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Acne e isotretinoína Nelson Guimarães Proença I Consultório particular em Campos do Jordão, São Paulo No início dos anos 80, o Laboratório Roche lançou nova medicação para tratamento da acne, a isotretinoína, cujo nome comercial nos Estados Unidos era Accutan. No Brasil, a apresentação foi feita por meio de monografia, elaborada pelo saudoso Professor Sebastião Almeida Prado Sampaio, na qual foi feito detalhado histórico dos eventos científicos que precederam a introdução da nova medicação.* Para não nos alongarmos, vamos citar estes eventos de modo sumário. Srepp (1909*) identificou uma substância lipossolúvel na gema do ovo, indispensável ao crescimento de ratos e camundongos. Em seguida McCollen e Davis (1913*) a identificaram tam- bém na gordura animal e no óleo de fígado de bacalhau; logo depois, Drumond a denominou vitamina A (1913*). Seguiu-se a caracterização de sua estrutura química, por Karrer (1931*), e a descoberta de seu derivado ácido, por Arens e Van Dorp (1946*). Este derivado foi, por esses pes- quisadores, denominado tretinoína. Vinte anos depois, Zile (1965*) conseguiu caracterizar me- lhor a constituição química desse derivado, o ácido retinoi- co. Logo depois, Bollag (1971*) sintetizou a isotretinoína. Datam de 1979 os primeiros ensaios de isotretinoína em acne, feitos por Peck, que comunicou sua eficácia. Já se passaram 30 anos desde que isotretinoína foi introdu- zida na prática médica, tornando-se universal seu uso no tra- tamento da acne. Embora seu emprego já esteja consagrado, pelos excelentes resultados obtidos, há ainda alguns pontos controversos que precisam ser melhor esclarecidos. Por incrível que pareça, um destes pontos é sobre a dosa- gem diária ao se iniciar o tratamento. Qual deve ser utilizada? Para responder a essa pergunta cabe recordar que, ao se ini- ciar seu uso, foi recomendado 0,5 mg por quilo de peso, sem ultrapassar o total de 60 mg/dia. Como as cápsulas contêm 20 mg, para o médico, se tornou mais prático prescrever duas cápsulas por dia, ficando portanto abaixo do 0,5 mg por qui- lo, que era a recomendação inicial. Em anos mais recentes, muitos dermatologistas passaram a recomendar o início do tratamento com dosagem diária de apenas 20 mg, e eles in- sistem que os resultados são tão bons como os que se obtêm com dosagens maiores. Para oferecer dados que possam contribuir para o es- clarecimento dessa controvérsia, procedemos à revisão dos pacientes que tratamos com isotretinoína nos últimos quatro anos. Adotamos um protocolo que é rigorosamente seguido, o qual foi aplicado a esses pacientes. Ao todo, fo- ram 51 casos, mas 11 não completaram o tratamento pro- gramado, sendo excluídos. Dos 40 restantes, 19 receberam 20 mg/dia (Grupo A) e 21 receberam 40 mg/dia (Grupo B), no início do tratamento, dosagens mantidas nos dois I Professor Doutor pela Faculdade de Medicina da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Dermatologia, 1970. Professor Docente Livre pela Escola Paulista de Medicina, atual Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Dermatologia, 1974. Professor Titular da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, 1975. Professor Emérito da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Endereço para correspondência: Nelson Guimarães Proença Rua Brigadeiro Jordão, 485, sala 17 — Campos do Jordão (SP) — CEP 12460-000 Tel. (12) 3664-3705 — E-mail: [email protected] Fonte de fomento: nenhuma declarada — Conflito de interesse: nenhum declarado Entrada: 8 de abril de 2015 — Última modificação: 20 de abril de 2015 — Aceite: 14 de maio de 2015 *Sampaio SAP. Aula apresentada sobre isotretinoína preparada pelo Depar- tamento Médico de Produtos Roche Químicos e Farmacêuticos S.A. CARTA AO EDITOR 121 Diagn Tratamento. 2015;20(3):121-3.

