acordo concordata, portugal

8
5/31/15 5:49 PM Universidade Católica Portuguesa Page 1 of 8 http://www.ucp.pt/site/custom/template/ucptplpopup.asp?sspageid=114&artigoID=2478&lang=1 Texto Nova Concordata CONCORDATA ENTRE A SANTA SÉ E A REPÚBLICA PORTUGUESA 2004 A Santa Sé e a República Portuguesa, afirmando que a Igreja Católica e o Estado são, cada um na própria ordem, autónomos e independentes; considerando as profundas relações históricas entre a Igreja Católica e Portugal e tendo em vista as mútuas responsabilidades que os vinculam, no âmbito da liberdade religiosa, ao serviço em prol do bem comum e. ao empenho na construção de uma sociedade que promova a dignidade da pessoa humana, a justiça e a paz; reconhecendo que a Concordata de 7 de Maio de 1940, celebrada entre a República Portuguesa e a Santa Sé, e a sua aplicação contribuíram de maneira relevante para reforçar os seus laços históricos e para consolidar a actividade da Igreja Católica em Portugal em beneficio dos seus fiéis e da comunidade portuguesa em geral; entendendo que se toma necessária uma actualização em virtude das profundas transformações ocorridas nos planos nacional e internacional: de modo particular, pelo que se refere ao ordenamento jurídico português, a nova Constituição democrática, aberta a normas do direito comunitário" e do direito internacional contemporâneo, e, no âmbito da Igreja, a evolução das suas relações com a comunidade política; acordam em celebrar a presente Concordata, nos termos seguintes: Artigo 1 1. A República Portuguesa e a Santa Sé declaram o empenho do Estado e da Igreja Católica na cooperação para a promoção da dignidade da pessoa humana, da justiça e da paz. 2. A República Portuguesa reconhece a personalidade jurídica da Igreja Católica. 3. As relações entre a República Portuguesa e a Santa Sé são asseguradas mediante um Núncio Apostólico junto da República Portuguesa e um Embaixador de Portugal junto da Santa Sé. Artigo 2 1. A República Portuguesa reconhece à Igreja Católica o direito de exercer a sua missão apostólica e garante o exercício público e livre das suas actividades, nomeadamente as de culto, magistério e ministério, bem como a jurisdição em matéria eclesiástica. 2. A Santa Sé pode aprovar e publicar livremente qualquer norma, disposição ou documento relativo à actividade da Igreja e comunicar sem impedimento com os bispos, o clero e os fiéis, tal como estes o podem com a Santa Sé. 3. Os bispos e as outras autoridades eclesiásticas gozam da mesma liberdade em relação ao clero e aos fiéis. 4. É reconhecida à Igreja Católica, aos seus fiéis e às pessoas jurídicas que se constituam nos termos do direito canónico a liberdade religiosa, nomeadamente nos domínios da consciência, culto, reunião, associação, expressão pública, ensino e acção caritativa. Artigo 3 1. A República Portuguesa reconhece como dias festivos os Domingos.

Upload: estela-azevedo

Post on 13-Sep-2015

212 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Direito concordatário

TRANSCRIPT

  • 5/31/15 5:49 PMUniversidade Catlica Portuguesa

    Page 1 of 8http://www.ucp.pt/site/custom/template/ucptplpopup.asp?sspageid=114&artigoID=2478&lang=1

    Texto Nova Concordata

    CONCORDATA

    ENTRE A SANTA S E A REPBLICA PORTUGUESA

    2004

    A Santa S e a Repblica Portuguesa,

    afirmando que a Igreja Catlica e o Estado so, cada um na prpria ordem, autnomos e independentes;

    considerando as profundas relaes histricas entre a Igreja Catlica e Portugal e tendo em vista as mtuasresponsabilidades que os vinculam, no mbito da liberdade religiosa, ao servio em prol do bem comum e. aoempenho na construo de uma sociedade que promova a dignidade da pessoa humana, a justia e a paz;

