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    297ISSN 0326-2383

    Acta Farm. Bonaerense 23 (3): 297-303 (2004)Recibido el 18 de octubre de 2003Aceptado el 3 de enero de 2004

    Trabajos originales

    PALAVRAS-CHAVE: cido ftico, Agente despigmentante, Hidroquinona.KEY WORDS: Depigmentation agent, Hydroquinone, Phytic acid.

    * Autor para correspondncia.E-mail: [email protected]

    Avaliao Clnica e Morfolgica da Ao da Hidroquinonae do cido Ftico como Agentes Despigmentantes

    Benilda L.K. GARDONI 1, Mayumi E.O. SATO 2*, Roberto PONTAROLO 2, Lucia NORONHA 3,

    Adriane REICHERT 3& Sergio Z. SERAFINI 4

    1 Programa de Ps-graduao em Cincias Farmacuticas, Universidade Federal do Paran, Brasil2Laboratrio de Tecnologia Farmacutica, Departamento de Farmcia, Universidade Federal do Paran,

    Brasil. Av. Prefeito Lothrio Meissner, 3400, CEP: 80210-170, Curitiba, Paran, Brasil.3 Unidade de Patologia Peditrica e Perinatal (UPPP) do Servio de Anatomia Patolgica (SAP), Hospital

    das Clnicas, Universidade Federal do Paran, Brasil4Departamento de Clnica Mdica, Universidade Federal do Paran, Brasil

    RESUMO. A eficcia in vivo do creme de cido ftico 2% (A), foi comparada ao de hidroquinona 4% (B),em estudo comparativo duplo cego, com dezoito voluntrios sadios, pele fototipo IV (Fitzpatrick). Na an-lise macroscpica no se observou alteraes na colorao da pele. No ensaio histoqumico subjetivo nohouve reduo perceptvel do pigmento melnico. Observou-se significativa reduo do nmero de mela-ncitos com a hidroquinona (28,22), superior ao cido ftico (30,74) e ao controle (31,49). A espessura daepiderme diminuiu com a hidroquinona (155,85 m), superior ao cido ftico (156,23 m), controle (161,40m), provavelmente pela ao citotxica desta, que alm de reduzir o nmero de melancitos, tambm, al-tera o processo de renovao celular da epiderme. Ambos diminuram a espessura da camada crneaapresentando ao ceratoltica, mais significativo para o cido ftico (53,83 m), 61,68 m para hidroqui-nona e 75,99 m para o controle. Assim, demonstra-se que o cido ftico no apresenta a mesma eficciaque a hidroquinona, porm, no citotxica.

    SUMMARY. Morphological and Clinical Evaluation of Phytic Acid and Hydroquinone as DepigmentationAgents. The in vivo efficiency of phytic acid 2% cream was compared with hydroquinone 4% cream with astatistic comparative double blind test, on 18 healthy volunteers, skin photo type IV (Fitzpatrick), for 60 days.

    No macroscopic difference in skin colour was noted by using any of both creams. In the subjective hystochemi-cal analysis no perceptible reduction of melanic pigments could be noted. A significative reduction on the num-ber of melanocytes was obtained with hydroquinone (28,22), as compared with phytic acid (30,74) and the con-trol (31,49). The thinning of the epidermis after using hydroquinone indicated that this treatment led to resultssuperior to those obtained with phytic acid, which can be attributed to the cytotoxic action of the hydroquinone(phytic acid: 156,23 m; hydroquinone: 155,85 m; control: 161,40 m). Both creams led to a reduction on thethickness of the stratum corneum, being possible to identify a more significant exfoliating action for the phyticacid.(hydroquinone: 61,68 m; phytic acid: 53,83 m; control: 75,99 m). Phytic acid exhibits a less lighteningefficiency, but it has a higher safety level due to lack of cytotoxic action.

