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Acrónimos e siglas ARU – Área de Reabilitação Urbana EBF – Estatuto dos Benefícios Fiscais IHRU - Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana IMI – Imposto Municipal sobre Imóveis IMT – Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis IRC – Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Coletivas IRS – Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Singulares IVA – Imposto sobre o Valor Acrescentado MAEC – Método de avaliação do estado de conservação dos edifícios NRAU – Novo Regime do Arrendamento Urbano OAD – Obra por Administração Direta ORU – Operação de Reabilitação Urbana QREN – Quadro de referência estratégica nacional RMT – Regulamento Municipal de Taxas RMUE – Regulamento Municipal de Urbanização e Edificação RJRU – Regime Jurídico da Reabilitação Urbana
FICHA TÉCNICA Coordenação: Leonor Calisto (arquiteta, Div. de Administração Urbanística) Autoria: equipa Urbnovas – projeto de reabilitação urbana de Torres Novas
Ana Raquel Fernandes (téc. sup. de Administração Autárquica) Ana Freitas (arquiteta, Div. de Administração Urbanística - Projetos e Planeamento Urbanístico) Catarina Nascimento (téc. sup. de Conservação e Restauro, Div. de Educação e Cultura) Catarina Pilar (téc. superior de Administração Autárquica, Div. Financeira) Margarida Freire Moleiro (téc. sup. de História, Div. de Educação e Cultura) Marta Peças (téc. sup. de Administração Autárquica, Div. Financeira) Nuno Valente (eng. civil, Coordenador da Unidade de Projeto TORRES NOVAS +) Sara Costa (jurista, Dep. de Administração Económica e Social) Zélia Espadinha (téc. sup. de Sociologia, Serv. de Intervenção Social e Parceria Solidária)
Estratégia e enquadramento territorial: Ana Sofia Ligeiro, geógrafa (Div. de Administração Urbanística - Projetos e Planeamento Urbanístico) Contributos: Rute Silva, eng.ª de ambiente (Dep. de Intervenção Territorial) Márcia Fanha, jurista (Dep. de Administração Económica e Social) Fotografias: Ana Freitas, Leonor Calisto Cartografia: Ana Sofia Ligeiro, Ana Freitas Revisão: Margarida Freire Moleiro, Ana Maria Marques e Ana Sofia Ligeiro Município de Torres Novas, abril de 2016
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Conteúdo
Introdução .......................................................................................................................... 4
Parte 1 – Delimitação e caracterização ................................................................................. 7
Critérios de delimitação ......................................................................................... 7
Enquadramento .................................................................................................... 9
Caracterização ..................................................................................................... 14
Património ambiental e ribeirinho .................................................................. 14
Património cultural e edificado ....................................................................... 15 Património classificado ...................................................................................... 15 Património edificado ......................................................................................... 18 Quintas .............................................................................................................. 21
Espaços empresariais degradados ................................................................... 23
Espaços degradados e comunidades desfavorecidas ........................................ 25 Comunidades desfavorecidas ............................................................................ 26 O “Bairro das Tufeiras” ...................................................................................... 27 Bairro da Rua Dr. Vicente Sousa Vinagre e Rua Dr. José Lopes Schiapa Faro e Silva .................................................................................................................... 27 O projeto “HABITAR BEM, VIVER MELHOR” ...................................................... 27 Núcleos antigos ................................................................................................. 28 Necessidades de intervenção ............................................................................ 28
Parte 2 – Objetivos e ações estratégicas ............................................................................. 30
Vetores de desenvolvimento ............................................................................... 30 SUSTENTABILIDADE ................................................................................................ 30 QUALIDADE ............................................................................................................. 30 UTILIDADE ............................................................................................................... 30 VERSATILIDADE ....................................................................................................... 30
Objetivos estratégicos ......................................................................................... 30
Ferramentas de implementação .......................................................................... 31
Princípios de atuação ...................................................................................... 32 Preservar............................................................................................................ 32 Incentivar ........................................................................................................... 33 Revitalizar .......................................................................................................... 33
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Proposta de intervenção ...................................................................................... 33 Quatro objetivos da ARU “Torres Novas-rio Almonda”.......................................... 33 Quatro princípios .................................................................................................... 33 Quatro eixos de ação .............................................................................................. 33
Ações previstas ................................................................................................... 41 Margens do rio Almonda ........................................................................................ 41 Almonda Parque e Caldeirão .................................................................................. 42 Avenida Marginal .................................................................................................... 43 Rossio do Carmo ..................................................................................................... 44 Quintas .................................................................................................................... 45 Espaços empresariais degradados .......................................................................... 46 Tufeiras, encosta do Vale e espaços com comunidades desfavorecidas ............... 46 Casas Altas, Mesiões e Cancela do Leão ................................................................. 47 Intervenções transversais às áreas prioritárias de intervenção ............................. 47
Parte 3 - A ARU “Torres Novas-rio Almonda” ...................................................................... 49
Delimitação da ARU “Torres Novas-rio Almonda” - planta .................................... 49
Competência ....................................................................................................... 50
Entidade gestora ................................................................................................. 50
Vigência .............................................................................................................. 50
ORU - operação de reabilitação urbana ................................................................ 50
Parte 4 - Apoios à reabilitação urbana ................................................................................ 51
Benefícios fiscais e outros apoios à reabilitação urbana ........................................ 51 Quadro de benefícios fiscais ................................................................................... 51 Apoios e incentivos de natureza regulamentar – RMUE e RMT............................. 56 Penalizações ........................................................................................................... 57
Concretização dos efeitos .................................................................................... 58 Aplicabilidade do regime excecional e temporário do Decreto-Lei n.º53/2014, de 8 de abril .................................................................................................................... 58 No âmbito dos benefícios fiscais associados aos impostos e taxas municipais ..... 59 No âmbito do direito de acesso aos apoios e incentivos fiscais e financeiros à reabilitação urbana ................................................................................................. 59 No âmbito do acesso facilitado a apoios financeiros ............................................. 60 No âmbito da aprovação de uma operação de reabilitação urbana ...................... 60
Nota final .......................................................................................................................... 64
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Introdução
A Urbnovas - Projeto de reabilitação de Torres Novas submete à apreciação e deliberação da
Câmara Municipal de Torres Novas a “Proposta de delimitação da ARU Torres Novas-rio
Almonda”, nos termos do disposto no Decreto-Lei n.º 307/2009, de 23 de outubro, com
alterações da Lei n.º 32/2012, de 14 de agosto e Decreto-Lei n.º 136/2014, de 9 de setembro
que estabelece o regime jurídico da reabilitação urbana (RJRU).
A presente proposta dá continuidade ao Projeto de Reabilitação Urbana de Torres Novas
encetado com a criação da Área de Reabilitação Urbana “Torres Novas-centro histórico” e
prossegue os objetivos estratégicos já traçados.
Nos termos do disposto no Art.º 13º do RJRU – Regime Jurídico da Reabilitação Urbana, a
delimitação das Áreas de Reabilitação Urbana são da competência da assembleia municipal,
sob proposta da câmara municipal, sendo a mesma fundamentada nos seguintes elementos:
a) Memória descritiva e justificativa, que inclui os critérios subjacentes à delimitação da
área abrangida e os objetivos estratégicos a prosseguir;
b) A planta com a delimitação da área abrangida;
c) O quadro dos benefícios fiscais associados aos impostos municipais, nos termos do
disposto na alínea a) do Art.º 14.º do citado diploma.
A delimitação da ARU “Torres Novas-centro histórico” aprovada pela Assembleia Municipal em
sessão extraordinária de 12 de novembro de 2014, mediante proposta da Câmara Municipal,
foi publicada no Diário da República, 2.ª série – N.º 242, de 16 de dezembro de 2014.
A proposta de delimitação da ARU “Torres Novas-rio Almonda” tem como finalidade a
reabilitação do tecido urbano e dos edifícios, a salvaguarda e valorização do património
construído e ambiental nas zonas da cidade de Torres Novas percorridas pelo rio Almonda, na
contiguidade da ribeira do Alvorão, nas áreas industriais/atividades económicas abandonadas
(ou degradadas) e edificadas adjacentes, numa coerência sociofuncional que conjuga as
diferentes valências do centro de Torres Novas.
Salienta-se nesta demarcação o rio Almonda, como ícone da cidade, património natural a
usufruir pelos torrejanos, marco da cultura e das vivências locais, tantas vezes esquecido e
menosprezado.
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Figura 1 - Centro urbano de Torres Novas
O projeto Urbnovas tem como objetivo último chegar a um esquema de circulação viária,
pedonal e de habitabilidade da cidade com base na ideia que se enuncia no diagrama. Um
conceito de multifuncionalidade e complementaridade entre diferentes áreas, de fácil
acessibilidade entre si: o “núcleo medieval” que alberga os locais de fruição relacionados com
o património histórico e arquitetónico, um grande quarteirão das artes e do património
cultural (com o castelo, o museu, igrejas e caminhos históricos); uma área envolvente de
serviços e equipamentos, como a biblioteca, as piscinas, centros associativos e culturais,
jardins e zonas verdes; e uma grande base comunitária, habitacional e de comércio, que
equivale a uma zona urbana edificada a reabilitar ou em fase de reabilitação.
Pretende-se, assim, promover a reabilitação do tecido urbano e dos edifícios, mas sobretudo
criar uma estratégia de crescimento e desenvolvimento sustentáveis ao nível ambiental,
cultural, social e económico.
A presente proposta toma como referência o Plano Diretor Municipal (PDM), nomeadamente
a delimitação em vigor da área urbana da cidade de Torres Novas, o leito e margens do rio
Almonda, bem como a ribeira do Alvorão, e é complementar à intervenção de reabilitação
proposta para o centro histórico da cidade que lhe é contígua.
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A delimitação da ARU “Torres Novas-rio Almonda” alicerça-se nos seguintes objetivos:
1. Salvaguarda do património ambiental
2. Estímulo da vitalidade sociocultural e turística
3. Revitalização das atividades económicas
4. Requalificação do espaço público
5. Regulação e recuperação do edificado
Este documento apresenta à Câmara Municipal a proposta de delimitação da ARU “Torres
Novas-rio Almonda” e fundamenta a importância da reabilitação da malha urbana definida nos
limites apresentados.
A primeira parte do trabalho apresenta a delimitação da ARU e caracteriza-a sumariamente
nos seus pressupostos de atuação como área relevante e prioritária.
Na segunda parte e partindo da preocupação de garantir sustentabilidade, qualidade, utilidade
e versatilidade – características essenciais para viver o centro da cidade – estabeleceram-se,
então, os objetivos estratégicos para esta delimitação de área de reabilitação urbana e
definiram-se os meios e instrumentos para a prossecução dos propósitos assumidos.
Além das intenções e desígnios, propõem-se ações estratégicas a que deve ser dedicado o
planeamento e a cenarização de impactes e que, por isso, se deverão incluir no espaço e
tempo da operação de reabilitação urbana (ORU).
A terceira parte esclarece questões institucionais relativas à entidade gestora da ARU “Torres
Novas-rio Almonda”, às competências da câmara e da assembleia municipal, o prazo de
vigência da ARU e o tipo de ORU a implementar.
Os benefícios fiscais e outros apoios à reabilitação urbana para particulares e empresas
apresentam-se na quarta parte do documento.
Inclui-se, por fim, uma nota, em jeito de epílogo, expressão das expectativas da equipa
Urbnovas em relação à reabilitação do centro da cidade.
