aderência a prática de ativ fis

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    IntroduoAs academias de ginstica so

    compreendidas como centros decondicionamento fsico que oportunizam oambiente e orientao para a prtica deprogramas de exerccios fsicos (ROJAS, 2003).Desde o seu surgimento, as academias tmabsorvido um nmero cada vez maior de adeptos,com faixas etrias e motivos de procuradiferenciados (MARCELLINO, 2003), exigindodos profissionais de Educao Fsicaconhecimentos que vo alm dos aspectosfsicos e biolgicos do movimento humano.

    Em 2006 o nmero de academias j atingia amarca de 20.000 estabelecimentos(BERTEVELLO, 2006). A expanso desse setor estimulada por uma srie de tcnicas e inovaes

    que se processam continuamente nessesambientes de prtica de exerccios fsicos(MASCARENHAS et al., 2007; MARCELLINO,

    2003). A busca da melhoria da condio eaparncia fsica, e as preocupaes que por suavez aparecem cada vez mais associadas prpria noo de sade tambm soresponsveis pela expanso desse setor(MASCARENHAS et al., 2007; MARCELLINO,2003).

    O sucesso de qualquer programa deexerccios fsicos est relacionado motivaode seus participantes (SAMULSKI, 2009). A

    motivao caracterizada como um processoativo, intencional e dirigido a uma meta(SAMULSKI, 2009), considerada uma varivelfundamental para a aderncia (WEINBERG e

    Motriz, Rio Claro, v.16 n.1 p.181-188, jan./mar. 2010

    Artigo de Reviso

    Aderncia prtica de exerccios f sicos em academias de ginstica

    Carla Maria de LizTnia Brusque Crocetta

    Maick da Silveira VianaRicardo BrandtAlexandro Andrade

    Laboratrio de Psicologia do Esporte e do Exerccio da Universidade do estado de SantaCatarina UDESC, Florianpolis, SC, Brasil

    Resumo: O objetivo do presente artigo investigar na literatura os principais motivos de aderncia edesistncia de brasileiros praticantes de exerccios fsicos em academias de ginstica. Trata-se de umestudo de reviso de literatura com carter qualitativo. Utilizou-se os descritores em cincias da sadeconsiderados relevantes para busca de estudos empricos nas bases de dados disponveis no portal dePeridicos da Capes. Dentre os motivos mencionados para a aderncia, destacam-se a busca pela sade,

    esttica, socializao, melhoria da condio fsica e bem-estar. A desistncia das academias de ginsticapelos praticantes de exerccios fsicos foi atribuda falta de tempo, preguia, distncia que o praticantedever percorrer do seu trabalho ou da sua casa at a academia e ao alto custo das mensalidades. Aidentificao e administrao destes fatores devem ser consideradas na promoo da atividade fsica esade.

    Palavras-chave: Aderncia. Academias de Ginstica. Motivao. Exerccio Fsico.

    Adherence at physical exercises in fitness centers

    Abst ract: The aim of this study is to investigate the reasons in the literature of adhesion and dropout ofpractitioners of physical exercises in fitness centers. This is a study of literature review with qualitativeaspect. Using the descriptors in the health sciences to search for empirical studies in the databasesavailable on the portal's regular Capes. Among the reasons mentioned for adhesion, it is the search for

    health, beauty, socialization, improving the physical condition and well-being. The dropout of fitness centersby practitioners of physical exercises has been attributed to lack of time, laziness, distance that thepractitioner should go to their work or their home to the academy and the expensive price expend monthly.The identification and management of these factors should be considered in the promotion of physicalactivity and health.

    Key Words: Adherence. Fitness Centers. Motivation. Exercise.

