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11 o Encontro Espírita sobre O Céu e o Inferno Tema: “Medo da Morte” 1 Centro Espírita Léon Denis Tema: “Medo da Morte” 22 de novembro de 2015

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Encontro Espírita sobre O Céu e o Inferno

Tema: “Medo da Morte”

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Centro Espírita Léon Denis

Tema: “Medo da Morte”

22 de novembro de 2015

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Encontro Espírita sobre O Céu e o Inferno

Tema: “Medo da Morte”

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Coordenação Geral: Homero Dias de Carvalho

Coordenação Imediata: Maria Lucia Alcantara de Carv alho

Organização do Conteúdo: Grupo de Estudos Espíritas Lúcia Moreira

Finalização: Setor Editorial do CELD

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Encontro Espírita sobre O Céu e o Inferno

Tema: “Medo da Morte”

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INFORMAÇÕES GERAIS

8h às 8h30min Chegada / Recepção

8h30min às 9h Abertura/Deslocamento

9h às 10h45min Estudo

10h45min às 11h Intervalo

11h às 12h45min Estudo

12h50min às 13h Encerramen to

Ano Tema

2014

O Futuro e o Nada

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Encontro Espírita sobre O Céu e o Inferno

Tema: “Medo da Morte”

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Sumário

INTRODUÇÃO 6 1 - Causas que originam o medo da morte 6 2 - O fenômeno da morte à luz da Doutrina Espírita 10 3 - Os mortos nunca voltaram para contar? 13 Estudo de Casos 14

1º Caso: Senhor Cardon, Médico 14 2º Caso: Um Médico Russo 17 4 - Conclusão 21 Aprender a viver bem para morrer bem 21 Por que os espíritas não temem a morte 21 O papel esclarecedor e consolador da Doutrina Espírita 23 Textos complementares 27

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Tema: “Medo da Morte”

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Objetivo Geral

Estudar as ideias contidas no cap. II do livro O Céu e o Inferno , “Receio da Morte”.

Objetivos Específicos

Identificar as causas que originam o receio da mort e;

analisar, à luz da Doutrina Espírita, o fenômeno da morte;

reconhecer a morte do corpo físico como transformaç ão, do ponto de vista material e, do ponto de vista espiritual, sua condição de espírito imortal;

reconhecer a função esclarecedora e consoladora da Doutrina Espírita;

identificar os conceitos da Doutrina Espírita como instrumento de transformação moral;

reconhecer a necessidade de viver bem para morrer b em.

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INTRODUÇÃO

No livro O Céu e o Inferno, Allan Kardec nos convida a meditar sobre um tema do qual muitas pessoas não gostam sequer de falar, quanto mais analisar, procurar saber mais e se preparar para quando ocorrer: A MORTE.

Todavia, não pensar na morte não impede que ela venha! Pois a morte é um fenômeno natural, inerente ao processo da vida material dos seres vivos, independente do Reino ao qual pertençam. Querendo ou não, pensando nela ou não, todos nós passaremos pela experiência da morte, pois, como diz o dito popular, “para morrer basta estar vivo”.

Por isso, neste 11o Encontro Espírita sobre O Céu e o Inferno, alicerça-dos no pensamento do mestre de Lyon, convidamos todos os companheiros a refletir sobre a morte, como também, a procurar entender o porquê dos medos, a visualizar, através do raciocínio e de depoimentos dos próprios espíritos, o que ocorre com a alma e nos prepararmos para este dia, que, com certeza, chegará.

1 - Causas que originam o medo da morte

a) Instinto de Conservação: É uma lei natural, Lei Divina, portanto, o empenho em conservar a vida

física. É a lei de conservação. Graças a ela, esforçamo-nos por evitar situações de risco e pôr-nos a salvo, resguardando a vida material.

Em O Livro dos Espíritos, na pergunta 702, indaga o Sr. Allan Kardec:

“O Instinto de Conservação é uma lei da Natureza?” E obtém a resposta:

“Sem dúvida; é dado a todos os seres vivos, qualquer que seja o grau de sua inteligência; em uns ele é puramente maquinal, em outros, ele é raciocinado.”

Em O Céu e o Inferno, capítulo II, item 2:

“O receio da morte é um efeito da sabedoria da Providência e uma

consequência do instinto de conservação comum a todos os seres vivos. Ele é necessário, enquanto o homem não está bastante esclarecido sobre as condições da vida futura, como contrapeso à tendência que, sem esse freio, o levaria a deixar prematuramente a vida terrestre, e a negligenciar o trabalho na Terra que deve servir para o seu próprio adian-tamento.”

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E o que é o Instinto de Conservação?

“O Instinto é a força oculta que incita os seres orgânicos a

atos espontâneos e involuntários, tendo em vista a sua conser-vação.”

A Gênese , cap. III – “O Bem e o Mal”, item 11.

“Com que objetivo Deus deu a todos os seres vivos o ins-tinto de sua conservação?

“Todos devem concorrer para os desígnios da Providência; foi por isso que Deus lhes deu a necessidade de viver. E, ademais, a vida é necessária ao aperfeiçoamento dos seres; eles o sentem, instintivamente, sem disso se aperceberem.”

O Livro dos Espíritos , questão 703.

O Instinto de Conservação permite a continuidade da vida, inclusive a hu-mana, no nosso planeta, pois é através dele que buscamos nos proteger e de-senvolver mecanismos e tecnologias que prolonguem a vida corporal. Sem este instinto, a vida pereceria com uma rapidez estrondosa. Por exemplo, um bebê não choraria quando estivesse com fome ou algum desconforto, impedindo a utilização da reencarnação como meio de evolução para os espíritos.

Sem ele não procuraríamos a cura para os males do corpo nem o alimento que o mantém. Diante de qualquer dificuldade, sucumbiríamos pela inércia ou pela falta de cuidado.

Portanto, como explica Kardec, o instinto de conservação é indispensável para a manutenção da vida corporal. b) Apego à vida material:

Buscamos suprir as necessidades inerentes à vida material e, em muitas

ocasiões, extrapolamos. Queremos mais e mais e mais... Exercitamos o egoís-mo, a ambição, o orgulho, a indiferença e, apegando-nos aos prazeres físicos e às posses materiais, fazemos predominar em nós, espíritos , a nossa natureza material, em prejuízo da nossa verdadeira essência, a natureza espiritual.

De O Livro dos Espíritos, na nota de Kardec, à questão 941, selecio-namos o trecho seguinte:

“O homem carnal, mais preso à vida corporal do que à vida espiritual, tem, na Terra, penas e gozos materiais; sua felicidade está na satisfação fugidia de todos os seus desejos. Sua alma, constantemente preocupada e angustiada pelas vicissitudes da vida, conserva-se numa ansiedade e numa tortura perpétuas. A morte o assusta, porque duvida do seu futuro e porque deixa na Terra todas as suas afeições e todas as suas esperanças...”

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Neste caso, a morte representa a perda de tudo o que importava para ele:

corpo, bens, prazeres, títulos, posição social, família, amigos...

c) Conceitos religiosos ortodoxos:

Temos aprendido, ao longo dos tempos, que só há uma vida; a ideia da unicidade da existência tem exacerbado em nós o anseio de gozar esta vida ao máximo, sem nos preocupar em nos aprofundar em questões transcendentais.

Além disso, a noção de continuidade da existência, após a morte do corpo, indicava-nos lugares circunscritos, onde haveria gozos ou penas com ca-racterísticas materiais: o Céu ou o Inferno. De um lado, a beatitude contem-plativa perpétua e a indiferença pelo sofrimento alheio; de outro lado, as horrí-veis e eternas torturas de condenados ardendo no fogo infernal sem ser consu-midos. E tudo isso, com a aquiescência de Deus, que, portanto, não admitia a possibilidade da transformação de seus filhos “pecadores”...