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Parte 1 – Delimitação e caracterização
Critérios de delimitação
Para que as zonas ribeirinhas e as zonas de atividades económicas abandonadas ou
degradadas da cidade de Torres Novas sejam consideradas uma área de reabilitação urbana,
merecedora dos mecanismos de intervenção previstos no regime da reabilitação, foram tidos
em conta os seguintes critérios:
• A constatação do abandono e crescente degradação do edificado em particular nas
zonas industriais/atividades económicas e do espaço público (algum);
• A comprovação das más condições de habitabilidade e salubridade dos edifícios;
• A necessidade de intervenção no domínio privado e espaço público;
• A existência de património ambiental, histórico e urbanístico a preservar, reabilitar
e/ou regenerar;
• A verificação dos baixos índices de atividade económica, face às potencialidades do
local;
• A localização relevante no contexto da cidade;
• A existência de potencialidades turísticas emergentes, por aproveitar;
• A urgência de estratégias de intervenção eficazes;
• A inexistência de objetivos integrados, ao invés de fortuitos.
Contaram-se ainda com os seguintes pressupostos:
• A existência de uma estratégia global para o município onde se dá primazia ao rio
Almonda e às suas margens como área a reabilitar;
• A grande atratividade inerente às zonas ribeirinhas recuperadas;
• A procura de habitação, a valores atrativos, pela população jovem no centro da cidade;
• A necessidade de manutenção da habitação pela população residente, com a melhoria
das condições de habitabilidade;
• A existência da procura de espaços para iniciar ou consolidar atividades económicas
diversificadas, no centro da cidade;
• A existência de financiamentos e incentivos à reabilitação em ARU;
• A existência de financiamentos e incentivos à atividade económica patente nas ARU;
• A captação de investimento privado a partir de políticas e estratégias de reabilitação
capazes;
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• O contágio da iniciativa de reabilitação com o desenvolvimento de outras ações na
ARU;
• A existência de uma ARU aprovada ou em fase de aprovação, como condição para
candidaturas a programas de apoio nacionais e/ou comunitários.
Figura 2 - Delimitação da ARU “Torres Novas-rio Almonda”
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Enquadramento
A ARU “Torres Novas-rio Almonda” tem uma área de 106 hectares e abrange 2 540 habitantes
distribuídos por 1351 alojamentos.
A estrutura etária da área abrangida pela ARU apresenta-se na pirâmide invertida, mais de
28% da população tem uma idade superior a 65 anos e 57% está em idade ativa (entre os 19 e
os 65 anos).
Gráfico 1 - Pirâmide etária (Fonte: BGE 2011, INE)
Aqui moram 1149 famílias e 821 núcleos familiares. A composição de 65% das famílias
restringe-se a um ou dois indivíduos e 132 delas têm um ou mais desempregados no agregado
familiar.
40% dos residentes não exerce qualquer atividade económica, embora só 17% da população
tenha menos de 20 anos. Cerca de 40% dos residentes estudam ou trabalham no concelho de
Torres Novas.
Homens Mulheres
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Gráfico 2 - Distribuição da população por frequência de nível de ensino (BGRI 2011, INE)
Gráfico 3 - Atividade da população residente (BGRI 2011, INE)
O alojamento na ARU “Torres Novas-rio Almonda” distribui-se por 560 edifícios, 94% destes
têm mais de 30 anos, 7% mais de 100 anos. Destes edifícios com uso habitacional 98 não têm
residentes recenseados e em 2011 estavam vagos 13% dos alojamentos disponíveis.
Esta área da cidade não apresenta um edificado com uso habitacional com necessidades
profundas de reparação, só 34 edifícios (6%) necessitavam em 2011 de reparações grandes ou
muito grandes.
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Figura 3- Distribuição de alojamentos sem residentes recenseados em 2011 (Fonte: BGE 2011, INE | SCN2K)
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Figura 5 - Distribuição dos edifícios por dimensão da reparação necessária (Fonte: BGE 2011, INE | SCN2K)
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Caracterização
Património ambiental e ribeirinho
O património ambiental da cidade é marcado pelo seu sistema ribeirinho e pelas vertentes que
o ladeiam. Considera-se que o rio Almonda, enquanto corredor ecológico secundário numa
perspetiva regional, é do ponto de vista local a artéria fundamental do concelho de Torres
Novas e se o estabelecimento de corredores ecológicos é apresentado como um meio de
atribuir coerência funcional à Rede Natura 2000, conjugá-lo com o percurso urbano do rio é
um desafio.
Assumindo o rio como elemento agregador de valores naturais, devem identificar-se os valores
naturais e ambientais presentes e, posteriormente, as áreas de conflito entre a ocupação
urbana e o rio de forma a conciliá-lo com edifícios, muros, quintais e jardins. A intervenção no
contexto dos vales aluvionares deve assegurar a continuidade da vegetação natural e
seminatural, tornando-se relevante do ponto de vista conservacionista.
Figura 6 - Jardim da Avenida, rio Almonda e caminho pedonal
Para tal no território da ARU “Torres Novas-rio Almonda” as intervenções devem ser tanto
quanto possível implementadas através de obras de engenharia verde, vocacionando este
espaço para lugares de lazer com equipamentos reduzidos aos serviços essenciais, tendo como
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fim a sensibilização e educação ambiental e usos que promovam uma aproximação dos
utilizadores aos sistemas naturais.
Tanto as margens do rio como as vertentes devem, tanto quanto possível, ser
intervencionadas para a criação de uma rede pedonal e ciclável que interligue diversas áreas
da cidade, em artérias alternativas à rodovia. A intervenção no âmbito da ARU “Torres Novas-
rio Almonda” deve promover a consciencialização ambiental e comportamentos tendentes a
uma maior sustentabilidade da fruição da cidade.
Não deve ser descurado o rio como herança cultural da cidade e, como tal, veículo do
envolvimento social na defesa do ambiente e na conservação do espaço ribeirinho.
Nestas áreas com potencialidade de atravessamento pedonal incluem-se a ligação entre o Vale
e as Tufeiras, entre o Outeiro do Fogo e as Casas Altas através do Moinho da Cova, entre as
Casas Altas e o Outeiro do Fogo, através da Várzea dos Mesiões e daqui à Ponte Nova
(atravessamento para o Nicho dos Riachos, Cotôas, Vila Cardilio e Estrada Real).
Património cultural e edificado
Património classificado
Igreja de Nossa Senhora do Carmo e Convento do Carmo
(monumento de interesse público - Igreja e Vestígios do Convento do Carmo - Portaria n.º 740-
CZ/2012 – D.R., 2.ª série — N.º 248 — 24 de dezembro de 2012)
A evolução do edifício conventual, da Ordem Carmelita, ao longo dos séculos permite-nos
afirmar que, à dimensão mística da vida religiosa num ambiente protegido do mundo exterior
– no qual a vida quotidiana é controlada no espaço e no tempo por uma regra estrita e quase
imutável – corresponderam conjuntos edificados com manifesta contenção compositiva e
espacial. De um modo geral, ao implantar-se um novo convento era comum a previsão, para
além da Igreja, de um conjunto de outras dependências, a saber: portaria, claustro, capelas,
sacristia, dormitórios com celas individuais, livraria, sala do capítulo, refeitório, espaço para o
noviciado, oficinas e pomar. Eram sempre escolhidos lugares de terra fértil, com água
abundante e inspiradores à contemplação.
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O Claustro era o centro arquitetónico do edifício, repleto de simbolismo: quadrado,
coordenado com os quatro pontos cardeais e com os quatro elementos da matéria criada.
Figura 7 - Igreja de Nossa Senhora do Carmo e antigo hospital da Misericórdia
Era o centro para onde se orientavam os outros espaços encerrados no convento. Uma ilha de
natureza retificada, separada do mundo. Um lugar onde o ar, o sol, as árvores, os pássaros e a
água, reencontram a frescura e a pureza originais.
O antigo Convento de S. Gregório, também denominado por Convento do Carmo, trata-se de
um edifício localizado a Nordeste da cidade de Torres Novas, na freguesia de S. Pedro.
Mandado erigir pelo Bispo de Ceuta D. Jaime de Lencastre, prior da referida freguesia, no local
onde existia uma ermida consagrada a S. Gregório Magno, na sequência de uma doação desta
e dos terrenos confinantes à Ordem dos Carmelitas Calçados, em 1558, para no seu lugar ser
erigido o Convento.
“De arquitetura simples, tanto a igreja como o mosteiro, era este todavia espaçoso pois
ocupava todo o recinto onde se acha hoje o hospital da misericórdia e as suas dependências. A
sua vasta cerca compreendia todos os terrenos adjacentes que marginavam o rio pelo Norte.”
Fundado em 1559, instituiu o seu fundador uma feira: a feira de S. Gregório, também
conhecida como feira de março. Esta estendia-se pelo Rossio do Carrascal (atual Largo das
Forças Armadas/Parque da Liberdade) para a qual o Bispo D. Jaime de Lencastre alcançou
muitas isenções e privilégios, sendo franca para todos os que ali comerciassem, anualmente, a
12 de março.
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A meia encosta foi também mandada construir, por D. Jaime de Lencastre, a Igreja de Nossa
Senhora do Monte do Carmo, constituindo lugar de culto do Convento e estabelecendo uma
relação funcional com este a nível interior.
O convento foi extinto em meados do século XIX (altura em que se deu a dissolução das ordens
religiosas) e transferido para a posse da Santa Casa da Misericórdia de Torres Novas a 21 de
junho de 1866.
Durante aproximadamente duas décadas decorreram as obras de adaptação do antigo
convento para hospital, tendo este desenvolvido as suas atividades desde 1882 até 2000,
ainda que tenha passado a integrar a rede de hospitais públicos após o 25 de abril de 1974.
Ermida de Nossa Senhora do Vale
(Imóveis de interesse público – Decreto n.º 5/2002, de 19 de fevereiro)
Monumento simples e gracioso, a projetar-se em passado distante. A tradição oral coloca-o no
domínio dos Godos convertidos, que por aqui senhorearam após 653, depois de cristo.
Figura 8 - Ermida de Nossa Senhora do Vale
Por compromisso da Misericórdia, são-lhe dadas honras de primeiro monumento religioso do
concelho pelo que, tinham o prior e os beneficiados de Assentiz de reconhecer anualmente, a
15 de agosto, a Eclésia do Vale como paróquia primaz.
Do sino antigo, derretido na fundição do Sorrilha, ainda se conheceu a legenda que estava
gravada no bronze: ”EGO SUN VOX CLAMANTES IN DESERTO”, alusão que estava ligada à
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toponímia da ribeira que corre próxima da Capela do Vale, “a ribeira do Alvorão” e,
efetivamente, nos terrenos desertos de cultivo, anexos ao pequeno templo, se enterraram até
à Idade Média os cristãos e vitimados pelas pestes malignas.
Fundada no século VII /VIII, reconstruída e ampliada no século XIV/XV, sujeita a restaurações
diversas, acusando o cunho das épocas hoje patentes no pequeno templo, são dignas de nota
as levadas a cabo por ordem de D. Diogo Fernandes de Almeida, que se reportam à colocação
de azulejos mudéjares (séculos XVI) e pela Santa Casa da Misericórdia, sua donatária desde
1578 que, além de integrar azulejos do século XVII, vindos da capela da Senhora de
Monserrate da Meia Via, remodelou o adro, dotando-o de escadaria em pedra e alpendrada
corrigida (1973).
No pequeno anexo de passagem para o púlpito barroco, foi instalada a “Roda dos Enjeitados”
(1783) por determinação do Intendente Geral da Polícia. Testemunho de um passado
vergonhoso que expôs os filhos indesejados até 1869.
Apontamento monográfico, J. Robalo Pombo, edição Santa Casa da Misericórdia de Torres Novas.
Património artístico do concelho de Torres Novas, Joaquim R. Bicho, edição da C.M.T.N.
Património edificado
Zonas históricas da Avenida e do Nogueiral
UC.2 – Zona Edificável da Avenida e UC.3 – Zona Edificável Central do Nogueiral – PDM.
A construção da avenida marginal ao rio Almonda, cujo projeto data de 1924, marcou a
expansão para Norte da urbe, ultrapassando o morro do castelo, abrindo caminho entre o
Rossio do Carmo e a Ponte do Ral.
