adesão ao tratamento farmacológico e não farmacológico por idosos diabéticos

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI –URCA CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE – CCBS UNIDADE DESCENTRALIZADA DE IGUATU - UDI CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM CLARISSA FERREIRA LESSA ADESÃO AO TRATAMENTO FARMACOLÓGICO E NÃO-FARMACOLÓGICO POR IDOSOS DIABÉTICOS ORIENTADORA: PROFª ESP. FRANCISCA JULIANA GRANGEIRO MARTINS IGUATU – CE 2014

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Page 1: Adesão ao tratamento farmacológico e não farmacológico por idosos diabéticos

UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI –URCACENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE – CCBS

UNIDADE DESCENTRALIZADA DE IGUATU - UDICURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

CLARISSA FERREIRA LESSA  

ADESÃO AO TRATAMENTO FARMACOLÓGICO E NÃO-FARMACOLÓGICO POR IDOSOS DIABÉTICOS

ORIENTADORA: PROFª ESP. FRANCISCA JULIANA GRANGEIRO MARTINS

IGUATU – CE2014

 

Page 2: Adesão ao tratamento farmacológico e não farmacológico por idosos diabéticos

INTRODUÇÃO

Diabetes Mellitus

Epidemia do Século

Tratamento Não-

farmacológico

Tratamento Farmacológico

Justificativa e Relevância

Page 3: Adesão ao tratamento farmacológico e não farmacológico por idosos diabéticos

OBJETIVOS

Objetivo Geral

 • Analisar a adesão ao tratamento farmacológico e não-farmacológico

realizado por idosos diabéticos.

  Objetivos Específicos

 • Descrever o perfil socioeconômico dos idosos diabéticos participantes

da ESF no bairro Veneza, do município de Iguatu - CE;• Identificar os obstáculos na rotina medicamentosa e mudanças nos

hábitos de vida dos idosos diabéticos;• Perceber os fatores que afetam a adesão à terapia medicamentosa por

idosos diabéticos;• Confrontar a opinião dos idosos diabéticos acerca da realização

correta do tratamento farmacológico com as suas rotinas medicamentosas;

Page 4: Adesão ao tratamento farmacológico e não farmacológico por idosos diabéticos

PERCURSO METODOLÓGICO

Tipo de Pesquisa

Contexto do Estudo

Sujeitos da Pesquisa

Instrumento de Coleta de Dados

Análise e Interpretação de Dados

Aspectos Éticos e Legais da Pesquisa

Page 5: Adesão ao tratamento farmacológico e não farmacológico por idosos diabéticos

ANÁLISE E DISCUSSÃO DE DADOS Dados Socioeconômicos

Entrevista com 10 pessoas

5 mulheres

e 5 homens

Faixa etária situada

entre 61-77 anos

Média de 68,6 anos

6 Caucasianos

4 Pardos

Cor/raça

Page 6: Adesão ao tratamento farmacológico e não farmacológico por idosos diabéticos

3 Analfabetos

4 Ensino Fundamental Incompleto

1 Ensino Fundamental

Completo

2 Ensino Médio Completo

Através da análise do sistema HiperDia, Ferreira e Ferreira (2009) puderam observar que o nível de escolaridade dos diabéticos é desfavorecido quase predominantemente. Portanto, deve-se considerar esse fator para auxiliar na elaboração de práticas educacionais direcionadas ao cuidado integral dos diabéticos e de suas famílias, e principalmente colaborar com qualidade de vida melhor.

Page 7: Adesão ao tratamento farmacológico e não farmacológico por idosos diabéticos

8 idosos apresentam

renda familiar

entre 1 e 3 salários

2 idosos apresentam

renda entre 3 e 5 salários

1 entrevistado

mora sozinho

3 residem só com o cônjuge

3 moram com mais

três pessoas

3 residem com quatro pessoas ou

mais

Page 8: Adesão ao tratamento farmacológico e não farmacológico por idosos diabéticos

1 entrevistado foi

diagnosticado há um ano

3 há dois anos

1 há três anos

2 há quatro anos3 há cinco

anos ou mais

Gimenes, Zanetti e Haas (2009) observaram em seu estudo que o tempo de doença é um fator agravante na adesão à terapêutica medicamentosa, visto que há menores taxas de adesão com a progressão temporal. Levando em consideração que o diabetes é uma doença progressiva e silenciosa, as possibilidades de complicações crônicas, devido ao controle glicêmico errôneo, podem progredir com o tempo de doença.

