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TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO DF Praça Municipal Q. 2 Lote 06 - Bairro Brasilia - CEP 70094-901 - Brasília - DF - http://www.tre-df.jus.br PROCESSO : 0002741-66.2017.6.07.8100 INTERESSADO : DIRETORIA-GERAL ASSUNTO : SUSPENSÃO DE LICITAÇÃO Despacho nº 0326757 / 2017 - TRE-DF/PR/DG/CPL Senhora Diretora, Cuidam os autos de pretensa aquisição de solução de CFTV cuja demanda fora inaugura conjuntamente pela Coordenadoria de Serviços Gerais e Coordenadoria de Infraestrutura. Os autos tiveram regular tramitação e o certame fora devidamente autorizado pelo Ordenador de Despesas, de forma que a licitação fora marcada para o dia 05/10/2017. No curso do prazo de apresentação de propostas, a empresa MCI, no seu direito de exercer o controle social sobre os atos administrativos, apresentou impugnação aos termos do instrumento convocatório alegando uma série de impropriedades que, no entendimento da impugnante, seriam razão suficiente para retificá-lo. Instada a se manifestar sobre as questões trazidas aos autos pela impugnante, a unidade técnica rebateu todos os pontos apresentados recomendando, ao fim, a manutenção do certame. Nestes termos, considerando que o assunto tratado na petição apresentada pela citada empresa era flagrantemente técnico e que, conforme entendimento dos engenheiros e do chefe da Seção de Redes deste Regional, o edital não continha máculas que os viciasse, este Pregoeiro houve por bem acatar o parecer e manter a licitação. Com a negativa de alteração do edital, a impugnante optou por representar junto ao TCU pedindo medida cautelar para suspender o certame. Os argumentos apresentados no TCU são praticamente os mesmos utilizados na sobredita impugnação e denegados pela unidade técnica deste Regional. Como cediço, a colenda Corte de Contas da União não suspendeu o certame, optando por promover a oitiva deste TREDF. Diante disso, este Pregoeiro, após cientificar seus superiores hierárquicos de todos os acontecimentos, procedeu à abertura do certame. Naquela oportunidade, a equipe técnica constatou que todas as propostas tinham inconsistências técnicas em relação às especificações, do que resultava como única alternativa a desclassificação de todos os licitantes. Assim, considerando o que dispõe o §3º do artigo 48 da Lei 8.666/93 c/c o artigo 9º da Lei 10.520/2002, ambos em conjunto com as disposições editalícias, este Pregoeiro concedeu o prazo de 8 dias úteis para que todos pudessem apresentar novas propostas escoimadas dos vícios que as levaram à desclassificação. Na antevéspera da reabertura a empresa Digital Tecnologia, uma das participantes da licitação, apresentou novos questionamentos, notadamente em relação ao item nobreak que, em tese, teria especificação restritiva. Alegava, ainda, que os links apontados por este Tribunal na impugnação não correspondiam a equipamentos que efetivamente atendiam às especificações editalícias. Este Pregoeiro, por se tratar de aspectos eminentemente técnicos, uma vez mais submeteu as questões à equipe técnica, que ratificou a correção das especificações e informou que não havia como atestar a “ampla disponibilidade do mercado”. Diante das informações, e por absoluta ausência de conhecimento técnico sobre o assunto, o Pregoeiro optou por manter o Certame. Reaberto o certame, a proposta da empresa ARTNET foi aceita pela unidade técnica – nos seus aspectos técnicos – e habilitada. Aberto o prazo para intenção de recurso, as demais licitantes apresentaram suas irresignações alegando impropriedades técnicas diversas (quanto a fibras, nobreak e etc.) e quanto à validade de atestado técnico fornecido por este Regional à empresa declarada vencedora. Após isso, foi concedido o prazo para apresentação das razões e contrarrazões, tudo conforme determina a legislação de regência. Eis o breve relato dos fatos relacionados ao certame. Nada obstante os esforços envidados por todos para que a contratação ocorresse, sempre no afã de atender ao interesse público e, no caso específico, à resolução do CNJ, tenho para mim que o presente certame merece ser desfeito, cabendo ao ordenador, à luz dos fatos que restam encartados nos autos, aferir o cabimento de anulação ou de revogação. Em verdade, o andamento do certame e a juntada de informações das unidades deste Regional, informações que não constavam originalmente nos autos, fazem surgir indícios de que pode ter havido uma especificação restritiva quanto ao item nobreak. A manifestação técnica de que não atesta a disponibilidade do item no mercado, aliada à informação colhida dos licitantes de que apenas dois fabricantes dispõem de modelo que atenda, parece coadunar com a tese da restrição. Devo dizer, desde já, que a restrição por si só não inviabilizaria o certame se fosse possível notar no planejamento da contratação e nos artefatos que o compõem justificativa para tal especificação. No entanto, não se encontra nada que indique que a necessidade do TREDF só possa ser atendida por meio destes equipamentos. Veja o exemplo do software Millestone. Consta nos autos o porquê de o TREDF não aceitar capacitação técnica em outro software, bem como a relevância deste para a solução que se pretende contratar, à vista da realidade da solução de vídeo vigilância já existente neste Regional. De outra banda, a indicação de modelos que de fato não atendem ao edital também milita a favor da tese de que o certame pode ter apresentado especificação restritiva. Ora, nos estudos preliminares haveria de ter surgido uma gama de soluções para cada item que compunha o conjunto a ser contrato e, nos casos em que o item não tivesse uma pluralidade de possibilidades, as justificativas deveriam ser lançadas no termo de referência de forma robusta e clara como fora feito, conforme já citado, em relação ao software. Portanto, como se vê, há indícios consistentes de indesejáveis restrições. Por outro lado, na exposição das intenções de recursos, surgiu a alegação de que um atestado emitido por este Regional não correspondia ao serviço efetivamente prestado. Sobre o tema, Senhora Diretora, devo reconhecer que há fundadas controvérsias e que medidas devem ser tomadas para melhorar o sistema de informações que levam a emissão de atestados neste Regional e para ragularizar a situação dos atestados emitidos para duas empresas citadas nos recursos. Em uma análise perfunctória do citado documento, percebe-se que pode ter havido erro material na sua confecção. Mas a questão não se cinge a isso, na medida em que envolve o questionamento acerca da possibilidade de se conceder atestado a empresa subcontrada e a quem competiria, em tese, concessão de tal atestado. Vê-se, assim, que é questão que deve ser examinada em conjunto com o CREA – que, é bom que se diga, emitiu ART para a contratada e para a subcontrada – e que possivelmente conduzirá a anulação de um ou de ambos os atestados fornecidos por este Regional. Ressalto, todavia, que esta não é a questão de fundo que me conduz a suspender o certame e pedir a análise quanto à necessidade de seu desfazimento. A questão dos atestados acarretaria, quiçá, a suspensão da licitação, a diligência junto ao CREA e a inabilitação de uma ou de ambas as empresas. No entanto, as questões referentes às especificações, estas sim, conduzem invariavelmente à necessidade de deliberação superior sobre a extensão e a profundidade de eventuais restrições sobre a licitação em si. Em poucas palavras: as finalidades da licitação, notadamente a vantajosidade e a isonomia, podem, ainda que em tese, ter sido prejudicadas com a restrição não justificada o que recomenda a suspensão acautelatória do certame e a emissão de decisão quanto à continuidade da contratação. Página 1 de 2 SEI/TRE-DF - 0326757 - Despacho 03/11/2017 https://sei.tre-df.jus.br/sei/controlador.php?acao=documento_imprimir_web&acao_origem=arv...

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TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO DFPraça Municipal Q. 2 Lote 06 - Bairro Brasilia - CEP 70094-901 - Brasília - DF - http://www.tre-df.jus.br

PROCESSO : 0002741-66.2017.6.07.8100INTERESSADO : DIRETORIA-GERALASSUNTO : SUSPENSÃO DE LICITAÇÃO

Despacho nº 0326757 / 2017 - TRE-DF/PR/DG/CPL

Senhora Diretora,

Cuidam os autos de pretensa aquisição de solução de CFTV cuja demanda fora inaugura conjuntamente pela Coordenadoria de Serviços Gerais e Coordenadoria de Infraestrutura. Os autos tiveram regular tramitação e o certame fora devidamente autorizado pelo Ordenador de Despesas, de forma que a licitação fora marcada para o dia 05/10/2017.