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Acne e isotretinoínaNelson Guimarães ProençaI

Consultório particular em Campos do Jordão, São Paulo

No início dos anos 80, o Laboratório Roche lançou nova medicação para tratamento da acne, a isotretinoína, cujo nome comercial nos Estados Unidos era Accutan. No Brasil, a apresentação foi feita por meio de monografia, elaborada pelo saudoso Professor Sebastião Almeida Prado Sampaio, na qual foi feito detalhado histórico dos eventos científicos que precederam a introdução da nova medicação.* Para não nos alongarmos, vamos citar estes eventos de modo sumário.• Srepp (1909*) identificou uma substância lipossolúvel

na gema do ovo, indispensável ao crescimento de ratos e camundongos.

• Em seguida McCollen e Davis (1913*) a identificaram tam-bém na gordura animal e no óleo de fígado de bacalhau; logo depois, Drumond a denominou vitamina A (1913*).

• Seguiu-se a caracterização de sua estrutura química, por Karrer (1931*), e a descoberta de seu derivado ácido, por Arens e Van Dorp (1946*). Este derivado foi, por esses pes-quisadores, denominado tretinoína.

• Vinte anos depois, Zile (1965*) conseguiu caracterizar me-lhor a constituição química desse derivado, o ácido retinoi-co. Logo depois, Bollag (1971*) sintetizou a isotretinoína.

• Datam de 1979 os primeiros ensaios de isotretinoína em acne, feitos por Peck, que comunicou sua eficácia.

Já se passaram 30 anos desde que isotretinoína foi introdu-zida na prática médica, tornando-se universal seu uso no tra-tamento da acne. Embora seu emprego já esteja consagrado, pelos excelentes resultados obtidos, há ainda alguns pontos controversos que precisam ser melhor esclarecidos.

Por incrível que pareça, um destes pontos é sobre a dosa-gem diária ao se iniciar o tratamento. Qual deve ser utilizada? Para responder a essa pergunta cabe recordar que, ao se ini-ciar seu uso, foi recomendado 0,5 mg por quilo de peso, sem ultrapassar o total de 60 mg/dia. Como as cápsulas contêm 20 mg, para o médico, se tornou mais prático prescrever duas cápsulas por dia, ficando portanto abaixo do 0,5 mg por qui-lo, que era a recomendação inicial. Em anos mais recentes, muitos dermatologistas passaram a recomendar o início do tratamento com dosagem diária de apenas 20 mg, e eles in-sistem que os resultados são tão bons como os que se obtêm com dosagens maiores.

Para oferecer dados que possam contribuir para o es-clarecimento dessa controvérsia, procedemos à revisão dos pacientes que tratamos com isotretinoína nos últimos quatro anos. Adotamos um protocolo que é rigorosamente seguido, o qual foi aplicado a esses pacientes. Ao todo, fo-ram 51 casos, mas 11 não completaram o tratamento pro-gramado, sendo excluídos. Dos 40 restantes, 19 receberam 20 mg/dia (Grupo  A) e 21 receberam 40 mg/dia (Grupo B), no início do tratamento, dosagens mantidas nos dois

IProfessor Doutor pela Faculdade de Medicina da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Dermatologia, 1970. Professor Docente Livre pela Escola Paulista de Medicina, atual Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Dermatologia, 1974. Professor Titular da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, 1975. Professor Emérito da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.

Endereço para correspondência:Nelson Guimarães ProençaRua Brigadeiro Jordão, 485, sala 17 — Campos do Jordão (SP) — CEP 12460-000Tel. (12) 3664-3705 — E-mail: [email protected]

Fonte de fomento: nenhuma declarada — Conflito de interesse: nenhum declaradoEntrada: 8 de abril de 2015 — Última modificação: 20 de abril de 2015 — Aceite: 14 de maio de 2015

*Sampaio SAP. Aula apresentada sobre isotretinoína preparada pelo Depar-tamento Médico de Produtos Roche Químicos e Farmacêuticos S.A.

CARTA AO EDITOR

121Diagn Tratamento. 2015;20(3):121-3.

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primeiros meses. Foram feitas revisões mensais. A partir do terceiro mês, as dosagens diárias foram ajustadas de acordo com o resultado obtido.