A partir do ano de 593, aprendemos que existia um outro lugar para onde poderíamos ir, após a morte do corpo: o Purgatório. Local de sofrimentos mais moderados – o fogo não era tão intenso – do qual os pecadores poderiam sair, não por seus esforços próprios, mas pelas preces pagas, as indulgências, de outros, ou dos próprios ainda em vida, em sua intenção.

“Uns, condenados sem remissão; outros, esperando a boa von-tade dos vivos; outros, ainda, vivendo as delícias paradisíacas ad eter-no... O quadro que a religião traça sobre o assunto, é preciso admitir, não é muito sedutor nem muito consolador. Nele se veem, de um lado, as contorções dos condenados que pagam em torturas e chamas sem fim os erros de um momento, e para quem os séculos sucedem aos séculos sem esperança de alívio nem de piedade, e o que é ainda mais implacá-vel, para quem o arrependimento não produz o efeito desejado. De outro lado, as almas abatidas e sofredoras do purgatório, que esperam sua liberdade da boa vontade dos vivos que rezarão ou farão rezar por elas, e não por seus esforços para progredir. Essas duas categorias compõem a imensa maioria da população do outro mundo. Acima dessas almas está o muito restrito plano dos eleitos, desfrutando, durante a eternidade, de uma beatitude contemplativa. Essa eterna inutilidade, preferível, sem dúvida, ao nada, não deixa de ser uma fastidiosa monotonia.”

O Céu e o Inferno , 1a Parte, cap. II, item 6.

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d) Receio do aniquilamento:

Acabar. Desaparecer.

É este o grande temor daqueles extremamente apegados à vida e aos prazeres materiais, que sequer cogitam das questões espirituais; é o grande te-mor daqueles outros que, desiludidos, inseguros, incertos de que realmente existe algo para além da morte do corpo.

Citamos, sobre isto, do capítulo II, item 4, de O Céu e o Inferno, o se-guinte trecho:

“(...) O receio da morte resulta, portanto, da insuficiência de conhecimen-tos sobre a vida futura; mas ele indica a necessidade de viver e o medo de que a destruição do corpo seja o fim de tudo ; ele é assim provocado pelo desejo secreto da sobrevivência da alma, ainda encoberta pela dúvida (...)” (Grifo nosso.)

Mas o que causa este receio excessivo e muitas vezes doentio?

A vaga noção da Vida Futura. Allan Kardec fez este questionamento aos espíritos, na questão 941 de O

Livro dos Espíritos:

“O temor da morte é, para muitas pessoas, uma causa de perplexi-dade; de onde se origina esse temor, visto que elas têm diante de si o futuro?”

“É sem motivo que têm esse temor; mas, que queres? Se procu-ram persuadi-las, quando jovens, de que há um inferno e um paraíso, mas que é mais certo irem para o inferno, porque lhes dizem que o que está na Natureza constitui um pecado mortal para a alma. Então, quando se tornam adultas, se têm um pouco de juízo, não podem admitir isso e se tornam ateias ou materialistas; é assim que são levadas a acreditar que, além da vida presente, nada mais há. Quanto às que persistiram nas suas crenças de infância, elas temem aquele fogo eterno que deve queimá-las sem as consumir.”

O Livro dos Espíritos , questão 941.

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2 - O fenômeno da morte à luz da Doutrina Espírita

Já buscando a informação doutrinária, citamos, neste tópico, trechos do livro Temas da Vida e da Morte, de autoria de Manoel Philomeno de Miranda, em psicografia de Divaldo Pereira Franco, que, com muita clareza, nos elucidam as dúvidas que possamos ter a respeito.

Além destes, citamos, também, questões de O Livro dos Espíritos.

a) O que acontece com o corpo?

O envoltório material que serve de instrumento de expressão do espírito, durante sua encarnação, é reprocessado pela Natureza: “o pó retorna ao pó”.

• A transformação do ponto de vista material.

Em O Livro dos Espíritos, na pergunta 155, temos:

“Como se opera a separação da alma e do corpo?”

“Sendo rompidos os elos que a retinham, ela se desprende.”

E, em Manoel Philomeno de Miranda:

“Etimologicamente, morte significa ‘cessação completa da vida do ho-mem, do animal, do vegetal’”.

“Genericamente, porém, morte é transformação”(...)

“A morte é o fenômeno biológico, término natural da etapa física, que dá início a novo estado de transformação molecular.”

“A morte é ocorrência inevitável, em relação ao corpo, que, em face dos acontecimentos de vária ordem, tem interrompidos os veículos de preservação e de sustentação do equilíbrio celular, normalmente em consequência da ruptura do fluxo vital que se origina no ser espiritual, anterior, portanto, à forma física.”

“Biologicamente, começa-se a morrer desde quando se começa a viver, pois que as transformações celulares se dão incessantemente.”

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b) O processo de desligamento do corpo do espírito; a imantação do espírito ao corpo.

“A desencarnação é o fenômeno de libertação do corpo somático por parte do Espírito, que, por sua vez, se desimanta dos condiciona-mentos e atavismos materiais, facultando a si mesmo liberdade de ação e de consciência(...)”

“A desencarnação real ocorre depois do processo da morte orgâ-nica, diferindo em tempo e circunstância, de indivíduo para indiví-duo(...)”

“A desencarnação pode ser rápida, logo após a morte, ou se alonga em estado de perturbação, conforme as disposições psíquicas e emocionais do ser espiritual(...)”

“(...) Tendo-se em vista que o homem procede do mundo espiri-tual. A morte é o veículo que o reconduz à origem, onde cada qual ressurge com as características definidoras das suas conquistas.”

“Morrer é, portanto, muito fácil, isto é, interromper o ciclo orgâ-nico, o que, entretanto, não significa deixar de viver , desde que, in-destrutível, a vida ressurge sob outro aspecto, sem que haja cessação do seu curso, ou outra qualquer forma de a niquila-mento...” (Grifo nosso.)

“(...) Encerrando a vida biológica apenas, a morte, na condição de hábil cirurgiã, interrompe somente os laços que prendem o Espírito ao corpo físico, dependendo daquele a liberação emocional deste últi-mo.”

c) A transformação do ponto de vista espiritual.

• O estado de perturbação.

Em O Livro dos Espíritos, na questão 163, temos:

“A alma, ao deixar o corpo, tem imediatamente consciência de si mesma?”

“Consciência imediata não é bem o termo; ela fica durante algum tempo em perturbação.”

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E ainda, na questão 159:

“Que sensação experimenta a alma, no momento em que se re-conhece no mundo dos espíritos?”

“Isso depende; se fizeste o mal com o desejo de praticá-lo, no pri-meiro momento, tu te sentirás envergonhado de tê-lo feito. Para o justo, é bem diferente: ela fica como que aliviada de um grande peso, pois não teme nenhum olhar perscrutador.”

Complementando com a questão 165:

“O conhecimento do Espiritismo exerce uma influência sobre a du-ração, mais ou menos longa, da perturbação?”

“Uma influência muito grande, visto que o Espírito compreendia, antecipadamente, a sua situação; porém, a prática do bem e a consciên-cia pura são o que tem maior influência.”

E em Manoel Philomeno de Miranda:

“Como efeito da conduta moral e das aspirações a que se vincula o Espírito, o seu estado de perturbação após a morte do corpo perdura por breve ou largo tempo, fenômeno natural quanto lógico.”