No curso do prazo de apresentação de propostas, a empresa MCI, no seu direito de exercer o controle social sobre os atos administrativos, apresentou impugnação aos termos do instrumento convocatório alegando uma série de impropriedades que, no entendimento da impugnante, seriam razão suficiente para retificá-lo.

Instada a se manifestar sobre as questões trazidas aos autos pela impugnante, a unidade técnica rebateu todos os pontos apresentados recomendando, ao fim, a manutenção do certame. Nestes termos, considerando que o assunto tratado na petição apresentada pela citada empresa era flagrantemente técnico e que, conforme entendimento dos engenheiros e do chefe da Seção de Redes deste Regional, o edital não continha máculas que os viciasse, este Pregoeiro houve por bem acatar o parecer e manter a licitação.

Com a negativa de alteração do edital, a impugnante optou por representar junto ao TCU pedindo medida cautelar para suspender o certame. Os argumentos apresentados no TCU são praticamente os mesmos utilizados na sobredita impugnação e denegados pela unidade técnica deste Regional.

Como cediço, a colenda Corte de Contas da União não suspendeu o certame, optando por promover a oitiva deste TREDF. Diante disso, este Pregoeiro, após cientificar seus superiores hierárquicos de todos os acontecimentos, procedeu à abertura do certame. Naquela oportunidade, a equipe técnica constatou que todas as propostas tinham inconsistências técnicas em relação às especificações, do que resultava como única alternativa a desclassificação de todos os licitantes.

Assim, considerando o que dispõe o §3º do artigo 48 da Lei 8.666/93 c/c o artigo 9º da Lei 10.520/2002, ambos em conjunto com as disposições editalícias, este Pregoeiro concedeu o prazo de 8 dias úteis para que todos pudessem apresentar novas propostas escoimadas dos vícios que as levaram à desclassificação.

Na antevéspera da reabertura a empresa Digital Tecnologia, uma das participantes da licitação, apresentou novos questionamentos, notadamente em relação ao item nobreak que, em tese, teria especificação restritiva. Alegava, ainda, que os links apontados por este Tribunal na impugnação não correspondiam a equipamentos que efetivamente atendiam às especificações editalícias.

Este Pregoeiro, por se tratar de aspectos eminentemente técnicos, uma vez mais submeteu as questões à equipe técnica, que ratificou a correção das especificações e informou que não havia como atestar a “ampla disponibilidade do mercado”. Diante das informações, e por absoluta ausência de conhecimento técnico sobre o assunto, o Pregoeiro optou por manter o Certame.

Reaberto o certame, a proposta da empresa ARTNET foi aceita pela unidade técnica – nos seus aspectos técnicos – e habilitada. Aberto o prazo para intenção de recurso, as demais licitantes apresentaram suas irresignações alegando impropriedades técnicas diversas (quanto a fibras, nobreak e etc.) e quanto à validade de atestado técnico fornecido por este Regional à empresa declarada vencedora. Após isso, foi concedido o prazo para apresentação das razões e contrarrazões, tudo conforme determina a legislação de regência.

Eis o breve relato dos fatos relacionados ao certame.

Nada obstante os esforços envidados por todos para que a contratação ocorresse, sempre no afã de atender ao interesse público e, no caso específico, à resolução do CNJ, tenho para mim que o presente certame merece ser desfeito, cabendo ao ordenador, à luz dos fatos que restam encartados nos autos, aferir o cabimento de anulação ou de revogação.

Em verdade, o andamento do certame e a juntada de informações das unidades deste Regional, informações que não constavam originalmente nos autos, fazem surgir indícios de que pode ter havido uma especificação restritiva quanto ao item nobreak. A manifestação técnica de que não atesta a disponibilidade do item no mercado, aliada à informação colhida dos licitantes de que apenas dois fabricantes dispõem de modelo que atenda, parece coadunar com a tese da restrição.

Devo dizer, desde já, que a restrição por si só não inviabilizaria o certame se fosse possível notar no planejamento da contratação e nos artefatos que o compõem justificativa para tal especificação. No entanto, não se encontra nada que indique que a necessidade do TREDF só possa ser atendida por meio destes equipamentos.

Veja o exemplo do software Millestone. Consta nos autos o porquê de o TREDF não aceitar capacitação técnica em outro software, bem como a relevância deste para a solução que se pretende contratar, à vista da realidade da solução de vídeo vigilância já existente neste Regional.

De outra banda, a indicação de modelos que de fato não atendem ao edital também milita a favor da tese de que o certame pode ter apresentado especificação restritiva. Ora, nos estudos preliminares haveria de ter surgido uma gama de soluções para cada item que compunha o conjunto a ser contrato e, nos casos em que o item não tivesse uma pluralidade de possibilidades, as justificativas deveriam ser lançadas no termo de referência de forma robusta e clara como fora feito, conforme já citado, em relação ao software.

Portanto, como se vê, há indícios consistentes de indesejáveis restrições.

Por outro lado, na exposição das intenções de recursos, surgiu a alegação de que um atestado emitido por este Regional não correspondia ao serviço efetivamente prestado. Sobre o tema, Senhora Diretora, devo reconhecer que há fundadas controvérsias e que medidas devem ser tomadas para melhorar o sistema de informações que levam a emissão de atestados neste Regional e para ragularizar a situação dos atestados emitidos para duas empresas citadas nos recursos.

Em uma análise perfunctória do citado documento, percebe-se que pode ter havido erro material na sua confecção. Mas a questão não se cinge a isso, na medida em que envolve o questionamento acerca da possibilidade de se conceder atestado a empresa subcontrada e a quem competiria, em tese, concessão de tal atestado.

Vê-se, assim, que é questão que deve ser examinada em conjunto com o CREA – que, é bom que se diga, emitiu ART para a contratada e para a subcontrada – e que possivelmente conduzirá a anulação de um ou de ambos os atestados fornecidos por este Regional.

Ressalto, todavia, que esta não é a questão de fundo que me conduz a suspender o certame e pedir a análise quanto à necessidade de seu desfazimento. A questão dos atestados acarretaria, quiçá, a suspensão da licitação, a diligência junto ao CREA e a inabilitação de uma ou de ambas as empresas.

No entanto, as questões referentes às especificações, estas sim, conduzem invariavelmente à necessidade de deliberação superior sobre a extensão e a profundidade de eventuais restrições sobre a licitação em si. Em poucas palavras: as finalidades da licitação, notadamente a vantajosidade e a isonomia, podem, ainda que em tese, ter sido prejudicadas com a restrição não justificada o que recomenda a suspensão acautelatória do certame e a emissão de decisão quanto à continuidade da contratação.

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Nesta ordem de idéias, esclareço que apenas agora é pedida a suspensão do certame com a sugestão de desfazimento porquanto as razões motivadoras de todas as celeumas acima narradas serem eminentemente técnicas.

Note, ademais, que apenas dois dias antes da reabertura do certame chegaram ao conhecimento deste Pregoeiro a informação de que apenas dois fabricantes – se muito – atendem ao que está especificado no edital no que tange ao nobreak. Além disso, apenas poucas horas antes do certame é juntado aos autos informação deste Regional de que não se pode afirmar, por falta de tempo adequado, que o bem tenha ampla disponibilidade no mercado.

Portanto, as novas informações trazem substratos fáticos que permitem a um leigo no assunto – como o é este Pregoeiro – concluir que pode haver sim inconsistências na especificação - decorrentes ou de um “excesso de especificação” ou da omissão na justificativa para descrição do objeto - que prejudicam o prosseguimento do certame.

Assim, considerando que, conforme preceitua o artigo 3º da Lei 8.666/93, uma das finalidades da licitação é a isonomia, a possibilidade de ter havido restrição na competição sem a devida justificativa é causa suficiente para que se submeta o feito ao descortino de Vossa Senhoria para deliberar acerca do prosseguimento do certame em detrimento ao desfazimento sob qualquer de suas modalidades.

Respeitosamente,

Paulo Tadeu Moreira SaldanhaPregoeiro OficialMatrícula 1381

Documento assinado eletronicamente por PAULO TADEU MOREIRA SALDANHA, Técnico Judiciário, em 27/10/2017, às 11:22, conforme art. 1º, § 2º, III, "b", da Lei 11.419/2006.

A autenticidade do documento pode ser conferida no site https://sei.tre-df.jus.br/sei/controlador_externo.php?acao=documento_conferir&id_orgao_acesso_externo=0 informando o código verificador 0326757 e o código CRC 2DE6A4BF.