    INTRODUOO s distrbios de hiperpigm entao podem

    exercer im portante influncia esttica, depen-dendo de sua intensidade, apresentao e locali-zao. Para com bater e reverter as alteraes es-tticas que tais distrbios ocasionam , procuram -se produtos que no provoquem reaes adver-sas e que apresentem ao efetiva. A hidroqui-nona considerada um produto de referncia,um dos m ais receitados por derm atologistas,m as que apresenta constantes efeitos colaterais

    com o leucoderm a, ocronose e derm atite de con-tato. um agente clareador cutneo que causa

    dim inuio da sntese de m elanina (pigm entoendgeno considerado p rincipal determ inanteda colorao cutnea) por inibio da enzim a ti-rosinase.

    Entre outros despigm entantes atualm enteem pregados, destaca-se o cido ftico (m io-ino-sitol hexafosfato), com ponente presente em to-dos os cereais, com propriedades inibidoras datirosinase, atuando tam bm com o agente antio-

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    Gardoni, B.LK., M.E.O. Sato, R. Pontarolo, L. Noronha, A. Reichert & S.Z. Serafini

    xidante no claream ento de m anchas hipercrm i-cas.

    Tendo-se em vista a problem tica que os dis-trbios de hiperpigm entao representam ,

    props-se a realizao de um estudo com parati-vo, in vivo, duplo cego da ao despigm entantee esfoliante cutnea da hidroquinona e do cidoftico, nas concentraes de 4% e 2% , respecti-vam ente, usualm ente prescritas pela classe m -dica em form ulaes m agistrais.

    MATERIAL E MTODOSFor mu laes

    Foram elaborados dois crem es: um com base

    no inica para o cido ftico (2% ) e um combase aninica para a hidroquinona (4% ), elabo-rados de acordo com os procedim entos farm a-

    cotcnicos.

    Pacientes

    Foram selecionados 21 voluntrios sadios,com idade entre 18 e 52 anos (m dia de 35anos): 16 do sexo fem inino e 5 do sexo m ascu-

    lino, que consentiram em participar do estudo,

    (aprovao pelo C om itde tica do H ospitaldas Clnicas, U FPR). Previam ente foram subm e-tidos a um a avaliao clnica derm atolgica, em -pregando com o critrio para incluso neste en-saio, pele fototipo IV de Fitzpatrick 1.

    Pr ocedim ento ger al pa r a o teste

    Antes da aplicao dos crem es a regio su-perior do brao direito (controle) de cada umdos voluntrios foi fotografada para o estudom acroscpico e biop siada com punch 4 m m ,sendo o fragm ento (rea controle) fixado emform alina a 10% .

    Logo aps este procedim ento, os voluntriosreceberam 2 am ostras de crem e - crem e A (ci-do ftico 2% ) e crem e B (hidroquinona 4% ), pa-ra serem utilizados nos braos direito e esquer-do, respectivam ente. Tanto os voluntrios quan-to o corpo clnico desconheciam o contedo decada um dos crem es. Todos foram orientados

    quanto aplicao dos crem es no perodo danoite, sem pre na regio pr-estabelecida, duran-te 60 dias, sendo que aps este perodo, as re-as que receberam aplicao dos crem es foramfotografadas e biopsiadas (rea A - cido ftico erea B - hidroquinona). Para esta ltim a etapa,18 (dezoito) dos voluntrios retornaram .

    Pr ocessamento do mater i a l

    As bipsias foram processadas conform e tc-

    nicas convencionais, observando-se que no m o-

    m ento da incluso, todos os fragm entos tives-sem sua face derm oepidrm ica voltada para aface de corte do bloco. Para cada bipsia foramconfeccionadas 2 lm inas com 8 nveis de corte

    de 4m cada um a, sendo coradas com hem ato-xilina-eosina (H E) e Fontana-M asson (FM ). Tota-

    lizaram -se assim 6 lm inas por paciente (2 darea A , duas da rea B e duas da rea C ) 2-4.

