adi 4650 - defesa formal da agu do ato inconstitucional

Upload: thiago

Post on 13-Apr-2018

221 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 7/24/2019 ADI 4650 - Defesa Formal Da AGU Do Ato Inconstitucional

    1/18

    AO DIRETA E INCONSTITUCIONALIDADE N 4650

    Requerente: Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil

    Requeridos: Congresso Nacional e Presidente da Repblica

    Relator: Minis tro Luiz Fux

    Eleitoral. Artigos 23

    r

    incisos I e ; 24; e 81

    caput e r , da Lei n 9.504 97, e artigos 31; 38

    inciso

    ;

    e

    39 caput

    e 5 da Lei n 9.096/95.

    Doaes

    p r

    pessoas jurdicas para campanhas

    eleitorais e partidos polticos. Fixao de limites

    para as doaes efetuadas p r pessoas fsicas e

    para a utilizao de recursos prprios em

    campanhas polticas. Preliminar. Impossibilidade

    jurdica

    de

    parte dos pedidos veiculados na inicial e

    parcial inadequao da via eleita. Mrito.

    Inexistncia de afronta aos principios democrtico,

    republicano, da igualdade e da proporcionalidade.

    Os dispositivos impugnados atendem ao conceito

    amplo de cidadania e de pluralismo poltico.

    Manifestao pelo no conhecimento parcial da

    ao direta

    e

    no mrito, pela improcedncia

    do

    pedido.

    Egrgio Supremo Tribunal Federal

    O Advogado-Geral da Unio tendo em vista o disposto no artigo

    103 3 da Constituio da Repblica bem como na Lei

    n

    9.868/99 vem

    respeitosamente manifestar-se quanto

    presente ao direta de

    inconstitucionalidade.

  • 7/24/2019 ADI 4650 - Defesa Formal Da AGU Do Ato Inconstitucional

    2/18

    I D O DIRET

    Trata-se de ao direta de inconstitucionalidade com pedido de

    liminar ajuizada pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil

    tendo por objeto os artigos 23

    1

    incisos I e II; 24; e 81 caput e 1 todos da

    Lei n 9.504 de 30 de setembro de 1997 assim como os artigos 31; 38 inciso

    III; e 39 caput e 5 da Lei n 9.096 de 19 de setembro de 1995.

    Os dispositivos

    d

    Lei n 9.504/97 disciplinam a forma e os limites

    de doaes a campanhas eleitorais por pessoas fsicas e jurdicas enquanto os

    dispositivos da Lei n 9.096/95 disciplinam a forma e os limites para efetivao

    de doaes a partidos polticos no Brasil. Eis o inteiro teor dos dispositivos

    impugnados:

    Lei n 9.504/97:

    "Art.

    23

    Pessoas fsicas podero fazer doaes em dinheiro

    ou

    estimveis em dinheiro para campanhas eleitorais, obedecido ao

    disposto nesta Lei.

    O

    As doaes e contribuies de que trata este artigo ficam

    limitadas:

    I - no caso de pessoa fsica, a dez por cento dos rendimentos brutos

    auferidos no ano anterior eleio;

    I

    no caso em que o candidato utilize recursos prprios, ao valor

    mximo

    de

    gastos estabelecido pelo seu partido, na forma desta Lei.

    Art. 24. vedado, a partido e candidato, receber direta ou

    indiretamente doao em dinheiro ou estimvel em dinheiro , inclusive

    por meio

    de

    publicidade de qualquer espcie, procedente de:

    I - entidade ou governo estrangeiro;

    I rgo da administrao pblica direta e indireta ou fundao

    mantida com recursos provenientes do Poder Pblico;

    /11

    - concessionrio

    ou

    permissionrio de servio pblico;

    IV

    -

    entidade de direito privado que receba, na condio

    de

    beneficiria, contribuio compulsria em virtude de disposio

    legal;

    V - entidade de utilidade pblica;

    VI

    -

    entidade de classe ou sindical;

    AD

    n 4650, Rei. Min. Luiz Fux

    2

  • 7/24/2019 ADI 4650 - Defesa Formal Da AGU Do Ato Inconstitucional

    3/18

    VII

    -

    pessoa jurdica sem fins lucrativos que receba recursos do

    exterior.

    VIII - entidades beneficentes e religiosas;

    IX

    -

    entidades esportivas;

    X -

    organizaes no-governamentais que recebam recursos pblicos;

    XI - organizaes da sociedade civil de interesse pblico.

    Pargrafo nico. No se incluem nas vedaes de que trata este

    artigo as cooperativas cujos cooperados no sejam concessionrios

    ou permissionrios de servios pblicos, desde que no estejam sendo

    beneficiadas com recursos pblicos, observado o disposto no art. 81.

    Art. 81. s doaes e contribuies de pessoas jurdicas para

    campanhas eleitorais podero ser feitas a partir do registro dos

    comits financeiros dos partidos ou coligaes.