0002741-66.2017.6.07.8100 0326757v2

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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO DISTRITO FEDERAL

ASSESSORIA JURÍDICA DA PRESIDÊNCIA

PARECER AJUP N.º 224/2017.PROCESSO ADMINISTRATIVO N.º 0002741-66.2017.6.07.8100 INTERESSADO: SEMAR/CSEG/SARSO/STI.ASSUNTO: LICITAÇÃO. PREGÃO PRESENCIAL SRP Nº 26/2017. IMPUGNAÇÃO JULGADA IMPROCEDENTE.

JULGAMENTO DAS PROPOSTAS E HABILITAÇÃO. MANIFESTAÇÃO DA ÁREA TÉCNICA.INTENÇÃO DE RECURSOS. INDICATIVO DE DESFAZIMENTO DA LICITAÇÃO. MANIFESTAÇÃO DO PREGOEIRO. REPRESENTAÇÃO DE EMPRESA JUNTO AO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. OITIVA DO TRE-DF. ANÁLISE, CONSIDERAÇÕES E RECOMENDAÇÕES.

CONCLUSÃO: Parecer que opina pela revogação total do certame, e pela adoção das providências consignadas na síntese conclusiva, nos termos infra.

I. SUBSTRATO FÁTICO DOS AUTOS

O processo administrativo em voga consubstancia a realização de certame

licitatório na modalidade Pregão Presencial SRP nº 26/2017, cujo escopo é o registro

de preços para fornecimento e instalação da 2ª etapa da Solução de Vídeo Vigilância

IP nos Edifícios que integram o TRE-DF, no valor estimado de R$ 3.137.220,15 (três

milhões, cento e trinta e sete mil, duzentos e vinte reais e quinze centavos), conforme

especificações contidas no Projeto Básico e Anexos que compõem o instrumento

convocatório, juntamente com a minuta do Contrato e minuta da Ata de Registro de

Preços (evento 0310164).

A instrução dos autos revela que, após autorizada a realização da licitação

em voga por meio da Decisão do Exmo. Desembargador Presidente desta Corte

(0311534), nos termos do art. 3º da Lei nº 10.520/2002 c/c arts. 7º, incisos I e II e 8º, do

Decreto nº 3.555/2000, o aviso de convocação dos interessados em dela participar foi

publicado no DOU 03, aos 22/9/2017 (0313639), no jornal de grande circulação “Jornal

de Brasília” (0313640), e no site da Transparência do TRE-DF (0313661), tendo sido

enviado e-mail às empresas do ramo para ampla publicidade (0313677). Obedeceu-se,

assim, os ditames formais de publicidade do art. 4, inciso I, da Lei nº 10.520/2002 c/c

art. 11, inciso I, c, do Decreto nº 3.555/2000.

Obedeceu-se, ademais, o prazo mínimo de 8 (oito) dias úteis para a abertura

do certame, a contar da publicação, nos termos do art. 11, III, do Decreto nº 3.555/2000

e art. 4º, V, da Lei nº 10.520/2002.

Em seguida, foram realizados os seguintes atos:

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A CPL anexou a lista de Verificação do TCU – Fase Interna 0314080),

que demonstra a regularidade do procedimento;

Houve Pedido de Esclarecimentos da empresa ARTNET e respectiva

resposta da área técnica (0315501), com divulgação às demais empresas

(0316193), bem como no site do TRE-DF;

Petição de Impugnação da empresa MCI SISTEMAS (0316263), com

respectiva resposta da área técnica (0326431);

Decisão do Pregoeiro pela rejeição da Impugnação e manutenção da data

da abertura da sessão, o que também foi publicado no site do TRE-DF

(0316999);

E-mail de resposta à empresa MCI (0318705);

Publicação no DOU de 2/10/2017 do aviso aos licitantes acerca das

respostas aos esclarecimentos e impugnações (0319052).

Portanto, pelo que se depreende da leitura dos autos eletrônicos, os pedidos

de esclarecimento e impugnação se deram em conformidade com o procedimento

previsto no Edital e art. 12, §1º, do Decreto nº 3.555/2000.

A abertura do certame ocorreu no dia 5/10/2017, observando-se os ditames

estabelecidos no art. 4º, incisos I ao VII, da Lei nº 10.520/2002.

De acordo com o teor da Ata de Abertura e Julgamento da sessão pública

(1ª Reunião), que pode ser consultada sob o nº 0318741, à disputa acorreram três

licitantes: ARTNET Informática LTDA. (SHIELD), DIGITAL TECNOLOGIA DA

INFORMAÇÃO E SEGURANÇA LTDA.-ME., e CONTROL TELEINFORMÁTICA LTDA..

Da leitura do referido documento extraem-se as seguintes e principais ocorrências:

a documentação referente ao credenciamento, de acordo com

informação constante da Ata, atendeu às exigências contidas no art. 3º da

Lei Complementar nº 123/2006;

foram entregues os envelopes contendo as propostas e os

documentos de habilitação ao Pregoeiro;

as propostas de preços foram rubricadas pelo Pregoeiro;

os documentos que compõem a proposta foram analisados pelo

Pregoeiro com apoio/auxílio de representantes da área técnica (SEMAR e

STI), a quem competiu a responsabilidade pela análise da compatibilidade

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da proposta com as especificações do objeto e demais aspectos técnicos

pertinentes;

quanto aos aspectos não técnicos, em análise preliminar, o

Pregoeiro informou que as propostas estavam de acordo com o Edital,

ressalvando apenas que o valor da Proposta da empresa ARTNET passou

a ser de R$ 2.297.632,95 (e não R$ 2.297.632,96), por razões de

arredondamento;

antes de passar à fase de lance, as empresas fizeram observações

sobre as propostas uma das outras, tendo apontado impropriedades em

todas as propostas (não atendimento às especificações do Edital);

a empresa Digital Tecnologia, entre outros apontamentos acerca

de não compatibilidade dos equipamentos cotados pelas demais com o

Edital, registrou que não existe no mercado No-break que atenda às

especificações do Edital;

Diante de todas as colocações dos licitantes, o Pregoeiro decidiu

suspender o certame para análise mais apurada das propostas pelas áreas

técnicas e marcou nova reunião para continuação da licitação às 15 horas

do mesmo dia.

A manifestação da área técnica (documento 0318743) concluiu que as

propostas das três empresas possuíam especificações de equipamentos em desacordo

com o Edital, tendo opinado pela desclassificação e abertura de prazo para

readequações.

Na ata da segunda reunião, realizada a partir das 15 horas do dia 5/10/2017

(0329545), consta decisão do Pregoeiro, com base no subitem 6.8 do Edital e no art.

48,§3º, da Lei nº 8.666/93, de conceder prazo de 8 dias úteis para que os licitantes

reapresentem suas propostas escoimadas dos vícios que as levaram à

desclassificação, tendo reagendado nova reunião para o dia 19/10/2017 às 9 horas.

Em seguida, no dia 18/10/2017, a empresa Digital Tecnologia questionou

alguns pontos à área técnica (0323100), cujas respostas constam dos seguintes

documentos: e-mail (0323100), acrescido das informações (0325653 e 0325654) e da

resposta do Pregoeiro (0323478).

Na ata da terceira reunião, realizada a partir das 9 horas do dia 19/10/2017

(0325844), presentes as três licitantes, consta a informação de que as empresas

apresentaram as propostas ao pregoeiro (documentos 0325825, 0325829-0325835 e

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0325839) que, as tendo conferido sob os aspectos formais, solicitou aos presentes que

apresentassem lances, porém sem êxito. Após, a sessão foi suspensa para conferência

pela área técnica da proposta da empresa ARTNET Informática LTDA. detentora do

menor preço (R$ 2.211.629,16), com previsão para reabertura às 14 horas.

A manifestação da equipe técnica sobre a proposta da ARTNET Informática

LTDA. consta do documento 0325847, que concluiu que a proposta atende aos

aspectos técnicos do Projeto Básico, tendo constatado apenas pequenos erros de

cálculo e arredondamento a serem sanados.

A planilha de proposta ajustada 1 pela ARTNET consta do documento

0325852, seguida de manifestação da área técnica pela existência de erros de cálculos

(0325857); nova planilha ajustada 2 com valor total de R$ 2.211.629,16 (0325861), e

derradeira manifestação da área técnica no sentido de aceitação da proposta com a

ressalva de que houve a diferença de R$ 1,01 em relação ao valor total (0325862).

