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SANDRA MARA AZEVEDO A CIDADE DO SOL Ideologia no Planejamento e na gestao da Cidade de Curitiba (1940-1960) Monografia apresentada ao CUfSO de Hist6ria do Brasil, da Universidade Tuiuti do Parana. Orienta~ao: Profu Wilma de Lara Bueno. Curitiba 2001

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SANDRA MARA AZEVEDO

A CIDADE DO SOL

Ideologia no Planejamento e na gestao

da Cidade de Curitiba

(1940-1960)

Monografia apresentada ao CUfSO

de Hist6ria do Brasil, da

Universidade Tuiuti do Parana.

Orienta~ao: Profu Wilma de Lara

Bueno.

Curitiba2001

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Dcdicatoria

Dedico este trabalho a Baggio 1 e Baggio 2que deixaram exemplo de filho, carinho depai, vontade de viver. amizade e, acima detudo saudades.

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... E flOSpOl/fos de onibus esfllo todos ali: mtisica urbanaOs IIni/ormesOs carta=esOs cinemasI~'oS lare .••

Nos/ave/asCoberfura.v

Quase lados as Illgore.~·E mais lima crimu;:a nGsceu

Niio IU1menliras nem verdades aqlliSr'J lui flllisica urbana

RENATO RUSSO (LEG1AO URGANA)MUSICA URBANA 2

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suMARJO

INTRODU\=AO ..

2. HISTORIA DA ClDADE

3. A VIDA NA CIDADE .3.1 Olhares sabre a cidade: verso e reverso

4. PROPOSTAS DE URBANIZA\=AO ..

5. AGACHE - 0 NAMORADO DAS CIDADES .

6. CURlTlBA DE ARES PARlSIENSES .6. I Vedeles do projelo: pra93S e jardins .

7. PROJETOS DE DESTAQUES DE CURITlBA

8. CONCLUSAO ....

9. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

. I

.......... 2

. 5......... 5

. 9

. 13

.. .... 16

...... 16

................ 20

.. 22

............. 24

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INTRODU<;AO

Curitiba, a capital do Estado do Parana, e uma cidade brasileira que apresenta

algumas inleressantcs peculiaridades. Esta situada na regiao sui do pais, 0 que Ihe confere

lim clima com verDes mais amenos e invernos rnais rigarasos.

Assim C01110as demais cidades do sui, sofreu forte inlluencia dos imigrantes que

chegaram no inicio do seculo. Sao poloneses, italianos, alemacs, ucranianos, japoneses,

sirios, Jibaneses e muitas outras etnias que, junlamente com os descendentes de

portugucses, negros e indios que ja vi vi am aqui, fonnaram urn povo heterogeneo e com

multiplas inOuencias culturais.

Curitiba c tambcm conhecida como a "Capital Ecologica" porque preserva areas

verdes. Existcm l1luitos parques publicos equipados com churrasquciras e pistas de cooper,

tendo facil acesso por onibus, automovel ou bicicleta.

Por lodas estas cmacteristicas e muitas oulras, Curitiba e considerada uma das

cidades brasileiras que tem a melhor qualidade de vida e uma infra-estrutura invejaveJ,

adotada ate em cidades do exterior, por eslas e outras coisas Curitiba e uma das cidades

mais visitadas no contexto turistico e mais almejada para aqueies que correm atr<ls de um

meio de vida mais acessivel e de progresso financciro, mas Curitiba tambem tem seus

problemas de urbaniza~ao e suas historias e e islo que deslacarei neSla monografia.

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2. A IIISTORIA DA CIDADE

Curitiba vcm do tupi-guarani (Con!-ctuba) e significa «Lugm de muito

pinhao" Nada mais justo, j,i que a Araucaria, arvore que da os pinhoes, e 0 simbolo da

cidadc. A Araucaria ou pinheiro-dc-parana foi durante varias decadas urn importante

recurso do Estado do Parana. Hoje, esta protcgida por lei e proibida a sua derrubada.

A popula~ao do Parana no seculo XVIII, original mente conslituida por

faiscadores e mincradores de ouro estabelecidos no literal e postcriormente no plana Ito

curitibano, configurava urn contingente populacional diminuto c dispersivD.

Os nudeos coloniais dcveriam situar-se no litoral paranacnse enos

arredores de Curitiba. A epoca, economia paranaense caracterizava-se

predominantemente pela extracao de erva-mate e pelo comercio de gado, e a producao de

alimenlos era considerada atividade de pouco "status"

Em Curitiba, os primeiros colonos fixaram-se nos arredores da cidade,

formando urn cinturao verde, 0 que representou urn maior progresso para a regiao.

Formaral11-se ali diversas colonias de popula~oes miscigenadas.

o sistema utilizado pelo governo republicano de fixacao do imigrante asua propriedade era ° mesmo utilizado no tempo do Imperio. A area escolhida para a

criacao de uma colonia era medida e subdividida em pequenas propricdades que continham

cinco, seis e ate oito alqueires, de acordo com a localiza~ao da colonia e a qualidade de

suas terras, foi atraves destas divisoes que surgiram os bairros de nossa cidade alguns

existcntes ate hoje como: Abranches, Pilarzinho, Santa Cfmdida, Murici, Orleans, etc.

A grande maioria dos imigrantes veio com a esposa e tilhos, para receber

uma propriedade agricola e estabelecer-se como lavradores. lniciava-se entao, urn periodo

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de dificuldades e privac;oes para a familia, pois fahavam-Ihe alimentos devido as grandes

distancias que isolavam as localidades. Sc num prill1ciro momento 0 isolamento e a falta de

ferramenlas trouxeram dificuldades, por outro lado, a materia prima em abundancia e a

lecnica construtiva tradicional possibilitaram a recriac;ao desse modelo milcnar de

habitac;:ao. Na sua versao seguinte adota, inclusive, os omamentos que entraram em yoga

no final do seculo XJX e seguiram adornando os chales de inspirac;ao ecletica: os

lambrequins, de exeeuc;:ao industrializada, servindo, inicialmente, como pingadeiras e se

transform am na marca caracleristica de seu propriet<lrio. Os modc1os raramente se repelem.

as grupos de imigrantes que vieram morar em Curitiba desde 0 final do

seculo XIX, contribuiram para que a Cidade livessc feic;oes europeias, visivelmente nas

paisagens arquitctonicas e nas plantac;oes agricolas.

A partir dos anos trinta, Curitiba eomec;ava a viver urn processo de

transic;ao do espac;o rural para 0 urbano-industrial. Os migrantes buseavam melhores

condic;oes de vida atraves da mobilidade social oferecida pela industrializac;ao e pcla

urbanizac;ao.

