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Construindo a Segurança Alimentar com Participação Social Intercâmbio entre países da CPLP Financiamento: Organização: Apoio: União Europeia / Camões − ICL I.P. ACTUAR / IMVF ActionAid / SASOP Relatório Final Intercâmbio Internacional da Sociedade Civil de Timor-Leste e São Tomé e Príncipe 25 de agosto a 8 de setembro de 2014

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Construindo a Segurança Alimentar com Participação Social

Intercâmbio entre países da CPLP

Financiamento: Organização: Apoio: União Europeia / Camões − ICL I.P. ACTUAR / IMVF ActionAid / SASOP

Relatório Final

Intercâmbio Internacional da Sociedade Civil

de Timor-Leste e São Tomé e Príncipe

25 de agosto a 8 de setembro de 2014

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Siglas e Abreviaturas AADADP Associação dos Assentados do Projeto de Assentamento Dandara dos Palmares ACTUAR Associação para a Cooperação e o Desenvolvimento ATER Assistência Técnica e Extensão Rural CGFOME Coordenação-Geral de Ações Internacionais de Combate à Fome CONAB Companhia Nacional de Abastecimento CONSEA Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional CONSEA-BA Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional do Estado da Bahia COOPROCAM Cooperativa dos Produtores Rurais de Camamu CPLP Comunidade de Países de Língua Portuguesa DAP Declaração de Aptidão ao PRONAF DOP Denominação de Origem Protegida EBDA Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola S.A. ESAC Escola Superior Agrária de Coimbra ESAN-CPLP Estratégia de Segurança Alimentar e Nutricional da CPLP ETG Especialidade Tradicional Garantida FBSSAN Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional FNDE Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação GGSAN Grupo Governamental de Segurança Alimentar e Nutricional HASATIL Rede de Agricultura Sustentável de Timor-Leste HFM Herdade do Freixo do Meio IGP Indicação Geográfica Protegida IMVF Instituto Marquês de Valle Flôr INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária KONSSANTIL Conselho Nacional de Segurança e Soberania Alimentar e Nutricional de Timor-

Leste OMC Organização Mundial de Comércio ONG(s) Organização (Organizações) Não Governamental (Governamentais) OSC Organizações da Sociedade Civil PAA Programa de Aquisição de Alimentos PNAE Programa Nacional de Alimentação Escolar PRONAF Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar REALIMENTAR Rede Portuguesa pela Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional REDSAN-CPLP Rede da Sociedade Civil para a Segurança Alimentar e Nutricional na CPLP SAN Segurança Alimentar e Nutricional SASOP Serviço de Assessoria a Organizações Populares Rurais SEDES Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza STTR Sindicatos de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais TRIPS Acordo sobre os Aspetos dos Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados

com o Comércio UE União Europeia

Notas Câmbio Real/Euro considerado = 0,32 Câmbio Real/Dólar considerado = 0,4

Algumas das fotografias incluídas neste Relatório foram gentilmente cedidas pelos participantes neste Intercâmbio.

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I – Introdução Enquadramento

O Intercâmbio Internacional de representantes da Sociedade Civil de Timor-Leste a Portugal e ao Brasil, realizado entre 25 de agosto e 8 de setembro de 2014, desenvolveu-se no âmbito do projeto de “Assistência técnica e reforço das competências da HASATIL e das Organizações da Sociedade Civil de Desenvolvimento Rural em Timor-Leste”, em curso desde março de 2012 e até março de 2015, implementado em parceria entre o IMVF e as ONGs BELUN, FOKUPERS e Fundação ETADEP. Conta com financiamento da UE (no âmbito do 10º Fundo Europeu para o Desenvolvimento) e cofinanciamento do Camões − Instituto da Cooperação e da Língua I.P. (Portugal). A este Intercâmbio juntou-se ainda uma comitiva de São Tomé e Príncipe (no âmbito de outro projeto cofinanciado pela UE), no sentido de ver promovida uma partilha de experiências e de boas práticas da Sociedade Civil da CPLP. A organização técnica deste Intercâmbio esteve a cargo da ACTUAR, tendo o apoio de várias OSC parceiras da ACTUAR em Portugal e no Brasil. Objetivos

Partilha de boas práticas ao nível institucional e produtivo visando a SAN e a promoção do trabalho em rede entre Organizações e Redes da Sociedade Civil da CPLP, em particular:

O reforço institucional e dinâmicas de trabalho visando a promoção da Segurança e Soberania Alimentar e Nutricional a nível nacional e regional;

A capacitação em Políticas Públicas que promovam ativamente o Direito Humano à Alimentação Adequada com a participação da Sociedade Civil;

A identificação de tecnologias de organização, produção, transformação e comercialização sustentáveis, com potencial de replicação em Timor-Leste (e São Tomé e Príncipe).

Políticas Públicas para a SAN no Brasil: o PAA e o PNAE

O Brasil e, em particular, o Estado da Bahia foi o destino escolhido como mais pertinente para a realização deste Intercâmbio Internacional, além da maior similaridade com o ecossistema timorense e são-tomense, pelas Políticas Públicas para a SAN que tem vindo a implementar nos últimos anos, nomeadamente, o PAA e o PNAE. O PAA é um programa destinado à promoção do acesso a alimentos às populações em situação de insegurança alimentar e à inclusão social e económica no meio rural através do fortalecimento da agricultura familiar, prevendo a formação de stocks estratégicos para o abastecimento dos mercados institucionais de alimentos e permitindo aos agricultores familiares a comercialização dos seus produtos a preços mais justos. O Programa propicia a aquisição de alimentos aos agricultores familiares, com isenção de licitação, a preços compatíveis com os praticados nos mercados regionais, que se destinam a entidades da rede socioassistencial, equipamentos públicos de alimentação e nutrição como Restaurantes Populares, Cozinhas Comunitárias e Bancos de Alimentos e a famílias em situação de vulnerabilidade social, incluídos também nos cabazes de alimentos distribuídos a grupos populacionais específicos. Instituído pelo artigo 19 da Lei 10.696/2003, o PAA é desenvolvido com recursos dos Ministérios do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e do Desenvolvimento Agrário (MDA), sendo as suas diretrizes definidas por um Grupo Gestor coordenado pelo MDS e composto por mais cinco Ministérios. O PAA é implementado em parceria com a CONAB e com os governos estaduais e municipais. Para participar do Programa,

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o agricultor deve ser identificado como agricultor familiar e enquadrado no PRONAF mediante a emissão da DAP1. O PNAE consiste na transferência de recursos financeiros do Governo Federal brasileiro, com caráter suplementar, aos Estados e Municípios, para a aquisição de géneros alimentares destinados à merenda escolar. Os beneficiários são todos os alunos matriculados em escolas públicas, desde a educação infantil (creches e pré-escolas) ao ensino fundamental. O FNDE, entidade vinculada ao Ministério da Educação, é o responsável pela normatização, assistência financeira, coordenação, acompanhamento, monitoramento, cooperação técnica e fiscalização da execução do Programa. O montante dos recursos financeiros transferidos em cada ano é calculado com base no número de alunos matriculados obtido no censo escolar relativo ao ano anterior. As entidades executoras (Estados e Municípios) têm autonomia para administrar as verbas recebidas, dentro das normas estabelecidas, competindo-lhes a sua complementação financeira para a melhoria do cardápio escolar, devendo ainda constituir um Conselho de Alimentação Escolar (CAE), órgão deliberativo, fiscalizador e de assessoramento. Os alimentos adquiridos são definidos nos cardápios do programa de alimentação escolar e elaborados por nutricionistas capacitados, com a participação do CAE, e respeitando os hábitos alimentares de cada localidade, a sua vocação agrícola e preferência por produtos básicos, dando prioridade, dentre esses, aos naturais e semi-elaborados2. Participantes

Participaram de forma regular deste Intercâmbio (ver lista nominativa no Anexo 1): - 15 Representantes de ONGs de agricultura sustentável de Timor-Leste; - 1 Representante do Governo de Timor-Leste (Ministério da Agricultura e Pescas); - 2 Participantes de São Tomé e Príncipe (1 representante da Sociedade Civil e 1 representante do Governo – Ministério do Plano e Finanças); - 2 Técnicas do IMVF; - 4 Técnicos da ACTUAR e 2 Técnicos de entidades parceiras no Brasil. Programa

25 de agosto • 11h10m: chegada a Portugal da delegação de Timor-Leste • 12h30: almoço em Lisboa, Campo Pequeno • 14h: check-in no Hotel VIP Executive Zurique, Lisboa • 18h: reunião inicial no hotel para apresentação do Programa do Intercâmbio em Portugal • 19h30m: jantar no hotel 26 de agosto • 8h30m: saída para Montemor-o-Novo • 10h30m: chegada à HFM • 12h30m: almoço na HFM • 17h30m: regresso a Lisboa • 19h30m: jantar no hotel 27 de agosto • 8h30m: saída para Coimbra • 10h: visita ao Santuário de Fátima • 12h30m: almoço em Fátima • 16h: Seminário na ESAC sobre Agricultura Familiar e Desenvolvimento Local

1 A informação institucional acerca do PAA aqui apresentada, bem como uma série de outras conexas, podem ser encontradas no site do MDS brasileiro: http://www.mds.gov.br/segurancaalimentar/decom/paa. 2 A informação institucional acerca do PNAE aqui apresentada pode ser encontrada no site do FNDE brasileiro: http://www.fnde.gov.br/index.php/programas/alimentacao-escolar/alimentacao-escolar-apresentacao e no Portal da Transparência do Governo Federal brasileiro: http://www.portaltransparencia.gov.br/aprendaMais/documentos/curso_PNAE.pdf.

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• 19h: check-in no Hotel Tivoli Coimbra • 19h30m: jantar em Coimbra • 21h: passeio pelo Centro Histórico de Coimbra 28 de agosto • 8h30m: saída para o Vale do Mondego, Montemor-o-Velho • 9h: visita a emparcelamentos agrícolas no Vale Central do Rio Mondego • 9h30m: visita a área de produção de arroz com certificação em Proteção Integrada, com secagem e embalamento, do produtor individual Víctor Martinho, na localidade de Ereira • 10h30m: visita a área de produção de arroz com certificação em Proteção Integrada, com secagem, do produtor individual Armando Braz, na localidade de Alqueidão • 13h: almoço no Parque Biológico da Serra da Lousã • 15h: visita a unidade de produção do Mel da Serra da Lousã DOP • 17h: regresso a Lisboa • 19h30m: jantar no hotel 29 de agosto • 8h30m: saída para a Baixa de Lisboa • 9h: visita institucional à sede da CPLP • 10h30m: saída para Belém • 11h: visita institucional à Embaixada de Timor-Leste em Lisboa, em Belém • 12h30m: almoço em Belém • 16h: visita institucional à sede do IMVF • 19h30m: jantar na Baixa de Lisboa 30 de agosto • 8h30m: saída para o aeroporto de Lisboa, viagem para Salvador da Bahia, Brasil, no voo TAP 0021, 11h20m (LIS) - 16h15m (SSA) • 16h15m: chegada ao aeroporto de Salvador da Bahia • 17h30m: check-in no Hotel Golden Park Salvador • 18h: reunião para apresentação do programa de intercâmbio no Brasil • 19h30m: jantar em Salvador 31 de agosto • 9h: saída para City Tour em Salvador da Bahia • 19h30m: jantar em Salvador 1 de setembro • 8h: Seminário no hotel sobre Políticas Públicas, Participação Social e Segurança Alimentar • 11h: saída para almoço e visita a Restaurante Popular em Salvador • 14h: reunião com a SEDES e com o GGSAN da Casa Civil do Governo da Bahia • 18h - 23h: saída para Camamu e check in no Hotel Rio Acaraí 2 de setembro • 11h30m: reunião de avaliação do Programa do Intercâmbio em Portugal • 13h30m: almoço no hotel • 15h: reunião com o SASOP • 19h30m: jantar no hotel 3 de setembro • 7h30m: saída para o Assentamento Dandara dos Palmares • 12h: almoço no Assentamento • 13h: troca de experiências de processamento caseiro de alimentos (polpas, doces, derivados da mandioca) e mercados institucionais (PAA e PNAE) • 16h: saída para visita a unidade de processamento de frutas − Assentamento Zumbi dos Palmares • 19h30m: jantar no hotel

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4 de setembro • 8h: saída para Ituberá para visita ao gestor municipal do PNAE • 10h: saída para Igrapiúna para visita ao gestor municipal do PAA • 12h30m: almoço em Camamu • 14h: encontro com a COOPROCAM • 15h: visita à Central da Alimentação Escolar e a creche em Camamu • 19h30m: jantar no hotel 5 de setembro • 9h: Seminário sobre Estratégias de Desenvolvimento Territorial e Políticas Públicas Locais • 12h30m: almoço no povoado de Acaraí e visita a fábrica familiar de cacau • 15h: visita a unidade de processamento de mandioca (casa de farinha) • 19h30m: jantar no hotel 6 de setembro • 7h30m: saída para visita à Feira Livre e Mercado do Peixe em Camamu • 9h30m: saída de barco para visita à Baía de Camamu com paragem em Barra Grande • 12h30m: almoço na Ilha do Sapinho • 16h30m: reunião de avaliação do Intercâmbio • 19h: jantar em Camamu 7 de setembro • 6h30m: saída para Salvador • 13h: almoço em Salvador • 17h45m: partida para Lisboa no voo TAP 0022, 17h45m (SSA) - 05h55m (LIS) 8 de setembro • 5h55m: chegada ao aeroporto de Lisboa • 6h30m: saída para o Hotel VIP Executive Zurique (delegação de Timor-Leste) • 7h: check-in no Hotel VIP Executive Zurique (delegação de Timor-Leste) • 11h30m: partida para São Tomé e Príncipe no voo TAP 0267 (delegação de São Tomé e Príncipe) • almoço e tarde livre • 19h30m: jantar no hotel 9 de setembro • manhã livre • 12h: almoço no hotel • 13h30m: saída para o aeroporto de Lisboa • 16h20m: partida para Frankfurt no voo LH 1169

II – Descrição das Atividades Desenvolvidas Reunião inicial para apresentação do Programa de Intercâmbio em Portugal

A ACTUAR preparou uma sessão de boas vindas aos participantes timorenses deste Intercâmbio onde estes tiveram a oportunidade de se apresentar e às suas organizações, conhecer os facilitadores e receber material de comunicação de apoio ao Intercâmbio. Após apresentação dos objetivos definidos para o Intercâmbio foi preenchida uma Ficha de Expectativas individual (ver Anexo 5) e realizado um exercício participativo de discussão em grupo dessas mesmas expectativas individuais (ver no Anexo 6 as expectativas identificadas pelos participantes), que podemos sistematizar em 4 grandes temáticas: Políticas Públicas; Metodologias e Tecnologias; Mercados; e Redes de OSC para a SAN.