    Anl ise histoqumica subjet iva

    As lm inas foram observadas em m icrosc-pio tetraocular BX 40. Foi utilizado um estudo

    com parativo du plo cego, no induzido. Paratanto, as lm inas tiveram sua identificao oclu-da e receberam nm eros aleatrios para quepudessem ser novam ente identificadas. Esta ava-

    liao foi realizada por dois observadores, quetentaram ento realocar as lm inas nos gruposcontrole (C) e experim ento (A e B) utilizando-se

    apenas da quantidade de pigm ento negro pre-

    sente na epiderm e das am ostras coradas pelo

    FM , (aum ento de 200 vezes), que nesta tcnicarepresenta a m elanina (Fig. 1A ).

    Anl ise histoqumica mor fomt r i ca

    objet iva ( contagem de melancitos, medid a

    da espessur a da epi derme e medida d a

    espessur a da camad a crnea)

    Para esta an*lise em pregou-se o m icroscpio

    trinocular BX 50 acop lado a m icrocom putadorcontendo softw are de analise de im agem Im age

    Pro Plus .A contagem de m elancitos, em lm inas co-

    radas com H E, (aum ento de 400x), foi realizada

    ao longo de toda cam ada basal da epiderm e de

    todos os 8 nveis de corte (Fig. 1B ), tanto nogrupo controle (C) quanto nos grupos experi-

    m entos (A e B).

    A m edida da espessura da ep iderm e (Fig.

    1C) e da cam ada crnea (Fig. 1D ) foi realizadaem lm inas coradas com H E (aum ento de 200x).

    Em cada um dos 8 nveis de corte foram feitascinco m edidas lineares aleatrias, totalizando 40m edidas para cada um dos grupos (A, B, C).

    A tcnica usada para m edir a espessura daepiderm e em pregou o aplicativo M orfom etria de

    Linhas do analisador de im agem . Traando-seum a linha da cam ada basal da epiderm e ataltim a clula da cam ada crnea, a m edida emm icrm etros era autom aticam ente fornecida pe-lo aplicativo. Esta m esm a tcnica foi em pregadapara m edir a espessura da cam ada crnea, par-tindo-se da juno da cam ada granulosa atasuperfcie da cam ada crnea.

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    acta farmacutica bonaerense - vol. 23 n 3 - ao 2004

    Anl ise estatst icaO s dados foram subm etidos anlise estats-

    tica utilizando-se o softw are Statistic 5.0. O m -todo estatstico de acurcia foi em pregado paraanalisar a capacidade do teste em produzir um

    diagnstico verdadeiro na anlise histoqum icasubjetiva. Para os estudos m orfom tricos objeti-vos foi efetuada um a anlise prvia, com uso deestatstica de controle de qualidade 5, que elim i-na nm eros extrem os que esto fora das carac-tersticas populacionais. O s dados foram subm e-tidos anlise de estatstica descritiva, anlise

    de varincia m odelo inteiram ente casualizado,seguido de teste de Tukey para com por os pa-

    Figura 1.A) Anlise histoqum ica subjetiva - pigm ento m elnico (P) na cam ada basal da epiderm e.B) Anlisehistoqum ica m orfom trica objetiva - contagem de m elancitos (M ) na cam ada basal da epiderm e (aum ento400x). C) Anlise histoqum ica m orfom trica objetiva -m edida da espessura da epiderm e (E) (aum ento 400x).D) Anlise histoqum ica m orfom trica objetiva - m edida da espessura da cam ada crnea (C) (aum ento 400x).

    EnsaioTaxa de erro Sensibilidade

    falso negativo (%) (%)

    Crem e A 73,7 26,3

    Crem e B 57,9 42,1

    Controle 57,9 42,1

    Tabela 1. Teste de acurcia para o estudo histoqum i-co.