Cada paciente teve seu quadro clínico avaliado e caracte-rizado de acordo com o protocolo, sendo anotadas as presen-ças quantitativas de comedões, pápulas foliculares, pústulas foliculares, nódulos, abscessos e, também, a intensidade da seborreia facial. De acordo com a avaliação desses dados clí-nicos, classifi camos os casos em Grau I, II, III ou IV.

No Grupo A, os pacientes estavam assim distribuídos: Grau II, 10 pacientes; Grau III, 8 pacientes; Grau IV, 1 pa-ciente. No Grupo B, tivemos: Grau II, 9 pacientes; Grau III, 10 pacientes; Grau IV, 2 pacientes. Como se vê, os dois grupos, embora distribuídos aleatoriamente, foram bastante homo-gêneos, permitindo a comparação de resultados.

No Grupo A, no primeiro mês, foram 6 pacientes com 90% de melhoria e 1 com 100%. No segundo mês esses números melhoraram bastante e já eram 8 pacientes com 90% e 7 com 100%, permanecendo apenas 4 com resultados entre 50% e 80%. No Grupo B, os resultados foram semelhantes, ao fi nal do primeiro mês: 4 com 90% e 1 com 100%. No segundo mês foram 7 pacientes com melhora de 90% e 6 de 100%, permanecendo os outros 8 entre 50% e 80%. Entre o terceiro e o quarto mês de tratamento, atingiu-se o controle completo de manifesta-ções em 16/19 pacientes do Grupo A, e em 17/21 pacientes do Grupo B, resultados que se equivalem. A Tabela 1 resume esses resultados e permite a comparação entre os dois Grupos.

Também registramos a dose total que foi necessária para obtermos a melhora parcial (90%) ou completa da acne (100%). Procuramos obter o valor mediano, para cada um dos dois Grupos. Assim, no Grupo A, foi de 2.410 mg, enquanto que, no Grupo B, foi de 3.150 mg. Uma diferença notável!

COMENTÁRIOS E CONCLUSÕES

A dosagem diária inicial de isotretinoína para tratamento da acne ainda é questão em aberto. Essencialmente, a discus-são é se devemos iniciar com pelo menos 40 mg/dia, ou se podemos prescrever dosagem inicial de 20 mg/dia.

Para oferecer subsídios para essa questão, fi zemos a re-visão dos casos de acne que tratamos nos últimos quatro anos, nos quais estava indicada a isotretinoína. Foi possível comparar um Grupo A, que inicialmente recebeu 20 mg/dia (19 pacientes), com um Grupo B, que recebeu inicialmente40 mg/dia (21 pacientes).

Os resultados foram praticamente os mesmos em ambos os grupos tratados. Não obstante, a dose total utilizada, ne-cessária para obter o controle das manifestações clínicas, foi bem menor no Grupo A do que no Grupo B.

Diante dos dados que apresentamos, é possível recomen-dar que a dosagem diária inicial seja de 20 mg.

A presente Carta ao Editor é ilustrada com as fotografi as do “antes e depois” de dois pacientes, o primeiro do Grupo A e o segundo do Grupo B (Figuras 1 e 2).

Tabela 1. Resultado obtido após o primeiro, o segundo, e o terceiro mês de tratamento

Redução quantitativa das lesões clínicas (em %)

Grupo A: 20 mg/dia (ou 600 mg/mês)

19 pacientes

Grupo B: 40 mg/dia (ou 1.200 mg/mês)

21 pacientes1o mês 2o mês 3o mês 1o mês 2o mês 3o mês

80% ou menos 12 04 16 0890% 06 08 04 07100% 01 07 16 01 06 17

Acne e isotretinoína

Diagn Tratamento. 2015;20(3):121-3.122

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Figura 1. Paciente que recebeu dose inicial de 600 mg/dia, antes e após 90 dias.

Figura 2. Paciente que recebeu dose inicial de 1.200 mg/dia, antes e após 90 dias.