Curitiba ereseeu. Os municipios da regiuo metropolitanCl tambem

cresceram e as estatisticas preocuparam {(~cnicos e cientistas que dcsenharam um perfil das

nccessidades futuras da popula<;ao.

No inicio da decada de quarenta, havia 140 mil habitantes distribuidos

por duas dezenas de baiITos. Nessa epoca, a capital paranaense era descrita nos jornais

como "a (';dade Sorriso, moderlla e confOrf(lvel, all/parada pOl' de:enCls de

col6nias o~rfcolas que [faziam] 0 encanfo de sells arredores",1

I GUIA TURiSTICO RODOvtARIO DO ESTADO DO PARANA. (elaborado em comcmorafi:oo ;i 1l3ssagem doprimciro decenio de admitlistr~30 do ItI\e•.••.entor Fcdcml Sr. M,l1luc\Ribas), Curitiba, Secreta"a de Obras Publica\t,Vim;:50 c Agricultura. Jan. 1942, p. 8

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Eram citados, dentre os espa~os mais importantes, 0 Passeio Pl,blico, 0

Museu Paranaense, 0 Cassino Ahu. 0 Country Clube, 0 Clube Curitibano, a Universidade,

as fttbricas e das organizacoes de assistencia social. Ao enfatizar a vocacao agricola da

cidade "moderna e confortavel", que tinha seu amparo nas colonias, e, ao mesmo tempo,

privilegiar as fabricas, inserindo-as 110 conjunto de cxemplos que eram vistos como signos

reprcsentativos da modernidade e do progresso, 0 tcxto evidenciava 0 binomio agricultura

e industria, sobre 0 qual estava amparada a economia curitibana.

Em 1947, um artigo de revista intitulado "Curitiba Industrializa-se"l le-

se: "£sIO entre as lIfi,.ma~:(Je.'idesjeit(ls pela realidade, em ifill lus/ro, a de que Curitiba e

1111/(/ cidade sem inch/slria". A rcportagcm tinha como objetivo propagar a ideia do sucesso

industrial e enfatizar a superacao de afinnativas feitas anterionnente, com a de que a

cidadc dos anos 30 nao era uma cidade de industria, mas de servi~os, estruturando-se

con forme as suas necessidades.

Com cerca de 1.300.000 habitantes c 52 metros quadrados de area verde

por habitante, Curitiba e intitulada a Capital Ecologica do Brasil. Sao, ao todo, 16 grandes

parqucs e l11ais de 1.000 prm;as. 0 maior parque urbano do Brasil eSln la e ocupa uma area

de 8.000.000 de melros quadrados. A capital paranaense tem ainda 42 galerias de art, 43

muse us, 9 centros culturais, 16 teatros c 159 bibliotccas.

Neste trabalho sobre urbanizay3.o, 0 estudo do plano regulamentador

AGACl-IE, considerado 0 maior e mais abrangcnte projeto de reordenamento quc Curitiba

ja leve em seus tres seculos de hist6ria, orientou-se pelos principios de que ja havia, por

parte dos governantes, um intcresse muito proximo do que ocorre hoje, da constru~ao de

urn mito de cidade prospera, cuja prosperidade poderia ser rcpassada a qualquer habitante,

bastando para isso viver em Curitiba. Essa visao pode ser percebida na seqUencia do texto.

2 REVISTA ANUARJO SUL DO BRASIL, 1947, \".10. p. 7.

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3. A VIDA NA CIDADE

3.1 OLl·IARES SOBRE A CIOADE: 0 VERSO E 0 REVERSO

Essas lcvas de habitantcs provocaram 0 5urgimenlo de novos bairros que

eram habilados, na maior parte, pOf familias openirias, e onde a vida estava longe de ser

urn mar de prospcridadc. 0 conllCcido epis6dio do boicote it carne que movimentou 0 pais

em fcvereiro de 1952, lidcrado pelas donas de casa, em repudio it alta dos prcyos, teve

inicio no arrabalde do Cajuru, onde urn grupo de mulheres invadiu urn acougue e arrastou

para as ruas as carnes que se achavam ali dependuradas. Ao se dirigir ao centro da cidade,

o grupo de mulhercs contOll com 0 apelo de populares entrando num acougue localizado it

rua Sele de Setembro, esquilla com Joao Negrao. "Ali as cames forulII lum;ac/a.\' il rllCl,

despejando-se querosene e incendiulldo*se aquele alimel1fo", Houve interven((ao da

policia. A mesilla reportagem testemunha que "esta, algumas ve:es, leve que lomar

medidas drastico.\", Itavendu guordas que distribuiu caceladas, inclusive numa I1wllter. 3

NUllla deillonstra((ao clara dc rcbeldia, ap6s a invasao e deprcssao dc urn

a((ougue localizado na Pra((a Zacarias, "varias mulheres, apanhalldo carnes que estavam

espalhadas pclo chao, ian((aram sobre as autoridades que procuravam acahnar os animos

das mais exaltadas".

No mesmo mes, ao ser anunciado urn grande comicio na Av. Joao

Pessoa, pdo Movimcnto contra a Carestia, a sua realiza((ao foi proibida pela chefatura da

Policia, com a alega((ao de que duas das cntidades promotoras do comicio, a Fedcra((ao de

3 JORNAL GAZETA DO POVO. Curitiba, 20 fev. 1952,11.9.490, p. 1-8.QlIlJimos esla se dirigir (iquefe poficia, com a segllillle expre,~,\'(io: ;If/llefe 'cabe(.a chata' l'(Ie lIIe pogo,. ..

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Mulheres do Parana e a Uni50 Sindical dos Trabalhadores do Parana, eram de "Cantler

comunista" "

Alem da greve '''branca'', como fieou eonhecido 0 hoicote a came em

todo Brasil, a greve dos trezentos mil iniciada em Sao Paulo assustou 0 governo,

paralisando 80% das industrias paulistas, em setembro de 1954. Em Curitiba, as manchetes

dos jornais situacionais proeuravam abalar as noticias, dizendo que a greve "traeassou

parcialmcnte", embora no texto afirmasse que, em Sao Paulo, 0 numero de grevistas

chegou a 600 mil

Nao obstante 0 esfon;:o de detenninados grupos em divulgar a imagcm de

lima cidade modema, acolhedora c civilizada, a popula93o curitibana, come9ava a viver

um momento peculiar, no qual 0 verso e 0 reverse do progresso cram cada vez mais

evidentes.

