toda vez

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que tentar fazer algo fracassará. Agirá como se já estivesse esperando a crítica. Não se sentirá estimulada a fazer qualquer coisa útil, nunca tentará fazer algo difícil, principalmente, quando isso lhe exigir habilidade. Dentro dela estará permanentemente o pensamento negativo. O seu estimulo não será ativado, sempre estará esperando palavras negativas e contrárias ao que quer ouvir”. Um obreiro com mania de críticas não conseguirá manter um bom relacionamento. Todos que o conhecem e sabem de sua mania procurarão afastar-se dele. Outros o evitarão, mesmo quando em visita às suas casas. Aconselho nesses casos, que aquele que é crítico contumaz mude o modo de encarar a vida. Passe a ver de modo positivo o trabalho e as ações dos outros, Mesmo que o trabalho mereça crítica, há modos especiais para fazê-la, sem causar problemas psicológicos no indivíduo. 4.6.1 Um exemplo a seguir Os exemplos abaixo ilustram com perfeição a atitude que alguém deve tomar ao necessitar fazer uma crítica. Veja como fazer isso: “Um importante comerciante costumava percorrer, diariamente as dependências de sua loja. Certo dia notou junto ao balcão uma senhora que esperava para ser atendida, mas ninguém lhe dava a mínima atenção. No outro canto do balcão estavam reunidos os balconistas em conversas e risos. Sem dizer uma única palavra foi para trás do balcão e atendeu àquela senhora. Depois de atendê-la, seguiu o seu caminho. Os balconistas perceberam o fato, e nunca mais ficaram amotinados em conversa e risos durante o horário de trabalho”. Certa professora não podia aceitar o trabalho de um aluno problemático e não podia criticá-lo para não lhe causar um problema mais sério, então o convidou a ficar após a aula. Com muito carinho o chamou a uma sala na biblioteca e começou a fazer com ele o mesmo trabalho. Sem pronunciar uma única palavra a respeito do outro já pronto. Ao terminarem pôs suas mãos sobre os ombros do aluno e lhe disse: Muito bem, ficou ótimo, merece uma boa nota. Depois daquele dia, o aluno passou a fazer os melhores trabalhos escolares da classe. Sem críticas, sem apontar os defeitos do aluno, ela fez uma crítica merecida e ao mesmo tempo, consertou a deficiência dele. No campo ministerial os mesmos métodos podem ser usados com sucesso. O obreiro que por em prática tais métodos nunca terá contra si a resistência das pessoas.

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Administração Eclesiástica Certa feita fui solicitado por um obreiro a observar algumas moças que estavam do lado de fora do templo e formavam uma rodinha com uma boa conversa em pleno desenrolar do culto. Aquele obreiro já havia feito de tudo para pô-las para dentro do templo, havia até mesmo alterado a voz com elas, porém, sem nenhum resultado positivo. Quando me aproximei do grupo, ouvi uma delas dizer: “eu não vou entrar”. Com um sorriso nos lábios dirigi-me exatamente para ela e a convidei a entrar e me ajudar nos louvores, dizendo-lhe: vamos cantar tal corinho?... Foi o suficiente para que entrassem e no final do culto me procurassem e com um unânime pedido de desculpas.

4.6.2 Mais sobre a crítica

Continuando a análise da crítica, quero dar mais estas ilustrações: Tive uma aluna que tinha o hábito de cantar durante as aulas. Certo dia ela estava cantando, então lhe pedi para conseguir a letra do hino que estava cantando depois da aula. Ela olhou para mim e calou-se. Ao terminar a aula, veio a meu encontro e pediu desculpas. Sempre consegui bom relacionamento com meus alunos, porque dificilmente faço-lhes criticas pessoais. Também gozo de bom relacionamento com os membros da Comunidade porque não tenho o hábito de lhes fazer críticas.

Com críticas ninguém consegue fazer bom relacionamento, tampouco manter acesa a chama das relações humanas entre duas pessoas que tentem se relacionar.

Um elogio é muito mais eficiente para consertar qualquer erro do que uma crítica. Com elogios atinge-se o ponto máximo da consciência do outro, principalmente, quando se trata de alguma coisa que ele próprio classifica de outra forma. Sem desestimular o interesse pelo que está fazendo, o elogio leva-o a melhorar sua condição. 4.6.3 O ciúme De todo os problemas do relacionamento humano, o maior deles é o ciúme. No relacionamento entre casais costuma-se dizer que quem não tem ciúme não ama. Na realidade, segundo o exposto na Palavra de Deus, quem ama realmente não tem ciúme algum. Veja o que o que diz o texto sagrado: “O amor é paciente, é benigno, o amor não arde em ciúme... tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta, jamais acaba. 1Co 13.4-7. Esses versículos tratam o ciúme ao contrário do amor - isto é, o ciúme se opõe ao amor inteiramente”. No relacionamento humano o ciúme impede a aproximação das pessoas. E comum à manifestação do ciúme num grupo de trabalho. Se um membro do grupo se destaca mais que os outros em seus serviços, pode despertar o ciúme. Essa atitude pode ter dois motivos:

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a) A pessoa ciumenta não confia em si mesma e teme perder para o outro a sua posição.

b) Ao ver que a outra executa com maior perfeição o serviço, sente inveja e entra numa estado defensivo por meio do ciúme.

O ciumento vive mais sob a influencia do medo e da ira que sob a influência do carinho e da ternura; deprimido ou irritado, triste ou desesperado, não tem paz. Vê o seu fim, a sua infelicidade chegando tão rapidamente como o raio de luz. Mas isso só em sua imaginação. 4.6.4 A subestimação própria O relacionamento de duas pessoas é prejudicado quando uma delas passa a se subestimar. Uma pessoa que não se valoriza terá problema para se relacionar. Passará a ver nas outras todas as qualidades que não possui. Na realidade, possui qualidades, mas as nega. Quando faz parte de um grupo, nunca aceita uma posição, porque sempre se julga inferior às outras pessoas. Em seus lábios sempre estão as frases: “não sei”, “não posso”, “quem sou eu?”. Aquela pessoa tenta apresentar nisso uma humildade extraordinária - mas na verdade, está subestimando-se. Esse estado de baixa estima no indivíduo pode ter uma raiz muito profunda. Se no grupo tem alguém vivendo neste estado, é preciso ajudar essa pessoa a suplantar os receios e ensiná-la a auto estima. A subestimação é um estado psíquico do comportamento humano - é uma doença - é uma espécie de psicose. A pessoa se nega a acreditar nela mesma. Não aceita com facilidade fazer amizade e também não se comunica facilmente. Torna-se uma pessoa fechada. Fala pouco e só o faz, quando é inquirida. O obreiro em seu serviço encontrará muitas pessoas que vivem nesse estado. Porém, não poderá ignorá-las - terá que fazer contato com elas. Outras vezes é o próprio obreiro que passa a viver nesse estado. Relacionar-se com uma pessoa que não acredita em si mesma não é tarefa fácil. Caso o leitor seja um desses que não se valoriza, veja o que Deus pensa do homem: Façamos o homem a nossa imagem e semelhança” Gn 1.26. Deus não faria um homem para que este se desvalorizasse a ponto de negar as suas próprio. 4.6.5 As qualidades emocionais O homem foi criado à imagem divina - imagem valorizada pelos atributos de Deus. Sabedoria é um desses atributos existentes no homem. A sabedoria divina está no ser humano; vive nele, faz parte de seu dia a dia. Basta tão somente desenvolvê-la. Tiago diz: “Se alguém tem falta de sabedoria peça a

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Administração Eclesiástica Deus” Tg 1.5. Pode-se entender esse versículo da seguinte forma: Se alguém não está vivendo pela sabedoria de Deus, então lhe peça. A desvalorização própria é o mesmo que rejeitar os atributos que já lhe foram dados. Todos possuem o mesmo valor perante Deus. Embora Ele distribua diferentes talentos aos homens, não deixou um só sem que recebesse um de seus talentos. A um deu cinco talentos, a outros dois e a outro um... Mt. 25.15. Mesmo possuindo um só talento, se o desenvolver fará grandes coisas. Mas se o enterrar perderá até a própria vida. São grandes os perigos da subestimação. Tanto no aspecto espiritual quanto material. No primeiro, corre-se o risco de perder a fé em Cristo. A pessoa com o passar do tempo, passa a acreditar que não consegue realizar a obra de Cristo. Começa a regredir na vida cristã; não freqüenta mais os cultos e não se envolve com o Senhor. Subestima-se a tal ponto que não vê a soberania de Deus e não confia mais na misericórdia divina, dia após dia vai se arrastando e descendo ao poço escuro da incerteza. Como já está em baixa estima espiritualmente, não se importa mais com a sua alma, assim, começa a nutrir pensamentos de suicídio. E, em alguns casos, quando o socorro chega é tarde demais. Sua sensibilidade é muito grande. Ela está vivendo os reflexos de uma doença psíquica e necessita de tratamento, mas se recusa a fazê-lo, o seu relacionamento com o resto do mundo está cortado - nega-se a fazer qualquer coisa em seu beneficio. Diz para si mesma - eu não sirvo para nada. Alimenta esse pensamento dia após dia. Em liderança cristã não existe lugar para pessoas que se desvalorizam. Elas não poderão fazer parte dum grupo, pois acreditam que serão colocadas de lado, ficarão sem fazer nada e quando forem convidadas se negarão por que não acreditam que são capazes. Para todos os males há cura. Menos para a morte. Relacionar-se com uma pessoa em baixa estima não é tarefa fácil, mas também não é impossível. Tenho encontrado muitas em nosso ministério. Como o caso da jovem que relatei acima, outras têm passado por meu gabinete e saem vitoriosas, alcançando as nuvens que julgavam jamais poderem alcançar. 4.6.6 Reconstruindo a alto estima Qual é o método que tenho usado? Simples. Imponho a essas pessoas as tarefas que elas gostam de fazer - embora se sintam incapacitadas para fazê-las. Uso a linguagem do estímulo; da fé e da confiança. Mostro a elas que se errarem não haverá problema, pois estão aprendendo e não as censuro quando eram. Nunca permito que recusem, mas também não uso de imperativos. Uso a linguagem do conhecimento, as convenço de que são capazes de efetuar o serviço com perfeição. Acompanho as suas tarefas até

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que se sintam seguras e as possam fazer sozinhas. Certo jovem expressava um grande desejo de pregar em público, mas temia o fracasso. Conversei com ele e lhe disse: “Na próxima semana você irá pregar aqui na igreja. Expliquei-lhe como fazer um esboço do sermão e desejei-lhe sucesso. Durante aquela semana, ele me procurou e relutava em aceitar a responsabilidade. Não liguei para as suas lamúrias”. No sábado previsto, abri o culto e quando chegou à hora da mensagem anunciei o seu nome como mensageiro da noite e afirmando que o mesmo estava preparado por Deus para transmitir a mensagem do Espírito Santo naquela noite para nós. Passei-lhe a palavra e fui me colocar ao lado de minha esposa bem a sua frente. Após ter feito a leitura do texto, anunciou o tema e começou a falar. A princípio tropeçando nas palavras, mas logo se firmou e trouxe para a igreja uma objetiva mensagem, que muito nos confortou e ensinou-nos coisas extraordinárias. Estava vencido o fantasma da subestimação - agora, ele já fala com confiança a uma ou a centenas de pessoas. 4.7 Outros problemas do relacionamento humano Tratarei de mais oito problemas do relacionamento, mas o farei de forma resumida. 4.7.1 Quando sai um obreiro do grupo Muitas vezes, a saída de um obreiro do grupo provoca distúrbios no relacionamento entre os demais. Às vezes, esses distúrbios são provocados por muitas acusações. Começa haver no grupo culpado pela saída do membro. Isso causa não só a saída de outros membros, como termina com a harmonia entre o restante do grupo. Outras vezes, quem saiu era um membro muito influente e quando havia alguma dissensão entre os membros do grupo ele usava de diplomacia e apaziguava os ânimos. Num mesmo grupo social existem diferentes temperamentos, pessoas que pensam diferente umas das outras. Isso provoca distúrbios. Quando isso acontecia aquele membro passivo, controlado, agia e punha fim às divergências. Sua saída provocou desequilíbrio e o relacionamento ficou alterado. 4.7.2 Quando um novo obreiro chega Existem barreiras entre os que estão e o que chega ao grupo. O novo membro é examinado pelos companheiros com preocupações. Sobretudo, quando já se passaram muitos anos sem haver alterações no grupo. Ao ser anunciada a chegada do novo membro, começam-se as indagações, “Quem