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    GOULD, 2001). No caso dos exerccios fsicos, ainterao entre os fatores pessoais e da situaoinfluenciam a motivao para o incio da prtica(WEINBERG e GOULD, 2001). Desta forma,percebe-se o carter dinmico da motivao, emuma freqente relao entre aspectos biolgicos,cognitivos e sociais, impedindo ou facilitando a

    prtica de exerccios fsicos.Um dos principais aspectos que auxiliam no

    desenvolvimento da motivao aconscientizao dos participantes sobre arelevncia da prtica regular de exerccios fsicosenquanto um componente importante para suavida (DECI e RYAN, 2000; SOARES, 2004). Aconscientizao acerca do que leva o indivduo abuscar alguma atividade fsica tambm parecefundamental para mant-lo fisicamente ativo(DESCHAMPS e DOMINGUES FILHO, 2005).

    Ao iniciar um programa de exerccios fsicos, amaior dificuldade que se encontra na adernciaa essa atividade (MALAVASI e BOTH, 2005). Aaderncia, ou seja, o comprometimento dopraticante de exerccios fsicos com a sua rotinaprogramada de treinamento, no ocorre logo noincio da prtica, pois h um processo lento quevai da inatividade manuteno da prtica deexerccios fsicos (NASCIMENTO et al., 2007).Portanto, os profissionais envolvidos nessa rea

    de atuao devem direcionar ateno tanto noincentivo ao ingresso quanto na manuteno deindivduos em programas de exerccios fsicos.De acordo com a American College of SportsMedicine (2000), apenas 5% dos adultossedentrios que iniciam um programa estruturadode exerccios fsicos em academias de ginsticaaderem prtica. No Brasil, os estudos sobreaderncia tm verificado um ndice de evaso deaproximadamente 70% entre os praticantes deexerccios fsicos em academias

    (ALBUQUERQUE e ALVES, 2007).

    A proliferao das academias de ginstica uma realidade em todo o mundo e a rotatividadede alunos um fenmeno que estimula osprofissionais e pesquisadores da rea ainvestigar os motivos atribudos permanncianos programas estruturados de exerccios fsicosoferecidos nestes espaos (MARCELLINO,2003). Partindo desses pressupostos, o objetivodo presente estudo investigar na literatura os

    principais motivos de aderncia e desistncia debrasileiros praticantes de exerccios fsicos emacademias de ginstica.

    MtodoO estudo consistiu uma reviso de literatura

    (VIEIRA e HOSSNE, 2001), buscando apresentarresultados de literatura especializada sobre otema investigado. Por tratar-se de um estudo dereviso, apresenta ainda carter qualitativo nabusca pelo aprofundamento da questo

    investigada (TURATO, 2005). Nesse sentido, taltipo de pesquisa mostra-se importante porapresentar uma viso abrangente do tema,mostrando a evoluo dos conhecimentos darea.

    Buscou-se sintetizar estudos primrios quecontm objetivos e mtodos claramenteexplicitados. Deste modo, foram selecionadaspesquisas cientficas brasileiras publicadas noperodo de 1999 a 2008, indexadas nas bases de

    dados disponveis no portal de Peridicos daCapes. Utilizaram-se os descritores academiasde ginstica (fitness centers), combinados comaderncia (adherence) e manuteno(maintenance), para busca de estudos empricosque investigaram os motivos de aderncia e/oude desistncia de praticantes de exerccios fsicosem academias de ginstica.

    A busca bibliogrfica foi efetuada nos mesesde novembro e dezembro de 2008. A partir doscritrios de seleo, foram encontrados 13

    estudos que possibilitaram a identificao dosmotivos de aderncia e 7 estudos com motivos dedesistncia de brasileiros praticantes deexerccios fsicos em academias de ginstica.

    Resultados e DiscussoOs resultados so apresentados em dois

    quadros, que possibilitam a identificao dosprincipais motivos de aderncia e desistncia daprtica de exerccios fsicos em academias deginstica. Paralelamente apresentao dosresultados so realizadas as discusses dosmotivos mais relevantes.

    Os motivos de aderncia de praticantes deexerccios fsicos em academias de ginsticaidentificados nos estudos so apresentados noquadro 01.