Em seguida, reaberta a sessão às 14 horas do dia 19 de outubro de 2017,

pelo que se verifica da Ata da 4ª Reunião (0325872), o Sr. Pregoeiro declarou aceita a

Proposta da empresa ARTNET que ajustou o valor total para R$ 2.211.628,15, em

virtude de arredondamento (desconto).

Ato contínuo, o envelope contendo os documentos de habilitação da referida

licitante foram abertos (0325867), suspendendo-se novamente o certame para análise

da documentação.

Realizadas as diligências constantes dos documentos 0325880 (SICAF,

TCU, CEIS, CNCIAI – estes três últimos também dos sócios), 0325881

(enquadramento ME-EPP), 0325884 (Atestado de Capacidade Técnica fornecido pela

Sociedade de Educação do Sol LTDA.-EPP) e diante da manifestação da área técnica

no sentido de que não foram identificados óbices (0325887), o Pregoeiro decidiu

habilitar a empresa licitante, conforme verifica-se da leitura da Ata da 5ª Reunião,

aberta às 15 horas do dia 20 de outubro de 2017 (0325890).

Em seguida, a empresa CONTROL TELEINFORMÁTICA LTDA. apresentou

memorial contendo sua intenção de recurso (0325889), com o acréscimo de que o

Atestado de Capacidade Técnica não atendia ao Edital:

a) ausência de autenticação em documentos em Cartório (Contrato Social e

CNH);

b) não apresentação de cópias dos contratos que deram origem aos

Atestados de Capacidade Técnica;

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c) não apresentação de Certificado de Quitação do Responsável Técnico

com o CREA-DF;

d) necessidade de análise minuciosa do Balanço Patrimonial, visto que

parece ser provisório, entre outras irregularidades;

e) a solução do item 2.8 do TR (conversor de mídia) não é compatível com o

correto funcionamento do Link Óptico com Infraestrutura.

Da mesma forma, a licitante Digital Tecnologia da Informação e Segurança

LTDA.-ME. apresentou sua intenção em recorrer, pautada nas seguintes razões:

1) o nobreak não atende ao Edital;

2) o conversor de mídia não atende ao Edital, conforme, aliás, consta de ilustração

fornecida pela empresa CONTROL TELEINFORMATICA LTDA.;

3) o motor do portão não atende ao Edital no que toca ao tempo de abertura; e

4) a Atestado de Capacidade Técnica fornecido pelo TRE-DF atesta situação fática

inexistente, vista que o serviço ali contido fora prestado pela recorrente e não pela recorrida,

como também os quantitativos constantes no referido Atestado divergem da realidade da

execução.

Por fim, o Sr. Pregoeiro concedeu prazo para razões (25/10) e contrarrazões

(30/10), bem como determinou o prazo final para decisão em 6 de novembro de 2017,

em atendimento à determinação do art. 4º, inciso XVIII, da Lei nº 10.520/2002.

Verifica-se que todos os documentos foram publicados no site do TRE-DF,

com o intuito de dar maior publicidade e transparência dos atos. (0326525)

A lista de Verificação da Fase Externa do TCU foi preenchida e consta do

documento 0326564.

Após, em 27/10/17, o Sr. Pregoeiro emitiu o seguinte despacho e

encaminhou o procedimento à Diretoria Geral (0326757):

“Senhora Diretora,

Cuidam os autos de pretensa aquisição de solução de CFTV cuja demanda fora inaugura conjuntamente pela Coordenadoria de Serviços Gerais e Coordenadoria de Infraestrutura. Os autos tiveram regular tramitação e o certame fora devidamente autorizado pelo Ordenador de Despesas, de forma que a licitação fora marcada para o dia 05/10/2017.

No curso do prazo de apresentação de propostas, a empresa MCI, no seu direito de exercer o controle social sobre os atos administrativos, apresentou impugnação aos termos do instrumento convocatório alegando uma série de impropriedades que, no entendimento da impugnante, seriam razão suficiente para retificá-lo.

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Instada a se manifestar sobre as questões trazidas aos autos pela impugnante, a unidade técnica rebateu todos os pontos apresentados recomendando, ao fim, a manutenção do certame. Nestes termos, considerando que o assunto tratado na petição apresentada pela citada empresa era flagrantemente técnico e que, conforme entendimento dos engenheiros e do chefe da Seção de Redes deste Regional, o edital não continha máculas que os viciasse, este Pregoeiro houve por bem acatar o parecer e manter a licitação.

Com a negativa de alteração do edital, a impugnante optou por representar junto ao TCU pedindo medida cautelar para suspender o certame. Os argumentos apresentados no TCU são praticamente os mesmos utilizados na sobredita impugnação e denegados pela unidade técnica deste Regional.

Como cediço, a colenda Corte de Contas da União não suspendeu o certame, optando por promover a oitiva deste TREDF. Diante disso, este Pregoeiro, após cientificar seus superiores hierárquicos de todos os acontecimentos, procedeu à abertura do certame. Naquela oportunidade, a equipe técnica constatou que todas as propostas tinham inconsistências técnicas em relação às especificações, do que resultava como única alternativa a desclassificação de todos os licitantes.

Assim, considerando o que dispõe o §3º do artigo 48 da Lei 8.666/93 c/c o artigo 9º da Lei 10.520/2002, ambos em conjunto com as disposições editalícias, este Pregoeiro concedeu o prazo de 8 dias úteis para que todos pudessem apresentar novas propostas escoimadas dos vícios que as levaram à desclassificação.

Na antevéspera da reabertura a empresa Digital Tecnologia, uma das participantes da licitação, apresentou novos questionamentos, notadamente em relação ao item nobreak que, em tese, teria especificação restritiva. Alegava, ainda, que os links apontados por este Tribunal na impugnação não correspondiam a equipamentos que efetivamente atendiam às especificações editalícias.

Este Pregoeiro, por se tratar de aspectos eminentemente técnicos, uma vez mais submeteu as questões à equipe técnica, que ratificou a correção das especificações e informou que não havia como atestar a “ampla disponibilidade do mercado”. Diante das informações, e por absoluta ausência de conhecimento técnico sobre o assunto, o Pregoeiro optou por manter o Certame.

Reaberto o certame, a proposta da empresa ARTNET foi aceita pela unidade técnica –nos seus aspectos técnicos – e habilitada. Aberto o prazo para intenção de recurso, as demais licitantes apresentaram suas irresignações alegando impropriedades técnicas diversas (quanto a fibras, nobreak e etc.) e quanto à validade de atestado técnico fornecido por este Regional à empresa declarada vencedora. Após isso, foi concedido o prazo para apresentação das razões e contrarrazões, tudo conforme determina a legislação de regência.

Eis o breve relato dos fatos relacionados ao certame.

Nada obstante os esforços envidados por todos para que a contratação ocorresse, sempre no afã de atender ao interesse público e, no caso específico, à resolução do CNJ, tenho para mim que o presente certame merece ser desfeito, cabendo ao ordenador, à luz dos fatos que restam encartados nos autos, aferir o cabimento de anulação ou de revogação.

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Em verdade, o andamento do certame e a juntada de informações das unidades deste Regional, informações que não constavam originalmente nos autos, fazem surgir indícios de que pode ter havido uma especificação restritiva quanto ao item nobreak. A manifestação técnica de que não atesta a disponibilidade do item no mercado, aliada à informação colhida dos licitantes de que apenas dois fabricantes dispõem de modelo que atenda, parece coadunar com a tese da restrição.

Devo dizer, desde já, que a restrição por si só não inviabilizaria o certame se fosse possível notar no planejamento da contratação e nos artefatos que o compõem justificativa para tal especificação. No entanto, não se encontra nada que indique que a necessidade do TREDF só possa ser atendida por meio destes equipamentos.

Veja o exemplo do software Millestone. Consta nos autos o porquê de o TREDF não aceitar capacitação técnica em outro software, bem como a relevância deste para a solução que se pretende contratar, à vista da realidade da solução de vídeo vigilância já existente neste Regional.

De outra banda, a indicação de modelos que de fato não atendem ao edital também milita a favor da tese de que o certame pode ter apresentado especificação restritiva. Ora, nos estudos preliminares haveria de ter surgido uma gama de soluções para cada item que compunha o conjunto a ser contrato e, nos casos em que o item não tivesse uma pluralidade de possibilidades, as justificativas deveriam ser lançadas no termo de referência de forma robusta e clara como fora feito, conforme já citado, em relação ao software.