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Administração Eclesiástica será?” Vai ser capaz de trabalhar conosco? Ele vai me superar? Vai tomar o meu lugar? Após permitirem que esses pensamentos os dominem, os antigos membros dos grupos se põem em defensiva. Recebem o novo elemento, mas não lhe dão a mínima chance de um bom relacionamento Essa atitude egoísta, pode levar anos para que o novo elemento consiga a confiança dos demais. 4.7.3 Quando as rivalidades aparecem Onde houver dois indivíduos que dividem o mesmo espaço haverá rivalidade. Até mesmo entre um casal essa rivalidade é aparente, especialmente na questão da submissão; a mulher se julga tão superior quanto o homem e, intimamente, torna-se uma rival do marido. Mas num grupo social, essa rivalidade é mais patente, pois esse grupo é constituído por pessoas diferentes, de opiniões diversas. As rivalidades no relacionamento humano são provocadas em extremo num grupo cuja liderança não possua firmeza ou quando falta um regimento interno que divida as funções de maneira clara dando a cada componente as suas tarefas exatas. As mais comuns são: quem manda, quem faz, quem provocou. Quando aparecer num grupo o fantasma das acusações, ou do poder, logo nascerá a rivalidade. De um lado a defesa, do outro a busca desse poder; em ambos haverá os conflitos e os rompimentos de relações. Na vida normal é comum e até admissível que haja rivalidade. Porém, em liderança cristã isso nunca será admissível. São homens de Deus que devem manter o bom relacionamento tanto espiritual como material. Em síntese, a rivalidade é grande obstáculo para o relacionamento humano. 4.7.4 Quando existem limitações de liberdade Certa ocasião apresentei um plano aos líderes da denominação a que pertencia, no intento de melhorar a produtividade do grupo em que atuava. Porém, preferiam ignorá-lo. Mais tarde, já em outra denominação, apresentei à diretoria o mesmo plano, que depois de estudado foi posto em prática com grande sucesso. A rejeição do plano pela primeira ocasionou duas grandes barreiras em nosso relacionamento: primeira, nunca mais apresentei qualquer outro plano de trabalho a eles; segunda, desde a rejeição do plano, levei minha atenção a outras possíveis denominações que poderiam aceitar e executar os planos anteriormente rejeitados. É muito comum haver rompimento de relacionamento entre o grupo e o obreiro por causa de limitação de liberdade. Entretanto, a limitação de liberdade deve ser usada em qualquer grupo, porém com flexibilidade para que possa acomodar as idéias e os planos de trabalho apresentados por

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qualquer membro do grupo. Se existir essa flexibilidade haverá sem dúvida, um relacionamento humano bem equilibrado. 4.7.5 Quando existem mulheres no grupo Desde o princípio Deus criou macho e fêmea; criou-os e os colocou em um mesmo lugar para que vivessem juntos. Contudo, deu ao homem autoridade maior. Num grupo formado por homens e mulheres aparecem barreiras no relacionamento por causa da discriminação; por um lado, os homens se recusam a cooperar com as mulheres. Julgam-se maiorais e não admitem que uma mulher faça o mesmo serviço deles. Por isso, é comum grupos separados de homens e de mulheres. Os homens não procuram se acostumar a lidar com as mulheres; muitos prejudicam o relacionamento do grupo por causa dessa atitude mesquinha e machista. O maior problema surge quando uma parenta de um membro do grupo vem fazer parte dele, e este percebe que elementos do grupo estão fazendo discriminação de sexo, principalmente quando se trata de sua parenta; nasce a resistência e a parti dai, apenas um passo haverá para o rompimento das relações do grupo. Outros tratam as mulheres com desprezo, faz pouco caso delas e não lhes dão oportunidade de mostrar o talento que têm. Obreiro casado deve fazer suas visitas acompanhadas de sua esposa. Isso implicará na permanência de mulheres nos grupos, também durante as reuniões e nos trabalhos externos. Entretanto, se os homens do grupo não puderem manter um relacionamento normal com as mulheres de outros membros estarão prejudicando o relacionamento do grupo. 4.7.6 Quando surgem as pressões no grupo Nada há mais desconforto num grupo do que a pressão sobre um determinado membro. Sempre haverá esse ou aquele membro que não aceita democraticamente certas atitudes ou projetos do grupo. Quando isso acontece, os demais começam a exercer pressão sobre ele, forçam-no para que aceite a decisão dos demais. Essa pressão nunca surtirá efeito positivo, pelo contrário, cavará um abismo entre todos e as relações entre eles ficarão afetadas. Tomei conhecimento de um fato lamentável ocorrido entre membros de certa comunidade, surgiu um pequeno problema entre o obreiro e parte dos membros. Um grupo formado pela minoria permaneceu fiel ao obreiro; entretanto, passou a sofrer pressão do grupo maior. No final, o obreiro acabou por exonerar-se do cargo. Agora, o grupo vitorioso cantava o hino da vitória; havia tirado o obreiro; isso era o que lhes

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Administração Eclesiástica interessava; havia conseguido também se livrar do grupo opositor; estava de posse da comunidade e podia fazer o que desejava. Então, o grupo percebeu que cometera uma estupidez. Enquanto estavam fazendo pressão sobre os demais, não perceberam que alguns membros da comunidade que também não concordavam com eles já haviam abandonado-a. Só então, aprenderam a lição de que uma vitória sobre pressão causa a derrota da obra de Deus. As pressões provocam a destruição do relacionamento e destrói o elo espiritual e fomenta a dispersão do grupo. 4.7.7 Assumindo a responsabilidade por seus erros

Certa feita surgiu um problema no ministério que estava sobre minha responsabilidade. O movimento começou entre os obreiros de certo grupo de trabalho. Por um motivo banal o grupo rachou-se em dois. Um assunto que foi ponto máximo de uma reunião, cujo teor não devia ser levado aos membros da igreja, foi divulgado entre estes, e de maneira distorcida. Reuni os obreiros e indaguei querendo saber qual grupo havia deixado vazar o assunto. Nenhum dos grupos assumiu a responsabilidade. Ficamos muito tempo reunido, mas sem resultado. Essa atitude fez com que eu começasse a substituir aos poucos os serviços de vários obreiros. Houve momentaneamente um rompimento em nossas relações, esse rompimento trouxe prejuízos à igreja e as congregações. Dali para frente, não confiava nos obreiros.

Para que as relações humanas possam fluir num clima de paz entre os membros do grupo, faz-se necessário que o grupo ou os culpados reconheçam o seu erro e o confesse publicamente perante os outros. Se agir dessa forma, conseguirá ganhar a simpatia de todos. Quando Adão caiu em pecado, acusou a mulher que por sua vez acusou a serpente, e se Deus perguntasse à serpente essa lhe diria fora enganada por Satanás que a usou... e se Deus continuasse a perguntar; e perguntasse a Satanás esse seria capaz de acusar a Deus - “Talvez lhe diria, o Senhor é o culpado do homem ter caído porque lhe deu a ordem para não comer do fruto”. Por isso, ao ocorrer um fato que possa por em risco todo andamento de projetos e, sobretudo, o relacionamento, o mais sensato é que o culpado ou culpados assuma a responsabilidade.

4.7.8 Solução para problemas do relacionamento humano

Para todos os problemas apresentados aqui há uma solução. Contudo, Não tratarei delas separadamente. Apresento algumas sugestões para a solução dos problemas.

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Para chegar-se à raiz dum problema qualquer, há necessidade de se estabelecer uma regra de avaliação para depois fornecer um parecer ou entrar em ação para a solução dele. Os pontos que precisam ser analisados com profundo zelo são:

a) Pesquisa do ponto de conflito do problema. b) Análise das partes envolvidas. c) Busca das soluções em grupo. d) Apresentação e controle da solução.

Para se iniciar o processo solucionador dos problemas, os passos acima são importantes. Podem ser analisados da seguinte forma: 4.7.9 Em discussão aberta do grupo O obreiro ao notar que em seu grupo surgiu qualquer problema, deve imediatamente pôr-se em oração a sós até receber de Deus a orientação para a solução do problema. Depois de ter certeza que o Espírito Santo irá operar na reunião, deverá convocar o grupo e expor a situação deixando livre a palavra para os que desejarem opinar a respeito do assunto. Ali serão esclarecidos os problemas surgidos, e as causas que tanto perturbavam os grupos desaparecerão. Além disso, os membros poderão orar uns pelos outros e gozarem de uma perfeita comunhão. Nessas reuniões serão dissipadas as dúvidas e aumentará a capacidade do grupo em resolver seus problemas. Entretanto, isso somente será possível se o obreiro for espiritual, cheio de sabedoria e tiver grande conhecimento bíblico; sobretudo, se gozar de boa reputação entre os seus liderados. 4.7.10 Um retiro espiritual fará muito bem Quando existem tensões no grupo, um retiro espiritual em locais abertos e de ar puro fará muito bem. Deve-se reunir esforços para levar todos os membros do grupo. Ao chegarem ao local escolhido, devem orar um pouco; depois todos podem se reunir num bate-papo informal. E, se for possível praticar um pouco de esporte. Outro método muito eficiente e a divisão do grupo em seminários. E algumas horas depois, unir novamente o grupo e passar a discussão dos assuntos tratados. Um bom horário para essa discussão será durante as refeições. Pode-se chamar de “cardápio da amizade”. Esse nome sugere amizade entre todos. Será muito importante que o obreiro se expresse claramente sobre o objetivo do encontro em volta da mesa. Sem citar nenhum problema, deve frisar a necessidade de haver mais dias igual aquele, entre o grupo de trabalho. Esse retiro terá por finalidade criar um clima de paz entre os componentes do grupo; além de servir, também para estreitar ainda mais os laços de amizade entre eles. Sempre que o obreiro notar qualquer

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Administração Eclesiástica rompimento no relacionamento entre os membros deve agir com cautela para evitar a separação do grupo. 4.7.11 O relacionamento entre os obreiros e o líder Em qualquer setor da vida haverá necessidade de um líder. Assim como o universo necessita de Deus para o liderar, os homens também necessitam de líderes para orientá-los. O mesmo homem que em certas áreas é o líder - ao mesmo tempo, em outras, será o liderado. Portanto, não há líder que não seja também liderado; somente um não possui líder algum sobre ele - Deus. Ele é o supremo Líder de todos os líderes. Tanto para o obreiro como o líder haverá barreiras a vencer. E, para que entre eles possa existir um bom relacionamento essas barreiras devem ser vencidas sem muito esforço. O trabalho, a comunicação, as relações humanas serão mais estreitas quando o obreiro reunir qualidades essenciais à liderança de um grupo. No ministério, essas qualidades se revestem de grande significação. Não são qualidades normais que deve ter um obreiro líder. São qualidades excepcionais exigidas na liderança do ministério.

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Capítulo 5

Qualidade Total e Autoridade Espiritual

Introdução

Vamos nos deter um pouco mais nesse assunto. Cremos que ele é de vital importância ao chamado ministerial. Como obreiro dentro do Ministério, ele precisa desenvolver o trabalho do Senhor dentro dos padrões de obediência que Deus requer daqueles que são chamados para servi-lo. Lendo um livro sobre autoridade espiritual, encontrei a seguinte expressão: “A maior das exigências que Deus faz ao homem não é a de carregar a cruz, servir, fazer ofertas, ou negar-se a si mesmo. A maior das exigências é que obedeça”. (Autoridade Espiritual – Watchman Nee – Ed. Vida p. 15). A queda do rei Saul começou no momento em que desobedeceu a Deus não destruindo os amalequitas (1Sm 15). Nada havia de mais importante para Deus do que ser obedecido. Quando aceitamos o chamado ministerial, concordamos também em viver uma vida de submissão. E é sobre essa vida submissa que desejamos falar, e queremos fazer isso de modo aberto e claro. Deus criou o homem e a mulher. Depois de criá-los os colocou debaixo de submissão: Adão estava debaixo de submissão a Deus e Eva estava debaixo de submissão a Adão. Explicando melhor o assunto, podemos entender da seguinte forma: primeiro Deus criou Adão, dando-lhe autoridade para pôr nome nos animais e sujeitar a terra; em seguida Deus criou a mulher e a colocou debaixo da autoridade de Adão. Para Adão Deus falou: “não comerás da árvore que está no centro do jardim”. Quem estava sob autoridade era Eva, por isso, ela deveria obedecer sem restrição e no momento da tentação, ela tinha por obrigação o respeito a seu marido – pois ele era autoridade. Nosso objetivo com este estudo é de entendimento; queremos que o tema Autoridade Espiritual seja compreendido de forma clara e ajude no final, na formação de obreiros com autoridade e que vivam debaixo de autoridade.

