acordao tj ms aposentadoria compulsoria1

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S ...,- '. \ ( \ '. ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTiÇA GABINETE DA PRESIDÊNCIA .J 00323'\ C5T 1.----,-- ! or. 100.01.232 Campo Grande, 30 de junho de 2010. SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICA SEÇAO DE PROTOCOLO DE PETICÕEs' 01 JUL 2010 16:51 - 00180525 11111111" 1111111111 "111111 Ref.: REsp n° 956388 - UF: MS - Reg: 2007/0098994-2 Ass.: Informação (presta) Excelentíssimo Senhor Ministro, Conquanto não diga respeito aos fatos especificamente apurados no processo em referência, levo ao conhecimento de V. Exa. acórdão proferido pelo Órgão Especial deste Tribunal no Processo Administrativo Disciplinar n. 066.158.0005/2009, instaurado contra a magistrada Margarida Elisabeth Weiler, a qual figura como ré e Recorrida no Recurso Especial n. 956388. Conforme se vê, foi aplicada à magistrada a pena de aposentadoria compulsória por interesse público, com vencimentos proporcionais ao tempo de serviço, nos termos da Resolução n. 30 do CNJ, t do em vista a prática de novas faltas. Atenciosamente, Des. Elpídio Helvécio Chav Martins Presidente do Tribunal de Jus .ça / MS Ao Excelentíssimo Senhor Ministro JORGE MUSSI Superior Tribunal de Justiça Brasília - DF Av, Mato Grosso, Bloco 13 - Campo Grande - Parque dos Poderes - MS r.I=P 70n'>.1_0n? _ T"I (1';7\ '>.'>.1.4_1.400 _ \AI\AN\I time:: ille:: hr

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Page 1: Acordao Tj Ms Aposentadoria Compulsoria1

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ESTADO DE MATO GROSSO DO SULPODER JUDICIÁRIOTRIBUNAL DE JUSTiÇA

GABINETE DA PRESIDÊNCIA

.J

00323'\C5T1.----,-- !

or. n° 100.01.232 Campo Grande, 30 de junho de 2010.

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICASEÇAO DE PROTOCOLO DE PETICÕEs'

01 JUL 2010 16:51 -

0018052511111111" 1111111111 "111111

Ref.: REsp n° 956388 - UF: MS - Reg: 2007/0098994-2Ass.: Informação (presta)

Excelentíssimo Senhor Ministro,

Conquanto não diga respeito aos fatos especificamente apurados noprocesso em referência, levo ao conhecimento de V. Exa. acórdão proferido peloÓrgão Especial deste Tribunal no Processo Administrativo Disciplinar n.066.158.0005/2009, instaurado contra a magistrada Margarida Elisabeth Weiler, aqual figura como ré e Recorrida no Recurso Especial n. 956388.

Conforme se vê, foi aplicada à magistrada a pena de aposentadoriacompulsória por interesse público, com vencimentos proporcionais ao tempo deserviço, nos termos da Resolução n. 30 do CNJ, t do em vista a prática de novasfaltas.

Atenciosamente,

Des. Elpídio Helvécio Chav MartinsPresidente do Tribunal de Jus .ça / MS

Ao Excelentíssimo Senhor MinistroJORGE MUSSISuperior Tribunal de JustiçaBrasília - DF

Av, Mato Grosso, Bloco 13 - Campo Grande - Parque dos Poderes - MSr.I=P 70n'>.1_0n? _ T"I (1';7\ '>.'>.1.4_1.400 _ \AI\AN\I time:: ille:: hr

Page 2: Acordao Tj Ms Aposentadoria Compulsoria1

Tribunal de Justiça de J:lato Grosso do Sul

Órgão Especial

TJ-MS ') ~.. Vn.: !7"'

066.258.0005/2009

J

00".2'"j J ~

C5TProcesso Administrativo Disciplinar - N. 066.158.0005/2009 .Relator - Exmo. Sr. Des. Claudionor Miguel Abss Duarte.Requerente - Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul.Requerida - M.E.W. (Advs. Drs. Sebastião Rolon Neto - OABIMS n° 7.689 e

Jorge Augusto Bertin - OAB/MS nO7.550).

E ME N T A PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR- MAGISTRADA - CONDUTAS INCOMPATÍVEIS COM A DIGNIDADE, AHONRA E O DECORO DAS FUNÇÕES - ABUSO DE PODER - PRELIMINARESEXAMINADAS JUNTAMENTE COM O MÉRITO - REJEITADASANTECEDENTES - ESTATUTO DA MAGISTRATURA - PENA DE REMOÇÃOCOMPULSÓRIA JÁ APLICADA SEM RESULTADO PRÁTICO - PENA DEDISPONIBILIDADE APLICADA EM OUTRO PROCESSO DISCIPLINAR, COMTRÂNSITO EM JULGADO - APOSENTADORIA COMPULSÓRIA PORINTERESSE PÚBLICO - REPRESENTAÇÃO ACOLHIDA.

Aplica-se á pena disciplinar de aposentadoria compulsória, por interessepúblico, com vencimentos proporcionais ao tempo de serviço, nos tennos do art. l°. V, edo art. 5°, lI, da Resolução n. 30, do Conselho Nacional de Justiça, à magistrada que,agindo com abuso de poder, comete infrações graves, atentatórias ao Código de Ética daclasse, incompatíveis com a dignidade, a honra e o decoro de suas funções,comprometendo a imagem do Poder Judiciário.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes do ÓrgãoEspecial do Tribunal de Justiça, na conformidade da ata de julgamentos e das notastaquigráficas, à unanimidade, aplicar a pena de aposentadoria compulsória à requerida, nostennos do voto do relator. Declararam suspeição o 5° e 14° vogais. Ausente justificadamente o 4°vogaL

