acqua sérgio helle

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O objetivo deste livro não é “explicar” minha pintura. Já dizia Frank Zappa: “Escrever sobre música é como dançar sobre arquitetura”. Escrever sobre pintura não seria muito diferente. Trabalhos que precisam de um argumento para serem justificados me incomodam. Este livro representa o esforço de compartilhar minhas experiências. Pretendo, por meio da narração da minha história e do desenvolvimento do meu trabalho, que as pessoas se sintam mais próximas dele, que vejam cada quadro como parte de um todo, que vai se definindo a cada dia, a cada descoberta do olhar. Sérgio Helle

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Page 1: Acqua  Sérgio Helle
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Page 4: Acqua  Sérgio Helle

A todos que tornaram essa jornada possível. O meu mais sincero agradecimento.

Para Nívea Jorge, modelo de tantos trabalhos que com sua expressividade e talento de bailarina muito me ajudou a criar.

Dedico o meu trabalho à minha família. Às empresas que patrocinaram esse projeto. Aos meus queridos amigos que tanto se esforçaram para tornar concreto este registro.Lenita Bezerra, Leonor Lima Costa, Ubirajara Bazani, Rosalvo Ponte, Kleber Júnior, Alexandre Silva, Marcela Brasileiro, Michelle Magalhães, Valdih, Lia Parente, Ivana Bezerra de Menezes, Lourdes Damasceno, Nerissa Bangoim, Dora Freitas, Jarbas Oliveira, Honorato Feitosa, Ana Cançado, Izabel Gurgel, Dagmar Palácio, Vilma Mendonça, Clarissa, Dr. Vilter Magalhães.

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FORTALEZA2010

1a. Edição

Page 6: Acqua  Sérgio Helle

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Joaquim Bezerra de Farias lived in Crateús. In April of 1919, while traveling in the city

of Crato, he saw seated at the street a woman who called his attention. It was Josefa.

After coming back to Crateús, he wrote her a letter with a marriage proposal. Months

later, they were married. They had eight children, my father was the youngest.

Page 7: Acqua  Sérgio Helle

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Joaquim Bezerra de Farias morava em Crateús. Em abril de 1919, a passeio na cidade do Crato, viu sentada numa calçada uma moça que chamou sua atenção. Era Josefa. Ao voltar para Crateús, escreveu-lhe uma carta com um pedido de casamento. Meses depois, estavam casados. Tiveram oito filhos, meu pai era o mais novo.

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AUTO-RETRATO / IDENTIDADE técnica mista sobre madeira 90cm x 180cm 2004 SELF-PORTRAIT / IDENTITY mixed media in plywood 90cm x 180cm 2004

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O objetivo deste livro não é “explicar” minha pintura. Já dizia Frank

Zappa: “Escrever sobre música é como dançar sobre arquitetura”.

Escrever sobre pintura não seria muito diferente. Trabalhos

que precisam de um argumento para serem justificados me

incomodam. Falaremos disso mais tarde. Este livro representa

o esforço de compartilhar minhas experiências. Pretendo, por

meio da narração da minha história e do desenvolvimento do

meu trabalho, que as pessoas se sintam mais próximas dele,

que vejam cada quadro como parte de um todo, que vai se

definindo a cada dia, a cada descoberta do olhar.

The purpose of this book is not to “explain” my painting. Frank Zappa said

that: “Writing about music is like dancing over architecture”. Writing about

painting wouldn’t be that different. Works that need an argument to be

justified bothers me. We will talk about that later. This book represents the

effort to share my experiences. I hope, through the narration of my history

and the development of my work, that people will feel closer to it, that

they will see every painting as a part of a whole, which defines itself every

day, at each discovery of the eye.

Page 12: Acqua  Sérgio Helle

A DANÇARINA óleo sobre tela 120cm x 120cm 1989 THE DANCER oil in canvas 120cm x 120cm 1989

Page 13: Acqua  Sérgio Helle

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DESCOBERTA

Minha lembrança mais remota é a de quando tinha cerca de

cinco anos, ao fazer meu primeiro desenho. Lembro-me da

sensação de que podia criar o que quisesse, um misto de poder

e de independência. Tinha desenhado um Batman, copiado

de uma revista em quadrinhos. É impressionante como essa

lembrança até hoje é muito clara.

Não conhecia nenhum artista, de longe nem de perto, mas era

o que eu queria ser. Anos depois, lembro-me de uns desenhos

de peixe de Aldemir Martins, reproduções que ficavam na casa

da minha tia Leonor. Lá também havia uma tela de Chico da

Silva enrolada numa gaveta – até hoje não sei se era original ou

uma cópia. Eu desenhava tudo o que via. Lembro-me também

dos quadros da Sinhá d’Amora no Museu Vicente Leite, no

Crato. Achava-os lindos, ainda hoje acho. Esses foram os meus

primeiros contatos com a arte.

FORMAÇÃO

Aos dez anos, vim morar em Fortaleza. Morávamos no Crato,

num sítio a cerca de seis quilômetros da cidade. Para o meu pai,

os filhos deviam ser educados na capital. Eu trazia uma lista de

material de pintura, feita por minha tia, e um endereço da loja

Epitácio. Lembro-me da ansiedade de pintar pela primeira vez

numa tela com óleo. Não gostei nem um pouco do resultado.

Pouco depois, minha mãe me matriculou num curso de um

religioso que pintava imagens sacras para a Igreja Coração

de Jesus. Logo após, fui estudar com Jane Sandes, minha

professora por vários anos. Foi um ótimo começo. Em 1980, aos

dezesseis anos, participei da minha primeira exposição, o Salão

dos Novos. Já tinha certeza de que a pintura sempre faria parte

da minha vida.

Se não havia muito incentivo da família para eu me tornar

artista plástico, tampouco havia objeções. Como todos os pais,

os meus queriam que eu tivesse uma carreira sólida, esperavam

que a pintura não passasse de um hobby. Minha família achava

DISCOVERY

My most remote memory is the one of when I was about 5 years old,

when I made my first drawing. I remember the feeling that I could create

anything that I wanted, a mixture of power and independency. I had

drawn a Batman, copied from a comic book. It’s impressive how that

memory is still very clear to me today.

I didn’t know any artist, but it was what I wanted to be. Years later, I

remember some fish drawings from Aldemir Martins, reproductions that

stayed in the house of my aunt Leonor. There was as well a Chico da Silva

canvas wrapped in a drawer – Until now I don’ t know if it was an original

or a copy. I drew everything I saw. I remember too the paintings of Sinhá

d’Amora in the Museum of Vicente Leite, in Crato. I thought they were

beautiful, I still think so. Those were my first contacts with art.

FORMATION

When I was ten, I came to live in Fortaleza. We lived in Crato, in a ranch

about six kilometers from the city. For my father, his children should be

educated at the capital. I took a list of painting material, made by my

aunt, and an address of Epitácio store. I remember the anxiety of painting

for the first time in a canvas with oil. I didn’t like the result at all. Soon

afterward, my mother enrolled me in a course of a religious man, who

painted sacred images for the church of Coração de Jesus (Heart of

Jesus). Later, I went to study with Jane Sandes, my teacher for several

years. It was a great start. In 1980, when I was 16 years, I participated in

my first exposition, the Salão dos Novos (Parlor of the New). I was already

certain that painting would always be a part in my life.

If there wasn’t much incentive by my family for me to become a plastic

artist, neither there were objections. Like all parents, mine wanted me

to have a solid career; they hoped that painting wasn’t anything more

than just a hobby. My family thought that I would be an architect, a

profession that fit my taste for drawing. The idea of plastic arts as a

profession wasn’t cogitated.

Page 14: Acqua  Sérgio Helle

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que eu seria arquiteto, profissão que se encaixava com o meu

gosto pelo desenho. Não se cogitava a possibilidade das artes

plásticas como profissão.

Para suprir a falta de uma universidade de artes plásticas e uma

inesgotável sede de conhecimento, eu fazia todos os cursos

disponíveis que tivessem alguma relação com artes visuais, o

que incluía serigrafia, desenho publicitário, pintura, história da

arte, xilogravura, gravura em metal, oficinas de papel artesanal

e até mesmo cenografia e iluminação de espetáculos teatrais.

Houve uma época riquíssima de cursos semanais no Museu

da Universidade Federal. Eu os adorava, fazia todos. No MAUC,

fiz curso de modelo vivo com Anchises, estudei com Vivian

Gotheim, Bené Fonteles, Jorge Carvajal, Eduardo Eloy, Roberto

Galvão, Luiz Áquila e Luiz Piza. Minha formação artística veio

assim, aos pedaços. Cheguei a fazer vestibular para Arquitetura,

mas terminei me formando em Administração de Empresas

pela Unifor, mais para agradar os meus pais.

PUBLICIDADE

Aos dezoito anos, fui trabalhar como arte-finalista numa agência

de publicidade, a SG, época em que a informática ainda não

tinha revolucionado essa área. Tudo era feito à mão, pintado a

pincel, recortando e colando cada letra. Essa experiência durou

um ano, quando larguei o emprego pensando em viver só de

pintura. Depois, aos trinta anos, voltei para a publicidade, já na

era da informática. Trabalhei por cinco anos na house de uma

construtora e ainda hoje, como free-lancer, faço trabalhos

para várias empresas. Gosto de fazer publicidade, exercitar a

criatividade, principalmente com programação visual. A criação

de algumas peças publicitárias me dá tanto prazer quanto

pintar um quadro. Mas na pintura tenho muito mais liberdade,

faço o que quero, o resultado que apresento é exatamente

o que pensei, sou eu. Na publicidade, o resultado final sofre

muitas interferências do cliente.

To make up for the lack of a university of plastic arts and an endless thirst

for knowledge, I did all the courses available that had any relation with

visual arts, which included --serigraphy, publicitary drawing, painting,

art’s history, xylography, metal gravure, handmade paper workshops

and even --stenography and illumination of theater shows. There was

a period rich of weekly courses in the Museu da Universidade Federal

(Museum of the Federal University). I loved them, I did all. In Mauc, I did

a live model course with Anchises, I studied with Viviam Gotheim, Bené

Fonteles, Jorge Carvajal, Eduardo Eloy, Roberto Galvão, Luiz Áquila and

Luiz Piza. My artistic formation came that way, by pieces. I took the

university entrance exam for Architecture, but I ended up graduating in

Business Administration by Unifor, more to please my parents.

PUBLICITY

When I was 18, I went to work as a finalist art in a publicity agency, the SG,

period in which the informatics still hadn’t revolutionized that area. All

was done by hand, painted by paintbrush, cutting and pasting every letter.

This experience lasted for a year, when I quit my job thinking of living by

just by painting. Later, when I was thirty, I went back to publicity, now in

the era of informatics. I worked for five years in the house of a constructor

and even now, I do work as a freelancer for many companies. I like to do

publicity, to work the creativity, primarily with visual programming. The

creation of some publicity pieces gives me as much pleasure as painting

a canvas. But in painting I have much more freedom, I do what I want,

the result that I show is exactly what I thought, it’s me. In publicity, the

final result suffers much interference by the client, there are sometimes

radical changes.