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5.1 Autoridade de Cristo Veremos abaixo alguns pontos sobre autoridade. Vamos entender primeiro o termo autoridade. Quando lemos Mateus 9.6, vemos o princípio de autoridade sendo exercitado por Cristo, Ele chama Mateus para ser discípulo e este O segue sem nenhum questionamento. Ao se colocar debaixo da autoridade de Cristo, Mateus recebe autoridade – de quem recebe autoridade? De Jesus Cristo. Este tinha autoridade de Deus e por isso, podia delegar autoridade. Para que você possa entender melhor esse assunto, vamos rever a situação de Eva. Primeiro Deus criou o homem. Adão estava debaixo da autoridade de Deus. Quando a mulher lhe foi apresentada por Deus, esta ficou debaixo de sua autoridade, quando Eva gerou filhos, seus filhos ficaram debaixo de sua autoridade e quando os filhos de Eva geraram filhos, estes ficaram debaixo da autoridade dos filhos de Eva. Assim a cadeia hereditária estava formada:

a) Deus estava sobre Adão; b) Adão estava sobre Eva; c) Adão e Eva estavam sobre seus filhos; d) Os filhos de Adão e Eva estavam sobre os netos destes e assim por

diante. Podemos entender da seguinte forma, quem chega primeiro é autoridade, quem vem depois está debaixo de autoridade. Da forma que colocamos, todos estão debaixo da autoridade de Deus, pois Ele chegou primeiro e criou todas as coisas. 5.2 O Trabalho ministerial deve ser prestado em obediência Devemos entender algo muito importante no fato acima. Eva estava sob autoridade de Adão. Ao pecar, ela simplesmente desonrou a seu marido, mas contra Deus ela foi rebelde. Ela estava em primeiro lugar sob autoridade de Deus. Quando Deus criou o jardim e plantou a árvore, Adão recebeu a ordem de não comer do fruto. Sob essa ordem transmitiu a sua mulher a ordem de Deus. Ambos passaram a ser responsável perante Ele pela obediência ou desobediência. Se Adão tivesse oferecido o fruto a Eva, ela certamente o aceitaria, pois estava debaixo de sua autoridade. Adão deveria ter rejeitado o fruto, pois Eva estava sob sua autoridade, mas ao aceitar, ele quebrou o princípio de autoridade que estava sobre ele – quebrou a autoridade que recebera de Deus.

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Administração Eclesiástica 5.2.1 Obediência voluntária A obediência a Deus deve ser uma ação voluntária do obreiro. Por isso, seu trabalho não pode ser feito apenas por imposição de seu pastor ou obreiro. Deve ter em mente que está sob autoridade de Deus que o colocou sob uma autoridade superior; quando desobedece a seu superior está desobedecendo a Deus que está sobre os dois. Para advertência queremos citar dois fatos de desobediência que custaram aos infratores penalidades de morte. O primeiro caso é o de Lúcifer. Ele era o querubim ungido, tinha um trabalho a ser feito e podia fazê-lo com toda liberdade. Entretanto, estava debaixo da autoridade de Deus. Diz as Escrituras: “...desde que foste criado...” (Ez 28. 14), ele havia sido criado, portanto, devia obediência a seu criador. O ato da desobediência começou no momento que falou a seu coração, “... subirei as mais alta nuvens e serei semelhante ao Altíssimo...”. Notamos que ele reconhecia a soberania de Deus disse: “Altíssimo”. Embora aceitasse essa soberania, não respeitou a autoridade do Altíssimo, como conseqüência, foi lançado nas profundezas perdendo todo seu privilégio. O segundo caso é o rei Saul. No momento que recebeu a unção de rei, ele passou a ter autoridade delegada. Estava sobre todos israelitas, entretanto, a unção que recebera de Samuel não era uma ação humana. Samuel representava Deus no ato da unção. O óleo derramado sobre a cabeça de Saul era o Espírito do Senhor (1Sm 10.6,11) que estava sendo colocado na vida do homem Saul. A partir daquele momento toda vida de Saul seria dirigida por Deus. A única coisa que deveria fazer era obedecer. Caminhar segundo a vontade de Deus e fazer tudo conforme Lhe ordenasse (1Sm 11.6). 5.2.2 Obediência sem restrição A palavra de Deus para Saul era única e imperativa “destrua” todo o povo amalequita e seus animais (1Sm 15.3). Deus não queria nada vivo. A única coisa que Saul teria que fazer era obedecer. Entretanto, deixou vivo o rei dos amalequitas e ainda alguns bois, vacas e ovelhas (1Sm 15.9). O texto sagrado diz que Saul e o povo perdoaram... Quem estava debaixo da autoridade de Deus era Saul, por isso, foi requerido dele obediência. Se tivesse dito ao povo “não deixe nada vivo”, com certeza teria sido obedecido. Mas ele próprio resolveu desobedecer. A intenção de Saul e do povo era oferecer os bois e os novilhos em holocaustos ao Senhor (1Sm 15.21). Ora

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se pensarmos humanamente houve injustiça por parte de Deus em condenar a Saul, pois ele estava levando um grande holocausto para oferecer em Gilgal. Contudo, a resposta de Samuel foi simples: “Deus porventura tem mais prazer em sacrifícios e holocaustos do em que obedeça a Palavra?” (1Sm 15.22). Saul perdeu o reinado por não obedecer a Deus (1Sm 15.11). Quando o espírito de desobediência toma posse do homem, ele fica a mercê dos demônios, (1Sm. 16.14). Deus permite que isso aconteça para que haja sensatez por parte do desobediente e o arrependimento se manifeste. 5.3 Não existe autoridade que não provenha de Deus Sendo Deus o criador de todas as coisas e como tudo está sob seu controle, as autoridades postas no mundo vêm de Deus. É certo que muitas vezes, essas autoridades são instrumento de Deus para correção. Não importa, certo ou errado foram constituídas por Ele e devem ser obedecidas. Depois de haver desobedecido ao Senhor, o rei Saul foi substituído por Davi. Não havia mais a constituição de rei em Saul, mas havia a autoridade imposta por Deus, por isso, Davi respeitava e não se levantava contra Saul. Deus havia rejeitado a Saul e até mesmo ungido outra pessoa em seu lugar – mas ele continua debaixo da autoridade dEle. Estava errado? Sim. Nem por isso, deveria ser ferido ou desrespeitado. Vemos constantemente obreiros se levantando contra seus superiores com supostas alegações que Deus não mais está usando aquela pessoa – que sua unção acabou. Querido, deixe-me dizer uma coisa: ainda que a unção daquele obreiro tenha acabado, ele continua sob a autoridade de Deus e por isso, deve ser respeitado. 5.4 A primeira lição do obreiro deve ser obediência O obreiro deve saber obedecer. Ele está sob autoridade, mas também é autoridade sobre outros. Está-se sob autoridade e é autoridade ao mesmo tempo, deve se conduzir de forma sensata. Se aquele que está sob ele possui mais ou menos conhecimento deve ser respeitado – pois se ocupa aquela posição é porque Deus permitiu e o colocou ali como autoridade. Quando andamos pelas ruas deparamos com fatos dessa natureza. Muitas vezes, o guarda de trânsito possui apenas o ensino fundamental. Por isso, muitos doutores acham que estão em maior vantagem sobre o guarda de trânsito. Ocorre que a autoridade do guarda vem de quem tem autoridade também sobre o doutor. Ele foi posto ali para ser obedecido, não importa se tem doutoramento ou é um simples alfabetizado.

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Administração Eclesiástica 5.4.1 O maior seja o menor entre todos Dentro do ministério, é comum atitude de desrespeito por parte de alguns obreiros, por possuírem algum grau de instrução mais elevado que seu colega que exerce uma função dentro do ministério. Querem impor sua autoridade. Querem ter os privilégios que sua instrução pode lhe proporcionar. E alguns, não se importam com as convocações de seus pastores quando esses não possuem grau superior, pois acreditam em si mesmos que já estão em degraus superiores. Quando se está sob autoridade, está sob autoridade de Deus. Quem está sobre nós está sob autoridade de Deus e se está nesta condição deve ser respeitado, obedecido sem restrição. 5.5 A cabeça é a autoridade do corpo

A anatomia humana é o maior exemplo de obediência. A cabeça no alto do corpo possui os órgãos da visão, audição, olfato e paladar. Todo corpo recebe ordens expressas da cabeça. Nunca a cabeça recebe ordens das pernas ou dos braços. É ela quem ordena aos órgãos internos do corpo. O corpo humano é composto de membros e órgãos. Cada um tem uma função determinada e delegada. Ora se as funções dos órgãos já estão determinadas e delegadas, por que precisam da cabeça para os governar? Simples. Deus colocou o princípio de autoridade dos órgãos na cabeça. Os olhos observam e enviam as imagens para o cérebro. O ouvido apura os ruídos e os envia ao cérebro. A boca com seus órgãos do paladar sentem os sabores e os envia ao cérebro. O nariz sente os odores e os envia ao cérebro. O cérebro está no comando de tudo. A ele foi dada toda autoridade. Se a boca sentiu um paladar agradável num alimento, ele autoriza que seja enviado ao estômago. A cabeça tem autoridade. Ela pode agir e determinar sobre os demais órgãos. A ilustração acima serve de base para compreensão do assunto em discussão. Jesus é a Cabeça do ministério, claro que delegou algumas missões. Deu a ele autoridade ministerial. Todos que recebem autoridade estão debaixo da autoridade de Cristo. Ele é a Cabeça do corpo – nada pode ser feito se Ele não autorizar, supervisionar, censurar e determinar o destino. Para se ter uma vida ministerial consciente é preciso conhecer algumas lições de obediência:

a) Tenha sempre um espírito de obediência. b) Pratique a obediência.

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c) Aprenda o exercer da autoridade. d) É preciso saber obedecer e exercer autoridade.

5.5.1 A rebelião é como pecado de feitiçaria Voltamos ao livro de 1 Samuel, ao processo de rebeldia provocado por Saul. Samuel fala ao rei de forma severa. Diz-lhe: a rebelião é como o pecado de feitiçaria. Lúcifer perdeu sua posição de querubim ungido por causa da rebelião. Quando se desobedece a uma autoridade delegada por Deus, não se está desobedecendo à autoridade. Está-se rebelando contra Deus. 5.5.2 Falar contra a autoridade delegada ofende a Deus A Bíblia registra um fato interessante. Moisés era o irmão mais novo de Miriã e Arão. Em casa ele estaria conseqüentemente debaixo da autoridade dos irmãos mais velhos. Ocorre que Moisés tinha a delegação de líder do povo de Israel. Os irmãos faziam parte desse povo. Portanto, estavam debaixo da autoridade de Moisés e lhes deviam obediência – a delegação de Deus era superior a delegação familiar. Nada impedia Miriã de conversar com Moisés sobre a mulher que tomara. Era uma mulher etíope da descendência de cão. Uma boa conversa entre os irmãos não estaria quebrando o princípio de autoridade. Ocorre que ela se levantou para injuriar Moises. Falando “porventura tem falado o Senhor somente por Moisés? Não falado também por nós?”. Deus não gostou dessa atitude. Sentiu-se ofendido. Sua autoridade sobre Moisés estava sendo quebrada pela irmã do líder. Então Deus agiu por Moisés, defendeu sua autoridade e delegação imediatamente lançando sobre ela a lepra. Ora se Deus não havia recriminado Moisés por haver se casado com uma estrangeira, descendente de um povo amaldiçoado, por que Miriã poderia fazê-lo? Para Deus esse ato foi rebelião e rebelião se trata com castigo. A lepra dela era um castigo visível ao povo – assim ser leprosa era muito pior do que ser etíope. Muitas vezes a obra de Deus fica estagnada, almas deixam de ser salvas, lares dos membros começam a desmoronar, o inimigo toma conta de vidas, a miséria começa a aparecer em todos os cantos da igreja. Com certeza, alguém está sendo rebelde diante de Deus. 5.5.3 Obediência à autoridade direta e à autoridade representativa Deus é a autoridade direta e Moisés era a autoridade representativa. Por meio dele o povo recebia as instruções divinas e caminhava para a

