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ACNE: TÉCNICA COMBINADA DE LIMPEZA DE PELE ASSOCIADA A
FOTOBIOESTIMULAÇÃO COM LED
Ana Carolina Zotto Prá1, Roberta Kochan2
1 Acadêmico do curso de Tecnologia em Estética e Cosmética da Universidade Tuiuti do Paraná
(Curitiba, PR);
2 Especialista Fisioterapeuta Prof.ª. Adjunta do Curso de Tecnologia em Estética e Cosmética
da Universidade Tuiuti do Paraná.
Endereço para correspondência: Ana Carolina Zotto Prá, [email protected]
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RESUMO: A acne é umas das doenças de pele mais frequente em dermatologia,
e costuma aparecer em diferentes níveis de gravidade, em diversas idades entre
homens e mulheres, sendo os casos mais comuns na adolescência,
influenciando na autoestima dos adolescentes. Tratamentos estéticos, como a
limpeza de pele e fototerapia com LED estão disponíveis para tratamentos
dessas lesões. A limpeza de pele é um procedimento comum na prática diária
em estética, e algumas das técnicas entre os profissionais da área não são
padronizadas e nem estão descritas na literatura científica. Através de uma
revisão de literatura, o objetivo foi demonstrar a importância de tratamentos
associando a limpeza de pele com fotobioestimulação de LED para tratamento
contra a acne.
Palavras-chave: acne, LED, ledterapia, fotobioestimulação, limpeza de pele.
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INTRODUÇÃO
A acne vulgar é uma enfermidade inflamatória da unidade pilossebácea
da pele, caracterizada inicialmente pela presença de um cômedo, comedão ou
“cravo”. Essa estrutura ocorre pela obstrução do orifício de saída da unidade
pilossebácea, com acúmulo de secreções, restos celulares e algumas vezes um
ácaro: o demodexfoliculorum (BRENNER et al., 2006). É uma das doenças de
pele mais frequentes em dermatologia. A adolescência é um período onde ocorre
uma alta incidência de acne, influenciando na autoestima e comportamento dos
adolescentes. O aparecimento é precoce, com prevalência maior entre os
homens, devido a influência androgênica (ZUCHETTO et al., 2011 apud RIBAS
& OLIVEIRA, 2008). É considerada também uma frequentemente manifestação
temporária da puberdade, correlacionando-se mais com a idade puberal do que
com a idade cronológica. Entretanto pode acompanhar o indivíduo até os 30
anos de idade, especialmente no sexo feminino (BRENNER et al., 2006).
Conforme o seu grau de acometimento ou evolução clínica os diferentes
tipos de acne podem ser classificados em acne não inflamatória ou
comedoniana, de grau leve, moderado ou grave (MANFRINATO, 2009).
O tratamento da acne pode ser tópico, sistêmico e até cirúrgico. A escolha
depende do grau de acometimento da pele, e da tolerância do paciente. Além
dos tratamentos propostos pela área médica citados acima, a limpeza de pele
realizada pelo profissional capacitado na área, é um grande aliado para
tratamento da doença; e a fotobioestimulação tem ganhado seu espaço no
mercado da estética.
O objetivo deste artigo, através de revisão de literatura, foi demonstrar a
importância da limpeza de pele para tratamento de acne, associado ao uso de
fotobioestimulação (luz de led).
Acne
A pele lipídica é a que mais produz quantidade de secreções sebáceas e
sudoríparas, e por isso, possui uma aparência espessa, úmida e com brilho.
Além disso, seus poros são visivelmente dilatados o que facilita o aparecimento
de comedões principalmente na face (ARCANGELI, 2002; KEDE E
SABOTOVICH, 2004).
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Clinicamente a acne é classificada, conforme a sua tipologia, em vulgar,
hiperandrogênica, iatrogênica, cosmética, escoriado, neonatal, conglobata,
fulminante, comedonica, pápulo-pustuloso grave, nódulo-quisto e da mulher
adulta. Conforme o seu grau de acometimento ou evolução clínica os diferentes
tipos de acne podem ser classificados em acne não inflamatória ou
comedoniana, de grau leve, moderado ou grave. De modo geral o tratamento
clínico da acne é baseado na tipologia da afecção e no seu grau de
acometimento. Podendo então, o seu tratamento envolver medidas higiênicas e
profiláticas, até o uso de medicamentos orais e tópicos, realização de cirurgia,
tratamento estético e alternativo (LIMA, 2006; GIACHETTI, 2008;
MANFRINATO, 2009).