Em 1950, a mesma revista colocava Curitiba como a Sexta cidade do pais

em numero de industrias, com 268 estabeleeimentos industriais. Pouco tempo depois,

Temistocles LINHARES dizia que as 343 industrias dos mais variados setores, existentes

em Curitiba, incorporava "mil hares de openi.nos", Para esse autor, a presen9a dos

imigrantes alemaes era mll dos latores preponderantes para 0 visivel progresso

da urbe. "Os alemlies Joram os que ma;s cOJ1friblliq.les trow'cram ao dCSCl1vo/vimenlo do

ParaJ1(i IClldo em visla as 'virll1des magnificos do germano' como a consfiil1cio, a

fClloeidade, a coutillef/cia, 0 SCI/SOde re.\poI1.WlhilidodeC a independfmc;a, que

ellriqucceram a eultllra parclI1acJlse".5

" JORNAL GAZETA DO POVO. Curilib<1, 20 fc,'. 1952, n.9.490, p. I.j(

5 LINHARES, TClllislOCics, cil3do pot MARTINS, Ann P<lul<l."Um I<lrcm ICrT<1cstr.mh3: a :l"cnlura da indiddu31i ••..3I;i!ofcminina. A Casa da Esludanlc Uni\'crsilari3 dc Curiliba nas dccod:ls dc 50 c (,0, Djsscrta~iio de mCSlmdo. CuriLiba. 1992DiSScrt3t;:iio(MCSlradoclll HisLoria). Univcrsidadc Federal do P3nmil. P.5.

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marcado pelo cientificismo impetrante no pensamento urbanista desde seculo XJX. Foi

cncomendado pelo prefeito Rozaldo Leitao it Coimbra Bueno & Cia. Ltda., empresa do Rio

de Janeiro, que elaborou 0 plano com a assistencia tecnica do urbanism frances A1Cred

Agache e sua equipe, e com a cooperal(ao de engenheiros tecnicos da propria prefeitura

municipal

[Curitiba] e consiclemda lima das mais impor,allles capitais de I~slados

brasileims. clotada de um clima semellwl1fe ao de cerlas regiVes europeias [.. .]. Posslle

olimos e lu.r:uosos IlOtiis, comercio e indllstria desellvolvidos, lealros conjorlOveis, rllas

largos e belli trw;adas, edijica<;iies modernissimas, jardill,\· pllblicos pitorescos. museu.

elc·-Ii

No final do ano de 1943, por ocasiao do 2500 aniversario da fundal(ao da

cidade, aconteceu, na Pral(a Rui Barbosa, a II Grande Exposic;ao Internacional de Curitiba.

Para 0 evenlo, foram montados vinIc pavilh5es procurando mostrar,

como diz 0 catalogo, "lima epoca de prosperidade t .. ] com a demollstrar,:iio do prugresso.

da rique=a e do troballlo de 11111powI" 7

No entanto, a partir de urn olhar mais atendo na documentac;ao sobre as

industrias em atividadc no pcriodo, conclui-se que a maior pane delas poderia ser

enquadrada no ramo de oficinas artesanais, ou empresas domiciiiares, de pequeno pone,

como alfaiatarias, carpintarias, barricadas, olarias, padarias, tinturarias, funilarias,

cunumes. engenhos de erva-mate, fabricas de banha, de saba~, de vinho, etc.

6 REVISTA ANUARIO SUL DO BRASIL, 1947, \'.10, p. 15.7 ESTADO DO PARANA. "Grandc ExposiCiio Inlcmacional de Curi{ib:J. 1944. N.P.

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Para 0 evento, foram montados vinte pavilhoes procurando mostrar,

como diz 0 catalogo, "lima epoca de prvsperidade [.. ] com a demollslrar;iio do progresso.

cia riquc::::ae do (rabal/,o de 11111 povo".!l

Entre os pavilhoes dos Ministerios da Guerra, da Marinha, da Justil;3, do

Estado do Amazonas, das Republicas Dominicana, do Uruguai e da Pol6nia, estava 0 da

cidade de Curitiba, com urn total de 128 indllstrias premiadas, entre elas a Cia. Industrial

Marumby, Fabrica de Pianos Essenfelder, Leao Jlmior, Indllstria Quimica Iguac,:u, Industria

de Linho Dalvy, Cia. Fabril Paranaense de Fosforos, Impressora Paranaense, Fitbrica de

Tintas Parana e Industrias Todeschini. 0 texto de apresentac;ao enfatizava "as multiplas

faeelas do crescente e intense progresso da sorridente e bela metr6pole", cuja populac;ao

era "progressista, acolhedora e civilizada"

Em 1943 0 primciro plano foi eoncluido, urn lrabalho iniciado dois anos

antes pela firma Coimbra & Cia. Ltda., sob a supervisao do urbanista frances Alfredo

Agaehc. 0 Plano Agaehe procurou organizar as fWlc;oes urbanas, coordenar as atividades,

eSlimular e orientar 0 seu dcsenvolvimento, evitando a expansao desordenada, dividindo a

eidade em zonas especializadas.

H E$TADO DO I'ARANA. [I Grande E.•••posi~ao Inlemileional dcCuritiba. [944. N.r.

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4. PROPOSTASDE URBANIZAc;AO

A partir dos anos trinla, Curitiba comec;ava a viver um processo de

transi<;ao do cspac;o rural para 0 urbano-industrial. Os migrantes buscavam melhores

condic;oes de vida atraves da mobilidade social oi'crecida pela industrializac;ao e pc\a

urbaniz3(;ao.

Vinham do interior do Parana, familias inteiras ou grupos isoiados, e de

estados vizinhos, em busca de oportunidadcs de trabalho, muradia, assistencia de saude e

cducac;ao.

A partir do inieio da decada de 40, os tecnicos urbanistas e os humens

publicus da cidade assumiram, como verdadeira obsessao. a tarefa de dar a Curitiba 0

aspecto de LIma "capital" 0 pr6prio Plano de urbanizac;ao de Curitiba - mais conhecido

como Plano Agachc, elaborado de 194' a 1943, incorporava esse espirito de modemiza~ao

e embelczamcnto da cidade:

Curiliba esla colocada em 5" lugar, dcntrc as cidades brasilciras, pela media diariade constru~oes que, em 1940 foi de 1,65.(. .. ) Entretanto, apesar desse surpreendentesurtO de progrcsso, Curitiba nao da impressao de uma Capital.E uma cidade agrad:i.vel, mas sem caraler definitivo. possui largas avenidas e ruasapraziveis, mas que cruZ.1m geralmente em angulo reto, num tra~ado mais oumenos em xadrez, scm preocupa~ao de harmonizar -se com a lopografia do terrenonem de aproveitar-se dos rccursos que pode proporcionar.as problemas urbanos se enlrelacam de lal maneira, que se pode afirmar que uns,as menos imponantes, sao decorrentes de QUIros, de maior gravidade. (PLANO DEURllANIZA<;Ao DE CUR.lTlBA, 1943: 10)

o Plano seguia ellumerando os principais problemas urbanos de Curitiba~

problemas essenciais que, segundo os estudos preliminares, seriam tres: 0 saneamento

precario, 0 congestionamento do tni.fego urbano e a necessidade de 6rgaos funcionais