Page 15: Acqua  Sérgio Helle

PRELÚDIO óleo sobre tela 150cm x 120cm 1989 PRELUDE oil in canvas 150cm x 120cm 1989

Page 16: Acqua  Sérgio Helle

ABRAÇO óleo sobre tela 50cm x 60cm 1985 EMBRACE oil in canvas 50cm x 60cm 1985

Page 17: Acqua  Sérgio Helle

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ABRAÇOS

A primeira individual veio em 1988. Chamava-se Abraços. Nessa

época, passei a assinar Sérgio Helle, por sugestão do jornalista

e cineasta Augusto César. Até a primeira individual, assinava

Sérgio L., pois já existia outro artista plástico em Fortaleza

com o nome de Sérgio Lima. Abraços começou a ser gerada

três anos antes. Como toda exposição, partiu de uma paixão,

de uma fixação por um tema. Todas as exposições surgiram

assim. Primeiro, uma paixão por um trabalho específico; depois,

percebe-se que esse trabalho se desenvolve de uma forma, e

precisa de outros trabalhos para completá-lo. Surge uma série,

uma vontade de fazer, de mostrar uma paixão. Como com

todas as paixões, perde-se o sono, achamos que é a coisa mais

importante do mundo. E como todas as paixões, umas dão

frutos; outras morrem no início. Assim nascem as exposições.

Via o filme Dead Zone, baseado num livro de Stephen King.

Nada muito profundo, mas surgiu uma imagem que me

encantou: um abraço. De imediato, congelei a imagem e

desenhei o que via na TV. Foi o primeiro abraço de uma

série que revisitei treze anos depois na exposição Abraço de

Cinema, no Centro Dragão do Mar.

Fazer uma exposição individual é trabalho exaustivo,

principalmente a primeira. Por falta de opção, eu tinha que

cuidar de tudo: catálogo, fotos, textos, divulgação e montagem.

Acabara de participar de uma mostra patrocinada pela

Prefeitura em que artistas pintavam outdoors espalhados pela

cidade. Tive a ideia de usar essa mídia como divulgação da

exposição. Pintei dois outdoors à mão, pedaço por pedaço, no

chão da minha sala. Fui criticado pela empresa de outdoors que,

de início, ofereceu os espaços de exibição como patrocínio. Mas

depois, ao vê-los prontos, cobrou para exibi-los. Diziam que era

um anúncio. Claro, era o anúncio do meu trabalho! Depois de

tanto esforço, queria que as pessoas fossem vê-lo e, para tanto,

elas precisavam saber da sua existência. Eu nunca tinha visto

EMBRACES

The first individual came in 1988. It was called Abraços. At that time,

I started to sign Sérgio Helle, by suggestion of the journalist and

moviemaker Augusto César. Until the first individual, I signed Sérgio

L., because there was another plastic artist in Fortaleza with the name

Sérgio Lima. Abraços began to be generated three years before. Like every

exposition, it was from a passion, a fixation by a theme. All expositions

came to be like that. First, a passion for a specific work; later, you realize

that that work develops in a way, and needs other work to complete it.

A series arises, a will to do, to show a passion. Like all passions, you lose

your sleep; we think it’s the most important thing in the world. And like

all passions, some give fruit; others die in the beginning. Like that, the

expositions are born.

I was watching the movie Dead Zone, based on Stephen King’s book.

Nothing too deep, but there was an image that charmed me: a hug.

Immediately, I froze the image and drew what I saw on the TV. It was the

first hug of a series that I revisited thirteen years later in the exposition

Abraço de Cinema (The Cinema Embrace), in Center Dragão do Mar

To make an individual exposition is an exhaustive work, principally the

first. By lack of option, I had to take care of everything: catalog, photos,

texts, divulgation and montage. I had just participated in a show by the

Prefecture in which artists painted outdoors scattered throughout the

town. I had the idea to use that media as a divulgation for the exposition.

I painted two outdoors by hand, piece by piece, on the floor of my room. I

was criticized by the outdoor company that, at first, offered the exhibition

space as a sponsorship. But then, when they saw them ready, they

charged to exhibit them. They said it was an advertisement. Of course, it

was the ad of my work! After all effort, I wanted that people went to see

it, and for that, they needed to know of its existence. I had never seen the

divulgation of an exposition that used that media, but I thought it was

a great idea. The outdoor company thought that I was treating art in a

commercial way. What a silly idea that some people have to sanctify art.

Like if this wasn’t an ordinary craft; and its result, a product. That’s the way

I see it, that’s the way it is. I don’t underestimate its importance, but people

have the habit of overestimate some works and look down on others. We

are all in the same boat, building a history, each one their own way.

Page 18: Acqua  Sérgio Helle

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a divulgação de uma exposição que usasse essa mídia, mas

achava uma ótima ideia. A empresa de outdoor considerou que

eu estava tratando a arte de forma comercial. Que bobagem

essa coisa que algumas pessoas têm de sacralizar a arte. Como

se este não fosse um ofício comum; e seu resultado, um produto.

Assim a vejo, assim ela é. Não desvalorizo sua importância, mas

as pessoas têm o hábito de supervalorizar alguns trabalhos e

desprezar outros. Estamos todos no mesmo barco, construindo

uma história, cada um do seu jeito.

Nessa primeira individual ainda trabalhava com óleo. Pintava

em telas em que colava telas de tapeçaria sobre elas para obter

uma textura mais forte. Pintei com óleo por muitos anos, mas

o cheiro de solventes e minhas alergias não combinavam. Vi-

me forçado a trabalhar com o acrílico, e logo acrescentei outras

técnicas ao trabalho; colava papéis artesanais, usava pigmentos,

cola, lápis, pastéis, fotocópias, tudo o que pudesse chegar ao

resultado que eu desejava.

TÉCNICA

Mesmo quando trabalho em tela, sempre uso uma superfície

dura por baixo ao pintar porque gosto de usar lápis de cor.

Desde que, há muitos anos, conheci o trabalho de Floriano

Teixeira, incluí os lápis coloridos na mistura de materiais que uso

para executar um trabalho. Já usava pastel oleoso, tinta acrílica

e pigmentos, além de papel artesanal feito por mim, colado

em tela ou madeira. A técnica foi sendo construída aos poucos,

incorporando as experiências que davam certo e descartando

as mal sucedidas.

In that first individual one I still worked with oil. I painted on a canvas that

I glued tapestry canvas over them to obtain a stronger texture. I painted

by oil for many years, but the smell of solvent and my allergies didn’t

match. Soon I saw myself forced to work with acrylic, and soon I added

other techniques to the work; I glued handmade paper, I used pigments,

glue, pencil, pastel, and photocopies, everything that could reach the

result that I longed for.

TECHNIQUE

Even when I work on a canvas, I always use a hard surface below while

painting, because I like to use colored pencils. Since, many years ago,

when I met the work of Floriano Teixeira, I included colored pencils in the

mixture of materials that I use to execute a job. I already used oily pastel,

acrylic paint and pigments, besides handmade paper made by me, glued

in a canvas or wood. The technique was build little by little, incorporating

the experiences that worked and discarding the unsuccessful ones.

Page 19: Acqua  Sérgio Helle

ABRAÇO óleo sobre tela 100cm x 120cm 1987 EMBRACE oil in canvas 100cm x 120cm 1987

Page 20: Acqua  Sérgio Helle

ABRAÇO I serigrafia 47cm x 62cm 1988 EMBRACE I silkscreen 47cm x 62cm 1988

ABRAÇO III serigrafia 47cm x 62cm 1988 EMBRACE III silkscreen 47cm x 62cm 1988

Page 21: Acqua  Sérgio Helle

ABRAÇO II serigrafia 47cm x 62cm 1988 EMBRACE II silkscreen 47cm x 62cm 1988

O BEIJO serigrafia 47cm x 62cm 1988 THE KISS silkscreen 47cm x 62cm 1988

Page 22: Acqua  Sérgio Helle

PAIXÃO óleo sobre tela 65cm x 80cm 1989 PASSION oil in canvas 65cm x 80cm 1989

Page 23: Acqua  Sérgio Helle

A DANÇARINA II óleo sobre tela 100cm x 120cm 1989 THE DANCER II oil in canvas 100cm x 120cm 1989

Page 24: Acqua  Sérgio Helle

AFAGO técnica mista sobre tela 74cm x 95cm 1992 CARESSE mixed media in canvas 74cm x 95cm 1992

Page 25: Acqua  Sérgio Helle

SOLIDÃO técnica mista sobre tela 100cm x 110cm 1993 SOLITUDE mixed media in canvas 100cm x 100cm 1993

Page 26: Acqua  Sérgio Helle

PENUMBRA técnica mista sobre tela 87cm x 163cm 1992 HALF-LIGHT mixed media in canvas 87cm x 163cm 1992

Page 27: Acqua  Sérgio Helle

REGRESSO óleo sobre tela 120cm x 120cm 1989 RETURN oil in canvas 120cm x 120cm 1989

Page 28: Acqua  Sérgio Helle

SÉRIE DANÇA I técnica mista sobre tela 69cm x 80cm 1994 DANCERS SERIES I mixed media in canvas 69cm x 80cm 1994

Page 29: Acqua  Sérgio Helle

SÉRIE DANÇA II técnica mista sobre tela 69cm x 80cm 1994 DANCERS SERIES II mixed media in canvas 69cm x 80cm 1994

Page 30: Acqua  Sérgio Helle

SÉRIE DANÇA III técnica mista sobre tela 69cm x 80cm 1994 DANCERS SERIES III mixed media in canvas 69cm x 80cm 1994

Page 31: Acqua  Sérgio Helle

SÉRIE DANÇA IV técnica mista sobre tela 69cm x 69cm 1994 DANCERS SERIES IV mixed media in canvas 69cm x 69cm 1994

Page 32: Acqua  Sérgio Helle

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IMAGENS TRADUZIDAS

Em 1990, fiz a segunda individual, Imagens Traduzidas.

Utilizava fotocópias de imagens (geralmente captadas de TV)

e fazia montagens utilizando papel artesanal que eu fabricava

na época. Foi uma exposição experimental, muito importante

para os trabalhos que viriam depois, em que montava

imagens, colando pequenos pedaços, pintadas com técnica

mista. Tinha acabado de fazer uma oficina no Mauc com

Bené Fonteles em que ele trabalhava com fotocópias. Meu

único contato com o computador, nesse período, era quando

pedia para o Costa, da Gráfica Expressão, escanear imagens e

reticulá-las para melhorar o resultado das ampliações, o que

ele sempre fez com muita boa vontade. Na época, escrevi o

seguinte texto sobre a exposição:

Imagens Traduzidas representa a continuidade de um trabalho

desenvolvido há alguns anos. Na individual Abraços já se

percebia o desejo de identificar e destacar emoções das imagens

frias dos aparelhos eletrônicos. A imagem da tela de TV era

transferida, com alguma interferência, para a tela de algodão

e tapeçaria, libertando seu significado do contexto do qual ela

fazia parte. Com Imagens Traduzidas, essa ideia é desenvolvida

de forma mais radical, a imagem é filtrada e, por muitas vezes,

insistentemente repetida, como repetidas são as formas de uma

grande metrópole. Neste trabalho, o processo do fazer artístico

envolve vídeo, fotografia, xerox, pintura e papel artesanal,

utilizando diferentes processos artísticos e tecnológicos que

modificaram a produção cultural humana, arranjando-os para

melhor comunicar meu modo de ver o mundo.