Page 9: Adesão ao tratamento farmacológico e não farmacológico por idosos diabéticos

[...] Assim eu num como assim como eu comia, que eu gostava muito de bolo, de pão, de doce... eu mudei mais, num sabe? Mas eu ainda como... que eu num vou mentir, porque minha fia a gente num aguenta ficar com fome não... e verdura e fruta num “ienche” barriga de ninguém não. [...] só como assim aqui e acolá um “pedacim” de bolo, um “pedacim” de pão. (Idoso 6)

Apesar de admitirem que há necessidade de reeducar os hábitos alimentares para manter o controle glicêmico e evitar complicações provenientes do DM, muitos diabéticos relatam dificuldades para lidar de forma apropriada com as privações impostas na alimentação. Observa-se que há uma divisória entre a dieta modelo recomendada e a que é praticável (PÉRES et al., 2007).

Parte dos diabéticos reconhecem as alterações alimentares como reeducação e dessa forma procuram a estabilidade entre a moderação e o desejo, compreendendo positividade nas modificações, enaltecendo suas melhoras para o organismo e conscientizando que a falta de controle pode ser danosa (OLIVEIRA et al., 2011).

1 Mudanças nos Hábitos de Vida Associadas ao Tratamento Farmacológico

1.1 Alterações na Alimentação

Page 10: Adesão ao tratamento farmacológico e não farmacológico por idosos diabéticos

1.2 Atividade Física

A preguiça não deixa. Aqui acolá eu invento de ir, mas daí

no outro dia a preguiça não deixa. (Idoso 2)

A caminhada que eu faço é trabalhar, mas caminhada é

caminhada né? (Idoso 10)

Knuth et al. (2009) verificaram a baixa conscientização da população sobre os fatores benéficos do exercício físico na prevenção de doenças, dessa forma, enfatizaram a indispensabilidade de maiores informações sobre a habilidade preventiva da atividade física.

Page 11: Adesão ao tratamento farmacológico e não farmacológico por idosos diabéticos

2 Adesão ao Tratamento Farmacológico2.1 Esquecimento de Remédios/Confusão de Medicamentos

Já esqueci. [...] eu tomo dois em jejum de manhã. (Quando perguntado se toma na hora errada):

Tomo. (Idoso 1)

Não. Todo dia eu tomo graças a Deus. Na hora certa, em jejum bem cedinho que eu tomo, né? (Idoso 3)

Em análise realizada por Marin et al. (2008), 40% dos idosos relataram esquecer de tomar os medicamentos, tanto esporadicamente, como rotineiramente, dessa forma constataram a indispensabilidade de apoio e supervisão para que utilizem de forma correta. Assim, os riscos à saúde são prevenidos, visto que muitos fármacos, como os antidiabéticos orais, são fundamentais ao controle de doenças.

Page 12: Adesão ao tratamento farmacológico e não farmacológico por idosos diabéticos

2.2 Relação dos Polifármacos com a Adesão à Terapia Medicamentosa

Foi verificada a presença de HAS, problemas de audição, gastrite, sequelas de AVC, insônia, hipercolesterolemia, anemia e episódios de dores localizadas.

Nã... eu tive um AVC. Tenho pressão alta. Da pressão? Tomo Ablok plus, tomo só um comprimido de 50 mg. Eu tomo Ticlid 250 mg, pra evitar outro AVC, um comprimido depois do almoço. Tomo um pra insônia... [...] esqueci o nome... (Idoso 4)

Santos et al. (2010) verificaram que as doenças mais encontradas nos pacientes estudados além do DM, foram HAS (78,6%), dislipidemias (35,7%) e depressão (28,6%). Outras doenças crônicas também foram alegadas por 28,4% dos pacientes.

