acqua sérgio helle
DESCRIPTION
O objetivo deste livro não é “explicar” minha pintura. Já dizia Frank Zappa: “Escrever sobre música é como dançar sobre arquitetura”. Escrever sobre pintura não seria muito diferente. Trabalhos que precisam de um argumento para serem justificados me incomodam. Este livro representa o esforço de compartilhar minhas experiências. Pretendo, por meio da narração da minha história e do desenvolvimento do meu trabalho, que as pessoas se sintam mais próximas dele, que vejam cada quadro como parte de um todo, que vai se definindo a cada dia, a cada descoberta do olhar. Sérgio HelleTRANSCRIPT
A todos que tornaram essa jornada possível. O meu mais sincero agradecimento.
Para Nívea Jorge, modelo de tantos trabalhos que com sua expressividade e talento de bailarina muito me ajudou a criar.
Dedico o meu trabalho à minha família. Às empresas que patrocinaram esse projeto. Aos meus queridos amigos que tanto se esforçaram para tornar concreto este registro.Lenita Bezerra, Leonor Lima Costa, Ubirajara Bazani, Rosalvo Ponte, Kleber Júnior, Alexandre Silva, Marcela Brasileiro, Michelle Magalhães, Valdih, Lia Parente, Ivana Bezerra de Menezes, Lourdes Damasceno, Nerissa Bangoim, Dora Freitas, Jarbas Oliveira, Honorato Feitosa, Ana Cançado, Izabel Gurgel, Dagmar Palácio, Vilma Mendonça, Clarissa, Dr. Vilter Magalhães.
FORTALEZA2010
1a. Edição
6
Joaquim Bezerra de Farias lived in Crateús. In April of 1919, while traveling in the city
of Crato, he saw seated at the street a woman who called his attention. It was Josefa.
After coming back to Crateús, he wrote her a letter with a marriage proposal. Months
later, they were married. They had eight children, my father was the youngest.
7
Joaquim Bezerra de Farias morava em Crateús. Em abril de 1919, a passeio na cidade do Crato, viu sentada numa calçada uma moça que chamou sua atenção. Era Josefa. Ao voltar para Crateús, escreveu-lhe uma carta com um pedido de casamento. Meses depois, estavam casados. Tiveram oito filhos, meu pai era o mais novo.
AUTO-RETRATO / IDENTIDADE técnica mista sobre madeira 90cm x 180cm 2004 SELF-PORTRAIT / IDENTITY mixed media in plywood 90cm x 180cm 2004
11
O objetivo deste livro não é “explicar” minha pintura. Já dizia Frank
Zappa: “Escrever sobre música é como dançar sobre arquitetura”.
Escrever sobre pintura não seria muito diferente. Trabalhos
que precisam de um argumento para serem justificados me
incomodam. Falaremos disso mais tarde. Este livro representa
o esforço de compartilhar minhas experiências. Pretendo, por
meio da narração da minha história e do desenvolvimento do
meu trabalho, que as pessoas se sintam mais próximas dele,
que vejam cada quadro como parte de um todo, que vai se
definindo a cada dia, a cada descoberta do olhar.
The purpose of this book is not to “explain” my painting. Frank Zappa said
that: “Writing about music is like dancing over architecture”. Writing about
painting wouldn’t be that different. Works that need an argument to be
justified bothers me. We will talk about that later. This book represents the
effort to share my experiences. I hope, through the narration of my history
and the development of my work, that people will feel closer to it, that
they will see every painting as a part of a whole, which defines itself every
day, at each discovery of the eye.
A DANÇARINA óleo sobre tela 120cm x 120cm 1989 THE DANCER oil in canvas 120cm x 120cm 1989
13
DESCOBERTA
Minha lembrança mais remota é a de quando tinha cerca de
cinco anos, ao fazer meu primeiro desenho. Lembro-me da
sensação de que podia criar o que quisesse, um misto de poder
e de independência. Tinha desenhado um Batman, copiado
de uma revista em quadrinhos. É impressionante como essa
lembrança até hoje é muito clara.
Não conhecia nenhum artista, de longe nem de perto, mas era
o que eu queria ser. Anos depois, lembro-me de uns desenhos
de peixe de Aldemir Martins, reproduções que ficavam na casa
da minha tia Leonor. Lá também havia uma tela de Chico da
Silva enrolada numa gaveta – até hoje não sei se era original ou
uma cópia. Eu desenhava tudo o que via. Lembro-me também
dos quadros da Sinhá d’Amora no Museu Vicente Leite, no
Crato. Achava-os lindos, ainda hoje acho. Esses foram os meus
primeiros contatos com a arte.
FORMAÇÃO
Aos dez anos, vim morar em Fortaleza. Morávamos no Crato,
num sítio a cerca de seis quilômetros da cidade. Para o meu pai,
os filhos deviam ser educados na capital. Eu trazia uma lista de
material de pintura, feita por minha tia, e um endereço da loja
Epitácio. Lembro-me da ansiedade de pintar pela primeira vez
numa tela com óleo. Não gostei nem um pouco do resultado.
Pouco depois, minha mãe me matriculou num curso de um
religioso que pintava imagens sacras para a Igreja Coração
de Jesus. Logo após, fui estudar com Jane Sandes, minha
professora por vários anos. Foi um ótimo começo. Em 1980, aos
dezesseis anos, participei da minha primeira exposição, o Salão
dos Novos. Já tinha certeza de que a pintura sempre faria parte
da minha vida.
Se não havia muito incentivo da família para eu me tornar
artista plástico, tampouco havia objeções. Como todos os pais,
os meus queriam que eu tivesse uma carreira sólida, esperavam
que a pintura não passasse de um hobby. Minha família achava
DISCOVERY
My most remote memory is the one of when I was about 5 years old,
when I made my first drawing. I remember the feeling that I could create
anything that I wanted, a mixture of power and independency. I had
drawn a Batman, copied from a comic book. It’s impressive how that
memory is still very clear to me today.
I didn’t know any artist, but it was what I wanted to be. Years later, I
remember some fish drawings from Aldemir Martins, reproductions that
stayed in the house of my aunt Leonor. There was as well a Chico da Silva
canvas wrapped in a drawer – Until now I don’ t know if it was an original
or a copy. I drew everything I saw. I remember too the paintings of Sinhá
d’Amora in the Museum of Vicente Leite, in Crato. I thought they were
beautiful, I still think so. Those were my first contacts with art.
FORMATION
When I was ten, I came to live in Fortaleza. We lived in Crato, in a ranch
about six kilometers from the city. For my father, his children should be
educated at the capital. I took a list of painting material, made by my
aunt, and an address of Epitácio store. I remember the anxiety of painting
for the first time in a canvas with oil. I didn’t like the result at all. Soon
afterward, my mother enrolled me in a course of a religious man, who
painted sacred images for the church of Coração de Jesus (Heart of
Jesus). Later, I went to study with Jane Sandes, my teacher for several
years. It was a great start. In 1980, when I was 16 years, I participated in
my first exposition, the Salão dos Novos (Parlor of the New). I was already
certain that painting would always be a part in my life.
If there wasn’t much incentive by my family for me to become a plastic
artist, neither there were objections. Like all parents, mine wanted me
to have a solid career; they hoped that painting wasn’t anything more
than just a hobby. My family thought that I would be an architect, a
profession that fit my taste for drawing. The idea of plastic arts as a
profession wasn’t cogitated.
14
que eu seria arquiteto, profissão que se encaixava com o meu
gosto pelo desenho. Não se cogitava a possibilidade das artes
plásticas como profissão.
Para suprir a falta de uma universidade de artes plásticas e uma
inesgotável sede de conhecimento, eu fazia todos os cursos
disponíveis que tivessem alguma relação com artes visuais, o
que incluía serigrafia, desenho publicitário, pintura, história da
arte, xilogravura, gravura em metal, oficinas de papel artesanal
e até mesmo cenografia e iluminação de espetáculos teatrais.
Houve uma época riquíssima de cursos semanais no Museu
da Universidade Federal. Eu os adorava, fazia todos. No MAUC,
fiz curso de modelo vivo com Anchises, estudei com Vivian
Gotheim, Bené Fonteles, Jorge Carvajal, Eduardo Eloy, Roberto
Galvão, Luiz Áquila e Luiz Piza. Minha formação artística veio
assim, aos pedaços. Cheguei a fazer vestibular para Arquitetura,
mas terminei me formando em Administração de Empresas
pela Unifor, mais para agradar os meus pais.
PUBLICIDADE
Aos dezoito anos, fui trabalhar como arte-finalista numa agência
de publicidade, a SG, época em que a informática ainda não
tinha revolucionado essa área. Tudo era feito à mão, pintado a
pincel, recortando e colando cada letra. Essa experiência durou
um ano, quando larguei o emprego pensando em viver só de
pintura. Depois, aos trinta anos, voltei para a publicidade, já na
era da informática. Trabalhei por cinco anos na house de uma
construtora e ainda hoje, como free-lancer, faço trabalhos
para várias empresas. Gosto de fazer publicidade, exercitar a
criatividade, principalmente com programação visual. A criação
de algumas peças publicitárias me dá tanto prazer quanto
pintar um quadro. Mas na pintura tenho muito mais liberdade,
faço o que quero, o resultado que apresento é exatamente
o que pensei, sou eu. Na publicidade, o resultado final sofre
muitas interferências do cliente.
To make up for the lack of a university of plastic arts and an endless thirst
for knowledge, I did all the courses available that had any relation with
visual arts, which included --serigraphy, publicitary drawing, painting,
art’s history, xylography, metal gravure, handmade paper workshops
and even --stenography and illumination of theater shows. There was
a period rich of weekly courses in the Museu da Universidade Federal
(Museum of the Federal University). I loved them, I did all. In Mauc, I did
a live model course with Anchises, I studied with Viviam Gotheim, Bené
Fonteles, Jorge Carvajal, Eduardo Eloy, Roberto Galvão, Luiz Áquila and
Luiz Piza. My artistic formation came that way, by pieces. I took the
university entrance exam for Architecture, but I ended up graduating in
Business Administration by Unifor, more to please my parents.
PUBLICITY
When I was 18, I went to work as a finalist art in a publicity agency, the SG,
period in which the informatics still hadn’t revolutionized that area. All
was done by hand, painted by paintbrush, cutting and pasting every letter.