Figura 9 - Ponte do Ral
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O arquiteto Henrique de Campos foi o autor dos projetos das casas então construídas na nova
avenida, que mereceram parecer positivo do pintor Carlos Reis, publicado no Jornal O
Almonda em 28 de junho de 1924, o que terá sido um incentivo para a Câmara Municipal.
Figura 10 – Edifícios da avenida marginal
Entre a Avenida, inaugurada em 1935, e o rio Almonda teve início em 1936 a execução do
Jardim com áreas relvadas e arborizadas onde se destacam as zonas de estar e lazer.
A par das moradias iniciais, as instalações do “Colégio de Andrade Corvo” e, mais tarde o
edifício dos CTT/PT (inaugurado em 1940) dão nota ainda hoje da evolução deste espaço, bem
como da necessidade de o requalificar e valorizar, incentivando, nomeadamente, a ação dos
particulares e empresas proprietários de construções devolutas ou degradadas.
Figura 11 – Edifício do antigo “Colégio de Andrade Corvo” (devoluto) e dos CTT/PT
É, atualmente, relevante a demolição das antigas instalações da Rodoviária Nacional, junto à
Rua da Fábrica, suscetível de promover quer a requalificação quer a criação de novas
dinâmicas urbanas e sociais na cidade.
O Rossio do Carrascal ou do Carmo desde cedo ganhou significado, ainda fora da vila, com o
seu casario, que, subsidiário da quinta do Carrascal, floresceu sobretudo com o convento,
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depois de quinhentos e com a feira de S. Gregório, logo desde o século XIII a artéria urbana
com maior carga tributária na perspetiva do imposto sobre imóveis.
Figura 12 - Antiga feira de S. Gregório
Do Rossio do Carrascal ou do Carmo saía a estrada de Tomar e o primitivo caminho de Ourém,
pelo Alvorão, subindo ao Bairro. No local destacam-se a igreja do Carmo e o antigo hospital
(atualmente em obras de requalificação), a Escola Prática de Polícia e antigas edificações,
memória do casario e da implantação urbana primitiva.
Permanecem ainda pomares, área expectante que a par de construções degradadas e
devolutas denotam a premência de uma ação de reabilitação concertada entre o município e
os proprietários dos imóveis a fim de requalificar a malha edificada, organizar a circulação
automóvel e pedonal e articular zonas de estar com jardins e equipamentos.
Figura 13 – Travessa da Palha e Largo das Forças Armadas
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Dialogar com um Centro Histórico: O tecido urbano de Torres Novas à luz da História da Arte, Diana
Gonçalves dos Santos, Atas do Seminário Centros Históricos: Passado e Presente.
Torres Novas Memória e Costumes 1936 - 1950, Joaquim R. Bicho, edição da C.M.T.N.
Quintas
Associadas aos cursos de águas existem ocorrências de valor histórico, social e cultural que
importa recuperar e valorizar, como as quintas, açudes, moinhos e tarambolas, jardins
públicos e privados e as pontes, nota de um património ambiental e natural por vezes
esquecido e abandonado.
Na obra Memórias de Torres Novas, Artur Gonçalves enumera e conta a história de 64 quintas
que existiam ou existiram no concelho até 1937.
Destas 64 conseguem-se identificar em carta militar (com o apoio de imagens de satélite) cerca
de 42 que ainda existem ou de que ainda restam vestígios significativos.
No estudo da distribuição destes núcleos constata-se o papel predominante dos recursos
hídricos à superfície no padrão de distribuição das quintas no concelho. A aglomeração de
quintas nas linhas de água principais, com especial relevo junto ao rio Almonda, é evidente
quer ao nível cartográfico quer ao nível toponímico, havendo mesmo quintas que partilham
nomes com ribeiras.
As quintas merecem especial atenção pelas suas componentes histórica, cultural e social,
passando pelas atividades produtivas e/ou de recreio, associadas até à sua inegável
importância ecológica.
A preferência na escolha do local da implantação das quintas junto das linhas de água é
facilmente explicada pela riqueza derivada destas, nomeadamente no aproveitamento da
força da água para o funcionamento de moinhos e lagares, na maior disponibilidade de água
para uso humano no dia-a-dia, na rega de culturas e na criação de animais.
Atentando a área agora delimitada como ARU “Torres Novas-rio Almonda” será expectável
encontrarmos algumas destas unidades inseridas na zona delimitada.
Das 42 ocorrências acima referidas 3 inserem-se na área agora delimitada; a arquitetura nobre
aliada ao enquadramento paisagístico, proporcionado pelos espaços exteriores (onde o recreio
e a produção tiram partido das dádivas da natureza num espaço de vivência de diferentes
classes sociais, cada uma com o seu lugar), que tornam as quintas, espaços exemplares
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representativos de história no seu conjunto global e que não só merecem ser protegidos,
como devem ser estudados (sendo, aliás, esta a linha de fundo que importa ter
permanentemente presente, a necessidade de documentar, levantar e estudar estes espaços
como forma de preservar a sua memória e testemunho material).
Figura 14 - Edifício da Quinta das Vieiras
Quinta das Vieiras, situada na freguesia de S. Pedro, entre a estrada municipal da Ribeira, pelo
Poente, e o rio Almonda pelo Nascente. Em 1715 era seu proprietário João Pinheiro conforme
livro de assento de batismos.
Figura 15 - Edifício da Quinta de Entre Águas
Quinta de Entre Águas, situada na freguesia de S. Pedro, logo a seguir à antiga Fábrica da
Companhia Nacional de Fiação e Tecidos. Segundo Artur Gonçalves nela foram encontradas
telhas com a data de 1620, no entanto o primeiro testemunho escrito que atesta a existência
da quinta é um assento de óbito do ano de 1832 que regista o falecimento de D. Leocácia
Amália de Morais Sarmento na sua quinta de Entre Águas.
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Figura 16 - Quinta de Rio Frio
Quinta de Rio Frio, situada na freguesia de S. Pedro, entre as antigas instalações da Casa Nery
e as da Fiação e Tecidos. A referência que Artur Gonçalves aponta como a mais antiga é a de
um registo feito num livro de assentos de óbito que refere que Luiz António de Azevedo Velês
faleceu na sua quinta de Vila Fria, junto ao Jogo da Bola, em 1827.
Figura 17 - Quinta do Vale
Na área agora delimitada situa-se ainda a Quinta do Vale (atualmente em obras de
requalificação), sita na margem da ribeira do Alvorão, na periferia da cidade, na Estrada do
Vale.
Espaços empresariais degradados
Em Torres Novas o tecido económico industrial desenvolveu-se no decorrer do século XIX,
destacando-se na cidade entre os casos de maior sucesso a constituição da Companhia
Nacional de Fiação e Tecidos de Torres Novas, em 1845, bem como a da transportadora João
Clara & Companhia (Irmãos) Lda. que, à data da sua nacionalização (1975), se denominava
Clara Transportes - S.A.R.L..
Figura 18 - Companhia Nacional de Fiação e Tecidos (desativada) e espaço da antiga Casa Nery
24
Nos finais de setecentos e inícios de oitocentos ocorreram em Torres Novas os primeiros sinais
de pré-industrialização com a instalação de algumas fábricas junto ao rio:
• em 1783, um alvará régio licencia a instalação da Fábrica das Chitas de Torres Novas de
David Suabe e Henry Meuron – situada no moinho de Santa Bárbara;
• em 1797, data da licença dada a Maria Juge para estabelecer na vila uma fábrica de
estamparia de chitas – situada no Caldeirão;
• de 1818 a 1821 funcionou no primeiro lugar onde se implantou a Fábrica de Chitas, junto
ao rio, uma fábrica de curtumes que originaria movimentos de protesto por parte da
população da vila relacionados com a poluição que gerava e consequentes «moléstia e
muitos incómodos».
O primeiro período de industrialização de Torres Novas terá ocorrido entre 1864 e 1911, onde,
a par da agroindústria existiu a grande indústria nas áreas têxtil, metalúrgica, dos curtumes e
do papel. A urbe concentraria então a maioria da atividade industrial do concelho, passando a
ser conhecida como vila industrial.
Em 1882, foi construído um pequeno Bairro Operário pela Companhia Nacional de Fiação e
Tecidos (CNFT), que albergava cerca de trinta famílias, bem como um infantário.
Figura 19 - Bairro operário da CNFT (já demolido)
À atividade industrial associaram-se também os transportes e as comunicações, sendo de
destacar a linha ferroviária da Companhia de Caminho de Ferro de Torres Novas e Alcanena
(que funcionou entre 1893 e 1896 e ligava a Estação de Riachos a Alcanena) e a instalação do
telégrafo no ano de 1893.
No século XX Torres Novas apresenta uma atividade industrial em crescente desenvolvimento,
para além das destilarias de figo, as fábricas de tecidos - caso da Companhia Nacional de
Fiação e Tecidos e das fábricas de João Baptista Vassalo, José Baptista Ramos de Deus e
25
Manuel Caetano da Silva – e as metalurgias – caso das serralharias de Manuel da Costa Nery,
António Vassalo e de João Pereira do Canto. Até 1970 predominavam as atividades ligadas aos
têxteis e metalurgia, começando então a acontecer uma certa transformação da atividade
industrial, que perdura ainda nos nossos dias, com a instalação de novas unidades industriais
mais competitivas.
Com a descentralização das atividades industriais e a sua deslocalização para a periferia da
cidade (em área industrial), a par de contingências de ordem económica deu-se o abandono do
centro da cidade e um distanciamento ao rio propiciado pelo desenvolvimento técnico, dos
transportes e dos meios de comunicação. Encontramos, assim, espaço na cidade expectante e
propício à reabilitação e requalificação urbanas e ambiental e à instalação de atividades
terciárias.
Torres Novas Industrial: 1784-1999, Filipa Oliveira, Coleção Estudos e Documentos 2, edição da C.M.T.N.
Figura 20 – Vista sobre a zona da Cancela do Leão e da área do antigo Alves das Lãs
Espaços degradados e comunidades desfavorecidas
Nos trabalhos de delimitação desta ARU foram identificadas áreas com níveis de degradação
importantes ao nível do edificado e do espaço público. As Tufeiras, a encosta do Vale, as Casas
Altas, a Travessa da Palha e uma pequena área do Nogueiral apresentam necessidades de
intervenção ao nível do edificado e do espaço público envolvente que qualifiquem o parque
habitacional, do ponto de vista do espaço público as áreas com maior necessidade de
intervenção ao nível da pedonalidade são a encosta do Vale, as Casas Altas, a Travessa da
Palha e a artéria que liga o Caldeirão ao antigo “Almonda parque”.
26
Figura 21 - Largo das Tufeiras, encosta do Vale e Casas Altas
Comunidades desfavorecidas
O acesso e a qualidade da habitação são encarados como questões prioritárias da governação
municipal em Torres Novas desde os anos 80, dando resposta às necessidades de erradicação
dos núcleos degradados existentes e carências habitacionais de outros grupos específicos.
Assim, a habitação social como resposta de política pública, tem já décadas de experiências de
promoção e tomou diversas formas de acordo com os contextos sociais e económicos de cada
época.
O processo de degradação das condições habitacionais oferecidas pelos bairros sociais, muito
em particular dos bairros de construção mais antiga, está sinalizado no” Diagnóstico Social de
Torres Novas”, e não pode ser dissociado da situação social dos inquilinos, marcada por
carências económicas e pela fragilidade das principais fontes de rendimento, dos modos de
inserção no mercado de trabalho e do perfil habilitacional, desenhando-se um quadro de
sobreposição de fatores de exclusão social.
Dos quatro bairros sociais da cidade de Torres Novas, dois encontram-se na área de
intervenção da ARU “Torres Novas-rio Almonda”: o das Tufeiras e os das ruas Vicente Sousa
Vinagre e Dr. José Lopes Schiappa Faro e Silva.