A acne vulgar trata-se de uma doença genético-hormonal, de localização
pilossebácea onde consiste em formação de comedões, pústulas e lesões
nodulocísticas, e que dependendo da intensidade leva a um processo
inflamatório. É uma doença de característica adolescente, sendo mais precoce
o aparecimento na adolescência feminina, sendo as formas mais intensas nos
homens e mais persistente nas mulheres devido à alta frequência de distúrbios
hormonais endócrinos que regride de forma espontânea a partir dos 20 anos de
idade. Já a comedogênese tem início com a retenção do sebo produzido pela
glândula, formando assim, o comedão (AZULAY, 2011).
Tratamentos disponíveis para acne
Em geral o tratamento da acne segue alguns padrões como corrigir a
alteração da queratinização folicular, diminuir atividade das glândulas sebáceas,
diminuir população de bactérias e produzir um efeito anti-inflamatório. A limpeza
de pele é sempre eficiente, se não for exagerada, serve ao menos para diminuir
a seborréia que geralmente acompanha o quadro (MAIO, 2011).
Na prática profissional, a limpeza de pele pode ser indicada em todos os
graus de acne, pois possui uma ação importante na eliminação de lesões
inflamatórias e principalmente nas lesões não inflamatórias (comedões abertos),
evitando a evolução destas para pústulas (AVAREZ, TABORDA, 2012 apud
DRENO, 2004, LOWNEY et al., 1964).
A limpeza de pele é um procedimento de extração de comedões,
conhecidos popularmente como cravos, de acne e células mortas entre outras
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impurezas da pele, para deixá-la com um aspecto saudável. O procedimento
deve ser realizado por profissionais especializados e a forma correta de realiza-
la varia de acordo com cada tipo de pele (DRAELOS, 2005).
Fotobioestimulação – LED
Em 1.993 uma empresa japonesa começou a produzir a luz branca a partir
da combinação da luz verde, azul e vermelha, o que abriu um grande campo
para esta tecnologia. As cores de luz de led mais utilizadas são: Azul (400-
470nm), Verde (470-550nm), Vermelho (630-700nm), Infravermelho (700-
1.200nm). A diferença significante entre lasers e LED é como a energia luminosa
é liberada, que são mili Watts para LED e Watts para laser, porém as duas
apresentam o mesmo comprimento de onda. Os LEDs não liberam energia
suficiente para causar danos ao tecido cutâneo e não oferece o mesmo risco aos
olhos que o laser (BAROLET, 2008).
De acordo com Rocha (2004), a designação Laser originou-se da
abreviação de Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation, cuja
teoria é creditada ao físico Albert Einsten, que em seu artigo “Zur Quantum
Theories der Strahlung”, publicado em 1916, utilizou o nome de emissão
estimulada pela primeira vez, sendo um termo bastante peculiar para a época.
No tratamento coadjuvante da acne associa-se a fotobioestimulação com
LED de 405nm (aplicação de cabeça azul), com ação bactericida, seguida da
fotobioestimulação com LED de 940 nm (cabeça infravermelha) de ação anti-
inflamatória e cicatrizante, efeitos descritos na literatura internacional. O
espectro de luz utiliza uma baixa intensidade de energia, o que garante um
tratamento não-ablativo. Diferentemente dos lasers, que utilizam um processo
fototérmico, a fotobioestimulação com LED atua em um processo fotobioquímico,
onde os resultados ocorrem como efeito direto da irradiação luminosa
(fotobioestimulação) e não por conta do aquecimento (ALVAREZ, TABORDA,
2012).
A terapia com luz azul de led atua através da fotossensibilidade das
porfirinas produzidas pela principal bactéria causadora da acne vulgar. As
porfirinas são pigmentos de cor púrpura e de origem natural, e a ativação da
mesma quando absorvida através da luz de led azul na presença de oxigênio,
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produz oxigênio atômico, que destrói as bactérias das P. acne (ALVAREZ,
TABORDA, 2012 apud NIEDRE et al., 2005, LEE et al., 1978).
A propriedade da luz azul de LED em penetrar os tecidos com
profundidade correspondente ao tecido e ao seu comprimento de onda, favorece
a ação bactericida sobre a P.acne que está alojada dentro do poro pilossebáceo,
impedindo que a pápula se torne uma pústula evitando processos cicatriciais na
epiderme. Sessões de laser e LED azul devem ser realizados antes de qualquer
extração. Depois destas sessões fica a critério do profissional seguir o seu
protocolo, sendo necessário a execução da fototerapia uma vez por semana
(PEREIRA, 2005).