(ausencia de zoneamento do espayo pam funyoes e atividades especificas: comerciais,

residenciais, industriais, administrdtivas, etc.). Resolvidos esses Ires grandes problemas, os

curitibanos nao teriam mais do que se envergonhar:

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10

Sob cs\c triplicc aspecto: salleamcnto, descongeslionamcnlo e orga~s funcionais, seresumem os multiplos problemas urbanos de Curiliba.Rcsolvidos esses, au mclhor, atcnuados. all reduzidos ao mlnimo as suasconscqiicncias, a cidadc passar.i a adquirir foros de uma verdadcira CapilalDc uma aglomerayiio de casas scm uma caracteristica que a dislinga, passan\.Curitiba a ser uma cidadc organica, um complcxo inteiril;o, com a fisionomiapropria de uma Capital. pela importiinciu que mcrecc c pela papel que dcscmpcnhacomo sede do governa de um dos mais ricos Estados do Brasil. (PLANO DEURBANIZA<;AO DE CURIT1BA, 1943:1 I)

o Plano comccyou a scr implantado na gestao seguinte a de Rozaldo

Leil5o, ou scja, na administrm;:ao do prefcito Alexandre Beltrao. Por mais de duas decadas,

o Plano Agachc serviria de referencia :.issucessivas administrayoes municipais, esbarrando,

entrctanto, na cronica [alta de recursos e no crescimento acelerado da cidade. (SOU

CURITlBA, 1996:4)

Politicos e intelectuais procuravam incorporar aos seus discursos a

cultura imigrante. para tentar deli near um perfil do homem paranaense, buscando, assim. a

construyao de um discurso de homogeneidade. ";I bl/sea da iden,;dade, tmbalhando a

illtegra9c1o territorial e papulae/uual fui meta peJ'seguida e.xau,stivamenfe pe!os governos

do E.wado do !Jarwuj na dec:ada de 50"·9

Para ser considerada cidade ideal era preciso ser com pi eta, como regislra

Temistocles Paes de Souza BRASIL:

Curiliba, a capital adminislrativa {do Estado] c tambcm a sua capital cspiritual.Ncla crcscc e noresce a industria c 0 col1l1.!reio, como dcsabrocha c frutifieaexuberamcmenle 0 pensamento. E corpo sao calma vibrantc. 0 materialismocontingente da indUSlria e do comercio e equiliurado pela ideologia elevada, quebrola t1um ambienlC de libcrdade. 0 111eio litcni.rio e not{wel, as obras dopcnsamcnto abutidallles. A juYellludc envolve em meio proficuo ao trabalho, com

a c111ula~3o de uma tradiy30 continua de opcrosidnde fceunda.'o

') SILVA, Guilnmr Maria Vieira. Verdes lOllS do!; carczais: 0 Pnram\ c sua raturn cultural cm meados do sceulo X'X.Curitiba, 1993. P. 49 (Mollografia)

10 SOUZA BRASIL. TcmiSlocles l'aes de. Rccordn~oes de Curililw. In: Bolclirt\ da Prefcilura Mtlllicipal de Curiliba.v.2.n.8 mar.abr. 1943. p.41

Como contra ponto a esse discurso, aparecia a Falta de jovens escritores, como

Dalton TREVISAN, criticando essa visao que era amplamente divulgada com 0 objetivo

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II

Como contraponto a esse discurso. aparecia a falta de jovens escritores, como

Dalton TREVISAN, criticando essa vi sao que era amplamente divulgada com 0 objetivo

de criar uma imagcm ut6pica de cidade perfeila. onde s6 era dada visibilidade ao belD.

Dalton, ao explicar a cOlllradi<;ao, procura moslrar que existe uma Dutra Curitiba. mais real

e ncm por isso menos am ada. Na cronica <;'Minha Cidade"', escrita em 1946, ele diz:

Curitiba, (IUC nilo [em pinheiros, csta Curitiba eu canto. Curitiha, em que 0 ceu nao e azul,csta Curitiba ell canto. Nito a Curitiba para turista vcr, csta Curitiba ell canto [, ..j Curitibadas mas de onibus c bOlides, as seis hortlS oa {cudc, l ...j das mcninas de subllrbio palidas,que trabalham oilo horas por dia [ ... ], dos amores escusos no Passeio Publico, que e a zonamais policiada da cidadc [ .._] Curitiba dos bailcs estritamente familiares da varzea, aosSabados [, .. ] da humilde zona da Estayao, em que a noite humanidade desconhecida naseedas sombras a fim de beber cachaya, se amnr nas casas de tolerancia e morrer de faca,veneno e fogo, dns campanhas elcitorais dos estudantes, onde se borram de cnl e folhctostodas as lojas da rua 15 e para mostrar que nao e Brasil, ganha scmpre 0 panido daoposiyao [... ] dos cineminhas pocira, com amendoim, pinhao cozido c pipoca que sao 0

paraiso das pulgas e dos namorados C .. l Curiliba, nao a das lojas Americanas, Sloper econfeilaria Gunintc<i, (Iue os IU[;SlaS visitam panl depois contar quc conhecem a cidade,[... ] da chuva que cai de repente e alaga as ruas [ ... ] Curitiba, scm I)inhciros ou ceu azul,pelo que tll cs - provincia, carcere, lar - csta Curitiba, e nao a outra para 0 turisla vcr. com

11amor eu canto

As crilicas tambem apareciam nos jornais. vez ou outra, mas

normal mente tinham proposta imediata por parte dos defensores de plantao. Em 1954, urn

articulista anonimo, ao al-irmar que Curitiba era uma cidade com pes de barro, mereceu

como resposta uma materia inlitulada "Esquizofrenia", na qual outro articulista, tambem

anonimo, escreve:

{ __oj Francml1ente, a oriniao do dcsconhecido, talvez seja lima novidade para 0 Curitibano,que eonhecc 0 progresso ilimitado de sua cidade, nestes ultimos dcz anos. Franeamentesell moyo! Curitiba nilo habita em suas cnlranha!> em treva!>i A Curiliba quc progridc denorte a sui, nao vive em suas enlranhas ingratas, divagando sugcstionada, pcla propagandade gabincle de outras "Grandcs Metr6poles" Curitiba nao tem apenas um risodespreoeupado e gentil na Rua 15. Curitiba pulsa, vibra, faseina tambcm no Batelresideneial ou no Juveve que 0 crilieo aprcssado talvez desconheca. Curitiba nao tem pesde barm. porque seu corayao e de DurO e sua fisionomia reflete-sc comente em milhares deestudantes e milhares de obreiros fomliditveis que nao poupam esforyos pelo brilho doBrasil dcamanh5 [.. .].12

t I TREVISAN, Dalton. Minha cidadc. RC\'isla Joaquim, \'.1, n.6, no\'. 1946. N.p.