This experience lasted for a year, when I quit my job thinking of living by
just by painting. Later, when I was thirty, I went back to publicity, now in
the era of informatics. I worked for five years in the house of a constructor
and even now, I do work as a freelancer for many companies. I like to do
publicity, to work the creativity, primarily with visual programming. The
creation of some publicity pieces gives me as much pleasure as painting
a canvas. But in painting I have much more freedom, I do what I want,
the result that I show is exactly what I thought, it’s me. In publicity, the
final result suffers much interference by the client, there are sometimes
radical changes.
PRELÚDIO óleo sobre tela 150cm x 120cm 1989 PRELUDE oil in canvas 150cm x 120cm 1989
ABRAÇO óleo sobre tela 50cm x 60cm 1985 EMBRACE oil in canvas 50cm x 60cm 1985
17
ABRAÇOS
A primeira individual veio em 1988. Chamava-se Abraços. Nessa
época, passei a assinar Sérgio Helle, por sugestão do jornalista
e cineasta Augusto César. Até a primeira individual, assinava
Sérgio L., pois já existia outro artista plástico em Fortaleza
com o nome de Sérgio Lima. Abraços começou a ser gerada
três anos antes. Como toda exposição, partiu de uma paixão,
de uma fixação por um tema. Todas as exposições surgiram
assim. Primeiro, uma paixão por um trabalho específico; depois,
percebe-se que esse trabalho se desenvolve de uma forma, e
precisa de outros trabalhos para completá-lo. Surge uma série,
uma vontade de fazer, de mostrar uma paixão. Como com
todas as paixões, perde-se o sono, achamos que é a coisa mais
importante do mundo. E como todas as paixões, umas dão
frutos; outras morrem no início. Assim nascem as exposições.
Via o filme Dead Zone, baseado num livro de Stephen King.
Nada muito profundo, mas surgiu uma imagem que me
encantou: um abraço. De imediato, congelei a imagem e
desenhei o que via na TV. Foi o primeiro abraço de uma
série que revisitei treze anos depois na exposição Abraço de
Cinema, no Centro Dragão do Mar.
Fazer uma exposição individual é trabalho exaustivo,
principalmente a primeira. Por falta de opção, eu tinha que
cuidar de tudo: catálogo, fotos, textos, divulgação e montagem.
Acabara de participar de uma mostra patrocinada pela
Prefeitura em que artistas pintavam outdoors espalhados pela
cidade. Tive a ideia de usar essa mídia como divulgação da
exposição. Pintei dois outdoors à mão, pedaço por pedaço, no
chão da minha sala. Fui criticado pela empresa de outdoors que,
de início, ofereceu os espaços de exibição como patrocínio. Mas
depois, ao vê-los prontos, cobrou para exibi-los. Diziam que era
um anúncio. Claro, era o anúncio do meu trabalho! Depois de
tanto esforço, queria que as pessoas fossem vê-lo e, para tanto,
elas precisavam saber da sua existência. Eu nunca tinha visto
EMBRACES
The first individual came in 1988. It was called Abraços. At that time,
I started to sign Sérgio Helle, by suggestion of the journalist and
moviemaker Augusto César. Until the first individual, I signed Sérgio
L., because there was another plastic artist in Fortaleza with the name
Sérgio Lima. Abraços began to be generated three years before. Like every
exposition, it was from a passion, a fixation by a theme. All expositions
came to be like that. First, a passion for a specific work; later, you realize
that that work develops in a way, and needs other work to complete it.
A series arises, a will to do, to show a passion. Like all passions, you lose
your sleep; we think it’s the most important thing in the world. And like
all passions, some give fruit; others die in the beginning. Like that, the
expositions are born.
I was watching the movie Dead Zone, based on Stephen King’s book.
Nothing too deep, but there was an image that charmed me: a hug.
Immediately, I froze the image and drew what I saw on the TV. It was the
first hug of a series that I revisited thirteen years later in the exposition
Abraço de Cinema (The Cinema Embrace), in Center Dragão do Mar
To make an individual exposition is an exhaustive work, principally the
first. By lack of option, I had to take care of everything: catalog, photos,
texts, divulgation and montage. I had just participated in a show by the
Prefecture in which artists painted outdoors scattered throughout the
town. I had the idea to use that media as a divulgation for the exposition.
I painted two outdoors by hand, piece by piece, on the floor of my room. I
was criticized by the outdoor company that, at first, offered the exhibition
space as a sponsorship. But then, when they saw them ready, they
charged to exhibit them. They said it was an advertisement. Of course, it
was the ad of my work! After all effort, I wanted that people went to see
it, and for that, they needed to know of its existence. I had never seen the
divulgation of an exposition that used that media, but I thought it was
a great idea. The outdoor company thought that I was treating art in a
commercial way. What a silly idea that some people have to sanctify art.
Like if this wasn’t an ordinary craft; and its result, a product. That’s the way
I see it, that’s the way it is. I don’t underestimate its importance, but people
have the habit of overestimate some works and look down on others. We
are all in the same boat, building a history, each one their own way.
18
a divulgação de uma exposição que usasse essa mídia, mas
achava uma ótima ideia. A empresa de outdoor considerou que
eu estava tratando a arte de forma comercial. Que bobagem
essa coisa que algumas pessoas têm de sacralizar a arte. Como
se este não fosse um ofício comum; e seu resultado, um produto.
Assim a vejo, assim ela é. Não desvalorizo sua importância, mas
as pessoas têm o hábito de supervalorizar alguns trabalhos e
desprezar outros. Estamos todos no mesmo barco, construindo
uma história, cada um do seu jeito.
Nessa primeira individual ainda trabalhava com óleo. Pintava
em telas em que colava telas de tapeçaria sobre elas para obter
uma textura mais forte. Pintei com óleo por muitos anos, mas
o cheiro de solventes e minhas alergias não combinavam. Vi-
me forçado a trabalhar com o acrílico, e logo acrescentei outras
técnicas ao trabalho; colava papéis artesanais, usava pigmentos,
cola, lápis, pastéis, fotocópias, tudo o que pudesse chegar ao
resultado que eu desejava.
TÉCNICA
Mesmo quando trabalho em tela, sempre uso uma superfície
dura por baixo ao pintar porque gosto de usar lápis de cor.
Desde que, há muitos anos, conheci o trabalho de Floriano
Teixeira, incluí os lápis coloridos na mistura de materiais que uso
para executar um trabalho. Já usava pastel oleoso, tinta acrílica
e pigmentos, além de papel artesanal feito por mim, colado
em tela ou madeira. A técnica foi sendo construída aos poucos,
incorporando as experiências que davam certo e descartando
as mal sucedidas.
In that first individual one I still worked with oil. I painted on a canvas that
I glued tapestry canvas over them to obtain a stronger texture. I painted
by oil for many years, but the smell of solvent and my allergies didn’t
match. Soon I saw myself forced to work with acrylic, and soon I added
other techniques to the work; I glued handmade paper, I used pigments,
glue, pencil, pastel, and photocopies, everything that could reach the
result that I longed for.
TECHNIQUE
Even when I work on a canvas, I always use a hard surface below while
painting, because I like to use colored pencils. Since, many years ago,
when I met the work of Floriano Teixeira, I included colored pencils in the
mixture of materials that I use to execute a job. I already used oily pastel,
acrylic paint and pigments, besides handmade paper made by me, glued
in a canvas or wood. The technique was build little by little, incorporating
the experiences that worked and discarding the unsuccessful ones.
ABRAÇO óleo sobre tela 100cm x 120cm 1987 EMBRACE oil in canvas 100cm x 120cm 1987
ABRAÇO I serigrafia 47cm x 62cm 1988 EMBRACE I silkscreen 47cm x 62cm 1988
ABRAÇO III serigrafia 47cm x 62cm 1988 EMBRACE III silkscreen 47cm x 62cm 1988
ABRAÇO II serigrafia 47cm x 62cm 1988 EMBRACE II silkscreen 47cm x 62cm 1988
O BEIJO serigrafia 47cm x 62cm 1988 THE KISS silkscreen 47cm x 62cm 1988
PAIXÃO óleo sobre tela 65cm x 80cm 1989 PASSION oil in canvas 65cm x 80cm 1989
A DANÇARINA II óleo sobre tela 100cm x 120cm 1989 THE DANCER II oil in canvas 100cm x 120cm 1989
AFAGO técnica mista sobre tela 74cm x 95cm 1992 CARESSE mixed media in canvas 74cm x 95cm 1992
SOLIDÃO técnica mista sobre tela 100cm x 110cm 1993 SOLITUDE mixed media in canvas 100cm x 100cm 1993
PENUMBRA técnica mista sobre tela 87cm x 163cm 1992 HALF-LIGHT mixed media in canvas 87cm x 163cm 1992
REGRESSO óleo sobre tela 120cm x 120cm 1989 RETURN oil in canvas 120cm x 120cm 1989
SÉRIE DANÇA I técnica mista sobre tela 69cm x 80cm 1994 DANCERS SERIES I mixed media in canvas 69cm x 80cm 1994
SÉRIE DANÇA II técnica mista sobre tela 69cm x 80cm 1994 DANCERS SERIES II mixed media in canvas 69cm x 80cm 1994
SÉRIE DANÇA III técnica mista sobre tela 69cm x 80cm 1994 DANCERS SERIES III mixed media in canvas 69cm x 80cm 1994
SÉRIE DANÇA IV técnica mista sobre tela 69cm x 69cm 1994 DANCERS SERIES IV mixed media in canvas 69cm x 69cm 1994
32
IMAGENS TRADUZIDAS
Em 1990, fiz a segunda individual, Imagens Traduzidas.