Havia uma limitação de tamanho para reproduções em

fotocopiadoras. Passei a usar imagens coladas em madeira,

ampliando-as em partes e colando os pedaços como num

outdoor. Depois essas imagens eram pintadas

TRANSLATED IMAGES

In 1990, I did the second individual, Imagens Traduzidas. I used

photocopies of images (generally captured from TV) and did montages

utilizing handmade paper that I used to make at that time. It was an

experimental exposition; very important for the works that would come

later, those in which I mounted images, gluing small pieces, painted

with a mixed technique. I had just finished doing a workshop in Mauc

with Bené Fonteles, where he worked with photocopies. My only contact

with a computer, at that time, was when I asked Costa, from Gráfica

Expressão, to scan images and reticulate them to improve the result of the

amplifications, which he always did very willingly. At that time, I wrote

the following text about the exposition:

Translated Images represents the continuation of a work developed

some years ago. In the individual Abraços I already realized the

desire to indentify and highlight emotions out of the cold images of

the electronic gadgets. The image of the TV screen was transferred,

with some interference, to the cotton canvas and tapestry, freeing

its meaning from the context that it belonged to. With Imagens

Traduzidas, this idea is developed in a more radical way, the image is

filtered and, by many times, insistently repeated, like repeated are the

forms of a big metropolis. In this work, the process of the artistic work

involves video, photograph, Xerox, painting and handmade paper,

utilizing different artistic processes and technology that modified the

human cultural production, arranging them to best communicate

the way I see the world.

There was a limitation of size to reproductions in photocopy machines. I

started to use images glued in wood, amplifying them by parts and gluing

the pieces like in an outdoor. Afterwards those images were painted.

Page 33: Acqua  Sérgio Helle

MÁSCARAS II técnica mista sobre papel 64cm x 82cm 1990 MASKS II mixed media in paper 64cm x 82cm 1990

Page 34: Acqua  Sérgio Helle

BEIJOS técnica mista sobre papel 48cm x 96cm 1990 KISSES mixed media in paper 48cm x 96cm 1990

Page 35: Acqua  Sérgio Helle

AMANTES II técnica mista sobre madeira 51cm x 114cm (díptico) 1990 LOVERS II mixed media in plywood 51cm x 114cm (diptych) 1990

Page 36: Acqua  Sérgio Helle

SEGREDOS técnica mista sobre tela 75cm x 125cm 1990 SECRETS mixed media in canvas 75cm x 125cm 1990

Page 37: Acqua  Sérgio Helle

ENCONTRO técnica mista sobre madeira 130cm x 120cm 1991 MEETING mixed media in plywood 130cm x 120cm 1991

Page 38: Acqua  Sérgio Helle
Page 39: Acqua  Sérgio Helle

AGONIA II técnica mista sobre madeira 60cm x 200cm (díptico) 1992 AGONY II mixed media in plywood 60cm x 200cm (diptych) 1992

Page 40: Acqua  Sérgio Helle

DANÇA técnica mista sobre madeira 144cm x 96cm (díptico) 1990 DANCE mixed media in plywood 144cm x 96cm (diptych) 1990

Page 41: Acqua  Sérgio Helle

NUDEZ técnica mista sobre madeira 155cm x 110cm (díptico) 1990 NUDITY mixed media in plywood 155cm x 110cm (diptych) 1990

Page 42: Acqua  Sérgio Helle

O BEIJO serigrafia 96cm x 39cm 1998 THE KISS silkscreen 96cm x 39cm 1998

Page 43: Acqua  Sérgio Helle

SOLIDÃO serigrafia 96cm x 39cm 1998 SOLITUDE silkscreen 96cm x 39cm 1998

Page 44: Acqua  Sérgio Helle

ABRAÇO serigrafia 48cm x 66cm 1998 EMBRACE silkscreen 48cm x 66cm 1998

Page 45: Acqua  Sérgio Helle

MEDITAÇÃO serigrafia 30cm x 42cm 1991 MADITATION silkscreen 96cm x 39cm 1991

Page 46: Acqua  Sérgio Helle

46

LÁ FORA

Ao fazer trinta anos decidi estudar em Paris. Quando lá cheguei,

já tinha uma boa noção da língua. Foi um período muito rico,

inesquecível. Conheci de perto as obras de grandes artistas nos

museus de Paris e Amsterdã.

Em Paris, assim como em Nova York, sempre fiquei impressio-

nado com a quantidade de crianças e adolescentes que eram

levados aos museus pelas escolas ou pelos pais. Não há melhor

forma de educação visual do que frequentar museus. Eles são

muito mais do que guardiões dos registros culturais. Museu é

lugar de aprender. Tenho uma profunda admiração por esse

trabalho de educação visual que se faz no exterior. Ainda hoje

tenho o hábito de ficar escutando essas aulas quando vou a

museus. E cada vez mais os reverencio. Por essa razão, museus

têm público e empresários mais sensíveis em relação à arte.

Quem já procurou patrocínio no Brasil, sabe bem do que estou

falando. Nem no auge da crise americana, o Lincoln Center, o

maior centro de artes de Nova York, mantido por doações de

empresários, teve problemas financeiros.

Na época, estudava na Aliança Francesa e tentava conseguir uma

bolsa para uma universidade de Artes Plásticas. Descobri que a

Universidade de Saint Denis era mais receptiva aos estrangeiros.

Consegui mostrar meu trabalho para o coordenador de artes

plásticas. Ele me explicou que meu diploma em Administração

era aceito pela universidade, mas queria que eu fizesse algumas

disciplinas que ele considerava essenciais, pois eu não era

formado em artes plásticas. Ele tinha gostado do meu trabalho

e iria me ajudar a conseguir a bolsa. eu voltaria ao Brasil, lhe

enviaria uma lista de documentos e regressaria alguns meses

depois com o visto de estudante.

Nesse período, já tinha tido meus primeiros contatos com

o computador. Uma amiga, Aléxia Brasil, trabalhava com

computação gráfica. Eu ficava fascinado com as infinitas

possibilidades dessa máquina. Quanto mais eu a conhecia,

mais me envolvia com ela. A primeira ideia era trabalhar com

ABROAD

When I turned thirty, I decided to work in Paris. When I arrived there,

I had a good notion of the language. It was a very rich period,

unforgettable. I met by firsthand the work of great artists in the

museums of Paris and Amsterdam.

In Paris, the same way as New York, I was always impressed with the

amount of children and teenagers that were brought to the museums by

schools or by their parents. There is no better way of visual education than

going to museums. They are much more than guardians of the cultural

registers. A Museum is a place to learn. I have a profound admiration for

such work of visual education that is done abroad. I still have the habit

of listening to those classes when I go to museums. And I worship them

more and more. For that reason, museums have a public and companies

more sensitive when it comes to art. Whoever searched for sponsorship

in Brazil, knows very well what I’m talking. Not even in the heyday of the

American crisis, the Lincoln Center, the largest center of Arts of New York,

maintained by businessman’s donations, had financial problems.

At that time, I studied in Aliança Francesa (French Alliance) and I was

trying to get a scholarship for a Plastic Arts university. I found out that the

University of Saint Denis was the most receptive to foreigners. I succeed

in showing my work to the coordinator of plastic arts. He explained to

me that my diploma in Business was accepted by the university, but he

wanted me to do some disciplines that he considered were essential,

because I wasn’t graduated in plastic arts. He liked my work and he would

help me get the scholarship. I would come back to Brazil, send the list of

documents and I would regress some months later with a student’s visa.

At that time, I already had my first contacts with the computer. A friend,

Aléxia Brasil, worked with computer graphics. I was fascinated with the

infinite possibilities of that machine. The more I knew, the more I was

involved with it. The first idea was to work with publicity and design,

something I liked to do and that would bring me financial income. But the

computer brought me much more. Soon, it would transform my artistic

Page 47: Acqua  Sérgio Helle

47

publicidade e design, algo de que gostasse de fazer e que me

trouxesse retorno financeiro. Mas o computador me trouxe

muito mais. Logo ele iria transformar o meu trabalho artístico,

que já tinha forte interferência da tecnologia. Na época, eu

costumava tirar fotos da TV, fazer ampliações em fotocópias,

inverter as imagens usando transparências. Tudo era feito de

forma artesanal, demorada, complicada. O computador veio

facilitar o que eu fazia, ampliar essas possibilidades.

Terminei desistindo de voltar a Paris para começar aqui um

trabalho com artes gráficas. Foi uma boa escolha. O computador

mudou radicalmente a publicidade e me mostrou novos

caminhos nas artes plásticas. Hoje, raramente faço um trabalho

que não tenha o computador como uma de suas ferramentas

de execução, nem que seja só para simular composição e cores

antes de pintar.

INFOGRAVURAS

Em 1995, já com algum domínio do uso do computador, veio-

me a ideia de usá-lo para fazer gravura. Mas a impressão, o peso

dos arquivos de imagens e mesmo os softwares tinham muitas

limitações. Junto com Aléxia Brasil e Carlos Otávio apresentei

essas experiências em uma exposição que intitulamos de Muito

Simples. Na Ibeu Art Galery, apresentamos uma pintura, um objeto

e várias gravuras. Basicamente, gravuras impressas em impressoras

comuns, tamanho A4, e a primeira experiência com plotagem em

papel em grande formato. Sobre a exposição escrevi:

Sempre fui fascinado pelo conceito de modernidade, de rapidez,

imagens que se sucedem numa tela de TV. O meu trabalho consiste

em captar imagens e informações que já existem, interferindo,

manipulando e gerando novas imagens e informações, para

mostrar algo mais, outro ângulo de visão. Vivo em um tempo em

que me é permitido a utilização de fontes e materiais diversos, do

papel artesanal ao computador, que é só mais uma ferramenta.

work, which already had strong technology interference. At that period,

I used to take photos from the TV, make amplifications in photocopies,

and invert the images using transparencies. Everything was handmade,

slowly, complicated. The computer came to make easier the things I did,

to widen those possibilities.

I ended up giving up on coming back to Paris to start here a work with

graphical arts. It was a good choice. The computer has changed the

publicity radically and has showed me new ways of doing art. Today, I

rarely do some work that doesn’t have the computer as one of its execution

tools, even if it’s only to simulate compositions and colors before painting.