12 JQRNAL DlARIO DA TARDE. Curiliba, 05 oul. 1954. I'.ri.

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Apesar de defesas fervorosas como esta, era impossivcl esconder que,

aDs poueos, a populac;ao comec;ava a vivcnciar os problemas trazidos pelo crescimcnto

urbano e pclo progresso economico. No inicio dos 31105 50, a mctade da populac;ao, que

totalizava aproximadamcntc 174 mil habitantes, habitava a regiao central da cidade,

enquanto 52 mil pessoas (30%) l110ravam em suburbios e 0 restante (19%) na area rural da

capital, composta por dezesseis povoados, cuja distancia do centro variava entre 5 e 15

Km.\J

A expansao urbana, ocasionada pelo f<'!.pido aumento populacional, e a

consequente pressao da especulac;ao imobiJiarii:l, empurraral11 para fora da regiii.o central da

cidadc as novas familias de lrabalhadores, vindas principalmente do interior.

No inicio da dccada de 50, Curitiba serviu de palco a uma populaC;3o

cmpobrccida, agitada e, algumas vezes, enfurecida pelo allo custo de vida, fenomeno de

nivel nacional, criado pela poJitica economica e agravado pelo chamado Plano Aranha,

plano economico implanlado durante 0 segundo governo Vargas pelo ministro Oswaldo

Aranha. A SiluaC;3o da capital paranaense era a mesma da do restante das principais

cidades do pais, tendo COIllO agravantc os problemas criados pelo nipido crescimento

populacional urbano, elll fuJlf;ao do Cxodo rural.

13 IBGE. Departamento ESl:ldu:l1de Estatlslica. Sinopsc Est:ll;Slica do Municipio dc CUrilib:l. Curiliha, 1950.p.22

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5. AGACHE - 0 NAMORADO DAS CIDADES

Agache se tornau conhecido no Brasil por ler elaborado 0 plano de

urbaniza~ao do Rio de Janeiro, durante a administrayao do prefcito Antonio Prado Junior,

em finais da decada de 1920 c inicio da d6cada de 1930. AI6m da capital federal, a partir

de enta~ trabalhou nos projelos de urbaniza<;ao de Sao Paulo e Vit6riu. Na Europa,

projetou pianos de urbanismo para Paris, Dunquerque, Poi tiers, Tours, Orleans e Lisboa,

entre Qutras cidades. Suus id6ias quanto ao ideal de cidade estavam ligadas ao urbanismo

do seculo XIX, sendo considerado pelos seus eriticos como "um segundo Haussmann"', em

referencia ao ramoso e conlTOvertido modcrnizador da cidade de Paris no seculo passado.

AI6m dessas obras e de sua intensa atividade no circuito academico de dois cominentes.

Agache e aillda lembrado como 0 planejador da cidade de Cam berra (Australia), em 1903.

Nao admira que fosse chamado de "0 namorado das cidades", cmbora seus crilicos

tivesscl11 raui.o ern qualifica-Io como urn namorado bastante autoritario: sua obsessao,

con forme suas pr6prias palavras, ''"cm ordcnar 0 caDs urbano" - ou seja, discip1inar c

plasmar a cidadc nllm todD org,inico c harmonioso - tern, de fato, cerlo travo totalitario.

Nao se pode csquecer que 0 plano foi gestado, eJaborado e impiamado, por decreto-Iei,

durante a ditadura do Estado Novo e que seu principal idealizador, Agache, foi um dos

principais representantes do urbanismo «fascista" em seu ",'lis, a Franc;a, durante a

ocupa~ao alcma na Segunda Guerra Mundial.

As soluyocs proposlas por Agache e sua equipe implicavam em dotar a

cidade nao 56 de lima nova lisionomia, mas tam bern, ou principal mente, dc uma nova

ordem. Na vcrdadc, a nova fisionomia seria uma decorrcncia direta da nova ordem, quer

dizer, da nova disciplina imposta pela cfetiva~ao do plano. A justificativa cra clara c

inequivoca: a necessidade impcrativa de lIl11plano diretor derivava do proprio cresci menta

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da cidade; crescimento dispersivo c dcsordenado. <'como aCOl1lece em [odas as ddodes

elljas odmi1l;slrm;oes uiio /loneiam sell programa de lrabalho denlro dos ""mas de um

plano dire/or". (PLANO DE URBANIZACAO ... , 1943: 12) Assim, para salvar e melhorar

a cidade, 0 Plano de Urbaniza~ao de Curitiba fixou as linhas fundamentais de urn plano

diretor para 0 crescimento ordenado da cidade, a seT executado em etapas. Os analistas

costumam destacar a forte influencia francesa do planejamento elaborado por Agache:

Paris c rererencia para esse programa claborado em coloracao com cngenhciroslocais, que objetiva estabelcccr as dirclrizcs b:isicas para um desenvolvimento urbanoda cidade. (. .. ) Pc\o Plano Agache, foi adotado um sislCma radial de vias ao redor docentro. Houvc conccl1\ra~iio de csfor~os de planejamento sobre aspectos urbanosentao considerados essenciais, como saneamenlO, descongestionamento do sistemaviario, estrutura~o de centros permit indo a iTTadia~ao da vida comercial e socia1.(SOU CURITIBA. 1996:4)

No inicio dos aoos 40, os jornais da capital propagandeavam 0 Plano

Agache como uma verdadeira revolu9ao urbana que mudaria completamente a fisionomia

da "caboclilllw dos pinheirais":

Chcgou ontem a Curitiba, a convile do prefeito Rosaldo Leitiio, 0 grande urbanistaAgache. Curitiba amanhcccu, hojc, radiante de alegria, na sua bcleza caboclafaceira, para se mostrar ao namorado das cidades. Curitiba, a mais linda cabocla doscampos do sui, vai aprencter modos de mo~a educada, e por isso esta dan~alldoalegrc. ( ... )Mas Curitiba crcsce a olhos, eSla tomando um sentido caracteristico. E hora de agirE preciso dclinir e enunciar as qucstoes, corn precisao. Vai tcrminar a epoca deurbanismo periOdico, para entramlOS num perlodo de urbanismo pcrmanente. ( ... )Teremos plano, como a Rio, Sao Paulo. Chicago, Bufl"hlo. Filarlellia, c esse plano,que sera rlccrelarlo, saini. dn lecnica e da arte de Agache. um dos maiores urbanistasdo mundo. (FULVIO, 1941)

o mcsmo colunista apressava·se a esclarecer a gradual e sistematica

implanta9ao do novo planejamento urbano: "Noo .\"ejulgue que se farei Illdo de limo ve:.