Nelson Guimarães Proença

Diagn Tratamento. 2015;20(3):121-3. 123

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Como refere o missivista, a isotretinoína é droga con-sagrada no tratamento da acne e revelou-se medicamento extraordinário, particularmente para as formas graves da enfermidade evitando sequelas cicatriciais capazes de afetar a qualidade de vida dos doentes. As normas terapêuticas ini-ciais preconizavam doses de 1 mg/kg/dia e até 2 mg/kg/dia nas formas graves, recomendando-se iniciar-se o tratamento com 0,5 mg/kg/dia e posteriormente, com a evolução clínica, as doses seriam aumentadas, se necessário até atingirem-se as doses terapêuticas plenas. Estabeleceu-se também que a dose total indicada seria de 120 mg/kg a 150 mg/kg de peso, admitindo-se que doses menores favoreceriam recidivas. Apesar de tanto tempo de uso, as doses indicadas da isotre-tinoína ainda são controversas, mas, a partir de um primeiro estudo de 1987, têm surgido inúmeras publicações enfatizan-do o uso de doses menores de isotretinoína com os mesmos resultados terapêuticos obtidos com doses maiores. Segue-se relação dos principais trabalhos propugnando doses menores

na Tabela 1.1-14 Portanto, a proposta de tratamento da acne com doses menores que o inicialmente recomendado tem amplo respaldo na literatura.

Quanto aos dados apresentados no estudo comparativo, o colega estudou 40 casos, 19 que receberam a dose de 20 mg/dia e 21 que receberam 40 mg/dia. O número de casos é pequeno, considerando-se a grande frequência da doença, mas a amos-tragem é homogênea para comparação em relação ao grau da doença. O tempo de observação é pequeno, três meses, não permitindo análise de recidivas, que é outra questão discutida em relação à dose, particularmente à dose total ministrada.

As observações do missivista somam-se aos relatos da li-teratura, reforçando a possibilidade do uso de doses menores de isotretinoína (20 mg/dia) com efeitos colaterais menores e também redução dos custos do tratamento. Acredito que os colegas dermatologistas devem também adquirir experiência com doses menores de isotretinoína, especialmente nas for-mas leves a moderadas.

Tabela 1. Comparação de estudos anteriores conduzidos com baixas doses de isotretinoína. Adaptado de Rao e cols.1

Autores No de doentesDose

mg/kgDuração

(semanas)Respostas/recidivas

(%)Bellosta e cols.2 60 0,5 12-20 SignificanteGoulden e cols.3 80 0,5 24 88/39Hermes e cols.4 94 0,43 35 99, 8/33Strauss e cols.5 300 0,4 20 90Mandekou-Lefaki e cols. 6 32 015-0,4 24 69Plewig e cols.7 28 0,14-0,29 20 91,8Amichai e cols.8 638 0,3-0,4 24 93, 7/5 Kaymak e Ilter9 60 0,5-0,75 24 82,9Akman e cols. 10 66 0,5 24 90/15Sardana e cols.11 305 0,15-0,28 24 87,6/16,3Agarwal e cols.12 120 0,4-0,1 24 93De e Kanwar13 70 0,3 16 93,9/11,3Lee e cols.14 60 0,5-0,7 6-24 92,9/23,3Rao e cols.1 50 0,4 12 90,4

Comentários da carta ao editor "Acne e isotretinoína"

Evandro Ararigboia RivittiI

IProfessor emérito da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).

Diagn Tratamento. 2015;20(3):124-6.124

COMENTÁRIOS DA CARTA AO EDITOR "ACNE E ISOTRETINOÍNA"

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REFERÊNCIAS

1. Rao PK, Bhat RM, Nandakishore B, et al. Safety and efficacy of low-dose isotretinoin in the treatment of moderate to severe acne vulgaris. Indian J Dermatol. 2014;59(3):316.

2. Bellosta M, Vignini M, Miori L, Rabbiosi G. Low-dose isotretinoin in severe acne. Int J Tissue React. 1987;9(5):443-6.

3. Goulden V, Clark SM, McGeown C, Cunliffe WJ. Treatment of acne with intermittent isotretinoin. Br J Dermatol. 1997;137(1):106-8.

4. Hermes B, Praetel C, Henz BM. Medium dose isotretinoin for the treatment of acne. J Eur Acad Dermatol Venereol. 1998;11(2):117-21.