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Visita à Herdade do Freixo do Meio

Os participantes foram recebidos na HFM pelo seu responsável, Alfredo Cunhal Sendim, que lhes facilitou uma extensa e cuidada visita a esta exploração agropecuária situada no concelho de Montemor-o-Novo. A exploração tem o desafio de explorar sustentavelmente os seus atuais 423 hectares de “Montado”. O modelo de produção assenta, desde 1990, no restabelecimento do solo e dos diferentes

extratos do sistema (arbóreo, arbustivo e herbáceo), bem como na implementação de um conceito multiprodutivo, onde se gerem no mesmo tempo e espaço atividades silvícolas, agrícolas e pecuárias, frutícolas, hortícolas, transformação e distribuição alimentar, retalho alimentar, serviços ambientais, produção de energia, serviços turístico-didáticos e investigação. A HFM dispõe de uma loja com produtos de Agricultura Biológica Certificada, produzindo, no âmbito do Regulamento CEE/2082/92, 4 produtos agropecuários certificados: o Borrego de Montemor-o-Novo IGP, a Vitela do Montado ETG, o Bovino Mertolengo DOP e a Carne de Porco Raça Alentejana DOP. A HFM pratica uma agricultura sustentável, respeitando os recursos naturais e os ciclos da natureza. Procura uma sustentabilidade económica a par da prática efetiva de políticas sociais e ambientais adequadas, contribuindo para uma nova ordem energética baseada na produção local de energia. Os participantes do Intercâmbio puderam observar nesta visita o modo como a HFM tenta gerir responsavelmente o ecossistema do Montado, respeitando a sua vocação para a multifuncionalidade, através da adoção de uma abordagem interdisciplinar (recorrendo às ciências agrárias mas também à economia, à ecologia e às ciências sociais) na condução das várias dinâmicas criadas neste espaço. Apesar deste ser um ecossistema específico, a visita permitiu aos participantes visualizar estratégias de respeito e valorização pelo conjunto integrado dos serviços que um ecossistema pode proporcionar: serviços de suporte e regulação (proteção do solo, da água e da biodiversidade; regulação do

clima, através da opção por sistemas extensivos; modo de produção biológico; opção pelas raças autóctones; sequestro de carbono; produção de energias limpas); serviços de produção (grande variedade de alimentos sazonais; matérias-primas); e serviços socioculturais (manutenção da paisagem tradicional e da identidade local; serviços pedagógicos; serviços recreativos; serviços de integração).

Seminário na ESAC sobre Agricultura Familiar e Desenvolvimento Local

Este Seminário teve como objetivo a partilha de boas práticas de Agricultura Familiar e Desenvolvimento Local em Portugal. O Seminário foi moderado por Francisco Sarmento, do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra e membro da ACTUAR. As intervenções foram de Miguel Malta, professor na ESAC, que falou sobre Agricultura Urbana e Segurança Alimentar na CPLP; José João, da Rede Colaborativa do Mondego, que falou sobre Redes Colaborativas para a Comercialização de Produtos Locais; e Joana Dias, membro da ACTUAR, que falou sobre Regimes de Proteção do Conhecimento Tradicional e o papel das Indicações Geográficas e Denominações de Origem. Os participantes colocaram várias questões durante a discussão, tendo-se salientado que grande parte das Estratégias ali apresentadas podem enquadrar-se num conjunto de ações de “resistência” por parte da Agricultura Familiar portuguesa que tem sido fortemente penalizada

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pelo processo de concentração na maior parte das cadeias de produção e distribuição de alimentos. Por fim, João Amílcar Correia, membro da ACTUAR, fez a apresentação do Programa de Visitas do dia seguinte, contextualizando a Região Centro do país, a produção de arroz no Baixo Mondego e a produção de mel na Serra da Lousã. [Mais detalhes no Anexo 2] Visitas a áreas e produtores de arroz no Vale do Mondego

O Baixo Mondego é a uma extensa planície aluvionar, atravessada longitudinalmente pelo rio Mondego. O Perímetro de Rega do Baixo Mondego é constituído pelo Vale Central do rio Mondego, entre Coimbra e a Figueira da Foz, e pelos vales secundários dos afluentes do rio perfazendo uma área total de 12.300 hectares. Esta região é

rica nas produções de arroz e milho, com grande impacto na economia local. Os participantes visitaram um emparcelamento agrícola no Vale Central do rio Mondego, pertencente à Escola Profissional Agrícola Afonso Duarte, de Montemor-o-Velho, e ouviram explicações sobre a região e a variedade de arroz nela produzida, o Arroz Carolino (Oryza sativa L., subespécie Japónica) IGP, ao abrigo do Regulamento (CE) n.º 510/2006 do Conselho de 20 de março de 2006, por parte de Mário Pardal, Diretor Técnico da Escola, tendo sido ainda acompanhados por Joaquim Carraco, Diretor da Escola. No mesmo local, visitaram o Campo Experimental da Barca, pertencente ao Ministério da Agricultura, onde se faz investigação para melhoramento de sementes. Num segundo momento, visitaram duas tipologias distintas de produtores “familiares”. O primeiro, Víctor Martinho, na localidade de Ereira, possuia instalações de secagem e embalamento de arroz com certificação em Proteção Integrada. Dotado de instalações e equipamento moderno financiados parcialmente pela UE, os lucros deste produtor vêm, maioritariamente, da área explorada e venda a granel de arroz. Aqui ficaram a saber que o arroz carolino tem 22% de humidade aquando da colheita, passando depois da secagem para

cerca de 13%, continuando a secar durante o armazenamento. O segundo, Armando Braz, em Alqueidão, também com certificação em Proteção Integrada mas apenas com instalações para secagem de arroz, desenvolveu uma tecnologia própria de transformação e secagem do cereal e medidores de humidade portáteis para grãos. Esta visita, em particular, foi muito valorizada pelos participantes

timorenses, que manifestaram o desejo de poder ter acesso a esta tecnologia, identificando o seu potencial de replicação no seu país. Visita a unidade de produção do Mel da Serra da Lousã DOP - LOUSÃMEL

A cooperativa LOUSÃMEL foi fundada em 1988 para ajudar os apicultores da Serra da Lousã, contando atualmente com 310 cooperantes. Em 1994 é reconhecida a DOP através do despacho N.º 27/94 de 4 de fevereiro, definindo-se a cooperativa como organismo gestor. A área de implantação da DOP é de 184.219 hectares. Em 1996 é construída a sua primeira sede própria, com o apoio da Câmara Municipal da Lousã, e são criadas melhores condições para os seus dirigentes e associados trabalharem. Nas novas instalações cria-se o Centro Interpretativo do Mel da Serra da Lousã − Melaria Coletiva, espaço onde se pode assistir ao processo de produção de mel, conhecer os produtos da colmeia, o histórico e as especificidades da

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apicultura e degustar o mel. Os objetivos da cooperativa são: i) assegurar o cumprimento das normas relativas à certificação; ii) comercializar a produção dos apicultores, incluindo a promoção de feiras e exposições; iii) garantir as condições de extração de mel, incluindo a assistência técnica e a formação; iv) gerir a central meleira. Todas estas informações foram transmitidas pelo presidente da cooperativa, António Agostinho de Carvalho, que depois conduziu o grupo numa visita guiada às instalações de processamento e embalamento do mel. Os participantes reconheceram a premência da replicação desta actividade em Timor-Leste e colocaram uma série de questões visando recolher os conhecimentos técnicos necessários à sua operacionalização. Além dos esclarecimentos quanto às técnicas de instalação das colmeias e de recolha do mel, da discussão desenvolvida concluiu-se ainda que o associativismo poderá ser uma forma de viabilizar a apicultura em Timor-Leste, fomentando o desenvolvimento sustentável. A organização da atividade apícola propiciona a remodelação das unidades familiares de produção, alia respeito e proteção do meio ambiente, imprescindível para o bom desenvolvimento da apicultura, com geração de rendimento e ocupação para as famílias. Uma associação de apicultores poderá ser a peça-chave neste processo, enquanto instrumento fundamental de promoção do ambiente necessário à ação coletiva e canal responsável quer pela disseminação das informações de que os agricultores timorenses necessitam para se inserir na apicultura como pelo processamento e comercialização da produção, possivelmente até através de uma certificação deste produto agropecuário.

Visitas à sede da CPLP, à Embaixada de Timor-Leste em Lisboa e à sede do IMVF

No dia 29 de agosto juntaram-se aos participantes de Timor-Leste os elementos de São Tomé e Príncipe. A comitiva foi recebida na sede da CPLP por Clara Justino e Philip Baverstock, Técnicos da Direção de Cooperação, onde assistiu a uma apresentação sobre a estrutura institucional da CPLP (que pode ser consultada em anexo). Os participantes foram informados acerca das dificuldades

inerentes ao processo de implementação da ESAN-CPLP e da Campanha “Juntos Contra a Fome”, tendo a CPLP recebido críticas por parte da comitiva relativas ao atraso verificado na operacionalização da ESAN-CPLP, o que demonstra falta de vontade política, e sugestões no sentido de se conseguir viabilizar a efectiva participação da Sociedade Civil neste processo, através do apoio institucional e financeiro às Redes da Sociedade Civil para a SAN dos vários países. Finalmente, foram conduzidos numa pequena visita guiada pelo edifício da CPLP, sendo recebidos no Salão Nobre pela Diretora Geral da CPLP, Georgina Benrós de Mello. Em seguida, a comitiva deslocou-se à Embaixada de Timor-Leste em Lisboa, sendo recebidos pela Embaixadora Maria Paixão Costa e pelos seus adidos do Comércio, Víctor Tavares, e da Educação, Anselmo Aparício. Após uma apresentação de todos os participantes, a Embaixadora relatou as principais tarefas e desafios da Embaixada em

Portugal, colocando o enfoque no apoio aos estudantes timorenses em Portugal, assunto que motivou algum debate. O programa de visitas deste dia terminou com a visita à sede do IMVF, onde foram recebidos pelo seu Diretor, Ahmed Zaky, que relatou a história da instituição e resumiu a sua atividade de cooperação. Finalmente, os participantes foram conduzidos numa visita guiada ao edifício, tendo

cumprimentado os membros da equipa do IMVF presentes.

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Reunião para apresentação do Programa de Intercâmbio no Brasil

No dia da chegada a Salvador realizou-se uma pequena reunião com o objetivo de apresentar o Programa de Intercâmbio no Brasil. Os participantes puderam aí conhecer Carlos Eduardo de Souza Leite, Coordenador Geral do SASOP, entidade parceira da ACTUAR no Brasil que apoiou a organização do programa de visitas na Bahia, e Jainei Silva, nutricionista e consultora ao serviço da ACTUAR/SASOP, que acompanhou todas as atividades do Intercâmbio realizadas no Brasil. City Tour em Salvador da Bahia

O dia seguinte foi reservado para algum descanso, tendo os participantes a oportunidade de fazer um tour pela cidade de Salvador da Bahia e conhecer os seus principais pontos turísticos.