“Quase todos os desencarnados experimentam a turbação que su-cede ao desprendimento da matéria. A intensidade e o prazo variam con-forme as condições de cada um.”

“As pessoas que viveram para o prazer, usufruindo sensações e gozos desenfreados, recusam-se a compreender a ocorrência libertadora, já que prosseguem fixados aos sentidos e apetites a que se vincularam, sofrendo inenarráveis angústias por não serem atendidos nos hábitos antigos, mesmo que se esforcem até quase à exaustão.”

“Outros indivíduos, que eliminaram da mente qualquer possibili-dade de sobrevivência ao cadáver, hibernam-se experimentando inconce-bíveis pesadelos que decorrem dos fenômenos biológicos em contínua transformação e que neles se impõem por tempo indeterminado.”

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“Os que foram arrebatados por morte violenta, por imprevidência,

precipitação ou desleixo, em atos suicidas, continuam imantados aos des-pojos putrescíveis por muito tempo.”

“Todo e qualquer hábito longamente cultivado impregna o indiví-duo, que se lhe submete, mesmo quando dele deseja libertar-se.”

d) O estado de lucidez – reconhecimento da condição de espírito imortal.

“O conhecimento da vida espiritual e as ações edificantes, traba-lhando o metal do caráter humano, são o passaporte e a passagem que facultam a viagem feliz, com uma chegada ditosa, sem embaraço ou im-pedimento na travessia da aduana da morte.”

“Morrer é desnudar-se diante da vida, é verdadeira b ênção que traz o Espírito de volta ao convívio da família de onde partiu...” (Grifo nosso.)

“O homem deve sempre reservar alguns momentos diários para meditar a respeito da viagem de volta e, conscientemente, reunir a valio-sa bagagem que irá conduzir, única de que se poderá utilizar ao transpor a fronteira do mundo físico.”

Temas da Vida e da Morte, Manoel P. de Miranda Capítulos:

“Temor da Morte”; “Morte e Desencarnação”; “Processo Desencarnatório”; “Perturbação no Além-Túmulo”.

3 - Os mortos nunca voltaram para contar?

É muito comum ouvir-se de pessoas descrentes na continuidade da vida, que se rotulam como materialistas, ateias, ou que simplesmente não querem “esquentar a cabeça”, a afirmativa de que os mortos nunca voltaram para contar. O livro O Céu e o Inferno põe-na por terra. Pleno de depoimentos de espíritos desencarnados, nas mais diversas condições evolutivas, registros de grande valia para nosso esclarecimento, lições de vida, solidificando em nós a certeza de que somos espíritos imortais , filhos queridos de Deus , em ca-minhada evolutiva; ora num corpo material, ora fora dele. E quantos mortos continuam vindo nos contar, nos falar de sua situação boa ou má, exortando-nos a fazer o melhor de nós, buscando agir de conformidade com a Lei de Deus?

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ESTUDO DE CASOS

Estudaremos, agora, dois depoimentos contidos na obra. Um, de um es-pírito feliz: Um médico russo; outro, de um espírito em condição mediana: o Sr. Cardon.

1o Caso: Senhor Cardon, Médico “O Senhor Cardon passara uma parte de sua vida na marinha mercante,

como médico de um baleeiro, e ali havia adquirido hábitos e ideias um pouco materialistas; indo viver na aldeia de J..., exercia a modesta profissão de médico do campo. Há algum tempo ele obtivera a certeza de que era portador de uma hipertrofia do coração, e, sabendo que essa doença é incurável, a ideia da morte o lançava em uma inquietante melancolia da qual nada podia afastá-lo. Dois meses antes, aproximadamente, ele predisse o dia certo da sua morte; quando se viu perto de morrer, reuniu a família em torno dele, para lhe dizer o último adeus. Sua mulher, sua mãe, seus três filhos e outros parentes estavam juntos à volta do seu leito; no momento em que sua mulher tentou levantá-lo, ele se vergou, tornando-se de uma lividez cadavérica, seus olhos se fecharam, e pen-saram que estava morto. Sua mulher, para esconder esse espetáculo aos filhos, colocou-se diante dele. Após alguns minutos, ele reabriu os olhos; sua fisio-nomia, por assim dizer, iluminada, tomou uma expressão de radiosa beatitude, e ele exclamou:

‘Oh! Meus filhos, procedei sempre de maneira a merecer esta inefável felicidade reservada aos homens de bem; vivei segundo a caridade, se tiverdes alguma coisa, dai uma parte àqueles que têm falta do necessário.

Minha querida mulher, eu te deixo numa situação que não é favorável; temos dinheiro para receber, mas, eu te suplico, não atormentes aqueles que nos devem; se estão em dificuldades, espera que possam pagar, e àqueles que não puderem fazê-lo, perdoa; Deus te recompensará por isso.

Tu, meu filho, trabalha para sustentar tua mãe; sê sempre um homem honesto e não faças nada que possa desonrar a nossa família. Toma esta cruz que era de minha mãe, não a deixes nunca, e que ela te lembre sempre meus últimos conselhos...

Meus filhos, ajudai-vos e sustentai-vos mutuamente; que a boa harmonia reine entre vós; não sejais vaidosos nem orgulhosos, perdoai aos vossos inimi-gos, se quereis que Deus vos perdoe...’

Depois, fazendo seus filhos se aproximarem, estendeu suas mãos sobre eles e acrescentou: ‘Meus filhos, eu vos abençoo’. E seus olhos se fecharam, desta vez para sempre, mas sua fisionomia conservou uma expressão tão imponente que, até o momento em que foi enterrado, uma grande quantidade de pessoas veio contemplá-lo com admiração.

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Esses interessantes detalhes nos foram transmitidos por um amigo da

família, então, pensamos que uma evocação podia ser instrutiva para todos, ao mesmo tempo em que seria útil ao espírito.”

“Evocação R. Estou perto de vós. P. Contaram-nos vossos últimos momentos que nos encheram de admi-

ração. Poderíeis ser bastante generoso para nos descrever, melhor do que o fi-zestes, o vistes no intervalo do que se poderia chamar vossas duas mortes?

R. O que eu vi... poderíeis vós compreender o que vi? Não sei, porque eu não conseguiria encontrar expressões capazes de tornar compreensível o que eu pude ver durante alguns instantes em que me foi possível deixar meus restos mortais.

P. Tendes ideia de onde estivestes? É longe da Terra, em um outro pla-neta, ou no Espaço ?

R. O espírito não conhece o valor das distâncias do mesmo modo que as considerais. Levado não sei por qual agente maravilhoso, eu vi esplendor de um céu como apenas em sonhos poderia se realizar. Esse trajeto através do infinito foi feito tão rapidamente que eu não posso dizer com precisão o tempo que meu espírito gastou com ele.

P. Atualmente desfrutais da felicidade que entrevistes? R. Não; bem que eu queria poder desfrutá-la, mas Deus não pode

recompensar-me assim. Eu me revoltei muitas vezes contra os pensamentos benignos que meu coração ditava, e a morte parecia-me uma injustiça. Médico incrédulo, eu havia adquirido na arte de curar uma aversão contra a segunda natureza, que é nosso impulso inteligente, divino; para mim a imortalidade da alma era uma ficção adequada a seduzir as naturezas pouco elevadas; no en-tanto, o nada me apavorava, porque muitas vezes amaldiçoei esse agente mis-terioso que fere sempre e sempre. A filosofia me havia perturbado os sentidos sem me fazer compreender toda a grandeza do Eterno, que sabe repartir a dor e a alegria para o ensino da humanidade.