Page 13: Adesão ao tratamento farmacológico e não farmacológico por idosos diabéticos

3 Instrução sobre a Medicação

O nome eu num sei não... que eu sou ruim pra decorar. Tomo só um também... pela manhã. (Idoso 3)

Tomo metformina. Eu tomo um comprimido de manhã e outro de noite, depois da janta. (Idoso 7)

Em revisão bibliográfica realizada por Almeida et al. (2007), observou-se interligação entre a instrução sobre o regime terapêutico e a adesão, visto que pacientes mais instruídos sobre a medicação prescrita e sobre os comportamentos exigidos para o seguimento do tratamento têm maior probabilidade de aderir à terapêutica do que os menos instruídos.

Page 14: Adesão ao tratamento farmacológico e não farmacológico por idosos diabéticos

Minha fia eles dizem que é pra diabetes, né? Eu não sei. Eles só dizem assim... Num explica né? Você sabe que aquele remédio é pra diabete, mas num explicam o motivo, nem né? (Idoso 3)

Costa et al. (2004) identificaram respostas semelhantes quando questionaram os idosos sobre a indicação da medicação, visto que a maioria respondeu que conhecia, porém apresentava respostas insatisfatórias, concluindo que há pouco conhecimento diante da terapêutica medicamentosa. Houve ainda idosos que afirmaram apenas seguir orientações médicas, direcionando à questão cultural, visto que julgam o médico como o detentor do poder de decisão do tratamento.

Page 15: Adesão ao tratamento farmacológico e não farmacológico por idosos diabéticos

4 Fatores que Influenciam a Adesão ao Tratamento

Blanski e Lenardt (2005) enumeraram os principais motivos interferentes na adesão ao tratamento farmacológico, sendo eles: uso concomitante de muitas medicações, efeitos colaterais de grande intensidade, o fato de não saber ler, abandono de tratamento, alterações por conta própria da medicação, dificuldade no entendimento da explicação sobre a medicação, não entendimento da prescrição médica, problemas auditivos e visuais, achar desnecessário o uso da medicação diante da ausência de sintomas e, por fim, crença religiosa.

Page 16: Adesão ao tratamento farmacológico e não farmacológico por idosos diabéticos

5 Opinião Acerca da Adesão ao Tratamento Farmacológico

Mulher... eu acho que eu tomo bem direitinho, nunca deixo de tomar... Eu num fico sem tomar. (Idoso 5)

 

Eu acho, né? Que eu num sinto nada... Minha diabete toda vida é normal. (Idoso 7)

Não, direito eu num tomo não. Eu tomo um dia e passo dois, três sem tomar que eu me esqueço. Quando vou trabalhar, eu com o remédio no bolso e esqueço de tomar. (Idoso 10)

 

Corroborando com o evidenciado neste estudo, Dalcegio et al. (2009) também observaram que maior parte dos diabéticos entrevistados (92%) afirmaram realizar corretamente o tratamento farmacológico.

Page 17: Adesão ao tratamento farmacológico e não farmacológico por idosos diabéticos

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Adesão ao Tratamento

Farmacológico

Não cessaram o uso dos

fármacos

Esquecimento

Não-farmacológico

Resistência à alterações alimentares

Dificuldade na prática de

atividades físicas

Page 18: Adesão ao tratamento farmacológico e não farmacológico por idosos diabéticos

Educação em Saúde

Analisar a realidade do indivíduo –

Adequar orientações

Apoio Familiar Contribuição dos achados no estudo

Consulta não deve ser unidirecional

Page 19: Adesão ao tratamento farmacológico e não farmacológico por idosos diabéticos

REFERÊNCIASALMEIDA, E. O.; VERSIANI, E. R.; DIAS, A. de R.; NOVAES, M. R. C. G.; TRINDADE, E. M. V. Adesão ao tratamento entre idosos. Comun. ciênc. saúde., Brasília, v. 18, n. 3, p. 57-67, 2007.