    Os motivos sade e esttica foram os maiscitados para a aderncia, seguidos deresistncia, condicionamento e aptido fsica,bem-estar, proximidade da academia da casaou do trabalho, qualidade de vida, prazer peloexerccio e socializao.

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    Quadro 1. Motivos de aderncia prtica de exerccios fsicos em academias de ginstica identificados nosestudos.

    MOTIVOS DE ADERNCIA EM ACADEMIAS DE GINSTICA

    Autor EstadoIdade dos

    Participantes(anos)

    Motivos

    Arajo et al. (2007) MG 18 36 Esttica (50,60%) / Sade (14,40%) / Resistncia, condicionamento eaptido fsica (31,30%)

    Zanetti et al. (2007) SP 18 80 Esttica (30%) / Sade (21,70%) / Bem-estar (12,30%)

    Albuquerque e Alves(2007)

    RN 18 50 Esttica (39,16%) / Melhorar a condio fsica (16,67%)

    Checa et al. (2006) SP 18 68Esttica (82,96%) / Sade (84,37%) / Proximidade da academia at a

    academia (43,03%).

    Santos e Knijnik (2006) SP 40 -60 Lazer (44%) / Orientao mdica (34%) / Esttica (11%)Pereira e Bernardes(2005)

    MG 15 78 Sade (41%) / Qualidade de vida (17%) / Esttica (15%)

    Tahara et al. (2003) SP At 24Esttica (26,67%) / Sade e qualidade de vida (23,33%) / Resistncia,

    condicionamento e aptido fsica (13,33%)Zanette (2003) RS 18 - 65 Esttica (29%) / Sade (23%) / Bem-estar (21%)

    Rojas (2003) SC 18 44Proximidade da casa at a academia (72,40%) / Sade e qualidade de

    vida (31,10%) / Prazer pelo exerccio (28,90%)

    Tahara e Silva (2003) SP 16 -60 Sade (37%)/ Esttica (23%) / Condicionamento fsico (17%)

    Zanette et al. (2002) SE 15 44 Esttica (15%) / Sade (20%) / Condicionamento fsico (20%)

    Baptista (2001) GO 20 50 Bem-estar (27,2%) / Esttica (3,8%) / Sade (15,5%)

    Saba (1999) SP 18 47Sade (27%) / Prazer pela prtica (22%) / Socializao (14%) / Esttica

    (11%)

    Se praticados de forma regular, os exercciosfsicos constituem um fator importante para aqualidade de vida, possibilitando benefcios sobreo estado fsico, psicolgico e social, independenteda idade ou sexo (SOARES, 2004). O

    esclarecimento sobre tais benefcios tem sedestacado dentro das aes governamentais eprofissionais que visam aumentar os nveis deprtica de atividade fsica da populao. O estudode Pereira e Bernardes (2005) sustenta talatitude, pois apontou que a conscientizaoacerca dos benefcios proporcionados pelaprtica regular de exerccios fsicos auxilia noprocesso de aderncia do praticante. Por outrolado, provvel que isoladamente esseconhecimento no seja efetivo na adoo de umestilo de vida mais ativo, como afirmam Ferreira eNajar (2005), para os quais no existem

    evidncias que sustentem que apenas o maiorconhecimento acerca dos exerccios fsicos sejasuficiente para que as pessoas se mantenhamfisicamente ativas.

    Alguns estudos apontam que a procura porum ideal esttico sobrepe busca pela sade(TAHARA et al., 2003; ARAJO et al., 2007;ZANETTI et al., 2007). Essa tem sido umarealidade percebida nas academias de ginstica,onde em muitos casos a aparncia fsica tem sesobressado em detrimento da sade, fato esteque dificulta uma orientao profissionaladequada, pois h divergncia entre o objetivo do

    professor e do aluno. Teoricamente, as pessoasincentivadas por algum tipo de demanda externatm maior probabilidade de abandonar a prtica e

    realiz-la com menor eficincia do que quem apratica com prazer e autonomia; ou seja, pessoasmotivadas intrinsecamente (GUIMARES eBORUCHOVITCH, 2004). Existindo a associaoentre os exerccios fsicos e a idealizao da

    aparncia fsica, associada quantidade demsculos e de gordura, por exemplo, poderconseqentemente haver a sensao de fracassoquando o padro fsico desejado no foralcanado, acarretando na desistncia da prtica(LUZ et al., 2007). Assim, de acordo com asconsideraes de Ryan et al. (1997), a buscapela aparncia idealizada no garantiria aaderncia de praticantes de exerccios fsicos emacademias de ginstica.