Portanto, como se vê, há indícios consistentes de indesejáveis restrições.

Por outro lado, na exposição das intenções de recursos, surgiu a alegação de que um atestado emitido por este Regional não correspondia ao serviço efetivamente prestado. Sobre o tema, Senhora Diretora, devo reconhecer que há fundadas controvérsias e que medidas devem ser tomadas para melhorar o sistema de informações que levam a emissão de atestados neste Regional e para regularizar a situação dos atestados emitidos para duas empresas citadas nos recursos.

Em uma análise perfunctória do citado documento, percebe-se que pode ter havido erro material na sua confecção. Mas a questão não se cinge a isso, na medida em que envolve o questionamento acerca da possibilidade de se conceder atestado a empresa subcontratada e a quem competiria, em tese, concessão de tal atestado.

Vê-se, assim, que é questão que deve ser examinada em conjunto com o CREA – que, é bom que se diga, emitiu ART para a contratada e para a subcontratada – e que possivelmente conduzirá a anulação de um ou de ambos os atestados fornecidos por este Regional.

Ressalto, todavia, que esta não é a questão de fundo que me conduz a suspender o certame e pedir a análise quanto à necessidade de seu desfazimento. A questão dos atestados acarretaria, quiçá, a suspensão da licitação, a diligência junto ao CREA e a inabilitação de uma ou de ambas as empresas.

No entanto, as questões referentes às especificações, estas sim, conduzem invariavelmente à necessidade de deliberação superior sobre a extensão e a profundidade de eventuais restrições sobre a licitação em si. Em poucas palavras: as

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finalidades da licitação, notadamente a vantajosidade e a isonomia, podem, ainda que em tese, ter sido prejudicadas com a restrição não justificada o que recomenda a suspensão acautelatória do certame e a emissão de decisão quanto à continuidade da contratação.

Nesta ordem de ideias, esclareço que apenas agora é pedida a suspensão do certame com a sugestão de desfazimento porquanto as razões motivadoras de todas as celeumas acima narradas serem eminentemente técnicas.

Note, ademais, que apenas dois dias antes da reabertura do certame chegaram ao conhecimento deste Pregoeiro a informação de que apenas dois fabricantes – se muito –atendem ao que está especificado no edital no que tange ao nobreak. Além disso, apenas poucas horas antes do certame é juntado aos autos informação deste Regional de que não se pode afirmar, por falta de tempo adequado, que o bem tenha ampla disponibilidade no mercado.

Portanto, as novas informações trazem substratos fáticos que permitem a um leigo no assunto – como o é este Pregoeiro – concluir que pode haver sim inconsistências na especificação - decorrentes ou de um “excesso de especificação” ou da omissão na justificativa para descrição do objeto - que prejudicam o prosseguimento do certame.

Assim, considerando que, conforme preceitua o artigo 3º da Lei 8.666/93, uma das finalidades da licitação é a isonomia, a possibilidade de ter havido restrição na competição sem a devida justificativa é causa suficiente para que se submeta o feito ao descortino de Vossa Senhoria para deliberar acerca do prosseguimento do certame em detrimento ao desfazimento sob qualquer de suas modalidades.

Ato contínuo, a i. Diretoria Geral encaminhou os autos para análise por esta

Assessoria Jurídica da Presidência (0326857).

Eis o relato. II. FUNDAMENTAÇÃO

Preliminarmente, não é despiciendo rememorar que o certame

desencadeado nestes autos se dá na modalidade Pregão Presencial e se processa

pelo sistema de registro de preços (Pregão Presencial SRP nº 26/2017), tendo como

critério de julgamento o menor preço global.

Encontrando-se em fase recursal, vieram os autos para análise de

possibilidade de revogação ou anulação do certame, diante dos fatos ocorridos.

Entretanto, vale ressaltar que, sob os aspectos procedimentais e legais,

foram observados todos os ditames tanto da fase interna quanto externa do Pregão

Presencial (arts. 7 a 13 do Decreto nº 3.555/2000 c/c art. 3º e 4º da Lei nº 10.520/2002,

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aplicada subsidiariamente a Lei nº 8.666/93), não havendo qualquer mácula de ilegalidade.

O relato supra registra que a realização do referido certame foi bastante

tumultuada por pedidos de esclarecimentos, impugnação e recursos, além do fato de

ter sido necessária a reabertura do prazo para oferecimento das propostas, uma vez

que todas foram rejeitadas por não atenderem as especificações do Edital, nos termos

do art. 48, §3º, da Lei nº 8.666/93:

§ 3º Quando todos os licitantes forem inabilitados ou todas as propostas forem desclassificadas, a administração poderá fixar aos

licitantes o prazo de oito dias úteis para a apresentação de nova documentação ou de outras propostas escoimadas das causas referidas

neste artigo, facultada, no caso de convite, a redução deste prazo para três dias úteis.

Tais fatos podem ter fundamento no acirramento da competição entre as

licitantes, pelo alto valor estimado e, principalmente, em razão do restrito mercado do

Distrito Federal que exige, para o exercício desta atividade específica (de instalação de

sistemas de filmagem por meio de circuitos de TV, inclusive em órgãos públicos), de

sede no DF e autorização de funcionamento pela Secretaria de Segurança Pública,

entre outros requisitos, nos termos da Lei Distrital nº 3.914/2006.

Ademais, restou reconhecido pela área técnica que houve erro de

especificação de um dos itens da planilha (ITEM 2.18 DO ANEXO 1 –

ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS: CONVERSOR DE MÍDIA), conforme se observa da

resposta da área técnica deste Tribunal ao questionamento da empresa (0326427 e

0326431). Naquela oportunidade, preferiu-se dar continuidade ao certame, uma vez

que tratava-se de Registro de Preços, o valor do item ser ínfimo em relação ao preço

global, além do fato de que a republicação do Edital significaria ainda mais atrasos na

execução e, por conseguinte, poderia vir a comprometer o orçamento do ano vindouro.

Além disso, quanto ao item No-break (ITEM 2.15 DO ANEXO 1 –

ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS: NO-BREAK), a área técnica informou que não havia

incompatibilidades nas especificações, sem contudo garantir a ampla disponibilidade

no mercado (0326427, 0326431, 0325653). Tal informação somente veio ao

conhecimento do Sr. Pregoeiro horas antes da abertura da terceira reunião, em

resposta a questionamento da empresa Digital Tecnologia.

Aliado a isso, em acréscimo às informações que já constam no relatório

deste Parecer, é sabido que a empresa MCI SISTEMAS DE SEGURANÇA LTDA.

postulou Representação junto ao Tribunal de Contas da União, com pedido de medida

cautelar de suspensão do certame, alegando uma série de irregularidades.

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A referida Representação (0322044), bem como o Ofício que solicita a Oitiva

do TRE-DF (0322000), Análise da SELOG-TCU (0322050) e Despacho do Ministro,

Informação desta AJUP (rebatendo todos os argumentos) e Ofício da i. Diretoria Geral

de Resposta ao TCU podem ser consultadas no PA SEI 0005225-54.2017.6.07.8100.

No presente momento, este Tribunal aguarda manifestação/deliberação do Tribunal de

Contas da União após o encaminhamento das justificativas técnicas e jurídicas sobre

os questionamentos da empresa MCI, com o acréscimo de outros apontamentos por

parte da SELOG/TCU.

Por derradeiro, durante a quinta reunião do certame, vieram à tona

questionamentos sobre a correção de Atestados de Capacidade Técnicas fornecidos a

duas empresas licitantes (ARTNET e Digital Tecnologia) pelo TRE-DF por ocasião da

implantação da Primeira etapa do Sistema de CFTV em 2016, que se deu por meio de

adesão a Ata de Registro de Preços materializada por meio da assinatura do Contrato

nº 35/2016 (PA SEI nº 0007864-79.2016.6.07.8100).

Pelo relato do Sr. Pregoeiro reproduzido em linhas pretéritas (0326757), é

possível que tenha havido equívoco/erro material na emissão dos dois Atestados, cujas

providências este Tribunal já está adotando, inicialmente por meio de consulta

formulada ao CREA-DF.

Assim, diante de todos os fatos narrados, o Sr. Pregoeiro, com a anuência e

participação da i. Diretora Geral, em reunião convocada para este fim na data de

24/10/2017, às 14 horas, comunicou aos licitantes que o certame seria suspenso para

análise e deliberação quanto a provável revogação ou anulação.