Urballismo ,uia e isso. Agache anatara 0 que nos falla, para nos dar; {) que nos sobra.

para lirar. EMudara a sentido de nossa vida e imprimira caniler apropriado li ddade,

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reuh,:al1do a l10ssa hisf(jria, dando grarya nossa (IS nossas prary'us. mlln plano de /oflga

exeClIfy'[jo" (Idem, 1941)

Na primcira entrevista colctiva que concedeu it imprensa local, Agache

foi direto ao ponlO'

five <l honra de HIzer 0 plano de urbanizavao do Rio, cujo tnu;:ado teve me mira 0progresso da cidadc IIUIIl espayO de cem anas. E Curitiba tambem necess;ta atcndcra esse particular, porqu<; com 0 dcsenvolvimcnto que esta tendo, dcnlro de poueasanas viria a lutar com 0 grave problema de cspayo vital, rcsignando-sc it asfixiaMas, a sua SilIHH,:iiocomport a um plano largo, de grandes propory6cs c dnl a ccrtczaque tcnho de que a capital do Parana sera uma das maiores e das mals lindas aBrasil. (Apud GRANDIOSO PLANO DE URBANIZA<:AO PARA CURITIBA.[1941])

Concebido como uma obm de renovayao, disciplinarizayao e

arormoseamento da cidade, 0 Plano Agache encontrou amplo apoio das chamadas fon;;as

vivas da cidade curitibana. Os meios de comunicayao principal mente a imprensa escrita e 0

radio, como tam bern os cinemas locais, foram lItilizados sistematicamente como meios de

propaganda e de "educaclio popular" Essa propaganda pedag6gica foi prevista no capitulo

IV do Plano, que trazia lima verdadeira eSlrategia para 0 exito de sua aplica9llo:

Par meio <Iii propaganda, lecnic,Hllenle organiz.1da, ulilizando-se lodos os vciculosde contato com 0 publico contribuinle, desperts-se 0 interesse da opiniiio publicaFaz-se mister criar 0 que se chama a "conscicncia urbanistica" por um lrabalhomet6dico de pcrsuilsiio, I)(>rmcnorizando 0 plano, seus estudos e demostrando,praticamcnle. as vantagcns dn sua aplica~o. (pLANO DE URllANIZACAo ...1943:95)

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6. CURlTlBA DE ARES l'ARlSIIlNSES

6.1 VEDETES DO PROJETO: PRA(AS E JARDINS

Numa recente lese sobre a hist6ria do planejamento urbano de Curitiba,

Dennison de Oliveira caracteriza 0 Plano Agache como "UI1I lip/co represeJ1{CJfltedo

urbanismo do escola lIlode1'llisra, 0 qual cOflheceu lla Carla de Alellas (1933) a mais

acahada expressii.o dos sells principio.\''' Principios que 0 meslllo historiador resume:

Pcnsava-sc a cidadc como urn conjunto arquitctonico que deveria atender a urnccrto numcro de funvoes csscncinis como trabalho, habila930 e circula~o. Cnbcriaao urbanisla dividif a ckladc em ,ireas Oll regiues fUllcionais, nas quais estes esplLl:':ossc cspecializariam em alguma das fum;:oes ciladas. Em scguida, devcria ser pcnsadaa ligavao entre estes sctorcs, estabclecendo tracados para a implantacao de viascxpressas. 0 transporte privilcgiado ncsta e01\ccpyao era, obviamclllc. 0 lllotorizadocom uma discrela mas incquivoea prcfcft!nein pelo automovel individual.Finalmcnlc, rcstaria descnhar 0 lipo de remcdio adequado ao descmpcnho de cadauma das zonas funcionais. (OLIVEIRA, 1995: 113/14)

Fiel a essa concepyao, Agache dividiu a cidade em varias e diferenciadas

zonas funcionais: um centro comercial, um centro administrativo (que seria efetivado, uma

decada depois, com a implantac;ao do Centro Civico), uma cidade universitaria (0 Centro

Politecnico), um setor militar (no Bacacheri), um centro industrial (Zolla Industrial do

bairro Rebw:;:as), varias zonas residcnciais e assim por diante. "£111 seguida, ideali::oIJ 11m

emy·ullto de via.\"de circula(,:clo, com varios circulos !iuces!iivos qlle se propagavGm Gpartir

do centro. Filla/menle, e/e desell!to/i UfIIG serie de mode/os de pri!dios pllblicos e privados,

a serem COI1Sfruidos em suas respectivas ::ol1{/sfimcjonajs"~(Idem, ibidem: 114),

A implementac;ao do Plano, durante os anos 40, SO c 60, revelaram a

intensificac;ao das contradic;oes da cidade e a crcsccnte obsolescencia do projeto. As

propostas elaboradas pela equipe de Agache s6 foram implantadas parcial mente c de modo

!TIuito lento e gradual, como alias previram e recomendaram seus pr6prios idealizadores:

"Assilll, 0 plano comef;Oll a ficar ohsolelo rapidamellle, fosse em fimf;iio £los sew·

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paramelros excessivamenfe rigidos, Josse em /wu;U() do rapido e impl'evisivel crescimento

da cidade. A sillla~fj() fiJi evoluindo ate coloeor de jiJrmCl incontornavel a ques/cia de se

[reJorientar () crescimenfo da cidode" (Idem, ibidem: 114)

Nos allos 60, apesar de 0 planejamento ja estar em plene funcionamento,

na~ se conseguiu resolver satisfatoriamente, por exempl0, os problemas do fluxo viario

congestionado no centro da cidade, quer dizer, 0 principal problema detectado por Agache

duas decadas antes. Na verdade, ja nos aoos 50, os sintomaticos problemas do transito de

veiculos cram constantemente tematizados pela imprensa local. Em manto de 1956, por

exemplo, 0 jomal 0 J:'stado do Parana noticiava que vinha rcccbendo uma serle de

reclamm;:oes sobre a confusao no transito da Pra~a Rui Barbosa: devido a localiza~ao de

diversos estabelecimentos de ensino, hospitalares e religiosos, a pra~a tinha intenso e

desordenado tnifego de veiculos. Os leitores reclamavam a necessidade de fiscais de

trfmsito, raras as vezes encontrados nas redondezas. Segundo 0 artigo, 0 maior problema se

devia aos veiculos que se dirigiam a praya " ... procedenles da rua Pedro Iva, esbarrando

nos 6nihus que fem ponto de eslacionalllcnto no local, dai sllrgindo dificuldades para os