---Campo Grande, 23 de junho de 2010. ~-----

~~crz~~

Des;..~rlVíigueI Abss Duarte - Relator

Page 3: Acordao Tj Ms Aposentadoria Compulsoria1

~~~ c1f;91066.158.0005/2009

RELATÓRIOO Sr. Des. Claudionor Miguel Abss Duarte

O Corregedor-Geral de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul; DE'S.JOSUÉ DE OLIVEIRA, por meio da Portaria n° 001/2009, de 04 de fevereiro de 2009,instaurou Sindicância com vistas à apuração de denúncias de irregularidades fonnuladas em faceda Juíza de Direito da Vara Única da Comarca de Anaurilândia, DR3 MARGARIDAELISABETH WEILER.

Os considerandos da referida Portaria resumem os fatos que autorizaram amedida administrativa tomada, a saber:

"a) consiclerando haver chegado ao conhecimento deste órgão informaçõesacerca de possivel desvio de Conduta da magistrada MARGARIDAELISABETH WEILER, a quem se imputa agir em conluio tom LUIZEDUARDO AURICCHJO BOTTURA, no sentido de obterem vantagem ilici/aem face de terceiros, bem como de constrangê.los por meio de processosjudiciais;b)considerando a existência de reclamação administrativa veiculadaperante esta Corregedoria-Gera/de Justiça, ddndoconta dos fatos tratadospela imprensa;c) considerando que estes fatos _ensejaram grande reperCllS~iit:J_1Jgçfº!1ªl,_

--------- ------coiijbnifriie eitraiàá -âésiacCidddiji,iãOrios-inaios decomunicação; seguidasde severas maniftstações das secciotlqis da ()rdem dos Advogados do Brasil,páulista e sul.,mato.grossense;d) consiclerando os indícios de que o patrocínio eJe LUIZ EDUARDOAURICCHJO BOITURA foi exercido pelo advogado EDUARDO GARCIADA SILVEIRA NETO, com quem a magistrada alegadamente mantémrelação afetiva more lIXorio;e) considerando que referida mágistrâda teria proferido diversas decisõesfavoráveis a LUIZ EDUARDO AURlCCHIO BOTTURA; posteriorment~cassadas em grau de recurso, por manifesto desacordo com o Direito;j) consideraneJoofato de a Seção Criminal do Tribunal de Justiça do Estadode Mato Grosso do Sul (er comunicado a Corregedoria, rio sentido de que amagistrada, no bojo de um inqu#rito policial em que figurava comoquerelante JOSE EDUARDO AURlCCHIO BOTTU'RA, lieterminou aexpedição de cartasprecat6riclspdta busca e apreensão de coisas;g) _considerando que estes faros constituem claros indicias de que a citadajuíza se vale do cargo para a prática de lI'regularidades;h) considerando que por ariterioresdesvlo$ de conduta a magistrada joiapenada pelo Tribunal de Justiça com remoção compulsória, após regularprocedimento administrativo, e foi recentemente condenada em ação deimprobidade perante o Juízo da Comarca de Caarapó, [e} pelos mesmosfatos está sendo processada criminalmente;i) considerando que a perpetuação da situação narrada sem a adoção deprovidênCias urgenteS enseja ampla repercussão negativa no meio juridico eprejuízo à prestcrção jurisdicional na Comarca de Anaurilândia, causandodesgaste à imagem do Poder Judiciário e, por isso, maljerindo o interessepúblico;j) considerando a premente necessidade de investigar e apurar a verdadesobre mencionados fatos,RESOLVE:Instaurar sindicância emface de lvlARGARlDA EL1SABETH WElLER, Juízade Direito da Comarca de Anaurilândia, para apuração de seu envolvimento

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e eventual associação com LUIZ EDUARDO AURICCHIO BOTTURA paraobtenção de vantagens ilícitas por meio do ajuizamento de ações Judiciais(ar/. 169, V, do RITJMS). "(F. 02-05).Instaurada a Sindicância referida, sob o nO 2009.960073-4 (Ped. Provo

066.152.0021/2009), o Corregedor-Geral da Justiça encaminhou, com as devidas justificativas,solicitação ao Presidente do Conselho Superior da Magistratura, Des. ELPÍDIO HELVÉCIOCHAVES MARTINS, no sentido de propor ao Órgão Especial o afastamento preventivo dareferida magistrada, o que foi acolhido, por unanimidade, pelo Colegiado, em 11 de fevereiro de2009, nos autos 066.152.0009/2009, efetivado no dia 13 de fevereiro de 2009 e prorrogado, naforma legal.

O mencionado afastamento foi absorvido pela pena disciplinar deDISPONIBILIDADE, decisão essa transitada em julgado, que lhe foi aplicada, em 2 dedezembro de 2009, nos autos do PAD n° 066.158.0003/2009, em vista do cometimento deinúmeras infrações funcionais, tais como a indicação à nomeação de seu companheiro, oadvogado EDUARDO GARCIA DA SILVElRA NETO, para o cargo de Juiz Leigo do JuizadoEspecial da Comarca de Anaurilândia; permissão para que a Conciliadora do Juizado Especial,LÓIDE STÁBILE LIMA, presidisse audiências em que seu esposo, o advogado NAPOLEÃOPEREIRA DE LIMA, representava o interesse de uma das partes; locomoção a outra Unidade daFederação, sem o conhecimento do Tribunal de Justiça, acompanhada de advogado, Delegado eum Agente de Polícia, para diligência de prisão de seu ex-companheiro; e reunião dos servidoresdo fórum de Anaurilândia, para exibir cenas da filmagem da referida prisão, circunstâncias quegeraram apreensão entre os "servidores da comarca ante a hipótese da Df" MARGARIDAreassumir as funções, uma vez que suas atitudes revelam a ()stentação de poder e rigordesmedido" (f. 211), "em menosprezo à toga e escancarando o intuito intimidatório dosfuncionários subordinados ( ..), não aceitando outra atitude senão a obediência" destes (f. 218).

Na fase de Sindicância, foi realizada inspeção na Comarca de Anaurilândia,sob a presidência do ExmO Sr. Des. JOSUÉ DE OLIVEIRA, Corregedor~Gera1 de Justiça,coadjuvado pelos Juízes Auxiliares da Corregedoria-Geral de Justiça, Drs. RUY BARBOSAFLORENCE e FÁBIO POSSIK SALAMENE, onde se coligiram diversos documentos epromoveram-se as oitivas de cerca de 28 (vinte e oito) pessoas, entre servidores do PoderJudiciário, policiais, Juízes de Direito, advogados, particulares e o prefeito do Município, tendosido confirmadas, à exaustão, as suspeitas de irregularidades praticadas pela magistrada, a qual,em DEFESA PRÉVIA, negou os fatos, requerendo o arquivamento do pedido de instauração deprocesso disciplinar (f. 2.394-2.402).

Em sessão de 17 de junho de 2009, o Tribunal Pleno acolheu, por votaçãounânime, nos autos de Pedido de Providências n. 066.152.0021/2009, o pedido de instauração dopresente processo administrativo disciplinar contra a requerida, acórdão que recebeu a seguinteementa:

"EMENTA - PEDIDO DE PROVIDÊNCIAS - MAGISTRADO - INDÍCIOSDA PRÁTICA DE ATOS OUE BENEFICIAM DETERMINADO AUTOR DEGRANDE NÚMERO DE ÃÇÕES - OFENSA AO CÓDIGO DE ÉTICA DAMAGISTRATURA - APURAÇÃO NECESSÁRIA.Havendo indícios sobre cometimento de abuso de poder e de falta deserenidade em atos praticados por magistrado, impõe-se a instauraçc70 deprocedimento administrativo disciplinar para apuração dos fatos. JJ (F.2.414).O Processo Administrativo Disciplinar, registrado sob o nO

066.158.0005/2009, coube a mim por distribuição, tendo sido determinada a citação damagistrada, que recebeu cópia do referido acórdão.

As mencionadas conduta,; incompatíveis, delineadas no acórdão do TribunalPleno desta Corte, que autorizou a abertura do presente Processo Administrativo Disciplinar (f.

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x.J...,M,S . c:'!ln. : .,i1.,g;::;;>06ô.158.0005/2009

..)2.414..,2.421), referem-se à associação da magistrada com o engenheiro LUIZ EDUARDOAURICCHIO BOTTURA, deduzidas a partir dos seguintes fatos:

a) participação da juíza no engendramento de ações propostas por LUIZEDUARDO AURICCHIO BOTTURA, bem como seu concurso no sentido de permitir, ao autordas deman(ja$, vantagens patrimonia,is ilícitas;

b) a magistrada e seu convivente, o advogado EDUARDO GARCIA DASILVEIRA NETO, precedentemente ao ajuizamento das centenas de demandas por LUIZEQUARÚO AUR.ICCHIO BOTTURA, mantiveram concerto como autor des~as ações;

c) apurou-se que, depois de ajuizadas as ações, a Dra. MARGARIDAdispensava tratamento diferenciado ao autor e aos processos com ele relacionados, inclusiveexigindo prioridade, bem assim que seu cOmpanheiro (o advogadO EDUARDO GARCIA)lançava despachos em processos de competência da magistrada, para que ela símplesmenteassiI1asse, ~em prejuízo de eventualmente executar materialmente as determinações judiciais,mediante utilização de senhastlSllrpadas da escrivã LOSÂNIALOPES DA SILVEIRA FARIA edo escrevente GILBERTO JOSÉ DOS SANTOS, ambos sujeitos ao poderhieriírqwco da juíza;

d) a magistrada.proferiu dec,isõesabsurdas, poris$o im~iatamente cassadasem ..segunda instância. tais como ..0 arbitramento. de pensão alimentíCia em favor do Sr.BOTTURA, no valor deR$ 100;000,00 (cem mil reais) mensais, a serem pagos Pêlo seu eX-sogro, SI. ADALBERTO BUENONÊITO, em ação cautelar deair+Jhlmento de bens (autos n.

- ..JL~;ºZ,ººZ47.9-2), intentada em 6.1L2007,sob.opatrocímo-d{}.aGvoga<Ío-EDUAROO.-eAR€IkDA SILVEIRA NETO, inscrito na OAB-SP sob o n. 205.194~ fatos que demonstram que amagistrad~ valendo-se do seu cargo, procurou obter vantagem ilícita a seu favor ou .deterCéito~

e) nessa mesma demanda, além do pensionamento, amagístrada, sob osingelo fundamento de constituírem ''medidas necessáti~ à instI:uçãodo' felto'\ deferiu ae.xpedjç~o.dos ofícios que implicam na quêbrá de si'gilofiscal, bancário, telefônico e telemáticodos requeridos, a despeito dettatar-!;ie de cautelar de arrolamento de lJens;

f) verificou-se, também, que o~. oocios expedido~pela magistradaespecificaram bens não descritos no processo, dehOtando que aquelapqssqí(3. <;o~ecimento de;fatos hão constantes nos autos, .possive1mente.por manter relação de pr04!midade com o Sr.BOTTURA; . ., .

g) a. magistrada, em violação à lei processual; lançou despacl1Qs e decisõesquandoincompetente para fazê:'lo; , . .... .. ..

h} a parcialidade da magistrada ficou ainda mai~~vi4~Ilt~,à D;l~~idaem que,ao pro;€bri:lhªd~~isão, tecdeuc:logiosgratuitos a LUIZ EdDUARD?IAURICCHI

ddO~O::rUd~.' tall's .1

como ..' :t1 .autismo aca. ênucÓ tloal,ltor'€ 'de seu grane poteficla ~tnpreen. e pr .e O .. lSC1PU o[BOTTURA] superou o mestre [ex-sogro, parte na ação]"; . . . ' '. , . . '. .

1) LUIZ EDUARDO ÀURICCHIOBOT'fURA, como dito, conUivacom ofavoreçimento da magistrada. Por i~so, além de tentar obter proveito econômico, passou a atacarpessoas ligadas aos seus ádversários ou àqueles que se.antepuseram às suas pretensões~ medianteo ajuizamento de centenas de ações cíveis e criminais; conforme se verifica em consulta ao SAl- Serviço de Automação do Poder Judiciário de MS, só em Ánaurilândia, LUIZ EDUARDOBOTTUR.A. ajuizou 87 (oitenta e sete) queixas-crimes, sendo a grande maioria proposta em facede advogados de seus .adversários, em decorrência de manifestaçÕés processuais, algumas destasocorridas em processo que tramitavam em Outros estados; em todos esses casos, a magistrada.dizendo que as queixas estavam formalmente em ordem, designou audiência nos termos do art.520 do cpp e, eventualmente, admoestando os advogados de que a imunidade do art 142 doCódigo Penal não era absoluta e que a excludente só poderia ser verificada após a instrução dofeito, .caso a queixa fosse recebida; com isso, Obviamente antecipava b recebimento da açãopenal e instruiria o processo, caso não houvesse reconciliação entre. as partes; .i$50 fatalmentepermitiria que a persecuçâo criminal desenvolvida por EDUARDO BOTTURA servisse deinstruInento de vingança ou mesmo a qualquer outro sentimento incompatível com os preceitos

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066.158.0005/2~

que devem reger uma relação processual; reforça essa conclusão o fato de que, com oafastamento da magistrada, as queixas-crimes iniciadas por LUIZ EDUARDO BOTTURA foramsumariamente rejeitadas pelo Juiz ROBSON CELESTE CANDELORIO, tão logo foradesignado para responder pela comarca de Anaurilàndia.