INFO-ENGRAVINGS

In 1995, now with some grasp of how to use a computer, it came to me the

idea to use it to do engravings. But the impression, the size of the image

files and even the software had some limitations. Together with Aléxia

Brasil and Carlos Otávio I presented those experiences in an exposition

that we entitled of Muito Simples (Very Simple). In Ibeu Art Gallery, we

presented a painting, an object and many engravings. Basically, printed

engravings in common printers, A4 size, and the first experience with

plotter in paper in a large format. About the exposition I wrote:

I was always fascinated by the concept of modernity, celerity, images

that succeed each other on a TV screen. My work consists in capturing

images and information that already exist, interfering, manipulating

and generating new images and information, to show something

else, a new angle of vision. I live in a time that it is allowed to me

the utilization of fonts and many materials, from handmade paper

to the computer, which is just another tool. I’m fascinated about its

possibilities like the caveman must have been when he succeeded in

putting colors in his drawings. It is the technology applied to artistic

Page 48: Acqua  Sérgio Helle

48

Sou fascinado por suas possibilidades assim como o homem

das cavernas deve ter ficado quando conseguiu colocar cores

em seus desenhos. É a tecnologia aplicada à produção artística,

uma nova forma de percepção da realidade, de poéticas visuais,

o objetivo da arte como um todo. A minha obra é o registro da

minha passagem pelo mundo, assimilando-o e recriando-o

segundo minha visão de formas e cores. É mágico, como mágica

deve ser a vida.

Tenho ótimas recordações dessa época e de como esse

trabalho me motivava. Tínhamos dificuldade de expor esse

tipo de gravura, mas era o que nos interessava. As galerias

tinham receio de expor trabalhos tão experimentais, acho até

que com certa razão. Naquela época, a impressão se limitava

a tamanhos pequenos, salvo alguns ploters que não tinham

boa qualidade de impressão. E as tintas utilizadas, com a

ação do tempo e da luz, iam modificando suas cores. Hoje,

possibilidades diferentes de suporte e tintas à base de solvente

e proteção UV tornaram as gravuras feitas em computador

tão ou mais resistentes ao tempo quanto as técnicas mais

tradicionais. Minha relação com esse tipo de gravura foi se

desenvolvendo com as novidades do setor, a cada nova

possibilidade de impressão sobre materiais diferentes eu fazia

experiências e adaptava essa tecnologia ao meu trabalho. Mas

o que seria uma “gravura feita em computador”? No catálogo

da Exposição Abraço de Cinema, escrevi um texto em que

tentava expor minhas ideias sobre o assunto:

O QUE É INFOGRAVURA

A informática tem revolucionado todas as áreas de trabalho e,

embora seja ainda tudo muito novo, são muitos os artistas que

hoje em dia usam o computador como instrumento de criação.

Um dos resultados dessas novas experiências é a infogravura,

técnica que utiliza conceitos da gravura tradicional, como xilo,

metal e lito. A matriz da infogravura é um arquivo digital. Em

vez do buril, ponta seca e goivas gravando a madeira ou metal,

o artista utiliza mesa digitalizadora, mouse e softwares de

editoração de imagens. A impressão se dá por meio de ploters

ou impressoras com o uso de diversos materiais. A gravura

é considerada original, quando assinada e numerada pelo

production, a new way of perception of the reality, of visual poetry,

the purpose of art as a whole. My work is the register of my passage

through the world, assimilating and recreating it according to my

vision of forms and colors. It’s magical, like life should be magical.

I have great memories of that time and how that work motivated

me. We had difficulties in displaying that kind of engraving, but it was

what interested us. The galleries were a little dismayed to show such

experimental works, I think even with some reason. At that time, the

impression was limited to small sizes, save some plotters that didn’t have

a good quality of impression. And the paints used, with the action of

time and light, were modifying colors. Nowadays, different possibilities of

support, and paints made by solvent base and with UV protection made

engravings created on the computer as like or more resistant to time as

the more traditional techniques. My relation with this type of engraving

began to develop with the news of the sector, at each new possibility of

impression on different materials; I made new experiences and adapted

that technology to my work. But what would be an “engraving made on

a computer?” In the catalog of the exposition Abraço de Cinema, I wrote

a text in which I tried to expose my ideas about the subject.

WHAT IS INFO-ENGRAVING?

The informatics has revolutionized all the areas of work, although

it is all still too new, there are many artists that nowadays use the

computer as an instrument of creation. One of the results of those

new experiences is the info-engraving, a technique that utilizes

concepts of the traditional engraving, like wood, metal and stone.

The matrix of info engraving is a digital file. Instead of the burin,

chisel and gouge engraving the wood or metal, the artist uses a

digital table, mouse and image edition software. The impression is

given by means of plotters or printers with the use of many materials.

The engraving is considered original, when signed and numbered

by the artist. The computer, in this case, is not used only as a mere

reproduction instrument, but also of creation, by offering many

resources and limitless colors and matrixes. Because it is a multiple,

the engraving has a lower cost than painting, making the artistic

Page 49: Acqua  Sérgio Helle

artista. O computador, no caso, não é utilizado somente como

mero instrumento de reprodução, mas também de criação, ao

oferecer inúmeros recursos e ilimitadas cores e matizes. Por ser

um múltiplo, a gravura tem um custo menor do que a pintura,

tornando a criação artística mais acessível. Mas isso não faz dela

uma obra menor. A gravura pertence a um dos capítulos mais

notáveis da história do ser humano, que descobriu em cada

época, o instrumento para dominar os suportes mais diversos.

Participei de várias exposições na Ibeu Art Galery, uma pequena

e atuante galeria. Havia uma exposição anual de trabalhos em

papel que se chamava Salão Norman Rockwell. Participei de

várias, uma delas como jurado.

SEGREDO infogravura 21cm x 30cm 1989 SECRET info-engraving 21cm x 30cm 1989

creation more accessible. But that doesn’t make it a lower work. The

engraving belongs to one of the most notable chapters of the history

of the human being, who discovered in each epoch, the instrument

to dominate the more diverse supports.

I participated in many expositions in Ibeu Art Gallery, a little and active

gallery. There was an annual exposition of paper works that was called

Salão Norman Rockwell. I participated in many, one of them as a jury.

Years later, with a more advanced technology providing a higher quality

impression, I did Abraço de Cinema in Centro Dragão do Mar. This

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RENDA I infogravura 70cm x 50cm 2008 RENDA I info-engraving 70cm x 50cm 2008

Page 51: Acqua  Sérgio Helle

RENDA II infogravura 70cm x 50cm 2008 RENDA II info-engraving 70cm x 50cm 2008

Page 52: Acqua  Sérgio Helle

52

Anos depois, com a tecnologia mais avançada proporcionando

uma impressão de maior qualidade, fiz Abraço de Cinema no

Centro Dragão do Mar. Essa exposição veio fechar um ciclo,

começado em 1988, com a primeira individual Abraços. Foi

uma mostra muito especial, com o principal trabalho ganhei

o prêmio de gravura do Salão de Abril e fui convidado a

participar da III Bienal do Mercosul.

RETRATOS

Já havia pintado vários retratos a óleo, geralmente por

encomenda, mas geralmente não gostava muito do resultado.

Não conseguia me identificar. Continuava trabalhando com

imagens capturadas da TV, fotocopiava, ampliava, interferia

nessas reproduções e formava grandes painéis, alguns colava

em madeira ou em tecido. Depois de tudo, pintava com acrílico,

pastel oleoso, lápis, pigmentos e cola. Decidi usar essa mesma

técnica para fazer o retrato de um amigo. Passei a usar uma

pequena câmera de filmagem para capturar imagens e depois

escolher nesses filmes as cenas a serem pintadas. Foi a forma de

dar aos retratos minha identidade. Gostei tanto do resultado que

decidi fazer uma exposição em que algumas personalidades

foram convidadas a participar. Em 1996, surgiu Olho Mágico. Para ilustrar o catálogo da exposição, optei por escolher fotos

captadas dos filmes que eu não tinha utilizado para pintar.

Assim o quadro seria uma surpresa para o retratado. Tive a ajuda

inestimável de Izabel Gurgel e de Ítala Márcia na produção. Era o

ano de 2001. A exposição foi montada em uma casa na avenida

Dom Luis, projetada pelo arquiteto Arialdo Pinho, e reformada

para receber a exposição.

Nessa exposição foram retratados:

Aléxia Brasil, Ana Beatriz e Wanderley Barreto, Ana Luiza

Franco Costa Lima,Andréa Bezerra Ximenes e Talita, Anik Auip,

Antonieta Martins Gomes, Celina Castro Alves, Cíntia Melo,

exposition came to close a cycle, which began in 1988, with the first

individual Embraces. It was a very special exhibition, with the main work

I won the engraving award of Salão de Abril (April’s Parlor) and I was

invited to join the III Bienal of Mercosul.

PORTRAITS

I had painted many portraits by oil, usually on hire, but generally I

didn’t like the result very much. I couldn’t identify with it. I kept working

with images captured from TV, photocopied, amplified, I interfered in

those reproductions and made big panels, some I would glue in wood

or in fabric. After everything, I painted with acrylic, pastel oil, pencil,

pigments and glue. I decided to use that same technique to make a

friend’s portrait. I started to use a small film camera to capture images

and then choose in those films the scenes to be painted. It was the way

to give portraits my identity. I liked the result so much that I decided

to do an exposition which some personalities were invited to join. In

1996, came Olho Mágico (Magic Eye). To illustrate the exposition’s

catalog, I opted to choose photos captured by films that I didn’t utilize

to paint. That way the painting would be a surprise to the person being

portrayed. I had the priceless help of Izabel Gurgel and of Ítala Márcia

in the production. It was the year of 2001. The exposition was mounted

in a house in avenue Dom Luís, projected by the architect Arialdo Pinho,

and reformed to receive the exposition.