P. Por ocasião da vossa verdadeira morte, logo reconhecestes o estado em que vos encontráveis?

R. Não, só reconheci durante a transição que meu espírito sofreu para percorrer os lugares etéreos; mas, após, a morte real, não; foram necessários alguns dias para o meu despertar.

Deus concedera-me uma graça, pela seguinte razão: minha incredulidade inicial não mais existia; antes da minha morte, eu passara a acreditar porque, depois de haver investigado cientificamente a matéria pesada que me fazia definhar, eu encontrara, ao final das razões terrestres, apenas a razão divina; ela me havia inspirado, consolado, e minha coragem era mais forte que a dor. Eu bendizia o que antes amaldiçoara; o fim me parecia a libertação. A ideia de

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Deus é grande como o mundo! Oh! Que suprema consolação na prece, que proporciona emoções que não se podem exprimir por palavras; ela é o elemento mais seguro da nossa natureza imaterial; por ela eu compreendi, acreditei fir-memente, soberanamente, e é por isso que Deus, considerando minhas boas ações, desejou me recompensar antes de terminar a minha encarnação.

P. Poderíamos dizer que estáveis morto na primeira vez? R. Sim e não; tendo o espírito deixado o corpo, naturalmente a carne

morreria; porém, retomando a posse da minha morada terrestre, a vida retornou ao corpo que sofrera uma transição, um sono.

P. Nesse momento sentíeis os laços que vos prendiam ao vosso corpo? R. Sem dúvida; o espírito tem um laço difícil de romper, é preciso o último

estremecimento da carne para que ele possa entrar em sua vida natural. P. Como foi que, por ocasião da vossa morte aparente e durante alguns

minutos, vosso espírito pôde se libertar instantaneamente e sem perturbação, enquanto que a morte real foi seguida de uma perturbação por vários dias? Parece que no primeiro caso, com os laços entre a alma e o corpo subsistindo mais que no segundo, o desligamento devia ser mais lento, mas o que aconte-ceu foi o contrário.

R. Muitas vezes fazeis a evocação de um espírito encarnado, e dele recebeis respostas reais; eu me encontrava na condição desses espíritos. Deus me chamava, e seus servidores me diziam: “Vinde...” Eu obedeci, e agradeço a Deus pela graça especial que ele me concedeu; pude ver o infinito da sua grandeza e compreendê-la. Obrigado a vós que me permitistes, antes da morte real, instruir meus parentes para que todos tenham boas e justas encarnações.

P. De onde vinham as belas palavras que, após o vosso retorno à vida, dirigistes a vossa família?

R. Elas eram o reflexo do que eu tinha visto e entendido; os bons espí-ritos inspiraram minhas palavras e animavam minha fisionomia.

P. Que impressão acreditais que a vossa revelação tenha causado nos assistentes e em vossos filhos em particular?

R. Surpreendentemente, profunda; a morte não é mentirosa; por mais ingratos que possam ser, os filhos, diante da encarnação que se finda, sempre se inclinam. Se pudéssemos perscrutar o coração dos filhos junto a um túmulo entreaberto, veríamos apenas sentimentos verdadeiros, tocados profundamente pela mão secreta dos espíritos que dizem a todos os pensamentos: “Tremeis se estás em dúvida, a morte é a reparação, a justiça de Deus”; e eu vos asseguro, apesar dos incrédulos, que meus amigos e minha família acreditaram nas pala-vras que pronunciei antes de morrer. Eu era o intérprete de um outro mundo.

P. Dissestes que não desfrutais da felicidade que entrevistes; então sois infeliz?

R. Não, já que eu acreditava antes de morrer, e isto de alma e de cons-ciência. A dor constrange neste mundo, mas fortalece para o futuro espiritual. Observai que Deus soube levar em conta as minhas preces e a minha crença

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absoluta nele; estou certo sobre o caminho da perfeição, e chegarei ao objetivo que me foi permitido entrever. Orai, meus amigos, por este mundo invisível que preside vossos destinos; essa troca fraternal é a caridade; é uma alavanca poderosa que põe em comunicação os espíritos de todos os mundos.

P. Quereis dirigir algumas palavras à vossa mulher e aos vossos filhos? R. Peço a todos os meus para crerem em Deus poderoso, justo, imutável;

na prece que consola e alivia; na caridade que é o ato mais puro da encarnação humana. Peço que se lembrem de que se pode dar pouco: o óbolo do pobre é o mais meritório diante de Deus, que sabe que um pobre dá muito, mesmo dando pouco; é preciso que o rico dê muito e frequentemente para merecer tanto quanto ao pobre. O futuro é a caridade, a benevolência em todas as ações; é crer que todos os espíritos são irmãos, não se prevalecendo nunca de todas as vaidades pueris.

Família bem-amada, tereis rudes provas, mas sabei aceitá-las corajosa-mente, refletindo que Deus as vê.

Dizei frequentemente esta prece: Deus de amor e de bondade, que tudo nos dá e sempre, concedei-nos

essa força que não recua diante de nenhuma aflição; tornai-nos bons, mansos e caridosos, pequenos pela fortuna, grandes pelo coração. Que nosso espírito seja espírita na Terra para melhor vos compreender e vos amar.

Que vosso nome, ó meu Deus” emblema de liberdade, seja o objetivo consolador de todos os oprimidos, de todos aqueles que têm necessidade de amar, de perdoar e de crer.”

2o Caso: Um Médico Russo

“O senhor P. era um médico de Moscou, tão ilustre por suas eminentes

qualidades morais quanto por seu saber. A pessoa que o evocou apenas o co-nhecia por sua refutação e só tivera com ele relações indiretas. A comunicação original foi em língua russa.

P. (Após a evocação). Estais aqui? R. Sim. No dia da minha morte, eu vos persegui com a minha presença,

mas resististes a todas as tentativas que fiz para vos fazer escrever. Havia escu-tado vossas palavras a meu respeito, e isso ma fez conhecer-vos, então tive o desejo de conversar convosco para vos ser útil.

P. Por que vós, que fostes tão bom, sofrestes tanto? R. Foi uma bondade do Senhor que desejou por esse meio fazer-me

sentir duplamente o preço da minha libertação, e fazer também com que eu me adiantasse o mais possível aqui na Terra.

P. O pensamento da morte vos causou terror? R. Não, eu tinha muita fé em Deus.

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P. A separação foi dolorosa? R. Não; o que chamais de o último momento não é nada; experimentei

apenas um abalo muito curto, e logo depois, senti-me muito feliz por estar livre da minha miserável carcaça.

P. Que aconteceu então? R. Tive a felicidade de ver muitos amigos virem ao meu encontro e me darem

as boas-vindas, especialmente aqueles a quem eu tive a satisfação de ajudar. P. Que região habitais? Estais em um planeta? R. Tudo o que não é um planeta é o que chamais o Espaço, e é nele que

estou. Mas quantas gradações nessa imensidade da qual o homem não pode fazer uma ideia! Quantos degraus nessa escada de Jacó que vai da Terra ao céu, quer dizer, do envilecimento da encarnação em um mundo inferior como o vosso até a depuração completa da alma! Lá onde estou, só se chega depois de muitas provas, o que significa após muitas encarnações.

P. Diante desse raciocínio, tivestes muitas existências? R. Como poderia ser de outro modo? Nada é excepcional na ordem

imutável estabelecida por Deus; a recompensa só pode vir após a vitória obtida na luta; e quando a recompensa é grande, é preciso, necessariamente, que a luta também o tenha sido. Mas a vida humana é tão curta que a luta é real apenas por intervalos, e esses intervalos são as diferentes existências sucessi-vas; ora, visto que estou sobre um dos degraus já elevados, é certo que atingi esta felicidade por uma continuidade de lutas nas quais Deus permitiu que eu, algumas vezes, alcançasse a vitória.