    1

    0

    s doaes e contribuies de que trata este artigo ficam

    limitadas a dois por cento do faturamento bruto do ano anterior

    eleio."

    Lei n 9.096/95:

    "Art. 31. vedado ao partido receber, direta ou indiretamente, sob

    qualquer forma ou pretexto, contribuio ou auxlio pecunirio ou

    estimvel em dinheiro, inclusive atravs de publicidade de qualquer

    espcie, procedente de:

    I

    -

    entidade ou governos estrangeiros;

    II

    -

    autoridade ou rgos pblicos, ressalvadas as dotaes referidas

    no art. 38;

    III - autarquias, empresas pblicas ou concessionrias de servios

    pblicos, sociedades de economia mista e fundaes institudas em

    virtude de lei e para cujos recursos concorram rgos ou entidades

    governamentais;

    N - entidade de classe ou sindical.

    Art.

    38

    O

    Fundo Especial

    de

    Assistncia Financeira aos Partidos

    Polticos (Fundo Partidrio) constitudo por:

    )

    III - doaes de pessoa fsica ou jurdica, efetuadas por intermdio de

    depsitos bancrios diretamente na conta do Fundo Partidrio;

    Art. 39. Ressalvado o disposto no art. 31 o partido poltico pode

    receber doaes de pessoas fsicas e jurdicas para constituio de

    seus fundos.

    . ..

    )

    S Em ano eleitoral, os partidos polticos podero aplicar ou

    distribuir pelas diversas eleies os recursos financeiros recebidos de

    ADJ n 4650 ReI. Min. Luiz Fux

    3

  • 7/24/2019 ADI 4650 - Defesa Formal Da AGU Do Ato Inconstitucional

    4/18

    pessoas fsicas e jurdicas, observando-se o disposto no

    do

    art.

    23

    no art. 24 e no

    10

    do art. 81 da Lei n 9.504, de

    3

    de setembro

    de

    1997,

    e os critrios definidos pelos respectivos rgos de direo e

    pelas normas estatutrias.

    o

    autor pretende que sejam declarados inconstitucionais os artigos

    24 e 81,

    caput

    e

    1, da Lei n 9.504/97, assim como os artigos 31; 38, inciso

    lU; e 39,

    caput

    e

    5, da Lei n 9.096/95, mas sem que haja reduo de seu

    texto, pois a invalidade das disposies referidas decorreria, a seu ver, do

    silncio do legislador ordinrio, que teria violado os princpios constitucionais

    da igualdade

    I

    ,

    do Estado Democrtico de Direito

    2

    e da Repblica

    3

    ,

    ao deixar de

    vedar a realizao de doaes a campanhas eleitorais e partidos polticos por

    pessoas jurdicas.

    Aduz, nesse sentido, que no se afiguraria ( .. )

    constitucionalmente

    admissvel a pennisso de doaes a campanhas eleitorais feitas, direta ou

    indiretamente, por pessoas jurdicas ,

    que, por serem

    entidades artificiais ,

    no se amoldariam ao conceito de cidado, carecendo, assim, de legitimidade

    para participar do processo poltico-eleitoral (fls. 8/9 da petio inicial).

    o

    autor sustenta, ademais, que os limites e critrios fixados em lei

    para as doaes de pessoas fsicas a partidos e campanhas eleitorais afrontariam

    os postulados da isonomia material e da proporcionalidade, pois aumentariam a

    I Art. 5 Todos so iguais perante a lei, sem distino de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e

    aos estrangeiros residentes no Pas a inviolabilidade do direito vida, liberdade, igualdade, segurana e

    propriedade, nos termos seguintes: (.. .). (Grifou-se).

    Art.

    4

    A soberania popular ser exercida pelo sufrgio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual

    para todos, e nos termos da lei, mediante: ( .. ). (Grifou-se).

    2 Art. 1 A Repblica Federativa do Brasil, formada pela unio indissolvel dos Estados e Municpios e do

    Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrtico de Direito e tem como fundamentos:

    )

    Pargrafo nico. Todo o poder emana do povo, que o exerce p r meio de representantes eleitos ou diretamente,

    nos termos desta

    Con

    stituio.

    (Grifou-se).

    3 Art. A Repblica Federativa do Brasil, formada pela unio indissolvel dos Estados e Municpios e do

    Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrtico de Direito e tem como fundamentos: ( ..). (Grifou-se).

    ADI n 4650, Rei. Min. Luiz Fux

    4

  • 7/24/2019 ADI 4650 - Defesa Formal Da AGU Do Ato Inconstitucional

    5/18

    influncia poltica dos cidados mais ricos em detrimento da exercida pelos mais

    pobres, o que seria incompatvel com o direito participao igualitria no

    processo poltico.