/JIoloris/as e tranScllntes" (0 ESTADO DO PARANA, 24 mar. 1956)

Apcsar de constantes revisoes e modificac;:oes no Plano Agache, uma

nova proposta de planejamento para a cidade se fazia sentir. No inicio da decada de 60, a

prefeitura municipal abriu concorrencia entre empresas de urbanismo para selecionar 0

projcto de urn novo plano diretor para Curitiba. 0 plano vcncedor, proposto pela empresa

SERETE de Sao Paulo, associada ao escrit6rio de arquitetura de Jorge Whilhem, foi

transform ado em lei pela Camara Municipal em 1965. Ao recem-criado IPPUC (lnstituto

de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba) foi atribuida a func;:ao de detalhar e

implementar 0 plano SERETE: "A par/ir de 1971 este plano e posta em prafica e, no inicio

da decada seguillle ja esfa deJillitiva e irrcversive/mellfe implantado. As adminislrQ(;iJes

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que seguem (inclusive POlificQmCnfe de oposi<;iio) POIICO maisji.cem do que 'upe,:/ei(foar' 0

plano au 0 proprio IrJ>Uc, sem alterar nada de subslanciaf' (OLIVEIRA, 1995:117)

o reflexo dessas propostas de urbanizay3.o sobre as praQas da cidade e,

obviamente, muito importante; e determinante mcsmo dus mudanyas e rcdefini<;ocs dclas.

Principalmente no Plano Agache, urn lugar de destaque foi dado a omamenta<;ao da cidade:

as pra9as e jardins, indispensaveis para tomar a cidade mais famosa, seriam as pequenas

vedetcs do projeto.

No toeante as pra<;as, 0 plano reconhecia que a cidade era bern servida,

possuindo urn numero razo<ivet delas; entretanto, diagnosticava, a maioria estava "ainda

scm tratamento", Sua urbanizayJ.o, isto e, seu redesenho e ajardamento era, portanto, urn

ponto importante para a redeliniyao e embelezamento da cidade, Toda uma seyao do Plano

Agache foi dedicada it composiyao de prayas: a propria densidade de populayao nas

cidades, argumentavam sellS idealizadores, engendrava a necessidade de "tirar-se 0 maior

proveilo possivel dos e.'par.,.'os livre,\' que se pode ohler", destinando-os it recreayao de

diferentes faixas etarias dos cidadaos.

As principais atrayoes no contexte historico panonimico seriam: a Opera de Arame,

o lardim Botanico, 0 Passeio Publico, a Rua 24 horas, 0 Teatro Paiol, 0 Bosque do Papa, a

Univcrsidade Livre do Meio Ambiente e 0 Teatro Guaira. A Opera de Arame com sua

estrutura tubular metalica e lim dos sirnbolos emblematicos de Curitiba. Encravada no

local de lima antiga pedreira, a Opera de Arame e acessada por lima ponte sobre lI111lago

repleto de peixes, cisnes e palOS.

o lardim Botanico foi inaugurado em 1991. Criado a semelhanya dos jardins

franceses, 0 lardim Botanico sauda os visilanles com lim tapete de flores logo na entrada.

A estufa, em estrutllra metalica, abriga uma grande variedade de especies botanicas. A

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mata nativa e atravessada pOf trilhas que poderao ser percorridas a pc. 0 Museu Botanico e

referencia brasileira fla area e atrai pesquisadores de todD 0 mundo.

o Passeio Pllblico ja roi urn charco, jardim botanico e hoje oferece inumeras

atrn<;oes que comcc;:am pelos portais de acesso. Suo c6pias fieis do portao do Cemiterio de

Dies de Paris. As restantes atrac;:oesfiearn por conta das ilhas dos macacos, das gan;as, dos

am ores, 0 aquario, a ponte pensil c os passaros das mais variadas especies. A Rua 24 Horas

e 0 ponto de cncontro para quem busea lazer, boemia e boas OP90CSgastronomicas. Como

o proprio nome indica nao fceha nunca. Sao 39 lojas de lodos os tipos num cspa<;:o de 120

metros de extenslio por 12 de largura. Seguindo a moderna arquitetura curitibana, a Rua 24

Homs c formada por 32 arcos em cstrutura mctillica tubular. 0 Teatro Puiol e hoje urn

leatro de arena. No passado era lim paiol de p6lvora. Construido em 1874, foi restaurado e

Iransfonnado em teatro em 1971. As caracteristicas arquitetonicas romanas foram

manlidas. 0 Bosque do Papa e lima homenagcm da cidade aos imigrantcs poloneses. No

lugar voce vai conhecer as casas tipicas conslruidas com madeira encaixada scm a

utiliza~ao de pregos. Ulensilios como Pipa de Azcdar Repolho e Abanador de Cereals

eslao em exposij(ao.

A Universidade Livre do Meio Ambiente e lim espa~o de cstudos de conhecimcntos

sobre 0 meio ambicnlc e a ecologia it populaj(ao. 0 projelo arquilctonico rcpete na fonna e

nus cores os 4 elementos da natureza Terra, fogo, agua ear. Criada em 1991, foi executada

com materia is rusticos.

o Tealro Gualra e 0 maior teatro da America Latina. Tern 3 salas, tendo a maior

del as 2173 lugares. Na fachada principal tem urn paincl adminivel de Poty.

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7. I'ROJETOS I>E DESTAQUES 1>1';CURITIBA

Lixo que nao e lixo

Projeto que envolve a coleta e a rcciclagem do Jixo bern como a sua troca pDf

com ida, no chamado cambio verde. Prcmiado pela ONU, nos Estados Unidos, este

rcconhecimcnto e lido como 0 '''Oscar do meio ambienfe" e dell a Curitiba 0 titulo de

Capital Ecol6gica do Brasil.

Tnlnsportc Colctivo Uiarticulndo

Conhecido nacional e internacionalmentc, 0 sistema se destaca por ser lima mistura

de metro e onibus, juntando a agilidade do primeiro e 0 baixo custo do segundo. Premiado

lambem pela ONU, em Washington. Porcm, e necessario um born planejamento urbano

para que nao ocorram problemas na circulayao viitria. Melhorar 0 transporte publico a tal

ponto que lima pcssoa troque seu carro pelo onibus, lima alternativa barata de trnnsporte, e

mais dilicil do que se possa imaginar.