    Ensaio N Mdia-95% +95%

    Min Max SD EPM CV Limite de confiana

    Controle 61 31,49 30,13 32,85 21 40 5,30 0,68 16,84

    Crem e A 96 30,74 29,76 31,71 21 39 4,81 0,49 15,65

    Crem e B 116 28,22 26,99 29,45 17 40 6,69 0,62 23,71

    Tabela 2. M dia, desvio p adro, lim ite de confiana para os dados da contagem de m elancitos dos crem esA,B e controle. N: tam anho am ostral; Min: m nim o valor observado; Max: m xim o valor observado; SD: desvio

    padro;EPM: erro padro da m dia;CV (%): coeficiente de variao.

    res de m dias. Adotou-se o valor de 5% com o onvel de rejeio da hiptese de nulidade 5. To-das as leituras foram efetuadas em triplicata,

    subm etendo analse estatstica a m dia dos va-lores.

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    Gardoni, B.LK., M.E.O. Sato, R. Pontarolo, L. Noronha, A. Reichert & S.Z. Serafini

    Efeito Erro

    F variao SQ G L Q M SQ G L Q M F P

    Tratam entos 550,23 2 275,12 9031,55 270 33,46 8,22 0,0003

    Tabela 3. Anlise de varincia,m odelo inteiram ente casualisado, para com parao da contagem de m elancitos,em funo do tratam ento com crem e A, B e controle. SQ: som a dos quadrados; QM: quadrados m dios;GL:grau de liberdade;F: teste de distribuio F;P: nvel de significncia (erro tipo ).

    Controle Creme A Creme B

    M = 31,492 M = 30,740 M = 28,216

    Controle 0,753 0,005

    Crem e A 0,007

    Tabela 4. N vel de significncia (erro tipo ) paracom parao de m dias dos tratam entos com crem e A ,

    B e controle, pelo teste Tukey, para contagem de m e-lancitos e confiabilidade. Legenda:M -m dia. D ife-rena estatisticam en te significativa en tre os paresquando P< 0,05.

    Ensaio N Mdia-95% +95%

    Min Max SD EPM CV Limite de confiana

    Controle 666 161,40 158,05 164,74 72,33 308,00 43,96 1,70 27,24

    Crem e A 678 156,66 153,23 160,09 72,00 318,05 45,48 1,75 29,03

    Crem e B 669 155,85 152,90 158,81 72,00 276,02 38,89 1,50 24,95

    Tabela 5. M dia, desvio p adro, lim ite de confiana para os dados da m edida da espessura da epiderm e (m ),dos crem es A, B e controle.N: tam anho am ostral;Min: m nim o valor observado;Max: m xim o valor observado;

    SD: 1,75desvio padro;EPM: erro padro da m dia;CV (%): coeficiente de variao 1,50.

    RESULTADOSM acroscopicam ente no foi observada qual-

    quer alterao no local onde os crem es A e Bforam em pregados.

    A anlise histoqum ica, para avaliar se houvedim inuio da produo de m elanina com con-sequente reduo m icroscpica da pigm entaonegra foi subm etida ao teste estatstico de acur-

    cia. O s resultados esto sum arizados na Tabela 1.

    A avaliao m elanocitotxica atravs da con-tagem de m elancitos forneceu resultados apre-sentados nas Tabelas 2, 3 e 4. A avaliao esta-tstica sugere a ocorrncia de reduo no nm e-ro de m elancitos som ente para o crem e B , in-dicando que o tratam ento com a hidroquinona

    estatisticam ente superior (p< 0,05) ao cido f-tico.

    A anlise da ao queratinotxica foi realiza-da por m eio da m edida de espessura da epider-

    m e, cujos resultados esto nas Tabelas 5, 6 e 7.A anlise estatstica sugere a existncia de dife-rena significativa entre o crem e B e o controle,

    alm de m ostrar que a hidroquinona apresentam aior capacidade em reduzir a epiderm e que o

    cido ftico.A avaliao da funo esfoliativa atravs da

    m edida da espessura da cam ada crnea m ostroucom o resultados os dados apresentados nas Ta-

    belas 8, 9 e 10. O s resultados estatsticos suge-

    rem que tanto o cido ftico quanto a hidroqui-nona. dim inuram a espessura da cam ada cr-nea, em bora para isto, o cido ftico tenha sidom ais eficiente.