    Para o requerente, o limite estipulado para o valor das doaes

    efetuadas por pessoas naturais no deveria corresponder a um percentual dos

    rendimentos auferidos no ano anterior ao pleito eleitoral, mas sim ser fixado de

    modo uniforme e

    em patamar baixo o suficiente para no comprometer em

    demasia a igualdade fl. 28 da petio inicial).

    or

    conseguinte, o autor postula a declarao da

    inconstitucionalidade do artigo 23,

    1

    incisos I e 11 da Lei n 9.504/97, e do

    artigo 39,

    5, da Lei n 9.096/95, mas sem pronncia de nulidade imediata, eis

    que isso provocaria, em seu entendimento, uma lacuna jurdica ameaadora

    fl. 28 da petio inicial).

    o requerente prope, aSSIm que sejam modulados os efeitos

    temporais da deciso a ser proferida por esse Supremo Tribunal Federal,

    autorizando-se que tais preceitos mantenham a eficcia por mais 24 meses

    fls. 35/36 da petio inicial).

    Alm disso, o autor insurge-se contra a disposio legal que permite

    aos candidatos utilizar, em campanha eleitoral, recursos prprios at o valor

    mximo de gastos estabelecido pelo seu partido artigo 23,

    1 inciso 11 da Lei

    n 9.504/97).

    E, por ltimo, requer que o Congresso Nacional seja instado para:

    editar legislao que estabelea 1) limite per capita uniforme para

    doaes a campanha eleitoral ou a partido

    por

    pessoa natural, em

    DI n

    4650, Rei. Min. Luiz Fux

    5

  • 7/24/2019 ADI 4650 - Defesa Formal Da AGU Do Ato Inconstitucional

    6/18

    patamar baixo o suficiente para no comprometer excessivamente a

    igualdade nas eleies, bem como 2) limite, com as mesmas

    caractersticas, para o uso

    de

    recursos prprios pelos candidatos

    em

    campanha eleitoral, no prazo de 18 (dezoito) meses, sob pena de

    atribuir-se ao Tribunal Superior Eleitoral

    -

    TSE a competncia para

    regular provisoriamente a questo fi. 36 da petio inicial).

    Distribudo o feito, os autos foram conclusos ao Ministro Relator

    Luiz Fux, que, nos termos do rito previsto pelo artigo 12 da Lei n 9.868/99,

    solicitou informaes s autoridades requeridas, bem como determinou a oitiva

    do Advogado-Geral da Unio e do Procurador-Geral da Repblica.

    Em atendimento solicitao, a Presidenta da Repblica defendeu a

    constitucionalidade das normas hostilizadas, sustentando, a propsito, que as

    pessoas jurdicas no devem ser alijadas do processo poltico, uma vez que elas

    nada mais so do que um segmento da sociedade e constituem a organizao

    dos fatores de produo dessa mesma sociedade fi. das informaes

    pres idenciais).

    Segundo a Chefe do Poder Executivo federal,

    a possibilidade de

    pessoas jurdicas financiarem campanhas eleitorais por

    si s no se configura

    em critrio de desequihrio, respeitadas as disposies legais no que concerne

    a limites mximos para os montantes dos aportes privados e qualidade do

    financiador

    fi. 3 das informaes presidenciais).

    Por sua vez, a Cmara dos Deputados afirmou no haver

    fundamento constitucional a amparar a pretenso do Conselho Federal da

    OAB fi. 3 das informaes prestadas). Em seu entendimento, verbis:

    A deciso sobre o formato do financiamento das campanhas

    eleitorais no

    um dado pronto e acabado contido na norma

    constitucional, extravel pelo hermeneuta habilidoso.

    uma deciso

    poltica do Congresso Nacional. No h apenas uma deciso

    DI n 4650, Rei. Min. Luiz Fux

    6

  • 7/24/2019 ADI 4650 - Defesa Formal Da AGU Do Ato Inconstitucional

    7/18

    correta, mas alternativas diferentes, que devem ser cotejadas e

    sopesadas

    por

    quem de direito: o Poder Legislativo. Pode-se at

    argumentar que permitir doaes de grandes corporaes a

    candidatos e partidos em campanha no boa poltica. Mas o fato

    de existir

    uma

    poltica melhor no equivale a dizer que a atual

    inconstitucional.

    e

    assim fosse, a vida poltica soobraria no direito

    constitucional fl. 3 das infonnaes

    da

    Cmara dos Deputados;

    grifou-se).

    De modo semelhante, o Senado Federal sustentou a improcedncia

    dos pedidos veiculados pelo requerente, pois no desejvel nem aceitvel que

    o Poder Judicirio avance sobre ( .. ) atribuies tpicas do Poder Legislativo

    (fl.

    das informaes prestadas).

    Na sequncia, Vieram os autos para manifestao do Advogado

    Geral da Unio.