Seminário sobre Políticas Públicas, Participação Social e Segurança Alimentar

O objetivo deste Seminário foi apresentar e discutir alguns eixos de Políticas Públicas com participação social que o Brasil implementou a nível federal e estadual nos últimos anos na área da SAN. Francisco Menezes, da ActionAid Brasil e ex-Presidente do CONSEA, falou sobre a História Recente das Políticas Públicas e dos Mecanismos da Participação Social para a SAN no Brasil. Em seguida, Sílvio Porto, ex-Diretor da CONAB,

falou sobre as Políticas Públicas Nacionais para o Abastecimento Alimentar, incluindo Programas de Proteção Social. Carlos Eduardo, do SASOP, falou sobre as Políticas Públicas Estaduais para a SAN e Participação Social e a articulação entre o nível estadual e o nacional. Marcos Lopes, da CGFOME do Itamaraty − Ministério das Relações Exteriores do Brasil, falou sobre a Política de Cooperação Internacional do Brasil na área da SAN. O Seminário foi moderado por Francisco Sarmento. [Mais detalhes no Anexo 3] Refira-se que neste dia juntaram-se ao grupo João Amorim, agrónomo, consultor da ACTUAR, especialista em Organização de Produtores e Tecnologias de Processamento, e Avanildo Duque, coordenador de Programas da ActionAid Brasil, entidade que apoia o SASOP. Almoço e visita a Restaurante Popular em Salvador

O almoço do dia 1 de setembro foi realizado num Restaurante Popular e seguido de uma visita guiada à cozinha do estabelecimento. Os Restaurantes Populares são um conceito novo posto em prática no âmbito da Política de SAN e atualmente o Governo Estadual da Bahia mantém dois estabelecimentos em Salvador, que servem 4300 almoços diariamente, a 1 Real3/prato, custando cada refeição 5,8 Reais4 ao Estado. Os seus orçamentos são suportados por recursos públicos do Governo Federal e do Governo Estadual da Bahia. Cooperativas e Associações de Agricultura Familiar participam diretamente nesta iniciativa, fornecendo alimentos saudáveis, produzidos segundo alguns princípios da Agroecologia, após discussão e negociação dos preços e da logística de entrega. Entre os alimentos servidos, destacam-se vários produtos básicos na composição dos pratos: feijão, arroz, farinha de mandioca, peixe, carne, frutas e polpas de frutas usadas para fazer sucos. Esta estratégia dinamiza a economia

3 Cerca de 0,32 Euros ou 0,4 Dólares. 4 Cerca de 1,86 Euros ou 2,32 Dólares.

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local das comunidades rurais e dos municípios do interior e favorece o acesso das famílias rurais a outros bens e serviços. A comitiva ficou bastante impressionada com a escala e o funcionamento deste equipamento, tendo manifestado o desejo de poder adoptar este conceito nos seus países, embora a sua sustentabilidade financeira possa ser um problema, em particular, para Estados que dispõem de orçamentos diminutos. Reunião com a SEDES e o GGSAN

Ampliando o debate desencadeado no Seminário de Salvador, os participantes puderam ouvir Kivio Lopes, Chefe de Gabinete da SEDES do Governo da Bahia, e Rose Pondé, Superintendente da Superintendência de Inclusão Social e Assistência Alimentar, apresentar os mecanismos utilizados para viabilizar os vários programas sociais do Estado vinculados à SAN: PAA, PAA Leite, PNAE, Nossa Sopa, Água para Todos, Pescando Renda, Povos

Tradicionais e Inclusão Produtiva. Para a operacionalização desses programas e projetos foi necessária a criação de Conselhos, Redes e Grupos de Gestão, compostos por representantes do Estado e da Sociedade Civil, numa relação paritária, que traduz a participação dos movimentos sociais envolvidos nessas dinâmicas. Flávio Bastos, Secretário Executivo do GGSAN, acrescentou que os debates tidos nesses arranjos institucionais permitiram gerar a Política Estadual de SAN (PESAN), aprovada na 4ª Conferência Estadual de SAN realizada em 2013, para amparar legalmente as ações públicas dos municípios da Bahia. A PESAN é gerida pelo GGSAN, pelo CONSEA-BA e pelo Governo da Bahia, por meio de várias das suas Secretarias. Os dados dos vários programas mostram avanços nas políticas sociais, nomeadamente pela participação das populações (agricultores familiares, pescadores, criadores de gado, extrativistas, quilombolas) organizadas em Associações, Cooperativas e Colónias de Pescadores. Esta questão foi especificamente valorizada pelos gestores governamentais, que reforçam a necessidade de ampliar as ações para todos os municípios baianos (417), de forma coordenada e integrada com os movimentos sociais e as organizações associativas rurais. Ficou também clara a importância dada à integração entre as distintas Secretarias sectoriais Estaduais e a necessidade de que a PESAN seja Lei (é apenas amparada pelo Decreto Nº 14.684 de 01 de agosto de 2013) para se garantir a continuidade de todas as ações em curso, mantendo a participação social como instrumento legal, conquistado pela Sociedade Civil. Os dados apresentados motivaram várias questões dos participantes: a importância da integração entre os Ministérios e as Secretarias Estaduais; as estratégias legais de licitação e compra dos produtos; a composição dos orçamentos para viabilizar as infraestruturas existentes, a compra e distribuição dos alimentos; as relações entre os preços dos produtos locais e dos importados de outros Estados; e as influências da participação social na manutenção e continuidade das Políticas Públicas citadas. Flávio Bastos explicou os aspetos legais da Dispensa de Licitação para compras de alimentos (Lei 10.696/2003); os Preços de Referência apontados pelo Governo Federal para orientar a composição dos preços dos produtos (naturais e processados) pelo PAA e pelo PNAE; e a criação do Fundo de Combate à Pobreza, com dotação orçamental, criado pelo atual Governo da Bahia. Foi salientado o papel destes mecanismos no fortalecimento dos laços políticos entre Associações, Cooperativas, Colónias de Pescadores e conselhos e redes e as instâncias públicas – Estados e Municípios – e a relevância do Controlo Social na implementação das políticas, bem como a importância fundamental de a Sociedade Civil exercer pressão para a criação de leis que transformem as atuais Políticas de Governo em Políticas de Estado, única forma de garantir a continuidade das iniciativas em curso na eventualidade de mudança de Governo.

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Reunião com o SASOP

Já em Camamu, os participantes assistiram a uma apresentação relativa às atividades desenvolvidas pelo SASOP na região (os vários materiais audivisuais apresentados podem ser consultados em anexo) e sobre os projetos que seriam visitados nos dias seguintes, realizada por vários elementos da sua equipa técnica: Heloisa, Alianildo, Ana Celsa, Noel, Alexsandro, Domingos e Aldo.

O SASOP atua por meio de Programas de Desenvolvimento nos Territórios Sertão do São Francisco e Baixo Sul da Bahia, ambos apoiados pela ActionAid Brasil, e faz parte de várias redes que atuam na promoção da agroecologia e no fortalecimento da Agricultura Familiar, nomeadamente, o CONSEA, o CONSEA-BA e o FBSSAN, membro da REDSAN-CPLP. As intervenções do SASOP no Território do Baixo Sul da Bahia, onde se enquadra Camamu, têm resultado na organização de associações comunitárias rurais, cooperativas, grupos de interesse e outros arranjos, destacando como avanços significativos a maior visibilidade e valorização do trabalho das mulheres camponesas e a sua ocupação de lugares de destaque nos vários espaços públicos de debate − conselhos, sindicatos, fóruns e redes municipais, territoriais e estaduais – e a formação de jovens agricultores. Em particular, o SASOP apresentou os caminhos, as estratégias políticas e técnicas (passo a passo) para viabilizar a inserção das comunidades no PAA e no PNAE, ilustrando resultados quantitativos do PAA no Assentamento Dandara dos Palmares em Camamu e do PNAE em Ituberá, que envolvem diretamente a CONAB, a EBDA, as Prefeituras Municipais, o SASOP, o STTR, a COOPROCAM e as Associações Comunitárias Rurais. As estratégias apresentadas impressionaram os participantes e forneceram um enquadramento fundamental para os projectos visitados nos dias seguintes. Visita ao Assentamento Dandara dos Palmares

Dona Del (Maria Andrelice Silva dos Santos), Coordenadora Geral, e Octávio Fagundes da Silva e Rosildo, representantes da Diretoria da AADADP receberam os participantes deste Intercâmbio na visita a este Projeto de Assentamento (PA) da Reforma Agrária, localizado na zona rural de Camamu. Após as boas vindas e a apresentação de todos os presentes, Otávio relatou o histórico da constituição do PA, antiga fazenda de cacau ocupada em 1997 pelo Movimento dos Sem Terra e posteriormente expropriada pelo INCRA, que assentou 65 das 70 famílias que participaram da ocupação, atribuindo a cada lotes de 25 hectares por sorteio, para garantir a imparcialidade na ocupação das terras. Todo o processo de demarcação, diagnóstico e elaboração dos Planos de Desenvolvimento Sustentável do PA foi mediado pelo SASOP. Cada família só trabalha 8 hectares de terreno, já que parte da área é de Reserva Legal, uma vez que o PA ocupa um fragmento do ecossistema protegido da Mata Atlântica. Dona Del descreveu depois, passo a passo, as estratégias de produção, processamento, venda e distribuição dos alimentos ao PAA, destacando que atualmente 75 famílias estão inseridas neste programa, sendo 30 famílias de outros dois Assentamentos vizinhos (Brahma e Beija-Flor), que ainda não possuem a DAP5 Jurídica ao PRONAF, documento que pode ser emitido pela EBDA e pelos STTR para legitimar a categoria de agricultor rural, pescador e extrativista e que é exigido pela CONAB para efetivar os contratos com o PAA e o PNAE. No primeiro projeto do PAA relativo ao ano de 2014, o contrato entre a CONAB e a AADADP foi de 325 mil Reais6, estando já o novo projeto a ser elaborado. O PAA permitiu aumentar substancialmente os

5 “É o instrumento que identifica os agricultores familiares e/ou suas formas associativas organizadas em pessoas jurídicas, aptos a realizarem operações de crédito rural ao amparo do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – Pronaf, em atendimento ao estabelecido no Manual de Crédito Rural MCR, do Banco Central do Brasil, Capítulo 10, Seção 2.” In: http://www.mds.gov.br/segurancaalimentar/equipamentos/feirasemercados/arquivos/declaracao-de-aptidao-ao-pronaf-dap.pdf/at_download/file. 6 Cerca de 104 mil Euros ou 130 mil Dólares.

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rendimentos destas famílias, particularmente das mulheres, que atualmente compõem 30% do total de famílias envolvidas diretamente. Finalmente, mostraram ao grupo alguns dos alimentos produzidos pelas famílias assentadas: batata, banana, noz moscada, cacau, cupuaçu, inhame, mandioca (aipim), pimentas, pupunha, palmito, coco, dendê, mamão, melão, feijão, milho, fava, chuchu, jaca, angu, abóbora, abacate, fruta-pão, amendoim, laranja e limão. Após a colocação de algumas questões pelos participantes acerca da operacionalização do PAA, desde a contratação até à distribuição dos alimentos e ao pagamento às famílias fornecedoras, Dona Del explicou os avanços conquistados a partir desta nova forma de valorização dos produtos locais e destacou que os processos burocráticos ainda precisam de ser debatidos e revistos, para facilitar as negociações, a definição dos preços e o equilíbrio entre a procura das instituições e a oferta sazonal dos produtos dos Assentamentos. O pagamento dos produtos às famílias é feito mensalmente através de cheques nominais. As verbas são transferidas da Prefeitura para a Cooperativa da Agricultura Familiar, que as transfere para as Associações, que depois passam os cheques aos agricultores individualmente, de acordo com os volumes e os valores dos produtos fornecidos semanalmente. Outros problemas enfrentados no PA são a necessidade de planeamento da produção e o processamento de parte dos alimentos

atualmente vendidos ao natural, pela falta de instalações e equipamentos apropriados para processamento. A comitiva foi depois conduzida pelo Grupo de Mulheres da Agroecologia (5 mulheres que além da renda obtida com a venda de produtos mantêm um Fundo Rotativo Solidário7 e utilizam os recursos acumulados no atendimento às suas necessidades, ratificando assim a sua autonomia perante os seus companheiros) numa

visita guiada ao Sistema Agroflorestal, à Roça de Maria Andrelice, mais conhecida por Roça das Mulheres, a uma Casa de Farinha (algo precária, o que limita a extração de produtos que poderiam ser utilizados em larga escala no PAA, no PNAE e nos mercados convencionais) e à residência de Dona Del, onde processa alguns alimentos com o auxílio de equipamento artesanal construído pelo seu filho. Destas visitas ressaltou o valor do trabalho cooperativo mas também a iminente necessidade de investimento em infraestruturas e equipamentos de processamento à escala industrial de parte dos produtos produzidos no PA, que assim são desperdiçados (caso do cupuaçu, como o grupo pôde observar no terreno), dada a falta de infraestrutura de armazenamento, processamento e acondicionamento da polpa, para venda na entressafra. O cacau é outro produto nobre e raro noutras regiões mas que é aqui ainda subaproveitado, já que as famílias apenas aproveitam as amêndoas para vender às fábricas de chocolate, desperdiçando a polpa que pode ser transformada em suco, sorvete e muitos outros produtos. Apenas a família de Dona Del extrai o mel de cacau, outro produto nobre que pode ser vendido em vários nichos de mercado, processando ainda jenipapo, coco e outros frutos nativos, que garantem algum rendimento extra. Caso oposto é o da mandioca, que é aproveitada numa enorme gama de produtos: pamonha, beiju, tapioca, bolos, doces, entre outros. Porém, em termos gerais, apesar do dinamismo e inovação encontrados, verificou-se que as infraestruturas existentes ainda não são adequadas para a transformação em condições de viabilidade técnica e económica (face à legislação higiénico-sanitária em vigor no Brasil), área onde o SASOP pretende reforçar o seu apoio a esta Comunidade. Visita a unidade de processamento de frutas no Assentamento Zumbi dos Palmares

No Assentamento Zumbi dos Palmares, o grupo visitou uma pequena agroindústria de processamento de polpas de frutas propriedade de Benedito Alves Docilio, um jovem agricultor assentado. Dispondo de água filtrada e energia elétrica, este é um empreendimento

7 “O Fundo Rotativo [Solidário] é uma metodologia de apoio financeiro às atividades produtivas de agricultores e agricultoras familiares e grupos associativos. (...) Os Fundos são formas de valorização da poupança comunitária e assumem a forma de gestão compartilhada dos recursos coletivos. São constituídos a partir da contribuição das famílias ou estimulados por um capital externo oriundos de parceiros.” In: http://sasop.wordpress.com/experiencias-na-mata-atlantica/fundo-rotativo-solidario/.