Os habitantes são compostos maioritariamente por população idosa, pensionistas com baixos
rendimentos, famílias monoparentais. A população residente é, na sua maioria, idosa, com
mais de 65 anos, reformadas a auferir pensões muito baixas, insuficientes para fazer face às
suas necessidades básicas. Existem algumas situações de desemprego e/ou emprego precário,
com baixo nível de instrução escolar. Estão reportados casos de comportamentos desviantes.
Estes bairros têm população com características semelhantes e pautam-se pela fragilidade
social e financeira, com população a sobreviver abaixo do limiar de pobreza, parte dela
dependente de ajuda institucional na alimentação e bens fundamentais, globalmente são
áreas de carência socioeconómica onde se identifica maior necessidade de programação da
área da coesão social.
27
A pobreza e a exclusão social não se distribuem uniformemente pelo território urbano, a sua
localização em áreas periféricas aos circuitos de maior fluxo viário, contribui para a discrição
das situações de carência e privação material e imaterial. O isolamento funcional no núcleo
urbano a que estes bairros estão confinados permite a manutenção e reprodução das
debilidades sociais e financeiras instaladas, pelo que a abordagem espacial deste fenómeno
deve ser considerada.
O “Bairro das Tufeiras”
Composto por 12 habitações encontra-se num terreno de 6 388,50 m2 adquirido pela
“Federação de Caixas de Previdência”, em 20 de julho de 1961. Em 30 de dezembro de 2006,
de acordo com a Lei nº 60-A/2005, de 30 de dezembro, é celebrado o acordo de transferência
de património referente a 12 fogos, distribuídos por 6 edifícios, bem como todos os direitos e
obrigações do Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social (IGFSS, IP) para o município
de Torres Novas.
Estes fogos, de construção antiga (década 60/70), encontram-se degradados nunca tendo sido
profundamente intervencionados. As principais patologias do edificado prendem-se com um
sistema de canalização deficiente e obsoleto, inexistência de isolamento térmico ou acústico, a
necessitar de substituição de janelas e de reforço das varandas (sem segurança estrutural).
Bairro da Rua Dr. Vicente Sousa Vinagre e Rua Dr. José Lopes Schiappa Faro e Silva
Este bairro composto por 20 fogos data de 1983 e, inicialmente, propriedade do Instituto de
Gestão e Alienação do Património Habitacional do Estado (IGAPHE). Ao abrigo do Decreto-Lei
nº 199/2002, de 25 de setembro, foi celebrado um acordo de transferência de património
referente a estes bens imóveis e dos respetivos direitos e obrigações de propriedade do
Instituto de Gestão e Alienação do Património Habitacional do Estado (IGAPHE) para o
município de Torres Novas.
O projeto “HABITAR BEM, VIVER MELHOR”
No âmbito do Projeto de Habitação Social “Habitar Bem, Viver Melhor”, de novembro de 2001,
data dos primeiros realojamentos, a abril de 2016, os Serviços de Ação Social do município
recensearam 377 famílias, 28 destes agregados familiares encontram-se no território da ARU
“Torres Novas-rio Almonda”: 24 agregados familiares na freguesia de S. Pedro e 4 na freguesia
de Santiago.
Deste número, na ARU “Torres Novas-rio Almonda”, a maioria representa situação exclusiva de
carência económica, em que os rendimentos familiares auferidos são insuficientes para fazer
28
face aos custos de uma renda mensal no mercado de arrendamento urbano, uma vez que, o
regime de ocupação predominante (das pessoas recenseadas) é o arrendamento, muitas vezes
em condições precárias da habitação onde residem (predominando, de igual modo, o
arrendamento como regime de ocupação).
De salientar que, do número de indivíduos recenseados, 12 vivem sozinhos em situação de
carência económica, destes 8 são idosos com mais de 65 anos.
O preço de mercado e a indisponibilidade de fogos de habitação social municipal condicionam
o acesso das famílias a habitação digna. É urgente a promoção da reabilitação do edificado
para disponibilizar fogos, agora devolutos, com rendas sociais, visando a inclusão social.
É também premente a intervenção junto de proprietários em incumprimento na preservação
do seu património, que muitas vezes arrendam os imóveis sem condições mínimas de
habitabilidade.
Núcleos antigos
Os bairros mais antigos têm em comum uma tendência global de degradação do edificado,
tendo sido diagnosticado um conjunto variado de deficiências e patologias nas coberturas e
fachadas e, dentro dos fogos, instalações de águas e esgotos envelhecidas e degradadas,
varandas sem segurança estrutural e outras patologias com efeito negativo no conforto
acústico e térmico dos residentes.
Às condições do alojamento, junta-se a incapacidade de uma parte expressiva da população
residente nos bairros sociais de satisfazer as necessidades básicas diárias, fruto das carências
económicas e da fragilidade das fontes de rendimento e das oportunidades de inserção no
mercado de trabalho e da dependência de prestações sociais.
Necessidades de intervenção
O diagnóstico das situações de pobreza e exclusão social da comunidade residente nos
empreendimentos de habitação social municipal ditou uma intervenção estratégica em duas
abordagens: uma na área da reabilitação social, outra na reabilitação do edificado e do espaço
público envolvente. A saber:
• Intervenções de natureza social promotoras de inclusão social com o combate da pobreza
e da discriminação.
29
• Intervenções de caráter físico com a reabilitação dos edifícios de habitação social com
mais de 30 anos, visando melhorar as condições de habitabilidade dos bairros sociais mais
antigos de Torres Novas.
30
Parte 2 – Objetivos e ações estratégicas
Vetores de desenvolvimento
À semelhança do definido para a ARU “Torres Novas-centro histórico” são quatro os vetores
que presidiram à delineação e à definição dos objetivos de um plano de ação para a ARU
“Torres Novas-rio Almonda”:
• Sustentabilidade
Uma zona ribeirinha e edificada com condições para se desenvolver, manter e conservar,
preservando a identidade cultural urbana e restituindo a sua qualidade ambiental.
• Qualidade
Uma zona ribeirinha e edificada que reúna todos os requisitos para proporcionar
bem-estar aos seus habitantes e visitantes, respondendo às suas necessidades e
expectativas.
• Utilidade
Uma zona ribeirinha e edificada onde seja vantajoso viver e fazer negócios.
• Versatilidade
Uma zona ribeirinha e edificada polivalente e dinâmica, capaz de acolher multiplas funções
e atividades e de se adaptar aos novos tempos.
Objetivos estratégicos
• A ARU “Torres Novas-rio Almonda” tem como principal objetivo a preservação e
valorização do património natural na cidade de Torres Novas, devolvendo à população o
rio Almonda e as zonas ribeirinhas requalificadas e equipadas, criando novas dinâmicas e
privilegiando novas relações urbanas de lazer e convívio.
• A ARU “Torres Novas-rio Almonda” assume, também, como prioridade as zonas
ribeirinhas e as áreas edificadas abandonadas ou degradadas da cidade de Torres Novas
(antigas fábricas ou pequenas indústrias) a fim de moldar o espaço público para
proporcionar bem-estar e, simultaneamente, preservar os espaços ribeirinhos e
edificados que encerram em si estórias, memórias, valor patrimonial e histórico.
31
Como área de reabilitação urbana de intervenção prioritária, importa, estrategicamente, ter
como foco os seguintes objetivos:
Salvaguarda do património ambiental
• Zonas ribeirinhas reabilitadas e qualificadas;
• Restabelecimento das funções ambientais.
Estímulo da vitalidade sociocultural e turística
• População com melhor qualidade de vida.
Revitalização das atividades económicas
• Tecido empresarial renovado, qualificado e diversificado.
Requalificação do espaço público
• Zonas ribeirinhas equipadas e visitáveis, ruas, largos e praças acessíveis e aprazíveis;
• Estabelecimento de um espaço público conectado, com estímulo das mobilidades
suaves com implementação de corredores de pedonalidade;
• Espaço público equipado, seguro e qualificado.
Regulação e recuperação do edificado
• Edifícios reabilitados, habitados e utilizados;
• Face ao intuito de reabilitar áreas com valor patrimonial e ambiental é prioridade do
município concertar as intervenções dos diversos atores com regulamentação formal
da reabilitação de edifícios e das normas de intervenção em áreas ambientalmente
sensíveis.
Ferramentas de implementação
Para a prossecução dos objetivos estratégicos definiu-se um conjunto de ferramentas que se
estipulam como meios e instrumentos de intervenção da autarquia.
Estas ferramentas devem gerir os apoios e incentivos, bem como mobilizar os atores previstos
no quadro de governança a prever na respetiva ORU-Operação de Reabilitação Urbana,
através da qual se articularão as atividades do município com maior abrangência de outros
atores a intervir na área definida.
A utilização destes instrumentos deve enquadrar-se numa quadro de ações articulado,
coerente, abrangente e consistente com as medidas de gestão e o mapa de incentivos criado
no contexto da ARU “Torres Novas-rio Almonda”.
32
Mobilização de intervenientes Juntas de freguesia
Residentes e utilizadores
Empresários e empresas
Associações, coletividades, IPSS
Apoios Técnico Incentivos Fiscais
Jurídico Administrativos
Administrativo
Princípios de atuação
Preservar
• Aprovar mecanismos que garantam o cumprimento das boas práticas construtivas e a
coerência/consonância arquitetónica do edificado existente e a construir;
• Proteger o património abrangido pelas zonas de proteção e na envolvente próxima,
garantindo a preservação das características do edificado, a promoção de campanhas
arqueológicas e a divulgação dos achados, bem como a salvaguarda das memórias e
vida do lugar (património imaterial);
• Proteger o património ambiental, garantindo a preservação dos valores naturais, em
articulação com os usos urbanos.
Intervenção do município Coordenação de parcerias
Diagnóstico
Divulgação e discussão
Programação
Obra (execução | acompanhamento| fiscalização)
Monitorização
Avaliação
33
Incentivar
• Regular e definir um contexto económico e fiscal propício à reabilitação;
• Informar e apoiar o acesso a fontes de financiamento para a reabilitação urbana.
Reabilitar
• Estimular a estratégia e políticas de reabilitação em espaço público e privado que vem
sendo implementada pelo município;
• Melhorar as condições do espaço natural urbano;
• Melhorar as condições funcionais do parque edificado;
• Requalificar e modernizar o espaço público – zonas ribeirinhas, largos, praças, vias e
equipamentos de utilização coletiva –, assegurando o acesso generalizado da
população às mais variadas infraestruturas, garantindo que o espaço público assume
valências de atratividade social, cultural, económica e ambiental, promovendo
simultaneamente a sustentabilidade e eficiência energética;
Revitalizar
• Criar condições de atratividade que incentivem a população a habitar e viver nas zonas
ribeirinhas;
• Implementar medidas de melhoria da mobilidade para todos;
• Estimular a atividade económica, contribuindo para a criação e manutenção de postos
de trabalho.
Proposta de intervenção
Quatro objetivos da ARU “Torres Novas rio-Almonda”
Sustentabilidade | Qualidade | Utilidade | Versatilidade
Quatro princípios
Preservar |Incentivar | Reabilitar | Revitalizar
Quatro eixos de ação
Natureza | Mobilidade e comunicação| Cultura e património | Coesão social e
dinâmica empresarial
35
• Natureza
Os meandros do rio Almonda constituem o fundamental elemento distribuidor do tecido
urbano da cidade de Torres Novas. As suas margens são sistematicamente ameaçadas pela
pressão urbana, onde não existe edificação a substituir as margens, existem espaços
expectantes a que foi estripada a galeria ripícola e os espaços verdes para dar lugar à inércia
da expectativa de urbanização.
Figura 23 - Corredor ribeirinho do Almonda e espaços verdes
36
Vê-se nestes espaços a oportunidade de renaturalização das margens do rio dentro do tecido
urbano, para reabilitar o uso ribeirinho e promover a valorização territorial dos interstícios
disponíveis.