    - PRELIMINAR: DA IMPOSSIBILIDADE JURDICA DE PARCELA

    DOS PEDIDOS E

    DA

    PARCIAL INADEQUAO

    DA

    VIA ELEITA

    o requerente formulou, na petio inicial da presente ao direta, os

    seguintes pedidos:

    e.l -

    seja declarada a inconstitucionalidade parcial, sem reduo

    de texto, do art.

    24

    da Lei 9.504/97,

    na

    parte em que autoriza, a

    contrario

    sensu, a doao por pessoas jurdicas a campanhas

    eleitorais, bem como a inconstitucionalidade do Pargrafo nico do

    mesmo dispositivo, e

    do

    art. 81, caput e

    ] do

    referido diploma

    legal;

    e.2

    -

    seja declarada a inconstitucionalidade parcial, sem reduo de

    texto,

    do

    art.

    31

    da

    Lei n

    9.096/95,

    na

    parte em que autoriza,

    a

    contrario

    sensu, a realizao de doaes

    por

    pessoas jurdicas a

    partidos polticos; e a inconstitucionalidade das expresses ou

    pessoa jurdica ,

    constante

    no

    art.

    38,

    inciso

    llI,

    da mesma lei, e

    e

    jurdicas ,

    inserida

    no

    art. 39,

    caput

    e

    5 do citado diploma legal;

    e.3

    -

    seja declarada a inconstitucionalidade, sem pronncia

    de

    nulidade,

    do

    art.

    23

    r,

    incisos I e

    li, da

    Lei 9.504/97, autorizando

    se que tais preceitos mantenham a eficcia por mais 24 (vinte e

    ADI n

    4650, ReI. Min. Luiz Fux

    7

  • 7/24/2019 ADI 4650 - Defesa Formal Da AGU Do Ato Inconstitucional

    8/18

    quatro) meses, a fim de se evitar a criao de uma

    lacuna jurdica

    ameaadora

    na disciplina

    do

    limite s doaes de campanha

    realizadas

    p r

    pessoas naturais e ao uso de recursos prprios pelos

    candidatos nestas campanhas;

    e.4 - seja declarada a inconstitucionalidade, sem pronncia de

    nulidade, do art. 39

    5, da Lei 9.096/95 - com exceo da expresso

    'e jurdicas', contemplada no pedido 'e-2', supra - autorizando-se que

    tal preceito mantenha a eficcia

    p r

    mais at 4 meses, a fim de se

    evitar a criao de uma

    lacuna jurdica ameaadora

    na disciplina do

    limite s doaes a partido poltico realizadas

    p r

    pessoas naturais;

    e.5 - seja instado o Congresso Nacional a editar legislao que

    estabelea

    1)

    limite per capita uniforme para doaes a campanha

    eleitoral ou a partido por pessoa natural, em patamar baixo o

    suficiente para no comprometer excessivamente a igualdade nas

    eleies, bem como

    2)

    limite, com as mesmas caractersticas, para o

    uso de recursos prprios pelos candidatos em campanha eleitoral,

    no prazo de 18 (dezoito) meses, sob pena de atribuir-se ao Tribunal

    Superior Eleitoral TSE a competncia para regular

    provisoriamente a questo.

    (fls. 35 e 36 da petio inicial; grifou

    se).

    Considerando-se a fundamentao exposta na exordial, constata-se

    que o autor pretende, por meio dos pedidos formulados nos itens

    e.

    i

    e

    e.2

    transcritos

    aCIma

    que esse Supremo Tribunal Federal declare a

    inconstitucionalidade, sem reduo de texto, de dispositivos legais que probem

    determinadas pessoas jurdicas (e outros rgos e entidades) de efetuar doaes

    para partidos polticos e campanhas eleitorais. O autor supe que a eventual

    procedncia desses pedidos teria o condo de vedar, por completo, a realizao

    de doaes dessa espcie por toda e qualquer pessoa jurdica.

    Dessa forma, o requerente insurge-se contra permisso normativa

    decorrente da ausncia de vedao instituda pelo legislador - que, como regra,

    no proibiu, de forma ampla e irrestrita, a realizao de doaes pelas pessoas

    jurdicas -, o que significa dizer que a pretenso exposta pelo requerente

    consiste em que esse Supremo Tribunal Federal profira provimento de carter

    positivo no sentido de que

    as

    pessoas jurdicas em geral no mais podero

    ADI n

    4650,

    ReI

    Min Luiz Fux

    8

  • 7/24/2019 ADI 4650 - Defesa Formal Da AGU Do Ato Inconstitucional

    9/18

    efetuar doaes eleitorais, ainda que ISSO no conste de qualquer disposio

    normativa.

    Ademais, relativamente ao pedido constante do item e.5 da

    fl

    36

    da inicial, nota-se que, embora no tenha ajuizado ao direta de

    inconstitucionalidade por omisso o requerente pretende que essa Suprema

    Corte reconhea a existncia de mora legislativa por parte do Congresso

    Nacional e determine que essa suposta omisso seja solucionada por meio da

    veiculao de normas que apresentem um determinado e especfico contedo.