P. Em que consiste a vossa felicidade? R. Isso é mais difícil de vos fazer compreender. A felicidade de que des-

fruto é um contentamento de mim mesmo, não dos meus méritos porque isto seria orgulho, e o orgulho é próprio dos espíritos censuráveis, mas um contenta-mento, por assim dizer, no amor de Deus, no recolhimento da sua bondade infinita; é a alegria profunda de ver o bem; de se dizer: talvez eu tenha contri-buído para o melhoramento de alguns daqueles que se elevaram em direção ao Senhor. Fica-se identificado com o bem-estar; é uma espécie de fusão entre o espírito e a bondade divina. Tem-se o dom de ver os espíritos mais purificados, de compreendê-los nas suas missões e de saber que também chegaremos a esse ponto; no infinito incomensurável, se entreveem as regiões resplandecen-tes do fogo divino que se é ofuscado, mesmo contemplando-as através do véu que ainda as encobre. Mas o que vos digo? Compreendeis minhas palavras? Esse fogo de que vos falo, acreditais, por exemplo, que ele seja semelhante ao Sol? Não, não; é qualquer coisa de indizível ao homem, porque as palavras exprimem apenas os objetos, as coisas físicas ou metafísicas das quais ele tem conhecimento pela memória ou pela intuição da alma, enquanto que, não poden-do ter essa memória do desconhecido absoluto, não existem termos que lhe possam dar a percepção desse desconhecido. Mas ficai sabendo: já é uma imensa felicidade pensar que se pode progredir infinitamente.

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P. Tivestes a bondade de dizer que quereis ser-me útil; eu vos pergunto,

em quê? R. Posso ajudar nos vossos desfalecimentos, sustentar nas vossas fra-

quezas, consolar em vossas aflições. Se vossa fé, enfraquecida por qualquer abalo que vos perturbe, vier a vacilar, chamai por mim; Deus me dará palavras para fazer-vos lembrar dele e vos reconduzir para ele. Se vos sentirdes prestes a sucumbir sob o peso de tendências que reconheceis condenáveis, chamai por mim; eu vos ajudarei a levar a vossa cruz, assim como em um tempo passado Jesus foi ajudado a levar a sua, aquela que devia nos proclamar tão claramente a verdade, a caridade. Se enfraquecerdes sob o peso das vossas aflições, se o desespero se apoderar de vós, chamai por mim; eu virei vos tirar desse abismo, falando-vos de espírito para espírito, chamando-vos para os deveres que vos são impostos, não por considerações sociais e materiais, mas pelo amor que sentireis em mim, amor que Deus pôs em meu ser para transmiti-lo àqueles que ele pode salvar.

Sem dúvida, tendes amigos na Terra, esses talvez partilhassem vossas dores, e talvez já vos tenham salvo. Nos desgostos, vós ides procurá-los, ides lhes levar vossas lamentações e vossas lágrimas, e eles vos dão, em troca desse indício de afeição, seus conselhos, seu apoio, seus carinhos. Muito bem! Não pensais que um amigo daqui seja também uma boa coisa? Não é consolador poder dizer: quando eu morrer, meus amigos da Terra estarão junto a mim, orando por mim, e chorando sobre mim, porém, meus amigos do Espaço estarão na soleira da vida, e virão, sorrindo, para me conduzir ao lugar que eu tiver merecido por minhas virtudes.

P. Por que mereci a proteção que desejais me conceder? R. Eis aqui por que me liguei a vós desde o dia da minha morte: eu vos vi

espírita, bom médium e sincero adepto; entre aqueles que deixei no mundo, inicialmente vi apenas vós, então resolvi vir contribuir para vos adiantar, no vosso interesse sem dúvida, porém, ainda mais no interesse de todos aqueles a quem deveis instruir na verdade. Vós o vedes, Deus vos ama bastante para vos tornar um missionário; pouco a pouco, todos os que estão em volta de vós partilham vossas crenças; os mais rebeldes ao menos vos escutam, e um dia os vereis acreditar em vós. Não vos canseis; caminhai sempre apesar das pedras na estrada; tomai-me como bastão para vos apoiardes em vossa fraqueza.

P. Não ouso acreditar que mereço um tão grande favor. R. Sem dúvida estais longe da perfeição; mas vosso entusiasmo em

propagar as santas doutrinas, em sustentar a fé daqueles que vos escutam, em pregar a caridade, a bondade, a benevolência, mesmo quando procedem mal convosco, vossa resistência aos próprios instintos de cólera, que poderíeis satis-fazer tão facilmente contra aqueles que vos atormentam ou desconhecem vos-sas intenções, vêm, felizmente, servir de contrapeso ao que tendes de mau em vós, e ficai sabendo que o perdão é um poderoso contrapeso.

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Deus vos cobre de graças pela faculdade que vos concedeu e que cabe a

vós aumentar pelos próprios esforços, a fim de trabalhardes de forma mais efi-caz pela salvação do próximo. Vou vos deixar, mas contai comigo. Tratai de moderar vossos pensamentos terrestres e viver mais frequentemente com vos-sos amigos daqui.”

Estes casos estão contidos em O Céu e o Inferno, Segunda Parte –

Exemplos, capítulo II — Espíritos Felizes (Um Médico Russo) e capítulo III – Espíritos em uma Condição Mediana (Sr. Cardon).

Após o estudo dos casos, preencha a tabela a seguir:

Casos Sr. Cardon Um Médico Russo

Caráter

Religiosidade

Situação espiritual

Receio da morte

Ideia sobre a vida futura

Tempo de perturbação

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Responda:

• Qual o objetivo da experiência de quase-morte vivida pelo Sr. Cardon?

• Quais as atividades com que se ocupa o médico russo no plano espiri-tual?

4 - Conclusão

• Aprender a viver bem para morrer bem.

“A doutrina da reencarnação, isto é, a que consiste em admitir pa-ra o Espírito muitas existências sucessivas, é a única que corresponde à ideia que fazemos da Justiça de Deus para com os homens que se acham em condição moral inferior, a única que pode nos explicar o futuro e embasar nossas esperanças, visto que nos oferece o meio de reparar os nossos erros, através de novas provas. A razão no-la indica e os Espíritos a ensinam.”

O Livro dos Espíritos, questão 171 – comentário de Kardec.

A certeza de que a vida continua, de que somos espíritos imortais, mo-mentaneamente vivenciando uma das inumeráveis encarnações, faz com que tanto a vida quanto a morte tornem-se estações de parada na viagem, rumo ao destino de todos nós: a perfeição.

Assim, o sentimento de temor da morte desaparece, pois, se os próprios mortos voltaram para nos informar sobre a vida futura, não há como duvidar.

• Por que os espíritas não temem a morte.

Inicialmente, há de se destacar que Kardec não fez uma pergunta, mas, sim, uma afirmação.

Ele afirmou que os espíritas não temem a morte, pois a Doutrina Espírita transforma completamente a perspectiva do futuro.

A vida futura deixa de ser uma hipótese para ser uma realidade, através da observação. Deixa de ser uma esperança e passa a ser uma certeza.

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“O que lhes serve de apoio não é somente a esperança, é a certeza: eles sabem que a vida futura não é mais que a continuação da vida presente em melhores condições, e a esperam com a mesma confiança com que esperam o nascer do Sol após uma noite de tempestade.”