    Melhorar o condicionamento, resistncia eaptido fsica tambm so motivos que levam ospraticantes a optarem pela prtica de exerccios

    fsicos em academias de ginstica. H consensona literatura de que os componentes da aptidofsica que esto relacionados sade soaqueles que oferecem alguma proteo aoaparecimento de distrbios orgnicos provocadospelo estilo de vida sedentrio (TOSCANO, 2001).Nahas (2003) ressalta que a aptido fsicarelacionada sade congrega caractersticasque, em nveis adequados, possibilitam maisenergia para o trabalho e o lazer, proporcionandoparalelamente menor risco de desenvolverdoenas ou condies crnico-degenerativas,que so associadas a baixos nveis de atividade

    fsica habitual.Os motivos bem-estar e o prazer pelo

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    exerccio esto relacionados aos benefciospsicolgicos proporcionados pela prtica regularde exerccios fsicos (BAPTISTA, 2001;ZANETTE, 2003; PEREIRA e BERNARDES,2005; ZANETTI et al., 2007). Saba (2001)destaca que os benefcios dos exerccios fsicossobre os aspectos psicolgicos se originam do

    prazer obtido na atividade realizada e posteriorbem-estar, os quais resultam da satisfao dasnecessidades ou do sucesso no desempenho dashabilidades em desafio. Santos e Knijnik (2006)afirmam que as pessoas que realmente tmprazer pela prtica conseguem remanejar ederrubar as barreiras e dificuldades queencontram para aderirem aos exerccios fsicos.Portanto, fazer com que o indivduo se sinta bemao praticar exerccios fsicos deve ser um objetivodos profissionais envolvidos na orientao de

    exerccios fsicos. Desta forma, programas deexerccios definidos a priori, que no levem emconsiderao as preferncias do aluno,prejudicariam a sua aderncia.

    A socializao como um dos principaismotivos de aderncia em academias sustenta aafirmativa de que quando as pessoas seidentificam com os membros do grupo em queconvivem sentem mais prazer e atrao pelaatividade proposta (RYAN e DECI, 2000;

    WANKEL, 1993). Nesse sentido, organizar o

    ambiente das academias de maneira a favorecera socializao entre os alunos e destes com oprofessor deve ser uma preocupao dosadministradores desses estabelecimentos. Oestudo de Marcellino (2003) confirma essahiptese, pois identificou que os indivduos quepossuam laos de amizade dentro da academia

    que freqentavam permaneceram nesta por maistempo.

    Alguns estudos citaram a proximidade doslocais de prtica como um motivo importantepara aderncia (BAPTISTA, 2001; ROJAS, 2003;CHECA et al., 2006). Segundo Rojas (2003), umaacademia que agrade aos praticantes deexerccios fsicos deveria estar a no mximo 3 kmde distncia de sua casa ou do seu trabalho.

    Apesar do crescente nmero de academias de

    ginstica e das informaes sobre a importnciada atividade fsica, elevado o nmero depessoas que iniciam a prtica nesses locais edesistem dentro de um curto perodo. Essadesistncia mais acentuada ao final do primeiroe do terceiro ms de participao nos programas(DISHMAN, 1994).

    Os motivos de desistncia de praticantes deexerccios fsicos em academias de ginsticaidentificados nos estudos so apresentados noquadro 02.

    Quadro 2. Motivos de desistncia da prtica de exerccios fsicos em academias de ginstica identificadosnos estudos.