Utilizava fotocópias de imagens (geralmente captadas de TV)
e fazia montagens utilizando papel artesanal que eu fabricava
na época. Foi uma exposição experimental, muito importante
para os trabalhos que viriam depois, em que montava
imagens, colando pequenos pedaços, pintadas com técnica
mista. Tinha acabado de fazer uma oficina no Mauc com
Bené Fonteles em que ele trabalhava com fotocópias. Meu
único contato com o computador, nesse período, era quando
pedia para o Costa, da Gráfica Expressão, escanear imagens e
reticulá-las para melhorar o resultado das ampliações, o que
ele sempre fez com muita boa vontade. Na época, escrevi o
seguinte texto sobre a exposição:
Imagens Traduzidas representa a continuidade de um trabalho
desenvolvido há alguns anos. Na individual Abraços já se
percebia o desejo de identificar e destacar emoções das imagens
frias dos aparelhos eletrônicos. A imagem da tela de TV era
transferida, com alguma interferência, para a tela de algodão
e tapeçaria, libertando seu significado do contexto do qual ela
fazia parte. Com Imagens Traduzidas, essa ideia é desenvolvida
de forma mais radical, a imagem é filtrada e, por muitas vezes,
insistentemente repetida, como repetidas são as formas de uma
grande metrópole. Neste trabalho, o processo do fazer artístico
envolve vídeo, fotografia, xerox, pintura e papel artesanal,
utilizando diferentes processos artísticos e tecnológicos que
modificaram a produção cultural humana, arranjando-os para
melhor comunicar meu modo de ver o mundo.
Havia uma limitação de tamanho para reproduções em
fotocopiadoras. Passei a usar imagens coladas em madeira,
ampliando-as em partes e colando os pedaços como num
outdoor. Depois essas imagens eram pintadas
TRANSLATED IMAGES
In 1990, I did the second individual, Imagens Traduzidas. I used
photocopies of images (generally captured from TV) and did montages
utilizing handmade paper that I used to make at that time. It was an
experimental exposition; very important for the works that would come
later, those in which I mounted images, gluing small pieces, painted
with a mixed technique. I had just finished doing a workshop in Mauc
with Bené Fonteles, where he worked with photocopies. My only contact
with a computer, at that time, was when I asked Costa, from Gráfica
Expressão, to scan images and reticulate them to improve the result of the
amplifications, which he always did very willingly. At that time, I wrote
the following text about the exposition:
Translated Images represents the continuation of a work developed
some years ago. In the individual Abraços I already realized the
desire to indentify and highlight emotions out of the cold images of
the electronic gadgets. The image of the TV screen was transferred,
with some interference, to the cotton canvas and tapestry, freeing
its meaning from the context that it belonged to. With Imagens
Traduzidas, this idea is developed in a more radical way, the image is
filtered and, by many times, insistently repeated, like repeated are the
forms of a big metropolis. In this work, the process of the artistic work
involves video, photograph, Xerox, painting and handmade paper,
utilizing different artistic processes and technology that modified the
human cultural production, arranging them to best communicate
the way I see the world.
There was a limitation of size to reproductions in photocopy machines. I
started to use images glued in wood, amplifying them by parts and gluing
the pieces like in an outdoor. Afterwards those images were painted.
MÁSCARAS II técnica mista sobre papel 64cm x 82cm 1990 MASKS II mixed media in paper 64cm x 82cm 1990
BEIJOS técnica mista sobre papel 48cm x 96cm 1990 KISSES mixed media in paper 48cm x 96cm 1990
AMANTES II técnica mista sobre madeira 51cm x 114cm (díptico) 1990 LOVERS II mixed media in plywood 51cm x 114cm (diptych) 1990
SEGREDOS técnica mista sobre tela 75cm x 125cm 1990 SECRETS mixed media in canvas 75cm x 125cm 1990
ENCONTRO técnica mista sobre madeira 130cm x 120cm 1991 MEETING mixed media in plywood 130cm x 120cm 1991
AGONIA II técnica mista sobre madeira 60cm x 200cm (díptico) 1992 AGONY II mixed media in plywood 60cm x 200cm (diptych) 1992
DANÇA técnica mista sobre madeira 144cm x 96cm (díptico) 1990 DANCE mixed media in plywood 144cm x 96cm (diptych) 1990
NUDEZ técnica mista sobre madeira 155cm x 110cm (díptico) 1990 NUDITY mixed media in plywood 155cm x 110cm (diptych) 1990
O BEIJO serigrafia 96cm x 39cm 1998 THE KISS silkscreen 96cm x 39cm 1998
SOLIDÃO serigrafia 96cm x 39cm 1998 SOLITUDE silkscreen 96cm x 39cm 1998
ABRAÇO serigrafia 48cm x 66cm 1998 EMBRACE silkscreen 48cm x 66cm 1998
MEDITAÇÃO serigrafia 30cm x 42cm 1991 MADITATION silkscreen 96cm x 39cm 1991
46
LÁ FORA
Ao fazer trinta anos decidi estudar em Paris. Quando lá cheguei,
já tinha uma boa noção da língua. Foi um período muito rico,
inesquecível. Conheci de perto as obras de grandes artistas nos
museus de Paris e Amsterdã.
Em Paris, assim como em Nova York, sempre fiquei impressio-
nado com a quantidade de crianças e adolescentes que eram
levados aos museus pelas escolas ou pelos pais. Não há melhor
forma de educação visual do que frequentar museus. Eles são
muito mais do que guardiões dos registros culturais. Museu é
lugar de aprender. Tenho uma profunda admiração por esse
trabalho de educação visual que se faz no exterior. Ainda hoje
tenho o hábito de ficar escutando essas aulas quando vou a
museus. E cada vez mais os reverencio. Por essa razão, museus
têm público e empresários mais sensíveis em relação à arte.
Quem já procurou patrocínio no Brasil, sabe bem do que estou
falando. Nem no auge da crise americana, o Lincoln Center, o
maior centro de artes de Nova York, mantido por doações de
empresários, teve problemas financeiros.
Na época, estudava na Aliança Francesa e tentava conseguir uma
bolsa para uma universidade de Artes Plásticas. Descobri que a
Universidade de Saint Denis era mais receptiva aos estrangeiros.
Consegui mostrar meu trabalho para o coordenador de artes
plásticas. Ele me explicou que meu diploma em Administração
era aceito pela universidade, mas queria que eu fizesse algumas
disciplinas que ele considerava essenciais, pois eu não era
formado em artes plásticas. Ele tinha gostado do meu trabalho
e iria me ajudar a conseguir a bolsa. eu voltaria ao Brasil, lhe
enviaria uma lista de documentos e regressaria alguns meses
depois com o visto de estudante.
Nesse período, já tinha tido meus primeiros contatos com
o computador. Uma amiga, Aléxia Brasil, trabalhava com
computação gráfica. Eu ficava fascinado com as infinitas
possibilidades dessa máquina. Quanto mais eu a conhecia,
mais me envolvia com ela. A primeira ideia era trabalhar com
ABROAD
When I turned thirty, I decided to work in Paris. When I arrived there,
I had a good notion of the language. It was a very rich period,
unforgettable. I met by firsthand the work of great artists in the
museums of Paris and Amsterdam.
In Paris, the same way as New York, I was always impressed with the
amount of children and teenagers that were brought to the museums by
schools or by their parents. There is no better way of visual education than
going to museums. They are much more than guardians of the cultural
registers. A Museum is a place to learn. I have a profound admiration for
such work of visual education that is done abroad. I still have the habit
of listening to those classes when I go to museums. And I worship them
more and more. For that reason, museums have a public and companies
more sensitive when it comes to art. Whoever searched for sponsorship
in Brazil, knows very well what I’m talking. Not even in the heyday of the
American crisis, the Lincoln Center, the largest center of Arts of New York,
maintained by businessman’s donations, had financial problems.
At that time, I studied in Aliança Francesa (French Alliance) and I was
trying to get a scholarship for a Plastic Arts university. I found out that the
University of Saint Denis was the most receptive to foreigners. I succeed
in showing my work to the coordinator of plastic arts. He explained to
me that my diploma in Business was accepted by the university, but he
wanted me to do some disciplines that he considered were essential,
because I wasn’t graduated in plastic arts. He liked my work and he would
help me get the scholarship. I would come back to Brazil, send the list of
documents and I would regress some months later with a student’s visa.
At that time, I already had my first contacts with the computer. A friend,
Aléxia Brasil, worked with computer graphics. I was fascinated with the
infinite possibilities of that machine. The more I knew, the more I was
involved with it. The first idea was to work with publicity and design,
something I liked to do and that would bring me financial income. But the
computer brought me much more. Soon, it would transform my artistic
47
publicidade e design, algo de que gostasse de fazer e que me
trouxesse retorno financeiro. Mas o computador me trouxe
muito mais. Logo ele iria transformar o meu trabalho artístico,
que já tinha forte interferência da tecnologia. Na época, eu
costumava tirar fotos da TV, fazer ampliações em fotocópias,
inverter as imagens usando transparências. Tudo era feito de
forma artesanal, demorada, complicada. O computador veio
facilitar o que eu fazia, ampliar essas possibilidades.
Terminei desistindo de voltar a Paris para começar aqui um
trabalho com artes gráficas. Foi uma boa escolha. O computador
mudou radicalmente a publicidade e me mostrou novos
caminhos nas artes plásticas. Hoje, raramente faço um trabalho
que não tenha o computador como uma de suas ferramentas
de execução, nem que seja só para simular composição e cores
antes de pintar.
INFOGRAVURAS
Em 1995, já com algum domínio do uso do computador, veio-
me a ideia de usá-lo para fazer gravura. Mas a impressão, o peso
dos arquivos de imagens e mesmo os softwares tinham muitas
limitações. Junto com Aléxia Brasil e Carlos Otávio apresentei
essas experiências em uma exposição que intitulamos de Muito
Simples. Na Ibeu Art Galery, apresentamos uma pintura, um objeto
e várias gravuras. Basicamente, gravuras impressas em impressoras
comuns, tamanho A4, e a primeira experiência com plotagem em
papel em grande formato. Sobre a exposição escrevi:
Sempre fui fascinado pelo conceito de modernidade, de rapidez,
imagens que se sucedem numa tela de TV. O meu trabalho consiste
em captar imagens e informações que já existem, interferindo,
manipulando e gerando novas imagens e informações, para
mostrar algo mais, outro ângulo de visão. Vivo em um tempo em
que me é permitido a utilização de fontes e materiais diversos, do
papel artesanal ao computador, que é só mais uma ferramenta.
work, which already had strong technology interference. At that period,
I used to take photos from the TV, make amplifications in photocopies,
and invert the images using transparencies. Everything was handmade,
slowly, complicated. The computer came to make easier the things I did,
to widen those possibilities.