    Entretanto, os pedidos em exame - quais sejam, os constantes dos

    referidos itens e. i , e.2 e e.5 - no devem ser conhecidos, uma vez que

    so i) juridicamente impossveis, por contrariarem o princpio da separao de

    Poderes artigo da Carta poltica)4; e ii) inadequados para a via eleita, pois

    no se coadunam com o objeto prprio

    ao direta de inconstitucionalidade.

    Acerca da incompatibilidade entre os pedidos referidos e o

    princpio da separao dos Poderes, cumpre ressaltar que o autor pretende, em

    verdade, que esse Supremo Tribunal Federal instaure nova disciplina sobre o

    tema versado pelas normas atacadas, bem como imponha ao Poder Legislativo o

    dever de alterar a legislao vigente.

    Com efeito, no se verifica, no ordenamento jurdico brasileiro, a

    existncia de mora legislativa acerca da definio de limites e critrios para a

    realizao de doaes a paltidos polticos e campanhas eleitorais, os quais esto

    adequadamente definidos pelos dispositivos questionados.

    4 Art. 2 So poderes da Unio, independentes e harmnicos entre si o Legislalivo, o Execulvo e o Judicirio.

    ADI n 4650,

    ReI.

    Min. Luiz Fux

    9

  • 7/24/2019 ADI 4650 - Defesa Formal Da AGU Do Ato Inconstitucional

    10/18

    Sendo assim, descabida a pretenso do requerente no sentido de

    que essa Corte Excelsa profira deciso de natureza positiva e determine a

    edio, pelo Congresso Nacional, de leis contendo regras de contedo pr

    definido sobre assunto

    disciplinado por normas em vigor. Semelhante

    determinao ultrapassaria os estreitos limites do controle concentrado de

    constitucionalidade, pOIS

    afrontaria a independncia constitucionalmente

    conferida ao Poder Legislativo para o exerccio de sua funo precpua, em cujo

    desempenho lhe compete optar, livremente, entre

    as

    vrias hipteses normativas

    que se coadunem com a Carta Republicana. A propsito, confira-se o

    entendimento de Lus Roberto BalToso

    5

    :

    Respeitadas as regras constitucionais e dentro das possibilidades de

    sentido dos princpios constitucionais, o Legislativo est livre para

    fazer as escolhas que lhe paream melhores e mais consistentes com

    os anseios

    d

    populao que o elegeu. O reconhecimento de que

    juzes e tribunais podem atuar criativamente em determinadas

    situaes no lhes d autorizao para se sobreporem ao legislador,

    a menos que este tenha incorrido em inconstitucionalidade.

    Com efeito, viola o contedo da separao de Poderes a atuao

    jurisdicional que desrespeite deciso poltica adotada pelo Legislativo dentro

    dos limites de sua discricionariedade, pois isso ultrapassa a anlise de

    compatibilidade vertical com o Texto Constitucional. Nesse sentido, veja-se o

    posicionamento adotado por essa Corte Suprema no julgamento da Ao Direta

    de Inconstitucionalidade

    n

    3459,

    in verbis:

    CARNCIA DA AO

    -

    PROCESSO OBJETIVO

    -

    PEDIDO DE

    DECLARAO E INCONSTITUCIONALIDADE

    CONSEQNCIA

    -

    SURGIMENTO E NORMATIZAO. Uma vez

    surgindo, como conseqncia do pedido formulado na ao direta

    de inconstitucionalidade, normatizao estranha ao crivo da Casa

    Legislativa, foroso concluir pela impossibilidade jurdica . ADI

    n 3459, Relator: Ministro Marco Aurlio, rgo Julgador: Tribunal

    5 BARROSO, Lus Roberto. Curso de Direito Constitucional contemporneo: os conceitos fundamentais e a

    construo do novo modelo. 2

    ed

    So Paulo: Saraiva, 2010, p 393/394.

    ADJ n 4650, Rei. Min. Luiz Fux

    10

  • 7/24/2019 ADI 4650 - Defesa Formal Da AGU Do Ato Inconstitucional

    11/18

    Pleno, Julgamento em 24/08/2005, Publicao em 07/04/2006; grifou

    se) .

    Tem-se, portanto, que os pedidos apresentados pelo autor nos itens

    e.] , e.2

    e

    e.5

    da fi 36 da petio inicial so juridicamente impossveis, de

    modo que a presente ao direta no dever ser conhecida em relao a eles.

    Ademais, como visto, o requerente cumula, em um s processo,

    pedidos de ao direta de inconstitucionalidade e de ao direta de

    inconstitucionalidade por omisso.

    Note-se que, apesar de ambos serem instrumentos de controle

    abstrato de constitucionalidade, tratam-se de aes diversas que, conforme

    enfatizado pelo Ministro Celso de Mello

    6

    ,

    possuem ( ... ) caractersticas

    prprias, finalidades especficas e pressupostos especiais

    que as distinguem,

    claramente, uma da outra .