    DISCUSSOEste estudo foi realizado em indivduos sa-

    dios, um a vez que na pele norm al, sem a inter-

    ferncia de diversos fatores que condicionam osprocessos de hiperpigm entao, possveis alte-raes causadas pelos agentes despigm entantesseriam m ais facilm ente com paradas. A seleode peles fototipo IV de Fitzpatrick foi determ i-

    nada por ser este um grupo com m aior capaci-

    dade produtora de pigm ento m elnico, o quedeveria oferecer m aior facilidade na anlise m a-cro e m icroscpica. Por ser um a regio de fcilacesso para uso de preparados e adequado para

    obteno de bipsias sem causar grandes defor-m idades inestticas, o brao foi escolhido com oregio para estudo.

    Em bora a cor da pele tam bm seja definidapela com posio de fatores com o a vasculari-zao e quantidade de carotenos, o nvel dem elanina o principal agente determ inante da

    colorao cutnea 6. O s pigm entos m elnicosabsorvem pores da radiao ultravioleta, epodem produzir tanto cores escuras (negro, par-

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    acta farmacutica bonaerense - vol. 23 n 3 - ao 2004

    do) quanto cores claras (am arelo ao verm elho

    brilhante) - eum elanina e feom elanina 7.

    A unidade epidrm ica de m elanizao co-m um epiderm e e aos plos, e form ada porum m elancito associado a 36 queratincitosaceptores do pigm ento m elnico, repousadossobre um a m em brana basal e envolvidos no

    processo de m aturao rum o cam ada crnea.O s dendritos do m elancito entram em contatolateral e superiorm ente com o am biente querati-

    nocitrio. N o citoplasm a dos m elancitos se en-contram m elanossom as, organelas ovides que

    Efeito Erro

    F variao SQ G L Q M SQ G L Q M F P

    Tratam entos 11984,14 2 5992,07 3695775,96 2010 1838,69 3,26 0,0386

    Tabela 6. Anlise de varincia, m odelo inteiram ente casualisado, para m edida da espessura da ep iderm e (m ),em funo do tratam ento com crem e A , B e controle. SQ: som a dos quadrados; QM: quadrados m dios;GL:grau de liberdade;F: teste de distribuio F;P: nvel de significncia (erro tipo ).

    Controle Creme A Creme B

    M = 161,40 M = 156,66 M = 155,85

    Controle 0,108 0,048

    Crem e A 0,937

    Tabela 7. N vel de significncia (erro tipo ) paracom parao de m dias dos tratam entos com crem e A ,

    B e controle, pelo teste Tukey, para m edida da espes-sura da epiderm e (m ) e confiabilidade. Legenda :M -

    m dia. D iferena estatisticam ente significativa entreos pares quando P< 0,05.

    Ensaio N Mdia-95% +95%

    Min Max SD EPM CV Limite de confiana

    Controle 609 75,99 72,78 79,19 18,43 216,45 40,27 1,63 53,00

    Crem e A 656 53,83 52,19 55,47 15,62 136,16 21,35 0,83 39,66

    Crem e B 662 61,68 58,73 64,62 16,05 215,29 38,57 1,50 62,54

    Tabela 8. M dia, desvio padro, lim ite de confiana para os dados da m edida da espessura da cam ada crnea(m ) dos crem es A, B e controle.N: tam anho am ostral;Min: m nim o valor observado;Max: m xim o valor ob-servado;SD: desvio padro;EPM: erro padro da m dia;CV (%): coeficiente de variao.