Ao oferecer DEFESA, a f. 2.449 a 2.460, â acusada alegou, emPRELIMINAR, a impossibilidade de se investigar suas decisões, porque:

a) todos os indícios levantados seriam fruto de sua atividade jurisdicional, nãopodendo, a teor do art. 41 da LOMAN, ser julgada por suas decisões; e

b) todas as decisões teriam sido imparciais e motivadas, tendo julgadoconforme seu livre convencimento, estando os atos judiciais sujeitos a recurso.

Olvidando o conteúdo do acórdão, acrescentou que a ementa seria vaga, poisnão mencionou nenhuma acusação de forma objetiva, conforme impõe o ~ 4° do art. 7° daResolução n. 30 do CNJ.

No tocante ao MÉRITO, a requerida refutou todas as acusações, apresentandoas seguintes justificativas, que se louvariam nas declarações das testemunhas ouvidas no PAD066.158.0003/2009, no qual foi aplicada a pena de DISPONIBILIDADE, transitada em julgado,submetidas ao crivo do contraditório, e nos documentos juntados, inclusive relatórios decorreições teal izadas pela Corregedoria-Geral de Justiça deste Estado, bem assim declaraçõesfirmadas por membros da comunidade jurídica de AnªuriIândia, que atestariam a sua integridade,lisura e eficiência enquanto esteve à frente da referida comarca:

1) os empreendimentos do Sr. BOTTURA na pequena cidade de Anaurilândiaforam noticiados pela imprensa local quando de sua chegada, sendo esta a fonte da magistrada ede seu companheiro (convivente), Sr. EDUARDO GARCIA DA SILVEIRA NETO, advogadoespecializado em direito eletrônico, que tão somente foi procurado pelo Sr. BOTTURA quandoeste já se encontrava instalado em Anaurilàndia;

2) o Dr. EDUARDO GARCIA advogou para o Sr. BOTTURA em tãosomente uma ação judicial e em um pedido de abertura de inquérito policial, tendo depoisrenunciado às mesmas ainda em 2008;

3) jamais a defendente e seu companheiro tiveram conhecimento ou contatocom EDUARDO BOTTURA, antes de este chegar a Anaurilândia, sendo caluniosa a alegação deque eles "mantiveram concerto com o autor dessas ações";

4) não deu preferência ao autor das demandas, EDUARDO BOTTURA. vistoque sempre tratou a todos, partes e advogados, sem qualquer privilégio e com muitatransparência, sempre na presença de testemunhas;

5) não houve usurpação de senha por parte do advogado EDUARDOGARCIA, uma vez que os servidores apenas solicitavam ajuda do Dr. EDUARDO, juiz leigo nacomarca, para auxiliá-los com o manejo das ferramentas do SAl - Sistema de Automação doJudiciário de Mato Grosso do Sul;

6) não se pode imaginar o motivo que levou o Sr. BOTTURA a escolher aComarca de Anaurilândia como local de residência, mas também não se pode afirmar, como feza Con'egedoria, em seu relatório, de forma precipitada e sem provas, de que o referido senhorescolheu o MuniCípio por força de uma suposta aproximação da magistrada;

7) a maior prova de que a magistrada I1ãotem interesse algum nas inúmerasações promovidas pelo Sr. BOTTURA é que, desde agosto de 2008, de fonna espontânea, se deupor impedida em todos os processos onde ele fosse parte, e, desde março de 2009, está afastadade suas funções por determinação deste Tribunal, porém, mesmo assim o Sr. BOTTURAcontinua residindo e demandando intensamente na Comarca de Anaurilândia e nesta Corte, ondetem centenas de feitos em tramitação;

8) não há no inquérito administrativo sequer um único indício defavorecimento da magistrada ao Sr. BOTTURA ou de que tenha se favorecido ou beneficiado aterceiros, em virtude de suas decisões, que foram devidamente motivadas.

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TJ-M$ "')~n.: "-",.,,,066.158.0005/2009

Requereu o acolhimento da preliminar, com li extinção de plaqo dO presentefejtobe, sea,lcat1çado o 'mérito, pugna pela SuaÍnocênêia.

A f. 2.?64, proferi despacho, orc.renand()o segllitité:a) a autuação em separado das exceções de suspeição e impedimento, bem

tomo a intimação dos excep~os para apresentação de resposta no prazo de 10 dias; medidas quenão suspenderam o andamento do processo principal, conforme aplicação subsidiária do art. 111do CPP;

b) a preliminar será analisada com o mérito pois com este se confunde, umavez que existem outros fatos atribuídos à investigada;

c)a especificação, pela defesa, no prazo de 5 (cinco) dias, sob pena deprceclusão,das provas que pretende produzir, justificando a pertinêl1cia (Je cada,'uma., após o queserá analisadaél necessidade de produç~o de outras provas.

A f. 2.570, foi detetminadaa anotaç.ão nos autos sobre o ,acolhimento <lãsexceções, em virtude do reconhecimento delas pelos Exmos Desembargadores RÊMOLOLETTERIELLO e DIVONCIR SCHREINER MARAN. '

Posteriormente, veio a lume, a f. 2.572.2.573,al:lpresen~ção cios nomes dastestemunhas arroladas pela ácusada, téndo sido deferida, por meio do despacho ,de f. 2.575-2.576, a produção das provas oràis e dêcumentais requeridas pela defesa" bemassi(l1 deliberado,nos termosdoart 9°, ~ 1°, da Resolução n. 30/2007, do cru, a()itivade~ive~aS testemunhas,

.., entre_claso. Sr.LUIZ.EDUARDOÀURicCfIIO-.BOTIlJRA--€"o-Sr.-EHUARDO-G-ARcrA-B-ASItVEIRANETO (~()nviventeda acusada).

Foi, taillbém, no mesmo despacho, requisitado ao jUízo competente cópiaintegral da Cautelar de Arrolamento de Bens, processo n. 022.07.()02479-2{autua90emapenso)~e marcado o Interrogatório da acusada, queJoi realizado nodi~ 22 de.ou,tu,bio,de 2009, às8h, nopleQáriQdeste Sodalício, ficando estabelêcido que as testemunhas arroladas pOr este Juízo e pelaacus~da seriam ouvidas em audiências a serem realizadas n~s respectivas comarcas de domicíliodas mesmas. Na data aprazada, a requerida foi jntelTo~da (t: 2.599-2600 é 2.611-2;620).Durante a instrução, foram ouvidas 11 (onze) testenlUrihas(2.671 a 2.755).

Em ALEGAÇÕES FINAIS, ó Ministério Público, por meio do Procurador-Geral da Justiça, Dt. MIGUEL VIEIRA DA SILVA, após resp~gar os pontosi;:ssenciais dl:lSprOvas dos autos; sustentou que a péssima cOllduta daaéusadã constitui Qbstáculoà suapeI1l1anência na magistratura, autorizando a áplicação da pena deapo~enfildoriª c~mpuJsória, porinteresse público, nos termos .do art. 'so da Res()luçãOn°.3Ú/2007, do CNJ, umll vez que teriaprocedido de forma incompatível' com a dignidade, a honra e o <tecoro d~ suas funções eapresentado proceder funcional inco;Illpatívelcomo bom desempenho das atividades do PoderJudiciário, motivo pelo qual opinou pela procedência do processo administrativo (f. 2.761-2.777).

Aberta vista para a requerida apresentar ALEGAÇÔES FINAIS, esta reiterouo quanto alegado na defesa, acrescentando (f. 2.783-2.803):

. PRELIMINARMENTE:Os.depoimentosprestadbsna fase de sindicância investigativa nã~ podem, em

hipótese algUllla, servir Cornofundamento para punir a magistrada, devendo ser absolutamenteafastados neste julgamento, que somente poderá ser reaIizad() com'fundamento nOSdepoiméntoscolhidos sob o manto do contraditório e das provas colacionadas após a citação da magistrada nopresente feito investigativo. .

NO MÉRITO:Reafirmou a tese esposada na defesa, de que não agiu com desvio de conduta

em conluio com LUIZ EDUARDO AURICCHIO BOTTURA, requerendo, ao final, a declaraçãode improcedência e o respectivo arquivamento do procedimento administrativo.

É o que havia a ser relatado.

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"É impressionante o seu modus operandi. Ele se aproxima, ganha aconfiança das pessoas e, então, essa relação invariavelmente termina numlitígio judicial. " (F. 08). Sublinhei.Além disso, consta em notícia veiculada no portal eletrônico da TV Morena o

TJ-MSEL. :

066.158.0005/200~~,

Em atenção ao 9 6° do art. 9° da Resolução n. 30/2007, do CNJ - ConselhoNacional de Justiça, remetam-se, aos demais pares do Órgão Especial, cópias do relatório daSindicância de f. 2.285-2.348, do acórdão de fls. 2.414-2.421, da defesa de f. 2.449 a 2.460, dasalegações finais da requerida, de f. 2.783-2.803, e das alegações finais da Procuradoria-Geral daJustiça, de f. 2.761-2.777, podendo, conforme a preferência dos julgadores, ser disponibilizadoCD com as peças digitalizadas.

VOTO

o Sr. Des. Claudionor Miguel Abss Duarte (Relator)Versam os presentes autos sobre o Processo Administrativo Disciplinar

instaurado em face da Juiza de Direito da Vara Única da Comarca de Anaurilândia, DfMARGARIDA ELISABETH WEILER, pela prática de atos em sua função judicante que, emtese, atentam contra o Estatuto da Magistratura e, consequentemente, contra o Código de Éticado Magistrado.

A sindicância foi instaurada, por força do art. 169, V, do Regimento Internodesta Corte, com o escopo de investigar a referida magistrada, afim de se apurar o seuenvolvimento e eventual associação com o Sr. LUIZ EDUARDO AURICCHIO BOTTURA, nosentido de obterem vantagens ilícitas em face de terceiros, bem como constrangê-los por meio deptocessos judiciais.

O objeto principal do suposto conluio estaria centralizado no interesseprioritário do Sr. BOITURA em buscar, obstinadamente, os seus eventuais direitos, calcados embilionário contencioso jurídico estabelecido a partir da separação judicial de sua esposa, SrPATRíClA BUENO NETTO BOITURA, e de sua suposta participação na sociedade dasempresas de seu sogro, Sr. ADALBERTO BUENO NETTO, empresário bem-sucedido do ramoda Construção Civil, com domicílio na cidade de São Paulo.

Saliente-se que o perfil do Sr. BOTTURA, traçado por ele mesmo, é o de umjovem empresário da internet com inteligência acima da média, polêmico, obstinado, destemidoe empreendedor, que não mede sacrifícios para atingir seus objetivos, o qual, de acordo comentrevista dada por seu ex-sogro, à Revista Eletrônica "Isto É Dinheiro", utilizaria da seguinteestratégia:

seguinte:"Segundo a Polícia, Bottura tem mais de 900 processos judiciais tramitandot:ontra ele, por crimes como estelionato, contra a honra, extorsão, uso dedocumento/a/so, coação, denúncia caluniosa ejalsidade ideológica.Ele é considerado um dos maiores golpistas da Internet. Juntas, as empresasque abriu para venda de produtos pela rede tem mais reclamações do que asempresas de telefonia. Somente em Tocantins, onde agiu durante cinco mesesem 2006, obteve com seus golpes aproximadamente R$ 18 milhões. " (F. 23).Destaquei.De fato, é surpreendente a vocação do Sr. BOTTURA para se envolver em

processos judiciais. Só no Juizado Especial Cível e Criminal da Comarca de Anaurilândia,"apurou-se que foram apresentadas mais de 800 (oitocentas) petições" (f. 208), constando que,neste Tribunal de Justiça, já chegaram a tramitar cerca de mil ações pertinentes ao referido

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TJ-MS'l J!,b?:>n. ':. <'Y ,

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'\:Jsenhor, em grande parte delas despontando como autor de queixas-crimes por calúnia, diíàmaçãoe injúria, bem como exceções de suspeição contra advogados e magistrados. A título de exemplo,apenas eu fui relator de mais de 100 (cem) queixas-crimes, com base em apenas um fato, que eleajuizou contra único magistrado., Ao depor como testemunha, nestes autos, o Sr.B,OTTURA jé;lctoU"'sc,enfaticamente, de ser "autor de mais de tem mil ações no Brasil" (f 2.737).

Cotejando-se os antecedentes da requerida, descritos no relatório, comestelacônico perfil do Sr. BOTTURA, pode-se deduzir~ pela afmidadeentreambos, quenãa sãoinfundadas as suspeitas que recaem sobre a conduta da magistrada.

Durante o transcorrer da Sindicância restaram confirmadas, à saciedade, assuspeitas de irregularidades praticadas pela magistrada, que culminou com a instauração dopreSente Processo Administrativo Disciplinar, autorizado, à unanimidade, pelo Tribunal Plenodesta Corte, em 17 de junho de 2009 (acórdão de £2.414-2.421).