    MOTIVOS DE DESISTNCIA EM ACADEMIAS DE GINSTICA

    Autor EstadoIdade dos

    Participantes(anos)

    Motivos

    Albuquerque e Alves(2007)

    RN 18 -50Falta de tempo (36,67%) / Preguia (13,33%) / Distncia dos locais de

    prtica (8,33)

    Enzio e Cunha (2007) MG 18 - 57Falta de Motivao (49%) / Monotonia dos exerccios (29%) / Distncia

    dos locais de (29%)

    Santos e Knijnik (2006) SP 40 -60 Falta de tempo (30%) / Preguia (23%)

    Pereira e Bernardes(2005)

    MG 15 - 78 Falta de tempo (31,03%) / Preguia (20,69%)

    Tahara et al. (2003) SP At 24 Falta de tempo (43,33%) / Custo da mensalidade (23,33%)

    Rojas (2003) SC 18 - 44Orientao profissional (9,0%) / Instalaes inadequada (31,5%) / Baixa

    qualidade das aulas (11,2%)

    Saba (1999) SP 18 - 47Falta de tempo (37%) / Distncia dos locais de prtica (6%) / Frias (7%) /

    Custo das mensalidades (8%)

    No presente estudo identificou-se a falta detempo, preguia/falta de motivao, distnciados locais de prtica, custo da mensalidadee a

    baixa qualidade das aulas oferecidas como osprincipais motivos de desistncia da prtica deexerccios fsicos em academias de ginstica.

    No que diz respeito falta de tempo, Okuma(1994) e Nahas (2001) evidenciam este como umdos principais motivos de desistncia da atividade

    fsica regular. Saba (2001) indica a falta de tempocomo o fator crtico entre a manuteno e adesistncia. Santos e Knijnick (2006) destacam

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    que a falta de tempo normalmente estrelacionada jornada excessiva de trabalho,tempo para obrigaes familiares e dificuldade naadministrao do tempo. Por outro lado, Berger eMcInman apud Saba (2001) ressaltam que aspessoas referem a falta de tempo quando noatribuem a importncia devida prtica de

    exerccios fsicos. Como discutido anteriormente,obter prazer com a prtica e conhecer osbenefcios dos exerccios fsicos pode facilitar atransposio de barreiras como a falta de tempo,pois contribui para a maior motivao do aluno.

    Destaca-se na maior parte dos estudos apreguia/falta de motivao como motivo dedesistncia. papel do profissional de EducaoFsica, por meio de uma atuao dialgica,orientar seu aluno no sentido de uma prticamotivante. necessrio que o aluno seja o centroda relao sujeito x atividade fsica,fomentando seu sentimento de autonomia econseqentemente tornando-o mais motivado(DECI e RYAN, 2000). Nesse sentido, osexerccios devem ser orientados em funo daspreferncias dos alunos, ao invs de adequareste a atividades previamente estabelecidas.

    O motivo distncia dos locais de prtica,mencionado como motivo importante tambmpara a aderncia, foi um dos citados para a

    desistncia da prtica de exerccios fsicos emacademias. Assim, a distncia que o indivduodever percorrer da casa ou do trabalho at aacademia onde pratica exerccios, parece ser umfator motivacional importante tanto para aaderncia quanto para a desistncia da prtica.

    Os dados referentes ao custo damensalidade sugerem privilgios quanto prtica de exerccios fsicos em academias parapessoas com maior poder aquisitivo, restringindo

    assim as pessoas de classes sociais menosfavorecidas (CAPARROZ et al., 2007; TAHARA etal., 2003). Embora a mensalidade no seja umimpeditivo para que as pessoas menos abastadaspratiquem um exerccio fsico, pois possvelpraticar tais atividades em outros espaos semcusto algum, prejudica o acesso dessa populao prtica orientada por profissionais. Desta forma,o custo da mensalidade prejudicaria tanto amanuteno da prtica de exerccios emacademias, como o acesso a ela.