Foi recentemente aprovada a nova delimitação da Reserva da Biosfera do Paul do Boquilobo
(Programa MaB “Man and the Biosphere” da UNESCO) que termina a sul da cidade, e que
motiva a pertinência de começar o trabalho de valorização ambiental do rio para que na
próxima década se promova a integração das margens urbanas do Almonda nesta chancela.
Para tal há que promover a conectividade ecológica e a biodiversidade, tornando comum os
avistamentos de aves com interesse conservacionista e a convivência dos torrejanos com
espaços de elevada qualidade ambiental e diversidade de valores naturais.
Este eixo torna necessária uma nova perspetiva sobre as relações antrópicas com o rio e
introduz a necessidade da estrutura administrativa local se organizar na área da proteção e
conservação da natureza.
• Mobilidade e comunicação
A cidade de Torres Novas está atualmente vocacionada para o transporte rodoviário, a
tendência multimodal não foi seguida e assiste-se à ocupação do espaço público por
estacionamento de transporte individual.
Considera-se pertinente o investimento na pedonalidade, fundamental na devolução da cidade
aos torrejanos. A qualificação do espaço público e a reabilitação das treze pontes que a cidade
tem sobre o rio, para deslocações quotidianas, a par das intervenções previstas no ACEDER –
Plano municipal de promoção da acessibilidade pautarão a abordagem municipal de redução
da pegada de carbono, iniciando a evolução da cidade no sentido de implementar sistemas de
mobilidade suave.
37
Figura 24 - Mobilidade, pedonalização e nova artéria urbana
Para colocar a cidade no século XXI torna-se necessário trazer a hiper-cidade, a meta-cidade.
Enquanto se transforma o centro da cidade, permitindo o conforto de pessoas e bens, falta
criar o último vaso comunicante que é a rede de comunicações.
À rede de comunicação privada, disponível através de operadores de telecomunicações, a
cidade do conhecimento deve juntar uma rede pública de comunicação. Começar por unir os
elementos pontuais da administração pública, os espaços de atendimento ao munícipe, os
equipamentos de utilização coletiva. Deve ser implementada uma estrutura de avaliação,
monitorização e comunicação que aproxime os cidadãos à administração e unifique os vários
serviços instalados na cidade.
38
Figura 25 - Rede de fibra ótica a completar
Esta rede de comunicação será a base de uma estrutura de serviço de proximidade, tal como
suportará a otimização da gestão de recursos na cidade.
A conectividade permitirá monitorizar os resultados expectáveis da estratégia de reabilitação
urbana, gerir a informação e estimular uma mais fácil comunicação intra e interinstitucional.
39
A implementação de uma rede de comunicação extensível à cidade permitirá incluí-la na era
digital com projetos como as redes de iluminação inteligente ou a implementação de estações
de monitorização territorial necessárias à verificação da reabilitação ambiental da cidade.
• Cultura e património
O património e a cultura são elementos fundamentais no desenvolvimento urbano e na
construção da qualidade de vida numa cidade revitalizada.
Figura 26 - Património edificado e equipamentos culturais
A qualificação da utilização da cidade passa pela oferta cultural diversificada que não se pode
cingir ao património edificado e ao entretenimento. Esta oferta é, em conjunto com outras
valências urbanas, determinante para a diferenciação de Torres Novas no contexto regional.
Nesta perspetiva a intervenção na zona ribeirinha constitui um espaço de excelência para o
ócio e a fruição cultural, ligando a natureza e os equipamentos culturais, oferecendo espaços
de entretenimento e consumo cultural, mas principalmente de produção artística e criativa,
que satisfaçam as necessidades dos agentes culturais e dos torrejanos. Importa assim valorizar
o património edificado mas principalmente diversificar a oferta cultural e artística.
40
• Coesão Social
A distribuição dos fatores de vulnerabilidade social em Torres Novas – limitações de recursos
económicos, baixas qualificações escolares e profissionais, isolamento social, marginalidade,
dependências aditivas, carências habitacionais entre outros – associa-se a desigualdades de
acesso às esferas em que se geram e distribuem as oportunidades de participação social,
cultural, política e económica, designadamente aos mercados de trabalho, educação e
formação, criando-se assim, em territórios contidos na malha urbana, um “ciclo vicioso” que
importa contrariar, através de modalidades de resposta inscritas territorialmente, orientadas
por abordagens e práticas integradas que incluam ativamente a rede de parceiros existente no
âmbito da ação social.
As ações propostas para abordar os problemas e riscos sociais, assim identificados,
integram-se numa prioridade estratégica do PEDU “Cidade para todos”, com o intuito de
melhorar as condições de habitabilidade dos bairros sociais mais antigos de Torres Novas,
melhorar as competências pessoais, sociais e profissionais das comunidades desfavorecidas,
reduzir os riscos de insucesso e abandono escolar, tal como mitigar o isolamento e a
estigmatização social.
Figura 27 - Bairros socias e áreas com comunidades desfavorecidas
41
Ações previstas
Os eixos de intervenção devem ser implementados através de um conjunto de áreas
consideradas estratégicas na malha urbana e que provocarão a ação dos parceiros
institucionais e dos cidadãos.
Margens do rio Almonda
O rio Almonda é o maior valor natural da cidade de
Torres Novas e é aqui usado como móbil
qualificador do espaço público da cidade, com o
desenvolvimento de pontos de interesse que
vocacionem o espaço ribeirinho para o encontro, a
estadia e o lazer. Esta qualificação tem como matriz
a reabilitação ambiental das margens do rio com o
restabelecimento da conectividade ecológica que
permita um aumento da biodiversidade no centro
da cidade. O aproveitamento da proximidade de
duas áreas protegidas (PNSAC – Parque Natural das
Serras de Aire e Candeeiros e RNPB – Reserva Natural do Paul do Boquilobo), tal como a
recente ampliação da Reserva da Biosfera do Paul do Boquilobo, são oportunidades para aliar
os serviços ecológicos ao bem-estar e à qualidade de vida dos torrejanos.
Intervenções propostas
• Identificação dos valores naturais associados ao rio Almonda;
• Renaturalização das margens do rio com restabelecimento da galeria ripícola na Casa
Nery, na Quinta da Lezíria, no Açude Real e no Almonda Parque;
• A reabilitação de pontes pedonais, de diques e açudes, tornará o rio mais permeável à
utilização urbana permitindo um maior número de acessos entre as margens e espaços
de contemplação do rio;
• Reabilitação da ponte do Lamego;
• Intervenção no mercado semanal: arborização e desenvolvimento de patamares que o
reconciliem com o rio e promovam a sua interação com o Moinho dos Gafos e a “Casa
Amarela”.
• Articular a área do mercado semanal com o vale do Moinho da Cova, a Várzea dos
Mesiões, a Cancela do Leão, atravessar a Ponte Nova e ligar a cidade às Cotôas. Surge
aqui o desafio de criar uma relação pedonal que ultrapasse a barreira da A23 e reate a
42
ligação entre a cidade, o retail park instalado nas Cotôas e o centro comercial,
integrando-os na lógica urbana;
• A renaturalização das margens do Almonda e a articulação dos seus vários espaços
verdes permitirá o desenvolvimento de percursos pedonais ou de ciclovia que liguem
as diversas funções urbanas através de caminhos de terra e vegetação, dotando a
cidade de um corredor verde para passeio e deslocações de maior conforto e
qualidade cénica.
Almonda Parque e Caldeirão
Neste espaço as intervenções terão como
base os eixos de mobilidade e comunicação,
natureza e cultura, sendo o ponto de partida
o Almonda Parque e o Caldeirão, edifício da
antiga estação hidroelétrica.
O Almonda Parque agrega a chegada de
população de automóvel para a distribuir
para os espaços verdes e de lazer na
proximidade do rio Almonda e o acesso ao
hub cultural do centro histórico existente
(Museu | Biblioteca | Teatro) e futuro
(Central Hidroelétrica do Caldeirão|
Convento do Carmo), aos equipamentos e
serviços públicos disponíveis, funcionando
como elemento estruturante da mobilidade urbana que se pretende implementar no centro
da cidade de Torres Novas.
Já o Caldeirão poderá vir a funcionar como núcleo cultural, espaço de criação autónomo,
desligado da chancela institucional, permitindo o desenvolvimento de novos negócios,
provenientes das oportunidades criadas nos espaços criativos. Estes espaços de comércio de
bens e serviços, especializados e diferenciadores, devem constituir um ponto de encontro da
população torrejana.
Intervenções propostas
• Estabilização e renaturalização das margens do Almonda, em conjunto com a criação
de um espaço verde de enquadramento do parque de estacionamento (Almonda
43
Parque) e que o articule com a Central do Caldeirão, passando pelo Moinho dos
Duques;
O Moinho dos Duques poderá aqui desempenhar um papel de transição entre o
espaço livre e o espaço construído, apontando-se a herança cultural do
aproveitamento produtivo rural dos espaços ribeirinhos e usando-o como antecâmara
da Central do Caldeirão;
• Requalificação da Central Hidroelétrica do Caldeirão para espaço cultural a integrar na
rede cultural existente no centro da cidade, acrescentando-lhe contemporaneidade e
capacidade relacional com o tecido cultural emergente no concelho e motivando uma
rede de parcerias nesta área. Enquanto as várias associações se desenvolvem ao longo
de todo o território concelhio e em muitos pontos da cidade, embutidas no tecido
urbano tradicional, atuando como pontos de energia num tecido debilitado, a estação
hidroelétrica do Caldeirão deve herdar o seu cariz de força motriz, desta vez não como
ponto de produção de energia elétrica mas como ponto de produção de massa crítica,
do ponto de vista cultural e social;
• A reabilitação das pontes dos Duques e da Bácora tornará mais confortáveis os
percursos pedonais de ligação ao núcleo antigo da cidade;
• Requalificação do espaço urbano, com reorganização da rede viária que medeia o
Açude Real, os bombeiros voluntários e terreno adjacente, o Teatro Virgínia e a Central
Hidroelétrica do Caldeirão;
• Monitorização do nível e qualidade da água do rio Almonda.
Avenida Marginal
A Avenida Dr. João Martins de
Azevedo, aberta nos anos 30,
marca a expansão para norte da
cidade, ligando o Rossio do Carmo
e a Ponte do Ral, faz também a
ligação entre o centro histórico e a
cidade de meados do século XX.
Como elementos fundamentais
desta avenida encontramos o
jardim e as moradias que a ladeiam. A intervenção nesta área passa pela reabilitação do
edificado, pela reabilitação do jardim, que deve manter o desenho que caracteriza uma época
44
mas que necessita de revitalização e de articulação com o Jardim das Rosas numa ótica de
continuidade e de conjunto na fruição do rio.
A avenida é topejada por dois espaços preponderantes na leitura desta artéria: o Convento do
Carmo e a base do viaduto de Rio Frio, espaço das instalações da Casa Nery, hoje um
descampado, onde se destruiu a galeria ripícola e onde ainda sobrevivem alguns restos do
edificado da fábrica.
Intervenções propostas
• Valorização do jardim da avenida de forma articulada com o Jardim das Rosas mas
mantendo a identidade do seu tempo de construção;
• Reabilitação do Açude Real, estrutura hidráulica quinhentista associada ao canal que
alimentava o Moinho dos Duques, depois aproveitada para a estação hidroelétrica do
Caldeirão;
• Reabilitação do edifício do Convento do Carmo;
• Reabilitação do espaço da antiga Casa Nery para estacionamento e restabelecimento
do corredor ripícola com criação de um espaço verde, servindo os equipamentos
presentes na avenida;
• Encerramento do Jardim das Rosas ao trânsito, com estacionamento na área das
piscinas restrito a veículos prioritários, veículos de pessoas com mobilidade reduzida e
logística.
Rossio do Carmo
O Rossio do Carmo uma das portas da cidade reúne, na sua envolvente, equipamentos,
espaços degradados e devolutos. As
recentes intervenções na malha
urbana requerem uma intervenção
articuladora que atribua coerência ao
conjunto e que organize a circulação
automóvel, o estacionamento, os
canais pedonais, as zonas de estar, os
jardins e os equipamentos.