In that exposition were portrayed:

Aléxia Brasil, Ana Beatriz e Wanderley Barreto, Ana Luiza Franco Costa

Lima,Andréa Bezerra Ximenes e Talita, Anik Auip, Antonieta Martins

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AUTO-RETRATO técnica mista sobre madeira 92cm x 70cm 1996 SELF-PORTRAIT mixed media in plywood 92cm x 70cm 1996

Page 54: Acqua  Sérgio Helle

ALÉXIA BRASIL técnica mista sobre madeira 67cm x 67cm 1996 ALÉXIA BRASIL mixed media in plywood 67cm x 67cm 1996

Page 55: Acqua  Sérgio Helle

UBIRAJARA BAZANI técnica mista sobre tela 86cm x 70cm 1996 UBIRAJARA BAZANI mixed media in canvas 86cm x 70cm 1996

Page 56: Acqua  Sérgio Helle

IVAN BEZERRA E IVAN FILHO técnica mista sobre madeira 140cm x 89cm 2003 IVAN BEZERRA E IVAN FILHO mixed media in plywood 140cm x 89cm 2003

Page 57: Acqua  Sérgio Helle

DEMÓCRITO DUMMAR técnica mista sobre tela 75cm x 100cm 2008 DEMÓCRITO DUMMAR mixed media in canvas 75cm x 100cm 2008

Page 58: Acqua  Sérgio Helle

VICTOR AGOSTINHO técnica mista sobre madeira 70cm x 50cm 2004 VICTOR AGOSTINHO mixed media in plywood 70cm x 50cm 2004

Page 59: Acqua  Sérgio Helle

ARTHUR AGOSTINHO técnica mista sobre madeira 70cm x 50cm 2004 ARTHUR AGOSTINHO mixed media in plywood 70cm x 50cm 2004

Page 60: Acqua  Sérgio Helle

JAYME LEITÃO técnica mista sobre madeira 63cm x 90cm 1996

TEREZA XIMENES técnica mista sobre madeira 90cm x 63cm 1997

JAYME LEITÃO mixed media in plywood 63cm x 90cm 1996

TEREZA XIMENES mixed media in plywood 90cm x 63cm 1997

Page 61: Acqua  Sérgio Helle

ISABEL PIRES técnica mista sobre madeira 30cm x 40cm 1996

CELINA CASTRO ALVES técnica mista sobre madeira 74cm x 90cm 1996

ISABEL PIRES mixed media in plywood 30cm x 40cm 1996

CELINA CASTRO ALVES mixed media in plywood 74cm x 90cm 1996

Page 62: Acqua  Sérgio Helle

VALÉRIA ROSSICLÉA VITORIANO técnica mista sobre madeira 87cm x 87cm 1996

VALÉRIA ROSSICLÉA VITORIANO mixed media in plywood 87cm x 87cm 1996

Page 63: Acqua  Sérgio Helle

ESDRAS GUIMARÃES, PEDRO, NEUMA, VICTOR e CAROLINA técnica mista sobre madeira 150cm x 120cm 2010

ESDRAS GUIMARÃES, PEDRO, NEUMA, VICTOR e CAROLINA mixed media in plywood 150cm x 120cm 2010

Page 64: Acqua  Sérgio Helle

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INFLUÊNCIAS E ADMIRAÇÕES

A obra de um artista é um apanhado de várias experiências e

influências. Nunca percebo quando estou fazendo. Mas depois,

às vezes muito tempo depois, consigo ver como esses artistas

me influenciaram. Depois de ver trabalhos de Floriano Teixeira,

passei a usar lápis de cor no meu trabalho. Quando você é

fascinado por algum artista, de alguma forma, mesmo de forma

subliminar, é influenciado por ele. Adoro Sérgio Ferro, Carlos

Araújo, para citar alguns vivos. Gosto do Klimt, de Andy Wahol. E

para não dizerem que não gosto de arte contemporânea, adoro

Vik Muniz, Henrique Oliveira e os seus tapumes, os Gêmeos,

David LaChaplle e tantos outros.

Quando estudava xilogravura com Eduardo Eloy conheci o

trabalho de Kathe Kollwitz, artista alemã que morreu 1945 e viu

seu país atravessar duas guerras brutais, e a ascensão do nazismo.

Seu trabalho parecia sofrer de uma paixão pela desesperança e

miséria, mas o resultado era espetacular. A força de suas xilos

e desenhos me marcaram profundamente. Lembrava-me dela

cada vez que ouvia que meu trabalho era muito triste, e tomava

os comentários como elogios.

CRÍTICAS

O meu trabalho fica em um limbo, recebe críticas de quem

acha que arte é óleo sobre tela e os “pseudo-contemporâneos”,

que acham que a pintura não tem mais nada a dizer. Nunca me

preocupei com tendências, movimentos ou modismos nem

quero me preocupar com um contexto contemporâneo para

o meu trabalho. Sigo fazendo o que sempre fiz. Quero fazer

um tipo de arte com que eu possa conviver, vê-la diariamente,

me sentir bem. Não que eu não acredite em outros tipos de

expressões artísticas, mas foi essa que escolhi fazer. O que

acrescentei no meu trabalho foi consequência das minhas

experiências de vida, não descobri a pólvora. Desde sempre,

os artistas usaram os recursos que tinham para se expressar.

Andy Wahol usava sua “polaroid” e serigrafia. Vick Muniz é um

artista plástico ou um fotógrafo? Isso importa? O que vejo é o

Gomes, Celina Castro Alves, Cíntia Melo, Excelsa, Arthur Costa Lima,

Gustavo e Artur, Jayme Leitão, Karla Paes de Andrade, Lusineth Miranda,

Marquinhos, Mônica Arruda, Ubirajara Bazani, Valéria Rossicléa

Vitoriano.

INFLUENCES AND ADMIRATIONS

The artist work is a collection of many experiences and influences. I never

realize while I’m doing. But then, sometimes much later, I can see how

those artists influenced me. After seeing Floriano Teixeira’s works, I started

to use colored pencils in my work. When you are fascinated with some

artist, in some way, even in a subliminal way, you are influenced by him.

I adore Sérgio Ferro, Carlos Araújo, to cite some alive. I like Klimt, of Andy

Wahol. And for people not to say I don’t like contemporary art, I like Vik

Muniz, Henrique Oliveira and his boards, the Twins, David LaChaplle and

many others.

When I studied woodcut with Eduardo Eloy, I met the work of Kathe

Kollwitz, a German artist who died in 1945 and saw her country cross

two brutal wars, and the Nazism ascension. Her work seemed to suffer

from a passion for despair and misery, but the result was spectacular.

The strength of her woodcuts and drawings marked me profoundly. I

remembered her every time that I listened that my work was too sad, and

took those comments as compliments.

CRITICS

My work stays in a limbo, it receives critics from people who thinks

that art is oil on a canvas and the “pseudo-contemporaries”, who think

that painting has nothing else to say, I never worry about tendencies,

movements or trends, neither do I want to preoccupy with a contemporary

context for my work. I keep doing what I always did. Quero fazer um tipo

de arte que eu possa conviver com ela, ver diariamente, me sentir bem.

Não que não acredite em outros tipos de expressões artísticas, mas foi

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resultado. Como ele chegou até lá é mera curiosidade. Assim

que vejo meu trabalho, uma evolução discreta de ideias e

conceitos que se alinham e se aprimoram. Se eu achar que

colar um papel artesanal sobre a tela vai trazer um resultado

mais próximo do que quero, colo, assim como uso computador,

plotagem, pastel oleoso e pigmento. Vivemos uma intensa troca

de influências, somos bombardeados por uma quantidade de

informações visuais sem precedentes. É indiscutível a influência

do artista plástico com o trabalho do designer, do cineasta, do

estilista, do cenógrafo, enfim com o de todos que trabalham

com a imagem, e vice-versa. Intitular uma arte de maior e mais

importante é uma bobagem.

O REI ESTÁ NU

Uma das minhas melhores experiências ocorreu em 1986,

quando fui trabalhar como monitor da I Exposição Internacional

de Esculturas Efêmeras. Para mim, foi como conhecer um

novo mundo. Tivemos um treinamento intensivo de uma

semana com Tadeu Chiarelli. Estudamos a obra de cada artista

convidado. Havia gente de toda parte do mundo, artistas de

dezoito países. Conheci trabalhos e artistas geniais, como Franz

Krajberg. Trabalhei como monitor e em outros horários ajudei

Edward Mayer, artista americano, que trabalha criando formas

a partir de ripas de madeira, a montar sua instalação. Os artistas

mandavam os projetos a serem montados aqui. Era a única

forma de viabilizar uma exposição que contava com nomes de

peso sem arcar com os altos custos de seguro das obras, já que

elas eram efêmeras e a maioria se desfazia pouco depois do

período da exposição (ou durante).

Foi o meu primeiro contato com uma arte em que a ideia era

mais forte do que o objeto. Fiquei fascinado, mas não sabia ainda

o que viria. Posso usar como analogia os caramujos africanos,

que, trazidos ao Brasil na década de 80, começaram a crescer de

uma forma tão descontrolada que passaram a destruir outras

espécies. É assim como vejo este tipo de trabalho, uma arte mais

de ideias que de técnica. Quanto mais pobre é o trabalho mais

justificativas e textos ele tem. Muitos deles enfadonhos, que

essa que escolhi fazer. What I added to my work was a consequence of

my life experiences, I didn’t discover the gunpowder. From the beginning,

artists used the resources that they had to express themselves. Andy

Wahol used the Polaroid and serigraph. Is Vick Muniz a plastic artist or

a photographer? Does that matter? What I see is the result. How did he

arrive there is mere curiosity. That’s how I see my work, a discreet evolution

of ideas and concepts that align and improve themselves. If I think that

gluing a handmade paper on a canvas is going to bring a closer result

to what I want, I glue, like I use the computer, plotter, oily pastel and

pigment. We live in an intense exchange of influences; we are bombarded

by a quantity of visual information without precedent. It’s undeniable the

influence of the plastic artist with the work of the designer, movie director,

stylist, scenographist, – In short, with everyone that works with image,

and vice-versa. To entitle an art of having more importance or less doesn’t

have much meaning.

THE KING IS NAKED

One of my best experiences occurred in 1986, when I went to work as

a monitor of I Exposição Internacional de Esculturas Efêmeras (First

International Exposition of Ephemeral Sculptures). For me, it was like

getting to know a new world. We had an intensive training of one week

with Tadeu Chiarelli. We studied the work of every invited artist. There

were people from all around the world, artists from eighteen countries.

I met genial works and artists, like Franz Krajberg. I worked as a monitor

and in other periods I helped Edward Mayer, an American artist, who

works creating forms from rips of wood, mounting its installation. The

artists sent the projects that would be mounted here. It was the only

way to make viable an exposition that counted with huge names

without paying the high costs for construction insurance, because they

were ephemeral and most of them would come apart soon after the

exposition (or while).

It was my first contact with “contemporary art”, the installations, and the

force of the idea stronger than the object. I was fascinated, but I didn’t

Page 66: Acqua  Sérgio Helle

66

exprimem uma erudição tediosa, com conceitos de arte pré-

fabricados. A arte já não se explica por si própria, é preciso um

texto para tentar ordenar aquele caos e traduzi-lo ao público.

Até já vi bons trabalhos, só não acredito que esta seja uma “arte

maior”, como acreditam seus adeptos. Além de instalações,

intervenções e performances também existem bons artistas

que pintam e esculpem. O maior ou o menor não se mede

pelo gênero, e sim pela qualidade. Mas hoje em dia os órgãos

culturais, sejam governamentais ou não, só dão espaço para o

que chamam de “arte contemporânea” (a meu ver muito mais

ampla). Bastaria a compreensão de que uma arte não aniquila

outra. Com espaço para todo tipo de manifestação artística,

haveria o reconhecimento do verdadeiro artista e a revelação

do impostor. Todas as artes poderiam coexistir sem uma

se sobrepor a outra, com o devido respeito que cada uma

merece. Vi isso claramente ao participar da Bienal do Mercosul,

em Porto Alegre.