Bem. Analisando detidamente os documentos que instruem os autos,

vislumbramos a possibilidade de se proceder à revogação do Pregão Presencial SRP

nº 26/2017, no todo, com fundamento no subitem 27.1 que o integra em c/c o caput do

art. 49 da Lei nº 8.666/96, assim redigido, verbis:

Edital “27.1. A critério do Tribunal, por meio da autoridade competente e mediante despacho fundamentado, a presente licitação poderá ser transferida, revogada no todo ou em parte, por razões de interesse público decorrente de fato superveniente devidamente comprovado, pertinente e suficiente para justificar tal conduta, ter as quantidades do seu objeto diminuídas ou aumentadas e ser anulada, por possível ilegalidade, não sendo cabível, no último caso, às licitantes a reclamação de quaisquer indenizações, nos termos do artigo 18, do Decreto n.º 3.555/2000, ressalvado o disposto no § 2º do mesmo dispositivo.” (grifou-se)

Lei nº 8.666/93Art. 49. A autoridade competente para a aprovação do procedimento somente poderá revogar a licitação por razões de interesse público decorrente de fato superveniente devidamente comprovado, pertinente e suficiente para justificar tal conduta, devendo

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anulá-la por ilegalidade, de ofício ou por provocação de terceiros, mediante parecer escrito e devidamente fundamentado. (grifou-se)

Tem-se, pela narrativa dos fatos e como bem salientado pelo Sr. Pregoeiro,

é factível inferir que a especificação do No-break sem a verificação prévia da ampla

disponibilidade no mercado, bem como a comprovada especificação equivocada do

item Conversor de Mídia podem ter produzido indevido estreitamento da competição,

não se podendo saber se, diante de outras especificações, o número de licitantes seria

o mesmo, aqui residindo eventual prejuízo à Administração e cerceamento à

competitividade. Ademais, o possível equívoco por parte deste Tribunal em relação à

emissão de Atestados de Capacidade Técnica em favor das empresas classificadas

nos dois primeiros lugares poderia acarretar alteração no resultado final do certame.

Assim, como bem salientou o Sr. Pregoeiro, quanto ao ponto, reputa-se

indicado o desfazimento do certame que, a nosso entender deve-se dar por sua

revogação, a fim de que o Tribunal adote as medidas cabíveis no sentido de apurar os

possíveis erros materiais nos Atestados de Capacidade Técnica emitidos, bem como a

equipe de planejamento proceda à revisão do Projeto Básico, com vistas à divulgação

de novo certame, ou mesmo que se adote outras medidas que assegurem o

atendimento de urgente e imediato interesse deste Tribunal, qual seja, a necessidade

de ampliação do sistema de CFTV às demais unidades que compõem este Regional.

No caso em análise, como já exposto antes, necessário que haja uma

avaliação mais pormenorizada do Projeto Básico pela equipe de planejamento, a fim de

verificar/certificar se a descrição do objeto não contém item ou exigência restritiva à

competição ou induz ao direcionamento para determinada marca/modelo, o que é

vedado por lei, salvo se houver fundadas razões de ordem objetiva e técnica

devidamente comprovadas nos autos. Assim deve ser porque o projeto básico é peça

que reúne os elementos necessários e suficientes para caracterizar o objeto da

licitação (art. 6º, IX, da Lei nº 8.666/93).

Lado outro, necessário salientar que da revogação não deflui direito à

indenização, mormente porque não há que se falar em homologação-adjudicação,

sendo certo que a revogação dar-se-á em função do interesse público por fatos

supervenientes à divulgação do Edital, aliado ao entendimento reinante no sentido de

que a faculdade de revogar os atos administrativos decorre do próprio poder genérico

de agir da Administração (Súmula 473 do STF), e como meio de autotutela.

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No ponto, lapidar excerto extraído de julgado do STF1 discorrendo sobre a

atividade da Administração, verbis:

“A atividade da Administração não tem por finalidade procurar a certeza jurídica –esta é missão da sentença civil –, mas de alcançar um resultado material útil para o Estado nos limites de direito. Da mesma forma que o particular na gestão de seus negócios adapta suas disposições a seus interesses cambiantes, também a Administração deve poder atender a suas novas necessidades. Aquilo que é hoje favorável ao interesse geral pode não sê-lo pouco tempo depois, porque as circunstâncias sofreram alteração nesse ínterim. Mas as idéias sobre as exigências do interesse do Estado podem também evoluir, de sorte que a autoridade não poderá manter hoje o mesmo ponto de vista no qual se inspirou para editar determinado ato. Se a autoridade estivesse vinculada a suas resoluções, não poderia se afastar delas quando o interesse público exigisse que outra medida fosse adotada. Todavia, uma situação contrária ao interesse público não pode subsistir sequer por um dia. Por essa razão, a autoridade administrativa não pode estar vinculada a suas decisões como um tribunal a seus julgados”. (negritou-se)

Ante tudo o quanto exposto, a nosso sentir, o interesse público restará

melhor prestigiado se a d. Autoridade competente houver por bem revogar o certame

instaurado nestes autos, determinando-se que sejam levados a efeito a instauração de

novo procedimento objetivando o desencadeamento de outro certame, escoimando-se

do Projeto Básico eventuais discrepâncias e incorreções na descrição do objeto, caso

se constate que existam, ou mesmo que se adote outra forma que garanta a plena

satisfação do interesse público.

Nesse mesmo sentido explica Marçal Justen Filho2:

“A revogação pode ser praticada a qualquer tempo pela autoridade competente para aprovação do procedimento licitatório, enquanto não tiver sido formalizada a contratação com o adjudicatário.

O juízo de conveniência, exercitado por ocasião da homologação, não pode ser renovado posteriormente. Porém, o surgimento de fatos novos poderá autorizar avaliação acerca da manutenção dos efeitos da licitação. Diante de fato novo e não obstante a existência de adjudicação do objeto a um particular, a Administração tem o poder de revogação. Poderá revogar a adjudicação e a homologação anteriores, evidenciando que a nova situação fática tornou inconveniente ao interesse coletivo ou supraindividual a manutenção do ato administrativo anterior.”

1 In Revista dos Tribunais, nº 624, outubro de 1987. (extraído da obra de Jessé Torres Pereira Junior, in “Comentários à Lei de Licitações e Contratações da Administração Pública” – 6ª edição. Rio de Janeiro: Renovar, 2006 – página 581) 2 FILHO, Marçal Justen. Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos. 17 ed.. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016. pp. 1052/1053.

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E ainda, a jurisprudência do Tribunal de Contas da União, citada por Marçal

Justen Filho (p. 1052, 1053 e 1054):

“O juízo de conveniência e oportunidade a respeito da revogação da licitação é, pela sua própria natureza ato discricionário, privativo da autoridade administrativa que deve resguardar o interesse público”

“1. A licitação somente pode ser revogada por razões de interesse público decorrente de fato superveniente devidamente comprovado. 2. A alteração do juízo de conveniência da Administração não constitui fato superveniente para amparar a revogação da licitação

Assim, pelo que consta dos autos, há, a meu ver, real motivo de interesse público superveniente capaz de conduzir à revogação do certame, amoldando-se a situação ao que prevê o art. 29 do Dec. 5.450/2005. Assim, mesmo que houvesse convocação da segunda colocada, à ocasião, poderia a Administração deixar de com ela contratar acaso apresentasse justificativa de necessidade de alteração das especificações para melhor atender ao interesse público, procedendo assim a revogação do certame antes da assinatura de contrato .”

E, conforme consta desta fundamentação, consideram-se razões de interesse público a garantia da ampla competitividade do certame, devendo o Projeto

Básico ser escoimado de especificações que restrinjam o caráter competitivo, sem

justificativas, o que, por consequência, garantindo-se a não restrição da

competitividade, certamente que os preços poderão ser mais vantajosos à

Administração.

Na mesma linha argumentativa, é de interesse público a necessidade de

averiguação dos fatos relacionados à emissão de Atestados de Capacidade Técnica

por este Tribunal que, de antemão, não se pode falar em ilegalidade.

Ressalva-se que todos os fatos aqui apontados como fundamentos para a

revogação somente foram conhecidos pela Administração após a divulgação do Edital,

sendo, portanto, supervenientes.