Feita esta breve introdução; convém esclarecer ql1C as PRELIMINARESlevantadas pela requeridé;l, devido, ao entrelaçamento coma questão de fundo, conforrtleestabeleçidono despacho de f. 2.$64, deverão ser analisadasjtihtamentecom o mérito.

Nos tel'lTlOSdOarl 7°, ~4°, da Resolução nO30, do Conselho Nacional deJustiça - CNJ, a imputação dos fatos e O teor da acusação serão delimitados noacórdâoquedeterminou a instauração do processo administrativo; a saber:

_0_ .. ,"~_"_~ __ , ,,____ _ ._._ ., __ , 'iA'1,"t-.-,---7~.,.__ .. ',_.. ."" ' _. , o ••• • _

(. ..)f 4° [)eterminada a instauração do processo, o respectivo acórdão [nãoapenas a ementa, como (ifirmado na defesa) conterá a imputação dos jatos ea delimitação do teor da acusação. j, Observação e destaque meus. .Na hipótese, o fato central delimitador qaacusação, cQntídonoacórdãoe

atribuído como infração disciplinar, é o seguinte: .. .,Pal1jcipaçã9 da magistrada no engendmmcnto das ações propostas por

LUIZ EDUARDO AlJRICCHIO BOTTURA, bem como seu con~uJ"Só DÓ sentido depermitir ao autor das demandas '\'antagtms patrimoniais ilícitas .

.Esta imputação constitui a essência do Processo Administrativo, a quaIseprojeta nos itens seguintes, que são desdobramentos do anterior, nos quais ,serão dissecados, uma um, OS. atos praticados pela requerida, concluindo-se se eles São ou nãoptocedentes e até queponto podem ser interpretados como fªtos materializadorcs da.infração, admiriistrâtiva prefalada:

a) A magistrada e seu convivente, o advogado EDUARDO GARCIA DASILVEIRA NETO, precedentemente ao ajuizamento das centenas de. demandas por LUIZE.DUARDO AURICCHIO BOTTURA, mantiveram concêttocom o autor dessas ações.

As provas dos autosdemonsttam que, defato,no segundo semestre do ano de.2007, o advogado EDUARDO GARCIA DA SILVEIRA NETO, que mantinha telac,ionamentoestreito com a JuÍZa MARGARIDA, estabeleceu contato prévio com LUIZ EDUARDOAURICCHIOBOTTURA.

Abro. um parênteses, para elucidar. que, .no corpo do acórdão do PAD n.066.158.0003/2009,julgadoem 2.12.2009, já transitado em julgado, em que a requerida recebeu,por unanimidade, a pena de DISPONIBILlPAI)E,com vencimentos proporcioriais ao tempo deserviço, constou:

"O advogado EDUARDO GARCIA DA SILVEIRA NETOjoi indicado pelamagistrada, para o cargo de Juiz Leigo, em 29 de setembro de 200ó(lls.689) e. segundo o conjunto probatório queçonsta nos autos, desde }6 denovembrode2005, havia relaçqoafttiva entre ele e a magistrada. É o qt,esedepreende da mensagem eletrônica remetida pela requeridq ao advogaclonomeado. Transcrevo o teor (fls. 930):

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TJ-MsFL. :

066.158.0005/2009OC3238'Querido, leia esta n9Ji~{C!....!!.I!J}-!,._ hora. marcada só fora do expediente!!!

!'5rsrs. As 'horas extras' são muito agradáveis, como só podem ser entreadultos bem resolvidos. E discretos. Este meu e-maU nunca foi violado. éseguro. Bjs... '."Portanto, é inegável que, na época dos fatos, a magistrada tinha sim

conV1VenClaafetiva more uxorio com o Sr. EDUARDO SILVEIRA, o qual, inicialmente,advogou para o Sr. BOTTURA, obtendo liminar na Medida Cautelar de Arrolamento de Bens n°022.07.002479-2, de alimentos provisionais, no valor de R$ 100,000,00 (cem mil reais), bemassim o deferimento da expedição de oficios para quebra de sigilo bancário, fiscal, telefônico etelemático do empresário ADALBERTO BUENO NETO (sogro) e de PATRÍCIA BUENONETTO BOTTURA (esposa).

Considerando, porém, as circunstâncias e os fatos ocorridos até então, b.astavaum simples "relacionamento familiar", de amizade íntima, entre o advogado EDUARDOSILVEIRA e a Dr''lMARGARIDA, o que foi admitido por esta em seu interrogatório (f. 2.6l4v),para se acolher a plausibiIidade das dúvidas levantadas quanto à lisura da magistrada nasdecisões proferidas nas causas de interesse de BOTTURA, sobretudo na medida cautelarreferida.

Na defesa escrita, a requerida procurou descaracterizar as evidências de umconcerto ou enten4imentq prévio, dizendo que tomou conhecimento dos projetos de BOTTURApara Anaurilândia pela imprensa (f. 2.456-2.457), mas, em seu interrogatório, admitiu queBOTTURA procurou pelo advogado EDUARDO SILVEIRA e que ambos (BOTTURA eSILVEIRA) chegaram a residir no mesmo hotel, em Anaurilândia. A requerida foi mais além:afIrmou que, "antes dele [BOTTURA] entrar com as ações em Juizo ", recebeu-o em seugabinete, ressalvando, entretanto, que a iniciativa partira do visitante, o qual anunciou o que faria(f. 2.614).

A testemunha LÍGIA PENTEADO TESARI SANTOS (servidora da Comarcade Anaurilândia) confirmou, em suas declarações, que a D(I MARGARIDA tomouconhecimento da ida de BOTTURA para Anaurilândia por meio do advogado EDUARDOGARCIA. Na sequência, a magistrada repassou esta informação aos servidores (f. 2.675).

Embora a requerida negue a existência de um esquema ilícito com osenvolvidos, dando a entender que tenha sido enganada pelo Sr. BOTTURA, dizendo-se "vítima"deste (í~2.619), os indícios conoboram a assertiva de que, previamente, estes protagonistasmantiveram contato, tanto que a magistrada anunciava a muitas pessoas que iria chegar emAnaurilândia um empresário do ramo da Internet, que geraria vários empregos na cidade e oconsequente aumento do número de processos, o que chegou a causar uma certa apreensão nosservidores (f. 42 e 2.613).

A testemunha, Dr' DANIELA COSTA DA SILVA (Promotora de Justiça),também confirmou, em SUasdeclarações, que a magistrada, Dra. MARGARIDA, comentara emsala de audiências, no foro de Anaurilândia, que um grande empresário da Internet se instalariana cidade e iria fomentar a economia local, no caso, o Sr. BOTTURA, o que de fàto veio aacontecer, "e mais uns meses depois (...) ele começou a dar esses problemas lá na cidade" (f.2.683). Esses comentários da requerida, segundo a Promotora de Justiça, foram feitos "antes deele [BOTfURA] chegar na cidade" (f. 2.683).

A testemunha, Sr. LEONEL DA SILVA, igualmente confirmou asdeclarações prestadas na Sindicância de que foi o Sr. EDUARDO SILVEIRA, pessoa dorelacionamento da juíza MARGARIDA, quem trOtl.-'(eo Sr. BOTTURA para residir emAnaurilândia (f. 2.714-2.715).

A testemunha e servidora LOSÂNIA LOPES, da mesma fonna, corroborouas declarações prestadas na Sindicância, acrescentando que a Juíza anul1ciou aos servidores amudança de BOTTURA para Anaurilândia, antes de ele se apresentar em tal cidade (f. 2.717-2.718).

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~~~ ;;.zb.é506õ.15B.OOOS/2009

A alegação da defe,sa de qtle a requeridaficotl sabendo da chegada deBOlTURA a Anautilândiapela 1mprensa local é inver()ssím~l, pois se a$sim fosse não teriapeÇlessidade de dar a público, sobretudo entre os servidores, que "um grande empresário daInternet se instalaria na cidade e iria fomentar a ecdnQmia local"C£ 2.682 ..2.683) "e que omJmerode processos aumentaria bastante" Cf. 2.613).

Conc1ui"se, desta forma., sem sombra. de dúvidas, que a requerida e seuconvivente mantiveram entendimento prévio com BOTTURA a respeito das ações que viriam aser ajuizadas na Comarca de Anaurilândia, o que constifuí gravíssima infração funcional.

. b) Depois de ajuizadas as ações, a DF' MARGARIDA dispensavatnltalnento diferenciado ao autor e aós prOCessos com ele relacionados, inclusive exigindoprioridade.

Aqui, as evidências contra a requerida vão se aVQlurnâncio.Inicialmente, só o fato de a própria magistrada, an~ecipar; pubiiçamente, como

visto no item anterior, que aumentaria consideravelmente o número deprQcessQS na Comarca deAnaprilândia, por contada m\ldânça de BO'fTURA para a cidade. constitui indício fortfssi mo deseu envolvimento no esquema do empresário, pois uma coisa é prever que a instálação de umaempresa de grande porte venha a gerar maior movimento forense, o que geralmente acontecedentro da nonnalidade, de fonna gradual; outra, bem diferente, é prever, com precisão, que omovimento forense aumentaria extraordinariaipente, de uma hora para outra, por meio de

--~tratêgiasMciá-ortoQox-aS, tais-comoc-ájuizarq\láSe mil-agees~somehte no JuizàdoEspeclalcontra consumidores de 4iversas localidades.

Acrescente-seque a magistr~a não teve nenhutn es<;nlpwo em pedir aoSserVidores, em reunião pública, que não hostiH~semo Sr. I3()TTURA, depois de este ter SeindispostocOn'1 a servidora LOSÂNIA, que se recusara a lavrar diversas certid~sique o referidoBOTTURApretendia ditar a ela, segundo os próprios interesses Cf. 41), fato que igualmente serepetiu com a servidora TÂNIA MARIA RODRtGUES VENÂNCIO (£49-50).

Em seu interrogatório, a magistrad.a. disse que não dispynsoutratilmehtodiferenciado ao Sr. BOTIURA, mas admitiu que marcou a aludida reunião com os servidorespara tra1atdo assunto, nos seguinte termos:

"DEPOENTE: Df' MARGARIDA ELIZABETH WEILER(...) Mas, o jei/omeio agressivo, não sei, não é riopónto''qe vista pejorativo;mas ojeito de agir desse BorrURA, ele ê muito entr(jo, ele .~fftUi(()exigente,ele é muito assim. Isso assustou muito os funciotráriDs, isso CrIOu toda umaanimosidade, toda uma, todo inundo jicouindisposto com aq'uilo. com aquelejeito de proceder desse BOTTURA e fava criando um climdmUílo ruim e elecomeçou a chover ações, chover com ações e isso jâ foi no ano seguinte, 110início de 2008.O SR. DES. CLAUDIONOR MIGUEL ABSS DUARTEEntào..o objetivo da reunião foi exatamente isso?DEPOENTE: Df MARGARIDA ELIZABETHWEILERFoi eXÇltamenteisso: iessoal. não adianta. Ele [BDTTURA] tem direito àjurisdiÇão. Nosso trabalho é compor isso e afend(3risso. Jl/os temos que terpaciência, foi nesse sentido. Vamos deixar que cada um exerça seu direito ea nossa obrigaçeioé rêsponder a isso. " (F. 2.614-2.615).Salfente-se que a Servidora LOSÂNfA informou que, "em 10.02.2009, o Sr.

B01TURAes!eve no gabinete da juiza MARGARIDA onde ficou por mais de uma horaconversando na presença da secretária TÂNIA; que a depoente não sabe o teor da conversa(..)" (f. 41).

A seu turno, a testemunha, Dt. DANIELA (prom()tora de justiça), informouque, na ausência desta, a Df MARGARIDA fez pedido verbal à funcionári~ do Juizado Especialde Anaurilândia para devolver a ela (Juíza) cerca de 30 TCOs [Tennos CircunstélIldados de

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'I'J-MS g6FL.: .1- ..

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C5TOcorrências, do Juizado Especial], pertine11tes aos'--m-te-re-ssesdo Sr, BOTTURA, e que osdocumentos deveriam ir para ela (MARGARIDA) primeiro (f 2685).

Já o servidor de Anaurilândia, Sr. IDONIR DELFINO VENÂNCIO,igualmente confirmou as declarações prestadas na Sindicância de que "o B01TURA foiapresentado. por EDUARDO GARCL4. no final de 2007. Que certa feita, TÂNIA [servidora]trouxe B01TURA até a presença da DrnMARGARIDA. a pellido desta. Que, após o entreveroentre BOTTURA e os servidores. a Drn lvL4RGARIDAfez uma reunião no Tribunal do Júri epediu que BOTTURA fosse hem tl'atado. Que BOTTURA tentou entrar na festa dos servidoresdo Fórum. quando já tinha sido apresentado por EDUARDO SILVEIRA'; (f. 2.709 e 2.711).Realcei.

A servidora LOSÂNIA igualmente afirmou que a Juíza MARGARIDA"acompanhava de perto as ações que ele [EDUARDO BOTTURA] entrava" (f. 2.723) e "que.desde quando o BOTTURA veio para Anaurilândia em novembro de 2007, o fórum deu quaseque exclusiva prioriâade aos processos dele, inclusive para dar cumprimento às decisões da

juíza NJARGARIDA nos referidos processos; tal fato só parou com a declaração da suspeiçãodajuíza nos processos do BOTTURA; que ajuíza Margarida exigia prioridade nos processos doBOTTURA, especialmente no cumprimento das liminares que ela cO.~tumavadar a ele " (f. 42).