Se eu, como artista e interessado em arte, sinto-me

desmotivado a frequentar a maioria das exposições (e são

cada vez mais raras), imagino o grande público, que também

está cansado de procurar sentido em tudo isso. A impressão

que tenho quando visito algumas exposições é que há muita

gente fingindo ser artista e outros fingindo que aquilo é arte.

Fico esperando alguém gritar: “Isso é uma farsa! O rei está nu!”,

como fez a criança diante do rei no conto A Roupa Nova do

Imperador, de Hans Christian Andersen. Cada vez mais, as

exposições têm menos público. As pessoas estão cansadas

de se sentirem burras, de não compreenderem como

chamam de arte aquilo que estão vendo. Ninguém, a não

ser colecionadores esperando lucros num mercado viciado,

compra trabalhos que mais parecem um monte de sucata.

Nesse meio, o que se precisa para fazer sucesso é um bom

trânsito com a mídia, relações importantes e uma boa lábia.

Grandes nomes que militam neste setor, indignados, estão se

manifestando contra os rumos que a Arte Contemporânea

está seguindo. Um dos primeiros autores sérios a abordar este

assunto foi Tom Wolfe no seu livro A Palavra Pintada. Denunciava

que a arte deixou de ser visual para ser falada. Muitos artistas

e intelectuais já criticaram duramente as falácias do que foi

know what would be about to come. I can use as an analogy the African

sea shell, that was brought to Brazil in the 80’s, began to grow in such an

uncontrolled manner that it began to destroy other species. It’s that way

how I see the contemporary art, an art more of the ideas than technique.

There is no visual contemporary art without text. Many of them boring,

which express a tedious erudition, with pre fabricated concepts of art.

The art doesn’t explain itself anymore, a text is needed to try to arrange

that chaos and translate it to the public. There are a lot of good things

in the contemporary art; I just don’t believe it is a “higher art”, like its

adepts believe. There are good artists that make installations like there

are also those that paint and sculpt. In both arts, there are the biggest

and the smallest. The biggest or smallest isn’t measured by the genre, but

by quality. However, nowadays the cultural agencies, whether they are

governmental or not, only give space to what they call “contemporary

art” (which is, in my opinion, much broader). There should be the

understanding that that one type of art doesn’t eliminate the other.

With space for all kinds of artistic manifestations, there would be the

recognition of the true artist and the revelation of the impostor. All the

arts could coexist without overlapping each other, with all due respect

that each one deserves. I saw that clearly when I participated in Bienal of

Mercosul, in Porto Alegre.

If I, as an artist and interest in art, feel unmotivated to frequent most

of the expositions (and they are becoming rarer), I imagine the general

public, that is also tired of searching for a meanings in all this. The

impression that I have when I visit some of the expositions is that there

are many people faking to be artists and others faking that that is art. I

keep waiting for someone to yell: “This is a farce! The king is naked!” like

the kid did in the story tale “The Emperor’s New Clothes”, by Hans Christian

Andersen. More and more, the expositions have fewer crowds. The people

are tired of feeling dumb, of not comprehending how they call art what

they are seeing. No one, with the exception of collectors waiting for profits

in a vitiated market, buy works that look more like a pile of junk. In that

environment, what is needed to succeed is a good communication with

the media, important relations and craftiness.

Page 67: Acqua  Sérgio Helle

67

determinado como “arte oficial” por um sistema gerido por

interesses que nada tem a ver com arte.

Não sei se é indispensável para um artista saber desenhar;

quando pensava em ser me tornar um, era primordial. Concordo

que há artistas que conseguiram construir uma obra utilizando

outros recursos, mas é indiscutível que o domínio de técnicas

acaba definindo o resultado do trabalho. Isso se pensarmos

que a estética, o uso de cores, a anatomia, a perspectiva dizem

respeito às artes visuais. Hoje, qualquer novo artista só fala em

desconstruir. Não teve tempo (nem interesse) de aprender

a desenhar nada, não sabe nem o que, mas quer transgredir,

questionar (essa é a palavra-chave). Segundo Ferreira Gullar o

beco sem saída em que enveredou a produção contemporânea

nasce de um grande equívoco: o de achar que a pura expressão

possa ser uma obra de arte. Disse ele: “Uma mancha no chão,

uma água escorrendo, tudo isso é expressão, mas não é arte. Se

alguém pisa no meu pé e eu grito de dor, isso é uma expressão,

mas não é arte.” Esse questionamento de que tudo pode ser arte

é antigo. Duchamp fez isso há décadas.

A maior vítima dessa compactuação da mídia e de centros

culturais com a exclusão de artistas que não se enquadram

nos parâmetros do “contemporâneo” é o público, que perde

a oportunidade de conhecer um trabalho que possa ser

reconhecido como arte; é o artista, que se frustra em não

conseguir trabalhar; é o país, que vê seus talentos desperdiçados.

Quantos artistas maravilhosos, por falta de reconhecimento,

simplesmente desistiram. Sentem-se descartados e

desrespeitados. Poderia citar pelo menos uma dezena.

Procuraram outra atividade ou raramente pintam, esculpem.

Um bom artista precisa estar em constante produção, pois só

assim seu trabalho se aprimora.

Huge names that work in this sector, frustrated, are manifesting against

the way that the Contemporary Art is following. One of the first serious

authors to cover this topic was Tom Wolfe in his book The Painted Word.

He denounced that the art stopped being visual to be spoken.

I don’t know if it is indispensable for an artist to know how to draw; when

I thought about being an artist it was primordial. I agree that there are

artists that succeed in constructing a work using other resources, but

it’s undeniable that the grasp of techniques ends up defining the result

of the work. That is if, we think that the esthetic, the use of colors, the

anatomy, the perspective concern the visual arts. Nowadays, every new

artist only talks about constructing. He didn’t have the time (neither

interest) to learn how to draw anything, he doesn’t even know what,

but he wants to transgress, to question (that is the keyword). According

to Segundo Ferreira Gullar, the no-way-out alley that followed the

contemporary production is born by a major misconception: to think

that the pure expression may be a work of art. He said: “A stain on the

floor, the water dripping, all of this is expression, but it isn’t art. If someone

steps on my foot and I scream in pain, that is an expression, but it isn’t

art.” That questioning that everything can be art is old. Duchamp said

that, decades ago.

The biggest victim of that collaboration between the media and the

cultural centers with omission of artists that do not fit within the

parameters of “contemporary” is the public, who loses the opportunity

of getting to know a work that can be recognized as art; is the artist,

who gets frustrated for not being able to work; it’s the country, that sees

his talents wasted. How many wonderful artists, by lack of recognition,

simply quit. They feel discarded, disrespected, in the name of this so called

post-modern. I could cite at least a dozen. Who searched for another

activity or rarely paint, sculpt. A good artist needs to be in constant

production, only that way his work improves.

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Page 69: Acqua  Sérgio Helle

2001 Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura

Page 70: Acqua  Sérgio Helle

70

ABRAÇO DE CINEMAtexto do catálogo

Quando, em 1988, apresentei a minha primeira individual

Abraços, eu já tinha como referência imagens de cinema, mas

a técnica por mim utilizada era a mais tradicional possível: óleo

sobre tela. As descobertas de novas técnicas e materiais foram

surgindo, sempre com uma grande expectativa de alcançar o

resultado mais próximo possível das imagens que eu queria

expressar. Primeiro o acrílico, a técnica mista e a xerox, que

utilizei por muito tempo como suporte do trabalho. De uma

certa forma fazia, de um modo limitado, o que faço hoje nas

infogravuras. Eu copiava imagens em acetato para invertê-las,

as ampliava aos pedaços, como se fazem em out-doors, e usava

a xerox como base das pinturas. Por muitas vezes utilizava

uma filmadora para captar imagens. Em 1994, tive o meu

primeiro contato direto com o computador. Fiquei fascinado

com suas possibilidades e, paralelo ao trabalho de designer

gráfico, venho utilizando essa poderosa ferramenta também

para me expressar como artista. Em 1995 realizei junto com

Aléxia Brasil e Carlos Otávio a exposição Muito Simples, onde

apresentávamos nossas experiências com a infogravura, ainda

limitada ao papel e aos pequenos formatos. Foi a constante

evolução da qualidade dos materiais e tintas empregados que

tornaram possíveis obras de grandes formatos com resistência

e durabilidade incríveis. Considero ABRAÇO DE CINEMA a

conclusão da exposição ABRAÇOS, por isso o mesmo tema.

Com o desenvolvimento desse trabalho quero mostrar onde

eu queria chegar, o que o meu amadurecimento como artista

e a intimidade com o computador me proporcionaram. A

exposição acontece como um evento paralelo, que integra a

programação do CINE CEARÁ - XI Festival Nacional de Cinema

e Vídeo.

When in 1988 I presented my first exhibit “EMBRACES”, I already had

cinema images as a reference to my work, although the technique I

used was the most traditional: oil on canvas. As the innovations of new

techniques and materials were emerging, so were my expectations on

achieving the image results I’ve wanted to express. First, I used the acrylic,

mixed technique and photocopies, which were for long the basic support

of my work. Somewhat I used to do in a more limited fashion what I do

today with infograph. I used to copy images to acetate to invert them,

them I amplified them by cutting pieces like they do with out-doors ads.

The photocopies were used as the base for the paintings. In 1994 I had my

first contact with a computer. I became fascinated with all its possibilities,

and in parallel with my work as a graphic designer, I started using this

powerful tool to express myself as an artist. In 1995 I accomplished, along

with Alexia Brasil and Carlos Otavio, the exhibit “Very Simple” where we

presented our experiences with digital prints, which were still limited to

the paper and small formats. It was the constant evolution of the quality

of materials and paints that made possible the creation of big format

pieces, with incredible resistance and durability. I consider “The Cinema

Embrace” the conclusion of the exhibit “Embraces”, reason why I picked

the theme again. I want to show where I wanted to go back then, and

what my maturing process as an artist and the intimacy with computers

did for me. The exhibit takes place as a parallel event to the CINE CEARA

- XI National Cinema and Video Festival, also being part of the program.