I ended up giving up on coming back to Paris to start here a work with
graphical arts. It was a good choice. The computer has changed the
publicity radically and has showed me new ways of doing art. Today, I
rarely do some work that doesn’t have the computer as one of its execution
tools, even if it’s only to simulate compositions and colors before painting.
INFO-ENGRAVINGS
In 1995, now with some grasp of how to use a computer, it came to me the
idea to use it to do engravings. But the impression, the size of the image
files and even the software had some limitations. Together with Aléxia
Brasil and Carlos Otávio I presented those experiences in an exposition
that we entitled of Muito Simples (Very Simple). In Ibeu Art Gallery, we
presented a painting, an object and many engravings. Basically, printed
engravings in common printers, A4 size, and the first experience with
plotter in paper in a large format. About the exposition I wrote:
I was always fascinated by the concept of modernity, celerity, images
that succeed each other on a TV screen. My work consists in capturing
images and information that already exist, interfering, manipulating
and generating new images and information, to show something
else, a new angle of vision. I live in a time that it is allowed to me
the utilization of fonts and many materials, from handmade paper
to the computer, which is just another tool. I’m fascinated about its
possibilities like the caveman must have been when he succeeded in
putting colors in his drawings. It is the technology applied to artistic
48
Sou fascinado por suas possibilidades assim como o homem
das cavernas deve ter ficado quando conseguiu colocar cores
em seus desenhos. É a tecnologia aplicada à produção artística,
uma nova forma de percepção da realidade, de poéticas visuais,
o objetivo da arte como um todo. A minha obra é o registro da
minha passagem pelo mundo, assimilando-o e recriando-o
segundo minha visão de formas e cores. É mágico, como mágica
deve ser a vida.
Tenho ótimas recordações dessa época e de como esse
trabalho me motivava. Tínhamos dificuldade de expor esse
tipo de gravura, mas era o que nos interessava. As galerias
tinham receio de expor trabalhos tão experimentais, acho até
que com certa razão. Naquela época, a impressão se limitava
a tamanhos pequenos, salvo alguns ploters que não tinham
boa qualidade de impressão. E as tintas utilizadas, com a
ação do tempo e da luz, iam modificando suas cores. Hoje,
possibilidades diferentes de suporte e tintas à base de solvente
e proteção UV tornaram as gravuras feitas em computador
tão ou mais resistentes ao tempo quanto as técnicas mais
tradicionais. Minha relação com esse tipo de gravura foi se
desenvolvendo com as novidades do setor, a cada nova
possibilidade de impressão sobre materiais diferentes eu fazia
experiências e adaptava essa tecnologia ao meu trabalho. Mas
o que seria uma “gravura feita em computador”? No catálogo
da Exposição Abraço de Cinema, escrevi um texto em que
tentava expor minhas ideias sobre o assunto:
O QUE É INFOGRAVURA
A informática tem revolucionado todas as áreas de trabalho e,
embora seja ainda tudo muito novo, são muitos os artistas que
hoje em dia usam o computador como instrumento de criação.
Um dos resultados dessas novas experiências é a infogravura,
técnica que utiliza conceitos da gravura tradicional, como xilo,
metal e lito. A matriz da infogravura é um arquivo digital. Em
vez do buril, ponta seca e goivas gravando a madeira ou metal,
o artista utiliza mesa digitalizadora, mouse e softwares de
editoração de imagens. A impressão se dá por meio de ploters
ou impressoras com o uso de diversos materiais. A gravura
é considerada original, quando assinada e numerada pelo
production, a new way of perception of the reality, of visual poetry,
the purpose of art as a whole. My work is the register of my passage
through the world, assimilating and recreating it according to my
vision of forms and colors. It’s magical, like life should be magical.
I have great memories of that time and how that work motivated
me. We had difficulties in displaying that kind of engraving, but it was
what interested us. The galleries were a little dismayed to show such
experimental works, I think even with some reason. At that time, the
impression was limited to small sizes, save some plotters that didn’t have
a good quality of impression. And the paints used, with the action of
time and light, were modifying colors. Nowadays, different possibilities of
support, and paints made by solvent base and with UV protection made
engravings created on the computer as like or more resistant to time as
the more traditional techniques. My relation with this type of engraving
began to develop with the news of the sector, at each new possibility of
impression on different materials; I made new experiences and adapted
that technology to my work. But what would be an “engraving made on
a computer?” In the catalog of the exposition Abraço de Cinema, I wrote
a text in which I tried to expose my ideas about the subject.
WHAT IS INFO-ENGRAVING?
The informatics has revolutionized all the areas of work, although
it is all still too new, there are many artists that nowadays use the
computer as an instrument of creation. One of the results of those
new experiences is the info-engraving, a technique that utilizes
concepts of the traditional engraving, like wood, metal and stone.
The matrix of info engraving is a digital file. Instead of the burin,
chisel and gouge engraving the wood or metal, the artist uses a
digital table, mouse and image edition software. The impression is
given by means of plotters or printers with the use of many materials.
The engraving is considered original, when signed and numbered
by the artist. The computer, in this case, is not used only as a mere
reproduction instrument, but also of creation, by offering many
resources and limitless colors and matrixes. Because it is a multiple,
the engraving has a lower cost than painting, making the artistic
artista. O computador, no caso, não é utilizado somente como
mero instrumento de reprodução, mas também de criação, ao
oferecer inúmeros recursos e ilimitadas cores e matizes. Por ser
um múltiplo, a gravura tem um custo menor do que a pintura,
tornando a criação artística mais acessível. Mas isso não faz dela
uma obra menor. A gravura pertence a um dos capítulos mais
notáveis da história do ser humano, que descobriu em cada
época, o instrumento para dominar os suportes mais diversos.
Participei de várias exposições na Ibeu Art Galery, uma pequena
e atuante galeria. Havia uma exposição anual de trabalhos em
papel que se chamava Salão Norman Rockwell. Participei de
várias, uma delas como jurado.
SEGREDO infogravura 21cm x 30cm 1989 SECRET info-engraving 21cm x 30cm 1989
creation more accessible. But that doesn’t make it a lower work. The
engraving belongs to one of the most notable chapters of the history
of the human being, who discovered in each epoch, the instrument
to dominate the more diverse supports.
I participated in many expositions in Ibeu Art Gallery, a little and active
gallery. There was an annual exposition of paper works that was called
Salão Norman Rockwell. I participated in many, one of them as a jury.
Years later, with a more advanced technology providing a higher quality
impression, I did Abraço de Cinema in Centro Dragão do Mar. This
RENDA I infogravura 70cm x 50cm 2008 RENDA I info-engraving 70cm x 50cm 2008
RENDA II infogravura 70cm x 50cm 2008 RENDA II info-engraving 70cm x 50cm 2008
52
Anos depois, com a tecnologia mais avançada proporcionando
uma impressão de maior qualidade, fiz Abraço de Cinema no
Centro Dragão do Mar. Essa exposição veio fechar um ciclo,
começado em 1988, com a primeira individual Abraços. Foi
uma mostra muito especial, com o principal trabalho ganhei
o prêmio de gravura do Salão de Abril e fui convidado a
participar da III Bienal do Mercosul.
RETRATOS
Já havia pintado vários retratos a óleo, geralmente por
encomenda, mas geralmente não gostava muito do resultado.
Não conseguia me identificar. Continuava trabalhando com
imagens capturadas da TV, fotocopiava, ampliava, interferia
nessas reproduções e formava grandes painéis, alguns colava
em madeira ou em tecido. Depois de tudo, pintava com acrílico,
pastel oleoso, lápis, pigmentos e cola. Decidi usar essa mesma
técnica para fazer o retrato de um amigo. Passei a usar uma
pequena câmera de filmagem para capturar imagens e depois
escolher nesses filmes as cenas a serem pintadas. Foi a forma de
dar aos retratos minha identidade. Gostei tanto do resultado que
decidi fazer uma exposição em que algumas personalidades
foram convidadas a participar. Em 1996, surgiu Olho Mágico. Para ilustrar o catálogo da exposição, optei por escolher fotos
captadas dos filmes que eu não tinha utilizado para pintar.
Assim o quadro seria uma surpresa para o retratado. Tive a ajuda
inestimável de Izabel Gurgel e de Ítala Márcia na produção. Era o
ano de 2001. A exposição foi montada em uma casa na avenida
Dom Luis, projetada pelo arquiteto Arialdo Pinho, e reformada
para receber a exposição.
Nessa exposição foram retratados:
Aléxia Brasil, Ana Beatriz e Wanderley Barreto, Ana Luiza
Franco Costa Lima,Andréa Bezerra Ximenes e Talita, Anik Auip,
Antonieta Martins Gomes, Celina Castro Alves, Cíntia Melo,
exposition came to close a cycle, which began in 1988, with the first
individual Embraces. It was a very special exhibition, with the main work
I won the engraving award of Salão de Abril (April’s Parlor) and I was
invited to join the III Bienal of Mercosul.
PORTRAITS
I had painted many portraits by oil, usually on hire, but generally I
didn’t like the result very much. I couldn’t identify with it. I kept working
with images captured from TV, photocopied, amplified, I interfered in
those reproductions and made big panels, some I would glue in wood
or in fabric. After everything, I painted with acrylic, pastel oil, pencil,
pigments and glue. I decided to use that same technique to make a
friend’s portrait. I started to use a small film camera to capture images
and then choose in those films the scenes to be painted. It was the way
to give portraits my identity. I liked the result so much that I decided
to do an exposition which some personalities were invited to join. In
1996, came Olho Mágico (Magic Eye). To illustrate the exposition’s
catalog, I opted to choose photos captured by films that I didn’t utilize
to paint. That way the painting would be a surprise to the person being
portrayed. I had the priceless help of Izabel Gurgel and of Ítala Márcia
in the production. It was the year of 2001. The exposition was mounted
in a house in avenue Dom Luís, projected by the architect Arialdo Pinho,
and reformed to receive the exposition.