Como elementos preponderantes
surgem o Convento do Carmo, a Igreja da Nossa Senhora do Carmo, a Escola Prática de Polícia
45
e o Parque da Liberdade que se encontram na confluência de várias artérias relevantes para a
circulação urbana e que necessitam de ser repensadas e dignificadas.
Intervenções propostas
• Requalificação e valorização do espaço público com reorganização da estrutura viária,
dos canais pedonais e das bolsas de estacionamento;
• Reabilitação do Convento do Carmo;
• Reabilitação do edificado de características tradicionais, em mau estado de
conservação ou devoluto;
• Alteração do perfil da Travessa da Palha reintegrando-a na lógica de mobilidade da
envolvente, prevendo-se a demolição de edificações devolutas e em mau estado de
conservação com realojamento dos residentes.
Quintas
As quintas estabelecidas ao longo do rio
Almonda constituem ocorrências de valor
cultural que podem ser resgatadas para a
qualificação dos espaços ribeirinhos.
A recuperação e valorização das várias
quintas incluídas na cidade traduz a
oportunidade de reabilitar património
edificado com interesse arquitetónico (como
a Quinta de Entre Águas, a Quinta das
Vieiras, Quinta de Rio Frio e Quinta do Vale), e permite equacionar o papel destes
testemunhos na revitalização das margens do rio e na retoma das suas potencialidades
produtivas, podendo a estas acrescer o uso para espaços de lazer de utilização coletiva ou
turismo.
Intervenções propostas
• Reabilitação de edificado e revitalização do uso das quintas.
46
Espaços empresariais degradados
Os espaços ribeirinhos deixados vagos pelas
empresas que foram sendo relocalizadas ou
extintas estão hoje disponíveis para novas
utilizações.
As áreas disponíveis para requalificar são a
Companhia Nacional de Fiação e Tecidos, a
Casa Nery, a Rodoviária Nacional, as
instalações ‘Félix Carreira’, o espaço dos
Lourenços e o da Fábrica Alves das Lãs.
No âmbito da ORU devem ser identificados
os parceiros de intervenção e delineada a
programação destes espaços e da forma como interagem com o espaço urbano envolvente,
sem descurar a pertinência da manutenção do perfil industrial do edificado original, pode ser
este o caso do da Fiação e Tecidos e do Alves das Lãs.
Tufeiras, encosta do Vale e espaços com comunidades desfavorecidas
Esta área é fundamentalmente vocacionada a
intervenções que estimulem a coesão social já que
inclui bairros sociais e áreas com debilidades
estruturais na perspetiva urbanística mas também
na vulnerabilidade social da comunidade.
Intervenções propostas
• Reabilitação de fogos de habitação social;
• Integração destas áreas no tecido urbano através da instalação de âncoras que
propiciem a sua visitação e utilização, mitigando o seu isolamento funcional;
• Desenvolver, em conjunto com parceiros institucionais, a integração destas
comunidades em trabalhos ou atividades que propiciem a replicação funcional de
comunidades mais resilientes e melhor estruturadas.
47
Casas Altas, Mesiões e Cancela do Leão
A área entre as Casas Altas e a Cancela do Leão
necessita de integração na cidade de Torres Novas. O
espaço urbano deve ser reabilitado com a
requalificação da rede viária e desenvolvimento de
espaço público que integre os equipamentos e
serviços existentes, o estabelecimento prisional, o
mosteiro das Beneditinas, o lar Visconde de São Gião,
a Escola Profissional, o pavilhão de exposições da
Nersant, etc.
Deve ser promovido desenho urbano inclusivo e
articulador, com programa a escalpelizar com os
vários parceiros institucionais existentes na área.
Intervenções transversais às áreas prioritárias de intervenção
• Requalificação dos canais de pedonalidade urbana que liguem os equipamentos públicos e os
principais serviços públicos da cidade, com rebaixamento e libertação de passeios, instituição
do limite de 30Km/h, ruas com circulação reservada a moradores, pequenas bolsas de
estacionamento associadas a áreas comerciais debilitadas;
• Requalificação, alteração, ampliação de equipamentos ou de espaços de prestação de serviços
públicos ou de utilização coletiva;
• Ligação rodoviária da Rua José de Abreu Lopes (e Rua da Fábrica) à Estrada da Ribeira (EM
563.1);
• Reorganização do trânsito no centro da cidade, provocando a partir do centro movimentos
rodoviários centrífugos e movimentos pedonais pendulares;
• Instalação de fibra ótica na cidade, capaz de comunicação para internet, voz e imagem;
• Cobertura de todo o espaço público e espaços visitáveis com WIFI;
• Implementação de observatório de desenvolvimento urbano.
48
Em fase de desenvolvimento da operação de reabilitação urbana (ORU), as ações propostas
serão detalhadamente apresentadas, bem como a sua aplicabilidade, custo e programação.
Durante a ORU poderão vir a ser propostas outras ações a desenvolver.
49
Parte 3 - A ARU “Torres Novas-rio Almonda”
Delimitação da ARU “Torres Novas-rio Almonda” - planta
50
Competência
A delimitação das áreas de reabilitação urbana (ARU) é competência da assembleia municipal,
sob proposta da câmara municipal, sendo o ato de aprovação publicado em Diário da
República e divulgado na página eletrónica do Município, remetendo-se, posteriormente, ao
Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana, I.P.
Entidade gestora
O Município de Torres Novas é a entidade gestora, responsável pela coordenação e gestão do
processo (em fase de ORU – operação de reabilitação urbana – esta preposição deverá ser
reafirmada).
Vigência
A área de reabilitação urbana (ARU) proposta tem validade de quinze anos [tendo em conta
que a aprovação da respetiva operação de reabilitação urbana (ORU) decorrerá dentro do
prazo estabelecido por lei, isto é, três anos]. Durante este período, pretende-se levar a efeito
as ações, a definir no programa estratégico da operação de reabilitação urbana.
ORU - operação de reabilitação urbana
Propõe-se a realização de uma ORU sistemática – “que consiste numa intervenção integrada
de reabilitação urbana de uma área, dirigida à reabilitação do edificado e à qualificação das
infraestruturas, dos equipamentos e dos espaços verdes urbanos de utilização coletiva,
visando a requalificação e revitalização do tecido urbano, associada a um programa de
investimento público”.
51
Parte 4 - Apoios à reabilitação urbana
Benefícios fiscais e outros apoios à reabilitação urbana
Quadro de benefícios fiscais
A concretização e a operacionalização da estratégia de reabilitação urbana subjacente à
proposta de delimitação da ARU “Torres Novas-rio Almonda” requerem a definição de um
conjunto de instrumentos de incentivo de natureza fiscal.
Estes benefícios fiscais poderão, ainda, vir a ser complementados com eventuais apoios à
regeneração e à reabilitação urbana, a instituir no quadro do ciclo de programação dos fundos
estruturais.
Desta forma, e através da criação de um quadro fiscal favorável, conjugado com outros tipos
de apoio ao investimento, procura-se mobilizar os principais agentes no processo de
reabilitação urbana (proprietários, senhorios e inquilinos, residentes em geral, instituições
públicas e privadas, comerciantes, empresas, construtores e promotores imobiliários) a
intervir na qualificação, valorização e refuncionalização do espaço natural e edificado e da
oferta urbana, de acordo com a estratégia de reabilitação consagrada nesta proposta.
Atendendo à legislação vigente, consideram-se os benefícios e incentivos fiscais muito
relevantes, podendo, durante o processo de elaboração, discussão e aprovação da operação
de reabilitação urbana (ORU), vir este quadro a sofrer ajustamentos.
A delimitação da ARU tem, como efeito imediato, um conjunto de benefícios fiscais sobre os
prédios urbanos abrangidos, quando objeto de ações reabilitação iniciadas após 01 de janeiro
de 2008 e que se encontrem concluídas até 31 de dezembro de 2020, nos termos do art.º 71.º
(aditado pela Lei n.º 64-A/2008 de 31 de dezembro e na redação dada pela Lei n.º 66-B/2012
de 31 de dezembro, pelo D.L. n.º 07/2015 de 13 de janeiro e pela Lei n.º 7-A/2016 de 30 de
março) do Estatuto dos Benefícios Fiscais (EBF) aprovado pelo D.L. n.º 215/89 de 01 de julho e
posteriores alterações (última atualização daquele Estatuto – Lei n.º 7-A/2016 de 30 de março)
nomeadamente:
52
- Isenção de IMI por um período de 5 anos, a contar do ano, inclusive, da conclusão das ações
de reabilitação, prorrogável pelo período adicional de 5 anos (nº 7 do artigo 71º do EBF, na sua
atual redação);
- Isenção de IMT na primeira transmissão onerosa do prédio urbano ou fração de prédio
urbano reabilitado, destinado exclusivamente a habitação própria e permanente, quando
localizado na área de reabilitação urbana (nº 8 do artigo 71º do EBF);
O Estatuto dos Benefícios Fiscais (EBF) também contempla deduções fiscais para imóveis
localizados em ARU e recuperados nos termos da respetiva estratégia de reabilitação,
nomeadamente:
• Deduções à coleta, em sede de IRS, até ao limite de 500 euros, de 30% dos encargos,
suportados pelo proprietário, relacionados com a reabilitação de imóveis [alínea a) do
nº 4 do artigo 71º do EBF];
• Tributação à taxa de 5% dos rendimentos prediais auferidos por sujeitos passivos de
IRS, residentes em território português, quando sejam inteiramente decorrentes do
arrendamento de imóveis [alínea a) do n.º 6 do artigo 71º do EBF];
• Tributação à taxa de 5% das mais-valias auferidas por sujeitos passivos de IRS,
residentes em território português, quando sejam inteiramente decorrentes da
alienação de imóveis [n.º 5 do artigo 71º do EBF].
Contudo, alguns destes incentivos fiscais não estão subordinados à sua localização numa ARU,
dependendo das condições cumulativas de serem imóveis arrendados passíveis de atualização
faseada das rendas [nos termos do artigo 27º e seguintes do Novo Regime de Arrendamento
Urbano (NRAU), aprovado pela Lei nº 6/2006, de 27 de fevereiro na redação dada pela Lei n.º
79/2014, de 19 de dezembro]e objeto de ações de reabilitação, especificamente:
• Deduções à coleta, em sede de IRS, até ao limite de 500 euros, de 30% dos encargos
suportados pelo proprietário relacionados com a reabilitação de imóveis [alínea b) do nº
4 do artigo 71º do EBF]
53
• Tributação à taxa de 5% dos rendimentos prediais auferidos por sujeitos passivos de IRS
residentes em território português, quando sejam inteiramente decorrentes do
arrendamento de imóveis [alínea b) do n.º 6 do artigo 71º do EBF]
Para efeitos da aplicação do incentivo fiscal de isenção do Imposto Municipal sobre Imóveis
(IMI), importa definir que, de acordo com o número 23 do artigo 71º do EBF, as «ações de
reabilitação» são «as intervenções destinadas a conferir adequadas características de
desempenho e de segurança funcional, estrutural e construtiva a um ou vários edifícios, ou às
construções funcionalmente adjacentes incorporadas no seu logradouro, bem como às suas
frações, ou a conceder-lhe novas aptidões funcionais, com vista a permitir novos usos ou o
mesmo uso com padrões de desempenho mais elevados, das quais resulte um estado de
conservação do imóvel, pelo menos, dois níveis acima do atribuído antes da intervenção».
O EBF determina que o acesso a benefícios fiscais decorrentes da execução de obras de
reabilitação urbana não é concedido de forma indiscriminada e depende, necessariamente, de
uma avaliação, com vista a apreciar o cumprimento de critérios de elegibilidade.