O Céu e o Inferno , 1a Parte, cap. II, item 9. São os próprios habitantes desse mundo que nos vêm descrever a sua

situação. Aí os vemos em todos os graus da escala espírita, em todas as fases da felicidade e da imperfeição. Assistimos, enfim, a todas as peripécias da vida de além-túmulo. Tais testemunhos se coadunam com a lógica em relação à Jus-tiça e à Bondade de Deus.

“7o - A Justiça de Deus sendo infinita, o bem e o mal são rigorosa-

mente levados em conta; se não há uma só ação má, um só mau pensa-mento que não tenha as suas consequências fatais, não há uma só boa ação, um só bom impulso da alma, em uma palavra, o mais pequeno mé-rito que seja perdido, mesmo entre os mais perversos, porque é um início de progresso.”

“8o - A duração do castigo está subordinada à melhora do espírito culpado. Nenhuma condenação, por um tempo determinado, é pronuncia-da contra ele. O que Deus exige para colocar um fim aos sofrimentos é o arrependimento, a expiação e a reparação, em uma palavra, uma melho-ra séria, efetiva, e um retorno sincero ao bem.”

O Céu e o Inferno , 1a Parte, cap. VIII, “Código Penal da Vida Futura”. Eis o porquê de os espíritas encararem a morte calm amente e se

revestirem de serenidade nos seus últimos momentos sobre a Terra. Em vez de perdidos no Espaço, os nossos entes queridos estão ao redor

de nós. O mundo corporal e o espiritual se relacionam incessantemente. Pode-mos nos relacionar com eles através do pensamento, da prece e da mediuni-dade.

Desaparece a sensação de perda, portanto, não havendo mais razão pa-ra o receio.

“(...) a morte nada tem de assustador; não é mais a porta para o

nada, mas a porta da liberdade que abre para o desterrado a entrada de uma morada de felicidade e de paz.”

O Evangelho Segundo o Espiritismo , cap. II, item 5.

Após estas reflexões, com a realidade da Vida Futura sendo trazida pelos próprios habitantes, de forma clara, lógica e consoladora, com certeza concluí-mos que Kardec tem razão, ao afirmar que os espíritas não temem a morte. Ou seja, se somos espíritas, não devemos temer a morte.

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O nosso querido professor José Jorge afirmava, bem-humorado, quando encarnado, não ter medo de morrer, mas, sim, vergonha. Será que esse também é o nosso caso? Será que estou aproveitando a minha encarnação? Se a minha condição no plano espiritual depende diretamente de mim, das minhas ações, sentimentos e pensamentos, o que estou semeando para o futuro?

“A morte nenhum temor inspira ao justo, porque, com a fé, ele tem a certeza do futuro; a esperança faz com que aguarde uma vida melhor e a caridade, cuja lei praticou, dá-lhe a certeza de que, não encontrará no mundo onde vai entrar, nenhum ser cujo olhar deva temer.”

O Livro dos Espíritos , questão 941.

“O homem moral, que se elevou acima das necessidades factícias criadas pelas paixões, experimenta, desde este mundo, gozos desconhe-cidos pelo homem material. A moderação de seus desejos dá ao seu Espírito a calma e a serenidade. Feliz pelo bem que faz, não há para ele decepções, e as contrariedades deslizam sobre a alma, nenhuma impres-são dolorosa deixando nela.”

O Livro dos Espíritos , questão 941 – comentário de Kardec.

A fé que a Doutrina Espírita nos traz é a certeza da Justiça e da Miseri-córdia de Deus, através da vida futura e da bênção da reencarnação.

• O papel esclarecedor e consolador da Doutrina Espír ita

O estudo destituído de preconceitos e levado a efeito com seriedade e dedicação evidencia a função esclarecedora e consoladora da Doutrina Espírita.

Quantas mães, quantos filhos, pais e amigos têm sido socorridos, orienta-dos, amparados, consolados pelo Espiritismo!

A Terceira Revelação retoma o ensinamento do Cristo na sua pureza e simplicidade, insistindo na ideia de Deus Pai, que quer que seus filhos (toda a humanidade ) cresçam em todos os aspectos, alcancem o grau máximo de per-feição que lhes é dado atingir, construam sua felicidade, através do exercício do amor, da prática de sua Lei.

E, no tocante à morte, mostra-nos que ela não é senão uma estação, em nossa trajetória de espíritos imortais caminhando para Deus.

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Sobre a supremacia dos atributos divinos, citamos, de O Livro dos Espíri-

tos, da nota de Kardec à questão 13: Deus é eterno; imutável; imaterial; único; todo-pod eroso; soberana-

mente justo e bom.

No livro A Gênese, Kardec dedica um capítulo para refletir sobre Deus, do qual destacamos:

“Deus é soberanamente justo e bom. A providencial sabedoria das

Leis Divinas se revela tanto nas mais pequenas como nas maiores coi-sas, e essa sabedoria não permite que se duvide nem da sua justiça, nem da sua bondade.”

(...) “A soberana bondade implica na soberana justiça, porque se Deus agisse injustamente ou com parcialidade em uma só circunstância, ou com relação a uma só das suas criaturas, não seria soberanamente justo e, consequentemente, não seria soberanamente bom.”

A Gênese , cap. II, item 14.

Em O Céu e o Inferno, 1a parte, capítulo 2, item 9, temos:

“Não sendo mais permitida a dúvida sobre o futuro, o receio da morte não tem mais razão de ser; vê-se sua chegada a sangue frio, como uma libertação , como a porta da vida , e não como a do nada.” (Grifo nosso.)

Ainda em O Céu e o Inferno, nosso patrono Sanson, em sua mensagem, como espírito feliz , nos ensina:

“(...) Eu sou espírito: minha pátria é o Espaço, meu futur o é Deus, que resplandece na imensidade ...” (Grifo nosso.)

Acima de tudo, tenhamos CONFIANÇA EM DEUS! Confiemos em que cada um está tendo a encarnação de que necessita

para evoluir e que todos somos amparados pelos amigos espirituais, que estão sempre dispostos a nos auxiliar.

Por fim, aproveitemos a nossa existência, no sentido de cultivar virtudes, conquistas morais, amizades e aprender a encarar as dificuldades da trajetória, com calma e resignação.

Mas que, em momento algum, esqueçamos de agradecer a Deus a opor-tunidade de já ter este conhecimento, que nos oferece as ferramentas necessá-rias para nos despedirmos da vida material, com a paz, a alegria e a consciência tranquila daquele que aproveitou ao máximo esta oportunidade.

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Textos complementares:

I

“Lembre-se de que a vida é curta. Enquanto ela dura, esforce-se para adquirir o que veio procurar nesse mundo: o verdadeiro aperfeiçoa-mento. Possa o seu ser espiritual daqui sair mais puro do que quando aqui entrou! Acautele-se das armadilhas da carne; reflita que a Terra é um campo de batalha, onde a matéria e os sentidos abandonam a alma num assalto perpétuo. Lute com coragem contra as paixões vis; lute pelo espírito e pelo coração, corrija seus defeitos, adoce seu caráter, fortifique sua vontade. Que seu pensamento se afaste das vulgaridades terrestres e escape para o céu luminoso!”

“Lembre-se de que tudo o que é material é efêmero. As gerações passam como as ondas do mar, os impérios desmoronam-se, os próprios mundos perecem, os sóis se apagam; tudo foge, tudo se dissipa. Mas há três coisas que vêm de Deus e são imutáveis como ele; três coisas que resplandecem acima do reflexo das glórias humanas: a Sabedoria, a Vir-tude, o Amor! Conquiste-os pelos seus esforços e, alcançando-os, elevar-se-á acima do que é passageiro e transitório, para desfrutar do que é eterno!”