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pequeno mas bem equipado e em expansão, que vende para o PAA e o PNAE e para alguns restaurantes e lanchonetes da região e de dois municípios turísticos: Barra Grande e Morro de São Paulo. Processa gengibre, maracujá, manga, goiaba, acerola, cacau, cupuaçu, graviola, jenipapo, entre outras frutas. O produtor já tem o Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) e está a realizar melhorias na sua unidade para poder vir a possuir uma licença municipal, documentos exigidos para a comercialização no Município (mas não noutros Municípios). Esta unidade foi construída no terreno particular da família de Benedito e é mantida com o trabalho rotineiro de 9 mulheres, que fornecem as frutas e trabalham diretamente na transformação, embalagem e no congelamento das polpas, tendo recebido formação técnica do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI). Como ainda não tem uma marca própria, os produtos são embalados em sacos de polietileno de 100, 200 e 1000 gramas, comprados no mercado local. Apenas os sacos de 1kg estão rotulados com a designação Polpa de Fruta e identificam o tipo de polpa, que é assinalado na embalagem com um marcador, apresentando também a data de fabricação e o prazo de validade. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) visitou a unidade, fez as notificações necessárias e estimou um prazo para o cumprimento de todas as exigências para este tipo de negócio: paredes revestidas com azulejos, pisos apropriados, mesas de aço inoxidável, teto forrado, destino correto dos resíduos, embalagens próprias para cada tipo de produto, entre outras, que, segundo o proprietário, estarão atendidas nos próximos dois meses, deixando a agroindústria pronta para o correto funcionamento. O horário de realização desta visita não permitiu que o grupo pudesse ver a unidade em funcionamento, facto que os participantes lamentaram bastante, mas que foi contornado pelas explicações do proprietário.

Visita ao gestor municipal do PNAE em Ituberá

Neste encontro com Manoel Sales, Coordenador Municipal da Agricultura Familiar, da Secretaria de Agricultura da Prefeitura de Ituberá, o grupo pôde conhecer os procedimentos para efetivação das compras públicas que abastecem as escolas da Educação Infantil, do Ensino Fundamental, do Ensino Médio e dos Projetos Especiais de

Educação de Jovens e Adultos e verificar a importância desta iniciativa para a vida da população que vive da Agricultura Familiar (agricultores, pescadores, extrativistas, quilombolas, indígenas) e para as crianças, jovens e adultos que dispõem de alimentos saudáveis nas escolas rurais e urbanas. Como se trata de uma experiência recente (a atual prefeita municipal assumiu o mandato em 2013), os gestores apostam na continuidade do programa, que tem valorizado os produtos locais, que gradativamente substituem os alimentos industrializados que sempre compuseram a merenda das escolas. Neste município, os produtos do PNAE também alimentam as crianças das creches, estratégia inédita que tem recebido a aprovação de todos os atores envolvidos. No projeto do PNAE 2014 a Prefeitura Municipal de Ituberá contratou a soma de 242.500 Reais8 e já cumpriu com 60% da meta contratada, envolvendo 64 agricultores. O FNDE é o gestor dos recursos financeiros. Após a apresentação destes dados (a apresentação realizada pode ser consultada em anexo), os participantes colocaram diversas questões relacionadas com a garantia de continuidade do PNAE; com a garantia de qualidade dos produtos da Agricultura Familiar; com a prioridade dada às associações rurais, perante as empresas privadas, no fornecimento dos alimentos para o PNAE; e com as formas de proteção dos agricultores de intermediários. Manoel Sales respondeu que só mantendo a mobilização popular, através da participação social em todos os espaços públicos, se conseguirá pressionar os poderes públicos para transformar esta Política

8 Cerca de 77.600 Euros ou 97 mil Dólares.

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de Governo em Política de Estado e deste modo assegurar a sua perpetuação; que a ação articulada entre o Conselho Municipal de Alimentação Escolar (CMAE), os funcionários da Secretaria Municipal de Educação e os agricultores e suas associações garantem o compromisso de produzir alimentos sem o uso de agrotóxicos e da forma mais natural possível, tendo o apoio técnico da Vigilância Sanitária do Município que orienta e fiscaliza os processos produtivos; que os projetos no valor de 100 mil Reais9 permitem a contratação direta de agricultores, pescadores, extrativistas e outras categorias, de forma individual ou organizados em Associações, Cooperativas ou Colónias de Pescadores, e que projetos acima de 100 mil Reais só poderão ser contratados com Organizações ou Cooperativas que possuam a DAP Jurídica e os demais documentos exigidos (estatutos sociais e atas das Associações), sendo que, nos dois casos, a Prefeitura Municipal de Ituberá, amparada pelo CMAE, dá prioridade aos produtos da Agricultura Familiar e já ultrapassa o valor mínimo recomendado que é de 30% dos recursos financeiros do PNAE. Visita ao gestor municipal do PAA - SEDES em Igrapiúna

Numa reunião solene na Câmara de Vereadores, com a presença do Prefeito Municipal de Igrapiúna, Leandro Ramos, e da equipa que coordena o PAA, foram apresentadas as etapas que compreendem a compra direta de produtos da Agricultura Familiar (a apresentação realizada pode ser consultada em anexo). A Coordenadora Local do PAA, Rosani Passos, apresentou todas as etapas para efetivação das compras dos alimentos e distribuição regular nas instituições públicas e não públicas (Pastoral da Criança, creches, famílias pobres e em condição de insegurança alimentar, escolas municipais, entre outras) e divulgou alguns dados: 72 agricultores estão cadastrados e fornecem alimentos para 547 famílias pobres, havendo interesse demonstrado para novas adesões; 62 instituições recebem os alimentos, incluindo as escolas públicas municipais, já que ainda não foi implantado o PNAE; já foram comprados 39 tipos de produtos, naturais e processados, incluindo polpas de frutas, farinha de mandioca, doces, entre outros; neste primeiro ano já foram comprados e distribuídos 65,7 toneladas de alimentos e negociados aproximadamente 153 mil Reais10, tendo a Prefeitura já cumprido 88% das metas contratadas. Para suportar as compras públicas do PAA, a Prefeitura criou a Lei Municipal 373 de 28 de agosto/2014. A Secretaria Municipal de Educação garante o transporte de alimentos para a cidade quando as famílias e associações rurais não dispõem de transporte e tem investido na infraestrutura e logística. Com o PAA, agricultores, pescadores, extrativistas e quilombolas estão a recuperar a Feira Livre da cidade, que tinha deixado de se realizar, para vender parte dos produtos excedentes para a população local, ampliando as fontes de geração de trabalho e rendimento, havendo já sinais de redução do êxodo rural, muito comum nesta região, pela oportunidade de produzir e vender os alimentos no próprio Município. Ao mesmo tempo, a população local está a retomar hábitos de consumo dos produtos nativos e de transformação dos frutos de cada safra, da mandioca, da pupunha e de outros alimentos. O Município pretende ampliar as metas do PAA e implantar um Restaurante Popular, uma Cozinha Comunitária e uma Central de Abastecimento mais ampla, com todos os equipamentos necessários, para atender melhor à procura e oferta de produtos locais. O CONSEA-BA é o principal órgão fiscalizador do PAA.

Encontro com a COOPROCAM e visita a Central da Alimentação Escolar e creche em Camamu

A COOPROCAM é a entidade proponente do PNAE em Camamu. Sr. Domão, seu presidente, explicou ao grupo que é a cooperativa que detém o contrato do PNAE com a Prefeitura e

9 Cerca de 32 mil Euros ou 40 mil Dólares. 10 Cerca de 49 mil Euros ou 61 mil Dólares.

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depois faz contratos de fornecimento individuais com os produtores, organizados em núcleos. A cooperativa regista a procura dos produtos, distribui as encomendas pelos agricultores, que fazem as entregas sob o seu acompanhamento, e no fim recebe as verbas da Prefeitura e realiza os pagamentos por cheque nominal a cada produtor. O seu papel é de intermediário entre a procura e a oferta e de facilitador de todo o processo burocrático inerente ao PNAE, prestando

assim um relevante serviço social aos seus sócios, os agricultores familiares. Sr. Armácio, responsável da Central de Alimentação Escolar (CAE) de Camamu, mostrou as instalações ao grupo e explicou que a CAE recebe semanalmente os produtos alimentares das mercearias e dos agricultores familiares (via COOPROCAM), centralizando todas as mercadorias que depois separa e distribui, diretamente às escolas ou fornecendo os núcleos escolares de cada região rural, que depois, por sua vez, distribuem as mercadorias por cada escola. Na Cheche “Mãe Zezé”, os participantes foram recebidos pela Diretora, Dona Almiraci, e assistiram ao lanche das crianças. A creche é uma instituição pública suportada pelo Governo Federal e Estadual, que acolhe crianças na sua maioria filhas de agricultores, pescadores ou empregadas domésticas. As 3 refeições diárias aí servidas: pequeno-almoço, almoço e lanche, são confecionadas na própria cozinha da creche, segundo o cardápio definido pela nutricionista e utilizando todos os produtos da Agricultura Familiar disponíveis. Seminário sobre Estratégias de Desenvolvimento Territorial e Políticas Públicas Locais

O objetivo do Seminário foi fazer uma revisão dos pontos mais importantes das visitas realizadas e uma leitura do modo como as Políticas Públicas atualmente em vigor no Brasil se têm implantado no Território do Baixo Sul da Bahia, tendo como palestrantes: Eduardo Azevedo, Coordenador do Colegiado Territorial do Baixo Sul da Bahia (articulação de municípios

desta região); Ana Cristina Souza dos Santos, Chefe do Escritório Local de Camamu da EBDA, empresa estadual que presta assistência técnica aos agricultores familiares; Dona Del, representante da Articulação de Mulheres do Baixo Sul da Bahia (AMBSB); e Andrezito de Souza, líder sindical do STTR, ex-Diretor da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Estado da Bahia (FETAG-BA). [Mais detalhes no Anexo 4] Visita a fábrica familiar de cacau e unidade de processamento de mandioca

No povoado do Acaraí, os participantes aproveitaram a pausa para almoço para visitar uma pequena fábrica familiar de cacau, em processo de completa renovação e expansão. No momento da visita, um grupo de mulheres confecionava e embalava barrinhas de 35gr de Chocolate Caseiro Cacau em Pedaços, marca de Cacau Brasileiro que é vendida nas grandes superfícies e lojas gourmet do Brasil por cerca de 4 vezes o preço de venda do produtor. De seguida, o grupo visitou a Casa de Farinha de Dona Maria José, com a missão de conhecer todas as técnicas e práticas de processamento de mandioca. Durante toda a tarde, os vários membros da comitiva puderam “pôr a mão na massa” e, sob a orientação de Dona Maria José, participar de todas as tarefas de processamento da mandioca, descancando, lavando, ralando e confecionando vários produtos feitos à base de mandioca: beiju, tapioca, pamonha, pé de moleque, que no final tiveram também o prazer de degustar. Na confeção destes produtos foram ainda usados chá de canela, coco, manteiga, queijo, açúcar e sal. Os participantes de São Tomé e Príncipe comentaram que no seu país já existe um grupo de mulheres que trabalha numa fábrica de derivados de mandioca onde a aprendizagem é permanente, sendo

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necessário um maior investimento, em particular em capacitação e na gestão, para que as mulheres possam ampliar a produção, criar novos alimentos e conquistar novos nichos de mercado. Os participantes timorenses ficaram admirados com a facilidade de preparação dos alimentos e equacionaram as vantagens da replicação destas técnicas no seu país, visando a

criação de postos de trabalho, o aumento do rendimento dos agricultores e o aumento do leque de produtos que poderão vir a ser inseridos na alimentação escolar, na prossecução da perspectiva de SAN. A lição fundamental retirada desta visita foi o facto de poder ser muito simples agregar valor acrescentado aos produtos básicos como a farinha de mandioca, havendo um potencial enorme de ganhos que os agricultores familiares desperdiçam por desconhecimento. No final deste dia, realizou-se ainda uma reunião para discussão das possibilidades e estratégias de trabalho em rede no âmbito da REDSAN-CPLP,

tendo sido acordados alguns passos visando a consolidação da Rede da Sociedade Civil para a Soberania e SAN de Timor-Leste. Visita aos Mercados de Camamu e saída de barco para visitar a Baía de Camamu

No último dia em Camamu os participantes visitaram a Feira Livre e o Mercado do Peixe, onde puderam observar os agricultores e pescadores familiares da região na venda direta dos seus produtos. De seguida, a comitiva saiu de barco para visitar a Baía de Camamu, tendo

parado em Barra Grande e almoçado na Ilha do Sapinho, aproveitando a oportunidade para conhecer melhor o ecossistema da região. Reunião de Avaliação do Intercâmbio

A encerrar o último dia do Intercâmbio em Camamu realizou-se uma Reunião de Avaliação. Os participantes preencheram uma Ficha de Avaliação individual (ver Anexo 7) preparada pela ACTUAR,

discutiram e apresentaram propostas de Estratégias Tecnológicas e Políticas para prosseguimento nos seus países (que se apresentam no Anexo 8) e concluiram que os objetivos do Intercâmbio foram plenamente cumpridos. III – Avaliação Nas expectativas identificadas na Ficha de expectativas individual preenchida no início deste Intercâmbio (ver Anexo 5) os participantes atribuíram importância máxima a: i) conseguir ter maior capacidade de apoiar a sua organização e os produtores associados para transformarem e comercializarem os seus produtos (83 % dos participantes); ii) ter maior capacidade de participar da construção de redes da Sociedade Civil para influenciar as Políticas Públicas relacionadas com a SAN e ter maior capacidade de influenciar a implementação de Políticas Públicas para a alimentação escolar e proteção social (78% dos participantes); iii) conhecer novas tecnologias e metodologias para valorização dos produtores agrícolas e proteção do meio ambiente (61% dos participantes); iv) conseguir identificar ações de colaboração entre as OSC da CPLP no âmbito da Segurança Alimentar (44% dos participantes). Destas expectativas iniciais sobressai o grande interesse na identificação e capacitação para tecnologias sociais.

