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Acesso Acesso à à á á gua para gua para consumo humano consumo humano Andr Andr é é Monteiro Costa Monteiro Costa CPqAM/Fiocruz CPqAM/Fiocruz e e - - mail: [email protected] mail: [email protected] 1

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Acesso Acesso àà áágua para gua para

consumo humanoconsumo humano

AndrAndréé Monteiro CostaMonteiro Costa

CPqAM/FiocruzCPqAM/Fiocruz

ee--mail: [email protected]: [email protected]

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Pr incPr inc íí p ios do acesso p ios do acesso àà áágua de gua de c o n s u m o h u m a n o c o n s u m o h u m a n o

� Acesso à água limpa e segura a ao esgotamento sanitário adequado é um direito humano essencial para o pleno gozo da vida e de outros direitos humanos. (ONU, 2010)

� Lei do Saneamento Básico No. 11.445/2007, art. 2º (princípios fundamentais):� I - universalização do acesso;� II – integralidade

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PrincPrincíípios sobre acesso pios sobre acesso àà áágua de gua de c o n s u m o h u m a n o c o n s u m o h u m a n o

� VI - articulação com as políticas de desenvolvimento urbano e regional, de habitação, de combate à pobreza e de sua erradicação, de proteção ambiental, de promoção da saúde e outras de relevante interesse social voltadas para a melhoria da qualidade de vida, para as quais o saneamento básico seja fator determinante

� X - controle social

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PrincPrincíípios sobre acesso pios sobre acesso àà áágua de gua de c o n s u m o h u m a n o c o n s u m o h u m a n o

� Bioética da proteção reafirma o papel do Estado como responsável pela prestação dos serviços de abastecimento de água, pois, ao mesmo tempo em que desaconselha as políticas de privatização não comprometidas com o bem público, justifica moralmente políticas públicas protetoras capazes de corrigir situações de injustiça social (Pontes & Schramm, 2004)

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O que entendemos sobre acesso? O que entendemos sobre acesso?

� A expressão material de um direito por meio de uso de

um serviço ou recebimento de bens.

� A existência de um sistema (componentes físicos) ou serviço em um determinado local, apesar de constituir um aspecto importante, não garante sua efetiva utilização.

� A população constrói seus próprios conceitos e estratégias de acesso.

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O que entendemos sobre acesso? O que entendemos sobre acesso?

� O acesso pode ser útil para avaliar a apreensão da relação existente entre as necessidades e aspirações da população em termos de sistemas e serviços, e a oferta de recursos e processos para satisfazê-las (Fekete, 1996).

� Acesso está relacionado a um direito, universal, e à integralidade ao atendimento das necessidades de saúde, bem estar, recuperação e proteção ambiental.

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O que entendemos sobre acesso? O que entendemos sobre acesso?

� O direito do indivíduo ao acesso (sem impedimentos de qualquer natureza) a todas as tecnologias que o sistema oferece para o atendimento de suas necessidades (Mattos, 2001).

� a abordagem sobre o acesso deve considerar que

o todo é multidimensional e indissociável,

retroalimentado e recodificado no cotidiano

objetivo e subjetivo das experiências humanas

(Azevedo e Costa, 2010).

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O que entendemos sobre acesso? O que entendemos sobre acesso?

◦ O ponto de vista do usuário

� O quê, o quanto e como os usuários recebem um bem ou serviço

� Esta é uma grande dificuldade em captar em uma política pública, ou seja, o acesso efetivo pela população dos bens e serviços.

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Uma `tentativa`de construir uma Uma `tentativa`de construir uma

abordagem sobre o acesso abordagem sobre o acesso àà áágua gua

potpotáável e ao esgotamento sanitvel e ao esgotamento sanitáário rio

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D i m e n sD i m e n s õõ e s d o a c e s s oe s d o a c e s s o

(a partir de Starfield, 2002 e Fekete, 1996)

1. Geográfica

Aspectos físicos impeditivos ao acesso; tipo e usos do manancial; distância entre a população e os recursos ou serviços.