Depois da Morte , Conclusão. II

“Nunca se morre sozinho, da mesma forma que nunca se nasce sozinho. Os invisíveis que temos conhecido, amado, assistido neste mun-do, vêm auxiliar o moribundo a se desembaraçar das últimas correntes do cativeiro terrestre.”

O Grande Enigma , cap. XV.

III

“O conhecimento do futuro espiritual, o estudo das leis que presi-dem à desencarnação são de grande importância para a preparação para a morte. Eles podem atenuar nossos derradeiros instantes e tornar nosso desprendimento fácil, permitindo-nos reconhecer-nos mais rápido no mun-do novo que nos é franqueado.”

Depois da Morte, “A Hora Derradeira”.

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IV

“Cada um de nós deve encarar esse fenômeno como o de ida para

o mais além, para o mais elevado. Que o ser humano, que o homem em geral, entenda que essa passagem, mostrando a continuidade da existên-cia do espírito, traz uma outra responsabilidade: a responsabilidade de se viver bem para se morrer bem. E mais: que do outro lado seremos exata-mente como fomos aqui na Terra. Procuremos, portanto, viver em paz, equilibrados, voltados para o bem e sempre, e sempre, amando ao seme-lhante. Com isso, estaremos criando, dentro de nós, condições adequa-das para uma vida espiritual futura em paz.”

Palavras do Coração, Espírito Dr. Hermann.

V

“Graças a Deus! Balthazar, pela graça infinita de Deus.

Falamos da necessidade que o homem possui de desenvolver a fé, a determinação e o amor. Esses três pontos de vista, se encarados como estímulos de vida, ensinarão a todos os encarnados e desencarnados que precisamos fortemente conduzir os nossos destinos para o encontro de Deus.

Pela fé, encontramos a figura paternal de Deus e a do Mestre Jesus, que nos farão sentir não somente a sua presença, mas o seu amor e a força que nos conduzirá para todos os recantos do Universo, sempre buscando a elevação e o trabalho consequente, o trabalho da renovação.

Por outro lado, a determinação caracteriza aqueles que já sabem pensar o que querem. Quando o espírita e cristão de um modo geral entenderem que o progresso de seu espírito será conseguido à custa do próprio esforço, o homem passará, determinadamente, a fazer todas as coisas necessárias para chegar ao grande objetivo, que será conseguido pela determinação, que é o de trabalhar em nome de Deus e para Deus.

Sem determinação nada se consegue, nem mesmo se pode dizer que se alcançará o equilíbrio e a confiança, e a fazer com que o trabalho, o serviço no bem, seja realizado com tranquilidade, segurança e continuidade.

Por outro lado, o amor nos aproxima das criaturas: sem amor, não conseguiremos a proximidade de ninguém, tampouco desenvolveremos os próprios recursos do sentimento. Quem não for capaz de desenvolver o sentimento não servirá para conduzir ninguém, pois se pelo puro racio-cínio as coisas andassem, melhor seria que a Terra fosse comandada por máquinas, porque, então, estas, sem paixões, nos conduziriam perfeita-mente, sem margem de erro. Mas se isso ocorresse, o homem se sentiria infeliz, por não poder expressar aquilo que vai dentro d’alma.

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Portanto, o amor contempla também o sentimento da convivência

sem intolerância nem vaidade. É necessário desenvolver, tanto quanto a fé, a determinação e o amor, com vistas ao progresso do homem, e só assim ele alcançará os pináculos do equilíbrio, na busca eternal de pro-gresso, de amor, de caridade...

Que a vida que Deus nos dá seja bem aproveitada por todos aque-les que aqui estão, uma vez que, diante das lutas por que a sociedade terrena passa, diante das lutas por que as instituições passam, diante da lutas que em todas as casas existem, se não houver fé, determinação e amor, o homem não alcançará a paz tão necessária ao seu progresso.

Que Deus nos ajude a alcançar esse objetivo e nos traga sempre a sua paz!

Graças a Deus! Balthazar, pela graça infinita de Deus. Paz!”

Pela Graça Infinita de Deus , “Fé, Determinação e Amor”. VI

Mensagem de Altivo Carissimi Pamphiro

“A desencarnação é um momento muito pequeno nas nossas vi-

das, e temos que nos acostumar com esta situação desde que nos situa-mos no lado de cá.

Para uns, é prazeroso ver os amigos, ver aqueles que estão ao nosso lado nos abraçando, ver velhos companheiros de longa jornada, que estão quase que batendo palmas para nós, que estamos ali come-çando a abrir os olhos. Mas, para muitos é um susto, é um momento de advertência, é um momento de tristeza, porque não esperavam, não esta-vam preparados. Outros até, correm atrás do corpo tentando fazer com que ele volte à vida. Isso não é possível e nem será possível.

Assim, temos que compreender que a vida nos traz muitas situa-ções diferentes com as quais temos que nos acostumar. São vertentes diferentes que despontam à nossa frente, de acordo, e muito de acordo mesmo, com as nossas atitudes na vida terrena.

Se, por um lado, ter conhecimento na vida terrena da vida espiri-tual é importante, agir, pensar de maneira equilibrada, harmônica, cristã é fundamental para que possamos encontrar com esse equilíbrio, também, na vida espiritual.

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Se, por um lado, estamos conhecendo a vida espiritual pelos olhos

da vida material, é porque estamos estudando a Doutrina Espírita, que nos faz conhecer esse outro lado e nos preparando, pouco a pouco, para este dia que há de vir.

Mas a vida espiritual é muito mais ampla, bonita, muito mais alegre para aqueles que vivenciaram com energia, com fé, com coragem, com alegria dia a dia a vida cristã, trabalhos espirituais voltados para o bem. Isso a casa espírita propicia para todos nós, que estamos aqui, agora, conhecendo, estudando, analisando, ponderando e, até mesmo, questio-nando, o que é muito bom para podermos daí extrair elementos, muitas vezes, novos para nossas conclusões íntimas.

O certo é que todos virão para o lado de cá. Isso está consumado. É de saber como cada um deseja vir. Cada dia que se passa todos assinam o seu passaporte. Cada noite que adentra deve ser feita uma reflexão a respeito de como foi esse comportamento, como é que me portei, como agi perante a família, perante o meu semelhante, no trabalho, na casa espírita, na minha religião. Porque se formos cobrados –, e isso ninguém vai ficar apontando o dedo para nós, após a perda do corpo físico –, então, nós mesmos iremos cobrar esta atitude. E, de repente, ao passarmos pelas nossas lembranças –, o que também é muito comum, quando chegamos do lado de cá –, começaremos a ver um monte de coisas diferentes, o que deixamos de fazer, o que fizemos errado e que nos dão um desequilíbrio interno, capaz de gerar um desassossego, um descompasso no nosso perispírito. E os espíritos que estão do nosso lado compreendem, veem esse descompasso e compreendem, por que são irmãos. Mas esse descompasso pode ser muito perigoso para muitos que estão desavisados, que são pegos de surpresa e, de repente, não têm mais para onde ir, o que fazer e não sabem como se portarem e são quase que denunciados pelas luzes, pelo seu perispírito e eles se veem à mercê de uma confusão.