5. Strauss JS, Leyden JJ, Lucky AW, et  al. A randomized trial of the efficacy of a new micronized formulation versus a standard formulation of isotretinoin in patients with severe recalcitrant nodular acne. J Am Acad Dermatol. 2001;45(2):187-95.

6. Mandekou-Lefaki I, Delli F, Teknetzis A, Euthimiadou R, Karakatsanis G. Low-dose schema of isotretinoin in acne vulgaris. Int J Clin Pharmacol Res. 2003;23(2-3):41-6.

7. Plewig G, Dressel H, Pfleger M, Michelsen S, Kligman AM. Low dose isotretinoin combined with tretinoin is effective to correct abnormalities of acne. J Dtsch Dermatol Ges. 2004;2(1):31-45.

8. Amichai B, Shemer A, Grunwald MH. Low-dose isotretinoin in the treatment of acne vulgaris. J Am Acad Dermatol. 2006;54(4):644-6.

9. Kaymak Y, Ilter N. The effectiveness of intermittent isotretinoin treatment in mild or moderate acne. J Eur Acad Dermatol Venereol. 2006;20(10):1256-60.

10. Akman A, Durusoy C, Senturk M, Koc CK, Soyturk D, Alpsoy E. Treatment of acne with intermittent and conventional isotretinoin: a randomized, controlled multicenter study. Arch Dermatol Res. 2007;299(10):467-73.

11. Sardana K, Garg VK, Sehgal VN, Mahajan S, Bhushan P. Efficacy of fixed low-dose isotretinoin (20 mg, alternate days) with topical clindamycin gel in moderately severe acne vulgaris. J Eur Acad Dermatol Venereol. 2009;23(5):556-60.

12. Agarwal US, Besarwal RK, Bhola K. Oral isotretinoin in different dose regimens for acne vulgaris: a randomized comparative trial. Indian J Dermatol Venereol Leprol. 2011;77(6):688-94.

13. De D, Kanwar AJ. Combination of low-dose isotretinoin and pulsed oral azithromycin in the management of moderate to severe acne: a preliminary open-label, prospective, non-comparative, single-centre study. Clin Drug Investig. 2011;31(8):599-604.

14. Lee JW, Yoo KH, Park KY, et al. Effectiveness of conventional, low-dose and intermittent oral isotretinoin in the treatment of acne: a randomized, controlled comparative study. Br J Dermatol. 2011;164(6):1369-75.

Tabela 2. Recidivas de acne após terapêutica com isotretinoína de acordo com estudos internacionais. Adaptado de Morales-Cardona e cols.16

Autor No de doentes Recidiva Coloe e cols.17 102 45%Borghi e cols.18 150 9%Liu e cols.19 405 23%Azoulay e cols.20 17.351 41%Quereux e cols.21 52 52%Al-Mutairi e cols.22 117 49%Lehucher-Ceyrac e cols.23 237 14%-48%White e cols.24 179 61%Layton e cols.25 88 30%-39%Stainforth e cols.26 299 17%-23%Harms e cols.27 86 15%Jones e cols.28 76 55%Morales-Cardona e cols.16 142 15%

Apesar desses inúmeros trabalhos e observações de tra-tamentos com doses menores de isotretinoína, a questão ainda é aberta, não havendo unanimidade dos estudiosos a respeito. Por exemplo, Blasiak e colaboradores, em trabalho publicado no Journal of the American Medical Association Dermatology,15 defendem o emprego de altas doses de isotre-tinoína, iniciando com 40 mg/dia, aumentando no segundo mês para 1 mg/kg/dia e posteriormente aumentando até 2 mg/kg/dia. A dose cumulativa total mínima utilizada nos doentes que estudou foi de 171 mg/kg. Os autores compara-ram grupo que recebeu menos de 220 mg/kg de  dose  total com grupo que recebeu mais de 220 mg/kg de dose total, con-cluindo que, no primeiro grupo, somente 8% dos doentes ne-cessitaram de novo curso de isotretinoína, enquanto no outro grupo, 37% dos enfermos necessitaram novo tratamento.