    A Deloitte (2008), empresa internacional deconsultoria especializada em gesto de riscos

    empresariais, apresentando dados de 2005,afirma que o percentual de alunos queabandonam as academias pelo fator financeiro de apenas 8%. Apesar do alto custo damensalidade ser citado como barreira, estudosmostram que a aderncia maior nas academiasmais caras (ROJAS, 2003) e que nestes

    estabelecimentos (mais custosos) apenas 3%dos alunos atribuem o preo da mensalidadecomo fator influente sobre a desistncia(ALBUQUERQUE e ALVES, 2007). Diversosfatores podem estar interagindo nesse sentido.Uma possibilidade que essas academiaspodem ter estrutura fsica e de atendimento maisatrativas. Outra possibilidade que as pessoasque optam por locais com maior custo so denvel socioeconmico mais elevado, fazendo comque o valor das mensalidades no seja relevante.

    Embora com menor representatividade, aorientao profissional tambm foi citada comoimportante para a desistncia da prtica deexerccios fsicos em academias. Neste sentido,com a vasta divulgao na mdia sobre aimportncia de um estilo de vida ativo e afacilidade de acesso a informaes promovidapela evoluo da internet, as pessoas tem seesclarecido sobre o assunto e conseqentementetendem a exigir mais dos profissionais. A

    competncia profissional produto doconhecimento tcnico/cientfico, ou seja, umainterveno de qualidade fruto do conhecimentoe domnio tcnico das tarefas profissionais(NASCIMENTO et al., 2007). Martins Jnior(2000) destaca ainda a importncia do professorconhecer as teorias acerca da motivao, poisessas informaes possibilitaro elaborarestratgias mais eficazes para manter o alunofisicamente ativo.

    Consideraes FinaisO estudo apresenta um potencial para ampliaros conhecimentos a partir de resultados daproduo cientfica selecionada no mbito daEducao Fsica, identificando de acordo com aliteratura nacional os motivos pelos quais aspessoas aderem ou desistem da prtica deexerccios fsicos em academias de ginstica.Sob esta perspectiva, estudos desta naturezaconstituem-se em uma ferramenta a serdesenvolvida, considerando como possibilidade

    de aprendizado e construo crtica.

    A importncia da sntese destes

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    conhecimentos de fundamental importncia, aopasso que identificando os principais motivos deaderncia (busca pela sade, aparnciaidealizada, socializao, melhoria da condiofsica, bem-estar e prazer proporcionado pelaprtica) e desistncia (falta de tempo,preguia/falta de motivao, distncia que o

    praticante dever percorrer at a academia, altocusto das mensalidades e orientao profissional)pode contribuir na prtica dos profissionaisatuantes neste campo de trabalho. Na busca pelapromoo do estilo de vida ativo e saudvel, oprofissional de Educao Fsica precisa estimulare/ou incentivar a prtica de exerccios fsicos, epara tal imperioso conhecer profundamente osalunos, o que deve ser uma prioridade em suaatuao.

    RefernciasALBUQUERQUE, C. L. F. A.; ALVES, R. S. Aevaso dos alunos das academias: Um estudo decaso no centro integrado de esttica e atividadefsica CIEAF, na cidade de Caic RN.Dominium Revista Cientfica da Faculdade deNatal, Natal, v. 1, p. 1-33, jan./abr. 2007. ISSN1678-7889. Disponvel em:http://mail.falnatal.com.br:8080/revista_nova/a5_v1/artigo_4.pdf. Acesso em: 19 dez. 2008.

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    Endereo:Carla Maria de LizRua Pascoal Simone, 358 CoqueirosFlorianpolis SC Brasil88.080-350Telefone: (48) 3321.8600Fax: (48) 3321.8607e-mail: [email protected]

    Recebido em: 15 de julho de 2009.Aceito em: 03 de novembro de 2009.

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    SP, Brasil - eISSN: 1980-6574 - est licenciada sob

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