Mas a desencarnação de um espírito bom, é boa. Não fiquem com medo não. É rápida. É como se estivéssemos num sono gostoso e, quan-do abríssemos os olhos, víssemos os amigos, parentes, nossos entes queridos. Isso é bom vocês saberem. Isso faz com que vocês possam se esforçar para serem bons. Não é só ficar na casa espírita sentado assis-tindo às pessoas falarem: como é bom ser bom. Temos que ser bons, porque temos que ser bons. Agir no bem, trabalhar no bem, fazer a caridade. Não se pode falar muita coisa. Cada um terá o seu momento. E esperamos que todos que aqui estão e os que estão ouvindo, possam perceber que o esforço que fazem dia a dia, que as lágrimas que derra-mam dia a dia, para domar as tendências perniciosas, más, para traba-lhar efetivamente no bem do semelhante, contará e muito para a chegada do lado de cá. Não só pela recepção amorosa, carinhosa dos benfeitores, dos amigos, esses parentes que já falamos, mas pelo bem-estar, isso não se pode

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Tema: “Medo da Morte”

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passar para vocês. O bem-estar que é estar junto de um lugar onde nos querem bem e nos sentimos bem, alegres em profusão. Mas, como sabemos que a Doutrina nos orienta e ensina, e como também agora tenho visto, muitos estão a desejar e precisam, rapidamente, fazer essa correção para não se verem pegos de repente, de uma maneira súbita, pelo desencarne e passarem para esse lado de uma maneira tortuosa, triste e até deselegante, porque muitos ficam desequilibrados, mesmo, com toda essa situação. Quando não, ficam dormindo, porque acham que não tem nada do lado de cá, e se colocam como se estivessem dormindo por algum período, até que a consciência comece a cobrar uma atitude diferente.

Assim, meus irmãos, vocês precisam ler, meditar, ponderar, anali-sar. E concluir que é preciso agir no bem, é isso que verdadeiramente contará para o nosso equilíbrio emocional, espiritual e para fazer com que a nossa vida, quer terrena, quer espiritual, e principalmente, a espiritual, seja aquela vida de alegria que todos nós esperamos ter.

Muitos, infelizmente, nesta vida terrena, não têm possibilidades nem alegrias, só têm dificuldades, dores e sofrimentos e perguntam o tempo todo: “Por que eu? Por que comigo? Enquanto todo mundo está fazendo isso e aquilo outro, estou aqui sem a vista, com diabetes, hipertenso?”... Ao invés de ficarem reclamando da vida, das dores, dos sofrimentos, das lutas, que é compreensível, sabemos disso, mas é improdutivo, comecem a trabalhar no bem, a agir no bem, a fazer o bem, isso vai fazer com que cada vez mais as mentes se desliguem da dor, do sofrimento, daquele sentimento de dor que muitos trazem, para poder compartilhar com outros companheiros alegrias, atitudes, benesses e até mesmo, as tristezas, que quando compartilhadas, pelo menos, se pode ter uma pessoa que ouça nossas dores. Mas não fiquem parados, deprimidos, chorosos, isso não vai fazer com que vocês ganhem, como muitos falam, ganhem o céu. O céu é uma conquista. O plano espiritual é uma conquista, delineada por Deus e que os benfeitores espirituais nos dão pelos conselhos, pelo sentimento de fraternidade, pelo incentivo e também pelo trabalho no bem que eles nos empurram, nos incentivam para que cada um de vocês possam executar. Enfim, ajam, não fiquem parados. Todos esses conhecimentos espirituais devem servir para alguma coisa, para fazer o bem, senão sentamos 20, 30 anos numa cadeira escutando. O intelectualismo é bom, não há dúvida, ajuda no discernimento, na pon-deração, no raciocínio, mas se não agirmos, não vai adiantar nada. Va-mos passar para este lado ainda pensando no que poderia fazer de bom. A reencarnação ajudará a fazer com que aquele que assim pensa e faz, comece a ter uma outra oportunidade de poder agir no bem. É assim que acontece com todos nós. Passamos um tempo pensando, perdendo oportunidades e, de repente, vem um desatino só e queremos fazer tudo ao mesmo tempo. Nem sempre se consegue isso.

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Tema: “Medo da Morte”

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Que Deus abençoe a todos, Altivo. Um abraço para todos que aqui estão e estão me ouvindo. Que Deus abençoe o nosso Centro, a Doutrina Espírita e o desen-

volvimento dos trabalhos no bem, que esta e outras tantas casas desen-volvem na face terrena. Muita paz.”

(Mensagem recebida pelo médium Luiz Carlos Dallarosa, no CELD, RJ, em 10/3/2007. TEMA:

“Perturbação Espiritual” – L.E. – questões 163 a 165.)

VII

Mensagem de Neuza Trindade

“Fui convidada pelo nosso querido Dr. Hermann a falar na noite de hoje. Vim para cá de surpresa, de repente, sem saber, como encarnada,

que aquele sábado seria a última vez que meu corpo entraria nesta Casa amada de todos nós. Como encarnada, não sabia, mas, como espírito, depois recordei que já vinha sendo preparada para tal. Não há surpresa; o que há é a não lembrança dos avisos e preparos. O que relatei foi ine-rente ao meu caso.

Quando o coração parou de bater, senti como que um baque íntimo; não foi dor, mas uma pressão, uma sensação de que perdia o controle da situação, algo comparável a quando se acorda de um sonho em que se está caindo, sem muita noção mesmo. E, com o conhecimento espírita, pensei: “estou desencarnando”. E devo confessar a vocês que, na hora, dá um sentimento de perda, a gente pensa n os que ficam; quem iria cuidar da irmã, do marido, da casa, de tu do? Mas aí, nessa hora, foi como se a consciência me falasse: “Não fo i para isso que te preparaste a vida inteira?” Isto me fez serenar, me fez orar e, passadas algumas horas, já estava mais serena e já sentada na sala, como quem repousa, como quem cochila...

Ouvi toda uma azáfama em torno do quarto em que estava meu corpo; familiares chegando, amigos chegando, mas não conseguia muito atinar com o que ocorria agora. Só uma sensação de leveza, mas de uma certa não reação, como ficamos quando tomamos um remédio para dormir e ainda não dormimos nem estamos acordados. Confesso a vocês que não percebi os guias espirituais de pronto, de imed iato; somente com o passar das horas é que adormeci. Fui acordada, no mesmo local, por benfeitor querido ao meu coração, dizendo: “Neuza, vamos lá ver as últimas homenagens de seus amigos a você”... E me deixei condu-zir por ele até junto ao meu corpo, onde todos estavam, próximo do horário do

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Tema: “Medo da Morte”

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sepultamento. Foi aí que percebi o carinho de muitos amigos e entes queridos, foi aí que senti na alma as vibrações que emanavam de todos vocês.

E, quando tudo acabou, pude, com mais clareza, perceber os amigos queridos; pude abraçar Altivo, Cidinha, Gildo, Elvira e tantos outros amigos que conviveram comigo nesta Casa que ajudamos e onde fomos ajudados; pude rever os benfeitores que muitas vezes vi pela vidência, que me era fácil, e aí, com todo esse alvoroço que ocorreu desde o momento que o coração parou de bater, é que pude perceber algo que falei para os benfeitores e amigos: “Nem senti que morri...” E sorri para todos, como eu sempre gostei de sorrir, e pude seguir com eles para região de refazimento.

Trabalhem, queridos amigos, pois o trabalho suaviza as agru-ras da morte e nos torna aptos para vivermos, pelo menos com de-sapego, no Plano Espiritual.

Sou sempre a Tia Neuza, a Neuza Trindade.”

(Grifos nossos.)

(Mensagem psicografada pelo médium Mário Coelho em 26/9/2015, no CELD.)

Page 32: Acesse aqui a apostila do encontro

11o

Encontro Espírita sobre O Céu e o Inferno

Tema: “Medo da Morte”

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