In that exposition were portrayed:
Aléxia Brasil, Ana Beatriz e Wanderley Barreto, Ana Luiza Franco Costa
Lima,Andréa Bezerra Ximenes e Talita, Anik Auip, Antonieta Martins
AUTO-RETRATO técnica mista sobre madeira 92cm x 70cm 1996 SELF-PORTRAIT mixed media in plywood 92cm x 70cm 1996
ALÉXIA BRASIL técnica mista sobre madeira 67cm x 67cm 1996 ALÉXIA BRASIL mixed media in plywood 67cm x 67cm 1996
UBIRAJARA BAZANI técnica mista sobre tela 86cm x 70cm 1996 UBIRAJARA BAZANI mixed media in canvas 86cm x 70cm 1996
IVAN BEZERRA E IVAN FILHO técnica mista sobre madeira 140cm x 89cm 2003 IVAN BEZERRA E IVAN FILHO mixed media in plywood 140cm x 89cm 2003
DEMÓCRITO DUMMAR técnica mista sobre tela 75cm x 100cm 2008 DEMÓCRITO DUMMAR mixed media in canvas 75cm x 100cm 2008
VICTOR AGOSTINHO técnica mista sobre madeira 70cm x 50cm 2004 VICTOR AGOSTINHO mixed media in plywood 70cm x 50cm 2004
ARTHUR AGOSTINHO técnica mista sobre madeira 70cm x 50cm 2004 ARTHUR AGOSTINHO mixed media in plywood 70cm x 50cm 2004
JAYME LEITÃO técnica mista sobre madeira 63cm x 90cm 1996
TEREZA XIMENES técnica mista sobre madeira 90cm x 63cm 1997
JAYME LEITÃO mixed media in plywood 63cm x 90cm 1996
TEREZA XIMENES mixed media in plywood 90cm x 63cm 1997
ISABEL PIRES técnica mista sobre madeira 30cm x 40cm 1996
CELINA CASTRO ALVES técnica mista sobre madeira 74cm x 90cm 1996
ISABEL PIRES mixed media in plywood 30cm x 40cm 1996
CELINA CASTRO ALVES mixed media in plywood 74cm x 90cm 1996
VALÉRIA ROSSICLÉA VITORIANO técnica mista sobre madeira 87cm x 87cm 1996
VALÉRIA ROSSICLÉA VITORIANO mixed media in plywood 87cm x 87cm 1996
ESDRAS GUIMARÃES, PEDRO, NEUMA, VICTOR e CAROLINA técnica mista sobre madeira 150cm x 120cm 2010
ESDRAS GUIMARÃES, PEDRO, NEUMA, VICTOR e CAROLINA mixed media in plywood 150cm x 120cm 2010
64
INFLUÊNCIAS E ADMIRAÇÕES
A obra de um artista é um apanhado de várias experiências e
influências. Nunca percebo quando estou fazendo. Mas depois,
às vezes muito tempo depois, consigo ver como esses artistas
me influenciaram. Depois de ver trabalhos de Floriano Teixeira,
passei a usar lápis de cor no meu trabalho. Quando você é
fascinado por algum artista, de alguma forma, mesmo de forma
subliminar, é influenciado por ele. Adoro Sérgio Ferro, Carlos
Araújo, para citar alguns vivos. Gosto do Klimt, de Andy Wahol. E
para não dizerem que não gosto de arte contemporânea, adoro
Vik Muniz, Henrique Oliveira e os seus tapumes, os Gêmeos,
David LaChaplle e tantos outros.
Quando estudava xilogravura com Eduardo Eloy conheci o
trabalho de Kathe Kollwitz, artista alemã que morreu 1945 e viu
seu país atravessar duas guerras brutais, e a ascensão do nazismo.
Seu trabalho parecia sofrer de uma paixão pela desesperança e
miséria, mas o resultado era espetacular. A força de suas xilos
e desenhos me marcaram profundamente. Lembrava-me dela
cada vez que ouvia que meu trabalho era muito triste, e tomava
os comentários como elogios.
CRÍTICAS
O meu trabalho fica em um limbo, recebe críticas de quem
acha que arte é óleo sobre tela e os “pseudo-contemporâneos”,
que acham que a pintura não tem mais nada a dizer. Nunca me
preocupei com tendências, movimentos ou modismos nem
quero me preocupar com um contexto contemporâneo para
o meu trabalho. Sigo fazendo o que sempre fiz. Quero fazer
um tipo de arte com que eu possa conviver, vê-la diariamente,
me sentir bem. Não que eu não acredite em outros tipos de
expressões artísticas, mas foi essa que escolhi fazer. O que
acrescentei no meu trabalho foi consequência das minhas
experiências de vida, não descobri a pólvora. Desde sempre,
os artistas usaram os recursos que tinham para se expressar.
Andy Wahol usava sua “polaroid” e serigrafia. Vick Muniz é um
artista plástico ou um fotógrafo? Isso importa? O que vejo é o
Gomes, Celina Castro Alves, Cíntia Melo, Excelsa, Arthur Costa Lima,
Gustavo e Artur, Jayme Leitão, Karla Paes de Andrade, Lusineth Miranda,
Marquinhos, Mônica Arruda, Ubirajara Bazani, Valéria Rossicléa
Vitoriano.
INFLUENCES AND ADMIRATIONS
The artist work is a collection of many experiences and influences. I never
realize while I’m doing. But then, sometimes much later, I can see how
those artists influenced me. After seeing Floriano Teixeira’s works, I started
to use colored pencils in my work. When you are fascinated with some
artist, in some way, even in a subliminal way, you are influenced by him.
I adore Sérgio Ferro, Carlos Araújo, to cite some alive. I like Klimt, of Andy
Wahol. And for people not to say I don’t like contemporary art, I like Vik
Muniz, Henrique Oliveira and his boards, the Twins, David LaChaplle and
many others.
When I studied woodcut with Eduardo Eloy, I met the work of Kathe
Kollwitz, a German artist who died in 1945 and saw her country cross
two brutal wars, and the Nazism ascension. Her work seemed to suffer
from a passion for despair and misery, but the result was spectacular.
The strength of her woodcuts and drawings marked me profoundly. I
remembered her every time that I listened that my work was too sad, and
took those comments as compliments.
CRITICS
My work stays in a limbo, it receives critics from people who thinks
that art is oil on a canvas and the “pseudo-contemporaries”, who think
that painting has nothing else to say, I never worry about tendencies,
movements or trends, neither do I want to preoccupy with a contemporary
context for my work. I keep doing what I always did. Quero fazer um tipo
de arte que eu possa conviver com ela, ver diariamente, me sentir bem.
Não que não acredite em outros tipos de expressões artísticas, mas foi
65
resultado. Como ele chegou até lá é mera curiosidade. Assim
que vejo meu trabalho, uma evolução discreta de ideias e
conceitos que se alinham e se aprimoram. Se eu achar que
colar um papel artesanal sobre a tela vai trazer um resultado
mais próximo do que quero, colo, assim como uso computador,
plotagem, pastel oleoso e pigmento. Vivemos uma intensa troca
de influências, somos bombardeados por uma quantidade de
informações visuais sem precedentes. É indiscutível a influência
do artista plástico com o trabalho do designer, do cineasta, do
estilista, do cenógrafo, enfim com o de todos que trabalham
com a imagem, e vice-versa. Intitular uma arte de maior e mais
importante é uma bobagem.
O REI ESTÁ NU
Uma das minhas melhores experiências ocorreu em 1986,
quando fui trabalhar como monitor da I Exposição Internacional
de Esculturas Efêmeras. Para mim, foi como conhecer um
novo mundo. Tivemos um treinamento intensivo de uma
semana com Tadeu Chiarelli. Estudamos a obra de cada artista
convidado. Havia gente de toda parte do mundo, artistas de
dezoito países. Conheci trabalhos e artistas geniais, como Franz
Krajberg. Trabalhei como monitor e em outros horários ajudei
Edward Mayer, artista americano, que trabalha criando formas
a partir de ripas de madeira, a montar sua instalação. Os artistas
mandavam os projetos a serem montados aqui. Era a única
forma de viabilizar uma exposição que contava com nomes de
peso sem arcar com os altos custos de seguro das obras, já que
elas eram efêmeras e a maioria se desfazia pouco depois do
período da exposição (ou durante).
Foi o meu primeiro contato com uma arte em que a ideia era
mais forte do que o objeto. Fiquei fascinado, mas não sabia ainda
o que viria. Posso usar como analogia os caramujos africanos,
que, trazidos ao Brasil na década de 80, começaram a crescer de
uma forma tão descontrolada que passaram a destruir outras
espécies. É assim como vejo este tipo de trabalho, uma arte mais
de ideias que de técnica. Quanto mais pobre é o trabalho mais
justificativas e textos ele tem. Muitos deles enfadonhos, que
essa que escolhi fazer. What I added to my work was a consequence of
my life experiences, I didn’t discover the gunpowder. From the beginning,
artists used the resources that they had to express themselves. Andy
Wahol used the Polaroid and serigraph. Is Vick Muniz a plastic artist or
a photographer? Does that matter? What I see is the result. How did he
arrive there is mere curiosity. That’s how I see my work, a discreet evolution
of ideas and concepts that align and improve themselves. If I think that
gluing a handmade paper on a canvas is going to bring a closer result
to what I want, I glue, like I use the computer, plotter, oily pastel and
pigment. We live in an intense exchange of influences; we are bombarded
by a quantity of visual information without precedent. It’s undeniable the
influence of the plastic artist with the work of the designer, movie director,
stylist, scenographist, – In short, with everyone that works with image,
and vice-versa. To entitle an art of having more importance or less doesn’t
have much meaning.
THE KING IS NAKED
One of my best experiences occurred in 1986, when I went to work as
a monitor of I Exposição Internacional de Esculturas Efêmeras (First
International Exposition of Ephemeral Sculptures). For me, it was like
getting to know a new world. We had an intensive training of one week
with Tadeu Chiarelli. We studied the work of every invited artist. There
were people from all around the world, artists from eighteen countries.
I met genial works and artists, like Franz Krajberg. I worked as a monitor
and in other periods I helped Edward Mayer, an American artist, who
works creating forms from rips of wood, mounting its installation. The
artists sent the projects that would be mounted here. It was the only
way to make viable an exposition that counted with huge names
without paying the high costs for construction insurance, because they
were ephemeral and most of them would come apart soon after the
exposition (or while).