    Baseado nas mltiplas distines existentes entre

    ambas, esse Supremo Tribunal Federal decidiu pela impossibilidade de

    converso de uma ao em outra, deixando, inclusive, de conhecer de ao

    direta de inconstitucionalidade em que se veiculava tpica alegao de

    inconstitucionalidade por omisso. Confira-se:

    IMPOSSIBILIDADE

    DE

    CONVERSO DA

    O

    DIRETA

    DE

    INCONSTITUCIONALIDADE, POR VIOLAO POSITIVA DA

    CONSTITUIO, EM O DE INCONSTITUCIONALIDADE

    POR OMISSO (VIOLAO NEGATIVA DA CONSTITUIO).

    -

    A

    jurisprudncia do Supremo Tribunal Federal, fundada nas mltiplas

    distines que se registram entre o controle abstrato por ao e a

    fiscalizao concentrada por omisso, firmou-se no sentido e no

    considerar admissvel a possibilidade e converso da ao direta de

    inconstitucionalidade , por violao positiva da Constituio, em

    ao e inconstitucionalidade por omisso, decorrente da violao

    negativa do texto constitucional.

    (ADI-MC n 1439, Relator:

    6

    Excerto do voto proferido pelo Ministro Relator Celso de Mello nos autos da ADI-MC n 1439, rgo

    Julgador: Tribunal Pleno, Julgamento em 22/05/1996, Publicao em 30/05/2003.

    DI n 4650, ReI. Min. Luiz Fux

  • 7/24/2019 ADI 4650 - Defesa Formal Da AGU Do Ato Inconstitucional

    12/18

    Ministro Celso de Mello, rgo Julgador: Tribunal Pleno,

    Julgamento em 22/05/1996, Publicao em

    30/0512003 .

    Assim, se as especificidades que diferenciam referidas aes

    impedem a converso de uma em outra, conclui-se, com maior razo, pela

    inviabilidade da cumulao de ambas em um mesmo processo. Veja-se, nesse

    sentido, o entendimento do Ministro Marco Aurlio

    :

    ( ) h incompatibilidade manifesta de formular-se na mesma pea

    concernente a ao direta de inconstitucionalidade e de

    inconstitucionalidade por omisso.

    Desse modo, ainda que a lacuna legislativa suposta pelo requerente

    venha a se formar a partir de eventual procedncia dos demais pedidos por ele

    veiculados na presente ao direta - o que se admite por mera hiptese - no se

    afigura vivel o exame do pleito de declarao de inconstitucionalidade por

    omisso, constante do referido item

    e.5 .

    Admitir essa hiptese corresponderia

    a permitir que essa Suprema Corte declarasse a invalidade de determinado

    diploma normativo e, ato contnuo, reconhecesse a existncia de mora legislativa

    sobre a matria que, at ento, era regularmente disciplinada por ele.

    Desse modo, resta evidenciado o descabimento dos pedidos

    apresentados pelo requerente nos itens e.

    i ,

    e.2 e e.5 da fi 36 da petio

    inicial, o que impe, relativamente a esses pleitos, o no conhecimento da ao

    direta.

    7

    Excerto do voto proferido pelo Ministro Marco Aurlio nos autos da ADI-MC n 1600, Relator : Ministro

    Sydney Sanches, rgo Julgador: Tribunal Pleno, Julgamento em 27/08/1997, Publicao em 06/02/1998.

    DI n 4650, Rei. Min. Luiz Fux

    12

  • 7/24/2019 ADI 4650 - Defesa Formal Da AGU Do Ato Inconstitucional

    13/18

    I

    -MRITO

    Conforme relatado, o requerente insurge-se contra a prevlsao

    normativa que permite doaes financeiras a partidos e

    campanhas

    eleitorais por

    pessoas jurdicas,

    bem

    como

    as definies legais referentes aos limites impostos

    s pessoas fsicas quanto a

    doaes em

    favor dos partidos polticos e

    campanhas

    eleitorais. O autor impugna, tambm, norma que permite aos candidatos a

    utilizao de recursos prprios

    em campanhas

    at o valor mximo de gastos

    estabelecido por seu prprio partido, ao

    argumento

    de que tais previses

    contidas nas Leis nOs 9.504/97 e 9.096/95 ofenderiam os princpios

    constitucionais da igualdades, da democracia

    9

    , da Repblica 10 e da

    proporcionalidade.

    A suposta impossibilidade de pessoas jurdicas realizarem doaes

    financeiras a partidos e

    campanhas

    eleitorais atrela-se, em primeiro plano,

    anlise de conceitos doutrinrios e jurisprudenciais de cidadania e assenta-se, na

    viso do autor, no argumento de que tais pessoas no so cidads (fi. 4 da

    petio inicial) e, por essa razo, no

    podem

    ter pretenso legtima de

    exercer

    influncia no processo poltico-eleitoral.

    x

    'Ar/.