    reconhecendo que a Concordata de 7 de Maio de 1940, celebrada entre a Repblica Portuguesa e a Santa S,e a sua aplicao contriburam de maneira relevante para reforar os seus laos histricos e para consolidar aactividade da Igreja Catlica em Portugal em beneficio dos seus fiis e da comunidade portuguesa em geral;

    entendendo que se toma necessria uma actualizao em virtude das profundas transformaes ocorridasnos planos nacional e internacional: de modo particular, pelo que se refere ao ordenamento jurdicoportugus, a nova Constituio democrtica, aberta a normas do direito comunitrio" e do direitointernacional contemporneo, e, no mbito da Igreja, a evoluo das suas relaes com a comunidadepoltica;

    acordam em celebrar a presente Concordata, nos termos seguintes:

    Artigo 1

    1. A Repblica Portuguesa e a Santa S declaram o empenho do Estado e da Igreja Catlica na cooperaopara a promoo da dignidade da pessoa humana, da justia e da paz.

    2. A Repblica Portuguesa reconhece a personalidade jurdica da Igreja Catlica.

    3. As relaes entre a Repblica Portuguesa e a Santa S so asseguradas mediante um Nncio Apostlicojunto da Repblica Portuguesa e um Embaixador de Portugal junto da Santa S.

    Artigo 2

    1. A Repblica Portuguesa reconhece Igreja Catlica o direito de exercer a sua misso apostlica e garanteo exerccio pblico e livre das suas actividades, nomeadamente as de culto, magistrio e ministrio, bemcomo a jurisdio em matria eclesistica.

    2. A Santa S pode aprovar e publicar livremente qualquer norma, disposio ou documento relativo actividade da Igreja e comunicar sem impedimento com os bispos, o clero e os fiis, tal como estes o podemcom a Santa S.

    3. Os bispos e as outras autoridades eclesisticas gozam da mesma liberdade em relao ao clero e aos fiis.

    4. reconhecida Igreja Catlica, aos seus fiis e s pessoas jurdicas que se constituam nos termos dodireito cannico a liberdade religiosa, nomeadamente nos domnios da conscincia, culto, reunio, associao,expresso pblica, ensino e aco caritativa.

    Artigo 3

    1. A Repblica Portuguesa reconhece como dias festivos os Domingos.

  • 5/31/15 5:49 PMUniversidade Catlica Portuguesa

    Page 2 of 8http://www.ucp.pt/site/custom/template/ucptplpopup.asp?sspageid=114&artigoID=2478&lang=1

    2. Os outros dias reconhecidos como festivos catlicos so definidos por acordo nos termos do artigo 28.3. A Repblica Portuguesa providenciar no sentido de possibilitar aos catlicos, no termos da lei portuguesa,o cumprimento dos deveres religiosos nos dias festivos.

    Artigo 4

    A cooperao referida no n 1 do artigo 1 pode abranger actividades exercidas no mbito de organizaesinternacionais em que Santa S e a Repblica Portuguesa sejam partes ou, sem prejuzo do respeito pelodireito internacional, outras aces conjuntas, bilaterais ou multilaterais, em particular no espao dos Pasesde lngua oficial portuguesa.

    Artigo 5

    Os eclesisticos no podem ser perguntados pelos magistrados ou outras autoridades sobre factos e coisas deque tenham tido conhecimento por motivo do seu ministrio.

    Artigo 6

    Os eclesisticos no tm a obrigao de assumir os cargos de jurados, membros de tribunais e outros damesma natureza, considerados pelo direito cannico como incompatveis com o estado eclesistico.

    Artigo 7

    A Repblica Portuguesa assegura nos termos do direito portugus, as medidas necessrias proteco doslugares de culto e dos eclesisticos no exerccio do seu ministrio e bem assim para evitar o uso ilegtimo deprticas ou meios catlicos.

    Artigo 8

    A Repblica Portuguesa reconhece a personalidade jurdica da Conferncia Episcopal Portuguesa, nos termosdefinidos pelos estatutos aprovados pela Santa S.

    Artigo 9

    1. A Igreja Catlica pode livremente criar, modificar ou extinguir, nos termos do direito cannico, dioceses,parquias e outras jurisdies eclesisticas.