Nível Estado de Conservação
5 Excelente
4 Bom
3 Médio
2 Mau
1 Péssimo
O «estado de conservação» de um edifício ou fração é determinado nos termos do disposto no
Novo Regime do Arrendamento Urbano (NRAU) e no Decreto-Lei nº 266-B/2012, de 31 de
dezembro. A análise do estado de conservação terá como base o «Método de avaliação do
estado de conservação dos edifícios» (MAEC), publicado pela Portaria nº 1192-B/2006, de 3
novembro, na sua atual redação, segundo os níveis de conservação acima referidos, nos
termos do artigo 5º do Decreto-Lei nº 266-B/2012, de 31 de dezembro.
Para a análise do nível de conservação dos edifícios foi adotado o definido no nº2 do artigo 5º
do D.L. nº 266-B/2012 de 31 de dezembro.
54
Excelente (5) – edifício com ausência de anomalias ou anomalias sem significado.
Bom (4) - edifício com anomalias que prejudicam o aspeto e que requerem trabalhos
de limpeza, substituição ou reparação de fácil execução.
Médio (3) – edifício com anomalias que prejudicam o aspeto e que requerem
trabalhos de correção de difícil execução e/ou anomalias que prejudicam o uso e
conforto e que requerem trabalhos de correção de fácil execução como, por exemplo,
reparações nos materiais de revestimento, pinturas e limpeza geral (cantarias quando
existam, e limpeza de telhados e algerozes).
Mau (2) – edifício com anomalias que prejudicam o uso e conforto e que requerem
trabalhos de correção de difícil execução e/ou anomalia que colocam em risco a saúde
e a segurança, podendo motivar acidentes sem grande gravidade, e que requerem
trabalhos de correção de fácil execução.
Péssimo (1) – edifício com anomalias que colocam em risco a saúde e a segurança dos
moradores, podendo motivar acidentes sem grande gravidade, e que requerem
trabalhos de correção de difícil execução, anomalias que colocam em risco a saúde e a
segurança, podendo motivar acidentes graves ou muito graves e/ou ausência ou
inoperacionalidade de infraestrutura básica.
A aplicação do incentivo fiscal de isenção de IMI depende da comprovação do início e da
conclusão das ações de reabilitação e da certificação do estado conservação dos imóveis, antes
e após a execução das obras, através de vistorias a realizar pelos técnicos da câmara municipal.
A avaliação do estado de conservação tem como objetivo verificar se as obras de reabilitação
executadas sobre o prédio ou fração contribuiram para uma melhoria de um mínimo de 2
níveis face à avaliação inicial.
A análise do MAEC centra-se na observação funcional dos elementos construtivos da
edificação, podendo considerar-se uma avaliação física das obras, limitada quanto à
observância do impacto e à relevância da ação de reabilitação e aos seus condicionamentos
particulares.
Numa perspetiva mais abrangente de valorização das ações de reabilitação, com base nos
objetivos estratégicos subjacentes ao estabelecimento da ARU, prevê-se que a futura operação
55
de reabilitação urbana observe uma segunda via de análise que vise a avaliação funcional e de
desempenho, para a concessão dos benefícios fiscais aos particulares, que poderão ser
implementadas no âmbito da fiscalidade verde, tendo em consideração a valorização
territorial, a valorização energética e ambiental e a melhoria de condições de segurança,
habitabilidade e conforto.
Na área delimitada como ARU, é passível, também, o benefício fiscal de aplicação do IVA à taxa
reduzida de 6% em empreitadas de reabilitação urbana, realizadas por particulares em imóveis
ou em espaços públicos, localizados em áreas de reabilitação urbana, definidas nos termos da
lei, com base no artigo 18º do CIVA (Código do Imposto sobre Valor Acrescentado) e dos
pontos 2.19, 2.23, 2.24, 2.26 e 2.27 da Lista I, anexa ao diploma em questão (na redação dada
pela Lei nº 64-A/2008), que são:
2.19 As empreitadas de bens imóveis em que são donos da obra autarquias locais, empresas
municipais – cujo objeto consista na reabilitação e gestão urbanas detidas, integralmente, por
organismos públicos –, associações de municípios, empresas públicas responsáveis pela rede
pública de escolas secundárias ou associações e corporações de bombeiros, desde que, em
qualquer caso, as referidas obras sejam diretamente contratadas com o empreiteiro (Red. da
Lei nº 64-A/2008 de 31 de dezembro).
2.23 Empreitadas de reabilitação urbana, tal como definida em diploma específico, realizadas
em imóveis ou em espaços públicos localizados em áreas de reabilitação urbana (áreas críticas
de recuperação e reconversão urbanística, zonas de intervenção das sociedades de
reabilitação urbana e outras) delimitadas nos termos legais, ou no âmbito de operações de
requalificação e reabilitação de reconhecido interesse público nacional (Red. da Lei n.º 64-
A/2008 de 31 de dezembro).
2.24 As empreitadas de reabilitação de imóveis que, independentemente da localização, sejam
contratadas diretamente pelo Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU), bem
como as que sejam realizadas no âmbito de regimes especiais de apoio financeiro ou fiscal à
reabilitação de edifícios ou ao abrigo de programas apoiados financeiramente pelo IHRU (Red.
da Lei nº 64-A/2008 de 31 de dezembro).
56
2.26 As empreitadas de conservação, reparação e beneficiação dos prédios ou parte dos
prédios urbanos habitacionais, propriedade de cooperativas de habitação e construção
cedidos aos seus membros em regime de propriedade coletiva, qualquer que seja a respetiva
modalidade.
2.27 As empreitadas de beneficiação, remodelação, renovação, restauro, reparação ou
conservação de imóveis ou partes autónomas destes afetos à habitação, com exceção dos
trabalhos de limpeza, de manutenção dos espaços verdes e das empreitadas sobre bens
imóveis que abranjam a totalidade ou uma parte dos elementos constitutivos de piscinas,
saunas, campos de ténis, golfe ou minigolfe ou instalações similares.
A taxa reduzida não abrange os materiais incorporados, salvo se o respetivo valor não exceder
20 % do valor global da prestação de serviços.
Este incentivo fiscal não dependente do processo de vistorias mencionado anteriormente,
está apenas subordinado a uma declaração emitida pela câmara municipal, que confirme que
as obras de reabilitação a executar incidem sobre imóveis ou frações abrangidos pelo
perímetro de intervenção da ARU, e que não é exigível a subida de níveis ou critério específico.
Apoios e incentivos de natureza regulamentar – RMUE e RMT
Nos termos do disposto no nº 2 do artigo 46º do Regulamento Municipal de Edificação e
Urbanização (RMUE), publicado pelo Regulamento nº 893/2010, em Diário da República, 2ª
Série, nº 244, de 20 de dezembro, está prevista a redução de 40% no valor das taxas
municipais de urbanização (TMU’s), na seguinte área a preservar da cidade, incluída na ARU
“Torres Novas-rio Almonda”: UC.2 - Zona Edificável da Avenida – PDM.
O artigo 53º do RMUE prevê a apreciação e deliberação, por parte da câmara municipal, da
isenção ou redução, até 50%, de todas as taxas previstas no regulamento municipal de taxas às
entidades e particulares descritos nas alíneas a) a d) do nº 2 do mesmo artigo, que passamos a
transcrever:
a) Instituições particulares de solidariedade social e pessoas colectivas de utilidade pública,
associações religiosas, culturais, desportivas ou recreativas e de moradores legalmente
57
constituídas relativamente às operações urbanísticas destinadas à prossecução directa e
exclusiva dos respectivos fins estatutários.
b) Cidadãos em absoluto estado de carência, devidamente justificada, ou que executem
obras necessárias por força de outras efectuadas em razão de interesse público, e ainda
pela execução de obras resultantes de situações declaradas de calamidade.
c) Empresas e actividades de interesse relevante no desenvolvimento e crescimento
económico e sócio -cultural do concelho.
d) Particulares cujos processos de licenciamento ou autorização decorram no contexto de
Protocolos, Acordos ou similares já celebrados ou a celebrar com o Município e de
manifesto interesse concelhio para o seu desenvolvimento urbano e socioeconómico.
Esclarece-se que outras medidas pressupõem a alteração do RMUE e, como tal, está sujeito à
aprovação da câmara municipal e da assembleia municipal, em procedimento independente,
posterior à aprovação da presente proposta de delimitação da ARU.
Em sede de elaboração da ORU, prevê-se, ainda, equacionar reduções e isenções referentes à
ocupação do espaço público, para a área delimitada da ARU “Torres Novas-rio Almonda”,
como meio de favorecer a atividade comercial e empresarial e a dinâmica de ocupação das
áreas livres coletivas. A aplicação destas medidas está sujeita à aprovação da alteração ao
Regulamento Municipal de Taxas (RMT) por parte da câmara e da assembleia municipais.
Penalizações
Atendendo a que uma das principais intenções estratégicas da presente delimitação da ARU
passa pela promoção da intervenção privada sobre o parque edificado, entende-se que as
medidas estipuladas não se devem limitar a uma discriminação positiva à execução de ações
de reabilitação. Importa trabalhar ao nível da sensibilização dos proprietários relativamente às
suas responsabilidades na conservação e manutenção do património que têm a seu cargo.
Neste sentido, considera-se oportuno propor que a futura deliberação da câmara municipal
sobre as taxas de imposto municipal sobre imóveis (IMI) para o ano de 2016, e subsequentes,
contemple o agravamento para os prédios urbanos degradados e/ou em ruína, nos termos da
legislação em vigor.
Segundo o número 3 do artigo 112º do Código sobre Imposto Municipal sobre Imóveis (CIMI),
as taxas de IMI determinadas para prédios urbanos podem ser elevadas, anualmente, ao triplo,
58
nos casos de prédios urbanos que se encontrem devolutos há mais de 1 ano e de prédios em
ruínas.
Sendo assim, propõe-se a majoração até 30% da taxa de IMI aplicável a prédios urbanos
degradados e a majoração de 200% a prédios em ruína. Considera-se ruína o «edifício cuja
utilização para o fim a que se destina, fica total ou parcialmente prejudicado devido ao seu
estado de degradação.», conforme deliberação da Câmara Municipal de Torres Novas, de
15.07.2014.
Concretização dos efeitos
Aplicabilidade do regime excecional e temporário do Decreto-lei nº53/2014 de 8 de abril
(com alterações pelo D.L. n.º 194/2015 de 14 de setembro), para edifícios ou frações
localizadas em áreas de reabilitação urbana, sempre que:
• se destinem a ser afetos total ou predominantemente ao uso habitacional (quando pelo
menos 50% da sua área se destine a habitação e a usos complementares,
designadamente, estacionamento, arrecadação ou usos sociais);
• a operação urbanística não origine desconformidades, nem agrave as existentes, ou
contribua para a melhoria das condições de segurança e salubridade do edifício ou
fração.
Consideram-se operações de reabilitação, as obras de conservação, de alteração, de
reconstrução, de construção ou de ampliação (na medida em que sejam condicionadas por
circunstâncias preexistentes que impossibilitem o cumprimento da legislação técnica aplicável,
desde que não ultrapassem os alinhamentos e a cércea superior das edificações confinantes
mais elevadas e não agravem as condições de salubridade ou segurança de outras edificações)
e ainda as alterações de utilização.
Deste modo, o presente regime prevê a dispensa da observância de disposições técnicas no
que respeita ao Regulamento Geral das Edificações Urbanas (RGEU) e ainda de determinados
requisitos resultantes dos regimes jurídicos em vigor sobre acessibilidades, requisitos
acústicos, eficiência energética e qualidade térmica, instalações de gás e infraestruturas de
telecomunicações em edifícios. Porém, tal não prejudica a manutenção da aplicação desses
regimes na parte em que este regime excecional não disponha em contrário.