It was my first contact with “contemporary art”, the installations, and the
force of the idea stronger than the object. I was fascinated, but I didn’t
66
exprimem uma erudição tediosa, com conceitos de arte pré-
fabricados. A arte já não se explica por si própria, é preciso um
texto para tentar ordenar aquele caos e traduzi-lo ao público.
Até já vi bons trabalhos, só não acredito que esta seja uma “arte
maior”, como acreditam seus adeptos. Além de instalações,
intervenções e performances também existem bons artistas
que pintam e esculpem. O maior ou o menor não se mede
pelo gênero, e sim pela qualidade. Mas hoje em dia os órgãos
culturais, sejam governamentais ou não, só dão espaço para o
que chamam de “arte contemporânea” (a meu ver muito mais
ampla). Bastaria a compreensão de que uma arte não aniquila
outra. Com espaço para todo tipo de manifestação artística,
haveria o reconhecimento do verdadeiro artista e a revelação
do impostor. Todas as artes poderiam coexistir sem uma
se sobrepor a outra, com o devido respeito que cada uma
merece. Vi isso claramente ao participar da Bienal do Mercosul,
em Porto Alegre.
Se eu, como artista e interessado em arte, sinto-me
desmotivado a frequentar a maioria das exposições (e são
cada vez mais raras), imagino o grande público, que também
está cansado de procurar sentido em tudo isso. A impressão
que tenho quando visito algumas exposições é que há muita
gente fingindo ser artista e outros fingindo que aquilo é arte.
Fico esperando alguém gritar: “Isso é uma farsa! O rei está nu!”,
como fez a criança diante do rei no conto A Roupa Nova do
Imperador, de Hans Christian Andersen. Cada vez mais, as
exposições têm menos público. As pessoas estão cansadas
de se sentirem burras, de não compreenderem como
chamam de arte aquilo que estão vendo. Ninguém, a não
ser colecionadores esperando lucros num mercado viciado,
compra trabalhos que mais parecem um monte de sucata.
Nesse meio, o que se precisa para fazer sucesso é um bom
trânsito com a mídia, relações importantes e uma boa lábia.
Grandes nomes que militam neste setor, indignados, estão se
manifestando contra os rumos que a Arte Contemporânea
está seguindo. Um dos primeiros autores sérios a abordar este
assunto foi Tom Wolfe no seu livro A Palavra Pintada. Denunciava
que a arte deixou de ser visual para ser falada. Muitos artistas
e intelectuais já criticaram duramente as falácias do que foi
know what would be about to come. I can use as an analogy the African
sea shell, that was brought to Brazil in the 80’s, began to grow in such an
uncontrolled manner that it began to destroy other species. It’s that way
how I see the contemporary art, an art more of the ideas than technique.
There is no visual contemporary art without text. Many of them boring,
which express a tedious erudition, with pre fabricated concepts of art.
The art doesn’t explain itself anymore, a text is needed to try to arrange
that chaos and translate it to the public. There are a lot of good things
in the contemporary art; I just don’t believe it is a “higher art”, like its
adepts believe. There are good artists that make installations like there
are also those that paint and sculpt. In both arts, there are the biggest
and the smallest. The biggest or smallest isn’t measured by the genre, but
by quality. However, nowadays the cultural agencies, whether they are
governmental or not, only give space to what they call “contemporary
art” (which is, in my opinion, much broader). There should be the
understanding that that one type of art doesn’t eliminate the other.
With space for all kinds of artistic manifestations, there would be the
recognition of the true artist and the revelation of the impostor. All the
arts could coexist without overlapping each other, with all due respect
that each one deserves. I saw that clearly when I participated in Bienal of
Mercosul, in Porto Alegre.
If I, as an artist and interest in art, feel unmotivated to frequent most
of the expositions (and they are becoming rarer), I imagine the general
public, that is also tired of searching for a meanings in all this. The
impression that I have when I visit some of the expositions is that there
are many people faking to be artists and others faking that that is art. I
keep waiting for someone to yell: “This is a farce! The king is naked!” like
the kid did in the story tale “The Emperor’s New Clothes”, by Hans Christian
Andersen. More and more, the expositions have fewer crowds. The people
are tired of feeling dumb, of not comprehending how they call art what
they are seeing. No one, with the exception of collectors waiting for profits
in a vitiated market, buy works that look more like a pile of junk. In that
environment, what is needed to succeed is a good communication with
the media, important relations and craftiness.
67
determinado como “arte oficial” por um sistema gerido por
interesses que nada tem a ver com arte.
Não sei se é indispensável para um artista saber desenhar;
quando pensava em ser me tornar um, era primordial. Concordo
que há artistas que conseguiram construir uma obra utilizando
outros recursos, mas é indiscutível que o domínio de técnicas
acaba definindo o resultado do trabalho. Isso se pensarmos
que a estética, o uso de cores, a anatomia, a perspectiva dizem
respeito às artes visuais. Hoje, qualquer novo artista só fala em
desconstruir. Não teve tempo (nem interesse) de aprender
a desenhar nada, não sabe nem o que, mas quer transgredir,
questionar (essa é a palavra-chave). Segundo Ferreira Gullar o
beco sem saída em que enveredou a produção contemporânea
nasce de um grande equívoco: o de achar que a pura expressão
possa ser uma obra de arte. Disse ele: “Uma mancha no chão,
uma água escorrendo, tudo isso é expressão, mas não é arte. Se
alguém pisa no meu pé e eu grito de dor, isso é uma expressão,
mas não é arte.” Esse questionamento de que tudo pode ser arte
é antigo. Duchamp fez isso há décadas.
A maior vítima dessa compactuação da mídia e de centros
culturais com a exclusão de artistas que não se enquadram
nos parâmetros do “contemporâneo” é o público, que perde
a oportunidade de conhecer um trabalho que possa ser
reconhecido como arte; é o artista, que se frustra em não
conseguir trabalhar; é o país, que vê seus talentos desperdiçados.
Quantos artistas maravilhosos, por falta de reconhecimento,
simplesmente desistiram. Sentem-se descartados e
desrespeitados. Poderia citar pelo menos uma dezena.
Procuraram outra atividade ou raramente pintam, esculpem.
Um bom artista precisa estar em constante produção, pois só
assim seu trabalho se aprimora.
Huge names that work in this sector, frustrated, are manifesting against
the way that the Contemporary Art is following. One of the first serious
authors to cover this topic was Tom Wolfe in his book The Painted Word.
He denounced that the art stopped being visual to be spoken.
I don’t know if it is indispensable for an artist to know how to draw; when
I thought about being an artist it was primordial. I agree that there are
artists that succeed in constructing a work using other resources, but
it’s undeniable that the grasp of techniques ends up defining the result
of the work. That is if, we think that the esthetic, the use of colors, the
anatomy, the perspective concern the visual arts. Nowadays, every new
artist only talks about constructing. He didn’t have the time (neither
interest) to learn how to draw anything, he doesn’t even know what,
but he wants to transgress, to question (that is the keyword). According
to Segundo Ferreira Gullar, the no-way-out alley that followed the
contemporary production is born by a major misconception: to think
that the pure expression may be a work of art. He said: “A stain on the
floor, the water dripping, all of this is expression, but it isn’t art. If someone
steps on my foot and I scream in pain, that is an expression, but it isn’t
art.” That questioning that everything can be art is old. Duchamp said
that, decades ago.
The biggest victim of that collaboration between the media and the
cultural centers with omission of artists that do not fit within the
parameters of “contemporary” is the public, who loses the opportunity
of getting to know a work that can be recognized as art; is the artist,
who gets frustrated for not being able to work; it’s the country, that sees
his talents wasted. How many wonderful artists, by lack of recognition,
simply quit. They feel discarded, disrespected, in the name of this so called
post-modern. I could cite at least a dozen. Who searched for another
activity or rarely paint, sculpt. A good artist needs to be in constant
production, only that way his work improves.
2001 Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura
70
ABRAÇO DE CINEMAtexto do catálogo
Quando, em 1988, apresentei a minha primeira individual
Abraços, eu já tinha como referência imagens de cinema, mas
a técnica por mim utilizada era a mais tradicional possível: óleo
sobre tela. As descobertas de novas técnicas e materiais foram
surgindo, sempre com uma grande expectativa de alcançar o
resultado mais próximo possível das imagens que eu queria
expressar. Primeiro o acrílico, a técnica mista e a xerox, que
utilizei por muito tempo como suporte do trabalho. De uma
certa forma fazia, de um modo limitado, o que faço hoje nas
infogravuras. Eu copiava imagens em acetato para invertê-las,
as ampliava aos pedaços, como se fazem em out-doors, e usava
a xerox como base das pinturas. Por muitas vezes utilizava
uma filmadora para captar imagens. Em 1994, tive o meu
primeiro contato direto com o computador. Fiquei fascinado
com suas possibilidades e, paralelo ao trabalho de designer
gráfico, venho utilizando essa poderosa ferramenta também
para me expressar como artista. Em 1995 realizei junto com
Aléxia Brasil e Carlos Otávio a exposição Muito Simples, onde
apresentávamos nossas experiências com a infogravura, ainda
limitada ao papel e aos pequenos formatos. Foi a constante
evolução da qualidade dos materiais e tintas empregados que
tornaram possíveis obras de grandes formatos com resistência
e durabilidade incríveis. Considero ABRAÇO DE CINEMA a
conclusão da exposição ABRAÇOS, por isso o mesmo tema.
Com o desenvolvimento desse trabalho quero mostrar onde
eu queria chegar, o que o meu amadurecimento como artista
e a intimidade com o computador me proporcionaram. A
exposição acontece como um evento paralelo, que integra a
programação do CINE CEARÁ - XI Festival Nacional de Cinema
e Vídeo.
When in 1988 I presented my first exhibit “EMBRACES”, I already had
cinema images as a reference to my work, although the technique I
used was the most traditional: oil on canvas. As the innovations of new
techniques and materials were emerging, so were my expectations on
achieving the image results I’ve wanted to express. First, I used the acrylic,
mixed technique and photocopies, which were for long the basic support
of my work. Somewhat I used to do in a more limited fashion what I do
today with infograph. I used to copy images to acetate to invert them,
them I amplified them by cutting pieces like they do with out-doors ads.