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Sob outro aspecto, a lei recomenda que, em decidindo a Administração pela

revogação do certame, deve-se franquear ao(s) participante(s) o contraditório e a

ampla defesa (art. 49, §3º da Lei de Licitações). No caso, poder-se-ia cogitar que às

empresas foi franqueado o direito de recorrer, como o fizeram e, na oportunidade,

reafirmaram algumas das irregularidades que são agora os fundamentos para a

revogação. Aliado a isso, em reunião realizada no dia 24/10/2017, às 14 horas, os

licitantes foram devidamente cientificados da suspensão do certame para análise e

deliberação acerca de possível revogação ou anulação, não tendo nenhum deles se

manifestado formalmente em face desta notícia.

É certo que a revogação, assim como a anulação (que não é o caso), pode

ocorrer em qualquer fase do procedimento licitatório, sendo também certo que o direito

à defesa e/ou a de manifestar-se nos autos, há de ser garantido previamente à

decisão.

Contudo, cabe ponderar que em se tratando de licitação na modalidade

pregão, processada pelo SRP, que não obriga a Administração a firmar os contratados

que dela decorram, e quedando as empresas silentes após a cientificação de possível

revogação ou anulação do certame, por certo que se deve mitigar a rigidez quanto à

notificação (escrita) prévia à decisão de revogar, in casu, por ser medida inócua. No

ponto, valemo-nos das lições de Jessé Torres Pereira Junior, verbis:

“O direito à defesa não acompanhará, necessariamente, todo e qualquer ‘processo’ administrativo, sob o risco de derrogar-se o princípio da prevalência do interesse público. Houvesse a Administração de submeter ao contraditório dos administrados todos os assuntos que geram procedimentos tidos, equivocadamente, como processos administrativos, o interesse a prevalecer seria o privado, como reflexo de retardamentos e protelações injustificáveis, sem contar os inapaziguáveis dissensos oriundos dos naturais conflitos entre interesses privados divergentes.” (ob. cit. páginas 592/593)

Cita-se, ainda, jurisprudências do Superior Tribunal de Justiça, referidas,

respectivamente, por Ronny Charles3 e Lucas Rocha Furtado4 que corrobora com o

entendimento de desnecessidade de abertura para contraditório e ampla defesa antes

da homologação do certame, como é o caso dos autos:

“Cabe observar que a jurisprudência do STJ tem concluído que, nas hipóteses de revogação de

licitação, antes de sua homologação, há ressalvas à aplicação do disposto no art. 49, §3º, da Lei nº

8.666/93, pois ‘o contraditório e a ampla defesa somente são exigíveis quando o procedimento licitatório

3 Leis de Licitações Públicas Comentadas, 5ª ed., Editora JusPodivm: Salvador, 2013, p. 462.4 Curso de Licitações e Contratos Administrativos, 3ª ed., Ed. Fórum: Belo Horizonte, 2010, p. 248/249.

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houver sido concluído’ (RMS 23.360/Rel. Min. DENISE ARRUDA. Primeira Turma. – Dje 17/12/2008). No mesmo sentido, aquele Tribunal afirmou que ‘a revogação da licitação, quando antecedente da

homologação e adjudicação, é perfeitamente pertinente e não enseja contraditório. Só há contraditório antecedendo a revogação quando há direito adquirido das empresas concorrentes, o que só ocorre após a homologação e adjudicação do serviço licitado’ (RMS 23.402/PR, 2ª Turma, Rel. Min. Eliana Calmon,

DJe de 2.4.2008)”.

“3. Revogação de licitação em andamento com base em interesse público devidamente justificado não exige o cumprimento do §3º, do art. 49, da Lei nº 8.666/93. (...) 5. Só há aplicabilidade do

§3º, do art. 49, da Lei nº 8.666/93, quando o procedimento licitatório, por ter sido concluído, gerou direitos subjetivos ao licitante vencedor (adjudicação e contrato) ou em caso de revogação ou de anulação onde o licitante seja apontado, de modo direto ou indireto, como tendo dado causa ao proceder

o desfazimento do certame. 6. Mandado de Segurança denegado.” (MS 7017/DF)

E de toda forma, conforme dito, mesmo que não considerada a reiterada

jurisprudência do Colendo STJ, entende-se que a cientificação prévia foi realizada por

meio de reunião realizada em 24/10/2017 (conforme nota publicada pela CPL), muito

embora não haja notificação escrita.

Por todo o exposto, na mesma linha argumentativa do Sr. Pregoeiro,

acrescida de outros fundamentos importantes, opinamos pela revogação da licitação

deflagrada nestes autos, no todo, com fundamento no subitem 27.1 do Edital Pregão

Presencial SRP nº 26/2017 em c/c o caput do art. 49 da Lei nº 8.666/96, devendo ser

publicado no DOU o extrato da r. decisão que vier a ser proferida e dela se dê ciência

ao(s) eventuais interessado(s) e, inclusive, ao Tribunal de Contas da União, em razão

da Represtação existente em face deste Tribunal.

É sabido que ademais, como alternativa para salvaguardar o interesse

público, diante de todos os fatos ocorridos durante a realização da licitação, que

impedirão a execução orçamentária do ano de 2017, como planejado, e a completa e

perfeita expansão do Sistema de CFTV sem o comprometimento do orçamento de

2018, e considerando o juízo de conveniência e oportunidade, este Tribunal poderá

adotar medidas alternativas à nova divulgação imediata do certame, tais como, a

firmatura de Termo Aditivo em Contrato Administrativo ainda vigente nos autos do PA

SEI 0007864-79.2016.6.07.8100, com o objetivo de garantir, no mínimo, a instalação

de câmeras já adquiridas e sem utilização em outros prédios que compõem a Justiça

Eleitoral. Tem-se que, com isso, adotar-se-á medida econômica, legal e que satisfará o

interesse público, sem o comprometimento do orçamento de 2018 que, frisa-se, é ano

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em que serão realizadas Eleições Gerais, sem viabilidade de realização de grandes

serviços e investimentos.

III. SÍNTESE CONCLUSIVA

À vista de todo o exposto, com suporte na legislação, doutrina e

jurisprudência reproduzidas no bojo deste parecer e tudo o mais que dos autos consta,

na mesma linha de entendimento do i. Pregoeiro, com os acréscimos aqui explicados,

opinamos pela revogação da licitação deflagrada nestes autos, no todo, com

fundamento no subitem 27.1 do Edital Pregão Presencial SRP nº 26/2017 em c/c o

caput do art. 49 da Lei nº 8.666/96.

Por oportuno, caso a d. Autoridade concorde com a presente manifestação,

recomenda-se que após prolatada a r. decisão seja publicado o extrato da revogação

no DOU e dela se dê ciência ao(s) interessado(s) e ao Tribunal de Contas da União,

devendo a Unidade demandante ser instada a reavaliar as especificações técnicas do

objeto e promover os ajustes necessários no Projeto Básico que possibilitem a

instauração de novo certame, preferencialmente pelo meio eletrônico, ou, a depender a

conveniência e oportunidade administrativas, adote outras medidas que assegurem o

atendimento de urgente e imediato interesse deste Tribunal, qual seja, a necessidade

de ampliação do sistema de CFTV às demais unidades que compõem este Regional,

observados os princípios balisadores da legalidade, economicidade e eficiência, entre

outros.

Aliado a isso, após a resposta do CREA-DF aos questionamentos que lhe

foram encaminhados, se for o caso, que se adotem as medidas necessárias à

correição dos Atestados de Capacidade Técnica emitidos pelo TRE-DF em favor das

empresas ARTNET e Digital Tecnologia.

É o parecer que ora submetemos à elevada consideração superior.

Brasília, 30 de outubro de 2017.

KÁTIA DE S. M. DE ARAÚJOAssessora Jurídica da Presidência

Matrícula 0045

Julyana Faria Pereira

Assistente da Assessoria Jurídica da Presidência Matrícula 1912

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PROCESSO : 0002741-66.2017.6.07.8100INTERESSADO : DIRETORIA-GERAL

ASSUNTO :

LICITAÇÃO. PREGÃO PRESENCIAL SRP Nº 26/2017. IMPUGNAÇÃO JULGADA IMPROCEDENTE. JULGAMENTO DAS PROPOSTAS E HABILITAÇÃO. MANIFESTAÇÃO DA ÁREA TÉCNICA. INTENÇÃO DE RECURSOS. INDICATIVO DE DESFAZIMENTO DA LICITAÇÃO. MANIFESTAÇÃO DO PREGOEIRO. REPRESENTAÇÃO DE EMPRESA JUNTO AO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. OITIVA DO TRE-DF. ANÁLISE, CONSIDERAÇÕES E RECOMENDAÇÕES.