Page 71: Acqua  Sérgio Helle

PAIXÃO infogravura 200cm x 106cm 2001 PASSION info-engraving 200cm x 106cm 2001

Page 72: Acqua  Sérgio Helle

ADEUS infogravura 64cm x 80cm 2001 GOODBYE info-engraving 64cm x 80cm 2001

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DESPEDIDA infogravura 64cm x 80cm 2001 FAREWELL info-engraving 64cm x 80cm 2001GOODBYE info-engraving 64cm x 80cm 2001

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Page 75: Acqua  Sérgio Helle

SAUDADE infogravura 53cm x 170cm 2001 LONGING info-engraving 53cm x 170cm 2001

Page 76: Acqua  Sérgio Helle

DESPEDIDA II infogravura 64cm x 80cm 2001 FAREWELL II info-engraving 64cm x 80cm 2001

Page 77: Acqua  Sérgio Helle

ENCONTRO infogravura 53cm x 170cm 2001 ASSIGNATION info-engraving 53cm x 170cm 2001FAREWELL II info-engraving 64cm x 80cm 2001

Page 78: Acqua  Sérgio Helle

ENCONTRO II infogravura 100cm x 66cm 2001 ASSIGNATION II info-engraving 100cm x 66cm 2001

Page 79: Acqua  Sérgio Helle

O DIÁRIO DE ANNAIS NIN infogravura 74cm x 120cm 2001 THE DIARY OF ANNAIS NIN info-engraving 74cm x 120cm 2001

Page 80: Acqua  Sérgio Helle

SAUDADE II infogravura 154cm x 50cm 2001 LONGING II info-engraving 154cm x 50cm 2001

Page 81: Acqua  Sérgio Helle

AMANTES infogravura 61cm x 100cm 2001 LOVERS info-engraving 61cm x 100cm 2001

Page 82: Acqua  Sérgio Helle

O PERDÃO infogravura 150cm x 82cm 2001 FORGIVEN info-engraving 150cm x 82cm 2001

Page 83: Acqua  Sérgio Helle

MATERNIDADE infogravura 81cm x 100cm 2001 MOTHERHOOD info-engraving 81cm x 100cm 2001

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Page 85: Acqua  Sérgio Helle

2005 Festival Vida e Arte - Centro de Convenções

Page 86: Acqua  Sérgio Helle

86

SONHOS

Desde meados da década de 80 meu trabalho usa como

referência imagens de vídeos e fotografias. As vezes imagens

captadas de cenas de cinema ou fotografias e filmes feitos por

mim. A tecnologia foi cada vez mais se tornando presente no

trabalho, primeiro com a utilização de colagens com xerox e

logo depois com o computador, a plotagem e seus programas

de editoração de imagem. O trabalho foi sendo influenciado e

modificado pela revolução da informática, assim como todas as

áreas de trabalho e profissões.

Sonhos é um conjunto de pinturas e gravuras que mesclam

a figura feminina, retratada em um universo onírico, tecidos e

poesias de Florbela Espanca. O trabalho discute a interferência

da tecnologia no fazer artístico e se apropria desse universo

para criar outro, onde novos instrumentos de criação artística

se somam aos já utilizados há séculos, resultando em uma obra

única e atual.

DREAMS

Since the mid 80’s my job as a reference uses images from videos

and photographs. Sometimes images captured scenes of movies or

photographs and films made by me. The technology is becoming

increasingly present in the work, first with the use of collage with xerox

and later with the computer, the plot and its programs for image editing.

The work was being influenced and modified by the computer revolution,

like all work areas and professions.

Dreams is a collection of paintings and prints that mix the female

figure, portrayed in a dreamlike universe, fabrics and poetry of Florbela

Espanca. The work discusses the influence of technology in art making

and appropriates that to create another universe, where new tools for

artistic creation are added to those already used for centuries, resulting

in a single work and current.

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SONHO EM AZUL técnica mista sobre madeira 100cm x 75cm 2002 DREAMS IN BLUE mixed media in plywood 100cm x 75cm 2002

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SONHO EM VERMELHO técnica mista sobre madeira 180cm x 80cm 2002 DREAMS IN RED mixed media in plywood 180cm x 80cm 2002

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SONHO técnica mista sobre tela 100cm x 130cm 2003 DREAM mixed media in canvas 100cm x 130cm 2003

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SONHO I técnica mista sobre madeira 100cm x 100cm 2003 DREAM I mixed media in plywood 100cm x 100cm 2003

Page 92: Acqua  Sérgio Helle

SONHO II técnica mista sobre madeira 80cm x 100cm 2003 DREAM II mixed media in plywood 80cm x 100cm 2003

Page 93: Acqua  Sérgio Helle

SONHO DESFEITO técnica mista sobre madeira 100cm x 100cm 2002 BROKEN DREAMS mixed media in plywood 100cm x 100cm 2002

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Page 95: Acqua  Sérgio Helle

SONHO infogravura 70cm x 160cm 2003 DREAM info-engraving 70cm x 160cm 2003

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Page 97: Acqua  Sérgio Helle

2005 Centro Cultural Oboé

Page 98: Acqua  Sérgio Helle

98

DOBRAS MOLES

Nos meus trabalhos, o olho sempre teimava em se fixar nos

detalhes, nos tecidos, nas formas mágicas, orgânicas, cheias de

vida. Adorava me abster do resto e criar composições quase

independentes que começaram surgindo timidamente e, aos

poucos, foram exigindo espaço. Nas duas últimas individuais,

Abraço de Cinema e Sonhos, já eram mais que evidentes. Agora,

são o foco principal numa tênue fronteira entre o abstrato

e o figurativo. Dobras Moles é isso, o puro prazer de pintar, a

essência.

FOFT BLENDS

In my works, the eye always insisted on fixating on details, on the fabrics,

on the magic forms, organics, full of life. I loved to abstain myself from

the rest and create compositions almost independent that started

appearing timidly and, little by little, began to demand space. In the last

two individuals, Abraço de Cinema and Sonhos, they were more than

evident. Now, they are the primarily focus in a tenuous frontier between

the abstract and the figurative. Dobras Moles is that, the pure pleasure of

painting, the essence.

Page 99: Acqua  Sérgio Helle

ESPANHOLA infogravura 80cm x 126cm 2005 SPANISH info-engraving 80cm x 126cm 2005

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Page 101: Acqua  Sérgio Helle

COLCHA DE RETALHOS infogravura 46cm x 150cm 2005 PATCHWORK QUILTS info-engraving 46cm x 150cm 2005

Page 102: Acqua  Sérgio Helle

CAMISA LITRADA infogravura 90cm x 120cm 2005 STRIPED SHIRT info-engraving 90cm x 120cm 2005

Page 103: Acqua  Sérgio Helle

BLUE SARI info-engraving 75cm x 110cm 2005SÁRI AZUL infogravura 75cm x 110cm 2005

Page 104: Acqua  Sérgio Helle

FLORES DA ESPANHA II infogravura 80cm x 110cm 2005 FLOWERS OF SPAIN II info-engraving 80cm x 110cm 2005

Page 105: Acqua  Sérgio Helle

SOFT FLOWERS info-engraving 124cm x 76cm FLORES MOLES infogravura 124cm x 76cm 2005

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Page 107: Acqua  Sérgio Helle

KUARUP info-engraving 90cm x 160cm 2005KUARUP infogravura 90cm x 160cm 2005

Page 108: Acqua  Sérgio Helle

FLORES DA ESPANHA I infogravura 80cm x 110cm 2005 FLOWERS OF SPAIN I info-engraving 80cm x 110cm 2005

Page 109: Acqua  Sérgio Helle

PATHWORK II info-engraving 80cm x 110cm 2005PATCHWORK II infogravura 80cm x 110cm 2005

Page 110: Acqua  Sérgio Helle

PATHWORK I info-engraving 80cm x 110cm 2005PATCHWORK I infogravura 80cm x 110cm 2005

Page 111: Acqua  Sérgio Helle

SNIP AND FLOWERS info-engraving 80cm x 110cm 2005RETALHOS E FLORES infogravura 80cm x 110cm 2005

Page 112: Acqua  Sérgio Helle

PATHWORK III info-engraving 80cm x 110cm 2005PATCHWORK III infogravura 80cm x 110cm 2005

Page 113: Acqua  Sérgio Helle

DOBRAS MOLES técnica mista sobre tela 100cm x 100cm 2005 SOFT BLENDS mixed media in canvas 100cm x 100cm 2005

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Page 115: Acqua  Sérgio Helle

SNIPS info-engraving 212cm x 270cm (triptych) 2007RETALHOS infogravura 212cm x 270cm (tríptico) 2007

Page 116: Acqua  Sérgio Helle
Page 117: Acqua  Sérgio Helle

2010 Galeria Mariana Furlani

Page 118: Acqua  Sérgio Helle

118

ACQUA

Acqua surgiu a partir de um trabalho da fotógrafa Nicoline

Patrícia que vi na internet. Era a foto de uma mulher submersa.

As distorções do corpo e do vestido dessa mulher na água

me fascinaram. Acabara de fazer a exposição Dobras Moles e

ainda estava muito envolvido com o movimento orgânico dos

tecidos. Achei que era o momento de voltar a inserir a figura

humana no trabalho. Dessa vez sob a água, e explorar os limites

das imagens por meio de suas variações. A água desvenda

novos ângulos de visão, com seus reflexos e suas “lentes” por

onde as cores e formas são distorcidas, ampliadas e desfocadas

criando novas imagens que, por momentos, o olho se perde da

figura e encontra a abstração.

ACQUA

Acqua came from a work from the photographer Nicoline Patrícia

that I saw on the internet. It was the picture of a woman submerged.

The distortions of the body and the dress of that woman in the water

fascinated me. I had just finished doing the exposition Dobras Moles and

I was still involved with the organic movement of the fabrics. I thought it

was the moment to restart inserting the human figure in my work. This

time underwater, and explore the limits of the images by means of its

variations. The water revealed new angles of vision, with its reflections

and its “lens” from where colors and forms are distorted, amplified and

lose focus, creating new images that, by moments; the eye loses itself

from the figure and finds the abstraction.