De outro lado, não é plausível a justificativa de que a reunião realizada pelamagistrada, logo após o desentendimento do Sr. BOTTURA com servidores, tinha carátermeramenteadministrf}tivo, visando à boa condução dos trabalhos no foro, porque extrapolava anormalidade da conduta de um juiz, que deve primar pela imparcialidade.

Sendo assim, não procede a tese da defesa de que a requerida dispensavatratamento isonômico a todas as partes.

c) A magistrada permitiu que seu companheiro (o advogado EDUARDOGARCIA) lançasse despachos em processos [de interesse do Sr. BOrrURA] decompetênd~lda primeira, para que esta simplesmente assinasse.

Esta informação foi prestada pela servidora LOSÂNIA, na fase desindicância, em 12 de fevereiro de 2009 (f. 41-43), contudo, depois retificou a declaração em 16de fevereiro de 2009, após uma ligação recebida da magistrada, sob o argumento de "que nãopode afirmar, com certeza, que o Dl'. EDUARDO GARCIA DA SILVEIRA NETO despachavaprocessos da competência da Dr" MARGARIDA, mas que o advogado despachava processos emseu gabinete, não sabendo a declarante informar com absoluta certeza a situação anteriormentemencionada, porque o Dr. EDUARDO era juiz leigo e tinha sob sua responsabilidade processosde competência do juizado especial; que de fato recebeu um telefonema da Dra. l\1ARGAR/DAapós o afastamento preventivo imposto pelo Tribunal, mas essa reNficação nada tem a ver comtal telefonema" (f. 79-80).

Como não houve confinuação desse fato por outras testemunhas, na tàse deinstrução, afasta-se tal imputação.

d) A magistrada permitiu que o seu companheiro executassematerialmente as determinações judiciais, mediante utilização de senhas da escrivãLOSÂNIA .LOPES DA SILVEIRA FARIA e do escrevente GILBERTO JOSÉ DOSSANTOS, ambos sujeitos ao poder hierárquico da juíza.

Esta imputação, como as demais; são gravíssimas e ligam os eventos com apresença e a ação do Sr. BOTTURA na Comarca de Anaurilândia, na época dos fatos. Embora adefesa negue a infração, alegando que o advogado EDUARDO SILVEIRA se limitava a darorientações aos servidores do Fórum quanto à utilização do SAJ, na verdade, essa acusação foiconfirmada pela servidora LOSÀNIA LOPES, ao asseverar que o funcionário GILBERTOcolocava a senha e o advogado fazia o oficio (f. 2.722).

Na fase de sindicância, o próprio servidor GILBERTO JOSÉ DOS SANTOSmencionara estes fatos, relativamente ao processo de arrolamento do interesse do Sr. BOrrURA(f. 82), sendo que, ainda na fase de sindicância, a servidora LOSÂNIA afirmou (f. 80) que "teve

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t'.,

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\.)cOflhecimentoatravés do funcionário GILBERTO que EDUARDO SiLVEIRA lhe pediu ainserção da senl1.a(to SAJ para qU(?,abrindo o sistema, pudesse expedir oficios e memdados,utilizando-se de seu 'logini e que estes expedientes se referem ao inquérito policial ou uinarr61dmentoc:autelar de bens [de interesse do Sr. BOTTURA); que também fOi expedido umofiCio mediante utilização da senha da declarante, certamente num intervaLo do expediente" (f.80). Sublinhei. '.

Ora, estando como estavam os referidos servidores sob o poder hierárquico dama~istradà, a. qual tinha intenso relacionamento pessoal e profissional como advogadoEDUARDO SILVEIRA, é razoável concluir que os subordinados se sentissem mais Ou .menosconstrangidos a cumprir tais exigências, como se elas partissem da própria autoridade judicial.

Posto isso, admite.,se o cometimento de infração grave por parte da requerida,que permitiu a ingerência de terceiro ,na.realiZação de tarefas decompetêndados servidores doFórum, colocando em.risco a lIsura dos trabal1lOse a indepenclêllc~ada presidente dos processos,tal boino aconteceu com o Sr. BOTTURA, que pretendia ditar 'o teor de certidões de seuinteresse.

e) .Pro1açâ(), 'pela .magistrada, de decisões absurdas, com abuso deautoJ;'itlade,em ações de interesse do Sr. BOTTURA, que eram subsequentemente cassadasems~l1dà instância, bem'~s!!imdet~rminação de 'expedição de ofíêios,queimpUcavam naquebra"desigilo fiscal, bancário, telefônico e telemá~co 'do.sreque~idQs,'c()m~specificaç~º

-------de-bettS'-'não-deSl:ritosmr--process-o,--denlJtand(nllTe-ll.IU.ª~aipossuia conllecimentoaeta.is fatQspor .mallter pró~imidade tom orderidoSr. BOTTl1RA.

De fato, a quantidade de decisões tetatolÓgiê8$, prQfeti<hlspela magistrada,sempre etn favor do Sr. BOTrURA; foi significativa,basta.ndo mencionar o aibitrarnertto depensãoaHtnentícia, no valor de. R$ 100.000;00 (cem roil reais) mensais, em face do ex-sogrodaquele, Sr. ADALBERTO BUENO NETTO, em açaocautelar (autos n. 022.07.002479-2),intentada sob o patrocínio do advogado EDUARDO SILVEIRA, bem assim a expedição deoficiçs, .que .i~p1icavam na quebra não apenas do sigilo tlscal,mas também 1)aquebra de sigiiobancário, .telefônico e telemático dos requeridos, a despeito de tratar-se d~ ação cautelar dearrólafnênto dê bens. . .'

As ilegalidades cometidas pelá magistrada ao proferir tais despachos edecisões restarám bem delineadaS por ocasIão do julgam~nio do Maild<lgô de" Segurança n.2008.Q01761-4 pela Seção Criminal desta EgrégiaCortel cujarela~pi1a cqupe ao Des.GILBJ3RTO DA SILVA CASTRO, a saber: '. . . . -

i) extrapolou~e muito,' o que seria admissível e razoável. c.ometendoaI,usosao detenninar a realização de diligências violentas e c'Únsttangedoras'baseada, em declaraçõesunilaterais da suposta vítima, sem dar oportunidade aos possíveis suspeitos de se explicarem;

ii) nesse mandamus, além de se conceder a ordem no sel1tido de cassar asdecisões da juíza, levantou-se a fundada suspeita de haver LUIZ EDUARDO BOTTURA, sobconveniência pessoa], eleito o foro de Anautilândia para atuar nas suasdemand~, seja comoautor 011 ré~ depois de peregrinar em outras regipesdo país e até do eXterior;. .

iii) nã<>se sabe a que título LUIZ BOTTtJRA esmaforandoem Anaurilândia.A$ suas empresas,conf.orme as ihform~ções do apenso, não têm registro eRi Mato Gtosso do Sul;

Iv) a Revista "Isto ÉDinheiro", na edição 544,$ob o título '.Empreend~dor deProcessos", referindo-se a LUIZ BOTTURA, dá notícia que a sua empresaWB1CPropaganda ePublicidade é investigada pela 4;1 Delegacia de Meios Eletrônicos, do Departamento deInvestigaçõ~s sohre o Crime Organizado de SP, sob suspeita que a companhia fora criada paradar golpes na web, bem como que as empresas Easy Buy e Net Cobranças, que tinhamBOTTURA como sócio; passaram a ser investigadas por crimes contra o consumidor. A mesmareportagem noticia que no Procon foram quase 300 reclamações de consumidores,' só em 2006, eque o Ministério Público do Tocantins entrou com uma ação civil pública. contra a Ea$y Buy, nomesmo ano;

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-J

OC3240v) é no mínimo curidStf'tJrit1~~-umcidadão com um cacife empresarial

desse porte optar por ter sede na pacata cidade de Anaurilândia, onde alugou, por apenas trêsmeses, um imóvel, para instalar uma nova empresa que denominou E-Mail SIA, da qual não setem notícia da existência legal;

vi) a Dra. MARGARIDA ELISABETH WEILER, ao receber a MedidaCautelar n. 022.08.000013-6, proposta por LUIZ EDUARDO BOITURA, deferiu liminarmentea suspensão do procedimento de arbitragem em curso no Centro de Arbitragem e Mediação daCâmara de Comércio Brasil-Canadá, iniciado para liquidar e apurar os haveres da Sociedade emConta de Participação, sob pena de multa diária no valor de R$ 30.000,00 em caso dedescumprimento;

vii) essa suspensão era imprescindível aos propósitos de LUIZ EDUARDOBOTTURA. pois, liquidada a sociedade Golf Participações, cessaria para aquele a possibilidadede apossar-se do patrimônio do ex-sogro;

viii) da mesma torma, ao receber a Medida Cautelar n. 022.08.000046-2,proposta pela empresa Acervo Bens Patrimoniais Ltda, composta por pessoas da famíliaBOTTURA, a magistrada deferiu, sem ouvir a párte contrária, o pedido de liminar determinandoà Junta Comercial do Estado de São Paulo (JUCESP) que suspendesse o mencionadoprocedimento de revisão ex o.f!icio ou restabelecesse os registros relativos à tnmsformação daSociedade em Conta de Participação Golf Participações na Sociedade Anônima Oolf VillageEmpreendimentos S/A, caso já houvesse cancelado. Nada mais óbvio, pois, para a consecuçãodos objetivos ilegais, LUIZ EDUARDO BOTTURA necessitava preservar a transformação daSociedade em Conta de Participação Golf Participações na Sociedade Anônima Gol1' VillageEmpreendimentos SIA;

ix) impende salientar que os adversários de EDUARDO BOTTURA nãotiveram tratamento similar quando decidiram buscar em Anaurilândia medidas protetivas dosseus, direitos e garantias individuais. Nessa senda, PATRÍCIA BUENO NETTO (ex-esposa deBOTTURA) impetrou pedido de Habeas Corpus (autos n. 022.08.000430-1)~ enquantoADALBERTO BUENO NETTO (ex-sogro de BOTTURA) impetrou Mandado de Segurança(autos n. 022.08.000429-8). Apesar de relativamente extensos os arrazoados, contendo diversosargumentos, em ambos os casos as liminares foram indeferidas pela magistrada sob ofundamento de que "ausentes os seus requisitos autorizadores", obrigando aqueles a recorreremao Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, que acabou por dar provimento aos recursos econceder as proteções almejadas.

Extrai-se, ainda, dos autos que "inlÍmeras petições iniciais [de interesse doSr. BOTTURA foram] despachadas e liminares deferidas [pela requerida] sem que ao menosestivessem preenchidos os pressupostos processuais, tal como competência, imparcialidade eregularidade de representação processual" (f. 2.308), e tambétn facilitou "o conhecimento deinformações relativas às investigações policiais sobre ele [BOTTURA] recaídas" (f. 2.314).

Poder-se-ia cogitar da ocorrência de meros equívocos relacionados aoexercício da judicatura. Porém, quando os erros, in procedendo e in judicando, são profusos,crassos, grosseiros, acintosos à moralidade e sempre favoráveis à tnesma parte e advogado comquem a magistrada mantém relação que desborda do dever de impessoalidade, a presunção deboa-fé cede, revelando desvio de conduta.

1) A magistrada, ao proferir decisão, teceu elogios gratuitos ao Sr.BOTTURA, em detrimento da parte ex adversa, demonstrando com isso parcialidade emsua decisão.

De fato, igualmente restou incontroversa a parcialidade da magistrada,quando, ao deferir liminar nos autos da Ação Cautelar de Arrolamento de Bens movida porBOITURA contra a PATRÍCIA e ADALBERTO, proferida em 9 de novembro de 2007, ou seja,logo depois da chegada de BOTTURA a Anaurilândia, fundamentou:

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"Não há necessidade de justificação prévia para o ex:ame dos pedidosliminares. A fClrta documentação que instrui a inicial demonstra o profundoenvolvimento entre as partes, quer empresarial quer pessoal, por força docasamento ql!e tiniu as duasjamílias. .Tal. comunhão nas empresas e empreendimentos mútuos me parece sejustificar diante do casamento, do hrillzQllt!$mOQcatlêmiçodo alltor e de seugrande potencial empreendedor. Assim, o sogro rico nqitirQlmente tinhamotivos para investir no jovem tasale nas suas então prósperas empresas,bem como [em} .outrasqueforam cri4das.No entanto, como é comum acontecer, a desinteligêJlcia aco1ltecé quando 'odiscip"lo supera o mestre' 011 dele tenta se libertar para caminhar sozinlio,o que pode ter ocorrido.Negócios em família envolvem projundoscomplexos emocionais e daí paracisões, rompimentos, separações e demandas judiciais, é só um passo. " (F.379). Destaquei. .Esta é uma.evidência robusta da parcialidade da requerida, que, ao sentenciar