Segundo Rocha Junior et al. (2006), em 1917 Albert Einsten expôs os
princípios físicos da emissão estimulada (fenômeno laser), sendo este
classificado como de “alta potência” (com potencial destrutivo) e em “baixa
potência” (sem potencial destrutivo). Andrade, Lima e Albuquerque (2010)
destacam que, embora tenha sido Albert Einsten quem concebeu os princípios
da geração deste tipo de luz, somente em 1960 foi produzido o primeiro emissor
de laser. Esses primeiros lasers foram rapidamente introduzidos na Medicina,
particularmente na cirurgia, utilizando-se de suas propriedades fototérmicas e
fotoablativas por serem de alta potência, e posteriormente foi possível observar
efeitos não térmicos benéficos quando aplicados em baixa intensidade.
METODOLOGIA
A metodologia aplicada foi revisão da literatura acerca do tema proposto,
tendo como base livros especializados na área, bem como o acesso a base de
dados Pubmed, SciELO, Medline, Google Acadêmico no período de 2003 a
2012. Os descritores usados para coleta de dados foram: acne,
fotobioestimlação, LED, ledterapia, limpeza de pele.
DISCUSSÃO
Estudos de MOTA e CHAVES (2012) demonstram que são positivos os
efeitos do LED com luz azul (415 nm) e vermelha (633 nm) em pacientes com
acne grau leve a moderadamente, e que influenciou na redução no número de
lesões não-inflamatórias e nas lesões inflamatórias dos pacientes. Outros
autores verificaram que a luz azul foi mais eficaz na redução do número de
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lesões de acne quando comparada com peróxido de benzoíla em lesões de acne
graus II e III. O tratamento da acne promove satisfação e consequentemente
melhora da autoimagem e qualidade de vida, como referido pelos pacientes
voluntários em sua pesquisa.
Há tempo os benefícios da terapia luminosa são utilizados para
tratamento de diversas patologia da pele, sendo considerada uma das
modalidades mais antigas terapêuticas (BAROLET, 2008).
Pinheiro et al (2009) avaliaram as diferenças no processo de cicatrização
de feridas cutâneas em 30 ratos, utilizando fototerapia LED. Os autores revelam
que o uso de luz polarizada resultou em efeito biomodulatório positivo.
Desmet et al (2006) fizeram um artigo de revisão, com pesquisas atuais
sobre o uso da luz vermelha e infravermelha no tratamento de vários modelos in
vitro e in vivo. A terapia luminosa de baixa intensidade usa luz vermelha e
infravermelha em uma faixa de espectro de 630-1000 nm, modulando
numerosas funções celulares, pode propiciar aceleração no processo cicatricial
de feridas na pele, sendo eficaz também para tratamento de acne.
Arruda et al (2009) verificaram a segurança e eficácia da luz azul no
tratamento de acne inflamatória graus II e III comparada com terapia com
aplicação de peróxido de benzoíla 5%. Sessenta pacientes foram divididos em
grupos onde metade foram submetidos ao LED para comparação de dados. A
conclusão final dos autores foi que a terapia com luz azul foi tão eficaz quanto
ao peróxido de benzoíla 5% para tratamento de acne, porém a aplicação do led
trouxe menos efeitos colaterais.
Conforme Pinheiro 2009, diferentes tratamentos fototerápicos são
capazes de estimular reparos da pele além de outras patologias. Há vários
fatores importantes para o resultado do tratamento envolvendo o uso de fontes
luminosas. A maioria dos protocolos utiliza diferentes parâmetros, o que dificulta
na comparação de resultados finais. Com isso nos últimos anos várias pesquisas
sobre os benefícios do uso de LEDs foram publicados tanto em condições
patológicas quanto em normais in vitro e in vivo e também para rejuvenescimento
facial. Portanto, a tecnologia em LED é considerada uma alternativa efetiva para
tratamento de patologias da pele.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A higiene da pele é de suma importância não só no âmbito de beleza, mas
como também no que diz respeito à saúde e harmonia na pele. Processo diário
de limpeza da pele, bem como tratamentos para acne devem ser levados em
consideração e importância, de acordo com os artigos citados neste estudo.
Os estudos apresentados neste artigo demonstram que a prática da
limpeza de pele (com extração), realizada de forma rotineira, é eficaz para
manter uma pele saudável e em equilíbrio. Associando o uso de LED no
protocolo, potencialmente, possui efeito bactericida e anti-inflamatório.
O tecnólogo em estética é um profissional que trabalha em conjunto com
diversas áreas relacionadas à saúde. O protocolo de limpeza de pele bem como
tratamento para acne é um dos procedimentos faciais mais procurados e
ofertados nos espaços de estética e beleza. Desta forma, o profissional precisa
ter uma formação sólida e conhecimentos científicos teórico-práticos para
realizar esse procedimento com fundamentação e segurança.
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