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Administração Eclesiástica conquista da terra prometida. Se rebelar contra Moisés era o mesmo que se rebelar contra a autoridade direta. Não poucas vezes temos ouvido de obreiros a seguinte frase: “...faço isso por que sou obediente a Deus”. Acontece que estão se rebelando contra a autoridade representativa quando deixam de respeitar ou obedecer a seu líder ou pastor. Aceitamos o fato da unção do Espírito Santo estar também sobre todos na igreja. Não negamos que o poder dado ao pastor é o mesmo dado a outros dentro da congregação. Mas Deus chamou um só e lhe falou sobre seus projetos, deu-lhe a visão para o trabalho, o constituiu o pastor sobre os demais, fazendo-o representante seu perante todo o resto da congregação. É bom que o obreiro saiba de uma coisa – “aquele a quem muito se deu, muito também lhe será requerido”. Toda autoridade dada ao pastor lhe será cobrada por Deus. Toda honra de uma congregação será requerida do pastor “...não me glorificastes diante da congregação... nas águas de Moriá...”. Moisés era o pastor, tinha a delegação para a função, estava revestido de toda autoridade, mas nem por isso ficou sem punição. Querido obreiro, Deus não te tomará por inocente e não aceitará sua rebeldia contra a autoridade que Ele constitui. Observe algo, Datã era levita e representava o povo espiritualmente; Abirão representava os obreiros do povo, o que falavam tinha um fundo de verdade “toda congregação é santa”. Ocorre que falaram isso para atacar a Moisés e Arão dizendo-lhes: “por que vos exaltai sobre a congregação?” Estavam simplesmente dizendo: “não sois melhor do que nós”. É verdade, eles eram iguais – mas sobre Moisés e Arão estava a delegação de líder e de sacerdote. Isso fazia a diferença. Eram representantes de Deus nestes dois seguimentos. A rebelião contra a autoridade de Deus provoca-Lhe a ira. A rebelião de Datã e Abirão foi contagiosa, levou toda congregação a se rebelar contra seu pastor espiritual e isso não agradou a Deus que liberou o castigo, a praga sobre a congregação matando mais de 14 mil pessoas.

Interessante que o povo murmurou dez vezes no deserto contra Moisés e Deus tolerou, mas no momento que se rebelaram contra sua autoridade Ele agiu para defendê-la. 5.6 Davi respeitava a autoridade que estava sobre Saul “Então os homens de Davi lhe disseram: Eis aqui o dia do qual o Senhor te disse: Eis que entrego o teu inimigo nas tuas mãos; far-lhe-ás como parecer

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bem aos teus olhos. Então Davi se levantou, e de mansinho cortou a orla do manto de Saul. Sucedeu, porém, que depois doeu o coração de Davi, por ter cortado a orla do manto de Saul. E disse aos seus homens: O Senhor me guarde de que eu faça tal coisa ao meu senhor, ao ungido do Senhor, que eu estenda a minha mão contra ele, pois é o ungido do Senhor” (1Sm 24.4-6). Este texto demonstra o quanto Davi respeitava a unção que estava sobre Saul. Embora já fosse o novo rei, ungido no lugar de Saul, aguardava o momento da delegação. E em momento algum se levantou contra a autoridade delegada. Davi não via a pessoa de Saul, e sim, a pessoa de Deus como autoridade. O reconhecimento dessa autoridade impedia que Davi o matasse “Mas Davi respondeu a Abisai: Não o mates; pois quem pode estender a mão contra o ungido do Senhor, e ficar inocente?”. Davi não buscou assumir o trono que era seu por direito de unção por meio de rebeldia. Soube esperar o momento certo para tomar posse. O fato de ter recebido a unção não lhe dava o direito de matar Saul para assumir o trono. Era ungido mais ainda lhe faltava à delegação para reinar. Essa delegação somente lhe foi concedida quando o rei Saul foi morto. Obreiro você é um ungido, espere o momento certo para receber sua delegação. O fato de ter recebido a unção não lhe dá o direito de rebelar-se contra a autoridade constituída por Deus para assumir a sua posição dentro do ministério. Se estiver demorando um pouco, é porque ainda não foi dada ordem a seu respeito e, com certeza, a autoridade representativa não pode passar por cima de uma ordem direta. 5.7 Obediência à autoridade delegada

A fonte de toda obediência universal é Deus. Considerando esse fato, toda autoridade constituída e delegada vem dEle. Sabemos que a igreja não pode se sujeitar a uma delegação demoníaca ou a um governo humano que venha contra os princípios bíblicos. Entretanto, não deve se rebelar com manifestações públicas contra os governos e, sobretudo, com atos violentos. Pedro escrevendo em sua primeira epístola afirma o seguinte: “Sujeitai-vos a toda autoridade humana por amor do Senhor, quer ao rei, como soberano, quer aos governadores, como por ele enviado para castigo dos malfeitores, e para louvor dos que fazem o bem. Porque assim é à vontade de Deus, que, fazendo o bem, façais emudecer a ignorância dos homens insensatos, como livres, e não tendo a liberdade como capa da malícia, mas como servos de Deus. Honrai a todos. Amai aos irmãos. Temei a Deus. Honrai ao rei”.

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Administração Eclesiástica Ele é claro no texto, “sujeitai-vos a toda autoridade...”. Se Deus é a autoridade máxima do universo, é claro que os governantes estão sob autoridade dEle, conseqüentemente, todo cristão também está debaixo dessa autoridade. Dessa forma, deve obediência aos governos delegados por Deus. 5.7.1 O princípio da autoridade se revela em quem tem autoridade Ao receber autoridade vinda de uma posição superior, passa a exercer autoridade em posição inferior, pelo fato de estar exercendo autoridade, reconhece que deve obediência a quem está sobre ele e requer obediência a quem está depois dele. Entretanto, essa obediência não vem pela força, e sim pela submissão. Para finalizar esse tema, forneceremos um breve guia para nortear aquele que tem e está submisso a autoridade. 5.7.2 Não dê ouvido a calúnias

Moisés é nosso exemplo. O fato de Moises haver-se casado com uma mulher cusita, não lhe tirava a autoridade. Contudo, sua autoridade foi contestada por esse fato. Se Deus não faz caso por alguma coisa que apontam contra você não se preocupe em defender-se. Deus que é a autoridade que está sobre você tomará partido e será a sua defesa. 5.7.3 Não se defenda

A autoridade que está sobre você não vem de você mesmo. Não se preocupe se estão se levantando contra você. Saiba que Deus não vai ficar de braços cruzados – sua defesa será iminente. Autoridade e a alta defesa não caminham juntas. Aquele que busca defender-se está quebrando a autoridade de Deus sobre sua própria vida. 5.7.4 Seja manso diante das situações Moisés não se defendeu perante Miriã pelo fato de estar errado quanto a seu casamento com uma mulher cusita. Ele era varão manso. Sua mansidão não lhe permitia argumentar contra fatos que Deus cuidaria. A mansidão fala muito mais que os atos de defesa, que às vezes nos leva a contendas violentas. Demonstrar autoridade diante da congregação não faz de você uma pessoa cheia de autoridade divina. Deixe Deus cuidar do caso da forma que ele achar melhor.

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5.8 Requisitos para reconhecer uma autoridade delegada O reconhecimento da autoridade delegada se faz por meio desses quatros passos: 5.8.1 Reconhecimento de que toda autoridade procede de Deus Obreiro o primeiro passo para você reconhecer uma autoridade delegada é reconhecer que toda autoridade vem de Deus. Rm 13.1. Ninguém pode se alto constituir. Mesmo que alguém diga: “eu sou autoridade”, ela precisa ser reconhecida e obedecida voluntariamente. Uma autoridade constituída por Deus deve falar em nome dEle. Jamais apontar que está ali porque Deus o colocou como autoridade delegada. Os homens devem olhar para ele e reconhecerem a delegação de Deus. Quem olhava para Pedro, João, Paulo e outros apóstolos reconheciam pelos atos a delegação de Deus na vida deles. Você não tem autoridade em seu lar, no mundo ou na igreja. Tudo que você pode fazer é executar a autoridade de Deus. 5.8.2 Pela negação de si mesmo A precipitação de muitos obreiros em apresentar-se como autoridade delegada tem matado muita gente que deveria estar salva. Até que você saiba qual é à vontade de Deus, deve manter sua boca fechada. Não exerça autoridade não delegada, isso vai destruir vidas – seu ministério e sua igreja. Se Deus está lhe chamando para ser uma autoridade delegada com certeza Ele vai te aparelhar com sabedoria, mansidão, dedicação, poder persuasivo e muitas outras coisas. Entretanto, se você por si própria quiser fazer-se passar por autoridade, saiba de uma coisa: nem Deus e nem sua congregação vão te ouvir – seus conceitos e atos não passarão da sua pessoa. Uma pessoa autorizada e constituída para uma missão divida, espera em Deus a revelação para aquele momento. Uma verdade que temos que aprender, “Deus nos delega para representarmos sua autoridade e não para sermos seus substitutos”. Nossa posição delegada não nos autoriza a manifestar nosso ponto de vista, não faz de nós senhores da verdade. Deuses soberanos e intocáveis. Ao contrário, faz de cada um de nós servos humildes e obedientes. Uma pessoa que não reconhece sua necessidade de aprendizado e não se submete ao tratamento, não serve para ser autoridade delegada por Deus. Pois os que estão no centro da vontade de Deus, recebem a delegação e negam-se a si mesmos, dando esse lugar ao Espírito Santo pra orientar-lhes a direção de sua autoridade.

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Administração Eclesiástica 5.8.3 Quem tem autoridade deve ter comunhão com quem a delegou Aquele que tem uma constituição deve manter plena comunhão com Deus. Jesus Cristo é o nosso maior exemplo de autoridade delegada, entretanto, sua comunhão com Deus era notável. Ele gastou mais tempo de joelho do que falando com seus discípulos. Antes de escolher os doze passou a noite orando; antes de entrar em Jerusalém, subiu ao monte para orar. Sua comunhão com Deus fazia dEle uma grande autoridade. Expulsava demônios, curava enfermos, ressuscitava mortos, delegava autoridade a seus discípulos e subiu a cruz para resgatar o mundo de seus pecados. Jamais Jesus Cristo falou de si mesmo. Toda palavra vinha de Deus por isso, os fariseus reconheceram que Ele tinha autoridade. Paulo falava com autoridade por que mantinha uma viva comunhão com Cristo “Não vivo mais eu, mas Cristo vive em mim...”. Era essa intimidade que fazia dele uma pessoa com autoridade perante o mundo. Obreiro se você já aprendeu a viver em comunhão com Deus, certamente haverá autoridade em seu ministério, entretanto, se ainda lhe falta essa intimidade – por Deus, não tente apresentar ao mundo uma delegação que não possui, você será esmagado por Satanás. Lembre-se do fato narrado em Atos. Aqueles homens acreditavam que tinham delegação para expulsar demônios, e em nome de Paulo e de Cristo tentavam libertar uma pessoa possessa; foram humilhados e derrotados na frente de todos. Crer em Cristo não faz de você uma autoridade delegada. O que faz de você uma autoridade delegada por Deus é sua íntima comunhão com Ele. 5.8.4 Não estabeleça sua própria autoridade A autoridade é estabelecida por Deus; ninguém proclama ao mundo que foi constituído autoridade por Deus. Seus atos vão anunciar ao mundo essa delegação. Os homens só temerão autoridades verdadeiramente constituídas e confirmadas. Por isso, se você acredita que é uma autoridade delegada, os homens devem olhar para você e verem em seu rosto a imagem de Cristo. Somente quando virem a imagem de Cristo temerão por causa de seus atos. Paulo disse: “sede meus imitadores como eu sou de Cristo”. Paulo imitava a Cristo, sua fé, sua mansidão, sua autoridade, enfim quem olhasse para Paulo olhava para Cristo. Jesus Disse para seus discípulos “quem vê a mim vê ao Pai”. Jesus não fazia a sua vontade, não andava por sua própria autoridade. Momento antes de sua subida ao céu afirmou: “toda autoridade me foi dada no céu e na terra, portanto ide...”. Naquele momento Deus entregou a Cristo toda autoridade e delegação como Senhor e Salvador do mundo. Veja Jesus, Paulo e os outros apóstolos tinham autoridade delegada, mas sempre a