desta fonna, reforça a tese de que, no mínimo, nutria simpatia pela causa do Sr. BOITURA, porltlgum motivo relevante, não importa qual seja ele, mas. ó. suficiente paraéórnprometer alegitinlldage do exercício da função judicial e a credibilidade damâ~istiatu.rá .

.-.....---------- ..---- ..--- .....---:..-- grFulldadasuspeita--deq-ue:-"'-tJfZ-EOO1\iU)6-*l:JRleeftI6~B{)TTtfR:.<t ..-escolheu o foro da Comarca de Anaurilândia .para propor suas demandas, com oconhecimento e o favorecimento da magistrada:. . .

.Existem vários indícios, nos autos; de que o Sr. BOITURA escolheu aComarca de Anaurilândia, de çaso pensado, como base de operaçã,o, porque ali vislumbrou ascondições ideais ao êxito de seus projeios,encontraJidó na requerida o Perfil propício para asatisfação. de suas ambições. que restaram frustradas diante dafirmepostura.d~ Qorregedoria-QeraI <Ia Justiça e da cassação, eni se~undail1Stância) dasdecisões~bsur~as .~.pela declaração desuspeição da magistrada para atuar nas ações de interesse da referidapéssoa.. .

Ainda que tenha sido outro omóve! da átuaçã<)do Sç. ~PTTpR.A e que amagistrada,j~tatnente com o Df.EDUARDO SILVEIM, n~o t~ve~semt1Htra~?ertl conJuiocom o priineiropara obterem vantagem ilícita, o que se diz por mera~pilc~s~ão dialética, aconduta daquela configufaha, no mínimo, abuso de poder e falta de serenidacl~po cumprimentode seus deveres, o que também constituiria prática de graveirtegularidadêádministrativa, a seadmitir como verdadeiraa defesa articulada pela requerida em seu interrogatório, que constitui.autênticaconfissão de imprudência no julgar, verbis:

"Quando a minha decisão. naquele Inquérito Policial, parte dela foirevogada pelo senhor [dirigindo-se a este relator} e pelo DesembargadorGilberto [ ..} eu me choquei. Eufalei: opa, adIO que eu fiz demais. E, não sóacolhi a decisão dos senhores, como revoguei tudo, toda a minha decisãointeira em relação àqüele procedimento. VoltÚ atrás inteiro e realmentefiquei. até pelas expressões jortes que OS senhores usaram. Eu disse, éU,realmente 'pisei na banana'. O que que/oi que euflz aqui?E depois, veio, o tempofoi passando, logo em seguida eu me afastéi de todosos processos desse cidadão, até pór causa das pressões que eu vinhasofrendo; porque eu já estava cansada disso tudo, eu sabia que eles não iamdei:r:arde jazer o que estão jazendo. eu sentia isso porque parece que eutenho uma sina para esse tipo de coisa.Mas, o que eu meditei muito, sobre isso, depoiS.fOi o seguinte:Eu não duv;doque esse BOTTUM, reabnente, usou (.) essa informação., (}eque eu ja fora vfiirnade muitos crimes praticados pela internet, e.usou tudoisso ( ..).

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I C5TMas, /laje eu penso que Ilmii7fiis razões subjetivas e mal confessadas, é queele veio parti Anaurilândia, talvez pensando e talvez até com razão, pOl'que,/toje,ell faço a meaclllpa, e não descarto a possibilidade de queell tenJlame colocado nos sapatos dele como 'vítima' que fui (.••).Então, nessa condição. porque o Juiz, ele não só decide com elementosobjetivos do processo. A sua subjetividade também influi e nós sabemosdisso. Todos somos humanos. Então, o fato de eu ter sido vítima de delitosdessa natureza, talvez tenha, sim, eu reconheço que talvez tenha, sim,influenciado na minha decisão tão dura, quando e/e [B01TURA] meapresenta 'n' indícios de que, realmente, [também] tinha sido vitima decrimes praticados pela internet; que tinha sido furtado todo o seu acervo declientes (...), um dos maiores patrimônios dos empresáriOs da WEB." (F2.618-v e 2.619), Destaquei.Não se desprezem, ainda" as infonnações trazidas pela servidora LÍGIA

PENTEADO TEZZARl SANTOS, que encontram ressonância no conjunto probatório:, de que ointeresse mais importante para BOITURA, naquele momento, era a separação judiCial de sua ex-esposa e o contencioso jurídico-comercial estabelecido com as empresas do ex-sogro, queenvolvia somas pecuniárias de grande porte:

.'Que. numa conversa de corredor, EOirURA afirmou ter entrado comvárias ações apenas para tumultuar mas o seu interesse seria apenas e um sóprocesso." (f. 88).O fato de o companheiro da magistrada, Dr. EDUARDO 81LVEIRA, ter sido

advogado do Sr. BOTTURA por curto período, somente em um inquérito policial e em umprocesso judicial de grande vulto financeiro, envolvendo a ex-esposa e o ex-sogro deste, e amagistrada t~r declarado a própria suspeição nos processos do Sr. BOTTURA, não sãosuficientes para arredar o ilícito administrativo.

Anote-se que tanto o afastamento do companheiro da magistrada dopatrocínio dos processos do Sr. BOTTURA quanto a declaração de suspeição da magistrada nãoforam suficientes para infinnar a dedução da existência da aludido conluio, até porque, muitoantes, os envolvidos já estavam colocados sob a alça de mira da mídia nacional e dasinvestigações da Corregedoria-Geral de Justiça.

A propósito, é sintomático que a magistrada tenha se declarado suspeita paraatuar nos prOcessos de BOITURA somente no dia 12 de agosto de 2008, mesma data em que foijlIlgada e acolhida, por unanimidade, a Exceção de Suspeição n. 2008.013923-3 ajuizada contraela por Bueno Neto Empreendimentos Imobiliários SI A.

Nem mesmo o fato de o Sr. BOITURA continuar litigando ou morando emAnaurilândia invalida as denúncias ofertadas contra a magistrada, visto que a atuação ousadadaquele originou o ajuizamento de centenas de processos judiciais, que criaram a expectativa deganhos financeiros elevados.

Tais circunstâncias não passaram despercebidas do Procurador-Geral daJustiça, que, nas alegações finais, elucidou:

"Consta dos autos que a Requerida A1ARGARIDA ELISABETH WEILER,juíza titular da comarca de Anaurilândia, utilizando-se de seu cargo demagistrada e objetivando a obtenção de vantagens ilicitas, priorizou eprivilegiou os processos ajuizados por LUIZ EDUARDO AURICCHIOBOTTURA, cujo procurador era EDUARDO GARCL4 DA SILVEIRA,companheiro da magistrada, descumprindo, assim, os seus deveresfuncionais de agir com independência e serenidade, violando, desta forma. oCódigo de Ética da Magistratura.(..)

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o estratagémautilizado pela Requerida e pelos benefiçiários funciona~'a daseguinte forma: LUIZ EDUARDO AURICCHIO BOITURA, por intermédiode sei( advogado EDUARDO GARCL4 DA SILVEiRA. companheiro daRequeridq, ajuizava váriqs ações na COh1art;ade Anaurilândia contra seusdesqfetos. entr(!eles seu ex-sogr()ADALBERTO BUENO NETTO.Segundo consta dos autos, em menos de um t:l'?O, a Requerida deu andamenf(Jem mais de 200 (duzento~) processos ajuizados por LUIZ EDUARDOAUR/CCHIO BOrrURA.Felizmente. algumas ações propostas pelo mesmO autor foram Julgadasextintas, por serem ineptas ol/de c()mp.etênciado Poder Judiciário do Estadode São Paulo pelo magistrado CÁSSIO ROBERTO DOS SANTOS nOpetMdi)ode férias da Requerida. pois ele era o substituto legal na Comarca deAnaurilândia.Já a requerida aceitava absurdamente a competência do Juízo deAnaurilândia. recebendo e julgando todos os processos ajuizados por LUIZEDUARDO AURICCHIO BOTTURA, e conforme restou apurado nos autosdava tratamento diferenciado às ações propostas por este cidadãO, exigindo,inclusive, dos servidores. prioridade na tramitação dos processos.(...)[Reprodução de diversas declarações de testemunhas).

...... Percebe~se,'-etjnda;--que--todaa-trama-dfrWIZ~EDUARDO AfJRÍCé:HI(J.BOITURA e da requerida fá estava sendo montada antes mesmo do primeirochegar a Anaurilândia. Isso pf)fque' a chegada de LUiZ EDUARDOAURICCHIO BOTTURAnaquela cidade já estava sendo qnunciada pelaRequerida como se elefosse um grande empresário.É o que se verifica nas declarações da' Pro'tlotoraCte Jutiça, DANIELACOSTA DA SILVA. que confirmou que 'Q magisrradaMargarida haviacomentado em sala de audiência; que'iria chegar, na c(JmarCa, um grandeempresário da Internet ou outro ramo' (f 2.6lJ2/2~683),é na declaração daservidOra pública LOUSÂNIA LOPES DA SILVEiRA~ARL4,que. afirmouque a Requerida havia dito 'qU(!ia chegar eSse empresárip '.(fl718).Cumpre (jeix.arregistrado que há infórrnaçõe$ déqlJ~ 1Jaepoca em que LUIZEDUARDO AURICCH10BOrrURA chegou aA,naurilândia. q Requerida eEDUARDO GARCIA.DA SILVEIRA NETO já mantinham ú'mrelapionamenlomore uxorio.Merece atenção também o fato de que, logo após ter chegado aAncmriliindia, e ter se instalado no mesmo hotel em que estava hospedadoEDUARDO GARCIA DA SILVEIRA NETO, compal1heirQ da Requerida,LUIZ EDUARDO AURICCHIO BOITURA, no dia 7 de novembro de 2007,ajuizou a sua primeira demanda na Çomarca de Ariaurilândia, a AçãoCautelar de Arrolamento de Bens 11.022.07.001479-2,Na referida cautelar, a Requerida fixou pensâo no valor de R$ 100.000,00(cem mil reais) em favor de LUIZ EDUARPO AURICCli10 BOITURA,contra o empresário ADALBERTO BUENO NEITO, ex-sogro dodemanda.nte. Ainda ne,fta decisão liminar determinou Ci apreensão dediversos bens e também a quebra de sigilo bancário. fiscal e telefôniço doentão demandado.Todos esses procedimentos foram acolhidos e determinados sem que aRequerida cientificasse o demandado ADALBERTO BUENO NETTO dacaulelar ajuizada. não oportunizando, assim, a ampla defesa de quem éci.emandado,pril'lcipalmente numa ação dessa natureza, que por si só envolve

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uma absurda pensão QJ •.lIJn ciil'diliio capaz. maior, homem de negócios domundo da infOrmática,etc.Não bastasse isso, a Requerida, e:m 9 de novembro de 2007, ao proferirdecisão. teceu elogios a LUIZ EDUARDO AURICCHIO BorrURA (f 379){ ..j.Observe-se, daí. que mal tinha LUIZ EDUARDO AURICCHIO BOrrURAchegado naquela comarca e contratado J:.,J)UARDOGARCIA DA SIL VEIRANETO, companheiro da Requerida, esta. numa grande demonstração deafeto ao demandante. e sem qualquer constrangimento, já proferiu elogios aoaulor. como se fossem conhecidos há muito tempo.Acrescente-se que, com exceção das ações ajuizadas na época em que aRequerida eslava de férias, todos os processos ajuizados por LUIZEDUARDO AURICCHIO BOITURA tiveram seus pedidos deferidos, pormais absurdos que pudessem ser.Na verdade, a Requerida utilizou de seu cargo para 'determinar a realizaçãode uma série de diligências flagrantemente violadoras de direitos e garantiaSfundamentais de dezenas de pessoas, em favor de LUIZ AURICCHIOBOTTURA.É o que se vertfica nas decisões do E. Tribunal de Justiça /já transitadas emjulgat/o] nos mandados de seguranç~le habeas corpus impetrados contra osatos judiciais proferidos pela Requerida, todos se referindo aos processosajuizados por LUIZ EDUARDO AURICCHIO B01TURA na comarca deAnaurilândia (f. 111/116). Vejamos:'HABEAS CORPUS - PEDIDO PREVENTIVO - RECEIO DE COAÇÃO ÀLIBERDADE DE LOC01VfOÇÃO - .JUDICIALlZAÇÃO DO INQUÉRITOPOLICIAL - DECISÃO MANIFESTAMENTE ARBITRÁRIA - ABUSO DEPODER - CONCEDIDO.Evidenciado que a autoridade coatora determinou, em sede de inquéritopolicial, deforma arbitrária e o arrepio da Constituição Federal, assumindopostura inquisitorial, a realização de diversas diligências cónstritivas dedireitos em de:,favor dos pacientes, é forçoso reconhecer a possibilidade denovas ações, desta feita contra a liberdade de locomoção destes.HabeascOlpuS preventivo que é concedido diante do manifesto abuso depoder, determinando-se a expedição desaZvo~conduto. ' (BC 2008.003353-9,ReZ.Des. Carlos Eduardo Contar, 2°r Criminal, julgado em 7/5/2008).(. ..)Colaciona-se, ainda, ementa do acórdão proferido em 5 de maio de 2008, noMandado de Segurança fi. 2008.001761-4 (f. 127):'MANDADO DE SEGURANÇA iNQUÉRITO POLICIALDETERi\iflNAÇÃO DE BUSCA E APREEN&.40 DE DOCUMENTOS E DAEXTRAÇÃO DE CÓPIAS DE DISCOS RÍGIDOS DE C01"fPUTADORES EOUTRAS PROVIDÊNCIAS QUE PELA FORMA E EXTENSÃO REFOGEMDA LEGALIDADE ... INOBSERVÂNCIA DOS REQPISITOSAUTORlZADOR/:-'S INCLUINDO AS REGRAS DE COMPETENCIA -DECISÃO ABUSIVA - ORDEM CONCEDIDA.ReveZa-se abusiva e precipitada a decisão judicial que no inquérito policialinstaurado em foro estranho aos fãtos determina inaudita altera pars arealização de inúmeras diligências invasivas, em outras jurisdiçiJes, emdetrimento de dezenas de pessoas flsicas ejurídicas, calcada em informaçõesunilaterais de pretensa vítima, profissional do ramo da internet, que possui