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11Água intradomiciliar é maior proteção para diarréias em <5anos (Victora et al., 1998)

D i m e n sD i m e n s õõ e s d o a c e s s oe s d o a c e s s o

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D i m e n sD i m e n s õõ e s d o a c e s s oe s d o a c e s s o

D i m e n sD i m e n s õõ e s d o a c e s s oe s d o a c e s s o

(a partir de Starfield, 2002 e Fekete, 1996)

2. Organizacional

Refere-se a obstáculos originados no modo de organização do serviço

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� Organizacional

◦ Como os serviços se organizam para prover água potável e

esgotamento sanitário

� Riscos sanitários, organolépticos

� Regime de abastecimento (24h; intermitência)

� Manutenção (perdas; reparos)

� Educação sanitária

� Comunicação e participação social

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D i m e n sD i m e n s õõ e s d o a c e s s oe s d o a c e s s o

� Organizacional

◦ Como os serviços se organizam para prover água potável e

esgotamento sanitário

� Tecnologias que requerem maior participação na manutenção (fossas sépticas, ramais condominiais)

� Integralidade (coleta, tratamento e destino final adequado)

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D i m e n sD i m e n s õõ e s d o a c e s s oe s d o a c e s s o

3. Sociocultural

Percepção do indivíduo sobre crenças e hábitos; e do serviço: formação dos profissionais; falta de preparo das equipes frente à diversidade dos usuários, com distintas características socioculturais, incipiência dos processos de participação.

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D i m e n sD i m e n s õõ e s d o a c e s s oe s d o a c e s s o

D i m e n sD i m e n s õõ e s d o a c e s s oe s d o a c e s s o

� Sócio-cultural

◦ Características dos usuários que podem influenciar no consumo adequado de água potável

� Hábitos, costumes, higiene, valores

� Manutenção intradomiciliar

� Instalações hidrossanitárias

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O que entendemos sobre acesso? O que entendemos sobre acesso? 4. Econômica

Refere-se ao consumo de tempo, energia e recursos

financeiros para busca e obtenção de bens ou

serviços, prejuízos por perda de dias de trabalho,

por doença, custo do bem ou serviço.

◦ Custo da água que pode implicar em restrições ou em desperdício

◦ Custo do esgotamento pode implicar em não ligação

◦ Custos com compra de água de outras origens (poço, mineral, caminhão pipa)

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D i m e n sD i m e n s õõ e s d o a c e s s oe s d o a c e s s o

Um ponto de vista da saUm ponto de vista da saúúde de

� Para Cairncross et al. (1996), tradicionalmente os engenheiros e os serviços de AA têm um ponto de vista, do manancial para a cidade, para as redes◦ Em geral não percebem os usuários

� O ponto de vista da saúde deve ser a partir dos usuários para o manancial◦ Quem são, como vivem e como, quanto, com que qualidade e riscos acessam os serviços

◦ Um olhar a partir do ponto de vista da prevenção, da proteção e da promoção da saúde

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C o m o a v a l i a r o a c e s s o ?C o m o a v a l i a r o a c e s s o ?� Abordagens a partir da satisfação dos usuários

◦ Qualitativa� Entrevistas qualitativas (Oliveira, 1993; Pontes, 2003)

◦ Quantitativa� Questionários

� Abordagens a partir dos serviços (quantitativas)◦ Qualidade da água� Controle – papel dos serviços de abastecimento de água� Vigilância – papel dos serviços de saúde

◦ Características de cobertura, desempenho operacional, econômico-financeiro, etc.

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C o m o a v a l i a r o a c e s s o ?C o m o a v a l i a r o a c e s s o ?

� Qualidade dos serviços, prioridade investimentos, custos◦ Controle social – perspectiva da democracia participativa

◦ Regulação – perspectiva da água como commodity e o Estado regulador

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Fontes de dados secundFontes de dados secundááriosrios

◦ Diante da abordagem de acesso proposta quais fontes de dados secundárias para avaliar acesso?� São suficientes?