    2. A Repblica Portuguesa reconhece a personalidade jurdica das dioceses, parquias e outras jurisdieseclesisticas, desde que o acto constitutivo da sua personalidade jurdica cannica seja notificado ao rgocompetente do Estado.

    3. Os actos de modificao ou extino das dioceses, parquias e outras jurisdies eclesisticas,reconhecidas nos termos do nmero anterior, sero notificados ao rgo competente do Estado.

    4. A nomeao e remoo dos bispos so da exclusiva competncia da Santa S, que delas informa aRepblica portuguesa.

    5. A Santa S declara que nenhuma parte do territrio da Repblica Portuguesa depender de um Bispo cujasede esteja fixada em territrio sujeito a soberania estrangeira.

    Artigo 10

    1. A Igreja Catlica em Portugal pode organizar-se livremente de harmonia com as normas do direitocannico e constituir, modificar e extinguir pessoas jurdicas cannicas a que o Estado reconhecepersonalidade jurdica civil.

    2. O Estado reconhece a personalidade das pessoas jurdicas referidas nos artigos 1, 8 e 9 nos respectivostermos, bem como a das restantes pessoas jurdicas cannicas, incluindo os institutos de vida consagrada eas sociedades de vida apostlica canonicamente erectos, que hajam sido constitudas e participadas autoridade competente pelo bispo da diocese onde tenham a sua sede, ou pelo seu legtimo representante,at data da entrada em vigor da presente Concordata.

  • 5/31/15 5:49 PMUniversidade Catlica Portuguesa

    Page 3 of 8http://www.ucp.pt/site/custom/template/ucptplpopup.asp?sspageid=114&artigoID=2478&lang=1

    3. A personalidade jurdica civil das pessoas jurdicas cannicas, com excepo das referidas nos artigos 1, 8e 9, quando se constiturem ou forem comunicadas aps a entrada em vigor da presente Concordata, reconhecida atravs da inscrio em registo prprio do Estado em virtude de documento autntico emitidopela autoridade eclesistica competente de onde conste a sua ereco, fins, identificao, rgosrepresentativos e respectivas competncias.

    Artigo 11

    1. As pessoas jurdicas cannicas reconhecidas nos termos dos artigos 1, 8, 9 e 10 regem-se pelo direitocannico e pelo direito portugus, aplicados pelas respectivas autoridades, e tm a mesma capacidade civilque o direito portugus atribui s pessoas colectivas de idntica natureza.

    2. As limitaes cannicas ou estatutrias capacidade das pessoas jurdicas cannicas s so oponveis aterceiros de boa f desde que constem do Cdigo de Direito Cannico ou de outras normas, publicadas nostermos do direito cannico, e, no caso das entidades a que se refere o n 3 do artigo 10 e quanto s matriasa mencionadas, do registo das pessoas jurdicas cannicas.

    Artigo 12

    As pessoas jurdicas cannicas, reconhecidas nos termos do artigo 10, que, alm de fins religiosos, prossigamfins de assistncia e solidariedade, desenvolvem a respectiva actividade de acordo com o regime jurdicoinstitudo pelo direito portugus e gozam dos direitos e benefcios atribudos s pessoas colectivas privadascom fins da mesma natureza.

    Artigo 13

    1. O Estado portugus reconhece efeitos civis aos casamentos celebrados em conformidade com as leiscannicas, desde que o respectivo assento de casamento seja transcrito para os competentes livros doregisto civil.

    2. As publicaes do casamento fazem-se, no s nas respectivas igrejas paroquiais, mas tambm nascompetentes reparties do registo civil.

    3. Os casamentos in articulo mortis, em iminncia de parto, ou cuja imediata celebrao seja expressamenteautorizada pelo ordinrio prprio por grave motivo de ordem moral, podem ser contradosindependentemente do processo preliminar das publicaes.

    4. O proco envia dentro de trs dias cpia integral do assento do casamento repartio competente doregisto civil para ser a transcrita; a transcrio deve ser feita no prazo de dois dias e comunicada pelofuncionrio respectivo ao proco at ao dia imediato quele em que foi feita, com indicao da data.