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No momento da avaliação final, os participantes concluiram que os objetivos do Intercâmbio haviam sido plenamente cumpridos e, na Ficha de Avaliação individual preenchida no final do Intercâmbio (ver Anexo 7), consideraram-se muito satisfeitos com o Programa Técnico do Intercâmbio, nomeadamente, 89% com as Visitas, 72% com o Acompanhamento Técnico, 61% com os Facilitadores e 56% com os Seminários. Em relação à Logística, 67% revelaram-se satisfeitos com os Hotéis e os Transportes, enquanto 61% se mostrou muito satisfeito com a Alimentação. No que diz respeito à Organização Geral, 89% considerou-se satisfeito em relação à Pontualidade e 67% em relação ao Material de Apoio/Informação. Apenas 6% demonstrou a sua insatisfação quanto à Pontualidade e ao Material de Apoio/Informação. Pode, assim, concluir-se que os participantes ficaram muito satisfeitos com o programa. [As análises quantitativas das respostas dos participantes à Ficha de expectativas e à Ficha de Avaliação encontram-se, respetivamente, nos Anexos 5 e 7]. De notar que se considera que a escala utilizada poderá não ter sido a mais adequada (poderia ter sido a escala de Likert com 5 pontos) mas acredita-se que esta opção não invalida os resultados obtidos. Ao longo da realização do Intercâmbio, os participantes destacaram ainda como pontos positivos o intercâmbio cultural, a abertura de horizontes e o contacto com países muito distintos entre si e com povos com diferenças de mentalidade assinaláveis, bem como as especialidades alimentares conhecidas em Portugal e no Brasil. Como pontos negativos, identificaram a impossibilidade de ter visto a unidade de processamento de frutas do Assentamento Zumbi dos Palmares em laboração, tendo apenas ouvido as explicações do proprietário quanto ao seu funcionamento, e o facto de o programa de visitas se ter revelado muito intenso, quer em Portugal quer no Brasil, gerando algum cansaço. Esta constatação recomenda, em futuras iniciativas, prever menor carga de trabalho. Imprevistos a apontar foram uma avaria mecânica no autocarro de transporte da comitiva entre Fátima e Coimbra, que motivou o atraso no início dos trabalhos do Seminário na ESAC, e a avaria do ferryboat que faz a travessia da Baía de Todos os Santos entre Salvador e Bom Despacho, que obrigou a que a viagem entre Salvador e Camamu fosse toda ela realizada por estrada, aumentando em muito a duração prevista da viagem e o consequente cansaço.

IV – Algumas lições aprendidas Algumas das lições aprendidas foram já mencionadas no decorrer deste relatório. A diversidade das experiências vivenciadas nas visitas de campo fomentaram a reflexão acerca das possibilidades da sua replicação na realidade timorense e são-tomense. No global, os principais resultados deste Intercâmbio foram a abertura de “novos horizontes”, de canais de contacto para o aprofundamento de ideias e consequente aprofundamento da cooperação entre os diversos participantes e entidades envolvidas, o contato com novas realidades em diferentes áreas de trabalho, a aprendizagem sobre dinâmicas de trabalho e metodologias de trabalho em rede, a importância do reforço institucional e da capacitação em políticas públicas e a identificação de tecnologias sociais de produção e organização com potencial de replicação em Timor-Leste e São Tomé e Príncipe. Será importante realçar também as principais lições retiradas relativamente aos grupos temáticos inicialmente identificados pelos participantes: Políticas Públicas; Metodologias e Tecnologias; Mercados; e Redes de OSC para a SAN. Relativamente às Políticas Públicas, os participantes puderam verificar diferenças significativas entre Portugal e o Brasil. Em Portugal, observaram o grau de concentração das principais cadeias produtivas e as estratégias de sobrevivência dos agricultores familiares ainda operantes, donde sobressai a recente constituição de Redes Colaborativas, e constaram que a regulamentação higienico-sanitária induz um padrão tecnológico mais elevado, fator que promove a exclusão dos produtores familiares. Verificaram também que as modalidades de certificação de produtos assentes num território ou no conhecimento tradicional, incluindo modos de produção, são aceites pelo TRIPS da OMC e constituem, talvez, um mecanismo a

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aproveitar por Timor-Leste e São Tomé e Príncipe para proteção e valorização da produção familiar e preservação do meio ambiente. Contudo, constataram que o modelo de certificação adotado em Portugal é excludente, já que é operado maioritariamente por empresas privadas, pelo que a sua aplicação nos seus países poderá fazer-se em moldes distintos, por exemplo, utilizando modelos de certificação assentes nos próprios agricultores (algo que foi testado com sucesso no Brasil para a produção agroecológica). Os participantes puderam ainda verificar que em Portugal, apesar de a Sociedade Civil se encontrar organizada na REALIMENTAR, não existem Políticas Públicas que prevejam legalmente a intersectorialidade e a participação social em moldes adequados ao desafio que hoje representa a luta pelo Direito Humano à Alimentação Adequada. Contrariamente, no Brasil, país que teve de fazer face, num curto espaço de tempo, ao desafio de reduzir consideravelmente o número de pessoas vivendo na pobreza e em insegurança alimentar, os participantes verificaram a existência de um amplo conjunto de Políticas Públicas nacionais e estaduais articuladas inter-sectorialmente com esse objetivo. Todas estas políticas foram acompanhadas do reconhecimento normativo e legal da participação social da Sociedade Civil. Em particular, os participantes constataram a importância da articulação entre programas sociais e de apoio à Agricultura Familiar como, por exemplo, os Restaurantes Populares, o PNAE e o PAA. Note-se que a comitiva ficou impressionada com a escala e o funcionamento dos restaurantes populares, tendo apreciado a refeição consumida e a diversidade de alimentos servidos, em particular por saber que parte deles é fornecido pela Agricultura Familiar. Pese embora o desafio ainda existente para atingir a meta de 30% de compras públicas à Agricultura Familiar, foi possível verificar o papel da Sociedade Civil nesse processo, desde o nível local ao estadual e nacional. Contudo, os participantes foram também alertados para que estas políticas foram implementadas num país com grande poder negocial junto, por exemplo, da OMC, entidade que, todavia, tem feito já várias críticas, por exemplo, ao PAA. Relativamente às Metodologias e Tecnologias para a produção e comercialização (área de muito interesse para a maioria dos participantes), implica considerar o conceito de “tecnologias sociais”, ou seja, o conjunto de tecnologias e metodologias simplificadas, desenvolvidas maioritariamente pelos próprios produtores (incluindo organizativas e de participação social), que permitem a sua emancipação produtiva e social. Alguns exemplos emergiram durante este Intercâmbio: i) fortalecimento de associações de produtores para a ação coletiva, preservação do meio ambiente e reforço da identidade territorial através da produção e comercialização de mel; ii) transformação de derivados de mandioca; iii) transformação de frutas; iv) secagem de arroz; entre outros. Os participantes timorenses, por exemplo, ficaram admirados com a facilidade de preparação dos derivados da mandioca e equacionaram as vantagens da replicação destas técnicas no seu país, visando a criação de postos de trabalho, o aumento do rendimento dos agricultores e o aumento do leque de produtos que poderão vir a ser inseridos num futuro programa de alimentação escolar. Os participantes de São Tomé e Príncipe, por seu turno, comentaram que no seu país já existe um grupo de mulheres que trabalha numa fábrica de derivados de mandioca onde a aprendizagem é permanente, sendo necessário agora um maior investimento, em particular em capacitação e na gestão, para que as mulheres possam ampliar a produção, criar novos alimentos e conquistar novos nichos de mercado. Relativamente ao acesso aos Mercados, os participantes puderam verificar a importância crescente da ligação direta entre consumidores mais conscientes (que valorizem a alimentação adequada e a sustentabilidade ambiental) e os produtores organizados. Terão também verificado o papel multifuncional (para além da mera produção de alimentos) da agricultura, quer no Brasil quer, particularmente, em Portugal e os produtos/serviços associados (produtos diferenciados em função dos territórios, serviços ambientais, etc). Julga-se que os participantes terão também adquirido maiores capacidades (incluindo motivação) para a construção de ações colaborativas entre produtores e para a partilha de bens e

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equipamentos associados a alguma inovação incremental nos processos de fabrico/comercialização de seus produtos. Finalmente, todos estes aspetos podem estar intimamente ligados com o reforço das Redes de OSC para a SAN, acreditando-se que uma das principais lições aprendidas pelos participantes tenha sido a necessidade de articular a ação coletiva para influir nas Políticas Públicas que poderão determinar, no médio prazo, a maior ou menor viabilidade da Agricultura Familiar nos seus países. Cabe ainda realçar a compreensão da importância das OSC se organizarem e lutarem pelas Políticas Públicas mais adequadas e pelo direito de participação social através do reconhecimento legal dos Conselhos Nacionais de SAN dos seus países. Em termos organizativos, retiram-se também deste tipo de missões algumas lições. Entre elas, destaca-se a necessidade de definição detalhada dos programas e orçamentos relacionados com as visitas com maior antecipação e ter em consideração, na programação, o cansaço dos participantes após viagens internacionais tão longas. O estabelecimento de um comité de coordenação diário composto por representantes dos países participantes e da organização (ACTUAR/IMVF) revelou-se útil e uma boa lição para a gestão diária da programação.

V – Recomendações Em função das expectativas dos participantes, da sua avaliação, das lições aprendidas e de outros elementos recolhidos, recomendam-se algumas possíveis ações de seguimento. 1. Catálogo de Tecnologias Sociais

Esta iniciativa decorre do grande interesse e necessidade de permitir o acesso a tecnologias adequadas ao atual nível de desenvolvimento social, produtivo e económico dos produtores e suas organizações em Timor-Leste. A iniciativa poderia ser construída aproveitando alguma informação já desenvolvida por algumas organizações da CPLP11. Esta informação seria actualizada e colocada em suportes adequados para disseminação. Esta base de dados incluiria inicialmente a cadeia de frutas (considerando o coco), mandioca, arroz e mel de abelhas nativas. No futuro, a ampliação desta base de dados poderia incluir tecnologias sociais para aproveitamento da energia solar, captação e aproveitamento da água das chuvas, aproveitamento de dejetos e resíduos orgânicos. A informação estaria disponível online em língua portuguesa mas também sob a forma de brochuras específicas com plantas, orçamentos e indicações práticas para potencial replicação. Esta base de dados aberta à inclusão de novas tecnologias por parte de todos os interessados permitiria reduzir o custo de acesso a estas informações e ser um instrumento para planeamento de possíveis intercâmbios produtor/produtor, projectos conjuntos e ações para influência de orgãos de governo e (ou) doadores, tendo como moldura a REDSAN-CPLP, ampliando-se, assim, de futuro, a participação e o acesso ao conhecimento e capacidades originadas. 2. Capacitação em associativismo e gestão de micro-agronegócios

Atendendo ao interesse demonstrado pelos participantes sobre as questões relacionadas com o associativismo e micro-negócios e ao aproveitamento das informações a serem disponibilizadas no catálogo mencionado no ponto anterior, recomenda-se a execução de uma capacitação de formadores de formadores em associativismo e gestão de micro-negócios a realizar em Timor-Leste e, eventualmente, também em São Tomé e Príncipe, onde aspetos de gestão se afiguram importantes para a eficiente utilização das infraestruturas e equipamentos já existentes.

11 A ACTUAR e o Instituto de Estudos da Fome (Madrid) foram percursores na sistematização de algumas destas tecnologias em alguns países da CPLP, incluindo no Brasil, onde a iniciativa envolveu a Universidade Federal do Rio de Janeiro e a Rede de Tecnologias Sociais.

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3. Diagnóstico de Modelos de Certificação

A evolução previsível dos sistemas agrários em Timor-Leste, na decorrência da sua adesão à OMC, vai certamente acentuar a exclusão dos produtores familiares. Ainda que um único mecanismo de certificação (como seja, a Indicação Geográfica) não garanta, isoladamente, a protecção da Agricultura Familiar e a valorização dos seus produtos, um processo coordenado de construção institucional de ferramentas normativas para certificar geograficamente os produtos diferenciados em Timor-Leste poderá contribuir para a futura sobrevivência dos produtores timorenses, se for implementado desde já. Isto tanto para produtos de exportação (caso do café) como para produtos internos, se esta certificação estiver associada a outros instrumentos (crédito, por exemplo). Mas não são todos os modelos de certificação (nem todos os modelos para a sua implementação) que permitem essa protecção ao nível interno e são adequados ao país. Neste sentido, propõe-se a realização de um diagnóstico dos modelos de certificação adaptados à realidade timorense. Tal diagnóstico e propostas de regulação (a apresentar ao Governo pela HASATIL), serão coerentes com a promoção de leis e estratégias nacionais de proteção de produtos e conhecimentos tradicionais e com instrumentos internacionais (designadamente, o Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança, o Protocolo de Nagoya sobre Acesso a Recursos Genéticos e Repartição Justa e Equitativa dos Benefícios Advindos da sua Utilização e o TRIPS-OMC). Procurarão, também, não repetir erros verificados em Portugal (onde a certificação é essencialmente privada) e poderão explorar a possibilidade de implementar mecanismos de certificação socioparticipativa (Sistemas Participativos de Garantia da Qualidade desenvolvidos originalmente no Brasil para os produtos agro-ecológicos). 4. Campanha pela Alimentação Escolar

Os participantes consideraram que a implementação de um Programa de Alimentação Escolar em Timor-Leste poderá ser um dos passos primordiais a discutir no âmbito do KONSSANTIL. Nesse sentido, recomenda-se estruturar uma campanha de mobilização com esse objetivo, com o apoio da REDSAN-CPLP e das organizações brasileiras envolvidas neste Intercâmbio, nomeadamente, a ActionAid Brasil. A ideia é melhorar o acesso de crianças, adolescentes, jovens e famílias de pequenos agricultores à alimentação nutritiva e saudável, tendo como principal estratégia a implementação da alimentação escolar a partir de uma ampla mobilização de todos os segmentos envolvidos, através do desenvolvimento de materiais de comunicação populares; materiais educativos sobre SAN e sobre o PNAE para apoiar os professores na implementação de programas de educação alimentar; programas de rádio feitos por jovens sobre alimentação adequada e nutrição; e da capacitação dos professores das escolas rurais e pequenas cidades sobre educação alimentar e nutricional.

