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Page 1: Acórdãos STA Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo ...taxfile.pt/file_bank/news2315_13_1.pdf · prescrição o regime previsto no artigo 17º, n.º 1 do RGCO após a vigência

Acórdãos STA Acórdão do Supremo Tribunal AdministrativoProcesso: 01423/14Data do Acordão: 20-05-2015Tribunal: 2 SECÇÃORelator: ARAGÃO SEIADescritores: CONTRA-ORDENAÇÃO

PRAZO DE PRESCRIÇÃOSumário: Ocorrendo sucessão de leis que estipulam diferentes

prazos de prescrição das coimas deve ser aplicável ao caso aquele que em concreto se mostrar mais favorável.

Nº Convencional: JSTA000P19037Nº do Documento: SA22015052001423Data de Entrada: 02-12-2014Recorrente: INSTITUTO DA MOBILIDADE E DOS TRANSPORTES, IPRecorrido 1: A............Votação: UNANIMIDADE

Aditamento:

Texto Integral

Texto Integral: Acordam os juízes da secção do Contencioso Tributário do Supremo Tribunal Administrativo:

O Instituto da Mobilidade e dos Transportes, IP, inconformado, recorreu da sentença do Tribunal Tributário de Lisboa (TTL) datada de 28 de Junho de 2013, que julgou procedente a oposição deduzida por A…………, à execução fiscal nº 03612011011103210 e apensos, instaurada no Serviço de Finanças de Braga 1 para cobrança de créditos decorrentes da falta de pagamento de taxas de portagem, custos administrativos e coima aplicada à ora oponente por decisão condenatória em processo de contra-ordenação relativa ao veículo com a matrícula …-…-XG.

Alegou, tendo concluído como se segue:A. O Tribunal a quo julgou a oposição procedente, considerando prescrita a coima aplicada nos procedimentos contraordenacionais, que estão na génese dos processos de execução agora em causa, regulados pela Lei n.º 25/2006, de 30 de junho.B. À data das infrações que estão na base dos processos de contraordenação já estatuía o artigo 16.º-B da Lei n.º 25/2006, de 30 de Junho, que as coimas e sanções acessórias prescrevem no prazo de dois anos.C. A Lei nº 25/2006, de 30 de junho, sofreu uma alteração profunda com a Lei n.° 66-B/2011, de 30 de dezembro, tendo por força do seu n.º 2 do artigo 177º, sido revogado o artigo 16.º-B da Lei n.º 25/2006, de 30 de junho.D. O n.º 1 do mesmo artigo 177.º da Lei n.º 66-B/2011, de

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30 de dezembro, procedeu também à alteração do artigo 18.º da Lei n.º 25/2006, de 30 de Junho, passando a constar que “Às contra-ordenações previstas na presente lei, e em tudo o que nela não se encontre expressamente regulado, é aplicável o Regime Geral das Infrações Tributárias” (nosso sublinhado).E. O Tribunal a quo aplicou a redação da Lei n.º 25/2006, de 30 de junho, dada pela Lei n.º 66-B/2011, de 30 de dezembro, considerando a revogação do artigo 16.º-B: porém não considerou a nova redação do artigo 18º que dispõe que se aplica subsidiariamente o Regime Geral das Infrações Tributárias (RGIT).F. Ora todas as alterações efetuadas à Lei n.º 25/2006, de 30 de junho, pelo artigo 177.º da Lei n.º 66-B/2011, de 30 de dezembro, entraram em vigorem 1 de janeiro de 2012.G. A aplicação no tempo de normas substantivas está regulada no Código Penal, pelo que os efeitos das alterações operadas pela Lei n.º 66-B/2011, de 30 de dezembro, também devem ser analisados à luz do preceituado naquele Código.H. No direito substantivo é necessário optar, em bloco, por um ou outro regime, sendo aplicado aquele que, na sua totalidade, seja mais favorável ao agente.I. Assim, se, se considerar a revogação do artigo 16.º-B da Lei n.º 25/2006, operada pelo nº 2 do artigo 177.º da Lei nº 66-B/2011, de 30 de dezembro, também se terá de aplicar o disposto no artigo 34.º do RGIT (por força do artigo 18.º da Lei n.º 25/2006, na redação dada pelo diploma legal supra referido) que estabelece que as sanções por contraordenação prescrevem no prazo de cinco anos a contar da data da sua aplicação.J. Ora a aplicação de um prazo de prescrição das coimas de cinco anos é mais desfavorável ao agente, pelo que, teremos de optar, em bloco, pela aplicação da redação da Lei n.º 25/2006, de 30 de junho, em que está previsto um prazo de prescrição das coimas de 2 anos (cfr. artigo 16.º-B da Lei n.º 25/2006, de 30 de junho).K. Na sentença ora recorrida foi considerada a revogação do artigo 16.º-B da Lei n.º 25/2006 de Junho, operada pelo n.º 2 do artigo 177.º da Lei nº 66-B/2011, de 30 de dezembro, e desconsiderada/esquecida a alteração ao artigo 18.º da Lei n.º 25/2006, efetuada pelo n.º 1 do mesmo artigo 177.º da Lei 66-B/2011, de 30 de Dezembro.L. Destarte, tomando em conta o invocado, impunha-se que o Tribunal a quo tivesse aplicado o prazo de prescrição de coima de 2 anos previsto no artigo 16°B da Lei n.º 25/2006, de 30 de junho, em vigor à data das