Asscnhlmcnto lIumano e Urbanismo

A premiac;ao come«ou com a cscolha de Curiliba para ser sede do Dia Mundial do

Habilal (1994) e, em julho de 1996, Curitiba foi premiada em Istambul e apontada como

modelo de urbanismo para 0 Mundo.

Urbanismo

Um dos mais recentes premios concedidos a Curiliba foi 0 da Escola de Urbanismo

de Londres.

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Projeto Pi:i

Visa ao apoio e a orientr:u;ao a criam;as e adolescenlcs, no perfecto contnirio ao da

escola. Estes centros tentam almiT os menores oferecendo atividadcs como cursos de

escuhura, fotografia, desenho, pintura C Illuilas outras que tenlarn manter 0 menor fora das

ruas.

Curitiba nao se destaca apenas na area social. Urbanismo e infra·estrutura sao

palavras que scrnpre caminharam juntas no planejamenlo da cidadc.

Projcto Vila de Oficios

Visando principalmemc a moradia e ao emprego, este projcto consiste em pequenos

sobrados, unde 0 andar inferior abriga 0 pequeno negocio do morador. Sao padarias,

alfaiatarias, cabeleireiros, pequcnas oficinas, que visam complemcmar au fannaT a renda

familiar. Contudo, este projeto recebe somente recursos municipais e pode bcneficiar, ate 0

momento, apenas 317 familias.

Prujeto Solo Criadu

Como ja foi visto anterionnente este projeto tcm como uma das finalidades a

obtentyao de recursos para a cOllstrutyao de casas proprias.

As grandes areas metropolitanas brasileiras sempre enfrentaram urn problema que e

a base de origem dos grandes bolsoes de pobreza: as invasocs ou ocupatyoes de terrenos.

Curitiba soube enfrentar esta problematica, tirando estas pessoas das arcas de risco em que

habitavam, colocando·as num novo bairro criado na cidade: Bairro Novo, que possui uma

infra·estrutura muito rnelhor que a anteriormente utilizada por esta populatyao.

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8. CONCLUsAo

A principal motivac;;ao para a selec;;ao deste tema e a nossa permanente

inquietac;;ao ao vcrificar a reproduc;;ao sem criticas, ao nivel do discurso. da imagem

domillallte da cidnde.

Entre as decadas de 40 e 60, 0 acentuado desenvolvimento de Curitiba

ampliou os limites do quadro urbano, exigindo Ulll planejamento capaz de ordenar 0

crescimento da cidade. Dois estudos urbanisticos foram cntao concebidos, os pianos

Agache e Serete, havendo por parte dos governantes de Curitiba, um interesse muito

proximo do que ocorre hoje, da construc;;ao de lUll mito de cidade prospera.

A promoyao da cidade e a apologia as soluyoes urbanisticas nela

adotadas, confonnam urn consenso ace rca do sucesso da expericncia curitibana de

plallejarnento. A constatac;;ao das transformac;;oes extremamente ageis pelas quais passa a

cada periodo a imagem - milO de Curitiba, cvidencia·se quando os projetos ampliados,

neste trabalho . 0 Agache, tiveram lima dimensao poUlica iniludivel que condicionou os

aspectos h!cllicos: lim amplo espcctro de atores e instituic;;oes foram mobi1izados enquanto

suportes necessarios 1.1"coaliziio do plano" ao longo do periodo his16rico.

Duas decadas depois da conclusao do Plano Agache, cujas propostas

foram parcialmente executadas, a prefeitura de Curitiba necessitou contra tar lima empresa

para realizar novo pJanejamento capaz de gerenciar 0 futuro crescimento da cidade.

A responsabilidade do estudo coube, atraves de concurso publico, ao

consorcio formados pel as cmpresas Sociedade Serete de Estudos e Projetos Uda. e Jorge

Wilheim Arquitetos Associados.

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Destaca·se aqui, a importancia da ideologia no planejamcnto na gestao

da cidade, quando, ao cperar-se uma leitura homogcneizada da socicdade, produz a

diluiyao das difereny3s sociais, ullificando os habitantcs de um detcrminado cspayo urbano

em lorno de decisoes que contcmplam interesses parciais.

A ideologia, contida no discurso. tem uma funy3.o bem dctcrminada:

fazer com que 0 ponto de vista do grupo dominante aparcy3 para todo social como sendo 0

unico racional e portador de valores universais. 0 discurso do poder e necessariamente

ideo16gico na medida em que se caracteriza pela diluiy:lo e oeultamenlo da divisao, da

diferenC;:3 e da contradiyi'io, mas lambem nao poderia deixar de destacar os imigrantes que

muito contribuiram para todo este sucesso urbano com 0 passar dos anos.

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9. REFERENCIAS nIDLlOGRAFICAS

BOLETIM INFORMATIVO DA CAS A RoMARIO MARTINS. Boqueir;;o 0 bairro na

hisloria da cidadc. Curitiba, volume 22, numero 106. Agosto/1995.

BOLETIM INFORMATIVO DA CASA ROMARIO MARTINS. Rui Barbosa a pra~a

on trilha do tempo. Curiliba, Volume 23, numero 229. Dezembrol1996

BOSCI-I1LlA, Roseli. Condi~iics de vidll c tmbalho: A mulhcr no cspn~o fabril

eul"itibana (1940 - 1960). Curiliba. Ed. do aulOr. 1996, 196 f. Tese de Mestmdo da UFPR

- Curso de Hisloria

GARCIA, Fernanda E. Sanches. Cidadc Espet:iculo. Politica, plancjamento e City

nUlrketing. Curiliba, Ed. Palavra, 1997.

GUARESHI, Pcdrinho c Talli (org.). Textos em rCllrescntm;ocs socia is. Rio de Janeiro.

Ed. Vozcs, 1995.

PARANA..Secretaria da Cultum e do Esportc. Coordenadoria do Patrimonio Cultura. A

rcprcsa c os colon os. Curiliba, 1986.

PERRARO, Alexandra Cristina. Os faohlsnuls dc Curitiba: urnn cXJlcdil;ao pel a

cidadania. Cutiliba, Posigraf, 1998.

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DO PARANA. (claborado em comemora~ao a passagem do primciro decenio de

adminislra~ao do intervenlor Federal Sf. Manuel Ribas). Curitiba, Secretaria de Obras

Publicas, Via~ao e Agricultura. Jan. 1942, p. 8.

SADER, Eder. Qmwdo novos persoDagens cntnlram em cena: experiencias, falas e

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