5. Fortalecimento do trabalho em Rede e estruturação do KONSSANTIL

Em função de um anterior diagnóstico realizado pela ACTUAR e das conclusões da reunião realizada durante esta missão acerca deste ponto, recomenda-se:

Formalizar a constituição do Grupo de Trabalho (GT) de SAN em Timor-Leste, no quadro do acordo entre a HASATIL e as demais Redes da Sociedade Civil já identificadas;

Solicitar a sua adesão formal à REDSAN-CPLP, tal como acordado no início de 2014;

Com base na avaliação já efetuada sobre o KONSSANTIL, solicitar ao Governo de Timor-Leste a revisão dos Estatutos deste órgão, a definição do número de representantes da Sociedade Civil e a publicação de decreto-lei relativo à sua criação;

A elaboração e apresentação de proposta de plano de trabalho para o KONSSANTIL, incorporando na sua agenda os produtos resultantes das ações 3 e 4 deste ponto,

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nomeadamente, a regulamentação para certificação e proteção da Agricultura Familiar e a implementação do programa nacional de alimentação escolar;

O reforço da articulação entre o GT da Sociedade Civil de Timor-Leste e o Mecanismo da Sociedade Civil do Conselho de SAN da CPLP (CONSAN-CPLP), tendo em vista a participação da Sociedade Civil na próxima reunião extraordinária do CONSAN-CPLP. Para esse efeito, a REDSAN-CPLP poderá também apoiar o secretariado do GT durante a presidência timorense da CPLP, assim se formalize a sua adesão à REDSAN-CPLP.

VI – Conclusões e agradecimentos A organização de um Intercâmbio envolvendo organizações da Sociedade Civil de países com realidades tão diversas como Timor-Leste, Portugal, Brasil e São Tomé e Príncipe é um desafio que, no presente caso, foi bem sucedido. Na sua conceção, a ACTUAR teve em consideração o seu conhecimento da realidade de cada um destes países de forma a “construir pontes” entre estas mesmas realidades. Para além da seleção de ecossistemas com padrões comuns, procurou-se identificar um conjunto de parceiros cuja atuação no terreno permitisse materializar complementaridades entre os vários países e envolveu-se na iniciativa o dobro dos técnicos inicialmente previstos. Este tipo de iniciativas é um dos maiores potenciais da articulação em rede e por esse motivo a ACTUAR decidiu desde o primeiro momento convidar organizações portuguesas e brasileiras para a ela se associarem na sua implementação, o que só foi possível também pelo empenho do IMVF, detentor dos financiamentos utilizados na iniciativa, parceiro e membro da REALIMENTAR em Portugal. Duas grandes áreas de trabalho emergem para o futuro na sequência desta ação: i) o fortalecimento da Rede da Sociedade Civil para a Segurança e Soberania Alimentar em Timor-Leste, para que esta possa lutar, em melhores condições, por políticas nacionais adequadas para a redução da insegurança alimentar e nutricional no país e para que possa também apoiar o esforço coletivo de todas as redes reunidas na REDSAN-CPLP durante a atual presidência da CPLP exercida por Timor-Leste; ii) o aproveitamento do conhecimento desenvolvido, por tentativa e erro, nos países envolvidos neste Intercâmbio, pelos produtores familiares e suas organizações, em particular, no que respeita à proteção da Agricultura Familiar e valorização dos seus produtos, num contexto de adesão e pré-adesão à OMC. Quer num caso quer no outro, as recomendações atrás efetuadas procuram ir de encontro a este potencial. Ele só se expressará se as entidades envolvidas souberem continuar a cooperar multilateralmente para aproveitamento das suas capacidades no âmbito da REDSAN-CPLP. Com efeito, qualquer das ações recomendadas no ponto anterior pode desempenhar um papel importante não apenas para Timor-Leste ou para São Tomé e Príncipe mas também para todos os países da CPLP, já que se enquadram nos eixos 1, 2 e 3 da ESAN-CPLP, acordo político ratificado pelos Chefes de Estado e de Governo da Comunidade que não tem sido implementado como previsto desde a Cimeira de Maputo em 2012. A ACTUAR gostaria de agradecer ao IMVF pela habitual parceria em prol da ESAN-CPLP, pelo fortalecimento das Redes Nacionais da Sociedade Civil reunidas na REDSAN-CPLP e pela renovada confiança na capacidade técnica da organização para conceção deste programa. Endereça ainda um particular agradecimento à Leonor Mello pelo seu empenho e esforço contínuo na tradução de todas as intervenções dos participantes neste Intercâmbio de português para tétum e vice-versa. Gostaria igualmente de agradecer aos parceiros portugueses e brasileiros convidados para integrarem esta luta, nomeadamente à Herdade do Freixo do Meio (que será brevemente membro da REALIMENTAR) e à ActionAid Brasil e ao SASOP, ambas membro do FBSSAN. Um agradecimento também ao Secretariado Executivo da CPLP e à CGFOME do Brasil pela sua participação nesta iniciativa, assim como a todos os técnicos e técnicas e entidades visitadas durante o Intercâmbio.

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ANEXOS

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Anexo 1

Lista nominativa de participantes do Intercâmbio Internacional De Timor-Leste:

Agostinho do Rosario Guterres, representante da ONG local CIACS - Centro Informasaun de Agrikultura ho Cantina do Suco, antena da Rede HASATIL no distrito de Viqueque ([email protected]);

Alexandre Amaral da Cruz, representante da ONG local STICA - Sentru Treinamento no Informasaun ba Comunidade Agrikultura, antena da Rede HASATIL no distrito de Aileu ([email protected]);

Bonifácio Sereno Ramalho, representante da ONG local Suhurama Maubese Group, antena da Rede HASATIL no distrito de Ainaro ([email protected]);

Carlos Alberto Barros Florindo, representante da Fundação ETADEP e do Steering Committee da Rede HASATIL ([email protected]);

Cipriano Menezes, representante da ONG local HLT - Hametin Lia Tatoli, antena da Rede HASATIL no distrito de Covalima ([email protected]);

Domingos Rodrigues, representante da ONG local LbF - Luta ba Futuru, antena da Rede HASATIL no distrito de Manufahi ([email protected]);

Emilia Maria J. Christofora Elu, representante da ONG local FPWO - Forum Peduli Wanita Oecusse, antena da Rede HASATIL no distrito de Oecusse ([email protected]);

Emirensiana Nipu, representante da ONG local OHM - Organisasaun Haburas Moris, antena da Rede HASATIL no distrito de Bobonaro ([email protected]);

Eugenia Neves da Costa, representante da ONG local OFF - Organisasaun Feto ba Futuro, antena da Rede HASATIL no distrito de Manatuto ([email protected]);

Gil Horácio Boavida, representante do Secretariado da Rede HASATIL, sediado em Díli ([email protected]);

Lamberto Pinto, representante da ONG local Fraterna, antena da Rede HASATIL no distrito de Lautém ([email protected]);

Pe. Mário de Carvalho Soares, representante da Caritas Diocesana Baucau, antena da Rede HASATIL no distrito de Baucau ([email protected]);

Moises Charles, representante da ONG IMI - Institutu Matadalan Integradu, antena da Rede HASATIL no distrito de Ermera ([email protected]);

Nicolau Pires Lobato, representante da ONG Fundasaun Malaedoi, antena da Rede HASATIL no distrito de Liquiçá ([email protected]);

Xisto Martins, representante da ONG RAEBIA e do Steering Committee da Rede HASATIL ([email protected]);

Ângela Rodrigues Lopes da Cruz, representante do MAP - Ministério da Agricultura e Pescas de Timor-Leste ([email protected]).

De São Tomé e Príncipe:

Celso Carlos Garrido Sousa Pontes, representante do PDSA II - Projeto Descentralizado de Segurança Alimentar II de São Tomé e Príncipe ([email protected]);

Belmiro Vaz da Conceição Costa, representante do MPF – Ministério do Plano e Finanças de São Tomé e Príncipe ([email protected]).

Técnicas do IMVF:

Filipa Petrucci Sousa;

Leonor Queiroz e Mello.

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Técnicos/Consultores da ACTUAR:

Francisco Sarmento;

Joana Dias;

João Amílcar Correia;

João Amorim;

Miguel Malta;

Susana Brissos. Técnicos de entidades parceiras da ACTUAR no Brasil:

Jainei Silva, Consultora;

Avanildo Duque, Gestor de Programas e Coordenador do Direito à Educação, ActionAid Brasil;

Carlos Eduardo de Souza Leite, Coordenador Geral, SASOP;

Luciana Rios, Assessora de Comunicação, SASOP;

Heloisa Orlando, Coordenação do Programa de Desenvolvimento Local - Mata Atlântica, SASOP;

Luciano Lima, Programa de Desenvolvimento Local - Mata Atlântica, SASOP

Alianildo da Silva Quaresma, Programa de Desenvolvimento Local - Mata Atlântica, SASOP;

Domingos da Silva Souza, Programa de Desenvolvimento Local - Mata Atlântica, SASOP;

Ana Celsa Bonfim Souza, Programa de Desenvolvimento Local - Mata Atlântica, SASOP;

Noel Durgel dos Santos, Programa de Desenvolvimento Local - Mata Atlântica, SASOP;

Andreia Santos Gomes, Programa de Desenvolvimento Local - Mata Atlântica, SASOP;

Aldo Jose da Silva Quaresma, Programa de Desenvolvimento Local - Mata Atlântica, SASOP;

Valdevan Honorato dos Santos, Programa de Desenvolvimento Local - Mata Atlântica, SASOP;

Alexsandro de Jesus Santos, Programa de Desenvolvimento Local - Mata Atlântica, SASOP.

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Anexo 2

Relatório do Seminário sobre Agricultura Familiar e Desenvolvimento Local

ESAC, 27 de agosto de 2014 PROGRAMA 16:00 – Abertura e Moderação Francisco Sarmento (Centro de Estudos Sociais – Universidade de Coimbra/ACTUAR) 16:15 – Agricultura Urbana e Segurança Alimentar: a Experiência da ESAC Miguel Malta, ESAC/ACTUAR 16:35 – Redes Colaborativas para a Comercialização de Produtos Locais José João, Rede Colaborativa do Mondego 16:55 – Indicações Geográficas, Denominações de Origem e Outros Regimes de Proteção do Conhecimento Tradicional Joana Dias, ACTUAR 17:15 – Apresentação do Programa de Visitas do dia 28 de agosto: - Contexto da Região Centro - A Produção de Arroz no Vale do Mondego - A Produção de Mel na Serra da Lousã João Amílcar Correia, ACTUAR 18:00 – Debate 18:30 – Encerramento O Seminário teve início com um atraso assinalável, fruto de uma avaria mecânica no veículo de transporte dos palestrantes para Coimbra, o que motivou todo o arrastar dos trabalhos até cerca das 20h. Não obtante este atraso, o Seminário decorreu como previsto, tendo a mesa sido composta pelos palestrantes convidados, pela Direção da ACTUAR e pelo moderador, Francisco Sarmento. Após a abertura e boas vindas pela Direção da ACTUAR, o moderador iniciou a sessão saudando os representantes das OSC e do governo timorense presentes, acentuando a importância da partilha de boas práticas que motivou a realização deste Seminário e fazendo votos para que a sessão de trabalhos se revelasse produtiva. De seguida, iniciaram-se as apresentações por parte dos palestrantes, que aqui se resumem, auxiliadas pelo visionamento de peças audiovisuais, cuja consulta se recomenda, podendo ser encontradas em anexo: - Miguel Malta, professor na ESAC e membro da ACTUAR, falou sobre Agricultura Urbana e Segurança Alimentar, apresentando a experiência da ESAC neste campo. Destacou que o êxodo rural é um fenómeno universal e que os níveis atuais de êxodo rural e concentração urbana apontam para a necessidade urgente de análise e definição de políticas e abordagens práticas que enquadrem este fenómeno, nomeadamente visando o combate à pobreza e promoção da segurança alimentar urbanas. Considerando que a Agricultura Urbana é uma das práticas que pode responder a este desafio, acrescentou que esta é ainda desconsiderada pelas políticas que enquadram o setor e que existe a necessidade de desenvolvimento de ações que visem o ordenamento destes espaços e práticas, a utilização de metodologias e estratégias que promovam a sua sustentabilidade e também o seu enquadramento