    Efeito Erro

    F variao SQ G L Q M SQ G L Q M F P

    Tratam entos 158527,29 2 79263,65 2268305,24 1924 1178,95 67,23 6E-29

    Tabela 9. Anlise de varincia, m odelo inteiram ente casualisado, para com parao da m edida da espessura dacam ada crnea (m ), em funo do tratam ento com crem e A, B e controle (P

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    Gardoni, B.LK., M.E.O. Sato, R. Pontarolo, L. Noronha, A. Reichert & S.Z. Serafini

    danas estruturais nas m em branas das organelasdos m elancitos, acelerando a degradao dosm elanossom as, ao m esm o tem po em que afeta

    o m etabolism o celular das m em branas lipopro-

    teicas das organelas citoplasm ticas fazen docom que elas se rom pam 11,12. H estudos quesugerem que a hidroquinona cause a conversoda tirosina em produtos de oxidao de elevadatoxicidade, com o radicais livres que iniciam

    um a cadeia de reaes de lipdios com conse-quente leso irreversvel das m em branas lipo-proteicas do m elancito, produzindo a m orte daclula 13,14. Verificou-se tam bm a atuao da hi-droquinona diretam ente sobre a tirosinase e pe-

    la inibio da oxidao enzim tica da tirosina15,16. D esta form a, poderam os considerar dois

    m ecanism os de ao atravs dos quais a hidro-quinona desem penharia seu papel despigm en-

    tante: pela ao m elanocitotxica, causando di-m inuio da populao de m elancitos, e porsua ao direta sobre a tirosinase, dim inuindo aproduo de pigm ento m elnico. Am bas as hi-pteses so sustentadas pelo fato de que a des-pigm entao reversvel, bastando para isto ainterrupo de seu uso. Justifica-se a prim eirapossibilidade com a ocorrncia de repovoam en-to de m elancitos a partir da m igrao destes,provenientes da epiderm e ou do bulbo do plo,

    vizinhos rea despigm entada17,18

    .O cido ftico, constituinte natural de grosde cereais e leos de sem entes, tam bm presen-te em m uitas clulas hum anas e im portante re-gulador das funes vitais celulares, um inibi-dor da tirosinase. Para uso derm atolgico, proven iente do Japo, extrado do gro dearroz, com teor de 40 % a 52 % , em pregado nas

    concentraes de 0,5 a 2,0 % 19,20.A hidroquinona pode ocasionalm ente causar

    irritao da pele, com eritem as e erupes, de-vendo-se ento suspender sua aplicao 17,18.Por sua vez, o cido ftico , em geral bem tole-rado, podendo ocorrer prurido e eritem a em pe-

    Controle Creme A Creme B

    M = 75,99 M = 53,83 M = 61,68

    Controle 2,186E-0,5 2,2E-0,5

    Crem e A 0,00012

    Tabela 10. N vel de significncia (erro tipo ) paracom parao de m dias dos tratam entos com crem e A ,B e controle, pelo teste Tukey, para m edida da espes-

    sura da cam ada crnea (m ) e confiabilidade.M: m -dia;E: exponencial da base 10. D iferena estatistica-m ente significativa entre os pares quando P< 0,05.

    les sensveis 21. Entre os 18 voluntrios que per-m aneceram ato final do estudo, no se obser-vou nenhum a reao de hipersensibilidade cau-sada pelo uso destes agentes.

    Por m eio de anlise m acroscpica no foipossvel estabelecer diferenas na colorao dapele antes e depois do tratam ento, tanto na uti-

    lizao do crem e A (cido ftico 2 % ) quanto docrem e B (hidroquinona 4 % ), resultado observa-

    do em todos os casos analisados. D esta m anei-

    ra, iniciou-se o exam e histolgico de cortestransversais da epiderm e aps colorao comH E, que perm ite identificar quatro cam adas ce-

    lulares e traduzir de baixo para cim a os diferen-

    tes efeitos m etablicos que transform am o que-ratincito basal em um cornecito e a trans-ferncia dos m elanossom as para estas clulasdurante seu processo de m aturao 7. A in-cluso do m aterial no bloco de parafina foi obti-da com a face derm oepidrm ica voltada para aface de corte, a fim de propiciar o estudo m or-