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infrações, e não o regime geral previsto no RGCO.Termos em que, e no mais de Direito aplicável, deverá ser dado integral provimento ao presente recurso, julgando-o procedente, por provado e, em consequência, revogada a sentença de que se recorre, assim fazendo, V, Exas., Venerandos Conselheiros, a costumada JUSTIÇA!Não houve contra-alegações.

O Ministério Público, notificado, pronunciou-se pela improcedência do recurso e confirmação da decisão recorrida embora com a fundamentação vertida no parecer, isto é, deve ter-se em conta o prazo de prescrição de dois anos e não de um ano. No essencial o Ministério Público entende que os dois anos a ter em conta no caso dos autos, contados da data em que a decisão da coima se tornou definitiva até à data da prolação da decisão de 1ª instância já se mostrava inexoravelmente consumada a prescrição das coimas em execução.

Colhidos os vistos legais, cumpre decidir.

Na sentença recorrida deu-se como assente a seguinte factualidade concreta:A) Corre termos no Serviço de Finanças de Braga - 1, contra A…………, o processo de execução fiscal n.º 0361201101103210 e apensos instaurado em 19/10/2011, para cobrança de taxas de portagem, custos administrativos e de coima aplicadas ao Oponente por falta de pagamento de taxas de portagem em infra-estruturas rodoviárias — cf. fls. 1 do PEF;B) Foi elaborado auto de notícia identificando o oponente como infractor por ter passado na portagem nó de Trofa Santo Tirso, Braga Sul e Maia PV - cf. fls. do PEF;C) No âmbito dos processos de contra-ordenação instaurados contra o Oponente com os n.ºs 100602279, 100602257, 1006022699, 100602264, 100602281, 100602271, 100602266, 100602256, 100602268, 100602284, 100602259, 100602273, 100602255, 100602277, 100602258, 100602260, 100602275, 100602280, 100602272, 100602262, 100602278, 100602276 e que deram origem à dívida exequenda identificada em A), foram emitidas notificações com vista à sua notificação para defesa, ou pagamento voluntário da coima;D) O arguido deduziu defesa no âmbito dos referidos processos;

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E) Foram proferidas decisões condenatórias de 9/10/2009, aplicando uma coima em cada processo no valor de respectivamente € 725,00, 860,00 e 815,00, cuja notificação foi remetida com registo e aviso de recepção, recebidos em 15/10/2009 e 22/10/2009 — cf. fls. 30, 66 e 94 do PEF;F) Em 19/10/2011 foram emitidas certidões de dívida e remetidas à Autoridade Tributária e Aduaneira cartas precatórias com vista à realização das diligências necessárias à cobrança do montante em dívida e acrescido — cf. fls. 4, 5, 48, 50, 80 e 81 do PEF;G) O Oponente foi citado no processo executivo identificado em A), em 5/11/2011 - cf. fls. 46.Nada mais se deu como provado.