BLANSKI, C. R. K.; LENARDT, M. H. A compreensão da terapêutica medicamentosa pelo idoso. Rev. gaúch. enferm., Porto Alegre, v. 26, n. 2, p. 180-8, ago. 2005.

COSTA, L. M.; LINDOLPHO, M. da C.; SÁ, S. P. C.; ERBAS, D.; MARQUES, D. L.; PUPPIN, M.; DELATORRE, P. O idoso em terapêutica plurimedicamentosa. Ciênc. cuid. saúde., Maringá, v. 3, n. 3, p. 261-266, set./dez. 2004.

DALCEGIO, M.; DALCEGIO, M.; FAVRETTO, G. E. D.; CORAL, M. H. C.; HOHL, A. Adesão aos antidiabéticos orais: prevalência e fatores associados. ACM arq. catarin. med., v. 38, n. 4, p. 73-80, 2009.

FERREIRA, C. L. R. A.; FERREIRA, M. G. Características epidemiológicas de pacientes diabéticos da rede pública de saúde: análise a partir do sistema HiperDia. Arq. bras. endocrinol. metab., v. 53, n.1, p. 80-6, 2009.

GIMENES, H. T.; ZANETTI, M. L.; HAAS, V. J. Fatores relacionados à adesão do paciente diabético à terapêutica medicamentosa. Rev. latinoam. enferm., v. 17, n. 1, p. 201-9, jan./fev. 2009.

KNUTH, A. G.; BIELEMANN, R. M.; SILVA, S. G.; BORGES, T. T.; DUCA, G. F. D.; KREMER, M. M.; HALLAL, P. C.; ROMBALDI, A. J.; AZEVEDO, M. R. Conhecimento de adultos sobre o papel da atividade física na prevenção e tratamento de diabetes e hipertensão: estudo de base populacional no Sul do Brasil. Cad. saúde pública., v. 25, n. 3, p. 513-20, 2009.

Page 20: Adesão ao tratamento farmacológico e não farmacológico por idosos diabéticos

MARIN, M. J. S.; CECÍLIO, L. C. de O.; PEREZ, A. E. W. U. F.; SANTELLA, F.; SILVA, C. B. A.; GONÇALVES FILHO, J. R.; ROCETI, L. C. Caracterização do uso de medicamentos entre idosos de uma unidade do Programa Saúde da Família. Cad. saúde pública., Rio de Janeiro, v. 24, n. 7, p. 1545-55, jul. 2008.

MENDES, T. de A. B.; GOLDBAUM, M.; SEGRI, N. J.; BARROS, M. B. de A.; CESAR, C. L. G.; CARANDINA, L.; ALVES, M. C. G. P. Diabetes mellitus: fatores associados à prevalência em idosos, medidas e práticas de controle e uso dos serviços de saúde em São Paulo, Brasil. Cad. saúde pública., Rio de Janeiro, v. 27, n. 6, p. 1233-43, jun. 2011.

OLIVEIRA, N. F. de; SOUZA, M. C. B. de M. e; ZANETTI, M. L.; SANTOS, M. A. dos. Diabetes mellitus: desafios relacionados ao autocuidado abordados em grupo de apoio psicológico. Rev. bras. enferm., Brasília, v. 64, n. 2, p. 301-7, 2011.

PÉRES, D. S.; SANTOS, M. A. dos; ZANETTI, M. L.; FERRONATO, A. A. Dificuldades dos pacientes diabéticos para o controle da doença: sentimentos e comportamentos. Rev. latinoam. enferm., v. 15, n. 6, nov./dez. 2007.

SANTOS, K. S.; ENGROFF, P.; ELY, L. S.; FREITAS, R.; MORIGUCHI, Y.; CARLI, G. A. de; MORRONE, F. B. Uso de hipoglicemiantes e adesão à terapia por pacientes diabéticos atendidos no Sistema Único de Saúde. Rev. HCPA & Fac. Med. Univ. Fed. Rio Gd. do Sul.., v. 30, n. 4, p. 349-55, 2010.

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OBRIGADA!!

“Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma gota de água no mar, mas o mar seria menor se lhe faltasse

uma gota” (Madre Teresa de Calcutá)