    5. Sem prejuzo das obrigaes referidas no n 4, cujo incumprimento sujeita o respectivo responsvel efectivao das formas de responsabilidade previstas no direito portugus e no direito cannico, as partespodem solicitar a referida transcrio, mediante a apresentao da cpia integral da acta do casamento.

    Artigo 14

    1. O casamento produz todos os efeitos civis desde a data da celebrao, se a transcrio for feita no prazode sete dias. No o sendo, s produz efeitos. relativamente a terceiros, a contar da data da transcrio.

    2. No obsta transcrio a morte de um ou de ambos os cnjuges.

    Artigo 15

    1. Celebrando o casamento cannico os cnjuges assumem por esse mesmo facto, perante a Igreja, aobrigao de se aterem s normas cannicas que o regulam e, em particular, de respeitarem as suaspropriedades essenciais.

    2. A Santa S, reafirmando a doutrina da Igreja Catlica sobre a indissolubilidade do vnculo matrimonial,recorda aos cnjuges que contrarem o matrimnio cannico o grave dever que lhes incumbe de se novalerem da faculdade civil de requerer o divrcio.

  • 5/31/15 5:49 PMUniversidade Catlica Portuguesa

    Page 4 of 8http://www.ucp.pt/site/custom/template/ucptplpopup.asp?sspageid=114&artigoID=2478&lang=1

    Artigo 16

    1. As decises relativas nulidade e dispensa pontifcia do casamento rato e no consumado pelasautoridades eclesisticas competentes, verificadas pelo rgo eclesistico de controlo superior, produzemefeitos civis, a requerimento de qualquer das partes, aps reviso e confirmao, nos termos do direitoportugus, pelo competente tribunal do Estado.

    2. Para o efeito, o tribunal competente verifica:

    a) Se so autnticas;b) Se dimanam do tribunal competente;c) Se foram respeitados os princpios do contraditrio e da igualdade; ed) Se nos resultados no ofendem os princpios da ordem pblica internacional do Estado Portugus.

    Artigo 17

    1. A Repblica Portuguesa garante o livre exerccio da liberdade religiosa atravs da assistncia religiosacatlica aos membros das foras armadas e de segurana que a solicitarem, e bem assim atravs da prticados respectivos actos de culto.

    2. A Igreja Catlica assegura, nos termos do direito cannico e atravs da jurisdio eclesistica de umordinrio castrense, a assistncia religiosa aos membros das foras armadas e de segurana que asolicitarem.

    3. O rgo competente do Estado e a autoridade eclesistica competente podem estabelecer, medianteacordo, as formas de exerccio e organizao da assistncia religiosa nos casos referidos nos nmerosanteriores.4. Os eclesisticos podem cumprir as suas obrigaes militares sob a forma de assistncia religiosa catlicas foras armadas e de segurana, sem prejuzo do direito de objeco de conscincia.

    Artigo 18

    A Repblica Portuguesa garante Igreja Catlica o livre exerccio da assistncia religiosa catlica s pessoasque, por motivo de internamento em estabelecimento de sade, de assistncia, de educao ou similar, oudeteno em estabelecimento prisional ou similar, estejam impedidas de exercer, em condies normais, odireito de liberdade religiosa e assim o solicitem.

    Artigo 19

    1. A Repblica Portuguesa, no mbito da liberdade religiosa e do dever de o Estado cooperar com os pais naeducao dos filhos, garante as condies necessrias para assegurar, nos termos do direito portugus, oensino da religio e moral catlicas nos estabelecimentos de ensino pblico no superior, sem qualquer formade discriminao.

    2. A frequncia do ensino da religio e moral catlicas nos estabelecimentos de ensino pblico no superiordepende de declarao do interessado, quando para tanto tenha capacidade legal, dos pais ou do seurepresentante legal.

    3. Em nenhum caso o ensino da religio e moral catlicas pode ser ministrado por quem no seja consideradoidneo pela autoridade eclesistica competente, a qual certifica a referida idoneidade nos termos previstospelo direito portugus e pelo direito cannico.