Há agora que apreciar o recurso que nos vem dirigido.A questão respeitante à prescrição das coimas colocada nos presentes autos já não é nova e já mereceu resposta por parte deste Supremo Tribunal no acórdão datado de 03/12/2014, recurso n.º 01043/14, cuja argumentação seguiremos aqui de perto, uma vez que a situação fáctica é muito semelhante.Assim, dir-se-á:Na medida em que não se questiona a factualidade dada como provada há que apreciar, apenas, se a sentença decidiu bem ao considerar ser aplicável à invocada prescrição o regime previsto no artigo 17º, n.º 1 do RGCO após a vigência da Lei n.º 64-B/2007 de 30/12, que veio instituir um regime de prescrição cuja temporalidade dependia do montante da coima aplicável e que seria de 3 anos ou um ano ou, se como salienta a recorrente, o regime a aplicar seria antes o previsto no artigo 34º do RGIT ou seja de 5 anos a contar da data da aplicação da sanção, sendo contudo de aplicar o regime mais favorável do artigo 16º-B da Lei 25/2006 que é de dois anos.VejamosNos termos do disposto no artigo 16.º-B da Lei n.º 25/2006, vigente à data da prática e condenação da infracção, o prazo de prescrição das coimas aí previstas era de 2 anos, sendo certo que, nos termos do estatuído no artigo 18.º da mesma Lei, às situações não expressamente previstas aplicava-se o regime previsto no RGCO.A Lei n.º 66-B/2011 de 30 de Dezembro entrou em vigor em 01/01/2012 e revogou o artigo 16º-B da Lei n.º 25/2006.Por força desta alteração passou a ser aplicável às contra-

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ordenações previstas na Lei n.º 25/2006 o prazo prescricional estabelecido nos artigos 33º e 34º do Regime Geral das Infracções Tributárias (RGIT).Este artigo 34º do RGIT estipula que prescrevem no prazo de 5 anos a contar da sua aplicação as sanções aplicadas, sem prejuízo das causas de interrupção e suspensão previstas na lei geral.Todavia o artigo 3º do RGIT determina também ser subsidiariamente aplicável às contra-ordenações e respectivo processamento o regime geral do ilícito de mera ordenação social ou seja o regime constante do DL n.º 433/82 de 27/10 com as alterações posteriormente introduzidas.Decorrendo do referido artigo 34º do RGIT que o prazo prescricional aplicável é mais gravoso que o regime do RGCO, sendo, por isso, este mais favorável ao recorrido, face à data da aplicação das coimas em apreço, o regime que então vigorava, que como deixámos já referido era o do artigo 16º-B da Lei n.º 25/2006 e do RGCO, pelo que, é este que mais favorece o recorrido, repete-se, sendo-lhe por isso aplicável, “ex vi” do disposto no artigo 2º nº 4 do Código Penal.Prevê o artigo 30º do RGCO que a prescrição da coima se suspende durante o tempo em que por motivo legal a execução não possa iniciar-se e o artigo 30º-A do mesmo RGCO estipula que a prescrição da coima se interrompe com a sua execução, mas que a prescrição da coima ocorre quando desde o seu início e ressalvado o tempo de suspensão tiver decorrido o prazo normal de prescrição acrescido de metade.Porque, como realça o Mº Pº, do probatório não resulta a ocorrência de qualquer facto suspensivo da prescrição, tendo em consideração que, face aos factos provados, a decisão de aplicação das coimas se tornou definitiva o mais tardar em meados/finais de Fevereiro de 2010, pelo que, à data em que foi proferida a sentença recorrida -28/06/2013- já há muito se havia completado o prazo prescricional concretamente aplicável.

Face ao exposto, acordam os juízes deste Supremo Tribunal Administrativo em negar provimento ao recurso que nos vinha dirigido, ainda que com diferente fundamentação da sentença recorrida.Custas pela recorrente.D.n.Lisboa, 20 de Maio de 2015. – Aragão Seia (relator) – Casimiro Gonçalves – Francisco Rothes.

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