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depuseram-na aos pés do Senhor porque somente dEle é que vem a verdadeira autoridade. Deixe-me te dar um conselho muito útil. Não diga a sua esposa, sou autoridade de Deus aqui... não diga em sua igreja: Deus me fez autoridade aqui; não diga ao mundo: fui delegado autoridade de Deus aqui. Se fizer isso, você padecerá, pois Deus não dará a sua glória a outro. Represente a autoridade de Deus com seus atos, com sua fé, com sua dedicação, com sua renúncia à vontade própria, deixe que as pessoas notem que você é uma pessoa delegada por Deus. Concluindo esse tema, queremos chamar atenção para mais um ponto da autoridade delegada. Muitos chegam à conclusão de que Deus os está tirando do ministério pelo fato de não estar mais em acordo com a liderança. Saem e alugam um salão na próxima esquina e começam a convidar os irmãos a ficarem com ele. Sempre que pode fala mal de seu ex-pastor, aponta seus defeitos, suas falhas humanas e garantem que não serão iguais. O fato de você ter saído sem a bênção de seu pastor e ministério já demonstra sua rebeldia contra a liderança. Diante dessa rebeldia, Deus não pode abençoar seu ministério, sem a bênção de Deus você está sob maldição; debaixo da maldição quem operará em seu ministério será sem dúvida o diabo. Aquele que está debaixo de autoridade deve reconhecer isso. Barnabé estava debaixo da autoridade de Paulo. Por um motivo qualquer não quis mais andar com ele. A Bíblia diz que se apartaram um do outro e cada um foi para um lado e a obra do Senhor continuou. Isso pode ocorrer em nossos dias, por um ou outro motivo pode haver separação entre você e seu pastor – mas o que não deve acontecer é sair em rebeldia. Deixe o momento passar, procure seu pastor e seu ministério, diga-lhe que não pode concordar com esse ou aquele ponto, peça para eles estenderem as mãos sobre você e te abençoar, saia do ministério debaixo da bênção do Senhor. Abrace seus colegas e irmãos em Cristo, peça-lhes a destra de companhia. Depois fique no aguardo da delegação do Senhor para ingressar em outro ministério ou abrir o seu próprio.

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Capítulo 6

Obreiro e seu Ministério

Introdução O ministério da igreja vem sendo alvo de muitos. Alguns bem intencionados, outros, entretanto, querem apenas um meio de acesso à fama ou ao poder aquisitivo.

O Obreiro e seu Ministério visto do âmbito da Qualidade total. Tudo parece estar andando normalmente, mas quando se pára a fim de fazer uma reflexão ministerial, percebe-se que falta muita coisa para se chegar aonde se pretende. Nesta palestra o obreiro terá oportunidade de refletir sobre seu trabalho ministerial, pois serão abordados temas essenciais, tais como: a qualidade ministerial; a unção ministerial; habilitação ministerial; o ministério e a família e os desafios do ministério. Ao final dessa palestra o obreiro estará renovado para prosseguir sua jornada e conduzir aos outros para o grande encontro com o Senhor Jesus. 6.1 Qualidades do obreiro Em Efésios 4.10-12 temos o chamado para composição do Ministério. É claro que Paulo está falando do chamado ministerial num todo. Nas cartas a Timóteo ele faz alguma citação de como deve ser este chamado e a qualificação dos obreiros, mas é em Atos 6 que temos uma descrição mais exata de como deve ser o homem chamado para o ministério. Os apóstolos apontam três qualidades que deveriam possuir os homens chamados: 6.1.2 Boa reputação Este vocábulo aparece 25 vezes no Novo Testamento, com a significação de dar testemunho. Antes de tudo, tanto o ministro como seus auxiliares precisam gozar de boa reputação. Ter boa reputação significa viver uma vida exemplar, na igreja e fora dela. Isso inclui a vida profissional e a vida social. Não só o obreiro, mas também todos crentes que queira viver uma vida piedosa, devem ter em mente que o bom testemunho falará no seu lugar em muitas ocasiões. A palavra boa reputação, traduzida do grego para o português, quer dizer simplesmente, pessoa de quem os homens somente falam coisas boas.

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6.1.3 Cheio do Espírito Santo Um obreiro sem o Espírito Santo não poderá exercer esse serviço com afinco. O vocábulo grego, que traduz por cheio “Pleres”, significa: coberto inteiramente, permeado totalmente por alguma coisa, completamente cheio, completo, não faltando em nada. Significa, portanto, sinceridade absoluta, dedicação de corpo e alma. Somente deve almejar o ministério quem tenha uma vida no altar de Deus; o cargo não é apenas um título - é muito mais que isso, é um serviço a Deus e quem tem pensamentos mesquinhos e ainda não se tenha examinado interiormente não serve para tão grande obra. A recomendação para que o obreiro seja cheio do Espírito Santo tem seus motivos. Se ele for cheio do Espírito, indubitavelmente, será também um homem amoroso, paciente, carinhoso, benigno - pois a obra do Espírito é tudo isso, Gl 5.22. O obreiro necessitará do enchimento do Espírito Santo para poder vencer as múltiplas lutas do ministério, principalmente para poder dar testemunho vivo de sua fé cm Cristo. 6.1.4 Cheio de sabedoria Naturalmente, essa qualidade é resultado direto do poder habitador do Espírito Santo. Trata-se de uma qualidade ao mesmo tempo negativa e positiva, terrena e celestial. É mister que os obreiros saibam como rejeitar as murmurações e como cuidar delas; saber também cuidar dos que são dados à fraude, à calúnia e à traição por palavras. A sabedoria do obreiro precisa ser terrena e prática, dando eles exemplos de discrição, além de aptidão pelas coisas e soluções práticas. Contudo, essa sabedoria, terá de ter um aspecto espiritual. Pode-se assegurar que a sabedoria aqui exigida não é a humana, as ciências exatas e as filosóficas. Também não é aceitável a idéia de um obreiro totalmente indouto. A natureza do cargo exige que ele possua instrução elementar. A sabedoria que o obreiro deve ter é a do Espírito Santo. Com ela, o obreiro poderá tomar grandes decisões em seu ministério. Essa sabedoria está diretamente ligada ao dom de Sabedoria registrado em 1 Co. 12.8 e Rm 12.8. O obreiro possuidor dessa sabedoria tirará muito proveito nas decisões quando esta exigir uma grande e acertada decisão. Portanto, ele precisa saber discernir o verdadeiro do falso. 6.1.5 Não de língua dobre No grego é “diálogos”, que pode significar de língua dupla. Isto é, insincero no sentido de alguém falar uma coisa, mas querer dar a entender outra, ou de alguém comentar algo com uma pessoa e dizer algo diferente para outra

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Administração Eclesiástica sobre a mesma questão. Os obreiros da igreja agem freqüentemente como mediadores entre partes em conflito. E, por muitas vezes, são tentados a falar de diferentes modos e tons para pessoas diversas, ocultando informes para alguns e revelando-os para outros. Um obreiro deve manter total honestidade e franqueza ao tratar com todos, sem qualquer favoritismo. A firmeza na palavra é um ponto extraordinariamente defendido por Jesus Cristo (Mt. 5.37). Há homens que perante um auditório dizem uma coisa; perante outro dizem coisa bem diferente. São homens de língua dobre - de duas línguas. Por um lado, afirmam apoiar o pastor, por outro, perante membros da igreja, afirmam coisas contra ele. O obreiro precisa ser íntegro em sua palavra, arcar com a responsabilidade que pesa sobre ele, deve ser firme em sua convicção e opinião; do contrário, perderá a confiança da igreja; pois logo se descobrirá que ele é faltoso e insincero no falar; é um homem de duas palavras ou de duas línguas. Portanto, indigno do cargo de obreiro 6.1.6 A fé do obreiro Outro aspecto do ministério do obreiro é sua fé. O obreiro deve possuir uma fé genuína. O termo grego “Katharos”, quer dizer limpo, puro, no sentido de pureza moral. Se não pode possuir consciência pura não serve para o cargo. Deve lembrar-se que vive numa casa como de vidro. Portanto, sua fé, é qualificação irrevogável para que possa exercer o ministério. Nada tem maior importância na vida do obreiro do que aquilo em que crê. Só isto poderá dar estabilidade à sua diaconia e eficiência ao mandato. A crença do obreiro é assunto de muita importância, porque isso, determinará a espécie de vida que vai apresentar ao mundo. Sua fé determinará a medida de sua lealdade a Cristo, à sua igreja, à sua denominação e a todos quantos vivem ao seu redor. Será a fonte de sua genuína compaixão pelo mundo sem Cristo, e, pela natureza do cargo, sua fé significará muito à vida de seus irmãos. Consciência limpa insere também a santificação do obreiro. Em Hb 12.14, o escritor faz a seguinte declaração: “segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor”. A paz precisa ser cultivada. Nunca fará parte da igreja automaticamente. A maneira mais certa de cultivar a paz é mediante a santidade pessoal. Quando surgem as contendas, há sempre manifestações de carnalidade, de interesses próprios, de desrespeito pelo direito e sentimento do próximo. Nessas ocasiões, a vida santificada do obreiro será muito importante. Ele deve viver e manter a paz dentro da igreja. O verbo grego “Dioko” significa “perseguir, pressionar, correr após, esforçar-se por”, daí a questão porque o obreiro deve agir de acordo com anuência verbal acima apresentada, deve

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esforçar-se por manter a paz por meio de uma vida santificada. Se viver em santificação será ouvido quando lhe for necessário opinar. O termo grego que deriva da raiz “agos” isto é, “algo que impõe respeito religioso”, Tem aplicação direta de algo ‘separado para a divindade’, um obreiro santificado é um obreiro separado para Deus, por isso, jamais será contencioso. 6.1.7 A prova do obreiro Lamentavelmente as igrejas não provam seus obreiros, cometem grave erro, pois poucas vezes são escolhidos elementos que não preenchem as exigências do cargo. Elementos sem qualquer aptidão para o cargo estão servindo e, por isso, a igreja não possui nos dias de hoje um corpo ministerial a exemplo da igreja Primitiva. Nunca será uma escolha feliz se a igreja não tomar cuidado em escolher homens certos para o ministério. Na tradução bíblica corrigida temos o vocábulo “provado” na atualizada o texto e mais completo, “experimentado”. No grego, “dokimadzo”, significa ‘provar por meio de teste’, analisando a frase seguinte, tem-se ditas idéias inseridas do texto. No versículo 6 de 1Tm 3, Paulo recomenda: ‘não separe, para o ministério, crente novo. No versículo 8 do mesmo capítulo diz:’ da mesma sorte’, ou semelhantemente (trad. atualizada), a tradução do termo grego “ousatos” é: “exatamente isso”. assim pode-se tomar o termo “experimentado” como sendo crente novo (recém-convertido) se tomando o termo grego “dokmadzo” tem que se admitir que o crente antes de servir como obreiro deve ser provado, examinado, testado. Somente depois disso é que deverá ser-lhe confiado o cargo; nunca antes de ser comprovado sua condição de crente irrepreensível.