As recidivas da acne após terapêutica com isotretinoí-na são mais frequentes do que anteriormente se admitia. Observemos alguns trabalhos a respeito na Tabela 2.16-28

Em 1993, Layton e colaboradores estabeleceram que doses totais inferiores a 120 mg/kg de isotretinoína seriam impor-tante fator de risco para recidivas. White relacionou recidivas a doses diárias menores de 1 mg/kg/dia e Layton e Leyden, Jones e Cunliffe relacionaram recidivas a doses diárias inferio-res a 0,5 mg/kg/dia. Esses fatos não estão estabelecidos e são controversos. Morales-Cardona estudaram 142 pacientes que

foram seguidos por 24 meses ou até a recidiva e não observa-ram relação entre recidivas e doses diárias ou doses totais.

Nos dados do trabalho em análise, não é possível fazer in-ferências quanto a recidivas.

Quanto à minha experiência pessoal (sem qualquer aná-lise numérica ou estatística), dado o grande número de reci-divas que fui observando ao longo da prática clínica, sempre ministro a dose cumulativa mínima de 120 mg/kg.

Evandro Ararigboia Rivitti

Diagn Tratamento. 2015;20(3):124-6. 125

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15. Blasiak RC, Stamey CR, Burkhart CN, Lugo-Somolinos A, Morrell DS. High-dose isotretinoin treatment and the rate of retrial, relapse, and adverse effects in patients with acne vulgaris. JAMA Dermatol. 2013;149(12):1392-8.

16. Morales-Cardona CA, Sánchez-Vanegas G. [Acne relapse rate and predictors of relapse following treatment with oral isotretinoin]. Actsa Dermosifiliogr. 2013;104(1):61-6.

17. Coloe J, Du H, Morrell DS. Could higher doses of isotretinoin reduce the frequency of treatment failure in patients with acne? J Am Acad Dermatol. 2011;65(2):422-3.

18. Borghi A, Mantovani L, Minghetti S, Giari S, Virgili A, Bettoli V. Low-cumulative dose isotretinoin treatment in mild-to-moderate acne: efficacy in achieving stable remission. J Eur Acad Derrmatol Venerol. 2011;25(9):1094-8.

19. Liu A, Yang DJ, Gerhardstein PC, Hsu S. Relapse of acne following isotretinoin treatment: a retrospective study of 405 patients. J Drugs Dermatol. 2008;7(10):963-6.

20. Azoulay L, Oraichi D, Bérard A. Isotretinoin therapy and the incidence of acne relapse: a nested case-control study. Br J Dermatol. 2007;157(6):1240-8.

21. Quéreux G, Volteau C, N’Guyen JM, Dréno B. Prospective study of risk factors of relapse after treatment of acne with oral isotretinoin. Dermatology. 2006;212(2):168-76.

22. Al-Mutairi N, Manchanda Y, Nour-Eldin O, Sultan A. Isotretinoin in acne vulgaris: a prospective analysis of 160 cases from Kuwait. J Drugs Dermatol. 2005;4(3):369-73.

23. Lehucher-Ceyrac D1, de La Salmonière P, Chastang C, Morel P. Predictive factors for failure of isotretinoin treatment in acne patients: results from a cohort of 237 patients. Dermatology. 1999;198(3):278-83.

24. White GM, Chen W, Yao J, Wolde-Tsadik G. Recurrence rates after the first course of isotretinoin. Arch Dermatol. 1998;134(3):376-8.

25. Layton AM, Knaggs H, Taylor J, Cunliffe WJ. Isotretinoin for acne vulgaris--10 years later: a safe and successful treatment. Br J Dermatol. 1993;129(3):292-6.

26. Stainforth JM, Layton AM, Taylor JP, Cunliffe WJ. Isotretinoin for the treatment of acne vulgaris: which factors may predict the need for more than one course? Br J Dermatol. 1993;129(3):297-301.

27. Harms M, Masouyé I, Radeff B. The relapses of cystic acne after isotretinoin treatment are age-related: a long-term follow-up study. Dermatologica. 1986;172(3):148-53.

28. Jones DH, Cunliffe WJ. Remission rates in acne patients treated with various doses of 13-cis-retinoic acid (isotretinoin). Br J Dermatol. 1984;111(1):123-5.

Comentários da carta ao editor "Acne e isotretinoína"

Diagn Tratamento. 2015;20(3):124-6.126