    4. Os professores de religio e moral catlicas so nomeados ou contratados, transferidos e excludos doexerccio da docncia da disciplina pelo Estado de acordo com a autoridade eclesistica competente.

    5. da competncia exclusiva da autoridade eclesistica a definio do contedo do ensino da religio emoral catlicas, em conformidade com as orientaes gerais do sistema de ensino portugus.

    Artigo 20

    1. A Repblica Portuguesa reconhece Igreja Catlica o direito de constituir seminrios e outros

  • 5/31/15 5:49 PMUniversidade Catlica Portuguesa

    Page 5 of 8http://www.ucp.pt/site/custom/template/ucptplpopup.asp?sspageid=114&artigoID=2478&lang=1

    estabelecimentos de formao e cultura eclesistica.

    2. O regime interno dos estabelecimentos de formao e cultura eclesistica no est sujeito a fiscalizao doEstado.

    3. O reconhecimento dos efeitos civis dos estudos, graus e ttulos obtidos nos estabelecimentos de formaoe cultura eclesistica regulado pelo direito portugus, sem qualquer forma de discriminao relativamente aestudos de idntica natureza.

    Artigo 21

    1. A Repblica Portuguesa garante Igreja Catlica e s pessoas jurdicas cannicas reconhecidas nos termosdos artigos 8 a 10, no mbito da liberdade de ensino, o direito de estabelecerem e orientarem escolas emtodos os nveis de ensino e formao, de acordo com o direito portugus, sem estarem sujeitas a qualquerforma de discriminao.

    2. Os graus, ttulos e diplomas obtidos nas escolas referidas no nmero anterior so reconhecidos nos termosestabelecidos pelo direito portugus para escolas semelhantes na natureza e na qualidade.

    3. A Universidade Catlica Portuguesa, erecta pela Santa S em 13 de Outubro de 1967 e reconhecida peloEstado portugus em 15 de Julho de 1971, desenvolve a sua actividade de acordo com o direito portugus,nos termos dos nmeros anteriores, com respeito pela sua especificidade institucional.

    Artigo 22

    1. Os imveis que. nos termos do artigo VI da Concordata de 7 de Maio de 1940, estavam ou tenham sidoclassificados como monumentos nacionais ou como de interesse pblico continuam com afectaopermanente ao servio da Igreja. Ao Estado cabe a sua conservao, reparao e restauro de harmonia complano estabelecido de acordo com a autoridade eclesistica, para evitar perturbaes no servio religioso; Igreja incumbe a sua guarda e regime interno, designadamente no que respeita ao horrio de visitas, nadireco das quais poder intervir um funcionrio nomeado pelo Estado.

    2. Os objectos destinados ao culto que se encontrem em algum museu do Estado ou de outras entidadespblicas so sempre cedidos para as cerimnias religiosas no templo a que pertenciam, quando este se achena mesma localidade onde os ditos objectos so guardados. Tal cedncia faz-se a requisio da competenteautoridade eclesistica, que vela pela guarda dos objectos cedidos, sob a responsabilidade de fiel depositrio.

    3. Em outros casos e por motivos justificados, os responsveis do Estado e da Igreja podem acordar emceder temporariamente objectos religiosos para serem usados no respectivo local de origem ou em outrolocal apropriado.

    Artigo 23

    1. A Repblica Portuguesa e a Igreja Catlica declaram o seu empenho na salvaguarda, valorizao e fruiodos bens, mveis e imveis, de propriedade da Igreja Catlica ou de pessoas jurdicas cannicasreconhecidas, que integram o patrimnio cultural portugus.

    2. A Repblica Portuguesa reconhece que a finalidade prpria dos bens eclesisticos deve ser salvaguardadapelo direito portugus, sem prejuzo da necessidade de a conciliar com outras finalidades decorrentes da suanatureza cultural, com respeito pelo princpio da cooperao.

    3. As autoridades competentes da Repblica Portuguesa e as da Igreja Catlica acordam em criar umaComisso bilateral para o desenvolvimento da cooperao quanto a bens da Igreja que integrem o patrimniocultural portugus.