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em seu de.~ravorou das suas empresas muitos processos cíveis e criminais,em estados e comarcas diversas dafederação.Ordem concedida para sustar o cumprimento do despacho consideradoexcessivo e contrário às regras procedimentais. '(..)Dos acórdãos acima, perce.be-$e q parçialid(lde. d?l Requerida naS decisõesptôféridas no.y processos ajuizados por LUIZ EDUARDO A URlCCHIOEOITURA, uma vez que,cbmo esscE.Tribunal de Justiça bem observo'u,asdiligências determinadas pela Requerida, se basearam apenas nasinformações unilaterlJis da SUbo/ita.'vitima. que. por sinal. responde aPnúineros processos cíveis e criminais em vários Estados. principalmente emSão Paulo. 'Tudo isso, nÇlverdade. faz parte da maquinação engendrada pelo Req'l!erida.

por seu companheiro EDUARDO GARCIA DA SILVEIRA NETO e por LUIZEDUARDO A URlCCHIO EOITURA.Esse vinculo, inClusive,ficouconstatqdo nosqutos de. Exceção de Suspeiçãon. 2008.013923-3, quefoijúlgadoprocedente, e que afastou a Requerida de

jUdicar nos processos ajuizados por LUIZ EDUARDO AVRJCCH10BOTTURA, em/aee de seu ex-sogro ADALBERTO BUENO NETTO. (...)

-,-~---- ------ .'(jra; -do-exp()SW(/Clma~resltteViâentira mtençab âaRequeridaem]ãvoVicei;-LUIZ EDUARDO A URICCHIO BOITURA., nas ações ajüizadas por estecontra o ex-sogro ADALBERTO BUENO NETTO, e contra outros desafetos.Saliente-se que, apesar de não ficar demonstrada na exceção de suspeição aexistência de uma amizade entre a Requerida e LUIZ EDUARDOAURICCHI0 BOITURA, n{Jspresentes G'tIlos,comprovou-se q1,leaquela já oconhecia, e jâ sabia, inclusive, que BOTTURA chegaria aAnaurilândiaNão bastasse isso, "o primeiroadvogadlJ de LUIZ El)UARDO A [fRIÇCHI0

, BOITUlU foi EDUARDO GARCIA DA SILVEIRA NETO, compqnheiro daRequerida, conforme evid~nCiadonoS depoimentos prodUZidos nestesaulos.Desta feita, outra atitude não teria a mqgistrada; ora Requerida, de, semqualquer constrangimento, agir com totalparcialiciade nos autos, como bempontuou o i. Dés. RÊMOLO LETTERIELLO; nos autos de exceçâodesuspeição.Como se vê. a Requerida. cOmo magistrada. agiu em desconfOrmidade comos 'seus deveres', ftmcionais, viOlando. principalmente, ' o dever daimparcialidade na solução de litígios. que se reveste de, dar/ratamentoequânimee11lre todas as partes envolvidas nas demandas judiciais, agindosem qualquer tipo de favoritismo. (..) . .Jmparcialid4de écondiçêío primordial para que um juiz atue. É questãoinseparâvel e inerente ao magistrado não tomar partido, não favorecerqualquer parte, enfim; não' ser parte. Tamanha é a importânci(l de talcondição que a expressão juiz imparcialpode ser rigorosamente vista comoum pleonasmo, uma vez que este pi"incípio encontra-se no rol daquelesimprescindíveis ao decurso do devido processo legal, sendo um direito

fundamental do cidadão.Sendo assim, ao favorecer LUIZ EDUARDO AURICCHIO BOTTURA nosprocessos ajuizados na Comarca de Anaurilândia, a Requerida agiu deforma parcial, não cumprindo, aSSim, com serenidade e exatidão asdisposições legais e os seus atos de oficio (Art. 35, inciso!, da LOMA,N).Visando dar proteção à imparcialidade que deve reinar nas decisões do

judiciário, o legislador ordinârio estabeleceu regras sobre a suspeição e

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impedimento do membro do Poder Judiciário nos artigos 134 e 135 doCódigo de Processo Civil, cujo procedimento não fora obsen'ado pelaRequerida, que em razão de sua conduta na judicatura acabou despertandonos jurisdicionados da Comarca de Anaurilândia falta de credibilidade emsuas decisões judiciais por ausência desse importante direito do cidadão ((iimparcialidade do julgador), agravada pelos seus péssimos antecedentes,também impregnados de parcialidade e desrespeito à lei, quando, diga-s.e depassagem, exerceu as suas funções na Comarca de Caarapó-MS, donde foiremovida compulsoriamente.E o que é pior, ainda que a Requerida tenha em determinados processosatuado com imparcialidade, nem nestes, e nem nos demais feitos em que viera atuar, não existirá mais por parte dos jurisdicionados do Estado de MatoGrosso do Sul ou mesmo de outros jurisdicionados de outros Estados daFederação, a necessária confiança e segurança exigidas de um magistradoobjetivando o caro principio consNtucional da imparcialidade.Doravante, onde ela atuar como magistrada, sempre existirá a sombra dadúvida, da parcialidade, da arbitrariedade, ainda que fosse necessário serenérgica em determinadas decisões, enfim, suas decisões sempre serãoquestionadas pelos advogados e pelos jurisdicionados." (F. 2.762-2.776).Sublinhei.Diante do explanado, conclui-se que LUIZ EDUARDO AURICCHIO

BOTrURA escolheu o foro da Comarca de Anaurilândia para propor suas demandas, comoconhecimento e o favorecimento da magistrada, premissa que é um corolário da própriaparcialidade, da fàIta de ética e do abuso de poder com que se conduziu a juíza quando judicavanos processos de interesse do Sr. BOTTURA.

CÓDIGO DE ÉTICA DA MAGISTRATURADe acordo com o Código de Ética da Magistratura, aprovado pelo Conselho

Nacional de Justiça em setembro de 2008, o exerCÍcio da função norteia-se pelos princípios daindependência, da imparcialidade, do conhecimento e capacitação, da cortesia, da transparência,do segredo profissional, da prudência, da diligência, da integridade profissional e pessoal, dadignidade, da honra e do decoro (art. 1°).

. A imparcialidade de que trata o Código de Ética da Magistratura é aquela queimpõe ao magistrado a busca, nas provas, da ve.rdadedos fatos, com objetividade e fundamento,mantendo ao longo de todo o processo uma distância equivalente das partes, evitando todo o tipode comportamento que possa refletir. favoritismo, predisposição ou preconceito, com vistas adispensar às partes igualdade de tratamento, vedada qualquer espécie de injustificadadiscriminação (arts. 8° e 9°).

A integridade pessoal e profissional é a vitrine da magistratura. Mesmo forado âmbito estrito da atividade jurisdicional, ela contribui para uma fundada confiança doscidadãos na judicatura (art. 15).

O magistrado deve estar consciente de que o exercicioda athidadejurisdicional impõe restrições e exigências pessoais distintas das acometidas aos cidadãos emgeral, razão pela qual deve zelar pelo seu comportamento não apenas na vida funcional, mastambém na vida privada, conduta que reforça os valores tão caros à função que exerce, devendoabster-se de comportamentos que coloquem em xeque tais valores e que comprometam suaindependência funcional (arts. 16 e 17).

O magistrado prudente é aquele que utiliza o seu poder com cautela e procurasempre avaliar as consequências de suas decisões, colocando-se no lugar daquele queexperimentará os efeitos dos atos jurisdicionais. Nesse mister, busca sempre adotarcomportamentos e decisões que sejam o resultado de juízo justificado racionalmente, após haver

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meditado e valorado os argumentos e.contra-argumentos disponíveis, à luz do Direito aplicável(arts. 24 e 25).. .

Ademais, não basta ao magistrado ter conh~çinlento e capacitaçãoprofissional. Seu procedimento deve ser compatível com a dignidade, a h()nra e o decoro de suasftmções, sem olvidar que tem a missão pública de servir à sodedadee não de servir-se do çargopara satisfazer suas paixões.

Não se desconhece a ex.istênci~dos erros judiciários, pois as imperfeições daJustiça refletem as imperfeições da humanidade, em permanente processo de aprendizado, daípor que é raOÍonal admitir que a evolução da Justiça é o resultado da evoluçã,o do própriohomem. Contudo,quan.do Os erros e os equívocos extrapolam a margem de tolerância aceitávelpelo senso comum, um véu de suspeição contamina a dignidade docatgo, gerando descontlança.dasociedade e colocando em riscQjustamente os valores que tem por vocação ptqteger:a vida, alíbetdade e opatrimômo dó cidadão. . .

o conjunto probatório demonstra que a m~gistrada pfendeu quase tO<1Osess~sptincipios,$obretudo o da imparcIalidade, da prudência, da integridade profissional e pessoal, dadignidade, da honra e do decôro, aodispensat tratamento prlvllegiado a uma das partes, no casoo Sr. BOTTURA, que foi benefieíado, ost~nsivamente, com decisões ilegais que lhe davam largavantagem, conduta que igualmente atenta contra alguns dos princípios insculpidosno art. 37,capzU, da CF, entre eles o da legalidade, da impessoalidade e da moralidade.

Confornle. exaustivamente demonstrado-;-1fs~contlutas. da magístraâa-s&ograveS e incompatíveis com a dignid~de, a honra e o decoro de suas funções, cowprometendo aímâgem do Poder Judiciário não apenas na Conlatca de Anaurilândia, em que l;l. aütoridade.dareql1erida, representante do Estado-juiz, ficou arranhada em face de diversas pesso~, entre elasosservidotes, os advogados e demais operadores do Direito; não só ~oEstàdo deJy1ato Qro.ssodo Sul cOmo em outras unida<les da federação, considerando a repercUssão das denúhcias contraela veiculadas na imprensa nacional.

Saliento que a servidora LOSÂNIA chegou a afirmar qlle "a imagem âajuízajá não era boa, em razão dos acontecimentos na comarca de Caarapõedepois de ela termOI.tidocom.o Sr. CARLOS PORTUGUÊS a imagem dela ficou pior, já quê e'lé/azia acusaçõesc()ntr(Jela atr(Jvés dainlernet H (f. 42).

No mesmo sentido, a testemunha LEONEL 'DA. SILVA (poliçial)testemunhou que "a população toda da cidade tem conhecimento das irregularidadespraticadas. pela juiza" é que "muita gente na cidade, .incl~$ive..tidvogadós, .tem medO' çlerepresálias.da Juiza MARGARIDA ,. Cf. 39), declaração confirmada na inSthíção.(f"'~.714),. . Já o servidor IPQNIR DELFINO VENÂNCIO, Igua1htenté" declarou que "a

j74izQ lviARGARIDA não pede mas impõe o atendimento pretendido; que tid êxibir o filme daprisão de CARLOS CARVALHO [ex-marido] a D,.tt lv/ARGARIDA manifestQu satísfação e aO'

saber da morte deste não demonstrou nenhuma emoção; que acha melhor que aDroMARGARIDA não retorne às funções nesta comarca tanto pela pressão que esta exerce sobre osservi40res quanto pela cobrança qtle a comunidade jaz, imputando ao fórum a condição de'fábrica de processos , .•(f. 76). .

Tome-se em consideração, ainda, os elogiosgratQitos tecidos pelajllÍz::i ao Sr.BOTTURA, colocando etn dúvida a sua independência e imparciâlidade.

. Quanto às decisões proferidas ao arrepio. da lei, sempre em benefício do Sr.BOTTURA, Poder;,.se~iacogitar de mera ocorrência de equívocos relacionados aoexetcício dajudicatura.

Todavia, repita-se, quando os erros, in procedendo e in judicando sãoprofusos, crassos, grosseiros, acintosos à moralidade e sempre favoráveis à mesma parte, comquem a magistrada transpatece manter relação que desborda do dever de impessoalidade, apresunção da boa-fé cede para revelar possível prevaricação e até mesmo corrupção, ensejadorasda instauração de processos, disciplinar e judicial., para apuração da responsabilidade