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institucional e a formação dos atores envolvidos. Estas prioridades foram ilustradas com o projeto de criação de hortas urbanas em cidades da CPLP, promovido pela ESAC e pela ACTUAR com apoio da CPLP, onde o êxodo rural e concentração urbana são assinaláveis, problemas que, pela sua generalização e quase inevitabilidade em todos os contextos, em particular, nos países em desenvolvimento, devem merecer a atenção dos participantes timorenses; - José João, da Rede Colaborativa do Mondego (RCM), falou sobre Redes Colaborativas para a Comercialização de Produtos Locais. Começou por explicar que as Redes Colaborativas de Produção Local são uma forma de os nanoprodutores locais colaborarem entre si, visando a melhoria dos seus negócios, através da valorização da sua produção. A RCM, em particular, começou consigo, produtor de sal, e foi-se expandindo um pouco por sua iniciativa, tendo hoje 10 membros, pela necessidade de agregar valor ao seu produto e de distribuir os produtos produzidos. Deu exemplo de várias parcerias desenvolvidas até ao momento pela RCM, expondo diversas práticas organizativas e associativas que têm sido levadas a cabo pelos nanoprodutores12 (integração nos seus produtos de materiais produzidos por outros produtores da sua região, utilização de salas de preparação licenciadas por vários produtores, compras colectivas de materiais de embalagem, colaboração na distribuição conjunta dos vários produtos, pela utilização de transportes comuns e representação mútua em feiras e eventos, entre outras), ressalvando que a RCM é ainda uma rede informal, que não está constituída enquando Associação, informações que os participantes do Intercâmbio valorizaram bastante pelo reconhecimento do seu potencial de replicação na realidade de Timor-Leste; - Joana Dias, membro da ACTUAR, falou sobre Indicações Geográficas, Denominações de Origem e Outros Regimes de Proteção do Conhecimento Tradicional. Destacou que o tema dos direitos de propriedade intelectual tem vindo a ganhar crescente importância nas agendas políticas nacionais e internacionais. A sua apresentação procurou analisar criticamente os mecanismos de regulação de conhecimentos tradicionais, tendo como base a regulação de direitos de propriedade intelectual, explicando os conceitos de cada uma das certificações e ressaltando, sempre que possível, as suas insuficiências e incongruências. Esclareceu ainda que a OMC autonomizou e disciplinou a figura da indicação geográfica no TRIPS e tem questionado as compras públicas governamentais com o argumento de que são subsídios indiretos aos produtores, já que configuram instrumentos preferenciais e de transferência de renda. Seguidamente, o moderador convidou os presentes para um breve intervalo, onde degustaram produtos da RCM, e posteriormente propôs que se desse início ao debate, alterando um pouco o alinhamento previsto. A maioria das interpelações foram direcionadas ao representante da RCM, procurando saber mais informações sobre a logística do seu funcionamento e diversos aspectos técnicos relacionados com os produtos produzidos e as estratégias de sustentabilidade financeira dos negócios (embalagens, custos de produção directos e indirectos e preços de venda a retalho, ao distribuidor e ao consumidor final), bem como acerca dos apoios estatais recebidos pela mesma. José João esclareceu que os apoios estatais são inexistentes e que a política fiscal portuguesa é muito penalizadora para os nanoprodutores, dando também informações sobre os custos e os preços que pratica nos seus produtos e acerca das embalagens utilizadas, que são compradas a um fornecedor externo e têm de cumprir regras de segurança e higiene para poderem ser utilizadas no embalamento de produtos alimentares. Também foram discutidas as estratégias de certificação e entidades certificadoras e a sua aplicação ao caso timorense, tendo sido referido o caso do Comércio Justo de café. Joana Dias esclareceu ainda que a certificação é geralmente atribuída por empresas privadas mas que existem experiências interessantes de certificação participativa, por exemplo, no Brasil, para a certificação de produtos de Agricultura Biológica.

12 Esta terminologia encerra em si a ideia de pequeno produtor e é contestada pelos defensores da denominação de agricultores familiares.

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Em jeito de balanço, o moderador comentou que as estratégias apresentadas no seminário configuravam iniciativas de resistência de várias tipologias de produtores e consumidores mais vulneráveis face à modernização e concentração verificadas no sistema alimentar europeu e português nas últimas décadas. Sugeriu igualmente que as Indicações Geográficas podem ser uma ferramenta coletiva de promoção da Agricultura Familiar se conjugadas com abordagens socioparticipativas e esclareceu que o tema ainda é objeto de negociações multilaterais pelos Estados-Membros no contexto da OMC, sendo necessária a qualificação de recursos humanos para uma participação mais efetiva da Sociedade Civil da CPLP nessas discussões. A encerrar o Seminário, João Amílcar Correia, membro da ACTUAR, fez a apresentação do Programa de Visitas do dia 28 de agosto, contextualizando a Região Centro do país, a produção de arroz no Baixo Mondego e a produção de mel na Serra da Lousã, e descrevendo a visita técnica do dia seguinte.

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Anexo 3

Relatório do Seminário sobre Políticas Públicas, Participação Social e Segurança Alimentar

Salvador, 1 de setembro de 2014

PROGRAMA 8:00 – Abertura e Enquadramento Francisco Sarmento (Centro de Estudos Sociais – Universidade de Coimbra/ACTUAR) 8:15 – História Recente das Políticas Públicas e Mecanismos da Participação Social para a Segurança Alimentar e Nutricional no Brasil Francisco Menezes (ActionAid Brasil) 8:35 – Políticas Públicas Nacionais para o Abastecimento Alimentar, incluindo Programas de Proteção Social Sílvio Porto (ex-Diretor da CONAB) 8:55 – Políticas Públicas Estaduais para a Segurança Alimentar e Nutricional e Participação Social Carlos Eduardo (SASOP) 9:15 – Debate 9:45 – Pausa para Café 10:00 – Política de Cooperação do Brasil para a Segurança Alimentar e Nutricional Marcos Lopes (CGFOME, Itamaraty) 10:20 – Debate 10:50 – Saída para almoço em Restaurante Popular O Seminário teve início à hora prevista, tendo a mesa sido composta pelos palestrantes convidados e a moderação assegurada por Francisco Sarmento, do Centro de Estudos Sociais – Universidade de Coimbra e da ACTUAR. O moderador iniciou a sessão saudando os presentes, agradecendo a disponibilidade dos convidados para esta sessão e fazendo uma breve apresentação de cada um, colocando ainda como objetivo do Seminário fazer uma primeira apresentação e discussão de alguns eixos de algumas Políticas Públicas que o Brasil tem implementado nos últimos anos na área de SAN. De seguida, iniciaram-se as apresentações por parte dos palestrantes, que aqui se resumem, auxiliadas pelo visionamento de peças audiovisuais, cuja consulta se recomenda, podendo ser encontradas em anexo: - Francisco Menezes, investigador da ActionAid Brasil, ONG fundada em 1972, presente em 45 países, no Brasil desde 1999, que atua na promoção dos direitos humanos e combate à pobreza, em particular, na área da Segurança Alimentar, que é também investigador do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Económicas (IBASE) e foi Presidente do CONSEA de 2004 a 2007, onde foi um dos protagonistas de um conjunto de Políticas Públicas que surgem no Brasil em função da própria existência do CONSEA e da participação social das OSC junto do Governo Brasileiro nos últimos 15 anos, em particular, os Programas de Alimentação Escolar, falou sobre a História Recente das Políticas Públicas e os Mecanismos da Participação Social

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para a SAN no Brasil. Francisco Menezes enfatizou o processo de luta da Sociedade Civil do Brasil na construção das atuais Políticas Públicas de SAN e ressaltou a importância da participação social como um direito. A sua mensagem principal foi que as conquistas no Brasil se devem a uma luta longa e determinada de um conjunto de OSC que se tem vindo a ampliar ao longo das últimas duas décadas; - Sílvio Porto, que foi de 2003 até 2014 Diretor de Política Agrícola e Informações da CONAB do Brasil, órgão fundamental para a estruturação do mercado de alimentos no país, falou sobre as Políticas Públicas Nacionais para o Abastecimento Alimentar, incluindo Programas de Proteção Social. Na sua comunicação, centrada na construção de um sistema alimentar agroecológico e com a plena participação dos produtores familiares, identificou complementaridades entre os países e alertou para a necessidade da existência de políticas nacionais de abastecimento alimentar onde se insiram os programas específicos de alimentação escolar e compras públicas de produtos da Agricultura Familiar, defendendo, também, a associação de uma discriminação positiva de modelos de produção visando a promoção da saúde e da nutrição; - Carlos Eduardo, Coordenador Geral do SASOP, organização da Sociedade Civil que atua desde 1989 no Estado da Bahia no desenvolvimento de sistemas de produção agroecológicos, no fortalecimento dos processos organizativos comunitários e territoriais e na disseminação de experiências com potencial de se traduzirem em Políticas Públicas para o meio rural, assumindo a SAN das famílias e dos consumidores locais como a estratégia indispensável para o desenvolvimento local, falou sobre as Políticas Públicas Estaduais para a SAN, a Participação Social nas mesmas e a articulação entre o nível estadual e federal. Note-se que o SASOP está também ligado ao CONSEA e ao CONSEA-BA; - Marcos Lopes, acessor da CGFOME do Itamaraty, unidade criada em 2004 como a interface internacional do Programa Fome Zero, para coordenar a política externa brasileira na área de SAN, desenvolvimento rural e cooperação humanitária internacional, falou sobre a Política de Cooperação do Brasil para a SAN, tendo referido que este desígnio se procura realizar por meio de ações que buscam a sustentabilidade social, económica e ambiental, mencionado as acções em curso no âmbito do PAA em África, e informado ainda que a CGFome estaria à disposição dos participantes e dos seus países para qualquer esclarecimento ou iniciativa. As abordagens relatadas pelos palestrantes provocaram o interesse dos representantes das OSC e dos governos de Timor-Leste e São Tomé e Príncipe, pelas várias dimensões que compreendem as iniciativas de política pública desencadeadas recentemente no Brasil. Com ênfase clara nos mecanismos de gestão e nas relações entre o Governo Federal, os Governos Estaduais, as ONGs e os Movimentos Sociais, os participantes procuraram entender os instrumentos legais que ancoram os contratos entre estes diferentes segmentos da sociedade, bem como os avanços conquistados e os desafios que a conjuntura atual coloca. Os dados apresentados pelos palestrantes evidenciam uma grande disputa de interesses entre os setores que apoiam e vivem do Agronegócio e os que acreditam e investem na Agricultura Familiar, fundamentada nos princípios da Agroecologia, que ancoram uma série de dinâmicas locais de construção coletiva de conhecimentos e valorização dos saberes e das culturas dos povos e comunidades tradicionais. Nesta disputa histórica, ganham destaque na Política Nacional de SAN especificamente o PAA e o PNAE, implantados em cerca de metade dos municípios brasileiros, com fortes impactos no fortalecimento da Agricultura Familiar. Ficou evidente que nestes dois programas a participação social tem avançado de forma significativa nos diferentes contextos – povos indígenas, quilombolas, pescadores, ribeirinhas, entre outros. São assim dignos de nota neste processo os avanços conquistados pelas OSC em conselhos, fóruns e redes municipais, territoriais e estaduais que atuam de forma paritária com os gestores públicos e tomam as decisões para construção, implantação e acompanhamento das Políticas Públicas de Desenvolvimento Rural, voltadas à produção de alimentos e à comercialização em feiras locais e nos chamados mercados institucionais. As Secretarias Estaduais e Municipais de Educação e Assistência Social compõem estes mercados institucionais e representam as vias de compra direta entre quem produz e quem

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consome: escolas de educação infantil, fundamental e média; creches; asilos; hospitais; pastorais das igrejas católicas; entidades filantrópicas de outras igrejas; e famílias em condições de insegurança alimentar e nutricional. As Secretarias Estaduais e Municipais de Agricultura e as instituições de ATER apoiam estas ações, com capacitação, mobilização e organização associativa de agricultores, pescadores, extrativistas e outras categorias, viabilizando o acesso a crédito rural e a outras políticas para fomentar os processos de produção, processamento e comercialização de alimentos. Ao nível nacional, estes novos arranjos institucionais – fóruns, redes e conselhos – debatem e negoceiam com as Secretarias Ministeriais, que fazem um esforço de trabalho intersectorial integrado e coordenado, para ampliar os efeitos (eficácia) das Políticas Públicas. A aplicabilidade destas Políticas Públicas ao contexto dos países da CPLP deve ter em atenção a capacidade financeira dos Estados e a existência (ou não) de uma política nacional de abastecimento (e suas estruturas) onde esta esteja respaldada.