    4. A Comisso referida no nmero anterior tem por misso promover a salvaguarda, valorizao e fruio dosbens da Igreja, nomeadamente atravs do apoio do Estado e de outras entidades pblicas s acesnecessrias para a identificao, conservao, segurana, restauro e funcionamento, sem qualquer forma dediscriminao em relao a bens semelhantes, competindo-lhe ainda promover, quando adequado, acelebrao de acordos nos termos do artigo 28.

  • 5/31/15 5:49 PMUniversidade Catlica Portuguesa

    Page 6 of 8http://www.ucp.pt/site/custom/template/ucptplpopup.asp?sspageid=114&artigoID=2478&lang=1

    Artigo 24

    1. Nenhum templo, edifcio, dependncia ou objecto afecto ao culto catlico pode ser demolido, ocupado,transportado, sujeito a obras ou destinado pelo Estado e entidades pblicas a outro fim, a no ser medianteacordo prvio com a autoridade eclesistica competente e por motivo de urgente necessidade pblica.

    2. Nos casos de requisio ou expropriao por utilidade pblica, ser sempre consultada a autoridadeeclesistica competente, mesmo sobre o quantitativo da indemnizao. Em qualquer caso, no ser praticadoacto algum de apropriao ou utilizao no religiosa sem que os bens expropriados sejam privados do seucarcter religioso.

    3. A autoridade eclesistica competente tem direito de audincia prvia, quando forem necessrias obras ouquando se inicie procedimento de inventariao ou classificao como bem cultural.

    Artigo 25

    1. A Repblica Portuguesa declara o seu empenho na afectao de espaos a fins religiosos.

    2. Os instrumentos de planeamento territorial devero prever a afectao de espaos para fins religiosos.

    3. A Igreja Catlica e as pessoas jurdicas cannicas tm o direito de audincia prvia, que deve ser exercidonos ternos do direito portugus, quanto s decises relativas afectao de espaos a fins religiosos eminstrumentos de planeamento territorial.

    Artigo 26

    1. A Santa S, a Conferncia Episcopal Portuguesa, as dioceses e demais jurisdies eclesisticas, bem comooutras pessoas jurdicas cannicas constitudas pelas competentes autoridades eclesisticas para aprossecuo de fins religiosos, desde que lhes tenha sido reconhecida personalidade civil nos termos dosartigos 9 e 10, no esto sujeitas a qualquer imposto sobre:

    a) As prestaes dos crentes para o exerccio do culto e ritos;b) Os donativos para a realizao dos seus fins religiosos;c) O resultado das colectas pblicas com fins religiosos; d) A distribuio gratuita de publicaes com declaraes, avisos ou instrues religiosas e sua afixao noslugares de culto.

    2. A Santa S, a Conferncia Episcopal Portuguesa, as dioceses e demais jurisdies eclesisticas, bem comooutras pessoas jurdicas cannicas constitudas pelas competentes autoridades eclesisticas para aprossecuo de fins religiosos, s quais tenha sido reconhecida personalidade civil nos termos dos artigos 9 e10, esto isentas de qualquer imposto ou contribuio geral, regional ou local, sobre:

    a) Os lugares de culto ou outros prdios ou parte deles directamente destinados realizao de finsreligiosos;b) As instalaes de apoio directo e exclusivo s actividades com fins religiosos;c) Os seminrios ou quaisquer estabelecimentos destinados formao eclesistica ou ao ensino da religiocatlica;d) As dependncias ou anexos dos prdios descritos nas alneas a) a c) a uso de instituies particu1ares desolidariedade social;e) Os jardins e logradouros dos prdios descritos nas alneas a) a d) desde que no estejam destinados a finslucrativos;f) Os bens mveis de carcter religioso, integrados nos imveis referidos nas alneas anteriores ou que delessejam acessrios.