    5

    Todos

    SflO

    iguais perante a

    lei,

    sem diSlino

    de

    qualquer

    nalure:::o.

    garanlindo-se aos

    hrc/SIleil Os

    e

    aos estrangeiros residentes no Pas a inviolabilidade do direito vida, liberdade, igllaldade. segurana e

    propriedade, nos termos seguintes. .. -

    grifou-se

    Al'I.

    I J

    A

    soberania popular ser exercida pelo sllfrgio unl'ersal e pelo voto direto e secreto. com valor igual

    para todos. e nos termos da lei, mediante.

    -

    grifou-se

    i Al'I.

    I

    A

    Repblica Federativa do Brasil, formada pela unio indissol el dos Estados e Mllnicpios e do

    Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrtico de Direito e tem como jitndamentos :

    )

    Pargrafo nico. Todo o poder emana do povo. que o exerce por meio

    de

    repre,en/on/es eleitos 0 1 direto/llenle.

    nos termos desta Constituio.' - grifou-se

    lO

    Al'I. A Repblica Federativa do Brasil, formada pela unio indissolrel dos Estados e /'vl/lnicpios e do

    Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrtico

    de

    Direito e tem como fundamentos:

    -

    grifou-se

    AD n

    4650, Rei.

    / v/in.

    Luiz Fux

    13

  • 7/24/2019 ADI 4650 - Defesa Formal Da AGU Do Ato Inconstitucional

    14/18

    A cidadania, enquanto fundamento da Repblica Federativa

    do

    Brasil \, pode ser entendida em sentido amplo (cidadania lato sensu e em

    sentido estrito (cidadania stricto sensu . Interessa aqui, entretanto, a ideia ampla

    de

    cidadania e a anlise

    da

    possibilidade

    de

    a pessoa jurdica integrar o processo

    poltico-eleitoral por meio de contribuies financeiras.

    Na atualidade, o conceito

    de

    cidadania excede em muito o mero ato

    de

    votar, devendo ser considerado cidado toda pessoa fsica ou jurdica sujeita

    aos efeitos das polticas pblicas governamentais. Nessa linha, o destinatrio

    direto

    ou

    indireto das decises

    de

    governo detm legitimidade natural para

    integrar, de diferentes formas, o processo

    de

    escolha dos governantes.

    Essa concepo relaciona-se ideia de participao exposta por

    Rousseau, para quem o cidado a fonte e a destinao da lei, devendo sempre

    existir uma relao

    de

    intimidade e interdependncia entre governantes c

    governados\2. Nesse contexto, no se pode afastar que

    as

    pessoas jurdicas,

    assim como

    as

    pessoas naturais, esto subordinadas

    s

    polticas

    de

    governo, que

    se

    traduzem, em ltima instncia,

    na

    produo e aplicao concreta

    de

    atos pelo

    Estado.

    Diante

    do cenrio constitucional vigente, percebe-se que as pessoas

    jurdicas no participam do processo poltico por meio do voto, mas no

    Conforme artigo 1 inciso lI, da Constituio Federal de 1988.

    12 Esclarea-se que

    as

    idias

    de

    Rousseau sobre a cidadania esto espalhadas por suas obras, no tendo, ele

    prprio, distinguido uma, em especial, que trata

    ss

    e diretamente do tema. Embora o

    Emlio

    e o

    Contrato Social

    sejam fundamentais para essa qu esto , o cerne de seu pensamento a respeito da cidadania parece encontrar-se no

    Da Economia Poltica.

    A

    Df n

    4650

    ReI

    Min.

    Lui

    Fax

    14

  • 7/24/2019 ADI 4650 - Defesa Formal Da AGU Do Ato Inconstitucional

    15/18

    encontram bice no Texto Maior para atuar de forma participativa em algum

    modelo

    de

    financiamento

    de

    campanhas polticas, atravs de doaes legalmente

    contabilizadas, em obedincia

    ao

    princpio democrtico.

    Essa linha de entendimento encontra consonncia com a legislao

    em vigor em outros pases, valendo citar os Estados Unidos da Amrica, onde

    possvel se efetivar doao a partido ou candidato por empresas, sindicatos e at

    por organizaes no-governamentais. Em referido sistema legislativo, os

    limites para doaes de pessoas fsicas e jurdicas so fixados em relao a

    candidatos especficos, no a partidos 13.

    o financiamento privado

    de

    campanhas e candidatos, por pessoas

    jurdicas, igualmente admitido na Alemanha, Canad e Mxico

    4

    .

    Cumpre frisar que a Constituio Federal de 1988 no traz um

    modelo previamente estabelecido para o financiamento das campanhas

    eleitorais. Em outras palavras: percebe-se, em face da Lei Maior, que os

    modelos de financiamento no se encontram traados, de forma a atribuir

    ao

    legislador a escolha por um deles, mediante edio de lei especfica sobre a

    matria.