O termo grego “anegketos” é em português irrepreensível e, por cinco vezes, está traduzido no Novo Testamento ligado diretamente a cargos ministeriais: 1Co 1.8; Cl 1.22; Tt 1.1-7. Portanto, deve ser escolhido para o cargo somente homens íntegros, libertos de vícios e que, ninguém de fora ou da própria igreja possa-lhe fazer qualquer acusação. “Anegletos” é a forma primitiva de “egkaleo”, que quer dizer: “acusar ou convocar para acusação”. O obreiro deve ser livre de toda acusação justa, sem qualquer defeito em sua vida que ponha em dificuldade o serviço. Deve ser homem dotado de elevado grau de santificação e gozar de total confiança dos de fora. 6.2 Nunca negligenciando ou omitindo o dever Quando se tem um chamado e uma constituição divina não se admite negligência ou omissão do dever. A constituição que está sobre o obreiro o

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Administração Eclesiástica mantém debaixo da autoridade de Cristo e, por estar debaixo dessa autoridade não se conduz levianamente. Em Jeremias lemos: “...maldito o aquele que fizer a obra do Senhor relaxadamente...” Jr 48.10. Sempre haverá conseqüência para aquele que negligenciar seu chamado e fizer a obra do Senhor negligentemente. Muitas vezes ouvimos obreiros se lamentando dos insucessos ministeriais e financeiros. Quando isso está ocorrendo é preciso parar e buscar as causas – com certeza, muitos desses insucessos está ligado ao relaxamento da obra do Senhor. Em conversa com um obreiro que se lamentava da falta de crescimento de sua igreja, perguntei-lhe o que estava fazendo em prol do crescimento dela? Como resposta me disse, eu dependo dos outros obreiros e da direção para fazer alguma coisa. Entretanto, o caso daquele obreiro não era a dependência que tinha dos outros, pois seu pastor delegara a ele a liderança de uma congregação, era a preguiça, a falta de coragem para orar, sair em visitas aos membros e a novos decididos. Muitos não olham a vida futura, para estes tudo termina com a morte. Não conseguem entender que possuem um ministério, uma unção, sobretudo, que serão julgados por sua obra aqui na terra. Obreiro querido quero lhe chamar atenção para esse verso: “O servo que soube a vontade do seu senhor, e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites”. Essas são palavras de Cristo e estão na Bíblia. E se Cristo falou isso é verdade. Como servo (obreiro) que quer conhecer a vontade de Deus, deve procurar saber exatamente qual foi a sua ordem. Não pode alegar desconhecimento, falta de recursos financeiros, pois isso ele dá ao que busca; não pode alegar perseguição, pois vive num país cuja liberdade de culto é expressiva, não pode alegar falta de apoio ministerial, pois o ministério seu está pronto para investir no crescimento do Reino. Qual será então a resposta para os fracassos ministeriais? Negligência: é a resposta. Se a situação ministerial vai mal, acredite você não está fazendo a vontade de Deus. A situação financeira vai mal, você não está ouvindo o que o Espírito Santo fala por meio da palavra, das profecias e, sobretudo ao seu coração. Lembre-se você foi chamado, constituído e delegado. Portanto, a sua negligência será cobrada três vezes. Por seu chamado, por sua constituição e por sua delegação.

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Esse tipo de atitude trás conseqüência tanto para quem as pratica, quanto para quem está ao derredor, além de atravancar o crescimento da obra, é fonte de mau testemunho e, ainda se torna um peso para o ministério, pois muitos desses obreiros negligentes recebem salários e outros benefícios. Não produzem, mais ganham como se produzissem. Sabem a vontade de seu Senhor, mas não a faz, portanto, serão castigados com muitos açoites. 6.3 Unção Ministerial 6.3.1 Característica da unção Qualquer crente que começa a desenvolver alguma habilidade dentro da igreja, logo pensa na unção. Para ele é a unção que lhe abrirá as portas para ministração. Até certo ponto, esse pensamento está correto. Mas não é a unção que lhe abrirá as portas do ministério ou do trabalho. Quem abrirá essas portas é a autoridade de Deus posto sobre ele. Primeiro vem à autoridade, depois é que vem a unção. Revestido de autoridade de Deus ele começa a trabalhar e a desenvolver seu ministério na área que Deus determinou. Com o passar do tempo vem o reconhecimento da autoridade e ai ocorre à unção delegativa para o cargo. 6.3.2 O que é unção? Podemos definir unção da seguinte forma:

a) Delegação divina para executar uma tarefa; b) Derramamento de óleo sobre a cabeça do obreiro em declaração de

que ele foi habilitado por Deus e pelos homens para aquela função. No primeiro caso, o obreiro é capacitado por Deus por meio da autoridade a ele concedida. O desenvolvimento de seu ministério é uma característica de que está debaixo da unção do Senhor. Em segundo lugar, o obreiro recebe delegação pública por meio da unção com óleo ou imposição das mãos (de acordo com a constituição do ministério). Como funciona essa unção? Primeiro Deus chamou e ungiu o pastor presidente da denominação como autoridade constituída no Ministério. Sobre a cabeça do pastor presidente está à unção ministerial. Ele é o sacerdote representativo de Deus dentro do Ministério. O trabalho do crente vem sendo observado por ele, mas não é por essa observação que será ungido. Como sacerdote e profeta constituído por Deus, ele fica no aguardo da palavra divina a respeito daquele servo. Quando Deus fala sobre a unção daquele irmão, Ele fala também sobre suas qualidades

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Administração Eclesiástica e que tipo de autoridade está sobre ele. Nesse ponto, a autorização de Deus para a unção é dada, isto é: Deus manda ungir e delegar aquele servo para uma obra dentro do ministério.

Se a unção não tiver essa revelação, também não terá a aprovação de Deus. Forçar a unção com óleo é o mesmo que mandar em Deus. A unção pode ocorrer, mas a delegação divina para o trabalho não acontecerá. 6.3.3 O valor ministerial da unção A unção é para sempre, não se pode retirar a unção de uma pessoa. Sabemos de ministérios que revogam a unção dada a certa pessoa por não estar produzindo dentro do esperado. Alegam que não tinha chamada, por isso, a unção está sendo retirada. Uma vez obreiro ungido, o será para sempre. Mesmo que venha apostatar da fé não perderá a unção diante de Deus – em seu julgamento a unção terá peso condenatório. Para aqueles que foram chamados e constituídos como autoridade e lhes foram delegadas funções existe um preço a pagar. A unção fará do obreiro uma vitrine. Todos passam a olhar para ele e buscar algum tipo de qualidade para se espelhar nela ou defeito para criticar. Satanás colocará um de seus anjos dia e noite ao lado do obreiro ungido para anotar suas falhas e defeitos, para poder acusá-lo na presença de Deus e exigir-lhe a revogação da delegação dada ao obreiro. Deus não tolerará falhas daquele que recebeu constituição e unção. Ele tem autoridade para repreender a tentação e vencê-la; além disso, tem a unção que é a marca sacerdotal e com ela pode entrar no Santo dos Santos para se esconder sob a graça de Cristo; portanto, os erros cometidos pelo ungido serão tratados com severidade por parte de Deus. No item seguinte voltaremos a falar sobre esse assunto e abordaremos a questão da renúncia. 6.3.4 Renúncia para uma delegação eficiente Como apresentaremos a renúncia para um entrega eficiente? O maior exemplo de renúncia temos em Jesus Cristo. Deus o enviara para uma missão. Veio ao mundo para ser sacrificado pelos pecados dos homens. Sua autoridade e unção para realização da obra que Deus lhe delegara necessitava igualmente de uma total renúncia da vontade humana. Cristo era Deus e homem, como homem sentia dores, cansaço, tinha sentimentos afetivos e, sobretudo, sentia angústia por causa de sua missão.

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No Jardim das Oliveiras podemos notar o tamanho de sua angústia – sua dor interna transformou as gotas de suor de seu corpo em gotas de sangue. Naquele momento Ele deve ter pensado em parar tudo, não era obrigado a entregar sua vida por causa do homem pecador. 6.3.5 O único caminho a trilhar Entretanto, acima de tudo estava à vontade de Deus. A missão que recebera importava naquele momento. Deus o havia designado para aquele momento e, por isso, não podia desistir e nem ser insubmisso à vontade dEle. O único caminho a trilhar era o da renúncia total. Assim em sua oração disse: “todavia seja feita a tua vontade...”. Precisamos aprender o que significa “seja feita a tua vontade”. Quando nos colocamos debaixo da autoridade de Deus sem nenhuma restrição, estamos praticando a vontade dEle. Quando não nos submetemos voluntariamente, deixamos de fazer a Sua vontade. Neste último caso, fazemos a nossa vontade em detrimento à vontade Divina. Renúncia total é fazer a vontade de Deus sem restrição. É entregar a vida nas mãos dEle sabendo que pode ser conduzido sempre em vitória. Cristo sabia que a cruz o esperava, mas também sabia que seu corpo não ficaria na sepultura e que uma eterna glória o esperava, por isso, fazer a vontade do Pai lhe dava segurança. Nós também podemos acreditar dessa forma, ao renunciarmos irrestritamente, estamos caminhando para a glória preparada por Deus desde a função do mundo. 6.4 Habilitação Ministerial Falamos atrás sobre o valor da unção. Neste tópico falaremos sobre a habilitação ministerial. Quando o homem é chamado por Deus ele recebe autoridade. De posse dessa autoridade pode realizar todas as obras determinadas por Cristo (Mc 16.15-18). Dentro da igreja ele é um servo com autoridade divina. Por pertencer ao ministério é também reconhecido para o cargo. Mediante esse reconhecimento que possui, vai desenvolvendo o trabalho que Deus lhe deu e ganhando confiança do povo da igreja. Entretanto, esse envolvimento ainda não é a habilitação ministerial. Ele já tem autoridade de Deus, reconhecimento do ministério, porém, falta-lhe a habilitação, a qual chamamos de unção com óleo.

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Administração Eclesiástica Dentro do ministério bíblico temos habilitações ministeriais: Pastor, presbítero, Evangelista e diáconos. Quando uma pessoa recebe o chamado ministerial, a autoridade de Deus para o exercício desses ministérios desponta por sinais relevantes de seu trabalho junto ao ministério. Dedicação ao trabalho, habilidade com os dons, autoridade espiritual, dedicação ao estudo da palavra, fidelidade financeira, firmeza doutrinária, cooperativismo formam o perfil da constituição ministerial. 6.4.1 O reconhecimento por meio da unção Quando o servo reúne as qualidades acima, seu reconhecimento por meio da unção com óleo é feito publicamente, declarando que aquele servo foi habilitado e igualmente lhe foi delegado uma missão pela igreja – o ministério; essa declaração em forma de unção é uma afirmação de que a igreja está de acordo com a vontade de Deus para com aquele obreiro. Para compreender melhor o valor da habilitação ministerial, vamos exemplificar: - uma pessoa aprende a dirigir autos, desde muito jovem começa a dirigir, inicialmente tira o carro da garagem, depois dá uma volta no quarteirão próximo de sua casa, posteriormente começa a andar pelas ruas. Ocorre que a lei diz que para dirigir veículos por ruas, avenidas e estradas, o condutor deve ser habilitado. É verdade que ele sabe dirigir veículos e o faz com muito zelo. Porém a lei lhe diz que está indevidamente exercendo uma função não habilitada. Se atuado por um agente de trânsito, terá seu veículo apreendido, pagará multa e se o proprietário do carro for outra pessoa, este responderá a processo criminal. Para que não sofra nenhuma penalidade ele precisa estar habilitado. Dentro do ministério ocorre à mesma coisa, o cristão faz todo serviço que a Bíblia determina para ele fazer. Contudo, para o ministério ele será apenas um membro comum com uma autoridade divina para exercer serviços em nome de Cristo. Não obstante, ao receber a unção (óleo ou imposição das mãos) para exercer um devido cargo dentro da igreja, ele recebe a designação ministerial que a unção lhe outorgou, isto é, recebe a constituição legítima para o cargo. Essa constituição chamamos de habilitação. É o mesmo caso da pessoa que dirige sem a C.N.H, sabe dirigir, mas não está habilitado. O membro comum faz o serviço de obreiro, mas não está habilitado ministerialmente para o cargo. Ao receber a unção pública, recebe igualmente a credencial que o designa para a função.