Page 119: Acqua  Sérgio Helle

ACQUA I técnica mista sobre tela 142cm x 142cm 2009 ACQUA I mixed media in canvas 142cm x 142cm 2009

Page 120: Acqua  Sérgio Helle

ACQUA II técnica mista sobre madeira 140cm x 110cm ACQUA II mixed media in plywood 140cm x 110cm 2009

Page 121: Acqua  Sérgio Helle

ACQUA III técnica mista sobre tela 130cm x 140cm 2009 ACQUA III mixed media in canvas 130cm x 140cm 2009ACQUA II mixed media in plywood 140cm x 110cm 2009

Page 122: Acqua  Sérgio Helle

ACQUA IV técnica mista sobre tela 130cm x 140cm 2007 ACQUA IV mixed media in canvas 130cm x 140cm 2007

Page 123: Acqua  Sérgio Helle

ACQUA V técnica mista sobre tela 130cm x 140cm 2007 ACQUA V mixed media in canvas 130cm x 140cm 2007

Page 124: Acqua  Sérgio Helle

ACQUA VI técnica mista sobre madeira 106cm x 160cm 2010 ACQUA VI mixed media in plywood 106cm x 160cm 2010

Page 125: Acqua  Sérgio Helle

ACQUA VII técnica mista sobre tela 180cm x 120cm 2008 ACQUA VII mixed media in canvas 180cm x 120cm 2008ACQUA VI mixed media in plywood 106cm x 160cm 2010

Page 126: Acqua  Sérgio Helle

ACQUA VIII info-engraving 130cm x 160cm 2009ACQUA VIII infogravura 130cm x 160cm 2009

Page 127: Acqua  Sérgio Helle

ACQUA IX info-engraving 80cm x 110cm 2009ACQUA IX infogravura 80cm x 110cm 2009

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Page 129: Acqua  Sérgio Helle

ACQUA X mixed media in plywood 72cm x 160cm 2010ACQUA X técnica mista sobre madeira 72cm x 160cm 2010

Page 130: Acqua  Sérgio Helle

ACQUA XI técnica mista sobre madeira 140cm x 110cm 2010 ACQUA XI mixed media in plywood 140cm x 110cm 2010

Page 131: Acqua  Sérgio Helle

ACQUA XI mixed media in plywood 140cm x 110cm 2010 ACQUA XII mixed media in plywood 120cm x 160cm 2010ACQUA XII técnica mista sobre madeira 120cm x 160cm 2010

Page 132: Acqua  Sérgio Helle
Page 133: Acqua  Sérgio Helle

ACQUA XIII mixed media in plywood 80cm x 160cm 2010ACQUA XIII técnica mista sobre madeira 80cm x 160cm 2010

Page 134: Acqua  Sérgio Helle
Page 135: Acqua  Sérgio Helle

ACQUA XIV técnica mista sobre tela 180cm x 120cm 2010 ACQUA XIV mixed media in canvas 180cm x 120cm 2010

Page 136: Acqua  Sérgio Helle
Page 137: Acqua  Sérgio Helle

ACQUA XV info-engraving 76cm x 160cm 2010ACQUA XV infogravura 76cm x 160cm 2010

Page 138: Acqua  Sérgio Helle

ACQUA XVI técnica mista sobre madeira 140cm x 140cm ACQUA XVI mixed media in plywood 140cm x 140cm 2009

Page 139: Acqua  Sérgio Helle

ACQUA XVI mixed media in plywood 140cm x 140cm 2009 ACQUA XVII mixed media in plywood 140cm x 140cm 2009ACQUA XVII técnica mista sobre madeira 140cm x 140cm 2009

Page 140: Acqua  Sérgio Helle
Page 141: Acqua  Sérgio Helle

ACQUA XVIII técnica mista sobre tela 100cm x 210cm 2009 ACQUA XVIII mixed media in canvas 100cm x 210cm 2009

Page 142: Acqua  Sérgio Helle

ACQUA IXX técnica mista sobre madeira 150cm x 137cm 2010 ACQUA IXX mixed media in plywood 150cm x 137cm 2010

Page 143: Acqua  Sérgio Helle

ACQUA IXX mixed media in plywood 150cm x 137cm 2010 ACQUA XX mixed media in plywood 100cm x 160cm 2010ACQUA XX técnica mista sobre madeira 100cm x 160cm 2010

Page 144: Acqua  Sérgio Helle

ACQUA XXI técnica mista sobre madeira 110cm x 140cm 2010 ACQUA XXI mixed media in plywood 110cm x 140cm 2010

Page 145: Acqua  Sérgio Helle

ACQUA XXI mixed media in plywood 110cm x 140cm 2010 ACQUA XXII info-engraving 120cm x 160cm 2009ACQUA XXII infogravura 120cm x 160cm 2009

Page 146: Acqua  Sérgio Helle
Page 147: Acqua  Sérgio Helle

ACQUA XXIII mixed media in plywood 114cm x 142cm 2010ACQUA XXIII técnica mista sobre madeira 114cm x 142cm 2010

Page 148: Acqua  Sérgio Helle

148

SÉRGIO HELLE

Graduado em Administração de Empresas, UNIFOR

CURSOSSERIGRAFIA -1981 - Seripan Fortaleza - Docente: Tarcísio Correia

ARTES GRÁFICAS E PUBLICIDADE - 1983 - IBEU Fortaleza -Docente: Jarbas Nunes

COMO ENTENDER ARTE MODERNA - 1984 - Secretaria da Cultura do Estado do Ceará -Docente:

Roberto Galvão

A ESCULTURA DA MODERNIDADE A PÓS-MODERNIDADE - 1986 - Pró-Reitoria de Extensão da

Universidade Federal do Ceará Duração: 40 horas/aula Docente: Domingos Tadeu Chiarelli (Professor

de Arte da USP - Universidade de São Paulo)

DESENHO DE OBSERVAÇÃO - 1988 - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

(CNPq) e Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal do Ceará - Duração: 40 horas/aula Docente:

Carlos Alberto Fajardo (artista plástico-SP)

EXPRESSÃO PLÁSTICA BIDIMENSIONAL - 1988 - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico

e Tecnológico (CNPq) e Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal do Ceará 1988 Duração: 40

horas/aula Docente: Vivian Irene Gottheim - Doutora em Artes em New York University. Syracuse-New

York-USA e Pesquisadora pelo CNPq em Artes Plásticas

LINGUAGEM GRÁFICA - 1988 - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)

e Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal do Ceará. Duração: 40 horas/aula Docente: Jorge

Aristides Carvajal - Mestre em Artes Plásticas e Professor da Escola de Comunicação e Artes da Faculdade

de Arquitetura e Urbanismo da USP - Universidade de São Paulo

INICIAÇÃO A XILOGRAVURA - 1989 - Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará e Fundação

Cearense de Pesquisa 1989 Duração: 64 horas/aula Docente: Eduardo Eloy (artista plástico)

INICIAÇÃO A GRAVURA EM METAL - 1991 - Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará e Fundação

Cearense de Pesquisa - Duração: 64 horas/aula Docente: Eduardo Eloy (artista plástico) Curso prático

JOGOS VISUAIS - 1991 - Técnica de Pintura, desenho e colagem - 40h Museu de Arte da UFC. Docente

Prof. Luiz Áquila

WORKSHOP DE GRAVURA - 1991 - Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará Docente: Arthur

Luiz Piza (artista plástico)

OFICINA DE ILUMINAÇÃO DE ESPETÁCULOS - 1993 - Theatro José de Alencar - Duração: 15 horas/aula

Docentes: Maneco Quinderé/Jono Macarroni

CURSO BURTI DE PRODUÇÃO GRÁFICA - PRESENTE E FUTURO - 1995 - Duração: 12h/aula Docente:

Prof. Mário Carramillo Neto - Professor da ESPM - Escola Superior de Propaganda e Marqueting -

Relações Públicas e Assistente de Diretoria da Editora Gráficos BURTI

MACROMEDIA FIREWORKS 3 - 2000 - 16h Docente: Engo. Álvaro Venegas

MACROMEDIA DREAMWEAVER 3 - 2000 - Duração: 24h/aula Docente: Engo. Álvaro Venegas

MACROMEDIA FLASH BÁSICO E AVANÇADO - 2000 - Duração: 24h Docente: Engo. Álvaro Venegas

CRIAÇÃO DE CAMPANHAS PUBLICITÁRIAS - 2004 - 8h. Faculdade Integrada do Ceará

NOVAS TENDÊNCIAS EM CRIAÇÃO E MARKETING - 2004 - 8h. Faculdade Integrada do Ceará

Page 149: Acqua  Sérgio Helle

149

PRINCIPAIS EXPOSIÇÕES COLETIVAS -FORTALEZA, BRASÍLIA, PORTO ALEGRE E HAVANA

XIII MOSTRA DOS NOVOS - Galeria Antônio Bandeira 1980

UNIFOR PLÁSTICA “ANO X” / V / VI / VII / VIII / X / XII - Espaço Cultural da Unifor 1983 / 1984

/ 1985 / 1986 / 1987 / 1989 / 1991 / 2005 / 2007

SALÃO DE ABRIL 34° / 41° / 44° / 45° / 52° - Galeria Antônio Bandeira 1984/2001 - Centro

Cultural do Abolição -1990 - Museu de Arte da UFC 1993 / 1994

II PRÊMIO PIRELLI “PINTURA JOVEM” - Othon Palace Hotel 1985

II/III ARTE SOBRE PAPEL - Galeria Tukano 1988 / 1990

II OUTDOOR ARTE - Cidade de Fortaleza 1988

TALENTO 91/92 - Espaço Cultural da Teleceará 1991 / 1992

C.I.P.E. - Galeria Del Centro Provencial de Artes Plásticas y Deseño - Havana CUBA 1991

ARTE PAPEL DESENHO - Domini Galeria 1992

OLHARES - Espaço SEBRAE Brasília-DF 1993

MUITO SIMPLES - IBEU Art-Gallery 1995

I/III SALÃO DO DESENHO E DA GRAVURA - IBEU Art-Gallery 1995 / 1997

4º SALÃO NORMAN ROCKWELL - IBEU Art-Gallery / IV Prêmio CDL de Artes Plásticas 1998

6º SALÃO NORMAN ROCKWELL - IBEU Art-Gallery 2000

2º SALÃO DE ARTES PLÁSTICAS DA BASE AÉREA DE FORTALEZA - Ideal Clube 2000

III BIENAL DO MERCOSUL - Santander Cultural Porto Alegre-RS 2001

III BIENAL DO MERCOSUL - Conjunto Cultural da Caixa Econômica Federal Brasília-DF 2002

EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS FORTALEZA

ABRAÇOS - Alliance Française 1988

IMAGENS TRADUZIDAS - Galeria Metrópolis 1990

PEQUENOS FORMATOS EM TÉCNICA MISTA - Sanatorium 1992

OLHO MÁGICO - Casa Av. Dom Luis 1996

ABRAÇO DE CINEMA - Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura 2001

SONHOS - Festival Vida e Arte - Centro de Convenções 2005

DOBRAS MOLES - Centro Cultural Oboé 2005

ACQUA - Galeria Mariana Furlani 2010

PRÊMIOSPRODUTO FINAL -Primeiro Prêmio - Trabalho reproduzido na capa do Cadastro Industrial,

editado pela Secretaria de Indústria e Comércio 1990

XII UNIFOR PLÁSTICA - Prêmio Pintura 1991

I SALÃO DO DESENHO E DA GRAVURA - IBEU Art-Gallery -Prêmio Aquisição 1995

4º SALÃO NORMAN ROCKWELL - Prêmio de Gravura 1998

2º SALÃO DE ARTES PLÁSTICAS DA BASE AÉREA DE FORTALEZA - Ideal Clube - Segundo

Prêmio 2000

52° SALÃO DE ABRIL - Prêmio Gravura 2001

Page 150: Acqua  Sérgio Helle

O objetivo deste livro não é “explicar” minha pintura.

Já dizia Frank Zappa: “Escrever sobre música é como

dançar sobre arquitetura”. Escrever sobre pintura não

seria muito diferente. Trabalhos que precisam de um

argumento para serem justificados me incomodam.

Este livro representa o esforço de compartilhar minhas

experiências. Pretendo, por meio da narração da minha

história e do desenvolvimento do meu trabalho, que as

pessoas se sintam mais próximas dele, que vejam cada

quadro como parte de um todo, que vai se definindo

a cada dia, a cada descoberta do olhar.

patrocínio

www.sergiohelle.com.br