    fom trico, que baseou-se em m edidas linearesde espessura. O estudo contou com grande n-m ero de cortes histolgicos e m ltiplas leiturasrandom izadas, a fim de evitar possibilidade de

    erros de padronizao 4.O s resultados de anlise histoqum ica subje-

    tiva, no induzida, foram com parados pelo m -todo estatstico de acurcia para analisar a capa-

    cidade do teste em produzir um diagnstico ver-dadeiro. Foram estabelecidos os ndices de sen-sibilidade (parm etro que m ede a capacidadeem detectar presena quando verdadeiro) e ataxa de erro falso negativo (falha em detectar

    presena quando verdadeiro). Esta m etodologiaapresentou baixa capacidade em detectar os ca-

    sos verdadeiros e alta em detectar erros falso

    negativos, no sendo possvel obter resultadosutilizando-se da intensidade de colorao dopigm ento m elnico nas am ostras. M esm o que aintensidade do pigm ento pudesse m ostrar dife-

    rentes resultados entre os agentes estudados, talalterao poderia ser causada tanto pelo conhe-cido efeito citotxico da hidroquinona quantopela acelerao da degradao dos m elanosso-m as ou da descam ao epidrm ica, assim com opela dim inuio d a produ o de pigm entosm elnicos, o que seria elucidado som ente pelautilizao de estudos im unohistoqum icos porm icroscopia eletrnica ou m orfom tricos, vistoque pela anlise histoqum ica subjetiva som enteos m elancitos que possuem pigm ento m elni-co podem ser observados.

    A contagem de m elancitos m ostrou signifi-cativa reduo no seu nm ero no local de apli-

  • 7/24/2019 acido fitico e hidroquinona.pdf

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    acta farmacutica bonaerense - vol. 23 n 3 - ao 2004

    cao do crem e B , o que indicaria que estatisti-cam ente o tratam ento com hidroquinona 4% superior ao tratam ento com cido ftico 2% emao m elanotxica. Estes dados corroboram

    com o conhecido efeito citotxico da hidroqui-nona sobre os m elancitos 11,12. Entretanto, nose pode afirm ar qual dos possveis m ecanism osde ao da hidroquinona (ou se am bos), foramefetivos nesta reduo, visto que a ao sobre atirosinase dim inuindo a produo de pigm entosm elnicos provocaria alteraes m orfolgicassobre os m elancitos, fazendo com que estesno fossem contados neste tipo de anlise.

    Tanto o crem e A quanto o B apresentaram

    ao ceratoltica, dim inuindo a espessura da ca-m ada crnea, sendo que para isto o crem e A foim ais eficaz.

    Pelo m todo m orfom trico, observou-se quea espessura da epiderm e dim inuiu com a apli-

    cao do crem e B (hidroquinona 4 % ) em re-lao ao controle. Esta dim inuio poderia seratribuda prim ariam ente ao aum ento do tu rn-over das clulas da epiderm e em resposta di-

    m inuio da cam ada crnea. Este evento de fatoacontece, m as com o o s resultados obtidos a

    partir da aplicao do crem e A, no foram esta-tisticam ente significativos, observa-se que este

    no o nico m ecanism o de ao envolvido.Adiciona-se a possibilidade de ao queratinot-xica, um a vez que estas clulas tam bm pos-suem tirosinase em seus m elanossom as, e que a

    reduo em seu nm ero provocaria dim inuioda espessura da epiderm e, tanto quanto a poss-vel ao m elanotxica 1.

    CONCLUSOPor m eio deste ensaio dem onstrou-se que o

    cido ftico no to eficaz quanto a hidroqui-no na na capacidade despigm entante, porm ,apresenta padres de segurana m aiores, pelaausncia de ao citotxica.

    Agrad ecimentos. O s autores agradecem ao Prof. D r.

    Aguinaldo Josdo N ascim ento (U FPR ) pelo auxlionos clculos estatsticos e a D ra. Cntia Sum ire C ooti(H C-U FPR ) pelas bipsias realizadas.

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