The photocopies were used as the base for the paintings. In 1994 I had my
first contact with a computer. I became fascinated with all its possibilities,
and in parallel with my work as a graphic designer, I started using this
powerful tool to express myself as an artist. In 1995 I accomplished, along
with Alexia Brasil and Carlos Otavio, the exhibit “Very Simple” where we
presented our experiences with digital prints, which were still limited to
the paper and small formats. It was the constant evolution of the quality
of materials and paints that made possible the creation of big format
pieces, with incredible resistance and durability. I consider “The Cinema
Embrace” the conclusion of the exhibit “Embraces”, reason why I picked
the theme again. I want to show where I wanted to go back then, and
what my maturing process as an artist and the intimacy with computers
did for me. The exhibit takes place as a parallel event to the CINE CEARA
- XI National Cinema and Video Festival, also being part of the program.
PAIXÃO infogravura 200cm x 106cm 2001 PASSION info-engraving 200cm x 106cm 2001
ADEUS infogravura 64cm x 80cm 2001 GOODBYE info-engraving 64cm x 80cm 2001
DESPEDIDA infogravura 64cm x 80cm 2001 FAREWELL info-engraving 64cm x 80cm 2001GOODBYE info-engraving 64cm x 80cm 2001
SAUDADE infogravura 53cm x 170cm 2001 LONGING info-engraving 53cm x 170cm 2001
DESPEDIDA II infogravura 64cm x 80cm 2001 FAREWELL II info-engraving 64cm x 80cm 2001
ENCONTRO infogravura 53cm x 170cm 2001 ASSIGNATION info-engraving 53cm x 170cm 2001FAREWELL II info-engraving 64cm x 80cm 2001
ENCONTRO II infogravura 100cm x 66cm 2001 ASSIGNATION II info-engraving 100cm x 66cm 2001
O DIÁRIO DE ANNAIS NIN infogravura 74cm x 120cm 2001 THE DIARY OF ANNAIS NIN info-engraving 74cm x 120cm 2001
SAUDADE II infogravura 154cm x 50cm 2001 LONGING II info-engraving 154cm x 50cm 2001
AMANTES infogravura 61cm x 100cm 2001 LOVERS info-engraving 61cm x 100cm 2001
O PERDÃO infogravura 150cm x 82cm 2001 FORGIVEN info-engraving 150cm x 82cm 2001
MATERNIDADE infogravura 81cm x 100cm 2001 MOTHERHOOD info-engraving 81cm x 100cm 2001
2005 Festival Vida e Arte - Centro de Convenções
86
SONHOS
Desde meados da década de 80 meu trabalho usa como
referência imagens de vídeos e fotografias. As vezes imagens
captadas de cenas de cinema ou fotografias e filmes feitos por
mim. A tecnologia foi cada vez mais se tornando presente no
trabalho, primeiro com a utilização de colagens com xerox e
logo depois com o computador, a plotagem e seus programas
de editoração de imagem. O trabalho foi sendo influenciado e
modificado pela revolução da informática, assim como todas as
áreas de trabalho e profissões.
Sonhos é um conjunto de pinturas e gravuras que mesclam
a figura feminina, retratada em um universo onírico, tecidos e
poesias de Florbela Espanca. O trabalho discute a interferência
da tecnologia no fazer artístico e se apropria desse universo
para criar outro, onde novos instrumentos de criação artística
se somam aos já utilizados há séculos, resultando em uma obra
única e atual.
DREAMS
Since the mid 80’s my job as a reference uses images from videos
and photographs. Sometimes images captured scenes of movies or
photographs and films made by me. The technology is becoming
increasingly present in the work, first with the use of collage with xerox
and later with the computer, the plot and its programs for image editing.
The work was being influenced and modified by the computer revolution,
like all work areas and professions.
Dreams is a collection of paintings and prints that mix the female
figure, portrayed in a dreamlike universe, fabrics and poetry of Florbela
Espanca. The work discusses the influence of technology in art making
and appropriates that to create another universe, where new tools for
artistic creation are added to those already used for centuries, resulting
in a single work and current.
SONHO EM AZUL técnica mista sobre madeira 100cm x 75cm 2002 DREAMS IN BLUE mixed media in plywood 100cm x 75cm 2002
SONHO EM VERMELHO técnica mista sobre madeira 180cm x 80cm 2002 DREAMS IN RED mixed media in plywood 180cm x 80cm 2002
SONHO técnica mista sobre tela 100cm x 130cm 2003 DREAM mixed media in canvas 100cm x 130cm 2003
SONHO I técnica mista sobre madeira 100cm x 100cm 2003 DREAM I mixed media in plywood 100cm x 100cm 2003
SONHO II técnica mista sobre madeira 80cm x 100cm 2003 DREAM II mixed media in plywood 80cm x 100cm 2003
SONHO DESFEITO técnica mista sobre madeira 100cm x 100cm 2002 BROKEN DREAMS mixed media in plywood 100cm x 100cm 2002
SONHO infogravura 70cm x 160cm 2003 DREAM info-engraving 70cm x 160cm 2003
2005 Centro Cultural Oboé
98
DOBRAS MOLES
Nos meus trabalhos, o olho sempre teimava em se fixar nos
detalhes, nos tecidos, nas formas mágicas, orgânicas, cheias de
vida. Adorava me abster do resto e criar composições quase
independentes que começaram surgindo timidamente e, aos
poucos, foram exigindo espaço. Nas duas últimas individuais,
Abraço de Cinema e Sonhos, já eram mais que evidentes. Agora,
são o foco principal numa tênue fronteira entre o abstrato
e o figurativo. Dobras Moles é isso, o puro prazer de pintar, a
essência.
FOFT BLENDS
In my works, the eye always insisted on fixating on details, on the fabrics,
on the magic forms, organics, full of life. I loved to abstain myself from
the rest and create compositions almost independent that started
appearing timidly and, little by little, began to demand space. In the last
two individuals, Abraço de Cinema and Sonhos, they were more than
evident. Now, they are the primarily focus in a tenuous frontier between
the abstract and the figurative. Dobras Moles is that, the pure pleasure of
painting, the essence.
ESPANHOLA infogravura 80cm x 126cm 2005 SPANISH info-engraving 80cm x 126cm 2005
COLCHA DE RETALHOS infogravura 46cm x 150cm 2005 PATCHWORK QUILTS info-engraving 46cm x 150cm 2005
CAMISA LITRADA infogravura 90cm x 120cm 2005 STRIPED SHIRT info-engraving 90cm x 120cm 2005
BLUE SARI info-engraving 75cm x 110cm 2005SÁRI AZUL infogravura 75cm x 110cm 2005
FLORES DA ESPANHA II infogravura 80cm x 110cm 2005 FLOWERS OF SPAIN II info-engraving 80cm x 110cm 2005
SOFT FLOWERS info-engraving 124cm x 76cm FLORES MOLES infogravura 124cm x 76cm 2005
KUARUP info-engraving 90cm x 160cm 2005KUARUP infogravura 90cm x 160cm 2005
FLORES DA ESPANHA I infogravura 80cm x 110cm 2005 FLOWERS OF SPAIN I info-engraving 80cm x 110cm 2005
PATHWORK II info-engraving 80cm x 110cm 2005PATCHWORK II infogravura 80cm x 110cm 2005
PATHWORK I info-engraving 80cm x 110cm 2005PATCHWORK I infogravura 80cm x 110cm 2005
SNIP AND FLOWERS info-engraving 80cm x 110cm 2005RETALHOS E FLORES infogravura 80cm x 110cm 2005
PATHWORK III info-engraving 80cm x 110cm 2005PATCHWORK III infogravura 80cm x 110cm 2005
DOBRAS MOLES técnica mista sobre tela 100cm x 100cm 2005 SOFT BLENDS mixed media in canvas 100cm x 100cm 2005
SNIPS info-engraving 212cm x 270cm (triptych) 2007RETALHOS infogravura 212cm x 270cm (tríptico) 2007
2010 Galeria Mariana Furlani
118
ACQUA
Acqua surgiu a partir de um trabalho da fotógrafa Nicoline
Patrícia que vi na internet. Era a foto de uma mulher submersa.
As distorções do corpo e do vestido dessa mulher na água
me fascinaram. Acabara de fazer a exposição Dobras Moles e
ainda estava muito envolvido com o movimento orgânico dos
tecidos. Achei que era o momento de voltar a inserir a figura
humana no trabalho. Dessa vez sob a água, e explorar os limites
das imagens por meio de suas variações. A água desvenda
novos ângulos de visão, com seus reflexos e suas “lentes” por
onde as cores e formas são distorcidas, ampliadas e desfocadas
criando novas imagens que, por momentos, o olho se perde da
figura e encontra a abstração.
ACQUA
Acqua came from a work from the photographer Nicoline Patrícia
that I saw on the internet. It was the picture of a woman submerged.
The distortions of the body and the dress of that woman in the water
fascinated me. I had just finished doing the exposition Dobras Moles and
I was still involved with the organic movement of the fabrics. I thought it
was the moment to restart inserting the human figure in my work. This
time underwater, and explore the limits of the images by means of its
variations. The water revealed new angles of vision, with its reflections
and its “lens” from where colors and forms are distorted, amplified and
lose focus, creating new images that, by moments; the eye loses itself
from the figure and finds the abstraction.