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6.4.2 Unção permanente e não transitória Já falamos um pouco sobre a durabilidade da unção. Aqui vamos aprofundar um pouco mais o assunto. A unção é o resultado da autoridade já dada por Deus ao obreiro. Se houver pecado, a autoridade dada por Deus é retirada, mas a unção ministerial permanece para sempre. Como isso é possível? Vejamos o caso do rei Saul. Ele recebera autoridade de Deus para ser rei – e essa autoridade foi demonstrada ao povo por meio da unção pública (1Sm 10.25). O texto fala que Samuel declarou perante o povo os direitos e deveres do rei, constituindo-o eternamente. Ao quebrar a autoridade de Deus o rei Saul perdeu a autoridade de rei, mas a unção de rei permaneceu com ele. Davi reconhecia essa unção e a respeitou até a morte de Saul. Quando o obreiro recebe a unção ministerial está recebendo algo eterno. Nem a morte o separa dessa unção. Mesmo pecando, apostatado da fé permanecerá com a constituição – embora roubada por Satanás. Por essa razão aconselhamos, aquele que tem constituição a permanecer fiel e guardar bem o que tem. Esse foi o conselho de Cristo para o anjo da igreja de Filadélfia (Ap 3.11). Não perca sua constituição – seja fiel a Cristo e ao ministério, pois somente por meio de sua fidelidade é que poderá permanecer debaixo da autoridade de Deus e da Unção Ministerial. 6.5 A Pessoa do Obreiro e seu Ministério O primeiro atributo e o mais expressivo de um obreiro é o seu exemplo. Na verdade, é o exemplo que demonstra as outras qualidades dele; nele se resume, o seu amor, a sua autoridade, a sua motivação, a sua habilidade. É o exemplo como uma jóia , provada pelo tempo, de onde provem todo o brilho do sucesso ministerial do obreiro. 6.5.1 Exemplo de vida revela qualidade É totalmente inútil qualquer obreiro insistir num ministério, e tentar revelar qualidades se não for através do exemplo, a própria Bíblia diz: “Pelos seus frutos os conhecereis...” (Mt 7:20). Mas um obreiro que demonstra exemplos de vida, muitas vezes, até sem usar palavras, ensina melhor do que aquele que apenas teoriza conceitos.

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Administração Eclesiástica Exemplo que se pode enumerar num obreiro. Honestidade no seu relacionamento com a sociedade. Todo cristão, principalmente, o obreiro deve ter um bom relacionamento com a sociedade, dentro e fora da igreja, seus vizinhos, amigos, parentes e autoridades, não devendo nada a ninguém, senão o amor (Rm 13.8). E dever amor ao próximo é muito mais do que não fazer mal a ele, ou esperar que ele venha até sua porta pedir-lhe o bem, antes, é compadecer-se de justos e pecadores. Pois foi esse o exemplo deixado por Cristo e é sua missão. 6.5.2 O obreiro e a sociedade da igreja Na congregação dos justos, o obreiro não deve ser insocial, porém imparcial, deve estar sempre presente no povo, e agir com senso de justiça, não deixando que os conceitos que o mundo tem, partidarismo, interesse pessoal, ambição, influenciem na hora de tomar atitudes. 6.5.3 O obreiro e a sociedade secular Igualmente, no meio dos ímpios, o obreiro deve agir com amor, e não pode ser omisso, levar o seu ministério a fazer diferença no meio em que vive. Jeremias nos mostra os quatro pilares da influência que o obreiro deve levar a igreja a ter na sociedade. O obreiro e a sua família. Além desses pontos, o obreiro não pode esquecer de ser honesto também com sua família. Ser honesto com a família não indica apenas fidelidade ao cônjuge ou aos pais, mas sim uma presença, uma participação e prioridade. Como lemos no livro de Gênesis, Deus estabeleceu a instituição do matrimônio, para viver os dois como um. Mas o obreiro enfrenta problemas quanto a prioridades entre o ministério e o seu lar. Qual deles deve ter prioridade quando surge um conflito? Há quem considere que não existe problema, dizendo: “Eu sempre ponho a obra de Deus em primeiro lugar”. Mas lembremo-nos de que os votos declarados no dia do casamento não perdem sua força no ministério. Devemos não ser obreiros na igreja, e motivo de repreensão em casa, mas sim amar o cônjuge, os filhos, aconselhá-los, confortá-los e ensinar-lhes os caminhos do Senhor . Muitas vezes há filhos menores em casa, o ministério principal da mãe já está estabelecido. Na passagem dos anos, ela naturalmente terá mais tempo para dedicar à obra, e o marido deveria encorajá-la a começar ou recomeçar algum ministério segundo a direção de Deus. O importante é reconhecer que Deus tem ordenado a todos nós que cuidemos de nossas famílias.

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Ocasionalmente, quando existe um problema sério ou doença grave, somos obrigados a dar prioridade à família. Obedecer à chamada divina não nos isenta das obrigações familiares. Vamos, então, cumprir o nosso dever em ambas as áreas, sempre usando o bom senso e buscando a direção de Deus. 6.5.4 Bom Senso Bom senso é a capacidade de julgar imparcialmente todas as partes que envolvem uma situação e agir de forma a não prejudicar, ou a prejudicar o menor número de pessoas, também é a capacidade de exercer justiça principalmente em períodos de difícil escolha. O Bom Senso envolve várias áreas da liderança, devemos ter bom senso: 6.5.5 Nas decisões O bom obreiro deve agir com este bom senso nas suas decisões, pois delas dependem não só o andamento do ministério, mas também a vidas das pessoas relacionadas com este. Para tomar suas decisões, o obreiro deve estar em oração buscando a direção de Deus em todo o tempo, buscar respaldo bíblicos para a sua decisão e averiguar as conseqüências posteriores a ela. 6.5.6 Na agenda Talvez este seja o tópico em que os obreiros mais erram atualmente. Marcar visitas, e repetidas vezes faltar às mesmas, atrasar nos seus compromissos, nos pagamentos de contas, impostos e dívidas com o seu próximo, agendar inúmeros compromissos de forma a não ter vida social ou vida familiar. São casos comuns a muitos obreiros, algumas vezes colocam na fé a desculpa para agir de forma errônea. Vale a pena lembrarmos aqui que o obreiro jamais será perfeito, por isso ele deve saber agendar as tarefas, aceitando responsabilidades e esforçando-se para cumprir cabalmente as atividades que lhe são devidas. 6.5.7 Na disciplina Este deve ser o ponto chave não só dos obreiros, mas de todos os cristãos. Segundo o dicionário disciplina é ordem, respeito, obediência às leis.

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Administração Eclesiástica 6.5.8 Na oração A disciplina é uma forma de conseguirmos mantermos um ritmo diário sem declinarmos espiritualmente num mundo agitado que nos esgota o tempo. Ter um momento diário pré-determinado para dedicarmos à oração é um dos maiores exemplos que um obreiro pode dar. Dessa forma obedecer (Mt 4.4). Daniel apesar de toda agitação da sua vida no cargo de governador de uma nação tinha uma disciplina diária de oração e dedicação a Deus, âncora esta que não lhe permitiu regredir diante dos maiores problemas da vida. 6.5.9 Na hora do silêncio É também um exemplo do obreiro o saber quando se calar (Ec 3.7). O silêncio na hora certa transmite muito mais mensagens do que as palavras. Podemos ver o próprio exemplo na vida de Jesus Cristo, e as inúmeras vezes que o seu silêncio chegou a incomodar os ímpios. Às vezes o obreiro revela a sua indisciplina e o seu mau exemplo, atendo-se a contendas e rixas que não edificam, mas traz um maior endurecimento no coração daqueles que ouvem, tentando se justificar ou impor suas vontades, mas deve-se lembrar que mesmo certos, às vezes o silêncio é a maior arma para fazer com que os liderados aprendam . 6.5.10 Para fugir do mal O obreiro que muitas vezes não chega a praticar o mal, deve zelar pelo seu testemunho, deve ter em mente o que está pensando dele as pessoas que estão de fora. Se estiver despertando motivos para pecarem ou para serem abençoadas. 6.5.11 Perante Deus O obreiro deve se posicionar sob a grade de Deus, observando sempre os seus preceitos para saber qual é à vontade dEle para sua vida. Não deve ser alto confiante a ponto de afirmar que conhece toda a direção de Deus, mas tem que se colocar de forma humilde e servil, sabendo que o Senhor pode fazer-lhe passar por situações diferentes na vida. Atitudes como murmurações, indignações, as famosas frases: “eu não aceito isso, sou filho do Rei!” por parte dos obreiros servem para debilitar a fé dos outros. Entretanto deve saber diferenciar o que é murmuração.

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Confessar seus defeitos, angústias e fraquezas diante dos outros não é sinal de defeito, mas sim, maturidade; desde que tanto ele quanto os demais obreiros saibam e tenham em mente a Palavra de Deus. 6.5.12 Perante os homens Obreiros são servos e não podem se comportar como reis absolutistas, querendo para si as primícias de todas as coisas, mas antes, devem ser os primeiros a servir, assim como Jesus lavou aos pés dos seus discípulos. Se diante do mesmo tiver de escolher entre dois pratos, sendo um pior, deve dar o exemplo, deixando aos outros o melhor. 6.5.13 Orgulho e Serviço O orgulho está vinculado a títulos retumbantes e a ofícios fantasiosos. O orgulho cobiça o reconhecimento público e busca exibir-se perante os olhos alheios. Uma pessoa motivada por sua posição inclina-se mais a enfatizar a sua autoridade do que o serviço que pode prestar a seus semelhantes. O desejo de posição cega-nos os olhos para os sentimentos das pessoas ao seu redor ou sob nossa supervisão. A autoridade é, então, encarada como um título ou como a descrição de uma ocupação , ao invés de ser considerada como uma responsabilidade que somente Deus pode ajudar a pessoa a cumpri-la. O melhor obreiro é aquele dotado do coração de um servo. Ele não exibe parcialidade, mas aprende a ser “escravo de todos”. Jesus ilustrou esse problema usando os escribas e os fariseus (Mt 23.6-12). O problema daquela gente era o desejo que tinha por honrarias e posições. Eles apreciavam os lugares de “honra” e os “assentos principais nas sinagogas”. Eles queriam ser tratados com respeito. Desconheciam quase totalmente o que significa ser um servo. Três motivos básicos explicam o desejo que um obreiro possa ter por posições.

a) O desejo de uma autoridade máxima. É difícil, para pessoas motivadas pelo desejo de posição, mostrarem-se subservientes a outras. Em cada decisão e plano eles desejam ter a resposta final. Há uma ocasião em que aqueles que exercem autoridade precisam tomar a decisão final; mas qualquer obreiro experiente, com grande senso de responsabilidade pode dizer prontamente o quanto essa autoridade pode pesar sobre a vida dele. As suas decisões afetam as vidas de outras pessoas. O melhor obreiro é aquele que tem o coração de um servo. Ele não exibe parcialidade, mas aprende a ser “servo de todos” (Mc 10.42-45).

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b) O desejo de dominar. O desejo de controlar e dominar outras pessoas pode originar-se em uma auto-imagem inadequada e insegura. Se uma pessoa sente-se interiormente insegura, ou então em sua ocupação, ela tenderá a querer dominar outras pessoas. Isso lhe fornece certa medida de satisfação, por saber que pode controlar seus semelhantes. Esse sentimento é oriundo do orgulho, e não da humildade. Não leva em conta a importância de cada indivíduo. Recusa-se a aceitar diferenças de opinião. Algumas vezes, o temor de falhar, manifestado por um obreiro, resulta um desejo de dominar outras pessoas. Ele tenta ocultar os seus próprios erros e inadequações, da atenção de outras pessoas, dominando e controlando.

c) O desejo de ser admirado. Algumas pessoas querem o ministério simplesmente por pensarem que posições elevadas forçam outros a lhe darem atenção. Um obreiro motivado pelo desejo de posição sente que os “melhores assentos” e o “melhor serviço” cabem àqueles investidos em altas posições. O desejo que um homem tem de que outros o respeitem, é um reflexo de sua auto-estima. O respeito, porém, deve resultar de um estilo de vida piedoso e de um caráter correspondente a isso, e não de elevadas posições na vida. Se o seu estilo de vida não é agradável ao Senhor, as pessoas poderão aparecer respeitosas, mas só externamente, pois, internamente, haverão de ressentir-se de sua função.