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administrativa e penal, como, porexemplo,-ocQrre~ ..liJ.stes-,-autos e em outros, a saber: FNE-1000.073710-4; Ação Penal Pública nO2003.0]2483-7, em grau de recurso perante o STJ (REspn, 956.388); Ação Civil Pública 03I.05.000324~1, Comarca de Caarapó, em grau de recurso(AC-2009.006707-6); PAD n. 066.158.0001/2009 (aplicada a pena de censura); PAD066.158.0003/2009 (aplicada a pena de disponibilidade, com trânsito em julgado); PADoriginário do Pedido de Providências n. 066.152.0045/2009; FNE n. 2008.034199-3; ProcessoInvestigatório Penaln. 066.172.0001/2009; e Ação Penal Pública n. 2009.011360-3.

Em sua defesa, a magistrada nega que tenha agido em conluio com o Sr.BOTTURA. Mesmo que se admitisse essa tese, que é desmentida pela sua conduta, conformesobressai das evidências contidas nos autos, a requerida inconeria em outras infrações.

Sem embargo da conduta irregular da magistrada, conforme analisado nestesautos, ao proferir suas decisões no Inquérito Policial e na Medida Cautelar, a requerida agiu deforma imprudente e inconsequente, que, se fossem cumpridas, violariam gravemente os direitosde inúmeras pessoas, talvez de forma irreversível. Tais circunstâncias foram por ela reconhecidasem seu depoimento, ao justificar que teria sido vítima do Sr. BOTTURA, hipótese insustentável,considerando a suaJarga experiência profissional.

Com esta análise, caem por terra as preliminares levantadas pela requerida,sobretudo a de que suas condutas seriam fruto de mera ação jurisdicional.

Por outro lado, inócua é a tentativa de se louvar nas declarações dastestemunhas ouvidas no PAD n. 066.158.000312009, em cujo processo recebeu a pena dedisponibilidade, já transitada em julgado, e nos demais documentos, os quais, isoladamente, nãotêm força bastante para elidir as infrações cometidas pela requerida, conforme indicam asevidências do conjunto probatório.

Por derradeiro, o depoimento pessoal da requerida e as provas documentais,multas delas expressas em acórdãos de decisões judiciais transitadas em julgado, seriamsuficientes, por si só, independente das provas orais produzidas na fase de sindicância e na faseadministrativa, para a demonstração das infrações cometidas, todas elas exaustivamentedetalhadas no relatório conclusivo da Sindicância, com 64 (sessenta e quatro laudas), assinadoem 13 de abril de 2009 pelo Corregedor-Geral da Justiça, Des. JOSUÉ DE OLIVEIRA (f. 2.285-2.348).

Sendo assim, pertinente é a conclusão, estampada af. 2.322, de que asestratégias utilizadas pelo Sr. BOTTURA somente seriam exitosas mediante adesão de um Juizde Direito (f. 2.322), como, por exemplo, aforar, no Juizado Especial, em Anaurilândia, por meiode interposta empresa (E-MAIL ME), contra inúmeros consumidores de todo o país, centenas deações temerárias por danos materiais e morais, muitos dos quais fatalmente seriam condenados àrevelia, por residirem em cidades distantes.

Diante desta avalanche de provas documentais carreadas, inaceitável é oargumento da defendente de que tenha sido investigada meramente por suas decisões ou quetenha sido violada em sua independência e autonotnia de magistrada.

Estes são, na essência, os motivos pelos quais se julga procedente arepresentação administrativa movida em face da requerida, pois efetivamente restoudemonstrado, como consignado no relatório da Sindicâncía, que "a magistrada, valendo-se doseu cargo, procurou obter vantagem ilícita a seu/avor, ou de terceiro;' (f. 2.288).

DA APLICACAo DA SANÇAo DISCIPLINARApós a análise pormenorizada de cada conduta atribuída à requerida, conclui-

se que restou caracterizada infração grave, consistente na sua participação no engendramento dasações propostas por LUIZ EDUARDO AURICCHIO BOTTURA, bem como seu concurso nosentido de permitir ao autor das demandas vantagens patrimoniais ilícitas, expressas nas decisõesproferidas pela requerida, que terminaram sendo reformadas.

Admitindo-se, o que se diz ad argumentandum, que a requerida não estivesseem conluio com o Sr. BOTTUR.A., ainda assim, pelo seu comportamento parcial, mesmo que por

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mera simp(ltia ou afinidade como autor das ações (Sr. BOITURA), configurada grave violaçãodasfunçôes, do ponto de vista ético, colocando em xeque, de igual forma, a legitimidade doexerçício da função judicial e comprometendo a credibilidade daclllSse. .

Entretanto, os atos praticados pela requerida foram suficientes para causarprejuízos graves ao çonceito da magistratura, repercutindo negativamente na sociedade, nãosomente perante os seus subordinados, os servidores públicos, bem comO perante osjurisdicionados e a comunidade jurídica em geral.

Sem' dúvida que tais condutas configuraram abuso de poder e faltli deserenidade no cumprimento de seus deveres, com grave violação dos preceitos éticos da classe,confonne se ded!1Zda ementa e do acórdão do Pedido de ProvidênciáS n. 066.152.0021/2009,que originou a instauração do procêssoadministrativo di,sciplinlit (f: 2A14,.2.421)~no qual são'esmÍuçadosos fatos concretos que materializam as infraçqes c()metidas p~la reqllenda,

Esta imputação constituiu a essência do Processo Adll)inistt(;ltivo, desdobradanos seguiI;ltes fatos: .

- A magistrada e seu ~onvivente,o advogado EDUARDO GARCIA DASI~VEIRA NETO, prcj;:edc.ntemel.lteaoajuiZam~ntodas centenas de demandas por LUIZEDUARDO' AURICCHIO nOTTURA, mantiveram concerto com Q aut()r dess~s ações,tanto que a primeira pro'pagon no foro que seria ajuizado grande número de ações peloúltimº. ' ,

...--'---'--'-----..;.--D~pois'-1Je-ajuizadasas- "-açÕes,-a---,.equeridapassou' 'a~-"dispen'Sartratamento diferenciado ao ~utor nOTTURA e a()sprocessos ê9mel~ relacionados,inélnsive reunindo os servidores, orientando,.ospara" que tratassem bem o referidojurisdid9nado.

- A magistrada permitiu que o seu compa'nheiro,advogado na comarca,preenchesse ofícios de interesse de pelo menos um dos .processos do~r. BOTTURA,mediante utilização de senhas cedidas pela escrivã LOSÂNIA LOPE]S DA SILVEIRAFARIA e pelo escrevente GILBERTO JOSÉ DOS' SANTOS, ambos .sujeitos ao poderhierárquico <lajuiza. . . .

-A requerida proferiu decisõesabsurdas, com abuso d~a1:ltoridade,emações de interesse<Jo Sr. llOTTURA, que eram subsequentementecassadasem segundainstância, 'bem assim detenninoua expediçi.tode ofícios,quc implic~ya.mn'aquebra desigilo fiscal, bancário, telefônico e telemático dos reqlleritIos,'com e$Pe,c,t;.~á.çªlldebell$ nãodes.critos no processo, denotando que a magistrada posslli~.CO~JtecirÍ1e••tl}de tais fatospossiv~lmeÍlte por maliter proxi111idadecom o referi4oSr. BÚTTU:RA. "

.- A magistrada, ao proferir decisão~ teceu elogios gratu.itos ao Sr.BOTTURA, em detrimento da parte ex adversa, demonstrando COItI isso parCialidade emsua dec.isão.

- Os indícios, nos autos, apontam para a conclusão de que LUIZEDUARDO AURICCHIO nOTTURA escolheu o foro da Comarca de Anallrilândia parapropor suas demandas, com o conhecimentoclJ fàvorecimento da magistrada.

Como vi~to, as condutas da magistrada, aCima descritas, além do Código deÉtica da Magistratura, violararntambém os dispOSitivoslegais que çont~mplarnos deveres dosmagistrados, insertos no Estatuto da Magistratura (Lei Corriplementarn. 35/79), especialmenteos previstof) no art. 35, I e vm deste último:

"Art. 35. São deveres do magistrado:I - cumprire fazer cumprir. com independência, serenidade e exatidão, asdisposições legais e atos de (?ficio;(..)VIIl-manter conduta irrepreensivel na vida pi!blica eparticular".De acordo Com a Resolução n° 30 do CNJ, que repete norma prevista no art.42 da Lei Orgânica da Magistratura. dispondo sobre a unijormizaçãode

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C5-r _"normas relativas ao pt-ocedi1Tfêif{õadministrativo disciplinar aplicável aosmagistrados, aspenas aplicáveis são as seguintes:"Art. 10 São penas disciplinares aplicáveis aos magistrados da JustiçaFederal, da Justiça do Trabalho, da Justiça Eleitoral, da Justiça Militar, qaJustiça dos Estados e do Distrito Federal e Territórios:l-advertência:11- censura;lJI - remoção compulsória;IV - disponibilidade.:V - aposentadoria compulsória;VI - demissão. "A mesma Resolução estatui em seu art. 5°:"Art. 50. O magistrado será aposentado compulsoriamente; por interessepúblico, quando:I - mostrar-se manifestamente negligente no cumprimento de seus deveres;II - proceder de forma incompatível com a dignidade, a honra e o decoro desuas funções;111 - demonstrar escassa ou i;lS1!ficiente capacidade de trabalho, ouapre,semar proceder funcional incompalÍvel com o bom desempenho dasatividades do Poder Judiciário. "Por tudo que se analisou nestes autos, não há dúvidas de que o interesse

público restou violado.Ainda que se admitisse a aplicação de uma pena mais branda, como a de

remoção compulsória, o que não é o caso, esta seria ineficaz, porque já foi aplicadaanteriormente à magistrada, sem resultado prático, além do que estaria prejudicada pelaaplicação da pena de disponibilidade ocorrida em outro processo administrativo, já transitado emjulgado (066.158.0003/2009).

Esclareço, ainda, que há notícias, no mandado de segurança impetrado pelarequerida, processo n. 2010.006623-6, de que ela requereu aposentadoria, mas o pedido foiindeferido em virtude do impedimento previsto nó ~ 4° do art. 293 da Lei 1.511/94 (CODJ) e noS 5° do art. 10 da Resolução n. 30 do CNJ, pelo fato de que está respondendo a processoádministrativo disciplinar.

Sendo assim, considerando a gravidade dos fatos apurados em relação àconduta da requerida, que responde a diversos outros processos de natureza civil, administrativae penal, bem assim considerando seus antecedentes, conforme demonstrado pela fartadocumentação dos autos e dos anexos, que compõem 19 (dezenove) volumes, com mais de 4.000(quatro mil) páginas, tenho que a pena que atende aos requisitos da razoabilidade ouproporcionalidade, é a de aposentadoria compulsória, uma vez que a demissão., conformeprevisto no art. 95, I, parte final, da CF, depende de sentença judicial transitada em julgado.

Em vista do exposto, com .fulcro110 art. l°, inciso V, e art. 5°, inciso n, ambosda Resolução n. 30, do Conselho Nacional de Justiça, acolho a representação e aplico àmagistrada MARGARIDA ELISABETH WEILER a pena de aposelzfadoria compulsória, porinteresse público, com vencimentos proporcionais ao tempo de serviço.

Deixo de determinar a remessa de cópias do processo ao Ministério Público,porque já existe denúncia em relação aos fatos constantes neste procedimento administrativodisciplinar.

Comunique-se o Ministério Público e o Conselho Superior da Magistratura.

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'J/J-MS ~ ..FeL. ;;b.

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DECISÃO

Como consta na ata, a decisão foi a seguinte:O ÓRGÃO ESPECIAL, À UNANIMIDADE, APLICOU A PENA DE

APOSENTADORIA COMPULSÓRIA À REQUERIDA, NOS TERMOS DO VOTO DORELATOR. DECLARARAM SUSPEIÇÃO O 5° E 14° VOGAIS. AUSENTEJUSTIFICADAMENTE 04° VOGAL.

Pre$idênci'l do Exmo. Sr. Desembargador ElpídioHelvécioChaves Martins.Relator, o Exmo. Sr. Desembargador Clatldionot Miguel Abss Duarte.Tomaram parte no julgamento çs Exmos. Srs. Desembargadores ClaudionQr

Miguel Abss Duarte, Oswaldo Rodrigues de Melo, Elpídio Helvécio Chaves Martins, Lui.zCarlos Santini, João Maria Lós, Paulo Alfeu PutcineHi, Tânia Garcia de Freitas Borges, SergioFernandes Martins, Paschoal Carrnello Leandro (Convocado), MarilZâ LúdaFortes(Convocada), JulizarBarbosaTripdade (Convocado) eSideni Soncini Pimentel (Convocado).

Campo Grande, 23 de junho de 2010.

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REsp 956.388/MS

CONCLUSÃO

Faço estes autos concíus. JORGE MUSSI, Relator...Brasília, 23 de julho de 20

ao Exmo. Senhor Ministro

"

STJ - COORDENA D QUINTA TURMA

P(em 13 vol. e 3 apenso(s»

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