    3. A Santa S, a Conferncia Episcopal Portuguesa, as dioceses e demais jurisdies eclesisticas, bem comooutras pessoas jurdicas cannicas constitudas pelas competentes autoridades eclesisticas para aprossecuo de fins religiosos, desde que lhes tenha sido reconhecida personalidade civil nos termos dosartigos 9 e 10, esto isentas do imposto de selo e de todos os impostos sobre a transmisso de bens queincidam sobre:

  • 5/31/15 5:49 PMUniversidade Catlica Portuguesa

    Page 7 of 8http://www.ucp.pt/site/custom/template/ucptplpopup.asp?sspageid=114&artigoID=2478&lang=1

    a) Aquisies onerosas de bens imveis para fins religiosos;b) Quaisquer aquisies a ttulo gratuito de bens para fins religiosos;c) Actos de instituio de fundaes, uma vez inscritas no competente registo do Estado nos termos do art10.

    4. A autoridade eclesistica responsvel pelas verbas que forem destinadas Igreja Catlica, nos termos doartigo seguinte, est isenta de qualquer imposto sobre essa fonte de rendimento.

    5. As pessoas jurdicas cannicas, referidas nos nmeros anteriores, quando tambm desenvolvamactividades com fins diversos dos religiosos, assim considerados pelo direito portugus, como, entre outros,os de solidariedade social, de educao e cultura, alm dos comerciais e lucrativos, ficam sujeitas ao regimefiscal aplicvel respectiva actividade.

    6. A Repblica Portuguesa assegura que os donativos feitos s pessoas jurdicas cannicas, referidas nosnmeros anteriores, s quais tenha sido reconhecida personalidade civil nos termos desta Concordata,produzem o efeito tributrio de deduo colecta, nos termos e limites do direito portugus.

    Artigo 27

    1. A Conferncia Episcopal Portuguesa pode exercer o direito de incluir a Igreja Catlica no sistema depercepo de receitas fiscais previsto no direito portugus.

    2. A incluso da Igreja Catlica no sistema referido no nmero anterior pode ser objecto de acordo entre oscompetentes rgos da Repblica e as autoridades eclesisticas competentes.

    Artigo 28

    O contedo da presente Concordata pode ser desenvolvido por acordos celebrados entre as autoridadescompetentes da Igreja Catlica e da Repblica Portuguesa.

    Artigo 29

    1. A Santa S e a Repblica Portuguesa concordam em instituir, no mbito da presente Concordata edesenvolvimento do princpio da cooperao, uma Comisso paritria.

    2. So atribuies da Comisso paritria prevista no nmero anterior:

    a) Procurar, em caso de dvidas na interpretao do texto da Concordata, uma soluo de comum acordo;b) Sugerir quaisquer outras medidas tendentes sua boa execuo.

    Artigo 30

    Enquanto no for celebrado o acordo previsto no artigo 3, so as seguintes as festividades catlicas que aRepblica Portuguesa reconhece como dias festivos: Ano Novo e Nossa Senhora, Me de Deus (1 de Janeiro),Corpo de Deus, Assuno (15 de Agosto). Todos os Santos (1 de Novembro), Imaculada Conceio (8 deDezembro) e Natal (25 de Dezembro).

    Artigo 31

    Ficam ressalvadas as situaes jurdicas existentes e constitudas ao abrigo da Concordata de 7 de Maio de1940 e do Acordo Missionrio.

    Artigo 32

    1. A Repblica Portuguesa e a Santa S procedero elaborao, reviso e publicao da legislaocomplementar eventualmente necessria.

    2. Para os efeitos do disposto no nmero anterior, a Repblica Portuguesa e a Santa S efectuaro consultasrecprocas.

    Artigo 33

  • 5/31/15 5:49 PMUniversidade Catlica Portuguesa

    Page 8 of 8http://www.ucp.pt/site/custom/template/ucptplpopup.asp?sspageid=114&artigoID=2478&lang=1

    A presente Concordata entrar em vigor aps a troca dos instrumentos de ratificao, substituindo aConcordata de 7 de Maio de 1940.

    Assinada em trs exemplares autnticos em lngua portuguesa e em lngua italiana, fazendo todos f, aos 18dias do ms de Maio do ano de 2004.

    Pela Santa SAngelo Cardinale SodanoSecretrio de Estado

    Pela Repblica PortuguesaJos Manuel Duro BarrosoPrimeiro Ministro de Portugal