CONCLUSÃO : Parecer que opina pela revogação total do certame, e pela adoção das providências consignadas na síntese conclusiva, nos termos infra.

Parecer nº 170 / 2017 - TRE-DF/PR/AJUP

Tendo em vista as limitações do editor nativo de documentos do SEI, segue disponibilizado no doc. 0327391, o Parecer AJUP nº 224/2017 desta Assessoria Jurídica da Presidência, que analisa hipótese de revogação do certame, entre outras considerações.

É o parecer que ora submetemos à elevada consideração superior.Brasília, 30 de outubro de 2017.

Julyana Faria PereiraAssistente da Assessoria Jurídica da Presidência

Matrícula 1912

Kátia de S. M. de AraújoAssessora Jurídica da Presidência

Matrícula 0045

Documento assinado eletronicamente por JULYANA FARIA PEREIRA, Analista Judiciário, em 30/10/2017, às 11:41, conforme art. 1º, § 2º, III, "b", da Lei 11.419/2006.

Documento assinado eletronicamente por KÁTIA DE SOUSA MOREIRA DE ARAÚJO, Assessor, em 30/10/2017, às 11:42, conforme art. 1º, § 2º, III, "b", da Lei 11.419/2006.

A autenticidade do documento pode ser conferida no site https://sei.tre-df.jus.br/sei/controlador_externo.php?acao=documento_conferir&id_orgao_acesso_externo=0 informando o código verificador 0327392 e o código CRC E1E015CF.

0002741-66.2017.6.07.8100 0327392v2

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PROCESSO : 0002741-66.2017.6.07.8100INTERESSADO : DIRETORIA-GERALASSUNTO : Licitação. Revogação.

Despacho nº 0327418 / 2017 - TRE-DF/PR/DG/GDG

Excelentíssimo Senhor Desembargador Presidente,

Cuidam os autos de pretensa aquisição de solução de CFTV cuja demanda fora inaugurada conjuntamente pela Coordenadoria de Serviços Gerais - CSEG e Coordenadoria de Infraestrutura - COIE. Os autos tiveram regular tramitação e o certame fora devidamente autorizado pelo Ordenador de Despesas, de forma que a licitação fora marcada para o dia 05/10/2017, conforme Decisão da Presidência desta Corte (0311534), no valor estimado de R$ 3.137.220,15 (três milhões, cento e trinta e sete mil duzentos e vinte reais e quinze centavos).

A Comissão Permanente de Licitação - CPL (0326757), apresentou relatório detalhando todos os acontecimentos que sucederam após o prazo de apresentação das propostas, as impugnações apresentadas pelas empresas que concorreram ao certame, bem como os argumentos apresentados pelas Unidades técnicas deste Tribunal, que recomendaram, em princípio, a manutenção do certame.

Com a negativa de alteração do edital, houve representação junto ao TCU, para concessão de medida cautelar para suspender o certame.

Reaberto o certame, a proposta da empresa ARTNET foi aceita pela unidade técnica, conforme consta da Ata da 4ª Reunião (0325872) – nos seus aspectos técnicos – e habilitada, cujo valor da proposta foi ajustado para R$ 2.211.628,15 (dois milhões, duzentos e onze mil seiscentos e vinte e oito reais e quinze centavos).

Aberto o prazo para intenção de recurso, as demais licitantes apresentaram suas irresignações alegando impropriedades técnicas diversas e quanto à validade de atestado de capacidade técnica fornecido por este Regional à empresa declarada vencedora. Por fim, o pregoeiro concedeu prazo para razões (25/10) e contrarrazões (30/10), bem como determinou o prazo final para decisão em 6 de novembro de 2017, em atendimento à determinação do art. 4º, inciso XVIII, da Lei nº 10.520/2002.

Instada a se manifestar sobre a possibilidade de revogação ou anulação do certame diante dos fatos ocorridos, a AJUP exarou o Parecer AJUP nº 224/2017 (0327391), opinou pela REVOGAÇÃO da licitação deflagrada nestes autos, no todo, com fundamento no subitem 27.1 do Edital Pregão Presencial SRP nº 26/2017 em c/c o caput do art. 49 da Lei nº 8.666/96.

Recomendou, caso a Autoridade concorde com a presente manifestação, que após prolatada a r. decisão seja publicado o extrato da revogação no DOU e dela se dê ciência ao(s) interessado(s) e ao Tribunal de Contas da União, devendo a Unidade demandante ser instada a reavaliar as especificações técnicas do objeto e promover os ajustes necessários no Projeto Básico que possibilitem a instauração de novo certame, preferencialmente pelo meio eletrônico, ou, a depender a conveniência e oportunidade administrativas, adote outras medidas que assegurem o atendimento de urgente e imediato interesse deste Tribunal, qual seja, a necessidade de ampliação do sistema de CFTV às demais unidades que compõem este Regional, observados os princípios balisadores da legalidade, economicidade e eficiência, entre outros.

Aliado a isso, após a resposta do CREA-DF aos questionamentos que lhe foram encaminhados, se for o caso, que se adotem as medidas necessárias à correção dos Atestados de Capacidade Técnica emitidos pelo TRE-DF em favor das empresas ARTNET e Digital Tecnologia.

Ante o exposto, submeto o assunto à elevada consideração de Vossa Excelência, sugerindo, s.m.j., a REVOGAÇÃO da licitação deflagrada nestes autos, no todo, com fundamento no subitem 27.1 do Edital Pregão Presencial SRP nº 26/2017 em c/c o caput do art. 49 da Lei nº 8.666/96.

Documento assinado eletronicamente por LIDIA MARIA BORGES DE MOURA, Diretor-Geral, em 30/10/2017, às 14:55, conforme art. 1º, § 2º, III, "b", da Lei 11.419/2006.

A autenticidade do documento pode ser conferida no site https://sei.tre-df.jus.br/sei/controlador_externo.php?acao=documento_conferir&id_orgao_acesso_externo=0 informando o código verificador 0327418 e o código CRC 8489E8F4.

0002741-66.2017.6.07.8100 0327418v6

Página 1 de 1SEI/TRE-DF - 0327418 - Despacho

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PROCESSO : 0002741-66.2017.6.07.8100INTERESSADO : DIRETORIA-GERALASSUNTO :

Decisão nº 3097 / 2017 - TRE-DF/PR/DG/GDG

Vistos, etc.

Acolho a proposição da Diretoria-Geral e do parecer AJUP nº 224/2017 (0327391), o qual adoto como razões de decidir, nos termos do § 1º do art. 50 da Lei nº 9.784/99, razão pela qual revogo no todo a licitação na modalidade Pregão Presencial SRP nº 26/2017, cujo objeto é o registro de preços para fornecimento e instalação da 2ª etapa da Solução de Vídeo Vigilância IP nos Edifícios que integram o TRE-DF, com fundamento no subitem 27.1 do Edital Pregão Presencial SRP nº 26/2017 em c/c o caput do art. 49 da Lei nº 8.666/96, uma vez que é possível que tenha havido equívoco/erro material tanto na especificação técnica de alguns itens da planilha assim como na emissão de Atestados de Capacidade Técnicas fornecidos pelo TRE-DF às empresas licitantes ARTNET e Digital Tecnologia por ocasião da implantação da Primeira etapa do Sistema de CFTV em 2016.

Desse modo, encaminhe-se à CPL para publicação do extrato da presente revogação no DOU, dê ciência aos interessados e ao TCU.Após, encaminhe-se à SEMAR para reavaliar as especificações técnicas do objeto constate deste procedimento.

Documento assinado eletronicamente por ROMEU GONZAGA NEIVA, Presidente, em 30/10/2017, às 14:56, conforme art. 1º, § 2º, III, "b", da Lei 11.419/2006.

A autenticidade do documento pode ser conferida no site https://sei.tre-df.jus.br/sei/controlador_externo.php?acao=documento_conferir&id_orgao_acesso_externo=0 informando o código verificador 0327465 e o código CRC CBB1356B.

0002741-66.2017.6.07.8100 0327465v3

Página 1 de 1SEI/TRE-DF - 0327465 - Decisão

03/11/2017https://sei.tre-df.jus.br/sei/controlador.php?acao=documento_imprimir_web&acao_origem=arv...