59
No âmbito dos benefícios fiscais associados aos impostos e taxas municipais
a) Isenção de IMI período de 5 anos, a contar do ano, inclusive, da conclusão das ações de
reabilitação, prorrogável pelo período adicional de 5 anos;
b) Isenção de IMT na primeira transmissão onerosa do prédio urbano ou fração de prédio
urbano reabilitado, destinado exclusivamente a habitação própria e permanente;
c) Agravamento até 30% da taxa de IMI aplicável a prédios urbanos degradados e
majoração de 200% dos prédios em ruína;
d) Redução de 40% no valor das taxas municipais de urbanização (TMU’s), na seguinte área a
preservar da cidade, incluída na ARU “Torres Novas-rio Almonda”: UC.2 - Zona Edificável
da Avenida – PDM, nos termos do disposto no nº 2 do artigo 46º do Regulamento
Municipal de Edificação e Urbanização;
e) Isenção ou redução, até 50%, de todas as taxas previstas no regulamento municipal de
taxas às entidades e particulares descritos nas alíneas a) a d) do nº 2 do artigo 53º do
RMUE mediante apreciação e deliberação, por parte da câmara municipal.
No âmbito do direito de acesso aos apoios e incentivos fiscais e financeiros à reabilitação
urbana
(benefícios consagrados no Estatuto dos Benefícios Fiscais e na Lei do Orçamento do Estado,
atualizados anualmente)
a) IVA à taxa reduzida (6%) para as empreitadas de reabilitação urbana realizadas em
imóveis ou em espaços públicos;
b) Dedução à coleta para efeitos de liquidação de IRS até ao limite de 500€ de 30% dos
encargos relacionados com a reabilitação dos imóveis;
c) Tributação de IRS à taxa autónoma de 5% de mais-valias decorrentes do arrendamento de
imóveis reabilitados;
d) Tributação de IRS à taxa autónoma de 5% de rendimentos prediais decorrentes do
arrendamento de imóveis reabilitados;
60
e) Isenção de IRC para os rendimentos obtidos com fundos de investimento imobiliário, que
tenham sido constituídos entre 1 de janeiro de 2008 e 31 de dezembro de 2013 e em que
pelo menos 75% dos seus ativos sejam bens imóveis sujeitos a ações de reabilitação.
No âmbito do acesso facilitado a apoios financeiros
a) Possibilidade, dependendo do programa de financiamento, de contrair empréstimos que
não relevam para efeitos do montante da dívida do município, desde que autorizados
pelo ministro das finanças;
b) Acesso facilitado a programas de financiamento específicos vocacionados para a
reabilitação programa JESSICA – Joint European Support for Sustainble Investment in City
Areas – e programa «Reabilitar para Arrendar» – IHRU (Instituto da Habitação e
reabilitação Urbana);
c) Possibilidade de integrar a programação de fundos comunitários 2014-2020.
No âmbito da aprovação de uma operação de reabilitação urbana
Após a aprovação da operação de reabilitação urbana referida anteriormente, as
possibilidades de atuação do município, no sentido de uma promoção efetiva da reabilitação
urbana, são substancialmente reforçadas, através de instrumentos de execução específicos de
política urbanística prevista pelo RJRU, nomeadamente:
d) Imposição da obrigação de reabilitar e obras coercivas:
Caso seja atribuído a um edifício ou fração um nível de conservação 1 ou 2, o Município
pode impor ao respetivo proprietário a obrigação de o reabilitar, determinando a
realização e o prazo para a conclusão das obras ou trabalhos necessários à restituição das
suas características de desempenho e segurança funcional, estrutural e construtiva, de
acordo com critérios de necessidade, adequação e proporcionalidade. Quando o
proprietário, incumprindo a obrigação de reabilitar, não iniciar as operações urbanísticas
compreendidas na ação de reabilitação que foi determinada, ou não as concluir dentro
dos prazos que para o efeito sejam fixados, pode o Município tomar posse administrativa
dos edifícios ou frações para dar execução imediata às obras determinadas, aplicando-se
o disposto nos artigos 107.º e 108.º do RJUE.
61
e) Empreitada única:
O Município pode promover a reabilitação de um conjunto de edifícios através de uma
empreitada única. Salvo oposição dos proprietários, o Município, em representação
daqueles, contrata e gere a empreitada única, que pode incluir a elaboração do projeto e
a sua execução, podendo igualmente constituir parte de um contrato de reabilitação. No
caso de os proprietários se oporem à representação pelo Município, devem contratar com
este as obrigações a que ficam adstritos no processo de reabilitação urbana,
designadamente quanto à fixação de prazos para efeitos de licenciamento ou
comunicação prévia e para execução das obras.
f) Demolição de edifícios:
O Município pode ordenar a demolição de edifícios aos quais faltem os requisitos de
segurança e salubridade indispensáveis ao fim a que se destinam e cuja reabilitação seja
técnica ou economicamente inviável. Aplica-se à demolição de edifícios, com as
necessárias adaptações, o regime estabelecido nos artigos 89.º a 92.º do RJUE.
g) Direito de preferência:
O Município tem preferência nas transmissões a título oneroso, entre particulares, de
terrenos, edifícios ou frações situados em área de reabilitação urbana. O direito de
preferência, apenas pode ser exercido caso o Município entenda que o imóvel deve ser
objeto de intervenção no âmbito da operação de reabilitação urbana, discriminando na
declaração de preferência, nomeadamente, a intervenção de que o imóvel carece e o
prazo dentro do qual pretende executá-la.
h) Arrendamento forçado:
Após a conclusão das obras realizadas pelo município nos termos do disposto no n.º 2 do
artigo 55.º do Decreto-Lei n.º 307/2009 de 23 de outubro alterado pela Lei n.º 32/2012,
de 14 de agosto e Decreto-Lei n.º 136/2014 de 9 de setembro), se o proprietário, no prazo
máximo de quatro meses, não proceder ao ressarcimento integral das despesas incorridas
pelo Município, ou não der de arrendamento o edifício ou fração por um prazo mínimo de
cinco anos, afetando as rendas ao ressarcimento daquelas despesas, pode a entidade
gestora arrendá-lo, mediante concurso público, igualmente por um prazo de cinco anos,
renovável nos termos do artigo 1096.º do Código Civil.
62
i) Servidões:
Podem ser constituídas as servidões administrativas necessárias à reinstalação e
funcionamento das atividades localizadas nas zonas de intervenção, regendo-se as
mesmas pelo disposto no artigo 61º do Decreto-lei n.º 307/2009 de 23 de outubro
alterado pela Lei n.º 32/2012, de 14 de agosto e Decreto-Lei n.º 136/2014, de 9 de
setembro.
j) Expropriação:
Na estrita medida em que tal seja necessário, adequado e proporcional, atendendo aos
interesses públicos e privados em presença, podem ser expropriados os terrenos, os
edifícios e as frações que sejam necessários à execução da operação de reabilitação
urbana.
k) Venda forçada:
Se os proprietários não cumprirem a obrigação de reabilitar, ou responderem à respetiva
notificação alegando que não podem ou não querem realizar as obras e trabalhos
indicados, o município pode, em alternativa à expropriação por utilidade pública,
proceder à venda do edifício ou fração em causa em hasta pública a quem oferecer
melhor preço e se dispuser a cumprir a obrigação de reabilitação no prazo inicialmente
estabelecido para efeito, contado a partir da data da arrematação.
l) Reestruturação da propriedade:
O Município pode promover a reestruturação da propriedade de um ou mais imóveis,
expropriando por utilidade pública, ao abrigo do disposto no artigo 61º do Decreto-Lei nº
307/2009, de 23 de outubro alterado pela Lei n.º 32/2012, de 14 de agosto e Decreto-Lei
n.º 136/2014, de 9 de setembro, designadamente:
a) As faixas adjacentes contínuas, com a profundidade prevista nos planos municipais
de ordenamento do território, destinadas a edificações e suas dependências, nos
casos de abertura, alargamento ou regularização de ruas, praças, jardins e outros
lugares públicos;
b) Os terrenos que, após as obras que justifiquem o seu aproveitamento urbano, não
sejam assim aproveitados, sem motivo legítimo, no prazo de 12 meses a contar da
notificação que, para esse fim, seja feita ao respetivo proprietário;
c) Os terrenos destinados a construção, adjacentes a vias públicas de aglomerados
urbanos, quando os proprietários, notificados para os aproveitarem em
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edificações, o não fizerem, sem motivo legítimo, no prazo de 12 meses a contar da
notificação;
d) Os prédios urbanos que devam ser reconstruídos ou remodelados, em razão das
suas pequenas dimensões, posição fora do alinhamento ou más condições de
salubridade, segurança ou estética, quando o proprietário não der cumprimento,
sem motivo legítimo, no prazo de 12 meses, à notificação que, para esse fim, lhe
seja feita.
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Nota final
O rio Almonda atravessa o território do concelho de Torres Novas e marcou de forma
determinante o desenvolvimento económico e industrial deste concelho. A sua função
ecológica é marcada pela ligação que faz entre o Maciço Calcário Estremenho e o Paul do
Boquilobo.
Com três quilómetros de percurso urbano na cidade de Torres Novas, o rio Almonda marca a
paisagem, separando o casario da cidade velha, a sul do castelo, da cidade que se espraiou
para norte e contém-na a este nas quintas de Rio Frio e de São Gião e a oeste na Várzea dos
Mesiões.
Nos seus meandros encaixaram-se espaços com relevância económica como a Fábrica Vassalo,
a Companhia Nacional de Fiação e Tecidos, a Casa Nery, a Rodoviária Nacional, a Central
Elétrica do Caldeirão, a serralharia Vieira e, já nas várzeas, a jusante da cidade, o Alves das Lãs.
A destilaria do Lamego e o lagar ao Açude Real deram lugar a discotecas, a destilaria das
Fontainhas deu lugar à Biblioteca Municipal, a serralharia Abílio Pereira Reis é hoje o Atrás das
Artes, um espaço cultural, e a Quinta da Lezíria é um cluster associativo. Os restantes espaços
continuam expectantes, à espera de albergar novos usos e de ganhar utilidade.
A cidade de Torres Novas tem hoje um único ponto de encontro com o rio Almonda no Jardim
das Rosas, espaço onde se encontra a Biblioteca Municipal Gustavo Pinto Lopes, as Piscinas
Municipais Fernando Cunha, a Quinta da Lezíria. Neste, como noutros sítios da cidade, surge o
conflito entre o peão e o carro, a grande densidade de utilização do jardim e dos
equipamentos submerge todo o espaço possível de carros e provoca a necessidade de
repensar as bolsas de estacionamento que servem os espaços verdes e os equipamentos e
serviços.
As margens do rio povoaram-se de casas, de muros e de espaços vazios, despovoaram-se de
árvores e de espaços verdes, despovoaram-se de gente.
O rio que outrora trouxe prosperidade deverá recuperar-se como o eixo condutor de uma
nova forma de produzir a cidade, uma cidade recentrada e acolhedora onde confluam os
diversos usos urbanos.
Perdeu-se entretanto o cuidado sobre a paisagem urbana, descuraram-se os interstícios da
cidade. Reabilitar o rio na sua componente ecológica trará vida às suas margens, acrescentará
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melodia aos ruídos da cidade e criará pontos de interesse que provocarão novos fluxos
energéticos.
Diversificar os usos na área de intervenção, desenvolver canais de pedonalidade confortáveis,
promover a coesão social e o equilíbrio funcional desta área da cidade contribuirá,
inicialmente, para aumentar a sua atratividade e inaugurará um processo de regeneração do
tecido social e empresarial. Com tanto a fazer há que priorizar as ações que restabeleçam as
relações da população com o espaço público, que transmitam a confiança necessária ao
desenvolvimento de novas atitudes sobre o bairro, sobre os jardins, sobre a cidade.
A eficácia deste processo dependerá da capacidade de liderança da autarquia, do
desenvolvimento de uma rede de parceiros ativa, de uma repartição concreta das
responsabilidades sobre o território, da assertividade do investimento público e privado.
A ORU deverá ter enérgica monitorização da implementação das ações e terá de haver a
coragem necessária para corrigir o programa e adequar o desenvolvimento do processo à
capacidade de resposta dos parceiros institucionais e da população.