    1.1 Vide Lei

    Shays-ivleehan,

    proposta pelo democrata Marly Meehan de Massachusetts), e pelo republicano

    Christopher Shays de Connecticut), aprovada em 2002 por 240 votos a 189,

    na

    Cmara

    de

    Representantes dos

    EUA. Referida norma

    foi

    julgada conslilucional pela Suprema Corte dos Estados Unidos no final

    de

    2003,

    no

    caso MC Connell ersus Federal Eleclion Comission.

    4 Como nos informa Fernando Trindade, em:

    Financiamenlo Eleiloral e Pluralismo Pollico.

    Coordenao

    de

    Esludos

    da

    Consultoria Legislativa do Senado Federal. Disponvel em

    htl

    p:

    ijwww.senado.gov.

    br

    lsenado/con

    le

    g/texloS

    di

    scussao[ID4- Ferna ndo Trindade. pdf

    A DI

    n

    4650. ReI Min Lui= FI/x

    5

  • 7/24/2019 ADI 4650 - Defesa Formal Da AGU Do Ato Inconstitucional

    16/18

    Diante

    das razes aqui expostas,

    entende-se

    que o financiamento

    privado

    das campanhas

    eleitorais e dos partidos polticos , por

    pessoas

    jurdicas

    ,

    compatvel com

    a Constituio Federal ,

    devendo ser julgado improcedente

    o

    pedido formulado pelo autor quanto ao tema.

    Idntico raciocnio se aplica s disposies legais

    que

    preveem

    limites para a utilizao de recursos prprios pelos

    candidatos

    e para as

    doaes

    feitas por pessoas naturais a campanhas e partidos artigo 23, 1, incisos I e 11

    da

    Lei n 9.504

    /97).

    De

    fato, permitir que o

    candidato

    utilize

    recursos prprios

    para

    financiar sua prpria

    campanha

    eleitoral homenageia os princpios da liberdade

    de participao poltica, da cidadania e do pluralismo poltico, pelas

    mesmas

    razes

    expostas

    relativamente

    permisso

    legal de

    doao

    por

    pessoas

    jurdicas

    .

    Ademais

    a fixao

    de

    percentual sobre os

    rendimentos

    auferidos no

    ano anterior eleio

    como critrio para limitar as

    doaes

    feitas por pessoas

    fsicas a partidos e

    campanhas

    eleitorais no revela

    qualquer

    inconstitucionalidade por afronta aos

    postulados

    da

    isonomia

    e da

    proporcionalidade.

    Trata-se, na verdade de

    opo

    poltica

    exercida

    pelo

    Poder

    Legislativo no mbito de sua atuao discricionria, cuja deciso, por no

    ser

    incompatvel com

    qualquer

    disposio constitucional, no

    pode

    ser

    simplesmente substituda pelo critrio sugerido pelo requerente. A mera

    alegao do autor de que a fixao de

    um

    limite absoluto para as

    doaes

    constituiria uma

    opo

    poltica

    melhor

    do

    que a

    adotada

    pelos dispositivos

    atacados no implica a inconstitucionalidade destes, que, como dito, foram

    A n a '650. ReI iv/in Lui:: FI x

    16

  • 7/24/2019 ADI 4650 - Defesa Formal Da AGU Do Ato Inconstitucional

    17/18

    editados

    pelo legislador dentro das possibilidades de sentido

    dos

    princpios

    constitucionais que regem a matria.

    A propsito, confira-se o seguinte excerto das informaes

    prestadas pela Cmara dos

    Deputados

    in verbis:

    No h apenas uma deciso correta, mas alternativas diferentes, que

    devem ser cotejadas e sopesadas por quem

    de

    direito: o Poder

    Legislativo. Pode-se at argumentar que permitir doaes

    de

    grandes

    corporaes a candidatos e partidos em campanha no boa poltica.

    Mas o fato

    de

    existir uma poltica melhor no equivale a dizer que a

    atual inconstitucional.

    fi. 3 das informaes prestadas

    Idntico o

    entendimento

    de Lus Roberto Barrosol

    5

    acerca do

    tema, conforme j referido anteriormente. Veja-se:

    Respeitadas as regras constitucionais e dentro das possibilidades de

    sentido dos princpios constitucionais,

    o

    Legislativo est livre para

    fazer as escolhas que lhe paream melhores e mais consistentes com

    os anseios da populao que o elegeu. O reconhecimento

    de

    que

    juzes e tribunais podem atuar criativamente em determinadas

    situaes no lhes d autorizao para se sobreporem ao legislador,

    a menos que este tenha incorrido em inconstitucionalidade.

    Destarte, no se vislumbra

    qualquer

    incompatibilidade entre os

    dispositivos

    impugnados

    e a Constituio Federal de 1988.

    1