� Acessíveis?

� Quais as unidades de análise?

� Quem informa o dado?

� Como se dá a gestão da informação?

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Fontes de dados secundFontes de dados secundááriosrios

� Dado informado pelo usuário

◦ Censo demográfico decenal (IBGE)� Permite estimar % cobertura da fonte e forma (no lote ou canalização interna) e � Existência de banheiro, sanitário e destino dos dejetos◦ `rede coletora + pluvial`◦ `sanitário`- com quatro paredes de material, com ou sem teto e com um buraco no chão (!)

� Unidade de análise: setor censitário, distrito, município, UF e GR

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Fontes de dados secundFontes de dados secundááriosrios◦ Dado informado pelo usuário

� Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (IBGE), anual

◦Mesmas variáveis do censo

◦Unidade de análise: regiões metropolitanas, UF e GR

� O Censo e a PNAD permitem estimar cobertura por faixa de renda, escolaridade e faixas de população dos municípios◦ QUESTÃO URBANO/RURAL NO BRASIL

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Grupos de mun ic íp ios por tamanho e d e n s i d a d e p o p u l a c i o n a l

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Fontes de dados secundFontes de dados secundááriosrios

◦ Dado informado pelo serviço de AA e ES

� Sistema Nacional de Informações de Saneamento(SNIS/MCidades), anual

◦ É amostral

◦ Permite estimar cobertura, desempenho operacional, econômico-financeiro, etc.

◦Unidade de análise: municípios e UF

◦Acesso: internet

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Fontes de dados secundFontes de dados secundááriosrios

� Dado informado pelo serviço de AA, ES e prefeituras

◦ Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (IBGE), contratada pelo Mcidades, periodicidade irregular

� É censitária

� Permite estimar cobertura, aspectos operacionais, econômico-financeiro, etc.

� Unidade de análise: distrito, municípios, UF e GR

� Problemas de consistência

◦ Problemas de desenho da pesquisa e institucional do setor

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Fontes de dados secundFontes de dados secundááriosrios◦ Dado informado pelo serviço de AA, ES e Vigilância em Saúde (Desast/MS)

� Sistema de Informações de Qualidade da Água para Consumo Humano (Sisagua), mensal (para cadastro, dos SAA, anual)

◦Cerca de 4900 municípios cadastrados

◦ Permite estimar qualidade da água, riscos sanitários, regime de abastecimento, cobertura, cadastro dos SAA aspectos operacionais

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Fontes de dados secundFontes de dados secundááriosrios◦ Dado informado pelo serviço de AA, ES e Vigilância em Saúde

� Sistema de Informações de Qualidade da Água para Consumo Humano (Sisagua), mensal (para cadastro, dos SAA, anual)

◦Unidade de análise: SAA, município

◦ Problemas de consistência

◦Acesso: restrito

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A d e q u aA d e q u a ç ãç ã o d o a c e s s oo d o a c e s s o� Cabe construir um modelo `ideal` e um factível, a

partir dos dados disponíveis

� Aspectos a considerar:

� Abastecimento de água:

◦ Características do manancial;

◦ Tipo de tratamento da água;

◦ Amostragem da qualidade da água;

◦ Volume per capta;

◦ Conexão intradomiciliar, 24h

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A d e q u aA d e q u a ç ãç ã o d o a c e s s oo d o a c e s s o� Cabe construir um modelo `ideal` e um factível, a

partir dos dados disponíveis

� Aspectos a considerar:

� Esgotamento sanitário:

◦ Se fossa séptica, regime de remoção do lodo;

◦ Densidade populacional;

◦ Tratamento;

◦ Destino final;

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PromoPromoçãção da Sao da Saúúde de

(Asa Cristina Laurel, 1983)

O modo de vida a que os indivíduos estão submetidos resulta de sua inserção na formação social, consequente do modo de produção e de organização da sociedade