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Anexo 4

Relatório do Seminário sobre Estratégias de Desenvolvimento Territorial e Políticas Públicas Locais

Camamu, 5 de setembro de 2014

O Seminário teve início com algum atraso, uma vez que se realizava na rua um desfile com participantes de um colégio local, comemorando o dia da Independência do Brasil (7 de setembro), e o ruído não permitia o início dos trabalhos. O objetivo do Seminário foi fazer uma leitura do modo como as Políticas Públicas atualmente em vigor no Brasil se têm implantado no Território do Baixo Sul da Bahia. A moderação foi assegurada por Carlos Eduardo, do SASOP, que começou por convidar os presentes a realizar um minuto de silêncio pela luta pela independência do povo de Timor-Leste, dado que na véspera, dia 4 de setembro, se comemorou a vitória no referendo popular que registou 78,5% dos votos a favor da independência de Timor-Leste, passando em seguida a palavra aos convidados: Eduardo Azevedo, Coordenador do Colegiado Territorial do Baixo Sul da Bahia (articulação de municípios desta região) e representante da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC), órgão de assistência técnica do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil dedicado às questões da lavoura do cacau mas que hoje atua na Agricultura Familiar como um todo; Ana Cristina Souza dos Santos, Chefe do Escritório Local de Camamu da EBDA, empresa estadual que presta assistência técnica aos agricultores familiares; Dona Del, representante da AMBSB; e Andrezito de Souza, agricultor familiar e líder sindical do STTR, ex-Diretor da FETAG-BA, instituição que representa politicamente todos os Sindicatos Rurais do Estado da Bahia. Algumas das apresentações dos palestrantes, que aqui se resumem, foram auxiliadas pelo visionamento de peças audiovisuais, cuja consulta se recomenda, podendo ser encontradas em anexo. Eduardo Azevedo apresentou sucintamente as estratégias da Política de Desenvolvimento Territorial desenvolvida pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), criado especificamente para apoiar a Agricultura Familiar. Em seguida mencionou o trabalho no Território do Baixo Sul da Bahia, articulação composta por 15 municípios, que apresentam uma grande diversidade de cultivos e múltiplos sistemas produtivos característicos da Agricultura Familiar. O modelo da Agricultura Familiar tem vindo a exigir novos conhecimentos e novos investimentos em agroindústrias, para atender à procura da população e dos programas sociais PAA e PNAE, mantendo-se uma disputa com os que ocupam as terras com os monocultivos típicos do Agronegócio (cacau, seringa, bovinocultura, eucalipto, entre outros). Ana Cristina apresentou as ações de ATER levadas a cabo pela EBDA para promover o desenvolvimento rural sustentável e o fortalecimento da Agricultura Familiar, operando, por solicitação direta das comunidades, em vários contextos rurais e no âmbito de diversos programas e Políticas Públicas: Bolsa Verde; PRONAF, com as suas 4 linhas de ação − Crédito, Capacitação, ATER, Infraestrutura; Educação Ambiental; Manutenção das Matas Verdes e das Reservas Energéticas de Acácia (espécie endémica); Recuperação e Construção de habitações em assentamentos de reforma agrária; Valorização das sementes nativas de legumes, frutas e outras espécies; Licenciamento Ambiental, para o manejo da Mata Atlântica; Denúncias de crimes ambientais e encaminhamento para o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (IEMA); Cessão e Concessão de uso dos recursos naturais, avaliando e orientando o corte de árvores nativas; Terra Sol, em parceria com o INCRA, para fortalecer as ações de ATER nos assentamentos de reforma agrária; Turismo, especificamente com ações de capacitação e produção de artesanato com produtos naturais da região – talas de dendê, piaçava e palha de banana; Turismo de Base Comunitária, ainda em desenvolvimento; Emissão de DAP Jurídica para viabilizar o acesso das famílias às Políticas Públicas; Colaboração pontual com o PAA e o PNAE. A EBDA atende a 608 famílias assentadas pelo INCRA; a 66 famílias pelo Programa

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Nacional de Crédito Fundiário (PNCF); e 1785 famílias de Povos e Comunidades Tradicionais e Agricultores Familiares (PCTAF) – extrativistas, indígenas, beradeiras, quilombolas. Em seguida, Dona Del falou da recente luta das mulheres para ocupar os espaços públicos antes ocupados só por homens, luta que começou no Movimento Sindical, em 1987, se tem vindo a afirmar com o apoio do SASOP e do STTR e atualmente já celebra algumas vitórias: acesso à documentação individual das mulheres; posse e título das terras dos Assentamentos; inserção com participação ativa nos conselhos, nos fóruns e nas redes que se têm constituído atualmente; e o fortalecimento das relações com o Estado, nas suas variadas instâncias. A própria Dona Del é atualmente a Coordenadora Geral da AADADP e uma militante do Movimento Agroecológico de Mulheres. A relação entre as mulheres e a produção de alimentos ganha destaque a partir dos Quintais Produtivos, dos Fundos Rotativos Solidários e da venda de alimentos para o PAA e o PNAE, que ampliam as oportunidades de criação de postos de trabalho e o rendimento das famílias, capacitando em particular as mulheres, que sempre viram negado o acesso ao crédito e aos outros meios de produção. Muitas são ainda, no entanto, as barreiras a vencer para que as mulheres sejam tratadas de forma igualitária pelos seus companheiros, pelos gestores públicos e pela sociedade em geral, nomeadamente, o acesso ao crédito, que ainda mantém as mulheres dependentes dos homens pelo excesso de burocracia exigido, apesar da modalidade PRONAF Mulher, ao qual deveriam ter acesso as mulheres que trabalham na Agricultura Familiar, mas que não funciona na prática. Andrezito de Souza apontou os recentes programas públicos de SAN como conquistas dos Movimentos Sociais e das populações rurais, que entendem a força da mobilização, da participação e da negociação como instrumentos de luta. As atuais Políticas Públicas têm transformado as dinâmicas locais e resgatado antigas práticas de produção de alimentos pelas famílias, que durante décadas se tornaram empregadas das lavouras de cacau e seringa. Segundo uma nova perspetiva, a luta deve agora ser orientada para a ampliação de conhecimentos técnicos e o investimento em tecnologias de processamento e agroindustrialização dos alimentos locais, que têm características únicas que precisam de ser valorizadas, para promoção da SAN de quem produz e dos beneficiários das compras institucionais. Destacou ainda a importância do Controle Social na condução das estratégias políticas, a que ainda faltam seriedade e compromisso de todos os segmentos da sociedade. Os participantes colocaram algumas questões relacionadas com os impactos sociais das políticas apresentadas; as relações entre as sementes transgénicas e as sementes nativas; os processos de formação dos conselhos, dos fóruns e das redes; e as garantias de sustentabilidades das ações públicas. Na resposta, os palestrantes reforçaram a importância da alimentação saudável e nutritiva para as pessoas em condições de vulnerabilidade socioeconómica e a retoma dos antigos hábitos alimentares da região; afirmaram o empenho na produção e uso de sementes nativas como prática agroecológica e garante de autonomia das famílias; destacaram os intercâmbios como metodologia acertada de construção de conhecimentos para os conselhos e outros organismos políticos, aliados a outros processos den capacitação; e reforçaram também a importância dos instrumentos de Controlo Social como um dos garantes de continuidade e sustentabilidade das ações públicas, contrariando as heterogeneidades e disputas de interesses inerentes a qualquer território. Andrezito acrescentou ainda que é preciso rever e criar novas leis para amparar as estratégias em curso. Assim como as leis, os sistemas de crédito presisam de ser revistos pois ainda impõem pacotes tecnológicos com insumos químicos, contrariando a perspetiva agroecológica, sendo essa perspetiva que deve prevalecer, pois exige insumos locais, que reduzem os custos de produção e ampliam as vias de acesso da população a alimentos cada vez mais saudáveis. Carlos Eduardo encerrou o Seminário dizendo que estas políticas são ainda muito recentes, estão em processo de construção e apropriação em cada território, e que há ainda muito a fazer para que elas alcancem os seus objetivos.

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Anexo 5

Ficha de Expectativas

No final deste intercâmbio eu espero (assinale o grau de

prioridade de 1 – menos importante a 5 – mais

importante ):

1 2 3 4 5 1 2 3 4 5

Ter maior capacidade de participar da construção de

redes da sociedade civil para influenciar as políticas

públicas relacionadas com a SAN.

0 0 0 4 14 0% 0% 0% 22% 78%

Ter maior capacidade de apoiar a minha organização e os

produtores associados para transformarem e

comercializarem os seus produtos.

0 0 1 2 15 0% 0% 6% 11% 83%

Ter maior capacidade de influenciar a implementação de

políticas públicas para a alimentação escolar e proteção

social.

2 0 0 2 14 11% 0% 0% 11% 78%

Conseguir identificar ações de colaboração entre as

organizações da sociedade civil da CPLP no âmbito da

Segurança Alimentar.

1 0 2 7 8 6% 0% 11% 39% 44%

Conhecer novas tecnologias e metodologias para

valorização dos produtores agrícolas e proteção do meio

ambiente.

0 0 0 7 11 0% 0% 0% 39% 61%

FREQUÊNCIA ABSOLUTA FREQUÊNCIA RELATIVA

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Anexo 6

Expectativas identificadas pelos participantes

- Estratégia básica de segurança e soberania alimentar e nutricional relacionada com as condições em Timor-Leste - Como: garantir a existência da rede; valorizar os produtos agrícolas através de advocacia e campanhas; consolidar uma rede de mercado para facilitar/melhorar a produtividade - Políticas públicas - Valorizar a cooperação sobre agricultura sustentável entre Timor-Leste e a CPLP; aprender técnicas de agricultura sustentável - Valorização do arroz local para processamento de alimentação para merenda escolar - Promover o produto local, sistema de mercado e SAN; consolidar a coordenação e ligação com o Governo - Políticas públicas sobre SAN - Valorizar o produto no mercado local - Protecção do produto local; produção vs mercadoria - Banco de sementes locais - Aprender tecnologias agrícolas e ligação ao mercado; ligação da rede de agricultura de Timor-Leste com a rede de agricultura de Portugal - Aprender sobre sistemas agrícolas modernos ligados ao mercado - Perceber a resistência dos pequenos agricultores - Tecnologia adequada - Aumentar a produção local; processamento de alimentos locais - Perceber qual é o papel da Sociedade Civil no desenvolvimento e promoção da Agricultura Sustentável para atingir a SAN em Portugal e na CPLP - Estabelecer coligação entre redes da Sociedade Civil ao nível da CPLP para a SAN - Promover o produto local e aumentar a nutrição

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Anexo 7

Ficha de Avaliação

Assinale o seu grau de satisfação relativamente a: Muito

satisfeitoSatisfeito Insatisfeito

Muito

satisfeitoSatisfeito Insatisfeito

1.Programa técnico do intercâmbio

1.1.Facilitadores 11 7 0 61% 39% 0%

1.2.Seminários 10 8 0 56% 44% 0%

1.3.Visitas 16 2 0 89% 11% 0%

2.Logística

2.1. Hotéis 6 12 0 33% 67% 0%

2.2. Transportes 6 12 0 33% 67% 0%

2.3. Alimentação 11 7 0 61% 39% 0%

3. Organização Geral

3.1. Pontualidade 1 16 1 6% 89% 6%

3.2. Material de apoio/informação 5 12 1 28% 67% 6%

3.3. Acompanhamento técnico 13 5 0 72% 28% 0%

FREQUÊNCIA ABSOLUTA FREQUÊNCIA RELATIVA

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Anexo 8

Estratégias Tecnológicas e Políticas apontadas pelos participantes para prosseguimento nos seus países

Timor-Leste Estratégia Tecnológica: 1. Colheita e pós-colheita 2. Estabelecimento de um laboratório nacional de sementes e alimentar 3. Tecnologias de processamento alimentar 4. Promover tecnologias apropriadas 5. Conservação (terra, sementes e água) 6. Infraestruturas básicas Estratégia Política: 1. Reforma agrária - Consolidação de todos os movimentos - Advocacia - Acesso à terra 2. Promover agricultura sustentável através de aproximação agroecológica 3. Lei para garantir a legalidade do KONSSANTIL 4. Direito à alimentação e nutrição - Merenda / Alimentação Escolar - Aumento da produção - Acesso dos produtos aos mercados 5. Institucionalização do Programa de Alimentação Escolar 6. Política da Bolsa Verde 7. Política de gestão da utilização da terra 8. Fortalecimento do envolvimento da Sociedade Civil nas Políticas Públicas (a nível nacional, regional e internacional) São Tomé e Príncipe Tecnologias: 1. Tecnologia de transformação e produção de derivados de mandioca 2. Disseminação e descentralização por todo o país 3.Agroprocessamento de frutas (tecnologia agroindustrial) 4. Transformação de polpas (concentrados de frutas) 5. Transformação de sumos (naturais) Políticas Públicas: Desenvolvimento de Programa Nacional de Alimentação e Saúde Escolar - Sensibilização dos atores políticos - Mobilização da Sociedade Civil - Interligação entre os Ministérios e a Sociedade Civil - Orçamentação e mobilização de fundos

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Anexo 9

Apresentações em PowerPoint

Anexam-se em seguida a este Relatório as apresentações em PowerPoint que foram visualizadas nos Seminários e encontros realizados ao longo deste Intercâmbio e que foram cedidas à ACTUAR pelos seus autores, pela seguinte ordem:

1. Apresentação de Miguel Malta no Seminário na ESAC de dia 27 de agosto (apresentação de arquivo do autor sobre a mesma temática, dado que a versão originalmente apresentada neste Seminário se perdeu);

2. Apresentação de José João no Seminário na ESAC de dia 27 de agosto; 3. Apresentação de Joana Dias no Seminário na ESAC de dia 27 de agosto; 4. Apresentação de João Amílcar Correia no Seminário na ESAC de dia 27 de agosto; 5. Apresentação na CPLP no dia 29 de agosto; 6. Apresentação de Francisco Menezes no Seminário em Salvador de dia 1 de setembro; 7. Apresentação de Sílvio Isoppo Porto no Seminário em Salvador de dia 1 de setembro; 8. Apresentação Carlos Eduardo no Seminário em Salvador de dia 1 de setembro; 9. Primeira apresentação do SASOP em Camamu no dia 2 de setembro; 10. Segunda apresentação do SASOP em Camamu no dia 2 de setembro; 11. Apresentação em Ituberá no dia 4 de setembro; 12. Apresentação em Igrapiúna no dia 4 de setembro; 13. Apresentação de Eduardo Azevedo no Seminário em Camamu de dia 5 de setembro; 14. Apresentação de Ana Cristina Souza dos Santos no Seminário em Camamu de dia 5 de

setembro.