ACQUA I técnica mista sobre tela 142cm x 142cm 2009 ACQUA I mixed media in canvas 142cm x 142cm 2009
ACQUA II técnica mista sobre madeira 140cm x 110cm ACQUA II mixed media in plywood 140cm x 110cm 2009
ACQUA III técnica mista sobre tela 130cm x 140cm 2009 ACQUA III mixed media in canvas 130cm x 140cm 2009ACQUA II mixed media in plywood 140cm x 110cm 2009
ACQUA IV técnica mista sobre tela 130cm x 140cm 2007 ACQUA IV mixed media in canvas 130cm x 140cm 2007
ACQUA V técnica mista sobre tela 130cm x 140cm 2007 ACQUA V mixed media in canvas 130cm x 140cm 2007
ACQUA VI técnica mista sobre madeira 106cm x 160cm 2010 ACQUA VI mixed media in plywood 106cm x 160cm 2010
ACQUA VII técnica mista sobre tela 180cm x 120cm 2008 ACQUA VII mixed media in canvas 180cm x 120cm 2008ACQUA VI mixed media in plywood 106cm x 160cm 2010
ACQUA VIII info-engraving 130cm x 160cm 2009ACQUA VIII infogravura 130cm x 160cm 2009
ACQUA IX info-engraving 80cm x 110cm 2009ACQUA IX infogravura 80cm x 110cm 2009
ACQUA X mixed media in plywood 72cm x 160cm 2010ACQUA X técnica mista sobre madeira 72cm x 160cm 2010
ACQUA XI técnica mista sobre madeira 140cm x 110cm 2010 ACQUA XI mixed media in plywood 140cm x 110cm 2010
ACQUA XI mixed media in plywood 140cm x 110cm 2010 ACQUA XII mixed media in plywood 120cm x 160cm 2010ACQUA XII técnica mista sobre madeira 120cm x 160cm 2010
ACQUA XIII mixed media in plywood 80cm x 160cm 2010ACQUA XIII técnica mista sobre madeira 80cm x 160cm 2010
ACQUA XIV técnica mista sobre tela 180cm x 120cm 2010 ACQUA XIV mixed media in canvas 180cm x 120cm 2010
ACQUA XV info-engraving 76cm x 160cm 2010ACQUA XV infogravura 76cm x 160cm 2010
ACQUA XVI técnica mista sobre madeira 140cm x 140cm ACQUA XVI mixed media in plywood 140cm x 140cm 2009
ACQUA XVI mixed media in plywood 140cm x 140cm 2009 ACQUA XVII mixed media in plywood 140cm x 140cm 2009ACQUA XVII técnica mista sobre madeira 140cm x 140cm 2009
ACQUA XVIII técnica mista sobre tela 100cm x 210cm 2009 ACQUA XVIII mixed media in canvas 100cm x 210cm 2009
ACQUA IXX técnica mista sobre madeira 150cm x 137cm 2010 ACQUA IXX mixed media in plywood 150cm x 137cm 2010
ACQUA IXX mixed media in plywood 150cm x 137cm 2010 ACQUA XX mixed media in plywood 100cm x 160cm 2010ACQUA XX técnica mista sobre madeira 100cm x 160cm 2010
ACQUA XXI técnica mista sobre madeira 110cm x 140cm 2010 ACQUA XXI mixed media in plywood 110cm x 140cm 2010
ACQUA XXI mixed media in plywood 110cm x 140cm 2010 ACQUA XXII info-engraving 120cm x 160cm 2009ACQUA XXII infogravura 120cm x 160cm 2009
ACQUA XXIII mixed media in plywood 114cm x 142cm 2010ACQUA XXIII técnica mista sobre madeira 114cm x 142cm 2010
148
SÉRGIO HELLE
Graduado em Administração de Empresas, UNIFOR
CURSOSSERIGRAFIA -1981 - Seripan Fortaleza - Docente: Tarcísio Correia
ARTES GRÁFICAS E PUBLICIDADE - 1983 - IBEU Fortaleza -Docente: Jarbas Nunes
COMO ENTENDER ARTE MODERNA - 1984 - Secretaria da Cultura do Estado do Ceará -Docente:
Roberto Galvão
A ESCULTURA DA MODERNIDADE A PÓS-MODERNIDADE - 1986 - Pró-Reitoria de Extensão da
Universidade Federal do Ceará Duração: 40 horas/aula Docente: Domingos Tadeu Chiarelli (Professor
de Arte da USP - Universidade de São Paulo)
DESENHO DE OBSERVAÇÃO - 1988 - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq) e Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal do Ceará - Duração: 40 horas/aula Docente:
Carlos Alberto Fajardo (artista plástico-SP)
EXPRESSÃO PLÁSTICA BIDIMENSIONAL - 1988 - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico
e Tecnológico (CNPq) e Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal do Ceará 1988 Duração: 40
horas/aula Docente: Vivian Irene Gottheim - Doutora em Artes em New York University. Syracuse-New
York-USA e Pesquisadora pelo CNPq em Artes Plásticas
LINGUAGEM GRÁFICA - 1988 - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)
e Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal do Ceará. Duração: 40 horas/aula Docente: Jorge
Aristides Carvajal - Mestre em Artes Plásticas e Professor da Escola de Comunicação e Artes da Faculdade
de Arquitetura e Urbanismo da USP - Universidade de São Paulo
INICIAÇÃO A XILOGRAVURA - 1989 - Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará e Fundação
Cearense de Pesquisa 1989 Duração: 64 horas/aula Docente: Eduardo Eloy (artista plástico)
INICIAÇÃO A GRAVURA EM METAL - 1991 - Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará e Fundação
Cearense de Pesquisa - Duração: 64 horas/aula Docente: Eduardo Eloy (artista plástico) Curso prático
JOGOS VISUAIS - 1991 - Técnica de Pintura, desenho e colagem - 40h Museu de Arte da UFC. Docente
Prof. Luiz Áquila
WORKSHOP DE GRAVURA - 1991 - Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará Docente: Arthur
Luiz Piza (artista plástico)
OFICINA DE ILUMINAÇÃO DE ESPETÁCULOS - 1993 - Theatro José de Alencar - Duração: 15 horas/aula
Docentes: Maneco Quinderé/Jono Macarroni
CURSO BURTI DE PRODUÇÃO GRÁFICA - PRESENTE E FUTURO - 1995 - Duração: 12h/aula Docente:
Prof. Mário Carramillo Neto - Professor da ESPM - Escola Superior de Propaganda e Marqueting -
Relações Públicas e Assistente de Diretoria da Editora Gráficos BURTI
MACROMEDIA FIREWORKS 3 - 2000 - 16h Docente: Engo. Álvaro Venegas
MACROMEDIA DREAMWEAVER 3 - 2000 - Duração: 24h/aula Docente: Engo. Álvaro Venegas
MACROMEDIA FLASH BÁSICO E AVANÇADO - 2000 - Duração: 24h Docente: Engo. Álvaro Venegas
CRIAÇÃO DE CAMPANHAS PUBLICITÁRIAS - 2004 - 8h. Faculdade Integrada do Ceará
NOVAS TENDÊNCIAS EM CRIAÇÃO E MARKETING - 2004 - 8h. Faculdade Integrada do Ceará
149
PRINCIPAIS EXPOSIÇÕES COLETIVAS -FORTALEZA, BRASÍLIA, PORTO ALEGRE E HAVANA
XIII MOSTRA DOS NOVOS - Galeria Antônio Bandeira 1980
UNIFOR PLÁSTICA “ANO X” / V / VI / VII / VIII / X / XII - Espaço Cultural da Unifor 1983 / 1984
/ 1985 / 1986 / 1987 / 1989 / 1991 / 2005 / 2007
SALÃO DE ABRIL 34° / 41° / 44° / 45° / 52° - Galeria Antônio Bandeira 1984/2001 - Centro
Cultural do Abolição -1990 - Museu de Arte da UFC 1993 / 1994
II PRÊMIO PIRELLI “PINTURA JOVEM” - Othon Palace Hotel 1985
II/III ARTE SOBRE PAPEL - Galeria Tukano 1988 / 1990
II OUTDOOR ARTE - Cidade de Fortaleza 1988
TALENTO 91/92 - Espaço Cultural da Teleceará 1991 / 1992
C.I.P.E. - Galeria Del Centro Provencial de Artes Plásticas y Deseño - Havana CUBA 1991
ARTE PAPEL DESENHO - Domini Galeria 1992
OLHARES - Espaço SEBRAE Brasília-DF 1993
MUITO SIMPLES - IBEU Art-Gallery 1995
I/III SALÃO DO DESENHO E DA GRAVURA - IBEU Art-Gallery 1995 / 1997
4º SALÃO NORMAN ROCKWELL - IBEU Art-Gallery / IV Prêmio CDL de Artes Plásticas 1998
6º SALÃO NORMAN ROCKWELL - IBEU Art-Gallery 2000
2º SALÃO DE ARTES PLÁSTICAS DA BASE AÉREA DE FORTALEZA - Ideal Clube 2000
III BIENAL DO MERCOSUL - Santander Cultural Porto Alegre-RS 2001
III BIENAL DO MERCOSUL - Conjunto Cultural da Caixa Econômica Federal Brasília-DF 2002
EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS FORTALEZA
ABRAÇOS - Alliance Française 1988
IMAGENS TRADUZIDAS - Galeria Metrópolis 1990
PEQUENOS FORMATOS EM TÉCNICA MISTA - Sanatorium 1992
OLHO MÁGICO - Casa Av. Dom Luis 1996
ABRAÇO DE CINEMA - Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura 2001
SONHOS - Festival Vida e Arte - Centro de Convenções 2005
DOBRAS MOLES - Centro Cultural Oboé 2005
ACQUA - Galeria Mariana Furlani 2010
PRÊMIOSPRODUTO FINAL -Primeiro Prêmio - Trabalho reproduzido na capa do Cadastro Industrial,
editado pela Secretaria de Indústria e Comércio 1990
XII UNIFOR PLÁSTICA - Prêmio Pintura 1991
I SALÃO DO DESENHO E DA GRAVURA - IBEU Art-Gallery -Prêmio Aquisição 1995
4º SALÃO NORMAN ROCKWELL - Prêmio de Gravura 1998
2º SALÃO DE ARTES PLÁSTICAS DA BASE AÉREA DE FORTALEZA - Ideal Clube - Segundo
Prêmio 2000
52° SALÃO DE ABRIL - Prêmio Gravura 2001
O objetivo deste livro não é “explicar” minha pintura.
Já dizia Frank Zappa: “Escrever sobre música é como
dançar sobre arquitetura”. Escrever sobre pintura não
seria muito diferente. Trabalhos que precisam de um
argumento para serem justificados me incomodam.
Este livro representa o esforço de compartilhar minhas
experiências. Pretendo, por meio da narração da minha
história e do desenvolvimento do meu trabalho, que as
pessoas se sintam mais próximas dele, que vejam cada
quadro como parte de um todo, que vai se definindo
a cada dia, a cada descoberta do olhar.
patrocínio
www.sergiohelle.com.br