6.5.14 Não tenha amor ao dinheiro Quanto ao problema do amor ao dinheiro, a solução, de acordo com o ensino paulino, é o contentamento (Fp 4.11-13,19). Cuide em não querer ser famoso. Paulo escreveu em Gálatas 6.14: “Mas longe esteja de eu gloriar-me , senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu para o mundo”. Alguns obreiros desejam fama, pois desejam que as pessoas reconheçam quão grandes eles são. Outros desejam ser bem conhecidos, porque querem parecer com alguma outra pessoa. Outros sentem que a fama os torna pessoas importantes. Diz o trecho de (Pv 27.2) “Seja outro que te louve, e não a tua boca, o estrangeiro, e não os teus lábios”. O nosso grande desejo deveria ser glorificar a Deus. Em 1Co 1.29 , Paulo afirma: “... ninguém se vanglorie na presença de Deus”. E, no versículo trinta e um do mesmo capítulo que ele diz: “Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor”. Um obreiro que seja controlado pelo desejo de tornar-se famoso precisa de abnegação. Por abnegação não queremos dar a entender o ascetismo ou a

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falsa humildade, e sim, o desejo de fazer tudo redundar para a glória de Deus. Temos aí a disposição de não chamarmos a atenção de ninguém, para que só Jesus chame a atenção das pessoas. 6.6 Aceitando os Desafios do Ministério Os desafios são marcas em qualquer ministério. Para que uma visão ou compromisso espiritual seja realizado a contento. Para entendermos o que vamos tratar será preciso falar de Neemias, Deus havia falado com ele sobre os muros de Jerusalém, era um desafio muito grande, muita coisa era contrária à realização da obra. Primeiro havia o problema de sua função junto ao rei, era o camareiro (obreiro), tinha responsabilidade para com seu senhor; segundo era um escravo sem direito algum; terceiro, para realizar a obra posta em seu coração precisava de consentimento real; quarto, ao ser liberado pelo rei, precisava de equipamento, pessoal e material para a obra; quinto, ao chegar em Jerusalém havia os impedimentos locais, as pessoas, os obreiros, os inimigos declarados, Sambalate e Tobias; sexto, o pouco tempo que tinha para terminar a obra e outros impedimentos. Embora todos esses impedimentos estivessem presentes, havia um desafio maior pela frente – construção dos muros de Jerusalém. Esse era o alvo, o objetivo, a conquista posta à frente. No ministério há desafios a serem perseguidos e conquistados. O chamado para conquistar almas, restaurar vidas, destruir as cadeias de satanás, fechar as brechas e impedir o avanço do diabo sobre as pessoas vai, além disso, fundar obras assistenciais como orfanatos, abrigos, recuperação de drogados, núcleos ensino em nível de pré-escola, ensino fundamental e médio, deve ser os desafios ministeriais.

Como você pode ver, os desafios não são poucos, para que eles sejam realizados, precisa ser lançado outro ainda maior – o financeiro. Bons resultados nos desafios não se conseguem sem uma boa contribuição financeira, portanto, cada obreiro dentro de sua igreja tem um desafio já declarado para perseguir e conquistar, entregar ao Senhor sua vida financeira para que Deus use da forma que achar melhor. Os desafios são aceitos quando:

a) Tem-se uma visão ministerial de longo alcance; b) A vontade própria já está dominada pela ação do Espírito Santo; c) A valorização da vida afetiva fica em segundo plano; d) Existe uma renúncia total na vida do obreiro;

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e) Os valores materiais são postos num plano secundário; f) A visualização que se tem de Cristo o cega para as coisas que estão

em sua volta?

Esperamos que você seja uma pessoa que esteja disposta a aceitar os desafios do ministério e contribua para a realização, satisfação e concretização de todos desafios lançados por seu Ministério.

6.7 Aceitando os desafios da fé

Fé é uma pequena palavra que pode mudar a vida de uma pessoa para ser abençoada ou para ser amaldiçoada. Na Epístola aos Hebreus lemos que a fé e a certeza das coisas que não se vêem, mas que se esperam. A fé promove dentro do obreiro a certeza de que não está trabalhando em vão. Para ser obreiro é preciso acreditar no que está fazendo. Entretanto, não basta somente acreditar, é preciso ter a fé que remove montanhas. Uma entrega total requer fé, uma realização de milagre somente é possível por um ato de fé; a crença salvadora de uma pessoa ocorre quando a fé é posta em prática. Uma oferta ou a entrega dos dízimos é um ato de fé. A fé nos impõe alguns desafios em relação ao dinheiro. É lamentável que o dinheiro possa dominar uma pessoa a ponto de torná-la avarenta, mesquinha e incrédula. 6.7.1 Os dízimos A entrega dos dízimos ao Senhor talvez seja um dos maiores desafios da fé para o obreiro. Para ser dizimista é preciso ter fé, acreditar que Deus estará usando aquele dinheiro para que sua obra seja levada avante. O primeiro passo para ser um dizimista fiel é acreditar no destino do dinheiro e ao mesmo tempo, renunciar a toda avareza. Temos ouvido obreiro comentar que o dinheiro arrecadado nas igrejas não é usado no ministério. Esse comentário trás maldição sobre a vida dele por dois motivos: primeiro, está murmurando contra seu líder espiritual, acusando-o de infidelidade administrativa; em outras palavras, o acusa de roubo ou desvio dos valores destinados à obra do Senhor. Em segundo lugar, está abrindo uma brecha para Satanás entrar em sua vida e detonar totalmente suas finanças, pois quando pensa e age com murmuração, não entrega os dízimos. O fato de não dizimar, habilita Satanás sobre sua vida financeira, pois a única chave que fecha todas as portas ao devorador é o dízimo. Quando isso ocorre, o obreiro na figura de sacerdote, não pode abençoar quem esteja debaixo de sua autoridade. Se está sob maldição, sua bênção

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será também maldição para quem a receber. Portanto, como obreiro, deve ser o exemplo dos fiéis. Paulo fala para Timóteo “... sê exemplo dos fiéis...”. A instrução do apóstolo a seu discípulo determinava que fosse testemunha e andasse de acordo com o ensino da Palavra de Deus. Se o obreiro não é dizimista, não está sendo exemplo para outros de sua congregação – se a congregação não tem em quem se espelhar, não será abençoada. O dízimo é a única arma contra o devorador. Por meio da entrega voluntária e amorosa dos dízimos o devorador é repreendido por Deus, as janelas dos céus são abertas e uma grande chuva de bênçãos será derramada sobre o obreiro dizimista. Além de que, se for dizimista terá autoridade para ensinar sobre o assunto. Assim, ser dizimista é aceitar o desafio da fé. Entregar ao Senhor parte de seus vencimentos é sem dúvida um ato de fé, acreditar que o valor entregue será usado na obra é um ato de fé. Confiar no líder espiritual quanto ao destino do dinheiro dos dízimos é um ato de fé. Disponibilizar as primícias de sua renda ao Senhor é um ato de fé. Desafiar o inimigo quando este aponta o mau uso do dinheiro e lhe diz para não entregar mais seus dízimos é um ato de fé. Um obreiro dizimista é um obreiro com visão ministerial e, sobretudo, respeita o princípio de autoridade. Olha para si e sabe que sua delegação implica na entrega dos dízimos para a obra do Senhor. Reconhece que se não o fizer voluntariamente estará sendo rebelde e não poderá gozar das bênçãos do Senhor em seu ministério. Desse modo, ser dizimista é estar dentro da visão ministerial e aceitar os desafios da fé. 6.7.2 As ofertas Outro ponto importante que o obreiro deve seguir é a questão das ofertas. Compreender o valor que elas têm na vida ministerial e o valor que representam diante de Cristo. Ofertas são entregas voluntárias a Deus além dos dízimos. É preciso compreender esse valor, e definitivamente, abolir da igreja o conceito de que oferta é uma esmola. A Igreja Católica por muitos anos ensinou que as ofertas eram esmolas que os cristãos davam aos santos. E muitos mesmo depois de sua conversão ao evangelho continuam com essa mentalidade. Ofertas não são esmolas ou migalhas das finanças – oferta é um sacrifício voluntário que se oferece ao Senhor. No Antigo Testamento cada oferta tinha

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Administração Eclesiástica um valor, assim tínhamos as ofertas de louvor, de agradecimento e reconhecimento, de pedidos de perdão e etc. Ninguém poderia comparecer perante Deus de mãos vazias. Os que nada tinham para oferecer recebiam das mãos dos mais abastados ofertas para oferecer ao Senhor. Sendo a oferta voluntária um sacrifício que fazemos a Deus, devemos oferecer o melhor. Quando o obreiro aprende o significado da oferta, aprende igualmente o valor espiritual das mesmas. Como exemplo espiritual de sua igreja, deve ensinar aos membros o ato de ofertar. Existem muitos meios de oferecer ao Senhor uma oferta. Podemos oferecer um dia de trabalho por mês, as horas extras que fazemos numa determinada semana, uma parte das férias, uma parte de nossa renda (além do dízimo), criarmos uma forma de arrecadamos valores e entregá-los como oferta ao Senhor. Exemplo: muitas pessoas ajuntam latinhas de bebidas e no final do mês vendem e levam tudo ou parte do valor obtido como oferta voluntária ao Senhor. Temos diversos motivos para oferecer uma oferta ao Senhor. Sua misericórdia diária, um livramento, o recebimento de uma dívida já considerada perdida, um aumento de salário, a cura de uma doença. Muitos gastavam centenas de reais em compra de remédios, são curados e não são capazes de oferecer ao Senhor nem mesmo o valor correspondente a um mês gasto com remédios. Outras antes da conversão gastavam com bebida, cigarros e drogas. Mas não oferecem nenhum valor do que gastavam no mundo com inutilidades. As ofertas fazem parte dos desafios da fé, um obreiro que sabe ofertar saberá também ensinar – e se sabe ensinar será recompensado pelo Senhor, pois Deus ama ao que dá com alegria. 6.7.3 Os compromissos Entre os desafios da fé, o que mais requer do obreiro são os compromissos firmados em nome e para a igreja. O obreiro com visão ministerial encarará os compromissos da igreja como se fossem os seus próprios – alias são dele todos compromissos assumidos em nome e para a igreja. A seriedade com esses compromissos honrará o nome de Cristo, elevará o conceito do evangelho e mostrará ao mundo que fazemos a diferença. Quero deixar um conselho a você obreiro: “Deus não paga dívida que não fez...”. Isto é, se Ele não autorizou a dívida, certamente não pagará, mas aquela que teve seu aval será honrada no vencimento.

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O ministério tem diversos compromissos financeiros, esses compromissos feitos em nome da igreja, são compromissos do ministério, portanto, é seu também. Quando são feitos apelos voluntários de ajuda para cumprir os mesmos diante dos credores, são exatamente para que você possa fazer a sua parte como membro do corpo. Deve entender que o compromisso feito pelo ministério tem como alvo benefícios para toda igreja em qualquer parte que esteja implantada. Envolver-se com esses compromissos é o mesmo que se envolver com o crescimento da obra do Senhor.

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Referências HERSEY/Blanchard. Psicologia para Administradores, a Teoria e as Técnicas de Liderança Situacional. São Paulo: E.P.U., 1986. SERGIOVANNI/Carver. O Novo Executivo Escolar, uma teoria de administração. São Paulo: E.P.E., 1976. WEIL, Pierre. Relações Humanas na Família e no Trabalho. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 1983. RAMOS, A. Introdução à Psicologia Social. Rio de Janeiro: Da Casa, 1957. MC GREGOR, D. Os Aspectos Humanos da Empresa. Lisboa: Livraria Clássicas Editora, 1965. JAMESON S. H. Administração de Pessoal. São Paulo: F.G.V., 1963. GOMES, Maria P. Duarte. Processo Decisório. Rio de Janeiro: F.G.V., 1965. CHRIS, Argyris. Personalidade e Organização. Rio de Janeiro: Renes, 1969. NUDI, Marcelo. Trabalho de Liderança Cristã. São Paulo: IBETEL., 2001.

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AAVVAALLIIAAÇÇÃÃOO DDEE AADDMMIINNIISSTTRRAAÇÇÃÃOO EECCLLEESSIIÁÁSSTTIICCAA

Nome: __________________________________________ Professor:__________________ Unidade:_______________ Data: ___/___/____Nota:_____ Entregar até:___/___/____

QUESTIONÁRIO.

1) Quais os fatores significativos destacados pelas igrejas episcopais como apoio ao seu sistema de governo eclesiástico?

2) Sendo um organismo e também uma organização; de que forma o povo de Deus está organizado?

3) Comente a frase “Uma boa administração não impede a operação do Espírito Santo”.

4) Do que o trabalho de Deus precisa para ter sucesso?

5) Disserte acerca da introspecção.

6) Explique a expressão “O espírito está morto”.

7) Explique a frase “Qualidade intrínseca é a qualidade própria do bem ou do serviço que foi produzido”.

8) Quando aparecem as rivalidades?

9) Comente o tema “Obediência à autoridade direta e à autoridade representativa”.

10) Discorra acerca do tema “Aceitando os desafios pela fé”.

• OBS.: Responder este questionário à tinta azul ou preta em folha à parte tamanho A4.

BOA PROVA!